Resumo obras rodoviárias
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Resumos de Obras Rodoviárias
2010/2011 FEUP J. Barros
Resumos de Obras Rodoviárias
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Conteúdo Objectivos dos Pavimentos ........................................................................................................... 3
Geotecnia Rodoviária .................................................................................................................... 4
Sistemas de Classificação de Solos ................................................................................................ 4
Utilização dos Materiais em Aterro............................................................................................... 5
Utilização dos Materiais em Leito do Pavimento .......................................................................... 6
Compactação ................................................................................................................................. 7
Centrais Betuminosas .................................................................................................................... 7
Transporte ..................................................................................................................................... 9
Pavimentadoras ............................................................................................................................ 9
Compactação ............................................................................................................................... 11
Orçamentos ................................................................................................................................. 13
Camadas Rugosas ........................................................................................................................ 14
Camadas Drenantes .................................................................................................................... 14
Leitadas Betuminosas (Slurry Seal) ............................................................................................. 14
Misturas Semi-Quentes ............................................................................................................... 15
Revestimentos Superficiais ......................................................................................................... 15
Semi-Penetração ......................................................................................................................... 17
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Objectivos dos Pavimentos
Os pavimentos têm como principal objectivo a criação de uma superfície que possibilite a
circulação de veículos com segurança, conforto e economia, durante um determinado período
de tempo, designado por “vida do pavimento”.
No que se refere à segurança deveremos atender à resistência à derrapagem, através da
textura superficial do pavimento e das condições de drenagem, e às características do traçado,
reduzindo a projecção de água, melhorando a visibilidade e proporcionando um suporte
regular.
Quanto ao conforto deveremos melhorar a percepção óptica, reduzir o ruído e as vibrações
interiores.
A nível económico deveremos procurar reduzir os consumos de combustível e pneus, o
desgaste da viatura, o tempo de viagem e a probabilidade de acidentes.
Os pavimentos são a parte da estrada que suporta directamente as solicitações induzidas pelo
tráfego e as transmite à infra-estrutura. São constituídos por várias camadas, estruturas
laminares estratificadas que se apoiam sobre a infra-estrutura.
Camada estrutural – elemento estrutural de um pavimento construído por um único
material. Poderá ser disposta em uma ou mais camadas;
Camada de desgaste – camada superior do pavimento, que está em contacto com o
tráfego;
Camada de ligação – camada do pavimento entre a camada de desgaste e a base;
Camada de regularização – camada de espessura variável aplicada numa só camada ou
superfície existente, para obtenção do perfil necessário à colocação de uma outra
camada de espessura constante;
Camada de base – principal elemento estrutural de um pavimento, que poderá ser
disposta numa ou mais camadas.
Como anomalias, um pavimento poderá demonstrar fadiga dos materiais ligados ou
deformação excessiva nas camadas.
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Geotecnia Rodoviária
A geotecnia rodoviária constitui uma especificação da mecânica dos solos. Um engenheiro
rodoviário deverá ter atenção às características dos solos a empregar numa obra rodoviária,
caracterizando-os quanto à sua granulometria e limites de consistência.
Principais ensaios:
Azul-de-metileno – determinação das partículas nocivas de argila;
Proctor – ensaio de resistência do solo;
Californian Bearing Ratio (CBR) – define o índice de compacidade do solo;
Ensaio de Placa – Mede a deformabilidade do solo utilizando uma placa circular.
Os solos correntemente extraídos e utilizados nas obras rodoviários serão sempre
influenciados pela quantidade e qualidade de argila neles contida.
Sistemas de Classificação de Solos
Para caracterizar os solos utilizados nas obras rodoviárias existem 3 tipo de classificação:
Unificada, AASHO e LCPC/SETRA.
