Revista do Meio Ambiente 11

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Edição 11 da Revista do Meio Ambiente

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2007 - SETEMBRO - EDIÇÃO 011 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 1

Editorial

Por Vilmar SidneiDemamam Berna*

s informações am-bientais chegam àopinião públicaatravés dos veículos

da chamada Grande Mídia,não especializada em meioambiente, e dos veículos daMídia Ambiental, sejam insti-tucionais, que refletem as opi-niões e informações de umadeterminada organização, ounão-institucionais, que procu-ram mostrar diferentes ângu-los da questão. Apesar das di-ferenças, inclusive ideológicas,tratam-se de mídias comple-mentares. Os veículos daGrande Mídia dispõem de re-cursos que a mídia ambientalnão tem, por exemplo, na co-bertura de um grande aciden-te ecológico, quando o inte-resse dos veículos não especi-alizados dura o tempo em queo problema ambiental perma-nece visível. Já a mídia ambi-ental tende a manter o assun-to na pauta mesmo depois depassado o problema, oferecen-do à opinião pública uma aná-lise mais aprofundada sobre asconseqüências, responsabilida-des, desdobramentos.

A informação ambiental dequalidade e em quantidadesuficiente é ferramenta indis-pensável para a formação emobilização da cidadania am-biental. Por outro lado, infor-mação ambiental deficiente,mentirosa, incompleta, podelevar à desmobilização da ci-dadania.

Quanto ao aspecto ideoló-gico, a diferença entre diferen-tes mídias pode ser enorme.Os veículos da Grande Mídiasão de propriedade de pou-cas famílias e tendem a repro-duzir o pensamento do mo-delo econômico dominante. Jáa mídia ambiental está mais li-

A

A importância damídia ambiental

gada à resistência social, à de-núncia, à crítica, à oposição aeste modelo dominante. Exis-tem exceções em ambos oslados, mas que apenas confir-mam as regras.

Entre os veículos da mídiaambiental, por sua vez, existemaqueles que focalizam em suapauta mais os aspectos da na-tureza, seja suas agressões oubelezas, outros veículos foca-lizam mais os aspectos produ-tivos como gestão ambiental,tecnologias, legislação, licenci-amento, e outros ainda os as-pectos sociais e políticos. En-tão, mesmo entre os veículosda mídia ambiental, existe umacomplementaridade entre eles.

O desafio é como sobrevi-ver sem recursos diante de umasociedade que, apesar de pre-cisar de informação ambientala fim de fazer escolhas melho-res entre as diferentes alterna-tivas, não se dispõe, pelo me-nos ainda, a comprar esta in-formação, seja nas bancas sejaatravés de assinaturas? Este

desafio tem sido enfrentadodia a dia pelas mídias ambien-tais e cada uma tem buscadoseu caminho de sobrevivên-cia, sempre com muita dificul-dade, quase como uma missãode cidadania ambiental, umaespécie de apostolado.

Existem organizações da so-ciedade civil, geralmente com-prometidas com mudanças,que editam mídias ambientaisde distribuição gratuita, massão veículos que, apesar de im-portantes para democratizarinformações institucionais, es-tão comprometidos em divul-gar notícias e informações deinteresse das causas que defen-dem, constituindo-se em veí-culos limitados para o grandepúblico que não pertence atais organizações.

Resta uma pequena quan-tidade revistas, jornais, rádios,TVs e sites dedicados de for-ma plural à democratização dainformação ambiental, entre-tanto, somadas as tiragens, nãochegam a atender 10% da so-

ciedade brasileira. A mídia am-biental brasileira ainda é umailustre desconhecida da soci-edade em geral. Não é à toaque o pensamento dominan-te na sociedade ainda consi-dere a poluição e a degrada-ção ambiental como preços apagar pelo progresso. Apesar defalso, este pensamento temcontribuído para a desmobili-zação da cidadania e para a per-petuação do atual modelo do-minante.

A alternativa de financia-mento para a mídia alternativanão-institucional pode estarno acesso às verbas de publi-cidade dos governos federal,estaduais e municipais para acomunicação ambiental, comojá é feito com os veículos dachamada Grande Mídia não-especializada, incluída, atravésde suas agências de publicida-de, em seus planos de mídia.Também pode estar no finan-ciamento através da publicida-de de empresas líderes que,apesar de poluidoras, aceitamas críticas como inerentes aqualquer sociedade democrá-tica, e mesmo vêem nas críti-cas uma possibilidade de seanteciparem a problemas quepoderão gerar multas e perdasde produção.

* editor da Revista do MeioAmbiente, do boletim Notíciasdo Meio Ambiente e dow w w. p o r t a l d o m e i o a m b iente.or g.br .

Em 1999, foi o único brasilei-ro reconhecido pela ONU como Prêmio Global 500 da ONUPara o Meio Ambiente.

