RELATORIO citogenetica

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FACULDADE DE MINAS – FAMINAS CURSO DE BACHARELADO EM BIOMEDICINA TRISSOMIAS (Síndrome de Down, Síndrome de Edwards, Síndrome de Patau) Equipe: Emerson Santos da Silva Josué Amaro de Souza Júnior Leticia Pazotti Castro Luana Roque Mendes Thailane Costa da Silva Trabalho apresentado como parte das exigências da disciplina citogenética. Prof a . Christiane Mariotini, turma de biomedicina, 6º período.

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FACULDADE DE MINAS – FAMINASCURSO DE BACHARELADO EM BIOMEDICINA

TRISSOMIAS(Síndrome de Down, Síndrome de Edwards, Síndrome de Patau)

Equipe:

Emerson Santos da Silva

Josué Amaro de Souza Júnior

Leticia Pazotti Castro

Luana Roque Mendes

Thailane Costa da Silva

SETEMBRO DE 2015MURIAÉ – MG

Trabalho apresentado como parte das

exigências da disciplina citogenética. Profa.

Christiane Mariotini, turma de biomedicina,

6º período.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................3

2. CAUSAS GENÉTICAS ........................................................................5

3. HISTÓRICO DAS DOENÇAS...............................................................7

3.1. Síndrome de Down.............................................................................7

3.2. Síndrome de Edwards........................................................................8

3.3. Síndrome de Patau.............................................................................9

4. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS........................................................10

4.1. Síndrome de Down...........................................................................10

4.2. Síndrome de Edwards......................................................................11

4.3. Síndrome de Patau...........................................................................11

5. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO......................................................12

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................16

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1. INTRODUÇÃO.

O ser humano possui 23 pares de cromossomos, ou seja, 46 cromossomas. No

entanto, durante a meiose pode ocorrer uma não-disjunção dos cromossomos

homólogos, tanto na primeira divisão como na segunda divisão da meiose. Dos dois

casos podem resultar células com excesso ou com défice de cromossomas. Em caso

de excesso estamos perante uma Trissomias, em caso de défice estamos perante uma

monossomia. As cromossomopatias dizem respeito a fenótipos patológicos

determinados por alterações cromossómicas numéricas ou estruturais. Estão

normalmente associadas a malformações congénitas múltiplas e a atraso mental. Estas

cromossomopatias dividem-se em dois grupos, em autossômicas, quando ocorrem nos

cromossomas dos pares 1 a 22 e em heterocromossómicas, quando dizem respeito a

alterações do cromossoma X ou Y, ou seja, nos cromossomas sexuais. Grande parte

dos embriões (cerca de 38%) que resultam de gametas com anomalias cromossómicas

abortam espontaneamente, outros sobrevivem mas vão ser doentes. As alterações

cromossómicas numéricas mais comuns em recém-nascidos são a Trissomias 21,

também chamada Síndrome de Down, a Trissomias 18 ou Síndrome de Edwards, e por

fim, a Trissomias 13, também denominada Síndrome de Patau. Quanto às

cromossomopatias heterocromossómicas, as mais comuns são a monossomia XO ou

Síndroma de Turner e a Trissomias XXY ou também chamada Síndrome de Klinefelter.

Estas anomalias resultam da não-disjunção dos cromossomas homólogos na 1ª ou na

2ª divisão mitótica. O sufixo – somia utiliza-se para indicar a alteração numérica do

respectivo cromossoma. (MALUF et al., 2011).

Nesse trabalho iremos falar mais sobre as alterações cromossómicas numéricas: As

Trissomias.

Síndrome de down: Conhecida por Síndrome de Down, a Trissomia do 21 ocorre

quando há um excesso de material genético no portador da síndroma, mais exatamente

esse portador apresenta no seu cariótipo um cromossoma 21 a mais. Sendo assim,

várias relações essenciais ao bom desempenho do sistema do organismo não se fazem

de forma apropriada. Estima-se que a cada 660 recém-nascidos, 1 possua a Síndrome

de Down. (THOMPSON et al., 1993).

