Relação terapeutica - nadege 1
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RELAÇÃO TERAPÊUTICA
O TÉCNICO COMO AGENTE SOCIALIZADOR
Um outro papel importante é aquele de agente socializador. Ao encarregar-se desse
papel, o técnico ajuda os pacientes a participarem efectivamente nas actividades em
grupo, e as instalações físicas de muitos ambientes de saúde mental são ideais para isso
Num ambiente residencial, tais actividades, são particularmente necessárias no período
após o jantar.
Num ambiente não residencial de tratamento, o técnico pode ajudá-los a melhorarem as
suas habilidades sociais, apresentando-os uns aos outros e depois encorajando-os a uma
conversa, trazendo ao de cima um assunto neutro, como as condições do tempo.
O técnico comunitário que fica sentado num consultório à espera que o paciente vá ao
seu encontro perde uma chance importante para o auxiliar a desenvolver tendências para
o convívio social numa simples sala de espera.
O técnico pode contribuir para isso estimulando-o a desenvolver aspectos saudáveis da
sua personalidade. Muitos doentes mentais utilizam o recurso de se retrair por causa da
sua extrema sensibilidade e ansiedade em relação às outras pessoas. O ambiente de
tratamento oferece oportunidades para que esses indivíduos aprendam a obter sucesso
na sua vida social, criando oportunidades através das quais possam desenvolver
sentimentos de segurança frente a outras pessoas.
O TÉCNICO DE APOIO PSICOSSOCIAL COMO CONSELHEIRO
O dom de ouvir com empatia é um outro factor relevante na área da enfermagem
psiquiátrica e do social. Não existe, provavelmente, tarefa mas importante do que ouvir
um cliente de uma maneira positiva, dinâmica e empática, sem ao mesmo tempo dar
opiniões ou fazer sugestões. O papel do técnico é o de ajudar o paciente a lidar com os
problemas de realidade que tratem do tempo m questão (aqui e agora). Os clientes
seguidamente discutem com o técnico problemas que dizem respeito a outras áreas de
especial interesse e nessas situações, o seu papel como conselheiro é usualmente mais
proveitoso. Entre as responsabilidades terapêuticas do técnico como conselheiro está a
de servir de apoio. Muitas situações na vida de um paciente exigem essa espécie de
ajuda. Ás vezes, o técnico de Apoio Psicossocial pode sugerir que o reforço seja mais
logicamente oferecido pelo psiquiatra, padre ou enfermeiros especializados, mas precisa
de saber quais os serviços disponíveis e como obter a assistência de que o cliente
necessita, porém, mais comum do que se supõe, o técnico é quem deve proporcionar o
apoio exigido e necessário.
O TÉCNICO COMO PROFESSOR
Se as intervenções terapêuticas planeadas puderem oferecer oportunidades para que os
indivíduos tenham uma vida mais satisfatória e gratificante, darão uma contribuição
significativa para o seu crescimento emocional. Os problemas comportamentais
manifestados pelos doentes mentais são tão variados quanto a própria vida e envolvem
todos os seus aspectos. O técnico pode assumir realmente o papel de parceiro numa
dança ou participar num jogo para auxiliar um paciente tímido e amedrontado a
integrar-se no grupo, tomar parte numa actividade que exija apenas duas pessoas
ajudando um cliente hostil e desconfiado a aprender que pode confiar em determinadas
pessoas.
O TÉCNICO COMO SUBSTITUTO DOS PAIS
O técnico deve ser uma pessoa de confiança que presta serviços pessoais a doentes. O
papel de mãe/pai substituto é tradicional, embora isso implique tornar-se pai/mãe do
paciente, inclui muitas das actividades realizadas por eles, necessárias aos doentes
mentais.
O técnico não assume apenas o papel de mãe/pai em relação às necessidades físicas do
cliente, mas também age como pai ou mãe no que se refere ao funcionamento do
ambiente de tratamento, é ele que desenvolve muitas das politicas envolvendo no
ambiente, e que afectam profundamente a vida dos pacientes também é indirectamente
responsável por quase todos os aspectos desde tarefas domésticas até à prestação de
atendimento numa emergência médica.
