PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · Meu agradecimento por sua confiança; À...
Transcript of PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · Meu agradecimento por sua confiança; À...
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática
Júlia Fernanda de Paula Pereira
PROPOSTA INSTRUMENTAL NO ENSINO DE ANATOMIA
DO SISTEMA RESPIRATÓRIO:
Uma estratégia complementar que favorece a aprendizagem
Belo Horizonte
2014
JÚLIA FERNANDA DE PAULA PEREIRA
PROPOSTA INSTRUMENTAL NO ENSINO DE ANATOMIA
DO SISTEMA RESPIRATÓRIO:
Uma estratégia complementar que favorece a aprendizagem
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática.
Orientador: Prof. Dr. Fernando Costa Amaral
Co-orientadora: Profa. Dra. Angélica Rodrigues Araújo Área de concentração: Biologia
Belo Horizonte
2014
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Pereira, Júlia Fernanda de Paula
P436p Proposta instrumental no ensino de anatomia do sistema respiratório: uma
estratégia complementar que favorece a aprendizagem. / Júlia Fernanda de
Paula Pereira. Belo Horizonte, 2014.
80 f. : il.
Orientador: Fernando Costa Amaral
Coorientadora: Angélica Rodrigues Araújo
Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática.
1. Anatomia humana - Estudo e ensino. 2. Aparelho respiratório. 3. Didática.
4. Material didático. I. Amaral, Fernando Costa. II. Araújo, Angélica Rodrigues.
III. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-
Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. IV. Título.
CDU: 612.2
À minha avó Anésia,
com todo meu amor!
AGRADECIMENTOS
A elaboração desta dissertação envolveu muito mais do que a titulação de
mestre. Ela faz parte de um dos meus vários objetivos de vida que agora se
materializa. Mesmo sendo um caminho solitário, exigiu companhia. Neste espaço,
vou socializar meus agradecimentos.
A Deus, meu grande pai e amigo, por renovar a cada momento a minha força
e disposição. Pelo discernimento concedido ao longo dessa jornada.
À minha mãe, ―grande mulher‖, forte, corajosa, decidida, amiga, companheira
de todas as horas, por estar ao meu lado. A senhora sempre sacrificou seus sonhos
em favor dos nossos, seus filhos. Mesmo nos momentos difíceis, sempre foi o esteio
da família com muito amor e dignidade.
Ao meu pai, com seu jeitão peculiar de demonstrar afeto, pelo incentivo
financeiro.
Á minha avó Anésia, fonte de minha inspiração e transpiração. Exemplo de
vitalidade, fé, perseverança, humildade e amor. Como eu te amo!
Ao meu irmão, Luiz Fernando. Obrigada por ser meu irmão. Pelo seu amor e
amizade.
Ao Fábio, meu noivo, pela presença lúcida em minha vida. Por toda paciência,
generosidade e comprometimento. ―Por me dar chão firme para a aterrissagem, e
por forrá-lo de flores‖;
Ao meu orientador, prof. Dr. Fernando Amaral, pelo conhecimento
transformador que me abriu fronteiras, rompeu limites e, ao mesmo tempo, me
integrou. Meu agradecimento por sua confiança;
À minha co-orientadora, profa. Dra. Angélica Araújo, pelo acolhimento, zelo,
confiança e respeito. Por tanto carinho e disposição.
Ao prof. Dr. Wolney Lobato, pela sua sensibilidade que o diferencia como
educador e pela presença marcante em minha vida acadêmica. Agradeço
imensamente pelas lições de amor, generosidade, respeito, que foram essenciais na
minha caminhada. Pelo apoio incondicional!
À Profa. Ms. Natália Hermeto. Meu agradecimento por tanto amor, carinho,
cumplicidade, atenção. Pela excelência profissional, pelo suporte e confiança, apoio
e acolhimento.
A todos os meus professores do Mestrado de Ensino em Ciências e
Matemática que conferiram prestígio e valor ao meu trabalho de mestrado. Por
terem me ensinado que o processo educativo é uma construção que ultrapassa a
técnica e requer virtudes, como amorosidade, rebeldia, respeito, disponibilidade à
mudança, tolerância, humildade e diálogo.
Aos funcionários da secretaria do Mestrado em Ensino em Ciências e
Matemática, por nos ajudar sempre, por esclarecer dúvidas e pelo acolhimento.
À desenhista Thais Mesquita, que se tornou amiga. Obrigada mesmo pela
parceria, prontidão, gentileza e paciência.
Aos professores colaboradores que contribuíram para o aperfeiçoamento do
manual de ensino produzido: Profa. Ms. Lucília Maria de Souza Teixeira e Profa. Ms.
Stael Fernandes Bar
Aos meus pacientes e alunos, que me fazem ser uma pessoa melhor sempre.
De alguma maneira, tornam minha vida acadêmica e pessoal cada dia mais
desafiante.
Aos colegas do Geine - UFMG, em especial ao acolhimento oferecido pela
minha coordenadora Regina Célia Passos Campos, pela sua generosidade,
confiança, modelo de retidão profissional e pessoal, pelo talento extraordinário em
coordenar pesquisas e iluminar vidas. Pela sua humildade, inspiração e
sensibilidade.
Aos meus coordenadores da Fenphe, Luciana e Chico. Obrigada pela
confiança, compreensão, apoio, incentivos constantes e, principalmente, pelo
carinho e companheirismo nos momentos em que a tarefa parecia grande, pesada
demais, quase impossível e ainda assim escolhi vencer!
Aos meus padrinhos, Antônio Eduardo e Irene. Meus incentivadores
constantes. Muito obrigada pela amizade durante vários momentos importantes de
minha vida acadêmica, profissional e pessoal.
A todos meus amigos. Em vocês, conheci o que há de melhor e mais belo no
ser humano!
“Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única.” (Albert Schweitzer, 1959, p.28).
RESUMO
O Ensino da Anatomia Humana busca a compreensão da organização
morfofuncional dos principais sistemas orgânicos do homem e apresenta um
conteúdo de alta complexidade. Isso acontece porque envolve a memorização de
infindáveis estruturas e nem sempre o discente consegue ser um sujeito ativo no
processo de aprendizagem. A necessidade de memorização das estruturas
anatômicas acaba se sobressaindo mediante a necessidade de articular estruturas
anatômicas com a prática profissional. Surge, então, a necessidade de criar
materiais paradidáticos, uma vez que abordam assuntos complexos com mais
leveza e facilidade de entendimento. Sendo assim, este trabalho apresenta como
objetivo geral, a construção de um manual de ensino para o estudo anatômico do
sistema respiratório, já que existem poucos materiais didáticos que problematizem o
ensino desse conteúdo. O material foi elaborado baseado em princípios que
envolvem aspectos teóricos da multimodalidade, da teoria da carga cognitiva e da
teoria cognitiva da aprendizagem multimídia. Para atender ao objetivo da pesquisa,
a metodologia utilizada consiste em uma abordagem qualitativa do tipo exploratório-
descritivo. Os resultados encontrados demonstram que a utilização de exercícios
clínicos problematizadores é uma estratégia facilitadora para o ensino anatômico do
sistema respiratório e confirma a necessidade de os docentes proporem inovações
metodológicas para melhorar a qualidade do ensino anatômico.
Palavras-chave: Anatomia Humana, Sistema respiratório, Ensino e Aprendizagem,
Manual de Ensino.
ABSTRACT
The Teaching of Human Anatomy seeks the understanding of the morphofunctional
organization of the main organic systems of man and presents a content of high
complexity. This is because it involves the memorization of endless structures and
the student cannot always be an active subject in the learning process. The need to
memorize the anatomical structures ends up emphasizing the need to articulate
anatomical structures with professional practice. The need arises to create
paradidate materials, since they approach complex subjects with lightness and ease
of understanding. Thus, this work presents as general objective, the construction of a
teaching manual for the anatomical study of the respiratory system, since there are
few didactic materials that problematize the teaching of this content. The material
was elaborated based on principles that involve theoretical aspects of multimodality,
the theory of cognitive load and the cognitive theory of multimedia learning. To meet
the research objective, the methodology used consists of a qualitative exploratory-
descriptive approach. The results show that the use of problematizing clinical
exercises is a facilitating strategy for the anatomical teaching of the respiratory
system and confirms the need for teachers to propose methodological innovations to
improve the quality of anatomical teaching.
Keywords: Human Anatomy, Respiratory System, Teaching and Learning, Teaching
Manual.
LISTA DE SIGLAS
PUC- MG Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
TCAM Teoria Cognitiva da Carga Multimídia
TCC Teoria da Carga Cognitiva
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Hipócrates .............................................................................................. 20
FIGURA 2 - Aristóteles .............................................................................................. 20
FIGURA 3 - Celsus .................................................................................................... 21
FIGURA 4 - Galeno ................................................................................................... 21
FIGURA 5 - Anatomy Lesson (1826) ......................................................................... 22
FIGURA 6 - Leonardo da Vinci .................................................................................. 23
FIGURA 7 - Andreas Vesalius ................................................................................... 24
FIGURA 8 - Mapa Aéreo da PUC-MG........................................................................ 38
FIGURA 9 - Clínica de Fisioterapia da PUC-MG ....................................................... 39
FIGURA 10 - Aplicação Pré-teste .............................................................................. 43
FIGURA 11 - Reunião com monitores ....................................................................... 43
FIGURA 12 - Reunião Individual ............................................................................... 44
FIGURA 13 - Aplicação questionário Pós-teste ......................................................... 45
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Aprendizagem com uso de textos, imagens, vídeos .............................. 48
TABELA 2 - Percepções de Aprendizagens .............................................................. 48
TABELA 3 - Utilização de palavras e imagens........................................................... 49
TABELA 4 - Princípios da Proximidade Espacial (Contiguidade)............................... 49
TABELA 5 - Princípio da Sinalização ......................................................................... 50
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Grupo Amostral da Pesquisa .............................................................. 40
GRÁFICO 2 - Monitores Selecionados ...................................................................... 41
GRÁFICO 3 - Nitidez das Imagens ........................................................................... 52
GRÁFICO 4 - Cores Utilizadas .................................................................................. 52
GRÁFICO 5 - Posição das Imagens .......................................................................... 53
GRÁFICO 6 - Imagens como Facilitadoras ............................................................... 53
GRÁFICO 7 - Texto Escrito ....................................................................................... 54
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 19
2.1 Ensino de Anatomia Humana na perspectiva histórica ................................. 19
2.2 A Problematização do Ensino .......................................................................... 26
2.3 A multimodalidade ............................................................................................. 28
2.4 Teoria da Carga Cognitiva ................................................................................ 31
2.5 A Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia (TCAM) .............................. 33
3 PERCURSO METODOLÓGICO DA INVESTIGAÇÃO .......................................... 37
3.2 O cenário da pesquisa ...................................................................................... 38
3.3 Sujeitos da pesquisa ......................................................................................... 40
3.4 Técnicas e instrumentos de coleta de dados ................................................. 42
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 47
4.1 Pré-Teste ............................................................................................................ 47
4.2 Elaboração do Produto ..................................................................................... 50
4.3 Pós- Teste........................................................................................................... 51
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 55
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57
APÊNDICES ............................................................................................................. 62
APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ............................. 62
APÊNDICE B - Questionário Pré-Teste .................................................................. 64
APÊNDICE C - Questionário Pós-Teste Aplicado aos Discentes ........................ 66
APÊNDICE D - Questionário Pós-Teste Aplicado aos Docentes ......................... 68
APÊNDICE E - Produto............................................................................................ 71
15
1 INTRODUÇÃO
Há grandes razões que justificam os pesquisadores a escolherem
determinadas temáticas e, geralmente, as mais comuns são as práticas de atuação
profissional. Segundo Minayo (1997, p.17), ―nada pode ser intelectualmente um
problema se não tiver sido, em primeiro lugar, um problema da vida prática‖. Os
interesses pela investigação de um problema resultam das circunstâncias nas quais
o pesquisador está inserido.
Minha inserção na realidade do ensino superior inicia-se com a graduação em
Fisioterapia, na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), em
2006. Fui monitora da disciplina Anatomia Humana durante três anos e essa
atividade acadêmica despertou-me para a prática docente.
A convivência diária com os discentes no ambiente acadêmico, naquela
época, associada à minha atual experiência profissional, levou-me a alguns
questionamentos.
O processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos da disciplina Anatomia
Humana se apresenta complexo, extenso e difícil; uma vez que a memorização de
estruturas e nomes bastante diferentes da realidade torna a tarefa monótona e
desestimulante para a maioria dos alunos quando não ministrada de maneira
participativa e contextualizada com seu futuro profissional (RAMOS et al, 2008).
Os discentes raramente conseguem, por si só, correlacionarem os conteúdos
da disciplina de Anatomia Humana com possíveis ações profissionais futuras; já que
não têm contato direto com os pacientes durante os primeiros períodos do curso.
Isso é preocupante, uma vez que eles não percebem a importância e a necessidade
futura de utilizar o conhecimento proposto pela disciplina. Sendo assim, poucas
vezes têm motivação e entusiasmo para estudar os conteúdos. Isso, talvez, pode ser
explicado pela tradição do ensino unilateral e atomizado.
