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SUMÁRIO

4 APRENDIZADO

ESPÍRITO DE EMMANUEL OU ESPÍRITO EMMANUEL

A maneira correta de nos referirmos aosespíritos

6 REFLEXÃO

SEJA UM VENCEDOR

Uma mensagem para a verdadeira vitóriaespiritual

8 COMPORTAMENTO

POR ONDE ANDA KARDEC?Um estudo reforçando que Kardec nãodeve ser mais um coadjuvante nosensinamentos espíritas

9 ESTUDO

MAL FEITO

Existe ou não existe mal feito?

14 CAPADO MÁGICO AO RACIONALUma retrospectiva do pensamento mágicoem torno da mediunidade e dos fenomenosda naturais.

23 ADVERTÊNCIA

TENTAÇÕES

Um alerta para vigiarmos e orarmos dentroda casa espírita

24 PUREZA

DOUTRINA ESPÍRITA E SUAS PRÁTICAS

As práticas espíritas e não espíritas

10 ENTREVISTA

RAUL TEIXEIRA - PARTE 2A influencia de Chico Xavier na vida deRaul Teixeira

12 COMPREENSÃO

LIVRE ARBÍTRIO E E LEI DE CAUSA E EFEITO

As leis perfeitas para nossa evolução

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Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta 13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112

AssinaturasAssinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)

FALE CONOSCO [email protected] (19) 3233-5596

O PORVIR E O NADA

EDITORIAL

T

Edição

Centro de Estudos Espíritas“Nosso Lar” – Depto. Editorial

Equipe Editorial

Adriana LevantesiRafael Dimarzio

Rodrigo LoboSandro Cosso

Thais CândidaZilda Nascimento

Jornalista Responsável

Renata Levantesi (Mtb 28.765)

Assessoria Lingüística

Rosemary C. Cabral

Editoração

Rafael Augusto D. Rossi

Revisão

Zilda Nascimento

Administração e Comércio

Elizabeth Cristina S. Silva

Apoio Cultural

Braga Produtos Adesivos

Impressão

Citygráfica

O Centro de Estudos Espíritas

“Nosso Lar” responsabiliza-se

doutrinariamente pelos artigos

publicados nesta revista.

odas as religiões houveram deser em sua origem relativas aograu de adiantamento moral e

intelectual dos homens; estes,assazmaterializados para compreenderem omérito das coisas puramente espiritu-ais, fizeram consistir a maior parte dosdeveres religiosos no cumprimento defórmulas exteriores.

Por muito tempo essas fórmulas lhessatisfizeram à razão; porém mais tar-de, porque se fizesse a luz em seu Espí-rito, sentindo o vácuo dessas fórmu-las, uma vez que a religião não o pre-enchia, a abandonaram e se tornaramfilofos.

Se a religião apropriada, em come-ço, aos conhecimentos limitados dohomem, tivesse acompanhado sempreo movimento progressivo do espíritohumano, não haveria incrédulos, por-que está na própria natureza do ho-mem a necessidade de crer, e ele cre-rá desde que se lhe dê o pábulo espiri-tual de harmonia com as necessida-des intelectuais.

O homem quer saber de onde veioe para onde vai. Mostrando-se-lhe umfim que não corresponde às suas aspi-rações nem à idéia que ele faz de Deus,tampouco aos dados que lhe fornece aCiência, impondo-se-lhe a mais paraatingir o seu desiderato condições cujautilidade sua razão contesta, ele tudorejeita; o materialismo e o panteísmoparecem-lhe mais racionais, porquecom eles ao menos se raciocina e sediscute, falsamente embora. E há ra-

zão, porque antes raciocinar em falsodo que não raciocinar absolutamente.

O Espiritismo á coisa melhor; eis porque é acolhido presurosamente por to-dos os atormentados da dúvida, poraqueles que não encontram nem nascrenças nem nas filosofias vulgares oque procuram. O Espiritismo tem por sia lógica do raciocínio e a sanção dosfatos e é por isso que inutilmente o têmcombatido.

Por instinto tem o homem a crençano futuro, mas não possuindo aé agoranenhuma base certa para defini-lo, asua imaginação fantasiou os sistemasque deram causa à diversidade de cren-ças. A Doutrina Espírita sobre o futuro– não sendo uma obra de imaginaçãomais ou menos arquitetada engenho-samente, porém o resultado da obser-vação de fatos materiais que se desdo-bram hoje à nossa vista – congraçará,como já está acontecendo, as opiniõesdivergente ou hesitantes e trará gra-dualmente, pela força das coisas, a uni-dade de crenças sobre esse ponto, nãojá baseada em simples hipótese, mas nacerteza. A unificação feita relativamen-te à sorte futura das almas será o pri-meiro ponto de contacto dos diversoscultos, um passo imenso para a tolerân-cia religiosa em primeiro lugar e, mastarde, para a complexa fusão.

O Céu e o Inferno.PRIMEIRA PARTE itens 12,13 e 14.LAKE - Tradução João Teixeira Paula

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FidelidadESPÍRITA | Abr. 2005

ESPÍRITO DE EMMANUEL OUESPIRITO EMMANUEL

por Pe. Germano/ Amália Domingo Soler

E

APRENDIZADO

ssa questão incomoda, cu-riosamente, muitas pessoas.Qual a forma correta de nos

referirmos aos espíritos?Alguns afirmam com lucidez: “So-mos um espírito que possui um cor-po e não um corpo que possui umespírito”.Essa afirmação está correta. Con-tudo, os desdobramentos dessa idéiapodem nos conduzir a uma conclu-são falsa. Vejamos:

1) O Espiritismo ensina a lei dareencarnação como mecanismo deprogresso. Reencarnamos para:

a) Passar por provas;b) expiar erros do passado;c) contribuir na obra da criação;d) evoluir até chegarmos à per-

feição.

2) Os espíritos são os seres inte-

ligentes da criação que se vão de-senvolvendo, evoluindo, passandopelas mais diversas encarnações atéatingirem a perfeição, isto é, o de-senvolvimento no mais alto grau dascapacidades intelecto-morais;

3) Em cada encarnação, o espí-rito adquire ou assume uma perso-nalidade, isto é, uma identidadediferente;

4) De encarnação paraencarnação poderá mudar denome, de país, continente, sexo,profissão, etc. Isso tudo com o ob-jetivo de desenvolver todas as suaspotencialidades;

5) Em cada nova existência, oespírito é a somatória intelecto-moral de todas as suas experiênci-as. Contudo, nem sempre terá aces-so, durante a reencarnação, aopatrimônio intelectual conquista-do ao longo das vidas sucessivas;

6) No decorrer das encarnações,o ser desenvolve inúmeras persona-lidades, profissões, formação esco-lar... Como seres imortais podemoster recebido nomes como os de:João, Antônio, Maria, Emmanuel,etc., apontando a multiplicidadede existências que tivemos;

7) Logo, quando desejarmos nosreferir a uma das personalidadesque “ocupamos” teremos que, obri-gatoriamente, usar a preposição de

corpóreas.Assim, um espírito que utilize o

nome Emmanuel em essência nãoé Emmanuel. Ele está Emmanuel.Como muitos estamos Fabiano,Cláudia, Joana, Marcelo. Daí,quando nos referirmos ao ser imor-tal e não utilizarmos a preposiçãode, cometemos uma impropriedade.

Gramaticalmente, conforme sevê no quadro abaixo, a preposição

prep (lat de) Partícula de grande emprego na língua portuguesa, designando várias relações: 1 Posse: A boneca de

Iraci. 2 Lugar: O porto de Santos. 3 Tempo: De manhã. De dia. Antes de Cristo. 4 Modo, circunstância: Trajado de

casaca. Caído de costas. Levado de roldão. Atrasado de novo. Estragado de todo. Cada um de per si. 5 Meio: Viajou

de avião. 6 Caracterização, segundo material, forma, idade, natureza etc.: Chapéu de feltro. Cadeira de braços. Moço

de vinte anos. Ato de bravura. 7 Emprego, fim: Sala de jantar. 8 Procedência: Pimenta-do-reino. Vento do norte. 9

Ponto de partida: De hoje em diante. De São Paulo ao Rio. 10 Situação, estado inicial: De amarelo tornou-se branco.

De jornaleiro tornou-se jornalista. 11 Alvo, meta, fim, destino: Anseio de viver. Desejo de voar. 12 Causa, motivo:

Doente de malária. Transido de medo. Curvado de velho. 13 Dimensão, tamanho, medida, número, valor: Terreno de

dez metros por vinte. Monte de 1.400 metros de altura. Um copo de água. Quatro metros de fazenda. Charuto de 2

reais. 14 Acréscimo de nome, título, qualificação etc.: A cidade de São Paulo. O título de doutor. O pobre do homem.