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Síndrome de Edwards: A Trissomia 18 está ligada ao par n.º 18 e onde há a existência

de três cromossomos em vez do normal, que são dois, e tem uma ocorrência de 1 em

cada 8000 recém-nascidos. No entanto, este valor representa apenas 5% dos fetos

com Trissomia 18, já que cerca de 95% dos fetos abortam espontaneamente. Durante a

primeira semana de vida metade dos recém-nascidos morre devido à gravidade, à

multiplicidade das malformações e à incapacidade para se desenvolverem. A

sobrevivência é rara para além do ano de idade, mas aqueles que sobrevivem para

além de um ano de idade, numa percentagem de 5% a 10%, correspondem a crianças

com atraso mental grave e com incapacidade para andar sem apoios. A frequência

desta síndrome é três vezes maior em recém-nascidos do sexo feminino,

comparativamente com os do sexo masculino (3:1).

Síndrome de Patau: A Trissomia 13 tem uma incidência de 1/10.000 recém-nascidos.

Tem este nome devido à existência de três cromossomos no par 13. A taxa de

mortalidade no período intrauterino é muito elevada, e, dos fetos que passam essa

fase, só 3% destes sobrevivem e sendo muito raro o desenvolvimento até à idade

adulta. Com uma ecografia fetal cuidadosa pode-se verificar anomalias em algumas

partes do corpo, como o cérebro, a face, os membros, cardiopatias congénitas e

malformações renais. (JORDE et al., 2000).

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2. CAUSAS GENÉTICAS

Entre as Trissomias conhecidas temos a Trissomia do cromossomo 21 (síndrome de

down), Trissomia do cromossomo 18 (síndrome de Edwards), Trissomia do

cromossomo 13 (síndrome de Patau). A técnica de FISH aplicada as células em

interfase, permiti um rápido diagnóstico para avaliar aneuploidia para os cromossomos

13,18,21. (Maluf, et.al, 2011).

Segundo Maluf, et al a Trissomia do cromossomo 21 é a mais comum em nascidos

vivos (1:730). São três os tipos de alterações citogenéticas que podem resultar em

síndrome de down

1 - Um cromossomo 21 extra presente em todas as células do indivíduo (47, +21).

2 - Translocação robertsoniana envolvendo o cromossomo 21:3 a 4%.

3 - Mosaicismo de Trissomia 21 (47, +21/46): 2 a 3%. Duas populações de células, uma

normal, com 46 cromossomos, e outra com 47, +21.

O risco da síndrome de down aumenta com o avanço da idade materna, pois durante a

meiose ocorrem erros na não disjunção. Somente 5% ocorrem na espermatogênese.

De acordo com Chamon, 2014, em seu artigo com 39 pacientes com Síndrome de

Down, 32 casos estavam associados a Trissomia simples (82,1%), um caso a

translocação 21q:21q (2,6%)e dois casos a translocação 14q:21q (5,1%), sendo

também que dois pacientes, não obtiveram dados compatíveis com a Trissomia do 21,

não sendo diagnosticados como portadores da Síndrome de Down.

Trissomia do cromossomo 18 é a segunda Trissomia de cromossomos mais frequente

(1 para 5.500 nascidos vivos). Também relacionado com o aumento da idade materna,

90% dos casos são resultado de não disjunção meiótica. Das crianças afetadas 50%

falecem na primeira semana de vida, e apenas 5 a 10 % sobrevivem no primeiro ano de

vida, com graves comprometimentos mentais (Maluf,2011).

Existe controvérsia na literatura em relação à região crítica da doença, alguns autores

relatam a região 18q21.1, outros consideram a região 18q12 como crítica (Maluf,2011).

