POTENCIAL DE OXI-REDUÇÃO DO SOLO E SEUS IMPACTOS … · obtido a partir da extensão de...

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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS POTENCIAL DE OXI-REDUÇÃO DO SOLO E SEUS IMPACTOS NA TROCA GASOSA DE ESPÉCIES ARBÓREAS EM ÁREA SAZONALMENTE INUNDADA NO PANTANAL. ROBERTO CÉSAR DA SILVA CAMPOS HIGO JOSÉ DALMAGRO Cuiabá MT Setembro de 2015

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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

POTENCIAL DE OXI-REDUÇÃO DO SOLO E SEUS

IMPACTOS NA TROCA GASOSA DE ESPÉCIES

ARBÓREAS EM ÁREA SAZONALMENTE INUNDADA

NO PANTANAL.

ROBERTO CÉSAR DA SILVA CAMPOS

HIGO JOSÉ DALMAGRO

Cuiabá – MT

Setembro de 2015

UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

POTENCIAL DE OXI-REDUÇÃO DO SOLO E SEUS

IMPACTOS NA TROCA GASOSA DE ESPÉCIES

ARBÓREAS EM ÁREA SAZONALMENTE INUNDADA

NO PANTANAL.

ROBERTO CÉSAR DA SILVA CAMPOS

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Ciências Ambientais da

Universidade de Cuiabá, como

parte dos requisitos para

obtenção do Título de Mestre em

Ciências Ambientais.

ORIENTADOR: HIGO JOSÉ DALMAGRO

Cuiabá – MT

Setembro de 2015

FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

Bibliotecária: Elizabete Luciano/CRB1-2103

C198p Campos, Roberto César da Silva

Potencial de Oxi-Redução do Solo e Seus Impactos na Troca Gasosa de

Espécies Arbóreas em Área Sazonal mente Inundada no Pantanal./Roberto César da Silva Campos. Cuiabá-MT, 201 5. 48p. Inclui Lista de Figuras.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências

Ambientais da Universidade de Cuiabá – UNIC, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais.

Orientador: Prof.Dr. Higo José Dalmagro

1.Introdução. 2.Revisão Bibliográfica. 3.Resultados e Discussões. 4.Considerações Finais. 5.Referências Bibliográficas.

CDU 34:551

UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

FOLHA DE APROVAÇÃO

POTENCIAL DE OXI-REDUÇÃO DO SOLO E SEUS IMPACTOS NA

TROCA GASOSA DE ESPÉCIES ARBÓREAS EM ÁREA SAZONALMENTE

INUNDADA NO PANTANAL.

ROBERTO CÉSAR DA SILVA CAMPOS

Dissertação defendida e aprovada em 30 de Setembro de 2015, pela comissão julgadora:

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador professor Dr. Higo José Damalgro pela compreensão,

ensinamentos e, principalmente, amizade.

Ao professor e coordenador Dr. Carlo Ralph de Musis, pela disposição,

paciência e orientação nos momentos de dúvidas.

Ao professor e coordenador Dr. Osvaldo Borges Pinto Junior pela dedicação,

compreensão.

A todos os professores do programa, pela amizade, dedicação e flexibilidade

nos momentos de angústias.

À minha amiga e colega de profissão Angélica Siqueira que me auxiliou nas

minhas incertezas.

A meus amigos que me incentivaram a fazer este mestrado.

À minha esposa que sempre me apoiou nos momentos da minha ausência.

Aos meus filhos que foram a fonte da minha dedicação e energia

A todos os meus familiares por acreditarem na minha capacidade.

A todos os mestrandos que me aguentaram nas aulas, em especial a

Rosimery.

Aos meus alunos por compartilharem comigo das minhas alegrias.

Enfim, todos que contribuíram direta e indiretamente com a produção deste

trabalho, MUITO OBRIGADO.

EPÍGRAFE

“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”.

Vinícius de Moraes

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................. VI

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ...................................................... IX

RESUMO ................................................................................................................... X

ABSTRACT .............................................................................................................. XI

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1

2. OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 3

2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................................................... 3

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................................. 3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 4

3.1 O PANTANAL – A MAIOR PLANÍCIE ALAGÁVEL DA TERRA ............................................................ 4

3.2 POTENCIAL OXI-REDUTOR DO SOLO EM CONSEQUÊNCIA AO ESTRESSE HÍDRICO ....................... 9

3.3 REDUÇÕES DO SOLO E REDUÇÃO DAS PLANTAS ........................................................................ 11

3.4 TROCAS GASOSAS ...................................................................................................................... 13

3.5 PLANTAS, RELAÇÕES HÍDRICAS E TROCAS GASOSAS. ................................................................. 13

3.6 RELAÇÕES HÍDRICAS .................................................................................................................. 15

3.7 CONDIÇÕES DE SOLO PANTANEIRO ........................................................................................... 16

3.8 DESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES .......................................................................................................... 18

4. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................25

4.1 ÁREA DE ESTUDO ....................................................................................................................... 25

4.2 INSTRUMENTOS E MEDIDAS ...................................................................................................... 26

4.3 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ............................................................................................................. 28

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ......... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS DADOS MICROMETEOROLÓGICOS DO SOLOCONDIÇÕES DE SOLO ...... 29 5.2 CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO SAZONAL DO DAS VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS .......... 34

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Esquema de controle do funcionamento do estômato de uma planta,

estrutura que abre e fecha durante a troca gasosa.................................

27

Figura 2 Mapa de localização da área de estudo para coleta das amostras para

análise....................................................................................................

32

Figura 3 Realização das analises das amostras coletadas em campo, através do

analisador portátil de fotossíntese Datalogger.......................................

32

Figura 4 Folhas e Frutos da espécie Tocoyena formosa família Rubiaceae........ 35

Figura 5 Folhas e Frutos da espécie Curatella americana família Dillenaceae.. 36

Figura 6 Folhas da espécie Alchornea discolar Poepp. família

Euphorbiaceae.......................................................................................

37

Figura 7 Folhas da espécie Byrsonima orbignyana família Malpighiaceae........ 38

Figura 8 Folhas e Flores da espécie Vochysia divergens Pohl família

Vochysiaceae.........................................................................................

39

Figura 9 Folhas da espécie Licania parvifolia família

Chrysobalanaceae.................................................................................

39

Figura 10 Folhas e Frutos verdes da espécie Duroia duckei família

Rubiaceae..............................................................................................

40

Figura 11 Déficit de preção de vapor (DPV) entre os anos 2010 a 2014 no

período seco e inundado.......................................................................

43

vii

Figura 12 Potencial oxi-redução do solo entre os anos de 2010 a 2014 no

período seco e inundado........................................................................

44

Figura 13 Precipitação acumulada (Ppt) entre os anos 2010 a 2014 no período

seco e inundado.....................................................................................

45

Figura 14 Umidade relativa do solo entre os anos 2010 a 2014 no período seco

e inundado.............................................................................................

46

Figura 15 Medias (± EP; n =5) da taxa potencial liquida fotossintética (PN) no

ano de 2014 das sete espécies estudadas nos diferentes períodos

hidrológicos (seco e inundado). Os resultados estatísticos são

expressos como H-estatística e da probabilidade do erro de tipo I (p)

obtido a partir da extensão de Scheirer-Ray-Hare do teste de

Kruskal-Wallis, com espécies (S) e período hidrológico (H) como

efeitos fixos. * P <0,05; ** P <0,01; *** P <0,001. Letras diferentes

representam diferenças entre as espécies e asterisco “*” entre os

períodos hidrológicos para cada espécie..............................................

47

Figura 16 Medias (± EP; n =5) da condutância estomática (gs) no ano de 2014

das sete espécies estudadas nos diferentes períodos hidrológicos

(seco e inundado). Os resultados estatísticos são expressos como H-

estatística e da probabilidade do erro de tipo I (p) obtido a partir da

extensão de Scheirer-Ray-Hare do teste de Kruskal-Wallis, com

espécies (S) e período hidrológico (H) como efeitos fixos. * P <0,05;

** P <0,01; *** P <0,001. Letras diferentes representam diferenças

entre as espécies e asterisco “*” entre os períodos hidrológicos para

cada espécie...........................................................................................

48

viii

Figura 17 Medias (± EP; n =5) da taxa transpiratória (E) no ano de 2014 das

sete espécies estudadas nos diferentes períodos hidrológicos (seco e

inundado). Os resultados estatísticos são expressos como H-

estatística e da probabilidade do erro de tipo I (p) obtido a partir da

extensão de Scheirer-Ray-Hare do teste de Kruskal-Wallis, com

espécies (S) e período hidrológico (H) como efeitos fixos. * P <0,05;

** P <0,01; *** P <0,001. Letras diferentes representam diferenças

entre as espécies e asterisco “*” entre os períodos hidrológicos para

cada espécie..........................................................................................

49

Figura 18 Medias (± EP; n =5) eficiência intrínseca do uso da agua (EUA) no

ano de 2014 das sete espécies estudadas nos diferentes períodos

hidrológicos (seco e inundado). Os resultados estatísticos são

expressos como H-estatística e da probabilidade do erro de tipo I (p)

obtido a partir da extensão de Scheirer-Ray-Hare do teste de

Kruskal-Wallis, com espécies (S) e período hidrológico (H) como

efeitos fixos. * P <0,05; ** P <0,01; *** P <0,001. Letras diferentes

representam diferenças entre as espécies e asterisco “*” entre os

períodos hidrológicos para cada

espécie...................................................................................................

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ix

LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SÍMBOLOS

Ad – A. discolor

ADH – Álcool Desidrogenase

ATP – Trifosfato de Adenosina

AUs – Áreas Úmidas

Bo – B. orbignyana

Ca – C. americana

Dd – D. duckei

Eh – Potencial de oxi-redução do solo

LDH – Lactato Desidrogenase

Lp – L. parvifolia

NADH – Dinucleotídeo de Adenina Nicotinamida

PDC – Piruvato Descarboxilase

PSII – Fotossistema II

RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural

Tf – T. formosa

Vd – V. divergens

DPV - Déficit de pressão de vapor

E – Taxa transpiratória

gs – Condutância estomática

PN – Taxa potencial liquida fotossintética

PPT – Precipitação

EUA – Eficiência intrínseca do uso da água

x

RESUMO

CAMPOS, R. C. S. Potencial de oxi-redução do solo e seus impactos na troca gasosa

de espécies arbóreas em área sazonalmente inundada no pantanal. 59 f. Dissertação

(Mestrado). Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2015.

