Revista Ambiente

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Gaia é amiga do Ambiente

A Educação Ambiental em Gaia foi o tema eleito pelo Jornal “OComércio de Gaia” como o primeiro de um conjunto de projectos editoriais quevamos lançar já a partir de 2008. Antecipamos a nova experiência com apublicação desta revista para fechar com chave de ouro o velho ano que seaproxima do fim.

Trata-se de um projecto formativo e informativo, porém simples edespretensioso, que procura apenas contribuir para o despertar crescente dasconsciências dos gaienses para a defesa e preservação do Ambiente.

E porque as crianças e jovens são os principais mensageiros da causaambiental, convidamos todas as escolas dos ensinos básico e secundário doconcelho a participar neste projecto com alguns trabalhos dos alunos. Nemtodas responderam, foi mesmo uma minoria que aderiu ao nosso desafio.Foram poucos, mas bons. Poucas as escolas, mas muitos os trabalhos. O quenos obrigou, devido ao formato e dimensão da revista, a proceder a umaselecção daqueles que considerámos estar mais em conformidade com osobjectivos do projecto. Desfolhe as páginas e veja a beleza dos desenhos e apertinência das mensagens dos mais pequenos. O nosso agradecimento aosalunos e aos professores.

Optamos, numa outra vertente, por evidenciar os projectos e estruturasambientais nascidos e criados em Vila Nova de Gaia e actualizamos todas asinformações e preocupações, conselhos e recomendações dos responsáveismáximos por cada pólo de educação ambiental no concelho: o ParqueBiológico de Gaia que se prepara para comemorar 25 anos de vida e acaba deatingir 2 milhões de visitantes que aceitaram o desafio de se lançarem nadescoberta da paisagem local, a Estação Litoral da Aguda que proporcionauma verdadeira viagem ao fundo do mar e desenvolve programaspedagógicos e projectos de investigação científica, o Centro de EducaçãoAmbiental das Ribeiras de Gaia que promove as boas práticas ambientais emestreita interacção com a comunidade escolar.

Num plano mais científico, destaca-se a Energaia que dinamiza umapolítica energética local, promove a gestão das energias renováveis e fomentanumerosas campanhas de sensibilização para a importância da racionalizaçãoe poupança de energia, cujos resultados garantem um futuro com maisqualidade ambiental. Esta preocupação é partilhada pela Suldouro, a empresaresponsável pelo tratamento dos lixos produzidos em Vila Nova de Gaia eSanta Maria da Feira (180 mil toneladas/ano) que, até 2009, vai valorizar oaterro de Sermonde com a criação de um novo equipamento para tratar osresíduos sólidos urbanos.

A Câmara Municipal está empenhada em contrariar as más práticasambientais, numa lógica de optimização das potencialidades naturais doconcelho e de investimento em educação ambiental, uma vez que a prioridadereside na necessidade de alertar consciências para a importância da defesa epreservação do meio ambiente.

O Jornal “O Comércio de Gaia” agradece a todos os patrocinadores –Águas de Gaia, Suldouro, Valormed, Ecopilhas e Gaianima - que acreditaramneste projecto e permitiram maximizar o nosso pequeno contributo em prol deum ambiente melhor. Porque Gaia é amiga do Ambiente!

Direcção: Maria Leonor da SilvaCoordenação: Natália Paulo LageRedacção: Mónica CarvalhoFotografia: Silvia CostaConcepção e Execução:Grafigaia - Publicações de Gaia Unipessoal, LdaRua Eng.º Adelino Amaro da Costa, 15-8ºSala 8.1 e 8.2 • Apartado 1444400-134 Vila Nova de GaiaTiragem: 10.000 exemplares

Gaia é amiga do Ambiente

Ambiente na agenda dos politicos...Entrevista ao vereador do Ambiente

Escola EB1 de Miramar

...Ambiente na agenda dos politicosEntrevista ao vereador Mário Fontemanha

Escola EB1/JI do CedroEscola EB1 de Laborim de Baixo

À descoberta da naturezaEntrevista ao administrador do P. Biológico

Viagem ao fundo das marésEntrevista ao administrador da ELA

Tratar as pilhas para proteger o Ambiente

Excelência azul e verdeEntrevista ao director do CEAR´Poupar energia é apostar no futuroEntrevista ao administrador da ENERGAIA

Tratamento de lixo valorizado em 2009...Entrevista ao administrador da Suldouro

Escola EB1/JI de LavadoresEscola EB1/JI do Alquebre

...Tratamento de lixo valorizado em 2009Entrevista ao administrador da Suldouro

Escola ES/3 Arquitecto Oliveira FerreiraEscola EB/2,3 Escultor António F. Sá

Escola Eb1 de Laborim de BaixoEscola EB1 do Cabo Mor

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Vila Nova de Gaia já não é o patinhofeio da Área Metropolitana do Porto.É o patinho bonito. A afirmação é dovereador do Ambiente da CâmaraMunicipal, Mário Fontemanha, queevidencia nesta entrevista aspotencialidades naturais doconcelho, valoriza os investimentosna educação ambiental e congratula-se pela consciencialização dosgaienses na preservação dosecossistemas.

A população de Gaia preocupa-secom o ambiente?Eu acho que sim, mas há dez anosatrás tinha pouca consciênciadaquilo que era o ambiente. Depoisdo doutor Filipe Menezes ter entradopara a Câmara, começou-se a ter apreocupação de que este concelhonão devia ser só parte urbana, nemprédios, nem desorganização e tinhamais do que isso. É um dosconcelhos mais bonitos do país,porque tem cerca de 26 kms de rio,e não é um rio qualquer, é o rioDouro, e cerca de 18 kms de mar. Etem ainda uma coisa que éimportante: muitos espaços verdes,não só no centro do concelho, mastambém toda aquela zona maisinterior, como as freguesias deCrestuma, Lever, Olival. É umapaisagem extraordinária edensamente florestal. É atravessada

por um rio que nasce e desagua emGaia, o rio Febros, e é atravessadatambém por um rio que nasce emSanta Maria da Feira e desagua emGaia, que é o rio Uíma. E portanto,todo este conjunto levou a que aCâmara tivesse uma preocupaçãoambiental, no sentido derecuperação de todas estas zonas,sem esquecer as chamadas ribeirasde Gaia.

A cidade de Gaia pela sualocalização geográfica e climapossibilita que os gaienses sepreocupem com as questõesambientais?Como lhe disse, não eram muitopreocupados com estas questõesambientais. Foi necessário despertarconsciências: dizer à população que,de facto, temos um concelho que nãoé o patinho feito da ÁreaMetropolitana do Porto. Antes pelocontrário, é o patinho bonito. Se játemos um concelho assim, foi sódizer às pessoas que tínhamosessas condições naturais e énecessário preservá-las.

