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POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A ESCOLA PRIMÁRIA NA BAHIA
EXPANSÃO NA GESTÃO ANÍSIO TEIXEIRA – 1947 a 1951
Sara Martha Dick
Universidade Federal da Bahia
Após o período do Estado Novo a Bahia, como o restante do país, passa por grandes
transformações. Com a promulgação da Constituição de 1946, e construção de uma
estrutura democrática no país, incluindo o processo de eleições diretas, que a Bahia
elegeu, além de sessenta deputados constituintes e senador, o governador constitucional,
Otávio Mangabeira (UDN).
A eleição do governo Otávio Mangabeira, a partir de 1947, ocorre em circunstâncias
mais democráticas politicamente e na conjuntura de uma nova Constituinte que
promulgou uma Constituição para se adequar à Constituição Nacional de 1946.
No entanto, apesar destas condições políticas mais democráticas, o governo de
Mangabeira encontra um estado com muitos problemas. Ao tomar posse, depara-se
com:
um estado da Bahia pobre, atrasado e ferido por sucessivas
interventorias do Estado Novo, das quais a única que
experimentou tímido programa nas áreas de educação e
agronomia foi a de Landulfo Alves de Almeida. Faltava carne
na cidade do Salvador. A carestia de vida era enorme. A
economia baiana mais atuante era a do cacau. Ela fornecia
porém “mais dividas ao país” do que à Bahia, dependia do
mercado externo e sofria com a legislação tributária federal.
Faltavam escolas, hospitais,estradas de rodagem,portos
marítimos e fluviais, navios e estradas de ferro
(TAVARES:2001)
Diante dos desafios a serem enfrentados, o governador nomeou para a Secretaria de
Educação e Saúde, o educador Anísio Teixeira que foi auxiliado pelo médico José
Silveira para questões da saúde do estado.
No início de suas atividades como Secretário, Anísio Teixeira dedicou-se à preparação e
defesa de um capítulo específico para Educação e Cultura a fim de que fosse incluído na
Constituição baiana de 1947, dentro da concepção escolanovista, por ele defendida
desde os anos 30 com o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932. Assim, de
acordo com suas propostas alcança a aprovação dos princípios que se alinham aos da
Constituição Federal de 1946, tais como:
a) garantir a gratuidade em todos os níveis de ensino, enquanto a Constituição Federal
garantia somente ao ensino primário;
b) um Conselho Estadual de Educação com competência de administrar a educação e
indicar o Diretor de Instrução;
c) Cria Fundo Estadual de Educação visando a garantia de autonomia financeira;
d) Esta Constituição de 1947 previu, também, a existência de Conselhos Municipais;
e) propõe a elaboração de uma Lei Orgânica de Ensino, que somente poderia ser
modificável com maioria absoluta da Assembleia , procurando garantir a estabilidade
tanto da concepção pedagógica , quanto da organização escolar.
Nesta Carta Magna baiana, há um capítulo próprio para Educação e Cultura, cria um
Fundo de Educação, além de indicar as competências do Conselho Estadual de
Educação e Cultura, No seu artigo 119 aponta para a necessidade de uma Lei orgânica:
Art. 119 - O Estado promulgará a lei orgânica do ensino e
cultura, instituindo, observadas as diretrizes e bases de
educação nacional, o sistema do ensino público e as condições
do particular, incluindo naquele, além das escolas de todos os
graus e ramos, instituições extra-escolares destinadas à
promoção e difusão da cultura física, científica, artística e de
informação em geral, bem como de proteção ao patrimônio
natural, artístico e histórico.
Desta forma a terceira Constituição baiana, em 1947, incluía as ideias democráticas
previstas na Carta nacional, implicando na democratização e descentralização do ensino,
no capítulo específico “Da Educação e Cultura”, que dispunha no art.177:
A função da educação e ensino compete ao Estado, na forma da
Constituição Federal, incumbindo sua superintendência e
direção ao Conselho Estadual de Educação e Cultura, órgão
autônomo, administrativa e financeiramente, nos termos desta
Constituição e da lei orgânica do ensino.