A Síndrome de Patau resulta da presença do cromossomo 13 adicional (Trissomia

livre), levando a uma constituição genética com 47 cromossomos. Aproximadamente

20% dos casos são decorrentes de translocações, na sua maioria Robertsonianas,

resultantes da fusão de dois cromossomos acrocêntricos, em especial entre os

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cromossomos 13 e 14. É indicado sempre o estudo dos cromossomos dos pais, afim de

excluir a possibilidade de um deles ser portador equilibrado desta alteração

apresentando risco assim para sua prole (Zen, et al, 2008) São encontrados em três

etiologias.

1 - Trissomia 13 (47, +13): um cromossomo 21 extras está presente em todas as

células do indivíduo.

2 - Translocação robertsoniana envolvendo o braço longo do cromossomo 13

3 - Mosaicismo (47, +13/46): duas populações de células, uma normal, com 46

cromossomos, e outra com 47, +21.

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3. HISTÓRICO DAS DOENÇAS

3.1 Síndrome de down

A síndrome de Down (SD) tem registros antigos na história do homem, sendo os

primeiros trabalhos científicos datados do século XIX. Contudo, a história da

humanidade mostra crianças com SD sendo retratadas, principalmente, por pintores

como Andrea Mantegna (1431-1506) e Jacobs Jordaens (1539-1678). Em 1838,

Esquirol fez referência à síndrome em um dicionário médico. Outros registros são

constatados na história, por exemplo, no livro de Chambers, datado de 1844, no qual a

síndrome de Down é denominada “idiotia do tipo mongoloide”, e na descrição feita por

Eduard Seguin (entre 1846 e 1866) que se referia à síndrome como um subtipo de

cretinismo classificado como “cretinismo furfuráceo” (Schwartzman et al., 1999a).

Entretanto, o reconhecimento da síndrome de Down como uma manifestação clínica só

ocorreu com o trabalho de Langdon Down, em 1866, que foi influenciado pelos

conceitos evolucionistas da época. Em seu trabalho, Langdon Down afirmava a

existência de raças superiores a outras, sendo a deficiência mental característica das

raças inferiores. Além disso, a tuberculose, presente nos genitores de crianças com SD

daquela época, era considerada como um fator etiológico. Depois desse trabalho inicial,

vieram outros que contribuíram para aprofundar o conhecimento sobre a síndrome de

Down. Dentre eles, os trabalhos de Fraser e Michell (1876), o de Ireland (1877), que

distinguiu a “idiotia mongolóide” da “idiotia cretinóide”, o de Wilmarth (1890) e o de

Telford Smith, em 1896, que descobriu uma técnica de tratamento para estas crianças

utilizando o hormônio tireoidiano. Mas, foi somente em 1932, que um oftalmologista

holandês chamado Waardenburg sugeriu que a ocorrência da síndrome de Down fosse

causada por uma aberração cromossômica. Dois anos mais tarde, em 1934, nos

Estados Unidos, Adrian Bleyer supôs que essa aberração poderia ser uma Trissomia.

Parecia, portanto, que a descoberta da causa da síndrome de Down estava próxima.

Contudo, foram necessárias mais de duas décadas para que isto ocorresse. Foi

somente em 1959 que o Dr. Jerome Lejeune e Patrícia A. Jacobs e seus respectivos

colaboradores descobriram, quase que simultaneamente, a existência de um

cromossomo extra (Schwartzman et al., 1999a).

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A denominação de síndrome de Down só foi proposta após várias outras

denominações terem sido usadas: imbecilidade mongolóide, idiotia mongolóide,

cretinismo furfuráceo, acromicria congênita, criança mal-acabada, criança inacabada,

dentre outras. Obviamente, alguns desses termos apresentam um alto grau pejorativo,

incluindo o termo mongolismo, que foi amplamente utilizado até 1961, quando as

críticas contrárias ao seu uso despontaram. Em decorrência disso, segundo

Schwartzman (1999a), esta terminologia foi suprimida nas publicações da Organização

Mundial de Saúde (OMS), a partir de 1965, prevalecendo a denominação de síndrome

de Down, embora o termo mongolismo ainda seja utilizado na linguagem cotidiana

(Schwartzman et al., 1999a).

