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Políticas de Alimentação e Nutrição: Brasil e Portugal Food and Nutrition Policy: Brazil and Portugal Maria João Gregório Dra. Patrícia Padrão Monografia Porto, 2009

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Políticas de Alimentação e Nutrição: Brasil e Portugal

Food and Nutrition Policy: Brazil and Portugal

Maria João Gregório

Dra. Patrícia Padrão

Monografia

Porto, 2009

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Agradecimentos

À Dra. Patrícia Padrão, por todo o apoio e orientação.

À disponibilidade e apoio das professoras Deborah Cavalcanti, Débora Ronca e

Ivana Vasconcelos, docentes da Universidade de Brasília.

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Índice

Agradecimentos.................................................................................................. iii

Lista de Abreviaturas...........................................................................................v�

Resumo em Português...................................................................................... vii�

Abstract .............................................................................................................viii

Palavras-Chave em Português e Inglês ............................................................. ix�

Introdução............................................................................................................1

1. Histórico das Políticas de Alimentação e Nutrição ..........................................2

2. Contextualizaço Demográfica, Epidemiológica e Nutricional ..........................6

2.1 Brasil.................................................................................................6

2.2 Portugal ............................................................................................9�

3. Sistemas de monitorização do consumo alimentar e do estado nutricional ..10

3.1 Brasil...............................................................................................10

3.2 Portugal ..........................................................................................14�

4. Políticas/Progamas de Alimentação e Nutrição ............................................19

4.1 Brasil...............................................................................................19�

4.2 Portugal ..........................................................................................23�

Análise Crítica e Conclusões.............................................................................28

Referências Bibliográficas .................................................................................44

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Lista de Abreviaturas

BAP – Balança Alimentar Portuguesa

CAE – Conselho de Alimentação Escolar

CGPAN – Coordenação Geral de Política de Alimentação e Nutrição

CNAN – Conselho Nacional de Alimentação e Nutrição

CONOCOP – Centro de Observação Nacional para a Obesidade e Controle de

Peso

DGS – Direcção-Geral de Saúde

ENDEF – Estudo Nacional de Despesa Familiar

FAO – Food and Agriculture Organization

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMC – Índice de Massa Corporal

INAN – Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição

INS – Inquérito Nacional de Saúde

MDS – Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome

MS – Ministério da Saúde

OMS – Organização Mundial da Saúde

ONSA – Observatório Nacional de Saúde

OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde

PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar

PNAN – Política Nacional de Alimentação e Nutrição

PNDS – Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde

PNSN – Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição

POF – Pesquisa de Orçamento Familiar

PRONAN – Programa Nacional de Alimentação e Nutrição

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REEPS – Rede Europeia de Escolas Promotoras de Saúde

SAN – Segurança Alimentar e Nutricional

SISVAN – Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional

SPEO – Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade

SUS – Sistema Único de Saúde

VAN – Vigilância Alimentar e Nutricional

UE – União Europeia

UNICEF – United Nations Children´s Fund

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Resumo em Português

A alimentação e a nutrição constituem direitos humanos fundamentais

consignados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e são requisitos

básicos para a promoção e protecção da saúde. No Brasil, os temas alimentação

e nutrição desde meados do século passado, estão presentes na agenda política,

enquanto que em Portugal só mais recentemente (década de 90 do século

passado) são considerados como alvo da implementação de políticas,

acompanhando as directrizes da União Europeia (UE). O Brasil apresentou o

primeiro Programa Nacional de Alimentação e Nutrição em 1972, sendo que em

1999 foi implementada a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN).

Esta política marcou um grande avanço na ampliação e aperfeiçoamento do

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), que representa a melhor

fonte de informação de consumo alimentar e do estado nutricional da população

brasileira. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) expressa a

preocupação do Brasil para com a alimentação escolar. Portugal, na actualidade,

não possui uma politica de alimentação e nutrição, desenvolvendo apenas alguns

programas relacionados com esta temática que actuam de forma isolada, como

são exemplos o Programa Nacional de Intervenção Integrada sobre

Determinantes da Saúde Relacionados com os Estilos de Vida, a Plataforma

Contra a Obesidade e o Programa de Saúde Escolar e Promoção de uma

Alimentação Saudável. Recentemente têm também sido desenvolvidos, em

Portugal, esforços no sentido da criação do tão importante sistema nacional de

informação de Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN). Uma vez que em

Portugal, a alimentação e a nutrição foram consideradas áreas prioritárias para a

promoção da saúde, a interligação de todos os programas numa única política

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Alimentar e Nutricional, caminharia no sentido da conciliação de esforços, para o

cumprimento de um objectivo comum.

Abstract

Food and nutrition are fundamental human rights enshrined in the Universal

Declaration of Human Rights and are basic requirements for the promotion and

protection of health. In Brazil, the food and nutrition issues are considered in the

early political agenda. In Portugal only in the 90s of last century, these issues are

considered as targets of policy implementation, according to the guidelines of the

European Union. Brazil has presented the First National Program for Food and

Nutrition in 1972, and in 1999 implemented the National Policy for Food and

Nutrition. This policy marked a major step forward in the expansion and

improvement of food and nutrition surveillance system, which represents the best

source of information on food consumption and nutritional status of the population.

The PNAE expressed the concern of Brazil with the school feeding. Portugal, at

present, does not have a food and nutrition policy, existing only a few related

programs those act so disintegrated, such as: Programa Nacional de Intervenção

Integrada sobre Determinantes da Saúde Relacionados com os Estilos de Vida

(National Program for Integrated Intervention on health determinants related to

lifestyle), Plataforma Contra a Obesidade (Platform Against Obesity) and

Programa de Saúde Escolar e Promoção de uma Alimentação Saudável (Program

of School Health and Promotion of Healthy Food). It has been also recently

developed in Portugal, efforts to set up the information national system on food

and nutrition surveillance. As in Portugal food and nutrition were considered

priority areas for health promotion, the interconnection of all programs into a single

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Food and Nutrition Policy would allow the conciliation of efforts to achieve a

common aim.

Palavras-Chave em Português

Vigilância Alimentar e Nutricional, Politica de Alimentação e Nutrição, Promoção

da Saúde, Brasil, Portugal

Keywords

Food and Nutrition Surveillance, Food and Nutrition Policy, Health Promotion,

Brazil, Portugal

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Introdução

Entende-se por política as decisões de carácter geral, destinadas a tornar

públicas as intenções de actuação do governo e a orientar o planeamento no que

respeita a determinado tema, e seu desdobramento em programas e projectos. O

cerne de uma política é constituído pelo seu propósito, directrizes e pela definição

de responsabilidades das esferas de governo e dos demais órgãos envolvidos. Os

instrumentos pelos quais se descodificam as políticas são os planos, os

programas, os projectos e as actividades (1). Como Política Nutricional pode-se

considerar um conjunto de medidas intersectoriais com vista a garantir o acesso

universal aos alimentos, tendo em consideração o estado nutricional e a

promoção da saúde da população (2).

O processo de formulação de políticas deve ser iniciado com o

planeamento político, de forma que possam ser identificados os objectivos, bem

como a acção e seu modo de execução. Para que os objectivos possam ser

identificados é necessário ter conhecimento prévio dos problemas de saúde

relacionados com a nutrição que podem ser prevenidos, possibilitando assim a

promoção da saúde, com vista à selecção das soluções possíveis (3-6). Desta

forma será necessário existir um sistema de informação sobre alimentação e

nutrição. A definição dos objectivos e a existência deste sistema de informação

são os fundamentos de uma política alimentar e nutricional (7).

De acordo com o critério político é feita uma eleição das prioridades que

irão orientar acções futuras. Após a identificação, descrição, priorização e análise

dos problemas de saúde devem ser estabelecidas as directrizes estratégicas da

intervenção, bem como os propósitos de manutenção, mudança ou transformação

das intervenções que irão ser realizadas. Após o desenho das estratégias de

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acção procede-se à gestão da execução, ocorrendo um processo de

transformação dos objectivos em metas, e programação das acções (8, 9). Após a

implementação das políticas/programas deverá proceder-se à sua monitorização

e avaliação. A monitorização permite uma vigilância contínua do processo de

implementação, sendo um dos requisitos para a avaliação. Esta última deve

englobar o processo de implementação das acções, e os seus resultados (10-13).

