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Prefeitura Municipal de Campo Grande Águas Guariroba S.A. Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental dos Mananciais do Córrego Guariroba APA do Guariroba Volume I Maio de 2008

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Prefeitura Municipal de Campo Grande guas Guariroba S.A.

Plano de Manejo da rea de Proteo Ambiental dos Mananciais do Crrego Guariroba APA do Guariroba Volume I Maio de 2008

Prefeitura Municipal de Campo Grande

Plano de Manejo da rea de Proteo Ambiental dos Mananciais do Crrego Guariroba APA do Guariroba Volume II - Anexos Maio de 2008

Prefeitura Municipal de Campo Grande Plano de Manejo da rea de Proteo Ambiental dos Mananciais do Crrego Guariroba APA do Guariroba Maio de 2008

NDICE

1.0 INTRODUO ....................................................................................................................................1

2.0 METODOLOGIA .................................................................................................................................3

3.0 CONTEXTO SCIO-AMBIENTAL LOCAL E REGIONAL ................................................................5

3.1 ASPECTOS FSICOS ............................................................................................................................5 3.2 ASPECTOS BITICOS .........................................................................................................................8 3.3 ASPECTOS SCIO-ECONMICOS ...................................................................................................... 10

4.0 DIAGNSTICO AMBIENTAL DA APA DO GUARIROBA ............................................................. 14

4.1 MEIO FSICO .................................................................................................................................. 14 4.1.1 Substrato Rochoso ............................................................................................................... 14 4.1.2 Relevo .................................................................................................................................. 17 4.1.3 Solos ..................................................................................................................................... 21 4.1.4 Recursos Hdricos, Usos e Qualidade da gua ................................................................... 27

4.2 MEIO BITICO ................................................................................................................................ 34 4.2.1 Cobertura Vegetal ................................................................................................................ 34 4.2.2 Fauna Terrestre .................................................................................................................... 73 4.2.3 Fauna Aqutica .................................................................................................................... 98

4.3 MEIO ANTRPICO ........................................................................................................................ 105 4.3.1 Estrutura Fundiria ............................................................................................................. 105 4.3.2 Atividades produtivas ......................................................................................................... 107 4.3.3 Infra-estrutura ..................................................................................................................... 109 4.3.4 Arqueologia ........................................................................................................................ 109 4.3.5 Aspectos scio-culturais ................................................................................................... 1132 4.3.6 Restries legais a ocupao ............................................................................................ 113

5.0 ANLISE INTEGRADA ................................................................................................................. 115

5.1 POTENCIAL DE UTILIZAO AGRCOLA, DEMANDAS HDRICAS E ERODIBILIDADE DOS SOLOS ............... 115 5.2 UNIDADES DE TERRENOS E CONDICIONANTES ABITICOS DOS ECOSSISTEMAS TERRESTRES .......... 116 5.3 PERDAS DE SOLO POR EROSO LAMINAR NA APA DO GUARIROBA .................................................. 122 5.4 QUADRO TENDENCIAL .................................................................................................................. 126

6.0 ZONEAMENTO AMBIENTAL ....................................................................................................... 129

7.0 PROGRAMAS AMBIENTAIS ........................................................................................................ 140

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roba.doc%23_Toc171483305%23_Toc171483305file:///C:/Documents%20and%20Settings/Renata/Dados%20de%20aplicativos/Microsoft/Word/Material%20de%20Apoio/Plano%20de%20Manejo%20APA%20Guariroba.doc%23_Toc171483306%23_Toc171483306file:///C:/Documents%20and%20Settings/Renata/Dados%20de%20aplicativos/Microsoft/Word/Material%20de%20Apoio/Plano%20de%20Manejo%20APA%20Guariroba.doc%23_Toc171483307%23_Toc171483307

8.0 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................................. 154

9.0 EQUIPE TCNICA ........................................................................................................................ 165

Anexos Anexo 1 Registros Fotogrficos Anexo 2 Mapas Anexo 3 Fontes de Financiamento

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APA do Guariroba - Plano de Manejo

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1.0 Introduo A base legal para criao das reas de Proteo Ambiental (APA) remonta o incio da dcada de 1980, quando da publicao da Lei Federal N. 6.902, de 27 de abril de 1981, que no seu artigo 8, estabeleceu que "havendo relevante interesse pblico, os poderes executivos Federal, Estadual ou Municipal podero declarar determinadas reas dos seus territrios de interesse para a proteo ambiental, a fim de assegurar o bem-estar das populaes humanas, a proteo, a recuperao e a conservao dos recursos naturais". Atualmente, com base na Lei Federal N. 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza (SNUC), a rea de Proteo Ambiental (APA) constitui uma categoria de Unidade de Conservao de Uso Sustentvel, onde podem coexistir o desenvolvimento de atividades produtivas exploradoras de recursos naturais e os objetivos de preservao dos atributos naturais e/ou paisagsticos. Ao contrrio de outras modalidades de Unidades de Conservao previstas no SNUC e includas no grupo de unidades de Proteo Integral, as reas de Proteo Ambiental podem ser constitudas por reas privadas e pblicas. Tal aspecto torna as reas de Proteo Ambiental uma modalidade especial de Unidades de Conservao, nas quais a capacidade de interveno do estado limitada dentro dos princpios constitucionais que garantem o direito propriedade privada e sua funo social. Nesse sentido, o planejamento do uso e ocupao do seu territrio e a explorao dos recursos naturais nas reas de Proteo Ambiental devem ser efetivados de forma conjunta e participativa. Para tanto, a Lei Federal N. 9.985/2000 e a regulamentao promovida posteriormente pelo Decreto Federal N. 4.340/02, estabeleceram que as reas de Proteo Ambiental devem dispor de um Conselho Gestor presidido pelo rgo responsvel por sua administrao e constitudo por representantes dos rgos pblicos, de organizaes da sociedade civil e da populao residente no territrio da rea protegida. Trata-se, na prtica, de um sistema de gesto integrada e participativa, tendo o Plano de Manejo como um dos principais instrumentos de gesto. Por sua vez, o Plano de Manejo foi definido pela prpria Lei Federal N 9.985/2000 como sendo o documento tcnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservao, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da rea e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantao das estruturas fsicas necessrias gesto da unidade. Tendo em vista tal diretriz, o Plano de Manejo constitui um documento tcnico que consolida as diretrizes de gerenciamento da APA que, adequadamente implementadas, possibilitaro, atravs do estabelecimento do zoneamento da unidade, o ordenamento do uso e ocupao do solo e a minimizao e a eliminao de impactos ambientais. A rea de Proteo Ambiental dos Mananciais do Crrego Guariroba, denominada tambm APA do Guariroba, constitui uma das trs reas de Proteo Ambiental situadas no municpio de Campo Grande, que possui tambm a APA dos Mananciais do Crrego Lajeado e a APA da Bacia do Crrego Ceroula.

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Instituda pelo Poder Pblico Municipal atravs do Decreto N 7.183, de 21 de setembro de 1995, a APA do Guariroba teve sua criao vinculada necessidade de recuperao e conservao do principal sistema produtor de gua bruta para abastecimento pblico de Campo Grande, explorado inicialmente pela SANESUL (Empresa de Saneamento do Estado de Mato Grosso do Sul), responsvel pela construo do reservatrio e pela implantao do sistema captao e aduo de gua at a zona urbana em 1985, e onde atualmente a concessionria guas Guariroba S.A. efetua a captao de 4.433 m3/h destinados ao abastecimento pblico da Capital. Esse sistema produtor de gua, com a vazo indicada, responde por aproximadamente 50% do sistema de abastecimento de gua de Campo Grande, sendo complementado pelos sistemas superficiais dos crregos Lajeado e Desbarrancado (13% da produo de gua) e por um amplo conjunto de poos que exploram os recursos hdricos subterrneos (38% da produo de gua), todos operados pela guas Guariroba S.A. A APA do Guariroba est situada integralmente no municpio de Campo Grande (Figura 1.0.a). Tendo como referncia a localizao da represa (Reservatrio Guariroba), acessada pela BR-262, verifica-se uma distncia de aproximadamente 35 quilmetros em relao ao Centro da cidade de Campo Grande. Com rea total aproximada de 360 Km2, o territrio da APA caracterizado essencialmente pela ocupao rural, com propriedades voltadas pecuria extensiva. Atualmente, mais de 82% do territrio da APA so ocupados por pastagens artificiais. A progressiva substituio da vegetao natural por pastagens cultivadas, associada a determinadas situaes em que o manejo do gado e do solo no so compatveis com a capacidade de suporte ambiental local, tem gerado impactos expressivos na bacia, sobretudo no que se refere a processos erosivos e ao assoreamento dos corpos dgua naturais e do Reservatrio Guariroba. Objetivando constituir um instrumento de gesto da APA do Guariroba, o presente Plano de Manejo estabelece um conjunto de diretrizes de uso incorporadas ao Zoneamento Ambiental proposto, bem como diretrizes programticas consolidadas na forma de Programas Ambientais, cujas aes contribuiro tanto com o ordenamento do uso e ocupao, como devem nortear o processo de recuperao ambiental da Unidade de Conservao.

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2.0 Metodologia Os procedimentos tcnicos adotados no processo de elaborao do presente Plano de Manejo seguem os definidos pelo Termo de Referncia emitido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel de Campo Grande (SEMADES) em abril de 2006, que por sua vez assemelham-se aos procedimentos constantes no Roteiro Metodolgico de Planejamento publicado pelo IBAMA como referncia para elaborao de Planos de Manejo de Unidades de Conservao de Proteo Integral desse instituto. Todo o processo de elaborao do Plano foi acompanhado por tcnicos da SEMADES e pelo Conselho Gestor atravs das reunies e oficinas realizadas entre outubro de 2006 e junho de 2007, conforme detalhado a seguir:

18/10/2006 - Reunio Tcnica de Organizao e Planejamento para apresentao da metodologia e da proposta de trabalho para elaborao do Plano de Manejo;

13/12/2006 - Oficina de Planejamento, registro de subsdios ao diagnstico ambiental e da viso de futuro da APA por parte da comunidade;

22/03/2007 - Reunio ampla com a comunidade para apresentao do Diagnstico Ambiental e de Proposta Preliminar de Zoneamento;

18/04/2007 - Reunio Tcnica para apresentao do Diagnstico Ambiental e da Proposta Preliminar de Zoneamento;

06/06/2007 Reunio tcnica para discusso detalhada do Zoneamento Ambiental, apresentao dos Programas Ambientais e registro de contribuies de membros do Conselho Gestor e da comunidade.