3.2 Síndrome de Edwards

A síndrome de Edwards foi descoberta em 1960, pelo professor John Edwards e seus

colegas de classe por um relato de uma menina de nove semanas de vida que

apresentava atraso no desenvolvimento mental e crescimento, crescimento da parte

posterior da cabeça, orelhas displásicas (desorganização celular, ocasionando

mudança de tamanho e aumento de número de mitoses), mandíbula sub dimensionada,

pescoço muito curto, genitais irregulares, má formação do coração, mãos e pés com

dedos sobrepostos, etc. Pouco depois, neste mesmo ano, Smith e colaboradores na

Universidade de Wiscousin descreveram o primeiro caso na América do Norte,

estabelecendo o padrão da síndrome. Hoje a Trissomias do 18 apresenta Trissomia

regular sem Mosaicismo, isto é, cariótipo 47, XX ou XY, +18. Pode haver uma

translocação envolvendo todo ou a maior parte do cromossomo 18, capaz de ser

original ou herdada de um genitor portador balanceado. A Trissomia também pode estar

presente na forma de mosaico, com uma expressão variável mas geralmente mais leve.

Ainda não se identificou a “região crítica” da Trissomia do 18, mas a Trissomia parcial

de todo o braço longo produz o fenótipo típico da Trissomia do 18. A incidência é de

cerca de 0,3 por 1000 nascimentos (Sugayam et al., 2001)

A Trissomia do 18 está associada à idade materna, pois grande parte dos casos são

originados de mulheres com mais de 35 anos de idade e sua causa é a não separação

do cromossomo no momento da formação do gameta e geralmente o gameta é de

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origem materna. São muito raros os casos em que o cromossomo extra tem origem

paterna (BEIGUELMAN et al.,1982).

3.3. Síndrome de Patau

Foi observada pela primeira vez em 1657 por Bartholin, e descrita em 1960 por Patau e

colaboradores, que a denominaram Trissomia do cromossomo D1. Logo em seguida, a

síndrome determinada por essa aneuploidia foi minuciosamente estudada por diversos

autores, e, em pouco tempo, ela pôde ser caracterizada clinicamente com bastante

precisão. Estudos autorradiográficos e de fluorescência forneceram evidências de que o

cromossomo trissômico nesta síndrome era o 13. (THOMPSON et al., 1993)

Reconhecida em 1960 por Klaus Patau observando um caso de malformações múltiplas

em um neonato, sendo trissômico para o cromossomo 13. Tem como causa a não

disjunção dos cromossomos durante a anáfase 1 da mitose, gerando gametas com 24

cromátides. Cerca de 20% dos casos resultam de uma translocação não-balanceada

(THOMPSON et al., 1993).

A sua incidência foi estimada em cerca de 1 caso para 6000 nascimentos.

Aproximadamente 45% dos afetados falecem após 1 mês de vida; 70%, aos 6 meses e

somente menos de 5% dos casos sobrevivem mais de 3 anos. A maior sobrevida

relatada na literatura foi a de 10 anos de idade. Assim como a maioria das outras

Trissomias, associa-se à idade materna avançada, por estarem mais propícias a

ocorrência da não disjunção dos cromossomos. A idade da mãe é superior a 35 anos

em 40% dos casos (JORDE et al., 2000).

A Trissomia tem origem do óvulo feminino, pelo fato da fêmea maturar geralmente

apenas um ovócito, em antagonismo com o macho, que matura milhões de

espermatozoides. Gametas masculinos portadores de alterações numéricas

cromossômicas tem menor viabilidade que gametas normais, sendo mínimas as

possibilidades de um gameta masculino com 24 cromátides fecundar um ovócito

(JORDE et al., 2000).

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4. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

4.1. Síndrome de down

As características dismórficas estão presentes em47 a 82% dos casos; essas

características afetam predominantemente a cabeça o pescoço e as extremidades

(JONES et al.,2006).