Outra questão diz respeito à disponibilidade dos instrumentos de ensino
utilizados na disciplina de Anatomia Humana. Um desses, por exemplo, é a
utilização de cadáveres humanos dissecados. Esses, apesar de serem muito
utilizados nos laboratórios de Anatomia Humana, contudo, não é uma das
alternativas mais viáveis, já que existe uma enorme dificuldade para obter e
armazenar esse material. Além disso, o número de discentes acaba sendo bem
16
superior à quantidade de peças humanas disponíveis nas instituições superiores
(COSTA; FEIJÓA, 2009).
As peças anatômicas de plástico também são instrumentos muito
disponibilizados no ensino da Anatomia Humana. Na maioria das vezes, essas
peças são construídas por profissionais que não são especialistas na área. Sendo
assim, a sua reprodução acaba não sendo totalmente fiel à realidade (MELO;
PINHEIRO, 2010).
Esse contexto escasso de instrumentos facilitadores para o ensino da
Anatomia Humana possibilitou-me, então, pensar, a respeito da utilização de
materiais paradidáticos na prática construtiva do conhecimento.
Material paradidático é todo material que aborda um único tema, de forma
mais descontraída, menos formal e contextualizada, mas não descarta o rigor
cientifico. Segundo De Toni e Ficagna (2006), os livros paradidáticos são um recurso
no qual podemos encontrar temas com abordagens contextualizadas, motivando,
desta forma, o aluno para o hábito da leitura.
Contudo, vale ressaltar que materiais paradidáticos devem ser construídos
para complementarem a formação dos discentes e não substituírem a função dos
livros didáticos.
Diante de tal exigência, as instituições de ensino têm a responsabilidade de
gerar o conhecimento e a produção científica, considerando as necessidades da
comunidade que as norteiam. A Universidade tem, hoje, como grande desafio,
inserir, no mercado de trabalho, um profissional com formação sólida, para que o seu
perfil seja de um profissional capacitado para pensar, ser crítico, tomar decisões
coerentes e ser capaz de lidar com o pluralismo de dificuldades que podem ser
encontradas nos ambientes de trabalho.
Na tentativa de apresentar uma contribuição ao processo ensino-
aprendizagem da disciplina de Anatomia Humana, este estudo propõe, como
objetivo geral, a criação de um material paradidático contendo 10 exercícios clínicos
comentados envolvendo conhecimentos anatômicos do sistema respiratório humano.
A escolha pelo sistema respiratório foi realizada devido à minha preferência por esse
sistema, já que sou, atualmente, fisioterapeuta respiratória. Já a opção em utilizar
esse recurso didático é porque atrai a atenção e a curiosidade do aluno, além de
informá-lo naturalmente.
A proposta da dissertação expõe como objetivos específicos:
17
- Identificar a percepção dos discentes de fisioterapia a respeitos dos
princípios da Teoria da Carga Cognitiva (TCC) e da Teoria Cognitiva de
Aprendizagem Multimídia (TCAM),
- Elaborar exercícios clínicos com o auxílio de monitores, baseados em
conceitos da Anatomia do sistema respiratório, dos princípios da TCC e da TCAM.
- Identificar se o uso do material, como recurso multimídia, favorece a
aprendizagem deste conteúdo.
- Sensibilizar a comunidade acadêmica com relação à importância da
pesquisa e da proposta aqui implementada
Para tanto, esta dissertação está organizada em capítulos, da seguinte forma:
Este primeiro capítulo corresponde a esta introdução e traz a justificativa, os
objetivos e a delimitação do tema deste trabalho.
O segundo capítulo apresenta o referencial teórico com dados, ideias e
conceitos para a compreensão da elaboração do material didático. O conteúdo
desse capítulo auxiliou para nortear o desenvolvimento e análises deste trabalho.
Já o terceiro capítulo aborda o percurso metodológico da pesquisa
investigativa;
O quarto capítulo é dedicado aos resultados e discussões da pesquisa, com o
intuito de criar um material paradidático para a aprendizagem da Anatomia Humana,
especialmente do Sistema Respiratório.
Finaliza-se com as considerações finais, em que se discute e integra os
assuntos abordados nos capítulos antecessores. Seguem-se, ainda, os apêndices
deste trabalho.
18
19
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesse capítulo, propõe-se apresentar a perspectiva histórica do ensino da
Anatomia Humana, bem como citar algumas modalidades e teorias para melhorar o
ensino-aprendizagem dos conteúdos anatômicos.
2.1 Ensino de Anatomia Humana na perspectiva histórica
O conhecimento da Anatomia Humana vem, desde a pré-história, sendo que o
aprimoramento de técnicas para caça e a escolha de partes para consumo e rejeitos
dos animais podem ter contribuído para o início do conhecimento anatômico
comparado, determinando os órgãos vitais para ataques com a finalidade de abater
a caça e as formas de dissecação (PESSINI; RUIZ, 2007).
Essa é uma disciplina tradicional dos cursos da área da saúde, sendo
considerada básica para a formação do profissional de saúde, devido à busca de
compreensão da formação do corpo e o desenvolvimento de disfunções orgânicas
(MARGOTTA, 1998; BASTOS; PROENÇA, 2000; DI DIO, 2002; FORNAZIEIRO;
GIL, 2003).
A anatomia humana foi uma ferramenta útil para o desenvolvimento da arte
médica, que, por muito, foi utilizada exclusivamente para estudo dos profissionais
médicos, pelo fato de ser esta a única profissão da área da saúde (POTTER, 2001).
O aumento, posteriormente, dos cursos universitários que prestam
atendimento à saúde do ser humano redimensiona a importância do estudo
anatômico, com base em sua tradição histórica.
Conforme Van de Graaff (2003), a mumificação egípcia pouco contribui para o
avanço do conhecimento anatômico, pois a técnica era puramente religiosa, sem
registros acerca dos aspectos corporais. Em torno do ano de 3400 a.C. é escrito
pelo egípcio Menes, médico do rei, o primeiro Manual de Anatomia que se tem
registro histórico.
Hipócrates (460.a.C.- 377 a.C.) (FIGURA 1) é considerado o pai da Medicina
pelos princípios éticos e humanísticos que construiu em sua prática, inspirando o
juramento Hipocrático, ainda hoje seguido pelos formandos em Medicina. Apesar de
20
limitados conhecimentos em dissecação, rompe com a causalidade divina das
doenças, atribuindo-as a distúrbios naturais e orgânicos.
Figura 1 - Hipócrates
Fonte: AMNI, 2015.
Aristóteles (384 a.C.- 322 a.C.) (FIGURA 02) é considerado o fundador da
Anatomia comparada. Seus estudos basearam-se em dissecações e estudos de
diversos animais, comparando seus achados com as características humanas.
Aristóteles nomeou uma das principais artérias do corpo humano, a artéria aorta,
bem como o primeiro relato conhecido em embriologia.
Figura 2 - Aristóteles
Fonte: FILOSOFIA EM VÍDEO, 2013.
Herófilo (325 a.C.) e Erasístrato (300 a.C.) proporcionaram contribuições do
período Alexandrino, que liberou a prática da dissecação. Não há conclusão de
versões sobre a realização ou não das vivissecções humanas por estes anatomistas
(SINGER, 1996).
21
Singer (1996) e Van de Graaff (2003) citam, ainda, que o Império Romano
contribuiu para o avanço da ciência anatômica. Deste período, salientam a
importância de Celsus e Galeno. Celsus (30 a.C- 30 d.C.) (FIGURA 3) não era
anatomista, mas como enciclopedista preservou para a prosperidade os
conhecimentos, pois compilou as informações remanescentes da Escola Médica da
Alexandria depois de sua destruição pelos romanos.
Figura 3 - Celsus
Fonte: ALCHETRON, 2017.
Já Galeno (130 d.C. – 201 d.C.) (FIGURA 4), grande escritor médico,
influenciou com seus textos, ao longo dos 1500 anos, a medicina, determinando o
conhecimento anatômico. Durante toda sua vida realizou cerca de duas ou três
dissecações humanas. Seus conhecimentos advinham das dissecações de animais,
portanto, submetido a alguns enganos, quando não considerava as variáveis
anatômicas das espécies, comprometendo sua abordagem. Sua obra é contestada
por Andreas Vesalius em 1543.
Figura 4 - Galeno
Fonte: A HISTÓRIA, 2014.
22
O declínio do Império Romano e o crescente poder religioso cristão tornou o
conhecimento anatômico ocidental encoberto, repercutindo negativamente em seu
desenvolvimento por quase 1000 anos. O conhecimento produzido desta época
advém dos povos islâmicos que traduziram os textos de Hipócrates, Aristóteles,
Galeno, entre outros, preservando em árabe o conhecimento ocidental. (VAN DE
GRAAFF, 2003).
Segundo Potter (2001), o período do Renascimento retorna a prática das
dissecações de cadáveres humanos, tornando-a parte integrante dos currículos das
escolas médicas da época. Logo, os conceitos galênicos estavam tão assimilados,
que pensava-se não haver mais possibilidade de novos conhecimentos, apenas em
aperfeiçoar técnicas de dissecação. A procura por corpos humanos para prática da
dissecação era tão grande, que episódios burlescos de roubos de cadáveres,
violação de tumbas, e até mesmo assassinatos em ―nome da ciência‖ sujam, junto
com as antigas vivissecções, a história da Anatomia.
Com os avanços das técnicas e conhecimentos anatômicos, necessitava-se
aprimorar os conhecimentos para conservação de corpos, pois as dissecações eram
executadas ―in natura‖, sem nenhum tipo de conservação, restringindo a um tempo
de trabalho de quatro a cinco dias ininterruptos, iniciando pelas regiões susceptível
ao apodrecimento rápido (abdome e tórax), seguindo para o crânio, e, por último,
aos membros. Nessa época, com a valorização da ciência anatômica vinculada à
prática médica, o professor de Anatomia se afasta do corpo e discursa suas aulas de
cátedra a uma distância segura do odor de putrefação, contando com um
prestimoso, em geral pouco letrado, para realizar as secções e exibições. O
professor apenas apontava com uma vara as estruturas citadas (FIGURA 5)
(OLIVEIRA, 2006)
Figura 5 - Anatomy Lesson (1826)
Fonte: COSMOS & CULTURE, 2015.
23
O período do Renascimento contribui de forma ímpar ao avanço da ciência
anatômica, não apenas pela liberação das dissecações e pela popularização dos
livros com o surgimento dos tipos móveis de imprensa (1450 d.C.), mas pela obra de
dois grandes nomes: Leonardo da Vinci e Andreas Vesalius.
A ciência anatômica poderia ter avançado, caso as notas e esboços
anatômicos de Leonardo da Vinci (1452 d.C.- 1519 d.C.) (FIGURA 6) fossem
publicadas em sua época. Com genialidade e precisão, seus desenhos marcam a
atenção ao corpo humano, propondo uma visão diferenciada sobre o objeto. A
habilidade do artista e seu trabalho em dissecação na escola de Mondino retratam
fielmente as estruturas anatômicas, além de estabelecer um novo padrão de
representação do corpo, belo e ricamente ilustrado (ASSIS, 2007).
Figura 6 - Leonardo da Vinci
Fonte: SOBRE RENASCIMENTO..., 2015.
Andreas Vesalius (1514 d.C – 1564 d.C.) (FIGURA 7), que refutou os então já
conhecimentos doutorais de Galeno, propondo novos saberes baseados na
observação cuidadosa e precisa das dissecações constantes, é chamado o ―Pai da
Anatomia‖ (ASSIS, 2007).
24
Figura 7 - Andreas Vesalius
Fonte: BRITANNICA, 2015.
Vesalius, exilado pelos galênicos que detinham o pensamento científico da
época, inicia uma nova fase no ensino-aprendizado da Anatomia, bem como na
produção de seus conhecimentos textuais e ilustrações.
A conservação inicia-se no século XVI com as técnicas de embalsamento
papal, com resultados contestados, para uns satisfatórios e outros insatisfatórios.
Porém, com a introdução do álcool etílico, puro ou associado nos séculos XVII e
XVIII, melhoraram a fixação e preservação dos corpos. (RODRIGUES, 2005).
Nos séculos XVII - XVIII, os anatomistas demonstravam as suas dissecações
e se destacavam como bons oradores. Essas dissecações eram abertas ao público
de elite local que pudesse pagar altos preços dos ingressos. Preferencialmente, as
dissecações públicas eram marcadas no tempo frio, pois não se conhecia melhores
técnicas de conservação adequada dos corpos, e o público não deveria ser exposto
aos odores desagradáveis da putrefação humana. Apesar da prática vigente, alguns
anatomistas se destacavam, contribuindo ao avanço do conhecimento. Entre eles,
podem ser citados William Harvey (1578 d.C.- 1657 d.C.), notável fisiologista que
estabelece a circulação sanguínea, apesar de adepto da vivissecção; e Marcello
Malpighi (1628 d. C.- 1694 d.C.), pai da histologia, que descreve a estrutura tecidual
de alguns órgãos (VAN DE GRAAFF, 2003).