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2 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 011 - SETEMBRO - 2007

FUNDADORVilmar Sidnei Demamam Berna -Prêmio Global 500 da ONU Parao Meio AmbienteCONSELHO EDITORIALAmyra El Khalili , André Trigueiro,Aristides Arthur Soffiati, DavidMan Wai Zee, Flávio Lemos deSouza. Ricardo Harduim, RogérioRuschellPROGRAMAÇÃO VISUALLeonardo CiannellaVX STUDIO Soluções Criativas leonardo@vxstudio. com.brWEBMASTERLeandro Maia Araújo21 9606-2126leandromaiaaraujo @hotmail.comDIRETOR COMERCIALMurilo Continentino21 9142-9101comercial@rebia. org.br

ExpedienteCORRESPONDENTES• Juliana Radler (Internacional)21 2210-2192 [email protected]• Silvia Pereira - 21 2253-6682 / 8820-6682 / 9293-1884silviapereira8871 @oi.com.br• JC Moreira - 24 9812-2272 [email protected]órum de Debates da REBIAREBIA [email protected] CENTRO-OESTErebiacentrooestesubscribe@yahoogrupos.com.brModerador: Eric FischerREBIA [email protected]: Liliana PeixinhoREBIA NORTErebianortesubscribe@yahoogrupos.

com.brModerador: Evandro FerreiraREBIA [email protected]: Juliano RaramilhoREBIA SULrebiasul-subscribe@ yahoogrupos.com.br Moderadores: Paulo Pizzi* Os artigos assinados não traduzem ne-

cessariamente a opinião da Revista.

ASSINATURASPreencha o cadastro em http://www.rebia. org.br/JMA-Assinar/JMA -Assinar.asp ou o cupom na Revistaimpressa e após fazer o pagamentoda anuidade de R$ 70,00 comuniquea data e hora do depósito por emailvilmar@rebia. org.br. A Revista doMeio Ambiente é uma publi-caçãoda REBIA - Rede Brasileira de Infor-mação Ambiental - www.rebia. com -Organização da Sociedade Civil - O

S C , sem fins lucrativos, CNPJ:05.291.019/0001-58. Inscrição es-tadual e municipal: isentas - sede àTrav. Gonçalo Ferreira, 777 - Casa-rão da Ponta da Ilha, Bairro Juruju-ba, Niterói, RJ - Brasil - Telefax:(21) 2610-2272 / Presidente do con-selho diretor: Sérgio Ricardo Fer-reira Hard uim , biólogo e Educa-dor Ambiental editada em parce-ria com a ASSOCIAÇÃO ECO-LÓGICA PIRATINGAÚNA - Or-ganização da Sociedade Civil deInteresse Público - OSCIP (Proc.nº 08015.000703/2003-31 - Secre-taria Nacional de Justiça, 10 demarço de 2003, Diário Oficial daUnião de 17/ 03/ 2003 / UtilidadePública Municipal ( LEI 3.283 de04 de março de 2002) / CNPJ:03.744.280/0001-30 / Rua Maria Lu-iza Gonzaga, nº 217 - no bairroAno Bom - Barra Mansa, RJ - CEP:23.323.300

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Por Rodrigo Zavala *

que significa oconceito de susten-tabilidade e quais assuas implicações na

vida das pessoas e das organi-zações empresar iais? Essasquestões basearam pesquisarealizada pelo Grupo Ibope,divulgada na primeira semanade agosto, que fez um diag-nóstico de como o setor pri-vado incorporou valores ine-rentes aos negócios sustentá-veis. Resultado: embora a in-tenção exista, ela ainda não seconverte em comportamento.

Para analisar a opinião dacomunidade empresarial, oIbope Inteligência entrevistou537 executivos de 381 gran-des empresas brasileiras. E, pormeio das respostas, é possível

O

Valores ambientais nãose convertem em atitude

Comportamento

Embora o tema tenhaganhado maior projeçãonos últimos anos, não háexpectativa de mudançanos investimentos.

detectar paradoxos entre o quese entende como sustentávele o que realmente se faz parachegar a esse fim, principal-mente no que se traduz emquestões estratégicas.

Entre os exemplos estão osquatro critérios para definiruma empresa como sustentá-vel, apontados na pesquisa.Nessa questão, 92% dos exe-cutivos concordaram que pre-servar o meio ambiente é vi-tal para o processo, seguido decontribuir para o desenvolvi-mento econômico do Brasil(89%), investir em ações soci-ais (87%) e ter sucesso em lon-go prazo (83%).

“O fato de um número tãoalto concordar nesses tópicosmostra que eles entendem oconceito de triple bottom line(que designa o equilíbrio en-tre os três pilares - ambiental,econômico e social), que estána base de todos os novos ne-gócios”, argumenta o CEO do

Ibope Inteligência, NelsomMarangoni.

O responsável pela pesqui-sa, no entanto, afirma que, nacaracterização das empresas, osprincipais aspectos levantadosnão estão diretamente relaci-onados à responsabilidade so-cioambiental. Os entrevistadosconstataram como principaispreocupações ser ética (quetem mais a ver com práticasde combate ao preconceito ediscriminação), em 80%, pa-gar impostos (78%), respeitaros consumidores (73%) ecumprir as leis trabalhistas(72%).

Isso pode explicar, por ou-tro lado, outra conclusão doIbope: embora o tema tenhaganhado maior projeção nosúltimos anos, não há expecta-tiva de mudança nos investi-mentos. Os recursos a seremaplicados nas empresas terãocomo prioridades as áreas deatualização tecnológica, intro-

dução de novos produtos eserviços, ampliação das capa-cidades atuais e treinamentode pessoal. “Apesar de estaremem últimos lugares, a respon-sabilidade social e a ambientaltambém aparecem na lista.Mas, não como algo estraté-gico”, considera Marangoni.