Cabeça e pescoço: braquicefalia, fissuras palpebrais oblíquas para cima, pregas

epicânticas, manchas de Brushfield na íris, ponte nasal baixa, orelhas dobradas e

pequenas, boca aberta, macroglossia, palato estrito, anormalidade dentárias, pescoço

curto e pele excessiva na nuca (JONES et al.,2006).

Extremidades: mãos pequenas e largas, clinodactilia de quinto quirodáctilo, prega

palmar única, aumento do espaço entre o primeiro e o segundo artelhos,

hiperflexibilidade de articulações (JONES et al.,2006).

Praticamente todos os pacientes com síndrome de Down possuem comprometimento

cognitivo, a maioria com retardo mental de leve a moderado. Metade dos pacientes

apresenta malformação congênita do coração. As alterações mais comuns são defeito

do septo átrio ventricular (45%) e defeito do septo ventricular (35%) (EPSTEIN et

al.,2001).

Em 5% dos casos, os pacientes apresentam malformações do trato gastrintestinal,

como atresia ou estenose duodenal, pâncreas anular, ânus imperfurado ou atresia

esofágica. A prevalência de obesidade também e maior no grupo de pacientes com

síndrome de Down (ROIZEN et al.,2003).

Aproximadamente 65% dos pacientes apresentam policitemia e macrocitose, e o risco

de desenvolvimento de leucemia chega a 1,5%, esta síndrome está relacionada a

diversas formas de comprometimento do sistema imunológico que aumentam a

suscetibilidade a infecções, malignidades e doenças autoimunes. Por isso, doenças da

tireoide e diabete são comuns nesses pacientes (UGAZIO et al.,2004).

Mulheres com síndrome de Down são férteis e podem engravidar. Já os homens são

inférteis devido ao comprometimento das espermatogêneses, embora existam relatos

de casos de pais com síndrome de Down (SHERIDAN et al.,2009).

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4.2. Síndrome de Edwards

As características mais prevalentes são hipertonia, osso occipital proeminente, boca

pequena, micrognatia, osso esterno curto, rim em ferradura, tecido pancreático

ectópico, pelve pequena, segundo e quinto dedos da mão sobrepostos aos demais e

pés em mata-borrão (JONES et al.,2006).

Malformação cardíaca congênita ocorre em mais de 50% dos casos. Os defeitos mais

comuns são persistência do ducto arterioso e defeito do septo ventricular. O sistema

gastrintestinal está envolvido em 75% dos casos, com divertículo de Meckel e mal

rotação como anormalidades predominantes (JONES et al.,2006).

Os achados pré-natais incluem restrição de crescimento intrauterino associada a

polidrâmnio. Cinquenta por cento das crianças afetadas falecem na primeira semana de

vida, e apenas 5 a 10% sobrevivem no primeiro ano de vida. Grave comprometimento

mental nos sobreviventes (JONES et al.,2006).

4.3. Síndrome de Patau

A maioria das características fenotípicas da Trissomia do 13 é resultado de um defeito

precoce do desenvolvimento do mesoderma precordal, que origina a face media os

olhos e o cérebro anterior. Essas anomalias incluem holoprosencenfalia, ausência do

nervo e/ou bulbo olfatório, graves defeitos oculares, surdez, fenda labial e palatina.

Outros defeitos observados: onfalocele, hérnia umbilical, anomalias geniturinárias,

hemangiomas, ploidactilia, pés em mata-borrão e malformações cardíacas (TOLMIE et

al.,2001).

Achados ultrassonográficos pré-natais demostram defeitos do sistema nervoso central.

Oitenta por cento dos pacientes falecem no primeiro mês de vida. Apenas 5%

sobrevivem até os 6 meses. Grave comprometimento mental, convulsões e déficit de

ganho pôndero-estatural são notáveis nos sobreviventes após um ano de vida (TOLMIE

et al.,2001).

