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Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural PLANO DE MANEJO DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL BURACO DAS ARARAS JARDIM – MS – BRASIL 2008

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Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural

PLANO DE MANEJO DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO

NATURAL BURACO DAS ARARAS

JARDIM – MS – BRASIL 2008

Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural

Conservação Internacional - Brasil Associação dos Proprietários das RPPNs de MS

Buraco das Araras

PLANO DE MANEJO DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL

BURACO DAS ARARAS – JARDIM – MS

Coordenação MSc. Maria Antonietta Castro Pivatto

Rooswelt Romero Sampaio

Equipe Técnica Dra. Vivian Ribeiro Baptista Maria

Dr. Erich Arnold Fischer

MSc. Ellen Wang

MSc. Sandro Marcelo Scheffer

Colaboração: MSc. Simone B. Mamede

Proprietário Modesto Sampaio

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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Supervisor Geral Rooswelt Romero Sampaio Gerente administrativo do empreendimento Controle financeiro, fornecimento de dados referentes ao histórico, gestão e documentação da

área e seu entorno (mapas, imagens e outros), apoio logístico, revisão final do documento.

Equipe Técnica MSc. Maria Antonietta Castro Pivatto – Coordenadora de Equipe e Estudos de Avifauna Bióloga (CRBio-1 n° 18682), Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional pela UNIDERP, Especialista em Ecologia e Ecoturismo, consultora em meio ambiente. Diagnóstico e análises sobre a avifauna, mastofauna e turismo, proposição dos programas de

gestão, pesquisa e monitoramento ambiental, pesquisa de dados abióticos e históricos, registros fotográficos, revisão final do documento.

Dra. Vivian Ribeiro Baptista Maria – Estudos de Florística Bióloga (CRBio-1 n° 35.495/01-D), Mestre em Recursos Florestais e Doutora em Ecologia de Agroecossistemas pela ESALQ/USP e consultora em meio ambiente. Diagnóstico e análises sobre flora, proposição dos programas de pesquisa e monitoramento

ambiental, registros fotográficos, revisão do documento.

Dr. Erich Arnold Fischer – Estudos de Quirópteros Biólogo (UFMS – matrícula SIAPE 1177539), Mestre e Doutor em Ecologia pela UNICAMP, docente e pesquisador da UNIDERP. Diagnóstico e análises sobre a comunidade de morcegos e ectoparasitos, proposição dos

programas de gestão, pesquisa e monitoramento ambiental, registros fotográficos.

MSc. Ellen Wang – Estudos de Herpetofauna Bióloga (CRBIO nº 18.793/01-D), Mestre em Zoologia, atualmente desenvolve pesquisas com herpetofauna através do programa EarthWatch no Pantanal Sul. Diagnóstico e análises sobre herpetofauna, proposição dos programas de gestão, pesquisa e

monitoramento ambiental, registros fotográficos.

MSc. Sandro Marcelo Scheffer – Estudos Geológicos Biólogo (CRBio - 43237/01-D), Mestre em Ciências/Geologia pela UFRJ, Doutorando em Ciências/Geologia pela UFRJ. Diagnóstico e análises sobre geologia e geomorfologia, proposição dos programas de gestão,

pesquisa e monitoramento ambiental, registros fotográficos.

MSc. Simone B. Mamede – Estudos de Mamíferos Terrestres Bióloga (CRBIO nº 33080/01-D), Especialista em Mastozoologia, Educação Ambiental e Ecoturismo. Mestra em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. Avaliação ecológica rápida da mastofauna, proposição dos programas de gestão, pesquisa e

monitoramento ambiental.

Auxiliares de Campo: Vegetação: Fabrício de Souza Maria; Mastofauna: MSc. Maristela Benites da Silva, MSc: Andrea Chin Sedoda e Paola da Mata; Quirópteros: Nicolay Leme da Cunha, Luiz Felipe Carvalho e Carolina Ferreira Santos; Avifauna: Fernanda Pereira de Melo; Herpetofauna: Carolina Denzin e Mara Cintia Kiefer.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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AGRADECIMENTOS

A Modesto e Vergília Romero Sampaio pela iniciativa de preservar as araras-

vermelhas e com isto gerar toda uma mudança na gerência da Fazenda Alegria.

Obrigado pelo apoio aos trabalhos desenvolvidos na RPPN Buraco das Araras, e

pelo exemplo de amor às coisas naturais.

Ao apoio da Conservação Internacional do Brasil – CI-Brasil, Associação dos

Proprietários de RPPNs de Mato Grosso do Sul – REPAMS, Instituto das Águas da

Serra da Bodoquena - IASB, Associação dos Atrativos Turísticos de Bonito e Região

– ATRATUR e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS.

A todos os funcionários do Buraco das Araras, que tornaram o trabalho muito mais

prazeroso, em especial a Rooswelt, Eva e Bergson por toda a ajuda com o trabalho

de campo e apoio logístico aos pesquisadores.

Aos companheiros de campo Ângela Pelin, Carolina Denzin, Carolina Ferreira

Santos, Fabrício de Souza Maria, Fernanda Pereira de Melo, Luiz Felipe Carvalho,

Mara Cíntia Kiefer, e Nicolay Leme da Cunha.

A Simone B. Mamede e sua equipe, Maristela Benites da Silva, Andrea Chin Sedoda

e Paola da Mata pela valiosa contribuição no capítulo de mamíferos terrestres e à

Expedição Biofronteira do Pantanal.

A Eduardo Folley Coelho, pelo incentivo e apoio irrestrito à ampliação de RPPNs em

Mato Grosso do Sul, em especial na região da Serra da Bodoquena. A Daniel De

Granville Manço pelas fotografias concedidas, e às valiosas informações e

colaboração de Alessandro Pacheco Nunes e Paulo César Boggiani.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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LISTA DE SIGLAS

ABETA – Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura ANA – Agência Nacional das Águas ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil APP – Área de Preservação Permanente ATRATUR – Associação dos Proprietários de Atrativos Turísticos de Bonito e Região BHRM – Sub-bacia Hidrográfica do Rio Miranda CBMSB – Corredor de Biodiversidade Miranda – Serra da Bodoquena CBRO – Conselho Brasileiro de Registros Ornitológicos CECAV – Centro Nacional de Estudos e Manejo de Cavernas CGMS – Herbário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul / Campus de Campo Grande/MS CI-Brasil – Conservação Internacional – Brasil COMDEMA – Conselho Municipal de Meio Ambiente COMTUR – Conselho Municipal de Turismo CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente CRAS – Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Campo Grande/MS) CVB – Conventions & Visitors Bureau EIA – Estudo de Impacto Ambiental ESA - Herbário da Universidade de São Paulo / Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" FCP – Fazenda Cabeceira do Prata IASB – Instituto das Águas da Serra da Bodoquena IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços MMA – Ministério do Meio Ambiente PMB – Prefeitura Municipal de Bonito PMJ – Prefeitura Municipal de Jardim PNSB – Parque Nacional da Serra da Bodoquena REPAMS – Associação dos Proprietários de RPPNs de Mato Grosso do Sul RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural SEMAC – Secretaria de Estado de Meio Ambiente das Cidades, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação UC – Unidade de Conservação UEMS – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas UNIDERP – Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal WWF – World Wildlife Fund, Fundo Mundial Para a Vida Selvagem

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................... 01

PREFÁCIO ..................................................................................................................................................... 03

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 04

RESERVA PARTICULAR DO PATRIMONIO NATURAL ............................................................................. 04

RPPN BURACO DAS ARARAS, PATRIMÔNIO ESPELEOLÓGICO............................................................ 05

PARTE 1 - INFORMAÇÕES GERAIS .......................................................................................................... 08

1.1 A Fazenda Alegria e a RPPN Buraco das Araras ............................................................................... 08

1.2 VIAS DE ACESSO .................................................................................................................................. 09

1.3 HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS .............................................................................. 11

1.4 FICHA-RESUMO DA RPPN ................................................................................................................... 14

PARTE 2 – DIAGNÓSTICO AMBIENTAL ..................................................................................................... 15

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA RPPN ............................................................................................................. 15

2.2 CLIMA ..................................................................................................................................................... 16

2.3 GEOMORFOLOGIA ................................................................................................................................. 17

2.4 HIDROGRAFIA ....................................................................................................................................... 20

2.5 SOLOS ..................................................................................................................................................... 24

2.5.1 GEOLOGIA ........................................................................................................................................... 25

2.5.2 A GEOLOGIA DO BURACO DAS ARARAS E SEU ENTORNO ......................................................... 24

2.6 VEGETAÇÃO TERRESTRE ................................................................................................................... 43

2.6.1 RIQUEZA FLORÍSTICA ....................................................................................................................... 43

2.6.2 FITOFISIONOMIA ................................................................................................................................ 46

2.6.3 PLANTAS ESPECIAIS ........................................................................................................................ 48

2.6.4 RIQUEZA DE ESPÉCIES .................................................................................................................... 53

2.6.5 PRINCIPAIS AMEAÇAS SOBRE A FLORA DA RPPN ...................................................................... 54

2.6.6 RECOMENDAÇÕES PARA ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA RECUPERAÇÃO E MANEJO ............ 54

2.7. MASTOFAUNA ...................................................................................................................................... 55

2.7.1 CARACTERIZAÇÃO DA MASTOFAUNA DA RPPN BURACO DAS ARARAS E ENTORNO ......... 56

2.7.2 ESPÉCIES ENDÊMICAS, RARAS E AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO ................................................. 57

2.7.3 PROPOSIÇÕES PARA MANEJO ....................................................................................................... 64

2.8 MASTOFAUNA VOADORA – QUIRÓPTEROS ..................................................................................... 65

9 AVIFAUNA ................................................................................................................................................. 71

2.9.1 RIQUEZA DE ESPÉCIES .................................................................................................................... 72

2.9.2 REPRESENTAÇÃO POR TIPO VEGETACIONAL ............................................................................. 74

2.9.3 REPRESENTAÇÃO POR GUILDAS ................................................................................................... 77

2.9.4 ESPÉCIES MIGRATÓRIAS E RESIDENTES ...................................................................................... 82

2.9.5 ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO .......................................................................................... 85

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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2.10 HERPETOFAUNA ................................................................................................................................. 86

2.11 ASPECTOS HISTÓRICOS DA RPPN BURACO DAS ARARAS ........................................................ 92

2.12 VISITAÇÃO ........................................................................................................................................... 92

2.12.1 VISITAÇÃO TURÍSTICA .................................................................................................................... 92

2.12.2 VISITAÇÃO ACADÊMICA ................................................................................................................. 97

2.12.3 PERCEPÇÃO DO VISITANTE .......................................................................................................... 98

2.12.4 PERCEPÇÃO DOS GUIAS DE TURISMO E MONITORES AMBIENTAIS ....................................... 105

2.13 PESQUISA E MONITORAMENTO ....................................................................................................... 108

2.13.1 PESQUISAS FINALISADAS ............................................................................................................. 110

2.13.2 PESQUISAS VINCULADAS AO PLANO DE MANEJO .................................................................... 111

2.13.3 POTENCIALIDADES PARA PESQUISA E MONITORAMENTO ..................................................... 112

2.14 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA RPPN ....................................................................................... 114

2.15 SISTEMA DE GESTÃO ........................................................................................................................ 116

2.16 PESSOAL ............................................................................................................................................. 116

2.16.1 QUADRO DE FUNCIONÁRIOS ......................................................................................................... 116

2.16.2 QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL .................................................................................................... 116

2.17 INFRA-ESTRUTURA ............................................................................................................................ 118

2.17.1 INFRAESTRUTURA DA PROPRIEDADE FORA DA RPPN ............................................................ 118

2.17.2 INFRAESTRUTURA DA RPPN ......................................................................................................... 122

2.18 EQUIPAMENTO E SERVIÇOS ............................................................................................................. 125

2.18.1 COMUNICAÇÃO ................................................................................................................................ 125

2.18.2 EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA E PRIMEIROS SOCORROS .................................................. 126

2.18.3 EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIOS ............................................................................. 126

2.19 RECURSOS FINANCEIROS ................................................................................................................ 127

2.20 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ENTORNO .................................................................................. 127

2.20.1 ECONOMIA E SERVIÇOS ................................................................................................................. 127

2.20.2 JARDIM – DADOS GERAIS SOBRE ECONOMIA E SERVIÇOS .................................................... 128

2.20.3 BONITO – DADOS GERAIS SOBRE ECONOMIA E SERVIÇOS .................................................... 131

2.20.4 ASPECTOS SÓCIO-AMBIENTAIS DE JARDIM E BONITO ............................................................ 134

20.4.3 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO CITADAS PELOS ENTREVISTADOS NOS DOIS MUNICÍPIOS 137

2.21 POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE .............................................................................................. 138

2.22 DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA ................................................................................................... 141

PARTE 3 – PLANEJAMENTO E GESTÃO ................................................................................................... 144

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO ............................................................................................ 144

3.2 ZONEAMENTO ....................................................................................................................................... 148

3.2.1 ZONA DE PROTEÇÃO (ZP) ................................................................................................................ 150

3.2.2 ZONA DE VISITAÇÃO (ZV) ................................................................................................................. 150

3.2.3 ZONA DE RECUPERAÇÃO (ZR) ........................................................................................................ 151

3.2.4 ZONA DE TRANSIÇÃO (ZT) ............................................................................................................... 153

3.2.5 ÁREA ADMINISTRATIVA DA RPPN .................................................................................................. 154

3.3 PROGRAMAS DE MANEJO .................................................................................................................. 154

3.3.1 PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................... 154

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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3.3.2 PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA ..................................................................... 156

3.3.3 PROGRAMA DE MANEJO DE RECURSOS NATURAIS ................................................................... 157

3.3.4 PROGRAMA DE PROTEÇÃO, FISCALIZAÇÃO E SEGURANÇA .................................................... 159

3.3.5 PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO .......................................................................... 160

3.3.6 PROGRAMA DE VISITAÇÃO .............................................................................................................. 162

3.3.7 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO ..................................................................................................... 164

3.4 PROJETOS ESPECÍFICOS .................................................................................................................... 165

3.4.1 PROJETO PARA RECUPERAÇÃO AMBIENTAL .............................................................................. 165

3.4.2 LABORATÓRIO E ALOJAMENTO DE PESQUISA ............................................................................ 165

3.4.3 TORRE DE FISCALIZAÇÃO ............................................................................................................... 165

3.4.4 CENTRO DE INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL .................................................................................. 166

3.4.5 SINALIZAÇÃO TURÍSTICA ................................................................................................................. 166

3.4.6 IMPLANTAÇÃO DE VIVEIRO DE MUDAS ......................................................................................... 166

3.4.7 AMPLIAÇAO DA RECEPÇÃO ............................................................................................................ 166

3.4.8 OFICINA DE CAPACITAÇÃO PARA FUNCIONÁRIOS E PRESTADORES DE SERVIÇOS ............ 167

3.5 PRAZO PARA REVISÃO DO PLANO DE MANEJO ............................................................................. 167

3.6 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ......................................................................................................... 167

3.6.1 PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................... 168

3.6.2 PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA ..................................................................... 169

3.6.3 PROGRAMA DE MANEJO DE RECURSOS NATURAIS ................................................................... 169

3.6.4 PROGRAMA DE PROTEÇÃO, FISCALIZAÇÃO E SEGURANÇA .................................................... 169

3.6.5 PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO .......................................................................... 170

3.6.6 PROGRAMA DE VISITAÇÃO .............................................................................................................. 170

3.6.7 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO ..................................................................................................... 171

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 171

5 GLOSSÁRIO .............................................................................................................................................. 182

6 ANEXOS .................................................................................................................................................... 188

6.1 ANEXO 1 – LICENÇA DE OPERAÇÃO TURÍSTICA DE EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS BURACO DAS ARARAS LTDA. ...................................................................................................................

188

6.2 ANEXO 2 – METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO DA RPPN BURACO DAS ARARAS EM JARDIM, MATO GROSSO DO SUL ..............................................................................

191

6.2.1 METODOLOGIA GERAL ..................................................................................................................... 191

6.2.2 METODOLOGIA PARA INVENTÁRIOS DE GEOMORFOLOGIA, FAUNA E FLORA ...................... 195

6.3 ANEXO 3 – VEGETAÇÃO ..................................................................................................................... 201

6.4 ANEXO 4 – MASTOFAUNA ................................................................................................................... 210

6.5 ANEXO 5 – MASTOFAUNA VOADORA – QUIRÓPTEROS ................................................................. 213

6.6 ANEXO 6 – AVIFAUNA .......................................................................................................................... 214

6.7 ANEXO 7 – HERPETOFAUNA ............................................................................................... 219

6.8 ANEXO 8 – QUESTIONÁRIOS DE PESQUISA COM VISITANTES, GUIAS DE TURISMO E MONITORES AMBIENTAIS .........................................................................................................................

221

6.9 ANEXO 9 – INDICADORES SOCIAIS E ECONÔMICOS DOS MUNICÍPIOS DE BONITO E JARDIM, MS ..................................................................................................................................................

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Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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APRESENTAÇÃO

Ao receber o convite para apresentar este Plano de Manejo, parei para refletir

sobre a história do Buraco das Araras, e me vi emocionado com a trajetória do lugar

e com o sucesso atingido na conservação ambiental. Lembro-me que 20 anos atrás,

as pessoas da região jogavam lixo, ferro-velho e sucatas dentro do Buraco, e para

se divertir ainda davam tiros nas araras e outras aves. E há 10 anos, a região ainda

se questionava qual o valor daquele buracão, e parecia que era só desperdício de

hectares.

Mas agora, observando a revoada das araras todos os fins de tarde, podemos

entender o verdadeiro valor da adoção de medidas de conservação ambiental, o

verdadeiro valor de respeitar a natureza. Porque a Terra é um planeta só, e ele é

igualmente de todos, dos homens, da fauna e da flora, todos temos os mesmos

direitos básicos à sobrevivência e aos recursos naturais. Portanto cabe a nós,

humanos, justamente porque sabemos e podemos medir o nosso impacto sobre as

outras espécies, cuidar para que vivamos todos em harmonia. Porque é fato que o

homem precisa da natureza, de todas as formas, mas muitas vezes esquecemos

que a natureza também precisa de nós, de nosso cuidado e da nossa atenção.

Para se viver em harmonia com a natureza é preciso saber os limites desta

convivência e como conviver, e para isso primeiro é preciso conhecer o ambiente. E

o reconhecimento, o diagnóstico do local, é um dos fundamentos de um Plano de

Manejo, que consiste, basicamente, em levantar todos os conhecimentos

necessários a cerca de um ambiente para saber quais suas possibilidades de uso a

longo prazo. Com isso, poder traçar estratégias visando conservá-lo sempre e se

necessário ainda melhorá-lo ambientalmente através da recuperação de áreas

degradadas e do manejo adequado das atividades propostas.

Este plano é um avanço no conhecimento científico de toda a região. É um

documento de valor altíssimo não só pelo seu conteúdo, mas pelo que representa e

pelas ações que desencadeia a longo prazo, pela garantia na conservação da

natureza esplêndida do Buraco das Araras, e pelo seu valor imensurável para a

educação ambiental do país e para a ciência.

É sempre importante lembrar que não há obrigatoriedade legal na criação de

uma Reserva Particular do Patrimônio Natural, mas sim que esse ato é uma decisão

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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espontânea dos proprietários da área, o que demonstra um compromisso irrevogável

e exemplar com a conservação da natureza. E que para a região em que está

localizada a RPPN é uma garantia da conservação de fragmentos de vegetação

nativos e protegidos, verdadeiros refúgios para a biodiversidade.

É muito interessante observar a evolução da gestão do Buraco das Araras,

desde o início das atividades turísticas e de conservação ambiental em 1995,

seguido pelo sucesso na condução da atividade ecoturística com competência

profissional, a criação da RPPN através do decreto em 2007, e agora o Plano de

Manejo. São ações como essa que precisam ser multiplicadas pelo país afora para

garantir que as futuras gerações também sejam capazes de apreciar as maravilhas

naturais do nosso Brasil.

À Conservação Internacional do Brasil e à REPAMS – Associação dos

proprietários de RPPNs de Mato Grosso do Sul, parabenizo pelo apoio essencial

prestado à multiplicação das RPPNs e dos Planos de Manejo no Estado, um esforço

que já é reconhecido e que no futuro será cada vez mais.

Ao proprietário, Sr. Modesto Sampaio, sempre atencioso e com boas histórias

para contar, à sua esposa Dona Vergília, aos seus filhos Rooswelt, Bergson e

Wagner, à Eva, à Renata e o Waldemilson, meus parabéns pelo trabalho em família

e sucesso atingido na gestão do passeio.

À equipe técnica que elaborou este plano de manejo, Maria Antonietta, Vivian,

Erich, Ellen, Sandro e Simone, meu sincero agradecimento pela dedicação e

compromisso com a natureza e votos de que o plano saia do papel e vá adiante.

Porque a partida já foi dada, que continuem os bons trabalhos.

Eduardo Folley Coelho Proprietário da RPPN Cabeceira do Prata, Jardim/MS

Luiza Spengler Coelho Engenheira Ambiental

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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PREFÁCIO

É com satisfação e felicidade que se pode constatar que uma atividade

turística bem estruturada pode trazer melhorias ambientais para uma região. Quem

conheceu o Buraco das Araras nos anos oitenta admirava-se com a beleza do local

ao mesmo tempo em que saía chocado com a sujeira, pinturas nas paredes, carros

jogados ao fundo e a dúvida quanto ao nome do buraco, já que nenhuma arara era

encontrada por lá, possivelmente espantada pelos tiros inconseqüentes, disparados

por um visitante fortuito que passava pela estrada.

Conheci o Rooswelt Sampaio como um menino interessado e assustado com

as imposições legais para sua incipiente atividade turística e vejo hoje um

empreendimento turístico profissionalizado e bem estruturado e qual não foi a

surpresa, dez anos depois, ver a vegetação em recomposição e as dezenas de

araras vermelhas circundando a cavidade, felizes por justificarem seu nome.

Dr. Paulo César Boggiani

Geólogo e professor do Instituto de Geociências

da Universidade de São Paulo)

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

4

INTRODUÇÃO

RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL

Mato Grosso do Sul foi o primeiro Estado brasileiro a ter legislação para

criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural - RPPN, através do Decreto

Estadual MS N° 7.251/93 (Costacurta 2006). Em 2000, a Lei Nº 2193/00 instituía o

ICMS Ecológico Estadual, incentivando a criação de Unidades de Conservação

Públicas e RPPNs (ALMS 2000). A ampliação de áreas particulares protegidas

recebeu também grande incentivo por meio de programas patrocinados por

instituições como a Associação de RPPNs de MS – REPAMS, Conservação

Internacional (CI-Brasil) e WWF que apóiam diretamente o proprietário rural na

criação e estruturação destas unidades de conservação. Atualmente existem 34

RPPNs em Mato Grosso do Sul, sendo 11 federais e 23 estaduais, com um total de

113.659,52 ha protegidos (REPAMS 2008).

Embora o conceito de Unidade de Conservação (UC) no Brasil date de 1937,

somente com a criação do IBAMA em 1989 as reservas particulares ganharam maior

relevância, mas ainda sem o status de UC. Isto só foi efetivado com o Artigo 21 do

SNUC (Lei Nº 9.985/00), que estabelece para as RPPNs o objetivo principal de

conservar a diversidade biológica local, permitindo apenas pesquisa científica e

visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais (Ferreira et al. 2004).

Ao definir as atividades e normas de seu funcionamento, o plano de manejo

de uma RPPN deve levar em conta o objetivo de sua criação e os usos permitidos.

Tendo isso em mente, sejam quais forem as características e seus objetivos

específicos, o seu plano de manejo não pode diferir desses dois marcos gerais e

legais. Todas as suas definições têm que considerar as razões pelas quais foi criada

e quais usos são permitidos em seus limites.

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), o

plano de manejo é um documento técnico mediante o qual, com fundamento nos

objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento

e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais,

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade.

Segundo Galante et al. (2002), o planejamento de uma RPPN caracteriza-se por ser

um processo contínuo, gradativo e flexível, sendo importante para garantir o sucesso

de sua implantação.

Para Martins (2003), as RPPNs representam um dos primeiros passos para

envolver a sociedade civil na conservação da diversidade biológica, além de

contribuir para a proteção de áreas significativas dos diversos biomas existentes no

Mato Grosso do Sul. Neste sentido, além dos objetivos gerais citados acima, este

trabalho visa difundir os conhecimentos sobre a biodiversidade local e a função das

RPPNs, estimulando outros proprietários a também perpetuarem a conservação de

suas áreas naturais.

Estas ações visam dar continuidade ao processo de Planejamento e Gestão

das Unidades de Conservação de Mato Grosso do Sul, em especial às RPPNs

apoiadas pelo Programa de Incentivo às RPPNs/REPAMS/CI-Brasil.

RPPN BURACO DAS ARARAS, PATRIMÔNIO ESPELEOLÓGICO

Segundo Marra (1999), a experiência de visitar uma cavidade espeleológica –

seja uma caverna, abismo, dolina - desperta a curiosidade e a sensação de

exploração em cada um que se lança neste propósito. A aventura reflete em

benefício direto em saciar os interesses de jovens e adultos, onde cada passagem,

cada volta desfruta-se de uma nova visão e a cada passo a uma diferente e nova

perspectiva. Para Labergalini (1986), raridades naturais, fauna e a flora em risco de

extinção, monumentos geológicos e diferentes ecossistemas, são razões que levam

certas regiões naturais a serem transformadas em parques nacionais, áreas de

proteção ambiental ou reservas biológicas. Muitas destas áreas se situam em

regiões cársticas, e em muitos dos casos, o carste em si é o motivo de tais medidas.

A dolina conhecida como Buraco das Araras (Figura 1) enquadra-se neste

quesito, visto que sua beleza e características singulares a tornaram um dos

atrativos turísticos mais visitados na região de Bonito (COMTUR 2008).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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Figura 1. O Buraco das Araras. Foto: Orlando Jacques

A visitação turística deste atrativo é condicionada à Licença de Operação

emitida pela SEMAC/MS e também pelo CECAV. Até 1987 inexistia qualquer

legislação específica sobre cavernas. Neste ano, o Conselho Nacional do Meio

Ambiente - CONAMA, ao aprovar o Programa Nacional de Proteção ao Patrimônio

Espeleológico recomendou (Resolução Nº 05/1987) que fosse incluída na Resolução

CONAMA Nº 01/1986, sobre avaliação de impacto ambiental, a obrigatoriedade de

elaboração de Estudo de Impacto Ambiental - EIA para os empreendimentos

potencialmente lesivos ao Patrimônio Espeleológico Nacional (Boggiani 2007).

A exigência de EIA para o licenciamento ambiental de empreendimentos

turísticos em cavernas, estaria também coerente com o artigo 3º da Resolução

CONAMA 001/86, segundo o qual dependerá também de elaboração de EIA/RIMA,

a ser submetido à aprovação do IBAMA, o licenciamento de atividades que, por lei,

sejam de competência federal, o que é o caso das cavidades naturais subterrânea e

de bens tombados em nível federal (Boggiani 2000).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

7

A Resolução CONAMA Nº 347/2004 estabelece os procedimentos e usos

para fins de proteção do patrimônio espeleológico, criando um termo de referência

para elaboração de Plano de Manejo Espeleológico/PME (CONAMA 2004), com o

objetivo de subsidiar a tomada de decisão do órgão competente, visando atender a

legislação espeleológica no processo de licenciamento a projetos previstos com

intervenções antrópicas ao uso turístico em cavernas. Tem como alvo também

promover, implementar, supervisionar, orientar, avaliar e disciplinar a execução de

atividades relacionadas ao acesso e ao uso turístico do ambiente cavernícola, bem

como o estabelecimento de critérios visando preservar, proteger e conservar a

cavidade natural subterrânea considerada, de forma a oferecer também meios ao

adequado exercício de atividades pretendidas.

O PME é um instrumento de planejamento para que as intervenções previstas

sejam de menor impacto possível (Marra 1999). Embora a visitação turística na

RPPN Buraco das Araras se dêem fora do ambiente espeleológico, concentra-se,

entretanto em sua área de influência direta. Assim, decidiu-se balizar este Plano de

Manejo por meio do Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para

RPPNs (Ferreira et al. 2004), porém seguindo recomendações contidas na

Resolução CONAMA 347/2004.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

8

PARTE 1 – INFOMAÇÕES GERAIS

1.1 A FAZENDA ALEGRIA E A RPPN BURACO DAS ARARAS

Localizada no município de Jardim, extremo sul da Serra da Bodoquena

(sudoeste de Mato Grosso do Sul), a RPPN conhecida como Buraco das Araras fica

na Fazenda Alegria, a 29 km da zona urbana da cidade e 270 km de Campo

Grande, capital do Estado. Fica nos limites da região do Planalto da Bodoquena, a

90 km da fronteira com o Paraguai, dentro do Corredor de Biodiversidade Miranda -

Serra da Bodoquena (Straube e Urben-Filho 2006, figuras 2 e 3).

Figura 2. Localização da Fazenda Alegria (em rosa, seta) no Planalto da Bodoquena, Mato Grosso do

Sul. Fonte: Coelho et al. (2005)

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

9

Figura 3. Limites do Corredor de Biodiversidade Miranda – Serra da Bodoquena, indicando as sedes

municipais, inclusive do entorno. Fonte: Brambilla e Pellin (2006)

O Planalto da Bodoquena é um importante divisor de águas entre as bacias do

Rio Paraguai (a oeste) e as sub-bacias dos rios Miranda e Apa (a leste), abrigando

nascentes de diversos rios e abastecendo os lençóis freáticos de toda a região

(Boggiani 1999). Compreende inúmeros atrativos naturais, sendo um dos destinos

turísticos mais procurados no Brasil (COMTUR 2008).

Além disso, localiza-se em zona caracterizada por complexa transição

vegetacional e biogeográfica de seus constituintes biológicos (Veloso et al. 1992).

Por tais atributos, alguns locais - em particular adjacentes ao Parque Nacional da

Serra da Bodoquena - foram considerados entre as áreas prioritárias para a

conservação de biodiversidade, nos biomas do cerrado e do Pantanal (MMA 1999),

mas também da mata atlântica (MMA 2000)

Por suas características naturais singulares e grande relevância ecológica, 29

ha da Fazenda Alegria foram transformados em Reserva Particular do Patrimônio

Natural em abril de 2007, perpetuando a conservação da área e estimulando ações

de recuperação ambiental.

1.2 VIAS DE ACESSO

VIA JARDIM: Distante 29 km da sede do município pela Rodovia BR-267,

sentido Jardim a Porto Murtinho. No km 510 pegar acesso à esquerda da rodovia

(seguir orientação das placas) mais 1,6 km em estrada secundária de terra.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

10

VIA BONITO: Dista 54 km da sede do município pelas Rodovias MS-178

(sentido Porto Murtinho) e BR-267 (sentido Jardim).

LINHA DE ÔNIBUS: Viação Cruzeiro do Sul: linha Jardim-Porto Murtinho,

aproximadamente 40 minutos de viagem a partir de Jardim.

TRANSPORTE AÉREO: Pista com 900 metros de comprimento em Jardim.

Figura 4. Mapa de localização e acesso à Fazenda Cabeceira do Prata. Fonte: DNIT (2006)

Figura 5. Mapa ilustrativo da região. Fonte: Buraco das Araras

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

11

1.3 HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS

(texto retirado da Apostila Informativa para Atendentes

de Agências e Operadoras de Turismo, Buraco das Araras, 2007)

Em 1912 o peão Antonio Amaro de Oliveira e mais alguns companheiros de

campo faziam seu trabalho rotineiro de manejo de gado, quando encontraram uma

imensa dolina na Fazenda Costa Rica, no município de Jardim. Devido à presença

de araras e outras aves sobrevoando o local, a dolina logo foi batizada de “Buraco

das Araras”.

No início a preocupação era com o risco do gado cair dentro do imenso

buraco, mas logo um uso mais nefasto foi dado ao lugar. Fazendeiros e bandoleiros

da região, entre eles Silvino Jacques, utilizavam o Buraco para eliminar desafetos,

jogando seus inimigos dentro da dolina para que morressem e nunca fossem

encontrados. Diversas histórias são contadas até hoje sobre fantasmas vingativos

ou pessoas que conseguiram sobreviver e retornar para executar sua vingança.

Nesta época o Buraco das Araras era conhecido como um grande "cemitério ao ar

livre".

Estas histórias e a beleza do lugar atraíram muitas pessoas curiosas e as

visitações ocorriam livremente, sem cuidados ou qualquer outro tipo de controle, e o

Buraco das Araras foi alvo de diversas degradações, como práticas de tiro ao alvo

nas rochas e nas araras, badernas e abandono de muito lixo no local, incluindo

carcaças de carros roubados. Estas ações depredatórias e o desmatamento

acentuado da região fizeram com que as araras, antes abundantes, fossem aos

poucos desaparecendo, abandonando o lugar.

Em 1986 o senhor Modesto Sampaio compra parte da então Fazenda Costa

Rica, rebatizando a nova área como Fazenda Alegria. Seu objetivo era apenas a

exploração pecuária. A área do buraco foi cercada para evitar que o gado caísse

dentro. Mas ainda assim muita gente invadia o local para atos de vandalismo.

A curiosidade das pessoas e dos primeiros turistas que visitavam a região

começou a despertar o interesse do proprietário e sua família para a importância

daquele lugar. Aos poucos foram afastando e impedindo os baderneiros de

alcançarem o Buraco das Araras, diminuindo os impactos de suas ações. Em 1996

os proprietários começaram a promover a recuperação da fauna e a flora,

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

12

replantando mudas nativas e isolando áreas para se regenerar. A mais importante

delas foi a re-introdução de um casal de araras-vermelhas com o objetivo de

incentivar que outras retornassem a freqüentar a dolina.

Em 1997, decidiram promover a limpeza da área, e com o apoio do Exército,

UEMS e Corpo de Bombeiros da cidade de Jardim, foram retirados 03 caminhões de

lixo e entulho do interior do Buraco das Araras.

Em 1998 o Buraco das Araras aparece no Globo Repórter, em matéria sobre

as belezas naturais da região de Bonito. A curiosidade pelo lugar trouxe aos poucos

diversos visitantes, e uma estrutura simples foi montada nas proximidades da dolina

para receber os turistas, cada vez em número maior. Aos poucos as atividades de

pecuária da Fazenda Alegria foram dando lugar para a organização turística, mais

rentável e mais prazerosa para a família, que via seu lugar ser cada vez mais

admirado e respeitado por pessoas de diversos lugares do Brasil e do Mundo.

Em 2000 acontece em Bonito o Encontro para Regulamentação do Uso

Turístico das Cavernas do Planalto da Bodoquena, promovido pelo CECAV/IBAMA.

Diversas medidas de conservação são discutidas durante o evento, e mesmo sem

visitação direta dentro da cavidade espeleológica, a partir de então o Buraco das

Araras fez diversas melhorias em sua estrutura, como adequação do traçado da

trilha, novo receptivo a uma distância maior da dolina, adoção de intervalo

controlado de tempo para os grupos visitarem o local e treinamento de guias e

monitores.

Com a criação da Reserva Particular do Patrimônio Natural Buraco das

Araras através da Portaria Nº 31, de 11 de abril de 2007, firmou-se o compromisso

de conservação e respeito ao meio ambiente, tornando 29 ha protegidos

perpetuamente (Figura 6).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

13

Figura 6. Fazenda Alegria em Jardim, Mato Grosso do Sul. Fonte: Microsoft Company (2008)

Além do ecoturismo, são desenvolvidos levantamentos e pesquisas sobre

espécies vegetais e animais, bem como o controle e monitoramento dos impactos

ambientais decorrentes da atividade ecoturística. Para auxiliar na recuperação da

vegetação, está sendo implantado um viveiro de mudas nativas. Assim, a RPPN

Buraco das Araras procura cumprir seu papel na conservação ambiental e

motivando proprietários da região a agirem de maneira responsável com relação ao

meio ambiente, estimulando inclusive a criação de novas RPPNs que garantirão a

proteção da biodiversidade.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

14

1.4 FICHA-RESUMO DA RPPN

Nome da RPPN Buraco das Araras

Data e número do ato legal de criação Portaria IBAMA Nº 31, de 12 de abril de 2007 (Processo Nº 02014.001505/02-58)

Nome do Imóvel Fazenda Alegria

Logomarca

Proprietário e representante Modesto Sampaio

Endereço para correspondência Caixa postal ACF 138 Jardim – MS CEP: 79240-000

Telefone (67) 3255-4344 / 9995-2586

E-mail [email protected]

Endereço RPPN Rodovia BR-267, km 510 – Zona Rural Jardim - MS – 79240-000

Página na Internet http://www.buracodasararas.tur.br

Município e Estado abrangido Jardim, Mato Grosso do Sul

Meio principal de chegada à UC Transporte terrestre (rodovia)

Área da RPPN 29 ha

Área total da propriedade 100 ha

Limites e confrontantes NORTE: Fazenda Santa Maria LESTE: Fazenda Pedacinho de Chão SUL: Fazendas Pedacinho de Chão e Oriente OESTE: Fazendas Oriente e Santa Maria

Coordenadas geográficas Norte: S 21º29’37’’ / W 056º25’08’’

Sul: S 21º30’02’’ / W 056º24’58’’

Biomas e/ou ecossistemas Cerrado, com Savanas Florestada e

Arborizada e Floresta Perenifólia

Atividades ocorrentes VISITAÇÃO TURÍSTICA: trilha, contemplação de uma dolina e observação de aves

PESQUISA CIENTÍFICA: levantamentos de fauna e flora anteriores e durante os

inventários para o Plano de Manejo

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

15

PARTE 2 - DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA RPPN

A RPPN Buraco das Araras, com 29 ha, localiza-se na Fazenda Alegria, nas

proximidades do Parque Nacional da Serra da Bodoquena, a cinco quilômetros da

RPPN Fazenda Cabeceira do Prata (Figura 7). Consiste de um fragmento de

cerrado em recuperação, inserido em uma paisagem formada por pastagens, com

possibilidade de conexão com o rio Verde.

Figura 7. Mapa de localização da RPPN Buraco das Araras (BA) e RPPN Fazenda Cabeceira do

Prata (CP), Observa-se o rio da Prata ao norte de CP e o rio Verde ao sul de BA. Jardim, Mato

Grosso do Sul. Fonte: Microsoft Company (2008)

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

16

2.2 CLIMA

O clima da região é caracterizado como Termoxeroquimênico atenuado

“Tropical do Centro Sul de Mato Grosso do Sul”, ou seja, com verões mais chuvosos

e temperaturas elevadas (principalmente entre os meses de dezembro a março),

invernos mais secos, podendo chegar perto de 0°C em algumas madrugadas

(especialmente entre maio e julho). A temperatura média anual é de 22°C.

Apresenta excedente hídrico de 1.200 a 1.400 mm durante sete a oito meses e

deficiência hídrica de 200 a 350 mm durante três meses (Amaral 1989).

Dados pluviométricos são anotados para a RPPN desde o ano de 2005, em

um ponto próximo à sede (Figura 8), permitindo o acompanhamento anual das

variações.

Índice pluviométrico - RPPN Buraco das Araras

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

Jane

iro

Fevereiro

Março

Abril

MaioJu

nho

Juho

Agosto

Setembro

Outubro

Novem

bro

Dezem

bro

TOTAL

Mês

Volu

me

(mm

)

200520062007

Figura 8. Variação pluviométrica entre março de 2005 e dezembro de 2007 para a RPPN Buraco das

Araras. Dados obtidos por leitura de pluviômetro fixo nas proximidades da sede

Para permitir melhor entendimento das variações climáticas anuais da região,

dados obtidos na RPPN Fazenda Cabeceira do Prata, distante apenas cinco

quilômetros da Fazenda Alegria, foram utilizados neste relatório, de modo a permitir

uma observação dos índices pluviométricos a partir de janeiro de 2000 (Figura 9).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

17

Índice Pluviométrico Anual - RPPNs Buraco das Araras e Fazenda Cabeceira do Prata - Jardim, MS

0

200400

600800

10001200

14001600

1800

2002 2003 2004 2005 2006 2007

Ano

Volu

me

(mm

)

RPPN Buraco dasAraras

RPPN FazendaCabeceira do Prata

Figura 9. Média anual pluviométrica entre 2002 e 2007 para a RPPN Fazenda Cabeceira do Prata,

obtidos por leitura de pluviômetro fixo nas proximidades da entrada da Fazenda, e a partir de 2005

para a RPPN Buraco das Araras

O gráfico acima indica que o ano de 2002 foi excepcionalmente seco, porém

dados de anos anteriores, obtidos em outras localidades da Fazenda Cabeceira do

Prata, mostram índices dentro das médias anuais para a região.

2.3 GEOMORFOLOGIA

O carste é um ambiente bastante peculiar, que desenvolve formas de relevo

únicas como cavernas, espeleotemas, cânions, ressurgências, sumidouros, lapiás.

Dentre estas formas também podemos citar as dolinas (do esloveno, pequeno vale),

depressão no solo característica de relevos cársticos, formada pela dissolução

química de rochas calcárias abaixo da superfície, que posteriormente tem o teto

removido por dissolução ou colapso. Esta feição exocárstica geralmente possui

formato aproximadamente circular e seu diâmetro e profundidade podem variar de

poucos a centenas de metros. Desenvolve-se na zona de absorção das águas e

pode ser inundada por lagoas ou seca e cheia de sedimentos, solo ou vegetação.

O Buraco das Araras é uma grande dolina de abatimento situada em um

campo de dolinas chamado Núcleo Curé. Pouco se conhece do ponto de vista

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

18

geológico e hidrogeológico sobre este campo de dolinas e qualquer iniciativa em

aprimorar os conhecimentos nesta região é de extrema relevância; ainda

considerando que a área em questão é uma zona de recarga de aqüífero cárstico,

sempre muito suscetível a contaminação por agentes poluidores.

Alguns autores consideram toda área do vale do rio Miranda como Unidade

Geomorfológica Depressão Periférica do Miranda (e.g. Almeida 1965) ou Depressão

do Rio Paraguai (Dias 1998), no entanto neste trabalho considera-se a proposta de

Corrêa et al. (1976; 1979). Com base neste trabalho é possível incluir a área da

Fazenda Alegria dentro da Unidade Geomorfológica Baixada Paraguaia, Sub-

Unidade Planalto dos Alcantilados, um pouco ao sul da transição com a Sub-

Unidade Zona Serrana Oriental e a leste da transição da Sub-Unidade Serra da

Bodoquena, sendo influenciada pelas mesmas. Optou-se por esta proposta por

entender que a grande planície arenosa resultante da pediplanação dos arenitos da

Formação Aquidauana forma uma unidade diferente da superfície aplainada nos

micaxistos e filitos do Grupo Cuiabá, área mais ao norte a qual a Unidade

Depressão Periférica do Miranda está restrita, e da área do Pantanal considerada

Unidade Depressão do Rio Paraguai. Foi utilizada também a compartimentação

geomorfológica elaborada por Sallun e Boggiani (2004).

Para contextualizar a área de estudo, além de descrever o Planalto dos

Alcantilados, é interessante dissertar de forma geral da Província Espeleológica da

Serra da Bodoquena.

O Planalto dos Alcantilados é uma feição esculpida nos sedimentos

devonianos e permo-carboníferos da Bacia do Paraná, distribuindo-se segundo

ampla faixa de direção nordeste que se inicia no vale do rio Apa e se estende até o

norte do Estado do Mato Grosso do Sul, além do Município de Coxim (Corrêa et al.

1979).

A leste e a sudeste está em contato com a borda ocidental do Planalto

Basáltico, a oeste com as superfícies peneplanizadas da borda oriental da Zona

Serrana Oriental, e a noroeste destaca-se da subunidade do Pantanal adjacente.

A Província Espeleológica da Serra da Bodoquena se extende por uma área

de cerca de 4.660 km2 (Boggiani 2000), distribuída nas regiões do Planalto da

Bodoquena (esta nomenclatura é utilizada por diversos autores, englobando a Sub-

Unidade Geomorfológica Serra da Bodoquena e a borda ocidental da Sub-Unidade

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

19

Zona Serrana Oriental) e nas morrarias próximas a Corumbá. A área de interesse

para este trabalho é a parte da província situada no Planalto da Bodoquena.

A Serra da Bodoquena é um estreito planalto que apresenta forma alongada,

no sentido norte-sul, com 200 km de comprimento e largura variando de 10 a 70 km,

fazendo parte da unidade geotectônica denominada de Faixa de Dobramentos

Paraguai (Boggiani 2000). Neste planalto as estruturas tectônicas apresentam

direção predominante aproximadamente N-S.

Como esta serra é formada em sua maioria de calcários e dolomitos,

desenvolveu um relevo cárstico muito característico, onde diversas feições podem

ser observadas, tais como: grutas, dolinas, lapiás, sumidouros, ressurgências, entre

outras. Devido a fácil dissolução dos carbonatos, o Planalto da Bodoquena

apresenta uma circulação hídrica subterrânea muito intensa (Gnaspini et al. 1994),

principalmente na região oriental. A influência destas rochas carbonáticas é

marcante na área da RPPN, pela formação da grande dolina de abatimento

denominada Buraco das Araras. Outras feições de relevo cárstico não são

visualizadas na área da Fazenda Alegria, mas podem ser vistas a sudoeste

(sumidouro do córrego Santa Maria) e a noroeste (tufas calcárias do rio da Prata,

inúmeras cavernas e dolinas da Fazenda Santa Maria, Lagoa Misteriosa e Fazenda

Curé e as ressurgências da Fazenda Santa Maria e Cabeceira do Prata). Estas

inúmeras ressurgências e sumidouros demonstram uma ativa drenagem interna na

região.

Conforme compartimentação do carste apresentada por Sallun e Boggiani

(2004) a área de estudo estaria posicionada na unidade PMCG1. A unidade PMCG1

é caracterizada por superfície aplainada com dolinas e desenvolvimento de carste

inter-estratal.

A área da Fazenda Alegria e alguns quilômetros ao entorno é uma superfície

aplainada com cotas em torno de 340 metros. Estas cotas diminuem gradativamente

em direção as áreas de drenagem do rio Verde a leste, sudeste e sul e do rio da

Prata a Norte e Noroeste, chegando a altitudes menores de 300 metros nas calhas

dos rios (Figura 10).

As variações de altitude dentro da Fazenda e entorno são mínimas e não

devem passar de uma ou duas dezenas de metros, demonstrando o grande

aplainamento da superfície. Existem alguns morros apenas em um raio maior a 5

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

20

km, a noroeste e a sudoeste, porém com variações de altitude que não ultrapassam

cinqüenta metros. Em direção à noroeste, na área da Fazenda Santa Maria, os

morros residuais são formados provavelmente pelos calcários e dolomitos da

Formação Bocaina. Já a sudoeste os morros são formados por rochas mais

resistentes da própria Formação Aquidauana.

Figura 10. Mapa topográfico da área da Fazenda Alegria. A seta preta indica a localização

aproximada da dolina Buraco das Araras

2.4 HIDROGRAFIA

A área em questão está situada próximo ao rio Verde, na Micro-bacia do Rio

da Prata, Sub-bacia Hidrográfica do Rio Miranda (BHRM), que faz parte da Bacia do

Rio Paraguai (área de 1.095.000 km2) que, junto à Bacia do Rio Paraná (área de

1.510.000 km2) e à Bacia do Rio Uruguai (área de 365.000 km2), constitui o sistema

fluvial do Rio da Prata (de aproximadamente 3.190.000 km2), que se estende por

territórios do Brasil, da Bolívia, do Paraguai, do Uruguai e da Argentina (CIDEMA

2003).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

21

A BHRM envolve o território de 23 municípios do Estado de Mato Grosso do

Sul (MS), abrangendo uma área física de 44,740.50 km2, o que representa cerca de

12% da área física sul-mato-grossense (CIDEMA 2003). Mais de 90% da área do

Município de Jardim está dentro da Bacia do Rio Miranda.