Atravs das reunies, os tcnicos representantes da equipe responsvel pelo Plano apresentaram sistematicamente a proposta metodolgica e as etapas de elaborao do estudo. De modo semelhante, os resultados obtidos ao longo da realizao do diagnstico ambiental foram sistematicamente expostos e submetidos a avaliao dos membros do Conselho Gestor e dos demais participantes. O mesmo procedimento foi adotado no caso da discusso da proposta de zoneamento ambiental da APA. Em todas as ocasies ora indicadas, os tcnicos envolvidos na elaborao do Plano de Manejo registraram demandas e sugestes expostas pelos participantes, sejam eles membros do Conselho Gestor ou representantes de instituies, empresas, proprietrios rurais, pesquisadores, estudantes e cidados em geral. Atravs desses encontros, a equipe tcnica recolheu informaes que subsidiaram a conduo dos trabalhos, especialmente na elaborao e complementao do diagnstico ambiental e na formulao das propostas de zoneamento. Conforme proposta apresentada pela equipe tcnica responsvel pelo Plano de Manejo da APA do Guariroba na 1 Reunio Tcnica de Organizao e Planejamento, em outubro de 2006, os trabalhos de elaborao do Plano foram conduzidos segundo trs etapas bsicas, que contemplaram inicialmente o planejamento das atividades e a produo do diagnstico ambiental, posteriormente o zoneamento ambiental da APA e, por ltimo, a formulao de Programas Ambientais para a gesto e recuperao ambiental da APA do Guariroba.

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O principal objetivo do diagnstico ambiental foi o de fornecer as bases tcnicas para a diviso do territrio da APA em reas e zonas de acordo com as necessidades de proteo, conservao e recuperao dos recursos naturais e o desenvolvimento sustentvel. Para tanto, foi necessria a realizao de estudos dos componentes ambientais dos meios fsico (geologia, geomorfologia, solos, recursos hdricos), bitico (vegetao remanescente e fauna associada) e antrpico (caracterizao fundiria, padro de ocupao, atividades produtivas, arqueologia, legislao ambiental e restries a ocupao). Sempre que possvel e pertinente, as informaes obtidas nos levantamentos bibliogrficos, em campo, a partir de bases cartogrficas e imagens aerofotogramtricas (escala 1:60.000 de 1965) e orbitais (imagem Ikonos, de setembro de 2006 e CBERS, de agosto de 2006), foram integradas num banco de dados geogrfico. As informaes foram espacializadas e apresentadas na forma de Mapas Temticos na escala 1:50.000. A regio de Campo Grande no conta com base cartogrfica de detalhe. A melhor base disponvel atualmente a produzida pela DSG (Diretoria do Servio Geogrfico) na escala 1:100.000 e produzida na dcada de 1970. Essa carncia de uma base cartogrfica adequada ao nvel de detalhamento almejado para o Plano de Manejo foi em parte suprida pela utilizao de imagem Ikonos, georeferenciada a partir de levantamento de coordenadas em pontos de controle (levantamento de campo) com a utilizao de GPS geodsico. Com base nos levantamentos bibliogrficos e de campo realizados ainda na etapa do diagnstico ambiental, foram produzidos os mapas temticos que alimentaram o banco de dados geogrfico montado na plataforma ArcGIS. As informaes foram integradas, possibilitando a produo de mapas intermedirios (produto do cruzamento dos mapas temticos bsicos), alm das reas de maior fragilidade ou consideradas de interesse especial para a proteo dos recursos naturais da APA, sobretudo dos recursos hdricos. Esse processo, complementado pelas informaes e sugestes recebidas pela equipe tcnica durante as reunies coordenadas pelo Conselho Gestor, subsidiaram a proposio do zoneamento ambiental e o estabelecimento das restries de uso e ocupao. Por fim, tendo por base as caractersticas ambientais locais e os impactos e passivos ambientais identificados, foi estabelecido um conjunto de aes consolidadas na forma de Programas Ambientais que devero contribuir com a proteo e o desenvolvimento sustentvel da APA. A delimitao, objetivos e as restries de uso e ocupao das zonas propostas, bem como os Programas Ambientais, foram objeto de discusso em reunies realizadas nos dias 18 de abril e 6 de junho de 2007. Em ambas as reunies o Conselho Gestor e representantes da comunidade encaminharam sugestes e solicitaram esclarecimentos relativos ao zoneamento e as restries propostas pela equipe tcnica. A reunio realizada no dia 18 de abril de 2007 validou o Diagnstico Ambiental, enquanto a reunio ocorrida no dia 6 de junho de 2007 aprovou a proposta de zoneamento, os programas ambientais e o Plano de Manejo da APA do Guariroba como um todo.

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3.0 Contexto Scio-ambiental Local e Regional

3.1 Aspectos Fsicos O municpio de Campo Grande est inserido no Domnio Morfoclimtico dos Chapades Tropicais recobertos por Cerrados e penetrados por Florestas Galerias (ABSABER,1970 e 1973). As caractersticas climticas do municpio assemelham-se s verificadas no territrio da regio Centro-Oeste como um todo e em reas circunvizinhas, destacando-se como caracterstica principal a ocorrncia de uma estao chuvosa e outra seca. Naturalmente, esse perfil bsico decorre da interao entre os mecanismos de circulao atmosfrica tpicos da regio central do Brasil e os fatores estticos, entre os quais a prpria localizao de Campo Grande a 20 de latitude sul e a sua posio continental. No que se refere aos sistemas de circulao atmosfrica, conforme NIMER (1977), destaca-se a atuao de quatro sistemas de macro-escala que determinam as condies de tempo, caso do anticiclone subtropical do atlntico sul e dos sistemas de circulao perturbada de norte (convergncia intertropical), de oeste (linhas de instabilidades tropicais) e da frente polar atlntica ou anticiclone polar. Enquanto o anticiclone subtropical do atlntico sul apresenta atuao constante, sendo responsvel pela estabilidade das condies de tempo, os demais sistemas de circulao so responsveis por mudanas bruscas nas condies de tempo. o caso, por exemplo, das instabilidades verificadas normalmente no vero, resultantes da interao entre as linhas de instabilidade de oeste e o anticiclone polar, alm da ao deste ltimo sistema no inverno, que resulta habitualmente na queda de temperatura e de umidade e, por vezes, na ocorrncia de chuvas frontais. A atuao desses fatores dinmicos resulta numa certa homogeneidade climtica na regio Centro-Oeste, predominando, de acordo com o modelo de classificao climtica de Kppen, o clima do tipo Aw, definido como Clima quente e mido com chuvas de vero. Esse tipo climtico ainda definido como clima de Savana, tendo como caracterstica a ocorrncia de 4 a 5 meses secos e temperatura do ms mais frio superior a 18 C. Os dados constantes na Tabela 3.1.a apresentam o perfil da precipitao pluviomtrica em Campo Grande.

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Tabela 3.1.a Precipitao pluviomtrica em Campo Grande 1996- 2005

Ms Precipitao por Ano (em mm)

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Janeiro 271,1 241,4 170,8 198,7 168,5 171,2 128,4 354,5 55,0 232,0

Fevereiro 147,9 249,7 154,2 127,4 236,6 252,5 196,0 171,0 101,7 156,8

Maro 149,4 85,7 131,2 188,1 271,2 118,3 96,4 170,9 57,9 89,6

Abril 40,7 113,1 196,1 38,1 41,3 78,0 46,4 152,0 139,9 70,9

Maio 144,3 66,9 140,8 31,0 40,1 100,6 68,9 78,5 159,1 113,8

Junho 2,4 134,6 27,9 15,8 8,2 40,1 0,0 37,9 83,0 160,7

Julho 6,4 0,5 39,0 16,3 33,5 43,2 114,8 33,7 52,8 18,5

Agosto 4,5 35,7 122,0 0,0 96,8 75,3 44,9 103,4 0,00 18.5

Setembro 116,0 48,7 115,0 64,9 132,0 176,4 63,5 125,1 39,6 7,9

Outubro 162,5 102,1 114,4 182,4 93,6 97,7 90,2 163,1 166,5 96,6

Novembro 64,4 181,2 83,8 93,8 179,9 302,7 107,8 149,9 96,0 217,4

Dezembro 168,1 309,1 148,3 131,1 203,6 214,6 115,5 117,6 266,2 244,5

Total Anual 1.277 1.568 1.443 1.087 1.505 1.670 1.072 1.637 1.217 1.646

Fonte: Prefeitura Municipal de Campo Grande.

Com base nos valores apresentados, embora relativos apenas a um perodo de 10 anos, verifica-se que o perodo entre outubro e maro concentra parte significativa da precipitao pluviomtrica anual, configurando a estao mida local. O trimestre mais chuvoso verificado entre novembro, dezembro e janeiro. J o perodo considerado seco definido entre maio e setembro, sendo junho, julho e agosto o trimestre de menor precipitao, quando as taxas so habitualmente inferiores a 50 mm. Quanto ao regime trmico, a Tabela 3.1.b apresenta as mdias mensais registradas entre 1994 e 2004. De modo geral, nos meses mais quentes (outubro a maro), as mdias mensais so sempre superiores a 24C. No ms mais frio (junho/julho), as mdias situam-se sempre acima dos 18C.

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Tabela 3.1.b Temperatura mdia em Campo Grande 1994-2004

Ano Meses / Temperatura em C

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

1996 24,77 25,06 24,52 23,76 21,83 18,33 19,40 24,36 21,87 24,42 24,77 25,13

1997 24,73 24,79 24,34 22,50 20,95 19,45 21,24 22,00 26,11 26,15 25,59 25,58

1998 26,43 25,43 25,26 23,95 19,50 20,03 21,65 21,70 22,49 23,91 24,88 24,71

1999 24,90 21,50 25,00 23,20 20,20 20,30 21,00 22,40 24,90 25,10 24,30 25,60

2000 26,19 14,64 24,05 23,75 20,67 21,29 17,43 22,42 22,07 25,48 24,73 24,95

2001 25,09 25,02 24,86 24,69 20,32 18,19 20,86 23,54 23,73 24,33 24,92 23,96

2002 25,48 24,80 25,72 25,58 23,12 21,78 20,41 23,85 22,59 26,06 25,63 26,98

2003 25,12 24,65 24,56 23,26 20,43 21,54 21,21 19,09 22,76 24,01 24,48 25,54

2004 26,09 25,13 25,32 24,39 18,63 19,78 19,34 21,97 25,09 23,85 24,72 25,03

2005 24,9 26,0 25,3 24,4 22,3 21,6 18,7 22,2 20,8 24,6 24,7 25,2

Fonte: Prefeitura Municipal de Campo Grande.