Pobre de mim. Podre de rico. Artigo de primeira qualidade. 15 Comparação: O maior de todos. 16 Separação no

espaço: Tombou da cama. 17 Percurso: O suor escorria-lhe do rosto. 18 Finalidade: Creme de barbear. 19 Valor

partitivo: Bebeu do que quis. 20 Valor distributivo: Oito pagamentos de 130 dólares. 21 Estado, condição: Estar de

cama. 22 Profissão, ocupação: Trabalhar de pajem. 23 Conteúdo: Canecão de cerveja. 24 Locução adverbial: de longe;

de mansinho; de cócoras. 25 Locução adjetiva: de ferro (= férreo); de gênio (= genial); de luar (= enluarado). 26

Locução prepositiva: Longe de, perto de, apesar de.�

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Abr. 2005 | FidelidadESPÍRITA

APRENDIZADO

de indica, basicamente, 26 tipos derelações. Referimo-nos às de nr. 06e 14 que são, respectivamente, aspreposições de caracterização e dequalificação:

Vejamos Kardec:Nas instruções ditadas pelos ben-

feitores espirituais, Kardec se limi-ta a reproduzi-las e conserva os no-mes que os próprios espíritos assi-naram sem qualificá-los com a pre-posição de. Ex: Platão e não: Espíri-to de Platão. Provavelmente porqueestá registrando a personalidadecomo se apresenta naquele mo-mento.

Contudo, quando Kardec vai sereferir aos espíritos como entidadesmilenares e imortais usa a preposi-ção de para se referir a uma deter-minada personalidade que aquelaentidade viveu ocupando um nomede Platão, dentre tantos outros quecertamente já utilizou em inúme-ras experiências corpóreas.

Em O Céu e o inferno, por exem-plo, obra na qual o codificador ana-lisa várias comunicações dos espí-ritos, sempre que a eles se referiapelo nome que davam, Kardec ofazia com a preposição de (segundotradução de Herculano Pires),muito provavelmente para ressaltara imortalidade do comunicante:

Vejamos como se pronunciouAllan Kardec:

1) C.I pág. 145 nota de rodapéassim se expressa o codificador:

“Alusão ao espírito de Bernard,

que se manifestou espontaneamente no

dia das exéquias do Sr. Sanson”. (grifosnossos).

2) C.I. pág. 181: “Três dias de-

pois, evocado num grupo particular, o

Espírito de Costeau assim se exprimiu

por intermédio doutro médium”.

(grifos nossos).3) C.I pág. 205 – 2§: Resposta do

Espírito de São Luiz. (grifos nossos).4) C.I pág. 225 item 4: O Espíri-

to de São Luiz. (grifos nossos).5) C.I. pág. 244 item 1: Ao Espí-

rito de São Luiz. (grifos nossos).6) C.I. pág. 252: Ao Espírito do

Sr. Feliciano. (grifos nossos).Esses são alguns dos vários exem-

plos da maneira como o codificadorse referiu aos espíritos.

Conclusão:Podemos, assim, reservar a pre-

posição de quando nos referirmosao ser imortal; e sem preposiçãoquando apontamos apenas a perso-nalidade limitada de uma única

Somos um corpo que possui umespírito e não um espírito que possui

um corpo

encarnação da entidade, o que emEspiritismo, nos tratos de questõestranscendentais, não seria muitoapropriado. Contudo, atentemospara o bom senso que leciona: des-de que entendamos a essência dascoisas cada qual escolha o modoque deseja tratar os espíritos. Estarevista, pelos argumentos acimapontuados, prefere manter aFidelidadESPÍRITA, ficando, maisuma vez, com a lógica de Kardec.

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FidelidadESPÍRITA | Abr. 2005

REFLEXÃO

nquanto muitas pessoas sóreclamam, você busca comafinco aquilo que pretende

alcançar. Enquanto têm aquelesque só blasfemam, você estendesuas mãos para ajudar.

Enquanto muitos batem no pei-to para demonstrar ar de grandeza,você procura seguir seu caminhocom consciência das coisas e semfazer alardes.

Enquanto pessoas apenas gritampor dias melhores, você se organi-

SEJA UM VENCEDORpor Ivo Lima

E za, trabalha muito, estuda com apli-cação e se prepara para agir na linhade frente em defesa de uma boa cau-sa; age, persevera e supera as barrei-ras que vão surgindo no seu trajeto.

Enquanto muitos esperam de bra-ços cruzados pela sorte, você vai à lutapara galgar metas em relação àquiloque se propõe.

Enquanto muitos se auto-destro-em com extravagâncias, você valori-za a vida e foge das más companhiasque nada acrescentam e ainda lhe

empurram para o abismo.Enquanto muitos ficam ape-

nas no protesto e não fazem nadapara mudar o curso das coisas,você também protesta, mas criti-ca com conhecimento de causa,canaliza suas críticas com inteli-gência e, principalmente, agepara transformar uma situaçãodesfavorável.

Enquanto muitos pagam caropelos atos inconseqüentes quecometem, você se apóia em ori-entações de sua família, de edu-cadores, dos verdadeiros amigos,ouve a voz da experiência, do bomsenso para seguir em frente naspegadas de seus sonhos.

Enquanto muitos se impressi-onam fácil com palavras bonitas,mas sem fundamento, você é fir-me, cauteloso e não acredita empromessas vãs, venha de onde viere de quem vier,pois, sabe separaro joio do trigo.

Enquanto muitos preferem orótulo de modernos, mas sua prá-tica de vida não convence, vocêconserva valores fundamentaisque servem de parâmetro para ori-entar sua consciência e sua prá-tica.

Enquanto uma legião vagasem lenço e sem documento, vocêguia seus passos para o caminhodo bem, em vista de trabalhar emfavor de seu bem estar, mas nãoperde de vista a importância dealinhar seus atos com o bem co-

Enfrenta de cabeça erguida asdificuldades da vida, acreditando emsua capacidade para superá-las ealcançar o que almeja

(escritor e professor de Filosofia)

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Abr. 2005 | FidelidadESPÍRITA

REFLEXÃO

LIMA, Ivo. Correio Popular. 18/01/2005. Campinas - SP

Fonte

tão se reúnem só para tecer e dimi-nuir a vida alheia, você evita omáximo fazer parte desses círculos,porque já sabe no que isso vai dar.

Enquanto muitos preferem ca-minhar de qualquer jeito, seguin-do para lugar nenhum, você traçao destino certo de sua viagem, ado-ta estratégias convenientes emcada situação e sabe tirar proveitoaté dos erros que comete, pois, nãoperde de vista o que é essencial emseus planos e não hesita em corri-gir a rota, sempre que for necessá-rio.

Agindo assim, você conduzirámelhor sua vida, sem desprezar nin-

mum na vida em sociedade.Enquanto a falta de perspectiva

ofusca o sonho de tanta gente, acada dia você dá prova de que sabesuperar os obstáculos para concre-tizar seus objetivos.

Enquanto muitos se abalam mui-to fácil com os ataques que sofrem,você não dá ouvido para coisas ba-nais, porque está voltado para cons-truir uma vida de realizações e fe-licidade e na sua bagagem não car-rega o manual do fracasso.

Enquanto os problemas parali-sam a vida de muitas pessoas, vocêenfrenta de cabeça erguida as difi-culdades da vida, agindo com co-ragem diante delas, porque acre-dita em sua capacidade parasuperá-las e alcançar o que alme-ja.

Enquanto muitos seguem amoda pela moda, pendendo paraonde o vento do modismo soprar,você não abre mão de sua identi-dade e não falseia sua personalida-de só para manter a aparência eagradar gregos e troianos.

Enquanto muitos vivem fecha-dos para as novidades que a vidaproporciona, você mantém acesa achama e o desejo de crescer cadavez mais, por que tem consciênciadaquilo que sabe, mas sabe tambémo quanto precisa aprender a cadadia.

Enquanto muitas pessoas se iso-lam em nome das frustrações e dospróprios tropeços, você é ativo e nãoperde uma oportunidade para de-senvolver seus talentos; exercita asociabilidade, torna-se cada vezmais competente, faz coisas comamor e por isso reluz como diaman-te.

Enquanto os fofoqueiros de plan-

guém, mas, também, não se deixan-do levar por aquilo que percebe quenão serve para você.

Por isso, deve estar sempre aten-to e aberto para aprender com avida, através de seus próprio esfor-ços e das contribuições que outraspessoas possam lhe oferecer.

Se diferenciará daqueles(as)que vão no embalo dos outros e, porisso, não sabem o que querem, paraonde vão e nem a que vieram.

Tenha consciência daquilo que sabe,mas também do quanto precisa

aprender

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FidelidadESPÍRITA | Abr. 2005

POR ONDE ANDA KARDEC?

COMPORTAMENTO

por Itaeli Pereira

m 52 semanas que um anotem, contando-se uma pa-lestra por semana chega-se

a conclusão que Kardec é menosfalado que nomes como Jung (CarlGustav), Freud (Sigmund),Swedenborg (Emanuel), Grof

(Stanislav), Des-cartes (René),Gibier (Paul),além de outrosque se aquimencionadostomariam muitoespaço.

Reconhecidos por sua importân-cia no contexto mundial, entende-se a necessidade de ilustração e atéde exemplos nas exposições / pales-tras, mas daí a se fazer apologia emtorno desses nomes em detrimentodo nome daquele que é responsá-vel pela doutrina que hoje temos,vai longa distância.

Sectarismo à parte, (hoje tãocomentado no Movimento Espírita)

percebe-se que Kardec está fican-do em segundo plano, simples oupropositadamente esquecido poraqueles que preferem dar-se ou“luxo” de citações que, á vista dopúblico, lhes rendam “dividendos”de estudiosos e cultos, sempre emprejuízo da simplicidade desta ma-ravilhosa Doutrina.

