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PRIMEIRA ETAPA: 09:00 até 11:30 • Verifique se o cartão resposta contém 31 questões, correspondentes à primeira etapa da prova objetiva, corretamente ordenadas de 1 a 31. Caso o caderno esteja incompleto, tenha qualquer defeito ou apresente discordância, solicite ao fiscal da sala mais próximo que tome as providências cabíveis, pois não serão aceitas reclamações posteriores nesse sentido. • As questões são compostas de quatro itens cada uma, marque, para cada item, o campo designado com o código “C”, caso julgue o item CERTO, ou o campo designado como “E”, caso julgue o item ERRADO. Durante a prova, não se comunique com os outros candidatos nem se levante sem autorização de fiscal de sala. • A duração da primeira etapa da prova objetiva é de duas horas e trinta minutos, já incluindo o tempo destinado à identificação que será feita no decorrer da aplicação e ao preenchimento da folha de respostas. Ao terminar a prova, chame o fiscal de sala mais próximo, devolva-lhe a sua folha de respostas e o caderno de questões, e deixe o local da prova. O candidato que desejar levar o caderno de questões deverá aguardar os 15 minutos finais do tempo destinado à prova A desobediência a qualquer uma das determinações constantes em edital, no presente caderno ou na folha de respostas poderá implicar a anulação de sua prova. Boa prova! SIMULADO GERAL CARREIRAS INTERNACIONAIS SIMULADÃO CLIO 2016.4

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PRIMEIRA ETAPA: 09:00 até 11:30 • Verifique se o cartão resposta contém 31 questões, correspondentes à primeira etapa da prova objetiva, corretamente ordenadas de 1 a 31. Caso o caderno esteja incompleto, tenha qualquer defeito ou apresente discordância, solicite ao fiscal da sala mais próximo que tome as providências cabíveis, pois não serão aceitas reclamações posteriores nesse sentido. • As questões são compostas de quatro itens cada uma, marque, para cada item, o campo designado com o código “C”, caso julgue o item CERTO, ou o campo designado como “E”, caso julgue o item ERRADO. • Durante a prova, não se comunique com os outros candidatos nem se levante sem autorização de fiscal de sala.

• A duração da primeira etapa da prova objetiva é de duas horas e trinta minutos, já incluindo o tempo destinado à identificação – que será feita no decorrer da aplicação – e ao preenchimento da folha de respostas. • Ao terminar a prova, chame o fiscal de sala mais próximo, devolva-lhe a sua folha de respostas e o caderno de questões, e deixe o local da prova. • O candidato que desejar levar o caderno de questões deverá aguardar os 15 minutos finais do tempo destinado à prova • A desobediência a qualquer uma das determinações constantes em edital, no presente caderno ou na folha de respostas poderá implicar a anulação de sua prova. Boa prova!

SIMULADO GERAL

CARREIRAS INTERNACIONAIS

SIMULADÃO CLIO 2016.4

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PROVA OBJETIVA – PRIMEIRA ETAPA

Texto I: Eu sei, mas não devia

Marina Colasanti

1 Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. 2 A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. 3 A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. 4 A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração. 5 A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. 6 A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez paga mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. 7 A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. 8 A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta. 9 A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado. 10 A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

http://www.releituras.com/mcolasanti_eusei.asp

Com base nas ideias contidas no texto I, julgue os itens subsequentes.

No texto, a recorrência da estrutura paralelística “A gente se acostuma” enfatiza a crítica da autora à tamanha

conformidade das pessoas, inclusive ela mesma, que vivem nas cidades grandes.

O primeiro período do texto, “Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia”, ratifica a ideia contida no

título, visto que o complemento do verbo “dever” é o mesmo.

A escolha do termo “a gente”, como sujeito simples de grande parte das orações do texto, evidencia que a

autora compartilha o comportamento generalizado de se acostumar a viver em meio aos problemas, o que

exemplifica o emprego predominante da função emotiva da linguagem.

É correto afirmar que, no trecho “Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito.” (10° parágrafo), foram empregadas, respectivamente, a metáfora e a metonímia.

QUESTÃO 1

LÍNGUA PORTUGUESA

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QUESTÃO 2

Considerando o emprego de advérbios e de palavras denotativas no texto I, julgue as assertivas seguintes.

No período “Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.” (10° parágrafo), é possível afirmar que o termo destacado tem valor semântico de modo.

Em “Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo.” (9° parágrafo), a palavra “só” não pertence a nenhuma classe gramatical e poderia ser substituída pela palavra “apenas” sem causar modificação semântica no período em que se insere. Pode-se afirmar que, no excerto “A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.” (8° parágrafo), o termo “de ar condicionado” deve ser classificado como advérbio e apresenta valor semântico de causa. No trecho “E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.” (2° parágrafo), o advérbio “logo” apresenta circunstância de tempo e poderia ser substituído por prontamente.

QUESTÃO 3

Julgue os itens subsequentes, considerando os aspectos morfossintáticos do texto I. Desconsiderando-se o efeito estilístico da

pontuação, é correto afirmar que, no último período do texto, “Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.”, a palavra “que”, nas duas ocorrências, pode ser classificada como pronome relativo e exerce a mesma função sintática nas orações em que se insere.

O período “E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos.” (4° parágrafo) é composto por subordinação apenas. Em “Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.” (8° parágrafo) e em “E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz.” (4° parágrafo), os termos preposicionados destacados exemplificam a mesma função sintática.