Um dos aspectos mais terapêuticos do papel tradicional do técnico nesta área, como
substituto dos pais, é ajudar indivíduos e grupos de pacientes a estabelecerem limites
para os seus próprios comportamentos travando aí um ponto em comum com o seu
papel de professor.
O técnico assume um papel de professor quando ajuda o cliente a aprender a participar
em actividades socialmente aceitáveis e gratificantes da vida.
O PAPEL DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
O papel tradicional do técnico nesta área, inclui aqueles aspectos técnicos envolvidos na
distribuição e administração dos medicamentos , monitorização dos sinais vitais,
realização de tratamentos médicos e cirúrgicos, observação e registo do comportamento
do cliente. Essa actividade limitada durante certo tempo aos médicos, está-se a tornar
mais e mais importante no currículo dos técnicos à medida em que o inexplicável
relacionamento entre o corpo e a mente passa a ser reconhecido.
O papel do técnico como substituto dos pais, oferece-lhe a oportunidade de
proporcionar experiências que podem corrigir outras vivências interpessoais
insatisfatórias anteriores aos aspectos técnicos do papel do técnico tem grande valor em
si mesmo e também por melhorar o relacionamento terapêutico.
RESPONSABILIDADES DO TÉCNICO EM RELAÇÃO AOS
MEDICAMENTOS
Em razão do amplo uso de agentes psicotrópicos no tratamento dos doentes mentais,
não é um facto incomum o técnico de Apoio Psicossocial passar grande parte de seu
tempo a preparar e administrar medicamentos. Infelizmente, alguns técnicos acreditam
que as suas responsabilidades foram cumpridas assim que essas tarefas tenham sido
completas. As responsabilidades do técnico em relação aos clientes que recebem
medicamentos psicotrópicos são numerosas.
Antes do paciente receber qualquer medicamento, é essencial a realização de várias
avaliações. Inicialmente, deve-se obter a história médica do paciente, especialmente em
relação a um transtorno convulsivo, gravidez, doença cardíaca, hepática ou renal e
abuso de substâncias. Esses incluem pressão sanguínea, tanto sentado quanto em pé;
pulso, qualidade e taxa; peso; padrão de sono; deambulação e movimento; composição
química sanguínea.
Já que o técnico trabalha com o paciente antes de receber o medicamento, ele
frequentemente está na melhor posição para verificar as suas atitudes antes de ingestão
dos medicamentos. A resposta dos pacientes à terapia com drogas varia imensamente,
dependendo de factores como a sua experiência passada com agentes psicotrópicos ou
outras drogas que alteram a consciência e o seu estado actual de orientação médica.
Alguns pacientes anseiam por receber medicamentos e vêem-nos como uma cura para
todos os seus problemas; outros, particularmente aqueles desconfiados, temem tomá-los
por causa de seus sentimentos de perda do controlo.
Tendo-se certificado da história médica do paciente, do seu estado filosófico básico e a
sua atitude em relação a tomar medicamentos, o técnico está em condições de colaborar
com o médico na determinação do medicamento mais efectivo, dosagem, frequência e
via de administração. Embora o médico tenha a responsabilidade de prescrever as
drogas psicotrópicas, tais avaliações feitas por uma enfermeira capacitada
frequentemente são úteis e muito valorizadas.
As acções específicas da droga prescrita devem dirigir-se àqueles sintomas das doenças
do cliente que mais perturbam a eles mesmo e aos outros. Esses sintomas são chamados
de sintomas-alvo e o grau até onde podem ser aliviadas aumenta a probabilidade de uma
cooperação contínua do paciente com o seu regime de tratamento. Por exemplo, um
cliente recém admitido, que se sente angustiado por alucinações visuais, e para quem as
drogas psicotrópicas são prescritas, muitas vezes sentir-se-á aliviada pela diminuição do
sintoma inquietante. Se o técnico o avisou de antemão de que poderia esperar por esses
resultados, a confiança do paciente nele e na equipa de tratamento será aumentada. No
entanto, é importante que a enfermeira deixe bem claro que uma melhora nos sintomas-
alvo, geralmente ocorre apenas após um período de 6 a 8 semanas.