O Pantanal Mato-Grossense é considerado a maior extensão de áreas úmidas contínuas

do Planeta. Um extraordinário patrimônio do Brasil por apresentar maior número de

indivíduos por espécie de plantas e animais. Pesquisadores tem despertado interesse em

estudos que visam avaliar a importância dos processos físicos, químicos e biológicos de

plantas em áreas inundadas. O presente trabalho apresenta estudo sobre a dinâmica da

redução do potencial de oxidação-redução do solo (Eh) e sua relação com as trocas

gasosas de plantas de áreas sazonalmente inundadas no Pantanal de Mato Grosso,

contribuindo para o conhecimento de possíveis adaptações fisiológicas que justifiquem

o sucesso das plantas na colonização da região estudada. A pesquisa foi realizada na

Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), localizada no município de Barão de

Melgaço (16º39’S; 56º47’O), a 160 km de Cuiabá, MT. As medidas fisiológicas de

algumas espécies na estação seca e na estação que ocorre a inundação do local foram

obtidas com um sistema portátil de medição de fotossíntese, modelo LI-6400. Ao

observar as taxas fotossintéticas das espécies estudadas no período de inundação,

quando o Eh tende a apresentar valores mais negativos, constatou-se que a perda de

oxigênio e os efeitos da intensidade e capacidade de redução sobre o funcionamento da

planta são comuns, mas variam de acordo com as espécies. Estas variâncias podem ser

expressas anatomicamente, morfologicamente e/ou fisiologicamente em função das

épocas secas e de inundações pantaneiras.

Palavras-Chave: Potencial de oxi-redução - Pantanal – Solo.

xi

ABSTRACT

CAMPOS, R. C. S. Soil oxidation reduction potential and its impacts on the tree

species’ gas exchange in seasonally flooded regions of the Pantanal. xx f. Dissertação

(Mestrado) . Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2015.

Pantanal, in Mato Grosso, is considered the widest flooded region continuous area in the

world. An extraordinary data, for it represents the highest number of individuals per

species of animals and plants. Researchers have shown interest on studies that aim to

evaluate the importance of physical, chemical and biological processes in several plants

of Pantanal wetlands. This material presents a study over reduction on oxidation

potential and its relation with gas exchange in seasonally flooded regions of the

pantanal in Mato Grosso, contributing for the growth of possible physiologic

adaptations that justify how plants have succeeded on colonizing the researched area.

The research was headed in Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), located

on Barão de Melgaço municipality (16º39’S; 56º47’O) 160km from Cuiabá, MT.

Physiological measures of some of the species found in the station where floods often

occur were obtained with a portable photosynthesis system device, model LI-6400.

Observing the data obtained during the flooding period, when Eh tends to present more

negative results, it was possible to notice that the loss in oxygen and the effects of the

intensity and capacity of reduction over the plant’s functions are common, but they may

vary according to species. This variables can be expressed anatomically,

morphologically and/or physiologically depending on droughts and flooding in the

respective area.

Key Words: Oxidation reduction - Soil - Pantanal

1

1. INTRODUÇÃO

O Pantanal brasileiro tem sofrido alterações nos últimos anos, sejam elas na

hidrografia, no clima, na ocupação ou no uso do solo, isso devido ao aumento

populacional, presença de pecuaristas e agricultores, além das inundações sazonais que

afetam a evolução dos organismos.

Desta maneira, a invasão populacional, incluindo a evolução turística, reflete na

estrutura ambiental da região, alterando consideravelmente as características

geográficas e biológicas de todo o complexo.

Originalmente, o Pantanal possui clima predominantemente tropical com

diferenças bem marcantes entre as estações seca e chuvosa. De abril a setembro, a

região vivencia a estação seca ou inverno, com chuvas raras e temperatura que durante o

dia pode apresentar temperatura alta, Em outubro, inicia o período chuvoso,

prolongando até março, conhecido como verão pantaneiro, que transforma a região em

um imenso alagado, quente, úmido, em que rios, lagoas e banhados se unem pela força

das águas.

O alagamento proveniente do regime de chuvas contínuas, trás modificações nas

condições do solo que sofre com duas características extremas, alagado no verão e seco

no inverno.

Tais inundações que ocorrem sazonalmente no Pantanal causam uma redução do

potencial de oxidação-redução do solo (Eh), o que pode repercutir em declínios na

performance fisiológica das plantas. O alagamento do terreno diminui as trocas gasosas

entre o solo e o ar, pois a difusão de gases na lâmina de água é cerca de 10.000 vezes

mais lenta do que ar (LUO & ZHOU, 2006). Em consequência, o suprimento de

oxigênio para o solo torna-se extremamente lento, muito abaixo das necessidades dos

micro-organismos. Nessa condição, os micro-organismos aeróbicos consomem

rapidamente o oxigênio inicialmente presente no solo e tornam-se inativos ou morrem.

Assim, os micro-organismos anaeróbicos, facultativos e obrigatórios, representados por

bactérias, proliferam e passam a dominar a atividade biológica do alagado (SOUZA,

2001).

Cabe ressaltar que áreas com água em excesso prejudicam algumas espécies de

vegetais nativos do Pantanal, mudando a estrutura da vegetação, formando stands

monodominantes, causando impactos econômicos e ecológicos. CONNEL e LOWMAN

2

(1989) explicam que as espécies monodominantes são aquelas que ocupam mais de

50% de uma determinada área.

Segundo RICHARDSON et al. (2000) e ZEDLER et al. (2004), no Pantanal

não é observado espécies endêmicas, as monodominantes passaram a ser tratadas como

invasoras de habitats, definindo-as como aquelas que expandem rapidamente sobre as

demais populações. Consequentemente, essas condições estressantes atuam como força

seletiva em muitas características e variedades encontradas em determinado habitat.

Assim, a intensidade e frequência dos distúrbios naturais e antrópicos podem produzir

ambientes favoráveis para a disseminação de plantas mais agressivas.

Por conseguinte, as mudanças na estrutura da vegetação do Pantanal causam

impactos econômicos, como, por exemplo, a redução de campos naturais de pastagens,

repercutindo diretamente na produtividade pecuária. Além disso há os impactos

ecológicos, como a diminuição da diversidade da vegetação (SANTOS et al., 2006).

Assim, compreender como o desempenho fisiológico das plantas é afetado,

especialmente as espécies que formam monodominância no ambiente, como é o caso da

Vochysia divergens, pode contribuir para a elucidação de possíveis mecanismos para a

sobrevivência em condições ambientais potencialmente desfavoráveis. Entretanto,

analisar a falta de quantificação do potencial de oxidação-redução do solo (Eh) nesse

estudo contribui para aumentar o conhecimento sobre a relação entre o Eh do solo e o

funcionamento das plantas do Pantanal. Conhecer os dados de Eh do solo permite o

conhecimento sobre o status de vários compostos do solo importantes para a fisiologia

das plantas de áreas úmidas, podendo, assim, garantir com maior confiabilidade e

eficiência, a ocorrência dos distúrbios naturais e antrópicos passíveis de causar danos à

estrutura fisiológica das plantas, conservando as características naturais da região, em

uma tentativa de não se permitir o abuso das alterações físicas e biológicas trazidas pela

evolução humana na região.

As informações sobre potencial podem ser elementos multidimensionais

para assimilar as reações de oxirredução nos solos (VEPRASKAS & FAULKNER,

2001), especialmente aqueles submetidos à sazonalidade de cheia (anaeróbica) e

seca (fase aeróbica).

3

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo foi examinar as influências do potencial de oxi-redução do solo sobre

as trocas gasosas de espécies de plantas em áreas sazonalmente inundada do

Pantanal.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar o efeito das mudanças sazonais que ocorrem no ciclo de um ano, sobre

o potencial de oxidação-redução (Eh) do solo.

Medir a variação das trocas gasosas de sete espécies de plantas de maior

frequência e dominância nas diferentes condições de Eh do solo.

4

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 O PANTANAL – A MAIOR PLANÍCIE ALAGÁVEL DA TERRA

SALINAS e MIDDLETON (1998), verificaram a necessidade de classificar o

território do Pantanal, analisar a sustentabilidade das distintas regiões, as condições

climáticas, as propriedades do relevo, as potencialidades dos solos para os diversos

usos, os distintos processos geomorfológicos que agiram na superfície terrestre e

produziram as relações ecogeográficas, assim como as estruturas fitoecológicas, pois o

estudo antecipado torna-se um instrumento importante para integrar os elementos

físicos, bióticos e antrópicos que atuam no meio ambiente de maneira integrada.

Além disso, áreas úmidas estão presentes no mundo em cerca de 250 milhões de

hectares, com uma ampla importância nos ciclos biogeoquímicos e como habitats para a

vida silvestre de todos os tipos. Nestas extensões, a saturação ou completo alagamento

do solo pela água superficial ou subterrânea elege organismos com adequações para

existir em solos mal drenados (LUGO, 1992).

Nesse sentido, o Pantanal é caracterizado como a maior planície inundada da

América do Sul e sua posição geográfica é peculiar, sendo um elo entre o Brasil, Bolívia

e Paraguai. No Brasil situa-se entre os paralelos 16° e 21° S e os meridianos 55° e 58°

W e nesse território estima-se a extensão de 138.183 km². Essa planície alagável está

localizada na região centro oeste, envolvendo os estados de Mato Grosso com 48.865

km² e Mato Grosso do Sul com. 89.318 km² (SILVA et al., 2000; JUNK e CUNHA,

2005; ALHO, 2005; DALMOLIN et al., 2009).

No Estado de Mato Grosso os principais municípios que fazem parte do Pantanal

são: Poconé, Cáceres, Barão de Melgaço, Santo Antônio de Leverger e Nossa Senhora

do Livramento (ALLEM e VALLS, 1987).

Cabe ressaltar que por seus atributos e valor, foi legitimado pela UNESCO

(United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) como Reserva da

Biosfera (UNESCO, 2005) e têm dois sítios, RAMSAR (Ramsar Convention on

Wetlands), o Parque Nacional do Pantanal e a RPPN SESC Pantanal - Reserva

Particular do Patrimônio Natural SESC Pantanal (RAMSAR, 2007).