A classificação da oração “hoje não posso ir”, presente em “A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.” (5° parágrafo), é subordinada substantiva e exerce função sintática de aposto, o que é comprovado pelo emprego dos dois-pontos.

QUESTÃO 4

Considerando os aspectos gramaticais e linguísticos do texto I, julgue os itens abaixo.

No último parágrafo, a preposição “para” relaciona termos por subordinação e, em todas as suas ocorrências, expressa o sentido adverbial de finalidade. O verbo “estar”, nos períodos “A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.” e “A tomar o café correndo porque está atrasado.”, ambos do terceiro parágrafo, recebe classificações distintas, visto que, no primeiro é empregado como impessoal e, no segundo, é empregado como verbo de ligação. Em “Se o cinema está cheio, a gente senta na

primeira fila” (9º parágrafo), o verbo “sentar”

deve ser classificado como intransitivo.

No trecho “A gente se acostuma a coisas

demais, para não sofrer.” (9º parágrafo), o

verbo da primeira oração é pronominal, núcleo

do predicado verbal e transitivo indireto.

QUESTÃO 4

Rascunho

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Texto II 1 Nesse ponto Baleia arrebitou as orelhas, arre-gaçou as ventas, sentiu cheiro de preás, farejou um minuto, localizou-os no morro próximo e saiu correndo. 2 Fabiano seguiu-a com a vista e espantou-se: uma sombra passava por cima do monte. Tocou o braço da mulher, apontou o céu, ficaram os dois algum tempo aguentando a claridade do sol. Enxugaram as lágrimas, foram agachar-se perto dos filhos, suspirando, conservaram-se encolhidos, temendo que a nuvem se tivesse desfeito, vencida pelo azul terrível, aquele azul que deslumbrava e endoidecia a gente. 3 Entrava dia e saía dia. As noites cobriam a terra de chofre. A tampa anilada baixava, escurecia, quebrada apenas pelas vermelhidões do poente. (...) 4 Olhou o céu de novo. Os cirros acumulavam-se, a lua surgiu, grande e branca. Certamente ia chover. (...) 5 Uma, duas, três, havia mais de cinco estrelas no céu. A lua estava cercada de um halo cor de leite. Ia chover. Bem. A catinga ressuscitaria, a semente do gado voltaria ao curral, ele, Fabiano, seria o vaqueiro daquela fazenda morta. Chocalhos de badalos de ossos animariam a solidão. Os meninos, gordos, vermelhos, brincariam no chiqueiro das cabras, sinhá Vitória vestiria saias de ramagens vistosas. As vacas povoariam o curral. E a catinga ficaria toda verde.

Graciliano Ramos. Vidas Secas.

QUESTÃO 5

Julgue as afirmativas feitas a seguir sobre os

aspectos semânticos e linguísticos do texto II.

Em “vencida pelo azul terrível, aquele azul que deslumbrava” (2º parágrafo), os modificadores da palavra “azul”, nas duas ocorrências, constituem um par antitético. Atendendo à prescrição gramatical, o termo “a gente”, em “aquele azul que deslumbrava e endoidecia a gente.” (2º parágrafo), deveria ser substituído pelo pronome nós. As orações sem sujeito do período “Entrava dia e saía dia” (3º parágrafo) fazem a marcação temporal desse trecho da narrativa, indicando a permanência do período de seca. O termo “tampa anilada”, empregada no 3º parágrafo, estabelece coesão lexical com o termo “céu”, empregado em parágrafo anterior, substituindo-lhe por metáfora, a fim de evitar a repetição.

QUESTÃO 6

Considerando as inferências relativas ao texto II e seus aspectos gramaticais, julgue as afirmativas abaixo. A constante adjetivação e o uso das várias

figuras de linguagem no texto II caracterizam, respectivamente, o emprego das funções referencial e poética, o que exemplifica característica típica do estilo do autor. Considerando o emprego das vírgulas em “Os meninos, gordos, vermelhos, brincariam no chiqueiro das cabras” (5º parágrafo), é possível inferir que há vários meninos aos quais o narrador se refere, mas apenas os gordos e vermelhos “brincariam no chiqueiro das cabras”. A pontuação do trecho “Ia chover. Bem.” (5º parágrafo) apresenta apenas finalidade estilística; não haveria, portanto, alteração significativa do sentido original caso se fizesse a reescrita desse trecho da seguinte forma: Ia chover bem.

Na frase “E a catinga ficaria toda verde” (parágrafo), a palavra “toda”, apesar de ser variável em razão de sua base pronominal, exerce função sintática de adjunto adverbial.

QUESTÃO 4

Rascunho

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Texto III: Brincadeiras

1 No quintal a gente gostava de brincar com palavras

mais do que de bicicleta. Principalmente porque ninguém possuía bicicleta. A gente brincava de palavras descomparadas. Tipo assim:

5 O céu tem três letras O sol tem três letras O inseto é maior. O que parecia um despropósito Para nós não era despropósito.

10 Porque o inseto tem seis letras e o sol só tem três Logo o inseto é maior. (Aqui entrava a lógica?) Meu irmão que era estudado falou quê lógica quê nada Isso é um sofisma. A gente boiou no sofisma. Ele disse que sofisma é risco n'água. Entendemos tudo.

