RELATÓRIO VISITA À EXPOSIÇÃO

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RELATÓRIO VISITA À EXPOSIÇÃO Local da visita: MEMORIAL DA AMERICA LATINA Data da visita: 29/04/2009 Disciplina: ARTE BRASILEIRA Profº PERCIVAL TIRAPELLI escultura Mão de Oscar Niemeyer foto http://www.memorial.sp.gov.br/memorial/ContentBuilder.do? open=subacervo&ma=me&pagina=mao

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RELATÓRIO VISITA À EXPOSIÇÃO

Local da visita: MEMORIAL DA AMERICA LATINA

Data da visita: 29/04/2009

Disciplina: ARTE BRASILEIRA

Profº PERCIVAL TIRAPELLI

escultura Mão de Oscar Niemeyerfoto http://www.memorial.sp.gov.br/memorial/ContentBuilder.do?open=subacervo&ma=me&pagina=mao

ELAINE REGINA DOS SANTOS

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INTRODUÇÃO:

Instituída através da Lei Nº 6.472, de 28 de junho de 1989, a “Fundação Memorial da América Latina” tem uma grande área (84.480 m2) no bairro da Barra Funda em São Paulo. Seu conceito e projeto cultural foram idealizados pelo antropólogo Darcy Ribeiro e o projeto arquitetônico desenvolvido pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Sua principal missão é estreitar as relações entre Brasil e os demais países da América Latina, sejam culturais, políticas, econômicas ou sociais.

1. Locais visitados

1.1 PAVILHÃO DA CRIATIVIDADE

http://www.memorial.sp.gov.br/memorial/ContentBuilder.do?open=subespacoCulturais&ma=me&pagina=pavilhao

O Pavilhão da Criatividade é um espaço expositivo de 1600 metros quadrados, a coleção do acervo contém obras de arte popular recolhidas pelos especialistas em arte popular Maureen Bisilliat e seu marido Jacques Bisilliat, e o arquiteto Antônio Marcos Silva através de viagens aos países da América Latina e Brasil.

O Acervo possui por volta de 4.000 peças e é um espetáculo de cores e texturas. As peças contam estórias de seus povos através de seus trajes típicos, máscaras, estandartes, instrumentos musicais, objetos de adorno e de uso cotidiano, obras em argila, madeira, esculturas em ferro, brinquedos, adereços religiosos e profanos, com a marca criativa, festiva e por vezes ritualística característica de nosso povo latino americano.

Logo na entrada, senti uma grande simpatia e permissão receptiva com a exposição da Roda de Orixás feitas por Adelaide d´Oxum representando os cultos afro-brasileiros. A roda é formada por Oxalá, Oxum, Xangô, Iansã, Ogum, Oxossi, Obaluaê e Oxumaê, e ao centro Iemanjá com um barco de oferendas.

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Foto: Fábio Pagan http://www.memorial.sp.gov.br/memorial/RssNoticiaDetalhe.do?noticiaId=1461

A seguir me chamou a atenção o totem “O louco” talhado em madeira jacarandá por Boaventura da Silva de Cachoeira-BA, ao lado o “Leão” em cedro de Itamar Julião de Prados-MG.

Dei uma olhada geral nas peças, mas me detive nas peças cerâmicas já que é o tema de meu objeto de pesquisa.

São peças de raríssima singeleza, mas determinantes em sua “contação de estórias” da cultura de nosso povo, seu modo de vida, suas técnicas, de sua beleza.

Primeiramente, são apresentadas peças da arte popular brasileira, depois outros países da América Latina teem seus espaços e seus artistas representantes.

A seguir, algumas imagens que colhi.

Moringa em forma de noiva de Izabel Mendes da Cunha, Cabeças de Jacinta de MG

Moringa em forma de noiva de Izabel Mendes da Cunha, Cabeças de

Jacinta de MG

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Grupo de Dança, barro cozido, autoria Baê – Tracunhaem – PE

Tocador de Pífano, barro cozidoManoel Eudócio – Alto do Moura - PE

Nossa Senhora ConcepçãoVandercok Cavalcanti – Trucunhaém-PE

Girafa e Leão – Nuca – Trucunhaém - PE

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O México é representado com trabalhos em barro cozido, algumas peças com barro cozido e enegrecido, metalizado com chumbo, polido e vidrados.

Trabalhos de artesãos de Minas Gerais: Turmalina, Fanado, Caraí e Minas Novas

Virgenzinhas e Pratos – barro cozido, decorado e vidrado – Autoria Peña de Arriba Origem: Tzintsuntzán/Michoacán

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A Guatemala apresenta além de suas cerâmicas, lindas vestimentas, com as maravilhosas tramas geométricas tão características.

O Perú apresenta também suas cerâmicas e grandes jarros, e sua vestimentas e tecidos com desenhos figurativos.

GuatemalaCerâmica de tradição hispânicaBarro Cozido, esmatado e vitrificadoAutoria: família MonteiAntigua Guatemala

Casa de Pisos com inquilinosBarro cozido e tintas naturaisOrigem Quinua, Depto de Ayacucha

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Equador

Paraguai

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1.2 SALÃO DE ATOS TIRADENTES

Saí do Pavilhão da Criatividade e uma ponte de Niemeyer me levou até o Salão de Atos Tiradentes.

O Salão de Atos Tiradentes é considerado o coração do Memorial, possui um pé direito de 30 metros de altura, com uma luz natural bastante especial, filtrada por uma parede lateral toda de vidro auxiliada pela disposição dos painéis de Carybé e Poty, que o espaço abriga, além de um lindo painel ao fundo, pintado por Cândido Portinari.