Desta forma, o processo de formulação de políticas de alimentação e

nutrição segue um ciclo de gestão continuo, em que a partir de um diagnóstico

dos problemas nutricionais e de saúde e da agenda política, são planeados e

formulados os programas que têm como objetivo solucionar os problemas (14).

Estas políticas podem ter grande impacto na saúde pública, auxiliando os

países a combater os problemas de saúde de forma mais eficiente e efectiva (15).

1. Histórico das Políticas Nutricionais

A existência de recomendações alimentares/nutricionais para a

optimização da saúde, tem uma longa tradição. Hippócrates já referia a

necessidade de uma alimentação adequada aliada à prática de actividade física

de forma obter um bom estado de saúde. A insegurança alimentar acompanhou a

história da humanidade a nível mundial, fazendo-se necessário a formulação de

políticas que assegurem a produção de alimentos suficiente e a preços

acessíveis, a toda a população. Após a revolução industrial este problema foi

aparentemente solucionado, iniciando-se uma nova era resultante do excesso de

alimentos, das modificações que se verificaram nos próprios alimentos devido às

técnicas de produção e à acção da indústria, bem como das mudanças ocorridas

nos estilos de vida. Fez-se necessário o desenvolvimento de políticas

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alimentares/nutricionais no âmbito da segurança alimentar (no contexto da

contaminação química e biológica) e também no contexto da promoção da saúde,

face ao perfil epidemiológico que passou a fazer-se sentir (16, 17).

Em 1992, a Conferência Internacional de Nutrição em Roma teve uma

grande importância neste sentido, encorajando todos os países ao

desenvolvimento de políticas nacionais de Nutrição (18).

No Brasil, o campo da alimentação e nutrição no debate da promoção da

saúde surgiu em 1988. A Declaração de Adelaide (1988), documento produzido

na II Conferência Internacional de Promoção da Saúde, destacou como áreas

prioritárias para a promoção da saúde, a alimentação e a nutrição. A eliminação

da fome, da má nutrição e dos problemas relacionados com o excesso de

peso/obesidade, foram consideradas metas essenciais para a melhoria da

qualidade de vida. De acordo com esta declaração, as acções no sector da

alimentação devem-se estruturar no contexto de segurança alimentar e nutricional

(garantia do acesso universal aos alimentos em quantidade e qualidade),

respeitando os aspectos sócio-culturais das populações. No mesmo ano, a

Constituição Federal Brasileira reconhece a alimentação como um direito

universal, e em 1999 foi elaborada a Política Nacional de Alimentação e Nutrição

(PNAN) (19).

Para que seja possível compreender a evolução das políticas de

alimentação e nutrição em Portugal, será necessário primeiro fazer referência ao

seu histórico a nível europeu. Na Europa, somente com a assinatura do Tratado

de Maastrich, em 1993, se iniciou o primeiro quadro de acção efectivo na área da

saúde pública (20). Anteriormente, a este tratado a Comunidade Europeia, apenas

se preocupava com questões económicas, sendo a alimentação sempre

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subordinada às questões da produção, através da Política Agrícola Comum.

Surgiram assim projectos Europeus com o objectivo de conhecer e influenciar os

estilos de vida, nomeadamente a ingestão alimentar. Com a revisão do Tratado

de Maastrich em Amesterdão (1998), através do Artigo 152, declara-se essencial

assegurar a melhoria da saúde na elaboração e implementação de todas as

políticas comunitárias (20, 21).

Neste novo século, com a presidência francesa e de acordo com a

resolução Europeia em saúde e nutrição de 2000 (22), a Comissão Europeia tem

vindo a desenvolver uma política de saúde pertinente dado os desafios que a

sociedade europeia moderna impõe, bem como o perfil de saúde que a Europa

apresenta (elevada prevalência de doenças transmitidas por alimentos, baixas

taxas de aleitamento materno, prevalênica relevante de deficiências de iodo e

ferro e crescente prevalência de cancro, doenças cardiovasculares e obesidade)

(15). Neste sentido, foi desenvolvido um plano de acção que se estende em três

áreas: saúde pública, assuntos dos consumidores e segurança alimentar. As

recomendações nutricionais para a Europa foram desenvolvidas neste contexto,

pelo Estudo Pan-Europeu de nutrição e alimentação para estilos de vida

saudáveis na Europa (Eurodiet) em 2000 (23).

Tendo em conta a situação epidemiológica e nutricional que se vive na

Europa, foi desenvolvido pela União Europeia (UE) o Primeiro plano de acção

para as políticas alimentares e nutricionais (WHO European Region 2000-2005),

que expressa a necessidade do desenvolvimento de políticas de alimentação/

nutrição voltadas para a promoção da saúde, contribuindo para a redução das

doenças relacionadas com a alimentação, tendo em consideração o

desenvolvimento sócio-económico e a sustentabilidade ambiental (24). Em 2007 foi

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desenvolvido o Segundo Plano de acção para as políticas de alimentação/

nutrição, com o objectivo de promover a adopção de estilos de vida saudáveis na

população europeia, incentivando hábitos alimentares e de actividade física

saudáveis. Este segundo plano dá mais ênfase à promoção da actividade física,

assim como à preocupação com o impacto ambiental na produção e

processamento de alimentos (4), e actua em simultâneo com a “Estratégia Global

de Alimentação, Actividade Física e Saúde”, da Organização Munidal de Saúde

(OMS) (25).

Foi também adoptado pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho da União

Europeia o Programa de acção de saúde pública 2003-2008, que se baseia em

três objectivos gerais: informar sobre a saúde, reagir rapidamente a ameaças

para a saúde e promover a saúde através da abordagem dos seus determinantes.

Como um dos principais determinantes de saúde, a Nutrição está abrangida neste

programa (26). Reconhecendo a obesidade como um gravíssimo problema de

saúde pública na Europa, foi criada a Plataforma sobre “Alimentação, exercício

físico e saúde”, com o objectivo de reduzir os factores de risco das doenças

crónicas não-transmissívies e encorajar o desenvolvimento de políticas no âmbito

da nutrição e da actividade física (24).

Portugal, tal como os restantes membros da UE apoiou a Estratégia Global

da OMS. Neste sentido, em 2005 foi implementado em Portugal o Plano Nacional

de Combate à Obesidade, surgindo posteriormente em 2007 a Plataforma Contra

a Obesidade (27, 28). O Plano Nacional de Saúde Português integra-se dentro da

estratégia de promoção da saúde do programa comunitário onde se desenvolvem

alguns programas relacionados com a alimentação e nutrição como por exemplo,

o Programa Nacional de Intervenção integrada sobre Determinantes de Saúde

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relacionados com os Estilos de Vida (29-31). Desta forma, comparando com o

Brasil, só mais tardiamente Portugal se começou a preocupar com esta temática.

Tendo em consideração que podem existir dois grupos distintos de políticas

de alimentação e nutrição: as que afectam o acesso aos alimentos e as que têm

como objectivo a promoção da saúde, o presente trabalho tem como objectivo

analisar as políticas/programas de alimentação e nutrição existentes no Brasil e

em Portugal no âmbito da promoção da saúde.

2. Contextualização Demográfica, Epidemiológica e Nutricional

2.1 Brasil

O Brasil, tal como os restantes países da América Latina, durante os

últimos vinte anos, encontra-se numa periodo de transição demográfica,

epidemiológica e nutricional (32, 33). Este país possui 189,6 milhões de habitantes

(34) e no que diz respeito ao Índice de Desenvolvimento Humano sofreu de 2000 a

2005 um aumento (de 0,789 para 0,800). (35).

O processo de transição demográfica de um país, é resultante das

mudanças nos níveis de fecundidade, natalidade e mortalidade, no ritmo de

crescimento populacional e na estrutura de idade e sexo da população (32). Nos

últimos cinquenta anos têm sido observadas grandes modificações económicas,

políticas e sociais no Brasil (36). Todas estas modificações influenciaram de forma

marcada o processo epidemiológico das doenças e a alteração do padrão

alimentar (36). Passou-se de uma população fundamentalmente rural para a

condição de um país urbano. Verificou-se também uma mudança no desempenho

reprodutivo, havendo redução do número médio de filhos por família (de 6-8 para

2-3), e um abrupto declínio da mortalidade infantil (de 53,6% em 1990 para 26,6%

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em 2000) (37). Como resultado a esperança média de vida elevou-se, sendo

actualmente de 72,6 anos para ambos os sexos (36, 38).