Em pesquisa a que nos demos oesforço de realizar, em várias casas,já que por força das circunstânciasfreqüentamos semanalmente, cons-tatamos índices alarmantes:

Casa espírita A= 52 palestras /ano = 12 vezes Kardec foi citado.

Casa espírita B= 52 palestras /ano = 18 vezes Kardec.

Casa espírita C= 52 palestras /ano = 42 vezes Kardec contra ape-nas 10 vezes outros nomes.

Há que se ressaltar que nesta

última a preferência por Kardec éresultante da indicação dos temasabordados, cuja orientação tem ori-gem na escala de expositores, quan-do são indicados temas específicosde O Livro dos Espíritos, Evange-lho e demais obras do chamadopentatêuco.

Em uma recente palestra, emcerta casa de Florianópolis, o ex-positor, para chegar a Jesus, falou

antes em Moisés, Bramanismo, Láo,Buda, Confúcio, Sócrates, Maomé,gastando três quartos do tempo(cerca de 25 minutos) e quandochegou a Jesus, falou apenas 5 mi-nutos, ficando Kardec mais uma vezde fora, embora fosse ele o títuloda palestra: “Kardec e a DoutrinaEspírita” .

Há também, e é muito natural,aquelas palestras enriquecidas comhistórias tiradas de livros importan-tes, psicografados por Chico Xavier,que ampliam significativamente oconhecimento do público.

Mas há ,ainda, aquelas outraspalestras que muitas vezes chegamà mediocridade, com expositorespretendendo demonstrar simplici-dade alegando “nada melhor quefeijão com arroz”. Esquecem-se quemuitos vão as casas espíritas embusca de muito mais.

A falta de interesse pelo estudoou a acomodação, podem ser res-ponsáveis por tal situação, esque-cendo esses a famosa frase: Amai-vos e instrui-vos.

O Espiritismo não é uma doutri-na estanque, pronta e feita. Elaevolui acentuadamente estandoatualizadíssima para nossos dias.

Uma Doutrina dinâmica comoa que Kardec nos deixou, deve serdivulgada na sua plenitude comrespaldo nas obras básicas e, se pre-ciso, seus “acessórios”, mas comhumildade e sem demonstração desaber. Nem tanto ao céu, nem tan-to à terra. O bom senso é sábio.

E

O Espiritismo não é uma doutrinaestanque, pronta e feita

Pres C.E. Raul Machado Florianópolis - SC

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Fev.2005 | FidelidadESPÍRITA

ESTUDO

odemos ser prejudicados poralguém que nos queira mal?

Existem poderes neste sentido? Ecomo fica a proteção de Deus di-ante dessas ações? Existe, afinal, omal-feito?

Eis perguntas que atormentammuita gente. De início vale dizerque gestos, práticas místicas ou ob-jetos são absolutamente nulos nocombate a qualquer possível “tra-balho encomendado”. Mas o que éum trabalho desse tipo? Tudo co-meça com alguém que deseja pre-judicar terceiros, já se complican-do por si mesmo pois está burlandoa lei de amor que rege a vida detodos os seres humanos. Terá queresponder por isso, mais cedo oumais tarde.

A questão inicia-se com a pro-cura de médiuns ou pseudo-mé-diuns encomendando providênciaspara atrapalhar e mesmo prejudi-car a vida de qualquer pessoa, atra-vés da ação de espíritos inferiores esem esclarecimento. É uma espéciede pacto, aceito somente por quemage fora da ética e da justiça, tor-nando-se todos (o interessado, oatendente e possíveis espíritos en-volvidos) responsáveis por possíveisações desencadeadas e suas conse-qüências.

Mas, e a pessoa visada? Esta re-ceberá a ação visada, mas só serávítima se estiver sintonizada namesma ordem de pensamentos esentimentos. Uma pessoa honesta,digna, de bons sentimentos jamaisserá atingida, pois está protegida

pelo próprio comportamento. Aliás,proteção a que faz jus pela condu-ta que adota. Deus é justo, conve-nhamos. Mas alguém que leva umavida de ciúmes, de inveja, de vin-gança, de comportamento fora dospadrões éticos de moralidade e bon-dade, será sim envolvido pela ondaque a ele dirigiram. Questão desintonia, apenas.

Mas, em verdade, trabalhos en-

comendados ou mal-feito não exis-tem. Não por uma simples razão:tudo que se faz se faz para si mes-mo. Toda ação ou pensamento di-rigido a terceiros, retorna para opróprio autor. Somos escravos denossas ações, de nosso comporta-mento, de nossos pensamentos. Oprejuízo, portanto, é de quem faz.Quem é visado, poderá até sentiralguma perturbação, mas se suavida for uma vida digna, correta,não há o que temer.

Porém, quando alguém abrigavingança, ódio, rancor e outros sen-timentos inadequados à condutacristã, aí sim está na mesmasintonia, está semelhante a quemdesejou o mal. Neste caso, ambosestão envolvidos na mesma onda desentimentos e portanto, vinculadosum ao outro.

Portanto, não é uma questão detrabalhos encomendados ou mal-

feito. É simples questão de sintoniamental. Isto porque os objetos usa-dos, sejam quais forem, os rituais epagamentos efetuados são absolu-tamente ineficazes, por incompatí-veis com aquilo que está simples-mente nas intenções. Por esta ra-zão, não existem trabalhos enco-mendados. Existem más intenções,com suas inevitáveis conseqüênci-as. Nada de medos, portanto. Bas-ta adotar conduta reta e constanteação no bem próprio e geral.

TRABALHOS ENCOMENDADOSpor Orson Peter Carrara

P

Existe, afinal, o mal-feito?

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FidelidadESPÍRITA | Abr. 2005

ENTREVISTA

RAUL TEIXEIRA - PARTE 2

QUAL FOI A EXPERIÊN-CIA MAIS MARCANTEDE SUA CONVIVÊNCIA

COM CHICO XAVIER?

Recordo-me de que em deter-minada visita minha a Uberaba,recebi um convite do Chico, pormeio de um amigo comum, para quefosse participar em sua casa de umareunião íntima com amigos seus,num diálogo em tomo da nossaDoutrina. Senti-me profundamen-te honrado com o convite. Na mi-nha ingenuidade da época, imagi-nei que uma reunião íntima com-portaria umas dez pessoas, no má-ximo, e preparei-me, interiormen-

te, para compor o círculo da inti-midade daquela Alma querida. Aminha surpresa foi grande quando,ao chegar à frente da sua casa, jálá estavam dois ônibus especiais emais alguns automóveis. A sala doChico estava repleta e dei-me con-ta de que um homem com aquelecoração imenso teria que ter um

pequeno exército de gente queri-da na condição de íntimos seus.

A noite foi formidável. As liçõeslidas das obras da CodificaçãoKardequiana, assim como das porele psicografadas, trouxeram-noselementos gloriosos para meditaçãoe proveito. Enquanto as páginaseram lidas, entremeadas de comen-tários muito oportunos pelos parti-cipantes, Chico Xavier psicografavaum texto de Emmanuel e outro deMaria Dolores. Dois primores depáginas.

No momento dos passes, en-quanto o Médium de Emmanuelorava, sentimo-nos envolvidos poruma aura de perfume. Era perfume

de rosas frescas, como se alguém astriturasse naqueles momentos. Aomesmo tempo, das bordas de umjarro de vidro transparente, postocom água sobre a mesa, “brotava”uma substância espessa, como melde abelha, que escorria por suasparedes internas, depositando-seno fundo. Era impossível deter aonda de emoção, de alegria e de

gratidão a Deus por aqueles mo-mentos de profunda comunhão en-tre os dois campos da Vida. Finda-da a aplicação dos passes, Chicosolicitou que alguém mexesse comuma colher a água com a referidasubstância, produzida pelos Imortaisque se valeram da medianimidadede efeitos físicos de que ele era tam-bém portador.

A água tomou-se totalmente lei-tosa e com sabor de rosas frescas,chegando a travar na garganta.Chico nos disse ter sido um presen-te do Espírito Scheilla, presente naocasião, como um gesto de carinhopara com os ali reunidos.