Esse Bioma é uma região cercada de montanhas, o que dificulta o escoamento de

água. Pertence à Bacia Hidrográfica do Rio Paraguai que tem uma área estimada em

361.666 km2, integrante da Bacia do Prata. O rio Paraguai atravessa a região de norte a

5

sul, comandando toda a rede de drenagem da região, formada pelos rios Cuiabá, São

Lourenço, Itiquira, Correntes, Taquari, Negro, Aquidauana e seus afluentes.

No Brasil o Pantanal é subdividido em onze sub-regiões, Paiaguás,

Nhecolândia, Barão de Melgaço, Poconé, Nabileque, Cáceres, Paraguai, Aquidauana,

Miranda, Porto Murtinho e Abobral (SILVA; ABDON, 1998). A sua constituição está

associada ao último evento compressivo nos Andes há aproximadamente 2,5 milhões de

anos (USSAMI; SHIRAIWA; DOMINGUEZ, 1999). A origem da cadeia de

montanhas dos Andes proporcionou a subsidência dessa área e posterior deposição de

sedimentos oriundos das áreas circunvizinhas (ALMEIDA, 1945; ALVARENGA et

al., 1984; AB’SÁBER, 1988; ASSINE SOARES, 2004). Composto por vários tipos de

sedimentos (arenosos, síltico-arenosos, argilo-arenosos e areno-conglomeráticos

semiconsolidados a consolidados), a Formação Pantanal, exibe ampla diversidade de

solos integrados a distintas superfícies geomórficas.

Entre as principais dimensões geomórficas que ocorrem no Pantanal,

sobressaem os diques, planícies, canais e lagoas.

Distinto das outras áreas úmidas, o Pantanal é uma planície intermitente e

sazonalmente inundada. A flutuação anual do nível da água adequa os sistemas

ecológicos que ali ocorrem (JUNK et al., 1989). As diferenças dos pontos

hidrológico, adicionadas às alterações da topografia e do solo, adaptam zonas

constante e frequentemente alagadas e outras ocasionalmente alagadas (JUNK et al.

1989; NUNES DA CUNHA & JUNK, 2001). Segundo Nunes da Cunha & Junk

(1999), apenas 5% das variedades arbóreas do Pantanal habitam, exclusivamente,

zonas com extenso alagamento, enquanto 30% estão localizadas nas áreas raramente

inundadas e 65% são de ampla distribuição no gradiente.

Desta forma, as áreas inundadas são regiões que apresentam características

bastante complexas porque dependem de uma relação entre o tipo de solo e a

microtopografia e acabam determinando a distribuição da vegetação nas áreas de

Pantanal (ZEILHOFER e SCHESSL, 2000; NUNES DA CUNHA e JUNK, 2001). A

quantidade de chuva que acontecem principalmente nas cabeceiras dos rios que banham

a planície é outro fator determinante nas cheias, como é o caso do rio Cuiabá, um dos

principais rios da bacia.

As habituais variações dos graus da inundação que ocorrem no Pantanal,

originadas pela mudança pluviométrica e alterações na dinâmica sedimentológica ao

6

longo do tempo (COLLISCHONN et al., 2001), podem trabalhar como um filtro para

algumas espécies de plantas (VAN DER VALK, 1981). Estas mudanças levam-nas a

encarar transformações constante e primordial das condições ambientais dos habitats,

como os de extremo estresse hídrico, sejam pela ausência ou pelo exagero de água

(JUNK & DA SILVA, 1999). Esta ocorrência tem levado à estabilidade de ampla

abundância de espécies pioneiras do Pantanal, que sustentam suas populações em

elevadas densidades, de acordo com os requerimentos fisiológicos e ecológicos da

espécie (POTT & POTT, 1994; SILVA et al. 2000).

Entre os meses de outubro a abril é o período de chuvas, que normalmente

causam inundações, logo após esse período de cheia vem o período da seca, envolvendo

os meses de maio a setembro (VILA DA SILVA & ABDON, 1998; ALHO, 2005;

FANTIN- CRUZ et al., 2008; REBELLATO & CUNHA, 2005).

Áreas úmidas (AUs) foram definidas como áreas de diferentes tipos de pântanos,

brejos, turfeiras ou de água rasas, tanto naturais quanto artificiais, permanentes ou

temporárias, doces, salobras ou salinas, incluindo áreas marinhas com uma

profundidade de até 6 metros durante a maré baixa (IUCN, 1971). Por serem as AUs os

ecossistemas mundialmente mais afetados e ameaçados de destruição pelo homem,

vários tratados internacionais exigem o estabelecimento de inventários e medidas para

uma gestão inteligente, garantindo sua proteção e de sua biodiversidade (DARWALL et

al., 2008; SCBD, 2010). Dentre eles, destaca-se a Convenção de Ramsar (IUCN, 1971),

da qual o Brasil é signatário desde 1993, porém só recentemente algumas instituições

científicas concentraram esforços para desenvolver bases ecológicas para delinear e

classificar algumas das grandes AUs brasileiras e seus principais habitats (JUNK et al.,

2013).

Os estudos das AUs brasileiras são de suma importância para subsidiar uma

política de proteção e manejo sustentável, principalmente em um panorama onde esse

assunto encontra-se no cerne das discussões acerca do pagamento por serviços

ambientais. No que tange ao manejo, notadamente no Brasil, os esforços concentram-se

no uso dos recursos hídricos para fins domésticos, industriais, irrigação, navegação,

produção de energia e para tratamento de esgotos, negligenciando os diversos serviços

das AUs, por exemplo, o efeito tampão hidrológico, que diminui os picos de enchentes e

secas, fornecendo água para riachos de cabeceira e águas subterrâneas por infiltração

(JUNK et al., 2013). Ou seja, muito do potencial econômico e ecológico das AUs

brasileiras é subentendido e, portanto, subexplorado.

7

O Pantanal Mato-grossense é composto por muitos habitats diferentes e que

incluem, além das áreas periodicamente secas e alagadas, também as respectivas lagoas

e canais, com pequenas ilhas de “terra firme”, com habitats de importância fundamental

para a manutenção da produtividade do sistema e da biodiversidade. A importância do

Pantanal na biodiversidade pode ser notada, por exemplo, na sua riqueza em espécies

arbóreas altamente adaptadas às inundações, tendo sido descritas cerca de 400 espécies

(POTT & POTT, 2000; JUNK et al., 2006). Em comparação, as florestas alagáveis do

Mississipi contêm cerca de 150 espécies lenhosas e as florestas alagáveis temperadas na

Europa cerca de 60 espécies (SCHNITZLER et al., 2005).

Durante a estação chuvosa no Pantanal, grandes extensões de planície são

recobertas pela água dos rios que transbordam e as plantas, para sobreviverem,

dependem de uma série de adaptações ecofisiológicas e morfo-anatômicas que

permitem suportar essas condições de estresse.

Para exemplificar, podemos citar que verificou um incremento no diâmetro da

espécie Vochysia divergens no Pantanal relacionado com o período da cheia, ao

contrário do que ocorre com árvores de AUs amazônicas, cujo incremento cambial é

observado no período seco. Recentemente, trabalhos conduzidos no Pantanal têm

demonstrado que mesmo nessas condições de estresse algumas variedades não

apresentam alteração nas suas taxas fotossintéticas (DALMAGRO et al., 2013), o que

contribui para sua adaptação. Há linhagens que se adaptaram tão bem e rapidamente que

têm formado extensas florestas monodominantes (JUNK et al., 2006). Essa proliferação

exagerada é considerada uma ameaça as plantas características do pantanal, por alterar a

dinâmica de ciclagem de nutrientes (EVANS et al., 2001; EHRENFELD, 2003;

SEABLOOM et al., 2006), bem como o carregamento de sedimentos para os canais dos

rios que formam as áreas alagadas (AL-CHOKHACHY et al., 2013).

Áreas inundadas são propícias para o estabelecimento de espécies de plantas

exóticas que acabam tornando-se invasoras nesse ambiente e muitas vezes alteram a

dinâmica do ecossistema, por isso a manutenção e a preservação das áreas úmidas como

o Pantanal é uma grande preocupação aos pesquisadores. Nunes da Cunha et al. (2001)

explicam que o Cambará (Vochysia divergens) apresenta uma grande capacidade de

colonização formando florestas monodominantes cuja a extensão ocorre em períodos de

maiores pulsos de inundação, enquanto que no período mais seco ocorre o retrocesso da

espécie, isso porque a espécie teria baixa tolerância ao estresse da seca.

8

Porém, a grande diversidade vegetacional no Pantanal se deve, em última

instância, à combinação entre o grau de alagamento e a tolerância das espécies ali

presentes a esta condição. Isso porque durante as inundações, reduz-se a quantidade de

oxigênio disponível no solo para as raízes das plantas (CASTRO et al., 2009), criando-

se um ambiente hipóxico ou anóxico, resultando em maior acidificação dos solos e

aumento das concentrações de íons solúveis, como o Fe2+

e Mn2+

(LOBO e JOLY,

2000). A diminuição de oxigênio leva a uma redução do potencial de oxidação-redução

do solo (Eh), seguida por uma cadeia de alterações químicas do solo. Os processos que

seguem incluem desnitrificação, a redução de ferro, de manganês, de sulfato, a mudança

do pH do solo e Eh (GAMBRELL et al., 1991; PEZESHKI, 2001). O resultado dessas

transformações é que Eh torna-se mais negativo (PATRICK & DELAUNE, 1977;

GAMBRELL e PATRICK, 1978; PONNAMPERUMA, 1984). Assim, enquanto os

solos drenados têm Eh > + 400 milivolts (mV), solos encharcados podem apresentar Eh

tão baixo quanto - 300 mV (TURNER e PATRICK, 1968; PEZESHKI, 2001).

Assim, as mudanças físico-químicas do solo inundado têm consequências na

fisiologia das plantas. As condições redutoras no solo podem afetar a concentração de

oxigênio interno no tecido da planta (ARMSTRONG et al., 1994, 1996a, b, c;

DELAUNE et al., 1990), além de alterar a disponibilidade e/ou as concentrações de

vários nutrientes essenciais para o funcionamento da planta. Há que se ressaltar ainda

que os processos de redução do solo resultam na produção de vários compostos

fitotóxicos (PATRICK e DELAUNE, 1977; DELAUNE et al., 1983a; GAMBRELL et

al., 1991), que incluem as formas reduzidas de Fe e Mn, o etanol, o ácido láctico,

acetaldeído, ácidos alifáticos e compostos cianogênicos (DELAUNE et al., 1978;

PONNAMPERUMA, 1972, 1984), que podem se acumular em solos alagados em

níveis que podem causar danos às plantas (GAMBRELL & PATRICK, 1978; DREW &

LYNCH, 1980).