Segundo a teoria da transição demográfica proposta por Pereira em 1995

(39), os países tendem a percorrer quatro estágios de forma sequencial sendo que

o Brasil se encontra no terceiro estágio, verificando-se um acentuado

envelhecimento da população, devido à redução acelerada das taxas de

fecundidade e ao aumento da esperança média de vida (32, 39).

Nos últimos 25 anos verificou-se uma melhoria significativa no acesso,

cobertura e resolução das ações da saúde, bem como melhoras nas condições de

saneamento. O acesso aos meios de comunicação de massa, por outro lado,

também influenciou o cenário epidemiológico alimentar/nutricional (36).

A transição epidemiológica, relaciona-se com as mudanças nos padrões de

morbilidade e mortalidade de uma população (32). Para o processo da transição

epidemiológica, foram descritos cinco estágios, por Omran em 1996 (40). O

primeiro estágio é caracterizado pelo período das pragas e da fome, seguido pelo

período do desaparecimento das pandemias. O terceiro estágio corresponde ao

período das doenças crónicas não-transmissíveis. De seguida passa-se para um

período de declínio da mortalidade por estas doenças, acompanhado de

modificações no estilo de vida, e ressurgimento de doenças infecto-parasitáiras. O

último estágio será o período de longevidade paradoxal, caracterizado pela

emergência de doenças enigmáticas e consequente capacitação tecnológica para

a sobrevivência do inapto (40). O carácter linear e unidireccional destes estágios,

observados nos países desenvolvidos, não se aplica à maioria dos países da

América Latina, inclundo o Brasil. Nestes países, verifica-se a coexistência de

doenças infecto-parasitárias, de desnutrição e de doenças crónicas não-

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transmissíveis. Apesar da dupla carga de doença existente, hoje no Brasil

verificam-se muito mais mortes por doenças crónicas não-transmissíveis (32, 33, 41).

A transição nutricional refere-se a modificações no perfil nutricional da

população. No Brasil, a desnutrição infantil sofreu significativo declínio nas últimas

décadas (35). Em 1975, 18,4% da população com menos de cinco anos

apresentava peso inferior ao esperado para a sua idade, enquanto que em 1996,

essa proporção reduziu para 5,7% (42). Verifica-se uma crescente prevalência de

anemia por carência de ferro (15,0% a 50,0% em crianças e 30,0% a 40,0% em

grávidas (43, 44)) e a manutenção das carências de vitamina A (14,6% a 33,0% em

menores de 5 anos (44)). Pode-se também identificar uma grande redução nos

distúrbios por carência de iodo nas últimas décadas (14,1% de bócio palpável em

1975 e 1,3% em 1995) (45). Concomitantemente, a prevalência de excesso de

peso/ obesidade na população adulta brasileira aumentou nos últimos 30 anos. O

mais recente estudo nacional, a Pesquisa de Orçamento Familiar 2002-2003

(POF 2003), verificou que 11,1% da população adulta maior de 20 anos apresenta

obesidade e 40,6% de excesso de peso/obesidade (45). As mudanças no padrão

alimentar, sugeridas pelos dados da POF, são favoráveis do ponto de vista dos

problemas associados à desnutrição (aumentou a disponibilidade de energia per

capita e aumentou a participação de alimentos de origem animal na alimentação -

aumento do aporte relativo de proteínas de alto valor biológico). Contudo algumas

destas mudanças mostram-se desfavoráveis no que diz respeito à obesidade e

demais doenças crónicas não-transmissíveis (aumento da participação na

alimentação de gorduras em geral, gorduras de origem animal e açúcar e

diminuição dos cereais, leguminosas, frutas e hortaliças) (32, 36, 45-47). Estudos

anteriores sobre disponibilidade domiciliária de alimentos nas áreas

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metropolitanas, indicam que estas tendências tiveram início nas décadas de 60 e

70, intensificando-se em 80 e 90 (48, 49). No que diz respeito ao aleitamento

materno, os últimos dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS)

2006 referem que apenas 45% das crianças de 0-3 meses e 11% de 4-6 meses

recebem aleitamento materno exclusivo. A mediana da duração do aleitamento

materno exclusivo, passou de 1,0 mês em 1996 para 2,2 meses em 2006 e do

aleitamento total de 7,0 para 9,4 meses (42).

2.2 Portugal

Em Portugal este período de transição também se verifica, embora seja de

um modo distinto. Este país possui 10,6 milhões de indivíduos (50), tendo assistido

a uma diminuição do IDH entre 2000 e 2005 (de 0,904 para 0,897) (35).

Portugal tem apresentado um crescimento populacional cada vez mais

lento, sendo maior nas grandes cidades e no litoral (50). A esperança média de

vida tem aumentado, sendo actualmente de 77 anos (35), o que juntamente com a

baixa taxa de fecundidade (em 1960 o número médio de filhos por mulher era de

3,16 e em 2006 baixou para 1,35), tem sido crucial para o envelhecimento

populacional (51). A taxa de mortalidade infantil, em Portugal é consideravelmente

reduzida (4/1000), 8% das crianças entre 1998 e 2003 apresentavam baixo peso

e apenas 5/1000 crianças morreram antes de completarem os 5 anos de vida, em

2005 (35, 51). A melhoria do estado de saúde da população portuguesa parece estar

associada ao aumento dos recursos nos cuidados de saúde, bem como à

melhoria das condições económicas e sociais (52).

Portugal encontra-se no terceiro estágio da teoria proposta por Omran,

sendo as doenças cardiovasculares e as doenças oncológicas as principais

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causas de morte (53). Em Portugal, a proporção de pessoas com desnutrição é

inferior a 2,5%, não sendo por isso considerado um problema (35). Apresenta, em

contrapartida, elevada e crescente prevalência de excesso de peso/obesidade,

correspondendo a 31,5% das crianças entre 7 e 9 anos (54) e relativamente aos

adultos, a 54,0% dos homens e 46,0% das mulheres (55).

Portugal apresenta um quadro tipicamente ocidental quanto aos erros

alimentares mais comuns: elevado consumo de sal e gordura, consumo excessivo

de bebidas alcoólicas (56) e baixo consumo de hortaliças e frutas, especialmente

nas faixas etárias mais jovens (57). A prevalência de aleitamento materno exclusivo

até aos 3 meses de idade é, no nosso país, de 51%. (29, 58).

3. Sistemas de monitorização do consumo alimentar e do estado

nutricional existentes

3.1 Acções de Vigilância Alimentar e Nutricional no Brasil

No Brasil, a Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) foi preconizada pela

primeira vez em 1968 e propõe-se reunir elementos para a definição de políticas e

de programas de acção com o objectivo final de obter padrões adequados de

alimentação e nutrição da população (59).

Actualmente, os problemas nutricionais com maior impacto na saúde

pública no Brasil são a baixa prevalência de aleitamento materno exclusivo, a

desnutrição, o excesso de peso/obesidade e morbilidades associadas e as

carências de micronutrimentos (ferro, vitamina A e vitamina B1) (60).

O Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) foi preconizado,

na década de 1970, no seguimento da Conferência Mundial de Alimentação

(Roma, 1974), recomendado pela OMS, Organização Pan-Americana de Saúde

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(OPAS), Food and Agriculture Organization (FAO) e United Nations Children´s

Fund (UNICEF), com o objectivo de “monitorizar as condições dos grupos

desfavorecidos da população de risco, e proporcionar um método de avaliação

rápida e permanente de todos os factores que influenciam os padrões de

consumo alimentar e o estado nutricional” (FAO/OMS, 1974) (61, 62).

No Brasil, em 1976 foi feita a proposta de implementação do SISVAN pelo

Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN) (59). Posteriormente, em 1990,

a Lei nº 8.080/1990 Lei Orgânica da Saúde, recomendou a adopção do SISVAN

no âmbito do Serviço Único de Saúde (SUS) (59, 60, 62-64).

Com a aprovação da PNAN, em 1999 e de acordo com a sua terceira

directriz, o SISVAN deveria ser ampliado e aperfeiçoado (64). No ano 2000,

procedeu-se à informatização e uniformização deste sistema, a nível nacional (65).