No que se refere ao arcabouo geolgico-geomorfolgico, cumpre registrar inicialmente a localizao do municpio no contexto do Planalto Central da Bacia do Paran (IBGE, 1993), denominado tambm Planalto de MaracajuCampo Grande (RADAMBRASIL, 1982), sustentado por rochas do Grupo So Bento e do Grupo Bauru. As rochas do Grupo So Bento so representadas regionalmente pelos arenitos de origem elica da Formao Botucatu e pelos derrames baslticos da Formao Serra Geral, que ocorrem em toda a poro oeste do municpio de Campo Grande. J o Grupo Bauru composto por rochas sedimentares arenticas de idade Cretcea que integram a Bacia Sedimentar do Paran. Trata-se de sequencia sedimentar que foi depositada sobre as rochas do Grupo So Bento. Conforme ilustrado na Figura 3.1.a, na APA do Guariroba ocorrem principalmente litologias do Grupo Bauru, mas tambm, nos fundos de vale das principais drenagens, ocorrem rochas baslticas do Grupo So Bento. Estas rochas, em todo o setor leste do municpio de Campo Grande, sustentam um relevo pouco a medianamente dissecado, predominando, conforme classificao adotada no Projeto RADAM, os tipos de relevo Superfcie Pediplanada (Ep), Dissecao em tabuleiros (t) e Dissecao em colinas (c), conforme ilustrado na Figura 3.1.b. As altitudes variam de 560 a 620 m, com extensa ocorrncia de colinas e localizadamente de Plancies fluviais que se desenvolvem ao longo dos crregos, em altitudes de 450 a 510 m e so constitudas por sedimentos aluviais. No setor leste de Campo Grande e no territrio da APA do Guariroba a composio das rochas do Grupo Bauru e as caractersticas do relevo condicionam a formao de solos de textura arenosa do tipo Neossolos Quartzarnicos, Latossolos Vermelhos, de texturas mdia e argilosa, Latossolo Vermelho-Amarelo textura mdia, associados aos relevos colinosos e aplanados que predominam na regio. Ocorrem ainda, associados s plancies fluviais e aos depsitos de vrzea dos rios, tipos pedolgicos classificados como Neossolo Quartzarnico hidromrfico ou glico, e eventualmente Neossolos Flvicos (Solos Aluviais) - (Figura 3.1.c).

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Sob o aspecto hidrogrfico o territrio do municpio de Campo Grande drenado pelo sistema de drenagem contribuinte da bacia do rio Paran, mais especificamente atravs dos corpos dgua constituintes da sub-bacia do rio Pardo (afluente do rio Paran),

destancando-se o rio Anhandu, os ribeires das Botas, Trs Barras, Cachoeira, Guariroba e da Lontra. J o extremo norte do territrio municipal de Campo Grande drenado pelo crrego Ceroula, que compe o sistema de drenagem contribuinte do rio Paraguai. Dentre outros usos, os recursos hdricos superficiais do municpio so explorados para fins de abastecimento pblico, destancando-se nesse aspecto o crrego Guariroba. Aproximadamente 60% do abastecimento de Campo Grande mantido por captaes de gua superficial. No que se refere s guas subterrneas, em associao s formaes geolgicas verificadas regionalmente, pode-se individualizar trs sistemas aqferos vinculados aos basaltos da Formao Serra Geral e aos arenitios da Formao Botucatu e do Grupo Bauru. O sistema aqfero basltico fraturado e encontra-se sobreposto ao sistema Botucatu, tambm conhecido como Aqfero Guarani. Sobre o sistema basltico encontra-se o sistema aqfero Bauru. Em conjunto, as captaes subterrneas respondem por aproximadamente 40% da produo de gua bruta de Campo Grande.

3.2 Aspectos Biticos O Cerrado na regio e no municpio de Campo Grande apresenta as fitofisionomias tpicas do bioma, apresentando um mosaico de fisionomias dos tipos savnicos, campestres e florestais, cujas variaes decorrem de condicionantes edficos e geomorfolgicos, mas tambm caracteriza-se pela ocorrncia de reas de tenso ecolgica representadas pelo contato Cerrado/Floresta Estacional Semidecidual. Atualmente, segundo estimativas da Prefeitura Municipal de Campo Grande e do IBGE, aproximadamente 70% de todo o territrio municipal ocupado por reas antropizadas, notadamente por atividades agropastoris. De fato, o processo de ocupao agrcola do Cerrado do Mato Grosso do Sul assemelha-se ao processo verificado em outras reas de Cerrado no Pas, especialmente a partir da dcada de 1970 e ao longo da dcada de 1980 mediante incentivos e programas governamentais de ocupao dirigida. Esse processo evidente tanto no municpio de Campo Grande quanto no territrio da APA do Guariroba. Conforme Dias (2005), entre os anos de 1985 e 2005 foram desmatados cerca de 13.500 ha na bacia do crrego Guariroba (cerca de 30% da rea total), sendo o perodo mais intenso de desmatamento verificado entre os anos de 1985 a 1995. Nas reas desmatadas foram plantadas gramneas para uso na pecuria bovina em atividades de cria, recria e engorda. Essas intervenes antrpicas resultaram em impactos como a fragmentao de habitats, reduo da biodiversidade, invaso de espcies exticas, eroso dos solos, alterao nos regimes de queimadas, e possivelmente em modificaes climticas em termos regionais (KLINK & MACHADO, 2005).

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Muitas reas do Estado, destinadas atualmente agricultura e pecuria, englobavam regies cujas distintas fitofisionomias estavam, muitas vezes, integradas. Em conseqncia da interveno antrpica, esses complexos ambientes naturais foram reduzidos e transformados em hbitats insulares. Dentre esses ambientes, as matas estacionais (deciduais ou semideciduais; Veloso et al., 1991) foram bastante alteradas, afetando assim, a maior parte da diversidade de vertebrados terrestres, o que refora a necessidade e urgncia da ampliao do conhecimento destes grupos, bem como a implantao de reas de conservao e corredores ecolgicos. Em todo caso, o Cerrado um dos 25 hotspots terrestres (MYERS et al. 2000) e , possivelmente, a savana tropical mais ameaada do mundo (SILVA & BATES 2001). No que se refere a fauna do Cerrado, cumpre registrar que o estado de conhecimento da diversidade de vertebrados muito varivel dependendo do txon e regio. De modo geral, no Brasil, as aves e os mamferos so melhores conhecidos na Mata Atlntica, considerado o bioma melhor amostrado (SABINO & PRADO, 2002). Embora os anfbios e rpteis, tenham uma taxonomia bem estruturada, possuem um conhecimento ainda incompleto no Brasil como um todo. Enquanto 80% dos trabalhos de inventrios no Brasil tratam de aves e mamferos, a herpetofauna, juntamente com a ictiofauna dividem os 20% restantes (LEWINSOHN & PRADO, 2002). Segundo Aguiar (2000) e Marinho-Filho et al. (2002), a recente reviso da fauna de mamferos apontou um nmero de espcies maior do que as compilaes anteriores, cerca de 199 espcies para o Cerrado. Para o grupo das aves, so reconhecidas 841 espcies de aves no Cerrado, sendo baixo o grau de endemismos, 4,3% que corresponde a 36 espcies endmicas (SILVA, 1995, 1997, CAVALCANTI, 1999; SILVA e BATES, 2002; MACEDO, 2002) e 90,7% se reproduzem nessa regio. As espcies restantes incluem: visitantes da Amrica do Norte, visitantes do Sul da Amrica do Sul, provveis migrantes altitudinais do sudeste do Brasil e espcies com status desconhecido. Das espcies que se reproduzem no domnio do Cerrado, 51,8% das espcies so dependentes de ambientes de floresta, 27,4% vivem em reas abertas, e 20,8% vivem tanto em florestas como em reas abertas (SILVA, 1995). Para a herpetofauna, a Sociedade Brasileira de Herpetologia registrou 776 espcies de anfbios (SBHa) e 641 espcies de rpteis (SBHb). Boa parte dessa biodiversidade est representada nas regies sob influncia do Cerrado, o que corresponde a 141 espcies de anfbios (42 endmicas), cinco espcies de crocodilianos, dez espcies de tartarugas, 16 espcies de anfisbenas (oito endmicas), 47 espcies de lagartos (12 endmicas) e 107 espcies de serpentes (11 endmicas) (COLLI et al., 2002). A herpetofauna do Cerrado inclui ainda trs espcies ameaadas de anuros, quatro de tartarugas, cinco crocodilianos, cinco lagartos e seis serpentes, listados no apndice I e II do CITES. Embora possua alta diversidade, uma grande taxa de descrio de novas espcies (HANKEN, 1999), alta endemicidade e espcies ameaadas, a herpetofauna do Cerrado ainda pouco conhecida. Em Campo Grande, so poucos os inventrios realizados, sendo que muitos permanecem restritos s Instituies de ensino na forma de monografias e dissertaes, no tendo sido objeto de divulgao comunidade cientfica. Outros so muito precrios, subamostrando anuros e lagartos, com baixa taxa de identificao.

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Pouco se sabe tambm em relao mastofauna da regio de Campo Grande. Estudos com mamferos limitam-se a parques urbanos e pequenos fragmentos prximos, restringindo-se ainda biologia de alguns grupos. Inexistente uma lista completa dos mamferos que ocorrem na regio. Para as espcies de aves, nas reas de entorno da APA do Guariroba, existem poucos trabalhos disponveis, baseados principalmente em relatrios tcnicos em empreendimentos prximos zona urbana de Campo Grande. Ilha (2006, dados no publicados), por exemplo, registrou 136 espcies de aves para o Parque Estadual das Matas do Segredo (a 40 km deste local de estudo). Considerando a carncia de estudos locais mais detalhados, os resultados obtidos no presente estudo, subsidiados por levantamentos rpidos dos grupos de vertebrados terrestres, aves e rpteis e anfbios, contribuiro com o conhecimento da fauna local.

3.3 Aspectos Scio-econmicos De acordo com estimativas do IBGE para o ano 2005, o municpio de Campo Grande conta com uma populao estimada de 749.768 habitantes, dos quais 98,84% residem na zona urbana. A cidade verificou um expressivo crescimento demogrfico nas ltimas dcadas, sobretudo na dcada de 1970, quando, segundo os dados populacionais dos censos de 1970 e 1980 do IBGE, a taxa geomtrica de crescimento anual da populao foi superior a 7,6%. Espacialmente, tambm a partir da dcada de 1970, a cidade se expandiu fortemente. Atualmente, o espao urbano caracteriza-se, dentre outros aspectos, pela densidade populacional relativamente baixa e pelos numerosos vazios urbanos. Aspectos como a topografia suave e a inexistncia de barreiras fsicas significativas permitiram uma expanso urbana em todas as direes geogrficas, resultando num stio significativamente amplo para o porte e contingente populacional da cidade. Ao longo das dcadas de 1980 e 1990 o ritmo de crescimento vem sendo gradativamente atenuado. Os dados constantes na Tabela 3.3.a ilustram o perfil demogrfico de Campo Grande nas ltimas dcadas.

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Tabela 3.3.a Perfil demogrfico de Campo Grande 1970 a 2000

Populao Taxa De Urbanizao 1970 1980 1991 2000

Populao Total (Habitantes) 140.233 291.777 526.126 663.621

Urbana (Habitantes) 131.138 283.653 518.687 655.914

Rural (Habitantes) 9.095 8.124 7.439 7.707

Taxa De Urbanizao (Em %) 93,51 97,22 98,59 98,84

Taxa Geomtrica De Crescimento Anual (Em %)

6,71 7,61 5,51 2,64

Fonte: Censos IBGE e Perfil Socioeconmico de Campo Grande (20062007).