O século XIX posiciona uma nova visão e pensamento sobre os sistemas
corporais com o estabelecimento da teoria celular, ampliando os saberes anatômicos
com adição de composição específica, reparação e reorganização tecidual e
orgânica. A princípio, o estudo da Anatomia Humana estava completo, as
dissecações regulamentadas, a melhoria dos equipamentos e técnicas ampliava o
25
que já se sabia sobre o corpo e a fisiologia, já fundamentada, contribuía na
explanação das estruturas anatômicas.
Em 1895, Wilhelm Conrad Roentgen descobre os raios X, trazendo uma visão
do corpo humano. As imagens geradas pela emissão dos raios X destacam a
constituição do corpo humano vivo, promovendo novas possibilidades de
conhecimento. O acesso às tecnologias de refinamento leva ao detalhamento com o
contraste radiológicos, a tomografia computadorizada, a ressonância magnética e o
ultrassom (SINGER, 1996; MARGOTtA, 1998).
Ainda no século XIX, descobre-se o fixador que se torna referência na
conservação de peças anatômicas, o formol (formaldeído). Esta técnica é a mais
amplamente utilizada até hoje, pelo baixo custo e a rápida penetração tecidual.
Porém, por ser volátil, produz um odor forte e irritante de mucosas característico em
todos os laboratórios de Anatomia. Nesta técnica que demanda espaço, o cadáver
deverá ficar um longo período submerso nesta solução. Posteriormente, ser
dissecado para estudo, permanecendo submerso para armazenamento (OLIVEIRA,
1981; SINGER, 1996; MARGOTTA, 1998).
O século XX não traz descobertas significativas no campo da Anatomia,
portanto, alavancou-se o desenvolvimento e o aprimoramento das técnicas de
conservação de cadáveres (VAN DE GRAAFF, 2003).
Existem outras técnicas de conservação de cadáveres na forma de peças
anatômicas, como a glicerinização, que facilita o manuseio, podendo ficar em
ambiente seco; a maceração, que retira todas as partes moles da estrutura,
mantendo apenas o tecido ósseo; a diafanização, que gera peças translúcidas; a
corrosão, que preenche estruturas tubulares de resina e submetem a corrosão ácida
os tecidos não preenchidos (VAN DE GRAAFF, 2003).
A técnica de plastinação surge ao final dos anos 70, e implica na substituição
das moléculas de água do corpo por um polímero, mantendo a estrutura e
características originais da peça de forma inodora, de fácil conservação, podendo
ficar expostas em um museu. Seu valor científico tem sido questionado por muitos
anatomistas, porém, o alvo de maior crítica é a exposição pública, que servia como
um grande apelo comercial do inventor da técnica, Gunther Von Hagens (FIGURA
9), que realizava suas preparações públicas e em museus itinerantes e fixos por
todo o mundo, com venda de ingressos. Além disso, o patenteamento da técnica
impedia a execução livre por outros pesquisadores do mundo, gerando discussões
26
acerca das reais intenções do anatomista, se divulgação científica ou
enriquecimento pessoal (HAGENS, 2008).
Entre as várias possibilidades, as peças anatômicas formolizadas ainda são
muito utilizadas pela maioria dos estudiosos e pesquisadores, pois a formolização é
a maneira mais fácil, rápida e economicamente viável, já que sua conservação
persiste por ano (BASTOS; PROENÇA, 2000; RODRIGUES, 2005).
2.2 A Problematização do Ensino
Bordenave e Pereira (1982) começam por distinguir dois tipos de educação -
a educação bancária ou convergente e a educação problematizada ou libertadora.
Segundo esses autores, a educação bancária, baseada na transmissão do
conhecimento e da experiência do professor, atribui importância ao conteúdo da
matéria, sem preocupar-se com o aluno como pessoa. Sendo assim, esses alunos
terão mais facilidade para tratar com conceitos abstratos; mas não terão facilidade
para resolver problemas concretos de sua realidade futura.
Já a educação problematizadora possui outra proposta, partindo do
pressuposto de que uma pessoa só conhece bem algo quando é transformada, e,
transformando-se, passa a fazer parte do processo de ensino-aprendizagem.
Bordenave e Pereira (1982, p.10) apresentam a solução de problemas como
―uma forma de participação ativa e de diálogo constante entre alunos e professores
para se atingir o conhecimento‖. Não um problema qualquer ou imaginado pelo
professor para estimular o potencial intelectual do aluno, mas problemas reais,
percebidos pela observação direta da realidade em foco.
Bordenave (1989, p.24) explica que:
Em um mundo de mudanças rápidas, o importante não são os conhecimentos ou idéias nem os comportamentos corretos e fáceis que se espera, mas sim o aumento da capacidade do aluno - participante e agente da transformação social - para detectar os problemas reais e buscar para eles soluções originais e criativas. Por essa razão, a capacidade que se deseja desenvolver é a de fazer perguntas relevantes em qualquer situação para entendê-Ios e se; capaz de resolvê-Ios adequadamente.
27
Bordenave (1989) corrobora Saviani (1984) o reforço para suas ideias sobre
os métodos para uma educação voltada para a democracia. Saviani (1984), ao
distinguir os métodos novos e tradicionais em seus aspectos pedagógicos, de forma
associada aos aspectos histórico-sociais e ideológicos presentes em suas
formulações e aplicações, preconiza um tipo de metodologia que mantenha
continuamente a vinculação entre educação e sociedade.
Seguindo um mesmo esquema de passo a passo, como o fizeram Herbart
(1776-1841) e Dewey (1859-1952), em momentos anteriores da história da
educação, SAVIANI (1984) propõe, como ponto de partida, a prática social, que é
comum a professor e alunos. Embora sejam diferentes os níveis de compreensão e
experiências destes, ambos lucrarão pela articulação da experiência andragógica
com a prática social de que participam.
Saviani ainda propõe a problematização, que explica como sendo o momento
de ―detectar que questões precisam ser resolvidas no âmbito da prática social e, em
consequência, que conhecimento é necessário dominar‖ (SAVIANI, 1984, p.74).
Na sequência, deve-se apropriar dos instrumentos teóricos e práticos
necessários para detectar os problemas e, logo após isso, ―incorporar elementos
ativos para modificar situações‖ (SAVIANI, 1984, p.75).
Por último, com esse processo de análise da realidade, os alunos passam de
uma visão precária, para uma visão mais elaborada sobre a prática. Deste modo, a
compreensão da prática social, via ação didática, permite ao professor e alunos,
serem agentes sociais ativos.
Saviani (1984) reconhece que a educação não transforma a prática social de
modo direto e imediato, mas de modo indireto e mediato, na medida em que age
sobre os sujeitos da prática. Ele se apoia para essa conclusão em Vázquez, que
afirma que:
Na teoria em si [...] não transforma o mundo. Pode contribuir para sua transformação, mas para isso tem que sair de si mesmo, e, em primeiro lugar, tem que ser assimilada pelos que vão ocasionar, com seus atos reais, efetivos, tal transformação. Entre a teoria e a atividade prática transformadora se insere um trabalho de educação das consciências, prática indispensável efetivas (VÁZQUEZ, 1977, p.206-207).
28
2.3 A multimodalidade
A multimodalidade é considerada como qualquer arranjo visual existente no
gênero discursivo, ou seja, as cores, as figuras, o tipo de papel (no caso de texto
escrito) ou até mesmo como as pessoas se comportam nos textos orais (gestos,
entonação de voz e expressões faciais).
Kress e Van Leeuwen (1992) consideram multimodal qualquer texto que utiliza
mais de um recurso semiótico (linguagem verbal, visual, gestual, sonora, dentre
outros).
É necessário considerar que as imagens apresentam significado nos textos e
não funcionam, apenas, como um enfeite. Dionísio (2005, p.159) diz que ―imagem e
palavra mantêm uma relação cada vez mais próxima, cada vez mais integrada‖.
Vale refletir como o arranjo visual acoplado ao texto prende a atenção e guia o
olhar diretamente para a representação visual. Isso ocorre porque o objetivo do
arranjo visual é que as imagens sejam enlaçadas pelo indivíduo. Imagens bem
elaboradas ajudam a leitura textual, motivando e proporcionando uma continuidade
nessa leitura. Tal interesse recai nas imagens multimodais como um todo. No caso
dos desenhos anatômicos, essas formas são: o desenho, as palavras, as
expressões técnicas, as setas, dentre outras. Em outras palavras, um
textomultimodal apresenta a informação através de recursos verbais (orais ou
escritos) e de recursos pictoriais (estáticas ou dinâmicas). Deve-se observar se há
um comprometimento entre a construção de imagens e os enunciados a ela
referentes.
De acordo com Lemke:
[...] os gêneros multimodais podem ser ensinados em sala de aula, desde que, tanto professores quanto alunos possam saber o que eles são, para que são usados, que recursos empregam, como eles podem ser integrados um ao outro, como eles são tipicamente formatados, quais seus valores e limitações (LEMKE, 2000, p. 269).
Dionísio e Travassos (2004, p. 8) lembram que ―todo professor tem convicção
de que imagens ajudam a aprendizagem, quer seja como recurso para prender a
atenção dos alunos, quer seja como portador de informação complementar ao texto
verbal‖. As imagens auxiliam na memorização de conteúdo, minimiza o esforço
mental e cognitivo para a compreensão de textos que são associados com imagens.
29
Conforme Gonzaga (2005), palavras e imagens representam o conhecimento
de formas diversas, e possuem, em seu conteúdo, qualidades diferentes. Interessa-
se estudar as relações da fusão imagem-texto, considerando que possuem
características particulares que se integram tanto no layout quanto no significado da
mensagem, segundo Kress e Van Leeuwen (1996). As razões desse interesse
baseiam-se em duas ideias principais: (a) alguns tipos de imagens, em certos
contextos, podem ser mais esclarecedoras que o texto escrito e (b) a combinação de
texto escrito e imagem pode favorecer a construção de sentidos.
Além disso, as imagens costumam ter um impacto emocional mais direto,
enquanto o texto escrito traz um apelo maior ao raciocínio lógico. Isso não quer
dizer, porém, que as palavras não emocionem e que as imagens não sejam
racionais (gráficos e tabelas são bons exemplos de mensagens racionais). Mas
interessa conhecer melhor de que maneira essa inter-relação entre imagem e texto
pode contribuir para a elaboração de materiais didáticos que favoreçam a construção
de sentidos.
Como afirmam Baldry e Thibault (2006), o texto multimodal apresenta
modalidades semióticas que adotam diferentes princípios organizacionais para criar
significados. Apesar de os textos tenderem a adotar discursos multimodais, que
utilizam vários recursos semióticos, existe, ainda, uma postura monomodal no
ambiente de aprendizagem, priorizando a linguagem verbal. Segundo Rezende
(2004), os alunos não são motivados ao desenvolvimento das competências
necessárias para explorar os recursos visuais, não realizando, assim, uma leitura
crítica em relação às figuras e ao texto verbal.
Royce, citado por Rezende (2004), utiliza a expressão ―competência
comunicativa multimodal‖ para referir-se à capacidade de construção e interpretação
da inter-relação de significado nos textos multimodais. Para esse autor, a aquisição
de tal competência implica o investimento de algum esforço na análise do papel das
imagens em relação à linguagem escrita.
Assim, para Lopes (2010), o aluno deve, por exemplo, saber usar ou
reconhecer, no texto, as pistas necessárias à identificação da relação entre texto
verbal e figuras, além de saber avaliar os meios de se estruturar a informação para
alcançar determinados propósitos. A falha em reconhecer e realizar isso pode
resultar em dificuldades na leitura de textos multimodais (REZENDE, 2004).
30
Segundo Fairclough (2003), categorias são empregadas para auxiliar o
entendimento de como os elementos relacionam-se uns com os outros, assim, como
quais conhecimentos culturais são exigidos ao ler determinado material de
aprendizagem. Essas categorias incluem a modalidade verbal e modalidade
imaginética que, de acordo com Kress e Van Leeuwen (2001), significam,
respectivamente, a categoria já conhecida e a desconhecida do leitor. O texto
escrito, portanto, é a informação antiga, que, no caso, pode estar ligada à ideia de
entendimento gramatical e não necessariamente conhecimento cultural. A imagem
representa a informação nova e, da mesma forma que acontece com o texto escrito,
exige leitura crítica, pois, para responder a perguntas sobre o texto, aquela é usada
como elemento de composição do significado (FERRAZ, 2008).
Essas categorias podem ser lidas de várias maneiras configurando o que
Kress e Van Leeuwen (1996) chamam de leitura não-linear, que se caracteriza por
ser determinada pelo leitor, o qual pode iniciar a leitura da direita para esquerda, de
cima para baixo, linha por linha etc. A leitura pode ser em espiral, diagonal ou
circular.
Com a composição multimodal, aumentaram-se as possibilidades aos
receptores e, conforme Kress e Van Leuwen (1996, p. 223), ―enquanto os textos
lineares impõem uma estrutura sintagmática para o leitor, as imagens mediante a
sequência da conexão entre os elementos podem ser vistas de forma que o leitor
possa conectá-las‖.
Segundo Barros (2009), os textos que aliam a materialidade verbal à
pictográfica exigem que o leitor recorra, não somente às estratégias de
compreensão e apreciação, mas, também, às estratégias particulares de observação
multimodal que levam a selecionar e verificar as informações da sintaxe verbal.