Não nos refizéramos daquelasdoces emoções, quando alguémbateu forte nos portões da casa.Chico indica alguém para abri-los.Vemos, então, entrar um grupo de

Enquanto líamos, Chico Xavierpsicografava um texto de Emmanuel eoutro de Maria Dolores

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Abr. 2005 | FidelidadESPÍRITA

ENTREVISTA

angustiadas pessoas. Um casal jo-vem, uma senhora idosa e uma cri-ança na faixa dos seus 8 ou 9 anosde idade. A criança ia abraçadacom força pelo pai em lágrimas,chutava, mordia, agitava-se o me-nino. As duas senhoras choravamintensamente. Era uma cena demuita dor. Chico silenciosamenteacompanhava tudo. Foram ofereci-dos lugares aos chegantes para quese assentassem. E, enquanto o paidetinha o menino enfurecido, a jo-vem e abatida mãe narrava, com avoz entrecortada pelas lágrimas, ahistória que os levava até ao mé-dium. Os médicos possíveis já ha-viam sido consultados, sem resul-tado. Tudo já havia sido buscado,sem êxito. A criança fazia muitotempo não dormia, nem seus pais.O problema se arrastava sem solu-ção, tendente a piorar, quando aderradeira solução lhes foi sugeridapor vizinhos condoídos: procurar oChico Xavier, em Uberaba. Ouvi-da a história pelo Chico, com dolo-rida atenção, ergueu-se o médium,sem alarde, sem espetáculos, semrespiração ofegante, sem gestos ou-sados. Dirigiu-se à dupla pai-filho,rogou que um de nós orasse, a fimde reunir os pensamentos em tomodo caso, e estendeu as mãos. Novaonda de aroma de flores tomou con-ta do ambiente. De imediato, a cri-ança adormeceu. Adormeceu deressonar. Os familiares agora cho-ravam de gratidão, de emoção, dealívio ou algo assim. Aquele paiarranhado, cuspido, com hemato-mas pelo rosto, beijou as mãos doChico, que, como de costume, re-tribuiu. As duas senhoras abraça-ram o medianeiro com visível feli-cidade e o que dele ouviram foi a

orientação para que procurassem,em sua cidade, no interior deGoiás, um Centro Espírita, a fim dedarem continuidade aos passes domenino, e para que pudesse rece-ber a orientação da Doutrina, demodo a curar-se. Ali estava o exem-plo da mediunidade com Jesus.Nenhum espetáculo, vale repetir,nenhum espalhafato. Nenhumaprevisão catastrófica, nenhumaameaça. Respeito ao livre-arbítriodos pais. Apenas uma orientaçãofraternal. Penso nunca ter apren-dido tanto em tão pouco tempo. Foio episódio mais marcante que vivi

Fonte:

Revista Literária Candeia nº 25 de julho

de 2002

junto ao abençoado Francisco Cân-dido Xavier.

Fico a pensar (com uma pontade inveja) na riqueza de aprendi-zado de quem teve a honra de vi-ver uma vida inteira, ou largosanos, ao seu lado, vendo-o agir,ouvindo-o falar, sentindo-lhe o pul-sar da alma genuinamente cristã-espírita devotada à construção doReino de Deus na Terra...

No momento dos passes,enquantoChico orava, sentimo-nos envolvidos

por uma aura de perfume de rosasfrescas

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FidelidadESPÍRITA | Abr. 2005

COMPREENSÃO

Curioso o texto acima!Porém, seria isso mesmo? Até

que ponto temos autonomia de nos-sas escolhas? E do que escolhemosseremos responsáveis?

Vejamos o que diz o Espiritismo:Livre-arbítrio é a liberdade de

ajuizar, de pensar e,consequentemente, de escolhercomo agir; é a resolução dependen-te só da vontade.

Os seres espirituais dentro oufora do corpo possuem essa liberda-de. Se assim não fosse não teria res-ponsabilidade sobre o mal que exe-cutasse, nem mérito pelo bem quepraticasse.

Compreende-se, entretanto,que essa capacidade de livre esco-lha é antes relativa que absoluta.Quanto mais evoluído o espíritomaior capacidade de escolha, quan-

Livre

Quero ter a coragem de reaprender a viver,

de recomeçar a cada novo amanhecer.

Quero ter forças para gritar de indignação a cada vez,

que me sentir aviltado no menor dos meus direitos, e na minha razão.

Para viver ou morrer como eu decidir e quiser.

Para falar ou calar, quando eu bem decidir.

Para sorrir ou chorar, quando eu bem me permitir.

Quero ir ou ficar, de acordo com a minha própria vontade.

Pôr ou dispor, segundo a minha própria liberdade.

(Darclê Martinez)

LIVRE ARBÍTRIO E LEI DECAUSA E EFEITO

por Zilda Nascimento - Campinas/SP

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Abr. 2005 | FidelidadESPÍRITA

COMPREENSÃO

to menos desenvolvido, menor con-dições de decisão.

Nos primeiros degraus do desen-volvimento anímico, o ser, pratica-mente, não possui livre-arbítrio,está mais submetido aodeterminismo. Criado simples e ig-norante, não se desenvolveu sufi-cientemente e, por isso, não dispõede condições para averiguação eescolha. Por isso, nessa fase, Deus,por meio dos espíritos mais adian-tados, supre-lhe a inexperiência,planejando-lhe o caminho que deveseguir.

O espírito é colocado, então, emsituações que ele mesmo não esco-lheu (determinismo), mas, que re-presentam o melhor para ele naque-la fase de aperfeiçoamento. Essasexperiências, escolhidas por entida-des mais adiantadas, visam estimu-lar o desenvolvimento intelecto-moral do ser. Mesmo não tendo es-colhido as experiências pelas quaispassará tem, sobre as suas atitudes,responsabilidades a cumprir. À me-dida em que evolui vai adquirindomaior capacidade de escolha.Quanto mais se aprimorar maisamplo será o livre-arbítrio até nãomais ficar submetido adeterminismo algum.

Aperfeiçoado, o Espírito com-preende o planejamento divino ecom ele coopera voluntária e espon-taneamente, como fez Jesus: “Eunão busco a minha vontade e, sim,a vontade daquele que me enviou”.(Jô 5:30)

Livre Arbítrio e nós

Já somos espíritos relativamentedesenvolvidos e, por isso, temoscertas condições de escolha. Com-preendendo a temática, do ponto

de vista espírita, nos sentimos maisalertados e com isso desenvolvemosa prudência. E n t e n d e n d oque teremos a total responsabilida-de por todos os nossos atos físicosou morais de erros ou acertos, con-cluímos que saber escolher é algomuito importante.

Lei de Causa e Efeito

Nem sempre acertamos nas es-colhas e, quando isso ocorre, gera-mos conseqüências negativas emnossas vidas ou na de terceiros. Pelaresponsabilidade teremos de repa-rar o mal praticado.

Todo bem exercido gera reaçõespositivas e todo mal executado gerasérias expiações que poderão apa-recer numa mesma encarnação, noplano espiritual, após a morte físi-

ca, ou em outra existência. Em Es-piritismo essa é a Lei de Causa eEfeito regendo a vida moral de to-dos os Espíritos.

Essa lei não é punitiva e simeducativa visando conduzir o espí-rito a reparação das atitudes imper-feitas e a receber o mérito por todabondade praticada.

Foi o que simbolizou Jesus aodizer: “A cada um será dado segun-do as suas obras” (Mt. 17:27).

Daí a mensagem Evangélica quenos vem alertar sobre nossas respon-sabilidades de escolha.

O espírito é colocado em situaçõesque ele mesmo desconhece, mas querepresenta o melhor para ele naquela

fase de aperfeiçoamento

Em todo caso, melhor mesmo éescolher fazer o bem, agindo assim,estaremos nos prevenindo contraproblemas futuros enquanto resol-vemos os do passado. É nesse esfor-ço que ocorre o desenvolvimentodo ser por livre-arbítrio e sob a leide Causa e efeito.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.

Itens 843-850. FEB.

OLIVEIRA, Therezinha. Curso de Inicia-

ção ao espiritismo. Pág. 62-65 e 66-69.

CEAK. Campinas/ SP.2000.

Fonte:

Revista Abril.p65 27/6/2005, 15:2313

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Abr. 2005 | FidelidadESPÍRITA

O s deuses da natureza

homem primitivo, sob oimpacto dos fatos da natu-

reza, que ele não controlava e nãocompreendia, procurou dar-lhesuma interpretação sobrenatural.Assim, as chuvas, os raios, as váriascatástrofes seriam devidas à inter-venção dos deuses, demônios ouduendes. Da mesma maneira, asdoenças seriam castigos divinos e oúnico meio de afastá-las consistiriaem conseguir a boa vontade a aju-da dos deuses. Começaram a surgiras oferendas e promessas, semprecom o intuito de bajulação. Culmi-navam as homenagens aos deusesnos sacrifícios de animais e até devidas humanas.

Os exercícios em combate tam-bém suplicavam o auxílio dos deu-ses, a fim de mais facilmente pode-rem vencer o inimigo.

Magos e adivinhos

Surgiram, então, as pitonisas, osmagos e adivinhos. Intitulavam-seintermediários entre o homem e adivindade. Previam os aconteci-mentos, descobriam pensamentosocultos e diziam-se capazes de in-fluenciar o futuro das pessoas, eli-minando inimigos e tornando-asmais felizes. Evidentemente, istotudo redundava em posição privi-legiada nas sociedades, onde vivi-am. Em geral, essas pitonisas e ma-gos chegavam a acumular grandesfortunas – e tinham influência atésobre monarcas e generais.

Em vários povos, como os egíp-cios, caldeus, assírios, babilônicos,persas, fenícios, encontramos umareligião popular, acessível a todos,com muitos rituais e pouco conteú-do, e uma religião esotérica, pro-funda e só compreendida pelos ini-ciados. Estes, obviamente, exerci-am poderosa influência sobre as

crenças e atitudes do povo.“Os magos eram austeros, puros,

vestiam-se de branco, eram vege-tarianos e, como os mazdeístas, ce-lebravam o culto do fogo. NaCaldéia, a Magia era tida em altaconsideração, a ponto de seus cul-tores serem equiparados aos reis esua arte denominada Arte Real. �

A Magia era tida em altaconsideração, a ponto de seus cultores

serem equiparados aos reis

DO MÁGICO AO RACIONALpor Ary Lex

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A doutrina dos iniciados

No Egito, existiu uma alta Ma-gia, transmitida pelos iniciados, esó conhecia em sua real profundi-dade pelos hierofantes, que deti-nham zelosamente os ensinamentose as tradições de THOT (oHermes Trimegisto dos gregos),que fez esculpir em pedra os dogmasda Magia”.