No município de Jardim os principais afluentes do rio Miranda são o rio Santo

Antônio, que nasce no planalto de Maracajú-Campo Grande, desaguando na

margem direita, e o rio da Prata, que nasce na Serra da Bodoquena, desaguando na

margem esquerda. O Buraco das Araras se situa a aproximadamente 2,5 km da

margem esquerda do rio Verde e a aproximadamente 7 km da margem direita do rio

da Prata.

A drenagem do rio Verde, rio mais próximo da área de estudo, é dendrítica

em sua maior parte, demonstrando grande independência em relação às estruturas

tecntônicas, devido a grande espessura da cobertura do Arenito Aquidauana. Porém

os três afluentes da margem esquerda (sudoeste da Fazenda Alegria), incluindo o

córrego Santa Maria (onde existe uma dolina com sumidouro), possuem direção

principal noroeste, refletindo o lineamento da região.

Através de observação do Mapa Municipal Estatístico elaborado pelo IBGE

objetivando a coleta do Censo 2000 (Figura 11) que apresenta a hidrografia, é

possível observar que toda a área onde se situam as Fazendas Alegria, Santa

Maria, Lagoa Misteriosa, Cabeceira do Prata, Nevasla, Águas do Prata e outras

propriedades a oeste e noroeste apresentam uma drenagem superficial muito pobre,

com pouquíssimos cursos de rios e córregos quando comparadas com as áreas das

fazendas mais a sul e leste e nordeste da propriedadeFazenda.

Isto denota uma drenagem subterrânea bem desenvolvida, mesmo em áreas

recobertas pelo Arenito Aquidauana, devido ao espesso pacote de rochas calcárias

do Grupo Corumbá situado abaixo da camada arenítica. Esta imensa área com

pouquíssima drenagem superficial é uma zona de recarga do aqüífero cárstico, o

que é evidenciado pelas inúmeras dolinas presentes e pelo sumidouro do córrego

Santa Maria (Figura 12).

As direções do fluxo das drenagens subterrâneas ainda não são conhecidas,

porém o alinhamento de um grande número de dolinas e cavernas na região em

direção noroeste-sudeste (Figura 13) aponta para um sistema de condutos cársticos

em profundidade, como já comentado por Sallun (2004).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

22

Figura 11. Mapa Hidrográfico de parte dos municípios de Jardim (em verde), Bonito (em branco,

acima) e Bela Vista (em branco, abaixo). A seta indica a localização do Buraco das Araras.

Modificado do mapa do IBGE/Censo-2000 (IBGE 2008)

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

23

a

b

Figura 12. Aspecto do Sumidouro do córrego Santa Maria. Fotos: Sandro Scheffer

Figura 13. Localização aproximada de algumas feições cársticas na região de estudo. Em verde:

cavernas; em azul: ressurgências; em vermelho: dolinas. Fonte: Microsoft Company (2008)

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

24

2.5 SOLOS

Conforme o Mapa Exploratório de Solos do Projeto RadamBrasil (Macedo

1982) o tipo de solo da área da Fazenda Alegria é o Latossolo Vermelho-Escuro

álico com textura média em terreno plano levemente ondulado com alguns locais

onde este latossolo contém uma textura mais argilosa.

Nas áreas a sul e oeste da fazenda começam a ocorrer os solos do tipo

Podzólico Vermelho-Amarelo distrófico, tendo características de solo com argila de

atividade baixa, abrúptico, com textura arenosa média também em relevo plano

suavemente ondulado.

Os solos Latossolo Vermelho-Escuro álico compreendem solos minerais, não

hidromórficos, identificados pela presença de horizonte latossólico, com teores de

Fe2O3

Em toda área, portanto, o solo é

francamente arenoso, muito friável,

formado quase exclusivamente de

minerais resistentes ao intemperismo,

tendo como composição predominante

grãos de quartzo, sendo muito suscetível

aos processos erosivos (Figura 14).

entre 9 e 18% para textura argilosa (Macedo 1982). Ainda segundo este

autor, estes são solos muito profundos, acentuadamente drenados, muito porosos e

permeáveis, com avançado estágio de intemperização e processo intensivo de

lixiviação, estando praticamente ausentes minerais pouco resistentes ao

intemperismo, tendo seqüência de horizontes A, B e C com pouca diferenciação

entre os suborizontes.

O solo Podzólico Vermelho-Amarelo distrófico possui saturação de bases

inferior a 50% e a de alumínio superior a 50%, com horizonte A moderado,

sobrejacente ao B textural, com predominância de argilas do tipo 1:1 (Macedo 1982).

De modo geral a relação textural é alta, sendo comum o caráter abrúptico, ocorrendo

ainda em perfis a presença de cascalho no horizonte Bt.

Figura 14. Aspecto do solo encontrado na

Fazenda Alegria. Foto: Tietta Pivatto

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

25

2.5.1 GEOLOGIA

Existe na região sudoeste de Mato Grosso do Sul uma série de divergências

com relação à estratigrafia das rochas do grupo Jacadigo, Corumbá e Cuiabá1.

Talvez a maior destas divergências esteja relacionada com as rochas

existentes na Zona Serrana Oriental, que ao sul mergulham sob a Formação

Aquidauana. Dizem respeito à ocorrência ou não da Formação Tamengo e

Guaicurus na região do Planalto da Bodoquena. Para muitos as rochas destas duas

formações, na Zona Serrana Oriental, na verdade fariam parte do Grupo Cuiabá.

No presente trabalho, no entanto, foi adotada a proposta de Almeida (1965),

na qual as rochas do Grupo Cuiabá possuem uma menor distribuição geográfica e

são essencialmente detríticas (Figuras 15 e 16). Esta proposta é corroborada por

trabalhos recentes na área (Boggiani 1998; 2004).

Figura 15. Mapa geológico de parte da região sudoeste do Mato Grosso do Sul. A estrela vermelha

indica a localização da dolina Buraco das Araras. Modificado de CPRM (2004) com base no trabalho

de Almeida (1965) 1 Este capítulo, principalmente a parte de revisão bibliográfica, está embasada no levantamento paleontológico de parte da região sudoeste do estado do Mato Grosso de Sul realizado por Scheffler (2006), para o Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda-Serra da Bodoquena e no capítulo de Geologia do Relatório Parcial do Plano de Manejo da Lagoa Misteriosa (Scheffler 2007).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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Figura 16. Coluna estratigráfica apresentando as idades e relações das rochas presentes no

sudoeste do estado. As cores e siglas se referem ao mapa geológico da figura 17. Modificado de

CPRM (2004)

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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Na área em estudo, as rochas carbonáticas não estão visíveis, mas são

evidenciadas pela formação da gigantesca dolina de abatimento localizada no

interior da RPPN. Estas rochas podem pertencer, conforme proposta que esta sendo

seguida no trabalho, a duas unidades distintas do Grupo Corumbá: Formação

Bocaina ou Formação Tamengo. Toda a área da fazenda possui aproximadamente a

mesma cota, em torno de 340 m, em areias oriundas da Formação Aquidauna.

Segue uma descrição do Grupo Corumbá (formações Bocaina e Tamengo) e

da Formação Aquidauana. Posteriormente, é apresentado um capítulo com

considerações geológicas sobre a área da Fazenda Alegria e fazendas vizinhas.

Bacia Corumbá Almeida (1965) é o trabalho clássico que fundamentou as pesquisas de

geologia na Serra da Bodoquena e arredores. O autor assumiu a prioridade do nome

Corumbá para as rochas carbonatadas de Corumbá e região da Bodoquena,

designando-as de Grupo Corumbá. Dividiu o Grupo Corumbá em quatro formações,

da base para o topo: Formação Cerradinho, Formação Bocaina, Formação Tamengo

e Formação Guaicurus. Apesar de reconhecer sedimentos da Formação Puga e da

Formação Cadiueus na Serra da Bodoquena, não as inclui no Grupo Corumbá.

Diversos autores que trabalharam na região apresentam opinião diferente de

Almeida (1965), principalmente na Serra da Bodoquena (Corrêa et al. 1976, 1979;

Maciel 1959; Del’Arco et al. 1982; Araújo et al. 1982; Godoi et al. 1999), onde os

principais pontos polêmicos é a inclusão ou não das Formação Puga e Cadiueus no

Grupo Corumbá e, o ponto que mais nos interessa no momento, a inclusão das

rochas descritas como Formação Tamengo e Guaicurus nesta região no Grupo

Corumbá ou Cuiabá.

No presente trabalho, assume-se a distribuição e seqüência estratigráfica do

Grupo Corumbá como proposto por Almeida (1965), incluindo-se apenas a

Formação Cadiueus como unidade basal deste grupo, conforme proposto por

Boggiani (1998) e reiterado por Boggiani (2004). Portanto da base para o topo, em

ordem de deposição dos sedimentos, podemos definir o Grupo Corumbá como

dividido nas seguintes unidades litológicas: Formação Cadiueus, Formação

Cerradinho, Formação Bocaina, Formação Tamengo, Formação Guaicurus (Figura

17).

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GR

UP

O C

OR

UM

Fa

se d

rift

Fa

se

rift

nível do marbaixoalto

Superfície de Aplainamento Pedra Branca

cobertura cratônica Faixa de Dobramentos Paraguai

Figura 17. Carta estratigráfica do Grupo Corumbá, apresentando a variação do nível do mar no

sudoeste do Mato Grosso do Sul no final do Proterozóico. Fonte: Boggiani (2004)

Segundo Boggiani (2004), o Grupo Corumbá é “representado por sucessão

de aproximadamente 700 m de espessura, tendo na base conglomerados, arenitos e

pelitos (formações Cadiueus e Cerradinho) depositados em bacia confinada e

limitada por falhas. Estas unidades constituem depósitos de fan-delta, com

sedimentação posterior ou até mesmo concomitante à glaciação Varanger

representada pela Formação Puga (Maciel 1959). Sobre estes sedimentos e sobre o

embasamento gnáissico-granítico aplainado (Superfície de Aplainamento Pedra

Branca), ocorrem dolomitos associados a ocorrências de rochas fosfáticas da

Formação Bocaina, sendo que esta unidade teria se originado sob condições de

águas rasas, propícias à proliferação de vida microbiana e desenvolvimento de

estromatólitos. Regressão marinha subseqüente promoveu a erosão de parte destes

sedimentos e deposição de brecha intraformacional, na base de talude desenvolvido

na borda cratônica. Sobre estes depósitos, calcários e folhelhos carbonosos da

Formação Tamengo foram sedimentados, sob condições transgressivas, com

registro dos fósseis Cloudina e Corumbella, recobertos pelos folhelhos da Formação

Guaicurus. Ambas unidades superiores apresentam características de deposição

sob condições oceânicas”.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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Na coluna estratigráfica da Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo (CPRM

2004) o Grupo Corumbá é posicionado no final do Neoproterozóico III. Esta idade é

corroborada pelo trabalho de Kawashita (1996) que através da análise de 87Sr/86Sr

estima idades de 560 (±10) M.A. para o Grupo.

Formação Bocaina Almeida (1965) estudando o Grupo Corumbá na Serra da Bodoquena

comentou que a Formação Bocaina suporta a maioria dos morros da Zona Serrana

Oriental, praticamente toda a borda montanhosa oriental do Planalto da Bodoquena

e vastas extensões de seu interior, sobretudo no setor norte.

Nestas áreas é possível observar inúmeras feições cársticas, como cavernas,

sumidouros, ressurgências, canions, entre outras, devido à natureza essencialmente

carbonática desta formação.

Para Almeida (1965) a Formação Bocaina é essencialmente dolomítica,

sendo que estes dolomitos “apresentam-se geralmente como rochas maciças, de

granulação muito fina e coloração cinza claro, embora possam ser escuros, ou

quase brancos com manchas cinzentas, ou ainda, raramente rosados. Sua

estratificação, em geral pouco distinta, mostra-se em estratos plano-paralelos,

espessos de decímetros a metros, com laminação interna pouco visível. Como

estruturas sedimentares singenéticas vêem-se estratificação cruzada, estruturas

oolíticas e estromatólitos de tipo Collenia...”.

Almeida (1945) considera que podem existir dolomitos arenosos, com

grânulos de quartzo ou rocha carbonatada, e que em raras vezes é possível

observar folhelhos calcíticos, que ocorrem com mais freqüência nos horizontes mais

baixos da formação.

Conforme Araújo et al. (1982), seguindo de oeste para leste na Serra da

Bodoquena as rochas se enriquecem em MgO, dando origem a dolomitos típicos,

como os que ocorrem nos arredores da cidade de Bonito. Estes dolomitos são

rochas compactas com estratificação planar grosseira, bastante silicificadas, cores

claras, venuladas por calcita, localmente brechadas (Araújo et al. 1982).

Estudos petrográficos realizados por Godoi et al. (1999) indicam

metamorfismo de baixo grau para os litótipos localizados em zonas de falha, sendo

que os processos diagenéticos que atuaram consistem em intensa recristalização,

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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dolomitização e silicificação, corrosão intensa das bordas dos grãos de quartzo e

microestilolitização.

Para Almeida (1965) o espesso pacote de dolomitos é resultado da

precipitação de carbonatos em águas rasas, sobretudo pela ação de microrganismos

e algas, após a transgressão que ocorreu na Formação Cerradinho. Esta atividade

biológica ocorreria em mares epicontinentais de clima quente, não muito afastado da

costa (Almeida 1945). Segundo este autor, a Bacia Corumbá nesse momento sofria

lenta e uniforme subsidência, sendo as condições tectônicas favoráveis ao acúmulo

de grandes volumes de carbonato, quase sem material detrítico. Já para o topo da

Formação parece haver uma pequena regressão marinha, atestada pela presença

de espessas camadas com estromatólitos, seguidas por dolomitos arenosos, com

muitos grãos de quartzo, e conglomerados com fragmentos de dolomito, além de

ocorrer dolomito oolítico (Almeida 1965).

A Formação Bocaina é colocada no Proterozóico final por estar posicionada,

em contato gradacional, abaixo da Formação Tamengo, considerada como

Proterozóico final, pela presença de Cloudina lucianoi.

Formação Tamengo Almeida (1965) descreve pela primeira vez a Formação Tamengo para a

Serra da Bodoquena como ocorrendo exclusivamente no flanco oriental, sempre

participando dos intensos dobramentos que ocorrem na região. O autor caracterizou

a Formação Tamengo como formada por um conjunto de ardósias, filitos e

quartzitos, alternados com espessas camadas de calcários, podendo atingir uma

espessura de 1.200 m. Para a região de Corumbá, no entanto, Del’Arco et al. (1982)

cita com base em Almeida (1945) e levantamentos de campo uma espessura em

torno de 200 m.

Conforme Godoi et al. (1999), os litótipos desta formação constituem uma

sequência “carbonática-terrígena”, na qual os calcários predominam, ocorrendo

subordinadamente folhelhos, siltitos e arenitos, além de brechas carbonáticas de

origem sedimentar e/ou tectônica.

A formação se inicia freqüentemente, conforme Almeida (1965), com um

membro arenítico basal que repousa sobre os dolomitos da Formação Bocaina, mas

pode iniciar com ardósias ou calcários, predominando em toda a espessura

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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alternância de membros calcários e ardósias, ou filitos. As rochas de origem detrítica

apresentam baixo metamorfismo, enquanto que nos cálcarios esse efeito é pouco

perceptível (Almeida 1965).

De acordo com Almeida (1965), as ardósias e filitos que se intercalam nas

camadas calcárias da formação quando frescos, ou pouco alterados, tem cor cinza

pálido ou cinza esverdeado, com estratificação plano-paralela muito regular, porém

mal distinta, sendo que os planos de xistosidade e clivagem raramente coincidem

com as camadas, mas costumam apresentar direção comum.

Os calcários, que são as rochas mais típicas da formação, conforme Almeida

(1965), “apresentam-se como rochas maciças, de cor cinza escuro, quase negras às

vezes, quando em fratura fresca, mas nas superfícies... apresentam característica

cor cinza azulado médio. Têm estrutura cristalina bem fina, uniforme, mas podem

exibir estrutura oolítica. Sua estratificação geralmente só se torna nítida nas grandes

exposições, quando se apresenta plano-paralela, como alternância de lâminas e

estratos decimétricos, que às vezes se separam por material de origem argilosa,

sericitizado... Na superfície das camadas podem perceber-se marcas simétricas de

ondas. Freqüentemente são muito fraturados, atravessados de numerosos veios de

calcita ou quartzo leitoso, ou ainda exibem estrutura brechóide autoclástica, em

zonas com dezenas de metros de espessura”.

Conforme Almeida (1965), as condições tectônicas relativamente calmas que

existiam durante a deposição da Formação Bocaina se modificaram e começaram a

favorecer o afluxo periódico de apreciáveis volumes de material detrítico de

procedência terrígena, o que impediu a dolomitização dos calcários. Conforme

Almeida (1945) esta deposição ocorreu principalmente em ambiente litorâneo, com

fácies deltaicas e parálicas.

Segundo Almeida (1945), “a sedimentação processava-se em ambiente

redutor, pelo que reteve grande parte da matéria orgânica, hoje representada pela

grafita de seus calcários e metassedimentos pelíticos. O aumento do tectonismo

bem se reflete na repetição cíclica de calcários e sedimentos detríticos não

carbonatados, na grande espessura total e no caráter feldspático de alguns

arenitos”.

Conforme Godoi et al. (1999), as oscilações do nível do mar e/ou tectônicas

eram pronunciadas, resultando situações de inframaré, até exposição subaérea.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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A Formação Tamengo é posicionada no Proterozóico final, idade apontada

por diversos estudos paleontológicos, como Fairchild (1978) e Fairchild e Sundaram

(1981, apud Del’Arco et al. 1982), entre outros.

Bacia do Paraná A bacia sedimentar do Paraná é a maior Bacia intracratônica brasileira e está

situada no centro-leste da América do Sul, abrangendo uma área de 1.600.000 km2,

dos quais 1.000.000 km2 situados em território brasileiro, 400.000 km2 em território

argentino, 100.000 km2 em território uruguaio e 100.000 km2 em território paraguaio

(Schneider et al. 1974; Petri e Fúlfaro 1983). A maior parte dos estados de São

Paulo, Paraná e Santa Catarina (regiões central e ocidental) e Rio Grande do Sul

(regiões norte, central e ocidental) e parte dos estados de Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás estão situados nesta bacia.

Devido a aspectos inerentes ao seu posicionamento geotectônico atual e a

suas características tectono-sedimentares, é considerada uma típica bacia

intracratônica (Milani e Ramos 1998). Originada como um golfo aberto para o

Panthalassa, tornou-se com o tempo uma depressão intracratônica, através do

crescimento da litosfera continental ao longo da margem sul do Gondwana (Milani e

Ramos 1998).

Conforme Milani e Ramos (1998) a Bacia do Paraná evoluiu durante o

Paleozóico e o Mesozóico e abriga um registro estratigráfico temporalmente

posicionado entre o Neo-Ordoviciano e o Neocretáceo, documentando assim quase

400 milhões de anos da história geológica fanerozóica dessa região do planeta. O

registro sedimentar preservado da bacia é compreendido por um conjunto de

superseqüências (sensu Vail et al. 1977 apud Bergamaschi 1999) distribuídas

descontinuamente que não ilustram toda esta extensão cronológica, mas uma

grande parcela deste tempo geológico corresponde a lacunas entre as seqüências e

também a hiatos intra-seqüências (Bergamaschi 1999).

No presente trabalho nos interessa a terceira superseqüência da Bacia do

Paraná, que apresenta registro do Carbonífero ao Triássico, englobando a

Formação Aquidauana.

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Formação Aquidauana Conforme Beurlen (1956), a primeira menção aos sedimentos desta formação

foi feita por Orville Derby, em 1890, que os correlacionou à seqüência gondwanica

do leste do Paraná. Posteriormente Arrojado Lisboa, em 1909, cunhou o termo

“Arenito Aquidauna” para designar um conjunto de sedimentos vermelhos dispostos

no vale do Rio Aquidauana (Del’Arco et al. 1982; Araújo et al. 1982; Beurlen 1956).

Beurlen (1956) estudando os Arenitos Aquidauana em Mato Grosso do Sul,

reconhece diversas evidências em favor de uma origem glacial (várias camadas de

tilitos e morainas) e correlaciona a Série Aquidauana com o Grupo Itararé,

rebaixando a idade deste pacote como formado, no máximo, no final do

Pensilvaniano.

Anos mais tarde, o termo Série Aquidauana foi substituído pelo termo

Formação Aquidauana, introduzido por Gonçalves e Schneider (1970, apud Del’Arco

et al. 1982).

Corrêa et al. (1976, 1979) dividiram a Formação Aquidauna em três unidades

litoestratigráficas, que mergulham suavemente para o centro da bacia. Porém, para

Del’Arco et al. (1982) a Formação Aquidauana é bastante espessa, chegando a

apresentar até aproximadamente 700 metros, não podendo ser dividida em unidades

litológicas menores devido a grande variação faciológica vertical e horizontal.

Conforme Del’Arco et al. (1982) a Formação Aquidauana: “é composta

predominantemente por sedimentos arenosos vermelho-arroxeados a

avermelhados, com intercalações subordinadas de siltitos, folhelhos, conglomerados

e diamictitos... O conjunto inferior é constituído por arenitos vermelho-arroxeados, as

vezes esbranquiçados ou avermelhados, médios a grosseiros, feldspáticos, com

níveis conglomeráticos... e com intercalções subordinadas de siltitos e diamictitos

finos. Os arenitos mostram estratificação cruzada acanalada, composição

predominantemente quartzosa, com grãos angulosos a subarredondados... O

conjunto médio é composto sobretudo por siltitos finamente estratificados, vermelho-

arroxeados ou vermelho-tijolo e secundariamente por arenitos arcoseanos, folhelhos

cinza a cinza-esverdeado... e bolsões de lentes de diamictitos vermelhos. Os

diamictitos são constituídos por grãos grosseiros, seixos, blocos e matacões de

forma e composição variadas, angulosos a subarredondados, distribuídos

caoticamente em matriz síltico-argilosa, as vezes síltico-arenosa... No conjunto

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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superior predominam novamente sedimentos arenosos, vermelho-arroxeados, só

que de granulação mais fina e melhor selecionados. Apresentam estratificação

plano-paralela evidenciada por alternância de camadas delgadas de siltitos ou de

níveis mais grosseiros e estratificação cruzada.”

De acordo com Petri e Fúlfaro (1983) o Mato Grosso do Sul é o estado onde

mais ocorrem os diamictitos nesta formação, compondo 11 a 33% das litologias,

possuindo menor freqüência de estratificações cruzadas e menor quantidade de

argila que as rochas que ocorrem no estados de Mato Grosso e Goiás.

Conforme Del’Arco et al. (1982), o ambiente de deposição seria continental,

onde sistemas fluviais e lacustres seriam os principais responsáveis pela formação

deste pacote sedimentar. A deposição intercalada de clásticos grosseiros

(diamectitos, arenitos grosseiros e conglomeráticos) e finos (siltitos, argilitos e

arenitos finos) seria criada por cones de dejeção. Conforme os autores acima

citados ocorreriam contribuições glaciais localizadas, assinaladas pelos lamitos

conglomeráticos, sendo que os melhores registros glaciais e interglaciais estariam

na borda oriental da bacia.

Conforme Gonçalves e Schneider (1970, apud Del’Arco et al. 1982), Daemon

e Quadros, em 1967, encontraram microfósseis no Estado de Mato Grosso que

permitiram atribuir uma idade situada no Carbonífero final; estes fósseis foram

identificados com Samarisporites, Maranhites, Calyptosposporytes, Rhobdosporites

e Tasmanites. Com base nesta identificação e na opinião de outros autores,

Del’Arco et al. (1982) considera que a formação Aquidauna foi depositada entre o

Carbonífero final e o Permiano inicial (Westphaliano-Artinskiano). A idade também é

aceita na Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo (CPRM 2004).

2.5.2 A GEOLOGIA DO BURACO DAS ARARAS E SEU ENTORNO

A RPPN Buraco das Araras está localizada no campo de dolinas, descrito por

Lino et al. (1984). Este campo de dolinas está situado no Núcleo Curé (Lino et al.

1984) que apresenta, além do Buraco das Araras, as cavidades do Coqueiro X,

Gruta do Curé, Gruta do Cateto, Gruta Santa Maria, Gruta do Vale do Prata, Gruta

Dona Matilde, Lagoa Misteriosa e várias dolinas menores (ver figura 13).

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Neste Campo de Dolinas, as cavidades se formam nos calcários dolomíticos e

calcíticos do Grupo Corumbá, que são em sua maior parte recobertos pelos arenitos

permo-carboníferos da Formação Aquidauana.

A maior concentração de dolinas se situa na Fazenda Santa Maria e seus

arredores, principalmente a norte, sul e oeste da cavidade Lagoa Misteriosa. A leste

da Lagoa Misteriosa, as dolinas se tornam mais raras e dificilmente são

encontradas; exceção a esta regra é justamente o Buraco das Araras, situado a

aproximadamente 6 km a sudeste da mesma.

Na área da Lagoa Misteriosa a capa de arenito acima das rochas calcáreas

apresenta espessura em torno de 10 metros. Esta camada de arenito tende a

adelgaçar para oeste e noroeste, e tende a se tornar mais espessa para leste e

sudeste. Este espessamento é bastante considerável, tanto que na dolina Buraco

das Araras, a camada do Arenito Aquidauana que recobre as rochas calcárias chega

a uma espessura de mais de 100 metros.

Este mergulho das rochas calcárias sob o Arenito Aquidauana, com seu

conseqüente espessamento, é a razão da diminuição do número de dolinas para

leste/sudeste, pois somente grandes cavidades geradas no calcário são capazes de

provocar o abatimento da rocha sobreposta.

O Buraco das Araras possui em torno de 100 metros de profundidade e sua

forma é elíptica, com eixo maior na direção aproximada N50W, medindo 125 metros

e eixo menor na direção N30E, medindo 70 metros (Lino et al. 1984). Em seu interior

existe um lago que, conforme os proprietários, não sofre mudança sazonal (apenas

em grandes chuvas ocorre uma ligeira subida do seu nível, voltando logo ao normal),

sofrendo variação de subida e descida que demoram vários anos, refletindo o nível

do lençol.

Os imensos paredões da cavidade são formados por camadas tabulares

decimétricas a métricas de arenitos avermelhados, intercalados com lentes de

conglomerados. A base da parede SE começa com vários metros de arenito médio a

fino, com matriz síltico-argilosa, bastante silicificada e pouco friável. Estes arenitos

possuem grãos angulosos a sub-arredondados, levemente selecionados, não sendo

encontrado grânulos, organizado na forma de camadas decimétricas a métricas.

Alguns metros acima da base podem aparecer camadas centimétricas intercaladas

(Figura 18A).

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Depois de mais de uma dezena de metros começam a se intercalar camadas

decimétricas de arenitos mais grosso, mal selecionados e com grãos angulosos a

levemente arredondados, apresentando pequenos clastos (grânulos e pequenos

seixos), sendo estas camadas muito friáveis (Figura 18D). Estratificações cruzadas

de médio e pequeno porte são comuns nestes níveis (Figura 18I). Também se

intercalam camadas decimétricas de arenito fino bem selecionado, porém às vezes

apresentando grânulos milimétricos.

Logo acima começam a surgir lentes de conglomerado matriz suportado,

formados por areia grossa, grânulos e clastos arredondados de até 2 cm (Figura

18F). Estes clastos podem ser de arenito fino ou grosso retrabalhado da própria

formação ou de quartzito provavelmente originado das rochas proterozóicas. Nestas

camadas mais grosseiras ocorrem grãos de feldspato caolinizado. A primeira lente

de conglomerado da face leste/sudeste ocorre a uns 15 a 20 metros da base

exposta do paredão, apresentando em torno de 10 metros de comprimento e 1

metro de maior espessura (Figura 18J). Nestes níveis conglomeráticos ou de arenito

bem grosseiro (às vezes de coloração mais esbranquiçada) é freqüente encontrar

superfícies erosivas em sua base, explicando a presença de clastos de arenito

dentro das camadas.

São nos níveis mais grosseiros e friáveis, mais suscetíveis ao intemperismo e

mais fáceis de serem escavados, que as araras e outros animais, como roedores,

fazem seus ninhos (Figuras 18B, H e M).

As mesmas litologias acima descritas também foram encontradas no córrego

Santa Maria e em seu sumidouro, outra grande dolina de abatimento, distante 3 a 4

km a sudoeste do Buraco das Araras. Tanto no córrego quanto na dolina estão

presentes arenitos médios a grossos, muitos exibindo estratificações cruzadas de

médio porte (Figura 18F). Também estão presentes conglomerados matriz

suportados, formados por areia grossa, grãos e clastos arredondados de arenito e

de quartzo (Figura 18G).

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Figura 18. A: arenito fino da base do paredão SE do Buraco das Araras; B e D: buraco utilizado por roedores e arenito grosso do paredão SE do Buraco das Araras; C: falha de direção NW do Buraco das Araras; E: arenito com estratificação cruzada da dolina do córrego Santa Maria; F e J: detalhe e vista geral da primeira lente de conglomerado do paredão SE do Buraco das Araras; H e L: escavação e detalhe do arenito grosso a aproximadamente 30 metros de altura no paredão SE do Buraco das Araras; I: estratificação cruzada a aproximadamente 60 metros de altura do paredão SE do Buraco da Araras; M: nível de arenito mais grosso e friável utilizado pelas araras para construção de seus ninhos; G: conglomerado do leito do córrego Santa Maria, possível diamectito. Foto: Sandro Scheffer

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O rio desaparece na grande dolina, que apresenta em torno 70 metros de

comprimento, 50 metros de largura, e cerca de 30 metros de profundidade. O eixo

de maior desenvolvimento parece orientado N10-20W. Assim como no Buraco das

Araras, a rocha carbonatada não está visível no fundo da dolina. A presença deste

sumidouro demonstra que, a exemplo da área mais ao norte, próxima a Lagoa

Misteriosa, o carste ainda está ativo (Lino et al. 1984; Scheffler 2007).

Estes depósitos sedimentares são semelhantes aos descritos por outros

autores para a parte inferior da formação, tais comos Mühlmann et al. (1974 apud

Araújo et al. 1982) e Corrêa et al. (1976). No entanto, não são comuns os depósitos

de influência glacial citados pelos mesmos.

Estas litologias encontradas em toda a área são interpretadas como

originadas por sistemas fluviais, podendo estar associados a sistemas lacustres. A

cor vermelha dos arenitos indica que foram depositados em ambiente altamente

oxidante, com abundância em oxigênio livre. Os arenitos grosseiros com

estratificação cruzada podem estar representando os diques marginais ou leques

aluviais, os arenitos mais finos seriam a parte proximal da planície de inundação ou

mesmo partes mais distais dos leques e os conglomerados representariam canais

de rios cortando os outros depósitos. A geometria de lente e a base erosiva

apresentada nestas camadas apóiam esta interpretação. No Buraco das Araras não

foram encontrados depósitos que indicassem influência glacial como apontado por

diversos autores para a formação em sua parte mais ao sul do Estado. No entanto,

alguns conglomerados encontrados no leito do córrego Santa Maria parecem

apresentar influência glacial. Estudos estratigráficos e de estruturas sedimentares

são necessários para elucidar exatamente o ambiente deposicional dos litótipos

encontrados.

Todo o solo da Fazenda Alegria e entorno é formado de areia oriunda da

intemperização do arenito da Formação Aquidauana, porém em algumas áreas,

principalmente as mais rebaixadas, ocorrem cascalheiras formadas por clastos de

quartzo arredondados de até 10 cm de diâmetro. Estas cascalheiras são depósitos

residuais, nos quais os clastos são oriundos dos níveis conglomeráticos. Neste

mesmo ponto foi encontrado “pedra canga”, mostrando a existência de

concentrações lateríticas ferruginosas.

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No Buraco das Araras o acamamento do arenito é subhorizontal de planos de

direção aproximada N-S, com mergulhos leves (2 a 10 graus) para SW-WNW.

Algumas medidas foram retiradas da face Leste/Sudeste (N10W/10W; N06W/02W;

N28E/10NW; N53W/08SW), inclusive a aproximadamente 30 metros de altura

(N12E/07W), no meio do paredão, indicando que o mergulho parece ser

relativamente constante em todo o pacote.

Estas camadas de arenitos são cortadas, conforme Lino et al. (1984), por três

sistemas de fraturas N30-50W, N60-70E e N30-40E, que coincidem com o maior e o

menor eixo da cavidade. Foram medidas falhas do primeiro e do terceiro sistema,

todas verticais a sub-verticais, sendo que as falhas mais abundantes estão

relacionadas ao sistema N30-50W, responsável pelo maior desenvolvimento da

cavidade nesta direção (Figura 20C). Foram retiradas medidas da face leste/sudeste

(N51W/82NE; N42W/88NE; N43W/67NE; N50W/66SW; N30W/72SW; N38E/85NW;

N44E/80NW), e no meio do paredão, a aproximadamente 40 metros (N60W/60SW)

e 70 metros de altura (N32W/84NE).

Apesar dos carbonatos não serem visualizados, a sua presença pode ser

inferida em sub-superfície, pois o desenvolvimento deste tipo de cavidade exige a

presença de rocha muito solúvel. Segundo Lino et al. (1984), esta depressão

constitui um afundamento do terreno, com rocha exposta nas paredes verticais, do

tipo dolina de abatimento ou dolina de colapso. A gênese desta cavidade começou

com a dissolução da rocha calcária em sub-superfície principalmente pela água do

lençol freático (fase freática) e em menor grau por percolação da água da chuva

através dos sistemas de fraturas, em sua maioria orientadas NW. Depois que um

imenso salão se formou houve um rebaixamento relativo no nível do lençol freático.

A pressão da água fornece sustentação aos blocos do teto da cavidade e quando

esta é retirada ocorre o processo de incasão com conseqüente abatimento dos

grandes blocos, formando a imensa depressão (fase vadosa). É provável que na

época em que ocorreu o processo de incasão o nível relativo do lençol deveria estar

mais baixo do que atualmente, pois para que ocorresse este processo a água

precisaria estar abaixo do topo da camada de carbonato, não visível atualmente.

As fraturas de direção NW parecem condicionar tanto a dolina Buraco das

Araras e a dolina do sumidouro do Córrego Santa Maria, assim como a direção dos

três afluentes a sul-sudoeste, mais próximos da Fazenda Alegria, situados na

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

40

margem esquerda do rio Verde, que correm todos em direção NW. Mais a Noroeste

do Buraco das Araras (área da Fazenda Santa Maria e Lagoa Misteriosa) este

lineamento parece mudar para N ou NE, no que resulta o maior eixo de

desenvolvimento das dolinas e cavernas nesta direção.

O aqüífero cárstico é extremamente vulnerável a entrada de agentes

poluidores, principalmente se o agente poluidor estiver sendo disseminado próximo

aos locais de recarga, como sumidouros ou dolinas. Pelo fato de não existirem

processos de filtragem, a água passa livremente pelos condutos formados no

calcáreo, e desta forma um foco de contaminação pode espalhar-se facilmente pelo

sistema. Além do prejuízo ambiental dos ecossistemas relacionados ao ambiente

cárstico, a poluição pode colocar em risco a saúde de pessoas e animais que

utilizam essa fonte de recursos hídricos.

Para conservação e manutenção da integridade deste ambiente

extremamente frágil, a vegetação arbórea cumpre um papel importante, já que evita

a infiltração excessiva das águas das chuvas entre as fissuras da rocha controlando

o processo de formação de cavidades subterrâneas, além de servir como proteção

contra a poluição em áreas de recarga do lençol.

Isto implica que a área mais relevante para conservação da RPPN, do ponto

de vista geológico é a própria dolina e seu entorno, incluído áreas de fazendas

vizinhas (Figura 19). Conforme o Artigo 4o parágrafo 3o da Resolução CONAMA

347, de 2004, “a área de influência das cavidades naturais subterrâneas será a

projeção horizontal da caverna acrescida de um entorno de duzentos e cinqüenta

metros, em forma de poligonal convexa”. O mesmo é estipulado pelo artigo 6

parágrafo único da Portaria do IBAMA 887, de 15 de junho de1990, que proibe o

desmatamento dentro desta área.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

41

Figura 19. Área da RPPN Buraco das Araras e seu entorno. Em vermelho a área mais relevante para

conservação do ponto de vista geológico; em verde os limites da RPPN. Fonte: Google Earth,

Microsoft Company (2008)

Portanto é recomendada a manutenção de área verde no entorno da

cavidade, o que aumentará a proteção contra possíveis contaminações do lençol

freático. É importante ressaltar que a Fazenda Alegria tem seus limites a alguns

metros da dolina e na área de seus confrontantes a atividade explorada atualmente

é a criação de gado. Apesar de não estar contida na RPPN, é essencial o

estabelecimento de contatos com os proprietários vizinhos para estabelecer ações

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

42

no sentido de recuperar as áreas situadas num raio de 250 metros da dolina

conforme estipulado pela legislação acima citada.

Outra questão que deve ser observada é o risco de movimentações de blocos

e desbarrancamentos no entorno da dolina o que poderia abalar infra-estruturas e

colocar em risco os visitantes da área.

Conforme Sallun (2004) o Buraco das Araras é uma feição geomorfológica

relativamente estável na escala de tempo humana. No entanto existe a

probabilidade da área de entorno vir a sofrer subsidência e novos colapsos devido

ao contínuo processo de dissolução que ocorre na rocha carbonática subjacente e o

transporte de detritos através de condutos no sistema cárstico, com conseqüentes

alterações no sistema de circulação de água profunda. A área também está sujeita a

diminuição do atrito entre blocos e movimentos de massa, que ocorre principalmente

pelo aumento do fluxo de água ao longo dos planos de fratura e acamamento.

Apesar de pouco provável a ocorrência de novos dolinamentos, uma medida

de precaução seria, conforme já orientado por Sallun (2004), realizar o

monitoramento da geometria das fraturas na área de entorno, ou seja, da posição

relativa entre os blocos. Além disso, recomenda-se observar o surgimento de

fissuras na cobertura de solo, o alargamento de fendas e fraturas no arenito a beira

da dolina e a movimentação de estacas ou árvores.

Apesar da pouca declividade do terreno na RPPN o solo é extremamente

arenoso e muito susceptível a erosão, portanto recomenda-se também que seja

realizado um controle do aparecimento de erosões e sejam feitas contenções das

mesmas caso necessário.

Para o melhor entendimento da área é indicado que se façam futuramente

estudos de hidrogeologia com intuito de conhecer o aqüífero cárstico profundo, para

entender a direção e sentido do fluxo do de água, qual a ligação com as demais

estruturas cársticas do campo de dolinas, qual o tempo de resiliência e qual a área

com maior influência sobre as águas subterrâneas da região.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

43

2.6 VEGETAÇÃO TERRESTRE

A RPPN Buraco das Araras está localizada dentro do Bioma Cerrado,

considerado um dos ‘hotspots’ para a conservação da biodiversidade mundial. Nos

últimos 35 anos mais da metade dos seus 2 milhões de km² originais foram

cultivados com pastagens plantadas e culturas anuais (Klink e Machado 2005).

É o segundo maior bioma brasileiro, sendo superado em área apenas pela

Amazônia. Ocupa 23% do território nacional e é considerado a última fronteira

agrícola do planeta (Borlaug 2002). O termo Cerrado é comumente utilizado para

designar o conjunto de ecossistemas (savanas, matas, campos e matas ciliares) que

ocorrem no Brasil Central.

A paisagem do cerrado é caracterizada por extensas formações savânicas,

interceptadas por matas ciliares ao longo dos rios, nos fundos de vale. Entretanto,

outros tipos de vegetação podem aparecer na região do cerrado, tais como os

campos úmidos ou as veredas de buritis, onde o lençol freático é superficial. Os

campos rupestres podem ocorrer nas maiores altitudes e as florestas mesófilas

situam-se sobre os solos mais férteis. Mesmo as formas savânicas exclusivas não

são homogêneas, havendo uma grande variação no balanço entre a quantidade de

árvores e de herbáceas, formando um gradiente estrutural que vai do cerrado

completamente aberto - o campo limpo, vegetação dominada por gramíneas, sem a

presença dos elementos lenhosos (árvores e arbustos) - ao cerrado fechado,

fisionomicamente florestal - o cerradão, com grande quantidade de árvores e

aspecto florestal. As formas intermediárias são os campos sujos, o campo cerrado e

o cerrado stricto sensu, de acordo com uma densidade crescente de árvores (Pivello

e Norton 1996).

2.6.1 RIQUEZA FLORÍSTICA

Foram observadas 192 espécies distribuídas em 56 famílias de angiospermas

de porte arbóreo, arbustivo, herbácea, lianas e palmeiras (Anexo 3). A família

Fabaceae, representada por 33 espécies, foi a de maior riqueza, perfazendo 17% do

total de espécies registradas. Dentro desta família, obtivemos 15 espécies

pertencentes à subfamília Caesalpinioideae, 03 Cercideae, 08 Faboideae e 07

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

44

Mimosoideae. A segunda família em número de espécies foi Asteraceae com 11

espécies, seguida por Annonaceae (10), Malvaceae e Myrtaceae com 09 espécies

cada (Figura 19).

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

Faboideae

Asteraceae

Annonaceae

Myrtaceae

Malvaceae

Euphorbiaceae

Malpighiaceae

Fam

ília

Bot

ânic

a

Quantidade de espécies

Figura 19. Famílias de maior riqueza nas áreas amostradas dos cerrados ocorrentes na RPPN

Buraco das Araras, Jardim/MS

O total de espécies agrupadas por hábito está representado na tabela 1.

Entretanto, o destaque de plantas herbáceo-arbustivas na área amostrada deve ser

ainda maior do que a constatado neste estudo. Esta categoria inclui as plantas que

constituem o sub-bosque e a camada rasteira dos cerrados. Estas plantas são tão

importantes quanto às demais na comunidade vegetativa, mas exige um trabalho

dedicado exclusivamente ao seu estudo, devido a complexidade e minusiosidade na

amostragem e identificação.

Tabela 1. Total de espécies agrupadas por hábito

Hábito Total de Espécies

Árvores 103

Arbustos 39

Herbáceas 40

Palmeiras 05

Lianas (cipó) 05

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

45

Os gêneros que mais contribuíram com o número de espécies foram: Senna

com seis espécies, Annona com cinco espécies, Luehea com quatro espécies,

seguidas por Qualea, Tabebuia, Byrsonima e Heteropterys com três espécies cada.

Várias espécies típicas de ocorrência para o cerrado do Brasil Central foram

amostradas, como Qualea grandiflora (pau-terra - figura 20), Caryocar brasiliense

(pequi), Bowdichia virgilioides (sucupira - figura 21), Magonia pubescens (timbó –

figura 22), Psidium guineense (araçá), Copaifera langsdorffii (copaíba), Terminalia

argentea (capitão - figura 23), dentre outras.

Figura 20. Frutos de Qualea grandiflora

(pau-terra). Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 21. Flores de Bowdichia virgilioides

(sucupira). Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 22. Frutos de Magonia pubescens

(timbó). Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 23. Flores de Terminalia argentea

(capitão). Foto: Fabrício de Souza Maria

A vegetação dentro da dolina, diferentemente do entorno constituído de

cerrado, é composto por Floresta Perenifólia - floresta sempre-verde (Figuras 24 e

25). Foram registradas nove espécies neste ambiente, através da visualização com

binóculo: embaúba (Cecropia pachystachya - Urticaceae), figueira (Ficus spp. -

Moraceae), ingá (Inga uruguensis - Mimosoideae), peito-de-pomba (Tapirira

guianensis - Anacardiaceae), mandiocão (Didymopanax morototoni - Araliaceae),

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

46

bocaiúva (Acrocomia aculeata - Arecaceae) e presente nas paredes laterais

observou-se cacto (Cereus sp.- Cactaceae), copaíba (Copaifera langsdorffii -

Caesalpinioideae) e sucupira-preta (Bowdichia virgilioides - Faboideae).

Figura 24. Aspecto geral da vegetação no

interior da dolina, na época seca (mês de

agosto). Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 25. Aspecto geral da vegetação no

interior da dolina, na época chuvosa (mês de

outubro). Foto: Fabrício de Souza Maria

2.6.2 FITOFISIONOMIA

Foram identificados dois subgrupos de cerrado: Cerrado Arborizado e

Florestado – no mesmo local de estudo. Estas duas subformações são muito

semelhantes, diferenciando-se somente pela presença de agrupamentos mais

densos de espécies arbóreas no cerrado florestado, o que nem sempre é possível

em campo. Para fins de facilitar o entendimento e a caracterização da área

estudada, foi considerado uma única fitofisionomia vegetal para a RPPN Buraco das

Araras, a qual chamaremos de Cerrado Florestado + Arborizado2

2 O cerrado florestado é tecnicamente denominado como savana florestada (cerradão), e o cerrado arborizado é denominado de savana arborizada (campo cerrado). Veloso et al. (1992)

.

Cerrado Florestado (Cerradão)

É um subgrupo de formação com fisionomia típica e característica, restrita a

áreas areníticas lixiviadas com solos profundos, ocorrendo em um clima tropical

eminentemente estacional. Apresenta sinúsias lenhosas de micro e nanofanerófitos

tortuosos com ramificação irregular. Extremamente repetitiva, a sua composição

florística reflete-se de Norte a Sul.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

47

É uma formação florestal que apresenta elementos xeromórficos (adaptações a

ambientes secos) e caracteriza-se pela composição mista de espécies comuns ao

Cerrado stricto sensu, à Mata de Galeria e à Mata Seca. Apesar de poder apresentar

espécies que estão sempre com folhas (perenifólias), muitas espécies comuns ao

Cerradão apresentam queda de folhas (caducifólia ou deciduidade) em

determinados períodos da estação seca, tais como Caryocar brasiliense (pequi),

Kielmeyera coriacea (pau-santo) e Qualea grandiflora (pau-terra).

Em geral, os solos são profundos, de média e baixa fertilidade, ligeiramente

ácidos, bem drenados (latossolos vermelho-escuro). De acordo com a fertilidade do

solo, podem ser classificados como distróficos, quando pobres, e mesotróficos,

quando mais ricos em nutrientes. São comumente encontradas as seguintes

espécies lenhosas: Qualea grandiflora (pau-terra), Dimorphandra mollis (faveira),

Caryocar brasiliense (pequi), Stryphnodendron adstringens (barbatimão), Copaifera

langsdorfii (copaíba), Magonia pubescens (tingui), Bowdichia virgilioides (sucupira-

preta), Xylopia aromatica (pindaíba), Aspidosperma macrocarpon (guatambu-do-

cerrado), dentre outras.

Cerrado Arborizado (Campo Cerrado) É um subgrupo de formação natural ou antropizado que se caracteriza por

apresentar fisionomia nanofanerofítica rala e hemicriptofítica graminóide contínua,

sujeito ao fogo anual. Estas sinúsias dominantes formam fisionomia raquítica em

terrenos degradados. A composição florística, apesar de semelhante à do cerrado

florestado, apresenta ecotipos dominantes que caracterizam o ambiente de acordo

com o espaço geográfico. Nesta fitofisionomia é comum encontrarmos árvores

baixas e retorcidas, arbustos, subarbustos e ervas. As plantas lenhosas em geral

possuem casca corticeira, folhas grossas, coriáceas e pilosas. Dentre algumas

espécies encontradas nessas áreas: Kielmeyera spp. (pau-santo), Magonia

pubescens (tingui), Callistene spp. (pau-jacaré), Qualea parviflora (pau-terra-de-

folha-miúda), Annona coriacea (marolo), Annona spp. (araticum), Allagoptera spp.

(iriri), Cochlospermum regium (algodão-do-cerrado), Alibertia sessilis (marmelo), etc.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

48

2.6.3 PLANTAS ESPECIAIS

A grande maioria das espécies encontradas tem elevada importância ecológica

e medicinal representada por suas flores, frutos, sementes e/ou potencial econômico

pela qualidade de sua madeira. No entanto, torna-se inviável tecer comentários

sobre todas as espécies identificadas, uma vez que não é o foco deste estudo.