Como o Eh repercute o estado dos diferentes compostos do solo, quanto maior o

Eh maior a probabilidade de haver oxigênio presente, mesmo com excesso de água no

solo. Por outro lado, um Eh de zero mV indica que o oxigênio e o nitrato muito

provavelmente não estão presentes e que os compostos de ferro e manganês estão num

estado reduzido (PEZESHKI, 2001).

Independentemente do reconhecimento e importância internacional, a elaboração

científica sobre o Pantanal é ainda insuficiente, especialmente sobre pesquisas

aprofundadas de fatores abióticos (POR, 1995; BARBIERO et al., 2008).

9

3.2 POTENCIAL OXI-REDUTOR DO SOLO EM CONSEQUÊNCIA

AO ESTRESSE HÍDRICO

Qualquer fator que interrompe, restringe ou acelera os processos normais de uma

planta ou de suas partes caracteriza-se como um fator de estresse. O estresse hídrico

causa desvio significativo das condições ótimas para a vida da espécie, e induz

mudanças e respostas em todos os níveis funcionais do organismo provocando um

estímulo agindo sobre um sistema biológico e reações subsequentes desse sistema

(RAPPOT et al.; 1985).

Desta maneira, a deficiência hídrica é um fator que interrompe, restringe ou

acelera os processos normais de uma planta ou de suas partes tendo como resultado

danos permanentes ou morte, dependendo da tolerância e a capacidade adaptativa da

espécie. Os mecanismos de resistência à deficiência hídrica podem ser divididos em três

etapas, escape, retardo e tolerância. No primeiro mecanismo o de escape, as plantas

adotam uma estratégia de “fuga”, na qual apresentam rápido desenvolvimento

fenológico e alto grau de plasticidade, sendo capazes de completar seu ciclo de vida

antes que a falta de água torne-se severa o bastante para provocar danos fisiológicos. No

segundo mecanismo, o retardo da desidratação corresponde à manutenção do turgor e

volume celular, tanto pela absorção de água por um sistema radicular abundante quanto

pela redução da perda por transpiração por intermédio do fechamento estomático ou por

vias não estomáticas como a cutícula. E por último no mecanismo de tolerância à seca é

um mecanismo que permite à planta manter o metabolismo, mesmo com a redução do

potencial hídrico dos tecidos, devido principalmente ao acúmulo de solutos compatíveis

ou osmólitos, proteínas osmoprotetoras e à capacidade antioxidante (TAIZ e ZEIGER,

2004; VERSLUES et al., 2006).

Em consequência a esse estresse hídrico, durante a inundação do solo,

verificamos uma redução do potencial oxi-redução do solo (Eh), isso acontece porque, a

água vai preenchendo os espaços que estavam cheios de ar no solo, reduzindo assim a

quantidade de oxigênio, esta carência desse gás indispensável à planta, provoca várias

reações, dentre elas processos biológicos, químicos e físicos que apresentam influências

de extrema relevância no desenvolvimento das plantas do pantanal. O esgotamento do

oxigênio do solo e o aumento de dióxido de carbono são exemplos de processos físicos

que ocorrem pouco tempo após o alagamento.

10

Ainda, a falta de oxigênio no solo compromete a absorção das raízes e a ação

dos microrganismos, que não conseguem realizar a desnitrificação, a redução do ferro,

de sulfatos e também de manganês, e com isso muda o pH do solo e Eh. Joly (2000)

relata que em inundações as caraterísticas do solo acabam sendo mudadas, porque em

solos ácidos, há aumento das concentrações da forma solúvel de íons, como o Fe++

e

Mn++

, o que altera mais o pH e, também, há o acúmulo de gases, álcoois e outros

compostos potencialmente tóxicos.

Para especificar e exemplificar melhor qualquer pesquisa, existem métodos que

são utilizados para calcular a quantidade de oxigênio, eficaz em terrenos úmidos, porém

a medição de solo redox é um artifício de extremo valor, pois pode ser avaliado

diretamente no campo em solos alagados. A faixa do Eh é muito mais ampla, entre

aproximadamente 300 para 700 mV, que qualquer área arejada (Eh > 400 mV) ou

permanentemente alagada (Eh <350 mV) (PEZESHKI. 2001).

Com o estabelecimento de um ambiente hipóxico, a via metabólica aeróbia é

desviada para uma via anaeróbia (HARBORNC, 1988; SCHLÜLER & FURCH, 1992).

Com isso há uma baixa produção de energia, para nivelar, outra forma de produzir carga

acontece, que é compensada pela aceleração da via glicolítica (CRAWFORD, 1978).

Essa via metabólica apresenta enzimas, como é o caso em especial a álcool

desidrogenase (ADH), piruvato descarboxilase (PDC) e lactato desidrogenase (LDH)

produzindo etanol, alanina e lactato. Cada um deles são produzidos em quantidades

diferentes, dependendo das espécies (DENNIS et al., 2000).

POTT e POTT (1994) e SILVA et al. (2000) explicam que existem espécies que

são menos resistentes a inundação, por isso as variações topográficas e diferenças locais

do alagamento atuam na abundância e distribuição das variedades vegetais em áreas

alagadas. O estresse hídrico acontece pela falta ou pelo excesso de água, dependendo do

fator favorecem a permanência de grandes quantidades de espécies pioneiras no

Pantanal que formam estandes monodominantes como de Vochysia divergens. Essa

planta conhecida como Cambará tem invadido campos sazonalmente alagados

prejudicando as atividades de pastagens na região.

11

3.3 REDUÇÕES DO SOLO E REDUÇÃO DAS PLANTAS

As planícies de inundações são um tipo de área úmida que apresenta solos

submersos por estar temporariamente coberto por água. Atuando como fonte,

sumidouro e transformadores de nutrientes e carbono, as áreas alagadas contribuem para

a estabilidade global de dióxido de carbono, metano e enxofre na atmosfera. Nas águas

de superfície nitrogênio e fósforo são disponíveis, bem como são importantes

escoadouros regionais de poluentes orgânicos e inorgânicos (KIRK, 2004).

As mudanças nos processos físicos, químicos e biológicos no solo são

provocadas pelo alagamento da superfície da terra em áreas úmidas, pois os poros

enchem de água e o solo torna-se rapidamente anóxico em decorrência do lento

transporte de oxigênio, o mesmo não ocorre nos espaços de solo bem drenado.

Assim, não podemos afirmar quem afeta mais o desenvolvimento da planta, se é

o período de seca ou chuvoso. PEZESHKI (2001) afirma que dois solos com o mesmo

nível de intensidade de redução podem variar substancialmente na capacidade de

diminuição. É importante avaliar o consumo de oxigênio proposto pela respiração

microbiana e por redutores presentes no solo. A redução do solo altera também a

concentração de nutrientes fundamentais no metabolismo das plantas e desencadeia a

produção de compostos fitotóxicos, como é o caso do etanol, ácido lático, dentre outros.

Alem disso, a depreciação pelas raízes e microrganismos do limitado oxigênio

causado pelo alagamento provoca a redução do potencial de oxirredução no solo. O ar

fornece oxigênio para o solo, porém é reduzido rapidamente, pois os microrganismos

anaeróbios obrigatórios e facultativos respiram utilizando os compostos oxidados como

aceptores de elétrons, transformando-os para as formas reduzidas (MACHADO, 2010).

Com o estabelecimento de um ambiente hipóxico, a via metabólica aeróbia é

desviada para uma via anaeróbia (HARBORNC, 1988; SCHLUTER e FURCH, 1992).

O etanol produzido é proveniente da fermentação, sendo que nesse processo ocorre

além da produção de etanol, CO2 e apenas dois moles de ATP (Trifosfato de Adenosina)

para cada molécula de glicose, diferente da respiração aeróbica que produz 38 moles de

ATP para cada molécula de glicose, uma quantidade de energia insuficiente para o

funcionamento da planta, dificultando a absorção de macronutrientes que são

absorvidos por transporte ativo com gasto de energia. ATP é a principal fonte de energia

para o metabolismo celular, e regenera o NADH (Dinucleotídeo de Adenina

12

Nicotinamida) essencial, o principal suporte bioquímico para a glicólise (DENNIS et al.

2000; TAIZ e ZEIGER, 2004).

Esse consumo exagerado de glicose na fermentação pode impedir o crescimento

do vegetal. Processos, como a fotossíntese, são afetados diretamente, pois as enzimas

são muito sensíveis as mudanças na taxa de oxigênio, e em quaisquer fatores

ambientais. O excesso de etanol é tóxico para as plantas que sofrem com a inundação e

podem causar a morte de raízes, por isso existem plantas que dispõem de mecanismos

para evitar seu acúmulo excessivo, eliminando, por exemplo, pela transpiração ou até

produzindo malato e lactato, produtos finais alternativos. No entanto, devido à inibição

da respiração aeróbica na raiz durante a época das cheias, maiores reduções na

transpiração são observados no período inundado do que no período seco para muitas

espécies de árvores de várzea (PAROLIN, 2012).

O potencial de oxirredução é a mais importante diferença química entre solo

submerso e solo bem drenado (PEZESHKI & DELAUNE, 2012; PONNAMPERUMA,

1972). Reações químicas de oxirredução envolvem a transferência de elétrons entre

doadores de elétrons que perdem elétrons, agentes redutores, e aceptores de elétrons que

ganham elétrons, agentes oxidantes (KIRK, 2004; PONNAMPERUMA, 1972). Sendo

assim, a redução do potencial de oxirredução corresponde à diminuição de reações de

oxidação e o aumento das reações de redução, de forma que o solo passa de um estado

oxidado para um estado reduzido (MACHADO et al., 2010).

Por fim, o alagamento também altera propriedades hidráulicas do solo, uma vez

que o ar preso no interior dos poros de agregados torna-se comprimido por causa da

acumulação de produtos voláteis oriundos da respiração, do inchaço da argila que

provoca a ruptura de grandes agregados, e da dissolução da matéria orgânica e óxidos

que atuam como agentes de cimentação dos agregados (KIRK, 2004). Inicialmente, a

permeabilidade do solo aumenta à medida que os gases se acumulam nos poros, mas

quando o solo começa a desagregar, a permeabilidade reduz gradualmente (KIRK,

2004).