Os dois parágrafos acima sãoextraídos do livro “O inconscien-te, a magia e o diabo no século XX”,de autoria de Dr. Alberto Lyra, psi-quiatra, mestre em Análise

Transacional, filósofo e um dos maiscultos pensadores do Brasil.

Fetichismo

Outra forma de pensamentomágico encontramos no fetichismo,em que se admite uma influênciamágica dos objetos. Dentre os maisconhecidos, podemos citar as figas,os talismãs, ossos e chifres de ani-mais, pedras preciosas. O episódiodo “Bezerro de Ouro”, referido naBíblia, prova bem essa intensa ten-dência popular. Na assíria, relataLyra, “eram também muito usadosos Talismãs e ritos defensivos con-tra os maus gênios. Procuravamtransportar os seus males para aágua, lavando-se, ritualmente, porsete vezes no Tigre ou no Eufrates

e pensando em passar o mal para orio. Se se julgassem enfeitiçados, oprocesso era jogar a água com quese lavavam no rosto do feiticeiro”.

Magia e Feitiçaria

“Na Idade Média, a Magia, sobo nome de feitiçaria, assumiu aspec-tos turvos e tétricos e constituiu umdos maiores pesadelos dessa era deobscurantismo e superstição. Foi aidade da crença no diabo, nos pac-tos selados com sangue e do comér-cio com seres inteligentes não hu-

manos – os elementais.”Mais tarde, essa tendência feti-

chista invadiu, também, o cristia-nismo, com os bentinhos, colares,miçangas, água benta, objetos queteriam pertencido aos santos, oupedaços do sudário de Jesus (Veja-se o livro “A Relíquia”, de Eça deQueiroz). Todas essas coisas prote-geriam seus portadores contra osinimigos, contra as doenças e trari-am sorte nos negócios, na vida pro-fissional ou nos amores. As práticasfetichistas tomaram maior vulto noscultos afro-brasileiros.

Astrologia – Feitiço e amuletos

Os povos antigos eram muitodados a observar os astros e conste-lações. Assim, foram catalogados os�

As chuvas, os raios, as váriascatástrofes seriam devidas àintervenção dos deuses, demônios ouduendes

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Abr. 2005 | FidelidadESPÍRITA

signos zodiacais. As pessoas nasci-das num determinado signo, sofre-riam a influência dessa constelação;seu caráter e destino dependeriamdela. Passou-se a interpretar a con-duta humana como devida à influ-ência astral. A agressividade, o do-mínio do sexo, a ambição desenfre-ada não seriam defeitos de caráter,mas conseqüência da atuação dosastros. Fugia-se, dessa forma, à res-ponsabilidade pelos atos praticados.Tal explicação era extremamenteagradável e, por isso, a astrologiafoi amplamente aceita. Infelizmen-

te, nos últimos decênios, no Brasil,houve um crescente interesse pelaastrologia, alimentado por progra-mas radiofônicos e seções especiaisem revistas e jornais. Sempre o pen-samento mágico a empolgar as cri-aturas.

Um dos mais antigos trabalhospublicados, em revista científica,sobre “Feitiço, Amuleto e Talismãs”,encontramos nas Atas Ciba, ano XI– Números 8 e 9 – Agosto-Setem-bro de 1944, de Dr. W, Born (Suí-ça). É um trabalho extenso, cheiode ilustrações, que ocupa o núme-ro inteiro da revista.

E a Codificação, que nos diz? No“O Livro dos Médiuns” item 282,pergunta 17, se lê: “Certos objetos,

como medalhas e talismãs, têm apropriedade de atrair ou repelir osEspíritos, como pretendem certaspessoas?

R.- Pergunta inútil, pois sabeis que

a matéria não exerce ação sobre os

Espíritos. Ficai certos de que jamais

um Espírito bom aconselharia seme-

lhantes absurdos.”

A era da razão

Compreende-se que o pensa-mento mágico tivesse sido o habi-tual entre os selvagens e os povosmaterializados e incultos dos sécu-

los passados. Hoje, sabemos que éuma fase superada da humanida-de.

O pensamento lógico ou cientí-fico só foi possível, após o desen-volvimento das ciências. O méto-do científico nos ensina que só de-vemos recorrer ao sobrenatural,após excluir a intervenção de qual-quer causa material. Ele foi muitoútil e permitiu grandes descobertas,em todos os campos da atividadehumana. Ensinou o homem a ob-servar, analisar, meditar e concluir.

Baseando-se nesses postulados,é que o Espiritismo rejeita as fanta-sias da Astrologia. Os que a defen-dem dizem que ninguém pode ne-gar as descargas magnéticas sola-res e a influência dos astros, espe-

Os exercícios em combate tambémsuplicavam o auxílio dos deuses, a fimde mais facilmente poderem vencer o

inimigo

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FidelidadESPÍRITA | Abr. 2005

As pessoas nascidas num determinadosigno, sofreriam a influência daquelaconstelação

cificamente da Lua, nas marés e nocrescimento das plantas. Mas háuma diferença muito grande entrea ação energética sobre a matériaorgânica, realmente possível, e aatuação dos astros sobre a condutadas pessoas; estaria havendo in-terferência no livre arbítrio, o queé um absurdo.

Dedução e Indução

Dois métodos de estudo foramusados pelos filósofos e pesquisado-res, desde os pitagóricos, passandopor Sócrates, Platão e tantos outros:o dedutivo e o indutivo.

No método dedutivo, caminha-mos do geral para o particular. Par-timos de premissas, idéias iniciais,que não precisam ser provadas. Va-mos, depois, pelo raciocínio abstra-to, tirando conclusões, até chegaràquilo que se considera verdade

deduzida. Não há análise dos fatosou estudo da natureza. Não há con-tato com os fenômenos. Esse foi ométodo primordial de toda a filo-sofia aristotélica e da patrística.

Alguns espíritas, que tanto cri-ticam as seitas dogmáticas, usam osmesmos métodos. Dizem: Os Espí-ritos desencarnados têm muita for-ça e podem resolver os nossos pro-blemas. Está provada sua interven-ção no mundo corporal. Portanto,vamos manter boas relações comeles, para fazermos jus a seus favo-res. Vamos homenageá-los. Tudoque vier do plano espiritual deveser aceito sem contestação, paraque eles não se aborreçam conosco.Partindo da premissa (aliás, errada)de que os espíritos podem resolveros nossos problemas, chega-seàquela atitude de bajulação incom-

patível com a Doutrina.

Método indutivo

Usa o caminho oposto ao dométodo dedutivo. Começa com oparticular e caminha em direção àconclusão geral. Um exemplo:Estamos em uma praia e observa-mos que a água do mar, a partir decerto momento, começa a subir,cobrindo cada vez maior extensãoda praia, até atingir o nível máxi-mo. Depois, começa a descer, che-gando ao nível mínimo. Vamos ob-servar nos dias seguintes e vemosque acontece sempre a mesma coi-sa. Concluímos que diariamentetemos fases de maré alta e de marébaixa. Foram observados fenômenosisolados e chegou-se a uma conclu-são geral. Em etapa posterior, pro-cura-se chegar às leis que regem ofenômeno.

Usando o método indutivo, ire-mos explicando, por leis físicas, cadavez maior número de fatos. Assim,as chuvas, os raios, o arco-íris, ascatástrofes, que eram explicados,no pensamento mágico, pela inter-venção de deuses ou duendes, ago-ra passam a ser explicados cientifi-camente. Os antigos supunham queo arco-íris fosse formado por umaentidade espiritual (a “velha”, daídizerem “arco-da-velha”). Hoje sesabe que é devido à decomposiçãoda luz solar ao atravessar asgotículas de água nas nuvens, dan-do as sete cores do aspecto solar:vermelho, alaranjado, amarelo, ver-de, azul, índigo e violeta.

Kardec

Vejamos o que nos diz Kardec,a respeito. No “O Livro dos Mé-diuns” – Capítulo III (Método),�

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item 34, encontramos: “Seria absur-do supor que aconselhamos a ne-gligenciar os fatos, pois foi pelos fa-tos que chegamos à teoria. É ver-dade que isso nos custou um traba-lho assíduo de muitos anos e mi-lhares de observações”.

Capítulo II, item 14 – “Decor-rendo de uma lei da Natureza, es-ses fenômenos nada têm de mara-vilhoso, nem de sobrenatural, nosentido vulgar dessas palavras.Muitos fatos são considerados so-brenaturais, porque a sua causa nãoé conhecida; ao lhes determinar acausa, o Espiritismo os devolve aodomínio dos fenômenos naturais”.

Método experimental

A experimentação não deixa deser uma forma de método indutivo.Enquanto, na observação, o homemsó acompanha os fenômenos que sedão e vai tirando as conclusões, nométodo experimental os fenômenossão provocados pelo pesquisador,para poder estudá-los. Um filósofoassim se expressava: “Na observa-ção, é a natureza que fala por simesma; na experimentação, é ohomem que faz a natureza falar”.