Sendo assim, as plantas especiais evidenciadas no cerrado da RPPN Buraco das

Araras, foram classificadas em plantas: (i) medicinais; (ii) importância econômica; (iii)

ameaçadas de extinção, segundo IUCN (2007) e MMA (2003); (iv) frutos do cerrado;

(v) flores melíferas, nectaríferas e ornamentais; e (vi) espécies importantes como

fonte de alimento aos animais silvestres.

Plantas Medicinais

Figura 26. Lobeira (Solanum lycocarpum).

Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 27. Carobinha (Jacaranda decurrens).

Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 28. Barbatimão (Stryphnodendron

adstringens). Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 29. Para-tudo (Tabebuia aurea). Foto:

Fabrício de Souza Maria

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

49

Figura 30. Murici (Byrsonima verbascifolia). Foto:

Fabrício de Souza Maria

Figura 31. Guaçatonga (Casearia decandra).

Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 32. Aperta-guela (Eugenia kunthiana).

Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 33. Nó-de-cachorro. (Heteropterys

aphrodisiaca). Foto: Fabrício de Souza Maria

Plantas de importância econômica

Figura 34. Angico. (Anadenanthera colubrina).

Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 35. Vinhático (Plathymenia reticulata).

Foto: Fabrício de Souza Maria

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

50

Figura 36. Guatambu-do-cerrado (Aspidosperma

macrocarpon). Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 37. Ipê-amarelo (Tabebuia ochracea).

Foto: Fabrício de Souza Maria

Plantas ameaçadas de extinção

É importante destacar que para a flora sul-

matogrossense não há, até o momento

informações compiladas a respeito das

espécies ameaçadas. Entretanto, utilizou-se

espécies ameaçadas de extinção, segundo

IUCN (2007), IBAMA (MMA 1992) e São Paulo

(2004).

A partir dessas informações, as espécies

ameaçadas para o Mato Grosso do Sul foram

listadas na Tabela 2, embora sua situação na

região ainda não seja crítica.

Figura 38. Aroeira (Myracrodruon

urundeuva) espécie ameaçada de

extinção. Foto: Fabrício de Souza Maria Tabela 2. Espécies ameaçadas de extinção, segundo MMA (1992), IUCN (2007) e São Paulo (2004).

Espécie Família Botânica Nome comum Categoria

Dalbergia nigra Fab. Faboideae jacarandá-do-cerrado Em perigo em SP

Aspidosperma macrocarpon Apocynaceae peroba-do-campo Vulnerável em SP

Myracrodruon urundeuva Anacardiaceae aroeira Vulnerável em SP,

IUCN e IBAMA

Pseudobombax tomentosum Malvaceae embiruçu Vulnerável em SP

Bowdichia virgilioides Fab. Faboideae sucupira-preta Vulnerável em SP

Eriotheca pubescens Malvaceae paineira-do-cerrado Presumivelmente

Extinta em SP

Magonia pubescens Sapindaceae timbó Em perigo em SP

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

51

Frutos do cerrado

Figura 39. Araticum (Rollinia silvatica). Foto:

Fabrício de Souza Maria

Figura 40. Faveira (Dimorphandra mollis).

Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 41. Jatobá-do-cerrado (Hymenaea

stigonocarpa). Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 42. Caraguatá (Bromelia balansae).

Foto: Fabrício de Souza Maria

Flores melíferas, nectaríferas e ornamentais

Figura 43. Pau-santo (Kielmeyera

variabilis). Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 44. Algodão-do-cerrado

(Cochlospermum regium). Foto: Fabrício

de Souza Maria

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

52

Figura 45. Pequi (Caryocar brasiliense). Foto:

Fabrício de Souza Maria

Figura 46. Açoita-cavalo (Luehea paniculata).

Foto: Fabrício de Souza Maria

Plantas importantes como fonte de alimento aos animais silvestres

Figura 47. Bocaiúva (Acrocomia aculeata). Foto:

Fabrício de Souza Maria

Figura 48. Marmelo (Alibertia edulis).

Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 49. Baru (Dipteryx alata), Foto: Fabrício

de Souza Maria

Figura 50. Jenipapo (Genipa americana).

Foto: Fabrício de Souza Maria

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

53

2.6.4 RIQUEZA DE ESPÉCIES

As áreas mais relevantes em termos de diversidade florística na RPPN

Buraco das Araras, de acordo com o levantamento botânico foram as do entorno

da dolina. Encontrou-se nesta área 89% do total das espécies amostradas.

Dentre as espécies mais abundantes encontradas na RPPN, menciona-se:

Pouteria torta (grão-de-galo), Annona coriacea (marolo), Ocotea minarum

(canela), Allagoptera leucocalyx (iriri), (Figuras 51 a 54).

Figura 51. Canela (Ocotea minarum). Foto:

Fabrício de Souza Maria

Figura 52. Grão-de-galo (Pouteria torta). Foto:

Fabrício de Souza Maria

Figura 53. Iriri (Allagoptera leucocalyx). Foto:

Fabrício de Souza Maria

Figura 54. Marolo (Annona coriacea). Foto:

Fabrício de Souza Maria

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

54

2.6.5 PRINCIPAIS AMEAÇAS SOBRE A FLORA NA RPPN

De um modo geral, a RPPN Buraco das Araras apresenta seus cerrados em

bom estado de conservação. No entanto, existem alguns fatores que ameaçam a

integridade e a conservação da vegetação natural ocorrente na RPPN, em especial

a vegetação rasteira e capins nativos, dentre eles mencionam-se:

- presença de gramíneas exóticas do gênero Braquiaria, entremeados com a

vegetação nativa (Figura 55);

- alterações causadas pelo antigo uso da área pelo gado, criando diversos trilheiros,

que causam em especial (i) fragmentação da paisagem; (ii) pisoteio das plântulas;

(iii) mortalidade dos vegetais herbáceos e capins nativos (Figura 56).

Figura 55. Gramíneas exóticas entremeadas

com vegetação nativa do cerrado.

Foto: Fabrício de Souza Maria

Figura 56. Estrada desativada, ainda sem

vegetação. Foto: Fabrício de Souza Maria

2.6.6 RECOMENDAÇÕES PARA ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA RECUPERAÇÃO E MANEJO

Manejo de Braquiária

O principal fator que compromete a integridade da vegetação, em especial as

gramíneas nativas e as espécies herbáceas, é a ocorrência das espécies exóticas

Brachiaria decumbens e B. brizantha.

A Brachiaria decumbens com maior biomassa, é uma espécie originária da

África do Sul, que se propaga por sementes e através de rizomas. A Brachiaria

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

55

brizantha vem da África Tropical, e se propaga por sementes. Essas duas espécies

são plantas daninhas, bastante freqüentes, usadas como forrageiras, mas que

podem facilmente predominar em quase todas as áreas naturais. Essas gramíneas

podem alcançar biomassas extremamente elevadas e, quando secas, são altamente

inflamáveis, iniciando uma interação gramíneas-fogo capaz de impedir o brotamento

da vegetação nativa.

Para o manejo destas espécies, recomenda-se a elaboração de um programa

de restauração da vegetação natural baseando-se no zoneamento ambiental, no

levantamento florístico e fisionômico da área em estudo.

Restauração das áreas degradadas próximas a dolina

Existem pequenas áreas degradadas próximas a dolina, que necessitam de

recuperação com espécies nativas. Portanto, recomenda-se a elaboração de um

programa de restauração da vegetação natural nestas áreas.

Implantação de viveiro de mudas nativas do cerrado Para manutenção das áreas a serem recuperadas na RPPN, recomenda-se a

ampliação do viveiro de mudas nativas. Sabendo que existem técnicas de coleta e

beneficiamento de sementes e para produção das mudas, sugere-se que o

proprietário busque auxílio de profissionais habilitados para tal ação.

2.7 MASTOFAUNA

Dentre os biomas existentes no Brasil, o Cerrado se destaca como segundo

maior bioma sul-americano e brasileiro com extensão territorial de 1,8 milhão de km2

(aproximadamente 23% do território nacional) e que abriga cerca de 30% da

diversidade biológica do país (Aguiar et al. 2004). De acordo com Costa et al.

(2005), a fauna da região do Cerrado encontra-se seriamente ameaçada, devido

principalmente à expansão agrícola ocorrida a partir do século XX, dentre outras

formas de uso antrópico que exercem forte influência negativa sobre as populações

vegetais e animais.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

56

Das 55 espécies de mamíferos terrestres incluídas na lista oficial brasileira de

animais ameaçados de extinção (MMA 2003), mais de 50% são restritas ao território

brasileiro. Das espécies ameaçadas, 11 estão presentes na região do Pantanal e 19

na região do Cerrado; destas, aproximadamente cinco são endêmicas ao bioma

Cerrado, sendo na maioria roedores. A estratégia de se criar e manter áreas

protegidas sob a forma de UC é de fundamental importância. Esta iniciativa soma-se

às propostas efetivas de conservação, especialmente do Cerrado que, mesmo

aquém das estimativas necessárias para a conservação da sua biodiversidade –

pouco mais de 2% do seu território encontram-se protegidos (Klink e Machado 2005)

–, representa uma perspectiva de manutenção em longo prazo.

A região da RPPN Buraco das Araras representa alta importância biológica,

pois além de suas peculiaridades geológicas, sua localização estratégica influencia

diretamente a biodiversidade do Pantanal. Algumas evidências dessa afirmação são:

o compartilhamento da mesma bacia hidrográfica (Bacia Hidrográfica do Alto

Paraguai – BAP), presença em faixa de transição entre o Cerrado, a Serra da

Bodoquena e a planície do Pantanal. Tudo isto confere relevância ecológica e

biológica, além da responsabilidade em sua conservação.

2.7.1 CARACTERIZAÇÃO DA MASTOFAUNA DA RPPN BURACO DAS ARARAS E ENTORNO

Foram registradas 40 espécies de mamíferos silvestres não voadores na área

amostrada, as quais se encontram distribuídas em 17 famílias e 6 ordens (Anexo 4).

Destas, 22 foram registradas dentro da RPPN Buraco das Araras. A maioria dessas

espécies encontra-se amplamente distribuída no país, como é o caso do gambá-

orelha-branca, tatus, tamanduás, canídeos, carnívoros e várias espécies de

roedores.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

57

As espécies mais vitimadas

pelos atropelamentos na rodovia BR-

267 foram tatu-peba (Euphractus

sexcinctus) e tatu-galinha (Dasypus

novemcinctus), seguido do lobinho

(Cerdocyon thous – figura 57).

Acrescenta-se ainda o registro feito

pelos moradores da RPPN Buraco

das Araras de um indivíduo de tatu-

canastra (Priodontes maximus)

atropelado na mesma rodovia, área

de entorno dessa UC.

Figura 57. Lobinho (Cerdocyon thous), vítima de

atropelamento na BR-267. Foto: Daniel De Granville

Apesar do esforço amostral ser extremamente baixo, a riqueza de espécies

se mostra proporcionalmente elevada, porém considera-se esta uma lista não

definitiva, devendo-se dar continuidade aos levantamentos de mastofauna,

principalmente dentro da dolina.

2.7.2 ESPÉCIES ENDÊMICAS, RARAS E AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO

No bioma Cerrado, algumas espécies de mamíferos sob risco de extinção são

endêmicas ou encontradas em alta densidade, entre essas se destacam

Mymercophaga tridactyla (tamanduá-bandeira) e Crysocyon brachyurus (lobo-guará)

(Costa et al. 2005), as quais foram registradas na área de estudo. Contudo, é

necessário empreender estudos direcionados à estrutura e dinâmica populacional

dessas espécies para melhor avaliar a situação atual das mesmas.

Das espécies registradas, constata-se que nove encontram-se ameaçadas de

extinção conforme a lista oficial brasileira (MMA 2003) e nove constam da lista de

espécies mundialmente ameaçadas de extinção (IUCN 2007), sendo principalmente

espécies carnívoras e/ou de grande porte. Pode-se perceber que o número de

espécies ameaçadas de extinção é bastante representativo para o total de registros.

Esse resultado mostra que a área estudada representa local importante para

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

58

sobrevivência de várias espécies, inclusive aquelas sob risco de desaparecimento

(Tabela 3).

Tabela 3. Espécies registradas e em perigo de extinção segundo MMA (2003) e IUCN (2007).

Espécie Nome popular Categoria de ameaça

Registrada na RPPN MMA

IUCN

Myrmecophaga tridactyla tamanduá-bandeira Vulnerável Vulnerável X

Priodontes maximus tatu-canastra Vulnerável Ameaçado

Chrysocyon brachyurus lobo-guará Vulnerável Em via de ameaça X

Leopardus pardalis jaguatirica Vulnerável -

X

Leopardus tigrinus gato-maracajaí Vulnerável Em via de ameaça

Leopardus wiedii gato-maracajá Vulnerável -

Puma concolor onça-parda Vulnerável Em via de ameaça

Oncifelis colocolo gato-palheiro Vulnerável -

Mazama americana veado-mateiro - Em via de ameaça X

Tapirus terrestris anta - Vulnerável

X

Dasyprocta azarae cotia - Vulnerável

A perda de hábitats é uma das principais causas de extinção de espécies

animais e seu manejo pode ser mais eficaz a longo prazo do que as tentativas de

manejar cada espécie (Caughley 1977). O fato dos carnívoros estarem em risco de

extinção pode representar ameaça a toda a dinâmica e equilíbrio dos ecossistemas

por acarretar perda de grandes reguladores de populações de espécies herbívoras,

o que também representa ameaça às espécies vegetais, podendo causar

conseqüente colapso do ambiente em médio ou longo prazo (Reis et al. 2006). Os

mamíferos de médio e grande porte sofrem, além das ameaças impostas aos

pequenos mamíferos, a ação dos atropelamentos rodoviários e a pressão de caça.

Pode-se notar a intrincada estrutura e organização das interações ecológicas

estabelecidas entres os diversos elementos biológicos, o que influencia diretamente

a diversidade de espécies e a integridade ambiental. Quaisquer interrupções neste

sistema podem causar danos irreversíveis ao processo e à manutenção da

biodiversidade. Dessa forma, o desaparecimento de espécies implica ameaça não

apenas às suas populações individualmente, mas também às interações com elas

estabelecidas, colocando igualmente em risco a sobrevivência de todas as espécies

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

59

envolvidas, sejam animais ou vegetais. Segue abaixo a descrição das espécies

ameaçadas registradas na RPPN e proximidades:

Catita – Gracilinanus agilis (Burmeistern

1854) Marsupial pequeno, com peso

inferior a 30 gramas, arborícola e de

hábitos noturnos (Figura 58). No Brasil,

ocorre na Catinga, Cerrado, Mata

Atlântica e Pantanal. Segundo a IUCN e

o MMA, existe pouca informação sobre

seu grau de ameaça, necessitando

maiores pesquisas.

Figura 58. Catita (Gracilinanus agilis).

Foto: Marja Milano

Tamanduá-bandeira – Myrmecophaga

tridactyla (Linnaeus, 1758)

Possui uma língua viscosa e

aderente que facilita a captura de suas

presas das cavidades. Nas patas

dianteiras três dedos são providos de

unhas grandes, curvas e pontiagudas

(garras). As patas posteriores apresentam

cinco dedos com garras pequenas.

Figura 59.Tamanduá bandeira (Myrmecophaga

tridactyla). Foto: Daniel De Granville

A cauda não preênsil e volumosa é constituída de pêlos grossos e mais

longos que os do corpo (Figura 59). Pode ser ativo de dia ou de noite, dependendo

das condições ambientais. Alimenta-se de insetos, especialmente formigas, cupins e

pequenas larvas. É terrestre, mas também pode subir em árvores em momentos

específicos como para se defender, tendo ainda a capacidade de nadar. Às vezes

pode ser visto banhando-se em lagoas, braços de rios e outros ambientes aquáticos.

Ao descansar, o tamanduá-bandeira cobre o corpo com a volumosa cauda, que o

protege e o torna invisível aos predadores, confundindo-se com o meio. Quando

está doente também adota esse comportamento de proteção. Comum em áreas

abertas de campo limpo, campo sujo, campo cerrado, cerrado stricto sensu, sendo

avistado com menor freqüência em cerradão, mata seca e mata de galeria. É

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

60

considerado pelo IBAMA como espécie ameaçada de extinção, na categoria

vulnerável. A principal ameaça na região do Cerrado e Pantanal se caracteriza pela

destruição e perda de hábitat, sendo o tamanduá-bandeira uma das espécies que

mais sofrem pela ação dos incêndios florestais. Por apresentar olhos e ouvidos

pouco desenvolvidos, é uma das vítimas mais comuns de atropelamentos por

veículos automotivos em estradas e rodovias. Ocorre na Amazônia, Caatinga,

Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Campos Sulinos.

Tatu-canastra – Priodontes maximus

(Kerr, 1792)

Inconfundível pelo tamanho,

possui carapaça grossa com dorso nu,

coberto por 11 a 13 cintas móveis, seu

tamanho como o próprio nome já diz é

superior aos demais tatus, podendo

pesar 60 Kg (Figura 60). A carapaça é

acinzentada, curta lateralmente, com

faixa amarelada que margeia toda a sua

extensão. As garras das patas dianteiras

Figura 60.Tatu-canastra (Priodontes maximus).

Foto: Tietta Pivatto

são bastante desenvolvidas, sendo a terceira garra exageradamente grande,

podendo alcançar 20 cm. As patas traseiras são grandes e podem chegar a 20 cm,

os dígitos laterais são mais afastados dos três medianos. É o maior tatu e mais raro

da atualidade. Alimenta-se de insetos, principalmente cupins e formigas, procurando

seus itens debaixo da terra. São velozes, tem hábitos noturnos e raramente são

vistos. Passa grande parte do tempo em buracos (hábito semifossorial), podendo

permanecer por vários dias. É excelente escavador. Constrói buracos próximos a

formigueiros e cupinzeiros, os quais podem ficar completamente destruídos após a

alimentação. Quando ameaçado levanta os membros anteriores, apoiando-se sobre

os membros posteriores girando o corpo de um lado para outro juntamente com a

cauda. Classificado como espécie ameaçada de extinção pelo IBAMA, sendo que as

principais ameaças são a caça excessiva e perda de hábitat. É classificada pela

IUCN na categoria vulnerável.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

61

Lobo-guará – Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815)

Comum em hábitats de vegetação aberta, o lobo-guará é o maior canídeo

encontrado na América do Sul. Alimenta-se de frutos, insetos, répteis, aves,

roedores e outros pequenos vertebrados. A fruta-do-lobo (Solanum lycocarpum),

araticum (Annona spp.) e roedores são alguns dos itens mais freqüentes na sua

dieta. Em virtude do alto consumo de frutos e de suas fezes apresentarem sementes

intactas, é considerado bom dispersor de algumas espécies vegetais. Tem hábitos

noturnos, mas pode ser encontrado pela manhã. É solitário, arredio à presença

humana, porém ao afastar-se cerca de três a quatro metros ele mostra-se curioso. O

número de filhotes por gestação varia entre dois a cinco indivíduos gerados durante

62 a 66 dias. Os membros visivelmente longos são algumas das adaptações

anatômicas que o permitem explorar ambientes abertos com densa cobertura

graminóide. Nas estradas da região do Cerrado, é comum encontrar rastros bem

característicos e principalmente fezes dessa espécie. É considerado uma espécie

endêmica do Cerrado, porém é encontrado na região do Pantanal, sendo mais

comum em áreas limítrofes da planície pantaneira em locais como campo, capões

de cerrado e campo cerrado. Ameaça: Perda de hábitat e vítima freqüente de

atropelamento em estradas e rodovias. Encontra-se na lista de espécies ameaçadas

do IBAMA (2003) na categoria vulnerável.

Jaguatirica – Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758)

É o maior de todos os gatos-do-mato, apresentando pintas pretas espalhadas

no corpo. As patas são grandes e a cauda longa. Como nas demais espécies ora

apresentadas, as garras são fortes, pontiagudas e retráteis que servem para

capturar e segurar a presa. Alimenta-se de aves e pequenos mamíferos, sua

gestação ocorre entre outubro e janeiro com nascimento de até três filhotes. É

solitário e tem hábitos principalmente noturnos e crepusculares, pode tanto nadar

bem quanto subir em árvores e costuma refugiar-se em ocos de árvores e troncos

caídos. Pode ser encontrada em matas densas, mas desloca-se também por

vegetação aberta. No Cerrado pode ser encontrada em cerradão, mata seca, matas

ciliar e de galeria, podendo ocorrer em ambientes abertos. A perda de hábitat e caça

ilegal são as principais ameaças à espécie. É classificada pelo IBAMA (2003) como

espécie vulnerável na lista de espécies brasileiras ameaçadas de extinção.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

62

Gato-do-mato-pequeno, Gato-maracajaí – Leopardus tigrinus (Schreber, 1775)

É um dos menores felinos. O corpo lembra muito os gatos domésticos e o

gato maracajá. Alimenta-se de aves, roedores e outros pequenos mamíferos. Sua

gestação dura de 62 a 74 dias, produzindo de um a quatro filhotes. Vive em matas,

cerrado, planícies, entornos e em formações vegetais chaquenhas. No Cerrado pode

ser encontrado em matas ciliares, de galeria, mata seca, vereda e deslocando-se

por áreas abertas. No Pantanal pode ser visto em cordilheiras, capões, matas

ciliares e deslocando-se, eventualmente, por áreas de campo sazonalmente

inundado, vazantes, campo cerrado. Durante a noite e em horários crepusculares

pode ser observado cruzando estradas. A caça e perda de hábitat são suas

principais ameaças. Espécie considerada vulnerável na lista do IBAMA (2003) e em

via de ameaça pela IUCN (2007).

Onça-parda – Puma concolor (Linnaeus, 1771)

Com patas grandes sendo a cabeça menor e o corpo mais delgado do que da

onça-pintada. Este animal vive solitário e tem hábitos noturnos. Alimenta-se de

animais de médio e grande porte como veado, macacos, pacas, aves. Apresenta

grande habilidade para saltar e escalar árvores. A gestação dura 3 meses com

nascimento de 2 a 4 filhotes. O som emitido é semelhante a um miado que lembra

mais os gatos-do-mato do que o esturro da onça-pintada. Vive em vários ambientes

tanto florestais como abertos. Na ausência de presas naturais e conversão de

hábitats atacam criações domésticas ocasionando conflito com o homem. A caça

predatória, a perda e alteração no hábitat são as principais ameaças à espécie. É

considerada pelo IBAMA como espécie ameaçada de extinção, classificada na

categoria vulnerável. Também é encontrado na Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica

e Campos Sulinos.

Veado-mateiro – Mazama americana (Erxleben, 1777)

Geralmente tem a coloração marrom avermelhada e brilhante, sendo a

pelagem curta e o ventre mais claro. O chifre é simples atingindo até 15 cm de

tamanho. A parte inferior da cauda e pescoço é esbranquiçada. Alimenta-se ao

amanhecer e ao entardecer, vive solitário ou aos pares, é ágil e arredio. A gestação

dura de 7 a 8 meses e um só filhote é produzido, o qual nasce com manchas

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

63

brancas que vão desaparecendo com o tempo. Essa espécie não tem período de

reprodução definido e isto deve estar associado à oferta alimentar. Tanto no

Pantanal quanto no Cerrado o veado-mateiro está associado a áreas florestadas,

ocorrendo em matas densas, podendo ainda ser encontrado em outros hábitats,

porém com menor freqüência. Suas maiores ameaças são: Perda de hábitat e a

caça predatória.

Veado-catingueiro – Mazama gouazoubira

(G. Fischer, 1814)

É um veado pequeno, com coloração

marrom-acinzentada (Figura 61). Ocorre em

todos os biomas brasileiros. Sua carne é

muito apreciada e, por isso, é ameaçado

pela caça. A IUCN também recomenda

estudos sobre esta espécie para melhor

entendimento do seu status de

conservação.

Figura 61. Veado-catingueiro (Mazama

gouazoubira). Foto: Tietta Pivatto

Anta – Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758)

A anta é o maior mamífero terrestre

da América do Sul e também o maior

herbívoro (Figura 62). Alimenta-se de

variedade de frutos, folhas e raízes, têm

hábitos noturnos e crepusculares, mas

pode ser encontrada em atividade durante

o dia em locais onde não se sinta

ameaçada.

Figura 62. Anta (Tapirus terrestris).

Foto: Tietta Pivatto Quando se assusta, ou se sente em perigo, corre apressadamente fazendo

muito barulho e com a força que possui quebra arbustos, galhos de árvores, enfim, o

que estiver no caminho no momento da fuga. Refugia-se também na água onde

nada e mergulha muito bem. Costuma utilizar sempre as mesmas trilhas e caminhos.

Espécie considerada grande dispersora de sementes, sendo possível observar

várias sementes e plântulas em suas fezes. Ameaça: considerada espécie

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

64

vulnerável pela IUCN. Tem como principais ameaças caça ilegal para o consumo de

sua carne, a perda de hábitats e o atropelamento em estradas e rodovias.

Cotia – Dasyprocta azarae (Lichtenstein,

1823)

Espécie de roedor terrestre, ágil, que

vive em pares (Figura 63). É reconhecida

como importante dispersora de sementes

pelo hábito de enterrar frutos e sementes

para o consumo posterior. Embora seja

comum na área do CBMSB, é uma espécie

muito caçada, tendo status de vulnerável

pela IUCN.

Figura 63. Cotia (Dasyprocta azarae).

Foto: Tietta Pivatto

2.7.3 PROPOSIÇÕES PARA MANEJO

Devido ao tempo reduzido de amostragem, para embasar ações futuras

recomenda-se realizar estudos de inventário das espécies de pequenos mamíferos e

com maior esforço amostral para mamíferos de médio e grande porte, além de

monitoramento das espécies ameaçadas, principalmente o tamanduá-bandeira. Não

há estimativa precisa de tamanho populacional, sendo necessário saber qual o

tamanho real da população e como está sua variabilidade genética.

Também se recomenda definir e executar estudos sobre a distribuição

geográfica de carnívoros ameaçados de extinção que habitam a RPPN e seu

entorno, além de estudos sobre a riqueza, abundância e distribuição geográfica dos

Xenarthra e viabilidade de suas populações no interior da RPPN, avaliando em

especial o impacto da caça sobre as populações de tatus.

A introdução e re-introdução de espécies de mamíferos na UC deve ser

efetuada apenas por indicação de pesquisa científica e monitoramento adequado,

sendo importante também eliminar a permanência de espécies de mamíferos

domésticos na RPPN, tais como gato, cachorro, cavalos e gado bovino.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

65

Definir e implementar medidas mitigatórias aos atropelamentos de fauna nos

limites da RPPN, tais como instalação de placas, maior sinalização, indicação para

diminuição de velocidade, entre outras.

Deve-se propor atividades de ecoturismo e educação ambiental com base

sustentada em pesquisas, evitando impactos ambientais sobre a comunidade de

mamíferos decorrentes da visitação pública. Assim, recomenda-se também a

elaboração de um programa de educação e interpretação ambiental que atinja a

comunidade local e visitante, de modo a enfocar a importância da conservação das

espécies de mamíferos, em especial daquelas ameaçadas de extinção e utilizando a

mastofauna como elemento de educação, sensibilização e interpretação ambiental.

As espécies de mamíferos devem ser usadas, neste caso, como elementos de

contemplação para o ecoturismo, estimulando o visitante a conhecer o modo de vida

natural das espécies silvestres, incluindo comportamento alimentar, reprodutivo e

social. Isto propiciará a compreensão da necessidade de conservação dos hábitats

naturais e a proteção da RPPN e sua biodiversidade.

Sugere-se ainda elaborar um guia de campo ilustrado sobre as espécies de

mamíferos presentes na RPPN, para conhecimento da comunidade local e para

potencializá-las enquanto elementos de contemplação para o ecoturismo.

2.8 MASTOFAUNA VOADORA - QUIRÓPTEROS

Nos neotrópicos, os morcegos compreendem o grupo de mamífero mais

abundante e diversificado localmente. Destacam-se dos outros mamíferos por serem

os únicos com capacidade de vôo. A riqueza e a diversidade de morcegos

apresentam maiores valores nas regiões tropicais, onde também são encontradas

maiores variações de hábitos alimentares. Nos neotrópicos são conhecidos

morcegos de hábitos frugívoros, nectarívoros, insetívoros, carnívoros, piscívoros,

onívoros e sanguívoros. Os morcegos desempenham diferentes funções ecológicas,

atuando na polinização de mais de 750 espécies de angiospermas, na dispersão de

sementes de diversas plantas (Marinho-Filho 1996) e controlando populações de

animais vertebrados e invertebrados utilizados como presas (Fischer et al. 1997).

Fatores que afetam a distribuição e a abundância de morcegos têm sido

estudados na América Central e América do Sul. No cerrado são conhecidas oito

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

66

famílias, 47 gêneros e 95 espécies de morcegos (Coimbra et al. 1982; Willig 1983;

Marinho-Filho 1996; Pedro e Taddei 1998; Stutz et al. 2004; Gonçalves e Gregorin

2004; Bordignon 2006; Zortéa e Tomaz 2006). Os morcegos são adequados para

avaliação da sensibilidade à fragmentação de habitats, por serem ecologicamente

diversos, sugerindo uma vulnerabilidade diferencial entre as espécies, além de

potencialmente cobrir facilmente extensas áreas de paisagens fragmentadas.

Foram capturados 153 morcegos pertencentes a três famílias, nove gêneros

e 10 espécies (Anexo 5) na RPPN Buraco das Araras. A família Phyllostomidae

apresentou maior riqueza, com seis gêneros e sete espécies capturadas (n=59),

seguido da família Molossidae com dois gêneros em um total de 91 indivíduos, e

Natalidae com uma espécie (n=1).

Dentre os Phyllostomidae, as espécies mais abundantes foram Artibeus

planirostris, Carollia perspicillata e Glossophaga soricina; ao passo que Artibeus

lituratus, Desmodus rotundus e Micronycteris schmidtorum tiveram apenas um

exemplar capturado, correspondendo a aproximadamente 2% do total de indivíduos

capturados (Figura 64). Phyllostomus hastatus foi registrada em ambas as

expedições, sendo uma fêmea grávida na primeira expedição e uma fêmea lactante

e um macho na segunda. O macho foi capturado próximo a flores de Bauhinia rufa

(Fabaceae) e apresentava pelagem coberta por pólen.

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

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Figura 64. Espécies de morcegos em ordem decrescente de abundância, RPPN Buraco das Araras,

Jardim, MS

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

67

Nyctinomops laticaudatus (Molossidae) foi a espécie mais capturada, embora

registrada apenas na segunda expedição. Nesta data, diariamente observamos onda

de atividade ao crepúsculo (18h40), quando milhares de indivíduos deixavam a

dolina seguindo direção noroeste e formando densa revoada durante 30 a 40

minutos. Observamos que os morcegos estavam abrigados na dolina, em fendas

nas paredes ou em galerias subterrâneas com acesso por estas fendas. Ao

deixarem a dolina em revoada, passavam exatamente sobre porção da borda da

dolina sem vegetação arbórea, onde está instalado mirante. O retorno ao abrigo não

ocorreu em onda, mas individualmente ao longo da noite (até o amanhecer). Os

indivíduos de N. laticaudatus capturados foram predominantemente fêmeas grávidas

ou lactantes (Anexo 5). Outro Molossidae registrado foi Molossops temminckii, com

somente um individuo macho capturado.

Dos 20 morcegos que receberam anilhas na primeira expedição, três

indivíduos de três espécies foram recapturados (probabilidade de recaptura = 0,15).

Uma fêmea grávida de A. planirostris marcada em novembro de 2007 foi

recapturada em janeiro, quando estava lactante e novamente grávida. Um macho

adulto não reprodutivo de C. perspicillata foi recapturado na segunda expedição. A

terceira recaptura foi de um macho adulto de G. soricina que em novembro

apresentava testículo abdominal, porém em janeiro estava com testículo escrotado.

A taxa de captura de morcegos por hora/rede foi de 0,015. Os índices de

diversidade de Shannon (H’) e dominância de Simpson incluindo todas as espécies

capturadas na RPPN Buraco das Araras foram de 1,30 e 0,40 respectivamente.

Quando excluímos a espécie N. laticaudatus o valor de diversidade aumentou para

1,51 e de dominância reduziu para 0,30. A curva acumulativa de espécies para as

duas expedições, excluindo N. laticaudatus, não estabilizou com o esforço

empregado neste levantamento (Figura 65).

Figura 65. Curva de rarefação de espécies de morcegos na RPPN Buraco das Araras, Jardim, MS

Riq

ueza

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0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

0 1

2

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4

5

6

7 Indivídu

1

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

68

Figura 66. Dez espécies de morcegos registradas na RPPN Buraco das Araras, Jardim, Mato Grosso do Sul. (A) Artibeus planirostris, (B) Artibeus lituratus, (C) Phyllostomus hastatus, (D) Glossophaga soricina, (E) Carollia perspicillata, (F) Desmodus rotundus, (G) Micronycteris schmidtorum, (H) Natalus stramineus, (I) Molossops temminckii, (J) Nyctinomops laticaudatus, (K) revoada de Natalus laticaudatus ao deixar abrigo diurno nas paredes da dolina (Fotos: Nicolay Leme da Cunha)

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

69

A não estabilização da curva de acumulação de espécies em função do

esforço amostral indica que a comunidade de morcegos na RPPN Buraco das

Araras contém mais espécies que aquelas registradas neste levantamento. Por outro

lado, a riqueza registrada foi semelhante ao reportado por Cáceres et al. (2007) para

região da Serra da Bodoquena (n=10 espécies). Além disso, a dominância de A.

planirostris e a ausência de Platyrrhinus lineatus, filostomídeo frugívoro comum no

Pantanal (Fischer et al. 2004), também foram resultados encontrados na região da

Serra da Bodoquena (Cáceres et al. 2007). Em estudo na região noroeste de Mato

Grosso do Sul, as espécies de filostomídeos mais abundantes foram, nesta ordem,

G. soricina, A. lituratus e C. perspicillata (Bordignon 2006). A abundância

relativamente baixa de A. lituratus e C. perspicillata na região da RPPN Buraco das

Araras é provavelmente explicada pela ausência ou baixa abundância de

determinadas espécies de plantas associadas (Sazima et al. 1994). Há dez anos

toda a região da dolina apresentava quase ausência de vegetação florestal (M.

Sampaio, comunicação pessoal), fato que pode explicar a presença preponderante

dos filostomídeos generalistas A. planirostris e G. soricina. Entretanto, a

regeneração florestal deve ter favorecido o incremento de espécies de morcegos ao

longo dos últimos anos, uma vez que ocorreram espécies pertencentes a cinco

guildas tróficas diferentes. O valor estimado para o índice de diversidade de

Shannon (H’ = 1,51) é inferior ao esperado para comunidades de morcegos na

região neotropical (H’ ≈ 2,0 Findley 1993), porém próximo a valores estimados para

fragmentos florestais de Mata Atlântica (Faria et al. 2006). A baixa diversidade de

espécies na RPPN Buraco das Araras pode ser explicada por ser um fragmento de

vegetação em recuperação, circundado por fazendas de criação de gado.

A presença massiva de N. laticaudatus ocorreu apenas na segunda

expedição em janeiro. A presença de revoada desta espécie tem sido notada

anualmente a partir da segunda quinzena de dezembro, e diminui gradativamente ao

longo do mês de fevereiro (M. Sampaio, comunicação pessoal). Portanto, é provável

que a dolina seja utilizada como abrigo diurno por N. laticaudatus apenas em

período restrito do ano, mas de forma constante ao longo dos anos. Adicionalmente,

a destacada alta proporção de fêmeas grávidas e lactantes de N. laticaudatus indica

que a dolina é utilizada como abrigo tipo maternidade e berçário. Portanto, a dolina

pode representar importância fundamental para a reprodução e manutenção desta

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

70

espécie na região. Nyctinomops laticaudatus é comumente encontrada em grandes

cavernas e fendas de rochas (W. Uieda, comunicação pessoal). Colônias residentes

podem ser formadas em alguns casos, com um número estável de indivíduos,

entretanto a dinâmica de população é complexa e a filopatria baixa (Avila-Flores et

al. 2002).

Outras espécies insetívoras que merecem destaque são M. temminckii, cuja

captura em redes não é comum (Sekiama 2003); Natalus stramineus, único

representante da família Natalidae que ocorre no Brasil; e Micronycteris

schmidtorum, que representa o primeiro registro de ocorrência na região Centro-

Oeste do Brasil – sua ocorrência era conhecida previamente apenas para as regiões

norte e nordeste do Brasil. Ainda há muito pouco conhecimento sobre a biologia e

ecologia destas três espécies insetívoras, destacando a importância da RPPN

Buraco das Araras para manutenção de espécies raras e para aumento do

conhecimento cientifico sobre as mesmas. A alta freqüência de recapturas em

novembro, de morcegos anilhados em janeiro, permite inferir ainda que grande parte

dos indivíduos amostrados é residente no local de estudo. Este fato deve estar

relacionado à ausência de recursos na vizinhança, ampliando a importância de

conservação desta Unidade de Conservação.

O gênero Molossops apresenta apenas três espécies, M. temminckii, M.

mattogrossensis e M. neglectus. Em Mato Grosso do Sul, indivíduos de M.

temminckii foram também registrados na Base de Estudos do Pantanal, UFMS,

região do Rio Miranda. Em regiões de savana na Bolívia essa espécie foi registrada

forrageando principalmente em bordas de mata, enquanto áreas abertas são

utilizadas por outras espécies de Molossidae (Aguirre et al. 2007), como N.

laticaudatus.

A ocorrência de N. stramineus é conhecida nos estados da região Nordeste e

Sudeste do Brasil, assim como nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e

Roraima (Reis et al. 2007; Taddei e Uieda 2001). Em Mato Grosso do Sul, esta

espécie foi capturada nos municípios de Rio Verde, Paraíso (Taddei e Uieda 2001),

Bodoquena (Alan F. Eriksson, comunicação pessoal) e Corumbá (Carvalho et al.

2008). Morcegos do gênero Natalus utilizam como abrigos cavernas, minas e túneis,

podendo estar associados a grande variedade de espécies morcegos (Taddei e

Uieda 2001). Apesar de ampla distribuição no território brasileiro, sua ocorrência

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

71

parece estar relacionada a locais de terrenos areníticos onde há abrigos potenciais

utilizados por esta espécie.

O gênero Micronycteris inclui 10 espécies de morcegos insetívoros de

pequeno porte pertencentes à subfamília Phyllostominae. Em Mato Grosso do Sul

duas espécies desse gênero foram registradas, Micronycteris megalotis e

Micronycteris minuta, ambos na região da Serra da Bodoquena. Na região do

complexo Aporé-Sucuriú somente foi registrado M. megalotis (Cunha 2007;

Bordignon et al. 2006). Micronycteris schmidtorum pode abrigar-se em ocos de

árvore assim como em edificações. Morcegos desse gênero consomem coleópteros,

muito abundantes na região do Buraco das Araras no mês de novembro, quando a

espécie foi registrada.

2.9 AVIFAUNA

De modo geral, a avifauna não-pantaneira do Estado do Mato Grosso do Sul

constitui-se de uma grande lacuna para o conhecimento biogeográfico da região

Neotropical. Nunes et al. (em prep.) compilaram cerca de 600 espécies para o

Estado, sendo que grande parte destes resultados foram obtidos na Planície

Pantaneira e arredores. Pivatto et al. (2006) citam 353 espécies para a região do

Planalto da Bodoquena e Straube e Urben-Filho (2006) indicam a ocorrência de 463

espécies na região do Corredor Miranda-Serra da Bodoquena, o que corresponde a

55% do total de aves conhecida para o Cerrado (Silva 1995; Marini e Garcia 2005).

Em 2006 foram identificadas 228 espécies na RPPN Fazenda Cabeceira do Prata,

distante cerca de cinco quilômetros da Fazenda Alegria, indicando boa riqueza de

espécies (Pivatto 2007). Observa-se que a comunidade de aves do Planalto da

Bodoquena sofre ainda influência da avifauna pantaneira (Tubelis e Tomas 2003) e

chaquenha (Straube et al. 2006).

Especificamente sobre a área abordada neste estudo, não são conhecidas

citações anteriores além daquela contida em Pivatto et al. (2006) e em Martins

(2006). Assim, este trabalho tem como objetivo aumentar o conhecimento da

avifauna ocorrente na propriedade com fins de conservação, manejo e uso turístico.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

72

2.9.1 RIQUEZA DE ESPÉCIES

Foram identificadas 124 espécies de aves na área da RPPN Buraco das

Araras (Anexo 6), pertencentes a 37 famílias. Este resultado equivale a 54,3% das

espécies encontradas na Fazenda Cabeceira do Prata (Pivatto 2007), 35,1% das

espécies identificadas para a região do Planalto da Bodoquena (Pivatto et al. 2006),

27% do Corredor Miranda-Serra da Bodoquena (Straube e Urben-Filho 2006) e 15%

daquelas registradas para o Cerrado (Silva 1995; Marini e Garcia 2005).

Os moradores locais observaram um indivíduo de Jabiru mycteria na área

recentemente e apenas esta única vez, sendo, portanto considerado como vagante

acidental, não sendo inserido na listagem das espécies locais. Da mesma forma,

Morphnus guianensis, observado apenas em abril de 2001 (Pivatto et al. 2006).

Em dezembro de 2007 foram introduzidos oito casais de Ara ararauna na

Fazenda através de trabalho de re-introdução desenvolvido pelo CRAS (Figura 67).

Embora esta espécie não tenha sido observada durante os levantamentos de

campo, sabe-se por relato de moradores antigos que a mesma ocorria na região,

com ampla distribuição. Entretanto, como esta soltura foi feita apenas após o

encerramento dos levantamentos de campo, este relatório não apresenta dados

sobre a mesma, embora Ara ararauna tenha sido inserida na lista final das espécies

(Anexo 6). Recomenda-se um acompanhamento futuro da interação desta espécie

com o ambiente local.

a

b

Figura 67. Re-introdução de Ara ararauna na Fazenda Alegria em trabalho desenvolvido pelo CRAS.

Fotos: a. Rooswelt Sampaio e b. Pete Oxford

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

73

Por meio de estímulo sonoro (play-back), obteve-se resposta parcial de Strix

huhula dentro da dolina (provavelmente uma fêmea), porém sem visualização do

mesmo. Segundo relato dos moradores, uma coruja com aspecto semelhante a esta

espécie foi avistada algumas vezes na propriedade. Porém, recomenda-se

confirmação futura deste táxon na área.

O registro de novas espécies ao longo deste trabalho (Figura 68) e a curva

ascendente do gráfico de rarefação indica que ainda pode haver novos registros de

aves na área estudada. A seca rigorosa que abateu a região neste ano de 2007

pode ter influído nestes resultados, ocultando espécies que deixaram o fragmento

temporariamente em busca de alimento e abrigo, ou ainda atrasando a chegada de

migrantes regionais. Acredita-se que um esforço maior ao longo das diferentes

estações climáticas (Vasconcelos 2006) poderá acrescentar novas espécies à lista,

visto que algumas aves de registro regular na região não foram identificadas na

RPPN Buraco das Araras. Portanto, para uma caracterização mais completa da

comunidade de aves da RPPN, recomenda-se a continuidade dos levantamentos

nesta área.

RPPN Buraco das Araras - Registro de novas espécies

46

3022 26

46

76

93

124

0

20

40

60

80

100

120

140

Dados prévios mar/mai//2006 ago/2007 out/2007Visitas técnicas

Tota

l de

novo

s re

gist

ros

Total de novos registros

Cumulativa

Figura 68. Total de novos registros durante inventário na RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS)

Cabe ressaltar que Strix huhula se confirmada, e Elaenia albiceps são novos

registros para a região, de acordo com os levantamentos de Pivatto et al. (2006).

Assim, o número de espécies conhecidas para a Serra da Bodoquena passa a ser

360 (considerando-se novos registros não publicados obtidos nos inventários

realizados nas RPPNs Fazenda Cabeceira do Prata e Fazenda da Barra).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

74

2.9.2 REPRESENTAÇÃO POR TIPO VEGETACIONAL

Em Pivatto (2007) a autora chama atenção para a fragmentação da região

onde localizam-se as Fazendas Cabeceira do Prata e Alegria, resultando em perda

de habitats e grande ameaça à fauna (Sick 1997; Pizo 2001), visto que os

fragmentos restantes podem ser pequenos demais para conter uma área

suficientemente viável que garanta a sobrevivência das espécies originalmente

presentes na região (Ricklefs 2003). Isto pode ser observado por imagens de satélite

e pela ausência de espécies indicadoras de equilíbrio ambiental, como

representantes das famílias Thamnophilidae.

A expansão da pecuária e da agricultura foram os principais fatores que

geraram o desmatamento e conseqüente fragmentação na região (Pivatto 2007).

Observa-se que apenas os remanescentes próximos aos cursos d’água foram

poupados da supressão vegetal, com retirada de espécies vegetais de valor

comercial. Para a Fazenda Alegria, a vegetação diretamente relacionada com a

dolina foi mantida, além de um prolongamento a sudeste, sendo que esta já sofreu

corte seletivo e desmate para formação de pastagem. Isto teve conseqüências

diretas na diversidade das espécies remanescentes e na alteração do perfil da

comunidade de aves, com a predominância de espécies típicas de ambientes

abertos e vegetação secundária (Anjos 2006).

O estudo botânico realizado na área identificou dois perfis vegetacionais,

sendo Savana Florestada e Arborizada (SFA) em toda a RPPN e Floresta Perenifólia

(FP) dentro da dolina. Foram ainda efetuados registros nas áreas antropizadas

(proximidades das edificações - AA) e borda do fragmento (BO). Embora a área

amostrada seja pequena, optou-se por dividir as observações de acordo com esta

divisão, de forma a verificar se existe alguma diferença entre as comunidades de

aves presente nos mesmos.

Assim, foram identificadas 106 (85,4%) espécies em SFA, 46 (37,4%) em FP,

12 (9,7%) em BO e 55 (45%) em AA. Como exclusivas de cada ambiente,

encontrou-se 34 (27,4%) em SFA, cinco (29%) em FP, três (2,4%) em BO e três

(2,4%) em AA (Figura 69).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

75

total de sp registradas neste ambiente

sp exclusivas para este ambiente

AABO

SFAFP

Total deespécies

0

20

40

60

80

100

120

140

Distribuição de espécies por ambiente - RPPN Buraco das Araras

Figura 69. Total de espécies de aves identificadas segundo o tipo vegetacional durante inventário

realizado na RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS), sendo: Savana Florestada e Arborizada (SFA),

Floresta Perenifólia (FP), áreas antropizadas (AA) e borda do fragmento (BO)

Todas as espécies registradas na área amostrada são características do

Bioma Cerrado (Silva 1995), confirmando o observado por Pivatto et al. (2006). Das

espécies consideradas por Silva (1997) como endêmicas deste Bioma, foram

identificadas apenas Alipiopsitta xanthops e Cyanocorax cristatellus.

Considerando-se as áreas de borda, Ara chloropterus (Figura70), Glaucidium

brasilianum (Figura 71) e Ramphastos toco foram registradas em todos os

ambientes amostrados em pelo menos um momento dos levantamentos executados.

Figura 70. Ara chloropterus (arara-vermelha).

Foto: Tietta Pivatto

Figura 71. Glaucidium brasilianum (coruja-

caburé). Foto: Tietta Pivatto

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

76

A Floresta Perenifólia, limitada

à área interna da dolina (Figura 72),

apresenta características distintas dos

outros ambientes, dominados pela

Savana Florestada e Arborizada.

Embora aparentemente esta

vegetação esteja isolada de outras

áreas com fisionomias semelhantes,

foram identificadas espécies típicas de

Figura 72. Floresta Perenifólia, área interna da

dolina. Foto: Tietta Pivatto

matas ciliares, como Crotophaga major, Momotus momota, Trogon curucui e Turdus

leucomelas, sendo que Strix huhula, Tyto alba e Crotophaga major foram

registradas apenas neste ambiente.