13

3.4 TROCAS GASOSAS

As trocas gasosas das plantas atuam por meio dos estômatos, uma estrutura

encontrada na epiderme vegetal que controla a entrada e saída de gases e água entre a

folha e o meio exterior, abrindo e fechando o ostíolo. Para que ocorra o funcionamento

adequado dos processos fisiológicos da planta, dentro da faixa de valores que a mantém

adaptada ao meio ambiente, as trocas gasosas devem atuar no balanço energético das

folhas, participando da regulação de sua temperatura. Por meio do fechamento dos

estômatos (palavra derivada do grego stoma, que significa boca) é que a planta controla

a transpiração.

Pimentel (1998) explica que o fluxo de vapor d’água diminui

proporcionalmente em maior grau do que a diminuição do fluxo de absorção de CO2,

quando a abertura estomática é reduzida. Os estômatos tendem a se fechar

completamente em caso extremo onde as perdas por transpiração podem afetar,

irreversivelmente, o crescimento ou a sobrevivência da planta. Neste caso as taxas

respiratórias não são afetadas, o que afetado é o aparelho fotossintético devido à

restrição ao fluxo de CO2.

Pimentel, (1998) e Angelocci (2002) afirmam que o controle das trocas gasosas

é considerado um processo complexo, já que as plantas necessitam abrir os estômatos

para a entrada do CO2 e também fechá-los para evitar a perda de água.

3.5 PLANTAS, RELAÇÕES HÍDRICAS E TROCAS GASOSAS

A redução de oxigênio no solo pode alterar as relações hídricas das plantas

desencadeando o fechamento dos estômatos (estrutura relacionada as trocas de gases e

de água entre a folha e o meio ambiente) para que ocorra uma economia de água pela

planta e assim não ocorrendo a desidratação do vegetal. Na figura 1, na imagem (A), as

células-guarda que controlam os estômatos ficaram túrgidas, pois receberam água das

células subsidiárias, abrindo o poro estomático, eliminando vapor de água. Ao contrário

ocorre na imagem (B) da mesma figura, as células-guarda perdem água, fechando os

poros estomáticos. Esse fechamento está relacionado à diminuição da absorção de água

devido a carência de energia para que ocorra a absorção de macronutrientes. A redução

da fotossíntese com o alagamento é frequentemente causada pelo fechamento dos

14

estômatos (ZAERR 1983; LARCHER, 1994). Os estômatos estando fechados a taxa

fotossintética é reduzida, porque ocorre a diminuição de trocas gasosas, entrada de gás

carbônico e saída de oxigênio. A reabertura desses estômatos depende de espécie para

espécie e do período de redução.

Existem inúmeros fatores que podem ser responsáveis pela diminuição da

fotossíntese líquida. Por exemplo, a acumulação de etileno tem sido implicada e os

efeitos podem ser devido à perda da capacidade fotossintética de mesofilo. Condições

Eh Low solo pode levar a redução da fotossíntese líquida, devido à diminuição do

potencial de água na folha, atividade rubisco reduzido, interrupção no transporte

fotossintato, alterações na relação fonte-dreno ou reduzido para exigir. Outros fatores

que podem contribuir para a redução da capacidade fotossintética incluem baixo teor de

clorofila na folha e/ou degeneração de clorofila, e descontrole do PSII (transpiração de

água pela planta).

Figura 1 - Esquema de controle do funcionamento do estômato de uma planta, estrutura que abre e

fecha durante a troca gasosa.

15

3.6 RELAÇÕES HÍDRICAS

A água exerce um papel fundamental na transferência de nutrientes entre vários

compartimentos da planta e na regulação da abertura e fechamento dos estômatos nas

folhas. A precipitação é a maior fonte de umidade do solo e, consequentemente a

principal para a vegetação, porém a deficiência de água no solo faz com que diminua

gradualmente a taxa fotossinteticamente porque os estômatos se fecham diminuindo a

absorção de CO2 e, pelo déficit hídrico, o crescimento das árvores é limitado

(NEPSTAD et.al.; 2002). Quando os teores de água disponível para a planta minimizam

os processos fisiológicos também diminuem acarretando alterações nas taxas de

crescimento da população, provocando ainda morte das plantas, abrindo clareiras. Por

outro lado em condições de inundação, as plantas respondem às alterações físico-

químicas exibindo uma variedade de sintomas de estresse, o que tem sido bastante

estudado (PEZESHKI, 1994a; DALMAGRO et al., 2013; 2104; DALMOLIN et al.

2012, 2013; ARMSTRONG et al., 1994; PIEDADE et al.; 2010). A inundação

temporária ou contínua do solo deixando a terra submersa influencia a composição das

espécies e produtividade das plantas.

De acordo com Parent et al. (2008) as plantas não conseguem sobreviver em

ambientes alagados devido as mudanças provocadas pela inundação. Algumas plantas

toleram o excesso de água, mas, para que isso ocorra, vai depender da espécie e da

idade da planta, bem como do tempo de duração da água no ambiente. A formação de

lenticelas, aerênquimas, raízes adventícias, pneumatóforo, raízes tubulares, suberização

de raízes, transporte pressurizado de gás, fixação de nitrogênio e rebrota são adaptações

estruturais em consequência ao excesso hídrico (PAROLIM, 2012). Adaptações

fenológicas, também acontecem como, por exemplo, na perda de folhas, maturação de

fruto, liberação de sementes, adaptações reprodutivas como tolerância a submersão,

dormência de sementes e germinação imediata.

Segundo Parolin et al. (2010) a redução da atividade fotossintética e redução da

respiração da raiz são características que ajudam as plantas a sobreviverem o período de

seca e essas adaptações características, também podem auxiliar as plantas em período de

alagamento na tolerância ao estresse hídrico.

16

3.7 CONDIÇÕES DE SOLO PANTANEIRO

Os solos do Pantanal desenvolveram-se a partir de sedimentos inconsolidados

marcadamente arenosos com extensões limitadas de materiais argilosos e orgânicos

depositados ao longo do Quaternário (SANTOS et al., 1997). Segundo Del’Arco et al.

(1982), o conjunto da área é composta por sedimentos acumulados na Era Cenozóica,

desenvolvendo a Formação Pantanal; pelos Depósitos Detríticos na encosta dos

Planaltos residuais e Circundantes da área, ocorridos no Pleistoceno, e pelos Aluviões

Atuais localizados nas várzeas de alguns rios da região, os quais ocorreram no

Holoceno.

O Pantanal tem como fundamental agente modelador a dinâmica fluvial,

encarregada pela formação de diferentes ambientes de sedimentação que com as

alterações no curso dos rios criam um agrupamento de superfícies geomórficas com

seus respectivos solos. Essas modificações no curso dos rios tem interferência direta na

hidrologia dos solos gerando rotatividade e complexidade nos processos de formação

destes.

Segundo MESSIAS et al. (2013) a sequência de eventos de sedimentação e de

pedogênese dificulta a fixação das relações de causa e efeito, assim como o

conhecimento da hierarquia e da cronologia dos parâmetros de constituição e

deterioração das feições redoximórficas. Neste cenário, fundamentar conclusões

somente em observações de campo não é satisfatório para uma interpretação objetiva

sustentados em processos para paleossolos, sobretudo em solos policíclicos como são

aqueles situados em sistemas aluviais (MCCARTHY et al., 1998).

O reconhecimento da influência do potencial hídrico do solo no

desencadeamento de alterações físico-químicas das plantas permite relatar que perante

as condições ecológicas do solo, há uma alteração fisiológica e anatômica significativa.

As condições dos componentes ambientais como solo, água, clima, vegetais e

animais, apresentam modificações das plantas, alterando o seu fluxo natural.

O conjunto de fatos e elementos do solo pantaneiro estão vinculados ao

hidromorfismo, condição na qual a aeração é falha, que está relacionado a abundância

de água. Desta forma, conforme Fernandes et al. (2007), influenciados pela natureza do

material de origem e pelo regime de inundações periódicas a que estão submetidos, os

solos do Pantanal têm características diferenciadas, desde a extrema pobreza em bases

17

trocáveis à saturação em sódio bastante elevada. Santos et al. (1997) reforçam dizendo

que devido a constituição essencialmente arenosa, existe a ocorrência de grandes

quantidades de argilas expansivas e mudanças texturais abruptas em profundidade ao

solo, entre outras, o que limita seu uso para cultivo.

Os solos da planície alagável são compostos por sedimentos soltos, datados do

Período Quaternário, principalmente arenosos, com algumas áreas de argila e com

maior teor de matéria orgânica. Os tipos de solos encontrados são: podozólicos

vermelhoamarelos, regossolos, litólicos, brunizéns avermelhado e solos concrecionários

(PCBAP, 1997).

Cardoso et al. (2011) referem-se sobre o papel das pastagens que promoveram

alterações significativas nos atributos químicos do solo, notadamente na camada de 0 –

10 cm, o que é evidenciado pela redução da fertilidade do solo nas áreas de pastagens

cultivadas.

Por conseguinte, as propriedades mineralógicas e químicas desses terrenos são,

em boa parte, definidas pela natureza do material de início e da época das inundações

periódicas, conferindo aos solos atributos individualizadas, como alta saturação de

sódio e, em alguns casos, de alumínio, consistência variável em consequência ao tipo de

sedimento depositado e riqueza em argilas expansivas (FERNANDES et al.2007). Além

disso, os solos ficam sujeitos ao acréscimo ou diminuição de materiais inorgânicos e

orgânicos em solução e da configuração particulada, principalmente por fluxos laterais

(Bertsch e Seaman 1999), que desorganiza o balanceamento dos elementos e dos

compostos no solo.

18

3.8 DESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES

Tocoyena formosa

A Tocoyena formosa, pertencente à família Rubiaceae, é conhecida

popularmente no pantanal como olho de boi, sendo nativa da América Tropical. No

Brasil possui ampla distribuição, ocorrendo nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste,

Sudeste e Sul até no Paraná (PRADO, 1987; GOTTSBERGER; EHRENDORFER,

1992). A Tocoyena formosa tem caule esverdeado que normalmente apresenta

ramificação simpodial, com altura de aproximadamente 2,5m de altura, suas folhas são

coriáceas, simples e opostas.

