Quais os dois elementos essenciais da inteligência intrapessoal

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Quais os dois elementos essenciais da inteligência intrapessoal? (ou da interpessoal?) dezembro 15, 2009 at 05:00 · Filed under Aprendizagem: estratégias e Estilos Baseado em Gardner, H.: As Inteligências Pessoais, in Gardner, H.:Estruturas da Mente: A Teoria das Inteligências Múltiplas, Porto Alegre, Ed Artes Médicas Sul, 1994 A semana passada recebi a pergunta cuja resposta eu dou aqui. Faço-o porque acho que ela interessa a muito mais gente que apenas à pessoa que deixou o comentário. Pela sua pergunta eu agora agradeço publicamente a oportunidade de esclarecer. A pergunta deixada foi: "Segundo Gardner, quais os dois elementos essenciais da inteligência intrapessoal?". Bem, vamos à resposta: Há pelo menos dois aspectos em sua pergunta: "Segundo Gardner, quais os dois elementos essenciais da inteligência intrapessoal?". O primeiro é que ela se parece com questão de prova ou trabalho de faculdade. Neste aspecto, saber se a pergunta faz sentido ou não depende de como o assunto foi tratado em aula e dos objetivos do professor. Por isto não me cabe qualquer comentário a respeito. O segundo aspecto se refere ao contexto do meu post. Nele eu não apresentei "elementos essenciais" e sim características prováveis de um indivíduo com inteligência intrapessoal bem desenvolvida. Assim dizer que que alguém "é intrapessoal" significa dizer que aquele conjunto (ou parte dele) é facilmente reconhecível na pessoa. Agora o que é "facilmente" e qual parte o conjunto é significativa depende de julgamento pessoal e experiência prática no trato com o assunto. Por isto não há sentido na pergunta feita. No entanto é relevante perguntar-se, isto sim, o que é essencial (que é necessário, indispensável) para reconhecer a existência da inteligência intrapessoal. Gardner propõe uma teoria que postula a existência de múltiplas inteligências, em oposição aos defensores da inteligência única. Por isto ele propõe uma definição geral para inteligência, definições particulares para cada tipo de inteligências e finalmente critérios para validar a existência e argumentos em defesa de cada uma das inteligências propostas. Eu publiquei vários posts sobre o tema. Há quatro que são específicos sobre definição geral e critérios (partes 1 e 2). Além disto há outros que falam sobra cada inteligência e os argumentos em sua defesa (você encontra uma lista dos já publicados ao

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Quais os dois elementos essenciais da inteligência intrapessoal? (ou da interpessoal?)dezembro 15, 2009 at 05:00 · Filed under Aprendizagem: estratégias e Estilos

 

Baseado em Gardner, H.: As Inteligências Pessoais,

in Gardner, H.:Estruturas da Mente:

A Teoria das Inteligências Múltiplas,

Porto Alegre, Ed Artes Médicas Sul, 1994

 

A semana passada recebi a pergunta cuja resposta eu dou aqui. Faço-o porque acho que ela interessa a

muito mais gente que apenas à pessoa que deixou o comentário. Pela sua pergunta eu agora agradeço

publicamente a oportunidade de esclarecer. A pergunta deixada foi:

"Segundo Gardner, quais os dois elementos essenciais da inteligência intrapessoal?".

Bem, vamos à resposta:

Há pelo menos dois aspectos em sua pergunta: "Segundo Gardner, quais os dois elementos essenciais da

inteligência intrapessoal?".

O primeiro é que ela se parece com questão de prova ou trabalho de faculdade. Neste aspecto, saber se a

pergunta faz sentido ou não depende de como o assunto foi tratado em aula e dos objetivos do professor.

Por isto não me cabe qualquer comentário a respeito.

O segundo aspecto se refere ao contexto do meu post. Nele eu não apresentei "elementos essenciais" e

sim características prováveis de um indivíduo com inteligência intrapessoal bem desenvolvida. Assim

dizer que que alguém "é intrapessoal" significa dizer que aquele conjunto (ou parte dele) é facilmente

reconhecível na pessoa. Agora o que é "facilmente" e qual parte o conjunto é significativa depende de

julgamento pessoal e experiência prática no trato com o assunto. Por isto não há sentido na pergunta

feita.