AASHO – classificação para fins rodoviários, influenciada pela granulometria e índices
de consistência do solo, dividindo-o assim em diversas categorias. Tem ainda um
índice de grupo, também influenciado pelas características atrás expostas, e
delimitado entre os valores de 0 e 20, reflectindo um material excelente ou um
material muito mau, respectivamente;
LCPC/SETRA – classificação Francesa para fins rodoviários, influenciada por parâmetros
de natureza, de comportamento mecânico e de estado do solo.
Parâmetros de Natureza:
Granulometria – Dimensão máxima do agregado, passados no peneiro de 0.08 mm e
passados no peneiro de 2 mm.
Argila – Índice de plasticidade (IP), valor do azul-de-metileno.
Parâmetros de Comportamento Mecânico:
Coeficiente de Los Angeles;
Coeficiente de Micro-Deval;
Coeficiente de friabilidade de areias.
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Parâmetros de Estado:
Permitem classificar o solo através do seu teor de humidade, vai desde tres humide
até tres sec.
Materiais Rochosos (Classe R):
Identificação da natureza pétrea da rocha;
Avaliação do comportamento mecânico do material durante as diversas fases.
Materiais Orgânicos e Sub-Produtos Industriais (Classe F):
Utilização destes materiais sem perigo para o ambiente;
Critérios diversificados, abordando 9 famílias, de acordo com a experiência francesa.
Utilização dos Materiais em Aterro
A classificação tem em consideração: o caso analisado definido pela classificação do material a
utilizar, observações gerais sobre o material, situação meteorológica durante os trabalhos,
condições de utilização e códigos respectivos.
Extracção ( E )
Granulometria (G)
Teor de Humidade (W)
Tratamento (T)
Espalhamento (R)
Compactação (C)
Altura dos aterros (H)
0 Nada a considerar
Nada a considerar
Nada a considerar
Nada a considerar
Nada a considerar
- Nada a considerar
1 Extracção em camadas
Eliminação de elementos >800 mm
Reduzir teor de humidade por arejamento
Tratamento com reagente ou aditivo adaptado
Camadas finas Intensa Pequena altura
2 Extracção frontal
Eliminação de elementos >250 mm
Secagem em depósito provisório
Tratamento com cal
Camadas médias
Média Média altura
3 - Fragmentação após extracção
Rega para manter estado
- - Fraca -
4 - - Humidificação para mudar estado
- - - -
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Utilização dos Materiais em Leito do Pavimento
Funções a curto prazo:
Nivelamento da plataforma de suporte do pavimento
Conferir capacidade de suporte;
Protecção do solo às intempéries;
Permitir a traficabilidade, em boas condições, do equipamento de obra;
Eventualmente suportar o tráfego de estaleiro para outras necessidades.
Critérios a contemplar:
Insensibilidade à água;
Dimensão dos elementos mais grossos;
Resistência ao tráfego de estaleiro;
Sensibilidade ao gelo.
Granulometria (G)
Humidade (W)
Tratamento (T)
Protecção Superficial (S)
0 Nada a considerar Nada a considerar Nada a considerar Nada a considerar
1 Eliminação da fracção sensível à água
Rega para manter o estado hídrico
Tratamento com ligante hidráulico
Revestimento de cura, eventualmente com gravilha
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Eliminação da fracção grosseira que impede uma correcta mistura do solo
Humidificação para mudar o estado hídrico
Tratamento com ligante hidráulico eventualmente associado com cal
Revestimento de cura com gravilha e eventual incrustação de agregados
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Eliminação da fracção grosseira que impede um nivelamento correcto da plataforma
- Tratamento misto – cal+ ligante hidráulico
Camada final de regularização
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Eliminação da fracção sensível à agua e da grosseira que impede o nivelamento
- Tratamento só com cal -
5
Eliminação da fracção grosseira para obtenção de elementos finos
-
Tratamento com ligante hidráulico eventualmente associado a um corrector granulométrico
-
6 - - Tratamento com corrector granulométrico
-
A espessura a utilizar depende do PST e da capacidade de suporte e das características do
leito.
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Capacidade de suporte da plataforma:
PF1 – entre 20 e 50 Mpa
PF2 – entre 50 e 120 Mpa
PF3 – entre 120 e 200 Mpa
PF4 – acima de 200 Mpa.