Ocorrem como arbustos, bem como árvores, com altura média de 1,7m. As

folhas são pecioladas, com o limbo alcançando até 25 cm de comprimento e 15cm de

largura. Apresentam inflorescências multiflorais com flores grandes, tubulosas, de

coloração amarelada ou branca amarelada. A floração ocorre de outubro a dezembro e,

algumas vezes, até janeiro. O principal polinizador dessa espécie é a mariposa-falcão

Agrius cingulatus. O fruto formado é uma baga globosa, mostrando nitidamente os

restos do cálice (FERRI, 1969). Após a queda da corola, o ovário exposto mantém o

disco nectarífero da base do cálice produtivo.

Figura 4 – Folhas e Frutos da espécie Tocoyena formosa família Rubiaceae.

19

Curatella americana

A Curatella americana L. (Dilleniaceae), habitualmente conhecida como

“lixeira” no Brasil, é usada vastamente em medicina popular para cura de úlceras e

várias inflamações. Estão presentes não só no território de Mato Grosso, mas no

território nacional.

C. americana é uma angiosperma, tornando-se uma árvore ou arbusto tortuoso

que mede entre 1 a 12 metros de altura. Floresce nos meses de julho a novembro. As

cascas são grossas acinzentadas que se separam em placas. As folhas são alternas,

ovuladas, com até 26 cm de comprimento, suavemente torcidas, quebradiças, de cor

verde-claro e superfície muito áspera. Por suas folhas serem tão duras e ásperas são

conhecidas como lixeira (CARVALHO, 2007).

Ainda, as inflorescências são curtas, contendo de 10 a 20 flores pequenas de cor

amarelo-pálido. Os frutos são secos com coloração cinza. Abrem espontaneamente

expondo 3 a 5 sementes castanhas cobertas por uma estrutura carnosa de cor branca.

Apresenta copa globosa, folhas alternas, ovaladas, coriáceas e muito ásperas,

caducifólia. Fruto núcula dímera, com cálice persistente. Floresce entre agosto e

outubro, frutificando de dezembro a janeiro. A casca, rica em tanino, tem propriedade

cicatrizante e também empregada para curtimento de couros. A madeira é utilizada na

marcenaria, torno e carpintaria. É considerada uma excelente planta apícola

(CARVALHO, 2007).

Figura 5 – Folhas e Frutos da espécie Curatella americana família Dillenaceae. Créditos de Imagem:

A.Cardoso.

20

Alchornea discolor Poepp

A Alchornea discolor Poepp, conhecida como uva brava, característica da

América do Sul, no Brasil é encontrada principalmente na região Norte. Árvores ou

arbustos em torno de 2-20 metros, APRESENTA folhas peninérveas, pecíolo 0,5 à 3,5

cm comprimento, face adaxial verde-escura, nervuras proeminentes a impressas, face

abaxial arroxeada na fase jovem, verde-clara a acinzentada na maturação, com nervuras

proeminentes. As Inflorescências são estaminadas em panículas, as flores dispostas em

glomérulos, envoltos por uma bráctea sagitada, pilosa e os frutos elípticos com 2, raro 3,

mericarpos. Dispõe de um a cinco ramos por planta, cada parte com altura variando de

1,5 cm a 81 cm, e o diâmetro dos galhos ao nível do solo de 2,3 mm a 8,1 mm. O

padrão fenológico é sazonal do tipo semidecíduo, com produção de frutos e sementes

sadias, sobretudo durante a passagem da estação seca para chuvosa (SILVA et al. 2000).

Figura 6 – Folhas da espécie Alchornea discolar Poepp. famíli Euphorbiaceae. Créditos de Imagem:

A. Cardoso.

21

Byrsonima orbignyana

A Byrsonima orbignyana, popularmente conhecida como canjiqueira, é uma

planta nativa exclusiva de solos arenosos, sendo uma das espécies daninhas de

pastagens do Pantanal norte. Alastram-se pelas beiras de estradas e áreas desmatadas,

capões, campos-cerrados inundáveis ou não, sendo tolerante a queimadas, exceto

quando jovem. Ocorre frequentemente em campos alagáveis na Amazônia, Bolívia e no

Brasil Central, formando os canjiqueirais (POTT & POTT, 1994).

Torna-se uma invasora ao ocupar campos limpos e áreas baixas, fechando-os e

danificando a produtividade das pastagens nativas (SANTOS et al., 2006).

É comumente utilizada como lenha, por produzir pouca fumaça. Seu fruto é

comestível que serve para suco e para alimento de aves. Além disso, é uma espécie

forrageira, apícola e tem potencial para curtume por possuir casca com oxalato de cálcio

e tanino (POTT & POTT, 1994).

Figura 7 – Folhas da espécie Byrsonima orbignyana família Malpighiaceae. Créditos Imagem:

CRBIODIGITAL.

22

Vochysia divergens

A Vochysia divergens Pohl, conhecida popularmente como cambará, é uma

árvore perene nativa do Bacia Amazônica, encontrada nos Estados de Goiás, Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul, podendo atingir uma altura de 25-28 m (POTT E POTT,

1994). As folhas apresentam um verde escuro e são bastante brilhantes. A floração tem

início na vazante com flores amarelas reunidas em inflorescências, sendo que a maior

produção de sementes ocorre entre os meses de agosto e setembro.

V. divergens exibe propriedades ecológicas e fisiológicas que beneficiam seu

acelerado crescimento e dominância em campos sazonalmente inundados.

Possui baixa tolerância ao estresse da seca, apresentando suas populações

reduzidas pelo efeito de períodos plurianuais de grandes secas (NUNES DA CUNHA et

al., 2000; NUNES DA CUNHA & JUNK, 2004).

Figura 8 – Folhas e Flores da espécie Vochysia divergens Pohl família Vochysiaceae.

Créditos de Imagem: T. Gálvez.

23

Licania parvifolia

A Licania parvifolia, popularmente chamada de pimenteira, é da família

Chrysobalanaceae E, tem dispersão biótica, tendo seu maior potencial de acometimento

no meio ambiente em locais de inundações de longa duração, sendo fator determinante

para distribuição ao decorrer do perfil topográfico pantaneiro.

Tolerantes à inundação se desenvolvem a partir da vegetação marginal, assim há

invasão lenhosa em campos inundados por extravasamento fluvial (POTT, 2000).

Figura 9 – Folhas da espécie Licania parvifolia família Chrysobalanaceae. Crédito de Imagem:

D.Sasaki/Programa Flora Cristalina

24

Duroia duckei

A Duroia duckei é da família Rubiaceae, de nome popular marmelada, sendo

árvore DE dossel médio a inferior, teM favoritismo por áreas que alagadas. Gera frutos,

ocorrendo maturação do mesmo entre os meses de maio a junho.

Tem Base do tronco reta e Ritidoma marrom avermelhado, desprendendo em

faixas transversais. Floema marrom avermelhado, alburno creme amarelado. Folhas

simples, opostas, agrupadas no ápice dos ramos. Nervuras central e secundária

proeminentes na face inferior. Pecíolo alongado. Ápice dos ramos coberto por uma capa

marrom. Flores brancas em inflorescências terminais. Possuem o fruto como a unidade

de dispersão.

Figura 10 – Folhas e Frutos verdes da espécie Duroia duckei família Rubiaceae. Crédito de Imagem:

Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas.

25

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. ÁREA DE ESTUDO

Essa pesquisa foi realizada dentro da Reserva Particular de Pesquisa do

Patrimônio Natural (RPPN) do Serviço Social do Comércio (SESC-Pantanal),

localizada no município de Barão de Melgaço (16º39’S; 56º47’O), no Retiro Espirito

Santo, em uma área chamada Carrapatal, próximo a Comunidade de São Pedro de

Joselândia, a aproximadamente 160 km de Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso.

As campanhas de campo ocorreram em março de 2014, em pleno período da cheia, e

agosto de 2014, no período da seca.

O clima da região é Aw segundo a classificação de Köppen, sendo o solo

classificado como Planossolo Háplico Alítico gleissólico (COUTO et al., 2008), com

um período de intensas chuvas, entre outubro e abril e outro período seco, entre maio e

setembro ( NUNES DA CUNHA & JUNK, 2004). A precipitação média anual está

entre 1100 e 1200 mm, sendo que no mês mais seco pode ser inferior a 40 mm

(HASENACK et al., 2003).

As superfícies geomórficas no sítio de estudo são os paleodiques, paleocanais,

paleoplanície. As fitofisionomias que acontecem nessas superfícies geomórficas são as

Floresta Estacional Semi-decidual das Terras Baixas, Savana Florestada ocorrem nos

paleodiques, Savana Parque, formações pioneiras com vegetação herbácea com

influência fluvial e/ou lacustre com ocorrência de algumas espécies, lagoas

intermitentes e vegetação arbustiva na planície do rio Cuiabá.

Figura 2 – Mapa de localização da área de estudo para coleta das amostras para

análise.

26

4.2. INSTRUMENTOS E MEDIDAS

O experimento foi conduzido em uma área sazonalmente alagada, no caso o

Pantanal Mato-grossense.

Figura 3 – Realização das analises das amostras coletadas em campo, através do

analisador portátil de fotossíntese.

A inundação na reserva normalmente ocorre entre dezembro e maio, com níveis

de água que podem atingir dois metros por causa das inundações do rio Cuiabá,

localizado a 12 km ao norte (GIRARD et al., 2010).

A dominância e frequência das espécies estudadas foram estimadas no início de

2014, através da contagem e identificação de todas as árvores com mais de 1,5 m de

altura que foram encontrados dentro de um círculo com 100 m de raio, demarcada a

partir do centro de uma cordilheira. De todas as espécies encontradas na área de estudo,

sete foram selecionadas, devido a sua maior frequênciam na área de análise sendo a V.

divergens, C. americana, Tocoyena formosa (C. st S.) Schum. (Rubiaceae), Alchornea

descolor Poepp. (Euphorbiaceae), L. parvifolia, Byrsonima orbignyana A. Juss.

(Malpighiaceae), e Duroia duckei Huber (Rubiaceae). Ambos C. americana e T.

formosa .