Estratégias de observação da multimodalidade foram elaboradas na reconstrução
dos sentidos dos textos multimodais (BARROS, 2005), sendo elas as seguintes:
a) seleção e verificação das informações verbais - refere-se à ativação das
capacidades de compreensão e apreciação da leitura dos textos verbais, como parte
do processo de compreender a significação do texto como um todo;
b) organização das informações da sintaxe visual - trata-se da observação
dos elementos pictográficos, de modo a selecionar e organizar as informações
relevantes à construção da significação;
31
c) integração das informações verbais e não verbais - trata-se da capacidade
de observar e conjugar as informações da materialidade verbal à pictográfica,
relacionando-as no ato de construção dos sentidos dos textos;
d) percepção do todo unificado de sentido que se compõe através da
integração dos materiais verbais e não verbais - trata-se da ativação de diversas
capacidades linguístico-discursivas e de leitura aliadas à organização e observação
das informações, através das quais o leitor constrói um todo de significação.
2.4 Teoria da Carga Cognitiva
A teoria da Carga Cognitiva (TCC) fundamenta-se na dificuldade natural do
ser humano em processar varias informações na memória ao mesmo momento.
Caso essas sejam excessivas, podem gerar uma sobrecarga cognitiva, restringindo
a capacidade de aprendizado. Sendo assim, Sweller (2003) afirma que a
aprendizagem ocorre de maneira mais eficaz quando a quantidade de informações
oferecidas ao aluno for compatível com sua capacidade de compreensão.
A teoria da carga cognitiva (TCC) se resume em princípios que caracterizam
um ambiente de aprendizagem eficiente, promovendo, assim, um aumento na
capacidade do processo de cognição humana (SWELLER, 2003). Portanto, eles
também devem ser seguidos para a elaboração de materiais didáticos,
especialmente os que empregam multimídia, com o objetivo de diminuir a
sobrecarga cognitiva do aluno, potencializando, assim, o seu aprendizado.
Dentre os objetivos relacionados à utilização da TCC, pode-se citar que essa
serve como diretriz para a produção de recursos didáticos, levando-se em conta os
limites da cognição humana. Como o objetivo da pesquisa tem foco na produção de
manual de ensino, o mesmo será construído de acordo com a TCC.
Mayer (2001) contribui, ao afirmar que, na produção de materiais de ensino,
devem-se considerar os três principais tipos de carga cognitiva fundamentais na
elaboração de um objeto de aprendizagem, que são elas:
a) A carga cognitiva intrínseca – imposta pela complexidade do conteúdo do
material de ensino (SANTOS; TAROUCO, 2007). Segundo os autores, ao produzir
algum material didático, este tipo de carga cognitiva não pode ser diretamente
32
influenciado pelo autor; porém, pode-se controlá-la segmentando e arranjando em
sequência o conteúdo, de maneira que otimize a aprendizagem.
b) A carga cognitiva natural, efetiva ou pertinente - imposta pelas atividades
de ensino - é a resultante para se obter conhecimento, sendo benéfica e necessária
ao processo de ensino-aprendizagem. Está relacionada aos processos de
construção de esquemas (PASS; RENKL; SWELLER, 2003). A resolução de
exercícios, por exemplo, leva a um aumento da carga cognitiva efetiva.
c) A carga cognitiva externa ou supérflua – carga imposta pelo material e não
é necessária para a aprendizagem. Geralmente, é irrelevante e pode ser alterada
pelo autor do material. É a carga que se relaciona com materiais mal projetados,
sem levar em conta a cognição humana (PASS; RENKL; SWELLER, 2003). Ao se
defrontar com esta carga, o aluno, além de aprender o conteúdo, precisa
compreender um aspecto que não está claro.
Ainda segundo Pass; Renkl e Sweller (2003), a distinção entre as três cargas
cognitivas é apenas teórica. Até porque, pesquisadores mediram a carga cognitiva
total e não foram capazes de encontrar uma técnica para diferenciá-las. Como a
capacidade mental é limitada e considerando que as três cargas cognitivas são
adicionais, é necessário um balanceamento destas cargas para se alcançar uma
aprendizagem efetiva.
O gerenciamento da carga cognitiva supérflua e da efetiva pode ser feito pelo
autor do material. Segundo Pass, Renkl e Sweller (2003, p.29), ―a carga cognitiva
supérflua interfere negativamente na aprendizagem, a carga efetiva atua
positivamente, pois, aumenta o aprendizado‖. É correto inferir, portanto, que, ao
diminuir a carga cognitiva supérflua, pode-se aumentar a carga efetiva, diminuindo,
assim, a sobrecarga cognitiva.
Considerando a abordagem acima, a TCC defende que a elaboração de
materiais didáticos, principalmente os que utilizam multimídia, deve seguir alguns
princípios, de modo que diminua a sobrecarga cognitiva do aluno e potencialize seu
aprendizado (SANTOS; TAROUCO, 2007). Estes princípios estão relacionados com
a teoria cognitiva da aprendizagem multimídia (TCAM), que será discutida a seguir.
33
2.5 A Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia (TCAM)
A teoria cognitiva da aprendizagem multimídia estuda meios que descrevem
os caminhos de uma aprendizagem efetiva, utilizando palavras e imagens no
processo de aprendizagem.
Quando se recebe uma informação multimídia via imagens, palavras narradas
ou textuais, animações ou filmes, elabora-se um modelo mental a respeito da
informação apresentada, indicando a compreensão da mensagem que é
armazenada na memória de longo prazo. Os mecanismos para se chegar a este
modelo mental e suas implicações no conhecimento é tema de estudo desta teoria.
A TCAM tem uma preocupação sobre como se aprende, voltada para a
pessoa (MAYER, 2005, p.9). Na maioria das vezes, as tecnologias são aplicadas
sem um estudo prévio sobre o seu rendimento como ferramenta de ensino e, por
isso, é necessário estabelecer parâmetros de como utilizar essas ferramentas
tecnológicas. Sendo assim, os princípios da Teoria Multimídia propõem parâmetros
de qualidade instrucional para a elaboração de materiais didáticos. De acordo com
Mayer (2005, p.6), "o que é necessário é uma base de pesquisa que compreenda
como as pessoas aprendem através de palavras e imagens e em como desenvolver
uma instrução multimídia que promova o aprendizado".
A TCAM enfatiza os meios pelos quais as informações são acionadas no
processo de cognição. Primeiramente, se baseia na teoria dos duplos canais de
entrada das informações (PAIVIO, 1986) e no fato de que a capacidade de
processamento cognitivo é ativa e limitada. Após a entrada, as informações são
encaminhadas para a memória operacional (BADDELEY, 2000) e daí para a
memória de longo prazo. Durante a recepção, no processamento e passagem das
informações da memória operacional para a memória de longo prazo, ocorrem
seleções e integrações da informação. No que tange essa teoria, pode-se considerar
sete princípios que norteiam suas diretrizes. São eles:
Princípio da modalidade: Admite-se que os alunos compreendem com maior
facilidade em uma apresentação multimídia quando as imagens são apresentadas
associadas ao texto narrado (MAYER, 2005). Sabe-se que os dois principais canais
sensoriais são o visual e o auditivo. Sendo assim, se se apresenta um texto narrado,
a informação entra pelo canal auditivo, enquanto a informação da imagem entra pelo
canal visual, não ocorrendo sobreposição da informação em um mesmo canal. Se a
34
apresentação multimídia for do tipo texto escrito e imagem, ambas as informações
entram pelo mesmo canal – o visual. Isto determina uma divisão da atenção dada à
apresentação, pois, ao mesmo tempo, a memória operacional visual (que é limitada)
estaria formando representações mentais divididas para texto e imagens em um
espaço limitado de tempo.
Princípio da sinalização: Sabe-se que a aprendizagem é considerada eficaz
quando existem sinais que indicam, no texto, o que deve ser analisado na imagem. A
maneira de direcionar a atenção do aluno leva-o a perceber os elementos
importantes da questão e, então, facilita a seleção e organização na memória
operacional (MAYER, 2005). A ausência de tais sinalizações pode tornar a busca por
informação demorada, excedendo os limites da memória operacional. Estes sinais
podem ser diversos: a) números no texto e na imagem, indicando a etapa do
processo; b) uso da cor, de tal forma que a cor da palavra no texto corresponda a
algum elemento da imagem com a mesma cor; c) aumento da voz pelo professor ao
explicar um determinado conteúdo, chamando a atenção para uma informação
particular; d) dar ênfase às palavras-chave; e) destaque das informações mais
importantes, sublinhadas ou em negrito, diferenciadas das demais informações
presentes no material.
Princípio da contiguidade: Compreende-se melhor quando palavras e
imagens correspondentes são apresentadas próximas e não longe umas das outras
na tela ou na página (contiguidade espacial) ou no tempo (contiguidade temporal).
Assim, uma forma de reduzir o processamento supérfluo é colocar o texto verbal
próximo à imagem que ele descreve, tanto geograficamente como cronologicamente
(MAYER; ANDERSON, 1992). Quando texto e imagem estão integrados, o leitor não
precisa usar seus recursos cognitivos para uma busca visual na página ou em
páginas distantes, facilitando o armazenamento de informações na memória
operacional. (MAYER, 2001).
Mayer (2005) defende que apresentar palavras e imagens correspondentes
ao mesmo tempo fomenta o entendimento mais profundo do que apresentá-las
sucessivamente.
Princípio da coerência: Relata-se que pessoas compreendam melhor as
mensagens multimídias quando palavras, sons ou imagens não relevantes para o
assunto são excluídos do contexto. Quanto mais simples e objetiva for a
apresentação do conteúdo, mais livre ficará a memória operacional para processar
35
um número maior de conhecimentos. Baseado neste princípio, mensagens
multimídia não devem incluir palavras, imagens e sons que não sejam diretamente
relevantes ao objetivo da instrução.
Princípio da segmentação: Cita-se que as pessoas conseguem apreender
mais quando uma mensagem de múltiplos meios é apresentada em segmentos ao
invés de uma unidade contínua (MAYER, 2005). Assim, para imagens complexas, a
sua apresentação em etapas facilita a aprendizagem.
Princípio da antecipação: Propõe-se, como antecipação, a apresentação das
partes principais do sistema e, somente depois, introduzir os detalhes (MAYER,
2005).
Princípio da redundância: Corresponde-se a um efeito negativo. A ocorrência
de repetições de informações em apresentações multimídia provoca uma sobrecarga
cognitiva, pelo fato de a memória operacional processar um material instrucional que
não adiciona contribuição na compreensão do conteúdo.
36
37
3 PERCURSO METODOLÓGICO DA INVESTIGAÇÃO
Para alcançar os objetivos propostos na pesquisa, foi delineado o tipo de
pesquisa, o campo da investigação, os sujeitos pesquisados, bem como as técnicas
e instrumentos de coleta de dados; além dos procedimentos de análise dos dados.
3.1 Caracterização da pesquisa
Neste estudo optou-se pela abordagem qualitativa do tipo exploratório-
descritivo.
A pesquisa qualitativa tem por objetivo possibilitar uma maior aproximação
com o mundo dos significados e das relações humanas, permitindo captar o universo
de motivações e atitudes que compõem aspectos não perceptíveis em equações,
médias e estatísticas (CHIZZOTTI, 2005). Essa abordagem de pesquisa favorece a
inserção do investigador no contexto a ser pesquisado. Segundo Silva e Menezes
(2000, p. 20),
[...] a pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e atribuição de significados são básicos no processo qualitativo. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.
A abordagem qualitativa busca descrever e analisar experiências e vivência
complexas, possibilitando a compreensão de como um determinado grupo de
pessoas, em uma determinada situação, dá sentido ao ocorrido em suas vidas.
Assim, a escolha por essa abordagem justifica-se por possibilitar ao
investigador a descoberta de significados que são essenciais para responder aos
objetivos propostos nesse trabalho investigativo.
A respeito desse tipo de pesquisa, Minayo (1993) assevera que é uma forma
adequada para o conhecimento da natureza de um fenômeno social, uma vez que o
pesquisador coleta os dados na realidade pesquisada para, posteriormente, analisá-
los de forma indutiva.
38
Utilizou-se o estudo de caso como um método de investigação qualitativa,
com enfoque indutivo para a análise dos dados e descritivo para a apresentação dos
resultados. Sobre esse tipo de estudo, Triviños (1987, p. 133-134) afirma que é ―[...]
uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa
profundamente‖. Expõe, também, que ―[...] a complexidade do exame aumenta à
medida que se aprofunda o assunto‖.
O caráter da pesquisa exploratório-descritivo, segundo Triviños (1987), é
realizado em área na qual há pouco conhecimento científico acumulado ou
sistematizado. Por tratar-se de uma pesquisa que busca explorar conceitos e fatos
de pouca bibliografia, esse é um estudo de interesse de alguns pesquisadores, pois
pretende descrever as características do fenômeno.
3.2 O cenário da pesquisa
Foi selecionado, como local de investigação, o curso de Fisioterapia-manhã,
2º Semestre de 2014, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (FIGURA
8), com sede na Av. Dom José Gaspar, 500, Bairro Coração Eucarístico, na cidade
de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais. A PUC-MG é um estabelecimento de
ensino superior privado criado em julho de 1958. O campus de Belo Horizonte é o
maior dos campi da PUC Minas, com 331.179 m2. Possui uma biblioteca com um
acervo aproximado de 270 mil livros, além de periódicos, videoteca, hemeroteca,
apostilas, mapas, normas e catálogos técnicos, artigos, teses, entre outros, dotada
de um sistema de automação para facilitar a consulta dos estudantes e o
gerenciamento de seus processos e serviços.