De fato, verifica-se entre os anos 1970 e 1980 tanto um maior incremento no contingente populacional como uma taxa mais expressiva de crescimento demogrfico. Entre 1991 e 2000, embora tenha ocorrido um importante incremento populacional, passa-se a verificar taxas progressivamente menores que a registrada na dcada anterior (5,51% entre 1980 e 1991 e 2,64% entre 1991 e 2000). Entre 1991 e 2000, por exemplo, o crescimento de 2,64% ao ano, o menor registrado nas ltimas quatro dcadas, resultou num incremento da ordem de 137 mil habitantes (crescimento de 26% em 10 anos). Reconhecidamente, o crescimento demogrfico mais expressivo de Campo Grande a partir da dcada de 1970 deve ser compreendido no mbito do processo de diviso do estado do Mato Grosso, quando a cidade passa a ser objeto de expressivos investimentos em infra-estrutura fsica e social e passa tambm a atrair fluxos migratrios significativos para o contexto regional. A reduo acentuada das taxas de fecundidade e dos fluxos migratrios que caracterizaram os anos 1970, principalmente, so importantes condicionantes do processo de desacelerao do crescimento demogrfico local. Em todo caso, tendo como referncia a estimativa populacional calculada pelo IBGE para o ano 2005 (749.768 habitantes), o contingente populacional do municpio de Campo Grande corresponde a aproximadamente 32% de toda a populao do estado do Mato Grosso do Sul, o que faz da cidade um importante centro polarizador do estado e da regio Centro-Oeste. Em 1970, a participao relativa da populao do municpio em relao ao estado do Mato Grosso do Sul era de 14,2%, alcanando 21,3% em 1980 e 29,5% em 1991. No que se refere aos aspectos econmicos, merece destaque a importncia das atividades ligadas ao setor primrio, embora os setores econmicos tercirio e secundrio apresentem maior participao na arrecadao de tributos e na gerao de empregos, e cuja diversificao faz de Campo Grande um importante plo de desenvolvimento no mbito da regio Centro-Oeste. No caso especfico do setor secundrio, destaca-se os estabelecimentos especializados na produo de insumos para a atividade agropecuria ou ao abate de animais e beneficiamento de couros e peles (Tabela 3.3.b), o que reflete em certa medida o peso do setor primrio, sobretudo da pecuria extensiva.

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Tabela 3.3.b Principais Estabelecimentos instalados em Campo Grande

Estabelecimentos Ramos de atividade

ADM Exportadora e Importadora S/A leos vegetais / leo de soja, farelo

Adubos Guano Ltda ME Adubo

Anipro do Brasil Rao p/ bovino

Apucacouros Ind. Exp. de Couros Beneficiamento de couros e peles

BMZ Couros Ltda Beneficiamento de couros

Comaves Ind. E Com. de Alimentos Ltda Frango

Couromat Ind. e Com. De Couros Ltda - ME Beneficiamento de couros e peles

Curtume Campo Grande Ind. Com. e Exportao Beneficiamento de couros e peles

Edyp Ind. e Com. de Mquinas Ltda Mquinas e equipamentos

Frigorfico Linares Ltda Peixe

Isis Metalrgica Ltda ME Mveis p/ Esc. /estruturas metlicas

Kepler Weber Industrial S/A Estruturas metlicas / metalrgica

Macrofertil Ind. e Com. Fertilizantes Ltda Fertilizantes

Merkovinil Ind. Com. Tintas Ltda Tintas

Minerao Carandazal Ltda Minerais no-metlicos /cal,calcrio

Pajoara Ind. e Com. Ltda Raes

Pauli Ind. Metalrgica e Comrcio Ltda Estruturas metlicas / metalrgica

Qualidade e Com. Imp. e Exportao Ltda Farinha de osso, de carne e sebo

Qumica Central do Brasil Produtos qumicos

Reatores Brasil Ltda EPP Transformadores

Sade Qumica Industrial Produtos de limpeza / lcool

Supply Repr. Com. Exp. Ltda Mveis de madeira

Tayman Carbonato de Clcio Ltda Carbonato de clcio

Tramasul Tratamento de Madeiras Ltda Tratamento de madeira

Zaman Agroindustrial Ltda Raes

Fonte: FIEMS / IEL/Perfil Municipal 2005.

Quanto a ocupao do territrio municipal, de acordo com os dados mais recentes disponveis, relativos ao Censo Agropecurio de 1996 do IBGE, mais de 70% da rea territorial do municpio encontravam-se ocupados, em 1995, por pastagens naturais ou artificiais. Os dados apresentados na Tabela 3.3.c consolidam o quadro de utilizao da terra no municpio de Campo Grande.

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Tabela 3.3.c Uso da terra no municpio de Campo Grande - 1995

TTiippoo ddee uussoo rreeaa ((eemm hheeccttaarreess)) EEmm %%

LLaavvoouurraass ppeerrmmaanneenntteess ee tteemmppoorrrriiaass 1111..556611 11,,6699

LLaavvoouurraass eemm ddeessccaannssoo ee pprroodduuttiivvaass

nnoo uuttiilliizzaaddaass 1155..118800 22,,2211

PPaassttaaggeennss nnaattuurraaiiss ee aarrttiiffiicciiaaiiss 552233..005566 7766,,2288

MMaattaass nnaattuurraaiiss ee ppllaannttaaddaass 111177..665511 1177,,1166

Fonte: IBGE - Censo Agropecurio 19951996 e Perfil Municipal (PMCG, 2007).

De modo anlogo ao que ocorre no territrio municipal, na APA do Guariroba predomina a atividade pecuria, tendo como principal evidncia a ampla rea ocupada por pastagens artificiais em propriedade de portes mdio e grande. Em relao aos aspectos da infra-estrutura social, o municpio de Campo Grande conta com os principais equipamentos do estado do Mato Grosso do Sul. No caso especfico do ensino superior, o municpio conta com as principais instituies do

estado, destacando-se nesse aspecto o campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), mas tambm importantes instituies particulares, caso da Universidade Catlica Dom Bosco (UCDB), Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Regio do Pantanal (UNIDERP), Faculdade Estcio de S de Campo Grande (FESCG), Faculdades de Campo Grande (UNAES), Instituto de Ensino Superior da FUNLEC (IESF/FUNLEC), Faculdade Mato Grosso do Sul (FACSUL) e Campo Grande de Ensino Superior (ICGES). Quanto a infra-estrutura de sade, o municpio, alm de atender sua populao, presta tambm servios aos municpios vizinhos e do interior do estado, constituindo um plo de referncia regional no atendimento mdico-hospitalar, com 10 hospitais e 53 unidades bsicas de sade. O municpio polariza tambm importantes equipamentos da infra-estrutura fsica, destacando-se elementos da infra-estrutura rodoviria, ferroviria e aeroviria.

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4.0 Diagnstico Ambiental da APA do Guariroba

4.1 Meio Fsico

4.1.1 Substrato Rochoso A rea de estudo constituda por rochas gneas e sedimentares mesozicas da Formao Serra Geral e da Formao Bauru, alm de sedimentos cenozicos que formam depsitos aluviais recentes. As caractersticas desses materiais so sintetizadas na Tabela 4.1.1.a e detalhadas a seguir. A espacializao dessas litologias na APA do Guariroba consta no Mapa 01 (Mapa de Litologias). Tabela 4.1.1.a Tipos de rochas e sedimentos que ocorrem na APA

Tipos de Rochas e Sedimentos Idades

Areia, argila, silte, cascalho e matria orgnica. Sedimentos aluviais do Holoceno

(10 mil anos)

Arenitos finos a muito finos, com matriz argilosa e por vezes com cimentao carbontica, sendo comum presena de lentes conglomerticas com seixos de quartzo arredondados.

Cretceo Superior,

(67 a 90 milhes de anos)

Derrames baslticos de colorao cinza a negra, textura afantica, sendo formados por labradorita zonada, clinopiroxnios, e acessrios, e por Intrusivas Bsicas Tabulares representadas por diabsios, dioritos porfiros, lamprfiros e andesitos.

Jurssico Superior e o Cretceo Inferior

(147 a 119 milhes de anos),

Fonte: Compilado e ampliado do RADAMBRASIL (1982) e CPRM (2004).

Formao Serra Geral A Formao Serra Geral constituda por derrames baslticos de colorao cinza a negra, textura afantica, sendo formados por labradorita zonada, clinopiroxnios e acessrios, e por intrusivas bsicas tabulares representadas por diabsios, dioritos porfiros, lamprfiros e andesitos. Essas rochas apresentam comumente estruturas do tipo: dijuno colunar, vesculas e amigdalas que formam drusas de quartzo e geodos de zeolitas (Fotos 1 a 6). As rochas bsicas da Formao Serra Geral se originaram por extravasamento rpido de lava muito fluida atravs de geoclasses e falhas, durante o Jurssico Superior e o Cretceo Inferior (147 a 119 milhes de anos), em perodo em que predominavam condies desrticas.

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Quando alteradas, as rochas bsicas apresentam esfoliao esferoidal e cores amareladas. O saprolito e o solo residual dessas rochas tm textura argilosa a muito argilosa, so muito consistentes, sendo comum presena de blocos de rocha alterada no saprolito. A espessura do conjunto pode variar de 1,0 a 3,0 m. O solo superficial varia de argiloso a muito argiloso, tendo espessuras de 0,3 a 1,0 m nos relevos mais ondulados, sendo superior a 2,5 m nos relevos mais suaves. Na APA, essas rochas ocorrem apenas nos fundos de vales dos crregos Saltinho, do Aude e Guariroba, formando pequenas corredeiras, sendo ocasional a sua presena nas encostas do relevo de Colinas muito amplas, ao qual se associam Latossolo Vermelho distrfico textura argilosa. O Sistema Aqfero associado apresenta comportamento extremamente heterogneo, descontnuo, anisotrpico e fissurado. As guas tm composio bicarbonatada clcica e magnesiana, que subordinada, com pH entre 6 e 7 e resduo seco < 200 mg/l . A vazo de 5 a 70 m3/h e a capacidade especfica varia de 0,01 a 10 m3/h/m. Formao Bauru Na Folha Campo Grande (CPRM, 2004) todo o conjunto de sedimentos da Bacia Bauru, foi denominado de Formao Bauru, no sendo diferenciadas outras unidades litoestratigrficas. Essas rochas do Cretceo Superior, com idade de 67 a 90 milhes de anos, se depositaram na Bacia do Paran, em clima rido e semi-rido, possivelmente durante a fase de elaborao da Superfcie de Aplanamento Sul Americana (ou Japi). Na bacia hidrogrfica do crrego Guariroba, a Formao Bauru, mostrada nas Fotos 7, 8 e 9, constituda por arenitos finos a muito finos, com matriz argilosa e por vezes com cimentao carbontica, sendo comum a presena de lentes conglomerticas com seixos de quartzo arredondados. Essas rochas sustentam boa parte dos relevos de Colinas muito amplas, embora os afloramentos sejam raros na regio de estudo, por vezes podem ser observados nos leitos fluviais. O solo de alterao dessas rochas arenoso ou areno-argiloso, variando a frao de finos em conseqncia da composio dos arenitos. A espessura da alterao grande formando espessos arees, comumente associados a Neossolos Quartzarnicos, podendo tambm dar origem a Latossolos Vermelhos textura mdia. De modo geral, esses materiais so muito susceptveis a eroso. As rochas do Grupo Bauru constituem aqferos de extenso regional, granular livre a semiconfinado, heterogneo, contnuo, anisotrpico. As vazes variam de 8 a 30 m3/h e a capacidade especfica de 0,5 a 5,0 m3/h/m. As guas nos divisores de guas tm composio bicarbonatadas clcicas e nos vales so bicarbonatadas clcio-magnesianas.