15 Depois Cipriano falou: Mais alto do que eu só Deus e os passarinhos. A dúvida era saber se Deus também avoava Ou se Ele está em toda parte como a mãe ensinava. Cipriano era um indiozinho guató que aparecia no

20 quintal, nosso amigo. Ele obedecia a desordem. Nisso apareceu meu avô. Ele estava diferente e até jovial. Contou-nos que tinha trocado o Ocaso dele por duas andorinhas. A gente ficou admirado daquela troca.

25 Mas não chegamos a ver as andorinhas. Outro dia a gente destampamos a cabeça de Cipriano. Lá dentro só tinha árvore árvore árvore Nenhuma ideia sequer. Falaram que ele tinha predominâncias vegetais do que platônicas.

30 Isso era. (Manoel de Barros. In: Memórias inventadas: a Infância.)

Com base na leitura do texto III, julgue os itens subsequentes.

A escolha do registro informal da linguagem é coerente para a construção do texto III, visto que o eu lírico dessas memórias parece querer imprimir à narração certo tom familiar. Ainda que não haja pontuação específica no trecho “Meu irmão que era estudado falou quê lógica quê nada /

Isso é um sofisma. A gente boiou no sofisma.” (versos 12 e 13), verifica-se a inserção integral da fala do irmão

no discurso do eu lírico, o que caracteriza o discurso indireto livre.

A repetição da palavra “árvore”, em “Lá dentro só tinha árvore árvore árvore” (verso 27), intensifica a visão

natural do “indiozinho” acerca do mundo, o que é reforçado pela escolha da expressão “predominâncias

vegetais”, em verso posterior.

Os versos “Contou-nos que tinha trocado o Ocaso dele por duas andorinhas. / A gente ficou admirado daquela troca. / Mas não chegamos a ver as andorinhas.” (versos 23 a 25) ratificam a ingenuidade do eu lírico, o que caracteriza sua percepção infantil acerca do ambiente em que está inserido. .

QUESTÃO 7

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QUESTÃO 8

Julgue os itens abaixo quanto à correção gramatical e quanto ao sentido do texto III.

A palavra “como”, em “Ou se Ele está em toda parte como a mãe ensinava.” (verso 18), introduz oração de base adverbial que imprime ao período ideia de comparação. Considerando o contexto em que está inserida a oração “que era estudado”, no verso 12, é possível interpretá-la de modo ambíguo: como oração que restringe as possibilidades semânticas do termo “irmão”, ou como oração que confere credibilidade à fala posterior do eu lírico, apresentando sentido causal.

É possível inferir que a antítese construída no verso “Ele obedecia a desordem.” (verso 20) exemplifica o emprego do registro informal da língua, o que é coerente com o padrão linguístico infantil que caracteriza o eu lírico. A conjunção “se”, em “A dúvida era saber se Deus também avoava” (verso 17), recebe a mesma classificação morfológica da palavra “que”, em “Ele disse que sofisma é risco n'água.” (verso 14).

Texto IV: Notícia da atual literatura brasileira (excerto)

1 Quem examina a atual literatura brasileira reconhece-lhe logo, como primeiro traço, certo instinto de nacionalidade. Poesia, romance, todas as formas literárias do pensamento buscam vestir-se com as cores do país, e não há como negar que semelhante preocupação é sintoma de vitalidade e abono de futuro. As tradições de Gonçalves Dias, Porto Alegre e Magalhães são assim continuadas pela geração já feita e pela que ainda agora madruga, como aqueles continuaram as de José Basílio da Gama e Santa Rita Durão. Escusado é dizer a vantagem deste universal acordo. Interrogando a vida brasileira e a natureza americana, prosadores e poetas acharão ali farto manancial de inspiração e irão dando fisionomia própria ao pensamento nacional. Esta outra independência não tem Sete de Setembro nem campo de Ipiranga; não se fará num dia, mas pausadamente, para sair mais duradoura; não será obra de uma geração nem duas; muitas trabalharão para ela até perfazê-la de todo. 2 Sente-se aquele instinto até nas manifestações da opinião, aliás mal formada ainda, restrita em extremo, pouco solícita, e ainda menos apaixonada nestas questões de poesia e literatura. Há nela um instinto que leva a aplaudir principalmente as obras que trazem os toques nacionais. A juventude literária, sobretudo, faz deste ponto uma questão de legítimo amor-próprio. Nem toda ela terá meditado os poemas de Uruguai e Caramuru com aquela atenção que tais obras estão pedindo; mas os nomes de Basílio da Gama e Durão são citados e amados, como precursores da poesia brasileira. 3 A razão é que eles buscaram em roda de si os elementos de uma poesia nova, e deram os primeiros traços de nossa fisionomia literária, enquanto que outros,

Gonzaga, por exemplo, respirando aliás os ares da pátria, não souberam desligar-se das faixas da Arcádia nem dos preceitos do tempo. Admira-se-lhes o talento, mas não se lhes perdoa o cajado e a pastora, e nisto há mais erro que acerto. 4 Dado que as condições deste escrito o permitissem, não tomaria eu sobre mim a defesa do mau gosto dos poetas arcádicos nem o fatal estrago que essa escola produziu nas literaturas portuguesa e brasileira. Não me parece, todavia, justa a censura aos nossos poetas coloniais, iscados daquele mal; nem igualmente justa a de não haverem trabalhado para a independência literária, quando a independência política jazia ainda no ventre do futuro, e mais que tudo, quando entre a metrópole e a colônia criara a história a homogeneidade das tradições, dos costumes e da educação. As mesmas obras de Basílio da Gama e Durão quiseram antes ostentar certa cor local do que tornar independente a literatura brasileira, literatura que não existe ainda, que mal poderá ir alvorecendo agora.