Segundo o economista efilósofo, Eduardo Gianetti, apopulação em geral não temantevisão. Isto é, noção decomo suas ações no presenteirão impactar em um futuro acurto, médio ou longo prazo.“Sem isso, não há estratégia deação, tampouco implementa-ção”, critica. “Temos que terhumildade para reconhecernosso desconhecimento”.

* Rodrigo Zavala é editor res-ponsável do Gife (Grupo de Ins-tituições, Fundações e Empresas).

Fonte:www.envolverde.com.br

Por Flora Holzman

Gestão Ambiental

Desperdício é principal preocupação das empresas

edução de desper-dícios é a questãocentral entre os te-mas ambientais em

países como Brasil, EstadosUnidos, Itália, Alemanha eChina. O assunto supera a pre-ocupação dos empresár ioscom o uso de energias reno-váveis ou mais limpas e tam-bém a preocupação com o de-senvolvimento de produtos“verdes” ou ambientalmentecorretos. A saúde e a seguran-ça de empregados, consumi-

R

dores e fornecedoras são asprincipais motivações das em-presas quando indagadas o queleva as corporações a optar porpolíticas ambientais ou susten-táveis. Essas são as principaisconclusões de estudo indepen-dente realizado pela HarrisInteractive para a Dow Cor-ning Corporation com 957empresas das Américas, Euro-pa e Ásia.

O levantamento realizadocom 127 companhias brasilei-ras, 126 alemãs, 187 america-nas, 113 italianas, 293 chine-sas, 111 coreanas e 135 india-nas indica ainda que as pres-sões dos consumidores e dosgovernos são vitais para que asempresas adotem políticasambientais. Fatores ambientaise sustentabilidade também

têm forte influência sobre a es-colha de fornecedores em todosos países, mas principalmente naÍndia onde a metade das empre-sas consultadas declarou ser esteum aspecto crucial na escolha defornecedoras. A pesquisa, que en-volveu empresas do ramo daconstrução, eletrônicos, higiene,beleza e cuidados pessoais, auto-mobilística e têxteis, aponta queno Brasil, assim como na Euro-pa, os consumidores são consi-derados as principais molas pro-pulsoras das decisões ambiental-mente corretas, seguidos de per-to pelas ações das comunidadeslocais e do público em geral, en-quanto na Ásia 7 entre 10 em-presas avaliam que as pressões dosgovernos estão acima daquelasdos consumidores e, sem segui-da, dos fornecedores.

No caso das empresas asiáti-cas, pressões dos consumidorese do público em geral têm me-nor relevância. Nos EUA, pre-valecem as pressões dos consu-midores, mas estas são seguidasde perto pela mão do governo edos fornecedores. A redução dedesperdícios é considerada amenor preocupação entre os asi-áticos, onde 50% das empresaspriorizam o desenvolvimento deprodutos “verdes” ou ambien-talmente corretos.

A redução de CO2 e de ou-tros gases que causam o efeitoestufa e o aquecimento globaltambém aparece entre as quemerecem menos atenção dasempresas, na lista de prioridades.

Fonte: DiárioNet

Os consumidores sãoconsiderados asprincipais molaspropulsoras das decisõesambientalmentecorretas.

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Tirar do lixo materiais que podemser reciclados traz benefícios àsociedade e ao meio ambiente

Ecologia na Prática

Por Silvia Pereira *

Aquantidade de lixodomiciliar produ-zida no Brasil atu-almente é de 115

mil toneladas por dia. Se esselixo fosse colocado de uma sóvez em caminhões, haveriauma fila de 16.400 deles ocu-pando 150 quilômetros de es-trada. Em apenas três dias, essafila ultrapassaria a distânciaentre São Paulo e Rio de Ja-neiro.

Cerca de 30% de todo olixo é composto de materiaisrecicláveis como papel, vidro,plástico e latas. Tirar esses ma-teriais do lixo traz uma sériede vantagens. Uma delas é re-cursos naturais e de energiaque se faz com a reciclagem.Cada lata de alumínio recicla-da, por exemplo, economizaenergia elétrica suficiente paramanter uma lâmpada de 60watts acesa por quatro horas.E a reciclagem de 100 tonela-das de plástico evita o uso de1 tonelada de petróleo.

A coleta seletiva tambémdiminui o volume de lixo quevai para os aterros sanitários,aumentando sua vida útil eevitando que as prefeituras te-nham de gastar dinheiro coma construção de novos aterros.Outro ganho para a sociedadeacontece quando os materi-ais recicláveis são encaminha-dos para centrais de triagemmantidas por cooperativas decatadores, que têm ali um tra-balho mais digno do que vas-culhar recicláveis pelas ruas ouem lixões.