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Sedimentos aluviais Os sedimentos aluviais so inconsolidados, com baixa capacidade de suporte, sendo constitudos por areia fina, areia argilosa e argila siltosa, matria orgnica e ocasionalmente cascalhos. Esses sedimentos ocupam reas ao longo das plancies de inundao e baixos terraos dos canais de drenagem da bacia do Crrego Guariroba.

Com base nos atributos do embasamento rochoso e dos sedimentos que ocorrem na APA foi feita uma caracterizao dos possveis problemas e fragilidades associadas a esses materiais, bem como foram estabelecidas diretrizes e orientaes gerais de manejo, a fim de minimizar os impactos e degradaes ambientais, quando da interferncia sobre os diferentes terrenos (Tabela 4.1.1.b). Tabela 4.1.1.b Atributos, solos associados, caractersticas geotcnicas e medidas preventivas para a ocupao de reas constitudas por tipos de rocha que ocorrem na APA do Guariroba

Tipos de Materiais Problemas Esperados Recomendaes

Sedimentos aluviais

Areia fina, areia argilosa e argila siltosa, matria orgnica e ocasionalmente cascalhos em plancies fluviais.

- Enchentes sazonais - Presena de reas alagadias, fretico elevado e solos moles, - Eroso lateral e vertical do canal e das margens, - Estabilidade precria das paredes de escavao; - Recalque de fundaes; - Danificao das redes subterrneas por recalque; - Danificao do subleito das vias devido saturao do solo; - Risco de contaminao do lenol fretico

- Evitar a ocupao, proteger e recuperar as plancies de inundao, os fundos de vale e as matas ciliares e implantar projetos que evitem a ocupao por residncias, industrias e sistema virio e evitem a degradao dos recursos hdricos. - Promover a estabilidade e proteo contra a eroso das margens dos cursos dgua. - Adotar medidas que acelerem a estabilizao dos recalques e melhorem as condies de suporte e resistncia do solo nos projetos de aterros. - Adotar medidas adequadas para minimizar os recalques e evitar a danificao das tubulaes. - Implantar sistemas de drenagem superficial e subterrnea eficientes, de modo a evitar a saturao do subleito virio.

Arenitos

Rochas sedimentares com porcentagem maior que 80% de areia e quartzo, que podem ocorrer intercalados com outras rochas, porm subordinadas. O solo de alterao pode ser arenoso, areno-siltoso e areno-argiloso conforme a composio ou rocha associada.

-Podem apresentar instabilidade com quedas de blocos e rupturas clssicas devido ao diaclasamento ou o acamamento desfavorvel e a presena de planos de percolao. - Recalque diferencial devido baixa densidade do solo de alterao; - Ocorrncia de processo de piping que pode provocar eroso remontante; - Os Solos de alterao francamente arenosos so muito sensveis a eroso laminar e em sulcos.

- Drenar os locais com surgncia dgua; - Em subleito de vias usar revestimento com argila para melhorar a capacidade de suporte e a resistncia a eroso. Nas rampas, utilizar revestimento granular para melhorar a aderncia; - Adotar cuidados especiais de drenagem (coleta, conduo lanamento e dissipao de guas pluviais) e proteo superficial nas obras de terra.

Fonte: Compilado e adaptado de CAMPOS (1988), SHDU/CSTDE/EMPLASA/IPT (1990) e NAKAZAWA (1994).

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Tabela 4.1.1.b (continuao) Atributos, solos associados, caractersticas geotcnicas e medidas preventivas para a ocupao de reas constitudas por tipos de rocha que ocorrem na APA do Guariroba

Tipos de Materiais Problemas Esperados Recomendaes

Basaltos e Diabsio

Rochas gneas vulcnicas, extrusivas e intrusivas de granulao fina a afanitica. So constitudas por plagioclsio calcico, magnetita ou ilmenita. O solo de alterao e o superficial so argilosos a muito argilosos, podendo apresentar blocos e fragmentos de rocha imersos no solo de alterao.

- Queda de blocos em taludes de corte devido ao sistema de fraturamento intenso, que favorece a percolao de gua. - Baixa aderncia dos solos superficiais argilosos e problemas de trafegabilidade em estradas de terra.

- Adotar cuidados especiais para estabilizao de taludes devido orientao das fraturas e da foliao; - Em subleito de vias, usar nas rampas, revestimento granular para melhorar a aderncia.

Fonte: Compilado e adaptado de CAMPOS (1988), SHDU/CSTDE/EMPLASA/IPT (1990) e NAKAZAWA (1994).

4.1.2 Relevo Os relevos que ocorrem na APA do Guariroba foram caracterizados com base nos critrios apresentados por PONANO et alii. (1981). Para a utilizao dessa metodologia avalia-se a amplitude das formas de relevo, o comprimento da vertente em planta e a inclinao das encostas. A amplitude (h) refere-se a altura da feio do relevo, ou seja a diferena de altitude entre o topo da salincia e o fundo da reentrncia contgua, que obtida pela diferena entre a cota do topo e a cota do fundo do vale. O comprimento de rampa ou da vertente (l) a distncia entre a linha do divisor de guas e a linha de talvegue (canal), traada em planta, perpendicularmente s curvas de nvel que definem a forma de relevo. A inclinao (d) ou gradiente refere-se relao entre a amplitude e o comprimento de rampa, que pode expressa em porcentagem, onde d = h / l. Nessa abordagem as formas de relevo so diferenciadas pela sua amplitude e pela declividade de suas encostas, conforme critrios apresentados na Tabela 4.1.2.a. Quando ocorrem formas associadas, os relevos so diferenciados por nomes compostos, sendo que o primeiro nome indica a forma predominante.

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Tabela 4.1.2.a Classificao de formas de relevo, segundo a amplitude e inclinao

Amplitude local Inclinao predominante Formas de Relevo

< 100 m

100 a 300 m

> 300 m

< 2 %

2 a 15 % > 15 %

5 a 15 % > 15 %

> 15 %

Chapadas

Colinas Morrotes

Morros com encostas suaves

Morros

Montanhas

Nota: Conforme a expresso das formas em rea (km2) elas so classificadas em: Muito Pequena (< 0,3 km

2),

Pequena (0,3 a 2 km2), Mdia (2 a 4 km

2), Ampla (4 a 30 km

2) e Muito ampla (> 30 km

2).

Fonte: Modificado de PONANO et alii (1981). Para a anlise dos fenmenos de dinmica superficial, foram considerados os elementos da terceira categoria taxonmica proposta por DEMEK (1967), que so os elementos das formas ou unidades geneticamente homogneas. Estes fatos comumente so avaliados na forma de perfis e desenhos esquemticos, no sendo desenhados nas cartas elaboradas, pois somente podem ser representados nos mapas em escalas de detalhe. Dentre os elementos analisados deste modo esto s encostas, as coberturas detrticas, os depsitos coluviais e aluviais, e as cicatrizes de processos erosivos que atuam nesses elementos do relevo. Para caracterizar a dinmica superficial dos diferentes tipos de relevo, os processos erosivos do tipo eroso laminar, em sulcos ou ravinas, boorocas, eroso fluvial, rastejo, escorregamentos planares e rotacionais e quedas de blocos, so descritos quanto ao modo de ocorrncia e a intensidade. Quanto ao Modo de Ocorrncia os processos podem ser:

Ocasional - ocorre em alguns locais, de modo fortuito e eventual.

Freqente - ocorre em vrios locais, sendo um processo que se repete no relevo.

Generalizado - ocorre em muitos locais sendo comum a sua presena. O critrio de intensidade refere-se magnitude com que o processo afeta o relevo, como por exemplo: o tamanho da rea destruda pela eroso laminar, por uma booroca, pelo rastejo ou por um escorregamento; a profundidade dos sulcos de eroso e do entalhe fluvial. Como na escala de mapeamento utilizada os processos no podem ser cartografados, adota-se a descrio qualitativa da intensidade do processo que so classificados como tendo intensidade:

Baixa: processos que afetam pequenas reas ou tem pouca profundidade;

Alta: processos que afetam grandes reas ou tem grandes profundidades;

Media: processos que afetam reas e tem profundidades moderadas. Os aspectos da evoluo morfogentica regional foram considerados, quando necessrio para a compreenso da dinmica atual, no sendo, porm, objeto de estudo detalhado.

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Com base nesses critrios foram diferenciados na APA do Guariroba os seguintes tipos de relevo: Colinas muito amplas e Plancies fluviais, que serviram de base para a elaborao do Mapa de Relevo (Mapa 02). As principais caractersticas desses relevos so apresentadas na Tabela 4.1.2.b. A Figura 4.1.2.a ilustra graficamente a amplitude, a inclinao das encostas e o tamanho das formas que predominam na APA do Guariroba. O Mapa 03 (Declividades) complementa a caracterizao do relevo no territrio da APA, evidenciando a predominncia de declividades baixas, inferiores a 10%. Tabela 4.1.2.b Tipos de relevo que ocorrem na APA do Guariroba

Tipo de Relevo Morfometria

Morfografia , Substrato Rochoso e Cobertura Detrtica

Morfodinmica

Plancies Fluviais

Inclinao

< 2%

reas planas e inclinadas em direo ao rio, que incluem a plancie de inundao, terraos baixos, canais abandonados e alagadios. Podem apresentar margens abruptas, devido eroso lateral do canal. Canais aluviais e em rocha. So estreitas e descontnuas;

Formadas por areia fina a muito fina, silte, argila e matria orgnica e camadas de cascalho em arranjos diversos.

Eroso laminar e em sulcos so ocasionais de baixa intensidade nos terraos baixos. Fretico elevado, alagadios, enchentes sazonais e deposio de finos por decantao nas plancies de inundao. Deposio em barras, eroso lateral e vertical no canal. Pequenos escorregamentos ocasionais e de baixa intensidade, na margem dos canais. reas sensveis ocupao devido ao risco de inundao e contaminao.

Colinas muito

amplas

Amplitude: 50 a 100 m

Comp. Rampa 2200 a 6000 m

Inclinao: 1,5 % a 3 %

Altitudes: 560 a 620 m

Formas subniveladas. Topos convexos amplos. Perfis de vertentes contnuos retilneos e longos. Vales erosivos e bem marcados no relevo. O padro de drenagem sub-dendrtico de baixa densidade Sustentado por arenitos da Fm.Bauru, e basaltos da Formao Serra Geral. Solos de alterao arenosos e solos superficiais arenosos e areno-argilosos nos arenitos e argilosos e muito argilosos nas rochas bsicas.