27

As medições de parâmetros de solo foram realizadas por dois conjuntos de

sensores, colocados no solo em 10 cm e 30 cm de profundidade, ligados a um

datalogger CR1000 (Campbell Scientific, Logan, Utah, EUA), com leituras feitas a cada

meia hora. Em cada profundidade do solo foram registrados a Umidade do solo (URsolo)

e temperatura (EC-5, Decagon Devices, Pullman, Washington, EUA), água potencial

matricial (MPS-2, Decagon Devices, Pullman, Washington, EUA) e potencial de

oxidação-redução (Cole Parmer, Vernon Hills, Illinois, EUA). Uma estação

meteorológica (WXT520, Vaisala Inc., Helsínquia, Finlândia) instalada dois metros

acima do solo permitiu medições de temperatura do ar, pressão, umidade relativa,

velocidade do vento, direção do vento e precipitação.

Pelos dados de temperatura (Tar) e umidade relativa (UR) foi possível calcular o

déficit de pressão de vapor d’água do ar (DPV), que é a diferença entre a pressão de

vapor d’água do ar saturado (es) e a pressão de vapor d’água do ar atual (e). A pressão

de vapor d’água do ar atual (e) em (kPa) foi calculada conforme a equação abaixo:

A pressão de vapor d’água do ar saturado (es) em (kPa) foi obtida como uma

função da T, conforme a equação abaixo:

(

)

As medidas de troca gasosa foram feitas em duas campanhas realizadas em

2014: uma durante a inundação em 29 de abril de 2014, quando o solo Eh foi -947 mV a

30 cm de profundidade (alagado), e em 08 de agosto de 2014, durante a estação seca,

quando foi Eh 924 mV (seco). Cinco indivíduos foram selecionados e marcados por

espécie (35 árvores) para permitir medidas repetidas nos mesmos indivíduos durante as

campanhas. A distância entre as espécies selecionadas foi cerca de 5m uma da outra.

Em cada indivíduo foi selecionado o segundo nó que contém folhas completamente

expandidas do ápice para a base para realizar as mediadas de troca gasosa.

As medições de troca de gás, como a taxa líquida de fotossíntese (PN, µmol

(CO2) m-2

s-1

), transpiração (E, mmol (H2O) m-2

s-1

) e condutância estomática (gs, mol

(H2O) m-2

s-1

), foram feitas com um sistema portátil de fotossíntese LI-6400XT (LI-

28

COR Inc., Lincoln, Nebraska, EUA). Para efeito de padronização, todas as folhas

analisadas foram submetidas a um fluxo de fótons de 1000 μmol m-2

s-1

, a uma

temperatura do bloco de 28 °C, uma concentração de CO2 de ar de referência corrigido

em 400 μmolmol-1

e a umidade relativa de referência de 60% para minimizar a

heterogeneidade estomática. A eficiência do uso da água intrínseca (EUA, mol (CO2)

mol-1

(H2O)) foi calculada como a relação entre PN e gs, conforme a equação abaixo:

4.3 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Os parâmetros de trocas gasosas, micrometeorológica e de solo foram testados

quanto à normalidade e homogeneidade de variância pelo teste da mediana de

Kolmogorov-Smirnov e Levene, respectivamente. Uma vez que os dados não

preenchiam os requisitos para um teste paramétrico, foi utilizada a extensão Scheirer-

Ray-Hare do teste de Kruskal-Wallis (SCHEIRER et al., 1976), seguida pelo teste de

comparações pareado de Dunn’s para testar as diferenças entre as espécies (S) e os

períodos de hidrologia (H) (SOKAL e ROHLF 1995). Todas as análises foram

realizadas utilizando SPPS 17,0 (SPSS Inc., Chicago, Illinois, EUA).

29

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Caracterizações dos dados micrometeorológicos e de solo

A inundação no Pantanal mato-grossense é sazonal e consiste em elevação do

nível de água na superfície causando a enchente por um longo período do ano,

geralmente, com início no mês de novembro. O rio Cuiabá atingiu uma altura máxima

de cinco metros em 29 de março de 2014, maior do que qualquer outro nível registrado

nos cinco anos anteriores. Um medidor de água localizada dentro da Reserva, colocado

a cerca de dois quilômetros do local da pesquisa, registrou 140 dias de alagamento. A

grande inundação durante a temporada de 2014 resultou em um longo período de

saturação do solo (por exemplo, valores volumétricos de água acima de 0,30 m3.m

-3 e os

valores mais negativos de Eh em comparação com os três anos anteriores.

Logo, as plantas para sobreviverem em áreas de alagamento diferem de outras

porque elas desenvolvem adaptações fisiológicas, modificações nos processos

metabólicos, morfo-anatômicas, modificações dos órgãos e tecidos, e também

etológicas e modificações de comportamento.

Portanto, o déficit de pressão de vapor apresentou interações significativas entre

os anos e meses H4,11 = 1161.61, p <0.05 (Figura 11). Os maiores valores encontrados

durante pela pressão do vapor foram nos meses de agosto, setembro e outubro, em todos

os anos estudados apresentando relevância. Esse período corresponde ao período de

seca no pantanal, quando o índice pluviométrico, entra em declínio e com isso a

umidade do ar atmosférico torna-se muito baixo.

30

Figura 11 – Dados instantâneos de 30 em 30 minutos do déficit de pressão de vapor (DPV) entre os

anos 2010 a 2014 no período seco e inundado. As setas indicam o dia dadas campanhas de campo.

O DPV diminui somente nos meses em que a precipitação aumenta. SANCHES

(2010), em estudo realizado em floresta monodominante Carambazal no Pantanal,

mostrou que o DPV apresentou máximas e mínimas nas estações seca e úmida,

respectivamente, encontrando valor de 0,60 kPa, em fevereiro, e 2,2 kPa, em setembro.

A variação do DPV- foi de 1,5 à 6,0 kPa, pois a planta tem de manter seus estômatos

fechados para não perder muita água durante o período em que o DPV era alto.

Confirmado esses dados foi possível perceber a diminuição da transpiração (Figura 15)

da planta nesse período.

Variações no déficit de pressão de vapor (DPV), são imediatamente sentidas pela

vegetação (FERREIRA DA COSTA et al., 2003). As mudanças sazonais da taxa de

fotossíntese (A) e da condutância estomática (gs) em espécies arbóreas nas regiões

tropicais estão relacionadas às condições de déficit de pressão de vapor (DPV), da

temperatura do ar (Tar) e principalmente da umidade do solo (us), características do local

e de cada estação climática do ano (EAMUS e COLE, 1997; PRIOR et al., 1997).

Os valores do Eh (Figura 12) mostraram ser diferentes significativamente entre

os períodos de seca e de inundação H4,11 = 18.654,15, p <0.05. Isso ocorre devido à

31

precipitação que é diferente entre as estações do ano e também foi observada uma

diferença significativa na interação ano e mês. Para cada ano o índice pluviométrico

altera, por exemplo, em alguns anos o mês de Janeiro tem maior índice pluvimétrico e

em outros é o mês de Fevereiro que apresenta maior quantidade de precipitação, ou até

mesmo no mês março.

Quando ocorre o alagamento, os espaços entre os sedimentos que compõem o

solo são ocupados por água, o que limita as trocas gasosas entre solo e atmosfera,

diminuindo o Eh. LIMA et al. (2005) explicam que o Eh mede a intensidade de redução

do solo, dessa forma quando os valores são muito baixos ou negativos indicam

condições redutoras, por outro lado se apresentar valores altos e positivos indica que há

uma diminuição na atividade de elétrons e o sistema está em condições oxidantes.

No ano de 2012 não teve inundação no pantanal, dessa forma não foi possível

observar uma redução significativa do Eh como mostra na Figura 12. Entre os anos de

2010, 2011, 2013 e 2014, devido às enchentes, o Eh chegou a resultados negativos no

momento em que as águas espalharam na planície do pantanal, acelerando assim a

inversão do Eh, de positivo para negativo. A queda do Eh acontece exatamente no

período da enchente, por isso percebemos quedas em meses diferentes em cada ano. O

tempo de duração do -Eh negativo durante os anos observados foi mais longo nos anos

de 2011 e 2014, ou seja, a duração da queda é proporcional. A duração da enchente.

32

Figura 12 – Dados instantâneos de 30 em 30 minutos do potencial oxi-redução do solo entre os anos

de 2010 a 2014 no período seco e inundado. As setas indicam o dia dadas campanhas de campo.

A Figura 13 apresenta os valores médios, em milímetros, da precipitação

acumulada entre os anos de 2010 a 2014 no Pantanal-MT.

Assim como o Eh, a precipitação apresentou diferenças entre anos e meses H4,11

= 573,48, p <0,05. Os maiores volumes de água ocorreram entre os meses de novembro

a março, que correspondem aos meses de inundação, chegando a 34 e 35 mm de

precipitação por dia, isso em 2011, 2012 e 2014. As enchentes no pantanal sempre

atingem seus maiores níveis entre os meses de fevereiro, março e abril, quando as cavas

dos rios já estão cheias e as águas espalham na planície pantaneira. Entre os anos

relatados, o de 2014 superou os demais, pois teve um período maior de inundação,

atingindo o maior nível de volume de água.), sendo assim, os meses de estação úmida

são quando ocorrem as maiores trocas gasosas das folhas.

33

Figura 13 – Precipitação diária acumulada (PPT) entre os anos 2010 a 2014. As setas indicam o dia

dadas campanhas de campo.

A umidade do solo (Figura 14) está diretamente relacionada com a precipitação

e com a enchente. Apresentou interação diferenças significativas entre H4,11 =

10.513,39, p <0,05. Em meses de maior precipitação a umidade do solo está mais

elevada, chegando a 0.3 m³/m³, período correspondente aos meses de fevereiro até abril

para todos os anos estudados, com exceção do ano de 2014 que a umidade chegou a 0.4

m³/m³ e permaneceu elevada desde janeiro até maio, porque as chuvas nesse ano foram

bastante intensas, deixando o solo saturado. Os menores valores são bem observados

entre os meses de abril e setembro, para os anos de 2010 e 2011, e entre julho e

setembro, para os anos de 2012 e 2013, mostrando assim uma não conformidade da

umidade do solo no decorrer dos anos.

34

Figura 14 – Dados dos anos 2010 a 2014 no período seco e inundado. As setas indicam o dia dadas

campanhas de campo.