(ASSIS, Machado de. Obra Completa. Rio de Janeiro:

Nova Aguilar, 1979.)

QUESTÃO 9

Com relação ao sentido do texto IV e aos seus aspectos linguísticos, julgue as assertivas subsequentes.

É possível inferir que o autor critica a escolha de

alguns escritores da época por “ostentar certa

cor local” (4° parágrafo), o que o autor nomeia

como “instinto de nacionalidade” (1°

parágrafo), questionando-lhes o nacionalismo.

Com relação às figuras de linguagem, pode-se

afirmar que, em “quando a independência

política jazia ainda no ventre do futuro” (4°

parágrafo), o autor empregou a metáfora, a fim

de conferir maior expressividade ao texto.

Pode-se afirmar que a ideia contida no excerto “Esta outra independência não tem Sete de Setembro nem campo de Ipiranga; não se fará num dia, mas pausadamente, para sair mais duradoura; não será obra de uma geração nem duas; muitas trabalharão para ela até perfazê-la de todo.” (1° parágrafo) é confirmada pelo trecho “literatura que não existe ainda, que mal poderá ir alvorecendo agora.” (4° parágrafo). No trecho “Dado que as condições deste

escrito o permitissem” (4º parágrafo), o

pronome demonstrativo “este” foi empregado

com função dêitica, visto que o referente é o

próprio ensaio que o autor escreve.

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QUESTÃO 10

Julgue as assertivas a seguir, considerando os aspectos sintáticos presentes no texto IV. O termo “uma questão de legítimo amor-

próprio” exerce função de complemento verbal na oração em que se insere, “A juventude literária, sobretudo, faz deste ponto uma questão de legítimo amor-próprio.” (2° parágrafo). O trecho destacado pela vírgula após a palavra “brasileira”, em “As mesmas obras de Basílio da Gama e Durão quiseram antes ostentar certa cor local do que tornar independente a literatura brasileira, literatura que não existe ainda, que mal poderá ir alvorecendo agora.” (4° parágrafo) constitui-se como um comentário do autor acerca de seu próprio texto, que amplia a afirmação anterior acrescentando-lhe termo de valor adjetivo. Em suas duas ocorrências, no período “Admira-se-lhes o talento, mas não se lhes perdoa o cajado e a pastora, e nisto há mais erro que acerto.” (3º parágrafo), a partícula “se” recebe classificações gramaticais distintas.

O pronome relativo “que”, sublinhado no fragmento “Há nela um instinto que leva a aplaudir principalmente as obras que trazem os toques nacionais.” (10º parágrafo), exerce a mesma função sintática do termo antecedente “instinto”.

QUESTÃO 11

De acordo com a estrutura e os processos de formação de palavras no texto IV, julgue os itens seguintes.

Em “quando entre a metrópole e a colônia

criara a história a homogeneidade” (4°

parágrafo), a palavra “homogeneidade” é

formada apenas pelo processo de composição

por justaposição. O sufixo “-mente” das palavras

“pausadamente”, em “não se fará num dia, mas pausadamente.” (1° parágrafo), e “principalmente”, em “Há nela um instinto que leva a aplaudir principalmente as obras que trazem os toques nacionais.” (2° parágrafo), foi empregado a fim de formar elementos de mesma classe gramatical, a partir de adjetivos. O vocábulo “independente”, em “As mesmas obras de Basílio da Gama e Durão quiseram antes ostentar certa cor local do que tornar independente a literatura brasileira” (4° parágrafo), é formado prefixação. O vocábulo “apaixonada”, presente em “pouco solícita, e ainda menos apaixonada nestas questões de poesia e literatura.” (2°

parágrafo), exemplifica o processo de formação conhecido como parassíntese.

QUESTÃO 12

Acerca da organização, da linguagem e dos aspectos gramaticais do texto IV, julgue os itens subsequentes.

Considerando o emprego do verbo achar no futuro do presente, em “Interrogando a vida brasileira e a natureza americana, prosadores e poetas acharão ali farto manancial de inspiração.” (1º parágrafo), pode-se afirmar que a oração reduzida “Interrogando a vida brasileira e a natureza americana”, presente no período, apresenta valor semântico de tempo. Pode-se afirmar que, em trechos como “não se

fará num dia, mas pausadamente, para sair

mais duradoura” (1º parágrafo) e “enquanto

que outros, Gonzaga por exemplo, respirando

aliás os ares da pátria, não souberam

desligar-se das faixas da Arcádia nem dos

preceitos do tempo” (3º parágrafo), não é

possível identificar marcas do discurso informal

da língua.

No trecho “Dado que as condições deste

escrito o permitissem, não tomaria eu sobre

mim a defesa do mau gosto dos poetas

arcádicos” (4º parágrafo), a locução conjuntiva

“Dado que” foi empregada com sentido

concessivo, portanto não haveria alteração

semântica caso o trecho fosse reescrito da

seguinte forma: Conquanto as condições

deste escrito o permitissem, não tomaria eu

sobre mim a defesa do mau gosto dos poetas

arcádicos. No trecho “Sente-se aquele instinto até nas

manifestações da opinião, aliás mal formada

ainda, restrita em extremo” (2º parágrafo), a

palavra “aliás” é uma palavra denotativa com

valor de retificação.