Saiba o que pode ser enca-minhado para a coleta seletivae o que deve ir para o lixocomum:

PapelSepare para reciclagem:— papéis de escritório, pa-

pelão, caixas em geral, jornais,revistas, livros, listas telefôni-cas, cadernos, papel cartão, car-

tolinas, embalagens longa-vida,listas telefônicas, livros

Jogue no lixo, pois não éreciclável:

— papel carbono, celofane,papel vegetal, termofax, papéisencerados ou palstificados, pa-pel higiênico, lenços de papel,guardanapos, fotografias, fitasou etiquetas adesivas

PlásticoSepare para reciclagem, re-

tirando antes o excesso de su-jeira:

— sacos, CDs, disquetes,embalagens de produtos delimpeza, PET (como garrafasde refrigerante), canos e tubos,plásticos em geral

Jogue no lixo, pois não éreciclável:

— plásticos termofixos(usados na indústria eletro-eletrônica e na produção dealguns computadores, telefo-nes e eletrodomésticos), em-balagens plásticas metalizadas(como as de salgadinhos), iso-por

VidrosSepare para reciclagem, re-

tirando antes o excesso de su-jeira:

— garrafas de bebida, fras-cos em geral, potes de produ-tos alimentícios, copos

Jogue no lixo, pois não éreciclável:

— espelhos, cristais, vidrosde janelas, vidros de automó-veis, lâmpadas, ampolas demedicamentos, cerâmicas,porcelanas, tubos de TV e decomputadores

MetaisSepare para reciclagem, re-

tirando antes o excesso de su-jeira:

— latas de alumínio (refri-gerante, cerveja, suco), latas deprodutos alimentícios (óleo,leite em pó, conservas), tam-pas de garrafa, embalagensmetálicas de congelados, folha-de-flandres.

Jogue no lixo, pois não éreciclável:

— clips, grampos, esponjasde aço, tachinhas, pregos e ca-nos

Um breve roteiro para ini-ciar o programa em comuni-dades como escolas, pequenasempresas ou condomínios

Como implantar a coletaseletiva

Implantar um programa decoleta seletiva não é compli-cado, mas é preciso planejarbem e implementá-lo corre-tamente. Do contrário, a chan-ce de dar errado é grande. Vejaabaixo alguns dos principaispassos para iniciar a coleta se-letiva em uma comunidade,seja um condomínio, escola oupequena empresa. E veja tam-bém o roteiro completo paraimplantar o programa na car-tilha da Secretaria do MeioAmbiente de São Paulo(http://www.ambiente. sp.gov.br/EA/adm/admarqs/coleta.pdf ) ou no site do Ins-tituto GEA (www.institutogea.org.br/). O GEA fica nacidade de São Paulo e oferececonsultorias gratuitas — pes-soalmente, por telefone ou pore-mail — sobre implantaçãode programas de coleta seleti-va.

Planejamento— faça um levantamento

de quantas pessoas estão en-volvidas (moradores, alunos,funcionários)

— verifique a quantidadede lixo gerada diariamente edetermine um local para ar-mazenar os materiais reciclá-veis até que sejam coletados

— determine para ondeserá encaminhado o materialreciclável: se será doado a umacooperativa de catadores, seserá vendido, quem virá bus-car e com que freqüência. Nãoinicie um programa de coletaseletiva sem saber antes para

onde vai encaminhar o mate-rial

— faça coleta seletiva ape-nas do material que puderencaminhar para reciclagem.Não adianta separar isopor oucaixas do tipo longa vida se acooperativa ou o compradornão tem para quem vendê-lose vai jogá-los no lixo comum

— elabore um programa decomunicação do programa decoleta seletiva e de mobiliza-ção da comunidade, para quetodos saibam como e por queparticipar

Implantação— compre os equipamen-

tos necessários— faça o treinamento das

pessoas envolvidas na coletaseletiva (pessoal da limpeza,por exemplo)

— inicie a campanha decomunicação e mobilização

— inaugure o programacom algum evento (festa, pa-lestra)

Manutenção— acompanhe a coleta, o

armazenamento e a venda oudoação do material reciclável

— faça um balanço perió-dico do programa e divulgueos resultados para a comuni-dade

— continue sempre a cam-panha de mobilização

Fonte: Instituto Akatu -www.akatu.org.br

Organização não-governa-mental sem fins lucrativos, oInstituto Akatu pelo Consu-mo Consciente foi criado em15 de março de 2001, no DiaMundial do Consumidor, noâmbito do Instituto Ethos deEmpresas e ResponsabilidadeSocial. O Instituto Akatu acre-dita que o consumidor cons-ciente tem poder de transfor-mar o mundo.

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Coleta seletiva nosnovos quiosques da Orla

Educação Ambiental

partir de outubro,os 24 novos quios-ques da orla cario-ca, que ficam em

Copacabana e no Leme, pas-sarão a contribuir com a co-leta seletiva, uma importantealternativa para amenizar oproblema do lixo na cidade eaumentar a vida útil dos ater-ros sanitários. Os detritos se-rão separados pelos quiosquei-ros em quatro recipientes, deacordo com o tipo de mate-rial: papel, plástico, metal evidro. Os recipientes ficam nosubsolo e serão colocados narua apenas no momento emque os caminhões passarempara retirá-los.

Por enquanto, apenas osnovos modelos de quiosqueestão aptos a realizarem a co-leta seletiva. “Os quiosquesantigos ainda não têm os con-têineres apropriados para rea-lizar a coleta, mas alguns qui-osqueiros demonstraram inte-resse e já estamos providenci-ando para que eles possam fa-zer parte do projeto e ter seusmateriais recolhidos para re-ciclagem”, garante João Mar-cello Barreto, vice-presidenteda Orla Rio.