Na revista “Gaia Primeiro”,lançada pela Câmara, defende-sea ideia que é necessário “alertarconsciências para a importânciada defesa e preservação do meioambiente”. De que forma o fazem?Começando pela EducaçãoAmbiental, que vai ter que começarnas escolas. E nós temos umapreocupação enorme dentro dosagrupamentos de todas as escolasque existem no concelho, não édespertar a consciência dascrianças, porque a consciência delasestá de tal ordem limpa que nãoprecisa de ser despertada. Nóstemos é que educar as crianças paraque sejam elas mais tarde a alertara consciência dos pais, que não

tiveram estas preocupaçõesambientais, para que o meioambiente seja preservado. Quandose fala na questão da higiene elimpeza do próprio concelho, não éfácil encontrar um concelho com adimensão de Vila Nova de Gaia, com167 km2, e termos praticamentevarreduras e recolhas diárias, àexcepção do domingo. E, em funçãodisso, é toda esta parte de educaçãoque vamos iniciar. Primeiro pelasescolas e depois pelos mais adultos.

E foi esse tipo de acções quelevaram a que o concelho de Gaiafosse considerado um dos maislimpos a nível nacional,nomeadamente no que se referea serviços básicos. Que lugar éque o concelho ocupa e quem feza classificação?Esta classificação foi feita pela ABAE(Associação Bandeira Azul daEuropa), onde fomos o segundoconcelho do país com maior número

Ambiente na agenda dos políticos

Dr. Mário Fontemanhavereador do Ambiente da Câmara de Gaia

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de bandeiras verdes. Isto diz tudo!As bandeiras verdes são atribuídas,normalmente, em função que é aEducação Ambiental que nóspromovemos junto das escolas, que,no fundo, fazem esse trabalho e sãoapreciados por esta associação. Nóstemos três escolas, como referênciasdas eco-escolas, que simbolizamesta consciência ambiental.

O concelho de Gaia é um dosmaiores do Grande Porto etambém um dos maisindustrializados, o que pode levara alguns problemas ambientais.Como se contraria estatendência?O concelho não é só um dos maioresda Área Metropolitana do Porto, étambém o terceiro maior do país, emtermos de área geográfica,rendimento per capita, população. É,de facto, um dos mais industrializadosda AMP e nós procurámos junto dasempresas que tenham essasensibilidade ambiental. Hoje, a maiorparte tem um departamento que sepreocupa já com a gestão ambientalda própria empresa. E a gestãoambiental começa pela reciclagemdentro dessa mesma empresa. E,então, tudo que são resíduosindustriais banais são devidamentetratados no aterro sanitário, que,neste momento, existe emfuncionamento em Sermonde. Oconcelho evita ter resíduos industriaisbanais espalhados por tudo quanto évaleta, pinhal, floresta. A outraquestão é que tem havido umapreocupação muito grande da nossaparte, no sentido da reconstituição ena requalificação daquilo que sãonormalmente as sucatas ao ar livre.Como sabe, um veículo em fim devida tem os óleos, as válvulas quecomeçam a penetrar nos solos, o queé uma preocupação ambientalterrível.

Há pouco falou da orla marítima

que é bastante extensa e, da qual,fazem parte 17 bandeiras azuis.Que investimentos foram feitospara atingir esta excelência?Muitos investimentos. Osinvestimentos começam logo a serfeitos a montante. Nós temos umarede viária bastante densa, ondesomos atravessados pelas maioriasvias rodoviárias que existem a nívelnacional, seja a A1,a A29, a A44, umasérie de vias estruturantes que ligamo Sul ao Norte, por milhares deveículos automóveis. As primeiraschuvas começam a lavar as estradas,as estradas através das águaspluviais são todas canalizadas paraas nossas ribeiras e isso tem que terum tratamento específico, para queas águas das ribeiras que vãodesaguar normalmente ao mar nãocomecem a poluir as ribeiras.Segundo ponto: o tratamento, quer amontante, quer a jusante, tem que serum tratamento global do próprioconcelho, refiro-me ao saneamentobásico. Hoje, o concelho está cobertocom 96% de saneamento básico,onde foi necessário enterrarquilómetros de condutas desaneamento para que todo ele fosseconduzido até às ETAR (Estações deTratamento de Águas Residuais). E,em função disso, as águas que hojelançámos no mar são absolutamentetratadas. Mas as bandeiras azuis nãose relacionam só com estefundamento. As praias têm que estarlimpas, as areias têm que estarlimpas. Não é possível hoje termosbandeiras azuis e praias limpas e, pormuito que gostemos dos animais, nãopodemos permitir que os nossosanimais andem ao abandono nasnossas praias. E temos também queter acessibilidade às praias. E praiasacessíveis implicam que umaambulância possa entrar e sair commuita frequência de determinadaszonas balneares, onde existem asbandeiras azuis. Temos que terapoios de praia onde as pessoaspossam beber uma água, beber um

refresco, tomar qualquer coisa, ir àscasas de banho, que devem serpúblicos.A Câmara apoia iniciativas comoas eco-escolas, o Projecto doMuseu do Granito e a Lixoteca. Deque forma é que o faz?Eu próprio ando pelas escolas, falocom os professores, com os alunosa promover este concelho que éamigo do meio ambiente. Eobviamente também com a Lixoteca,que é um autocarro que anda pelasescolas em parceria com a Suma, aempresa que faz a recolha de lixosem Gaia, em parceria também com aSuldouro, que é a empresa que faz agestão dos resíduos sólidos urbanos,com as Águas de Gaia, com o ParqueBiológico. Todo um conjuntotransversal, quer de empresas, querde instituições que fazem estaapologia do meio ambiente.

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O Parque Biológico de Gaia prepara-se para comemorar 25 anos de idadee já recebeu dois milhões devisitantes. Este modelo peculiar quealia o planeamento à desorganizaçãonatural é um factor de atracção daspessoas que se aproximam da faunae flora autóctones que despontam aolongo do vale do rio Febros. NunoGomes Oliveira, presidente do CAdesta empresa municipal, explica asrazões do sucesso da gestão desteespaço verde com 35 hectares, quemostra a paisagem, e cujo modeloestá a ser replicado nalgumasregiões do país.