A maior similaridade entre os ambientes amostrados foi entre AA e SFA, com

0,63, seguida de SFA e FP, com 0,5. Embora as áreas antropizadas encontrem-se

dentro do ambiente de cerrado local, a presença humana e suas modificações na

área afastaram espécies menos tolerantes, que são observadas nas áreas mais

isoladas da propriedade, como Penelope superciliaris (Figura 72). Ainda assim, nas

proximidades da sede foram observadas espécies como Formicivora rufa (Figura

73), Myiopagis viridicata e Tachyphonus rufus.

Figura 72. Penelope superciliaris (jacupemba).

Foto: Tietta Pivatto

Figura 73. Formicivora rufa (papa-formigas-

vermelho). Foto: Tietta Pivatto

A similaridade entre a avifauna da savana florestada e arborizada da RPPN

Buraco das Araras e fisionomias semelhantes na RPPN Fazenda Cabeceira do

Prata é de 0,65, mostrando proximidade entre as espécies ocorrentes nas duas

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

77

áreas. Já para as matas ciliares, houve apenas 0,34 de similaridade entre a Floresta

Perenifólia e a Floresta Estacional Semidecidual Aluvial ocorrente na Fazenda

Cabeceira do Prata, o que indica que, mesmo tendo espécies residentes como

Momotus momota (Figura 74) e visitantes ocasionais como Crotophaga major e

Spizaetus melanoleucus (Figura 75), a Floresta Perenifólia dentro da dolina não tem

extensão e nem diversidade suficiente para abrigar alta diversidade de avifauna. A

ausência de um curso d’água (desconsiderando-se o pequeno lago existente na

dolina) e seu isolamento de outras matas ciliares contribuem para este fato.

Figura 74. Momotus momota (udu).

Foto: Tietta Pivatto

Figura 75. Spizaetus melanoleucus (gavião-

pato). Foto: Rooswelt Sampaio

2.9.3 REPRESENTAÇÃO POR GUILDAS

Ocupação do habitat Segundo Straube e Urben-Filho (2006), a maneira como as espécies

exploram e ocupam o hábitat, bem como a representação de cada tipo ecológico, é

ferramenta importante para o diagnóstico da avifauna. A ausência de ambiente

aquático na propriedade condicionou a predominância de aves de hábitos terrestres

(Tabela 4), com destaque para as espécies tamnícolas (80%).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

78

Tabela 4. Riqueza geral de espécies dos vários tipos ecológicos da RPPN Buraco das Araras, Jardim,

MS. Adaptado de Straube e Urben-Filho (2006).

NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 N° espécies

Terrestres

124

Silvícolas

51

Tamnícolas 44

Terrícolas 02

Corticícolas 05

Campícolas

69

Tamnícolas 55

Terrícolas 11

Corticícolas 03

Aerícolas 04

O resultado está em acordo com a fisionomia florestal predominante da área,

onde predominam cerrados abertos formados pelo uso anterior da área como

pastagem. Das quatro espécies observadas sobrevoando a região, três (Chaetura

meridionalis, Cathartes aura e Coragyps atratus) são consideradas aerícolas.

Observa-se um leve predomínio de espécies campícolas, novamente

condicionada à fisionomia da paisagem. Cabe ressaltar que parte da população

campícola depende de áreas arborizadas para construção de ninho ou abrigo,

indicando a importância destas para a manutenção da biodiversidade da região

(Rodrigues e Leitão-Filho 2000).

Foram identificadas oito espécies de hábito corticícola beneficiando-se da

oferta de parasitas nas árvores e de troncos usados como ninho (Sick 1997). A

manutenção de árvores mortas é importante para viabilizar nidificação destas

espécies e outras que também se utilizam destes ocos como Ramphastos toco

(Figura 76). Treze espécies terrícolas (Figura 77) foram identificadas na área.

Figura 76. Ramphastos toco (tucano-toco).

Foto: Daniel De Granville

Figura 77. Crypturellus parvirostris (inhambu-

chororó). Foto: Tietta Pivatto

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

79

Guilda alimentar O perfil alimentar da avifauna permite identificar o grau de alteração em

fragmentos florestais, principalmente ao se analisar a população de frugívoras

presentes, visto ser este o grupo mais sensível a estas alterações (Pizo 2001). A

classificação das guildas alimentares foi baseada em Sick (1997).

Para este estudo, foram identificadas sete guildas (Figura 78), sendo que o

grupo dominante foi o insetívoro, com 56 espécies (45%), seguido de granívoros

com 19 (15%) e onívoros com 17 (14%).

Distribuição da avifauna por guilda alimentar RPPN Buraco das Araras - Jardim, MS

14%

12%

2%

45%

10%

2%

15%onívorocarnívoronecrófagoinsetívorofrugívoronectarívorogranívoro

Figura 78. Distribuição da avifauna encontrada na RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS) por guildas

alimentares. Observa-se a predominância de espécies insetívoras

As espécies insetívoras estão distribuídas em todos os ambientes amostrados

(Figura 79). Embora com diversidade baixa, observa-se que a presença de

frugívoros e carnívoros está em equilíbrio com as demais guildas, com exceção das

espécies nectarívoras e necrófagas (Figura 80).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

80

Figura 79. Camptostoma obsoletum (risadinha).

Foto: Fernanda Melo

Figura 80. Coragyps atratus (urubu-comum).

Foto: Tietta Pivatto Aves frugívoras são responsáveis pela disseminação de sementes, sendo

importantes na manutenção e recomposição da vegetação nativa. Segundo Pizo

(2001), os deslocamentos de frugívoros frequentemente envolvem movimentos entre

ambientes em diferentes estágios sucessionais, devido à disponibilidade de

pequenos frutos na vegetação secundária ao longo das estações climáticas.

Espécies granívoras, que possuem

importante papel como controladoras da

quantidade de sementes e castanhas, estão

representadas por columbídeos, psitacídeos

(principalmente Ara chloropterus) e

emberezídeos (Figura 81).

Segundo Dário et al. (2002), o efeito de

borda sobre os ambientes favorece as

espécies de aves onívoras e granívoras que

habitam o sub-bosque da floresta. A maior

incidência de luz nestes ambientes

proporciona maior produção de frutos e de

plantas invasoras produtoras de sementes,

que são a base alimentar destas aves.

Figura 81. Coryphospingus cuculatus

(tico-tico-rei). Foto: Daniel De Granville

Durante as duas visitas técnicas foram observados bandos mistos nas matas

de cerrado da RPPN, com formações diferenciadas de acordo com a estação

climática (Tabela 5).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

81

Tabela 5. Formações de bandos mistos observadas na RPPN Buraco das Araras, Jardim/MS em 2007 e freqüência de ocorrência, sendo raro = até duas vezes; freqüente = até cinco vezes; muito freqüente = presente em todos os bandos observados no período.

Espécie Agosto Outubro

Hylocharis chrysura raro ---

Picumnus albosquammatus freqüente ---

Formicivora rufa --- Freqüente

Lepdocolaptes angustirostris freqüente

Hemitriccus margaritaceiventer muito freqüente muito freqüente

Elaenia albiceps --- freqüente

Myiopagis caniceps --- Raro

Myiopagis viridicata --- Raro

Casiornis rufus freqüente muito freqüente

Myiarchus tyrannulus muito freqüente Freqüente

Myiarchus ferox --- Freqüente

Xenopsaris albinucha --- Raro

Nemosia pileata --- Raro

Thraupis sayaca freqüente ---

Conirostrum speciosum muito freqüente muito freqüente

Coryphospingus cuculatus muito freqüente muito freqüente

Segundo Maldonado-Coelho e Marini (2003), uma das principais variáveis que

influenciam o tamanho e a composição dos bandos mistos de aves é a

sazonalidade. As variações sazonais na composição e a estrutura dos bandos se

devem, em grande parte, às variações na distribuição temporal e espacial dos

recursos alimentares, juntamente com as atividades reprodutivas e a presença de

espécies migratórias (Machado 1999). Isto foi observado na área estudada, onde

algumas espécies apareceram nos dois períodos estudados com muita freqüência

(Hemitriccus margaritaceiventer, Myiarchus tyrannulus, Conirostrum speciosum e

Coryphospingus cuculatus), enquanto outras são mais raras ou aparecem com

freqüência apenas em um dos períodos, como Elaenia albiceps (migratória) e

Thraupis sayaca. Sugere-se um acompanhamento mais específico sobre os bandos

mistos da RPPN Buraco das Araras ao longo do tempo para verificar a influência das

alterações ambientais locais sobre sua formação.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

82

2.9.4 ESPÉCIES MIGRATÓRIAS E RESIDENTES

Foram identificadas 17 espécies migratórias na RPPN Buraco das Araras,

sendo duas visitantes setentrionais (MMA 2005; Sick 1997). Este número

corresponde a 65,4% do total de aves migratórias encontradas na Fazenda

Cabeceira do Prata (Pivatto 2007). Entretanto, devido à proximidade destas áreas, é

possível que outros migrantes também possam ser identificados na RPPN, conforme

tabela 6. Destaca-se Elaenia albiceps (Figura 82), visitante meridional, novo registro

para a região, que também foi observado na Lagoa Misteriosa no mesmo período.

Tabela 6. Espécies migratórias registradas na Fazenda Cabeceira do Prata (1), Lagoa Misteriosa (2)

e Buraco das Araras (3) em Jardim/MS, sendo: VS = Visitante Meridional, VN = Visitante Setentrional,

MR = Movimentação Regional e ML = Movimentação Local. ESPÉCIE Status Ocorrência

Dendrocygna viduata ML 1 Dendrocygna autumnalis ML 1

Cathartes aura ML 1,2,3 Eleanoides forficatus VS 1 Rosthramus sociabilis ML 1

Ictinia plumbea MR 1,2,3 Himantopus melanurus VN 1,2

Tringa solitaria VN 1 Claravis pretiosa MR 1,3

Zenaida auriculata ML 1 Coccyzus melacoryphus MR 1,2

Crotophaga major MR 1,3

Podager nacunda MR 1

Crapimulgus parvulus MR 1,3

Chaetura meridionalis MR 1,2,3

Elaenia albiceps VS 2,3

Elaenia chiriquensis MR 3

Suiriri suiriri MR 3

Pyrocephalus rubinus VS 1,2,3

Machetornis rixosa MR 1,2,3

Legatus leucophaius MR 1,3

Myiodynastes maculatus MR 1,3

Empidonomus varius MR 1,2,3

Tyrannus melancholicus MR 1,2,3

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

83

Tyrannus savana MR 1,2,3

Vireo olivaceus MR 1

Turdus amaurochalinus MR 1,2

Mimus triurus VS 1

Tersina viridis MR 1,2,3

Figura 82. Elaenia albiceps (Guaravaca-de-

crista-branca). Foto: Fernanda Melo

Figura 83. Ictinia plumbea (sovi).

Foto: Daniel De Granville

Embora a movimentação regional (MR) não seja contemplada na lista oficial

de aves brasileiras migratórias, 14 espécies utilizam os ambientes da propriedade

em alguma estação ao longo do ano, buscando clima mais ameno ou ambiente para

reprodução, como por exemplo Ictinia plumbea (Figura 83).

Com relação às espécies residentes, ainda que este inventário tenha

abrangido o período de pico reprodutivo da avifauna, acredita-se que a estiagem

rigorosa tenha afetado as condições de reprodução deste grupo animal, pois apenas

15 espécies foram observadas preparando ninho (Theristicus caudatus – figura 84,

Coragyps atratus, Herpetoteres cachinans – figura 85, Cariama cristata – figura 86,

Pulsatrix perspicillata – figura 87, Eupetomena macroura, Momotus momota,

Colaptes melanochloros, Miodynastes maculatus e Gnorimopsar chopi) ou em corte

nupcial (Columbina squammata, Ara chloropterus, Megascops choliba, Nystalus

striatipectus – figura 88 e Pitangus sulphuratus), além de um indivíduo juvenil de

Milvago chimachima (Figura 89). Destas, nove espécies usaram as paredes da

dolina ou a Floresta Perenifólia para a construção dos ninhos.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

84

Figura 85. Theristicus caudatus (curicaca).

Foto: Tietta Pivatto

Figura 85. Herpetoteres cachinans (acauã).

Foto: Tietta Pivatto

Figura 86. Cariama cristata (seriema).

Foto: Tietta Pivatto

Figura 87. Pulsatrix perspicillata (murucututu).

Foto: Fernanda Melo

Figura 88. Nystalus striatipectus (joão-bobo).

Foto: Tietta Pivatto

Figura 89. Juvenil de Milvago chimachima

(gavião-pinhé). Foto: Tietta Pivatto

Considera-se que a RPPN Buraco das Araras tem relevante importância na

reprodução da avifauna local, principalmente a dolina. Cabe ressaltar, porém, que

estes dados foram sub-amostrados, necessitando de novas pesquisas e

monitoramento da avifauna para acompanhar seu ciclo reprodutivo, visto que na

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

85

RPPN Fazenda Cabeceira do Prata foram observadas 46 espécies em algum

estágio reprodutivo ao longo dos inventários realizados na área (Pivatto 2007).

2.9.5 ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO

Não foram identificadas espécies nacionalmente ameaçadas (MMA 2003) na

área de estudo, mas segundo a IUCN (2007), Rhea americana e Alipiopsitta

xanthops possuem status “quase ameaçada” (em perigo).

A predominância de espécies com

ampla distribuição, segundo critérios da

IUCN (2007), apenas indica que a área já

não possui condições para manutenção

de espécies mais exigentes. Mesmo

Rhea americana (Figura 90) e Alipiopsitta

xanthops, embora ameaçadas

globalmente, são consideradas comuns

na região, cuja paisagem predominante é

de campos abertos.

Figura 90. Rhea americana (ema).

Foto: Daniel De Granville

A ema sofre com o desaparecimento e modificação de seu hábitat, pois os

campos abertos estão sendo substituídos por pastagens e plantações.

Esta paisagem é pouco priorizada quando da criação de Unidades de Conservação

(Pivatto 2007).

A diminuição de uma área de floresta natural pode levar à diminuição

exponencial do número de espécies e afetar a dinâmica de populações de plantas e

animais existentes, podendo comprometer a regeneração natural e,

conseqüentemente, a sustentação destas florestas (Harris 1984).

A fragmentação torna-se um problema quando não há migração e a qualidade

do habitat é muito pobre ou a área é muita pequena para sustentar populações

viáveis. É conseqüência de atividades humanas, e as áreas de vegetação natural

restantes encontram-se geralmente próximas de áreas com perturbação antrópica,

como fazendas agrícolas e de exploração florestal, sujeitas a tensão excessiva de

agentes externos como fogo, inseticidas e espécie invasoras (Jansen 1986).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

86

Espécies menos exigentes ambientalmente são características de ambientes

alterados devido à flexibilidade em adaptar-se a diferentes condições ambientais. A

predominância de espécies menos sensíveis às alterações ambientais está em

acordo com o observado por Anjos (2006).

Os dados aqui apresentados indicam que, embora a RPPN Buraco das

Araras seja um fragmento de pequenas dimensões com vegetação homogênea,

possui boa riqueza de avifauna, com 124 espécies observadas durante o inventário.

Em geral a comunidade de aves é típica de ambientes alterados, mas

apresenta algumas espécies interessantes pela dificuldade em serem encontradas

na região (ex. Penelope superciliaris e Strix huhula), duas endêmicas do Cerrado

(Alipiopsitta xanthops e Cyanocorax cristatellus) e duas globalmente ameaçadas

(Rhea americana e Alipiopsitta xanthops). A ausência de espécies pouco tolerantes

indica que houve degradação na área, mas acredita-se que medidas de recuperação

da vegetação podem viabilizar a recolonização por espécies mais sensíveis a

mudanças ambientais.

Cabe lembrar que os dados obtidos neste inventário caracterizam o fragmento

em um ano excepcionalmente seco, o que com certeza alterou alguns resultados.

Diversas espécies comuns que foram registradas em ambientes semelhantes na

Fazenda Cabeceira do Prata e Lagoa Misteriosa não foram observadas na RPPN

Buraco das Araras, mas acredita-se que devam existir neste local. Assim, pode-se

projetar um número maior de espécies para este fragmento e arredores, o que

poderia ser comprovado com a continuidade deste inventário, regeneração da

vegetação e através do monitoramento da área.

2.10 HERPETOFAUNA

O Cerrado, apesar de ser o segundo maior bioma brasileiro e ocupar uma

área de aproximadamente 24% do território nacional (Adámoli et al. 1986), foi

considerado um “hotspot” de biodiversidade (Mittermeier et al. 1999), conceito que

se baseia em graus de endemismos e ameaças à sua conservação uma vez que

restam apenas 20% de sua cobertura original.

Ao contrário do que afirmavam alguns autores (eg. Vitt 1995), o Cerrado

abriga boa parte da diversidade herpetofaunística brasileira: 113 espécies de

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

87

anfíbios (32 endêmicas), 5 crocodilianos, 10 quelônios, 15 anfisbênias (8

endêmicas), 47 lagartos (12 endêmicas) e 107 serpentes (11 endêmicas), sendo que

a pouca riqueza de espécies registrada neste bioma se deve ao pequeno esforço

amostral ou amostragem inadequada (Colli et al. 2002). Novas espécies

encontradas no Cerrado têm sido registradas e outras descritas recentemente (eg.

Valdujo e Nogueira 2001; Nogueira 2001; Colli et al. 2003; CI-Brasil 2008).

A RPPN Buraco das Araras está localizada na Serra da Bodoquena, em Mato

Grosso do Sul, situada na porção central da grande diagonal de formações abertas

da América do Sul que se estende desde a Caatinga até o Chaco na Bolívia. Este

levantamento herpetofaunístico foi realizado com o objetivo de se conhecer a fauna

local como parte da realização do plano de manejo da RPPN Buraco das Araras.

Além deste trabalho, estudos recentes na região contribuíram de forma significativa

para o conhecimento de sua herpetofauna (Duleba 2006; Uetanabaro et al. 2007) e

reforçam a importância de conduzir estudos a longo prazo.

Foram registradas na RPPN Buraco das Araras um total de 10 espécies de

anuros (5 famílias), 8 lagartos (3 famílias) e 7 serpentes (2 famílias). Em armadilhas

de queda, foram coletados 126 indivíduos: 100 anfíbios (9 espécies pertencentes a 4

famílias), 20 lagartos (5 espécies pertencentes a 2 famílias), e 6 serpentes (4

espécies pertencentes a uma família) (Tabela 7, anexo 7).

Tabela 7. Espécies da herpetofauna coletadas em armadilhas de queda na RPPN Buraco da Araras,

Jardim, MS em novembro de 2007 e fevereiro de 2008 e suas respectivas abundâncias.

Subgrupo Família Espécie n

Anura Cycloramphidae Proceratophrys sp 4

Leiuperidae Eupemphix nattereri 63

Physalaemus centralis 23

Pleurodema fuscomaculata 1

Leptodactylidae Leptodactylus chaquensis 2

Leptodactylus elenae 1

Leptodactylus mystacinus 4

Leptodacytlus ocellatus 1

Microhylidae Elachistocleis ovalis 1

Sauria Gymnophtalmidae Colobosaura modesta 5

Micrablepharus maximiliani 7

Cercosaura schreibersii 3

Teiidae Cnemidophorus sp 3

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

88

Tupinambis merianae 2

Serpentes Colubridae Apostolepis diminuta 1

Echinantera occipitalis 1

Oxyrhopus guibei 1

Phalotris tricolor 3

Espécies da herpetofauna registradas na RPPN Buraco das Araras e que não

foram capturadas em armadilhas de queda estão listadas na Tabela 8. Quase todas

as espécies registradas estão ilustradas abaixo (Figura 91).

Tabela 8. Herpetofauna observada na RPPN Buraco da Araras (novembro/2007 e fevereiro/2008).

Subgrupo Família Espécie

Anura Hylidae Scinax fuscovarius

Sauria Gymnophtalmidae Pantodactylus albostrigatus

Tropiduridae Tropidurs guarani

Teiidae Ameiva ameiva

Serpentes Leptotyphlopidae Leptotyphlops sp

Colubridae Chironius flavolineatus

Leptodeira annulata

a

b

c

d

e

f

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

89

g h i

j

l

m

n

o

p

q

r

s

t

u

v

x

y

z

Figura 91. Herpetofauna registrada na RPPN Buraco das Araras, sendo a = Proceratophrys sp; b = Elachistocleis ovalis; c = Pleurodema fuscomaculata; d = Eupemphix nattereri; e = Physalaemus centralis; f = Leptodacytlus ocellatus; g = Leptodactylus chaquensis; h = Leptodactylus elenae; i= Leptodactylus mystacinus; j = Scinax fuscovarius; l = Colobosaura modesta; m = Micrablepharus maximiliani; n = Pantodactylus albostrigatus; o = Cercosaura schreibersii; p = Cnemidophorus sp; q = Ameiva ameiva; r = Tupinambis merianae; s = Tropidurs guarani; t = Apostolepis diminuta; u = Phalotris tricolor; v = Oxyrhopus guibei; x = Leptodeira annulata; y = Taeviophallus occipitalis; z = Chironius flavolineatus. Fotos: Ellen Wang (exceto a e z – Carolina Denzin; r – Mara Cintia Kiefer).

10

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

90

Anfíbios anuros

representaram quase 80% dos

indivíduos coletados em

armadilhas de queda (Figura

92), sendo Eupemphix

nattereri a espécie mais

abundante representando 63%

dos anuros. Figura 92. Contribuição (%) de cada grupo da herpetofauna

na RPPN Buraco das Araras durante a estação chuvosa

Apenas os dados obtidos a partir

das armadilhas de queda foram

considerados no cálculo do índice de

diversidade da herpetofauna local

(Tabela 9).

Riqueza 18

Abundância 126

H' 1,752

Var (H') 0,015

SE (H') 0,124

J' 0,606

Tabela 9. Riqueza, abundância e índice de diversidade da herpetofauna terrestre da RPPN

Buraco das Araras na estação chuvosa.

Um inventário herpetofaunísitico realizado na RPPN Cabeceira do Prata,

localizado a aproximadamente cinco quilômetros da RPPN Buraco das Araras,

realizado apenas durante a estação seca, registrou 16 espécies de anuros e 20 de

répteis (Duleba 2006), dos quais cinco anuros, três lagartos e três serpentes

também foram encontradas na RPPN Buraco das Araras. Já o estudo realizado no

Parque Nacional da Serra da Bodoquena, onde as amostragens foram realizadas na

estações seca e chuvosa, registrou um total de 38 anfíbios e 25 répteis (Uetanabaro

et al. 2007), sendo que oito anuros e seis lagartos também foram observados na

RPPN Buraco das Araras.

As riquezas de espécies obtidas entre os três estudos provavelmente se

devem a diferenças metodológicas, esforço amostral, ambientes e estações do ano

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

91

amostradas. Os levantamentos herpetofaunísticos na RPPN Cabeceira do Prata e

no Parque Nacional Serra da Bodoquena foram realizados através de procura ativa

e contemplaram diferentes habitats como campos úmidos, floresta estacional

semidecidual e matas de galeria. Na RPPN Buraco das Araras, as amostragens

foram realizadas apenas em áreas de Cerrado (Savana Florestada e Arborizada).

Além das espécies registradas

neste inventário, é conhecida a presença

de um casal de jacarés-do-papo-amarelo

(Caiman latirostris, figura 93) que vive

dentro da dolina. Segundo os

proprietários, o casal está lá há mais de

40 anos reproduzindo-se anualmente,

mas predam os ovos ou os filhotes ainda

jovens.

Figura 93. Caiman latirostris (jacaré-do-papo-

amarelo residente dentro da dolina Buraco das

Araras. Foto: Tietta Pivatto

Esta é uma das poucas formas de incluir proteína em sua dieta, sendo que

ocasionalmente predam aves ou outros pequenos vertebrados que caem dentro da

dolina. Não se sabe como os jacarés chegaram até o lago, mas acredita-se que

tenham descido por uma fenda da parede da dolina durante o período de

deslocamento na estação chuvosa. Nesta situação, o grande volume de água

poderia ter arrastado os jacarés até o fundo, aprisionado-os.

Os dados obtidos não podem ser considerados representativos da área pois

as amostragens foram realizadas apenas na estação chuvosa e com pequeno

esforço amostral. É necessário conduzir mais amostragens principalmente durante a

estação seca e por um período de tempo maior, utilizando também outras

metodologias além das armadilhas de queda, como a procura limitada por tempo.

Nosso objetivo é continuar a estudar a herpetofauna da RPPN Buraco das Araras e

compará-la a áreas de planície no Pantanal.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

92

2.11 ASPECTOS HISTÓRICOS DA RPPN BURACO DAS ARARAS

Antes de se tornar uma unidade de conservação, a área onde se localiza o

Buraco das Araras sofreu muita degradação por parte de pessoas que não

conseguiam compreender a importância do lugar. Esta situação mudou quando os

atuais proprietários compraram a Fazenda Alegria e desde então direcionaram

esforços para sua conservação, culminando com a criação da RPPN Buraco das

Araras em 12 de abril de 2007, com 29 hectares de área protegida. Além da dolina,

seu atrativo mais conhecido, a RPPN protege um fragmento de Cerrado, com rica

flora e fauna, sendo as araras-vermelhas as habitantes mais famosas.

Embora de início houvesse uma pequena exploração pecuária na

propriedade, hoje a única atividade econômica é o ecoturismo, possibilitando a

sustentabilidade local junto com sua conservação e ainda permitindo educação

ambiental dos visitantes. Com isso, a RPPN Buraco das Araras cumpre com os

principais objetivos desta unidade de conservação.

2.12 VISITAÇÃO

2.12.1 VISITAÇÃO TURÍSTICA

Em Mato Grosso do Sul, a Lei Estadual Nº 331/98 prevê a obrigatoriedade do

Licenciamento Ambiental para as propriedades que pretendam desenvolver

atividades turísticas. A esta, somam-se o Decreto Nº 11.408/03, que disciplina o

licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades localizadas nas áreas

de preservação permanente. Tal licenciamento é desenvolvido em 3 etapas, sendo a

última denominada Licença de Operação, a qual deve ser renovada periodicamente.

Assim, a operação turística executada na Fazenda Alegria para visitação da

dolina denominada “Buraco das Araras” é feita por meio da Licença de Operação

SEMAC Nº 193/2007, com validade de 04 anos (Anexo 1). Por ser uma cavidade

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

93

natural, também é condicionada à Resolução CONAMA Nº 347/2004. Neste caso,

enquadra-se na categoria 02/Cavernas Semi-antropizadas.

A operação turística na propriedade iniciou-se em 1995, utilizando uma

pequena construção improvisada nas proximidades da dolina (Figura 94), localizada

irregularmente dentro da Área de Preservação Permanente - APP (MMA 1965; MMA

1999; CONAMA 2004). Em setembro de 2003, por orientação do CECAV, esta

estrutura foi demolida e transferida para local fora da APP, mantendo, entretanto as

trilhas dentro desta área, que futuramente tornou-se RPPN.

Figura 94. Antigo receptivo, demolido em setembro de 2003 para recuperação da área. A recepção

atual localiza-se a 280 metros da dolina. Foto: arquivos Buraco das Araras

A visitação turística é organizada por Empreendimentos Turísticos Buraco das

Araras Ltda., empresa da família criada para este fim. Baseia-se em quatro itens

principais: atrativos naturais, capacidade de carga turística, equipamento turístico da

fazenda e qualificação dos funcionários.

O atrativo principal é a dolina conhecida como Buraco das Araras (Figura 95),

onde se concentra um grande número de araras-vermelhas (Ara chloropterus). A

visita é feita por meio de uma trilha que se inicia na recepção, atravessa um trecho

de cerrado em recuperação, circula a dolina com dois pontos de parada (mirantes 1

e 2) e retorna para o receptivo (Figura 96). O trecho total percorrido durante esta

atividade é de aproximadamente 970 metros. As restrições e recomendações para

estas atividades turísticas encontram-se descritas no item 2.19.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

94

Figura 95. A beleza cênica do Buraco das Araras é um importante atrativo turístico para o município

de Jardim. Foto: Tietta Pivatto

Figura 96. Circuito turístico da RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS)

Existe ainda um roteiro para observação de aves na propriedade que utiliza,

além da trilha principal, trechos do cerrado que não fazem parte do circuito

tradicional. Não existe um percurso definido para observação de aves devido à

característica da atividade, dependente da quantidade de aves observadas e

interesse e ritmo dos visitantes.

Toda a atividade é acompanhada por guias de turismo ou monitores

ambientais credenciados, que recebem treinamento apostilado (Pivatto e Manço

2006) e prático antes de conduzir grupos dentro da RPPN.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

95

Após cada atividade, o visitante é convidado a preencher uma ficha de

avaliação, onde pode expressar seu julgamento sobre a qualidade da operação

turística. O objetivo é acompanhar o grau de satisfação do visitante para manter um

bom padrão de atendimento. As observações são lidas pelos proprietários e

repassadas para os funcionários e guias de turismo. Além desta forma de expressar

a opinião, o turista conta com um Livro de Visitantes na fazenda e com um Mural de

Recados virtual disponível no site do sítio turístico, sendo que ambos também

servem como base para direcionar estratégias operacionais.

A visitação turística no Buraco das Araras é integrada ao pólo de turismo que

envolve os municípios de Jardim, Bonito e Bodoquena, sendo que grande parte dos

visitantes se hospeda em Bonito, onde está localizada a maioria dos sítios turísticos

e meios de hospedagem da região. O público principal é brasileiro, sendo que os

períodos de maior movimento concentram-se nos meses de janeiro, fevereiro e

julho, coincidindo com as férias escolares, e picos de movimentos nos feriados

nacionais e regionais. Algumas destas datas fazem parte do calendário de alta e

baixa temporada turística (Quadro 1), instituído pelo trade turístico regional, que

estabelece diferenças nos valores cobrados para visitação, ou seja, as tarifas são

mais altas no período de alta temporada turística.

Quadro 1. Calendário de eventos e alta temporada turística nos municípios de Bonito e

Jardim. Fonte: Portalbonito (2008) e Brasil Channel (2008). Mês Calendário de Eventos Alta temporada

Janeiro Férias Escolares de Verão

Fevereiro Carnaval Carnaval

Abril Exposição do Sindicato Rural – Jardim Semana Santa

Maio

Aniversário de Jardim

Rodeio Country de Bonito

Festa do Peão de Boiadeiro – Bonito

Feira de Artesanato de Bonito

Semana de Música Gospel – Bonito

Dia do Trabalho

Junho Festa Junina de São Pedro – Bonito Corpus Christi

Julho Festival de Inverno de Bonito Férias Escolares de Inverno

Agosto Turisfest Bonito

Encontro Estadual dos Clubes de Laço – Bonito

Setembro Aniversário de MS – Bonito e Jardim Independência do Brasil

Outubro Aniversário de Bonito Semana do “Saco Cheio”

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

96

Leilão Beneficente de Bonito

Novembro

Festa do Boi Mocho – Bonito

Gay Bonito

Festival da Guavira – Bonito

Festa da Cultura – Jardim

Dia de Finados

Proclamação da República

Dezembro Natal Bonito

Emancipação política de Jardim

Férias Escolares

Natal e Ano Novo

Observa-se na figura 97 uma variação relacionada aos períodos de alta e

baixa temporada turística, principalmente nos meses de janeiro e julho. O total anual

e as médias mensais entre os anos de 1999-2007 pode ser observado na figura 98.

Visitação Turística - RPPN Buraco das Araras

0

500

1,000

1,500

2,000

2,500

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Tota

l de

visi

tant

es

199920002001200220032004200520062007

Figura 97. Visitação turística na RPPN Buraco das Araras entre abril de 1999 e dezembro de 2007.

Fonte: Buraco das Araras Ecoturismo3

3 Os dados de visitação turística referentes aos períodos de outubro/dezembro de 1999 e janeiro/março de 2003 foram perdidos por problemas de armazenamento digital, mas segundo os proprietários, seguiam os mesmos padrões dos anos seguintes

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

97

Total de Visitantes - RPPN Buraco das Araras

4827

5945

11430

15604

9550

12139

14226

12690

9782

603.4

495.4 95

2.5 1300

.3

1061

.1

1011

.6

1185

.5

1057

.5

815.5

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Ano

Tota

l

totalmédia mensal

Figura 98. Total de visitantes na RPPN Buraco das Araras entre abril de 2000 e dezembro de 2007 e

sua média mensal, sendo considerando apenas oito meses para 1999 e nove para 2003. O aumento

do valor de ingresso em 2006 reflete-se na diminuição no movimento. Fonte: Buraco das Araras

Ecoturismo

O empreendimento trabalha atualmente com 30 guias de turismo, 03

monitores ambientais e 25 agências de turismo dos municípios de Bonito e Jardim.

Cabe mencionar que existe uma parceria com o Recanto Ecológico Rio da

Prata, Fazenda Cabeceira do Prata, de forma que aproximadamente 60% dos

visitantes deste este sítio turístico visitam também o Buraco das Araras. A região

onde está inserido o sítio turístico foi considerada pela revista Viagens e Turismo

como melhor destino de ecoturismo pelo sexto ano consecutivo, sendo que o

Recanto Ecológico Rio da Prata foi incluído pela quarta vez na lista dos 30 melhores

destinos turísticos do Brasil listados pelo Guia 4 Rodas (Editora Abril).

2.12.2 VISITAÇÃO ACADÊMICA

A propriedade recebe eventualmente visitas técnicas para conhecer a

operação turística associada à conservação ambiental executada na propriedade,

sendo tema de discussões sobre sustentabilidade. Alguns exemplos:

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

98

2000 – alunos do curso de Guia de Turismo Regional Especializado em Atrativo

Natural em Bonito, MS;

2002 – alunos do curso de Guia de Turismo Regional Especializado em Atrativo

Natural em Jardim, MS;

2003 – alunos de biologia da Universidade de Tirbingen, Alemanha

2004 – alunos de biologia da Universidade de Tirbingen, Alemanha

2004 – Processo de Regionalização do Turismo da Serra da Bodoquena

2005 – alunos de biologia da Universidade de Tirbingen, Alemanha

2005 – alunos do curso de veterinária da UNESP/SP

2005 – Colégio Militar Campo Grande, MS

2006 – alunos de biologia da Universidade de Tirbingen, Alemanha

2006 – Projeto Florestinha, Bonito, MS

2006 – Projeto Bombeiros do amanhã, Jardim, MS

2006 – PrevFogo, IBAMA, Bonito, MS

2007 – alunos de biologia da Universidade de Tirbingen, Alemanha

2008 – Projeto Conviver, Jardim, MS

2008 – alunos de biologia da Universidade de Tirbingen, Alemanha

2008 – técnicos do IPHAN para criação do Geopark da Serra da Bodoquena

2.12.3 PERCEPÇÃO DO VISITANTE

Os visitantes do Buraco das Araras foram entrevistados com a função de

identificar qual sua percepção em relação à RPPN e avaliar a relação dos mesmos

com um ambiente protegido. Ao todo foram aplicados 104 questionários (Anexo 8),

sendo que desses, 27 (26%) foram respondidos por visitantes estrangeiros. As

avaliações foram feitas entre setembro e outubro de 2007 e fevereiro de 2008,

distribuídas aleatoriamente entre os visitantes (brasileiros e estrangeiros

participantes de excursões ou independentes). Do total de visitantes brasileiros entrevistados, 26% são de São Paulo e 18%

são de Mato Grosso do Sul, sendo o restante distribuído entre mais sete estados e o

Distrito Federal. Já para os estrangeiros entrevistados, 47% são europeus, 25% são

asiáticos e 16% são norte-americanos, sendo que os principais países de origem

são Alemanha, Estados Unidos e Japão (Figura 99).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

99

Origem dos visitantes brasileiros

6% 2%

3%

18%

2%

3%

13%13%

9%

5%

26%

DF ES

MA MS

MT PA

PR RJ

RS SC

SP

Origem dos visitantes estrangeiros

16%

6%

3%

3%

6%

16%3%3%

6%

6%

3%

23%

3% 3%

Alemanha

Austrália

Bégica

Chile

Espanha

Estados Unidos

Finlândia

França

Holanda

Inglaterra

Israel

Japão

Nova Zelândia

Portugal

Figura 99. Origem dos visitantes entrevistados na RPPN Buraco das Araras, de acordo com a

nacionalidade

O principal público que visitou o Buraco das Araras no período pesquisado é

formado por pessoas entre 21 e 40 anos (59%), com formação universitária (43%) e

pós-graduação (Figura 100). Este perfil é semelhante ao observado na RPPN

Fazenda Cabeceira do Prata (Coelho et al. 2007), onde 50% do público pertencia a

esta mesma faixa etária, com 47% de graduados.

Faixa Etária

3%

35%

24%

19%

13%6%

até 2021 a 3031 a 4041 a 5051 a 60acima de 60

Grau de Escolaridade

1%12%

43%

23%

11%

4%

4%2% Fundamental Incom

FundamentalEnsino MédioSuperiorPós-graduaçãoMestradoDoutoradoPós-doutorado

Figura 100. Faixa etária e grau de escolaridade dos visitantes entrevistados na RPPN Buraco das

Araras

As condições ambientais da área visitada foram consideradas excelentes para

44,2% dos entrevistados e boa para 51%, sendo que apenas 2% consideraram

razoável e nenhum achou ruim. Um visitante observou que as condições atuais

melhoraram muito em comparação com sua visita anterior, realizada em 1999,

quando teve a impressão de que o local estava muito depredado.

Apenas 44 (42%) dos entrevistados sabiam previamente que existia uma

RPPN no local visitado, tendo recebido esta informação pelo guia de turismo (36%),

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

100

agência e operadora de turismo (18%), Internet (9%) ou guia de viagem (9%).

Quatro visitantes receberam esta informação apenas no local. Para 25 entrevistados

que tinham esta informação, este foi um fator que influenciou positivamente em sua

decisão de visitar o Buraco das Araras, pois “é um projeto significativo, estava

buscando locais que respeitassem o meio ambiente, é mais interessante, iniciativa

de extrema importância dos proprietários”. Ainda assim, este número representa

apenas 24% dos entrevistados, o que demonstra que, para 76% do total, ações de

conservação (formalizadas através da criação da UC), mesmo consideradas

importantes pelos entrevistados, ainda não são um fator prioritário na escolha de um

roteiro turístico. Isto indica a necessidade de se ampliar a percepção do turista

comum quanto à importância das ações ambientais praticadas nos destinos

visitados.

Os próprios destinos turísticos podem contribuir com a divulgação destas

ações, como é demonstrado pelo fato de que 88% dos visitantes informaram ter

recebido informações sobre a RPPN Buraco das Araras durante sua visita através

do guia de turismo ou monitor ambiental. Para 80% dos entrevistados, o guia de

turismo/condutor ambiental tem grande importância no fornecimento de informações

sobre o ambiente e sobre a RPPN (60,5%), além de ser o responsável pela

orientação do caminho com segurança (Figura 101).

Acompanhamento e importância do guia de turismo/monitor ambiental

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

A B C D E F G

principais funções

tota

l de

resp

osta

s

Figura 101. Importância do acompanhamento de guias de turismo/monitor ambiental durante a

visitação turística na RPPN Buraco das Araras, sendo: A: orientação do caminho; B: fornecimento de

informações sobre o ambiente; C: fornecimento de informações sobre a RPPN; D: orientações de

segurança; E: contato com a cultura local; F: desnecessária, o caminho é fácil e não me interesso por

informações locais; G: inoportuna, pois quero andar livremente pelo local

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

101

Interessante observar que as alternativas F e G, de conotação negativa,

foram marcadas por apenas quatro visitantes, confirmando o reconhecimento da

importância do acompanhamento por profissional qualificado para garantir

segurança e qualidade de informações.

Educação e conservação ambiental foram apontadas pelos visitantes como os

principais objetivos de uma RPPN (Figura 102), seguidas de incentivo à pesquisa

científica e visitação turística. Para os entrevistados, a RPPN Buraco das Araras

está conseguindo alcançar todos estes objetivos (Figura 103). Estes parâmetros

dependem diretamente das ações de proteção e recuperação executadas na

propriedade, assim como da capacitação de guias e monitores ambientais,

responsáveis pela divulgação de informações para os visitantes.

Principais objetivos de uma RPPN

0102030405060708090

visitaçãoturística

educaçãoambiental

conservaçãoambiental

pesquisacientífica

cursos decapacitação

principais objetivos

tota

l de

resp

osta

s

Figura 102. Principais objetivos de uma RPPN, segundo visitantes entrevistados na RPPN Buraco

das Araras

Objetivos alcançados pela RPPN Buraco das Araras

0102030405060708090

educaçãoambiental do

visitante

educaçãoambiental dacomunidaderesidente e

vizinha

conservação derecursosnaturais

incentivo àpesquisacientífica

estímulo àcriação de novas

unidades deconservação

divulgação daimportância das

RPPNs

outra

principais objetivos

tota

l de

resp

osta

s

Figura 103. Principais objetivos alcançados pela RPPN Buraco das Araras, segundo percepção dos

visitantes entrevistados

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

102

Visando garantir o uso sustentável dos recursos naturais para fins turísticos,

foi necessário instituir normas de visitação na RPPN Buraco das Araras, endossadas

pelas condicionantes contidas na Licença de Operação (Anexo 1). Estas normas, de

acordo com os visitantes entrevistados, não interferem no aproveitamento do

passeio, e sim colaboram com a atividade (Figura 104).

Grau de interferência das normas de visitação sobre o aproveitamento do passeio

0

10

20

30

40

50

60

atrapalharam muitoo aproveitamento

do passeio

atrapalharam umpouco o

aproveitamento dopasseio

não interferiram noaproveitamento do

passeio

colaboraram umpouco para o

aproveitamento dopasseio

colaboraram muitopara o

aproveitamento dopasseio

grau de interferência

tota

l de

resp

osta

s

Figura 104. Grau de interferência das normas de visitação turística sobre o aproveitamento do

passeio na RPPN Buraco das Araras, de acordo com os entrevistados

Assim, considera-se que os controles e regras adotados durante a visitação

também são compreendidos como positivos para a conservação ambiental sem

interferir no aproveitamento do passeio, conforme pode ser observado na figura 105.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

103

Avaliação sobre os procedimentos adotados para visitação da RPPN Buraco das Araras

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

A B C D E F G H

normas de visitação

tota

de

resp

osta

s

positivoindiferentenegativo

Figura 105. Avaliação sobre os procedimentos adotados para visitação turística da RPPN Buraco das

Araras, sendo: A: limite no tamanho máximo dos grupos de passeio; B: obrigatoriedade de se

respeitar os intervalos de tempo entre os grupos; C: obrigatoriedade de ter um guia de

turismo/monitor ambiental acompanhando o grupo; D: obrigatoriedade de andar em fila e sem pisar

nas laterais da trilha; E: exigência de se fazer silêncio durante todo o passeio; F: presença de

pesquisadores e/ou equipamentos de pesquisa científica na área do passeio; G: proibição de

alimentar os animais silvestres; H: proibição de coleta de flores, frutos, sementes, conchas, etc.

Curiosamente, o item F foi o que teve maior rejeição por parte dos visitantes,

sendo que em pergunta anterior a pesquisa científica foi apontada como um dos

principais objetivos de uma RPPN. Acredita-se que este comportamento foi motivado

pela observação direta de procedimentos científicos como captura e coleta de fauna

em campo. Considerando a importância da pesquisa científica na conservação de

unidades de conservação, sugere-se maior comunicação entre os pesquisadores e

os visitantes, assim como elaboração de material informativo para guias e monitores

ambientais, para que estes possam informar os visitantes de forma adequada.

Os outros itens que receberam avaliação negativa foram E e H,

demonstrando que, mesmo com trabalhos de educação ambiental executados em

diversos locais de visitação turística e também na área visitada, parte dos visitantes

ainda têm dificuldade de aceitar regras básicas de comportamento em ambiente

natural, indicando a necessidade de um trabalho educativo constante e permanente.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

104

Para confirmar o grau de percepção dos visitantes sobre os trabalhos

desenvolvidos na RPPN Buraco das Araras, foi solicitado que indicassem aspectos

positivos e negativos de sua experiência na visitação turística (Quadro 2).

Quadro 2. Aspectos positivos e negativos da visitação turística na RPPN Buraco das Araras, segundo

os visitantes entrevistados.

Aspectos Positivos Aspectos negativos

Conhecimento de uma RPPN;

Conservação de fauna e possibilidade de

observação da mesma em liberdade;

Beleza cênica conservada;

Possibilidade de obter informações sobre o

ambiente e a RPPN;

Guias capacitados;

Trilhas bem traçadas, limpas e seguras;

Capacitação dos proprietários, resultando em

melhoria do empreendimento;

Prática de educação ambiental;

Respeito aos intervalos entre os grupos;

Atividade prazerosa e relaxante;

Exemplo para que outros proprietários

explorem de forma adequada suas belezas

naturais.

Estrada de acesso necessita de manutenção;

Área pequena;

Em alguns horários, a observação de fauna é

prejudicada;

Ausência de informativo sobre pesquisas

científicas;

Ausência de períodos sem visitação turística

para não estressar fauna;

Falta de mais atrativos turísticos para

aumentar o tempo de visitação;

Os últimos horários são prejudicados pela

falta de luz, impossibilitando fotografias;

Pouca divulgação na mídia;

Mirantes com aspecto de velhos;

Falta de informações bilíngües sobre a

RPPN.

Os resultados confirmam que a experiência do visitante, em sua maioria, é

positiva, e que os aspectos negativos apontados podem ser minimizados com

adequações de horários e outras ações que estão sendo discutidas neste

documento. Para acompanhar a evolução da relação visitantes/RPPN, recomenda-

se que questionários com esta temática sejam aplicados periodicamente, pois seus

resultados podem ser muito importantes no manejo da área, assim como permitirá

identificar o nível de sensibilização dos visitantes para a importância de se conservar

o meio ambiente, sendo possível conciliar a prática do turismo em unidades de

conservação. Estes questionários poderiam ser oficialmente incorporados no

Programa de Monitoramento do sítio turístico e da RPPN.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

105

2.12.4 PERCEPÇÃO DOS GUIAS DE TURISMO E MONITORES AMBIENTAIS

Considerando-se a importância dos guias de turismo e monitores ambientais

como responsáveis pela apresentação do sítio turístico aos visitantes e também sua

responsabilidade na boa condução de grupos, considerou-se essencial verificar sua

percepção sobre a RPPN Buraco das Araras e avaliar como está ocorrendo a

integração da visitação turística conduzida pelos mesmos e sua relação com a

conservação ambiental do local. Responderam ao questionário 17 dos 30 guias de

turismo credenciados no sítio turístico, correspondendo a 57% do total (Anexo 8).

As informações sobre a RPPN Buraco das Araras são repassadas aos guias

e monitores ambientais por meio de comunicados e informação direta na recepção.

Esta forma de comunicação foi considerada suficiente por 82,4% dos entrevistados,

sendo que alguns consideraram que folhetos e placas explicativas poderiam

melhorar o número de informações disponíveis. Para complementar estas

informações, sugere-se que, após a finalização deste Plano de Manejo, sejam

realizadas palestras e publicação de material informativo sobre o manejo da RPPN

para os guias e monitores ambientais.

Para estes profissionais, os principais objetivos de uma RPPN deveriam ser

conservação e educação ambiental (Figura 105), sendo que a RPPN Buraco das

Araras tem conseguido promover estes dois objetivos, além de auxiliar no estímulo à

criação de novas unidades de conservação na região (Figura 106).