A coleta será realizada umavez por semana pela Associa-ção de Seleção e Comerciali-zação de Materiais Recicláveisdos Catadores da Rocinha,que vai comprar o material daOrla Rio, empresa que admi-nistra os quiosques. A expec-tativa é que sejam recolhidos,em média, 300 quilos de lixopor mês em cada plataforma.Espera-se, ainda, que esse vo-lume aumente em média 50%no verão, já que com a chega-da do calor o consumo nosquiosques cresce e, com isso,aumenta a produção de resí-duos, como as latinhas de alu-

Amínio.

A coleta seletiva não é no-vidade nos quiosques da orlacarioca. O recolhimento demateriais foi feito pela primei-ra vez pela Seletiva Ambientalnos quatro primeiros quios-ques de Copacabana a ter anova estrutura, Bar Luiz, Ca-feteria Nestlé, Caroline Cafée Pizzaria Rainbow, no perí-odo de junho a dezembro de2006. Os quatro quiosquesproduziam em média 300 qui-los de lixo por mês, que eramdoados para a Associação deSeleção e Comercialização deMateriais Recicláveis dos Ca-tadores da Rocinha. “Com olançamento de mais 20 qui-osques, a coleta seletiva teveque ser readaptada. Agora, aoinvés de doar os resíduos dosquiosques, os materiais serãovendidos para a cooperativa,que também é responsávelpela coleta e faz a revenda domaterial para indústrias. Comisso, esperamos excelentes re-sultados”, diz João Marcello.Ainda de acordo com o vice-presidente da Orla Rio, osquiosqueiros também serãobeneficiados por esse novoformato, já que será abertauma conta-corrente para queo dinheiro arrecadado com avenda de resíduos para a coo-perativa seja depositado. Cadaquiosqueiro poderá descontaressa quantia da taxa paga àComlurb para destinação finaldo lixo.

A cooperativa de catadoresda Rocinha existe desde 2002e recebe uma média de 180 a200 toneladas de resíduos pormês e esse número aumentano final do ano, chegando aquase 300 toneladas. “A novaparceria com a Orla Rio seráinteressante para nós porqueé sempre uma forma de con-

seguir mais material. Com esseaumento, poderemos contra-tar mais pessoas para agilizaro trabalho. Hoje a cooperati-va conta com 25 cooperados”,explica José Carlos, presiden-te da Associação, que vende omaterial para empresas quefazem reciclagem de lixo.

Além da geração de empre-gos, a coleta seletiva nos qui-osques vai beneficiar o meioambiente já que reduzirá ovolume de lixo despejado noaterro de Jardim Gramacho,que recebe diariamente cercade nove mil toneladas de de-tritos e está saturado. O lixo éum dos principais problemasgerados pela sociedade e odestino final dos resíduos pro-duzidos pelas cidades se cons-titui no grande dilema com oqual se defrontam o poderpúblico, ambientalistas e estu-diosos do assunto.

Saiba mais sobre a coletaseletiva

A coleta seletiva está defi-nida na Lei Municipal de Lim-peza Urbana nº 3.273, de 06/09/2001. Segundo essa lei,caberá à população separar o

lixo em casa. A coleta seletivaporta a porta é realizada pelaComlurb uma vez por sema-na, no mesmo horário e diasalternados da coleta regular. Omaterial a ser ofertado deveestar acondicionado em sacostransparentes para melhoridentificação dos materiais se-parados potencialmente reci-clável (papel, papelão, metal evidro), evitando a mistura delixo com matéria orgânica oumateriais não recicláveis. Oserviço de coleta seletiva éexecutado por caminhões, es-pecificamente preparados, pin-tados na cor cinza grafite, como símbolo internacional dareciclagem.

Outra opção aos morado-res é entregar o material, de-vidamente separado, a um pos-to de coleta ou cooperativa decatadores perto de casa.

Mais informações:Carol Oliveira - Assessora

de Imprensa - Monte CasteloIdéias (21) 2246-0804 / 8136-6462

[email protected]

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Louro José fala sobreaquecimento global

Educação Ambiental

O Louro José, da AnaMaria Braga, engrossa asfileiras de quem querfazer a sua parte pelasustentabilidade doplaneta e dá dicas paraque você seja tambémsustentável.

Oi Pessoal!Muita gente nãosabe, mas tem pe-quenas coisas que

podem ser feitas para se salvaro mundo! Com esse negóciode aquecimento global, eu tocomeçando a ficar com medode entrar em extinção e sumirpara sempre! A economia deenergia pode reduzir o aque-cimento, você sabia? Se cadaum fizer sua parte, a gente con-segue ir looonge!!! Será quevocê pode me ajudar?

Olha só as coisas queVOCÊ pode fazer:

• Tente diminuir a quanti-dade de lixo que você produztodos os dias. E nem precisofalar pra não jogar lixo no chão,né?

• Feche a torneira quandoestiver escovando os dentes. Aágua é um bem precioso edeve ser preservado!

• Use as máquinas de lavarroupa e louça somente quan-do estiverem cheias. Nada delavar só duas peças de roupa!Economize

• Prefira o uso de produtosbiodegradáveis. Sempre!