O Parque Biológico tem 24 anos.Qual o balanço desta já longaexistência?O balanço do Parque Biológico emsi, enquanto instituição de Gaia, éaltamente positivo, a meu ver.Começou com um projectozinhomuito tímido, sem meios e, hoje, éum grande projecto que ganhouexpressão, inclusive a nívelinternacional.O Parque Biológico tem inúmeras

actividades. Quais são as maisrequisitadas?O Magusto, a Desfolhada, as noitesdos pirilampos, com as quais aspessoas deliram, porque já não viampirilampos há muitos anos, isto apelaà memória, às recordações deinfância, são dos programas quemais êxito têm no Parque.

Quanto custa por ano o ParqueBiológico?Ao município de Gaia, custaquatrocentos mil contos, um preçonormal, porque o Parque Biológicohoje já gere o Parque da Lavandeira,o Parque de Dunas da Aguda e,muito brevemente, o RefúgioOrnitológico do Estuário do Douro eo Parque de Vale de Sampaio.

O modelo de organização doParque foi devidamente planeadopara não se parecer com umjardim ou com um parque formal.Porquê?O Parque nasceu por razões ligadasà Educação Ambiental, portanto,procurou-se mostrar a paisagem.Não quisemos fazer um jardimformal, como os jardins da Expo 98e também fugimos ao modeloParque Zoológico ou JardimZoológico, criando o nosso própriomodelo.

Mas é um modelo que resulta?É um modelo que resulta para umtipo de pessoas e não resulta para

outro. Isso tem a ver com apreparação cultural das pessoas ecom a sua origem. Uma pessoamenos culta mas com origem nocampo compreende bem o Parque.Uma mais culta mas com origem nacidade tem dificuldade em perceber,porque, de facto, frequentemente aspessoas chegam cá com oestereótipo do Jardim Zoológico.

Acha que as iniciativas, no âmbitoda Educação Ambiental,promovidas pelo ParqueBiológico, ajudam os jovens aperceberem melhor o ambiente,aquilo que se vai passando à suavolta, as mudanças que vamossofrendo?Fatalmente! Não vou dizer, nem éessa a nossa intenção, que umapessoa entra aqui a não respeitar oambiente e sai a respeitar, porquenão fazemos lavagens cerebrais.Obviamente que se a visita da escolafor uma visita de estudo verdadeira,por mais distraídos, por maisdivertidos que os alunos estejam,vão perceber que aqui há qualquercoisa de diferente, que há umaqualquer mensagem que se quertransmitir.

No dia 29 de Julho de 2000, oParque deixou de ser umdepartamento da Câmara para setornar numa empresa municipal.O que mudou?Desde logo, passou a ter autonomia

Á descoberta da natureza

Dr. Nuno Oliveirapresidente do CA do Parque Biológico de Gaia

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administrativa e financeira, comoqualquer empresa. Isso quer dizerque a equipa do Parque começou asentir o gosto em poupar, emrentabilizar. Antes de sermos umaempresa, no fim do mês, tínhamosque levar as receitas à tesouraria daCâmara, portanto, não sentíamosque era para o projecto. Comoempresa municipal, isso sente-se e,então, faz sentido poupar, faz sentidogerar receitas e uma série de coisasque nos tornem melhores, maiscompetitivos, com melhoresserviços.

Falou nas vantagens, mas houvealguma desvantagem nesteprocesso?Houve um encargo de maiortrabalho, porque toda a áreaadministrativa de gestão de pessoal,administrativa, contabilística, que atéentão era feito na Câmara, passoua ser feita aqui. Houve uma maiorresponsabilização.

Em 2003, o Parque Biológico foiconsiderado o melhor na suavertente enquanto ParqueZoológico. Queriam fugir aoestereótipo, mas acabaram porreceber uma nomeação destegénero.Há uma directiva comunitária sobrea detenção de animais em ambientezoológico e isso foi transposto parao Direito português, com um decreto-lei, a que se chama Decreto-Lei dosParques Zoológicos e, perante essalei, um Parque Zoológico é qualquercolecção de animais que estejaaberto ao público mais de sete diaspor ano. Portanto, nos termos dessalei, tivemos que legalizar-nos comoParque Zoológico. Numa avaliação,este foi considerado o melhor, emtermos de instalações, deapresentação dos animais, deinformação.

E como é que reagiram a estanomeação?

Sem espanto nenhum, porque aquiloque pretendemos criar foiexactamente um modelo novo demostrar e expor animais. A nossanorma, a nossa orientação é que sótemos animais da fauna portuguesa,porque queremos é falar doambiente em Portugal.

O Centro de Recuperação deFauna não teve aprovação. Énegativo o Governo não apoiareste género de iniciativas?É péssimo! Porque no que toca àrecepção de fauna apreendida, deanimais encontrados feridos, essetrabalho que incumbe ao Estadoportuguês, por força da lei, pordirectivas comunitárias, e está a serhá anos desempenhado porassociações e, essencialmente peloParque Biológico, porque é o querecebe mais animais. Havendo oPrograma Ambiente que diz

especificamente que uma das coi-sas que custeia é a construção doscentros de recuperação, éinadmissível, é perfeitamenteindesculpável que a candidatura nãotenha sido aprovada, especialmentecom os argumentos de que não hádinheiro, que é coisa que não falta.

A 15 de Março de 2008 vãocelebrar os 25 anos do Parque.Têm algo especial preparado?Nós não temos tido tempo paracomemorar os 25 anos. Mas vamoster que fazer alguma coisa, são vintee cinco anos e provavelmentevamos editar a monografia doParque. A 21 de Março, que é o diado aniversário, é quando estamosem S. Tomé e Príncipe, no PrimeiroEncontro Sobre Biodiversidade eEcoturismo, e é também uma boamaneira de comemorar amaioridade do Parque.

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A Estação Litoral da Aguda é umespaço único que alia programas deeducação ambiental para todas asfaixas etárias, projectos de investigaçãocientífica em ecologia marinha einiciativas de proximidade com a pescaartesanal. Mike Weber, fundador edirector da ELA, convida nestaentrevista a uma viagem ao fascinantemundo do mar e das marés.

A Estação Litoral da Aguda (ELA)esteve em preparação desde 1988.Como nasceu a ELA?O tempo da construção e da instalaçãode equipamentos, os processosadministrativos, de elaboração doprojecto, a apresentação da ideia, todoeste pacote demorou quase onze anos.É muito tempo… O empreiteiro foi àfalência a meio do caminho, depoisentraves de muitos lados. Foi umcaminho bastante duro, mas valeu apena.