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Texto V: Aula de Português

1 A linguagem na ponta da língua,

tão fácil de falar e de entender.

5 A linguagem

na superfície estrelada de letras, sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,

e vai desmatando 10 amazonas de minha ignorância.

Figuras de gramática, equipáticas, atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,

em que pedia para ir lá fora, 15 em que levava e dava pontapé,

a língua, breve língua entrecortada do namoro com a prima.

O português são dois: o outro, mistério.

(Carlos Drummond de Andrade. In: Boitempo.)

QUESTÃO 13

Julgue os itens subsequentes quanto às ideias contidas no texto V.

Embora seja um neologismo do autor, é possível atribuir sentido negativo à palavra “equipáticas”, presente no verso 11, considerando-se o campo semântico do trecho em que está inserida.

A terceira e a quarta estrofes retomam o conteúdo expresso, respectivamente, pela primeira e pela segunda estrofes.

É possível afirmar que a palavra “entrecortada”, no trecho “a língua, breve língua entrecortada / do namoro com a prima.” (versos 16 e 17), evidencia a timidez e a emoção do eu lírico. Os versos 9 e 10, “e vai desmatando / amazonas de minha ignorância”, além de imprimirem à estrofe sentido hiperbólico, ratificam a escolha do substantivo “mistério”, empregado no último verso.

QUESTÃO 14

Considerando aspectos gramaticais e semânticos do texto V, julgue as afirmativas abaixo.

O sujeito poético afirma que “o português são dois” (verso 18), visto que diferencia a linguagem oral da linguagem escrita, está caracterizada como um mistério impossível de decifrar. O vocábulo “que”, presente nos versos 13, 14 e 15, foi empregado com a mesma função sintática e apresenta o mesmo valor semântico. A metáfora foi a figura de linguagem que serviu de base para a construção da imagem das letras na folha de papel, nos versos “A linguagem / na superfície estrelada de letras,”. Depreende-se da leitura do texto que o referente da palavra “lá”, no sétimo verso, “sabe lá o que ela quer dizer”, é o termo “na superfície estrelada de letras”.

QUESTÃO 15

Julgue as assertivas abaixo (C ou E) levando em consideração o atual momento da política externa brasileira:

A temática do desenvolvimento se mantém em posição de destaque na política externa brasileira, como atributo necessário para a concretização dos objetivos nacionais do Brasil, em um registro amplo, que engloba a dignidade humana e o meio ambiente. Mantendo tradição diplomática brasileira, a política externa pátria vem se insulando de temas relacionados à segurança internacional, para dar ênfase a temas relacionados a comércio e investimentos. A integração regional sul-americana voltou, nos últimos meses, a ser prioritária para o governo brasileiro, ultrapassando a ênfase dada à América Latina em tempos recentes.

A saída das tropas brasileiras do Haiti marca o fim de um ciclo que levou dezenas de milhares de soldados para o país caribenho, com ênfase na construção de melhores condições econômicas e sociais, para a consolidação da paz.

POLÍTICA INTERNACIONAL

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QUESTÃO 16

Os estudos de segurança internacional são uma das áreas mais tradicionais no campo da teoria das relações internacionais. Sobre esta área de conhecimento, pede-se que julgue:

Os Peace Studies são uma corrente teórica primordialmente nórdica, que defende a necessidade de estudos acerca das condições para a manutenção da paz, em detrimento do estudo sobre a guerra.

A Escola de Copenhague é uma corrente de estudos de segurança que trava debate com o construtivismo, por considerar que as ameaças à segurança de um estado não são baseadas em percepções, mas em questões objetivas, como invasão territorial ou sobrevivência.

O realismo de Arnold Wolfers questiona, desde os anos 1960, a definição de ameaça à segurança como um dado objetivo: diferentes estados interpretam as ameaças contra si de formas diferentes.

A tese do choque de civilizações, formulada por Samuel Huntington, considera que o fim da bipolaridade não é suficiente para diminuir a importância dos conflitos internacionais, que passariam a ser choques entre diferentes culturas.

QUESTÃO 17

Julgue as afirmativas abaixo, tomando por base a posição da China no cenário internacional:

A despeito de ser um dos membros permanentes

do Conselho de Segurança da ONU, a China evita

recorrer ao seu poder de veto, e o faz apenas em

questões que contrariem os interesses chineses

de forma frontal.

A postura chinesa diante de seu entorno regional tem sido marcada pela explicitação das pretensões territoriais da China, sobretudo no Mar do Sul da China, valendo-se de argumentos históricos e da instalação de bases militares na região. A proximidade política entre os Estados Unidos da América e vizinhos da China, como Filipinas e Vietnã, associada ao pivô estadunidense para a Ásia-Pacífico, amplia a tensão na região, incluindo a presença de porta-aviões dos Estados Unidos no Mar do Sul da China. A crescente proximidade entre a China e a América Latina pode ser constatada pela disposição chinesa em investir na região, com a construção de rodovias e ferrovias que unam o continente sul-americano, e com o financiamento do Canal da Nicarágua.