Compactação
No que respeita à compactação, a espessura das camadas depende da natureza e estado do
solo e do equipamento de compactação. As tolerâncias sobre os valores indicados dependem
do nível de compactação desejado: nas compactações médias e intensas não são credíveis
uma sobre compactação, logo não há inconveniente em que a espessura real seja inferior à
prescrita; na compactação fraca os riscos de saturação de certos materiais argilosos
necessitam que os desvios aos valores prescritos não superem 15%.
Considera-se Q o volume de material compactado, S a superfície percorrida para compactar e
Q/S a espessura da camada compactada numa única passagem do cilindro (e0).
Em que l é a largura do cilindro e d a distância percorrida por este.
O número de passagens é dado pelo quociente entre a espessura a compactar e o valor de
Q/S. O valor do rendimento teórico do cilindro é dado pelo produto entre o Q/S pela largura
do cilindro e pela velocidade de percurso deste.
Centrais Betuminosas
O fabrico de uma mistura betuminosa envolve a mistura de agregados em quantidades
precisas com betume de modo a obter-se uma mistura betuminosa que deverá obedecer a
uma composição específica e efectuada a uma determinada temperatura.
Existem dois tipos de centrais: contínuas (Drum Mixing Plant) e descontínuas (Batch Mixing
Plant).
Nas centrais descontínuas uma quantidade de agregado é pesado, em proporções de acordo
com a composição pretendida, e misturado com o betume. São constituídas por:
Doseador de Inertes (ou agregados) – o seu rigor de dosagem aumentará o
rendimento da produção, sendo, geralmente, entre 4 e 9 elementos, os quais contêm
unidades de alimentação na base do doseador para controlar o fluxo de inertes.
Grelha separadora – tem por finalidade impedir que inertes de maiores dimensões
entrem no fluxo de fabrico, podendo, em alternativa, serem colocadas grelhas nas
bocas dos silos.
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Secador – retira a humidade dos agregados, permitindo o seu envolvimento pelo
betume e eleva a temperatura dos inertes para o valor desejado. Consiste num tambor
que roda em torno de um eixo inclinado (entre 2 e 10º) e tem armações em ferro em
forma de L. Na parte inferior tem um queimador.
Elevador – tem por finalidade elevar os inertes para criar cota, permitindo as
operações de crivagem e mistura.
Crivos do material quente – recebem os inertes provenientes do secador, após
subirem pelo elevador, separando os agregados em fracções de tamanho específico.
Tremonhas do material quente – apresentam dimensões variáveis, permitindo
compensar ligeiros erros dos doseadores de inertes.
Sistemas de pesagem – permitem a pesagem dos agregados sequencialmente, de
forma decrescente em termos de dimensões. O filer tem um sistema de pesagem
independente.
Misturador – por norma apresenta a forma de uma bacia semi-circular, com dois eixos
com pás em forma de L. Mistura os inertes, betume e filer.
Têm como elementos periféricos:
Filtros – permitem eliminar as poeiras, sendo, geralmente, de ciclones, por via
húmida ou de mangas (secos), sendo os de mangas os mais utilizados.
Silos de filer – deverão existir dois por central: um para filer comercial outro para
filer recuperado.
Tanque de betume – o betume deverá estar constantemente a circular pela
tubagem, de modo a não arrefecer. Possuem um sistema de aquecimento por
chama directa ou por caldeira oleotérmica.
Silos de produto acabado – deverão ser isolados e possuir sistema directo de
transporte a partir da misturadora (tapetes).
As centrais contínuas partilham com as descontinuas os elementos periféricos,
diferenciando-se pela adopção de um tambor secador misturador. No sistema de
pesagem dever-se-á ter em consideração o facto de os inertes serem pesados
húmidos, devendo a pesagem ser rectificada.