Quais são os principais objectivosda estação?Em primeiro lugar ter uma casa, umainstituição aberta ao público, com umavertente turística, cultural, pedagógicae investigação cientifica. Estamosactivos no âmbito da investigaçãocientífica, porque estamos ligados aoInstituto de Ciências Biomédicas AbelSalazar da Universidade do Porto(ICBAS). O nosso programa deEducação Ambiental é um programamuito vasto, para todas as faixasetárias, todos os níveis pedagógicos,

desde creches até ao Ensino Superior.

E de todas essas faixas etárias quemvem com mais frequência?É difícil dizer. Por exemplo, o programade Educação Ambiental no Litoral, queé o programa mais antigo, já existe háonze anos, é mais frequentado porescolas secundárias. Se olharmos paraas estatísticas dos visitantes,verificamos que 60% são crianças, dasquais 40% crianças a partir dos quatroanos.

Os adultos ficam tão fascinadoscomo as crianças?Despertamos um grande interessesobretudo nas pessoas que mantêmum fascínio pelo mar. A ELA estávocacionada para o mar, litoral, pescas.Temos o Museu das Pescas que temmais de dois mil itens ligados à pescaartesanal em todo o mundo. O Aquárioé montado de uma forma auto guiada,pedagógica, mostra ao visitante a faunalocal, o que para muitas pessoas é umasurpresa, ver aquela diversidade depeixes e vertebrados que se encontramaqui em frente a sua casa. Aqui háapenas fauna local. E aí é o fascíniodos adultos. Ficam surpreendidos porexistirem aqui, por exemplo, tartarugasmarinhas, ou, de repente, peixes quequase só se conhecem no prato. Oscomentários são sempre os mesmos:ficam fascinados pelas cores dasfanecas, porque a faneca viva é umacoisa fabulosa, nada a ver com afanequinha frita. Mas a maioria dos

adultos mostra um interesse muitosincero, um interesse ecológico, uminteresse pela informação que damos.A informação é introduzida de formaquase inconsciente. Vale a pena ler aslegendas, claro, mas quem abre bemos olhos e deixa-se guiar pelosaquários, seguindo os números,consegue fazer um passeio fantásticopela fauna que existe aqui.

Que serviços é que a ELA oferece?Serviços pedagógicos: para os jardins-de-infância temos o programa “Contosdo Mar”. Depois temos a “Turma doMar”, um programa em que osprofessores encomendam um certotema, por exemplo, uma tempestade,ou correntes, ou peixes, e nós tratamosesse tema. Depois as crianças vêm,têm até uma hora de ensino na sala deaulas e, em seguida, vêem o Aquário.Depois temos um programa muito giro,mas pouco frequentado que se chama:“Uma Noite no Fundo do Mar”. Ascrianças vêm às nove da noite, trazemum saco-cama e dormem no Aquário,acompanhadas por um monitor. Épouco requisitado, porque é muitodispendioso, são 50 euros. Mas acriança está connosco desde as noveda noite às nove da manhã, recebe umat-shirt muito bonita, recebe uma ceia, opequeno-almoço, um livro. Tudo isto

Viagem ao fundo das marés

Prof. Dr. Mike Weberadministrador da Estação Litoral da Aguda

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acompanhados. Os pais podem deixaras crianças que aqui ficam seguros.Temos o programa para as escolassecundárias que é “EducaçãoAmbiental no Litoral”. Temos oprograma “Trilho da Interpretação daNatureza”, entre Miramar e a Granja.Neste trilho está integrada uma visitaao Centro de Educação Ambiental dasRibeiras de Gaia (CEAR), como umaentrada na ELA. E o novo programa“Litoral em Mudança”. As escolas agoraquerem esse tipo de informação e nósestamos num sítio privilegiado porcausa do quebra-mar. Aqui vê-semesmo in loco, in situ as grandesmudanças que foram feitas pelaNatureza, ou melhor, pela influênciadirecta do homem no sistema marítimo.Depois temos o programa “CiênciaViva”, no Verão, geralmente no mês deSetembro, para pequenos grupos deadultos. Nós escolhemos um temaligado ao litoral e biologia das espécies.Também é muito frequentado. Agoravamos avançar para o Ensino Superior.Devo dizer que eu sou professor noICBAS e, para a licenciatura, eu estouaqui a leccionar Ecologia Marinha eTecnologia das Pescas. Na EcologiaMarinha, há muitos aspectos deEducação Ambiental directos, ligadostambém aos programas para ascrianças, claro que com outro tipo deinformação, mais adaptado aos livrosdo Ensino Superior. Depois, para oscursos da pós-graduação e mestradotenho uma cadeira que se chamaEcologia Costeira. E para o público emgeral, são as visitas guiadas, de meia auma hora, em português, inglês oualemão. Este é o nosso programa. Nãoconheço nenhuma instituição emPortugal que tenha um programa tãovasto e tão estruturado para todas asfaixas etárias, desde crianças até aosadultos.

De onde vem o financiamento paraa estação?A Câmara dá-nos um subsídio mensalde doze mil e quinhentos euros. Alémdisso, podemos ficar com as receitas

da bilheteira e da loja, portanto, os livrosque vendemos, postais, t-shirts, e, claro,os bilhetes. Um bilhete para um adultocusta quatro euros, uma criança pagaum euro, grupos também. Além disso,estamos a prestar serviços para aempresa municipal Águas de Gaia. Osaquários que estão montados no CEARsão mantidos por nós. Uma vez por dia,um funcionário nosso, ao domingo soueu, vai lá alimentar os peixes e verificarse está tudo a trabalhar bem e se houvealguma falha no equipamento. Comestas verbas nós conseguimos existir.Podemos dizer, em média, quase vintemil euros por mês.

A ELA tem diversos departamentos.Como funciona cada um deles?No Museu das Pescas expomosartefactos e utensílios da pescaartesanal. A grande atenção recai sobreequipamento da praia da Aguda. Onosso objectivo é valorizar umbocadinho o papel do pescador local.Para ter uma ideia do que há no mundo,encontramos no museu peças doscinco continentes. Sempre que faziauma viagem, e fiz muitas viagens,sempre coleccionei utensílios da pescae trouxe para cá. Estão aqui quase doismil itens.O Aquário tem fauna e flora local,apenas local, nada de exotismos. É umpequeno aquário com quinze tanques.Os peixes gostam muito de viverconnosco, estão num hotel cincoestrelas. São cerca de 60 espécies ecerca de mil e duzentos indivíduos,peixinhos. A exposição é montada deuma forma a que a pessoa faça um

mergulho simbólico: entra no mar e vaipara os vinte e cinco metros deprofundidade e em cada patamar vêos peixes típicos. Depois volta eregressa a terra e, no fim, entra numapequena ribeira que atravessa asdunas. Os últimos quatro aquáriosda exposição são de água doce,com a fauna típica das ribeiras. Alémda fauna marinha, também temosfauna de água doce. NoDepartamento de Investigaçãotemos dois projectos em curso. Umestá a acabar que é a “Colonizaçãodo Quebra Mar”, e o outro é umprograma de longo prazo queiniciamos há dois anos e meio: ocultivo do lavagante e orepovoamento do mar comlavagante. Os pescadores vãosabendo o que nós vamos fazer, nósinformámo-los muito bem de cadapasso. Está no próprio interessedeles que o projecto vá para afrente.