Eroso laminar e em sulcos so generalizados e de intensidade mdia. Boorocas freqentes e de alta intensidade. Terrenos sensveis interferncia, devido erodibilidade das coberturas arenosas e a extenso das encostas.

Nota: Ocorrncia dos processos: Ocasional - ocorre em alguns locais, de modo fortuito e eventual. Freqente - ocorre em vrios locais, sendo um processo que se repete no relevo. Generalizado - ocorre em muitos locais sendo comum a sua presena. Intensidade dos processos: baixa, mdia e alta.

Colinas muito amplas O relevo de Colinas muito amplas, que predomina na APA, apresenta topos convexos, encostas de baixa declividade, com vales erosivos e abertos. De modo geral, so formas sustentadas por arenitos da Formao Bauru, sendo que os basaltos s ocorrem, no tero inferior das encostas e ao longo das drenagens principais.

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Embora nesse relevo as encostas apresentem inclinaes muito baixas, elas so muito longas e contnuas, o que favorece a ao do escoamento pluvial, que pode adquirir grande velocidade, favorecendo assim o desenvolvimento de processos erosivos que so potencializados devido presena de materiais geralmente muito susceptveis a eroso. Nas Colinas muito amplas, a eroso laminar e em sulcos so processos generalizados e de intensidade mdia, sendo freqentes e de alta intensidade os processos de formao de boorocas, que geralmente so desencadeados pela drenagem das estradas vicinais, pelo rompimento de curvas de nvel das pastagens e de audes. Embora seja um relevo bastante suave, a ocupao dessas reas geralmente desencadeia processos erosivos e danos ambientais significativos, de modo que a ocupao desses relevos exige medidas severas de manejo devido a susceptibilidade do solo eroso acelerada. Plancie Fluvial As plancies fluviais so reas planas que ocorrem ao longo dos canais fluviais, sendo formadas pela plancie de inundao, vrzeas e baixos terraos. A plancie de inundao corresponde s reas que so alagadas apenas no perodo das enchentes. Englobam canais abandonados e alagadios com gramneas e buritis, formados pela sedimentao dos fundos de vale, geralmente com escoamento difuso. Nas plancies fluviais ocorrem ainda baixos terraos, que so reas elevadas dentro da plancie s atingidas pelas maiores inundaes. As plancies fluviais so constitudas predominantemente por areia fina a muito fina, silte, argila e matria orgnica e camadas de cascalho, na base da seqncia. Os canais fluviais geralmente cortam os sedimentos das plancies, sendo freqente a presena de soleiras em rocha s e/ ou alterada tanto de basalto como de arenitos. Esses terrenos planos apresentam srios problemas ocupao associados s enchentes sazonais, aos entalhes vertical e lateral dos canais fluviais e a sua susceptibilidade a contaminao devido a pouca profundidade do lenol fretico.

As caractersticas e atributos dos tipos de relevo que ocorrem na APA permitiram classific-los quanto a sua susceptibilidade a ocupao: em mdia e alta, conforme mostra a Tabela 4.1.2.c. Tabela 4.1.2.c Susceptibilidade a ocupao dos relevos Colinas muito amplas e Plancies fluviais

Tipo de Relevo Susceptibilidade a ocupao

Colinas muito amplas Terrenos com susceptibilidade mdia a alta a interferncia, devido a erodibilidade das coberturas arenosas e a extenso das encostas.

Plancies fluviais Terrenos com susceptibilidade alta a interferncia devido ao risco de inundao e contaminao do fretico

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4.1.3 Solos O estudo dos solos realizado na APA do Guariroba compreendeu a descrio, a amostragem a trado e a anlise qumica de 12 perfis de solo em diferentes situaes de relevo, que foram localizados com as respectivas coordenadas UTM. Os solos identificados e caracterizados na APA so dos seguintes tipos: Latossolo Vermelho e Neossolo Quartzarnico, que ocorrem nas Colinas muito amplas; Neossolo Quartzarnico hidromrfico ou glico e eventualmente Neossolos Flvicos (Solos Aluviais), que se associam s plancies fluviais. As principais caractersticas dos tipos pedolgicos identificados na APA do Guariroba so descritas a seguir. O Mapa 04 (Tipos Pedolgicos) indica a abrangncia dos tipos de solos mapeados na bacia hidrogrfica do crrego Guariroba. Latossolos So solos constitudos por material mineral, apresentando horizonte B latosslico imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A, dentro de 200 cm da superfcie do solo ou dentro de 300 cm, se o horizonte A apresenta mais que 150 cm de espessura. Os solos so virtualmente destitudos de minerais primrios ou secundrios menos resistentes ao intemperismo, e tm capacidade de troca de ctions baixa, inferior a 170 cmolc/kg de argila sem correo para carbono, comportando variaes desde solos predominantemente caulinticos, com valores de Ki mais altos, em torno de 2, admitindo o mximo de 2,2, at solos oxidcos de Ki extremamente baixo. Variam de fortemente a bem drenados. So normalmente muito profundos, sendo a espessura do solum raramente inferior a um metro. Tm seqncia de horizontes A, B, C, com pouca diferenciao de horizontes e transies usualmente difusas ou graduais. Em distino s cores mais escuras do A, o horizonte B tem aparncia mais viva, com cores variando desde amarelas ou mesmo bruno-acinzentadas at vermelho-escuro-acinzentadas nos matizes 2,5 YR a 10YR, dependendo da natureza, forma e quantidade dos constituintes (normalmente dos xidos e hidrxidos de ferro) segundo condicionamento de regime hdrico e drenagem do solo, dos teores de ferro na rocha de origem e se a hematita herdada dele ou no. No horizonte C, comparativamente menos colorido, a expresso cromtica bem varivel, mesmo heterognea, dada a natureza mais saproltica. So, em geral, solos fortemente cidos, com baixa saturao por bases, Distrficos ou licos. A subdiviso desta classe, neste trabalho, considera os atributos de cor e textura do horizonte Bw, como diferenciadores das unidades taxonmicas.

Latossolo Vermelho Distrfico tpico, textura argilosa ou mdia, relevo suavemente ondulado (LVd- arg.) Este tipo de solo distribuiu-se no tero inferior de algumas das vertentes das Colinas muito amplas, sendo identificados nos pontos: 27, 47, 48. Este solo o resultado da alterao das rochas bsicas que gradualmente passam a arenitos.

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So solos com matiz 2.5 YR, ou mais vermelho, na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA). Apresentam perfil muito homogneo, com estrutura do tipo microgranular, fortemente desenvolvida. Isto implica em pequena diferenciao de sub-horizontes (transio difusa) e aspecto macio. Se a estrutura no est deformada por prticas de manejo agrcola, esta naturalmente de consistncia macia quando seca, ao longo de todo o perfil. Quando mido frivel, e quando molhada, plstica e pegajosa a ligeiramente plstica quando o solo de textura mdia. O perfil muito espesso, mais de 2m como se pode observar em taludes de corte nas estradas da rea (Foto 10). Foram analisados 3 perfis desta classe de solo, sendo tomadas amostras dos horizontes A e Bw, respectivamente entre 0-20 cm e 100120 cm de profundidade. A Tabela 4.1.3.a indica que nos perfis analisados o teor de argila no horizonte Bw varia entre 615 a 240g de argila/Kg TFSA1. Isto , grada do grupamento textural muito argiloso at textura mdia. O teor de silte muito baixo, e o grau de floculao da argila natural prximo de 100%, indicando alta estabilidade dos microagregados, o que implica em elevada macro porosidade e, portanto, grande taxa de infiltrao. Quanto aos aspectos qumicos, um solo cido pobre em nutrientes, com teor e saturao de alumnio suficiente para a designao de lico. O teor de P muito baixo e a matria orgnica no horizonte A est diretamente relacionada ao teor de argila. Em alguns locais podem apresentar carter frrico, isto , teor de xidos de ferro determinado pelo ataque sulfrico entre 180 e 360g/Kg solo, devido ao substrato de basalto no fundo dos vales. O teor de xidos de Ferro diretamente proporcional ao teor de argila. A saturao de bases sempre inferior a 50% no Bw.

Neossolos Compreende solos constitudos por material mineral ou por material orgnico com menos de 30 cm de espessura, no apresentando qualquer tipo de horizonte B diagnstico. Possuem seqncia de horizonte A-R, A-C-R, A-Cr-R, A-Cr, A-C, O-R ou H-C, sem contudo atender aos requisitos estabelecidos para serem enquadrados nas classes dos Chernossolos, Vertissolos, Plintossolos, Organossolos ou Gleissolos. Esta classe admite vrios tipos de horizontes superficiais. Alguns solos tm horizonte B com fraca expresso de atributos como cor, estrutura ou acumulao de minerais secundrios e/ou colides, no se enquadrando em qualquer tipo de horizonte B diagnstico (EMBRAPA, 1999).

1 TFSA: Terra fina seca ao ar, ou seja, terra seca ao ar no laboratrio e peneirada em malha de 2mm

de dimetro, e submetida a anlises fsicas e qumicas.

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Neossolo Quartzarnico rtico tpico, A moderado ou fraco, relevo plano a suavemente ondulado (Rqo) Esses solos apresentam seqncia de horizontes A-C, sem contato ltico dentro de 50 cm de profundidade, apresentando textura com areia ou areia franca nos horizontes at, no mnimo, a profundidade de 150 cm a partir da superfcie do solo ou at um contato ltico. Essencialmente quartzosos, tendo nas fraes areia grossa e areia fina, 95% ou mais de quartzo, calcednia e opala e, praticamente, ausncia de minerais primrios alterveis (menos resistentes ao intemperismo). Esses solos, exemplificados na Foto 11, foram identificados nos pontos 9, 17, 24, 26, 34, 36A, 39, 45 e 46, cujos resultados analticos apresentados so apresentados na Tabela 4.1.3.b. A seqncia de horizontes A - Cr, geralmente com espessura maior que 1m. As cores do perfil normalmente tm tonalidade clara ou avermelhada no horizonte C, com matiz variando de 10R a 5YR, e ligeiramente mais escura no horizonte A. Este solo apresenta consistncia macia a ligeiramente dura quando seco, ou muito frivel quando mido, e no plstico e no pegajoso quando molhado. A principal caracterstica diferenciadora desta unidade, na classe dos Neossolos, a textura do horizonte C, que apresenta teor mdio de argila abaixo de 150g/Kg TFSA. Nesse caso, as anlises indicam teores mdios de argila de at 100g/ Kg TFSA no horizonte C, em 7 dos 11 perfis amostrados. Nos demais, o teor de argila ficou entre 100 e 140 g/Kg TFSA. O Neossolo Quartzarnico um solo cido e de baixa fertilidade qumica, pois a textura arenosa confere ao solo, invariavelmente, baixa CTC e baixa saturao de bases decorrente da intensa lixiviao a que esto sujeitos. Assim, quimicamente, esta unidade de solos registrada na APA do Guariroba mostra-se pobre em nutrientes, com valores de soma de bases no horizonte A entre 0,36 a 1,71 cmolc/Kg TFSA e no horizonte C entre 0,36 a 0,68 cmolc/Kg TFSA. A CTC pH7 nos horizontes A varia entre 2,47 e 5,67, e C no conjunto das amostras processadas, varia de 2,47 e 5,67 cmolc/Kg TFSA. A saturao mdia por bases varia de 12 a 21 cmolc/Kg TFSA. Devido pobreza de argila e sua composio mineralgica, a CTC diretamente proporcional ao teor de matria orgnica. O alumnio satura o complexo de troca com valores maiores de 50% em 5 dos 9 perfis analisados. Solos Hidromrficos Nas plancies sobre arenito Bauru, os solos dominantes so Neossolo Quartzarnico hidromrfico ou glico, variao esta em funo do maior grau de saturao de gua no primeiro caso, e eventualmente Neossolo Flvicos (Solos Aluviais), todos de textura dominantemente arenosa. Observa-se que quando h vegetao de buritis, esta se localiza sobre solos orgnicos, cuja gnese est ligada ao excesso e afloramento constante da gua do lenol fretico (Foto 12 e 13). Esse solo rico em matria orgnica tem essa fonte na vegetao de gramneas e ciperceas, e tambm na derria de folhagem da prpria palmeira que se decompem muito lentamente devido a falta de oxignio (deficincia de aerao), gerando o acmulo.