O sistema informatizado de vigilância alimentar e nutricional é uma das

principais estratégias utilizadas para a implementação do SISVAN, que tem como

objectivo principal promover a reunião de informação contínua sobre as condições

nutricionais da população e os factores que as influenciam (44). Actualmente este

abrange o SISVAN Web e SISVAN módulo de gestão (Bolsa Família). O SISVAN

Web destina-se à população atendida pela Atenção Básica do SUS, sendo as

informações recolhidas localmente nos municípios, introduzidas no sistema

informatizado e disponibilizadas publicamente em relatórios na internet – SISVAN

módulo municipal (60, 65). O SISVAN módulo gestão é voltado para a monitorização

da saúde dos beneficiários do Programa Bolsa Família, acompanhando o

desenvolvimento das crianças menores de 7 anos e a saúde das grávidas (65).

Para além do sistema informatizado, outras estratégias são utilizadas para

a implementação do SISVAN: inquéritos populacionais periódicos (viabilizam

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informação pontual da situação de saúde), análise e cruzamento de informações

recolhidas por outros sistemas de informação de saúde (permitindo obter

informação no que diz respeito à morbilidade e mortalidade associadas à

alimentação e nutrição), realização de chamadas nutricionais (estratégias

vinculadas ao Programa Nacional de Imunizações) e promoção do acesso à

produção científica bem como financiamento para investigação nesta área (60).

Estudos de Avaliação do Consumo Alimentar e do Estado Nutricional da

população Brasileira

Estudo Nacional de Despesa Familiar – ENDEF 1974-75

Este estudo de abrangência nacional foi o primeiro sobre consumo

alimentar e estado nutricional da população do Brasil (66). O ENDEF teve como

principais objectivos recolher dados relevantes sobre orçamentos familiares e

consumo alimentar (por pesagem directa dos alimentos em 7 dias consecutivos,

nos domicílios). O seu principal enfoque era conhecer a situação nutricional da

população, tendo permitido verificar que o grande problema alimentar no Brasil

daquela época era a restrição energética que atingia 37,2% da população

brasileira (60, 66). No que diz respeito ao estado nutricional foram recolhidos dados

de peso e estatura de todas as pessoas presentes no domicílio, verificando-se

que 12,1% da população apresentava baixo peso e 21,9% excesso de peso (60, 66).

Estudo Multicêntrico de Consumo Alimentar, 1996

Corresponde ao segundo estudo de avaliação do consumo alimentar

realizado no Brasil, tendo sido realizado em quatro cidades do país. Este estudo

confirmou as tendências já observadas no ENDEF e revelou que a ingestão de

cálcio, ferro e de retinol era inferior à recomendada (67).

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13

Pesquisa Orçamentos Familiares – POF 2002-2003

Devido à extrema complexidade de um estudo como o ENDEF, as

informações sobre consumo alimentar da população passaram a ser

frequentemente estimadas a partir da disponibilidade de alimentos nos domicílios,

recolhida pelas POF´s. Até à data foram realizadas quatro POF´s no Brasil, entre

1966 e 2003 (45). A POF 2002-2003, para além das informações sobre as

quantidades adquiridas de alimentos e de bebidas para o consumo no domicílio e

das despesas com alimentação no domicílio e fora dele, fornece também

informações sobre o estado nutricional da população. Comparando os resultados

da POF 2002-2003 com os resultados de investigações anteriores verifica-se um

aumento da disponibilidade de carnes em geral (+ 50,0%), de leite e derivados (+

36,0%), de óleos e gorduras vegetais (+ 16,0%) e de refeições prontas (+ 80,0%);

ao mesmo tempo que se verifica uma tendência inversa no que se refere aos

cereais (- 23,0%), feijão e leguminosas (- 30,0%), peixe (- 50,0%), ovos (- 84,0%)

e gordura animal (- 65,0%). Já a disponibilidade de horto-frutícolas manteve-se

relativamente constante (45, 66).

No que diz respeito ao estado nutricional, comparando os resultados

obtidos nesta pesquisa, com os resultados das investigações anteriores, verifica-

se uma diminuição da prevalência de magreza (- 50,0%), assim como uma

crescente prevalência do excesso de peso/ obesidade (45, 60).

Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição – PNSN 1989

A PNSN contemplou a segunda avaliação antropométrica da população

brasileira, verificando-se, comparativamente à primeira pesquisa, um aumento da

prevalência de excesso de peso/ obesidade e redução do baixo peso (68) e da

desnutrição infantil (69), embora estas proporções ainda sejam elevadas (60, 68).

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Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde – PNDS 2006

As PNDS´s têm como principal objectivo prover informações sobre a saúde

materno-infantil, tendo demonstrado a diminuição dos níveis da desnutrição

infantil (60) e o aumento da prevalência do aleitamento materno exclusivo (37).

3.2 Acções de Vigilância Alimentar e Nutricional em Portugal

Em Portugal não está preconizado um sistema de vigilância alimentar e

nutricional, tal como se verifica no Brasil. Contudo várias acções têm sido

realizadas no sentido de monitorizar o estado nutricional da população (27, 70). No

âmbito de alguns programas de alimentação e nutrição, existentes em Portugal,

como é o caso da Plataforma Contra a Obesidade (27), são realizados estudos,

nomeadamente no que se refere à avaliação do estado nutricional da população,

também como forma de monitorizar e avaliar os programas implementados (27). O

Centro de Observação Nacional para a Obesidade e Controlo do Peso

(CONOCOP) está integrado na Plataforma Contra a Obesidade, sendo da

responsabilidade científica da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade

(SPEO), apresenta como finalidade efectuar a vigilância da obesidade em

Portugal (70).

Estudos de Consumo Alimentar e do Estado Nutricional da população em

Portugal

Inquérito Alimentar Nacional (1980)

O Inquérito Alimentar Nacional realizado em 1980, foi o único estudo de

avaliação do consumo alimentar realizado, a nível nacional, em Portugal (71).

Segundo este inquérito, Portugal possuía consumos alimentares ao nível dos

países desenvolvidos, apresentando capitações energéticas médias diárias de

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3100 Kcal. Apresentava as capitações de proteínas totais e animais, de gorduras

totais e animais e de açúcar das mais baixas da Europa. No entanto, no que se

refere ao consumo de sal, apresentava dos níveis mais elevados da Europa, e de

bebidas alcoólicas, amido e fibra dos mais altos a nível mundial. Nesta altura,

Portugal possuía um padrão alimentar “mediterrânico”, com relativamente baixo

consumo de proteínas e gorduras, e de açúcar, e elevado consumo de peixe,

azeite, hortaliças, batatas e cereais (71, 72).

Inquéritos aos Orçamentos Familiares

Os dados provenientes dos Inquéritos aos Orçamentos Familiares são

organizados e analisados segundo a metodologia DAFNE (Data Food Networking)

(73). Contempla informação auto-reportada, referente às quantidades dos

alimentos disponíveis nos agregados familiares. Segundo o Inquérito aos

Orçamentos Familiares de 2000, e comparando com os resultados obtidos em

1990, verificou-se no geral, um decréscimo das disponibilidades alimentares das

famílias (73). Observou-se um aumento da disponibilidade de bebidas não-

alcoólicas, gorduras de origem animal, carne, peixe e leite e derivados.

Contrariamente, verificou-se uma diminuição da disponibilidade de bebidas

alcoólicas, açúcar e produtos açucarados, gorduras e óleos de adição, cereais,

fruta e hortícolas. Relativamente à disponibilidade energética total, houve

diminuição ao longo deste período, o que pode reflectir o aumento do consumo

fora do domicílio. A contribuição percentual da proteína e lípidos para a energia

total é claramente superior à recomendada, tendo a contribuição percentual de

hidratos de carbono diminuído entre 1990 e 2000. A disponibilidade de fibra,

encontra-se abaixo do recomendado, e a disponibilidade de sódio, apesar da sua

diminuição é ainda três vezes superior ao recomendado (73, 74).

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Balança Alimentar Portuguesa 1990-2003 (BAP)

A Balança Alimentar Portuguesa é um instrumento analítico de natureza

estatística, para o conhecimento das disponibilidades alimentares e nutricionais

do país. É expressa em disponibilidades brutas médias diárias, traduzidas em

calorias, proteínas, hidratos de carbono, gorduras e álcool (75).

Durante o período de 1990 a 2003, assistiu-se a um aumento da

disponibilidade de hortícolas (+ 45,0%), dos produtos estimulantes (café, misturas

de café e seus derivados, cacau e chocolate) (+ 45,0%), de carnes e miudezas (+

31,0%) e frutos (+ 31,0%). Verificou-se também um aumento da disponibilidade

de lacticínios (+ 19,0%), ovos (+ 14,0%), gorduras (+ 10,0%), açúcares (+ 8,0%) e

cereais (+ 4,0%), mas de forma mais moderada. Os maiores decréscimos das

capitações diárias verificaram-se nas raízes e tubérculos (- 35,0%), leguminosas

secas (- 26,0%) e pescado (- 9,0%). Houve uma diminuição da disponibilidade de

bebidas alcoólicas per capita diária no período de 1990 a 2003 (- 16,0%),

verificando-se um aumento da disponibilidade de sumos e néctares de frutos (+

196,0%), água (+ 123,0%) e refrigerantes (+ 89,0%) (75).