Como vai ser o futuro da ELA?Eu espero que próspero. Esperoque continue como agora. Esperoque continuemos a ter, em média,vinte e cinco mil visitantes por ano.Nós temos apenas duzentos metrosquadrados de exposição, é umacasa pequena e esta é uma boamédia, entre cinquenta e setenta ecinco pessoas por dia. Espero quea autarquia continue a apoiar-nos.Espero que não haja acidentes,como uma bomba avariar às três damanhã e eu ter que vir de pijamasalvar o barco.

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A Ecopilhas, entidade responsável porgerir a recolha, triagem e reciclagem depilhas e acumuladores usados, recolheue enviou para reciclagem 51,7 milhõesde unidades desde o arranque da suaactividade, em 2004, até final do primeirosemestre deste ano.Entre 2004 e 2006, foram em médiarecuperadas para reciclagem, cerca de14 milhões de unidades por ano, o queequivale a mais de 13 por cento do totalde pilhas e acumuladores colocadas nomercado.Em 2004 a Ecopilhasrecuperou 8 milhões de pilhas. Em 2006já conseguiu recuperar 17 milhões depilhas e acumuladores, o quecorresponde a um crescimento de 53%.O ano de 2007 poderá registar novatendência de crescimento, na medida emque durante o primeiro semestre foramrecolhidas cerca de 10,7 milhões deunidades de pilhas e acumuladores.Comparativamente com o períodohomólogo de 2006 tal representa 9% decrescimento.As associações de municípios e ossistemas multimunicipais, a par dos hipere supermercados, são as entidades quemais contribuem para o esforço derecolha e para o bom desempenho dePortugal nesta área – 40 por cento cada.A fatia restante, 20 por cento,corresponde à recolha que resulta doesforço feito pelos Ecoparceiros.Eurico Cordeiro, Director-Geral daEcopilhas, sublinha que «o esforçodesenvolvido pela Ecopilhas e pelosseus Ecoparceiros na distribuição depilhões em todo o País tem sido bemsucedido». Mas, reforça, «é aocidadão que cabe o papel principalde colocar as suas pilhas, bateriasde telemóvel, de computador, decâmaras de vídeo e outras nospilhões».Recolha de pilhas já cobre todo o PaísA Ecopilhas conta actualmente com1.497 Ecoparceiros, ou seja entidadesenvolvidas no consumo de pilhas e

acumuladores que colaboram na recolhaselectiva de pilhas e acumuladoresusados. A entidade gestora cobreactualmente todo o território nacional,incluindo as regiões autónomas daMadeira e dos Açores. Existem hoje maisde 15 mil pilhões à disposição dapopulação, 2.700 dos quais colocadose recolhidos directamente pela Ecopilhas(18% do total). Estes pilhões, colocadospela Ecopilhas, foram responsáveis em2006 por cerca de 60% das pilhas eacumuladores recolhidos. A evoluçãodos pontos de recolha está directamenteligada ao esforço de colocação de pilhõespelas autarquias, supermercados eoutros Ecoparceiros.Com vista a aumentar anualmente osníveis de recolha, a Ecopilhas leva acabo, pelo segundo ano consecutivo, emDezembro, uma acção especial derecolha de pequenas quantidades depilhas e acumuladores usados dirigida atodos os Ecoparceiros que tenham emseu poder entre um e três pilhões cheios.«Desta forma damos apoio a todosos nossos Ecoparceiros que, apesarde contribuírem activamente para arecolha de pilhas e acumuladoresusados não conseguem atingir omínimo estabelecido de quatropilhões cheios (100kg) para solicitaruma recolha», explica Eurico Cordeiro.Outra das apostas da Ecopilhas consisteno lançamento de campanhas desensibilização com o objectivo de chamarà atenção não só para as pilhas usadasesquecidas em casa, mas também paraa diversidade de acumuladores existenteem todos os equipamentos que fazemparte do dia-a-dia: baterias de telemóvel,de computador, de câmaras de vídeo,entre outros, e que são igualmente paracolocar no Pilhão.

Desde 2004 foram recolhidas em média por ano 14 milhões de pilhas51,7 Milhões de pilhas enviadas para reciclagem

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Tratar as Pilhaspara Protegero Ambiente!

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Um forte investimento em infra-estruturas de abastecimento de água,saneamento básico, tratamento deesgotos, despoluição e renaturalizaçãode ribeiras permitiu ao município deGaia atingir a excelência da qualidadedas águas e a conquista da bandeiraazul em todas as praias. FernandoFerreira, director do Centro deEducação Ambiental das Ribeiras deGaia, tutelado pela Águas de Gaia, EM,explica nesta entrevista em que medidao CEAR interage com a população ese afirma como pólo aglutinador dasquestões ambientais.

A empresa municipal Águas de Gaiaconseguiu em 2006 umaperformance macroeconómica aonível das melhores empresas dosector da Europa. Qual é a chavepara o sucesso.Em 1998 houve uma alteraçãorelativamente profunda no modelo degestão na área da Água e Saneamento.Esta estratégia foi delineada pelomunicípio de Gaia e houve umatransformação naquilo que eram osserviços municipalizados na empresamunicipal Águas de Gaia. Estaestratégia de gestão permitiudesenvolver um conjunto de infra-estruturas absolutamenteindispensáveis para que pudéssemos

neste momento situarmo-nos à frentenaquilo que é a gestão de águas esaneamento. Foi com base nisso queconseguimos atingir excelentespatamares, tanto na gestãooperacional, nas infra-estruturas, comotambém na gestão da própria empresa.