QUESTÃO 18

Julgue as afirmativas abaixo (C ou E), tomando por base os efeitos da globalização para o mundo contemporâneo:

A globalização não pode ser caracterizada como um processo único, unidirecional e homogêneo: os seus efeitos podem ser diversos de acordo com o lugar – no centro ou na periferia – e se diferenciar por temas, com efeitos diversos na cultura, na economia e nas relações sociais. Um dos efeitos consensuais da globalização é sua capacidade de minar o poder dos Estados, a ponto de torná-lo irrelevante diante do mercado internacional. A globalização tem como uma de suas consequências a reorganização de estruturas sociais e produtivas, que deixam de ter o território como referência absoluta, o que tem como efeito uma reorientação das relações de poder na política internacional. O contato intenso entre diferentes culturas é um traço da globalização, com efeitos contraditórios: ao passo que cria uma cultura cosmopolita, gera também reafirmações violentas de identidade, com a resistência a padrões globais de comportamento e valores.

QUESTÃO 19

Julgue os itens abaixo quanto a sua correção (C ou E), tomando por base o relacionamento histórico do Brasil com seus vizinhos regionais:

O relacionamento brasileiro com a Venezuela passou por sobressaltos históricos, com o rompimento de relações em 1964, após a ascensão dos militares ao poder no Brasil. A construção da hidrelétrica de Itaipu foi uma iniciativa brasileiro-paraguaia, em que o Brasil arcou com grande parte dos recursos e obteve prioridade na compra do excedente de energia destinada ao Paraguai. O projeto Gasbol permitiu que Brasil e Bolívia construíssem laços de integração energética, com maior fluxo de gás natural, que é o principal produto comprado pelo Brasil deste vizinho andino. Brasil e Argentina mantém relações comercialmente importantes, sendo o país platino o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, que é o segundo parceiro mais importante da Argentina, atrás da China.

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QUESTÃO 20

Julgue as afirmativas que se seguem, pautando-se na atuação brasileira na Organização das Nações Unidas:

Desde os anos 1940, os presidentes brasileiros destacaram-se ao discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU, com exceção dos presidentes do ciclo militar e de Fernando Collor de Mello.

O Brasil defende que a ONU deve ser uma organização universal, e aponta para o ideal de que todos os países do mundo devem estar representados na Assembleia Geral. Por isso, defende o ingresso de países como o Kosovo, que é obstado pela Rússia no Conselho de Segurança.

A participação brasileira na ONU notabiliza-se – sobretudo a partir dos anos 1990 – pela participação na construção de soluções para os problemas na humanidade, como se verifica na proposta de lançamento de uma Agenda para o Desenvolvimento.

No Conselho de Segurança, o Brasil vale-se se seus mandatos rotativos para defender soluções que empreguem o diálogo e a inclusão política, tendo votado contra a resolução que aprovou a intervenção na Líbia, em 2011.

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QUESTÃO 21

Levando em consideração os desafios enfrentados pela Europa no atual contexto, julgue as afirmativas abaixo como C ou E:

A migração vem abalando uma das bases da integração regional, visto que há países que se mostram dispostos a rever a livre-circulação de pessoas, estabelecida pelo Tratado de Maastricht e enriquecida pelo Acordo Schengen. A debelação da crise econômica na Europa depende da estabilização de economias como a espanhola e a grega, ligadas ao restante da União Europeia pela Zona do Euro, que inclui todos os 28 países da integração. O Brexit aponta para uma crescente perda de confiança da população europeia diante da integração, naquilo que é caracterizado como “déficit democrático”, e se mostra na eleição de parlamentares europeus críticos à União Europeia.

Contribui para o ceticismo diante da integração europeia o enfraquecimento dos parlamentos nacionais, determinado pelo Tratado de Lisboa.

QUESTÃO 22

Julgue as afirmativas abaixo (C ou E), levando em consideração o atual contexto médio-oriental, bem como suas bases históricas: O conflito civil no Iêmen tem suas bases na

influência que Irã e Arábia Saudita exercem sobre as populações xiita e sunita, respectivamente, e remontam à Revolução Iraniana, de 1979, e ao estabelecimento da dinastia Saud, nos anos 1920.

A vitória do Hamas nas eleições legislativas palestinas em 2005 foi relevante na percepção internacional deste grupo como uma opção democrática e disposta a empreender negociações para a deposição das armas.

Os atentados perpetrados pelo Estado Islâmico tem como objetivo atrair a atenção do mundo para suas bandeiras e, para tal, direcionam-se contra alvos norte-americanos ou europeus, poupando os muçulmanos, que são uma potencial base de apoio para a expansão territorial do grupo. O cessar-fogo temporário na guerra civil síria, definido por Estados Unidos e Rússia, exclui grupos fundamentalistas, como o Estado Islâmico e a Frente Al-Nusra, que continuam sendo alvos de ataques.

QUESTÃO 23

Julgue os itens abaixo (C ou E) levando em consideração o atual momento do comércio internacional:

O texto da Parceria Transpacífico (TPP), assinado por países americanos, asiáticos e oceânicos, aguarda o processo de ratificação, mas é marcado por resistências de democratas e republicanos nos Estados Unidos, o que pode dificultar sua entrada em vigor. Após anos de retração no comércio internacional – resultado da persistente crise econômica – o ano de 2016 será, finalmente, marcado pela expansão das trocas comerciais, o que aponta para a recuperação da taxa de crescimento da economia mundial.

A dificuldade na conclusão da Rodada Doha deve-se, em parte, à relutância da China em aderir a novos acordos, o que reflete sua estratégia comercial, de manter sua economia protegida, ao passo que ganha competitividade produção industrial. O persistente déficit comercial registrado pelos Estados Unidos em seu comércio com a China reflete a progressiva e constante mudança na estrutura produtiva mundial, com a instalação de complexos industriais intensivos em tecnologia no país asiático.