Porém, Anísio Teixeira enfrentará um grande desafio em relação à Lei Orgânica de
ensino, pois não logrou presenciar a sua aprovação, que inclusive, não ocorreu durante o
governo Mangabeira. Assim refere-se a este fato no Seu relatório :
O tempo não permitiu que a Assembleia Legislativa votasse a
lei complementar a êsse capítulo da Constituição, a Lei
Orgânica do Ensino, ficando, assim, a Secretaria privada dos
poderes legais necessários para o início à reforma. (TEIXEIRA:
1948. pg 2-3)
Desta forma, o secretário Anísio Teixeira, não contando com suas propostas de Lei
Orgânica de Ensino, dedica-se a um período de realizações na educação do estado, que
mudam o quadro da educação. Com pouco tempo de administração, inicia a construção
de 258 novos prédios escolares, ampliou o ensino secundário e inicia a criação dos
Centros Educacionais Integrados em Escolas Classe e Escola Parque, voltando- para um
processo de expansão da educação no estado.
Em seu primeiro relatório, um ano após sua posse como Secretário da Educação,
Cultura e Saúde Pública, Anísio Teixeira encontrando uma situação lastimável na
educação do estado inicia da seguinte forma:
Os serviços de educação no Estado resumem-se em um corpo
de professores primários aglomerados nas cidades, ou dispersos
pelas vilas e povoados, quase todos sem prédios, instalações e
assistência técnica, moral ou mesmo administrativa; um corpo
de professores secundários distribuídos em três ou quatro
pavilhões de um único instituto secundário, e três institutos de
formação do magistério primário, somente um com instalações
materiais adequadas, mas lamentavelmente transformado numa
confusa e congestionada escola secundária. (TEIXEIRA: 1948)
Diante da situação da educação no estado e frustrado com a não votação da Lei
Orgânica de Ensino, Anísio dedica-se a procurar melhorar as condições existentes.
Assim é que deu “provimento a 342 escolas que se achavam fechadas, em virtude do
retardamento das promoções (...) TEIXEIRA :1948 , pg. 3
Continuando sua análise afirma, ainda, que “A escola primária vem-se reduzindo a uma
escola de alfabetização ineficiente, com perda de prestígio social” (1948 .pg.02). Esta
perda de prestígio a que se refere quanto à escola primária, é em relação ao ensino
secundário, pois relata que, em vários municípios do interior do estado, mesmo não
havendo ensino primário digno, possuem ginásios luxuosos.
Neste sentido , argumenta a resistência , oposição e restrições às mudanças e melhorias,
atribuindo ao conceito que se possuía com relação à educação.
Por que o conceito de educação entre nós é um velho conceito
medieval e não o moderno conceito de educação. O estado de
ignorância só deixou de ser considerado normal nos últimos
cem anos e, ainda assim, apenas em alguns trechos do
planeta.(...) O saber,entre nós, é uma proeza individual talvez
maior que na idade média (TEIXEIRA:1948.pg.6)
Dedica-se, então, à recuperação do ensino primário que de acordo com as palavras do
Secretário, necessitaria atingir o prédio escolar e seu aparelhamento, o professor e o
aluno. Argumenta, ainda, que: A escola sem prédio é uma demonstração do conceito de
“escola-formalidade”, ou de escola para mistificar a necessidade de educação da
população mais pobre. (TEIXEIRA:1948. Pg.7)
Diante de tantos problemas com relação ao ensino primário e, sem condições de
construir imediatamente as escolas necessárias, organiza um plano de escolas,
dividido em:
escolas provisórias, que em casos extremos poderia ser, inclusive, ser um
simples galpão;
escola semiprovisória com construção precária e econômica, embora mais
estável;
escola permanente, com construção definitiva comportando diversos tipos de
prédios:
- o mínimo – prédio de pelo menos três salas, uma de trabalhos manuais,
uma para biblioteca, outra para administração (escola mínima)
- o nuclear - prédio de pelo menos seis salas, uma biblioteca, um
pequeno auditório, dependências de administração, comportando
acréscimos (escola nuclear)
- Escola Compreensiva - prédio de pelo menos 12 salas de aula, uma
biblioteca, salas para cursos de adultos, salas para agencias de
informação, para professores, para administração, além de instalações
para educação física e jogos recreativos. (Grupos escolares)
A Escola Compreensiva é desta forma definida pelo educador:
É chamada compreensiva porque incluirá, além do curso
elementar integral com pequenas oficinas de artes industriais, o
ensino de extensão aos adultos, e a biblioteca e o auditório de
aplicação mista. Nela é que a escola primária se desdobrará em
todos os seus aspectos e em que se processará o que está aqui
denominado de recuperação da escola primária.