Depois de uma droga ter sido indicada para um paciente, a responsabilidade do
técnico é preparar, administrar e registar adequadamente os medicamentos e os seus
efeitos.
Os pacientes que recusam o medicamento representam um desafio singular para o
técnico. Antes deste decidir pela omissão da dose ou pela administração, deve fazer uma
avaliação sobre a razão do cliente estar a recusar o seu medicamento.
Uma vez que o paciente tenha começado um regime de medicação psicotrópico, é
responsabilidade do técnico monitorar a sua resposta fisiológica ao medicamento.
O objectivo máximo do tratamento com medicamentos psicotrópicos é possibilitar ao
cliente funcionar no nível mais alto com a menor quantidade possível de medicação.
RESPONSABILIDADE DO TÉCNICO EM RELAÇÃO AOS REGISTOS
Uma das maiores responsabilidades do técnico que trabalha nesta área é a observação
acurada e sensível, bem como o registo do comportamento dos pacientes. Ao realizar
essa função habilidosa e significativa, ela contribui para o entendimento que todos os
membros da equipa de saúde mental devem adquirir sobre os problemas do paciente. Os
técnicos são os profissionais que permanecem com os clientes a maior parte do tempo.
Assim, eles têm uma oportunidade única para ajudar outros profissionais a
compreenderem as necessidades do cliente através do registo efectivo de amostragens
de conversas, padrões de sono, relacionamentos interpessoais, actividades de
socialização e descrição de hábitos pessoais.
Sugere-se que o comportamento do paciente seja descrito, em vez de rotulado. Os
rótulos não apenas têm significados estereotipados, mas também transmitem diferentes
mensagens a diferentes leitores. Em vez de registar que um cliente está a ter
alucinações, é mais significativo registar-se exactamente o que ela observou. O exemplo
seguinte é um desse tipo de registo: “Ficou próximo ao ventilador durante dez minutos
com a mão em concha junto ao ouvido, como se estivesse a ter ouvir melhor. Levou
avante uma animada conversa. Embora nenhuma outra pessoa estivesse presente, o
paciente dizia: Como ousa dizer-me essas coisas! Você é um mentiroso!”.
O TÉCNICO COMO TERAPEUTA
Durante algum tempo, alguns técnicos que puderam beneficiar-se de uma experiência
educacional apropriada em enfermagem psiquiátrica, vêm desenvolvendo o papel de
enfermeiros terapêuticos. Quando ele desempenha esse papel, utiliza os princípios
desenvolvidos ao longo da prática da psicoterapia.
A terapia de enfermagem desenvolveu-se diferentemente em cada situação, mas,
basicamente, segue as mesmas orientações gerais. O papel do técnico como terapeuta é
cuidadosamente explicado para todos os níveis da equipa de profissionais e para todos
os clientes. São feitos todos os esforços para assegurar-se de que o seu papel foi
compreendido antes que qualquer actividade terapêutica seja iniciada. O técnico
colabora com os outros profissionais de saúde mental e confere o andamento de tudo
regularmente com os responsáveis pelo desenvolvimento dos planos de tratamento para
os pacientes com os quais esteja a trabalhar. A intervenção torna-se uma parte do plano
de tratamento geral para o cliente.
Como ocorre com todos os terapeutas, é essencial que o técnico aponte um terapeuta
profissional capacitado a funcionar em bases regulares como seu preceptor ou
supervisor, enquanto está a trabalhar como enfermeira terapeuta. Ao fazê-lo, melhora a
eficácia das suas interacções com o paciente, bem como aumenta o seu próprio
conhecimento e habilidade.