Estudo do Consumo Alimentar no Porto

Este estudo de base comunitária, foi desenvolvido no âmbito do Projecto

EpiPorto e teve como principal finalidade avaliar os determinantes da saúde na

população adulta da cidade do Porto (76). Além de informações sobre o consumo

alimentar, fornece dados relativamente à avaliação da ingestão diária energética,

bem como da ingestão de macro e micronutrimentos e respectiva prevalência de

inadequação nutricional. Obteve-se uma ingestão média de energia total de 2366

Kcal para os homens e 2079 Kcal para as mulheres, correspondendo 18,4% a

proteínas, 48,9% a hidratos de carbono, 29,3% a lípidos e 5,0% a etanol (76).

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Observatório da Plataforma contra a Obesidade

Portugal é um dos países na Europa onde a prevalência de obesidade

infantil é mais acentuada (54, 77). Com o intuito de aprofundar o estudo deste

problema, estão a ser realizados quatro estudos da Direcção-Geral de Saúde

(DGS) em parceria com outras entidades, que incluem crianças e adolescentes

(27). O Projecto MUN-SI, é um estudo nacional que resulta de uma cooperação

entre o Ministério da Saúde e cinco municípios de Portugal e que avaliará o

estado nutricional de 6500 crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico (27).

A realização de um estudo nacional de avaliação da prevalência de

obesidade em adolescentes portugueses, surge pela inexistência de um trabalho

com representatividade nacional que estime a prevalência desta patologia, nesta

faixa etária (78). A concretização deste estudo, da responsabilidade da DGS e da

SPEO, permitirá também avaliar o impacto dos determinantes da obesidade,

caracterizar o consumo alimentar e a prática de actividade física (27).

O Estudo “COSI – Sistema de Vigilância Nutricional Infantil”, integrado no

primeiro Sistema Europeu de Vigilância Nacional Infantil, proposto pela OMS, tem

como objectivos monitorizar e avaliar a prevalência de obesidade em crianças,

permitindo identificar grupos de risco, e avaliar o impacto de intervenções de

prevenção da obesidade no âmbito escolar (27). Destina-se a crianças entre 7 e 9

anos de idade e contempla avaliação antropométrica (peso, altura e Índice de

Massa Corporal (IMC)) (27).

Observatório Nacional de Saúde (ONSA)

O ONSA desenvolve trabalhos de análise e síntese de dados e indicadores

relativos ao estado de saúde e seus determinantes da população de Portugal, de

forma a monitorizar e avaliar o estado da saúde da população, sendo responsável

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pelo Inquérito Nacional de Saúde (INS) (79). Em 2005-2006 foi realizado o mais

recente INS (o quarto). Neste inquérito, de abrangência nacional, foi avaliado o

consumo de alimentos e bebidas, não estando os resultados disponibilizados

ainda. Relativamente ao estado ponderal, segundo o quarto INS, no continente,

18,6% da população com mais de 18 anos apresentava excesso de peso (18,4%

na Região Autónoma dos Açores e 19,2% na Região Autónoma da Madeira) e

16,5% da população continental tinha obesidade (20,0% na Região Autónoma dos

Açores e 14,0% na Região Autónoma da Madeira) (80).

Vários são os estudos já realizados por este observatório, mas no que diz

respeito à situação alimentar e nutricional, o ONSA publicou apenas dois estudos:

“Uma observação sobre “Insegurança Alimentar” ” e “Uma observação sobre

Aleitamento Materno” (79). No primeiro estudo que teve como população alvo uma

amostra de adultos residentes em Portugal, 8,1% das unidades de alojamento

referiram a ocorrência de mudança no consumo de algum alimento considerado

essencial (ex: leite, fruta, legumes, peixe, carne, arroz, batatas e massa), nos

trinta dias anteriores à entrevista, por motivos económicos. No momento está a

ser realizado um novo estudo sobre esta temática (81). No que se refere ao estudo

“Uma observação sobre Aleitamento Materno”, teve como objectivo contribuir para

o conhecimento da prevalência do aleitamento materno no país (82), tendo-se

explorado os dados sobre aleitamento materno obtidos nos Inquéritos Nacionais

de Saúde de 95/96 e 98/99 (82). Verificou-se que a prevalência de crianças

amamentadas sofreu um ligeiro aumento (de 81,4% para 84,9%) (82).

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19

4. Políticas/Programas de Alimentação e Nutrição existentes no Brasil e

em Portugal

4.1 Políticas e Programas de Alimentação e Nutrição no Brasil

Desde 1930 o Brasil reconhece a nutrição como alvo da implementação de

políticas (83). O inquérito sobre as condições de vida das classes operárias

desenvolvido por Josué de Castro, em 1932 demonstrou a existência de um

défice energético e de nutrimentos na população estudada (83). Neste sentido e

após a realização de outros estudos, em 1972 foi criado o Instituto Nacional de

Alimentação e Nutrição (INAN) com o objectivo de colaborar com o governo na

formulação de uma Política de Alimentação/Nutrição (84). No ano seguinte foi

elaborado o I Programa Nacional de Alimentação e Nutrição (PRONAN), que

englobava programas de suplementação alimentar, de alimentação do

trabalhador, do pequeno produtor rural, de combate às carências nutricionais

específicas, de apoio à realização de investigação nesta área e de criação de

competências dos recursos humanos; sendo em 1976 substituído pelo II

PRONAN (60, 83). Em 1997 o INAN foi extinto, dando lugar à criação da

Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN), responsável

pela elaboração e implementação da PNAN (84).

Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN)

A PNAN tem como objectivo minimizar/ solucionar os problemas

relacionados com a escassez alimentar e com a pobreza, por um lado, e com a

crescente prevalência de excesso de peso/obesidade e comorbilidades

associadas, por outro (64).

A implementação desta política é da responsabilidade da CGPAN, do

Ministério da Saúde. Sendo parte integrante da Política Nacional de Saúde,

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20

insere-se, também, no contexto de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e

compõe o conjunto das políticas de governo voltadas para a concretização do

Direito Humano universal à Alimentação e Nutrição Adequadas (64).

Esta política tem como propósito a garantia da qualidade dos alimentos

disponíveis para consumo, a promoção de práticas alimentares saudáveis e a

prevenção e o controlo dos distúrbios nutricionais, bem como o estímulo às

acções intersectoriais que propiciem o acesso universal aos alimentos (64). Como

forma de atingir este propósito, a PNAN apresenta sete directrizes (64, 85).

A primeira directriz corresponde ao estímulo de acções intersectoriais com

vista ao acesso universal aos alimentos, e baseia-se no facto deste acesso não

depender apenas do sector Saúde, mas também de outros factores como as

condições de trabalho, o rendimento familiar e a disponibilidade de alimentos (64).

A segunda directriz que diz respeito à garantia da segurança e qualidade dos

alimentos, implica acções de vigilância sanitária, com adopção de medidas de

controlo e segurança na produção e na prestação de serviços na área alimentar

(64). A terceira directriz, referente ao processo de monitorização da situação

alimentar e nutricional prevê que o SISVAN seja aperfeiçoado e a ampliado (64).

No que diz respeito à quarta directriz, referente à promoção de práticas

alimentares e estilos de vida saudáveis, esta deverá ter em consideração três

vertentes de actuação: incentivo (difusão de informação, promoção de práticas

educativas e motivação para a adopção de práticas saudáveis), apoio (tornar

factível a adesão a práticas saudáveis) e de protecção (impedindo que os

indivíduos fiquem expostos a factores que estimulem práticas não saudáveis)(64,

86). Para a quinta directriz, referente à prevenção e controlo dos distúrbios

nutricionais e de doenças associadas à alimentação e nutrição, existem dois

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campos prioritários de actuação: desnutrição/ infecção por um lado, e excesso de

peso/obesidade, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e algumas doenças

oncológicas, por outro (64). As situações de carências de micronutrimentos

apresentam também elevado relevo, sendo adoptadas medidas de

enriquecimento alimentar, suplementação medicamentosa e orientação educativa

(64). A sexta directriz tem como objectivo a promoção de linhas de investigação,

estando associada a todas as directrizes anteriormente referidas (64). É necessário

que haja capacitação e formação de pessoal para o planeamento, coordenação e

avaliação das acções o que corresponde à sétima directriz da PNAN. Para que

seja viabilizada a PNAN é necessário um processo contínuo de acompanhamento

e avaliação (64).

Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)

Na década de 1950, inserido no Plano Nacional de Alimentação e Nutrição

estruturou-se o Programa de Merenda Escolar (87). Em 1979, passou a denominar-

se PNAE. Com a promulgação da Constituição Federal em 1988, ficou

assegurado o direito à alimentação escolar a todos os alunos do 1º ciclo do

ensino básico (87).

A gestão deste programa é descentralizada, sendo a gestão dos recursos

da competência dos Municípios e das secretarias de Educação dos Estados e do

Distrito Federal. Cada município brasileiro, apresenta o Conselho de Alimentação

Escolar (CAE) que corresponde a um órgão deliberativo, fiscalizador e assessor

para a execução do programa, sendo composto por membros da comunidade

educativa. O CAE apresenta um papel muito importante na monitorização do

PNAE, pois para além de realizar a fiscalização financeira, efectua o controlo das

ementas, sendo considerado serviço público de relevância social (87).

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Este programa objectiva suprir as necessidades nutricionais dos alunos de

escola públicas e filantrópicas do pré-escolar até o 1º ciclo do ensino básico,

favorecendo o crescimento, o desenvolvimento e o rendimento escolar de

crianças, adolescentes, jovens e adultos brasileiros, além de promover a

formação de hábitos alimentares saudáveis (87, 88).

O PNAE apresenta cinco princípios básicos: universalização (alimentação

escolar gratuita a todos os alunos da educação pré-escolar e 1º ciclo do ensino

básico da rede pública de ensino do país), equidade (direito à alimentação escolar

de forma igualitária, respeitando as diferenças biológicas entre idade e condições

de saúde dos alunos), continuidade (oferta da alimentação escolar durante os 200

dias lectivos), descentralização e participação social (controlo e acompanhamento

das acções realizadas pelos Estados, Distrito Federal e Municípios) (87, 88).

Este programa estabelece que o Nutricionista deverá ser o responsável

técnico pela alimentação escolar (89). Este profissional possui várias atribuições no

programa (88), tendo como principais funções elaborar e analisar as ementas,

realizar a avaliação nutricional, adequar as necessidades nutricionais às faixas

etárias e às condições das crianças, respeitar os hábitos alimentares de cada

localidade, planear, orientar e supervisionar as actividades de selecção de

compra, armazenamento, produção e distribuição dos alimentos, e promover

actividades de educação alimentar (87, 89).

A aquisição de alimentos para o PNAE deverá ter em consideração o

desenvolvimento da pequena produção e comércio locais, fornecendo refeições

adaptadas aos hábitos de consumo regionais (87). Desta forma, os alimentos

oriundos da produção local chegam mais frescos às escolas, e as crianças

ingerem na merenda aquilo a que estão habituadas a consumir em casa, e por

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23

outro lado, ao comprar de produtores e comerciantes locais, os recursos da

merenda escolar ficam na própria região, proporcionando o desenvolvimento do

município (90).

4.2 Programas/ projectos de alimentação e nutrição em Portugal

Na actualidade, em Portugal não existe uma política alimentar/nutricional.

O Conselho Nacional de Alimentação e Nutrição (CNAN), um órgão consultivo,

criado na década de oitenta do século passado com o objectivo de formalizar e

aplicar uma política alimentar em Portugal (91). Apresentava também as

atribuições de servir de órgão consultivo do Governo nos domínios da política

alimentar e da nutrição, assim como de coordenar e apoiar a actividade dos

organismos ou serviços públicos em matéria de estudos ou acções relacionadas

com esta política (91). Desde essa época que o CNAN aponta cinco categorias de

medidas necessárias para a implementação de uma Política Nutricional em

Portugal: a) as que influenciam o acesso dos consumidores aos alimentos; b) as

que influenciam o impacto dos alimentos na saúde; c) as que visam a educação

alimentar da população; d) as que visam melhorar a situação higio-sanitária; e) e

as que definem programas nutricionais prioritários (72).

A grande preocupação deste órgão prendia-se com a ausência de

informações referentes aos hábitos alimentares da população portuguesa, que em

muito se deve à inexistência de uma política alimentar no país (91). Existem, no

entanto, muitos indicadores que referem que os hábitos alimentares portugueses

estão a alterar-se profundamente, fruto designadamente da falta de qualidade da

oferta alimentar que prolifera no mercado de um país que é dependente do

exterior, em termos alimentares, em cerca de 70,0%, para além de outras

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questões como a relação refeição/tempo disponível (72). Considera-se urgente a

realização do segundo Inquérito Alimentar Nacional, para que seja possível criar

uma base conhecedora e real dos hábitos alimentares dos portugueses, de forma

a orientar uma tão necessária política alimentar neste país (72).

O Plano Nacional de Saúde 2004/2010 prevê a realização do II Inquérito

Alimentar Nacional, bem como a revisão das recomendações de Educação

Alimentar para a população portuguesa (29). Estas duas actividades, segundo a

DGS deverão ser elaboradas em articulação com o CNAN (92). Muito embora não

exista informação nacional recente sobre o consumo alimentar dos portugueses,

foram publicadas em 1997 pelo CNAN as recomendações alimentares para a

população portuguesa (92).

Apesar da inexistência de uma política de alimentação e nutrição em

Portugal, vários programas estão a ser desenvolvidos face aos retratos

esboçados por alguns trabalhos de avaliação do consumo alimentar dos

portugueses, tais como o Programa Nacional de Intervenção Integrada sobre

Determinantes da Saúde Relacionados com os Estilos de Vida (30), a Plataforma

Contra a Obesidade (27), e o Programa de Saúde Escolar e Promoção de uma

Alimentação Saudável (93).

Programa Nacional de Intervenção Integrada sobre Determinantes da Saúde

Relacionados com os Estilos de Vida

Este Programa insere-se no Plano Nacional de Saúde e apresenta como

objectivo reduzir a prevalência de factores de risco de doenças crónicas não

transmissíveis e aumentar a prevalência de factores de protecção, relacionados

com os estilos de vida, através de uma abordagem integrada e intersectorial,

centrada na prevenção primária e promoção da saúde (30). Considerando a

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25

alimentação como um factor prioritário implicado na origem das doenças crónicas

não transmissíveis, apresenta, entre outros, os seguintes objectivos específicos:

redução do consumo de sal (menos de 5 g/ dia), redução da prevalência de

excesso de peso e obesidade (IMC <25), aumento do consumo de horto-frutícolas

(pelo menos 400 g/ dia), redução do consumo total de gorduras (15% a 30% da

ingestão energética diária), redução do consumo de gorduras saturadas (<10% da

ingestão energética diária), redução do consumo de gorduras trans (<1% da

ingestão energética diária) e redução da prevalência de consumidores excessivos

de álcool (<16 g de etanol/dia nas mulheres e 24 g/dia nos homens) (30).

Plataforma Contra a Obesidade

Devido à crescente prevalência de obesidade, é considerada por todos os

governos da Europa um dos desafios de saúde pública mais importantes, tendo

sido criada a Plataforma Europeia de Acção da Saúde, Alimentação e Actividade

Física e a Carta Europeia de Luta Contra a Obesidade (27). Esta carta, definida em

2006, descreve as linhas de orientação para travar o aumento dos casos de

obesidade nas crianças e nos adultos (27). Muitos países da União Europeia,

assumiram este desafio por meio das suas políticas de segurança alimentar,

saúde pública, educação, mercado interno, investigação e políticas agrícolas (94,

95). A Plataforma Contra a Obesidade, criada pelo Ministério da Saúde, através da

DGS surgiu para dar cumprimento aos objectivos desta carta europeia (27). Nos

próximos quatro anos esperam-se progressos visíveis na redução da obesidade

nas crianças e nos jovens, através da adopção de medidas integradas de

prevenção primária, prevenção secundária e terciária.(27).