(TEIXEIRA:1948. Pg. 8)
A Escola Compreensiva, seria aquela destinada aos centros urbanos de mais de cinco
mil habitantes, sendo , de certa forma uma primeira ideia dos Centros Educacionais.
Para Anísio Teixeira , na escola compreensiva é que a escola primária pode se
desdobrar em todos seus aspectos , podendo se processar o que denomina de
recuperação da escola primária.
Para a Capital, centro da maior concentração populacional baiana, Anísio Teixeira
idealizava uma escola de tipo inteiramente novo, dividida em duas ordens de atividade.
A primeira, dedicada à instrução propriamente dita, chamava "escola-classe" e, a
educação no sentido mais amplo que denominou de “parque escolar”. Esse é o esboço
do que definiria, posteriormente, como Centro Educacional, - um Centro de Educação
Integral, que compreendia atividades de instrução, "escola-classe", e de educação,
"parque-escola", "escola-parque".
Com relação a estes prédios escolares, o convênio com o Ministério da Educação
garantiu a construção de 258 prédios contribuindo a rede de penetração da escola
primária nas regiões mais distantes e de população dispersa, como na zona rural, em119
municípios com total de 201 distritos.
Com esta perspectiva que na mensagem do governador Otávio Mangabeira , em 1949 ,
noticia a construção, em andamento, do Centro Educacional Carneiro Ribeiro –
dentro da visão defendida por Anísio Teixeira para organização das escolas -,, (que
ficou conhecido co Escola Parque), composto por quatro grupos escolares, para 1.000
crianças cada e no centro uma escola-parque para 4.000 alunos, contendo dois
internatos , para 100 meninos e 100 meninas desamparados, além de instalações para
recreio, trabalhos manuais e educação física, artística e social.
Porém o Relatório do secretário Anísio Teixeira para o ano de 1949 demonstra, ainda,
descontentamento em relação à situação da educação baiana, considerando-a como
pouco satisfatória, atribuindo esta posição ao fato de que a educação não é “(...)na
verdade , uma atividade especializada, mas o reflexo da própria sociedade, que se retrata
em suas escolas com fidelidade por vezes dolorosa e reveladora.” (TEIXEIRA Diário da
Assembleia :1949.pg.5468)
No referido Relatório, Anísio indica que na Capital baiana chegou a manter 50 classes
primárias com apenas 12 metros quadrados, não possuindo a menor condição de incluir
mobiliário suficiente. Para ele, a escola encontrava-se em fase final de dissolução,
servindo apenas para indicar uma “sociedade em decadência”.
Referindo-se ao período ditatorial do Estado novo:
Sete anos de descalabro moral, econômico e político,
fantasiados de realismo sociológico, bastaram para nos reduzir
a uma Alexandria da decadência, com as instituições
fundamentais da civilização postas nas condições em que as
estamos encontrando. (TEIXEIRA Diário da
Assembleia:1949.pg.5469)
Com tais observações, argumenta sobre as dificuldades a serem enfrentadas para a
melhoria dos serviços de educação no estado e as necessidades de reformas.
Para o ensino primário do interior e da capital, inicia com uma alteração que , como o
próprio Secretário argumenta, parece pequena, mas que teria grande significado. È a
instalação de um serviço administrativo de um assistente. Acredita, ele, que sem uma
administração e inspeção adequadas, as escolas funcionariam somente por ação do
professor, o que não pode garantir um bom funcionamento.
Assim, a “pequena “ alteração a que se refere Anísio é o fato de que passa a existir a
figura de um delegado escolar, que seria retirado do magistério, que será o diretor de
ensino de cada município, subordinado a um delegado regional , localizado entre os dez
centros regionais criados e, os delegados regionais ficam subordinados a um diretor do
ensino elementar do interior.
Para estes anos iniciais de seu trabalho frente à Secretaria de Educação, Anísio aponta a
existência de quatro níveis de progresso: o da zona rural, dos povoamentos e arraiais ,
das cidades do interior e do Litoral, incluindo a capital.