Objetivos de uma RPPN, segundo guias de turismo e monitores ambientais

23%

25%32%

18%

2%

visitação turísticaeducação ambientalconservação ambientalpesquisa científicacursos de capacitação

Figura 105. Objetivos de uma RPPN, segundo guias de turismo e monitores ambientais entrevistados

na RPPN Buraco das Araras, Jardim, MS

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

106

Objetivos alcançados pela RPPN Buraco das Araras

24%

9%

20%15%

19%

13%

educação ambiental do visitante

educação ambiental dacomunidade residente e vizinhaconservação de recursos naturais

incentivo à pesquisa científica

estímulo à criação de novasunidades de conservaçãodivulgação da importância deRPPNs

Figura 106. Objetivos alcançados pela RPPN Buraco das Araras, segundo guias de turismo e

monitores ambientais entrevistados na RPPN Buraco das Araras, Jardim, MS

Todos os procedimentos adotados pelo sítio turístico como normas de

operação foram indicados como positivos pelos guias de turismo e monitores

ambientais, sendo que apenas quatro entrevistados indicaram como indiferente a

obrigatoriedade de se respeitar o intervalo entre os grupos e sete para a presença

de pesquisadores ou equipamentos de pesquisa científica na área de passeio. Isto

indica que estas regras, criadas sob conceitos de sustentabilidade e também na

legislação ambiental, estão adequadas à condução de grupos de visitantes na RPPN

Buraco das Araras, como mostra o gráfico a seguir (Figura 107).

Influência das normas de visitação turística no aproveitamento da atividade - RPPN Buraco das Araras

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

A B C D E F G H

Normas de visitação

Tota

l de

resp

osta

s

Positivo

Indiferente

Negativo

Figura 107. Influência das normas de visitação turística no equilíbrio entre aproveitamento do passeio e a conservação ambiental, segundo guias de turismo e monitores ambientais entrevistados na RPPN Buraco das Araras, Jardim, MS, sendo: A: limite no tamanho máximo dos grupos de passeio; B: obrigatoriedade de se respeitar os intervalos de tempo entre os grupos; C: obrigatoriedade de ter um guia de turismo ou monitor ambiental acompanhando o grupo o tempo todo; D: obrigatoriedade de andar em fila e sem pisar nas laterais da trilha; E: exigência de se fazer silêncio durante todo o passeio: F: presença de pesquisadores e/ou equipamentos de pesquisa científica na área do passeio; G: proibição de alimentar os animais silvestres; H: proibição de coleta de flores, frutos, sementes, conchas, etc.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

107

Para 37% dos entrevistados, estas normas não interferem em seu trabalho,

mas colaboram um pouco (4%) e muito (57%) no bom desempenho do mesmo.

Consideram ainda que seu trabalho colabora com a conservação ambiental, devido

às informações repassadas aos visitantes sobre a necessidade da adoção de regras

e controles para proteção da área, visto que “a presença do guia ajuda na

informação e conservação da área, pois o guia fiscaliza, conscientiza e faz educação

ambiental, troca experiências, idéias e informações. Com o condutor o visitante

respeita as regras ambientais locais, recebe informações sobre fauna e flora do

cerrado, importância da natureza e passa adiante, integra o visitante com o

ecossistema”. Com isso percebe-se sua consciência da responsabilidade sobre o

grupo e o local visitado.

Para os guias de turismo e monitores ambientais entrevistados, a

transformação do Buraco das Araras em RPPN vai contribuir principalmente na

conservação ambiental e no incentivo a outros proprietários para criação de novas

unidades de conservação, além de auxiliar na divulgação para a comunidade (Figura

108). Porém parte destes entrevistados acredita que isto não terá muita influência na

qualidade do atendimento e na valorização da cultura local, indicando falta de

percepção para sua própria contribuição neste processo.

Contribuição da transformação doBuraco das Araras em RPPN

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

A B C D E F G

Objetivos esperados

Tota

l de

resp

osta

s

PositivoIndiferenteNegativo

Figura 108. Contribuição da transformação do Buraco das Araras em RPPN, segundo guias de

turismo e monitores ambientais entrevistados na RPPN Buraco das Araras, Jardim, MS, sendo: A:

conservação ambiental; B: visitação turística; C: qualidade no atendimento; D: valorização da cultura

local; E: reconhecimento por parte da comunidade: F: incentivo a outros proprietários; G: informação

sobre as unidades de conservação da região

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

108

Foi solicitado aos guias de turismo e monitores ambientais que indicassem

aspectos positivos e negativos observados ao longo da atividade turística executada

na RPPN Buraco das Araras. Os principais itens citados aparecem no quadro 3.

Quadro 3. Aspectos positivos e negativos sobre a RPPN Buraco das Araras, segundo guias de

turismo e monitores ambientais.

Aspectos Positivos Aspectos Negativos

Ganho de qualidade ambiental e na

experiência do visitante

Qualidade no atendimento

Oportunidade de passar informações sobre o

ambiente e cultura local ao visitante

Valorização da fauna livre de cativeiro

Maior aprendizado sobre as aves

Presença dos mirantes, facilitando a

observação da dolina e das araras

Rica fauna local

Atrativo turístico singular

Grande número de araras-vermelhas

Mudança no uso da área, preservando os

arredores da dolina

Mudança do receptivo para local distante da

dolina

Ausência de placas informativas para auxiliar

na educação ambiental

Ausência de cestos de lixo nos mirantes

Ausência de trilhas mais longas ou de

interesse específico, como observação de

aves

Condições ruins da estrada de acesso ao

sítio turístico em boa parte do ano

Estas informações evidenciam a percepção dos entrevistados para o ganho

ambiental que o local recebeu após as mudanças em sua operação turística. Parte

destes profissionais atua no sítio turístico desde o início das atividades,

testemunhando a melhoria do ambiente e também na qualidade do atendimento.

Assim, considera-se satisfatória, do ponto de vista dos guias e monitores ambientais,

os procedimentos adotados para o manejo da área e a criação da RPPN Buraco das

Araras.

2.13 PESQUISA E MONITORAMENTO

A resolução conjunta SEMA/MS/Nº 004/2004, referente ao manual de

licenciamento ambiental, recomenda, para concessão da Licença de Operação, a

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

109

implantação de um programa de monitoramento ambiental nas áreas de uso

turístico, com a finalidade de avaliar os impactos provenientes dessa atividade sobre

o meio ambiente. Esta resolução é um complemento da Lei Estadual Nº 331/98, que

regulamenta o Licenciamento Ambiental para os empreendedores que pretendam

desenvolver atividades turísticas em ambientes naturais. Embora a Resolução

CONAMA Nº 347/04 não explicite a necessidade de monitoramento, a

obrigatoriedade de enviar relatórios técnicos ao IBAMA (Art. 6º, § 3º) pode ser

interpretada como tal.

Ainda que na Licença de Operação Nº193/07 (Anexo 1) não conste a

obrigatoriedade de monitoramento como condicionante, entende-se que o

desenvolvimento de um programa específico, embasado nos resultados técnicos e

demandas de pesquisas identificadas neste documento é fundamental como

ferramenta de conservação e uso sustentável da RPPN Buraco das Araras, servindo

inclusive para cálculo futuro da capacidade de carga turística.

Coelho et al. (2007) citam que o objetivo principal dos programas de

monitoramento desenvolvidos na RPPN Fazenda Cabeceira do Prata é avaliar o

potencial de possíveis impactos ambientais decorrentes da visitação turística,

fornecendo informações sobre os fatores que influenciam no estado de conservação

recuperação ambiental da área em estudo, visando identificar tendências qualitativas

dos recursos naturais e as influências exercidas pelas atividades turísticas e por

fatores naturais sobre o ambiente. Desta forma, subsidia medidas de planejamento,

controle, recuperação, preservação e conservação do ambiente em estudo,

auxiliando na definição das políticas ambientais. Assim, propõe-se um Programa de

Monitoramento Ambiental para a RPPN Buraco das Araras embasado em Coelho et

al. (2007) e também nos resultados obtidos neste relatório.

Variáveis sociais Visitação turística: acompanhamento da variação de visita nos meses de alta e baixa

temporada, satisfação do visitante.

Saneamento: presença de lixo ou dejetos em locais inapropriados, aromas

indesejáveis, integridade do sistema de fossas, destinação de resíduos.

Comportamento danoso: sinais de vandalismo, coleta ou depredação de plantas,

surgimento de trilhas ou atalhos não oficiais e perturbação à vida silvestre.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

110

Variáveis físicas Índices Pluviométricos: variação anual e sua influência nos outros parâmetros.

Trilhas e demais áreas da RPPN: processos erosivos, drenagem do leito de

caminhamento, e condição das estruturas de apoio aos visitantes.

Dolina

: integridade do paredão rochoso, acompanhamento de fissuras,

deslocamento de blocos, variação no volume de água do lago.

Variáveis biológicas Vegetação: integridade das plantas ao longo das trilhas, acompanhamento do

sucesso de plantio de mudas em recuperação, acompanhamento do processo de

sucessão ecológica e controle de braquiária da RPPN.

Fauna:

Brambilla, M. e Pellin, A. [coord.] (2006) Projeto Corredor de Biodiversidade

Miranda – Serra da Bodoquena: Ações prioritárias do Plano de Conservação e

freqüência e diversidade, variação de comportamento, registro de novas ou

ausência de espécies indicadoras, acompanhamento de aspectos reprodutivos.

Monitoramento específico para as populações de quirópteros, Ara chloropterus e

Myrmecophaga trydactyla.

2.13.1 PESQUISAS FINALIZADAS

Embora a Fazenda Alegria, em especial a dolina Buraco das Araras possua

grande potencial para desenvolvimento de pesquisas, até o momento são

conhecidos poucos trabalhos desenvolvidos no local, o que reforça a necessidade

da continuidade dos trabalhos executados quando da elaboração deste plano de

manejo e também a urgência em se analisar outros parâmetros não contemplados

nesta etapa do projeto. Poucos pesquisadores enviaram seus resultados para o

acervo da RPPN, o que indica a necessidade de um protocolo para pesquisas

futuras que assegure ou motive os pesquisadores a partilhar seus resultados, de

forma a subsidiar os trabalhos de conservação realizados na área.

Os seguintes trabalhos utilizaram dados obtidos dentro da propriedade (até

fevereiro de 2007):

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

111

Implementação. Relatório técnico. Campo Grande: Fundação Neotrópica do

Brasil e Conservação Internacional do Brasil. v1. 434p.

Coelho, H. R. P.; Pivatto M. A. C.; Manço D. G.; Maria, V. R. B.; Maria F. S. E

Silva, F. A. (2005) Guia de Campo de Bonito: Conhecendo a fauna e a flora da

Serra da Bodoquena. Bonito: edição própria. 120p.

Lino, C. F.; Boggiani, P. C.; Cortesão, J.; Godoy, N. M. e Karmann, I. (1984)

Projeto Grutas de Bonito (MS) – diretrizes para um plano de manejo turístico.

Relatório apresentado à MS-TUR, SPHAN e FNPM. 212p.

Martins, J. M. (2006) Prospecção de locos de microssatélites e análise da

variabilidade genética em uma população do Mato Grosso do Sul, visando a

conservação da Arara vermelha, Ara chloroptera

Pivatto, M. A. C.; Manço, D. D. G.; Straube, F. C.; Urben-Filho, A. e Milano, M.

(2006) Aves do Planalto da Bodoquena, Estado do Mato Grosso do Sul (Brasil).

Revista Atualidades Ornitológicas. 129:28.

(Psittacidae, Aves). Dissertação

(Mestrado em Genética e Evolução). Universidade Federal de São Carlos.

Sallun Filho, W. (2004) Desmoronamento junto à borda da dolina Buraco das

Araras. Laudo técnico geológico. Jardim: 13p.

Silveira, A. (2005) Lista preliminar cumulativa da avifauna observada na região

de Bonito - MS. A Última Arca de Noé.

2.13.2 PESQUISAS VINCULADAS AO PLANO DE MANEJO

As pesquisas realizadas na RPPN Buraco das Araras para fomentar o Plano

de Manejo tem como segundo objetivo a publicação científica, aumentando o

conhecimento sobra as características naturais e sociais da região. Os seguintes

trabalhos foram realizados nesta etapa:

Cunha, N. L.; Carvalho, L. F.; Santos, C. F. e Fischer, E. A. Inventário de

quirópteros no Buraco das Araras, Jardim, Mato Grosso do Sul

Mamede, S. B. (2008) Inventário da mastofauna terrestre da RPPN Buraco das

Araras, Jardim – MS. Projeto Biofronteiras do Pantanal. Relatório técnico

Pivatto, M. A. C. e Melo, F. P. Caracterização da avifauna da RPPN Buraco das

Araras (Jardim, MS) como subsídio para ações de manejo e conservação

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

112

Pivatto, M. A. C. Percepção sobre a RPPN Buraco das Araras pelos visitantes,

guias de turismo e monitores ambientais

Ribeiro-Maria, V. B. e Maria, F. S. Fitofisionomia e florística da RPPN Buraco das

Araras em Jardim, MS Scheffer, S. M. Geologia e Geomorfologia da Fazenda Alegria, Jardim, MS Wang, E. A herpetofauna da Fazenda Alegria em Jardim (MS).

2.13.3 POTENCIALIDADES PARA PESQUISA E MONITORAMENTO

Além dos trabalhos já realizados na RPPN Buraco das Araras, faz-se

necessário o fomento de novas pesquisas que possam subsidiar ações de

conservação, recuperação e manejo desta área e servir de base para projetos em

outras regiões.

Com base nos dados levantados durante o desenvolvimento do Plano de

Manejo, os técnicos sugeriram que os seguintes parâmetros sejam pesquisados na

RPPN, de forma a subsidiar futuro manejo da UC:

estudos sobre manejo de solo e combate à erosão;

monitoramento da geometria das fraturas na área de entorno da dolina;

estudos de hidrologia para o conhecimento do aqüífero cárstico profundo, para

entender a direção e sentido do fluxo de água, e qual a ligação com as demais

estruturas cársticas do campo de dolinas, qual o tempo de resiliência e qual a

área com maior influência sobre as águas subterrâneas da região;

relação das espécies florestais chaves com o mecanismo de polinização e

dispersão - frugivoria;

marcação de árvores matrizes, de forma a subsidiar as ações de recuperação da

própria RPPN;

regeneração natural nas áreas alteradas;

conhecimento pontual das espécies herbáceas ocorrentes nos cerrados, um

estudo etnobotanico;

estabelecimento de parcelas-permanentes, de forma a efetuar pesquisas, com

taxas de crescimento, biomassa, recrutamento e mortalidade, seqüestro de

carbono, estrutura fitossociológica, alterações florísticas, dentre outras;

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

113

estudos sobre a composição e distribuição da fauna local, considerando variáveis

ambientais e efeitos decorrentes da atividade turística e da fragmentação de

habitat;

estudos de inventário das espécies de pequenos mamíferos e com maior esforço

amostral para mamíferos de médio e grande porte, além de monitoramento das

espécies ameaçadas;

estudos populacionais e variabilidade genética de Myrmecophaga trydactyla;

estudos sobre riqueza, abundância e distribuição geográfica dos Xenarthra e

viabilidade de suas populações no interior da RPPN, avaliando em especial o

impacto da caça sobre as populações de tatus;

definir e implementar medidas mitigatórias aos atropelamentos de fauna nos

limites da RPPN, tais como, instalação de placas, maior sinalização, indicação

para diminuição de velocidade, entre outras;

definir e executar estudos sobre a distribuição geográfica de carnívoros

ameaçados de extinção que habitam a RPPN e seu entorno;

continuidade no levantamento da fauna de quirópteros (morcegos);

estudos sobre a biologia e ocorrência dos quirópteros Molossops temminckii,

Natalus stramineus e Micronycteris schmidtorum;

monitoramento de avifauna na RPPN e arredores, com ênfase em Ara

chloropterus;

estudos biogeográficos da distribuição original de Ara ararauna na região para

fins de manejo e conservação;

estudos sobre bandos mistos (avifauna);

estudo sobre uso da dolina para reprodução de avifauna;

continuidade do levantamento da herpetofauna da RPPN Buraco das Araras,

englobando dados coletados da estação seca;

inventário de fauna e flora específica para o interior da dolina;

limnologia e ecologia do lago no interior da dolina;

estudo de invertebrados terrestres;

estudos sobre potencial apícola;

estudo sobre os impactos ambientais e acompanhamento das interações entre

animais silvestres e os visitantes da área;

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

114

estudos de maior escala espacial, que busquem avaliar o papel da área da

RPPN dentro da paisagem regional;

estudos sociais e turísticos;

reavaliação dos estudos/cálculos sobre a capacidade de carga do passeio;

grau de significância da RPPN Buraco das Araras para o corredor de

biodiversidade do Parque Nacional da Serra da Bodoquena.

2.14 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA RPPN

A atividade principal desenvolvida atualmente dentro da RPPN é a visitação

turística, nos moldes apresentados ao longo deste documento. As trilhas turísticas

também são utilizadas para manutenção da área. Antes da área ser transformada

em uma Unidade de Conservação, a principal atividade desenvolvida na Fazenda

Alegria era a pecuária. Com o início da exploração turística, a dolina foi isolada do

resto da fazenda e, atualmente, parte das áreas utilizadas como pasto estão em

processo de recuperação, devendo ser manejadas conforme as orientações deste

documento (Item 3.3).

Além destas atividades, esta unidade de conservação também recebe

pesquisadores e acadêmicos para desenvolvimento de pesquisa científica, sendo

parceira de entidades conservacionistas e de fomento ao ecoturismo, recebendo

parceiros para atividades técnicas dentro da propriedade.

A predominância de espécies conspícuas na RPPN Buraco das Araras torna

a observação de aves uma atividade com relevante potencial turístico na

propriedade. Segundo Figueiredo (2003) a observação de aves é a atividade que

mais tem se desenvolvido atualmente, sendo um dos maiores segmentos do

ecoturismo voltados para a conservação.

Embora a comunidade de aves presente na propriedade seja de ocorrência

relativamente comum na região, a facilidade de serem observadas, associada à

beleza panorâmica da dolina e a grande população de Ara chloropterus no local

(Figura 109), é grande atrativo para grupos interessados em avifauna (Figura 110).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

115

Figura 109. Bando de Ara chloropterus (arara-vermelha)

dentro da dolina. Foto: Tietta Pivatto

Figura 110. Turistas observando bando

de araras-vermelhas na trilha turística da

RPPN Buraco das Araras.

Foto: Tietta Pivatto

O fomento desta atividade poderá ampliar a visitação turística local e

futuramente ser um modelo de uso sustentado do ambiente natural, possibilitando

sua implantação em outras localidades e contribuindo para a conservação ambiental

(Pivatto 2007).

Além disso, o trabalho educativo com alunos das escolas públicas nas trilhas

da RPPN, é uma ótima oportunidade para atividades de educação ambiental, visto

que a maioria das espécies identificadas é de fácil observação, o que estimula a

criança a procurar e identificar as aves observadas.

Assim, sugere-se a inclusão de um roteiro específico para observação de

aves, direcionado à educação ambiental e valorização destas espécies tanto pela

comunidade local quanto para os visitantes, de forma a valorar sua diversidade. Este

valor poder ser usado como ferramenta em ações de conservação não apenas local,

mas também regional. Isto porque diversas espécies observadas na propriedade

necessitam de outros ambientes para completar seu ciclo de vida (ver espécies

migratórias), dependendo da conservação dos mesmos para sua perpetuidade.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

116

2.15 SISTEMA DE GESTÃO

A administração da RPPN é feita pelos proprietários de forma integrada com a

atividade turística. Não tem conselho consultivo, sendo gerida em sistema familiar. A

receita vem exclusivamente do turismo, explorado pela visitação turística e venda de

produtos na loja existente na recepção.

Até a aprovação pelo Edital 2007 do Programa de Incentivo às Reservas

Particulares do Patrimônio Natural (CI-Brasil e REPAMS) não havia parceria com

OnGs. Porém a RPPN Buraco das Araras é sócia da REPAMS, IASB e da

ATRATUR. O apoio da prefeitura local se dá principalmente na manutenção das

estradas de acesso e divulgação dos atrativos turísticos.

2.16 PESSOAL

2.16.1 QUADRO DE FUNCIONÁRIOS

O quadro geral da Empresa possui sete funcionários fixos, sendo que apenas

um atendente não pertence à família. Cada integrante é responsável por uma ou

mais das seguintes atribuições: gerência, departamento financeiro, reservas,

atendente, monitor de turismo, viveiro de mudas, manutenção.

2.16.2 QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

Uma das características mais interessantes sobre a administração turística da

RPPN Buraco das Araras é a rápida evolução que se deu nos últimos dez anos com

relação ao profissionalismo da empresa. Do atendimento informal e improvisado de

eventuais visitantes, hoje observa-se que, mesmo sendo empresa familiar, a

organização e a busca pela qualificação profissional e pela qualidade no

atendimento são balizadoras das atividades, buscando ainda sustentabilidade

ambiental.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

117

O empreendimento procura investir constantemente em qualificação

profissional, tanto dos próprios funcionários como dos prestadores indiretos de

serviços (guias de turismo, condutores de veículos e atendentes das agências de

turismo). São promovidos treinamentos visando qualificar estes profissionais, e

sempre que possível são deslocados funcionários da fazenda para participarem de

cursos de capacitação profissional. Estes treinamentos resultam em melhorias no

manejo da RPPN, tanto na questão ambiental como de operação da atividade

turística praticada dentro de seus limites.

Os proprietários freqüentemente participam de cursos, palestras e reuniões

cujo tema seja de interesse do empreendimento e da RPPN e que estejam

relacionados ao desenvolvimento sustentável.

Alguns dos cursos e eventos freqüentados por funcionários ou prestadores de

serviços, com apoio do Buraco das Araras (até maio de 2008):

2001 – Monitor Ambiental – SEBRAE / ACÁ Expedições / Prefeituras Municipais

de Bodoquena e Aquidauana;

2002 – Guia de Turismo Regional Especializado em Atrativos Naturais – SENAC

/ Prefeitura Municipal de Jardim;

2002 – Primeiros socorros – Rescue Training International;

1999 – Qualidade no atendimento – Sebrae;

2006 – Taxidermia de animais silvestres – UCDB;

2006 – Formação de Guarda-Parque – Conservação Internacional do Brasil /

Fundação O Boticário de Proteção à Natureza / Fundação Neotrópica;

2006 – Estratégias de conservação e restauração ambiental no cerrado e

pantanal – UCDB / UFMS / UNIDERP;

2004 – Criação de abelha jataí – UNIDERP;

2006 – Monitoramento biológico e suas implicações na conservação,

desenvolvimento e sustentabilidade no Pantanal e entorno – Eathwatch Institute /

Uniderp;

2006 – Segundo Workshop da Rede de Sementes do Pantanal –

FNMA/MMA/Fundect;

2007 – Cursos e Oficinas Técnicas do Sistema de Gestão de Segurança (SGS) –

Governo Federal – Fundação de Turismo de MS/Sebrae/Abeta;

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

118

2008 – Cursos e Oficinas Técnicas do Sistema de Gestão de Segurança (SGS) –

Governo Federal – Fundação de Turismo de MS/Sebrae/Abeta;

2008 – Oficina para construção da proposta de criação do Geopark Serra da

Bodoquena-Pantanal – Atratur/Unesco.

Seguindo uma tendência iniciada pelo Recanto Ecológico Rio da Prata e por

outros sítios turísticos, o Buraco das Araras oferece mini-cursos de capacitação e

reciclagem para os prestadores de serviços diretamente ligados ao setor turístico:

guias de turismo, atendentes das agências locais e condutores de veículos. Estes

mini-cursos consistem de um treinamento específico apostilado, garantindo e

padronizando informação de qualidade e segurança para os grupos de visitantes,

apresentação do produto turístico de forma adequada e uso correto dos atrativos

turísticos da RPPN sem prejudicar seu ambiente natural. No caso específico do guia,

este só estará credenciado a trabalhar no sítio turístico se participar deste

treinamento e das reciclagens anuais. Estes encontros têm como objetivo

secundário integrar e confraternizar os prestadores de serviços.

2.17 INFRA-ESTRUTURA

Os principais equipamentos utilizados no circuito turístico da propriedade

localizam-se na Sede da fazenda, existindo na RPPN apenas estruturas de apoio e

segurança como mirantes, placas de sinalização, equipamento de primeiros

socorros e rádio-comunicação.

2.17.1 INFRAESTRUTURA DA PROPRIEDADE FORA DA RPPN

No início da operação turística, a recepção dos visitantes era feita nas

proximidades da dolina, conforme Item 2.12. Atualmente a recepção localiza-se a

280 metros da mesma, estando fora da RPPN. A construção original foi demolida e a

área está em recuperação.

Cabe lembrar que toda a estrutura descrita a seguir recebeu licença ambiental

do órgão fiscalizador responsável (Anexo 1).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

119

Recepção Localizada próxima ao estacionamento, é composta por duas construções em

forma de quiosques. No quiosque principal encontra-se o receptivo, banheiros e loja

(Figura 111). O segundo quiosque é usado como área de descanso e espera (Figura

112).

Figura 111. Recepção. Foto: Tietta Pivatto

Figura 112. Área de descanso. Foto: Tietta Pivatto

Alojamento para funcionários e pesquisadores Além da casa principal onde residem os proprietários (Figura 113), existe uma

segunda construção, mais rústica, utilizada para acomodar um funcionário,

empreiteiros e pesquisadores (Figura 114). Uma trilha com 80 metros liga a

recepção à casa dos proprietários, sendo utilizada apenas para serviços.

Figura 113. Casa dos proprietários

Foto: Buraco das Araras

Figura 114. Alojamento para funcionários e

prestadores de serviços. Foto: Buraco das Araras

Área de serviços A área de serviços (Figura 115) serve de apoio para manutenção e obras, além

de armazenamento de equipamentos.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

120

Viveiro de mudas

Localizado na área de serviços, o viveiro produz mudas de árvores nativas

para plantio dentro da RPPN e reflorestamento em diversas áreas da fazenda

(Figura 116).

Figura 115. Área de serviços. Foto: Tietta Pivatto

Figura 116. Área de serviços. Foto: Tietta Pivatto

Estacionamento

Localizado na entrada do sítio turístico (Figura 117), tem capacidade para

cerca de 20 veículos (Figura 118). Com exceção do acesso à casa dos proprietários

a partir do estacionamento (200 metros), não existem outras estradas internas

dentro da propriedade, toda locomoção é feita por meio de cavalo ou a pé.

Figura 117. Entrada do sítio turístico.

Foto: Tietta Pivatto

Figura 118. Estacionamento.

Foto: Tietta Pivatto

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

121

Captação de água

A água utilizada na propriedade vem de uma

mina localizada em uma propriedade vizinha a 3000

metros da Fazenda Alegria. É captada por um

sistema de roda d’água e transportada em tubos de

PVC para a caixa d’água, cuja capacidade é de

10.000 litros (Figura 119).

Figura 119. Caixa d’água.Foto: Tietta Pivatto

Destinação de lixo e efluentes

A preocupação com a destinação de lixo e resíduos é constante na

propriedade. A destinação de efluentes líquidos é feita em fossas sépticas e

sumidouros, de acordo com a Licença de Operação Turística da propriedade.

Destinação do Lixo

Figura 120. Separação de lixo na

recepção. Foto: Tietta Pivatto

Nas áreas de uso turístico ao redor da

recepção, os latões de lixo são divididos em 3

categorias, identificadas em suas tampas:

plásticos, metal e demais rejeitos (Figura 120).

Separação semelhante também é feita nas

áreas de serviço (cozinha e outras áreas de

trabalho).

O lixo sanitário é disposto em cestos localizados nos banheiros, havendo

avisos para que não se jogue nada nos vasos sanitários. Todo este rejeito é

coletado é separado diariamente na propriedade pelos funcionários, e após esta

triagem tem os seguintes destinos:

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

122

METAIS, PLÁSTICOS E PAPELÃO são armazenados na propriedade em

um galpão telado e coberto de 4m x 6m, onde fica no máximo 30 dias.

LIXO ORGÂNICO por ser de pequeno volume, é depositado dentro da

própria propriedade em composteiras escavadas no solo.

LIXO SANITÁRIO e REJEITOS

produtos não recicláveis são separados

e levados para o aterro controlado do

município de Jardim. Eventualmente

ocorre a queima de resíduos.

O material reciclável e os rejeitos

são acondicionados em local próprio

(Figura 121), sendo levados

mensalmente para Jardim, tendo como

destino final empresa de reciclagem do

município.

Figura 121. Armazenagem para lixo reciclável na

Fazenda Alegria. Foto: Tietta Pivatto

Efluentes Líquidos (esgoto)

O sistema de esgotamento sanitário é feito por meio de fossas sépticas com

sumidouros. As fossas são esvaziadas a cada 12 meses ou sempre que se fizer

necessário, sendo os rejeitos encaminhados para o sistema de tratamento de esgoto

de Jardim em veículo apropriado. A caixa de gordura é limpa a cada 04 meses. Toda

esta infra-estrutura de esgotos foi planejada e dimensionada de acordo com as

normas da NBR Nº 7229/93 e o fluxo de pessoas, contando com uma margem de

segurança em relação à capacidade máxima projetada de visitantes e funcionários.

Estas estruturas passam por inspeções visuais mensais.

2.17.2 INFRA-ESTRUTURA DA RPPN

O limite oeste da RPPN não possui cerca demarcatória, porém a UC é

protegida por uma cerca localizada a 150 metros desta, ampliando a área protegida.

Todos os demais limites possuem cerca de proteção.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

123

Trilhas e estruturas de apoio

Atualmente existe apenas uma trilha utilizada para visitação turística dentro

da RPPN, com 970 metros, que atravessa um trecho de cerrado, circula a dolina e

retorna para a recepção (Figura 122). Estuda-se a possibilidade de se criar

futuramente uma trilha exclusiva para atividades de observação de aves, conforme

item 2.12.

a

b

Figura 122. Trilhas turísticas de acesso à dolina (a) e retorno para a recepção (b). Foto: Tietta Pivatto

O revestimento desta trilha segue o mesmo padrão descrito em Coelho et al.

(2007), ou seja, todo o trajeto principal foi revestido com uma camada de cascalho

misturado com solo arenoso e material orgânico (folhas), retirados de áreas dentro

da própria fazenda. Este recurso tem se mostrado bastante eficiente, pois auxilia na

drenagem da água, evitando a formação de poças, lama, alargamento da trilha ou

erosão, além de evitar exposição de raízes.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

124

Devido ao relevo plano da área,

não foi necessário instalar estruturas

como passarelas e escadas na trilha,

sendo que a única intervenção foi a

aplicação de degraus de madeira (Figura

123) em um trecho com leve inclinação

para garantir qualidade, segurança e

proteção do solo.

Figura 123. Degraus para proteção do solo.

Foto: Tietta Pivatto Mirantes

Na borda da dolina existem dois mirantes que possibilitam uma visão

panorâmica dos arredores e possibilidade de compreensão da geografia local, mas

sem interferir na paisagem (Figura 124).

a

b

Figura 124. Mirantes para observação da dolina. Foto: Tietta Pivatto

A madeira utilizada nas construções é a itaúba, de origem controlada

(fiscalizada e com notas carimbadas pelo IBAMA) ou proveniente de

reaproveitamento (principalmente postes de cercas antigas). As pranchas possuem

largura média de 15 cm, sendo o espaçamento médio entre elas entre 2 a 3 cm. É

importante destacar que nenhuma árvore foi retirada quando da instalação das

trilhas e demais estruturas.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

125

Sinalização – placas de madeira

A trilha conta com diversas placas de madeira entalhadas, com informações

de orientação (Figura 125). Futuramente serão trocadas por placas interpretativas

para auxiliar o trabalho dos guias de turismo e monitores ambientais, com linguagem

adequada e texto bilíngüe, conforme item 3.4.5.

a

b

Figura 125. Placas informativas presentes na trilha. Foto: Tietta Pivatto

2.18 EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

A atividade turística desenvolvida na propriedade conta com equipamentos

específicos, sendo que parte deles é utilizada para manutenção, fiscalização ou

apoio ao visitante dentro da RPPN, como radiocomunicação e primeiros socorros.

2.18.1 COMUNICAÇÃO

A infra-estrutura de comunicações está instalada na recepção. É constituída

por três linhas telefônicas (um telefone monocanal e dois celulares rurais), Internet

com acesso via satélite, um microcomputador e sistema interno de

radiocomunicação. Este sistema foi implantado em setembro de 2006 e a operação

está sujeita a um protocolo detalhado que é de conhecimento de todos os usuários.

Compõem o sistema de radiocomunicação do empreendimento:

01 unidade fixa na recepção;

03 unidades móveis (rádios portáteis HT), distribuídos da seguinte forma:

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

126

01 no Mirante 1;

01 no Mirante 2;

01 disponível para vistorias e outras atividades fora da recepção.

2.18.2 EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA E PRIMEIROS SOCORROS

Existem três kits para primeiros socorros e resgate na propriedade, sendo um

na recepção e um em cada Mirante (Figura 126). Os kits localizados nos mirantes

são compostos pelos seguintes itens:

Rádio comunicação

Gaze

Esparadrapos e Band-aid

Faixas p/ imobilização

Pinça

Luvas

Pomada p/ picadas de insetos

Anti-séptico

Protetor p/ RCP

Figura 126. Equipamento de primeiros socorros

disponível na trilha. Foto: Tietta Pivatto

Na recepção o kit também apresenta antialérgico injetável, maca com cinta

imobilizatória, imobilizador de cabeça, colar cervical e reanimador manual.

Em 2007 o sítio turístico associou-se ao Sistema de Gestão de Segurança da

ABETA, de forma eliminar riscos e garantir melhor atendimento de emergências.

2.18.3 EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIOS

Não existem registros recentes de incêndios na região onde está inserida a

Fazenda Alegria, visto que a maior parte das propriedades substituiu o pasto nativo

(tradicionalmente manejado com fogo) por capim braquiária. Entretanto faz-se

necessária a aquisição de equipamentos para prevenção do fogo, visto que

atualmente o material existente na propriedade é composto de três extintores

portáteis de pressurização direta localizados na recepção, sendo dois Tipo A (carga

de água, 10L, capacidade extintora 2-A) e um tipo B/C (pó químico, 12L), além de

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

127

equipamentos de apoio como enxadas e machados. Os equipamentos para combate

a incêndios serão incrementados conforme as orientações deste documento.

2.19 RECURSOS FINANCEIROS

Os recursos para gestão da RPPN são advindos da visitação turística,

instituída desde 1995 por meio da empresa Empreendimentos Turísticos Buraco das

Araras Ltda., bar e vendas na loja de artesanatos, localizada na recepção. O apoio

financeiro institucional é uma meta futura, após a efetivação do Plano de Manejo.

2.20 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ENTORNO

Os principais indicadores sociais e econômicos dos dois municípios

encontram-se no anexo 9. Para complementar estas informações, neste capítulo

foram utilizados dados do IBGE (2008), pesquisas apresentadas em Marins e

Martins (2006) e Coelho et al. (2007).

A Fazenda Alegria localiza-se integralmente dentro do município de Jardim,

estando cerca de seis quilômetros distante do rio da Prata, marco divisório entre

este município e Bonito. A visitação depende de Bonito, onde a infra-estrutura

turística é mais desenvolvida. Assim, neste diagnóstico serão considerados apenas

os municípios de Jardim e Bonito.

Os dois municípios estão inseridos na Mesoregião Sudoeste de Mato Grosso

do Sul, Microregião Bodoquena (SEMAC 2008).

2.20.1 ECONOMIA E SERVIÇOS

Bonito e Jardim possuem uma rede de serviços básicos bastante completa,

especialmente se comparados a outros municípios da região com o mesmo porte e

população. Bonito, em particular, destaca-se pela oferta de serviços voltados ao

atendimento turístico, devido à importante participação desta atividade na economia

da cidade (Figura 127).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

128

Participação no PIB

32.7%

53.7%

11.2% 8.5%

56.1%

37.8%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Jardim Bonito

Município

Porc

enta

gem

do

PIB

AgropecuáriaIndústriaComércio e Serviços

Figura 127. Distribuição do produto interno bruto de acordo com a fonte de produção econômica nos

municípios de Jardim e Bonito (MS). Fonte: Adaptado de Martins e Martins (2006)

2.20.2 JARDIM – DADOS GERAIS SOBRE ECONOMIA E SERVIÇOS

Histórico de Jardim Em 1802 existia um forte militar espanhol nos limites territoriais ocupados hoje

pela cidade de Bela Vista, fundado pelo capitão espanhol Juan Caballero. A

Espanha não considerava como limites de seus domínios territoriais o rio Apa,

interpretação que seria inclusive correspondida pela República do Paraguai.

João Gabriel Lopes estabeleceu-se no Ribeirão Monjolinho, afluente do rio

Apa, onde fundou estabelecimento no ano de 1846. Faleceu em 1848 e deixou à sua

mulher, Maria da Conceição Lopes, os cuidados de manter suas posses.

Em 1850 forças paraguaias invadiram o território, aprisionaram e conduziram

para Assunção Dona Maria, seus filhos e os moradores de doze casas que já

existiam no local. Bela Vista ficou abandonada até 1872, quando uma comissão de

limites Brasil-Paraguai definiu como divisa dos dois países o rio Apa. Tempos

depois, Dona Maria casa-se com José Francisco Lopes, que mais tarde iria indicar

às forças brasileiras, durante a Guerra do Paraguai (1865-1870), o melhor caminho

para alcançar Nioaque (Retirada da Laguna).

Com o aumento da população rural e urbana, em 10 de abril de 1900 a

resolução Nº. 255 criava a Paróquia de Paz de Bela Vista, com os limites já

existentes no distrito policial, estabelecido por volta de 1889. O governo de Estado,

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

129

pela Lei Nº. 502, de 3 de outubro de 1908, criava o município de Bela Vista,

incorporando-o à Comarca de Nioaque com os mesmos limites do Distrito de Paz.

Foi elevada à categoria de cidade em 16 de julho de 1918, por força da Lei Federal

Nº. 772. Segundo o quadro anexo ao Decreto Estadual Nº. 583, de 24 de dezembro

de 1948, o município de Bela Vista figurava com três distritos: o da sede municipal, o

de Caracol e o de Jardim.

A região onde hoje localiza-se o município de Jardim começou a ser ocupada

após a guerra do Paraguai, por várias fazendas de gado que ali se estabeleceram.

Em 1939, o 6º Batalhão de Engenharia, aquartelado em Aquidauana, mudou-se em

definitivo para a Fazenda Jardim e construíram-se casas em estuque, taipa e tábua,

cobertas de folhas de zinco onde viviam os funcionários civis e militares da CRE-3.

Em 14 de maio de 1946 teve início a venda dos primeiros terrenos aos servidores da

CRE-3 e em 13 de setembro de 1948 foi criado o distrito de Jardim, subordinado ao

município de Bela Vista. Em 1953 é elevado a município.

Atualmente conta com 22.500 habitantes, tendo como atividade principal a

agropecuária. Possui diversos pontos históricos relacionados à Guerra do Paraguai

que, junto com os atrativos turísticos naturais do município, têm atraído visitantes

para a região.

(Fonte: Prefeitura Municipal de Jardim, página oficial na internet, em Coelho et al.(2007)

Economia e Serviços Seguindo os padrões predominantes no centro-oeste brasileiro, a pecuária de

corte é a principal atividade econômica no município, com 200.635 cabeças,

enquanto na atividade agrícola destacam-se as culturas de soja com 5.070 ha de

área plantada e milho com 1.220 ha (SEMAC 2008). Segundo o Censo Agropecuário

1996 (IBGE 1996), o setor agropecuário empregava 1.363 pessoas entre

temporários e permanentes. A figura 128 indica o uso da terra neste mesmo período.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

130

Jardim - Uso da Terra

3.1%

72.5%

19.1%

5.3%

LavourasPastagensFlorestasNão usadas

Figura 128. Uso da terra no município de Jardim (MS). Fonte: IBGE (1996)

No setor de serviços destaca-se o turismo, em especial pelo fato do município

possuir sítios turísticos conhecidos como o Buraco das Araras, Recanto Ecológico

Rio da Prata, Lagoa Misteriosa, balneários públicos e privados, grutas e atrativos

com potencial para exploração turística. Jardim possui 10 hotéis, 02 agências de

turismo, 14 estabelecimentos de alimentação, estação rodoviária, pontos de táxi e

moto-táxi (PMJ 2006).

O comércio varejista inclui estabelecimentos onde destacam-se os ramos de

alimentação, vestuário e artigos para uso diverso, mobiliário e eletrodomésticos,

maquinários, produtos químicos e farmacêuticos, artigos para recreação e

desportivos, materiais para construção, veículos e implementos, peças e produtos

para lavoura/pecuária. Estabelecimentos de comércio para serviços gerais incluem

academia de ginástica, artigos de informática, estética pessoal, livrarias, locadoras

de veículos, lojas de artesanato, supermercados, oficina mecânicas, postos de

combustíveis, locadoras de vídeo/DVD e outros (Martins e Martins 2006).

Jardim possui um Aeroporto Municipal com pista asfaltada de 900m,

homologado pelo Ministério da Aeronáutica, localizado a 1 km do centro da cidade.

O município conta ainda com delegacias das Polícias Militar, Civil, Ambiental e um

destacamento do Corpo de Bombeiros (Martins e Martins 2006).

No setor de comunicações, a cidade possui duas agências dos Correios,

serviços de telefonia fixa e celular e acesso à Internet de banda larga. Instituições

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

131

sociais e de lazer incluem duas bibliotecas, cinco clubes de lazer, sindicatos,

associações de bairro e de classe (Martins e Martins 2006).

2.20.3 BONITO – DADOS GERAIS SOBRE ECONOMIA E SERVIÇOS Histórico de Bonito Bonito tem suas origens na história da formação do município de Miranda,

ligada à expansão espanhola do século XVI no vale do Paraguai, como ponto de

apoio às expedições que pretendiam alcançar as minas do Peru. Em 1580 Ruy Dias

Melgarejo funda a primeira cidade de Santiago de Xerez às margens do rio Mbotetei

(rio Miranda). Após vários conflitos com os índios que habitavam a região, o

povoado muda-se para as margens do rio Mondego (Aquidauana), permanecendo

apenas algumas famílias que conviviam pacificamente com os indígenas. Esse

relacionamento amistoso facilitou a implantação da Missão Itatim, que foi alvo

constante de ataques de bandeirantes paulistas e colonos espanhóis que

pretendiam aprisionar os índios e mestiços aldeados para escravizá-los.

Com a descoberta de ouro em Cuiabá a Coroa Portuguesa expulsa os

espanhóis da região do vale do rio Paraguai. O Presídio de Nossa Senhora do

Carmo do Rio Miranda foi construído em 1778 a mando do capitão-general da

Capitania de Mato Grosso, Caetano Pinto de Miranda Montenegro. Um pequeno

povoado começou a desenvolver-se em volta do presídio, que em 1857 é elevado à

categoria de vila e passa a denominar-se Miranda, e em 07 de outubro de 1871 é

elevada à categoria de Município.

Durante a Guerra do Paraguai (1870-1875), vários colonos e fazendeiros

ajudaram no abrigo e condução das tropas até a região de fronteira. Também os

índios Guaicuru participaram dos combates. Após o final da guerra, muitas pessoas

que haviam fugido retornaram, junto de novos colonos vindos de Minas Gerais, São

Paulo, Rio Grande do Sul e outras regiões. Muitas famílias foram dizimadas pelos

constantes ataques indígenas, dificultando a criação de um povoado.

A Fazenda Rincão Bonito, de propriedade do Sr. Euzébio, foi adquirida pelo

Capitão Luiz da Costa Leite Falcão, que aqui chegara em 1869, com a missão de

expulsar os índios da região. O Capitão Falcão foi o primeiro escrivão e tabelião do

lugar, incentivando a fixação dos primeiros moradores da vila. Em 11 de junho de

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

132

1915, a vila Rincão Bonito é elevada a Distrito de Paz de Bonito, desmembrando-se

a área do município de Miranda, mas com subordinação administrativa. Foi elevado

à condição de município em 02 de outubro de 1948. As principais atividades

econômicas de Bonito são a pecuária, o turismo, agricultura e mineração de calcário.

(Fonte: Prefeitura Municipal de Bonito, página oficial na internet)

Economia e Serviços Bonito tem se destacado nacionalmente como destino de turismo de

natureza, sendo visitado por aproximadamente 70.000 turistas/ano (COMTUR 2008),

e o sistema de gestão da atividade turística tem sido considerado modelo, atraindo

missões técnicas de várias partes do país. A atividade é responsável por

aproximadamente 56% dos empregos gerados, e a estrutura turística abrange 38

sítios abertos à visitação (sendo 36 em áreas privadas e 02 geridos pelo poder

público), 67 meios de hospedagem (totalizando 4.134 leitos), 30 agências de

turismo, 80 guias de turismo atuantes e diversas empresas de transporte (incluindo

serviços de táxi, moto-táxi, van, ônibus, locação de carros e bicicletas). Os passeios

oferecidos incluem caminhadas, flutuação em rios cristalinos, banhos em

cachoeiras, cavalgadas, mergulhos autônomos e outras modalidades de turismo de

aventura (COMTUR 2008).

Todos os sítios turísticos possuem controle de visitação e outras normas de

uso definidas por legislação estadual, e diversas associações de classe atuam no

sentido de ordenar a gestão e regulamentação do sistema turístico (associações de

guias, agências de turismo, meios de hospedagem, restaurantes, empresas de

transporte). Conselhos municipais como o Conselho Municipal de Meio Ambiente de

Bonito (COMDEMA) e o Conselho Municipal de Turismo de Bonito (COMTUR)

possuem representantes destas entidades de classe e também do setor público,

deliberando sobre assuntos de interesse relacionados à gestão ambiental e do

turismo no município.

A pecuária de corte (gado bovino) também tem um papel marcante na

economia local, com um rebanho bovino de 382.330 cabeças (SEMAC 2008), e vem

aprimorando-se com a modernização dos equipamentos e instalações. O município

possui ainda uma área agriculturável em torno de 18.000 hectares, com

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

133

predominância de soja e milho (SEMAC 2008). A figura 129 indica o uso da terra

neste mesmo período.

Bonito - Uso da Terra

4.0%

66.3%

23.2%

6.4%

LavourasPastagensFlorestasNão usadas

Figura 129. Uso da terra no município de Bonito MS). Fonte: IBGE (1996)

Com relação à mineração, o subsolo de Bonito abriga uma jazida de mármore

com 51 milhões de metros cúbicos, ocorrendo ainda minérios como calcário, calcita,

pedras para construção e argila (COMTUR 2008).

Seis Organizações não-Governamentais (OnGs) atuam em frentes diversas,

com destaque para as questões ambientais e sociais, possuindo também

representação no COMDEMA. Recentemente estabeleceu-se no município o Bonito

Conventions & Visitors Bureau (BCVB), cujo objetivo principal é captar eventos para

o município (congressos, feiras, etc) nos âmbitos regional, nacional e internacional.

O setor de serviços – voltados tanto à população local como ao turista – inclui

duas agências bancárias com caixas automáticos (Banco do Brasil e Bradesco), um

centro de convenções (com capacidade para 1.500 pessoas), supermercados,

restaurantes, lanchonetes, bares, farmácias, padarias, postos de combustíveis,

laboratórios fotográficos, lojas (roupas, calçados, lembranças, suprimentos

agropecuários, informática, eletrodomésticos, materiais para construção e outros

itens) oficinas mecânicas, provedores de acesso à Internet, agência de correios,

banca de jornal, academias de ginástica, locadoras de vídeo/DVD e outros.

Telefones públicos encontram-se disponíveis principalmente na região central, e a

cidade não possui posto telefônico. Telefones celulares funcionam adequadamente

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

134

dentro da área urbana, porém o sinal torna-se fraco ou inexistente ao afastar-se para

a zona rural (COMTUR 2008).

No setor de emergências, Bonito possui delegacias das Polícias Militar, Civil e

Ambiental, mas não há posto ou destacamento do Corpo de Bombeiros. Instituições

de lazer e cultura incluem duas bibliotecas públicas, clubes de lazer e associações

de bairros e de classes (COMTUR 2008). Possui rodoviária e um aeródromo com

capacidade para receber aeronaves de médio porte (pista pavimentada, com 2.000

metros e largura 30 metros) a 14 quilômetros do centro.

A localidade conhecida como “Quilômetro 21”, a 80 km da sede do município,

concentra atividades de pesca profissional e também turística.