As medidas de prevenção primária englobadas pela Plataforma Contra a

Obesidade são: a) de política e regulamentação (prevê a redefinição do Conselho

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26

Nacional de Alimentação e Nutrição assim como a revisão das recomendações

alimentares e nutricionais para a população portuguesa); b) de prestação de

cuidados; c) e medidas intersectoriais (está prevista a realização do II Inquérito

Alimentar Nacional) e no âmbito da comunicação/ informação/ investigação/

educação e formação (pretende integrar o Programa de Educação para a Saúde,

em desenvolvimento nas escolas, de forma a promover a actividade física e a

alimentação saudável, incluindo também vigilância nutricional infantil) (27).

Já no que se refere à prevenção secundária e terciária, como medidas de

política e regulamentação, este projecto pretende operacionalizar o CONOCOP,

bem como realizar estudos epidemiológicos de forma a monitorizar a incidência e

a prevalência da pré-obesidade e da obesidade e seus determinantes em

crianças, adolescentes e adultos (27).

Vários são os sectores necessários à operacionalização da Plataforma, tais

como: a indústria, os media/comunicação, a agricultura e a restauração (27).

Este projecto prevê a criação de um sistema de informação, onde serão

estabilizados indicadores de medida para monitorização da implementação das

estratégias previstas na Plataforma (27). Os resultados desta avaliação serão

traduzidos em relatórios anuais. Está estabelecido como momento chave de

avaliação dos resultados da Plataforma, o final do ano de 2009 (27).

Com a implementação da Plataforma Contra a Obesidade, o Programa

Nacional de Combate à Obesidade, em acção desde 2005, foi extinto (28).

Programa de Saúde Escolar e Promoção de uma Alimentação Saudável

O Plano Nacional de Saúde (2004-2010), no que diz respeito às

orientações para a promoção da saúde, dá ênfase às práticas de promoção da

saúde em meio escolar (93, 96). Alguns estudos referem que grande parte dos

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27

problemas de saúde, pode ser prevenida ou reduzida através de um programa de

saúde escolar (97-99). Neste sentido surgiu o conceito de Escola Promotora de

Saúde, tendo como pressuposto o incentivo da adopção de estilos de vida

saudáveis por toda a população escolar (93).

Reconhecida a grande importância da promoção da saúde em meio

escolar, foi constituída em 1992 a Rede Europeia de Escolas Promotoras de

Saúde (REEPS) (100). A OMS, considerou como Escola Promotora de Saúde

“aquela que inclui a educação para a saúde no currículo e possui actividades de

saúde escolar” (93).

Em 1994 Portugal aderiu à REEPS, sendo criado o Centro de Apoio

Nacional, responsável por apoiar as Escolas e Centros de Saúde no

desenvolvimento de projectos que promovam a saúde (93). Primeiramente surgiu o

“Projecto Viva a Saúde” que em 1995 se passou a designar Programa de

Promoção e Educação para a Saúde. Com o desenvolvimento destes programas

e considerando a adesão massiva por parte das Escolas e Centros de Saúde, em

1998 foi constituída a Rede Nacional de Escolas Promotoras de Saúde (93).

Além da parceria existente entre o Ministério da Saúde e o Ministério da

Educação, este programa conta com o envolvimento dos Centros de Saúde, das

Câmaras Municipais e das Juntas de Freguesia locais (93). Em 2006 foi aprovado o

Programa Nacional de Saúde Escolar que apresenta como principal finalidade

reforçar os factores de incentivo relacionados com os estilos de vida saudável,

(destacando-se o apoio ao desenvolvimento de projectos na área da alimentação

saudável (101)), contribuindo desta forma, para o desenvolvimento dos princípios

das escolas promotoras de saúde (96).

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Neste contexto, a educação alimentar nos últimos anos tornou-se um dos

principais enfoques do Programa de Saúde Escolar, tornando-se as condições

higio-sanitárias dos espaços de venda e consumo de produtos alimentares em

meio escolar, áreas de intervenção prioritárias (96).

Recentemente foi publicado um documento contendo orientações para a

elaboração de projectos no âmbito da promoção de uma alimentação saudável,

destinado à comunidade educativa (101). Estes projectos devem englobar uma

componente de colaboração no diagnóstico da situação alimentar, a potenciação

das aprendizagens escolares, a formação de manipuladores de alimentos e a

avaliação das condições higio-sanitárias dos espaços de venda de alimentos, com

o objectivo de contribuir para a promoção de estilos de vida saudáveis, bem como

para a redução do excesso de peso/obesidade na infância e adolescência (101).

Importa referir também que o tema alimentação está presente nos

programas curriculares, desde o ensino básico até ao ensino secundário, contudo

de uma forma pouco consistente e articulada.

Tendo como objectivo melhorar as práticas alimentares de toda a

comunidade educativa e também os indicadores de saúde, a avaliação do

projecto é indispensável (101). Só assim será possível ter conhecimento da sua

efectividade e proceder a correcções quando necessário. Apesar de ser referida a

importância da monitorização e da avaliação na implementação deste programa,

não está definido nenhum sistema de monitorização ou de avaliação (101).

Análise Crítica e Conclusões

Existem metodologias definidas para a comparação de políticas (102).

Habitualmente esta comparação é focalizada nas decisões e acções postas em

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prática pelas próprias políticas. Contudo vários outros elementos devem ser

considerados para que se possam comparar políticas, tais como: os objectivos de

cada política, a estratégia política, as decisões e as acções postas em prática

pela política, bem como os efeitos e impactos produzidos pela política (102).

O Brasil desde a década de 30 apresenta os temas alimentação e nutrição

na sua agenda política (83), enquanto Portugal apenas expressou a sua

preocupação para com esta temática na década de 90 do século passado. A VAN

está preconizada no Brasil desde 1986, embora só aquando da aprovação da

PNAN em 1999, o SISVAN tenha sido ampliado e aperfeiçoado (60). O SISVAN, no

Brasil, tem extrema importância no auxílio da formulação de políticas públicas,

permitindo o planeamento, acompanhamento e avaliação de programas sociais

relacionados com a alimentação e nutrição, assim como a efectividade/impacto

das acções governamentais (60). Desta forma, no Brasil, o SISVAN representa a

melhor fonte de informação sobre o consumo alimentar e o estado nutricional da

população, através das suas diversas acções, já previamente descritas.

Têm sido desenvolvidos, em Portugal, esforços no sentido da criação do

tão importante sistema nacional de informação de VAN. Alguns estudos têm sido

realizados referentes à avaliação do estado nutricional da população portuguesa,

nomeadamente no que se refere à estimativa da prevalência de obesidade, dado

que este é considerado um dos problemas mais graves de saúde pública em

Portugal (78, 80, 103). Neste sentido, pensamos que o observatório criado com a

Plataforma Contra a Obesidade poderá marcar um grande avanço no que diz

respeito à monitorização do estado nutricional da população portuguesa.

Relativamente à informação sobre consumo alimentar, escassos são os estudos

para a população portuguesa. O único inquérito alimentar nacional data de 1980,

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apesar da existência de alguns estudos regionais mais recentes (76). Em ambos os

países é notória a dificuldade de realização de inquéritos de consumo alimentar

devido à sua elevada complexidade e aos elevados custos que acarreta, sendo

frequentemente os dados referentes ao consumo alimentar obtidos a partir das

disponibilidades alimentares domiciliárias. Em Portugal, o Plano Nacional de

Saúde 2004-2010 prevê a realização do II Inquérito Alimentar Nacional (29) que

poderá ser um passo importante a caminho da criação de um sistema de

vigilância alimentar e nutricional no país.

A adopção da PNAN configura um marco importante no Brasil, na medida

em que a alimentação e a nutrição são reconhecidos como requisitos básicos

para a promoção e a protecção da saúde (85). Para além disso, a

efectividade/impacto da PNAN no Brasil já tem sido comprovada. Dados obtidos

através do SISVAN, demonstram por exemplo, um aumento significativo na

duração do aleitamento materno, que por sua vez, tem tido um impacto relevante

na redução da morbilidade e mortalidade das crianças (60).

Embora Portugal não apresente uma Política de Alimentação e Nutrição a

nutrição e a alimentação integram-se no Plano Nacional de Saúde português (29).