A água de Gaia é uma água comqualidade, mesmo para consumo?Sim. A questão da qualidade da águapara consumo tem que ser vistasegundo dois prismas. Primeiro, aprodução não é da responsabilidadedas Águas de Gaia, porque a água éadquirida à empresa inter-municipalÁguas do Douro e Paiva que abastecetoda a zona da Área Metropolitana doPorto. Nós temos o controlo daqualidade da água na distribuição e agarantia que podemos dar é que sãocumpridas todas as análises exigidaspor lei e, por isso, posso dizer-lhe quea água distribuída em Gaia é deexcelente qualidade, em termos deabastecimento. Além da água paraconsumo, podemos falar também daágua balnear. Gaia orgulha-se de ser omunicípio com mais bandeiras azuis dopaís. Temos 17 praias com bandeirasazuis, ou seja, todas as zonasbalneares de Gaia têm este galardão,que é um símbolo de qualidade de todo

o sistema de gestão das praias. Talcomo aconteceu este ano, em 2008todas as praias de Gaia vão hastear abandeira azul.

E como se chega a este patamaronde todas as praias de Gaia sãoconsideradas dignas de bandeiraazul?Isto no fundo representa a históriadaquilo que é a empresa desde o finalda década de 90. Era preciso definir asestratégias e a aplicação dosinvestimentos que estavam àdisposição, dentro daquilo que é oorçamento do município e dentro dosfundos comunitários a que se poderiarecorrer. A estratégia do município foimuito clara: apostar em questõesfundamentais, como as estruturas desaneamento e, por isso, desde 1998 oinvestimento foi muito canalizado paraeste sector. Nós só podemos ter praiascom bandeira azul, se tivermos osaneamento, o esgoto recolhido etratado. Depois foram construídas cincoEstações de Tratamento de ÁguasResiduais, que estão a funcionar bem,e ainda cerca de 1200 quilómetros decolectores e 150 quilómetros deemissários. Não vale a pena termospassadiços, nem muita gente na praiase não pudermos oferecer qualidade,

Excelência azul e verde

Engº Fernando FerreiraDirector do CEAR

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e essa qualidade não é conseguida setivermos esgotos nas ribeiras mastendo uma água balnear de excelentequalidade.

O Centro de Educação Ambientaldas Ribeiras de Gaia (CEAR) era umcentro imprescindível para omunicípio?O CEAR é uma peça fundamental parao município de Gaia. Desde já, porquefazer coisas não é fácil, mas fazem-sehavendo os recursos disponíveis. Masqueremos ir, paulatinamente, educandoe sensibilizando as pessoas paraalgumas questões, para isto não bastahaver meios para atingir essesobjectivos. É preciso interagir com osmunícipes, criar uma interligação comas escolas. E, nessa perspectiva, ocentro funciona como pólo aglutinadordas questões de sensibilizaçãoambiental. Neste momento temos nocentro, além das cerca de oito a dezmil pessoas que nos visitam todos osanos, uma campanha de parcerias comescolas do 1º e 2º ciclos e jardins-de-infância que fazem com quepraticamente estejamos em contactopermanente e há parcerias que estãorelativamente contratualizadas deforma a que essas escolas tenham aquitoda a disponibilidade para asrecebermos.

As escolas aderem aos projectos doCEAR?As escolas estão muito sensíveis paraisso. No fundo, essas oito a dez milvisitas são de escolas, visitasprogramadas. Nós também temos umconjunto de programas que estãoespecialmente vocacionados para asescolas, designadamente o ProgramaPedagógico das Ribeiras (PPR). Paranós é um PPR ambiental. Isto édestinado a crianças dos 3 aos 10 anose é um programa que tem tido umaadesão muito grande. Os objectivosdeste programa correspondem aosobjectivos fulcrais da EducaçãoAmbiental: incutir hábitosambientalmente correctos, reconhecer

a importância das questões ambientaise respeitarmos a natureza, identificarno nosso comportamento diário o quepode interferir com o ambiente. Temosoutro programa destinado a criançasdo 2º e 3º ciclos que é o Programa deEducação Ambiental das Ribeiras deGaia, em que os conteúdos já são umpouco mais trabalhados e comconteúdos científicos mais próprios:promover o conhecimento da fauna eda flora do ecossistema ribeirinho,demonstrar a importância dabiodiversidade para o equilíbriosustentado das questões ambientais;evidenciar a importância dosaneamento para preservarmos aqualidade da água das ribeiras. Nóstambém procuramos, nestes contactoscom as escolas, que as crianças sejamum veículo de comunicação das nossasideias para as famílias. E, nesseaspecto, estes programas tiveram umaimportância muito grande: houve umaaltura em que poucas pessoas nãotinham a casa ligada ao saneamento ehouve necessidade de incentivar a fazeressas ligações e foi também com acolaboração destes programas e doCEAR que conseguimos atingir umataxa de cobertura de saneamento daordem dos 90%.

Que balanço faz dos programas?Fazemos um balanço muito positivo.Obviamente que há sempre algumtrabalho ainda para fazer. Mas é umbalanço positivo, porque sentimos quehá receptividade por parte das pessoasa quem queremos chegar com a nossamensagem. Com as escolas as coisastêm corrido bastante bem. Fizemos, aolongo de 2007, cerca de trinta parceriascom escolas do município. Temosvisitas que já excedem os limites donosso município, por exemplo, háquinze dias tivemos uma escola doPorto que trouxe 150 crianças avisitarem o Centro. Temos crianças quevêm de Santa Maria da Feira, de S.João da Madeira. É uma cobertura quese vai estendendo além do município.O número de visitantes anualmente tem

crescido. O Centro abriu em 2002 epodemos dizer que temos vindosempre a crescer. Tentamos tambémcriar novas iniciativas, para que se torneinteressante visitar o Centro mais queuma vez, para não ser sempre repetitivoe para que o Centro tenha capacidadede responder àquilo que as criançasquerem. Temos também programas deVerão, colaboramos com o programaCiência Viva, que nos permite fazerintercâmbio com outras instituições, demodo a optimizarmos os nossosrecursos e a estarmos sempre a umnível bastante bom de conhecimentosnesta área.

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A dinamização de uma políticaenergética local, a promoção dagestão de energia e das energiasrenováveis constituem a génese daEnergaia – Agência Municipal deEnergia, criada em 1999, por iniciativada Câmara de Gaia, e constituída portreze associados de diversas áreasde actuação da sociedade,designadamente administração local,educação, transportes e energia.Nesta entrevista, o presidente do CAda Energaia, Joaquim Borges,Gouveia fala dos benefícios daracionalização energética e avançacom algumas recomendaçõespráticas para poupar energia epreservar o ambiente.