No entanto é relevante perguntar-se, isto sim, o que é essencial (que é necessário, indispensável) para

reconhecer a existência da inteligência intrapessoal. Gardner propõe uma teoria que postula a existência

de múltiplas inteligências, em oposição aos defensores da inteligência única. Por isto ele propõe uma

definição geral para inteligência, definições particulares para cada tipo de inteligências e finalmente

critérios para validar a existência e argumentos em defesa de cada uma das inteligências propostas. Eu

publiquei vários posts sobre o tema. Há quatro que são específicos sobre definição geral e critérios

(partes 1 e 2). Além disto há outros que falam sobra cada inteligência e os argumentos em sua defesa

(você encontra uma lista dos já publicados ao final deste post.

Neste sentido e voltando à questão original, o que é essencial é a definição (descrição de – algo ou

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alguém) – por seus caracteres distintos) de inteligência intrapessoal. E aqui Gardner é claro, quanto ao

que é cada uma. Por isto reproduzo “ipsis literis” o que ele apresenta em seu livro

Inteligência Intrapessoal

Neste capítulo examinarei o desenvolvimento de ambos aspectos da natureza humana. De um lado há o

desenvolvimento dos aspectos internos de uma pessoa. A capacidade central em funcionamento

aqui é o acesso à nossa própria vida sentimental (grifo meu) – nossa gama de afetos e emoções: a

capacidade de efetuar instantaneamente discriminações entre estes sentimentos e, enfim, rotulá-las,

envolvê-Ias em códigos simbólicos, basear-se nelas corno um meio de entender e orientar nosso

comportamento. Em sua forma mais primitiva, a inteligência intrapessoal equivale a pouco mais do que a

capacidade de distinguir um sentimento de prazer de um de dor e, com base nesta discriminação tornar-

se mais envolvido ou retrair-se de uma situação. Em seu nível mais avançado, o conhecimento

intrapessoal permite que detectemos e simbolizemos conjuntos de sentimentos altamente complexos e

diferenciados. Descobre-se esta forma de inteligência desenvolvida no romancista (corno Proust) que é

capaz de escrever introspectivamente sobre sentimentos, no paciente (ou terapeuta) que chega a adquirir

um conhecimento profundo de sua própria vida sentimental, no velho sábio que baseia-se em sua riqueza

de experiências internas para aconselhar os membros de sua comunidade.

Inteligência Interpessoal

A outra inteligência pessoal volta-se para fora, para outros indivíduos. A capacidade central aqui é a

capacidade de observar e fazer distinções entre outros indivíduos e, em particular, entre seus

humores, temperamentos, motivações e intenções (grifo meu). Examinada em sua forma mais

elementar, a inteligência interpessoal acarreta a capacidade da criança pequena de discriminar entre os

indivíduos ao seu redor e detectar seus vários humores. Numa forma avançada, o conhecimento pessoal

permite que um adulto hábil leia as intenções e desejos – mesmo quando foram ocultados – de muitos

outros indivíduos e, potencialmente, hajam em cima deste conhecimento – por exemplo, influenciando um

grupo de indivíduos díspares a comportar-se ao longo de linhas desejadas. Vemos formas altamente

desenvolvidas de inteligência interpessoal em líderes políticos e religiosos (um Mahatma Gandhi ou um

Lyndon Johnson), em pais e professores hábeis e em indivíduos envolvidos em profissões de ajuda, sejam

eles terapeutas, conselheiros ou xamãs.

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Inteligência Intrapessoal

Ah bendita convivência!!

Interessante como podemos aprender muito com ela.

Autoconhecimento? Aqui está uma boa maneira de nos conhecermos.

É na convivência e seja ela qual for, até mesmo a "virtual".

Para mim, tudo é virtual. Pois todo tipo de convivência

é fruto de nosso mundo íntimo que é um mundo também, digamos assim, virtual.

Mas então o que seria Inteligência intrapessoal?