2.20.4 ASPECTOS SÓCIO-AMBIENTAIS DE JARDIM E BONITO

Martins e Martins (2006) realizaram uma série de pesquisas com lideranças

dos municípios englobados no Projeto Corredores de Biodiversidade Miranda-Serra

da Bodoquena (Brambilla e Pellin 2006), cujos resultados serviram de base para as

questões citadas a seguir, onde foram considerados apenas os aspectos mais

relevantes para o presente Plano de Manejo da RPPN Buraco das Araras (adaptado

de Coelho et al. 2007).

Jardim - Acesso a Esgotamento Sanitário

2.47

%

0.00

%

1.77

%

1.60

%

91.5

0%

85.1

1%

0.90

%

3.46

%

0.04

%

0.00

%

2.45

%

0.53

%

0.88

% 9.31

%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

urbano rural

Tipo de Domicílio

Porc

enta

gem

de

Dom

icíli

os

Rede geral de esgotoFossa sépticaFossa rudimentarValaRio ou lagoOutro escoadouroSem banheiro

Figura 130. Acesso a esgotamento sanitário no município de Jardim (MS), de acordo com o tipo de

domicílio. Fonte: Adaptado de Martins e Martins (2006)

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

135

Bonito - Acesso a Esgotamento Sanitário

38.3

1%

0.08

%

4.26

%

2.88

%

53.7

6%

82.6

4%

0.09

%

1.19

%

0.42

%

0.17

%

0.03

%

5.25

%

3.13

%

7.79

%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

urbano rural

Tipo de Domicílio

Porc

enta

gem

de

Dom

icíli

os

Rede geral de esgotoFossa sépticaFossa rudimentarValaRio ou lagoOutro escoadouroSem banheiro

Figura 131. Acesso a esgotamento sanitário no município de Bonito (MS), de acordo com o tipo de

domicílio. Fonte: Adaptado de Martins e Martins (2006)

Acesso a Coleta de Lixo

96.1% 92.2%

7.8% 3.7%0%

20%

40%

60%

80%

100%

Bonito JardimMunicípio

Porc

enta

gem

de

Dom

icíli

os

urbanorural

Figura 132. Acesso à coleta de lixo nos municípios de Bonito e Jardim (MS), de acordo com o tipo de

domicílio. Fonte: Martins e Martins (2006)

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

136

Problemas Ambientais do município(segundo opinião dos entrevistados)

30%

20%

50%

20%

50%

20%

10%

0%

10%

0%0%

30%

40%

50%

20%

0%

10%

40%

10%

0%0%

20%

0%

20%

0%

10%

0%

10%

10%

0%0%

10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Jardim Bonitomunicípio

porc

enta

gem

de

cita

ções

desmatamento lixo falta de consciência falta de conhecimento

saneamento degradação do solo destruição da mata ciliar assoreamento

esgoto que cai no rio voçorocas drenagem de água falta de reserva legal

ineficácia da polícia florestal uso de agrotóxicos terra improdutiva asfalto das cidades

Figura 133. Principais problemas ambientais encontrados nos municípios de Jardim e Bonito (MS),

segundo moradores entrevistados. Fonte: Martins e Martins (2006)

Os seguintes itens constantes da entrevista não receberam nenhuma citação

por parte dos pesquisados, nos dois municípios em questão: queimadas, erosão,

enchentes, caça, carvoarias, exploração do meio ambiente, cachorros na cidade,

falta de aterro sanitário, falta de arborização urbana, pesca profissional, má

conservação do solo, extração ilegal de madeira.

Conhecimento Sobre Unidades de Conservação100%

90%

0%10%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Bonito JardimMUNICÍPIO

porc

enta

gem

de c

itaçõ

es

ConhecemNão conhecem

Figura 134. Grau de conhecimento sobre Unidades de Conservação pelos entrevistados nos

municípios de Jardim e Bonito (MS). Fonte: Martins e Martins (2006)

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

137

2.20.5 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO CITADAS PELOS ENTREVISTADOS NOS DOIS MUNICÍPIOS

Jardim: Parque Nacional da Serra da Bodoquena, APA, RPPNs Cabeceira do Prata,

Buraco das Araras, Fazenda Atoledo e Buraco das Abelhas.

Bonito

Opinião Sobre Criaçãode Unidades de Conservação

80% 80%

10%20%

10%0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Jardim Bonito

município

porc

enta

gem

de

cita

ções

A FavorContraNão tem Opinião

: RPPNs Fazendas São Geraldo (Rio Sucuri), Cabeceira do Prata, América e

da Barra (Projecto Vivo); Parque Nacional da Serra da Bodoquena; Gruta do Lago

Azul; Reservas Legais e uma RPPN em processo de criação (Estância Mimosa).

Figura 135. Opinião dos entrevistados nos municípios de Jardim e Bonito (MS) sobre a criação de

Unidades de Conservação. Fonte: Martins e Martins (2006)

Conhecimento sobre Programasde Apoio a RPPNs

30%40%

70%60%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Bonito Jardim

município

porc

enta

gem

de c

itaçõ

es

Não conhece Conhece

Figura 136. Grau de conhecimento sobre programas de apoio à criação de RPPNs nos municípios de

Jardim e Bonito (MS) pelos entrevistados. Fonte: Martins e Martins (2006)

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

138

Opiniões apresentadas pelos entrevistados nos dois municípios:

Jardim

: “A favor de proteger o que não está desmatado ainda. A favor de proteger

mananciais, cabeceiras de rio e clima. A favor, é uma forma de prevalecer

uma proteção à área de forma legal. Contra, o governo não tem condição de

fiscalização e deixa a desejar. A favor, falta umidade pela falta de árvores. A

favor, o homem não cuida, somente através de lei se garante que a área seja

protegida. A favor, é uma forma de visão holística, é uma garantia de que

sempre vai existir. A favor, a mata está acabando pela falta de preservação.”

Bonito

2.21 POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE

O Corredor de Biodiversidade Miranda-Serra da Bodoquena (Figura 137) ocupa posição estratégica no continente sul-americano por estar em área de contato

entre os biomas brasileiros Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal e o Chaco Úmido na

fronteira com o Paraguai, o que lhe confere uma alta relevância quanto a padrões

biogeográficos de fauna e flora. Suas características regionais também contribuem

para esta relevância, como a presença da Serra da Bodoquena, uma importante

zona de recarga de aqüífero e divisor de águas que abastece as principais bacias

hidrográficas da região, abrigando ainda o maior remanescente de Floresta

Estacional Decidual do Estado do Mato Grosso do Sul (Brambilla e Pellin 2006).

: “Favorável, para a própria sustentabilidade do ecossistema geral, da

biodiversidade e do clima. Desprezo as unidades de uso sustentável, deveria

ser trabalhado o entorno de uma área natural protegida, não vejo nenhuma

vantagem das unidades de uso sustentável dentro do contexto do MS.

Contrário, não tem direito de discussão com o público. A favor, é o que vai

sobrar no planeta, é uma forma de a gente poder manter a biodiversidade no

planeta. A favor, mas tem que escolher bem as áreas. A favor, temos que ter

preocupação com o nosso verde. A favor, tem que proteger as áreas. Há

reserva legal de 20% mas tem que ter fiscalização atuante. A favor, tem que

relacionar e preservar os animais. A favor, foi o primeiro a pedir o Parque de

Bodoquena. A favor, é o futuro e sustento do município, devemos cuidar.”

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

139

Especificamente para a região estudada (Figura 138) fica evidente a grande

fragmentação ocorrida, com poucas possibilidades de se criar corredores ecológicos

que conectem a RPPN Buraco das Araras ao rio Verde e à RPPN Cabeceira do

Figura 137. Mapa do Corredor de Biodiversidade Miranda – Serra da Bodoquena e os municípios que

o compõem. Adaptado de Brambilla e Pellin (2006)

Distando cerca de 15 quilômetros da porção sul do Parque Nacional da Serra

da Bodoquena, as RPPNs Cabeceira do Prata e Buraco das Araras ocupam posição

estratégica na paisagem regional, desempenhando papel essencial para conectar o

Parque Nacional com os remanescentes naturais localizados à leste (Coelho et al.

2007). Estas RPPNs, junto com a RPPN Xodó do Vô Ruy, representam atualmente

as únicas Unidades de Conservação existentes no município de Jardim, fazendo

parte da rede de Unidades de Conservação da região, composta por um Parque

Nacional, dois Monumentos Naturais Estaduais (Bonito, 277,08 ha); um Parque

Natural Municipal (Porto Murtinho, 51,96 ha); dezessete Reservas Particulares do

Patrimônio Natural (oito em Corumbá, três em Miranda, três em Jardim, duas em

Bonito, e uma em Bodoquena, totalizando 70551,56 ha) (Brambilla e Pelin 2006;

REPAMS 2008). A criação de mais duas novas RPPNs em Corumbá, uma em

Bonito, uma em Porto Murtinho, uma em Bodoquena e duas em Aquidauana,

previstas para o próximo ano (REPAMS, com. pess., 2008) vem ampliar as áreas

protegidas desta região, formando um mosaico de conservação.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

140

Prata e por conseguinte ao rio da Prata. A grande área de pastagem entre estas

duas unidades de conservação, associada à estrada que divide a paisagem,

exigiriam maiores esforços e abandono de áreas em outras propriedades para

viabilizar um corredor regional. No entanto, localmente, a RPPN Fazenda Cabeceira

do Prata está conectada à mata ciliar do rio da Prata. A RPPN Buraco das Araras,

embora isolada da mata ciliar do rio Verde, poderia ser conectada a esta com

trabalhos de recomposição florestal.

Futuramente poderiam ser feitos esforços para unir estes dois fragmentos,

restabelecendo a comunicação original entre estes dois rios e, futuramente, com o

grande fragmento representado pelo Parque Nacional Serra da Bodoquena. Ao se

estreitar a proximidade da RPPN Buraco das Araras com estes contínuos florestais,

amplia-se a capacidade do mesmo em restabelecer sua fauna e flora original.

Esta conectividade depende ainda dos corredores formados pelas matas

ciliares remanescentes e diversas Reservas Legais, em uma paisagem de mosaico,

causada pelo desmatamento para exploração agropecuária (Coelho et al. 2007).

Figura 138. Localização das RPPN Buraco das Araras (BA) e Cabeceira do Prata (CP) e os rios da

Prata (acima de CP) e Verde (abaixo de BA). Fonte: Microsoft Company (2008)

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

141

2.22 DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA

O Planalto da Bodoquena é uma região de contato entre a porção sudoeste

do bioma Cerrado e as formações de florestas estacionais do bioma Mata Atlântica,

o que gera uma grande complexidade do ponto de vista biogeográfico (Coelho et al.

2007). Por se tratar de um dos mais extensos remanescentes de formação florestal

de interior do Brasil, a região foi reconhecida como área prioritária para a

conservação da biodiversidade nos biomas do Cerrado, Pantanal (MMA 1999) e da

Mata Atlântica (MMA 2000). Em 2006, o MMA indicou ta região como de importância

biológica extremamente alta, com prioridade de conservação muito alta (MMA 2006).

A RPPN Buraco das Araras, juntamente com as RPPNs Fazenda Cabeceira

do Prata e Xodó do Vô Ruy, representam atualmente as únicas unidades de

conservação no município de Jardim, dentro da área de influência do Parque

Nacional da Serra da Bodoquena e do Corredor de Biodiversidade Miranda-Serra da

Bodoquena. Devido a esta localização, desempenha um papel muito importante na

paisagem regional, contribuindo para a existência de uma zona de amortecimento no

entorno do Parque, possibilitando futuramente a conectividade entre ele e outras

áreas naturais remanescentes, enquanto outras unidades de conservação não são

efetivadas (Coelho et. al 2007). A presença de áreas verdes no entorno de outras

unidades de conservação pode potencializar os benefícios trazidos pelas mesmas,

ampliando a área e as espécies efetivamente protegidas (Langholz 1996 apud

Morsello 2001).

Esta RPPN abriga uma interessante riqueza de espécies. Mesmo com poucas

dimensões, nela foram identificadas 192 espécies vegetais; 18 espécies de

mamíferos terrestres; 10 espécies de quirópteros; 124 espécies de aves; 10

espécies de anfíbios e 16 espécies de répteis. Destas, algumas espécies de plantas,

aves, mamíferos e um réptil estão ameaçados de extinção em âmbito nacional e/ou

internacional. Além disso, dentro da RPPN foi registrada a primeira ocorrência do

morcego Micronycteris schmidtorum para Mato Grosso do Sul, e também duas

novas ocorrência de ave para o Planalto da Bodoquena (Strix huhula e Elaenia

albiceps). Assim, as pesquisas realizadas até o momento indicam que a

biodiversidade local é rica, bem conservada, porém pouco conhecida, tornando a

RPPN um local potencial para novas descobertas importantes.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

142

As pesquisas com quirópteros e aves indicaram a dolina Buraco das Araras

como área de reprodução de diversas espécies, ampliando a importância da

conservação desta área.

No contexto local e regional, a RPPN contribui na geração de emprego e

renda da comunidade e dissemina a prática de atividades econômicas de baixo

impacto sobre os recursos naturais. Os proprietários têm um papel importante na

divulgação destas práticas e do ganho relacionado à manutenção de uma unidade

de conservação em sua propriedade, estimulando outros proprietários a instituir

RPPNs também em suas áreas e a contribuir na educação ambiental de visitantes e

funcionários (Coelho et al. 2007). Isto porque o atual modelo de expansão e

modernização da economia se baseia em formas extensivas e predatórias de

utilização dos recursos naturais, mesmo na fase mais recente de esgotamento da

fronteira agrícola e baixo crescimento econômico (SEMAC 2000).

Desta forma, o ecoturismo surge como uma opção que exerce menor pressão

sobre os ambientes naturais. Dentre as inúmeras opções de atividade turística da

região se destacam as diversas grutas da Província Espeleológica da Serra da

Bodoquena. Muitas destas grutas já foram citadas pelo Plano Regional de

Desenvolvimento Sustentável da região Sudoeste (IPLAN 2002) como exemplos de

atrações turísticas mais importantes na região, entre elas: o Buraco das Araras

(Jardim), a Gruta do Lago Azul (Bonito), Abismo Anhumas (Bonito), Gruta do

Mimoso (Bonito), entre outras, que são ou foram utilizadas para visitação. Ayub et al.

(1996) também comenta sobre este enorme potencial turístico das cavidades da

região.

É importante frisar que a visitação em cavernas e dolinas pode ser utilizada

com fins voltados à educação ambiental, e que no Brasil e em todo o mundo, a

consciência da necessidade de preservação desse patrimônio vem aumentando e

novas orientações técnicas, legais e educacionais têm sido criadas e utilizadas para

esse fim (Brunelli 2001). A visitação em cavernas, conhecida como espeleoturismo,

vem surgindo como um importante e excelente meio de se divulgar a espeleologia e

de se garantir a preservação dos ambientes cársticos e do patrimônio espeleológico

em geral (Brunelli 2001).

No Brasil, vem sendo cada vez mais reconhecida a importância do setor

privado na conservação da biodiversidade, seja pela manutenção de áreas

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

143

legalmente requeridas por lei como as Reservas Legais e Áreas de Preservação

Permanente ou por iniciativas voluntárias como através da criação de Reservas

Particulares do Patrimônio Natural. Neste contexto, a área conhecida como Buraco

das Araras tem uma importante contribuição, pois se trata de um local protegido por

lei e para o qual existe uma proposta de uso baseado em critérios ambientais e

compatível com a conservação da região, o que representa outra garantia de sua

manutenção a longo prazo.

Outro ponto positivo que advém da manutenção desta área verde, que será

garantida com a implementação do plano de manejo, é a proteção dos recursos

hídricos. As dolinas são ligações diretas entre as águas superficiais e subterrâneas,

funcionando como locais de recarga dos lençóis freáticos. Como na área do entorno

desenvolve-se atividades agropecuárias, é importantíssimo a manutenção da

vegetação nativa do entorno da cavidade que funciona como um filtro contra agentes

poluidores.

O desenvolvimento de um turismo de baixo impacto, além dos benefícios

econômicos e educacionais que traz para a região, poderá garantir a conservação

do local, visto que o mesmo não sofrerá com intervenções de atividades de maior

impacto. Prova disso é que a área verde do entorno da cavidade dentro da Fazenda

Alegria ou está em bom estado de conservação ou se encontra em processo de

regeneração há vários anos. A operação turística pautada no uso indireto dos

recursos pode proporcionar o contato de visitantes do Brasil e exterior com esse

ambiente exuberante, promovendo sua conscientização e inspirando formadores de

opinião a divulgar a importância das RPPNs para a conservação de outras áreas

naturais (Coelho et al. 2007).

Portanto, baseando-se nos dados aqui apresentados, considera-se que a

RPPN Buraco das Araras apresenta um grau elevado de significância,

desempenhando um importante papel tanto para a conservação de um fragmento do

ecossistema regional, como para a disseminação da prática de conservação da

natureza para visitantes e moradores da região.

O Buraco das Araras é um patrimônio geológico e espeleológico único, não

sendo comum a ocorrência de dolinas com estas dimensões. Além da importância

para estudos geológicos e hidrogeológicos da região, destaca-se a beleza cênica

sem igual desta cavidade.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

144

PARTE 3 – PLANEJAMENTO E GESTÃO

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO

No Brasil, as Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo

(EMBRATUR, 1994) definem o ecoturismo como sendo “um segmento da atividade

turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva

sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da

interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas”.

A sustentabilidade se refere primordialmente à conservação do ambiente

natural como pré-requisito para a manutenção do ecoturismo a longo prazo (Mitraud

2003). Segundo o Art. 2 da Lei Federal Nº 9.985/00 (MMA 2002), conservação é “o

manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção,

a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para

que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações,

mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações

futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral”. A viabilidade (e

sustentabilidade) econômica do ecoturismo deve também ser colocada em contexto,

pois se não for planejado adequadamente, seu desenvolvimento estará fadado ao

fracasso econômico e à degradação social e ambiental. As bases que sustentam os

negócios são os ambientes natural e cultural, na forma de recursos atrativos. Se

esta base de recursos não permanecer conservada, não haverá mais o interesse da

visitação. A sustentabilidade envolve, portanto, a criteriosa utilização destes

recursos, principalmente em parques e reservas (Mitraud 2003).

O código florestal, por meio do Art. 2º, define as áreas de preservação

permanente – APP, como sendo, entre outros itens, “as florestas e demais formas

de vegetação natural situadas em: e. nas encostas ou partes destas, com

declividade superior a 45º, equivalente a 100% na linha de maior declive e g. nas

bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa

nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais” (MMA 1965; República

Federativa do Brasil 2000). Estes conceitos são de grande importância na

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

145

conservação ambiental dentro de propriedades privadas rurais, estando o Buraco

das Araras contidos nestas definições, visto formar um paredão como ângulo de 90º.

Embora a Resolução CONAMA Nº 347/2004 priorize o uso de cavernas

horizontais e inundadas em suas determinações, a dolina Buraco das Araras

também é considerada uma cavidade natural, aplicando-se também o § 3º do Art. 4º,

ou seja, “a área de influência das cavidades naturais subterrâneas será a projeção

horizontal da caverna acrescida de um entorno de duzentos e cinqüenta metros, em

forma de poligonal convexa”. Este Artigo determina ainda que “a localização,

construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e

atividades, considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou degradadores do

patrimônio espeleológico ou de sua área de influência dependerão de prévio

licenciamento pelo órgão ambiental competente, nos termos da legislação vigente”.

Considerando-se estas informações, ao analisar a imagem da dolina com os

devidos limites periféricos mencionados na legislação (Figura 139), observa-se que,

mesmo para o menor limite (100 metros, segundo o Código Forestal), existe uma

área sem cobertura vegetal na APP, localizadas nas propriedades vizinhas.

Figura 139. Dolina Buraco das Araras (centro), com ilustração dos limites da APP segundo o Código

Florestal (em verde) e a Resolução CONAMA Nº 347/2004 (em vermelho). Em azul, os limites da

RPPN Buraco das Araras. Ilustração sobre imagem do Google Earth (Microsoft Company 2008)

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

146

Embora dentro da Fazenda Alegria o perímetro esteja em acordo com a

legislação (incluindo áreas em recuperação), as fazendas vizinhas possuem um

passivo ambiental, mesmo considerando-se apenas o perímetro menor, devendo

seus proprietários receber orientação para a regeneração destas áreas, evitando

serem enquadrados nos Art. 38 e 40 da Lei de Crimes Ambientais ( MMA 1999).

Nos últimos anos em Mato Grosso do Sul, criou-se uma regulamentação mais

restritiva para defesa das áreas contíguas às Áreas de Preservação Permanente,

Reservas Legais e licenciamento ambiental (derivadas das Resoluções CONAMA Nº

001/86 e 237/97), principalmente de atividades turísticas (SEMAC, Leis nº. 1.871/98

e 2.223/01, Decretos nº. 10.707/02 e 11.408/03) localizadas próximas a cursos

d’água. Como a área em questão explora uma atividade turística, ainda que distante

de cursos d’água, fez-se necessário o Licenciamento, efetivado pela SEMAC através

da Licença de Operação Nº 193/2007 (Anexo 1), cuja condicionante primeira é a

“autorização da atividade de passeio ecológico, como grupos de no máximo 11

(onze) pessoas mais 01 (um) guia em intervalos de 15 (quinze) minutos, totalizando

20 (vinte) passeios por dia”. Este documento trata apenas da operação turística, sem

abordar a questão do uso da APP (entorno da dolina).

Mato Grosso do Sul possui legislação própria para criação de RPPNs

(SEMAC 1993), porém para o Buraco das Araras houve orientação da SEMAC para

que o processo corresse na esfera federal, devido à existência da dolina em seu

interior. Assim, através da Portaria IBAMA Nº 31, de 11 de abril de 2007, foi criada a

RPPN Buraco das Araras.

De acordo com o Art. 27 do SNUC (Lei nº. 9.985/00 e Decreto nº. 4.340/02),

as unidades de conservação devem dispor de um Plano de Manejo que abranja

inclusive sua zona de amortecimento e corredores ecológicos, devendo ser

elaborado em um prazo máximo de cinco anos a partir de sua data de criação. Por

conter em seus limites uma dolina, entendida como uma cavidade natural, serão

observadas as recomendações da Resolução CONAMA Nº 347/2004 para Plano de

Manejo Espeleológico.

Ainda que não haja recomendação específica para delimitação de área de

entorno para proteção de uma RPPN (MMA 2002; Ferreira et al. 2004; CONAMA

2004), o fato da APP estar além dos limites da RPPN Buraco das Araras e também

da propriedade, torna necessário que os programas de manejo levem em conta

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

147

estes limites, de forma a orientar os proprietários vizinhos na recuperação da

vegetação no perímetro legal da dolina.

O Plano de Manejo da RPPN Buraco das Araras tem os seguintes

objetivos gerais:

1. Contribuir para o conhecimento e a conservação da biodiversidade local;

2. Dotar a RPPN de diretrizes para o seu desenvolvimento;

3. Definir ações específicas para o manejo da RPPN;

4. Estabelecer a diferenciação e a intensidade de uso mediante o zoneamento,

visando à proteção de seus recursos naturais;

5. Orientar e contribuir para a captação e aplicação de recursos na RPPN;

6. Viabilizar a pesquisa científica dentro da RPPN e seu entorno;

7. Viabilizar a exploração turística de mínimo impacto que promova educação

ambiental aos seus visitantes;

8. Definir ações que contribuam na conectividade da RPPN com demais UCs;

9. Estabelecer diretrizes para futuros projetos educacionais.

O Termo de Referência para elaboração de Plano de Manejo Espeleológico

(CONAMA 2004) visa promover, implementar, supervisionar, orientar, avaliar e

disciplinar a execução de atividades relacionadas ao acesso e ao uso turístico do

ambiente cavernícola, bem como o estabelecimento de critérios visando preservar,

proteger e conservar a cavidade natural subterrânea considerada, de forma a

oferecer também meios ao adequado exercício de atividades pretendidas. O Artigo

21 do SNUC (MMA 2002) especifica que o objetivo maior de uma RPPN é a

conservação da diversidade biológica, sendo permitidos apenas a pesquisa científica

e visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais dentro de seus

limites. Assim, os objetivos específicos do Plano de Manejo da RPPN Buraco das

Araras são:

1. Proteção de um fragmento do Bioma Cerrado onde ocorre Savana florestada e

arborizada e Floresta Perenifólia;

2. Proteção da dolina conhecida como Buraco das Araras, sua fauna e flora

associada;

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

148

3. Proteção de toda a fauna e flora encontradas em seus limites e arredores, com

especial atenção às espécies ameaçadas de extinção segundo MMA (2003);

4. Recuperação ambiental das áreas onde foram identificadas alterações do meio

natural por ação humana, seja ela anterior ou posterior à aquisição da área pelos

atuais proprietários;

5. Incentivo à recuperação e conservação ambiental da área de entorno da dolina,

considerando o § 3º, Art. 4º da Resolução CONAMA Nº347/2004;

6. Incentivo e viabilização da pesquisa científica dentro de seus limites e arredores,

promovendo maior conhecimento de sua biodiversidade;

7. Viabilizar monitoramento de parâmetros sociais, físicos e ambientais que

influenciem ou que possibilitem o diagnóstico para a boa conservação ambiental

da área;

8. Promoção e utilização de práticas de mínimo impacto em seus limites e

arredores;

9. Promoção de educação e interpretação ambiental por meio do uso turístico, de

forma a valorizar os recursos naturais e culturais visitados;

10. Promoção de práticas de mínimo impacto durante a visitação turística.

3.2 ZONEAMENTO

Embora algumas RPPNs tenham adotado o zoneamento utilizado em

Parques Nacionais, principalmente em período anterior à publicação do SNUC (v.

Torrecilla et al. 1995), para este Plano de Manejo optou-se em seguir

prioritariamente a estrutura proposta por Ferreira et al. (2004), visto ser esta uma

derivação dos modelos anteriores, e as recomendações contidas na Licença de

Operação Turística Nº 0193/2007 (Anexo 1). Como orientação secundária, seguiu-se

também as recomendações contidas na Resolução CONAMA Nº347/2004 e Coelho

et al. (2007). Assim, com base nas propostas citadas e também nos resultados e

recomendações obtidos nos capítulos anteriores deste documento, consulta a

Andrade (1995), Morsello (2001) e outros Planos de Manejo de RPPNs disponíveis

(Torrecilha et al. 1995; Soriano et al. 1997; Lima 2005; Costacurta 2006), desenhou-

se o plano de zoneamento para a RPPN Buraco das Araras. Considerou-se a

relevância dos ambientes presentes para a fauna e flora local e a possibilidade de

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

149

conectividade com os fragmentos naturais da região, visando a continuidade do uso

turístico com conceitos de mínimo impacto.

Devido às características da área, incluindo sua pequena extensão total e

homogeneidade da paisagem, nem todas as categorias de manejo sugeridas por

Ferreira et al. (2004) se adequaram na proposta. Desta forma, a RPPN foi subdivida

em Zona de Recuperação, que abrange a totalidade da área da RPPN, com exceção

de uma faixa de 10m de largura paralela ao limite interno da propriedade, a qual foi

definida como Zona de Transição. A Zona de Proteção inclui as bordas da dolina e

seu interior e, para efeito da atividade turística, foram definidas Zonas de Visitação

Turística e de Área de Administração (Figura 140).

Figura 140. Zoneamento Ambiental, RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS). Vermelho: Zona de

Proteção; Verde: Zona de Recuperação; Azul marinho: Zona de Visitação; Preto: limites da RPPN;

Azul claro: Limites da APP1; Verde escuro: limites da APP 2; Lilás: área de administração, fora da

RPPN. Adaptado de Microsoft Company (2008) Como norma geral, não é permitido fumar e nem a presença de animais

domésticos dentro da UC. Toda pesquisa realizada deverá estar devidamente

licenciada pelos órgãos competentes e ter autorização dos proprietários da RPPN.

As definições para cada Zona estabelecida para a RPPN Buraco das Araras

são baseadas em Ferreira et al. (2004).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

150

3.2.1 ZONA DE PROTEÇÃO (ZP) Descrição e localização: interior

da dolina Buraco das Araras, seus

paredões e borda, até o limite da cerca

de proteção (Figura 141).

Justificativa: o acesso ao seu

interior é difícil e não previsto na

atividade turística, resultando em pouca

intervenção na vegetação e outras

características naturais. Área de vida e

reprodução de várias espécies de fauna,

principalmente aves, mamíferos

(morcegos e roedores) e répteis.

Figura 141. Dolina Buraco das Araras.

Foto: Tietta Pivatto

Normas de uso: acesso apenas para fiscalização e pesquisadores, sendo

permitida captura ou coleta de material com fins científicos apenas com autorização

da administração e com as devidas licenças ambientais. As únicas instalações

permitidas são os dois mirantes pré-existentes em sua borda, sendo que para novas

intervenções obriga-se o licenciamento ambiental embasado por análise técnica

ambiental.

3.2.2 ZONA DE VISITAÇÃO (ZV)

Descrição e localização: toda a faixa ocupada pelas trilhas de turismo dentro

da Savana florestada e arborizada, com largura máxima de 05 metros para cada

lado da trilha (Figura 142a). Trilha ao redor da dolina (ZP), sendo que nos trechos

em que não existem cinco metros de largura lateral, a ZV concentra-se entre as

cercas divisórias da propriedade e a ZP (Figura 142b). Nesta categoria incluem-se

também os dois mirantes localizados na borda da dolina.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

151

a

b

Figura 142. Trilhas utilizadas para turismo na RPPN Buraco das Araras. Foto: Tietta Pivatto

Justificativa: área já utilizada anteriormente para operação turística, tendo já

sofrido ação antrópica por meio de implantação de infra-estrutura como sinalização,

mirantes e as próprias trilhas, além de manutenção periódica do leito de

caminhamento. Uso turístico autorizado e descrito na Licença de Operação Turística

(Anexo 1) e no item 2.12.

Normas de uso: o acesso é permitido apenas dentro dos horários diurnos

previamente estabelecidos, restringindo-se aos caminhos indicados e que não

entrem em conflito com os objetivos de manejo. Visitação com acompanhamento

obrigatório de guia de turismo credenciado ou monitor local que tenham recebido

treinamento específico para atuação na UC e respeitando as normas estabelecidas.

Observação: embora ainda não estabelecida oficialmente, a trilha para

observação de aves deverá ser implantada em áreas complementares a esta, fora

do circuito tradicional de visitação, seguindo critérios técnicos e as orientações deste

documento e da Licença de Operação.

3.2.3 ZONA DE RECUPERAÇÃO (ZR)

Descrição e localização: toda a extensão da RPPN ao redor de ZP e ZV, com

prioridade para a área onde se localizava o antigo receptivo e estrada de acesso ao

sítio turístico (Figura 143).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

152

a

b

Figura 143. Área onde se localizava a antiga recepção e estrada de acesso. Fotos: Tietta Pivatto Justificativa: áreas com alteração antrópica e sob influência de efeitos de

borda e insolação excessiva, com sub-bosque ausente ou empobrecido, muitas

vezes com invasão de espécies exóticas como Brachiaria spp., dificultando a

colonização por espécies nativas deste tipo de ambiente.

Normas de uso: estas áreas deverão sofrer manejo de forma a recuperar a

vegetação nativa original, por meio de recuperação espontânea ou induzida, feita a

partir da indicação de pesquisas e estudos orientadores, de acordo com o Projeto

Específico para Recuperação Ambiental (Item 3.4.1). Acesso apenas a

pesquisadores ou funcionários envolvidos com a recuperação ambiental. Visitação

turística apenas com objetivos de educação ambiental e quando não houver

interferência nos processos de regeneração implantados. A mudança desta Zona

para outra categoria dependerá dos resultados do monitoramento e avaliação

técnica qualificada ao longo do tempo.

Observação: Conforme descrito no item 3.1, a APP da Dolina Buraco das

Araras expande-se para além dos limites da RPPN e da Fazenda Alegria, sendo que

nestas áreas encontra-se com vegetação alterada ou substituída por pastagens.

Devido a estas condições, importância destas áreas para a conservação da dolina e

obedecendo a legislação ambiental vigente, recomenda-se que sejam consideradas

como Áreas Especiais de Recuperação (Figura 144), devendo haver cooperação

com os proprietários vizinhos para o correto manejo das mesmas. Deverá ser

apresentado projeto específico para recuperação das áreas degradas tanto no

interior da RPPN como nas propriedades vizinhas tendo como limite a área de APP

definida pela Resolução CONAMA Nº 347/2004.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

153

Figura 144 Áreas Especiais de Recuperação na área de entorno da, RPPN Buraco das Araras

(Jardim, MS), sendo 1: localizadas nas propriedades vizinhas e 2: dentro da Fazenda Alegria.

Adaptado de Microsoft Company (2008)

3.2.4 ZONA DE TRANSIÇÃO (ZT)

Descrição e localização: Faixa contínua ao longo do perímetro interno da

RPPN, com largura de 10 metros.

Justificativa: Este trecho visa diminuir influências externas à RPPN, como o já

constatado efeito de borda. A relativa pequena área definida para a Zona de

Transição deve-se ao fato da área da RPPN ocupar grande parte da propriedade da

Fazenda Alegria.

Normas de uso: Atividades restritas à fiscalização e recuperação. A

recuperação se dará por meio de regeneração natural e adensamento com mudas

quando necessário.

Observação: Recomenda-se que, nos limites externos da RPPN dentro da

propriedade, seja criada uma faixa extra de proteção, definida como Área

Circundante, de forma a diminuir os impactos advindos da fragmentação. Quando

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

154

possível, deverá ser implantada nos limites externos da RPPN que estejam em

contato com as propriedades vizinhas.

3.2.5 ÁREA ADMINISTRATIVA DA RPPN

A administração da propriedade, incluindo a organização da atividade turística

e manutenção dentro da RPPN é feita na sede da fazenda, ou seja, em área fora da

UC. Assim, não justifica-se a inclusão desta Zona dentro da RPPN.

3.3 PROGRAMAS DE MANEJO

Os programas de manejo visam cumprir os objetivos definidos em cada zona

de uso e estabelecer normas e diretrizes para o desenvolvimento de todos os

projetos da Unidade de Conservação (Milano 1994). Incluem ações e

recomendações que têm interface com a propriedade e com a área de entorno

(Ferreira et al. 2004).

Os programas de manejo da RPPN Buraco das Araras foram estabelecidos

de acordo com os seguintes critérios:

Licença de Operação Turística Nº 193/2007;

recomendações do “Roteiro metodológico para elaboração de Plano de Manejo

pra Reservas Particulares do Patrimônio Natural” (Ferreira et al. 2004);

diagnóstico e recomendações obtidos por meio dos levantamentos técnicos;

gestão original desenvolvida na propriedade para suas atividades e para

execução da operação turística, principalmente dentro da RPPN;

objetivos gerais e específicos estabelecidos para este Plano.

Os prazos para cumprimento destas metas serão especificados no

Cronograma de Atividades (Item 3.6).

3.3.1 PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO

Adotar o zoneamento proposto e instituir os programas de manejo da RPPN

Buraco das Araras;

Objetivos

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

155

Gerar diretrizes que garantam o funcionamento da RPPN, com normas e

atividades administrativas, ainda que sua estrutura principal localize-se fora dos

limites da UC;

Adequar a gestão administrativa atual às necessidades de manejo da RPPN;

Atualizar a rotina de manutenção de trilhas, áreas de uso direto e indireto e infra-

estrutura existentes, conforme as novas indicações do Plano de Manejo;

Capacitação de funcionários, guias de turismo e outros prestadores de serviço

para o trabalho dentro da UC.

Iniciar as ações propostas neste documento a partir da oficialização do Plano

proposto, sendo que as providências administrativas deverão ser adequadas no

primeiro ano da publicação deste Plano.

Atividades e Normas

Organizar a administração de forma que as atividades de funcionamento da

propriedade não conflitem com os objetivos do Plano de Manejo.

Designar pessoa responsável pelo gerenciamento da RPPN.

O gerente da RPPN deverá ser responsável pela organização e execução das

atividades de gestão, manejo, manutenção, programas de educação ambiental,

pesquisa e monitoramento, estando subordinado aos proprietários.

Adequar rotinas de manutenção de trilhas, estruturas e cercas a um cronograma

de atividades periódicas, vinculadas ao Programa de Monitoramento.

Toda alteração de traçado ou infra-estrutura implantada deverá estar em acordo

com o Zoneamento proposto, ter licença ambiental emitida pelo órgão

responsável e ter acompanhamento técnico especializado, salvo desvios

emergenciais no caso de queda de árvores sobre as trilhas que comprometam a

operação e/ou segurança dos funcionários e visitantes.

A administração deverá optar por práticas sustentáveis e tecnologias de mínimo

impacto ambiental no manejo da propriedade.

Toda a estrutura administrativa deverá manter-se fora da RPPN, utilizando as

edificações já existentes.

Criação de um manual técnico com informações específicas sobre as normas de

manejo e administração da RPPN, de linguagem simples, a ser passada a todos

os funcionários fixos da propriedade.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

156

Viabilizar um curso de capacitação técnica para os funcionários, de forma que

todos compreendam os objetivos e normas da RPPN e se adeqüem à conduta

necessária.

Adaptar o treinamento citado acima para guias de turismo e monitores

ambientais, atendentes de agências e operadoras de turismo e condutores de

veículos com os mesmos objetivos.

Serviços terceirizados dentro da RPPN e entorno (empreiteiros, estagiários, etc.)

deverão receber as principais informações sobre as normas de uso, de forma a

que seus serviços não conflitem com os programas propostos.

Os pesquisadores e estagiários que pretenderem desenvolver trabalhos

científicos dentro da UC também devem ser informados destas normas, devendo

seguir também as recomendações do Programa de Pesquisa e Monitoramento.

3.3.2 PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA

Elaborar orçamento anual com previsão de gastos para manutenção da RPPN;

Objetivos

Indicar fontes de recursos para sustentabilidade da área.

Elaborar o orçamento anual prevendo despesas para as demandas da RPPN,

num prazo máximo de 90 dias após a oficialização deste Plano.

Atividades e Normas

O orçamento deverá incluir custos com manutenção, fiscalização, pesquisa,

monitoramento, comunicação e demais despesas associadas, sendo atualizado

anualmente.

Indicar fontes de recursos para a área, especificando as atividades de turismo

executadas dentro da RPPN.

Elaboração e submissão de projetos para captação de recursos secundários

direcionados à gestão da UC, principalmente para manejo, pesquisa,

recuperação das áreas degradadas, capacitação técnica, centro de interpretação,

instalação de torre de fiscalização, alojamento e laboratório de pesquisas.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

157

3.3.3 PROGRAMA DE MANEJO DE RECURSOS NATURAIS

Garantir a conservação dos ecossistemas protegidos pela RPPN e áreas de

entorno;

Objetivos

Controle de espécies exóticas e invasoras dentro da UC;

Recomposição da flora e fauna nativa na Zona de Recuperação;

Delimitação e manejo da Zona de Proteção;

Implantação das Zonas de Transição e Amortecimento.

As cercas existentes deverão evitar a entrada de animais domésticos dentro da

UC sem dificultar ou ferir a fauna silvestre.

Atividades e Normas

Estabelecer rotina de vistorias mensais nas cercas de proteção da RPPN, de

forma a identificar necessidade de manutenção da mesma.

Utilizando-se dos dados obtidos no diagnóstico de vegetação terrestre, deverá

ser criado um projeto de recomposição da vegetação nativa na Zona de

Recuperação assim que for aprovado este Programa de Manejo.

Selecionar espécies vegetais nativas para serem plantadas nestas áreas,

devendo seu desenvolvimento ser acompanhado conforme as normas de

pesquisa e monitoramento deste Plano e seguindo técnicas cientificamente

recomendadas.

A recuperação das Áreas de Preservação Permanente deverá ser priorizada,

incluindo-se aquelas que se encontram fora dos limites da Fazenda Alegria,

seguindo recomendações do Código Florestal (MMA 1965) e da Resolução

CONAMA Nº 347/2004, em acordo com os proprietários vizinhos à RPPN.

Para as áreas fora da propriedade, deverá ser estabelecido um programa de

recuperação em parceria com os proprietários, com fornecimento de mudas

nativas, proteção contra o gado e monitoramento.

Criação de uma faixa de transição, sem delimitação por cerca, com 10 metros de

largura em todo limite interno da RPPN, de forma a auxiliar na proteção da área.

A faixa de transição será adensada por meio de regeneração natural e plantação

de espécies nativas, conforme orientação técnica.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

158

Criação de uma faixa de amortecimento, com as mesmas especificações acima,

nos limites externos da RPPN dentro da propriedade e, quando possível, nas

propriedades vizinhas.

As espécies plantadas nestas áreas deverão ser protegidas do pisoteio ou

predação pelo gado.

Para os projetos de soltura ou re-introdução de fauna na RPPN, deverá ser

observada a ocorrência natural destas espécies na região, devendo-se dar

prioridade a indivíduos não domesticados e livres de zoonoses ou doenças

transmissíveis entre os da própria espécie.

Este trabalho deve vir acompanhado de projeto de monitoramento e relatórios de

atividades, assim como estudo prévio sobre o impacto da fauna introduzida sobre

as populações locais estabelecidas e um programa constante e eficiente de

orientação aos visitantes, funcionários, guias e demais pessoas dentro da

propriedade.

Os animais que não se adaptarem à soltura ou que venham a interagir direta e

constantemente com os funcionários e visitantes deverão ser recapturados e

levados novamente para o CRAS.

O fornecimento de ceva deverá ser o mínimo necessário para atração de fauna

silvestre, sem comprometer a busca por alimento natural. O programa de

monitoramento deverá acompanhar esta prática para verificar o grau de

interferência na ecologia local.

Fica proibida a entrada de qualquer animal doméstico dentro da RPPN.

As trilhas de visitação turística deverão sofrer manutenção periódica de forma a

eliminar focos de erosão e alargamento do leito de caminhamento, proteção das

raízes por meio de cobertura com terra e cascalho, sempre que estas ações se

fizerem necessárias ou indicadas no Programa de Monitoramento.

Para o pavimento das trilhas, dar preferência ao uso de nódulos de limonita, por

ser esse material da região, com boa resposta geotécnica e de mínimo impacto

visual.

Os visitantes deverão continuar subordinados ao acompanhamento de guias de

turismo credenciados, monitores ou funcionários locais que tenham recebido o

treinamento específico para condução de grupos dentro da RPPN.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

159

Os equipamentos de apoio da RPPN existentes ou que venham a ser

implantados, deverão sofrer manutenção freqüente, devendo-se criar uma rotina

específica para isto.

3.3.4 PROGRAMA DE PROTEÇÃO, FISCALIZAÇÃO E SEGURANÇA

Proteger os recursos naturais e as instalações da RPPN;

Objetivos

Viabilizar a fiscalização da área, principalmente na dolina Buraco das Araras;

Proporcionar segurança aos funcionários e visitantes.

Estabelecer rotinas diárias de fiscalização de forma a evitar caça e coleta de

material biológico ou outros nas áreas da RPPN, conforme legislação vigente.

Atividades e Normas

Capacitar funcionários para a função de vigilância e providenciar equipamento de

segurança adequado. Adequar rotinas de fiscalização específica para estes

funcionários.

Fixar placas de advertência nos limites da propriedade, informando tratar-se de

uma RPPN e as proibições legais.

Instalação de uma torre de vigilância dentro da RPPN em local que também

possa ser utilizada nas atividades de turismo, mediante projeto de instalação

aprovado pelos órgãos competentes e em conformidade com este Plano de

Manejo.

Solicitar junto à ANAC proibição de sobrevôos sobre a RPPN e principalmente

sobre a dolina, visto que esta atitude é conflitante com os objetivos desta

unidade.

Capacitar funcionários da Fazenda e também vizinhos para a formação de

brigadas de incêndio para proteção da RPPN e áreas circunvizinhas.

Avaliar a necessidade de se inserir aceiros ao redor da propriedade,

principalmente nos limites da RPPN.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

160

Adquirir e manter em local de fácil acesso e em bom estado de conservação,

equipamentos de combate a incêndio, de acordo com as necessidades locais e

as recomendações do IBAMA (PrevFogo).

Implantar Sistema de Gestão de Segurança para todas as atividades turísticas,

manejo e administração da RPPN, seguindo orientações técnicas da ABETA.

Promover e viabilizar treinamento anual de resgate e primeiros socorros de todos

os funcionários da Fazenda que atuem diretamente na RPPN.

Guias de turismo e monitores ambientais que prestam serviços na área devem

ter obrigatoriamente esta capacitação.

Estabelecer rotinas mensais de manutenção do equipamento de primeiros

socorros e resgate, incluindo sistemas de comunicação.

Atualizar trimestralmente informações sobre atendimento médico de emergência,

(hospitais, bombeiros e polícia) nos arredores da Fazenda Alegria, listando os

serviços oferecidos e contatos.

3.3.5 PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO

Objetivos

Fomentar atividades de pesquisa dentro da RPPN;

Criação de um programa de monitoramento ambiental;

Padronizar a obtenção de dados em pesquisas e monitoramento;

Fomentar as pesquisas necessárias para respaldar o manejo integral da RPPN;

Dar prosseguimento ao levantamento de dados bióticos e abióticos da RPPN e

área de entorno;

Apoiar publicação e divulgação dos dados científicos obtidos na UC;

Publicação de uma versão reduzida deste documento para consulta pública.

Todas as pesquisas desenvolvidas na área da RPPN deverão ter autorização

prévia dos proprietários, estando devidamente autorizadas pelos órgãos

competentes. Os pesquisadores deverão submeter-se a todas as normas

estabelecidas nos programas de manejo, cabendo à gerência a responsabilidade

de acompanhar as atividades e auxiliar nas decisões sobre sua continuidade.

Atividades e Normas

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

161

Priorizar as pesquisas recomendadas durante o diagnóstico ambiental (Item

14.3), principalmente das populações de Ara chloropterus, A. ararauna e

Myrmecophaga trydactyla, além daquelas que contribuam diretamente no manejo

e recuperação das áreas degradadas da RPPN.

Será obrigatório envio de relatório de pesquisa por parte dos pesquisadores e, no

caso de publicação, uma cópia para a administração, de forma a formar um

acervo técnico da RPPN.

Criação de um protocolo para pesquisa, onde estas normas deverão ser

informadas ao pesquisador responsável.

Criação e implantação de um protocolo de monitoramento ambiental que

contemple o acompanhamento de fauna, flora, manutenção de trilhas e

equipamentos de apoio à visitação turística, variações meteorológicas e

integridade da dolina.

O monitoramento deve incluir também a operação turística, com

acompanhamento das variações ambientais decorrentes desta atividade e a

experiência do visitante.

O monitoramento deve seguir normas técnicas e científicas, devendo ser

realizado no mínimo a cada três meses por técnicos capacitados. A equipe

responsável por esta atividade deverá fornecer relatórios que auxiliem no manejo

dos recursos naturais, com recomendações específicas para cada tópico e

apresentar as respectivas Anotações de Responsabilidade Técnica (ART).

Recomenda-se o acompanhamento das áreas de recuperação fora dos limites da

RPPN, que compreendam a APP e Zona de Amortecimento.

Criação de um banco de dados com todas as informações ambientais

relacionadas à RPPN e arredores, de forma a fomentar o monitoramento e

pesquisas futuras, além de compor acervo técnico.

Instalação de alojamento para pesquisadores e laboratório de pesquisa fora da

área da RPPN, nas proximidades da sede, para viabilizar os trabalhos científicos.

Estas edificações deverão ter projeto e instalação aprovados pelos órgãos

competentes.

Os trabalhos de pesquisa deverão gerar material de divulgação em linguagem

adequada ao público leigo, visando difundir conhecimentos, fomentar a

conservação ambiental e gerar informações para repassar ao público visitante.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

162

Os pesquisadores deverão apresentar palestra informativa aos funcionários e

guias de turismo, de forma a divulgar os resultados do trabalho executado dentro

da RPPN.

