Resenha

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ INSTITUTO DE ESTUDOS EM DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO E REGIONAL FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DE MARABÁ “EXTENSÃO OU COMUNICAÇÃO?” PAULO FREIRE Resenha apresentada pela ds!ente Ma"ra Al#es $rt%& !%'% re()st% para%*ten+,% de n%tada ds!plna C%')n!a+,% e E-tens,%. Pr%/ess%r 0a12 Pr%/.3. Ms!. S'%ne N%4)era Mara*5 6789

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Descrição sobre campesinato

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SERVIO PBLICO FEDERALUNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARINSTITUTO DE ESTUDOS EM DESENVOLVIMENTO AGRRIO E REGIONAL FACULDADE DE CINCIAS AGRRIAS DE MARAB

EXTENSO OU COMUNICAO? PAULO FREIRE

Resenha apresentada pela discente Mara Alves Brito, como requisito para obteno de nota da disciplina Comunicao e Extenso.

Professor (a): Prof.. Msc. Simone Nogueira

Marab2015

No primeiro captulo do livro, fica evidenciada a abordagem que o autor faz aproximando o significado do termo extenso, corroborando a etimologia da palavra, fazendo uma relao com uma proposta de dominao ou superioridade de uma cultura sobre a outra.Paulo Freire procura falar sobre a extenso como uma forma de agir transformando o agricultor em objeto. De tal maneira, o agrnomo no visto como um educador extensionista, pois, para que assim o seja, necessrio humanizar o papel do homem para transformar o ambiente ao seu redor.Na realidade agrria o termo estender diz respeito a levar o conhecimento e tcnicas as pessoas que destas necessitam. Extenso no deve ser uma invaso cultural do meio agrrio, mas sim uma educao e aprendizagem por parte do extensionista e do que est recebendo o conhecimento. O agrnomo, neste caso extensionista, deve ensinar ao homem do campo de forma que este possa aprender e praticar o que est aprendendo, adquirindo o conhecimento. O processo de extenso como algo que apenas mostra a presena dos contedos estendidos, no serve para aqueles que o captam, pois eles apenas os vem, no praticam, portanto no podem utiliza-los, alm de que muitas vezes o contedo apresentado no reflete muita realidade de quem os assistem. Os camponeses muitas vezes tm suas crendices sobre certas situaes do cotidiano e o agrnomo com sua linguagem tcnica no consegue influencia-los, ento os camponeses achando que o motivo daquela situao algo mgico, que no pode ser mudado, acabam por considerar o agrnomo um invasor. Para ser possvel estender algo a uma comunidade faz-se necessria superao da percepo mgica da realidade e que se mostre um conhecimento simples.Algo que deve ser percebido que o conhecimento tem de ser construdo de forma que o agrnomo e o agricultor o faam junto. No o agrnomo treinando o agricultor, mas fazendo-o entender como funciona, e este aproximando o extensionista da realidade. Dessa forma, as aes praticadas em meio real tendem a obter uma porcentagem de sucesso muito maior, o agrnomo no pode deixar de levar em considerao o conhecimento emprico dos agricultores. Lembrando que se o agricultor faz uma coisa, ele tem boas razes para fazer aquilo, ainda que aos olhos do agrnomo essas razes no sejam to claras.A ao de estender, na extenso, uma teoria que no envolve o dilogo como forma de repassar o conhecimento, o agrnomo simplesmente impe o que deve ser feito, no havendo comunicao expressiva, como a troca de saber. A invaso cultural ocorre desta forma, o autoritarismo da tcnica no forma a educao, sendo ento o agricultor forado a aceitar como um objeto, a invaso do seu espao de viver e reproduzir. A propaganda uma grande invaso cultural, e usada pelo agrnomo como arma para impor e fazer os agricultores aceitarem sua forma de pensar e pensar como ele, ou seja, no passa de uma manipulao, onde o agricultor capaz de achar que est fazendo de acordo com seus prprios pensamentos.O agrnomo educador deve atuar com a educao tcnica e percepo cultural para que se possa ajudar o campons, habilitando-o ao trabalho sem invadi-lo culturalmente. Isto faz parte da reforma agrria, que de grande responsabilidade do agrnomo, que deve alm de ensinar, aprender e educar como os camponeses necessitam em sua realidade cultural.A comunicao caracterizada pelo dilogo, este por sua vez realizado atravs de signos lingsticos e atravs destes possvel se comunicar o que possvel de se entender, pois se no inteligvel, o outro no compreende e no adquire a expresso do primeiro.A extenso algo que simplesmente