O técnico como terapeuta deve registar cada sessão da terapia de modo a que esse
registo possa ser utilizado para:
Uma revisão da dinâmica do relacionamento;
Uma análise dos problemas apresentados;
Uma avaliação do progresso do cliente em relação às metas estabelecidas para o
tratamento.
DESENVOLVIMENTO DE INTERACÇÕES TERAPÊUTICAS DO TÉCNICO DE APOIO PSICOSSOCIAL
A base de todas as interacções terapêuticas e a aceitação. Essa é uma palavra
habitualmente empregada entre os técnicos de apoio psicossocial, mesmo não sendo
universalmente compreendido ou operacionalizado por eles. Outros comportamentos
igualmente importantes são aqueles expressos pelos adjectivos não criticam e
consistente.
Todos esses conceitos são básicos no desenvolvimento de interacções terapêuticas com
qualquer paciente. Eles são discutidos na esperança de oferecer auxilio para que o
técnico possa usa-los efectivamente no atendimento às pessoas com doenças mentais.
A aceitação implica que o técnico de apoio psicossocial trate o paciente como um
individuo importante e que tem o valor inerente, não como uma pessoa sujeita a uso de
termos diagnósticos pode encontrar o técnico de apoio psicossocial a adoptar uma
atitude profissional com o paciente.
TIPO DE CARACTERÍSTICAS DAS INTERACÇÕES TERAPÊUTICAS
Frequentemente o técnico de apoio psicossocial envolve-se pelos menos em três tipos de
situações de pessoa para pessoa e esses diferenciam-se com base no grau de
envolvimento técnico-paciente, bem como no facto do objectivo da interacção ser
imediato, de curto ou longo prazo.
A primeira situação em que o técnico e o paciente passam a envolver-se aquela não
qual um não conhece o outro, apresentado, o paciente, uma dificuldade imediata e grave
que exige uma intervenção do técnico em outras palavras, existe uma emergência que
pode ir desde uma situação ameaçadora à vida, tal como uma tentativa de suicídio, até
aquela onde o paciente é sobrepujado por uma determinada emoção, tal como uma
perda, expressa em sem termos comportamentais.
O ideal é que a pessoa que lida com essas situações seja alguém que conheça o
paciente e saiba o seu plano de tratamento. Isso, porém, nem sempre é possível por
causa da necessidade de acção imediata, ou da indisponibilidade do membro apropriado
da equipa ou porque o paciente é novo no ambiente de tratamento.
Quando isso ocorre, o técnico não deve evitar a intervenção apenas porque não
conhece o paciente. Ao contrário, deve então aplicar os seus conhecimentos sobre as
dinâmicas do comportamento humano e sua habilidade. Em ocasiões, assim, o técnico
poderá obter benefícios aplicando os princípios do bom-senso. O paciente tem o direito
de ser protegido de ferir a si próprio, tanto física quando emocionalmente e de ferir os
outros.
FASES DO DESENVOLVIMENTO DO RELACIONAMENTO TÉCNICO-
PACIENTE
Cada relacionamento terapêutico desenvolvido pelo técnico com um paciente tem uma
fase inicial, chamada de fase de orientação. Durante essa fase, o técnico e o paciente
concordam quanto a um contrato mutuamente aceitável que serve para estabelecer os
parâmetros de relacionamento. Os objectivos são o desenvolvimento da confiança e o
estabelecimento do técnico como alguém significativo para o paciente.
Embora em alguns casos o paciente inicie o relacionamento, é mais comum o técnico
aborda-lo primeiro. Ele o faz apresentando-se pelo nome e posição e sugerindo que
gostaria de trabalhar com ele sobre os seus problemas, encontrando por um período
especifico de tempo em um determinado horário e local. Também é importante que o
técnico pergunte ao paciente como esse gostaria de ser chamado. A maioria dos
pacientes responde positivamente a essa abordagem. O técnico também deve sugerir a
duração para cada conversa, por exemplo, 45 minutos.