5.2 Caracterização do comportamento sazonal das variáveis

fisiológicas

As Figuras 15, 16, 17 e 18 referem-se às trocas gasosas das sete especies: V.

divergens (Vd), B. orbignyana (Bo), C. americana (Ca), D. duckei (Dd), A. discolor

(Ad), L. parvifolia (Lp), T. formosa (Tf) entre os períodos de seca e inundação no ano

de 2014.

Houve diferenças significativas na PN entre as espécies, com três diferentes

grupos emergentes (H1,122 = 31,37, p <0,001, Figura 15). Foram observadas as maiores

taxas de PN para V. divergens e B. orbignyana, especialmente durante a estação seca,

taxas intermediárias para C. americana, D. duckei, A. discolor e L. parvifolia, e a menor

PN foi observado para T. formosa. A PN também variou significativamente entre os

35

períodos hidrológicos (H1,122 = 16,98, p <0,001), e, enquanto todas as espécies

apresentaram maior PN durante a estação seca, somente V. divergens e D. duckei

apresentaram diferenças sazonais estatisticamente significativas em PN (Figura 15).

Figura 15 – Medias (± EP; n =5) da taxa potencial liquida fotossintética (PN) no ano de 2014 das sete

espécies estudadas nos diferentes períodos hidrológicos (seco e inundado). Os resultados estatísticos

são expressos como H-estatística e da probabilidade do erro de tipo I (p) obtido a partir da extensão

de Scheirer-Ray-Hare do teste de Kruskal-Wallis, com espécies (S) e período hidrológico (H) como

efeitos fixos. * p <0,05; ** p <0,01; *** p <0,001. Letras diferentes representam diferenças entre as

espécies e asterisco “*” entre os períodos hidrológicos para cada espécie.

Diferenças significativas na gs foram observadas entre espécies (H6,122 = 25,98, p

<0,001), mas não entre as estações (Figura 16). Tal como acontece com PN, V.

digervens e B. orbignyana tiveram as maiores gs, mas as taxas de gs não diferiram

significativamente entre V. divergens, C. americana e L. parvifolia. T. formosa que

apresentaram os menores valores em gs, 0,10 ± 0,02 mol (H2O) m-2

s-1

(média ± 1 EP n

= 5). No entanto, as taxas de gs de A. discolor foram apenas ligeiramente superior a 0,16

± 0,02 mol (H2O) m-2

s-1

. Finalmente, D. duckei apresentou taxas intermédias de gs, que

foram maiores do que a observada para T. formosa durante a estação seca, mas não

maiores que as apresentadas pela A. discolor (Figura 16).

O decréscimo em gs das espécies Bo, Dd, Ad, Lp e Tf no período inundado, está

ligado ao fechamento dos estômatos pela planta, ocasionado pela diminuição da difusão

de CO2 , bem como da diminuição da permeabilidade e da condutividade da água pelas

raízes (DAVIES e FLORE, 1986 , PEZESHKI, 2001; MIELKE et al., 2003). Outro

fator que também reduz a condutância é a temperatura, pois em horários mais quentes o

Espécies

PN

mo

l C

O2

m-2

s-1

)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Inundado

Seco

E 6,122 = 31.37***

H 1,122 = 16.98***

E x H 6,122 = 2.67*

Vd Bo TfDdCa LpAd

A A

B B B B

C

*

* *

36

potencial hídrico das folhas alcança níveis críticos proporcionando a estabilidade do

sistema de transporte de água conforme Landsberg e Sands (2011).

Resultados semelhantes ao encontrado neste trabalho da espécie Tf, com 0,1 de

condutância no período inundado, foram encontrados por Dalmolin (2009), Carvalho e

Ishida (2002), Rehem (2006), Oliveira (2007) e Batista et al. (2008). Todos estudaram

diferentes espécies submetidas ao alagamento.

A capacidade de controle da transpiração de um vegetal é intensamente

influenciada pela adequação da planta ao seu meio ambiente. Em determinadas

situações, a abertura ou fechamento dos estômatos que controlam as trocas gasosas

entre a planta e a atmosfera são conduzidos pelo conteúdo de água no solo disponível ao

sistema radicular. Estas respostas estomáticas são bastante mutáveis entre as diversas

espécies, que possuem incontáveis estratégias de sobrevivência, pelo fato dos estômatos

sofrerem influência direta das condições climáticas (LARCHER, 2000). Mesmo entre

indivíduos de uma mesma espécie, possui respostas distintas devido à posição dos

galhos nas árvores, das folhas nos galhos, e dos estômatos nas folhas.

Figura 16 – Medias (± EP; n =5) da condutância estomática (gs) no ano de 2014 das sete espécies

estudadas nos diferentes períodos hidrológicos (seco e inundado). Os resultados estatísticos são

expressos como H-estatística e da probabilidade do erro de tipo I (p) obtido a partir da extensão de

Scheirer-Ray-Hare do teste de Kruskal-Wallis, com espécies (S) e período hidrológico (H) como

efeitos fixos. * p <0,05; ** p <0,01; *** p <0,001. Letras diferentes representam diferenças entre as

espécies e asterisco “*” entre os períodos hidrológicos para cada espécie.

Espécies

gs (

mol H

2O

m-2

s-1)

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

Inundado

Seco

Vd Bo TfDdCa LpAd

AB A

B

C CD

AB

D

E 6,122 = 25.98***

H 1,122 = 3.89

E x H 6,122 = 0.75

37

A taxa de transpiração (E) mostrou padrões semelhantes com a gs, no entanto,

além de diferenças significativas entre as espécies (H6,122 = 24,21, p <0,001) também

houve diferença entre os períodos hidrológicos (H1,122 = 4,58, p <0,05) (Figura 17). As

diferenças entre as espécies foram semelhantes aos da gs, com V. divergens e B.

orbignyana apresentado maiores valores de E e T. formosa o menor. Apesar de não

existir diferenças significativas na interação entre E x H, cinco das sete espécies tiveram

menores taxas de E durante a estação seca, com apenas D. duckei e T. formosa exibindo

a tendência sazonal oposto (Figura 17).

Figura 17 – Medias (± EP; n =5) da taxa transpiratória (E) no ano de 2014 das sete espécies

estudadas nos diferentes períodos hidrológicos (seco e inundado). Os resultados estatísticos são

expressos como H-estatística e da probabilidade do erro de tipo I (p) obtido a partir da extensão de

Scheirer-Ray-Hare do teste de Kruskal-Wallis, com espécies (S) e período hidrológico (H) como

efeitos fixos. * p <0,05; **p <0,01; *** p <0,001. Letras diferentes representam diferenças entre as

espécies e asterisco “*” entre os períodos hidrológicos para cada espécie.

A eficiência no uso da água (EUA) caracteriza a quantidade de água que uma

planta perde para que ocorra uma quantidade de matéria seca, sendo que as plantas mais

eficientes para o uso da água produzem mais matéria seca por grama de água

transpirada (MACHADO et al., 2010). A EUA variou significativamente entre as

espécies (H6,122 = 10,65, p <0,001), mas não entre os períodos hidrológicos, e havia uma

interação estatisticamente significativa entre E x H (H6,122 = 2,35, p < 0,05; Figura 18).

A. discolor apresentou maior EUA, especialmente durante a época inundada, enquanto

L. parvifolia teve a menor. Houve, no entanto, uma ampla sobreposição em EUA para

todas as espécies, exceto A. discolor. Em geral, V. divergens, B. orbignyana, D. duckei,

e L. parvifolia apresentaram maior EUA durante a estação seca, com a diferença sendo

Espécies

E (

mm

ol H

2O

m-2

s-1

)

0

1

2

3

4

5

6

7

Inundado

Seco

Vd Bo TfDdCa LpAd

AB A

BC

CD D

BC

E

E 6,122 = 24.21***

H 1,122 = 4.58*

E x H 6,122 = 1.04

38

estatisticamente significativa somente para V. divergens, enquanto A. discolor e T.

formosa apresentaram maior EUA durante o período de cheia (Fig. 18).

Presumivelmente, a forte resposta EUA de A. discolor, e a resposta sazonal oposta, mas

significativo para V. divergens, representaram a interação significativa entre espécies x

período hidrológico.

Figura 18 – Medias (± EP; n =5) eficiência intrínseca do uso da agua (EUA) no ano de 2014 das sete

espécies estudadas nos diferentes períodos hidrológicos (seco e inundado). Os resultados estatísticos

são expressos como H-estatística e da probabilidade do erro de tipo I (p) obtido a partir da extensão

de Scheirer-Ray-Hare do teste de Kruskal-Wallis, com espécies (S) e período hidrológico (H) como

efeitos fixos. * p <0,05; ** p <0,01; *** p <0,001. Letras diferentes representam diferenças entre as

espécies e asterisco “*” entre os períodos hidrológicos para cada espécie.

Espécies

EU

A (

mo

l C

O2

mo

l-1

H2

O)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Inundado

Seco

Vd Bo TfDdCa LpAd

BBCD

BCDBC

A

D CD

E 6,122 = 10.65***

H 1,122 = 0.99

E x H 6,122 = 2.35*

**

39

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A PN das espécies foi fortemente influenciada pelo baixo Eh devido à inundação

sazonal, especifica da região pantaneira A maioria das espécies estudadas tiveram

maiores taxas de PN durante a estação seca, quando o solo Eh foi positiva,

As reduções na PN de algumas espécies em resposta à inundação sazonal foi uma

estratégia eficaz para reduzir a demanda metabólica durante períodos de estresse

hídrico.

Para algumas espécies, como V. divergens e B. orbignyana, maiores taxas de PN

em relação a outras espécies em ambos os períodos de seca e durante períodos de

inundação pode ajudar a explicar a sua posição dominante em algumas áreas do

Pantanal.

No entanto, para outras espécies há diferentes estratégias ecológicas em relação

ao ganho de carbono e uso da água que afetam, sem dúvida, a capacidade de

concorrência e colonização das espécies observadas aqui, o que pode explicar sua

coexistência na região de estudo.

Embora ainda haja muita incerteza sobre os processos fisiológicos e mecanismos

que influenciam a distribuição das espécies em zonas úmidas tropicais, os resultados

sugerem que algumas espécies podem ter alto desempenho fisiológico sob uma ampla

gama de condições de oxidação-redução do solo. Este desempenho fisiológico alto pode

ajudar a explicar a sua posição dominante no Pantanal Norte, e, presumivelmente, em

outras áreas com grandes variações sazonais hidrológicas.

40

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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