Quais são as competências efunções da Energaia?Uma primeira tem a ver com apromoção da eficiência energéticanos mais diversos locais eactividades. Em segundo lugar, aintrodução das energias renováveise a sensibilização da população esobretudo dos mais jovens para estas

questões do ambiente e da energia.Relativamente à eficiência energéticatemos vindo a promovê-la nosedifícios públicos, como a Piscina daGranja. Por exemplo, a redução doconsumo da energia eléctrica fazendoum contrato mais adequado, fazendocom que o aquecimento não sejaeléctrico, mas através de energiasrenováveis.

Acha que as pessoas estão, defacto, sensibilizadas para apoupança de energia?O que acontece é que nos últimosdois anos tem começado a havercampanhas mais intensas.Provavelmente, no próximo anovamos ter campanhas massivas depoupança de energia, para aeficiência energética, como a troca delâmpadas, a questão do contador bi-horário, a própria questão dapossibilidade do consumidor/produtor.Todo um conjunto de situações queestão a dar a volta. Quando falamosem energia, falamos em hábitos quenós temos e que são quotidianos.Ora, mudarmos as nossas formas deactuar não é fácil, mesmo na nossaprópria casa.

Em termos de energias renováveiso que existe em Gaia?Em Gaia, fundamentalmente temosa energia solar térmica, o biogás e,provavelmente, há uma outra terceiraforma, que é a energia fotovoltaica,que serve para produzir directamenteelectricidade. O que podemos pediré que a produção de energia cresçasobre as renováveis.

E é essa a linha de pensamento aseguir?É. Mas também há uma outra linha:aquilo que estamos a utilizar, que outilizemos melhor. Mas isto é trabalhonos consumidores, a nossa mudançade pensamento. Este tipo dequestões passa por umareorganização não só da nossamaneira de estar, mas também daquantidade de deslocações quefazemos por ano, por isso éimportante que os serviçosdigitalizados de uma autarquiapermitam que em casa possamosfazer tudo.

A Energaia, juntamente com a EDVEnergia, promove o programa

Poupar energia é apostar no futuro

Prof. Dr. Joaquim Borges Gouveiapresidente do CA da Energaia

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Ecoempresas. Desde quando ofazem e em que consiste?Há cerca de quatro anos que oprograma iniciou, em parceria com asassociações comerciais eempresariais dos concelhos, paradefinir um conjunto de empresas epara elas fazer a análise dosconsumos e ver que soluções seriammais favoráveis.

E como foi a aceitação dasempresas?A aceitação das empresas é sempreinteressante, numa primeira fase,quando não há custos para asempresas. Quando têm que fazerinvestimentos, começam a ter algumadificuldade; há umas que fazem eoutras que não. Tal como houveempresas que, a partir daqui,desenvolveram negócios nessa área.

Em relação à questão do biogásque foi algo que foi aprovado noaterro de Sermonde. A Energaia

liderou um estudo em que avaliavao processo energético e aviabilidade económica dumavalorização, bem como um estudosobre a produção de electricidadee calor através do biogás. Quais asprincipais conclusões a quechegaram?O objectivo do estudo foi, em conjuntocom a Suldouro, analisar apotencialidade da produção do biogásno aterro. Foi detectado que havia umaoportunidade, porque o aterro podiaproduzir biogás em quantidade suficientepara instalar, numa primeira fase, umMegawatt, e agora outro. Tambémfizemos a análise do ponto de ligação àrede, porque para produzir energiaeléctrica é preciso podê-la injectar narede e, a partir daí, poder vendê-la à EDP.Fez-se a instalação, o ponto defuncionamento e fomos fazendo aanálise dos resultados que foram sendoobtidos. E que têm sido tãointeressantes que, ao fim de ano emeio, tomaram a decisão de introduzir

um novo grupo, até porque a quantida-de de biogás que o aterro produzia per-mitia essa possibilidade.

Que pequenos acções podemosfazer para poupar diariamente?O stand by (dos aparelhos electrónicos);a troca de lâmpadas por lâmpadaseficientes, tomar banhos mais curtos;ao pôr-do-sol ou um pouco antes fecharas janelas e as persianas; calafetarportas e janelas; fazer menos kms como automóvel; cozinhados não tãolongos; não fazer muitas lavagens damáquina; escolher electrodomésticoscom classes superiores.

Como vai ser o futuro energéticoaqui no concelho de Gaia?Há que incentivar a progressão dasenergias renováveis, quer a energiasolar, quer a biomassa. A redução dosconsumos energéticos e de energiaeléctrica de iluminação pública vai terque ser obrigatório, que são estesprogramas que estamos a avançar.

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As 180 mil toneladas de lixo que os440 mil habitantes de Vila Nova deGaia e Santa Maria da Feiraproduzem são tratados pela Suldouro,Valorização e Tratamento deResíduos Sólidos Urbanos, SA.Loureiro Campos, administrador-delegado desta empresa criada em1996, explica nesta entrevista o planode intervenção durante os dez anos:encerramento e requalificação daslixeiras de Vilar de Andorinho eCanedo, um Aterro SanitárioControlado para tratamento deresíduos não perigosos emSermonde, um Sistema de RecolhaSelectiva que abrange os doismunicípios, constituído por uma vastarede de eco pontos e eco centros,uma Estação de Triagem e umaCentral Termoeléctrica para produçãode energia a partir do biogásproveniente do aterro. Até 2009, anoem que esgotará a capacidade doaterro sanitário, a Suldouro vaiconstruir uma Central de Valorizaçãode Resíduos Orgânicos por DigestãoAnaeróbica e outra de Produção deEnergia a partir do biogás resultanteda Digestão Anaeróbica.

Quais são as competências daSuldouro?

A nossa missão é tratar os resíduosdos concelhos de Gaia e Santa Mariada Feira, que são os principaisaccionistas, e valorizá-los o maispossível. Fazemos também a recolhaselectiva de resíduos de embalagensnos dois concelhos, através de cercade 1300 eco pontos. Tambémfazemos a separação dos materiaisrecolhidos em eco ponto, fazemos aseparação, eliminámos os produtosque são prejudiciais à sua reciclagem,emparedámos e vendemos aretomadores da Sociedade PontoVerde, com quem temos contrato.Ligado ao aterro, temos de tratar queros influentes líquidos, o produtolíquido que resulta da formatação dosresíduos, o chamado lixiviado, queros gasosos, e depois umapercentagem mais reduzida deoxigénio e outros compostosgasosos. Além dos resíduos urbanosque os municípios deixam aqui, nós,mediante uma autorização especialdo Ministério do Ambiente, podemostambém depositar aqui resíduosindustriais banais, provenientes deprocessos industriais não perigosose que também nos dão um bomproveito.