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5. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Diagnóstico pré-natal das anomalias citogenéticas: As anomalias cromossômicas fazem

parte de uma das maiores categorias de doenças genéticas, sendo responsáveis por

uma proporção significativa de insucessos reprodutivos, malformações congênitas e

retardo mental (PEREIRA et al.2009).

Em todos os casos diagnosticados de alterações cromossômicas, é fundamental o

encaminhamento das famílias ao aconselhamento genético (PEREIRA et al.2009).

O diagnóstico pré-natal (DPN) é um conjunto de procedimentos e técnicas que permite

a detecção de anomalias embrionárias e fetais. Ele envolve atividades clínicas

(avaliação obstétrica, aconselhamento genético pré-natal, acompanhamento

psicológico), exames de imagem (ultrassom, ecocardiografia fetal), procedimentos

invasivos (amniocentese, biópsia de vilo, cordocentese), técnicas laboratoriais

(citogenética, investigação metabólica, análise molecular, pesquisa de infecções

congênitas) e pode envolver também o exame anatomopatológico (MALUF et al., 2011).

Aconselhamento genético pré-natal: Este procedimento é adotado para informar a

ocorrência ou risco de recorrência de uma doença genética, além de fornecer detalhes

aos indivíduos afetados e seus familiares sobre a origem hereditária da doença,

possível tratamento, cuidados necessários e planejamento reprodutivo (PEREIRA et

al.2009).

Triagem ou rastreamento ultrassonográfico de primeiro trimestre e medida da

translucência nucal: A translucência nucal é um teste de rastreio de risco gestacional

para cromossomopatias (Trissomias 21, 18 e 13) pode rastrear também triploidia e

outras anomalias cromossômicas (MALUF et al., 2011).

Pela medida do subcutâneo da nuca do feto entre 11 e 14 semanas de idade

gestacional (comprimento cabeça-nádega: 45 a 84 mm), pode-se selecionar pacientes

para exames invasivos, como biópsia de vilosidades coriónicas (BVC) ou

amniocentese, com base na correlação da espessura nucal aumentada e Trissomias. O

resultado deve ser emitido em e um número de probabilidade, levando-se em

consideração a idade materna, o tempo de gestação, os antecedentes obstétricos e a

medida da translucência nucal. O exame não apresenta perda da gravidez, sendo

realizado apenas por uma ultrassonografia (MALUF et al., 2011).

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Uma série de anormalidades fetais como defeitos cardíacos, hérnia diafragmática,

onfalocele, malformações esqueléticas, anomalias renais e diversas doenças gênicas já

foram descritas em associação à translucência nucal aumentada em fetos com cariótipo

normal (MALUF et al., 2011).

Procedimentos invasivos: Os métodos invasivos em DPN viabilizam a coleta direta de

material fetal para análise em laboratório, permitindo a realização de diversos exames,

como cariótipo para doenças cromossômicas, os ensaios enzimáticos para erros inatos

do metabolismo e a analise molecular para doenças gênicas.

Os principais procedimentos invasivos são a biopsia de vilosidades coriônicas (BVC), a

amniocentese e a cordocentese (MALUF et al., 2011).

A BVC consiste em retirada de fragmentos de placenta através de uma agulha guiada

por ultrassonografia. A via preferencial é a transabdominal. A BVC pode ser realizada

entre 11 e 14 semanas e tem um risco de abortamento de 1 a 1,5%. O material

coletado pode ser analisado diretamente e após cultivo, sendo utilizado para estudo

citogenético, ensaio enzimático e análise molecular (MALUF et al., 2011).

A amniocentese é a retirada de 20 ml de líquido amniótico por agulha, guiada por

ultrassonografia. Ela pode ser realizada com segurança a partir de 15 semanas e tem

um risco de abortamento de 0,5 a 1 %. O material utilizado para análise são as células

fetais flutuantes no liquido e as enzimas que o compõem (MALUF et al., 2011).