• Não jogue o seu lixo novaso sanitário! Você não ima-gina o problemão que isso dá!

• Essa vai para quem cozi-nha: Não jogue óleo de fritu-ra na pia.

• Dê carona para seus ami-gos, vizinhos e colegas de tra-balho. É até bom porque vocêvai ter com quem conversar!

• Desligue a luz quando não

estiver no ambiente, ou quan-do houver luz natural.

• Leve seus pneus usadospara oficinas e lojas que osencaminhem para a recicla-gem.

• Fale para as crianças res-peitarem sempre a natureza, fa-zendo-as cuidar de plantas eanimais dentro de casa. Isso éuma das coisas mais importan-tes!

• Pinte o interior de suacasa com cores claras, porqueelas refletem mais a luz, eco-nomizando energia elétrica.

• Descarte pilhas e bateriasem locais adequados.

• Evite abrir o forno a todahora para não aumentar o con-sumo de gás. Você também fazuma economia em casa!

• Acumule um bom volu-me de roupas antes de ligar oferro elétrico. Esse negócio depassar uma peça de roupa só éum desperdício imenso

• Secar roupas atrás da ge-ladeira gasta mais energia elé-trica.

• Cozinhar e ferver águacom a panela tampada é maisrápido e gasta menos gás.

• Uma latinha de alumíniopode ser reciclada inúmerasvezes. Você sabia disso?

• Limpe os filtros de ar-con-dicionado e hélices de venti-lador para economizar energiaelétrica.

• Essa presta bem atenção:Evite banhos demorados! Econtrole otempo dobanho de seusfamiliares!

• Não com-pre produtos pira-teados. Eles são ile-gais e sua produçãoconta com trabalho in-fantil e subemprego.

• Deixe o carro na gara-gem e use a bicicleta para pe-quenas distâncias. É até mais

saudável!• Prefira produtos que ve-

nham em embalagens recicla-das. Procure que voc~e vaiachar com certeza!

• Lave o carro com balde enão com mangueira.

• Jogue lâmpadas fluores-centes no lixo com a embala-gem para não contaminaremo ambiente com mercúrio seforem quebradas.

• Separe para reciclagem seulixo.

• Troque lâmpadas incan-descentes por lâmpadas fluo-rescentes, que gastam menosenergia.

• Evite desperdício de ali-mentos. Não preciso nem fa-lar, né?

• Deixe aranhas e lagartixasem paz. Elas são importantes

no controle de insetos.• Ande com o carro regu-

lado, com o escapamento e fil-tros de ar e gasolina em or-dem.

• Não jogue lixo em rios,lagos e oceanos.

• Use a escada se tiver quesubir ou descer um andar.

• Reaproveite o verso depapéis.

• Conserte pequenos vaza-mentos.

• Não compre animais sil-vestres sem autorização do Iba-ma. Isso é importantíssimo!

• Repasse todas estas dicase me ajude a conscientizar umpouco mais esse pessoal!

Fonte: http://anamaria-braga. globo.com/lourojo-se/aquecimento.htm

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Aquecimento global ameaça asaúde pública, alertamespecialistas

Ecologia Humana

O

A alteração climática setraduzirá em umaumento damortalidade e seuimpacto afetará,sobretudo, aos paísesmais pobres, advertiramos especialistas doIPCC. Doenças tropicaiscomo a malária ou adengue se propagaram,enquanto a diarréia, adesnutrição e as ondasde calor, os ciclones, assecas e as inundaçõestambém ficaram cadavez mais freqüentes. AOrganização Mundial daSaúde (OMS) afirmouque o aquecimentoglobal estavadiretamente vinculadocom o aumento naincidência da malária, adesnutrição e a diarréia.

impacto do aque-cimento globalsobre as doençascontagiosas se tor-nará um desafio

complexo para a saúde pú-blica mundial, indicaram es-pecialistas reunidos numaconferência médica em Chi-cago.

Este tema foi incluído pelaprimeira vez na Conferência

baseados na evolução das do-enças durante as últimas dé-cadas para entender bem orisco futuro, completou o es-pecialista.

Um exemplo disso seriamos casos de infecções com ovírus do Nilo Ocidental, queaumentaram exponencial-mente nos Estados Unidos eno Canadá desde 1999 namedida em que o clima maistemperado permite que omosquito, vetor da infecção,se multiplique.

Um modelo elaboradopara projetar a evolução damalária na África Ocidentalmanifestou que a incidênciada doença provavelmente di-minuirá nesta região na me-dida em que ela se torne cadavez mais quente e seca, o quedificulta o desenvolvimentodo mosquito portador do pa-togênico causador do mal.

Nos últimos 30 anos, aschuvas diminuíram 25% naÁfrica subsaariana, o que in-dica que a região “se encon-tra seguramente na primeirafase de um processo que sa-bemos caminhar para o des-locamento dos sistemas deprecipitações”, segundo Mc-Michael. “Não há nenhumarazão para pensar que não ve-remos mais alterações destetipo nas próximas décadas”,acrescentou, citando o últi-mo informe do Painel Inter-

anual sobre Agentes Antimi-crobianos (Isaac, em inglês)e foi abordado em um dosdiscursos de abertura de se-gunda-feira. O encontro, emsua 47° edição, reuniu emChicago, entre os dias 17 e20 de setembro, cerca de1200 médicos e pesquisado-res do mundo inteiro.