Figura 8 - Mapa Aéreo da PUC-MG
Fonte: MUNDO DAS TRIBOS, 2014.
39
Entre seus vários equipamentos estão o complexo poliesportivo, 250
laboratórios, uma editora, clínicas de atendimento de Fisioterapia (FIGURA 9),
Fonoaudiologia, Odontologia e Psicologia além de oferecer programas de bolsas de
estudo. Neste universo convivem mais de 22 mil alunos distribuídos entre 44 cursos
de graduação e 16 programas de pós-graduação, 1.833 professores e mais de 2 mil
funcionários.
Figura 9 - Clínica de Fisioterapia da PUC-MG
Fonte: PUC MINAS, 2013.
O Curso de Fisioterapia tem como objetivo formar fisioterapeutas habilitados a
atuar na promoção da saúde, prevenção, tratamento e reabilitação do indivíduo,
melhorando a qualidade de vida da população. São profissionais aptos a
trabalharem na prática clínica, no gerenciamento, na educação, na consultoria e na
pesquisa. O campo de atuação profissional abrange centros de saúde e reabilitação,
clínicas, consultórios, clubes esportivos, serviços termais, indústrias, empresas,
hospitais, estabelecimentos de ensino superior e programas de saúde da família.
Com um currículo abrangente, generalista e humanista, o curso oferece a
integração das disciplinas de formação biológica, ciências do movimento e prática
fisioterapêutica. São, ao todo, 16 áreas de estágios na clínica-escola e em serviços
conveniados, sempre com a presença de um professor capacitado que mantém
atividades de dedicação à pesquisa científica e participa de projetos de extensão. A
instituição possui, ainda, convênios com clínicas, hospitais, instituições, empresas
nacionais e multinacionais, que possibilitam estágios complementares remunerados
ou de aperfeiçoamento voluntário.
40
A escolha por essa instituição como universo da pesquisa deve-se ao fato de
que preenche os critérios estabelecidos em função das seguintes determinantes:
- Possuir curso de Fisioterapia reconhecido pelo Ministério da Educação;
- Possuir turmas regulares no curso de Fisioterapia, turno matutino;
- Ser uma instituição que estimula a formação continuada de seus discentes;
- Ter credibilidade perante a sociedade no que tange à sua área de atuação;
- Possuir um corpo docente formado por profissionais qualificados.
3.3 Sujeitos da pesquisa
O grupo amostral selecionado compreende 164 discentes voluntários que
cursam entre o 2º e o 10º período do Curso de Fisioterapia – Manhã, do Campus
Coração Eucarístico - PUC-MG, 2º Semestre de 2014. Desses investigados, 26
discentes estão no 2º período, 23 estão no 3º período, 10 estão no 4º período, 18
estão no 5º período, 27 estão no 6º período, 19 estão no 7º período, 15 estão no 8º
período, 19 estão no 9º período e 7 estão no 10º Período, como indicado no gráfico
1:
Gráfico 1 - Grupo Amostral da Pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa.
Os critérios determinantes para a escolha desses sujeitos foram:
- Assinar o termo de consentimento livre e esclarecido;
41
-Ter disponibilidade de participar de todas as etapas da pesquisa
voluntariamente;
- Já ter cursado o conteúdo do Sistema Respiratório da disciplina de Anatomia
Humana Sistêmica.
A escolha desses sujeitos deve-se à necessidade de delinear a sua opinião a
respeito da utilização de exercícios problematizadores como estratégia
complementar ao ensino da Anatomia Humana, especialmente o Sistema
Respiratório.
É válido ainda ressaltar que 21 discentes do grupo amostral foram
selecionados e aceitaram participar voluntariamente da pesquisa como monitores.
Desses participantes, 2 estão no 2º período, 1 está no 3º período, 1 está no 4º
período, 1 está no 5º período, 12 estão no 6º período, 1 está no 7º período, 1 está no
8º período, 1 está no 9º período e 1 está no 10º período.
- Ter disponibilidade em aplicar o segundo questionário em sala de aula para
os colegas com auxílio da pesquisadora;
- Formular, juntamente com a responsável pela pesquisa, exercícios didáticos
para a confecção do manual de ensino para a comunidade acadêmica.
Segue o gráfico com a demonstração dos números relativos à quantidade de
monitores e a relação por períodos:
Gráfico 2 - Monitores Selecionados
Fonte: Dados da pesquisa.
42
Também foram recrutados 3 docentes para participar da pesquisa. Os
selecionados lecionam disciplinas de Anatomia Humana e/ou Anatomia Clínica no
Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, no Campus Coração Eucarístico da
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Esses profissionais auxiliaram a
validação de 10 exercícios clínicos que fazem parte do manual de apoio, construídos
com a ajuda dos monitores.
3.4 Técnicas e instrumentos de coleta de dados
Inicialmente, a pesquisadora realizou uma revisão teórica referente à
temática que almejava desenvolver durante a pesquisa. Foram consultados livros,
artigos, anais, dentre outros. Sendo assim, foi construído um referencial teórico de
suporte para o desenvolvimento desta dissertação.
Posteriormente, ela se integrou no ambiente do grupo amostral que foi
investigado e se apresentou nos períodos (2º ao 10º período) do curso de
Fisioterapia do turno manhã, como responsável pela pesquisa. A investigação foi
explicada para todos e a pesquisadora recrutou voluntariamente discentes para
participar como grupo amostral da pesquisa. Em seguida, disponibilizou o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A) para aqueles que
quisessem participar da pesquisa assinassem. Esse documento contém todas as
informações sobre a pesquisa e deve estar escrito em uma linguagem clara e
compreensível. O TCLE menciona, ainda, que todas as informações são mantidas
em sigilo e que o sujeito de pesquisa tem a liberdade para sair do estudo a qualquer
momento sem que lhe ocorra nenhum prejuízo.
Além do TCLE, os participantes responderam ao primeiro questionário da
pesquisa, o pré-teste (APÊNDICE B), que teve, como objetivo, identificar a
percepção dos discentes a respeito da problematização do ensino de anatomia com
a utilização de exercícios clínicos (FIGURA 10). Além disso, visou investigar a
opinião dos alunos a respeito do uso de recursos multimídias em sala de aula como
facilitadores da aprendizagem significativa.
43
Figura 10 - Aplicação Pré-teste
Fonte: Arquivo da pesquisadora.
Ao recolher os questionários preenchidos, a pesquisadora perguntou aos
discentes se algum deles tinha interesse em participar da pesquisa sendo monitores
voluntários. Ela explicou os critérios determinantes que deveriam se enquadrar.
Vinte alunos se manifestaram em participar da pesquisa como monitores. Estes
foram excluídos do grupo amostral investigado para que a pesquisa não perdesse a
credibilidade. A pesquisadora reuniu posteriormente com os monitores e os contatos
de telefone e email foram trocados entre os envolvidos.
Foram várias as maneiras de comunicação entre os monitores e a
pesquisadora responsável. Reuniões pré-agendadas (FIGURA 11) foram marcadas
no prédio do Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da PUC-MG com a
autorização da coordenadora do mestrado, professora Drª Eliane Scheid Gazire.
Figura 11 - Reunião com monitores
Fonte: Arquivo da pesquisadora.
44
Encontros individuais (FIGURA 12) com os monitores também foram
realizados para esclarecimentos de dúvidas, além da criação de um grupo em um
aplicativo gratuito de celular chamado WhatsApp®. Todas essas técnicas
proporcionaram uma comunicação real entre os monitores.
Figura 12 - Reunião Individual
Fonte: Arquivo da pesquisadora.
Foram delegadas aos monitores algumas funções específicas, como, por
exemplo:
-Elaborar exercícios clínicos simples que envolvessem conhecimentos
anatômicos do sistema respiratório juntamente com a pesquisadora. A produção
destes foi baseada nas teorias da TCC e da TCAM. O material aplicado aos alunos
consistia em avaliar a qualidade dos exercícios clínicos que foram elaborados pelos
monitores e pela pesquisadora.
- Aplicar algumas técnicas de organização ao repassar o segundo
questionário (pós- teste) para aos colegas responderem. Entre elas, impedir que os
discentes levassem o questionário para responder em casa, o que evitaria, por
exemplo, o extravio do material pelos discentes avaliados.
- Solicitar a algum professor mais acessível a autorização para aplicação do
segundo questionário durante sua aula.
As metodologias utilizadas para validação do produto (APÊNDICE E) foram: o
método do participante e o método especialista. Na avaliação, através do método
participante, os usuários finais (alunos) tiveram acesso aos exercícios clínicos em
sala de aula e opinaram a respeito do mesmo. Já o método de especialista consiste
45
na avaliação dos exercícios clínicos pelos docentes convidados a participar da
pesquisa.
Sendo assim, os discentes monitores aplicaram o questionário pós-teste
(APÊNDICE C) nos seus colegas de sala cujo objetivo era validar os exercícios
clínicos elaborados (FIGURA 13).
Figura 13 - Aplicação questionário Pós-teste
Fonte: Arquivo da pesquisadora.
A pesquisadora também aplicou o questionário pós-teste (APÊNDICE D) em 3
docentes da PUC que lecionam a disciplina de Anatomia Humana/Clínica no Instituto
de Ciências Biológicas e da Saúde.
Para organizar os dados encontrados no pré e no pós-teste, a pesquisadora
optou em transcrever todos questionários, o que será demonstrado a seguir.
46
47
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seguir, encontram-se os dados dos questionários aplicados. Os mesmos
serão analisados levando-se em conta os referencias teóricos apresentados no
capítulo teórico deste trabalho.
4.1 Pré-Teste
O questionário aplicado pretendia identificar a percepção dos alunos de
Fisioterapia envolvidos sobre a utilização de recursos multimídia no ensino da
Anatomia Humana. Além disso, visava investigar a opinião dos discentes a respeito
da utilização de exercícios clínicos para complementar o ensino do Sistema
Respiratório (APÊNDICE B)
Constatou-se que é significativa a concordância dos alunos com os princípios
de elaboração de materiais didáticos provenientes da teoria de aprendizagem
multimídia. Além disso, 100% dos discentes participantes são favoráveis à utilização
de exercícios clínicos como estratégia complementar ao ensino da Anatomia
Humana.
A tabela 1, localizada a seguir, mostra o resultado encontrado no questionário.
Ela demonstra que a totalidade dos alunos pesquisados admite que o uso de vários
meios ou formatos, como texto, imagem, vídeo, som, facilita a aprendizagem de
Anatomia Humana. Os resultados têm, como suporte, a Teoria Cognitiva da
Aprendizagem Multimídia (TCAM) discutida por Mayer (2001), que relata que a
aprendizagem pode ser facilitada quando o processo de instrução contempla o uso
de processadores múltiplos.
48
Tabela 1 - Aprendizagem com uso de textos, imagens, vídeos
Períodos Nº de Alunos Facilita a aprend.
Não Facilita a aprend. Não sabe Tanto faz
2º P. 37 37 X X X
3º P. 21 21 X X X
4º P. 23 23 X X X
5º P. 21 21 X X X
6º P. 29 29 X X X
7º P. 25 25 X X X
8º P. 15 15 X X X
9º P. 16 16 X X X
10º P. 5 5 X X X Fonte: Dados da pesquisa.
Pesquisas de Mayer (1997; 1999; 2001; 2003) também demonstraram que,
quando os estudantes apenas escutam (ou leem), apresentam dificuldades em
relembrar as principais ideias e, ainda, em resolver problemas, uma vez que a
utilização de palavras e imagens favorece a aprendizagem. Na tabela 2, percebe-se
que a maioria dos discentes afirma que se considera um estudante auditivo e visual.
Tabela 2 - Percepções de Aprendizagens
Períodos Nº de Alunos Estud. Visual Estud. Auditivo Estud. Visual +
Auditivo Não sabe
2º P. 37 4 X 32 1
3º P. 21 X X 21 X
4º P. 23 4 X 19 X
5º P. 21 2 1 18 X
6º P. 29 2 2 25 X
7º P. 25 2 X 23 X
8º P. 15 1 1 13 X
9º P. 16 2 1 13 X
10º P. 5 X X 5 X Fonte: Dados da pesquisa.
A tabela 3, por sua vez, indica que a totalidade dos alunos pesquisados
admite que a presença de imagens associadas às palavras favorece a compreensão
dos conteúdos de Anatomia Humana e está em conformidade com os achados de
Penney (1989). Segundo esse autor, o uso apropriado de ambos os subsistemas,
verbal e não verbal, pode aumentar a capacidade da memória operacional.
49
Tabela 3 - Utilização de palavras e imagens
Períodos Nº de Alunos Somente palavras Palavras e Imagens Tanto faz Não sabe
2º P. 37 X 37 X X 3º P. 21 1 20 X X 4º P. 23 X 23 X X 5º P. 21 X 21 X X 6º P. 29 X 29 X X 7º P. 25 X 25 X X 8º P. 15 X 15 X X 9º P. 16 1 15 X X
10º P. 5 X 5 X X Fonte: Dados da pesquisa.