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QUESTÃO 24

Julgue os itens abaixo como C ou E, levando em conta o MERCOSUL, que completou 25 anos em 2016:

A criação do MERCOSUL foi vista pelo Brasil como uma oportunidade para ampliar sua inserção internacional, com ganhos de escala e coordenação com os vizinhos, sem descartar negociações junto a outros espaços regionais mais amplos como a América do Sul e o hemisfério americano.

Os ingressos de Venezuela e Bolívia – este, recentemente confirmado pelos parlamentos nacionais – reforçam a dimensão energética do MERCOSUL, por serem produtores de petróleo e gás natural. O Plano Estratégico de Ação Social do MERCOSUL visa a desenvolver ações conjuntas no combate à fome e à miséria, inclusão produtiva e combate ao analfabetismo, entre outras ações, das quais participam todas as instâncias do bloco que sejam responsáveis por temas sociais.

A escolha de Ernesto Samper como secretário-geral do MERCOSUL aponta para a construção de uma liderança unificada e simbólica, capaz de intermediar o relacionamento entre os membros do bloco.

QUESTÃO 25

Julgue as afirmativas abaixo no que se refere à importância dos valores democráticos para a política externa brasileira:

O Itamaraty vem demonstrando transparência e disposição ao diálogo com a sociedade brasileira, como deixa claro com sua atuação em mídias sociais.

A apresentação do Livro Branco de Defesa Nacional e do Livro Branco de Política Externa comprova a transparência perseguida pelo governo brasileiro junto à sociedade nacional. Os diálogos de Política Externa Brasileira representam a abertura das portas do Itamaraty à contribuição de acadêmicos brasileiros, dispostos a contribuir com a evolução das ações do ministério.

A inclusão da sociedade civil organizada em debates acerca dos principais temas da agenda de política externa do Brasil – sobretudo em temas multilaterais – aponta para o papel da diplomacia como representante dos cidadãos brasileiros no ambiente internacional.

QUESTÃO 26

O Pragmatismo Responsável e Ecumênico foi período importante para a diplomacia pátria, pela ampliação das parcerias externas e exploração de novos horizontes energéticos. Sobre este período da política externa brasileira, julgue (C ou E):

O lançamento do Pró-Álcool pelo governo brasileiro propiciou a promoção de uma política voltada para a venda do etanol como fonte energética alternativa, o que foi a tônica das relações com a Índia, fortemente reforçadas durante a chancelaria de Azeredo da Silveira.

O reconhecimento da República Popular da China representa mudança na postura brasileira frente ao país asiático, em momento no qual Taiwan se mantinha como membro permanente do Conselho de Segurança, e era uma referência para as relações entre os países ocidentais e o continente asiático. As relações com os países árabes foram fortalecidas pela postura de afastamento diante de Israel, com a condenação ao sionismo, em postura que motivou aqueles países a apoiarem o Brasil na questão de águas, que tinha a Argentina como contraponto. O reconhecimento da independência angolana mostra que a aproximação brasileira junto à África não possuía matiz ideológico: o grupo que declarou a independência, o MPLA, tinha vertente socialista e era apoiada militarmente pela África do Sul.

QUESTÃO 4 Rascunho

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QUESTÃO 27

Não é à sua função original que nos remetem muitos dos centros (ou áreas eleitas pelo Estado-mercado) das cidades brasileiras – em todas as escalas do urbano – na era em que Harvey (2005) explicita o movimento do administrativismo para o empreendedorismo das cidades, onde o consumo (sobretudo simbólico) incita a produção e a transformação material e dos significados da cidade. Logo, o presente ensaio tem por meta maior problematizar a relação causal vinculada aos processos de intervenção em áreas “especiais” de cidades, a partir de uma perspectiva teórica e por meio do apontamento de alguns casos nacionais e internacionais.

(INTERVENÇÕES EM CENTROS URBANOS NO PERÍODO DA GLOBALIZAÇÃO- EVERALDO BATISTA DA COSTA)

Com relação ao Espaço Urbano, julgue as afirmativas a seguir:

Em meados do século XX, as velhas cidades dos países centrais, especialmente os anglo-saxões, apresentavam um processo de degradação física em suas áreas centrais, como resultado de esvaziamento populacional, deterioração do patrimônio edificado e falta de investimentos econômicos.

Após a década de 1960, emergiram em várias partes do mundo, ações que visam a renovação, reabilitação, requalificação, revitalização e refuncionalização dos centros degradados de cidades, como alternativas para tratar dos problemas físicos, sociais e econômicos que se perpetuavam nas áreas urbanas mais antigas, os chamados centros históricos.

Um dos efeitos dos processos de renovação dos antigos centros urbanos associados ao avanço da integração da economia mundial foi o fortalecimento do que é denominado por Milton Santos de horizontalidade em detrimento das verticalidades, o que pode ser explicado pela grande resistência dos lugares.

A fluidez do capital e a mobilidade de empresas de variados portes, junto ao movimento de atores socioeconômicos e à valorização da terra urbana devido a operações urbanísticas – por questões estéticas e funcionais – favorecem o crescimento do setor imobiliário ou de seus segmentos mais proeminentes.