No caso da zona rural e nos povoados e arraiais, argumenta serem as condições mais
precárias para a obtenção de professores mais preparados. Assim, propõe que a escola
seja mais “modesta”, sendo regida por uma pessoa do local, treinada para tanto.
Já nas cidades, tanto do interior como no litoral, “a escola já deverá ser uma instituição
mais semelhante às similares dos países civilizados”(Teixeira:1949). E para a capital o
sistema escolar deve ser semelhante aos das grandes cidades.
A proposta de Anísio Teixeira para o sistema de educação elementar busca fugir
daquilo que denomina como sendo um regime nacional de faz de conta. Tal
argumentação diz respeito à diferenciação que é feita entre os professores do interior –
mais modestos e muitas vezes não diplomado, que busca a capital para treinamento ou
aperfeiçoamento – e, o professor nas cidades e na capital, diplomado e prestigiado com
instalações melhores e assistido por técnicas da melhor qualidade. Para ele, o critério do
diploma, apaga toda e qualquer outra consideração, lançando as escolas no que chama
de imaterialidade.
Neste sentido é que indica ser indispensável estabelecer uma ligação entre o professor e
as condições em que vai ensinar, “para dar realidade à escola e sentido à atuação do
professor”. Assim, considera que para a zona rural , a escola terá como professor
alguém da localidade, mesmo sem diploma,mas escolhido para esta finalidade. Para as
escolas dos povoados, também deve ter como professor alguém da comunidade, mas
sempre que possível diplomado. Já para as cidades, deverá ser selecionado para o
magistério o professor com diploma.
Com relação aos tipos ou modalidade de escolas , o planejamento da Secretaria
continua seguindo os quatro estágios, isto é , do mínimo, que representa apenas um
teto, até o grupo escolar de doze classes, com todas instalações conexas e anexas. Este
último , no entanto, somente para as grandes cidades, que no interior do estado deve
contar também com um centro comunitário, com biblioteca , salões de cinema e
recreação.
De acordo com este planejamento para as escolas no estado baiano, pretendia o
secretário que desde as escolas rurais até os grupos escolares mais desenvolvidos,
fossem destacados os alunos que melhor se sobressaíssem , a fim de fossem
encaminhados para escolas de grau mais desenvolvido , com bolsa do estado.
A secretaria de Anísio Teixeira desenvolve, ainda, um Plano Educacional dos
Municípios, com objetivo de oferecer a cada município o mínimo de oportunidades
educativas. Com tal planejamento busca acabar com a má distribuição de oportunidades
no estado, que leva a migração de populações. Ao mesmo tempo , procura desmistificar
a situação de que somente os filhos de famílias de melhor posses poderiam ter escolas
próximas à capital. Pretende , assim, que as crianças do campo possam ter uma
educação digna e não necessariamente diferente daquela ministrada na cidade.
Desta forma, a escola rural, mesmo com suas deficiências, respeitando as diversidades,
pode oferecer uma educação que daria continuidade em qualquer outra escola.
Pretendia-se, assim, integrar o ensino rural e agrícola ao sistema comum de educação.
No Relatório do ano de 1950 , Anísio , continuando suas avaliações quanto a escola
primária no estado , indica que nos últimos três anos , portanto durante sua gestão na
secretaria de Educação,o estado da Bahia saiu do penúltimo lugar no país com 26 alunos
por mil habitantes quando a média do pais era de 70 alunos por mil habitantes, para 63
alunos para mil habitantes, considerando como um grande salto, aproximando da média
nacional e uma das primeiras colocações.
Porém, como já havia afirmado no relatório anterior, considera que a questão da
necessidade de construção rápida dos prédios escolares era urgente:
O problema do prédio escolar na Bahia tem dois aspectos. O primeiro é, digamos, o de
demonstrar a sua necessidade, pois não falta quem suponha bastar à escola o professor.
Daí o sem número de escolas a funcionarem em salas acanhadas de residências
particulares, alugadas. O segundo é o de encontrar uma solução tão modesta quanto
possível mas que, a despeito da modéstia, atenda ao mínimo de condições
indispensáveis a um prédio escolar. Com efeito, a necessidade de construir, o mais
rapidamente possível, não alguns prédios, mas todo um sistema escolar, exige planos de
economia e construção em massa que não são fáceis de traçar. (TEIXEIRA: 1950. pg. 9)
Neste sentido coloca em prática seu projeto de construções escolares dentro das
especificações defendidas por ele .