Num tambor secador-misturador o queimador, por norma, encontra-se no inicio do
tambor, sendo que os agregados secam à medida que se afastam da chama. A
configuração das pás é mais complexa que numa central descontinua, sendo que o
tambor tem duas zonas distintas: uma destinada à secagem dos agregados e outra
destinada à mistura, sendo que esta ultima deverá estar protegida da outra para evitar
a queima de betume. Poderão ser do tipo drum-mixer, contra-flow ou seccionados.
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A temperatura da mistura é, por norma, medida através de infra-vermelhos. A introdução do
filer no tambor é efectuada por transportadores sem-fim, sujeitos a temperaturas muito
agressivas, ou bombagem pneumática.
As centrais descontínuas apresentam maior rigor na granulometria e dosagem do ligante,
adaptam-se a variações do tipo de mistura durante o dia e poupam mais os filtros de mangas,
devido à ausência de fumos azuis.
As centrais contínuas apresentam custos de aquisição, manutenção e energéticos mais
reduzidos, maior mobilidade e grande facilidade para reciclar misturas.
Transporte
O transporte é, usualmente, feito através de camiões cobertos, a fim de evitar uma excessiva
queda da temperatura da mistura e o encrostamento superficial. A descarga deverá obedecer
a uma realização de “ensaibramento” e evitar derrame de gasóleo, pois é absorvido pela
mistura betuminosa, alterando as características do betume.
Pavimentadoras
As pavimentadoras têm como finalidade colocar o material de forma homogénea, sem
segregação e em quantidade suficiente, sem grande perda de calor e com precisão e qualidade
de acabamento.
São constituídas pelo tractor e pela mesa de espalhamento, a qual garante um fluxo constante
de material. O material é descarregado no alimentador, transportado por dois sistemas de
alimentação independentes (tapetes) e distribuído ao longo da face da mesa por um sem-fim
sincronizado com o fluxo do material.
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O tractor fornece a energia mecânica, eléctrica e hidráulica necessárias ao funcionamento do
sistema, recolhe o material do camião e transporta-o até a face da mesa, propulsionando a
mesa. Podem ser de rodas ou de rastos.
A mesa espalha a mistura de forma exacta (cota e fora), compacta parcialmente a mistura
betuminosa, deixando-a com um bom acabamento superficial. Poderão ser rígidas (até 12,5 m)
ou extensíveis (hidráulicas, até 7m), sendo aquecidas por gás ou electricidade, compactando
através de tamping (impactos sequenciais) e vibração (dispositivo constituído por excitadores
excêntricos rotativos, compostos por um veio e uma massa desiquilibrada).
A mesa é autonivelada (através do efeito da mesa flutuante, diminuindo irregularidades
inferiores a 5cm) e regulada (corrigindo irregularidades longas, através da alteração da posição
do ponto de ataque) tanto manualmente como automaticamente.
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A velocidade da pavimentadora deve ser constante para a pré-compactação ser uniforme. As
pavimentadoras possuem uma posição para paragem, o que evita defeitos no pavimento, visto
a mesa ter tendência para afundar. A obtenção de uma superfície regular obriga a uma
espessura não uniforme, com o intuito de eliminar as irregularidades das camadas inferiores.
Para evitar juntas longitudinais, dever-se-á sobrepor 25 a 50 mm o pavimento, acautelando o
efeito da compactação. Para evitar juntas transversais dever-se-á colocar a mesa sobre o
pavimento antigo. Em todas as superfícies existentes das juntas deverá ser aplicada uma rega
de colagem.
Para a aplicação de misturas rígidas deverão ser utilizadas mesas pesadas, sendo que para
misturas instáveis deverão ser utilizadas mesas leves ou sistemas de transferência de peso
para o tractor.
A segregação longitudinal ocorre no carregamento dos camiões e na distribuição da mistura
em frente da pavimentadora, sedo que a segregação transversal ocorre na mudança de
camião.
Compactação
As estradas com misturas betuminosas deverão ser lisas, seguras para o tráfego, limpas,
silenciosas, duráveis e económicas. Além dos materiais deveremos executar uma compactação
cuidada.