Analisou-se, ainda, a percepção dos alunos acerca de alguns princípios da
TCAM, utilizados nesta pesquisa para construir os exercícios clínicos. Os princípios
da proximidade espacial (contiguidade) e da sinalização estão demonstrados,
respectivamente, nas tabelas que seguem. Ao observar a tabela 4, infere-se que a
contiguidade é melhor quando palavras e imagens correspondentes estão mais
próximas que distantes. Isso demonstra que a aprendizagem é facilitada quando
palavras e imagens correspondentes estão próximas e não afastadas. No ensino da
Anatomia Humana, deve-se preocupar, portanto, para que a imagem e o texto verbal
correspondente estejam próximos.
Tabela 4 - Princípios da Proximidade Espacial (Contiguidade)
Períodos Nº de
Alunos Palavras e Imagens
próximas Palavras e Imagens
Afastadas Tanto faz Não sabe
2º P. 37 33 X 4 X
3º P. 21 20 X 1 X
4º P. 23 23 X X X
5º P. 21 21 X X X
6º P. 29 27 1 1 X
7º P. 25 24 X 1 X
8º P. 15 15 X X X
9º P. 16 13 2 1 X
10º P. 5 4 X 1 X Fonte: Dados da pesquisa.
A tabela 5, por sua vez, analisa a percepção dos alunos em relação a outro
princípio que deve ser considerado na construção de materiais didáticos que usam
palavras e imagens: o princípio da sinalização. Segundo ele, o material didático deve
conter guias que sinalizem as informações relevantes. Tais guias podem ser
50
exemplificadas com o uso de cores ou setas, e quando se trata de exposições orais,
estas podem vir na forma de entonações ou gestos. Nota-se, pelos resultados
apresentados na tabela 5, que a maioria dos alunos concordam que esse princípio,
quando utilizado corretamente, sendo um facilitador do processo ensino-
aprendizagem da disciplina de Anatomia Humana.
Tabela 5 - Princípio da Sinalização
Períodos Nº de
Alunos Facilita a
aprendizagem Dificulta a
aprendizagem Tanto faz Não sabe
2º P. 37 34 X 1 2 3º P. 21 20 1 X X 4º P. 23 21 X 2 X 5º P. 21 21 X X X 6º P. 29 25 X 3 1 7º P. 25 23 2 X X 8º P. 15 15 X X X 9º P. 16 12 X 4 X
10º P. 5 3 X 2 X Fonte: Dados da pesquisa.
Por meio deste estudo, percebe-se que é significativa a concordância dos
alunos com os princípios da elaboração de materiais didáticos advindos da Teoria
Cognitiva da Aprendizagem Multimídia.
4.2 Elaboração do Produto
O Curso de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática da
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais estabelece que deve ser
desenvolvido um produto didático a partir da experimentação da metodologia
defendida pelo aluno/professor na sala de aula ou nos diversos espaços de
aprendizagem.
É unânime a conformidade entre os discentes participantes desta pesquisa de
que a utilização dos exercícios clínicos para o ensino da Anatomia Humana é uma
estratégia facilitadora para auxiliar na aprendizagem significativa.
Segundo o relato do discente X, do 2º período, a utilização de exercícios
clínicos é: ―Excelente e necessário para garantir o preparo do aluno para o futuro.
Essencial para a qualidade do profissional‖. Além dele, o discente F, do 10º Período,
acredita que: ―Os exercícios clínicos são importantes, pois facilitam o aprendizado e
51
possibilitam uma visão mais prática do conteúdo que, infelizmente, só vivenciei nos
últimos períodos do curso.‖
Sendo assim, baseando-se nas respostas dos questionários relativos ao pré-
teste, foi construído um manual de apoio ao ensino anatômico do Sistema
Respiratório (APÊNDICE E). Ele consiste em 10 exercícios clínicos elaborados pela
pesquisadora com o auxílio dos monitores da pesquisa na confecção do texto dos
exercícios. A pesquisadora contratou uma desenhista profissional para que
elaborasse desenhos ilustrativos para compor o material.
É importante relatar que esse material foi elaborado considerando os três
principais tipos de carga cognitiva (MAYER, 2003). Buscou-se, para tanto, diminuir a
carga cognitiva externa ou supérflua e potencializar a carga cognitiva natural ou
efetiva, com o objetivo de amenizar a carga cognitiva intrínseca já existente. Sabe-
se que os conteúdos da Anatomia Humana apresentam grande complexidade e, por
isso, são necessários métodos que otimizem o ensino .
Vale lembrar, ainda, que os princípios da TCAM, como o da Proximidade
Espacial, Sinalização, Coerência e Representação Múltipla também foram utilizados.
Buscou-se considerar, no momento da elaboração do material, que as palavras e
imagens correspondentes permanecessem próximas. Além disso, foram utilizadas
setas para chamar a atenção dos discentes nas estruturas importantes das imagens
além de a pesquisadora se preocupar em manter a coerência dos exercícios.
4.3 Pós-Teste
Conforme já explicitado, foram realizados dois questionários pós-teste. Um
aplicado aos discentes, através dos monitores, e outro aplicado nos 3 docentes
selecionados pela pesquisadora. Para desenvolver e avaliar a qualidade do material,
foi necessário estabelecer alguns critérios para garantir o objetivo final do produto.
Com relação aos exercícios clínicos, foi questionado a respeito da nitidez, cores e
posição das imagens, além de considerá-los como facilitadores ou não do
aprendizado. Os entrevistados também deveriam apontar os aspectos positivos/
negativos do material, além de indicar boa usabilidade do produto ou não. Os
questionários aplicados encontram-se nos apêndices C e D. A seguir, são
apresentados os dados encontrados através do questionário dos discentes.
52
Com relação à nitidez das imagens, 1 discente classificou como qualidade
ruim, 16 discentes classificaram como qualidade média, 64 discentes classificaram
como qualidade boa e 83 discentes classificaram como qualidade ótima. Sendo
assim, a maioria dos alunos acredita que a nitidez das imagens é boa ou ótima
(GRÁFICO 3):
Gráfico 3 - Nitidez das Imagens
Fonte: Dados da pesquisa.
Considerando as cores utilizadas nas imagens, 17 discentes relataram as
cores como de qualidade ruim, 19 discentes relataram como de qualidade média, 69
relataram como qualidade boa e 59 relataram como qualidade ótima (GRÁFICO 4).
Gráfico 4 - Cores Utilizadas
Fonte: Dados da pesquisa.
53
A posição das imagens também foram avaliadas pelos discentes, sendo que 6
deles consideraram a qualidade da mesma média, 63 classificaram como boa e 95
classificaram como ótima, como demonstrado no gráfico 5:
Gráfico 5 - Posição das Imagens
Fonte: Dados da pesquisa.
O parâmetro das imagens como facilitadoras da aprendizagem foi
considerado, pela maioria (123 discentes), como de qualidade ótima. 34 alunos
consideraram o parâmetro bom, 6 relataram-no como médio e 1 como ruim. O
gráfico 6 aponta esses dados:
Gráfico 6 - Imagens como Facilitadoras
Fonte: Dados da pesquisa.
54
O texto escrito foi considerado de qualidade média por 18 discentes, boa por
67 e ótima por 79 (GRÁFICO 7).
Gráfico 7 - Texto Escrito
Fonte: Dados da pesquisa.
A maioria dos discentes relatou que utilizaria esses exercícios clínicos,
mostrando interesse de que eles fossem disponibilizados. Sendo assim, com os
dados considerados, conclui-se que os exercícios foram validados pelos alunos.
Os docentes selecionados também opinaram a respeito da qualidade dos
casos clínicos. Com relação à nitidez das imagens, 2 docentes classificaram como
qualidade ótima e um como qualidade média. Já no parâmetro das cores utilizadas
nas imagens, 2 classificaram como boa e um como ótima. A posição das imagens foi
classificada boa por 1 docente e ótima por 2. O texto escrito foi classificado médio
por 1 docente, bom por 1 docente e ótimo por 1 docente. Portanto, diante dessas
respostas, pode-se inferir que os docentes também validaram os casos clínicos.
55
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As principais metodologias do ensino de Anatomia Humana utilizadas no
ambiente acadêmico atual foram elaboradas no passado e condizem com as
condições e/ou realidade existentes da época. Sendo assim, vale trazer para a sala
de aula técnicas que realmente proporcionem uma aprendizagem significativa e que
estabeleçam condições para o aluno participar do processo de ensino-
aprendizagem.
Nota-se, atualmente, uma carência de materiais didáticos que levem em
consideração princípios relativos à teoria da multimodalidade, da carga cognitiva e
da aprendizagem multimídia. Isso demonstra que os pesquisadores da área não se
interessam muito em construir possibilidades para facilitar o ensino, visto que os
materiais didáticos são necessários e fundamentais para o processo de cognição.
Vale citar, ainda, a importância de o professor formular materiais didáticos que
proporcionem uma transposição dos conteúdos disciplinares em vivências que serão
práticas, em um futuro bem próximo, para os discentes da disciplina de Anatomia
Humana.
Torna-se necessário, também, que o docente assuma a responsabilidade da
sua função como educador, no sentido de estimular a elaboração de estratégias para
complementar o aprendizado do aluno .
Sendo assim, a pesquisa buscou constribuir com a elaboração de um manual
de ensino elaborado baseando-se nas teorias da multimodalidade, da carga
cognitiva e da aprendizagem multimídia; consideradas elementares para a garantia
de uma real aprendizagem.
Buscou cumprir, também, a função de provocar a comunidade acadêmica
para o despertar da pesquisa consciente, instigando, assim, os docentes a
repensarem suas práticas, caso não estivessem adaptadas a essa realidade já
exposta.
Além disso, pode-se verificar, a partir das análises e da obtenção dos dados
no decorrer da pesquisa que os discentes foram sensibilizados a respeito da
importância de pesquisas na temática investigada, estimulando o interesse em
conhecer um pouco mais sobre a área do ensino, até então desconhecida pela
maioria.
56
57
REFERÊNCIAS
A HISTÓRIA. A história e biografia de Galeno. 2014. Disponível em:
<http://www.ahistoria.com.br/galeno/>. Acesso em: 18 jun. 2013. ALCHETRON. Aulus Cornelius Celsus. 2017. Disponível em: <https://alchetron.com/Aulus-Cornelius-Celsus-742962-W>. Acesso em: 15 jun. 2013. AMNI. Associação Médica de Nova Iguaçu. Hipócrates. 2015. Disponível em: <http://amni.org.br/hipocrates-2016/>. Acesso em: 13 dez. 2013. ASSIS, J. R. H. Leonardo e Vesalius no ensino de Anatomia Humana. Metrocamp Pesq. v.1, n.1, p.118-130, 2007. BADDELLEY, A. D. The episodic buffer: a new component of working memory? Trends in cognitive science, Oxford, v.4, n.11, p.417-423, nov., 2000.
BALDRY, A.; THIBAULT, P. J. Multimodal transcription and text analysis: a
multimedia toolk it and coursebook. London: Equinox, 2006. BARROS, Cláudia Graziano Paes de. Capacidade de leitura de textos multimodais. Polifonia, Cuiabá, n. 19, p.161-186, 2009.
BARROS, Cláudia Graziano Paes de. Compreensão ativa e criadora: uma
proposta de ensino-aprendizagem de leitura de jornal impresso. 2005. 204f. Tese (Doutorado) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2005. BASTOS, L. A. M; PROENÇA, M. A. A prática anatômica e a formação médica. Rev. Panam. Salud Publica. v.7, n.6, p.392-401, 2000. BORDENAVE, Juan Díaz. Alguns fatores pedagógicos. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Modernização Administrativa e Recursos Humanos. Capacitação pedagógica para instrutores/supervisores da área da saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 1989. p.19-26. BORDENAVE, Juan Díaz; PEREIRA, Adair Martins. Estratégias de ensino-aprendizagem. 4.ed. Petrópolis: Vozes, 1982.
BRITANNICA. Andreas Versalius. 2015. Disponível em:
<https://global.britannica.com/biography/Andreas-Vesalius>. Acesso em: 3 fev. 2015. CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez,
2005. COSMOS & CULTURE. An Intersection Of Science And Art In Rembrandt's 'Anatomy Lesson”. 2015. Disponível em:
<http://www.npr.org/sections/13.7/2015/05/29/410488508/an-intersection-of-science-and-art-in-rembrandts-anatomy-lesson>. Acesso em: 2 jan. 2015.
58
COSTA, Fernanda de Jesus. O uso de imagens e palavras com base na teoria da carga cognitiva: elaboração de material de apoio para o professor. 2010.
Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências, Belo Horizonte, 2010. COSTA, L. F.; FEIJÓA, A. G. S. Doação de corpos: estudo comparativo luso-brasileiro sobre a utilização do corpo humano para ensino e pesquisa. SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 5. Anais... Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009.