1. Escola Mínima – para as localidades rurais mais dispersas, em projeto em
conjunto com o Ministério da Educação, assim descrita por Anísio
Teixeira :
O prédio da Escola Mínima corresponde ao simples tecto para a
escola. Deseja-se dar à escola um tecto. Imaginou-se, assim, um
prédio de tamanha simplicidade que nem sequer possui janelas.
É uma classe com paredes meias e uma porta. Em torno, uma
pequena área coberta. Ao lado, a instalação sanitária mínima.
(TEIXEIRA: 1950. pg. 10)
Escoal rural–Sapeaçú–Cruz das Almas Bahia FGV/CEPEDOC CMaFOTO098_15 1949
A mesma escola mínima estava prevista , também , para sua ampliação, podendo ,
segundo os dados do relatório , estender-se para duas, três, seis , doze e quatorze salas,
de acordo com os recursos e necessidades da localidade. Por este motivo, também
denominadas de escolas extensíveis.
2. Escola Nuclear – para as vilas e povoados com população mais densa, a
escola possui três salas, atendendo o que chama de três graus de ensino,
além de biblioteca, diretoria e residência do zelador, e uma área coberta
para recreio
Escola rural Itapeipú–Jacobina Bahia FGV/CEPEDOC CMaFOTO098_35 1949
3. Grupo Escolar Médio - seria construído nas pequenas cidades e :
(...) compreende além de seis salas de aula, salas de administração, uma
boa biblioteca, disposições para clubes escolares, auditorium, salas
especiais de desenho, artes industriais e ciências e largas áreas cobertas
para recreio. (TEIXEIRA: 1950 pg. 10-11).
Grupo Escolar Castro Alves – Jequié/Bahia – fonte WWW.jequié.ba.gov.br
4. Grupo Escolar Completo – para as cidades maiores e mais populosas,
com quatorze salas, tem as seis salas do Grupo Escolar Médio, com mais
seis salas de aula primária, duas de jardim da infância e ginásio,cantina,
teatro e centro de informações para adultos.
O relatório de 1950 apresenta como dados importantes sobre as construções estas
escolas para o ensino primário no interior os seguintes dados:
Construção de 70 prédios escolares sendo que destes somente 3
estavam concluídos, sendo 2 escolas nucleares de três salas (no
municípios de Muritiba e Feira de Santana) e 1 Grupo Escolar
Médio com cinco salas (Município de Jequié). De todos os
prédios em construção 49 são de escolas nucleares com três ou
duas salas, 15 são de Escola Mínima com uma sala, 4 de Grupo
Escolar Médio com seis salas e 2 de Grupo Escolar Completo.
(TEIXEIRA:1950 pg 24-29)
Na tabela apresentada em Relatório quanto os prédios escolares para o ensino
primário temos:
Discriminação Em
construção
Concluídas total
Escola Rural 495 263 758
Construção
retomada
6 33 39
Prédio (convenio
Gov. Fed)
29 1 30
Prédio ( exclusivo
estado)
38 2 40
Escola-classe 3 3
C.E.C.R Escola-
classe
1 1
Escola-classe 1 1
Total
872
Fonte : Relatório Anísio Teixeira 1950,pg.30 ( CECR – Centro educacional
Carneiro Ribeiro)
Diferentemente do interior , o ensino primário para a Capital do estado não poderia ter
as mesmas iniciativas, pois segundo Anísio Teixeira :
Aí deparamos com a cidade já construída,sem áreas previstas
para construções escolares necessárias , e, como no interior,
com todo um sistema escolar por edificar. Além disso, o sistema
de “turnos”(no mesmo prédio , funcionam duas escolas, uma
pela manhã e outra a tarde) havia criado uma escola de tempo
parcial, com um período demasiada reduzido para se fazer a
educação elementar da criança. (TEIXEIRA :1950 pg. 11)
Assim, para a capital pensou em um plano escolar que compreende um sistema de
escolas elementares, compondo centro de educação com escolas-classe e escolas-
parque, indicando a construção do primeiro – Centro Educacional Carneiro Ribeiro
composto de quatro escolas-classe com 960 alunos cada e uma escola-parque para
3.840 alunos, inclusive 300 internos, sendo escolhido o bairro da Liberdade para sua
construção , por ser um bairro populoso e de baixa renda.