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Nos casos em que a plancie ocorre sobre rochas bsicas, os solos so Gleissolos de textura argilosa e eventualmente com plintita (concentrao de xidos de ferro no estado amorfo) na zona de surgncia do lenol fretico. Pode ocorrer laterita na forma de concrees ferruginosas se o material ferruginoso exposto oxidao e desidratao. (Foto 14).

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Tabela 4.1.3.a Resultados analticos dos pontos de Latossolo Vermelho Distrfico tpico, textura argilosa ou mdia, relevo suavemente ondulado

Areia Areia Areia Silte Argila Silte/ Arg. Grau pH pH Delta Mat. P Ca2+

Mg2+

K+ Na

+ Al

3+ H

++Al

3+ Soma CTC V Al

Ponto UTM /cota

Hor. Prof. Grossa Fina Total Argila gua Floc. H2O KCl pH Org. Bases

(cm) g/Kg g/Kg % g/Kg mg/Kg mmolc/Kg % %

28

774.786 A 0-20 260 260 520 110 370 0,30 15 96 4,7 3,9 -0,8 15 5 0,3 0,2 0,05 0,07 0,9 6,4 0,62 7,02 9 59

7722499 Bw 80-100

160 230 390 174 436 0,40 9 98 4,7 3,9 -0,8 13 3 0,3 0,1 0,03 0,08 1,2 8,0 0,51 8,51 6 70

513 m

47

786.384 A 0-20 120 170 290 217 493 0,44 11 98 4,8 3,9 -0,9 34 7 0,5 0,4 0,05 0,10 1,8 12,1 1,05 13,15 8 63

7.730.082 Bw 80-100

90 120 210 175 615 0,28 4 99 5,1 3,9 -1,2 15 4 0,4 0,2 0,03 0,07 2,0 13,5 0,70 14,20 5 74

468 m

48

787.052 A 0-20 540 290 830 25 145 0,17 105 28 4,7 3,9 -0,8 20 5 0,3 0,2 0,05 0,07 0,6 4,7 0,62 5,32 12 49

7.729.877 Bw 80-100

410 320 730 30 240 0,13 12 95 4,9 4,0 -0,9 11 5 0,4 0,1 0,03 0,06 0,7 3,8 0,59 4,39 14 54

473 m

Tabela 4.1.3.b Resultados analticos da unidade taxonmica Rqo

Areia Areia Areia Silte Argila Silte/ Arg. Grau pH pH Delta Mat. P Ca2+

Mg2+

K+ Na

+ Al

3+ H

++Al

3+ Soma CTC V Al

Ponto UTM /cota

Hor. Prof. Grossa Fina Total Argila gua Floc. H2O KCl pH Org. Bases

(cm) g/Kg g/Kg % g/Kg mg/Kg mmolc/Kg % %

9

770.893 A 0-20 570 330 900 24 76 0,32 39 49 5,0 4,0 -1,0 12 5,0 0,3 0,1 0,01 0,06 0,5 2,2 0,47 2,67 18 51

7.711.099 C 100-200

500 380 880 26 94 0,28 59 37 4,7 4,1 -0,6 4 4,0 0,3 0,1 0,01 0,06 0,3 1,8 0,47 2,27 21 39

603 m

17

784.757 A 0-20 590 310 900 10 90 0,11 41 54 4,9 4,1 -0,8 18 5,0 0,2 0,1 0,03 0,07 0,5 3,4 0,40 3,80 11 55

7.711.799 C 100-120

560 330 890 6 104 0,06 83 20 4,7 4,2 -0,5 8 5,0 0,2 0,1 0,01 0,06 0,5 2,2 0,37 2,57 14 58

625m

24

779563 A 0-20 645 290 935 20 45 0,44 5 89 4,9 3,9 -1,0 16 5,0 0,3 0,1 0,01 0,05 0,5 3,4 0,46 3,86 12 52

7.716.465 C 80-100

612 320 932 18 50 0,36 14 72 5,0 4,2 -0,8 10 5,0 0,2 0,1 0,01 0,05 0,2 2,0 0,36 2,36 15 36

547m

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Tabela 4.1.3.b (continuao) Resultados analticos da unidade taxonmica Rqo

Areia Areia Areia Silte Argila Silte/ Arg. Grau pH pH Delta Mat. P Ca2+

Mg2+

K+ Na

+ Al

3+ H

++Al

3+ Soma CTC V Al

Ponto UTM /cota

Hor. Prof. Grossa Fina Total Argila gua Floc. H2O KCl pH Org. Bases

(cm) g/Kg g/Kg % g/Kg mg/Kg mmolc/Kg % %

25

778.586 A 0-20 659 260 919 21 60 0,35 20 67 4,1 3,6 -0,5 20 5,0 0,4 0,1 0,01 0,05 0,6 4,7 0,56 5,26 11 52

7.718.453 C 80-100

650 270 920 4 76 0,05 48 37 4,4 4,0 -0,4 14 5,0 0,2 0,1 0,01 0,06 0,5 2,8 0,37 3,17 12 57

577m

26

778.190 A 0-20 490 410 900 11 89 0,12 62 30 4,4 4,0 -0,4 11 5,0 0,3 0,1 0,01 0,06 0,5 2,0 0,47 2,47 19 52

7.721.451 C 110-130

490 380 870 34 96 0,35 88 8 4,5 4,1 -0,4 7 5,0 0,3 0,1 0,01 0,07 0,5 2,2 0,48 2,68 18 51

521m

33

770.434 A 0-20 570 325 895 25 80 0,31 41 49 4,3 3,6 -0,7 17 6,0 0,3 0,1 0,01 0,06 0,5 5,2 0,47 5,67 8 52

7.727.625 C 100-120

579 320 899 11 90 0,12 53 41 4,7 4,0 -0,7 8 5,0 0,3 0,1 0,01 0,07 0,3 2,5 0,48 2,98 16 39

594m

34

771.748 A 0-20 660 280 940 3 57 0,05 27 53 4,6 4,0 -0,6 11 7,0 0,4 0,2 0,01 0,07 0,6 3,1 0,68 3,78 18 47

7.731.432 C 80-100

630 290 920 20 60 0,33 44 27 4,9 4,1 -0,8 8 5,0 0,3 0,1 0,01 0,04 0,3 1,8 0,45 2,25 20 40

565m

36A

778.979 A 0-20 600 315 915 19 66 0,29 62 6 5,2 4,6 -0,6 21 10,0 0,8 0,8 0,06 0,05 0,1 2,2 1,71 3,91 44 5,5

7.727.921 C 80-100

580 340 920 20 60 0,33 71 5,0 4,2 -0,8 11 5,0 0,4 0,2 0,03 0,05 0,3 3,4 0,68 4,08 17 31

584m

39

776.292 A 0-20 510 361 871 20 109 0,18 75 31 4,6 4,0 -0,6 17 6,0 0,2 0,1 0,01 0,05 0,6 3,4 0,36 3,76 10 62

7725102 C 80-100

480 410 890 5 105 0,05 39 63 4,6 4,2 -0,4 9 5,0 0,2 0,1 0,01 0,06 0,5 2,0 0,37 2,37 16 58

537m

45

785.591 A 0-20 510 380 890 16 94 0,17 47 50 5,1 4,3 -0,8 17 7,0 0,5 0,3 0,01 0,06 0,2 3,1 0,87 3,97 22 19

7.723.268 C 80-100

530 360 890 4 106 0,04 86 19 4,9 4,2 -0,7 10 5,0 0,2 0,1 0,01 0,06 0,5 2,2 0,37 2,57 14 57

566m

46

785.031 A 0-20 584 310 894 21 85 0,25 42 51 5,2 4,6 -0,6 15 7,0 0,7 0,3 0,05 0,06 0,1 1,8 1,11 2,91 38 8,3

7.726.582 Bw 80-100

500 330 830 30 140 0,21 140 0 4,8 4,1 -0,7 8 5,0 0,3 0,1 0,01 0,06 0,3 2,2 0,47 2,67 18 39

500m

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4.1.4 Recursos Hdricos, Usos e Qualidade da gua A sub-bacia hidrogrfica do crrego Guariroba tributria do ribeiro Botas, que por sua vez um dos contribuintes do rio Pardo, um dos afluentes do rio Paran. A sub-bacia possui rea total de 36.190 hectares ocupados principalmente por pastagens. Os fundos de vale caracterizam-se pela extensiva ocorrncia de campos midos, veredas e outras formaes ribeirinhas tpicas do Cerrado. Alm do curso dgua principal correspondente ao crrego Guariroba, a APA drenada pelos crregos Rondinha, dos Tocos, Desbarrancado e Saltinho. Merece destaque ainda como importante elemento hidrogrfico o Reservatrio Guariroba. Em operao desde 1985, a captao de gua existente nesse reservatrio responde por aproximadamente 50% do abastecimento pblico urbano de Campo Grande. A vazo atualmente explorada de 4.433 m3/h. A capacidade de acumulao de gua estimada em projeto no bem conhecida. Conforme registrado por Silva (2005), consta junto barragem a informao de um volume de 30.000.000 m3. No entanto, levantamento batimtrico executado por esse mesmo autor, indicou um volume de 5.500.000 m3. Na mesma perspectiva, outro levantamento batimtrico encomendado pela guas Guariroba S.A. e executado por pesquisadores do Departamento de Hidrulica da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, registrou um volume de 4.235.510 m3. No que se refere aos usos da gua, verifica-se na APA usos consultivos e no consultivos, englobando desse modo, dentre os usos consultivos, o abastecimento humano e animal e a irrigao em setores restritos. Dentre os usos no consultivos, verifica-se a pesca amadora, a piscicultura e o afastamento e diluio de efluentes domsticos de algumas das residncias rurais. Alm da modalidade de uso da gua associada ao abastecimento pblico, a dessedentao de animais o outro uso marcante na bacia, sendo verificado essencialmente em setores da vrzea de todos os canais de drenagem. Nos locais de acesso aos cursos dgua, em razo do pisoteamento do gado, comum a ocorrncia de processos de eroso acelerada e de assoreamento. Em relao a qualidade da gua, a avaliao dos resultados analticos foi baseada com nfase no Artigo 14 da Resoluo CONAMA N. 357/2005, que estabelece as condies e padres mais restritivas para guas de Classe 1. Cumpre, no entanto, ressaltar que os corpos dgua que drenam a APA do Guariroba so enquadrados na Classe 2 da Resoluo CONAMA N 357/2005. Foram selecionados um total de 7 pontos de amostragem distribudos nas principais micro-bacias que compem a APA do Guariroba. As coletas foram realizadas por tcnicos da JGP Consultoria e Participaes Ltda. no dia 30/01/07. Foram coletadas amostras de gua para anlise dos grupos de parmetros previamente selecionados, tais como:

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Fsico Qumicos;

Bacteriolgicos (Coliformes Termotolerantes, Cryptosporidium sp e Girdia sp);

Controle Especial (Metais Pesados e Biocidas Organoclorados e Organofosforados);

A localizao dos Pontos de Amostragem indicada na Figura 4.1.4.a e na Tabela 4.1.4.a. Tabela 4.1.4.a Pontos de Amostragem de Qualidade da gua

Pontos de Amostragem Localizao

PA 01 Crrego Guariroba, acesso pelo km 297 da BR 362

(aproximadamente 5,0 km da Rodovia)

PA 02 Crrego Guariroba

PA 03 Crrego Saltinho

PA 04 Crrego do Aude

PA 05 Crrego Guariroba

PA 06 Crrego dos Tocos

PA 07 Crrego Rondinha

Os procedimentos tcnicos adotados para obteno das amostras foram baseados no Guia de Coleta e Preservao das Amostras de gua, elaborado pela Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado de So Paulo (CETESB, 1988). Foram utilizados os seguintes materiais e reagentes:

PHmetro (papel tornassol);

termmetro;

frascos mbar de 1 L;

frascos plsticos de 500 mL 1 L;

luvas cirrgicas e frascos especficos para a coleta dos parmetros bacteriolgicos;

maleta trmica para acondicionar as amostras em temperatura adequada. As amostras obtidas foram devidamente armazenadas em frascos e em maletas trmicas (a 4C de temperatura), ambos fornecidos pelo laboratrio responsvel pelas anlises, Ambiental Servios Analticos Ltda, com sede em So Paulo - SP. As amostras foram entregues no laboratrio no dia 31/01/07, respeitando o prazo mnimo de 24 horas de preservao estabelecido no Guia de Coleta e Preservao das Amostras de gua (CETESB 1988). A Tabela 4.1.4.b apresenta os resultados das anlises qumicas para os parmetros Fsico-Qumicos.

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Tabela 4.1.4.b Resultados Analticos Parmetros Fsico-Qumicos

Parmetros Unidade Pontos de Amostragem VMP 1 VMP 2

PA 01 PA 02 PA 03 PA 04

Alcalinidade total mg/L 11 6 6 9 -

leos e graxas mg/L < 10 < 10 < 10 < 10 Ausentes Ausentes

DBO mg/L < 2 < 2 < 2 < 2 at 3,0 at 5,0

Temperatura C 27 27 26 26 - -

Turbidez N.T.U. 15 16 5 10 40 100

Cor mg Pt/L 86 88 32 58 (*) 75

PH - 6,71 6,68 6,51 6,58 6 a 9 6 a 9

Cloreto mg/L < 0,5 < 0,5 < 0,5 < 0,5 250 250

Fsforo total mg/L < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,1 0,1

Ortofosfato g/L < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 - -

Nitrognio Total mg/L 0,4 0,2 0,3 0,3 - -

Nitrato mg/L < 0,10 < 0,10 < 0,10 < 0,10 10 10

Nitrito mg/L < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 1 1

Slidos totais mg/L 30 22 < 10 12 - -

Slidos em suspenso totais

mg/L < 10 < 10 < 10 < 10 - -

VMP 1: Valores Mximos Permitidos pelo Artigo 14 da Resoluo CONAMA N 357/05, para guas de classe 1 VMP 2: Valores Mximos Permitidos pelo Artigo 15 da Resoluo CONAMA N 357/05, para guas de classe 2 Nota: Os valores em destaque no atendem aos limites estabelecidos nos Artigos 14 e 15 da Resoluo CONAMA n 357/05, para guas de Classe 1 e Classe 2 , respectivamente. (*) Cor verdadeira nvel de cor natural do corpo de gua em mg Pt/L

Tabela 4.1.4.b Resultados Analticos Parmetros Fsico-Qumicos (continuao)

Parmetros Unidade Pontos de Amostragem

VMP 1 VMP 2 PA 05 PA06 PA 07

Alcalinidade total mg/L 11 8 6 - -

leos e graxas mg/L < 10 < 10 < 10 Ausentes

DBO mg/L < 2 < 2 < 2 at 3,0 at 5,0

Temperatura C 26 27 28 - -

Turbidez N.T.U. 19 3 2 40 100

Cor mg Pt/L 104 15 11 (*) 75

PH - 6,78 6,46 5,87 6 a 9 6 a 9

Cloreto mg/L < 0,5 < 0,5 < 0,5 250 250

Fsforo total mg/L < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,1 0,1

Nitrognio Total mg/L 0,3 0,3 0,4 - -

Nitrato mg/L < 0,10 < 0,10 < 0,10 10 10

Nitrito mg/L < 0,01 < 0,01 < 0,01 1 1

Ortofosfato g/L < 0,05 < 0,05 < 0,05 - -

Slidos totais mg/L < 10 < 10 < 10 - -

Slidos em suspenso totais mg/L < 10 < 10 < 10 - -

VMP 1: Valores Mximos Permitidos pelo Artigo 14 da Resoluo CONAMA N 357/05, para guas de classe 1 VMP 2: Valores Mximos Permitidos pelo Artigo 15 da Resoluo CONAMA N 357/05, para guas de classe 2 Nota: Os valores em destaque no atendem aos limites estabelecidos nos Artigos 14 e 15 da Resoluo CONAMA n 357/05, para guas de Classe 1 e Classe 2 , respectivamente. (*) Cor verdadeira nvel de cor natural do corpo de gua em mg Pt/L

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A Tabela 4.1.4.c apresenta os resultados das anlises qumicas para os parmetros Bacteriolgicos. Tabela 4.1.4.c Resultados Analticos Parmetros Bacteriolgicos

Parmetros Unidade Pontos de Amostragem

VMP 1 VMP 2 PA 01 PA 02 PA 03 PA 04

Coliformes Fecais NMP/100

ml 210 4 20 21 200 1.000

Coliformes Totais NMP/100

ml 1.100 1.100 1.100 1.100 - -

Cryptosporidium sp

Ufc/ml Ausentes Ausentes Ausentes Ausentes - -

Girdia SP Ufc/ml Ausentes Ausentes Ausentes Ausentes - -

VMP 1: Valores Mximos Permitidos pelo Artigo 14 da Resoluo CONAMA N 357/05, para guas de classe 1 VMP 2: Valores Mximos Permitidos pelo Artigo 15 da Resoluo CONAMA N 357/05, para guas de classe 2 Nota: Os valores em destaque no atendem ao limite estabelecido no Artigo 14 da Resoluo CONAMA n 357/05, para guas de Classe 1

Tabela 4.1.4.c Resultados Analticos Parmetros Bacteriolgicos (continuao)

Parmetros Unidade Pontos de Amostragem

VMP 1 VMP 2 PA 05 PA 06 PA 07

Coliformes Fecais NMP/100 ml 460 39 23 200 1.000

Coliformes Totais NMP/100 ml 1.100 1.100 1.100 - -

Cryptosporidium sp Ufc/ml Ausentes Ausentes Ausentes - -

Girdia SP Ufc/ml Ausentes Ausentes Ausentes - -

VMP 1: Valores Mximos Permitidos pelo Artigo 14 da Resoluo CONAMA N 357/05, para guas de classe 1 VMP 2: Valores Mximos Permitidos pelo Artigo 15 da Resoluo CONAMA N 357/05, para guas de classe 2 Nota: Os valores em destaque no atendem ao limite estabelecido no Artigo 14 da Resoluo CONAMA n 357/05, para guas de Classe 1

A Tabela 4.1.4.d apresenta os resultados das anlises qumicas para os parmetros de Controle Especial.

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Tabela 4.1.4.d Resultados Analticos Parmetros de Controle Especial

Parmetros Unidade Pontos de Amostragem VMP 1 VMP 2

PA 01 PA 02 PA 03 PA 04

Metais

Alumnio Total mg/L 0,79 0,41 < 0,1 0,12 - -

Alumnio Solvel mg/L 0,31 0,31 0,31 0,31 0,1 0,1

Arsnio Total mg/L < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 0,01 0,01

Brio Total mg/L < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 0,7 0,7

Cdmio Total mg/L < 0,0005 < 0,0005 < 0,0005 < 0,0005 0,001 0,001

Chumbo Total mg/L < 0,002 < 0,002 < 0,002 < 0,002 0,01 0,01

Cobre Total mg/L < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 - -

Cobre Solvel mg/L < 0,003 < 0,003 < 0,003 < 0,003 0,009 0,009

Cromo Total mg/L < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,05 0,05

Ferro Solvel mg/L 0,23 0,30 0,11 0,13 0,3 0,3

Ferro Total mg/L 0,77 0,82 0,23 0,38 - -

Mercrio Total mg/L < 0,0001 < 0,0001 < 0,0001 < 0,0001 0,0002 0,0002

Nquel Total mg/L < 0,005 < 0,005 < 0,005 < 0,005 0,025 0,025

Zinco Total mg/L 0,01 0,01 0,02 0,02 0,18 0,18

VMP 1: Valores Mximos Permitidos pelo Artigo 14 da Resoluo CONAMA N 357/05, para guas de classe 1 VMP 2: Valores Mximos Permitidos pelo Artigo 15 da Resoluo CONAMA N 357/05, para guas de classe 2 Nota: Os valores em destaque no atendem aos limites estabelecidos nos Artigos 14 e 15 da Resoluo CONAMA n 357/05, para guas de Classe 1 e Classe 2 , respectivamente.

Tabela 4.1.4.d (continuao) Resultados Analticos Parmetros de Controle Especial

Parmetros Unidade Pontos de Amostragem VMP 1 VMP 2

PA 01 PA 02 PA 03 PA 04

Biocidas

Alacloro g/L < 1 < 1 < 1 < 1 20 20

Aldrin g/L < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 0,005 0,005

Clordano g/L < 0,04 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,04 0,04

DDT g/L < 0,002 < 0,002 < 0,002 < 0,002 0,002 0,002

Demeton g/L < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,1 0,1

Dieldrin g/L < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 0,005 0,005

Endossulfan g/L < 0,002 < 0,002 < 0,002 < 0,002