A Suldouro foi muito criticada pela

população e pelas associaçõesambientalistas relativamente àpoluição feita. Como reage aosprotestos?Foi um processo complicado e eureconheço que há fases em que,devido às condições climáticas, detemperaturas, de humidade, com osventos, na periferia do aterro hápopulações que foram massacradascom mau cheiros.

Isso significa que já não são?Não, porque na realidade o grandefactor causador do cheiro é o biogás.Quando começámos a operar noaterro, em Março de 1997, o projectoteve as suas falhas, uma delas era,por exemplo, o tratamento doslixiviados, que viemos a corrigir. Outroaspecto era a questão do biogás. Oslivros têm modelos técnicos parafiguração de tratamento de biogás, derecolha de biogás, de quantidades,simplesmente o que acontece é queo lixo é todo diferente, de zona parazona. E a bibliografia que existia, naaltura, era estrangeira. E, ao longodos anos, é que vamosaperfeiçoando, é que vamosganhando conhecimento, vamosfazendo uma certa investigaçãoprática, uma investigação aplicada e,agora, dominamos o processo.Quando instalamos o primeiro motorde biogás, em Setembro de 2004, as

Tratamento de lixo valorizado em 2009

Engº Loureiro Camposadministrador-delegado da Suldouro

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reclamações de mau cheirobaixaram. A partir de Abril deste anoainda baixaram mais, com ainstalação do segundo motor.

Falou-se na comunicação socialque 2006 era a data prevista para oesgotamento do aterro. Mas foialgo que não se verificou.Não tínhamos nenhuma data prevista,excepto uma coisa: que nós iríamosencerrar o aterro quando o aterroestabilizasse à quota de 110. Jáchegámos, mas não estabilizamos. Oque acontece é que os resíduos vãoassentado, porque sai água, saibiogás, há decomposições e,portanto, ainda não estabilizou. Em2009, esgotamos o aterro.

E o que acontece quando o aterroesgotar?Esperemos que até lá façamos duascoisas importantes: uma delas éestudar a localização de um novoaterro e defini-la com os doismunicípios. O segundo ponto é fazerum estudo de impacto ambientaldesse novo aterro para ser lançado oconcurso público para a construçãodo novo aterro e avançar com isso.

O próprio Ministério do Ambientechegou a falar, no início do ano, dapossibilidade da construção de umnovo aterro que servisse Gaia eSanta Maria da Feira. Este projectoteve desenvolvimento?Em 2004, nós, juntamente com umaempresa que é a SUC (SistemaUnificado de Controlo), que faz otratamento dos resíduos em Coimbra,Aveiro, estudámos uma soluçãoconjunta que era interessantíssima:juntávamos as duas empresas eíamos para uma solução deincineração, tratar os resíduos porincineração.

E qual é a diferença entre o queexiste agora e uma incineradora?É uma diferença enorme, como da

água para o vinho. É um saltoqualitativo enorme. É uma soluçãoque não é inédita no nosso país. Asvantagens são muito grandes: nãotem impacto ambiental, como tinha háanos atrás; os sistemas de filtragemsão eficientíssimos. E tem umavantagem enorme: produz energia.

E a termos uma incineradora, ondeseria a sua localização?Pensava-se que na zona de Águeda,isto em 2004. Mas o Ministro doAmbiente Luís Nobre Guedesdefendia o tratamento mecânicobiológico no tratamento dos resíduose chumbou a nossa incineradora. Noano seguinte, em 2005, o ministroNunes Correia também chumbou anossa solução conjunta deincineradora. E o que acontece é quenós temos que ir para um novo aterrocom um tratamento desses. Temosque fazer uma unidade de demoliçãoorgânica, uma parte será com otratamento mecânico biológico.Teremos que reforçar a triagem e a

recolha selectiva.Acha que as pessoas estãosensibilizadas para as questõesambientais?As nossas percentagens dereciclagem têm aumentadofortemente, também porquepartimos de valores muito baixos.Nos plásticos estamos com 22% porano, no vidro, com 5 ou 6% ano, eno papel, à volta dos 18% por ano.Começámos a ter uma consciênciaambiental muito mais elevada. Amensagem tem que ser esta:reciclar, separar. Mais importanteque isso é reduzir! Esta é que temque ser a palavra-chave

Além de reduzir que outrospequenos actos podemos ter nonosso dia-a-dia para ser maisamigo do ambiente?Podemos usar lâmpadas deconsumo económicas. Arranjar astorneiras em casa quando começama pingar. Coisas pequenas quefazem a diferença.

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Educação Ambiental em Gaia

Eu tenho um sonho.O meu sonho é que um dia a minhacidade vai ser a mais ecológica doMundo.Na minha cidade há ecopontos emtodas as ruas e toda a gente recicla olixo, no ecoponto azul põe-se papel ecartão, no amarelo plástico e metal, noverde o vidro e no pilhão as pilhasusadas.A camada de ozono está a ficar danificadae o sol está mais forte, o que provocadoenças ao ser humano e derrete o gelodo Pólo Norte. Mas, no meu sonho, acamada de ozono não está danificada,porque as pessoas andam de bicicleta,não há carros e as fábricas têm umescudo protector que transforma apoluição em electricidade.No meu sonho, as praias estão limpase o rio Douro é o rio mais limpo doMundo, porque na minha cidadenenhuma pessoa nem nenhuma fábricadeita lixo para as águas.No meu sonho, a minha cidade temmuitos jardins com árvores enormes elindas flores que ajudam a purificar o ar.Eu gosto muito de viver na minha cidade,GAIA, e desejo que um dia Gaia seja aminha cidade de sonho.

Pedro EnnesEB1 de Cabo-Mor

“Educação” Ambiental em Gaia

A educação é muito importante quer paraas pessoas quer para o ambiente. Deladepende o bom relacionamento entreas pessoas e o bom ambiente.Todas as pessoas devem ser educadase disciplinadas para se respeitaremumas às outras. As pessoas educadastambém devem preocupar-se com omeio ambiente, isto é respeitá-lo. Esterespeito significa uma melhoriaambiental que se consegue com aeliminação dos chamados resíduospoluentes. Para este fim temos querecorrer à reciclagem dos produtossólidos. O vidro, o papel, o metal e oplástico são resíduos perigosos e dedifícil decomposição, pelo que devemser depositados nos respectivoscontentores.Se todos procederem assim acabamospor mostrar que somos educados erespeitadores do ambiente que serámais puro e saudável.

João Nuno AlmeidaEB1 Cabo-Mor

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