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As juntas transversais deverão ser compactadas longitudinalmente somente quando o espaço
for restrito, caso contrário compactar transversalmente. O pavimento deverá ser compactado
desde o bordo até ao eixo
Para uma melhor compactação, esta deverá ser efectuada à máxima temperatura possível, não
exagerando. Quando a temperatura de compactação é muito baixa, a compactação é ineficaz.
Misturas com elevadas percentagens de material grosso podem ser compactadas a
temperaturas mais elevadas do que misturas de inertes redondos. Para temperaturas mais
elevadas deveremos utilizar cilindros mais leves. Quando compactamos camadas finas, o
arrefecimento é mais rápido, devendo o cilindro andar mais próximo da pavimentadora.
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Para evitar a colagem da mistura betuminosa aos rolos e pneus do cilindro deveremos aspergir
com água, na menor quantidade possível para evitar arrefecimentos bruscos da mistura,
desligando os aspersores quando circular em zonas já compactadas, ou utilizar uma emulsão
anti-colagem.
Para compactar misturas betuminosas muito resistentes deveremos garantir elevada pré
compactação com a pavimentadora, compactar a elevadas temperaturas e compactar
velozmente. Em camadas drenantes deveremos utilizar cilindros de rolos metálicos, pois os
cilindros de pneus tapam os poros superficialmente, e não efectuar mais de 3 passagens com
cilindros vibradores.
Quando se utiliza um cilindro vibrador deveremos desligar a vibração antes de inverter a
marcha, fazer uma passagem inicial sem vibração, no caso de haver pouca pré-compactação na
pavimentadora, escolher a frequência e amplitude da vibração em função da mistura e
espessura da camada, utilizar velocidades reduzidas, e em rampas apenas utilizar vibração na
subida.
Orçamentos
O capítulo relativo a orçamentos divide-se nas categorias de custos de produção, encargos,
despesas financeiras e lucro.
No caso dos custos de produção, estes podem ser divididos em custos directos e custos
indirectos, sendo considerados como custos directos:
Mão-de-obra – própria ou tarefeiros
Materiais
Equipamento – próprio ou alugado, sendo adstrito a este o custo de permanência e o
custo de funcionamento
Subempreitadas
Nos custos indirectos teremos:
Encargos com o estaleiro – condução do trabalho, manobradores de equipamento
afecto ao estaleiro, pessoal auxiliar, encargos adicionais sobre a mão-de-obra,
máquinas e ferramentas e instalações
Conservação de equipamento – pessoal de oficina, materiais e acessórios, transporte
de apoio ou contrato externo de manutenção
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Gastos gerais de obra – telefone e fax, encargos das instalações, expediente de
escritório, transporte de equipamento e instalações, despesas com ensaios
laboratoriais, despesas com alimentação, despesas aduaneiras, deslocações
Serviços administrativos de obra
Serviços técnicos – pessoal permanente, planificação e pessoal exterior.
Camadas Rugosas
Têm, essencialmente, objectivos funcionais. Garantem um elevado número de pontos de
contacto pneu/pavimento, drenagem da água superficial, elevada aderência e ligeira
diminuição do ruído.
Camadas Drenantes
Têm como principais objectivos a redução do risco de aquaplanagem, garantem melhor
visibilidade em tempo de chuva, e diminuem drasticamente o ruído de circulação. Apresentam
como inconvenientes a concepção especializada da camada de desgaste, perda de porosidade
com o tempo, e menor durabilidade. Tem como principais ensaios Cantabro, prensa de corte
giratório, Duriez, permeabilidade, sedimentação e escorrimento, sendo o de Cantabro o mais
utilizado em Portugal.
Leitadas Betuminosas (Slurry Seal)
É uma mistura betuminosa composta por emulsão, agregado fino bem graduado, filer e água.