Na experimentação, a vantagemé que o fenômeno se produz obe-decendo à iniciativa do homem,desde que, é óbvio, sejam obedeci-das as condições que o fenômenorequer. Qualquer pesquisador po-derá repetir o fenômeno, quandoexistirem aquelas condições, e po-derá, desse modo, confrontar seusresultados com os de outros pesqui-sadores.

Nas pesquisas sobre omediunismo, a situação é semelhan-te. Seguindo metodologia científi-

ca adequada, foi que numerosospesquisadores estudaram as mani-festações espíritas e tiraram conclu-sões válidas hoje. Dissemos seme-lhante, não igual. É que nos fenô-menos espíritas intervêm persona-lidades, com vontade própria, que,muitas vezes, não estão dispostas aseguir nossas ordens ou caprichos.

Bacon e Kardec

Até o século XVI, impera na fi-losofia e na religião orevelacionismo divino. As mentesnão se voltam para estudo da natu-reza. Raciocina-se com um mundo

como deveria ser, no entender dosfilósofos, e não como ele é, na rea-lidade. A indução e o método ex-perimental são desconhecidos. É aépoca da sufocação do pensamen-to. Estagnação social, atraso cien-tífico, dogmatismo em religião.

Surge, então, Francis Bacon, em1561. Lança as bases do método ci-entífico experimental, reforma asidéias filosóficas e abre as portas doraciocínio à investigação imparci-al. Arranca a filosofia das altitudessonhadoras e a convida ao examedos fatos e das coisas. Bacon foiconsiderado materialista, por não

Na Idade Média, a Magia assumiuaspectos turvos e tétricos e constituiu

um dos maiores pesadelos dessa erade obscurantismo e superstição.

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FidelidadESPÍRITA | Abr. 2005

aceitar os dogmas da Igreja. Entre-tanto, muito devemos a ele. Se nãotivesse introduzido na filosofia ométodo científico, seria muito maisdifícil para Kardec poder aplicá-loà religião.

Bacon clamou pela necessidadede um exame atento dos fatos. Pôsde lado a preocupação dosescolásticos de usar obsessivamen-te a lógica, já que ela havia sidotransformada em processo de de-fender idéias preconcebidas. Dizele: “Existirá felicidade igual à doespírito humano elevar-se sobre aconfusão das coisas, podendo assim

não só descortinar a ordem da na-tureza como os erros dos homens?Não podemos, usando a verdade,produzir efeitos dignos dela e assimdotar de conforto a vida humana?Conheçamos as leis da natureza,que seremos seus senhores, do mes-mo modo que agora, em nossa ig-norância, somos seus escravos.”Antevia as grandes descobertas quese iam seguir. Kardec, mais tarde,viria completar: “Não há milagres.O que há são fatos regidos por leisainda desconhecidas”.

A intolerância religiosa persis-tia. Via Bacon, nos últimos sécu-

los, seitas a perseguirem outras sei-tas, massacres, guerras. A noite deSão Bartolomeu. O sangue derra-mado nas Cruzadas, a manchar ban-deiras das hostes cristãs. Não ad-mira, pois, a falta de entusiasmo deBacon pela religião. Se a finalida-de desta é granjear o maior núme-ro de adeptos, impondo a doutrinaa ferro e a fogo, então é melhor nãoter religião.

Entretanto, ele diz, contrarian-do a impressão de que fosseagnóstico: “Um pouco de filosofiainclina o espírito ao ateísmo, masmaior profundeza o reconduzir àreligião. Quem contemplar o enca-deamento, remonta até a Providên-cia.” (Will Durant, História da Fi-losofia. Cia. Editora Nacional).

A religião continuava, ainda, aser uma questão de fé. Cuidava deformar um grupo coeso e forte doque do aperfeiçoamento moral.Utilizava-se muito da autoridadedos pastores. Para que esta fossereforçada, era preciso dar aos ensi-nos um cunho divino, superior atoda crítica, sendo vedado aos cren-tes discutir tais postulados. Nin-guém pense em chegar à verdadesozinho. Para isso existe o sacerdo-te, que é o intermediário entreDeus e os mortais. Isto foi ampla-mente explorado pelas religiõesdogmáticas. Satisfazia ao comodis-mo e à ignorância do povo e ofere-cia glória e vastas compensaçõesmateriais aos pastores.

Lamentavelmente, encontramosessa conduta camuflada no movi-mento espírita, felizmente semgrande freqüência. Certos dirigen-tes, expondo suas determinações,difíceis de saírem vencedoras, atémesmo junto a companheiros de

Para chegar a verdade, é precisorecorrer ao sacerdote, que é ointermediário entre Deus e os imortais

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Kardec recomendou que analisássemostudo e aceitássemos aquilo que

estivesse de acordo com a razão

diretoria, pela fragilidade dos argu-mentos, recorrem ao expediente dedizer que elas são ordens do planoespiritual, recebidas através de ummédium do grupo (geralmente háum médium predileto, que diz“mediunizado” aquilo que oprepotente diretor gosta de ouvir).

Nos séculos XVIII e XIX, as pos-turas dogmáticas e férreas das reli-giões começaram a desencantar osmais estudiosos e libertos. A Físi-ca, a Química e a Biologia haviamfeito enormes progressos. As teori-as evolucionistas empolgam o mun-do todo. A Astronomia, cujo mes-tre maior era o cientista espíritaCamille Flammarion, já havia ba-nido a mística astrologia para o seujusto lugar, ou seja, o terreno dascrendices primitivas. Os homenscultos não podiam continuar sujei-tos aos dogmas. Os povos estavamcansados de crer, saturados de fécega. Vendo suas crenças seremdesmentidas pela ciência, os deses-perados da fé mergulharam no ate-ísmo.

Um surto de materialismo es-praiou-se pela Europa e pelas Amé-ricas. Era até chique, elegante, ne-gar Deus e o Espírito.

Fé raciocinada

Foi, então, que surgiu Kardec.Ele deu ao mundo a noção da “féraciocinada”. Recomendou queanalisássemos tudo e só aceitásse-mos aquilo que estivesse de acordocom a razão. É a primeira vez queencontramos a religião associada àciência e a Filosofia.

Leon Denis, no livro “Depois daMorte” (11ª Edição – Feb) – parteterceira – Capítulo XX, diz: “Kardeccoordenou esse conjunto de fatos,

deduziu princípios gerais e compôsum corpo de doutrina. Não se tor-na ela um sistema definitivo, imu-tável, fora e acima das conquistasfuturas da ciência. Embora superi-or a todos os sistemas, a todas asfilosofias do passado, acha-se aber-ta às retificações, aos esclarecimen-tos do futuro”.

No capítulo XXVI desse livro,

encontramos: “O estudo do mun-do invisível exige muita prudênciae perseverança. Mais difícil aindaé obter o conhecimento da huma-nidade invisível que nos cerca. “Háperigo para quem se entregar semreservas às experimentações espíri-tas. Aquele que fosse inspirado pelointeresse material ou que visse nes-ses fatos um divertimento frívolo tor-�

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FidelidadESPÍRITA | Fev. 2005

Kardec lobrigou o princípio das leisnaturais que regem as relações entre omundo visível e o invisível

nar-se-ia fatalmente o objeto deuma infinidade de mistificações, jo-guete de espíritos pérfidos que, li-sonjeando suas inclinações, sedu-zindo-o por brilhantes promessas,captariam sua confiança, para, de-pois, acabrunhá-lo com decepçõese zombarias”.

Na Revista Espírita de maio de1869, rememora-se o método deKardec: “Dedicou-se ele a perse-verante observação e procurou de-duzir as conseqüências das mani-festações, lobrigando o princípio denovas leis naturais as que regem as

relações entre o mundo vivível e oinvisível. Reconheceu nas manifes-tações deste uma das forças natu-rais, cujo conhecimento deveriaaclarar problemas reputados inso-lúveis.” Não se limitou a uma clas-se de fenômenos. Penetrou em to-dos os campos, em, todos perqueriue analisou. Interrogou os espíritose submeteu seus ensinamentos auma crítica imparcial. Nunca acei-tou qualquer teoria destes comouma revelação divina e sim como amensagem de um espírito mais evo-luído, passível, de estar em erro. É

isso que devemos fazer, ainda hoje,com as magníficas mensagens querecebemos, mesmo as de Emmanuelou de André Luiz.

Kardec confrontou as várias opi-niões emitidas pelos Espíritos. Ve-rificou as concordâncias entre elas,coordenou-as, eliminou-lhes as fa-lhas e lançou ao mundo, atônito,essa formidável organização que éa sua obra.

Foi duramente atacado e injuri-ado. Outro teria caído vencido.Mas Kardec era um espírito muitoevoluído e tinha a certeza do quepregava. Estava compenetrado desua missão. Amparavam-no as for-ças do Alto. Apesar de todos os ata-ques, apesar de toda a oposição,conseguiu arrancar os homens dafebre do ateísmo.