no transmite o conhecimento como uma aprendizagem por parte do campons, para isto necessria a comunicao que faz adquirir o conhecimento havendo uma co-participao das partes.Para que a educao seja algo promissor se deve seguir os seus princpios, que so: a comunicao e o dilogo. No uma forma de impor o conhecimento, mas uma forma de mostr-lo e faze-lo de um jeito interessante, para que as pessoas possam entender de forma agradvel, sendo que a educao envolva a realidade de quem necessita do conhecimento para tornar-se participante do mundo como um todo, trabalhando nele e tornando-o melhor. E ento os educadores sejam os mais aptos a fazer as transformaes radicais que o mundo necessita.A comunicao como forma de transmitir o conhecimento, que deve ser realizada, para que se evite a manipulao e invaso cultural dos camponeses, pois em muitas ocasies possvel se perceber que o agrnomo trabalha fazendo propaganda, sem se quer tentar entender a realidade agrria. O agrnomo deve trabalhar como um educador, para que se possa desempenhar um papel importante na reforma agrria.A educao necessita de humanidade e o humanismo verdadeiro no pode aceita-lo, pois a extenso mostra-se como manipulao e domesticaao e no caminho de libertao para o campons. Nesse sentido, o autor questiona o compromisso do profissional com a sociedade e acrescenta a urgncia do dialogo, a necessidade da deciso poltica para a reforma agrria, as perigos a margem das aes impulsivas e autoritrias dos agrnomos, onde as tcnicas so valorizadas e os homens so diminudos (esquecidos).No terceiro captulo do livro possvel observar que Paulo Freire diferencia a extenso da comunicao. Para ele a extenso se caracteriza na situao onde h um sujeito que sabe e outro que no sabe, na comunicao no h sujeitos que no sabem. Nesse sentido a educao comunicao. Como comunicao impe dialogo, necessrio que entre os sujeitos exista um quadro significativo comum (signos, por exemplo) para que acontea um encontro de sujeitos interlocutores que busquem a significao dos significados.Freire apresenta sobre a comunicao entre agrnomos e agricultores preciso ter persistncia para criar um canal de comunicao devido as questes scio-culturais. Porm, importante que o agrnomo em uma perspectiva humanista rejeite toda forma de manipulao e ressalta sua afirmao ao deixar claro que comunicao sim, extenso no.Freire deixa claro sua preocupao com relao a importncia do dilogo como mecanismo de transformao. Para ele, os agrnomos veem o dilogo como uma perda de tempo, porm por pensar assim que muitas aes acabam por serem mal sucedidas, pois o saber dos agricultores no foi levado em considerao. O que se pretende com o dilogo, em qualquer hiptese (seja em torno de um conhecimento cientfico e tcnico, seja de um conhecimento experiencial), a problematizao do prprio conhecimento em sua indiscutvel reao com a realidade concreta na qual se gera e sobre a qual incide, para melhor compreend-la, explic-la, transform-la..No se trata apenas de ensinar-lhes; h tambm que aprender deles. Dificilmente um agrnomo experimentado e receptivo no ter obtido algum proveito de sua convivncia com os camponeses. Se a dialogicidade coloca as dificuldades que analisamos, de ordem estrutural, a antidialogicidade se torna ainda mais difcil. A primeira pode superar as dificuldades assinaladas problematizando-as; a segunda, cuja natureza em si antiproblematizadora, tem que vencer um obstculo imenso: substituir os procedimentos empricos dos camponeses pelas tcnicas de seus agentes. E como esta substituio exige um ato critico de deciso (que a antidialogicidade no produz), ela tem como resultado a mera superposio das tcnicas elaboradas aos procedimentos empricos dos camponeses.Para Freire preciso ver o homem em sua interao com a realidade e a importncia do conhecimento histrico-social-cultural no fazer dos homens, j que a historia feita pelos homens e ao mesmo tempo nela vo se fazendo. Assim, mostra que o movimento do homem e mundo objetivo dinmico, ou seja, impossvel desejar que um homem seja adaptado, pois adaptao exige a existncia de uma realidade acabada e esttica e no criando-se. Tentar adaptar ou domesticar um homem significa subtrair o homem, ou seja, coisifica-lo, isto uma educao com viso instrumental. Segundo o autor a educao no neutra, a educao precisa ser humanista, ou seja, para a prtica da liberdade, na qual o sujeito tem de fato uma situao de verdadeira aquisio de conhecimento, onde todos so criadores de conhecimento.