3.3.6 PROGRAMA DE VISITAÇÃO

Dar continuidade à visitação turística já existente dentro da RPPN;

Objetivos

Utilizar a infra-estrutura já existente para as atividades de turismo;

Implantar Centro de Interpretação Ambiental;

Criar roteiro específico para observação de aves dentro e fora da RPPN;

Gerar oportunidades de educação e interpretação ambiental;

Estimular a valorização da RPPN pelo público visitante, de forma a fomentar a

criação de novas Unidades de Conservação.

A atividade turística dentro da RPPN fica condicionada ao licenciamento

ambiental fornecido pelos órgãos competentes e à administração (Anexo 1).

Atividades e Normas

Os horários de funcionamento, número máximo de visitantes (por dia e por

grupo), procedimentos e equipamentos utilizados devem seguir as

recomendações contidas na Licença Ambiental, ou seja, grupos de no máximo

onze pessoas mais um, totalizando vinte passeios por dia.

O intervalo entre cada grupo de visitantes deverá ser de 15 minutos, contados a

partir de sua saída da Sede.

Os funcionários deverão estar identificados, seja por uniforme ou uso de crachá.

A atividade turística deverá ser realizada apenas na Zona de Visitação, conforme

o Zoneamento Ambiental da RPPN, sendo sua logística adaptada para tal.

A visitação específica nas Zonas de Recuperação será apenas em casos

excepcionais, sujeito à aprovação da Administração, atendendo aos objetivos e

normas específicas destas áreas, sendo obrigatório o acompanhamento de

funcionário treinado.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

163

Deverá ser mantida a obrigatoriedade de acompanhamento de guias de turismo

e/ou monitores ambientais credenciados e com treinamento específico durante

as atividades turísticas.

O monitoramento ambiental deverá fornecer informações que orientem a

visitação turística, de forma a controlar os impactos advindos desta atividade.

Equipamentos de apoio à visitação turística devem ficar na área administrativa,

estando apenas os equipamentos de segurança, resgate e primeiros socorros

disponíveis na Zona de Visitação, em local de fácil acesso e de conhecimento de

funcionários e guias/monitores de turismo.

Oferecer treinamento específico sobre as novas normas de visitação turística da

RPPN para os guias e monitores de turismo de forma a adequar seus

procedimentos a estas recomendações. Esta atividade deverá ser executada

num prazo máximo de 90 dias após a aprovação dos Programas de Manejo.

Criação de roteiro e programa de visitação específico para escolas e

universidades, de forma a viabilizar educação e interpretação ambiental para os

alunos da rede pública dos municípios da região. Buscar parceria com OnGs

locais quando possível.

Criação de um roteiro e programa de visitação específico para grupos especiais

como entidades de classe, missões de reconhecimento e demais instituições, de

forma a divulgar as ações desenvolvidas no manejo e administração da RPPN.

Buscar parceria com OnGs locais, quando possível.

Efetivação do roteiro de Observação de Aves e outros roteiros interpretativos na

RPPN, respeitando o Zoneamento e os Programas de Manejo.

Apresentação de projeto para implantação de um Centro de Interpretação que

possibilite educação ambiental e informações sobre a RPPN e os ecossistemas

da região.

Continuidade das pesquisas de opinião com os visitantes e guias de turismo

através dos questionários de avaliação, monitorando sua satisfação e grau de

conhecimento sobre a RPPN.

Estabelecer um Programa de Visitação Pública no qual em dias determinados,

fora da época de maior fluxo turístico, a visitação será gratuita e direcionada às

estudantes de escolas públicas, grupos de terceira idade e à comunidade sem

condições financeiras de Jardim e Guia Lopes. Para esse programa, serão

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

164

buscados financiamentos para condução junto a órgãos públicos e apoio de

empresas privadas.

3.3.7 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO

Tornar as atividades da RPPN Buraco das Araras conhecidas do público

visitante, profissionais de turismo e comunidade em geral, como exemplo de

ecoturismo e uso indireto de recursos naturais.

Objetivos

Divulgação das ações para o CECAV, SEMAC, Ministério Público, Prefeitura,

OnGs locais e outras RPPNs da região.

Atividades e Normas

Criar versão simplificada do Plano de Manejo e disponibilizar como publicação

digital. Buscar apoio financeiro para execução, publicação e divulgação da

versão impressa.

Criar informativo periódico específico sobre a RPPN Buraco das Araras e seu

Plano de Manejo, direcionado ao público visitante, estudantes e divulgação na

Internet.

Inserir informações sobre a RPPN em todo o material de divulgação das

atividades turísticas da área, incluindo página na Internet.

Apresentar palestra sobre os resultados do Plano de Manejo para a comunidade

em geral, de forma a divulgar suas ações e motivar outros proprietários a criarem

RPPN em suas propriedades em parceria com a REPAMS.

Compor amplo acervo fotográfico e videográfico da RPPN, para uso em

atividades de difusão e educação ambiental.

Fotógrafos profissionais e equipes de filmagem deverão submeter-se às

recomendações dos programas de manejo, devendo solicitar autorização prévia

à gerência e assinar termo de responsabilidade, comprometendo-se a ceder

imagens para materiais relacionados à UC.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

165

3.4 PROJETOS ESPECÍFICOS

A proposta para projetos futuros visa complementar e viabilizar as ações

contidas nos Programas de Manejo, por meio de planejamento e obtenção de

recursos específicos. A seqüência apresentada não deve ser necessariamente a

ordem de prioridade, visto depender da obtenção de verbas, autorizações e licenças

dos órgãos competentes e interesse dos proprietários em implantar estas

instalações, dentro do prazo previsto no Cronograma (ver Item 3.6).

3.4.1 PROJETO PARA RECUPERAÇÃO AMBIENTAL

Elaborar projeto para recuperação das áreas indicadas na Zona de

Recuperação, seguindo as recomendações do Programa de Manejo de Recursos

Naturais. Incluir neste mesmo projeto a execução das atividades de recuperação das

Áreas de Preservação Permanente localizadas dentro e fora da Fazenda Alegria.

3.4.2 LABORATÓRIO E ALOJAMENTO DE PESQUISA

Elaborar projeto e buscar patrocínio e parcerias com instituições de ensino e

pesquisa para planejamento e construção de um centro de pesquisa científica,

dotado de laboratórios, sala de equipamentos, sala de reunião e alojamentos para

pesquisadores e estagiários, próximo à recepção e fora da RPPN. Este projeto

busca atender a demanda para pesquisa científica dentro da RPPN e entorno, além

de motivar a parceria com universidades da região, e poderia ser feito em parceria

com a RPPN Fazenda Cabeceira do Prata, devido à proximidade entre as mesmas e

objetivos em comum.

3.4.3 TORRE DE FISCALIZAÇÃO

Elaborar projeto para a instalação de uma torre de fiscalização dentro da área

da RPPN, seguindo os padrões técnicos exigidos e com autorização dos órgãos

competentes. Esta torre deverá ter dimensões que permitam a fiscalização eficiente

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

166

da UC, monitoramento e o uso turístico da mesma, de forma a viabilizar a

interpretação do ambiente ao redor e observação de avifauna e morcegos.

3.4.4 CENTRO DE INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL

Elaborar projeto e buscar patrocínio e parcerias para a criação de um Centro

de Visitantes nas proximidades da área administrativa e recepção, que inclua projeto

arquitetônico, material de exposição, equipamentos interativos, mini-biblioteca e

auditório para palestras, além de outras estruturas que se façam necessárias. Este

projeto busca atender à demanda de educação e interpretação ambiental na

visitação turística e divulgar a importância da RPPN para conservação ambiental.

3.4.5 SINALIZAÇÃO TURÍSTICA

Elaborar projeto e buscar patrocínio para instalação de placas de sinalização

e interpretação ambiental em linguagem adequada ao público visitante. O objetivo é

facilitar a compreensão das características naturais da RPPN, através do uso de

ilustrações e mensagens simples, auxiliando também no trabalho do guia de turismo.

3.4.6 IMPLANTAÇÃO DE VIVEIRO DE MUDAS

Construção de instalações apropriadas para a produção de mudas de plantas

nativas na área administrativa para auxiliar na restauração da vegetação nas áreas

de recuperação dentro e fora da RPPN. Projeto associado para construção de um

sistema de reutilização de águas para uso no viveiro e nos jardins da recepção. Este

projeto objetiva a aceleração da recuperação ambiental e melhor aproveitamento da

água no local.

3.4.7 AMPLIAÇÃO DA RECEPÇÃO

Elaborar projeto arquitetônico para ampliação da recepção, com instalação de

um escritório administrativo para a atividade turística e manejo da RPPN, sala

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

167

de equipamentos, almoxarifado, loja e banheiros, com o objetivo de melhorar

o atendimento ao visitante e organizar a administração da RPPN, em

consonância com a capacidade de carga da Zona de Visitação Turística.

3.4.8 OFICINA DE CAPACITAÇÃO PARA FUNCIONÁRIOS E PRESTADORES DE SERVIÇOS

Elaborar roteiro, apostilas e apresentação do Plano de Manejo da RPPN

Buraco das Araras para funcionários, guias de turismo e outros prestadores de

serviço, em linguagem adequada ao público alvo. Este treinamento deverá

sensibilizar os participantes da importância desta UC e da necessidade de respeitar

os Programas de Manejo propostos.

3.5 PRAZO PARA REVISÃO DO PLANO DE MANEJO

A revisão periódica do Plano de Manejo é importante para que as atividades

propostas estejam sempre coerentes com a realidade da RPPN, que é dinâmica

tanto no aspecto de suas características naturais, como no contexto

socioeconômico em que esta se insere e nas intenções do proprietário.

Assim, para o Plano de Manejo da RPPN Buraco das Araras, acredita-se que

um prazo de cinco anos é um período suficiente para que os programas propostos

sejam implementados e avaliados, de forma que as novas informações geradas pela

continuidade das pesquisas e do monitoramento ambiental possam ser incorporadas

dentro dos Programas de Manejo, desde que não haja nenhum impacto significativo

no ambiente, avaliado pelas pesquisas e estudos de capacidade de suporte.

A elaboração anual de relatórios parciais acerca da implementação do Plano

de Manejo ajudará a detectar possíveis adaptações/modificações futuras.

3.6 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

O cronograma da RPPN Buraco das Araras estabelece um prazo de cinco

anos para implantação ou início das atividades propostas nos Programas de Manejo,

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

168

conforme os itens a seguir. Atividades de execução permanente indicam a

periodicidade em que devem ser executadas, devendo-se adequar à realidade de

funcionamento da propriedade e também ao orçamento disponível, considerando ser

este advindo da atividade turística executada na propriedade.

Cabe lembrar que este prazo foi estabelecido através das considerações dos

pesquisadores envolvidos na elaboração deste documento, pesquisa em outros

planos de manejo disponíveis e recomendações técnicas. O início deste cronograma

está vinculado à aprovação do Plano pelo CECAV e pela SEMAC/IMASUL.

3.6.1 PROGRAMA DE ADMINISTRAÇÃO

ATIVIDADES ANO

1 2 3 4 5

Designação do gerente da RPPN e estabelecimento de suas

responsabilidades X

Adequar rotinas de manutenção de trilhas, estruturas e cercas X

Criação do manual técnico para os funcionários da propriedade X

Viabilização do curso de capacitação técnica para os funcionários X

Aplicar treinamento específico para os profissionais do turismo X X X X X

Criação de protocolo de conduta para prestadores de serviços temporários X

Criação de protocolo de conduta para pesquisadores e estagiários X

3.6.2 PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA

ATIVIDADES ANO

1 2 3 4 5

Elaboração de modelo para orçamento anual de despesas da RPPN X

Planejamento orçamentário para primeiro ano de implantação do Plano de

Manejo X

Planejamento orçamentário anual para manutenção da RPPN e

implantação dos projetos e ações necessárias X X X X X

Elaboração de proposta para captação de recursos externos para

execução dos projetos específicos X X X X X

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

169

3.6.3 PROGRAMA DE MANEJO DE RECURSOS NATURAIS

ATIVIDADES ANO

1 2 3 4 5

Instalação de cerca delimitando a RPPN dentro da propriedade X

Criação de rotina de manutenção e vistoria da cerca de proteção da RPPN X

Elaboração de projeto para recomposição florística da Zona de

Recuperação X

Recuperação florística da Zona de Recuperação X X X X X

Mapeamento da Área de Preservação Permanente dentro e fora da

propriedade X

Recuperação florística da Área de Preservação Permanente dentro e fora

da propriedade X X X X X

Elaboração de protocolo para soltura ou re-introdução de fauna na RPPN X

Implantação da faixa de transição e de amortecimento no entorno da

RPPN X X X X

Elaboração de protocolo para manutenção periódica de trilhas na RPPN X

Manutenção das trilhas dentro da RPPN X X X X X

Elaboração de protocolo para manutenção periódica dos equipamentos de

apoio da RPPN X

Manutenção dos equipamentos de apoio da RPPN X X X X X

3.6.4 PROGRAMA DE PROTEÇÃO, FISCALIZAÇÃO E SEGURANÇA

ATIVIDADES ANO

1 2 3 4 5

Aquisição de equipamento para segurança da RPPN X

Estabelecer rotinas diárias de fiscalização da RPPN X X X X X

Fixar placas de advertência nos limites da propriedade X

Projeto e instalação de torre de vigilância dentro da RPPN X X X

Capacitação de funcionários e vizinhos para a formação de brigadas de

incêndio X X X X X

Aquisição de equipamentos de combate a incêndio X X

Treinamento anual de primeiros socorros e resgate X X X X X

Criação para protocolo mensal de manutenção e renovação do X

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

170

ATIVIDADES ANO

1 2 3 4 5

equipamento de primeiros socorros e resgate e sistemas de comunicação

Manutenção mensal e renovação do equipamento de primeiros socorros e

resgate, incluindo sistemas de comunicação X X X X X

Criação para protocolo trimestral de atualização de informações sobre

atendimento médico de emergência nos arredores da Fazenda X

Atualização trimestral de informações sobre atendimento médico de

emergência nos arredores da Fazenda X X X X X

3.6.5 PROGRAMA DE PESQUISA E MONITORAMENTO

ATIVIDADES ANO

1 2 3 4 5

Criação de protocolo para realização de pesquisas dentro da RPPN X

Criação de um protocolo para monitoramento ambiental e das atividades

turísticas desenvolvidas na RPPN X

Monitoramento ambiental dos parâmetros indicados X X X X X

Criação e manutenção de um banco de dados com informações

ambientais relacionadas à RPPN e arredores X X X X X

Projeto e instalação de alojamento para estagiários, pesquisadores e

laboratório de pesquisa X X X

3.6.6 PROGRAMA DE VISITAÇÃO

ATIVIDADES ANO

1 2 3 4 5

Relocação dos equipamentos de apoio à visitação turística, se necessário,

para adequar às recomendações do Plano de Manejo X

Treinamento específico sobre as novas normas de visitação turística da

RPPN para os guias e monitores de turismo X X X

Criação de programa de visitação para escolas e grupos especiais X

Efetivação do roteiro de Observação de Aves e outros roteiros

interpretativos X

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

171

ATIVIDADES ANO

1 2 3 4 5

Projeto e implantação de um Centro de Interpretação Ambiental X X X

Projeto e ampliação da recepção X X X

Atualização do modelo de questionário para pesquisa de opinião X

Distribuição de questionários para pesquisa de opinião dos visitantes X X X X X

3.6.7 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO

ATIVIDADES ANO

1 2 3 4 5

Elaboração de versão simplificada do Plano de Manejo para publicação X

Criação e distribuição de informativo sobre a RPPN Buraco das Araras e

divulgação na Internet X X X X X

Inserção de informações sobre a RPPN em todo o material de divulgação

das atividades turísticas da área, incluindo página na Internet X X X X

Apresentação de palestra sobre os resultados do Plano de Manejo para a

comunidade em geral X

Composição e manutenção de acervo fotográfico e videográfico da RPPN X X X X X

Criação de protocolo para fotógrafos e equipes de filmagem X

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5 GLOSSÁRIO

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O significado atribuído às palavras deste glossário é aquele relacionado

diretamente com o contexto deste trabalho.

Aerícola – aves que despendem grande parte de seu tempo em vôo.

Altimetria – parte da topografia que estuda os métodos e procedimentos que levam a representação do relevo. Operação de medir as altitudes de pontos de um terreno. Representação dessas altitudes numa planta topográfica.

Anatomia – ciência que estuda a estrutura dos seres organizados e as relações entre os seus órgãos, assim como a forma e disposição dos mesmos.

Antrópico – que tem relação com a atividade humana.

Anuros – ordem de anfíbios de cabeça fundida ao corpo, sem cauda,e com membros posteriores mais desenvolvidos, próprios para saltos e natação. São os sapos, rãs e pererecas.

Ápice – vértice, porção mais elevada.

Arborícola – que vive em árvores.

Avifauna – comunidade de aves de uma região, conjunto das aves.

Biodiversidade – variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies, a variedade de espécies da flora, da fauna, de fungos macroscópicos e de microrganismos, a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, hábitats e ecossistemas formados pelos organismos.

Biogeografia – ciência que estuda a distribuição geográfica dos seres vivos procurando entender os padrões de organização espacial e os processos que resultaram em tais padrões.

Bioindicador – organismo ou conjunto de organismos (animal, vegetal ou microrganismos) cuja presença é usada como referência para apontar qualidades do meio em que vivem.

Biologia – ciência que estuda os seres vivos e as leis gerais que governam a vida.

Bioma – em ecologia chama-se bioma a uma comunidade biológica, ou seja, a fauna, a flora e suas interações entre si e com o ambiente físico. Caracteriza-se, de modo geral, por uma determinada região com características físicas e biológicas específicas.

Biota – conjunto de seres vivos de um determinado local, região ou espaço geográfico.

Biótopo – local de um ecossistema que apresenta uniformidade tanto do ponto de vista das condições ambientais como do ponto de vista das espécies que o habitam. Dá-se o nome de biótopo à menor unidade topográfica representativa de um dado hábitat.

Caducifolia – perda das folhas na estação seca.

Campícola – aves que vivem em ambiente aberto, campestre ou savânico.

Carnívoro – que preda vertebrados para se alimentar.

Carste – relevo formado pelo conjunto de formas e feições resultantes da carstificação, ou seja, da dissolução das rochas carbonáticas pelo movimento de águas aciduladas provindas da superfície.

Casco – Unha que envolve os artelhos dos ungulados como, por exemplo, os veados.

Censo – conjunto dos dados estatísticos utilizados em levantamentos biológicos.

Ceva – fornecimento de alimento à fauna silvestre, com objetivo de atração turística ou caça.

Cinegética – fauna visada para atividades de caça.

Conciso – sucinto, resumido.

Corredor de biodiversidade – é uma unidade de planejamento territorial onde está presente um mosaico de áreas com diferentes formas de uso, incluindo unidades de conservação e terras

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privadas, na qual há um planejamento integrado das ações visando garantir a sobrevivência do maior número de espécies e o equilíbrio dos ecossistemas.

Corticícola – do latim “corticis”, casca de árvore, indicação das espécies mais conhecidas como trepadoras ou escaladoras e que são adaptadas (membros inferiores e garras poderosas, algumas vezes zigodáctilias, retrizes com ráquis enrijecido) para a busca por alimento no tronco das árvores ou superfícies similares, sempre verticais (Straube e Urben-Filho 2006).

Dendrítica – tipo de drenagem que lembra a configuração de uma árvore. É típica de regiões onde predomina rocha de resistência uniforme.

Depressão – designação dada a toda e qualquer cavidade de um terreno, qualquer que seja a sua extensão, desde uma pequena dolina até uma depressão de vários quilômetros. Partes baixas de um relevo deprimido, que aparece na zona de contato entre terrenos sedimentares e o embasamento cristalino.

Detritívoro – nome dados aos animais que se alimentam de restos de orgânicos (plantas e animais mortos), reciclando-os e retornando-os à cadeia alimentar para serem reaproveitados pelos demais organismos.

Dígito – dedo, artelho.

Dimorfismo sexual – diferença morfológica, geralmente externa, entre macho e fêmea.

Dolina – depressão ou cavidade natural em forma de funil, própria das regiões calcárias, que chega a medir mais de 100 metros de diâmetro e várias centenas de metros de profundidade. Podem ser formadas por dissolução da rocha carbonática a partir de de zonas de fraqueza, como falhas ou fraturas (dolina de dissolução), ou por abatimento do teto de cavidades pré-existentes (dolina de abatimento).

Ecossistema – é o conjunto formado por todos os fatores bióticos e abióticos que atuam simultaneamente sobre uma região; considerando como fatores bióticos as diversas populações de animais, plantas e outros seres vivos e como abióticos a água, sol, solo, gelo, vento etc.

Ecótono – habitat criado pela justaposição de habitats distintamente diferentes; um habitat de fronteira; zona de transição entre tipos diferentes de habitats.

Ecoturismo – segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.

Endêmica – característica das espécies que tem sua ocorrência limitada a um único local ou região.

Endemismo – É a ocorrência de espécies em uma única região, ambiente ou bioma e em mais nenhum outro lugar. Ocorrência restrita a determinado espaço geográfico.

Escandente – de hábito trepador, no caso de lianas.

Esforço amostral – é a maneira usual de se quantificar a intensidade da amostragem realizada. A unidade utilizada para medir o esforço mostral depende do método de estudo aplicado, podendo ser horas de observação, horas X observador, armadilhas X noites etc.

Específico – que é exclusivo de uma coisa ou espécie.

Espeleologia – (do grego: espelaion – caverna/ logos - estudo) ciência que estuda as cavernas.

Estrato – camada da vegetação estruturada verticalmente.

Exocarste – conjunto das formas de relevo superficiais (que são vistas externamente) do carste.

Exocárstica – referente ao exocarste.

Fanerógamas – plantas superiores, com órgãos reprodutivos bem desenvolvidos.

Filopatria – característica observada em espécies cujos indivíduos apresentam comportamento de permanecer ou voltar sazonalmente a determinados locais.

Fisionomia – aspecto, perfil, conjunto de características que descrevem externamente alguém ou alguma coisa.

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Fitoecologia – ramo da ecologia voltado ao estudo das relações entre os vegetais e o ambiente ou entre as diferentes espécies de uma comunidade sem referência ao ambiente.

Fitofisionomia – aspecto da vegetação de um determinado lugar. Flora típica de uma região.

Fitogeografia – ramo da Ecologia que se ocupa do estudo da distribuição e das relações existentes entre os vegetais e o ambiente.

Flora – conjunto de entidades taxonômicas vegetais (espécies, gêneros etc.) que compõe a vegetação de um território de dimensões consideráveis, como por exemplo, a flora do cerrado.

Florística – parte da fitogeografia que trata particularmente das entidades taxonômicas encontradas em um determinado território.

Forrageamento – comportamento que inclui procura, captura e ingestão de alimento por espécies animais.

Fragmentação – é uma conseqüência do processo de desmatamento, onde grande parte das formações vegetais originais são destruídas, e restando apenas fragmentos isolados da vegetação original imersos em uma paisagem alterada pela ação humana.

Frugivoria – relação ecológica que se estabelece entre o animal e o alimento vegetal.

Frugívoro – que se alimenta de frutas.

Generalista – uma espécie com ampla preferência de alimentos ou habitats. Animal não especialista em estratégias de vida.

Gestação – estado de uma fêmea que corresponde ao desenvolvimento do embrião desde a fecundação até o parto.

Graminóide – relativo à presença de gramíneas.

Granívora – que se alimenta de grãos ou de sementes

Guilda –

Intemperismo – conjunto de processos devidos à ação de agentes atmosféricos e biológicos que geram a destruição física e a decomposição química dos minerais das rochas.

um grupo de espécies, sem levar em conta a posição taxonômica, que explora de um modo similar a mesma classe de recursos ambientais.

Hábitat – porção do ambiente ao qual as espécies animais e vegetais estão evolutivamente adaptadas a sobreviver, onde passam maior parte de sua vida. O hábitat possui atributos físicos, químicos e biológicos aos quais os organismos estão adaptados.

Hemicriptofítica – plantas com as gemas de renovo à superfície do solo.

Herbáceo – planta que tem o porte de erva, semelhante à erva e da mesma natureza que ela.

Herbívoro – que se alimenta de plantas.

Herpetofauna – fauna de répteis e anfíbios.

Heterogeneidade – de natureza diferente.

Hidrografia – conjunto das águas correntes ou estáveis duma região.

Hotspot – região biogeográfica que é simultaneamente uma reserva de biodiversidade, além de poder estar ameaçado de destruição. Designa, geralmente, uma determinada área de relevância ecológica por possuir vegetação diferenciada da restante e, consequentemente, abrigar espécies endémicas. Os hotspots de biodiversidade estão identificados pela Conservation International (CI), que se refere a 34 áreas de grande riqueza biológica em todo o mundo que são alvo das atividades de conservação da CI. Segundo esta organização, ainda que a área correspondente a estes habitats naturais ascenda apenas a 1,4% da superfície do planeta, concentra-se aí cerca de 60% do património biológico do mundo no que diz respeito a plantas, aves, mamíferos, répteis e espécies anfíbias.

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. Cálculo para qualidade de vida de uma comunidade.

Incasão – processo de queda de blocos do teto das cavernas.

Insetívoro – aquele que se alimenta de insetos.

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Inventário – levantamento de dados sobre fauna e flora de uma determinada área com fins científicos ou de manejo.

Limícola – ave que busca alimento ao redor de corpos d’água. Alusão às espécies que vivem à beira de ambientes aquáticos, sejam marinhos, dulcícolas ou estuarinos (Straube 1999).

Litologia – estudo da origem, transformações, estrutura, composição, etc., das rochas. Ramo da oceanografia física que trata da origem e natureza dos depósitos marinhos. Característica física de uma rocha que inclui a composição mineral, distribuição e tamanho dos grãos, estrutura e grau de compactação dos sedimentos ou rochas.

Litótipo – qualquer tipo de rocha que apresenta diferenças granulométricas, sedimentológicas ou mineral distintas das demais (tipo litológico).

Manejo – toda e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas. De modo geral, o manejo pode estar relacionado ao controle populacional de uma espécie, ao uso sustentável de uma espécie ou à garantia de permanência de uma espécie no ambiente quando esta corre risco de extinção, por exemplo.

Marsupiais – são mamíferos primitivos, pertencentes à Ordem Marsupialia. A origem do nome marsupial vem de “marsúpio”, nome dado a uma dobra na pele do abdome das fêmeas pertencentes a essa ordem. Essa dobra forma uma espécie de bolsa, local onde os filhotes permanecem até completarem seu desenvolvimento, uma vez que esses animais nascem ainda prematuros. Nem todas as espécies de marsupiais possuem essa dobra, porém as que possuem, utilizam-na para proteger os filhotes do ambiente extra-uterino.

Mastofauna – fauna de mamíferos.

Migração – movimentos de indivíduos entre um lugar e outro ou entre sub-populações numa metapopulação. Viagens, periódicas ou irregulares, feitas por certas espécies de animais.

Morfoclimático – diz respeito às características morfológicas (que vem de forma externa) e de clima.

Mustelídeo – pertencente à família Mustelidae, como a ariranha e lontra, por exemplo.

Nanofanerófitos - plantas lenhosas ou herbáceas (árvores, arbustos, bambus e ervas grandes) cujas gemas de renovo se encontram a 0,25 a 2m do nível do solo.

Neotrópico – da América, desde o México até a Patagônia.

Nomenclatura – atribuição de nomes às plantas e aos animais, conforme regras existentes nos códigos internacionais de nomenclatura zoológica e botânica.

Ofiófaga – aquele que se alimenta de serpentes.

Onívoro – chamam-se onívoros os animais que se alimentam tanto de outros animais, como de plantas.

Ornitologia – estudo das aves.

Pediplanação – conjunto de processos de erosão que promove o arrasamento generalizado do relevo remanescente gerando, assim, as superfícies de aplainamento denominadas de pediplanos. Estão associados a climas áridos ou semi-áridos.

Pediplano – Área do relevo aplainado ou arrasado por processos erosivos durante um longo tempo, truncando diferentes litologias ou estruturas do substrato geológico.

Periauricular – no entorno da orelha ou ouvido.

Piemonte – região situada entre a montanha e a planície. Depósito sedimentar, acumulado no sopé das montanhas e que, gradualmente, passa aos depósitos aluviais.

Piscívoro – diz-se do animal que se alimenta de peixes.

Pluviometria – ramo da climatologia que se ocupa da distribuição das chuvas em diferentes épocas e regiões.

Preênsil – que tem a faculdade de preensão, que pode segurar.

Quelônios – são répteis da ordem Testudinata, que se caracterizam por ter o corpo protegido por uma carapaça óssea. O grupo tem cerca de 300 espécies e ocupa habitats diversificados como os oceanos, rios ou florestas tropicais.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

187

Quiropterocóricas – plantas que exibem um conjunto de características adaptadas à utilização de morcegos como dispersores de sementes.

Quiropterófilas – plantas que exibem um conjunto de características adaptadas à utilização de morcegos como polinizadores.

Rapinante – ave de rapina.

Residentes – espécies que não fazem migração.

Resiliência – propriedade de retorno ou regeneração de uma determinada característica à sua condição original, ao cessar a pressão.

Riqueza de espécies – contagem simples do número de espécies.

Sazonal – estacional; alternância das estações do ano. No Pantanal a sazonalidade está relacionada aos períodos de cheia e de seca; no Cerrado está ligada ao período chuvoso e ao seco.

Sazonalidade – sujeito a uma estação. Próprio de, ou que se verifica em uma sazão ou estação.

Serrapilheira – consiste de restos de vegetação, como folhas, ramos, caules e cascas de frutos em diferentes estágios de decomposição, bem como de animais, que forma uma camada ou cobertura sobre o solo de uma floresta.

Silvícola – espécies da fauna que vivem em ambientes florestais.

Sinúsia – são comunidades muito restritas que nem por isso deixam de ser bem definidas e delimitadas no espaço. Exemplo um tronco de árvore morta.

Sistemática – estudo científico dos organismos por meio da comparação entre eles buscando descobrir as relações existentes. A biologia sistemática e taxonomia proporcionam ferramenta básica para a compreensão biológica dos seres vivos, capacitando pesquisadores a descreverem adequadamente a diversidade biológica em linguagem universal e facilitando a comunicação de informações primárias acerca dos organismos.

Tamnícola – aves que usam preferencialmente a ramagem para pouso ou descanso.

Taxidermia – é a técnica de preservação da pele dos animais vertebrados. É usada para a criação de coleção científica ou para fins de exposição.

Táxon – unidade formal que corresponde a uma categoria do código botânico ou zoológico de classificação científica. Plural = taxa.

Taxonomia – refere-se à classificação das coisas (nesse caso, dos seres vivos) e aos princípios utilizados nesse processo.

Terrícola – que vive no solo.

Transecto – divisão adotada em método científico para delimitar o espaço amostrado durante um levantamento de dados. Pode ser dividido em quadrantes ou linear.

Trilheiro – trilha formada por passagem contínua de gado no pasto, normalmente resultando em erosão do solo.

Unidade de Conservação – espaço territorial e seus recursos ambientais, com características naturais relevantes incluindo as águas jurisdicionais, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

Xeromórfico – vegetal com caracteres morfológicos que evidenciam sua adaptação à seca.

Zoofonia – som vocal emitido pelos animais. Canto, vocalização, trilado, grunhido, etc.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

188

6 ANEXOS

6.1 ANEXO 1 – LICENÇA DE OPERAÇÃO TURÍSTICA DE EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS BURACO DAS ARARAS LTDA.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

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Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

190

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

191

6.2 ANEXO 2 – METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO DA RPPN BURACO DAS ARARAS EM

JARDIM, MATO GROSSO DO SUL

6.2.1 METODOLOGIA GERAL

A construção do presente documento baseou-se em Coelho et al. (2007),

seguindo recomendações de Ferreira et al. (2004). Por tratar-se de uma cavidade

natural e de um sítio turístico, também foram observadas as recomendações da

Resolução CONAMA Nº 347/2004 e da Licença de Operação SEMAC Nº 193/2007

(Anexo 1).

A premissa deste trabalho foi a elaboração de um texto de fácil entendimento

sem, no entanto comprometer a qualidade técnica, considerando os resultados

obtidos durante o diagnóstico e os objetivos do proprietário.

Estabelecimento de parcerias e cooperação O Programa de Incentivo às Reservas

Particulares do Patrimônio Natural, lançado

em 2005 pela parceria entre a Conservação

Internacional do Brasil e a Associação das

RPPNs de Mato Grosso do Sul viabilizou a

captação de recursos para a elaboração do

Plano de Manejo. Assim, por meio de

inscrição no edital e seleção pela equipe

julgadora, a RPPN Buraco das Araras foi

contemplada com o apoio financeiro deste

programa, viabilizando sua realização.

Além desta parceria inicial, os

pesquisadores tiveram apoio em seu trabalho

do Instituto das Águas da Serra da

Bodoquena, Associação dos Atrativos

Turísticos de Bonito e Região e Universidade

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

192

Federal de Mato Grosso do Sul. Estas

parcerias foram fundamentais na viabilização

deste documento.

Composição da Equipe

A indicação dos pesquisadores envolvidos neste trabalho ficou a cargo da

coordenação e proprietários da Fazenda Alegria, que priorizaram técnicos que já

atuavam na região e possuíam conhecimentos relevantes sobre o ambiente

estudado. Também levou-se em consideração o interesse dos mesmos em publicar

os dados obtidos durante os levantamentos de campo, divulgando seus resultados.

Planejamento dos trabalhos com cronograma de atividades e custos A definição das atividades, cronograma geral de execução e custo total foram

descritas inicialmente quando da elaboração da proposta de elaboração do Plano de

Manejo. Foi definido um cronograma dos trabalhos de campo para os

pesquisadores, datas para entrega de relatórios preliminar e final, prestação de

contas, reuniões de equipe e outras atividades vinculadas à execução do projeto.

Esta etapa foi planejada junto com o proprietário da RPPN, principal interessado nos

resultados e o supervisor geral do projeto, Rooswelt R. Sampaio, responsável pelo

repasse da verba destinada ao trabalho.

Levantamento de materiais e informações Cada pesquisador ficou responsável pelo levantamento de dados preliminares

relacionados à sua área de pesquisa, sendo que os dados gerais para a composição

do documento ficaram sob responsabilidade da coordenação da equipe, que

juntamente com o supervisor fizeram levantamentos de dados históricos da

propriedade e também da região, assim como aspectos físicos e sócio-econômicos.

Levantamentos de campo Os dados obtidos em campo seguiram metodologia própria de cada linha de

pesquisa (Figura 145).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

193

a

b

c

d

e

f

g

h

Figura 145. Pesquisadores durante trabalho de campo. a. estudos de avifauna (Foto: Daniel De

Granville) b. estudo da herpetofauna (Foto: Carolina Denzin) c. estudos da flora (Foto: Fabrício Maria)

d. estudos de quirópteros (Foto: Carolina Denzin ) e. estudos geológicos (Foto: Bergson Sampaio)

f.g.h. participação dos proprietários nos trabalhos de campo: Bergson auxiliando pesquisas

geológicas (Foto: Sandro Scheffer), Rooswelt nas pesquisas de herpetofauna (Foto: Ellen Wang) e

Seu Modesto nos estudos botânicos (Foto: Fabrício Maria)

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

194

Tratamento das informações Seguindo a metodologia apresentada em Coelho et al. (2007), a Coordenação

de Equipe elaborou um roteiro para relatório de atividades de forma a padronizar o

formato das informações repassadas pelos pesquisadores, facilitando a construção

do texto principal. Este método mostrou-se eficiente, visto que todas as informações

dos relatórios foram adequadamente encaixadas dentro do trabalho, ajudando a

compor o zoneamento e os programas de manejo.

Cabe lembrar que o formato deste documento segue aquele sugerido em

Ferreira et al. (2004) e CONAMA (2004), porém com algumas adaptações de acordo

com as características específicas da área analisada. O texto final, também baseado

em Coelho et al. (2007), foi dividido em três partes distintas: 1. Diagnóstico

Ambiental; 2. Caracterização Sócio-econômica e 3. Planejamento e Gestão.

Desenho do Planejamento

O zoneamento e os programas de manejo foram planejados seguindo quatro

linhas básicas: licença de operação turística, recomendações resultantes durante o

diagnóstico, manejo e uso turístico da RPPN antes da elaboração deste documento

e as expectativas do proprietário. Estes parâmetros possibilitaram a criação de um

plano de manejo de fácil aplicabilidade para a RPPN Buraco das Araras, estando

dentro dos objetivos iniciais quando da criação desta UC e também da capacidade

de investimento financeiro dos proprietários.

Aprovação do Plano de Manejo Após a análise dos resultados obtidos durante o diagnóstico sócio-ambiental e

da formatação do zoneamento, os programas resultantes devem ser entregues para

serem analisados pelas instituições parceiras e órgão fiscalizador competente de

modo a aprovar esta proposta ou apresentar sugestões para eventuais alterações de

conteúdo.

Divulgação do Plano de Manejo Esta atividade foi executada ainda quando da elaboração do documento,

visando estimular outros proprietários e também trazer conhecimento aos

funcionários, visitantes e guias de turismo que atuam na propriedade.

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

195

O Plano será divulgado nos sites www.buracodasararas.tur.br,

www.repams.org.br, www.conservacao.org.br, www.iasb.org.br e também através da

SEMAC, CECAV e meios de comunicação como o Diário Oficial e outras mídias

regionais.

Implementação do Plano de Manejo A oficialização do zoneamento e a execução dos programas de manejo

propostos neste documento começarão a ser implementados a partir da aprovação

do projeto pelo órgão responsável, de forma a cumprir o prazo estabelecido pelo

próprio documento. Sua revisão em cinco anos indicará a necessidade de alterações

ou complementações dos programas propostos.

6.2.2 METODOLOGIA PARA INVENTÁRIOS DE GEOMORFOLOGIA, FAUNA E FLORA

Estudos Geomorfológicos

Foi realizada uma saída de campo no dia 04 de fevereiro de 2008, sendo

visitadas áreas dentro da propriedade onde se situa a RPPN Buraco das Araras e

também nas fazendas vizinhas, onde ocorrem rochas aflorantes.

No interior da RPPN os esforços se concentraram nas rochas expostas nos

paredões da dolina Buraco das Araras. Foi realizada uma descida de rapel, com

auxílio de Bergson R. Sampaio, observando as características dos tipos litológicos

aflorantes: granulométricas, sedimentológicas e algumas observações

estratigráficas, sendo realizadas medidas da atitude do acamamento e dos sistemas

de fraturas encontrados.

Também foram visitadas duas fazendas vizinhas: a Fazenda Pedacinho de

Chão, onde havia uma cascalheira, utilizada inclusive pelos proprietários da

Fazenda Alegria; e Fazenda Santa Maria, a sudoeste, onde rochas frescas afloram

no leito do córrego Santa Maria e em uma grande dolina (Figura 146).

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

196

Figura 146. Mapa apresentando os pontos amostrados (A, B e C): A – dolina Buraco das Araras; B –

dolina e sumidouro do Córrego Santa Maria; C – cascalheira da Fazenda Pedacinho de Chão; D –

localização da dolina Lagoa Misteriosa, onde a rocha calcária começa a aflorar. Fonte: Google Earth,

Microsoft Company (2008)

Estas foram as únicas áreas em aproximadamente quatro quilômetros do

entorno do Buraco das Araras onde se encontrou rochas aflorantes. Estes poucos

afloramentos se deve ao fato desta área ser uma grande superfície aplainada.

Estudos da Vegetação

O levantamento florístico foi realizado no período seco (agosto) e chuvoso

(outubro) com um total de 25 horas. O método utilizado foi o tempo de avaliação, ou

seja, cronometrando a amostragem em caminhadas previamente estabelecidas

cortando todo o trecho florestal, até não aparecer novas espécies em 15 minutos de

amostragem contínuas (Baptista-Maria 2007; Kotchetkoff-Henriques 2003; Santin

1999). Durante as caminhadas de coleta, foram amostradas espécies em fase

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

197

reprodutiva de porte arbustivo-arbóreo, em especial palmeiras, lianas e herbáceas.

Foram percorridas trilhas no interior e bordas do cerrado visando amostragem da

vegetação em diferentes fases sucessionais. A coleta do material botânico foi

realizada com o auxílio de uma tesoura de poda alta, adaptada a duas varas

ajustáveis de alumínio, chegando a atingir oito metros de altura. Durante as coletas

com podão o cronômetro foi zerado, para não interferir no método utilizado.

O material coletado de cada indivíduo foi agrupado com fita crepe, numerado

e transportado em sacos plásticos (Figura 147). Posteriormente, o material foi

prensado e herborizado pelos procedimentos usuais e identificado com auxílio de

literatura especializada e comparações com exsicatas existentes em herbários

(ESA e CGMS) ou ainda a consulta a especialistas. Os espécimes foram

agrupados em famílias de acordo com o sistema APG II (Souza e Lorenzi 2005).

Os autores das espécies foram confirmados nas bases de dados disponíveis na

internet (Missouri Botanical Garden 2007).

Figuras 147. Coleta de amostras representativas do Cerrado na RPPN Buraco das Araras.

Fotos: Fabrício de Souza Maria

Na fitofisionomia foram anotadas informações gerais como descrição,

evidências de ameaças, rochosidade, erosão, cor e textura do solo. Para a definição

dos principais tipos florestais ocorrentes nos trechos estudados, foi utilizado o

Manual Técnico da Vegetação Brasileira com a nomenclatura oficial do IBGE

(Veloso et al. 1992).

Estudos de Mastofauna

Devido à limitação do tempo, o inventário da mastofauna foi realizado através

de observações diretas (avistamento), indiretas (e.g. rastros – figura 148, fezes,

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

198

tocas, etc.) e entrevistas junto à comunidade local, assim como pesquisa de material

bibliográfico. A campanha de campo foi realizada no período de 12 a 13 de fevereiro

de 2008. Foram usados ainda informações fornecidas durante os inventários de

avifauna realizados entre 31/07 a 03/08 e 06 a 09/10/2007.

Comprimento

Largura

Figura 148. Medida dos rastros avistados

Foram realizados levantamentos por meio de transectos em trilhas pré-

existentes. Os animais encontrados mortos na rodovia BR-267 próxima à RPPN

também foram registrados, uma vez que compõe a fauna regional. A seqüência e

nomenclatura taxonômica seguem Fonseca et al. (1996).

Estudos de Quirópteros

Capturas de morcegos foram feitas entre 8 e 11 de novembro de 2007 (lua

minguante e nova) e 8 a 13 de janeiro de 2008 (lua nova), com auxílio de redes-

neblina (mist nets) de 9m, 12m ou 18m de comprimento e 2,6m de altura, armadas

próximas ao solo. As redes foram dispostas principalmente na trilha ao redor da

dolina utilizada pelos turistas e na vegetação entre as trilhas, nas margens das

estradas de acesso, nas proximidades da sede, do alojamento, do antigo galinheiro

e em frente a plantas quiropterocóricas ou quiropterófilas. As redes foram abertas ao

anoitecer e permaneceram abertas por seis horas, exceto em caso de chuva forte; a

chuva interfere diretamente na atividade dos morcegos, podendo ser pela redução

de suas presas, como pela dificuldade de usar ecolocalização (O'Farrell 1974; Eckert

1982).

Adicionalmente, na segunda expedição, foram utilizadas redes de 4m

suspensas entre dois e quatro metros em frente a espécies vegetais que ofereciam

algum recurso alimentar como frutos e flores quiropterófilas. Em janeiro também

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

199

presenciamos revoada de morcegos saindo do Buraco das Araras no final do

período crepuscular vespertino (ver figura 79K). Para a captura destes foi

empregada uma rede de 18 metros disposta perpendicularmente à dolina na

primeira noite e uma rede de seis metros, suspensa quatro metros do solo nas

noites seguintes. O esforço de captura total foi de 10877,19 h.m2

Como fonte primária de informações utilizou-se dados contidos em Pivatto et

al. (2006) e visitas técnicas executadas em 30/03 e 20/05/2006 pela autora. O

(área da rede x

tempo de exposição x número de redes).

Os exemplares capturados foram inicialmente acondicionados em sacos de

pano e, posteriormente, manipulados para identificação (cf. Vizotto e Taddei 1973),

sexagem, avaliação do estádio reprodutivo, medição do antebraço, pesagem e

marcação com anílhas numeradas. Machos foram classificados como jovens

(ossificação incompleta nas epífises do terceiro dedo e testículos abdominais),

adultos reprodutivos (testículos aparentes) ou adultos não reprodutivos (testículos

abdominais). As fêmeas foram classificadas como jovens (ossificação incompleta e

não grávida), adultas, grávidas (verificada por palpação abdominal), lactantes

(mamas desenvolvidas com exsudação de leite sob leve pressão manual) ou pós-

lactantes (mamas desenvolvidas, sem secreção de leite e esparsa pelagem

circundante) (Anthony 1988; Racey 1988). Ao menos um indivíduo de cada espécie

registrada e aqueles cuja identificação não foi possível em campo foram mortos para

exame morfológico, em laboratório, da arcada dentária e morfometria craniana.

Todos os espécimes coletados foram incluídos na coleção de Zoologia da

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (ZUFMS) como material testemunho.

O índice de diversidade de Shannon (H’) para a comunidade de morcegos

amostrada na RPPN Buraco da Araras, assim como a curva de acumulação de

espécies por indivíduos capturados (rarefação) foram calculados com auxílio do

programa PAST (Hammer et al. 2001). Estes índices foram calculados duas vezes,

ora incluindo e ora excluindo a espécie Nyctinomops laticaudatus, uma vez que as

capturas sobre esta espécie foram direcionadas após conhecimento dos seus locais

de passagem durante saída do abrigo diurno. A curva de acumulação de espécies

foi estimada sem incluir esta espécie.

Estudos de Avifauna

Plano de Manejo RPPN Buraco das Araras – Jardim, MS - 2008

200

esforço amostral total em campo foi de 55:30 horas, sendo analisado todo o

fragmento que compõe a RPPN e áreas adjacentes nas estações climáticas de

outono, inverno e primavera.

O levantamento das espécies foi feito por meio de caminhadas aleatórias ao

longo das trilhas e caminhos no interior do fragmento e arredores, borda da dolina e

da RPPN, por meio de coleta exaustiva de dados (Develey 2004). Foram registradas

informações sobre a espécie identificada, local da observação, forma de registro

(identificação visual – V ou zoofonia – Z). O horário de início da atividade variou

entre 05:40h e 06:30h no período da manhã e entre 15:00h e 15:30h no período da

tarde, alternando-se os transectos nestes dois períodos e, quando possível, também

o sentido de caminhamento.

A identificação das espécies foi feita através de reconhecimento in situ

(binóculo e luneta) ou reconhecimento acústico, consulta bibliográfica e a

especialistas. Algumas espécies tiveram registro fotográfico e acústico. Para

nomenclatura das espécies foram adotadas as normas estabelecidas pelo Comitê

Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO 2007). A nomenclatura botânica

utilizada é a sugerida por Veloso et al. (1992).

Estudos de Herpetofauna

Foram instalados 3 conjuntos de

armadilhas de queda com cerca-guia

(Figura 1149), totalizando 24 baldes

na área de cerrado da RPPN Buraco

das Araras. O esforço amostral foi de

04 noites em novembro de 2007 e 04

noites em fevereiro de 2008. As

amostragens realizadas correspondem

apenas à estação chuvosa.

Figura 149. Armadilhas de queda com cerca-guia na

RPPN Buraco das Araras, Jardim, MS.

Foto: Carolina Denzin Anuros e répteis foram coletados, pesados, marcados, fotografados e soltos

no mesmo local da captura. Animais que foram observados por terceiros ou durante

outras atividades também foram registrados. Para calcular a diversidade, utilizou-se

o programa Ecolog/Ecosoft Program Divers Software (1993 D.H.Smith).