QUESTÃO 28

Bioma é um conjunto de vida, vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria. Com relação aos biomas no Brasil, julgue as afirmativas a seguir: O bioma Amazônia perdeu cerca de 20% de sua

cobertura vegetal original, principalmente numa faixa que vai de Rondônia ao Maranhão e inclui o Mato Grosso e o Pará. A elevada biodiversidade, a expressiva integridade da cobertura vegetal original e o grande volume de recursos hídricos levaram a geógrafa Bertha Becker a definir a Amazônia como Heartland Ecológico do planeta. O Cerrado é o bioma que vem sofrendo maior alteração nos últimos anos e já perdeu cerca de 50% de sua cobertura original. A variação de umidade ao longo do extenso bioma faz com que existam diferenciações na cobertura vegetal, como por exemplo, a existência de áreas com o cerradão, caracterizado pela menor quantidade de árvores. O Pantanal é o menor bioma brasileiro e possui o maior percentual de cobertura vegetal original preservada. Essa situação tem relação direta com o grande número de Unidades de Conservação no bioma, definido pela constituição como patrimônio nacional. A caatinga é um bioma caracterizado pela vegetação xerófila, com vegetais de raízes profundas, folhas decíduas ou atrofiadas e elevado grau de endemismo. Entre os problemas no bioma, destaca-se o processo de desertificação e a salinização de solos.

GEOGRAFIA

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QUESTÃO 29

O setor de geração de energia é considerado estratégico em muitos projetos nacionais. Com relação ao setor energético e a matriz elétrica brasileira, julgue os itens a seguir.

Em 2015, depois de alguns anos seguidos de queda da participação das fontes renováveis, tivemos declínio da fatia das não renováveis o que pode ser atribuído à queda do consumo com a crise econômica e às chuvas mais intensas no período. O expressivo aumento da produção eólica na nossa matriz elétrica fez com que essa fonte já figure acima da participação nuclear e muito próximo ao carvão mineral e petróleo em geração de eletricidade. Outro ponto interessante é o grande crescimento da participação da energia solar no Brasil. A técnica do fio d’água, utilizada em Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, determina menor alagamento, o que é comprovado pelo tamanho do lago dessas hidrelétricas, mas determina menor produção energética total pois as variações pluviométricas ao longo do ano determinam sazonalidade da produção. Ao analisarmos a matriz energética total do país, identificamos o petróleo como a nossa principal fonte de energia, situação que pode ser atribuída ao intenso rodoviarismo no país e a fonte hidráulica em 2º lugar, que no entanto, tende a ser ameaçado pelo avanço da biomassa.

QUESTÃO 30

A agropecuária tanto gera quanto sofre com as emissões de gases do efeito estufa. Devido às características do setor agrário, e em função de o mesmo possuir uma maior sensibilidade às mudanças no clima, é evidente sua grande vulnerabilidade a mudanças climáticas, devendo observá-las com maior cuidado, comparando-as com outros setores da economia. Frente a essa realidade, a produção de alimentos e a segurança alimentar devem ser tratadas com prioridade pela sociedade, tanto sob a ótica fisiológica e nutricional quanto sob a ótica estratégica e política. Dentro desse contexto, o Brasil se vê em posição estratégica como produtor mundial de alimentos, bem como um dos principais países que discute, no âmbito internacional, a questão das mudanças climáticas.

Com relação a esse tema, julgue as afirmativas a seguir:

O comprimento das INDC’s do Brasil vai exigir modificações profundas no setor agropecuário porque os dados atuais dos últimos anos indicam uma emissão cada vez maior do setor mudanças no uso da terra, que inclui o desmatamento.

O Plano ABC- Agricultura de baixo carbono é composto por diversos programas com destaque para Recuperação de Pastagens Degradadas; Integração Lavoura-Pecuária-Floresta; Sistemas Agroflorestais; Sistema Plantio Direto e Adaptação às Mudanças Climáticas. O avanço da intensividade na pecuária brasileira terá grande importância para redução das emissões no país ao liberar espaço para agricultura e silvicultura, minorar a pressão por desmatamento e, também, reduzir a emissão pelos animais. A produção de energia a partir da cana de açúcar foi responsável por 40% dos combustíveis usados por automóveis no Brasil em 2015, além de ter tido grande importância na geração de eletricidade em termelétricas.

QUESTÃO 31

Com relação à produção do Espaço Geográfico ao longo do tempo, julgue as afirmativas a seguir:

No começo da história do homem, a configuração territorial é simplesmente o conjunto dos complexos naturais. À medida que a história vai fazendo-se, a configuração territorial é dada pelas obras dos homens: estradas, plantações, casas, depósitos, portos, fábricas, cidades etc; verdadeiras próteses. Cria-se uma configuração territorial que é cada vez mais o resultado de uma produção histórica e tende a uma negação da natureza natural, substituindo -a por uma natureza inteiramente humanizada. O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá. No começo era a natureza selvagem, formada por objetos naturais, que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois, cibernéticos, fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma máquina. O espaço, uno e múltiplo, por suas diversas parcelas, e através do seu uso, é um conjunto de mercadorias, cujo valor individual é função do valor que a sociedade, em um dado momento, atribui a cada pedaço de matéria, isto é, cada fração da paisagem. A paisagem existe através de suas formas, criadas em momentos históricos diferentes, porém coexistindo no momento atual. No espaço, as formas de que se compõe a paisagem preenchem, no momento atual, uma função atual, como resposta às necessidades atuais da sociedade.