A cordocentese é a punção de vaso umbilical para retirada de uma amostra de sangue

fetal. Uma agulha guiada por ultrassonografia e introduzida na cavidade amniótica e

depois punciona o vaso. Este procedimento é utilizado a partir de 18 semanas de idade

gestacional, para confirmação de um resultado duvidoso na amniocentese ou na

ausência de líquido amniótico. O risco de perda fetal é de 2 a 5% (MALUF et al., 2011).

Detecção de cromossomopatias fetais: Cariótipo fetal: O estudo citogenético do feto

através do cariótipo fetal pode ser obtido a partir de amnióticos cultivados ou por estudo

direto ou após cultivo das vilosidades coriônicas. Isso permite a identificação de

anormalidades cromossômicas numéricas ou estruturais. A frequência de

cromossomopatias é elevada na espécie humana, sendo detectadas em 0,5% dos

recém-nascidos, 5% dos natimortos e 50% dos abortos. As principais indicações para a

detecção pré-natal de cromossompatias são: idade materna avançada acima de 35

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anos, pais portadores de translocação cromossômicas, filho com erro inato do

metabolismo, alteração em exames séricos maternos hidropsia fetal não imune.

Hibridização in situ por fluorescência (FISH): Esta técnica é o produto da combinação

da citogenética tradicional com a biologia molecular, e teve grande aplicabilidade no

diagnóstico clinico. Ela permite que sequências de DNA sejam detectadas em

metástase ou em núcleos interfásicos na própria lâmina. Isto é não há extração de

DNA: ele é estudado diretamente no núcleo ou no cromossomo. Tanto o DNA-alvo

como a sonda com material fluorescente é desnaturado (a dupla hélice abre com o

calor). A sonda e o DNA- alvo hibridizam. Com um microscópio de fluorescência e filtros

adequados, é possível visualizar as sequências marcadas e hibridizadas. A grande

vantagem desta técnica é que entre 24 e 48 horas se pode obter o diagnóstico prévio

de algumas cromossopatias. Como Trissomias 13,18 e 21, bem como de cromossomos

sexuais. A detecção apenas destas alterações abrange 90% das cromossomopatias

(MALUF et al., 2011).

Reação em cadeia da polimerase (PCR) e hibridização genômica comparativa (CGH):

A PCR (de polymerase chain reaction) pode ser utilizada como um método molecular

alternativo para a detecção das cromossomopatias mais comuns (13, 18, 21 e

cromossomopatias sexuais), tem como base uma técnica amplamente difundida da

PCR, onde através da amplificação de pequenas sequências de DNA, pode-se obter o

diagnóstico de uma alteração quantitativa no material em algumas horas (MALUF et al.,

2011).

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Page 15: RELATORIO citogenetica

Outra técnica molecular que também é utilizada para detecção de cromossomopatias é

a CGH (de comparative genomie hybridization), onde todo genoma do paciente

hibridiza com o genoma teste em uma única reação.

Tanto a FISH como a PCR e a CGH são considerados testes de detecção rápida de

aneuploidias, que se por outro lado podem aliviar (ou não) a gestante, por outro devem

ser confirmados posteriormente com a análise do cariótipo tradicional. Este ainda é

considerado o teste padrão-ouro para detecção de aberrações cromossômicas. Os

testes rápidos não detectam alterações estruturais (balanceadas ou não), nem

mosaicismo, e podem falhas (falso-negativo) em1% dos casos (MALUF et al., 2011).

O diagnóstico pré-natal de anomalias cromossômicas é um importante recurso para

gestantes com história familiar de cromossopatias ou com detecção de anomalia fetal

na ultrassonografia. O diagnóstico etiológico do feto é uma ferramenta essencial para o

aconselhamento genético, permitindo estabelecer o prognóstico d gestação em curso, o

planejamento do parto, bem com estimular o risco de uma futura gestação, garantindo o

apoio necessário para o casal (MALUF et al., 2011).

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

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Page 16: RELATORIO citogenetica

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