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201

6.3 ANEXO 3 – VEGETAÇÃO

Lista das espécies vegetais ocorrentes na RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS), sendo: Hábito - Hb: (Ar) árvore; (Ab) arbusto; (He) erva; (L) liana; (P)

palmeira. Tipo de Floresta: Cerrado (savana arborizada + florestada) e Interior da dolina (Floresta Perenifólia). Dados obtidos entre agosto e outubro de

2007. Nº

Nome Popular Nome científico Família Botânica Hb* Cerrado Interior

da Dolina

1 abacaxizinho-cerrado Ananas ananassoides (Bak.) L. B. Smith Bromeliaceae He x 2 açoita-cavalo Luehea candicans Mart. et Zucc Malvaceae Ar x 3 açoita-cavalo Luehea grandiflora Mart. et Zucc. Malvaceae Ar x 4 açoita-cavalo Luehea paniculata Mart. Malvaceae Ar x 5 açoita-cavalo-miúdo Luehea divaricata Mart. Malvaceae Ar x 6 alecrim-de-vassoura Baccharis dracunculifolia DC. Asteraceae Ab x 7 alecrim-do-cerrado Myrcia linearifolia Cambess. Myrtaceae Ab x 8 algodão-do-cerrado Cochlospermum regium Pilg. Cochlospermaceae Ab x 9 almécega Protium heptaphyllum (Aubl.) March. Burseraceae Ar x

10 amarelinho Senna rugosa H.S. Irwin & Barneby Fab. Caesalpinioideae Ab x 11 amargosinha Acosmium dasycarpum (Vog.) Yakovl. Fab. Faboideae Ar x 12 amendoim-bravo Pterogyne nitens Tul. Fab. Caesalpinioideae Ar x 13 amendoim-do-campo Platypodium elegans Vog. Fab. Faboideae Ar x 14 angico Anadenanthera colubrina (v. cebil) Bren. Fab. Mimosoideae Ar x 15 angico vermelho Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan Fab. Mimosoideae Ar x 16 aperta-guela Eugenia kunthiana DC. Myrtaceae Ab x 17 araça Psidium myrsinoides O. Berg. Myrtaceae Ar x 18 araça Psidium sp. Myrtaceae Ar x

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Nº Nome Popular Nome científico Família Botânica Hb* Cerrado

Interior da Dolina

19 araticum Annona dioica St. Hil. Annonaceae Ab x 20 araticum Annona phaeoclados Mart. Annonaceae Ab x 21 araticum Rollinia sp. Annonaceae Ar x 22 araticum rasteiro Annona pygmaea Warm. Annonaceae Ab x 23 araticum-do-cerrado Annona crassiflora Mart. Annonaceae Ab x 24 araticum-do-mato Rollinia emarginata Schl. Annonaceae Ab x 25 araticum-do-mato Rollinia silvatica (St. Hil.) Mart. Annonaceae Ab x 26 araticum-vermelho Annona cornifolia St.Hil. Annonaceae Ab x 27 arauta-do-campo Connarus suberosus Planch. Connaraceae Ar x 28 aroeira Myracrodruon urundeuva Fr.All. Anacardiaceae Ar x 29 aroeira pimenteira Schinus terebinthifolia Raddi Anacardiaceae Ar x 30 aroeirinha Schinus weinmaniifolius Engl. Anacardiaceae Ab x 31 assa-peixe Vernonia scabra Pers. Asteraceae Ar x 32 ata brava Duguetia furfuracea Saff. Annonaceae Ab x 33 balsemim Gomidesia palustris Kausel Myrtaceae Ar x 34 barba-de-bode Bulbostylis paradoxa Ness Cyperaceae He x 35 barbatimão Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville Fab. Mimosoideae Ar x 36 baru Dipteryx alata Vog. Fab. Faboideae Ar x 37 bocaiuva Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. Arecaceae Pa x x 38 bolsa-de-pastor Zeyheria montana Mart. Bignoniaceae Ab x 39 braquiária Brachiaria decumbes Stapf Poaceae He x 40 braquiária Brachiaria humidicola Schweich Poaceae He x 41 cabeçudinha Butia paraguayensis (Barb. Rodr.) L.H. Bailey Arecaceae Pa x 42 cabelo-de-negro Erythroxylum campestre St. Hil. Erythroxylaceae Ab x

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Nº Nome Popular Nome científico Família Botânica Hb* Cerrado

Interior da Dolina

43 cabelo-de-negro Erytroxylum suberosum St. Hil. Erythroxylaceae Ar x 44 cacto Cereus hildimannianus Mart. Cactaceae Ar x x 45 cafezinho Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze Myrsinaceae Ar x 46 cajú Anacardium occidentale L. Anacardiaceae Ar x 47 cajú rasteiro Anacardium humile A. St. Hil. Anacardiaceae Ab x 48 calção-de-velho Vernonia ferruginea Less. Asteraceae Ar x 49 camboatá Matayba guianensis Aubl. Sapindaceae Ab x 50 canela de cutia Sebastiania discolor (Spreng.) Mull. Arg. Euphorbiaceae Ar x 51 canela-guaicá Ocotea puberula (Reich.) Nees Lauraceae Ar x 52 canela-vassoura Ocotea minarum (Nees) Mez Lauraceae Ar x 53 capim Eragrostis acuminata Doell. Poaceae He x 54 capim Eragrostis acuminata Doell. Poaceae He x 55 capim-flexa Echinolaena inflexa Chase Poaceae He x 56 capim-limão Cymbopogon sp. Poaceae He x 57 capitão Terminalia argentea Mart et Zucc. Combretaceae Ar x 58 caraguatá Bromelia balansae Mez Bromeliaceae He x x 59 carapiá Dorstenia brasiliensis Lam. Moraceae He x 60 caroba Jacaranda cuspidifolia Mart. Bignoniaceae Ar x 61 carobinha Jacaranda decurrens Mez Bignoniaceae He x 62 carqueja Baccharis trimera DC. Asteraceae He x 63 carvão-branco Callisthene fasciculata (Spreng) Mart. Vochysiaceae Ar x 64 carvão-vermelho Diptychandra aurantiaca (Mart.) Tul. Fab. Caesalpinioideae Ar x 65 carvoeiro Sclerolobium aureum (Tul.) Benth. Fab. Caesalpinioideae Ar x 66 carvoeiro Sclerolobium paniculatum Vogel Fab. Caesalpinioideae Ar x

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Nº Nome Popular Nome científico Família Botânica Hb* Cerrado

Interior da Dolina

67 chapeu-de-couro Salvertia convallariaeodora St. Hil. Vochysiaceae Ar x 68 cigana Calliandra dysantha Benth. Fab. Mimosoideae Ab x 69 cipó Serjania lethalis A. St. Hil. Sapindaceae L x 70 copaíba Copaifera langsdorffii Desf. Fab. Caesalpinioideae Ar x x 71 coração-de-negro Eremanthus glomerulatus Less. Asteraceae Ar x 72 cruzinha Eupatorium odoratum L. Asteraceae He x 73 curiola Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. Sapotaceae Ar x 74 curiola Pouteria torta (Mart.) Radlk. Sapotaceae Ar x 75 embaúba Cecropia pachystachya Trec. Urticaceae Ar x x 76 embiruçu Pseudobombax tomentosum Robyns Malvaceae Ar x 77 erva-de-passarinho Phthirusa ovata Eichl. Loranthaceae He x 78 faveira Dimorphandra mollis Bth. Fab. Caesalpinioideae Ar x 79 fedegoso Senna occidentalis (L.) Link Fab. Caesalpinioideae Ab x 80 fedegoso Senna pendula (Willd.) Irw. et Barn. Fab. Caesalpinioideae Ab x 81 fedegoso Senna silvestris v. bifaria Irw et. Barn. Fab. Caesalpinioideae Ar x 82 fedegoso Senna splendida (Vog.) Irw. et Barn. Fab. Caesalpinioideae He x 83 figueira Ficus sp. Moraceae Ar x 84 gervão-branco Croton glandulosus L. Euphorbiaceae He x 85 goiaba Psidium guajava L. Myrtaceae Ab x 86 guaçatunga Casearia decandra Jacq. Salicaceae Ar x 87 guanxuma Sida sp. Malvaceae He x 88 guatambu-do-cerrado Aspidosperma macrocarpon Mart. Apocynaceae Ar x 89 guelra-de-dourado Senna aculeata (Bth.) Irw et Barn. Fab. Caesalpinioideae Ab x 90 guiné Petiveria alliacea L. Phytolaccaceae He x

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Nº Nome Popular Nome científico Família Botânica Hb* Cerrado

Interior da Dolina

91 hortelã-brava Hyptis brevipes Poit. Lamiaceae He x 92 hortelã-do-campo Hyptis crenata Pohl Lamiaceae He x 93 ingá Inga cf. uruguensis Hooker at Arnott Fab. Mimosoideae Ar x 94 ipê roxo Tabebuia avellanedae Lor. Ex Griseb. Bignoniaceae Ar x 95 ipê-amarelo Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. Bignoniaceae Ar x 96 iriri Allagoptera leucocalyx (Mart.) Kuntze Arecaceae Pa x 97 iriri Syagrus petraea Becc. Arecaceae Pa x 98 jacaranda Jacaranda micrantha Cham. Bignoniaceae Ar x 99 jacarandá-bico-de-pato Machaerium acutifolium Vog. Fab. Faboideae Ar x 100 jacarandá-do-cerrado Dalbergia miscolobium Benth. Fab. Faboideae Ar x 101 jacarandá-do-cerrado Machaerium opacum Vog. Fab. Faboideae Ar x 102 japecanga Smilax fluminensis Steud. Smilacaceae L x 103 japecanga Smilax goyazana DC. Smilacaceae L x 104 jatobá-do-cerrado Hymenaea stigonocarpa (Mart.) Hayne Fab. Caesalpinioideae Ar x 105 jenipapo Genipa americana L. Rubiaceae Ar x 106 jenipapo-de-cavalo Tocoyena formosa (C. et S.) Schum. Rubiaceae Ab x 107 juá-bravo Solanum viarum Dun. Solanaceae He x 108 laranjinha-do-cerrado Styrax ferrugineus Ness et Mart. Styracaceae Ar x 109 leiteiro Sapium hasslerianum Huber Euphorbiaceae Ab x 110 lingua-de-lagarto Casearia sylvestris Sw. Salicaceae Ar x 111 lixeirinha Davilla elliptica St. Hil. Dilleniaceae Ar x 112 lobeira Solanum lycocarpum St. Hil. Solanaceae Ar x 113 louro-preto Cordia glabrata (Mart.) A. DC. Boraginaceae Ar x 114 macela-do-campo Achyrocline satureioides DC. Asteraceae He x

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Nº Nome Popular Nome científico Família Botânica Hb* Cerrado

Interior da Dolina

115 macela-do-campo Plagiocheilus tanacetoides Haenk. Asteraceae He x 116 mama-cadela Brosimum gaudichaudii Trec. Moraceae Ab x 117 mamica-de-porca Zanthoxylum rhoifolium Lam. Rutaceae Ar x 118 mandacaru Cereus peruvianus Mill. Cactaceae Ar x 119 mandiocão Didymopanax morototonii Dcne. et Planch. Araliaceae Ar x 120 mandiocão-do-cerrado Schefflera macrocarpa (Cham. E Schltdl.) Araliaceae Ar x 121 mangaba Hancornia speciosa Gomez Apocynaceae Ar x 122 maracujazinho Passiflora giberti N. E. Brown Passifloraceae L x 123 maria-mole Guapira graciliflora Lundel Nyctaginaceae Ar x 124 maria-preta Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg Myrtaceae Ar x 125 marmelada-de-cachorro Alibertia sessilis (Vell.) Schum. Rubiaceae Ar x 126 marmelo rasteiro Alibertia sp. Rubiaceae He x 127 marmelo-de-bola Alibertia edulis (L.L. Rich.) A. C. Rich. Rubiaceae Ar x 128 marolo Annona coriacea Mart. Annonaceae Ar x 129 mata-cachorro Simarouba versicolor St.Hil. Simaroubaceae Ar x 130 mata-pasto Hyptis suaveolens Poit. Lamiaceae Ab x 131 mimosa Mimosa claussenii Benth Fab. Mimosoideae Ar x 132 murici Byrsonima pachyphylla Malpighiaceae Ar x 133 murici Byrsonima verbascifolia (L.) Rich. Malpighiaceae Ar x 134 murici-macho Heteropterys byrsonimifolia Malpighiaceae Ar x 135 murici-rosa Byrsonima coccolobifolia (L.) H.B.K. Malpighiaceae Ar x 136 nó-de-cachorro Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. Malpighiaceae Ab x 137 oiti-do-sertão Couepia grandiflora Bth. Chrysobalanaceae Ar x 138 pacari Lafoensia pacari St. Hil. Lythraceae Ar x

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Nº Nome Popular Nome científico Família Botânica Hb* Cerrado

Interior da Dolina

139 paineira-do-cerrado Eriotheca pubescens Schott et Endl. Malvaceae Ar x 140 papoula-do-campo indeterminada Ab x 141 para-tudo Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. Bignoniaceae Ar x 142 pata de vaca Bauhinia rufa (Bong.) Steud. Fabaceae - Cercideae Ar x 143 pata-de-vaca Bauhinia sp 1 Fabaceae - Cercideae Ar x 144 pata-de-vaca Bauhinia sp 2 Fabaceae - Cercideae Ar x 145 pau-santo Kielmeyera coriacea Mart. Clusiaceae Ar x 146 pau-santo Kielmeyera variabilis Mart. Clusiaceae Ar x 147 pau-terra Qualea grandiflora Mart. Vochysiaceae Ar x 148 pau-terra-de-flor-peq. Qualea parviflora Mart. Vochysiaceae Ar x 149 pau-terra-do-campo Qualea multiflora Mart. Vochysiaceae Ar x 150 peito-de-pombo Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae Ar x 151 pequi Caryocar brasiliense Camb. Caryocaraceae Ar x 152 peroba-do-campo Aspidosperma tomentosum Mart. Apocynaceae Ar x 153 picão Bidens gardneri Bak. Asteraceae He x 154 pimenta-de-macaco Xylopia aromatica (Lam.) Mart. Annonaceae Ar x 155 pindó Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Arecaceae Pa x 156 pitanga roxa Eugenia uniflora L. Myrtaceae Ab x 157 planta-moeda Chamaecrista orbiculata Irwin & Barneby Fab. Caesalpinioideae Ar x 158 pororoca Rapanea ferruginea (Ruiz et Pav.) Mez Myrsinaceae Ar x 159 pororoca Rapanea guianensis Aubl. Myrsinaceae Ar x 160 quebra-pedra Phylanthus orbiculatus L.C. Rich. Euphorbiaceae He x 161 quina-do-cerrado Strychnos pseudoquina St. Hil Loganiaceae Ar x 162 quina-genciana Acosmium subelegans (Mohl.) Yak. Fab. Faboideae Ar x

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Nº Nome Popular Nome científico Família Botânica Hb* Cerrado

Interior da Dolina

163 rosquinha Helicteres lhotzkyana Schum. Malvaceae Ab x 164 roxinho Peltogyne angustiflora Ducke Fab. Caesalpinioideae Ar x 165 santa-luzia Commelina erecta L. Commelinaceae He x 166 sucupira-preta Bowdichia virgilioides H. B. K. Fab. Faboideae Ar x x 167 taleira Celtis iguanea (Jacq.) Sarg. Cannabaceae Ab x 168 taleira Celtis pubescens (H.B.K.) Cannabaceae Ab x 169 timbó Magonia pubescens St. Hil. Sapindaceae Ar x 170 urtiga-casa Cnidoscolus cnicodendron Griseb. Euphorbiaceae Ab x 171 urucum Bixa orelana L. Bixaceae Ar x 172 velame-do-campo Macrosiphonia petraea Schum. Apocynaceae He x 173 vinhático Plathymenia reticulata Benth. Fab. Mimosoideae Ar x 174 Acalypha communis M. Arg. Euphorbiaceae He x 175 Billbergia zebrina (Herb.) Lindl. Bromeliaceae He x 176 Cestrum sendtnerianum Mart. Solanaceae Ab x 177 Eugenia sp. Myrtaceae Ab x 178 Eupatorium sp. Asteraceae He x 179 Heteropterys hypericifolia A. Juss. Malpighiaceae Ar x 180 Hybanthus calceolaria (L.) Schulze Violaceae He x 181 Justicia sp. Acanthaceae He x 182 Manihot gracilis R. W. Pohl Euphorbiaceae Ab x 183 Olyra ciliatifolia Raddi Poaceae He x 184 Paspalum sp. Poaceae He x 185 Pavonia grandiflora A. St. Hil. Malvaceae Ab x 186 Peixotoa cordistipula A. Juss. Malpighiaceae Ab x

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Nº Nome Popular Nome científico Família Botânica Hb* Cerrado

Interior da Dolina

187 Pharus glaber Kunth Poaceae He x 188 Physalis pubescens L. Solanaceae He x 189 Rhodocalyx rotundifolius M.Arg. Apocynaceae He x 190 Ruellia gemminiflora H.B.K. Acanthaceae He x 191 Serjania caracasana (Jacq.) Willd. Sapindaceae L x 192 Solidago sp. Asteraceae He x

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6.4 ANEXO 4 – MASTOFAUNA

Mastofauna terrestre registrada na RPPN Buraco das Araras e entorno (Jardim–MS) em fevereiro de 2008. Tipo de registro: A = Avistamento; R = Rastro; V =

Vocalização; F = Fezes; RS = Registro Secundário; IM = Informação de moradores; O= Outros vestígios; Et = Entorno; UC = Unidade de Conservação

(RPPN). Status: Vu = vulnerável; En = ameaçado; Nt = em via de ameaça, sendo 1 = MMA (2003) e 2 = IUCN (2006).

Ordem/Família/Espécie Nome popular Tipo de registro Área Status

DIDELPHIMORPHIA

Didelphidae

1. Didelphis albiventris Lund, 1840 gambá, saruê R, RS UC

2. Gracilinanus agilis (Burmeister, 1854) cuíca, mucura RS Et

3. Lutreolina crassicaudata (Desmarest, 1804) cuíca RS Et

Myrmecophagidae

4. Myrmecophaga trydactyla Linnaeus, 1758 tamanduá-bandeira R UC Vu 1,2

5. Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) tamanduá-mirim, meleta R UC

Dasypodidae

6. Cabassous unicinctus (Linnaeus, 1758) tatu-rabo-mole, ou tatu-de-rabo-liso R UC

7. Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 tatu-verdadeiro, tatu-galinha A, R UC

8. Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) tatu-peba, tatu-peludo A, R UC

9. Tolypeutes matacus (Desmarest, 1804) tatu-bola R Et Vu 1, En 2

10. Priodontes maximus (Kerr, 1792) tatu-canastra IM Et

PRIMATES

Cebidae

11. Alouatta caraya (Humboldt, 1812) bugio, guariba IM Et

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Ordem/Família/Espécie Nome popular Tipo de registro Área Status

12. Cebus apella (Linnaeus, 1758) macaco-prego A,V, IM UC

CARNIVORA

Canidae

13. Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) lobinho, cachorro do mato R, F UC

14. Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815) lobo-guará F, R, IM UC Vu 1, En 2

Procyonidae

15. Nasua nasua (Linnaeus, 1766) quati A UC

16. Procyon cancrivorus (G. Cuvier, 1798) mão-pelada R UC

Mustelidae

17. Conepatus semistriatus (Boddaert, 1785) jaratataca IM Et

18. Eira barbara (Linnaeus, 1758) irara, papa-mel IM UC

19. Galictis cuja (Molina, 1782) furão IM Et

20. Lontra longicaudis (Olfers, 1818) lontra IM Et

21. Pteronura brasiliensis (Gmelin, 1788) ariranha IM Et

Felidae

22. Herpailurus yaguarondi (Lacépède, 1809) jaguarundi, gato-mourisco A Et

23. Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) jaguatirica IM UC Vu 1

24. Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) gato-do-mato-pequeno IM Et Vu 1, Nt 2

25. Leopardus wiedii (Schinz, 1821) gato-do-mato, gato maracajá IM Et Vu 1

26. Oncifelis colocolo (Molina, 1810) gato-palheiro IM Et Vu 1

27. Puma concolor (Linnaeus, 1771) sussuarana IM Et Vu 1, Nt 2

PERISSODACTYLA

Tapiridae

28. Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758) anta R UC Vu 2

ARTIODACTYLA

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Ordem/Família/Espécie Nome popular Tipo de registro Área Status

Tayassuidae

29. Tayassu tajacu (Linnaeus, 1758) caititu, cateto R UC

30. Tayassu pecari (Link, 1795) queixada R UC

Cervidae

31. Mazama americana (Erxleben, 1777) veado-mateiro R UC Nt 2

32. Mazama gouazoubira (G. Fischer, 1814) veado-catingueiro R, F UC

33. Ozotoceros bezoarticus (Linnaeus, 1758) veado-campeiro A UC

RODENTIA

Muridae

34. Bolomys lasiurus (Lund, 1841) rato-do-mato RS, O UC

Erethizontidae

35. Coendou prehensilis (Linnaeus, 1758) ouriço-cacheiro IM UC, Et

Hydrochaeridae

36. Hydrochaeris hydrochaeris (Linnaeus, 1766) capivara IM Et

Agoutidae

37. Agouti paca (Linnaeus, 1766) paca IM Et

38. Dasyprocta azarae (Lichtenstein, 1823) cotia RS Et Vu 2

Echimyidae

39. Thrichomys apereoides (Lund, 1839) punaré O Et

LAGOMORPHA

Leporidae

40. Silvilagus brasiliensis tapiti A UC, Et

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6.5 ANEXO 5 – MASTOFAUNA VOADORA - QUIRÓPTEROS

Quirópteros registrados na RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS), entre novembro de 2007 e janeiro de 2008. Estágios reprodutivos: J = jovem, TA

= testículo abdominal, TE = testículo escrotado, A = adulta, G = grávida, L = lactante, PL = pós-lactante.

Família Espécie Machos Fêmeas Total Guilda trófica

Phyllostomidae J TA TE J A G L PL

1. Artibeus lituratus (Olfers, 1818) 1 1 Frugívoro

2. Artibeus planirostris (Spix, 1823) 7 3 2 1 1 11 3 1 29 Frugívoro

3. Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) 5 1 1 1 8 Frugívoro

4. Desmodus rotundus (E. Geoffroy, 1810) 1 1 Hematófago

5. Glossophaga soricina (Pallas, 1766) 4 5 1 1 3 2 16 Nectarívoro

6. Micronycteris schmidtorum Sanborn, 1935 1 1 Insetívoro

7. Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767) 1 1 1 3 Omnívoro

Molossidae

8. Molossops temminckii (Burmeister, 1854) 1 1 Insetívoro

9. Nyctinomops laticaudatus (E. Geoffroy, 1805) 16 7 8 3 27 29 90 Insetívoro

Natalidae

10. Natalus stramineus Gray, 1838 3 3 Insetívoro

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6.6 ANEXO 6 - AVIFAUNA

Lista das espécies registradas na RPPN Buraco das Araras (Jardim, MS), de acordo com o tipo vegetacional, sendo SFA = Savana Florestada e Arborizada;

FP = Floresta Perenifólia (dolina); AA = áreas antropizadas (proximidades das edificações; BO = borda do fragmento; * = observado em vôo); E = endêmica

do Cerrado (Silva 1995); Status (IUCN 2007): NT (quase ameaçada). Habitat: TSTa (terrestre / silvícola / tamnícola); TSTe (terrestre / silvícola / terrícola);

TSCo (terrestre /silvícola/ corticícola); TCTa (terrestre / campícola / tamnícola); TCTe (terrestre / campícola / terrícola); TCCo (terrestre / campícola /

corticícola); TAe (terrestre / aerícola). Guilda alimentar: ONI (onívoro); CAR (carnívoro); NEC (necrófago); INS (insetívoro); FRU (frugívoro); NCT

(nectarívoro); GRA (granívoro). MR = migração regional; VS = visitante sazonal vindo do hemisfério sul. Fonte

: dados de campo obtidos entre março e maio

de 2006 e agosto e outubro de 2007.

ORDEM FAMÍLIA NOME POPULAR ESPÉCIE AA SFA FP BO HABITAT GUILDA 1 Struthioniformes Rheidae ema Rhea americana NT V TCTe ONI 2 Tinamiformes Tinamidae inambu-chororó Crypturellus parvirostris V V TSTe ONI 3 perdiz Rhynchotus rufescens Z TCTe ONI 4 Galliformes Cracidae aracuã Ortalis canicollis Z TSTa FRU 5 jacupemba Penelope superciliaris V TSTa FRU 6 jacutinga Aburria cumanensis V V TSTa FRU 7 Ciconiiformes Ardeidae maria-faceira Syrigma sibilatrix Z TCTe INS 8 Threskiornithidae curicaca Theristicus caudatus Z V V TCTe INS 9 Cathartiformes Cathartidae urubu-de-cabeça-vermelha Cathartes aura MR V V V TAe NEC 10 urubu-comum Coragyps atratus V* V TAe NEC 11 Falconiformes Acciptridae gavião-sauveiro Ictinea plumbea MR V V TCTa CAR 12 gavião-fumaça Heterospizias meridionalis V TCTa CAR 13 gavião-carijó Rupornis magnirostris V V TCTa CAR 14 gavião-pato Spizaetus melanoleucus V V TSTa CAR 15 Falconidae carcará Caracara plancus V V* TCTa CAR 16 pinhé Milvago chijmachima V V V* TCTa CAR 17 acauã Herpetoteres cachinans Z V TCTa CAR 18 quiri-quiri Falco sparverius V V TCTa CAR 19 falcão-morcegueiro Falco rufigularis V TCTa CAR 20 falcão-de-coleira Falco femoralis V TCTa CAR

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Nº ORDEM FAMÍLIA NOME POPULAR ESPÉCIE AA SFA FP BO HABITAT GUILDA 21 Gruiformes Cariamidae seriema Cariama cristata V V Z TCTa ONI 22 Charadriiformes Charadriidae quero-quero Vanellus chilensis Z TCTe ONI 23 Columbiformes Columbidae rolinha-caldo-de-feijão Columbina talpacoti V TCTe GRA 24 rolinha-fogo-apagou Columbina squammata V V TCTe GRA 25 rolinha branca Columbina picui V TCTe GRA 26 pomba-de-espelho Claravis pretiosa MR V TSTa GRA 27 asa-branca Patagioenas picazuro V V V TCTa GRA 28 pomba-galega Patagioenas cayennensis V TCTa GRA 29 juriti Leptotila verreauxi V V V TSTe GRA 30 Psittaciformes Psittacidae arara-canindé4 Ara ararauna V V TCTa GRA 31 arara-vermelha Ara chloropterus V V V V TCTa GRA 32 periquito-maracanã Aratinga leucophthalma V V TCTa GRA 33 jandaia-estrela Aratinga aurea V V V TCTa GRA 34 periquito-rico Brotogeris chiriri V TSTa GRA 35 papagaio-galego Alipiopsitta xanthops E NT Z V TCTa GRA 36 papagaio-verdadeiro Amazona aestiva V V TCTa GRA 37 Cuculiformes Cuculidae alma-de-gato Piaya cayana V Z TSTa INS 38 anu coroca Crotophaga major MR V TSTa INS 39 anu-preto Crotophaga ani V V TCTa INS 40 anu-branco Guira guira V V V V TCTa INS 41 saci Tapera naevia V TSTa INS 42 Strigiformes Tytonidae suindara Tyto alba V TSTa CAR 43 Strigidae corujinha-do-mato Megascops choliba Z Z V TSTa CAR 44 murucututu Pulsatrix perspicillata V V TSTa CAR 45 coruja-preta Strix huhula cf. Z TSTa CAR 46 caburé Glaucidium brasilianum V V V Z TSTa CAR 47 Caprimulgiformes Nyctibiidae urutau Nyctibius griseus Z TCTa INS 48 Caprimulgidae curiango Nyctidromus albicollis V TCTe INS 49 bacurau-chintã Caprimulgus parvulus MR V TCTe INS 50 Apodiformes Apodidae andorinhão-do-temporal Chaetura meridionalis MR V V TAe INS

4 Aves introduzidas em dezembro de 2007 pelo CRAS, portanto, não aparecem nas discussões deste relatório.

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Nº ORDEM FAMÍLIA NOME POPULAR ESPÉCIE AA SFA FP BO HABITAT GUILDA 51 Trochilidae beija-flor-tesoura Eupetomena macroura V TSTa NCT 52 besourinho-do-bico-vermelho Chlorostilbon lucidus V TSTa NCT 53 beija-flor-tesoura-verde Thalurania furcata V V V TSTa NCT 54 Trogoniformes Trogonidae surucuá-de-barriga-vermelha Trogon curucui Z Z V TSTa INS 55 Coraciiformes Momotidae udu Momotus momota V TSTa INS 56 Galbuliformes Bucconidae joão-bobo Nystalus striatipectus Z V V TCTa INS 57 Piciformes Ramphastidae tucano-toco Ramphastos toco V V V V TCTa ONI 58 araçari-castanho Pteroglossus castanotis V V V TSTa FRU 59 Picidae pica-pauzinho-anão-manchado Picummnus albosquamatus V V TCCo INS 60 birro Melanerpes candidus Z Z Z TCCo INS 61 pica-pau-verde-barrado Colaptes melanochloros V V TSCo INS 62 pica-pau-do-campo Colaptes campestris V V V TCCo INS 63 pica-pau-velho Celeus lugubris V TSCo INS 64 pica-pau-de-banda-branca Dryocopus lineatus V TSCo INS 65 Passeriformes Thamnophilidae choró-boi Taraba major V TSTa INS 66 papa-formigas-vermelho Formicivora rufa V V TCTa INS 67 Dendrocolaptidae arapaçu-grande Dendrocolaptes platyrostris V V TSCo INS 68 arapaçu-do-cerrado Lepidocolaptes angustirostris V V V TSCo INS 69 Furnariidae joão-de-barro Furnarius rufus V V TCTe INS 70 Tyrannidae sebinho-olho-de-ouro Hemitriccus margaritaceiventer V V TSTa INS 71 guaracava-cinzenta Myiopagis caniceps V TSTa INS 72 guaracava-de-crista-alaranjada Myiopagis viridicata V V TSTa INS 73 guaracava-de-barriga-amarela Elaenia flavogaster V TCTa INS 74 guaracava-de-crista-branca Elaenia albiceps VS V TCTa INS 75 chibum Elaenia chiriquensis MR V TCTa INS 76 tucão Elaenia spectabilis V TCTa INS 77 risadinha Camptostoma obsoletum V V TSTa INS 78 suiriri-cinzento Suiriri suiriri MR V TCTa INS 79 barulhehto Euscarthmus meloryphus V TSTa INS 80 verão Pyrocephalus rubinus VS V TCTa INS 81 primavera Xolmis cinereus V V TCTa INS 82 noivinha-branca Xolmis velatus V TCTa INS

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Nº ORDEM FAMÍLIA NOME POPULAR ESPÉCIE AA SFA FP BO HABITAT GUILDA 83 maria-cavaleira Machetornis rixosa MR V V TCTa INS 84 bem-te-vi-pirata Legatus leucophaius MR V TCTa INS 85 bem-te-vi Pitangus sulphuratus V V V TCTa ONI 86 bem-te-vi-rajado Miodynastes maculatus MR V V TCTa INS 87 pitanguá Megarynchus pitangua V V V TCTa INS 88 peitica Empidonomus varius MR V TCTa INS 89 siriri Tyrannus melancholicus MR V V TCTa INS 90 tesourinha Tyrannus savana MR V TCTa INS 91 caneleiro Casiornis rufus V V TCTa INS 92 irrê Myiarchus swainsoni V V TCTa INS 93 maria-cavaleira Myiarchus ferox Z V TCTa INS 94 maria-cavaleira-do-rabo-enferrujado Myiarchus tyrannulus V V V TCTa INS 95 Tityridae anambé-branco-de-rabo-preto Tityra cayana V V TSTa INS 96 caneleiro-preto Pachyramphus polychopterus V TCTa INS 97 tijerila Xenopsaris albinucha V TSTa INS 98 Corvidae gralha-púrpura Cyanocorax cyanomelas V V V TSTa ONI 99 gralha-do-campo Cyanocorax cristatelus E V TCTa ONI 100 gralha-cancã Cyanocorax chrysops V V V TCTa ONI 101 Hirundinidae andorinha-cerrador Stelgidopteryx ruficollis V* V* TAe INS 102 Turdidae sabiá-branco Turdus leucomelas V V TSTa ONI 103 Thraupidae saíra-de-chapéu-preto Nemosia pileata V TSTa FRU 104 pipira-preta Tachyphonus rufus V TSTa FRU 105 sanhaço-azul Thraupis sayaca V V V TSTa FRU 106 sanhaço-de-coqueiro Thraupis palmarum V TSTa FRU 107 saí-andorinha Tersina viridis MR V V V TSTa FRU 108 saí-azul Dacnis cayana V TCTa FRU 109 figurinha-de-rabo-castanho Conirostrum speciosum V V TSTa FRU 110 Emberizidae tico-tico-do-campo Ammodramus humeralis Z TCTa GRA 111 canário-da-terra Sicalis flaveola V TCTa GRA 112 tiziu Volatinia jacarina V V TCTa GRA 113 coleirinho Sporophila caerulescens V TCTa GRA 114 tico-tico-rei Coryphospingus cucullatus V TCTa GRA

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Nº ORDEM FAMÍLIA NOME POPULAR ESPÉCIE AA SFA FP BO HABITAT GUILDA 115 tico-tico-do-mato-de-bico-amarelo Arremon flavirostris TSTa GRA 116 Parulidae mariquita Parula pitiayumi V V TSTa INS 117 pichito Basileuterus hypoleucus TSTa INS 118 canário-do-mato Basileuterus flaveolus TSTa INS 119 Icteridae guaxe Cacicus haemorrhous TSTa ONI 120 japuíra Cacicus chrysopterus TSTa ONI 121 encontro Icterus cayanensis V V TCTa ONI 122 joão-pinto Icterus croconotus TSTa ONI 123 pássaro-preto Gnorimopsar chopi V V V TCTa ONI 124 chopim-azeviche Molothrus rufoaxillaris V V V TCTa ONI 125 Fringillidae vivi Euphonia chlorotica V V TSTa FRU

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6.7 ANEXO 7 – HERPETOFAUNA

Herpetofauna registrada na RPPN Buraco da Araras (Jardim, MS) em nov/2007 e fev/2008. Captura por armadilhas de queda (A) e observação direta (B).

ANFIBIOS

Nº Subgrupo Família Espécie Nome Popular Forma de registro

01 Anura Cycloramphidae Proceratophrys sp sapo-de-chifre A

02 Leiuperidae Eupemphix nattereri rã-quatro-olhos A

03 Physalaemus centralis rãzinha A

04 Pleurodema fuscomaculata rã-chorona A

05 Leptodactylidae Leptodactylus chaquensis rã-manteiga A

06 Leptodactylus elenae rã-assobiadora A

07 Leptodactylus mystacinus A

08 Leptodactylus ocellatus rã-manteiga A

09 Microhylidae Elachistocleis ovalis rã-guarda A

10 Hylidae Scinax fuscovarius perereca-de-banheiro B

RÉPTEIS

Nº Subgrupo Família Espécie Nome Popular Forma de registro

01 Crocodylia Crocodylidae Cayman latirostris5 jacaré-do-papo-amarelo B

02 Sauria Gymnophtalmidae Colobosaura modesta calanguinho A

03 Micrablepharus maximiliani rabinho-azul A

04 Cercosaura schreibersii A

05 Pantodactylus albostrigatus B

06 Teiidae Cnemidophorus sp calanguinho A

07 Tupinambis merianae teiú A

5 Observação de dois indivíduos adultos e cinco filhotes que vivem no pequeno lago dentro da dolina Buraco das Araras.

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08 Ameiva ameiva calango-verde B

09 Tropiduridae Tropidurs guarani calango B

10 Serpentes Leptotyphlopidae Leptotyphlops sp cobra-cega B

11 Colubridae Apostolepis dimidiata coral-falsa A

12 Taeniophallus occipitalis barriga-de-coral A

13 Oxyrhopus guibei coral-falsa A

14 Phalotris tricolor coral-falsa A

15 Chironius flavolineatus cobra-cipó B

16 Leptodeira annulata olho-de-gato, dormideira B

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6.8 ANEXO 8 – QUESTIONÁRIOS DE PESQUISA COM VISITANTES, GUIAS DE TURISMO E MONITORES AMBIENTAIS

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Prezado Visitante

O local que você acaba de visitar é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN, mantida pelos proprietários da Fazenda Alegria com o objetivo de conservar o Buraco das Araras para sempre. Neste momento, estão sendo realizados estudos para a elaboração do Plano de Manejo da área, fundamental para orientar as futuras atividades desenvolvidas na propriedade. Sua opinião também é importante, então solicitamos que preencha este questionário, contribuindo para aumentar as informações sobre a visitação turística. 1. Antes de visitar o Buraco das Araras, você foi informado que a propriedade tinha uma RPPN? ( ) não ( ) sim Onde? ________________________ Em caso afirmativo, isto teve alguma influência sobre sua decisão de visitar o local? ( ) não ( ) sim __________________________________________________ 2. Durante sua visita, você recebeu informações sobre a RPPN Buraco das Araras e sua importância na conservação ambiental? ( ) não ( ) sim Caso afirmativo, como recebeu estas informações? ( ) pelo guia de turismo ( ) folheto informativo ( ) outro: __________________________________________________________ 3. Qual a sua avaliação sobre o grau de conservação ambiental da RPPN Buraco das Araras? ( ) excelente ( ) boa ( ) razoável ( ) ruim 4. Para você, quais deveriam ser os principais objetivos de uma RPPN? (escolha até três alternativas) ( ) visitação turística ( ) educação ambiental ( ) conservação ambiental ( ) pesquisa científica ( ) cursos de capacitação ( ) outro: ___________________________ 5. Quais destes objetivos, em sua opinião, a visitação turística na RPPN Buraco das Araras está ajudando a alcançar? ( ) educação Ambiental do visitante ( ) educação Ambiental da comunidade residente e vizinha ( ) conservação de recursos naturais ( ) incentivo à pesquisa científica ( ) estímulo à criação de novas unidades de conservação ( ) divulgação da importância das Reservas Particulares do Patrimônio Natural ( ) outra __________________________________________________________ ( ) nenhuma delas, porque ___________________________________________

6. O acompanhamento de guia de turismo ou monitor ambiental durante a visitação turística significa: (escolha mais de uma alternativa se necessário) ( ) orientação do caminho ( ) fornecimento de informações sobre o ambiente ( ) fornecimento de informações sobre a RPPN ( ) orientações de segurança ( ) contato com cultura local ( ) desnecessária, o caminho é fácil e não me interesso por informações locais ( ) inoportuna, pois quero andar livremente pelo local 7. Na sua opinião, os controles e as regras adotadas para sua visitação na RPPN durante o passeio: ( ) atrapalharam em muito o aproveitamento pleno do passeio ( ) atrapalharam um pouco o aproveitamento pleno do passeio ( ) não interferiram no aproveitamento pleno do passeio ( ) colaboraram um pouco para o aproveitamento pleno do passeio ( ) colaboraram em muito para aproveitamento pleno do passeio 8. Dentre os procedimentos adotados a seguir, por favor indique se na sua opinião eles são (P) positivos, (I) indiferentes ou (N) negativos para um bom equilíbrio entre aproveitamento do passeio e conservação ambiental ( ) limite no tamanho máximo dos grupos de passeio ( ) obrigatoriedade de se respeitar os intervalos de tempo entre os grupos ( ) obrigatoriedade de ter um guia de turismo/monitor acompanhando o grupo ( ) obrigatoriedade de andar em fila e sem pisar nas laterais da trilha ( ) exigência de se fazer silêncio durante todo o passeio ( ) presença de pesquisadores e/ou equipamentos de pesquisa científica na área do passeio ( ) proibição de alimentar os animais silvestres ( ) proibição da coleta de flores, frutos, sementes, conchas etc 9. Poderia indicar um aspecto positivo e um negativo de sua experiência na visitação turística da RPPN Buraco das Araras? (Use o verso se necessário) ____________________________________________________________________________________________________________________________________ Profissão: ___________________________ Faixa etária: ( ) até 20 ( ) 21 a 30 ( ) 31 a 40 ( ) 41 a 50 ( ) 51 a 60 ( ) acima 61 Grau de escolaridade:

( ) Fundamental incomp ( ) Ensino médio ( ) Pós-graduação ( ) Doutorado ( ) Fundamental ( ) Superior ( ) Mestrado ( ) Pós-doutorado

Cidade onde reside: _____________________ Estado: _______ País: _______________ Data: ___/___/___ Obrigado por sua colaboração!!

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Dear Visitor,

The place you have just visited is a Private Natural Heritage Reserve (“RPPN”) maintained by the owners of Fazenda Alegria with the objective of permanently conserving the Buraco das Araras. At the present time there is a research team developing studies to prepare the area’s management plan, which is essential to conduct future activities in and around the sinkhole. Your opinion is very important in this process, and therefore we kindly ask you to fill out this questionnaire, thus helping us to improve our knowledge about the tourism operation. 1. Before visiting the Buraco das Araras, were you told that the property had a private natural heritage reserve? ( ) no ( ) yes by who / where? ________________________ If you answered “yes”, did this information have influence on your decision to visit the place? ( ) no ( ) yes ___________________________________________ 2. During your visit, did you receive information about the Buraco das Araras Private Reserve and its importance for environmental conservation? ( ) no ( ) yes If you answered “yes”, how did you receive such information? ( ) by the tour guide ( ) brochure or leaflet ( ) other: _________________________________________________________ 3. How would you evaluate the degree of environmental conservation at Buraco das Araras Private Reserve? ( ) excellent ( ) good ( ) fair ( ) bad 4. In your opinion, which should be the major objectives of a private natural heritage reserve? (please choose up to three alternatives) ( ) tourism ( ) environmental education ( ) conservation ( ) scientific research ( ) professional qualifying courses ( ) other: _______________________ 5. Which of these objectives, in your opinion, is the tourism operation at Buraco das Araras Private Reserve helping to fulfill? ( ) visitors’ environmental education ( ) environmental education of the local and adjacent communities ( ) conservation of natural resources ( ) incentive to scientific research ( ) incentive for the creation of new conservation units ( ) divulging information about the importance of private natural heritage reserves ( ) other _________________________________________________________ ( ) none of the above, because _______________________________________

6. Having a local guide during the tour means: (please choose all that apply) ( ) orientation about the correct way to go ( ) information about the environment ( ) information about the private natural heritage reserve ( ) orientation about safety ( ) contact with local culture ( ) it is unnecessary, the way is easy and I am not particularly interested on information about the place ( ) inconvenient, because I want to walk around freely 7. In your opinion, the regulations and controls required for your visit to the reserve during the tour: ( ) were a great disturbance for my full enjoyment of the tour ( ) were a minor disturbance for my full enjoyment of the tour ( ) did not interfere on my full enjoyment of the tour ( ) cooperated a little on my full enjoyment of the tour ( ) cooperated a lot on my full enjoyment of the tour 8. Considering the procedures mentioned below, please point out if they are (P) positive, (I) indifferent or (N) negative for a good balance between enjoying the tour and conserving the environment ( ) limited number of visitors per tour group ( ) mandatory time intervals between tour groups ( ) mandatory presence of a tour guide with the group all the time ( ) the requirement for visitors to walk in line and not step on the sides of the trails ( ) the requirement of remaining silent during the whole activity ( ) the presence of researchers and/or scientific research equipment in areas where the tour is done ( ) prohibition of feeding wildlife ( ) prohibition of collecting flowers, fruits, seeds, shells and the like 9. Could you please highlight a positive and a negative aspect of your experience as a visitor in the Buraco das Araras Private Reserve? (Please, use the opposite side if necessary) ____________________________________________________________________________________________________________________________________ Occupation: ___________________________ Age group: ( ) below 20 ( ) 21 to 30 ( ) 31 to 40 ( ) 41 to 50 ( ) 51 to 60 ( ) above 61 Schooling level:

( ) Elementary(incomplete) ( ) High School ( ) Postgraduate ( ) Doctorate ( ) Elementary (complete) ( ) Graduate ( ) Masters ( ) Póst-doctorate

City of origin: ______________________ State: __________ Country: _______________ Date: ___/___/___ (DD/MM/YYYY) Thanks a lot for your cooperation!

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Prezado Guia de Turismo

O Buraco das Araras foi transformado em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN. Neste momento, estão sendo realizados estudos para a elaboração do Plano de Manejo da área, fundamental para orientar as futuras atividades desenvolvidas na propriedade. Sua opinião também é importante, então solicitamos que preencha este questionário, contribuindo para melhorar a visitação turística. 1. Durante o passeio, você considera que há tempo, condições e material de apoio suficientes para passar aos visitantes informações específicas sobre a RPPN? ( ) sim ( ) não, poderia ser melhorado com __________________________ 2. Para você, quais deveriam ser os principais objetivos de uma RPPN? (escolha até três alternativas) ( ) visitação turística ( ) educação ambiental ( ) conservação ambiental ( ) pesquisa científica ( ) cursos de capacitação ( ) outro: ______________________ 3. Quais destes objetivos a visitação turística na RPPN Buraco das Araras está ajudando a alcançar? ( ) educação ambiental do visitante ( ) educação ambiental da comunidade residente e vizinha ( ) conservação de recursos naturais ( ) incentivo à pesquisa científica ( ) estímulo à criação de novas unidades de conservação ( ) divulgação da importância das Reservas Particulares do Patrimônio Natural ( ) outra __________________________________________________________ ( ) nenhuma delas, porque ___________________________________________ 4. Dentre os procedimentos adotados a seguir, indique se na sua opinião eles são (P) positivos, (I) indiferentes ou (N) negativos para um bom equilíbrio entre aproveitamento do passeio e conservação ambiental ( ) limite no tamanho máximo dos grupos de passeio ( ) obrigatoriedade de se respeitar os intervalos de tempo entre os grupos ( ) obrigatoriedade de ter um guia de turismo ou monitor acompanhando o grupo o tempo todo ( ) obrigatoriedade de andar em fila e sem pisar nas laterais da trilha ( ) exigência de se fazer silêncio durante todo o passeio

( ) presença de pesquisadores e/ou equipamentos de pesquisa científica na área do passeio ( ) proibição de alimentar os animais silvestres ( ) proibição da coleta de flores, frutos, sementes, conchas etc 5. Os controles e as regras adotadas para seu trabalho na RPPN durante o passeio: ( ) atrapalham em muito o seu trabalho como guia ( ) atrapalham um pouco o seu trabalho como guia ( ) não interferem no seu trabalho como guia ( ) colaboram um pouco para o seu trabalho como guia ( ) colaboram em muito para o seu trabalho como guia 6. Você considera que seu trabalho na condução de visitantes colabora com a conservação ambiental do local? ( ) sim ( ) não Justifique:______________________________________________________ 7. Você considera que a transformação do Buraco das Araras em RPPN vai contribuir de que forma nos seguintes itens? Considere (P) para positivo, (I) para indiferente e (N) para negativo. ( ) conservação ambiental ( ) visitação turística ( ) qualidade no atendimento ( ) valorização da cultura local ( ) reconhecimento por parte da comunidade ( ) incentivo a outros proprietários ( ) informação sobre as unidades de conservação da região 8. Poderia indicar um aspecto positivo e um negativo de sua experiência na RPPN Buraco das Araras? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Obrigado por sua colaboração!!

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6.9 ANEXO 9 – INDICADORES SOCIAIS E ECONÔMICOS DOS MUNICÍPIOS DE BONITO E JARDIM, MATO GROSSO DO SUL

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Plano de Manejo da Reserva Particular do Patrimônio Natural Buraco das Araras

Jardim - MS

-------------------------------------------------------------------- Modesto Sampaio

Proprietário

Rooswelt R. Sampaio Coordenador Financeiro e

Supervisão Geral

MSc. Maria Antonietta C. Pivatto Coordenação

Finalizado em junho de 2008 Primeira revisão para correção (Parecer No 43/2009/CPLAM/CGEPI/ICMBio, de

17/12/2009)