O Painel Tiradentes, de Cândido Portinari, iniciado em 1948 e terminado em 1949, mede 18,00 x 3,00m e é uma de suas mais importantes obras, e de maior dimensão. Originalmente, foi concebido para ocupar o saguão da entrada do Colégio Cataguazes, situado na cidade com o mesmo nome, em Minas Gerais, a convite do arquiteto Oscar Niemeyer, responsável pela construção do colégio. Em 1975, a obra foi comprada pelo Governo do Estado de São Paulo e foi instalada no Salão Nobre do Palácio dos Bandeirantes até 1989, quando foi passou a ocupar o Salão Atos Tiradentes.

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É um tríptico pintado à têmpera, dividido em cinco cenas, representando os episódios e os personagens principais da Inconfidência Mineira, principalmente Tiradentes com o suplício e a exaltação.

Na primeira cena aparece um grupo de mulheres com mãos escondendo os rostos, acorrentadas, representando a nação brasileira com um grupo de crianças negras igualmente acorrentadas representando os escravos, entremeados por uma figura dos Inconfidentes, onde Tiradentes com punhos de aço segura uma corrente.

A segunda cena representa a leitura de sentença, a terceira a execução de Tiradentes. A quarta cena apresenta as partes esquartejadas de Tiradentes colocadas em postes. A quinta cena mostra a cabeça de Tiradentes colocada em lugar público, Vila Rica.

E a sexta e última cena mostra mulheres com as mãos para o alto com correntes arrebentadas de suas mãos, mostrando a liberdade.

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Portinari usa de uma narrativa quase cinematográfica, ao mesmo tempo em que conta fatos históricos passados, faz sua reflexão particular em relação ao povo brasileiro, e sua necessária emancipação. Através de recortes, coloca o tempo passado e tempo presente mostrando a tragédia, a tristeza, mas também a luta, a esperança.

Os painéis de Carybé e Poty são 6 baixo-relevos em concreto aparente,  medindo 4,00 x 15,00 m cada um, apresentando a seguinte temática:

Painel dos Povos Afros: mostra a escravidão e a contribuição cultural destes

povos.

Painel dos Conquistadores: Retrata a chegada do europeu à América, o

choque cultural e os conflitos gerados, e a posterior miscigenação.

Painel dos Imigrantes: Mostra o papel dos imigrantes na trajetória histórica da

América Latina, tanto no que se diz respeito à contribuição cultural e

mestiçagem, quanto do seu trabalho.

Painel dos Libertadores: Destaca o momento em que os latino-americanos,

conscientes da dominação européia, lutam em busca de liberdade, formando

os diversos Estados independentes.

Painel dos Edificadores: Representa o desenvolvimento tecnológico e a

contribuição do trabalho de todos os povos citados, com destaque para o

homem comum, o trabalhador braçal.

Os depoimentos dos artistas, nos mostram a vitalidade e força presente nos

trabalhos realizados:

“Quanto ao meu trabalho, devo dizer que nunca me senti tão à vontade, pois os temas propostos para meus painéis me são familiares: os índios, os imigrantes, os edificadores do progresso têm meu especial carinho e sempre estiveram presentes em minha obra.” (Poty, 1990)1

“Poty e eu tivemos o prazer de unir nosso trabalho à equipe que, dos desenhos em papel vegetal e das cópias heliográficas, foram extraindo esse belíssimo conjunto de edifícios, leves, aéreos que hoje é casa de toda a América Latina, do México à Patagônia.” (Carybé)

1 Depoimento publicado no livro Integração das Artes, editado pelo Memorial da América Latina, em 1990, na pág. 61, http://www.memorial.sp.gov.br/memorial/ContentBuilder.do?open=subacervo&ma=me&pagina=depoimentoPoty consultado em 29/05/2009

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CONCLUSÃO

Esta visitação foi bastante importante, tanto no aspecto pessoal como de pesquisa cultural e artística.

Auxilia na compreensão da formação histórica do Brasil, e também na formação desta unidade dos povos latino-americanos.

Não havia ainda feito uma visita com este olhar ao Memorial, e percebi que ela é de extrema importância não só para o público que se interessa pela arte, mas para todo e qualquer cidadão que é retratado através de toda a linguagem que este complexo contém.

As obras em cerâmica e todas as outras formas de arte popular apresentadas são bastante representativas e mostram a diversidade cultural que ao mesmo tempo ecoa unissonamente a linguagem de todos os povos, atos de criatividade, de luta, de busca de liberdade, de arte, de cultura.

E as obras que compõem o Salão de Atos Tiradentes, sintetizam toda a história destes povos.

Em relação a meu trabalho de pesquisa, só posso dizer que a contribuição foi grande, pois sem conhecer a história de meu povo, a expressão de meu povo e de nossos irmãos vizinhos, dificilmente poderei me dedicar a qualquer objeto de estudo, ajuda muito a lembrar-me minha identidade, e a identificar meu semelhante.

Ver as cerâmicas juntas, mas separadas e identificadas por cada povo me auxilia a compreender técnicas e expressões nesta arte que me fascina e que quero continuar estudar.

Referências:

AJZENBERG, Elza. PORTINARI - Análise do painel Tiradentes, nos cem anos do grande artista brasileiro in http://www.memorial.sp.gov.br/memorial/revistaNossaAmerica/20/port/mestre.htm , página visitada em 29/05/2009.

Folder Memorial Roteiro de Visitação

http://www.ibacbr.com.br/?dir=artigos&pag=002&opc=0069, página visitada em 29/05/2009.

http://www.portinari.org.br