DE TONI, M. P.; FICAGNA, N. C. Livro didático: deve ser adotado? In: Encontro iberoamericano de coletivos escolares e redes de professores que fazem investigação na sua escola, 4. Lageado-RS, 2005. Anais... 2005. Disponível em:
<http://migre.me/8W5B4>. Acesso em: 12 dez. 2013. Departamento de Letras, 2004. DI DIO, L. J. A Nulla medicina sine Anatomia, In: DI DIO, L. J. A.Tratado de Anatomia Sistêmica Aplicada. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2002. p.27-43. DIONÍSIO, A. P. Gêneros multimodais e multiletramento. In: KARWOSKI, A. M.; GAYDECZKA, B.; BRITO, K. S. (Org.). Gêneros textuais: reflexões e ensino.
Palmas da União da Vitória: Kaygangue, 2005. DIONISIO, A. P.; TRAVASSOS, T. 15 anos de Superinteressante: uma análise do visual das capas e das manchetes. Investigações (Recife), Recife, v. 17, n. 2,
p.179-192, 2004. FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Brasília: Ed. UnB, 2001. FERRAZ, Janaína de Aquino. Gêneros multimodais: novos caminhos discursivos. In: ENCONTRO NACIONAL DE LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL, 8, 2008, São Paulo. Anais... São Paulo: Idea, 2008. p.1-14. FILOSOFIA EM VÍDEO. Aristóteles. S.d. Disponível em: <http://filosofiaemvideo.com.br/topicos/aristoteles/>. Acesso em: 5 abr. 2013. FORNAZIERO, C. C; GIL, C. R. R. Novas tecnologias aplicadas ao ensino da Anatomia Humana. Rev. Bras Ens. Med. v.27, n.2, p.141-146, 2003. GARDNER, E. et al. Anatomia Geral — Introdução. Anatomia — Estudo Regional do Corpo Humano. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;1971. p.3-9.
GONZAGA, Larissa Rossiter. Desenho anatômico: uma análise multimodal. Revista Ao Pé da Letra, Recife, v. 7, n. 1/2, p.73-80, 2005. HAGENS, G. V. The plastination process. 2008. Disponível em: <http://www.bogyworlds.com/en/plastination/plastination_process.html>. Acesso em: 15 set. 2014.
59
KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading Images: the grammar of visual design.
Routledge: London, 1996. KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. 3.ed., Routledge: London, 2001. KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Structures of visual representation. In: ESTON, T. (Ed.). Beiheffe zu text context. Heidelberg: Juluis Groos Verlag, 1992. LEMKE, J. Material sign processes and emergente cosocial organization. In: ANDERSEN, et al. Downward Causation. Aarhus: Aarhus University Press, 2000.
p.23-48. LOPES, Daniella Cristina Januário Ribeiro. Análise da multimodalidade em livros didáticos de biologia e contribuição para a prática docente. 2010. 115 f.
Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática, 2010. MARGOTTA, R. História ilustrada da medicina. São Paulo: Manole, 1998.
MAYER, R. E. Introduction to multimedia learning. Cambridge: Cambridge
University Press, 2005. MAYER, R. E; ANDERSON, R. B. The instructive animation: helping students build connections between words and pictures in multimedia learning. Journal of Educational Psychology. v.84, p.444-452,1992. MAYER, Richard E. Multimedia aids to problem-soluing transfer. International Journal of Education Research, Cambridge, v. 31, p. 611-623, 1999.
MAYER, Richard E. Multimedia learning. Cambridge: Cambridge University Press,
2001. MAYER, Richard E. Multimedia learning: are we asking the right questions? Educational Psychologist, Cambridge, v. 32, p. 1-19, 1997.
MAYER, Richard E. The promise of multimedia learning: using the same instructional design methods across different media. Learning and Instruction, Cambridge, v.13, p.125-139, 2003. MELO, E. M.; PINHEIRO, J. T. Procedimentos legais e protocolos para utilização de cadáveres no ensino de anatomia em Pernambuco. Rev. BRas.Educ.MEd. v.2, n.34,
p.315-323, 2010. MINAYO, M. C. S. O Desafio do Conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 2.ed., São Paulo: Hucitec/ Abrasco, 1993. MINAYO, Maria Cecília (Org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade.
Petrópolis: Vozes, 1997.
60
MUNDO DAS TRIBOS. Vestibular de inverno PUC Minas 2012. 2012. Disponível
em: <http://www.mundodastribos.com/vestibular-de-inverno-puc-minas-2012-inscricoes.html>. Acesso em: 29 mar. 2012. OLIVEIRA, A. A. B. de. A formação profissional em Educação Física: legislação, limites e possibilidades. In: NETO, S. de S.; HUNGER, D. (Org.). Formação profissional em Educação Física: estudos e pesquisas. Rio Claro: Biblioética,
2006. p. 201-214. PAIVIO, Allan. Mental representations: a dual coding approach. Oxford: Oxford University Press, 1986. PASS, Fred; RENKL, Alexander; SWELLER, Jonh. Cognitive load theory and instructional design: Recent developments. Educational Psychologist. v. 38, n. 1, p.1-4, 2003. PENNEY, C.G. Modality effects and the structure of short-term verbal memory. Memory and Cognition, v.17, p.398-422, 1989. PESSINI, L; RUIZ, C. R. Anatomia Humana e ética: dignidade do corpo sem vida. São Paulo: Paullus, 2007. POTTER, R. Cambridge: História Ilustrada da medicina. Rio de Janeiro: Revinter,
2001. PUC MINAS. ICBS. Fisioterapia Coração Eucarístico. 2013. Disponível em: <http://www.icbs.pucminas.br/fisioterapia-coreu.php?link=07>. Acesso em: 18 nov. 2013. RAMOS, K. da S.; PEDROSO, A. C.; GUIMARÃES, G. F.; SANTOS, J. C. C.; LACERDA, P. S. D. de. Uma análise de caso acerca do ensino em morfologia na universidade do estado do Pará. CONGRESSO BRASILEIRO DE ANATOMIA, 23. Anais... Pará: Universidade Federal do Pará, 2008.
REZENDE, Patrícia Almeida de. A multimodalidade em livros de biologia. 2004.
160f. Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - RODRIGUES, H.Técnicas anatômicas. 3. ed. Vitória: [s.e.], 2005. SANTOS, Leila Maria Araújo; TAROUCO, Liane Margarida Rockenback. A importância do estudo da teoria da carga cognitiva em uma educação tecnológica. Novas Tecnologias na Educação. CINTED, v.5, n.1, p.1-9, jul., 2007. SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. São Paulo: Cortez, 1984. SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estra Muszkat. Metodologia da pesquisa e elaboração da dissertação. Florianópolis: UFSC/PPGEP/ LED, 2000.
SINGER, C. Uma breve história da anatomia e fisiologia desde os gregos até Harvey. Campinas: Editora da UNICAMP, 1996.
61
SOBRE RENASCIMENTO E HUMANISMO. Leonardo Da Vinci. 2015. Disponível em: <http://sobrerenascimentoehumanismo.blogspot.com.br/2015/10/leonardo-da-vinci-leonardo-da-vinci-o.html>. Acesso em: 3 jan. 2014. SWELLER, John. Cognitive Load Theory: A special issue of educational psychologist. London: Lawrence Erlbaum Associates Inc., 2003. TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução á Pesquisa em Ciências Sociais. A
pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. VAN DE GRAAFF. K. M. Perspectiva histórica. In: VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia Humana, 6. ed. Barueri: Manole, 2003. p.2-21.
VÁSOUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da Praxis. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1977.
62
APÊNDICES
APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Prezado aluno (a),
Este termo de consentimento livre e esclarecido pode conter palavras que
você não entenda. Peça à pesquisadora que explique as informações não
compreendidas completamente.
Dissertação de Mestrado: PROPOSTA METODOLÓGICA NO ENSINO DA
ANATOMIA HUMANA: Uma estratégia para favorecer o ensino do sistema
respiratório.
Pesquisadora: Júlia Fernanda de Paula Pereira
Orientador: Prof.Dr. Fernando Amaral
Email para contato: [email protected]
Introdução: Você é convidado(a) a participar de uma pesquisa que estudará
a utilização de exercícios clínicos do sistema respiratório como estratégia de ensino
complementar.
1-Procedimentos do Estudo.
Para participar deste estudo, solicito sua permissão para utilizar os resultados
obtidos no questionário e as fotos tiradas durante a pesquisa.
2- Riscos e Desconfortos
Não apresenta riscos e nem desconfortos.
3- Benefícios
Espera-se que, como resultado do trabalho, você possa contribuir para a
construção de um manual de ensino para a disciplina de Anatomia Humana,
63
direcionado aos discentes e professores interessados no conteúdo do sistema
respiratório.
4-Custos e Reembolso
Você não terá nenhum gasto com a sua participação no estudo e também não
receberá pagamento pela sua participação.
5- Caráter Confidencial dos Registros
Os resultados do estudo serão sempre apresentados como o retrato de um
grupo e se apresentados como de uma pessoa, esta não será identificada. Nenhum
nome será citado, nem na escrita do trabalho, nem na análise do questionário.
6 – Participação
Sua participação é muito importante no estudo e não é obrigatória. Em caso
de você decidir retirar-se do estudo, favor notificar a pesquisadora.
7-Declaração de Consentimento
Li as informações contidas neste documento antes de assinar este termo de
consentimento. Declaro que toda linguagem técnica utilizada na descrição deste
estudo de pesquisa foi satisfatoriamente explicada e que recebi resposta para todas
as minhas dúvidas. Dou meu consentimento de livre e espontânea vontade para
participar deste estudo.
_______________________________ ______________________
Nome do Participante Data
_________________________________ _______________________
Nome do pesquisador Data
Obrigada pela sua colaboração e por merecer sua confiança.
64
APÊNDICE B - Questionário Pré-Teste
Com relação ao uso de recursos multimídia nas aulas de Anatomia Humana:
01- O uso de vários meios ou formatos como textos, imagem e vídeo:
a) Facilita a aprendizagem
b) Dificulta a aprendizagem
c) Não sabe
d) Tanto faz
02- Você se considera:
a) Um estudante visual
b) Um estudante auditivo
c) Um estudante auditivo e visual
d) Não sabe
03- Você aprende melhor a disciplina de Anatomia Humana:
a) Quando somente palavras lhes são apresentadas
b) Quando se combinam palavras e imagens
c) Tanto faz
d) Não sabe
04- Você aprende os conteúdos de Anatomia Humana melhor:
a) Quando palavras e imagens correspondentes estão próximas (na mesma
página do livro ou no mesmo slide apresentado)
b) Quando palavras e imagens correspondentes estão afastadas (em páginas
diferentes do livro ou em slides diferentes)
c) Tanto faz
d) Não sabe
65
05- O professor, ao explicar o conteúdo de Anatomia Humana, aumenta a voz ou
faz gestos para indicar as informações importantes. Para você, esse
procedimento:
a) Facilita a aprendizagem
b) Dificulta a aprendizagem
c) Não sabe
d) Tanto faz
06- Qual a sua opinião a respeito da utilização de exercícios clínicos para o
ensino da Anatomia Humana. Justifique sua resposta.
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
A sua participação é muito importante! Obrigada!
Mestranda: Júlia Fernanda de P. Pereira
Email: [email protected]
66
APÊNDICE C - Questionário Pós-Teste Aplicado aos Discentes
01. Com relação à qualidade dos exercícios clínicos apresentados, conceitue cada
parâmetro utilizando as letras A, B, C,D.
A= Ruim B=Médio C=Bom D= Ótimo
( ) NITIDEZ DAS IMAGENS
( ) CORES UTILIZADA NAS IMAGENS
( ) POSIÇÃO DAS IMAGENS
( ) AS IMAGENS COMO FACILITADORAS DA APRENDIZAGEM
( ) TEXTO ESCRITO
( ) OUTROS ______________________________________________
02. Cite aspectos positivos do Material
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
03. Cite aspectos negativos do Material
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________
04. Você utilizaria esses casos clínicos para estudar?
( ) SIM ( ) NÃO
JUSTIFIQUE.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
67
05. Esse material tem valor para ser disponibilizado?
( ) SIM ( ) NÃO
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
A sua participação é muito importante! Obrigada!
Mestranda: Júlia Fernanda de P. Pereira
Email: [email protected]
68
APÊNDICE D - Questionário Pós-Teste Aplicado aos Docentes
01. Com relação á qualidade dos exercícios clínicos apresentados, conceitue cada
parâmetro utilizando as letras A, B, C,D.
A= Ruim B=Médio C=Bom D= Ótimo
( ) NITIDEZ DAS IMAGENS
( ) CORES UTILIZADA NAS IMAGENS
( ) POSIÇÃO DAS IMAGENS
( ) AS IMAGENS COMO FACILITADORAS DA APRENDIZAGEM
( ) TEXTO ESCRITO
( ) OUTROS __________________________________________________
02. Cite aspectos positivos do Material
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
03. Cite aspectos negativos do Material
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________
04. Você utilizaria esses casos clínicos em sala de aula?
( ) SIM ( ) NÃO
JUSTIFIQUE.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
69
05. Esse material tem valor para ser disponibilizado?
( ) SIM ( ) NÃO
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
A sua participação é muito importante! Obrigada!