“O fato de que este temaesteja em um lugar de desta-que no programa desta con-ferência revela sua grande im-portância”, disse o médicoAnthony McMichael, doCentro Nacional de Epide-miologia e Saúde das Popu-lações da Universidade deCanberra (Austrália), que fezuma apresentação ao públi-co. “Há alguns anos, prova-velmente não teríamos abor-dado este tema, mas os indí-cios mostram que o aqueci-mento climático se produzmais rapidamente do quepensávamos há cinco ou dezanos”, acrescentou.

O impacto da mudançaclimática na saúde “será umimportante desafio e achoque deveríamos reunir maisdados (...) e adotar um enfo-que mais ecológico para com-preender as origens e a pro-pagação de doenças infecci-osas”, explicou McMichael.

O tema é complexo e exi-ge que se reúnam logo os da-dos para elaborar modelos

governamental de MudançasClimáticas (IPCC, em inglês),publicado neste ano. Segun-do o IPCC, a alta média pre-visível da temperatura do pla-neta daqui até 2100 está en-tre 1,8° e 4°C.

Colaboração enviada porAndréa Souza: [email protected]

s dez lugares mais po-luídos, que ficam emsete países, podemprejudicar a saúde de12 milhões de pesso-

as, provocando desde asma e ou-tras doenças respiratórias até de-feitos congênitos e a morte pre-matura, afirmou a entidade. Chinae Índia têm dois lugares cada umna lista. A Rússia também tem dois,e os outros quatro estão no Peru,na Ucrânia, no Azerbaijão e naZâmbia. “Esses lugares estão sugan-do a força das populações que oscercam, e não é preciso ciênciamuito avançada para resolver o pro-blema”, disse Richard Fuller, fun-

Poluição

Estudo lista os lugares mais poluídos do mundodador e diretor do grupo, numaentrevista coletiva.

Segundo ele, projetos simplesde engenharia podem tornar mui-tos dos lugares seguros para a saú-de, mas que frequentemente fal-tam vontade política, dinheiro ecapacidade técnica. O relatório listatambém os 30 lugares mais poluí-dos. Na América Latina, são cita-dos a Cidade do México, pela po-luição atmosférica, duas minas noPeru e a bacia Matanza-Riachue-lo, na Argentina. A cidade paulistade Cubatão, que constava da listados 30 mais poluídos em 2006, nãoaparece este ano. A bacia do rioMatanza-Riachuelo sai do oeste

de Buenos Aires e deságua no es-tuário do rio da Prata. O relatóriocita a contaminação de crianças porchumbo e por cloro, além de pro-blemas dermatológicos e respira-tórios. A poluição é causada porlixo industrial, pelo esgoto e porlixões à beira do rio.

Da lista dos dez mais poluídos,os que pertencem à ex-UniãoSoviética são Dzerzhinsk, um dosprincipais centros de armas quí-micas do fim da Guerra Fria, naRússia; Chernobyl, local do pioracidente nuclear da história, em1986, na Ucrânia; Norilsk, umcentro de mineração e fundiçãona Rússia; e a cidade de Sumgaiyt,

no Azerbaijão, onde a contamina-ção é por lixo industrial. Linfen,na China, fica no coração da in-dústria de carvão do país, que estáem expansão. Tianjin, por sua vez,é uma das maiores bases de pro-dução de chumbo da China. EmLa Oroya, no Peru, a mineraçãotambém provocou contaminaçãopor metais pesados, que afeta 99por cento das crianças, segundo olevantamento. Em Kabwe, naZâmbia, o problema é semelhan-te. Na Índia, os locais poluídos sãoSukinda, por causa da mineração,e Vapi, por lixo industrial.

Fonte: Reuters

O

Por Timothy Gardner

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8 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 011 - SETEMBRO - 2007

Fonte: Instituto Akatu*

Viajar:TUDO DE BOM

Ecoturismo

ma reportagem pu-blicada na ediçãode 1º de agosto de2007 na revista Veja

mencionou uma pesquisa re-alizada no Mar Mediterrâneopor estudiosos da Universida-de de Exeter, na Inglaterra. Oscientistas concluíram que cer-ca de 15 milhões de toneladasde resíduos, principalmentegarrafas e outras embalagensplásticas, são jogadas todos osanos nas águas do Mediterrâ-neo pelos turistas que visitamsuas praias. Cerca de 30% des-ses detritos permanecem visí-veis, enfeando uma das maisbelas paisagens do mundo. Os70% restantes vão para o fun-do do mar e provocam a mor-te de focas e tartarugas queconfundem os objetos plásti-cos com alimentos.

Esse é um dos graves aspec-tos negativos do turismo, umaatividade que deveria promo-

U

ver o bem-estar do viajante ede toda a comunidade que orecebe. De acordo com a Or-ganização Mundial do Turis-mo (OMT), o setor movimen-ta economicamente outras 42atividades, e, quando realiza-do de forma sustentável, geraum ciclo de impactos positi-vos sobre a economia, as rela-ções sociais, o meio ambientee sobre o próprio turista. Embusca desses aspectos benéfi-cos, a procura pelo turismosustentável não pára de cres-cer no Brasil e no mundo. Epor essa razão, cada vez maisviajantes estão levando na malao consumo consciente.