A sua consistência permite a aplicação por jorramento, normalmente sem necessidade de
compactação. Apresenta como principais fenómenos a rotura, adesividade e coesão. Podem se
do tipo aniónicas ou catiónicas (de rotura lenta ou rápida). Tem como objectivos a
impermeabilização de pavimentos abertos, fendilhados ou com pouco ligante, criar uma
superfície regular com boa aderência, ou para efeitos estéticos. Aplicam-se na selagem de
pavimentos, no tratamento de bermas, zonas de estacionamento ou zonas desportivas, ou na
criação de superfícies anti-deslizantes.
Os agregados deverão ser provenientes da exploração de formações homogéneas, limpos,
duros, pouco alteráveis, de qualidade uniforme, isentos de materiais decompostos, matéria
orgânica ou outras substâncias prejudiciais, e torna-se importante conhecer as suas
características de absorção e acidez.
As emulsões aniónicas e catiónicas lentas encontram-se satisfatoriamente normalizadas, e têm
menor precisão no tempo de rotura que as rápidas com aditivo sobre os agregados. As
emulsões catiónicas rápidas carecem da utilização de aditivo nos agregados, sendo
normalmente utilizado o sabão de poliamina.
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Para a formulação e projecto deverão ser tidas em conta as condições de trabalho: factores
relativos à superfície existente, o clima e a selecção de materiais e fórmula de trabalho,
estando normalizadas pela International Slurry Seal Association.
A utilização de lamas betuminosas especiais poderá melhorar a adesividade, o comportamento
mecânico, a resistência ao deslizamento, condições estéticas e resistência a derivados de
petróleo.
As leitadas betuminosas podem ser feitas em qualquer misturadora que consiga uma
dispersão homogénea, e devem ser aplicadas por equipas especializadas e treinadas.
Dever-se-á ter cuidado com o excesso de fluidos nas misturas de rotura lenta, sendo este
factor muito prejudicial para estas. No caso das misturas de rotura rápida é conveniente um
ligeiro excesso inicial, pois há drenagem imediata da água após a rotura, procurando-se
melhorar a estabilidade inicial e a trabalhabilidade.
A execução da leitada betuminosa não corrige a falta de regularidade, a permeabilidade
heterogénea nem os materiais soltos de um pavimento existente.
A percentagem de emulsão é importante na resistência mecânica inicial, especialmente
quando as condições atmosféricas são adversas, as características dos agregados são bastante
importantes, especialmente na presença de água, originando, os maus agregados, grandes
perdas da resistência mecânica, as condições atmosféricas iniciais afectam de modo
considerável o comportamento mecânico imediato.
Misturas Semi-Quentes
Devido ao facto de serem muito recentes e de ainda estarem em processo evolutivo, apenas se
refere que existem.
Revestimentos Superficiais
O sucesso da execução de um revestimento superficial depende do pavimento existente, da
aplicação do ligante, da aplicação do agregado, da compactação e da abertura ao tráfego. É
importante a simultaneidade na aplicação do ligante, agregado e na compactação. O
pavimento existente pode ser granular (perfil adequado, rega de impregnação prévia e limpeza
cuidada) ou de betuminoso (boa regularidade e impermeabilidade homogénea).
Na aplicação do ligante dever-se-á ter atenção à viscosidade deste, à posição dos difusores, à
altura da rampa e a obstrução dos difusores.
O agregado deverá ser aplicado imediatamente após o ligante (impedir alteração da
viscosidade), evitar grandes extensões de rega, e nas emulsões de rotura rápida, quando o
tempo está quente, é conveniente utilizar fluidificantes para permitir a aderência e
compactação do agregado.
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A compactação deverá ser efectuada logo após o espalhamento do agregado, com cilindros de
pneus em número suficiente para nunca haver zonas mal compactadas, evitando o risco de
agregado solto nos primeiros momentos.
O tráfego inicial intenso e rápido pode destruir o revestimento por desprendimento do
agregado, logo deve-se limitar a velocidade inicial a 30 km/h, através da utilização de um
veículo piloto, sendo que o tráfego colabora na compactação e fixação do agregado. No final
das primeiras horas de utilização dever-se-á varrer o agregado solto para evitar danos nas
viaturas.