Mestranda: Júlia Fernanda de P. Pereira
Email: [email protected]
70
71
APÊNDICE E - Produto
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Programa de Pós-Graduação
em Ensino de Ciências e Matemática
Área: Biologia
MANUAL DE ENSINO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO:
Exercícios clínicos comentados
Autores
Júlia Fernanda de Paula Pereira
Prof. Dr. Fernando Amaral
Thaís Mesquita
Belo Horizonte
2014
72
1. INTRODUÇÃO
Este manual de apoio trata-se de um produto do Mestrado em Ensino de
Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e
apresenta 15 exercícios clínicos comentados. Para serem respondidos, é necessário
que o discente correlacione os conhecimentos anatômicos do Sistema Respiratório
com outros, como Fisiologia e Patologia.
O objetivo principal da elaboração deste manual é estimular os discentes dos
cursos de saúde, especialmente os da graduação em Fisioterapia, à realidade futura
que os mesmos vivenciarão ao se graduarem.
Esta obra não pretende ser um instrumento único para o estudo de Anatomia
Humana, muito menos visa substituir a clássica e vasta literatura existente e utilizada
pela maioria dos discentes. Almeja, sim, ser um material facilitador de uma
aprendizagem eficaz e complementar ao estudo dos alunos.
73
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. EXERCÍCIO CLÍNICO 01
O Senhor, M.D.E, 53 anos, viúvo, ao subir a rampa da casa da mãe, queixa
dificuldade para respirar. O mesmo percebe que emite sons audíveis pela boca
quando expira o ar dos pulmões. Preocupado, M.D.E. procura atendimento médico e
recebe o diagnóstico clínico de Bronquite Pulmonar. De acordo com as informações
apresentadas, responda às questões:
a) Qual estrutura anatômica geralmente é comprometida no paciente citado
acima?
b) O que acontece com as vias aéreas durante um episódio de bronquite?
c) O que causa o surgimento dessa doença?
d) O que é o broncoespasmo induzido pela bronquite pulmonar?
74
2.2 EXERCÍCIO CLÍNICO 02
A Sra. R.D.P, 46 anos, casada, sofreu acidente automobilístico em rodovia
após almoçar. Foi encaminhada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU) para um Pronto Atendimento Regional. Ao ser avaliada pela equipe do P.A.,
a mesma apresentava fraturas múltiplas, além de várias escoriações corporais.
Depois 36 horas, recebeu também o diagnóstico clínico de Pneumonia por
Aspiração.
De acordo com essas informações acima, responda às questões abaixo:
a) O que pode ter contribuído para o surgimento da Pneumonia por
Aspiração? Justifique sua resposta.
b) Qual pulmão provavelmente foi mais comprometido?
c) A diferença anatômica dos brônquios principais esquerdo e direito pode ter
contribuído para o pulmão citado na resposta acima ter sido o mais afetado ?
Justifique sua resposta utilizando seus conhecimentos anatômicos.
75
2.3 EXERCÍCIO CLÍNICO 03
O Sr. G.P.T., 28 anos, professor universitário, apresenta episódios recorrentes
de disfonia. Queixa dor na região da garganta e sente-se irritado por não conseguir
lecionar como gostaria. Procurou atendimento médico especializado e, ao realizar os
exames solicitados, foi diagnosticada a presença de um cisto na corda vocal
esquerda.
Diante dessas informações, responda às questões abaixo:
a) Qual é a localização anatômica das cordas vocais?
b) Especifique a função das cordas vocais?
c) A profissão do G.P.T. pode ter contribuído para o surgimento dessa
disfunção? Justifique.
76
2.4 EXERCÍCIO CLÍNICO 04
O Sr. L.C.D, 65 anos, policial aposentado, fumante há 35 anos, acordou
subitamente de madrugada com respiração ofegante, muita tosse e sensação de
―sufoco‖. Foi conduzido pela esposa ao Pronto Atendimento de sua cidade e o
médico realiza uma avaliação geral. Com os sinais clínicos que o paciente
apresentava, juntamente com os exames complementares realizados, conclui-se que
o paciente apresenta o quadro clínico de Enfisema Pulmonar.
a) Quais são as principais causas dessa disfunção? Explique.
b) Qual estrutura anatômica do sistema respiratório é acometida pela doença citada
acima ?
c) Qual a alteração causada na estrutura anatômica citada acima?
77
2.5 EXERCÍCIO CLÍNICO 05
A Sra. E.D.S, 35 anos, grávida de 27 semanas, do lar, procura atendimento
médico com queixa de dificuldade ao respirar e muito edema em membros
inferiores.Não apresentava episódios de tosse, sem dor torácica e nem estava febril.
O médico responsável avalia a paciente e considera esses sintomas característicos
de uma gestação. De acordo com seus conhecimentos anatômicos, responda às
questões a seguir.
a) Existe alguma relação existente entre a gravidez e a principal queixa da
paciente que é a sensação de ―falta de ar‖?
b) Qual a estrutura anatômica está sendo acometida? Explicite.
c) Qual a posição você indicaria para essa mulher deitar quando for
descansar ou dormir?
78
2.6 EXERCÍCIO CLÍNICO 06
A criança V.E.M., 1 ano e 5 meses, apresenta muita dor no ouvido, febril, sem
apetite. A mãe, preocupada, leva o filho ao pediatra que constata o quadro clínico de
otite média. Foram realizados alguns exames complementares. De acordo com seus
conhecimentos anatômicos, responda às questões:
a) Conceitue a otite média.
b) A otite média é mais comum em crianças do que em adultos?
c) Qual estrutura anatômica da criança que se diferencia da de um adulto e
que contribui para o surgimento da otite média? Explique o motivo.
79
2.7 EXERCÍCIO CLÍNICO 07
A Sra. T.D.A, 43 anos, comerciante, foi submetida a um pré-operatório para
realizar um cirurgia cardíaca programada. Ela apresentava um diagnóstico clínico de
Insuficiência Valvar na Tricúspide. Durante a avaliação, o médico realizou um teste
chamado ―Mallampati‖. É utilizado, geralmente, para prever a facilidade de intubação
do paciente. A paciente foi classificada grau IV.
a) Quais as estruturas anatômicas que são utilizadas como parâmetros
classificatórios desse teste?
b) O grau em que a paciente foi classificada indica facilidade ou dificuldade para
realizar a intubação?
c) Existem outros testes ou parâmetros que também são utilizados, além desse
teste, para detectar a dificuldade da intubação oro-traqueal? Cite no mínimo dois.
80
2.8 EXERCÍCIO CLÍNICO 08
O Sr. P.D.P, 75 anos, obeso, casado, procura o otorrinolaringologista a pedido
da esposa. Ela reclama que o marido ―ronca‖ a noite inteira e atrapalha seu sono. O
paciente também sente muito incomodado com a situação, já que não consegue ter
controle da mesma.
a) Conceitue a Apneia Obstrutiva do Sono.
b) Quais são os fatores que podem causar aumento do risco de a pessoa ter a
Apneia Obstrutiva do Sono?
c) Relate algumas consequências dessa doença para o paciente.
81
2.9 EXERCÍCIO CLÍNICO 09
A Sra.F.P.F, 76 anos, hipertensa, obesa, queixa intolerância aos esforços, fadiga
mesmo em repouso e, ao deitar para dormir, apresenta dificuldade para respirar.
Relata, também, ―inchaço‖ nos pés e tornozelos. Foi encaminhada pelos filhos ao
Pronto Atendimento e com a avaliação médica e exames complementares,
constatou-se um quadro clínico de Edema Pulmonar.
a) Quais as possíveis causas do Edema Pulmonar?
b) Qual a estrutura anatômica é comprometida com a disfunção?
c) Qual alteração acontece nas estruturas citadas na resposta anterior?
82
2.10 EXERCÍCIO CLÍNICO 10
A sra. A.D.P, 87 anos, obesa, diabética,com pouca mobilidade,encontra-se prostada
no sofá de sua casa. Sua acompanhante, preocupada, sacode a paciente e a
mesma não é responsiva. Liga para o SAMU e explica a situação. A equipe chega
ao local, atende a paciente, e a encaminha para o Pronto-atendimento municipal
mais próximo da sua residência. No trajeto, a paciente teve uma parada cardio-
respiratória e foi a óbito.
a) De acordo com as informações apresentadas e com a leitura da imagem acima,
qual foi o provável diagnóstico clínico que levou a paciente a óbito.
b) Quais fatores de risco contribuíram para o óbito da paciente?
c) Qual o nome da veia que é responsável em retornar com o sangue localizado em
MMII para o coração?
83
3. CONCLUSÃO
3.1 RESOLUÇÃO EXERCÍCIO CLÍNICO 01
a) Os brônquios são comprometidos.
b) Há produção de secreção dentro dos brônquios principais esquerdo e
direito.
c) A bronquite aguda é causada geralmente por vírus, embora, em alguns
casos, possa ser resultado de uma infecção bacteriana. As crises também podem
ser desencadeadas pelo contato com poluentes ambientais e químicos (poeira,
inseticidas, tintas, ácaros etc.). O cigarro é o principal responsável pelo agravamento
da doença.
d) O broncoespasmo é o estreitamento da luz bronquial como consequência
da contração da musculatura dos brônquios, o que causa dificuldades para respirar.
3.2 RESOLUÇÃO EXERCÍCIO CLÍNICO 02
a) O impacto do acidente automobilístico na região abdominal e torácica,
associado ao fato de a paciente ter almoçado um pouco antes de acontecer o fato,
contribui para que uma porção do alimento se mobilize em direção ao sistema
respiratório. Se a cartilagem epiglote abrir nesse momento, o alimento é aspirado
para os pulmões.
b) O pulmão direito.
c) Sim. O brônquio principal direito é mais verticalizado que o esquerdo.
3.3 RESOLUÇÃO EXERCÍCIO CLÍNICO 03
a) A laringe é um órgão curto que conecta a faringe com a traqueia. Ela se
situa na linha mediana do pescoço, diante da quarta, quinta e sexta vértebras
cervicais.
b) Ao vibrarem, elas produzem o som pelo qual nos comunicamos.
84
c) Sim, o G.P.T utiliza muito do recurso da fala na sua profissão, e se realizado
de maneira inapropriada e sem orientações corretas, pode causar uma alteração na
corda vocal.
3.4 RESOLUÇÃO EXERCÍCIO CLÍNICO 04
a) Ela geralmente é causada pela inalação de produtos químicos tóxicos, como
fumaça de tabaco, queimadas e poluição do ar. Pode ter origem genética também.
b) Alvéolo Pulmonar
c) É causada uma hiperinsuflação dos alvéolos pulmonares, devido ao acúmulo de
gás carbônico no sangue. Isso gera uma oxigenação ineficiente.
3.5 RESOLUÇÃO EXERCÍCIO CLÍNICO 05
a) Sim
b) Pode ocorrer uma compressão do músculo diafragma e isso gera toda a
sintomatologia da paciente.
c) Decúbito lateral esquerdo. Porque essa posição evitaria a compressão da
veia cava inferior, garantindo melhora no retorno venoso e, consequentemente,
diminuindo um pouco o edema. Isso auxilia, ainda, para que tenha uma respiração
mais adequada.
3.6 RESOLUÇÃO EXERCÍCIO CLÍNICO 06
a) A otite média aguda é uma infecção por bactérias e vírus que provoca
inflamação e/ou obstruções na porção média do ouvido. Se não for tratada, pode
levar à perda total da audição. Costuma ocorrer durante ou logo após gripes,
resfriados, infecções na garganta ou respiratórias.
b) Sim.
c) A criança possui a tuba auditiva mais curta e horizontalizada em relação à
tuba do adulto. Aos 7 anos de idade, a tuba já está posicionada como a do adulto, o
que ameniza bastante os problemas de ouvido na porção média.
85
3.7 RESOLUÇÃO EXERCÍCIO CLÍNICO 07
a) Palato mole, fauce, úvula, pilares amigdalíticos.
b) Dificuldade, porque, ao realizar o teste, o palato mole é totalmente não
visível.
c) Sim. Índice de Wilson e col. e o Indice de Arné e col.
3.8 RESOLUÇÃO EXERCÍCIO CLÍNICO 08
a) A apneia obstrutiva do sono é uma doença em que a pessoa apresenta
episódios de respiração interrompida durante o sono.
b) Determinados formatos de palato e mandíbula, tonsila palatina grande em
crianças, pescoço ou clavícula largos, glosso grande,via respiratória
estreita,obstrução nasal,obesidade, dentre outros.
c) Sonolência diurna anormal, inclusive adormecer em momentos
inadequados ,acordar cansado pela manhã ,problemas de memória, cefaléia diurna
,falta de concentração,sono agitado e irregular, Insônia; são algumas das possíveis
conseqüências
3.9 RESOLUÇÃO EXERCÍCIO CLÍNICO 09
a) Nesse caso, a hipertensão e a obesidade.
b) Os alvéolos pulmonares.
c) Devido ao aumento da pressão nas veias pulmonares, o líquido é
empurrado para dentro dos espaços aéreos dos pulmões, chamados alvéolos. Esse
líquido acumulado interrompe o fluxo normal de oxigênio nos pulmões.
3.1.10 RESOLUÇÃO EXERCÍCIO CLÍNICO 10
a) Tromboembolia pulmonar
b) Obesidade, Diabetes, pouca mobilidade.