É uma espécie de bússola interna que possuímos frente as relações.

É ela que nós indica a hora de calar, o momento certo de agir, a hora de

de se corrigir, o momento certo de discordar e mesmo como praticar a tolerância.

Inteligência intrapessoal tem a ver com competências internas, ou seja,

fala de empatia, de assertividade e autorevelação.

Existe um princípio básico na natureza e é também uma Lei natural

que é a socialização.

É pela socialização que vivenciaremos este magnífico encontro com outras

singularidades humanas.

E o que isso nos traz? A socialização nos leva à uma viagem a nossa intimidade.

É um caminho educativo e de profundo autoconhecimento para quem

quer se autoconhecer.

O que é autoconhecimento, afinal?

É essa busca por nos entendermos, entendermos nossas reações diante da vida, e

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a partir disso poder viver melhor e com qualidade conosco e com os demais.

Você pode procurar em livros de auto-ajuda, em práticas meditativas, em práticas

religiosas e frequentar um bom consultório psicológico.

Tudo isso é muito válido e necessário mas a pratica mesmo está em nossa convivência.

É sempre através do outro que podemos saber de nós. Não pelo o que o outro

me causa mas pela forma que eu reajo frente a este outro.

O problema não é como convivemos mas sim como vivemos com o que sentimos

e pensamos em relação ao outro. Instaura-se aqui o nosso conhecido "drama mental".

Para se conviver bem com os outros há uma urgência de saber conviver consigo mesmo.

Aqui novamente falamos do auto-amor, esse equilíbrio fundamental para

relações saudáveis.

Tudo começa em nós, e não dá para fugir disso. Não dá para fugirmos de nós mesmos.

Rever conceitos, dar uma olhada em nossa têndencia fantasiosa nas

relações. Tudo isso vem de nossa experiência interna, ela se projeta no outro

SEMPRE.

Mas a boa convivência é aquela construída numa boa convivência conosco.

Todos passam por este laboratório de autoconhecimento e nem se dão conta.

Quem deseja crescer e educar-se, conviver é tudo!

Relações saudáveis , nutritivas, prazerosas, gratificante e duradouras provém

do amor a nós mesmos.

Como temos respostas emocionais induzidas por situações que vivemos em nosso

dia-a-dia... É impressionante! Observem! Sintam!

OLhar para nós primeiro antes de cobrar ou transferir responsabilidades

por tudo o que sentimos e vivenciamos.

Os desacordos e desencontros são escolas de reflexão e reavaliação

de nossa vida íntima.

Que tipo de laços construímos em nossa vida diária?

Autoconhecimento é esta autodescoberta.

O que o outro me reflete e me perturba? Por que sinto o que sinto?

Por que faço o que faço? O que está por detrás das minhas reações e atitudes?

A nível energético ou transpessoal ocorre um fenômeno curioso. Fios magnéticos

nos ligam , há uma atração energética que nos mantêm ligados àqueles que

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destacamos o "mal".

Pensar mal de alguém ou destacar o mal no outro nos liga a este alguém, e detona

as ligações magnéticas e os processos de causa e efeito.

O auto-amor só opera quando vamos em busca do autoencontro, precisamos

descobrir as mazelas ocultas em nós, retirar nossa máscara social.

Precisamos de interiorização, indagar nossos sentimentos, nossas razões e

essencialmente entrar em acordo conosco.

Entender as imperfeições alheias, caridade conosco e com os demais, gostar de nós

e nos aceitarmos.

Que tal partirmos para o convívio com o melhor de nós? Que tal irradiar alegria?

Que tal não esperarmos nada, nada mesmo de ninguém? Que tal nos doarmos pelo puro

prazer de o fazê-lo sem expectativas? Que tal pararmos de fantasiar? Que tal

exercitarmos a compaixão?

E o que é compaixâo?

É entender as fragilidades, as dificuldades, as imperfeições humanas.

Com compaixão somos mais realistas, menos exigentes e mais flexíveis.

Compaixão conosco em primeiro lugar, e tudo se refletirá em nossa convivência,

e esta é a maior escola de autoconhecimento que existe.

Rosa Barros.