Quando Kardec desencarnou,seus companheiros, sentindo-lheimensamente a falta, não se deses-peraram. Eles estavamcompenetrados dos ensinos recebi-dos do plano espiritual e codifica-dos por Kardec. “Um de seus ami-gos escreveu, na Revista Espírita:“Um homem desaparece da Terra,mas seu grande nome tomou lugarentre as ilustrações do século e umbelo espírito foi retemperar-se noinfinito. O homem deixou-nos; mas,Allan Kardec é imortal e sua me-mória, seus trabalhos, seu espírito,serão sempre com aqueles que sus-tentarem, com firmeza e semrebuços, a bandeira que ele sem-pre soube fazer respeitar”.

Fonte:

LEX, Ary. Pureza Doutrinária. Pág.18 -29.

Feixe. São Paulo/ SP. 1996.

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Abr. 2005 | FidelidadESPÍRITA

ADVERTÊNCIA

Fonte:

RIGONATTI, Eliseu. O Evangelho das

Recordações. Pág. 45. Pensamento. São

Paulo/SP.

s trevas nunca deixam decombater os Centros Espíri-tas bem organizados, sobre-

tudo aqueles onde se prega o Evan-gelho. Médiuns e doutrinadoresnão escapam ao assédio dos inimi-gos da luz; por isso é que Jesus nãose cansava de recomendar a seusdiscípulos que vigiassem e orassem.

Em meu acervo de recordações,tenho um caso bem ilustrativo. Sen-tíamos que nossos trabalhos espiri-tuais não se desenvolviam a con-tento; os médiuns deram de faltarmuito, queixavam-se de mal-estar,davam as mais ingênuas desculpaspara não comparecerem. Nossosprotetores insistiam: cuidado, vigi-em.

Eis senão quando se comunicaum Espírito que me foi dizendo,embora delicadamente:

- Não perca tempo em doutri-nar-me; conheço muito bem suadoutrina e a combato; sou chefe degrupo que os ataca, especializadoem derrubar Centros. Com seus tra-balhos de desobsessão vocês me rou-bam alguns companheiros valoro-sos, e por isso aqui estou.

- Para reforçar o ataque, pergun-tei-lhe.

- Sim e advirtu-o de que já fe-chei muitos Centros.

- Para meus estudos, quer des-crever-me um de seus “modusoperandi”? Meu irmão pode estarcerto de que lho peço apenas pelodesejo de aprender.

- Não me chame de irmão!Parou de falar; notei que me es-

quadrinhava até o íntimo do ser. Econcluiu:

- Você verá.E retirou-se com uma risadinha

sarcástica.Tempos depois, tendo de tratar

de assuntos no bairro deHigienópolis, tomei o camarão quefazia trajeto pela avenida Angéli-ca. O camarão era um bonde fe-chado, de cor vermelha, daí seuapelido, e trafegavasuperlotadíssimo. A custo, entrei e,agarrado ao corrimão, postei-me defrente a um banco transversal noqual, dentre outras pessoas, senta-va-se uma mulher de seus trintaanos, bonita, corpo bem talhado.Distraidamente eu olhava a paisa-gem que se desenrolava lá fora,quando senti suas pernas tocaremas minhas. Posto que com dificul-dade, afastei-me um pouco. Ela seacomodou no banco de tal modoque suas pernas ainda mais roça-vam as minhas; e fitava-me fixa-mente, com leve sorriso convidati-vo; com um gesto como que des-cuidado, ao arrumar a gola da blu-sa, entremostrou provocadoramen-te a raiz dos seios e ajeitando a cin-tura, descobriu um palmo de per-nas acima dos joelhos.

Eu era moço, forte, estuante devida; o sangue ferveu-me nas vei-as; fascinara-me; pensamentos lou-cos povoaram-me o cérebro; ela re-dobrou de atenções; foi quando, noemaranhado de sonhos doidos queme assaltavam, no desejo intensode possuí-la, entrevi a imagem de

meus dois filhos, Sérgio Paulo eArnaldo, garotinhos ainda, que to-das as tardes me esperavamencarapitados no muro do jardim.

Desfez-se a semi-hipnose emque eu caíra; e amassando gente episando calos, dirigi-me à porta desaída no fundo do veículo.

Dei o sinal de parada, emboralonge de meu destino. E ao saltardo camarão, ouvi muito distinta-mente junto a meusouvidos:

- Você viu? Pergunta seguida derisadinha sardônica e inconfundí-vel.

TENTAÇÕESpor Eliseu Rigonatti

A

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FidelidadESPÍRITA | Abr. 2005

PUREZA

Já alertava Allan Kardec, emObras Póstumas (Projeto 1868):“Um dos maiores obstáculos capazes

de retardar a propagação da Doutri-

na seria a falta de unidade e o único

meio de evita-la, senão quanto ao pre-

sente, pelo menos quanto ao futuro, é

formulá-la em todas as suas partes e

até nos mais mínimos detalhes, com

tanta precisão e clareza, que impossí-

vel se torne qualquer interpretação

divergente.”

Consoante as palavras do próprioCodificador, um meio de evitar asdeturpações da doutrina ditadapelos espíritos superiores é zelar pelapureza doutrinária, bem como aten-tar para o que são e não práticas

espíritas.

Espiritismo

Primeiramente, cabe recordarque Espiritismo é uma doutrina fi-losófica, de fundamentos científi-cos e conseqüências morais, codi-ficada por Kardec a partir das ma-nifestações dos espíritos e suas re-velações. A definição de Espiritis-mo, já compreende o tríplice aspec-to da doutrina.

A ciência estuda as manifesta-ções dos espíritos, os fatos, e nestecampo é evidenciado seu caráterprogressivo, pois “caminhando de par

com o progresso, o Espiritismo jamais

será ultrapassado, porque, se novas

descobertas lhe demonstrassem estar

em erro acerca de um ponto qualquer,

ele se modificaria nesse ponto. Se uma

verdade nova se revelar, ele a aceita-

rá.” (Kardec, em A Gênese, Cap.I, “Os Milagres e as Predições”,1:55 e em obras Póstumas, “Consti-tuição do espiritismo”, II, Dos Cis-mas).

No seu aspecto filosófico faz ainterpretação da natureza e dos fe-nômenos, cuida da reflexão sobre aconcepção de mundo e de toda arealidade, procurando responder asquestões tais como: Quem somos?De onde viemos? Por que estamosaqui? Para onde iremos?

Após, reveladas as leis do mun-do material, através da ciência, éno aspecto religioso do espiritismoque são encontradas as leis moraise reveladas as conseqüências mo-rais dos atos dos homens. “A Ciên-

cia e a Religião são as duas alavancas

da inteligência humana; uma revela as

leis do mundo material e a outra as

do mundo moral.” (O Evangelhosegundo o Espiritismo, Cap. I, item8).

Estes são, em síntese, os princi-pais aspectos do espiritismo. E paraexercitar os ensinamentos da dou-trina espírita e principalmente cul-tivar as faculdades espirituais e orelacionamento com o plano espi-ritual os Espíritas realizam certaspráticas ou atividades, e o cerne daquestão está justamente em nãoconfundir as práticas verdadeira-mente espíritas com outras mera-mente espiritualistas ou simples-

DOUTRINA ESPÍRITA E SUAS PRÁTI-CAS por Orson Peter Carrara

Para os Espíritos o culto à Deus éinterior, assim não há objetos de culto,liturgia, dogmas e classes sacerdotal

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Abr. 2005 | FidelidadESPÍRITA

PUREZA

mente não espíritas.

Práticas Espíritas e não Espíri-tas

São práticas espíritas a prece, ameditação, a irradiação, o passe, afluidificação da água, o intercâm-bio mediúnico, as reuniões de es-tudo e de divulgação doutrinária.Tudo realizado com simplicidade esinceridade, buscando o bem, semfanatismo ou intolerância, semnada cobrar e sem necessidade derituais, de rótulos, de fórmulas ecargos, pois o que interessa é o pen-samento e a vontade, envoltos pelacaridade, que é o amor em ação, adisposição constante e benévola aopróximo.

Para os Espíritas o culto à Deusé interior, assim não há objetos deculto, liturgia, dogmas e classe sa-cerdotal.

O Espiritismo também não é ape-nas sessão mediúnica, ou crença nopoder dos Espíritos desencarnados,pois neste caso, bastaria ser médiumou participar de reunião mediúnicapara então ser Espírita.

O adepto do Espiritismo é aqueleque estuda, adere e compreende adoutrina em todos os seus aspectose aceita as conseqüências das te-ses e princípios espíritas procuran-do aplica-los e vivenciá-los na vidamoral e social. Allan Kardec, bemresume isto na seguinte expressão,muito difundida e conhecida nomeio espírita: “Reconhece-se o ver-

dadeiro espírita pela sua transforma-

ção moral e pelos esforços que faz

para vencer as suas más inclinações”

(Kardec, “O Evangelho segundo oEspiritismo”, Cap. XVII, item 4).