Este Plano inclui cerca de 40 Programas Nacionais específicos que abordam as

principais actuais questões de saúde (29). Neste contexto, têm sido tomadas

medidas relacionadas com a nutrição e a alimentação em diferentes programas,

como é exemplo o Programa Nacional de Intervenção integrada sobre

Determinantes de Saúde relacionados com os Estilos de Vida (29, 30). Em termos

práticos, pode-se considerar que Portugal está a desenvolver alguns programas

que se poderiam enquadrar numa Política de Alimentação e Nutrição, como o

Programa de Saúde Escolar e Promoção da Alimentação Saudável (96) e a

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Plataforma Contra a Obesidade (27), que têm por base directrizes da União

Europeia (94). Para além dos programas referidos, também são notórias as

medidas que influenciam o impacto dos alimentos na saúde e que visam melhorar

a situação higio-sanitária, por meio da actuação da Autoridade de Segurança

Alimentar e Económica e também pela legislação relativa por exemplo a

contaminantes alimentares e a que diz respeito à rotulagem e composição de

géneros alimentícios destinados a alimentação especial.

Em ambos os países é dada extrema importância à educação em meio

escolar. A promoção de práticas alimentares saudáveis é uma das directrizes da

PNAN, tendo esta vindo a ser implementada através de parcerias com outros

sectores (64). Um exemplo disso é a parceria entre o sector da Educação e o

sector da Saúde, havendo incentivo por parte da Saúde, para que o espaço

escolar seja um ambiente ideal para educar do ponto de vista alimentar,

contribuindo assim para a formação de hábitos alimentares saudáveis desde a

infância, bem como a inserção da alimentação e nutrição no conteúdo

programático nos diferentes níveis de ensino (85, 104). A importância dada pelo

Brasil à alimentação em meio escolar é bem notória, também, através do PNAE

(87). Em Portugal, existe também pareceria entre os sectores da Educação e da

Saúde, sendo o Programa de Saúde Escolar e da Promoção da Alimentação

Saudável o resultado disso (93). Neste programa é feita também referência à

escola como um local por excelência para a educação alimentar e promoção da

alimentação saudável, bem como a sua inclusão nos conteúdos programáticos de

todos os níveis de ensino (101). Contudo importa referir que a presença do tema

alimentação e nutrição nos programas curriculares, apresenta uma maior

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profundidade no Brasil, visto ser um tema transversal a todas as disciplinas,

desde a Matemática ao Português.

A preocupação com a promoção do aleitamento materno é também visível

nos dois países. No entanto, embora no Brasil o incentivo ao aleitamento materno

seja um dos enfoques da PNAN (85), em Portugal não se verificam muitas acções

para o incentivo desta prática. Esta poderia, a nosso ver, ser uma das

intervenções inseridas no combate à obesidade, dado que alguns estudos

confirmam o factor protector do leite materno na obesidade infantil (103, 105, 106).

Aliás, a baixa prevalência de aleitamento materno observada nos países

europeus é uma das preocupações da OMS, sendo reconhecida como alvo da

implementação de políticas de incentivo desta prática (17).

Várias são as diferenças encontradas entre os dois países no que se refere

ao tipo de acções utilizadas para a promoção de práticas alimentares saudáveis.

Verificamos por exemplo que, em Portugal, apenas se observam medidas de

incentivo para a promoção de práticas alimentares saudáveis e estilos de vida

saudáveis através da difusão de informação, não sendo notórias medidas de

protecção e apoio, como se verifica no Brasil. E apenas com medidas de incentivo

será, sem dúvida, mais difícil modificar hábitos alimentares na população.

Uma outra diferença existente entre os dois países, que importa referir,

está relacionada com o conceito de Segurança Alimentar. O Brasil apresenta a

PNAN que se insere no contexto de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN),

integrando o conjunto das políticas de governo voltadas para a concretização do

Direito Humano Universal à Alimentação e Nutrição Adequadas (64). Muito para

além disso, o Brasil apresenta uma Política de Segurança Alimentar e Nutricional.

Neste sentido, SAN significa a “realização do direito de todos ao acesso regular e

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permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem

comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base

práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e

que sejam social, económica e ambientalmente sustentáveis” (107). Em Portugal

nenhum programa apresenta este conceito incluso, havendo apenas um estudo

publicado sobre “insegurança alimentar”, uma vez que a fome/ desnutrição não é

actualmente um problema de Saúde Pública, em Portugal (81).

Apesar de no presente momento, muitas das categorias de medidas

necessárias para a implementação de uma Política Nutricional, referidas pelo

CNAN em 1989 estarem a ser aplicadas, falta a interligação sectorial, a

coordenação de todos os programas e projectos que estão a ser desenvolvidos.

De acordo com o segundo plano de acção para as políticas de alimentação e

nutrição, elaborado pela OMS para os países europeus(24), Portugal com os

programas que está a desenvolver não dá cumprimento a todos os objectivos,

sendo necessária a criação de uma política mais global e abrangente, não se

cingindo apenas ao problema da obesidade (24). Problemas como a insegurança

alimentar, as deficiências de micronutrimentos e a baixa prevalência de

aleitamento materno são ignorados em Portugal.

Entre as diversas acções necessárias para a promoção da saúde da

população, a alimentação e a nutrição foram consideradas áreas prioritárias na II

Conferência Internacional de Promoção da Saúde, realizada em 1988 na Austrália

(108). A implementação de uma Política Alimentar e Nutricional caminharia no

sentido dos esforços empregues para reorientar as políticas de saúde no sentido

da prevenção e da promoção da saúde. Na política de saúde do actual Governo,

afirma-se explicitamente que os cuidados de saúde primários são o pilar central

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do sistema nacional de saúde (29). Neste sentido, e considerando que os cuidados

de saúde primários correspondem à “porta de entrada” preferencial do sistema de

saúde, torna-se o local privilegiado de actuação na promoção da saúde.

Mas será que é pela inexistência de uma verdadeira Política Alimentar e

Nutricional em Portugal que não existe um sistema de VAN? Ou será pela

inexistência deste sistema de monitorização do consumo alimentar e do estado

nutricional da população que Portugal não avança no sentido da criação da tão

necessária política?

Por um lado, a monitorização do consumo alimentar de uma população é

essencial para o planeamento de políticas alimentares, pois permite criar uma

base conhecedora e real sobre os comportamentos alimentares dos portugueses,

orientando assim a formulação da política. Mas por outro lado a inexistência de

uma Política de Alimentação e Nutrição pode ser responsável por esta

inexistência de informação no que diz respeito à VAN.

Muitas destas diferenças existentes entre os dois países, relativamente às

políticas/ programas de alimentação e nutrição, podem ter por base os diferentes

papéis que o nutricionista tem na saúde pública no Brasil e em Portugal. No Brasil

a acção do nutricionista tem evoluído gradualmente no contexto da Saúde

Pública. Desde a década de 1970 o governo preocupou-se com o

estabelecimento de alguns programas comunitários na área da alimentação e

nutrição, tendo neste contexto, havido a necessidade a partir daí, de empregar

nutricionistas que operem nesta área (109). Em Portugal isto não se verificou,

sendo a Nutrição na Saúde Pública ainda uma área com grande margem de

expansão. Neste domínio, cabe ao nutricionista assumir o papel de agente

político, de forma a articular as politicas, os programas e as acções em

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alimentação e nutrição, entre o poder público, as organizações não-

governamentais, o sector privado e a sociedade civil.

Reflectindo, o sector da Saúde, isoladamente, não tem suporte e

conhecimento suficiente para desenvolver políticas que abordem temas tão

complexos. Para que a promoção da saúde ocorra plenamente, é fundamental

que seja construída por meio de uma acção intersectorial do poder público em

parceria com os diversos sectores da sociedade. Os campos de acção da

promoção da saúde abarcam a construção de políticas públicas saudáveis,

incluindo a criação de ambientes favoráveis à saúde, a reorientação dos serviços

de saúde, o desenvolvimento de competências dos profissionais e o reforço da

participação popular. A participação e mobilização da população é de extrema

importância para a formulação de políticas para que as acções não sejam

verticalizadas e para que o nutricionista ou outro profissional de saúde não sejam

vistos como autoridades. As acções de promoção da saúde impõem a criação de

espaços democráticos e participativos, a fim de estabelecer uma aproximação

com a realidade dos indivíduos e das populações. Nesse aspecto, torna-se

imprescindível superar a relação hierárquica entre o profissional e o usuário.

Em termo de conclusão, apesar das grandes diferenças demográficas,

epidemiológicas e nutricionais que se observam entre os dois países, ambos têm

necessidade extrema de uma Política de Alimentação e Nutrição, de acordo com

a complexidade dos problemas alimentares advindos das transições nutricionais

em curso nos dois países.

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