Poder-se-á utilizar revestimentos superficiais para zonas localizadas e funções especiais, como
é o caso de bandas sonoras rugosas, sendo estas, por norma, pré-fabricadas.
Os principais defeitos dos revestimentos superficiais poderão advir do projecto, da dosagem
em obra, da dispersão dos materiais, da execução, das condições ambientais e do suporte.
Como equipamento teremos os sistemas de rega (manual, cisternas de média pressão ou
cisternas de alta pressão) e os repartidores de agregado (distribuidores centrífugos de areia,
repartidores acoplados à caixa do camião, distribuidores de gravilha rebocados ou
pavimentadoras autopropulsadas).
A execução dos revestimentos é influenciada pelo tráfego, pela superfície do pavimento
existente, pelo tamanho e tipo de agregado, pelo ligante, pela taxa do ligante e pelas
condições ambientais. Para o seu dimensionamento poderemos usar a “Road Note 39” ou o
método de Hanson.
A textura da superfície influencia a resistência à derrapagem, a microtextura é importante para
velocidades reduzidas e torna-se necessário garantir um valor elevado para permitir ao
pneumático romper a película de água e estabelecer contacto com o agregado. A
macrotextura influencia o escoamento da água.
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Semi-Penetração
A semi-penetração tem como objectivo criar forças de coesão que impeçam a anulação do
atrito interno do agregado, devido ao deslocamento relativo deste.
A utilização de emulsões como ligante, através da sua fluidez, permite a penetração nos
intervalos do agregado e o seu envolvimento quase total. A utilização de um ligante quente
provoca um arrefecimento brusco, quando em contacto com o agregado e,
consequentemente, um mau envolvimento. Os ligantes fluidificados obrigariam a tempos de
espera maiores, para permitir a evaporação dos solventes, principalmente nas camadas
inferiores, o que originaria deformações.
As emulsões utilizadas deverão ser do tipo catiónico, de rotura rápida, com uma viscosidade
que permita a penetração no agregado, mas suficientemente viscosa para impedir o seu
escorrimento para a parte inferior deste. A dosagem da emulsão deverá ser aumentada para
os casos de vazios importantes nos agregados da camada de base, quando se utilizam
materiais porosos, poeirentos ou ligeiramente húmidos, e quando a região é fria, diminuindo
nos casos opostos.
Os agregados deverão ser provenientes da exploração de formações homogéneas, limpos,
pouco alteráveis sob a acção dos agentes climatéricos, possuir adequada adesividade ao
ligante, possuir qualidade uniforme e estarem isentos de materiais decompostos, de matéria
orgânica ou outras substâncias prejudiciais.
De forma a executar uma semi-penetração dever-se-á preparar cuidadosamente o suporte,
visto que a semi-penetração não é estanque, colocar e compactar o agregado para camada
base, interrompendo-a quando não se verificarem deslocamentos tangenciais do material
devido à passagem do cilindro, só sendo possível diminuir os vazios por fragmentação.
A armazenagem das emulsões apresenta como necessidades o facto de evitar custos (manter o
betume à temperatura de aquecimento), a produção das fábricas ser largamente superior às
necessidades de consumo, sendo este irregular e imprevisível. A duração do armazenamento
depende de imperativos do fabrico, da capacidade do meio de transporte (armazenamento e
entrega) e das necessidades das obras e das intempéries. Uma armazenagem excessiva poderá
originar um efeito chamado “pele” (superfície mais espessa na zona superior do reservatório)
ou a decantação da emulsão, acumulando-se o betume nas zonas mais baixas do reservatório.
O transporte das emulsões deverá ser efectuado em cisternas com dispositivos que evitem a
agitação da emulsão, originando maior segurança no transporte, podendo ser utilizados
compressores ou bombas para encher e esvaziar as cisternas.