Infelizmente a prática do Espiri-tismo não está a salvo das deturpa-

ções. Ary Lex, na obra “PurezaDoutrinária” expõe a seguinte situ-ação: “há medida que a palavra dos

Espíritos passou a ser ouvida em toda

à parte, à medida que os grandes

médiuns começaram a atrair multi-

dões, e os livros espíritas clarinaram

ao mundo os princípios da Terceira

Revelação, multidões acorreram aos

Centros Espíritas. Infelizmente não

foram em busca de uma iluminação

interior, de uma explicação para as

torturantes dúvidas filosóficas, mas de

remédio pronto e fácil para todas as

mazelas do corpo e do espírito. Essa

grande massa de raciocínio simplista

não possuía o menor interesse na

Doutrina e, sim, no que poderia obter

de imediato e material. Queria encon-

trar, dentro do movimento espírita, os

mesmos rituais e solenidades aos quais

estava afeita.”

Em outras palavras, pode-se di-zer, que não raras vezes, aquele queadere à Doutrina Espírita traz con-sigo idéias, costumes, condiciona-mentos de religião anterior, da qualnão se desprendeu totalmente. Deoutra parte, se o principiante nãoassimilou profundamente o conteú-do da doutrina espírita, e começaa exercer atividades em nome doEspiritismo correrá o grave risco dedesfigura-lo, por mesclar práticas ouaté ensinamentos que não condi-zem com os princípios espíritas.

Pequenas concessões feitas den-tro dos Centros Espíritas como a

introdução de vestes especiais,defumações, cantos e hinos, está-tuas, oferendas, títulos, batizados,posições especiais para orar, acabamcriando um Espiritismo “à moda daCasa” e colaboram para deturpar,paulatinamente, as práticas espíri-tas que, como já visto, se caracte-rizam pela simplicidade e sinceri-dade e são totalmente desprovidasde exteriorizações.

Ao redor da prática mediúnicatambém existem sérios desvios. Ointercâmbio mediúnico permitesentir e transmitir a influencia dosespíritos, ensejando a comunicaçãoentre o mundo físico e o espiritual.Por meio de sua prática pode-se:obter informações e conhecimentosobre o plano espiritual e a conti-nuidade da vida terrena; receber aajuda dos bons espíritos, através deconsolação, ensinamentos e às ve-zes curas; ajudar os bons espíritos

Não raro aquele que adere a Doutrinatraz consigo costumes da religião

anterior

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FidelidadESPÍRITA | Abr. 2005

PUREZA

no socorro e esclarecimento espiri-tual de encarnados edesencarnados, além de desenvol-ver e educar a faculdademediúnica.

Todavia há Centros que fazemda mediunidade a atividade prin-cipal, explorando-a excessivamen-te e para assuntos mundanos, a fimde atender a desejos pessoais, ma-teriais, imediatistas, exercendo seucultivo como rotina e sem orienta-ção, tornando muitas vezes as pes-soas dependentes das “consultas”aos espíritos. Também há casos deprodução de fenômenos a fim deimpressionar os freqüentadores.

Não se pode ocultar a triste rea-lidade do uso da mediunidade como objetivo de lucro, através deanúncios e consulta a médiunsreceitistas, ou para questões mate-riais e pessoais.

Transcreve-se a seguir, adapta-

do do Reformador, junho, 1953,quadro que esclarece sobre as prá-tica não espíritas (extraído do Li-vro “Espiritismo, A Doutrina e oMovimento”, Therezinha Olivei-ra).

ESCLARECENDO DÚVIDAS

“Doutrina religiosa, sem dogmaspropriamente ditos, sem liturgia,sem símbolos, sem sacerdócio orga-nizado, ao contrário de quase to-das as religiões, o Espiritismo nãoadota em suas reuniões e em suaspráticas:

a) paramentos, ou quaisquervestes especiais;

b) vinho ou qualquer bebidaalcoólica, drogas;

c) incenso, mirra, fumo ousubstancias outras que produzemfumaça;

d) altares, imagens, andores,velas e quaisquer objetos materiais

como auxiliares de atração do pú-blico;

e) hinos ou cantos em línguasmortas ou exóticas, só os admitin-do, na língua do país, exclusiva-mente em reuniões festivas realiza-das pela infância e pela juventudee em sessões ditas de efeitos físicos;

f) danças, procissões e atosanálagos;

g) atender a interesses materi-ais terra-a-terra, rasteiros ou mun-danos.

h) Pagamento por toda e qual-quer graça conseguida para o pró-

ximo;i) Talismãs, amuletos, orações

miraculosas, bentinhos,escapulários ou quaisquer objetose coisas semelhantes;

j) Administração de sacramen-tos, concessão de indulgências, dis-tribuição de títulos nobiliárquicos;

k) Rituais e encenações extra-vagantes de modo a impressionar opúblico;

l) Termos exóticos ouheteróclitos para a designação deseres e coisas;

m) Fazer promessas e despachos,risca cruzes e pontos, praticar, en-fim, a longa série de atos materiaisoriundos das velhas e primitivasconcepções religiosas.”

Assim, para preservar a purezadoutrinária e a retidão das práticasespíritas faz-se necessário e primor-dial, o estudo da doutrina espírita,através da leitura, compreensão eabsorção dos postulados eensinamentos contidos nas obrasbásicas, nas quais está retratado otríplice aspecto do Espiritismo e apartir daí buscar vivenciar os pos-tulados espíritas, na vida moral esocial, bem como zelar pela corretaprática e divulgação da doutrinaespírita.

Não há, no espiritismo, nenhumadistribuição de títlulos nobliárquicos

Bibliografia

Ary Lex, Pureza Doutrinária, Edições

Feesp.

Therezinha Oliveira, Espiritismo – A dou-

trina e o movimento, Editora CEAK,

Campinas/SO, 2002.

Therezinha Oliveira, Iniciação ao Espiri-

tismo, Ed. CEAK, Campinas/SP 1993.

Therezinha Oliveira, Coleção: Estudos e

Cursos, Mediunidade, Campinas/SP, 1994.

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Abr. 2005 | FidelidadESPÍRITA

por Eduardo Martins

ocê já ouviu dizer que hámuitos anos as pessoaspescavam e tomavam ba-

nho no Tietê, aqui mesmo, dentroda cidade de São Paulo? Como nemtudo que é bom dura para sempre,isso aconteceu com o rio.

Se você for escrever sobre elehoje, no que vai pensar em primei-ro lugar?

Talvez no cheiro. E tem certezaquanto à forma a usar? Mau chei-

ro ou mal cheiro? Se escolheu mau

cheiro, parabéns.

Há uma regra prática para sa-ber quando se deve usar mal oumau. Qual é o contrário de mal? Ébem. E o oposto de mau? É bom.Então, guarde a diferença:

a) Quando puder usar bom, agrafia correta é mau (o contráriode bom).

b) Quando puder usar bem, ocerto é mal (o contrário de bem).

Veja alguns exemplos: Ele é mau.

Ele é bom./ Ele vive de mau humor.

Ele vive de bom humor./ O jogador

teve mau desempenho. O jogador teve

bom desempenho./ O carro estava em

mau estado. O carro estava em bom

estado./ Fez mau uso dos livros.

Agora, acerte no uso de mal: Ele

vive mal-humorado. Ele vive bem-

humorado. (Assim, nunca se deveescrever “mau-humorado”.) / Ele é

muito mal-intencionado. Ele é muito

bem-intencionado./ O artista anda

mal-arrumado. O artista anda bem-

arrumado./ Procurava o bem-estar

das pessoas. Procurava evitar o mal-

estar das pessoas./ Vive a praticar o

mal. Vive a praticar o bem.

Conheça cada uma das pala-vras

Para completar as noções sobremau e mal, convém você saber comoutilizar cada uma dessas palavras.

Mau, adjetivo, qualifica umapessoa ou coisa: Ele é mau./ Deu mau

jeito no pescoço./ Era um mau aluno.

Mal tem número muito maior defunções.

Pode ser advérbio, quando equi-

vale a insuficientemente, de modoirregular: Ele escreve mal./ O time

jogou mal./ Estava mal de vida.

Como conjugação, designa tem-po: Mal o viu, mudou de calçada.

Finalmente, como substantivo,equivale a coisa que prejudica,ação má, tormento: Seu mal é viver

fingindo./ A desonestidade é um mal

sem cura./ Vivia a praticar o mal.

Ainda como substantivo, podeser sinônimo de doença: A aids é

um mal terrível./ O mal que contraiu

nas matas era incurável.

Quando usado para designar umtipo de doença, identificado emgeral pelo nome do cientista queestudou a moléstia, mal tem inici-al minúscula: mal de Chagas; mal

de Alzheimer; mal de Parkinson. �

COM TODAS AS LETRAS

V

Fonte:

MARTINS,Eduardo. Com Todas as Le-

tras. Pag. 10. Editora Moderna. São Pau-

lo/SP.

NOTA DO EDITOR - AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA

“Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da

linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras”.

Allan Kardec / L.E. Introdução

Da mesma forma que Kardec se preocupou com os vocábulos, julgamos oportuno

compartilhar com o leitor algumas regras básicas da língua portuguesa, como contribuição

à cultura e à valorização da nossa língua. Por isso, inauguramos, a partir deste número, a

coluna: Com Todas as Letras, reproduzindo textos de Eduardo Martins, editor do jornal

O Estado de São Paulo.

Esta revista entende que as palavras são as vestimentas das idéias; o verbo correto e bem

empregado é poderoso instrumento de educação, que também deve estar a serviço do Espiritismo.

O BOM E O MAU USO DE MAL

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FidelidadESPÍRITA | Abr. 2005

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