Neste mesmo ano de 1950, por ocasião da inauguração do Centro Educacional Carneiro
Ribeiro, o secretário da educação Anísio Teixeira ao indicar que tal construção obedece
um plano de educação para a Bahia, como a perspectiva de restaurar a escola primária,
argumenta dentro de sua concepção de escola nova:
"(...) A escola primária seria dividida em dois setores, o da
instrução, propriamente dita, ou seja, o da antiga escola de letras,
e o da educação, propriamente dita, ou seja, o da escola ativa. No
setor instrução, manter-se-ia o trabalho convencional da classe, o
ensino de leitura, escrita e aritmética e mais ciências físicas e
sociais, e no setor educação as atividades socializantes, a
educação artística, o trabalho manual e as artes industriais e a
educação física A escola seria construída em pavilhões, num
conjunto de edifícios que melhor se ajustassem às suas diversas
funções.(...) Fixada, assim, a população escolar a ser atendida em
cada centro, localizamos quatro pavilhões, como este, para as
escolas que chamamos de escolas-classe, isto é, escolas de ensino
de letras e ciências, e um conjunto de edifícios centrais que
designamos de escola-parque, onde se distribuiriam as outras
funções do centro, isto é, as atividades sociais e artísticas, as
atividades de trabalho e as atividades de educação
física..." (TEIXEIRA: 1977 pg.144/145).
Complementando seu discurso, Anísio indica que , dentro de tal concepção a escola
primária seria algo que poderia transformar a sociedade brasileira de”(...) primitiva em
uma sociedade moderna e técnica” (TEIXEIRA:1977.pg. 146).
Durante o governo de Mangabeira, com Anísio Teixeira como Secretário, a educação
realmente teve uma grande transformação, tanto do ponto de vista das construções de
prédios como em relação à sua organização. Como resultado desta transformação
podemos comprovar os números constantes dos anuário estatístico do IBG informando
para o período:
No início do governo existem 3.857 unidades escolares com 248.770 matrículas e com
3.749 em conclusão. No final do governo, 1949, com 5.070 unidades escolares e uma
matrícula geral de 296.719 com conclusão de 14.639 concluintes. Com um crescimento
incontestável, pode-se concluir que as reformas empreendidas com os planos do
secretário Anísio Teixeira , provocaram resultados positivos na educação primária.
Portanto, a título de considerações finais, podemos dizer que o percurso de Anísio
Teixeira como Secretário da Educação transformou a face educacional baiana, tanto do
ponto de vista da concepção de escola e de educação, introduzindo a noção de educação
integral , concretizada na Escola Parque em Salvador, como também por sua
preocupação com a expansão para o interior do estado , indicando , inclusive sua
inquietação quanto aos prédios escolares e sua construção. Neste sentido, a variedade de
prédios, de acordo com as condições de cada local, apontam para a necessidade de cada
escola, além de comportar diversos ambientes pedagógicos como teatros, bibliotecas,
refeitórios, áreas livres, enfim , integrado à sociedade.
REFERÊNCIAS
BAHIA. Constituição do Estado da Bahia . 1947. Assembléia Legislativa do Estado
da Bahia.
TAVARES, Luis Henrique Dias. História da Bahia. 11ª Ed. São Paulo UNESP. 2009.
TEIXEIRA. A. S. Relatório: quatriênnio de 1924 a 1928. Salvador: Diretoria Geral da
Instrução Pública, 1928b. (Relatório Administrativo)
__________. Educação, saúde e assistência no Estado da Bahia em 1948. Salvador,
1949. (Relatório Administrativo)
__________. Educação não é privilégio. 4. ed. São Paulo: Nacional, 1977.
___________. Relatório de Instrução Pública . Salvador. 1949. Arquivo Público do
Estado da Bahia
___________. Relatório de Instrução Pública . Salvador. 1948. Arquivo Público do
Estado da Bahia
___________. Relatório de Instrução Pública . Salvador. 1950. Arquivo Público do
Estado da Bahia