Como qualquer ato deconsumo consciente, um tu-rismo sustentável ocorre àmedida que o turista procuraminimizar os impactos nega-tivos e maximizar os positivos,considerando que qualqueração do homem atinge a to-dos e volta, de uma forma ououtra, para o próprio autor daação.

Os impactos positivos doturismo sustentável são mui-tos, e os mais conhecidos são a preservação da natureza, a

troca cultural com a comuni-dade receptora, a contribuiçãopara o desenvolvimento eco-nômico da região e a geraçãode emprego e renda, entreoutros. A exploração da ativi-dade turística também temefeitos sobre a questão social,pois gera necessidade de inves-timentos em educação formalpara criar mão-de-obra qua-lificada para atender aos visi-tantes.

Lucila Egydio, bióloga econsultora em ecoturismo, citaum exemplo concreto dosimpactos econômicos positi-vos que o turismo sustentávelpode gerar. Um grande núme-ro de pessoas interessados emviagens ecológicas provocou,por exemplo, o aumento donúmero de Reservas Particu-lares do Patrimônio Natural(RPPNs), que consistem empropriedades particulares comuma parte da área, contendovegetação nativa, preservada. Aimplementação das RPPNs évoluntária. Basta que o donodo imóvel se comprometa anão interferir naquele espaçoespecífico dentro de sua pro-priedade. Ocorre que muitosproprietários temiam se com-prometer a preservar uma áreado imóvel, receando perderárea produtiva de soja ou cana-de-açúcar, por exemplo. “Como crescimento do mercado doturismo ecológico, os agricul-tores viram uma forma de di-versificar a renda, e ao mesmotempo cuidar da natureza”, dizLucila.

A bióloga explica que, pararealizar uma viagem com omínimo de impactos possível,é importante que o turista,antes da partida, esteja cons-ciente de que somente a suapresença na região visitada já

será responsável por um au-mento de consumo de servi-ços, água e energia e de gera-ção de resíduos. Por isso, eledeve viajar já sabendo o quepretende fazer para minimizaros efeitos da pressão de seupróprio consumo. “É melhorque o viajante se preocupeantes do que ter que enfren-tar os problemas na hora”, ad-verte Lucila.

Por outro lado, um turis-mo insustentável pode causar,segundo Lucila, não só a de-gradação do ambiente, comotambém problemas socioeco-nômicos, como o aumento deprostituição, os preços inflaci-onados (que prejudicam a po-pulação residente no local) ea especulação imobiliár ia.Outro problema que podeocorrer é a degradação das re-lações sociais entre viajantes ea comunidade receptora. Se-gundo Lucila, isso acontecequando a comunidade senteque os turistas interferem de-mais na rotina do lugar ouquando os habitantes locaisnão percebem os benefíciosdesta atividade em sua cidade.Normalmente essa degradaçãovem acompanhada de um au-mento da criminalidade naregião, obrigando a prefeituraa empregar mais recursos pú-blicos em segurança, causan-do aumento de impostos oupiora de outros serviços. As-sim, a próxima visita àquelalocalidade fica mais cara emenos agradável para todos.

O que fazerPara auxiliar no planeja-

mento da viagem, é importan-te buscar informações sobre odestino visitado para saber atéque ponto a localidade com-porta de fato a presença dePor do sol no Rio Negro, em Manaus (AM) - VB

www.pegaleve.org.br

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2007 - SETEMBRO - EDIÇÃO 011 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 9

turistas. Algumas agências, nomomento de fechar o pacote,fornecem informações sobrea viagem como um todo e so-bre as características das comu-nidades visitadas, para orientaros clientes. O consumidorconsciente deve dar preferên-cia a essas empresas na hora deescolher de quem comprar opacote, de modo a estimular aagência a manter sua condutae incentivar outras a adotaremas mesmas preocupações.

Alguns sites também forne-cem boas dicas para auxiliar osturistas a fazerem escolhasconscientes e voltadas para asustentabilidade, como porexemplo os sites: www.ecoviagem.com.br e www.turismoreponsavel.com.br

Quem estiver interessadoem saber mais, pode usar a car-tilha com as “condutas cons-cientes em ambientes natu-rais”, lançada pelo Ministériodo Meio Ambiente, em2003. Ela contém dicas volta-das para o turismo ecológicoe o respeito ao meio ambien-te, mas vários tópicos também

estão ligados às particularida-des sociais e econômicas decada região.

Além disso, o Instituto deHospitalidade (IH) em parce-ria com o Ministério do MeioAmbiente, está implantando oPrograma de Certificação emTurismo Sustentável (PCTS).O programa vai atestar quehotéis e pousadas têm um de-sempenho mínimo e um sis-tema de gestão que atendemaos requisitos de sustentabili-dade.. Por enquanto, dez esta-belecimentos estão participan-do do primeiro processo decertificação. Esse será um ins-trumento importante para queo consumidor possa se infor-mar sobre a responsabilidadeambiental do local onde vai sehospedar.

Conduta Consciente deMínimo Impacto

Dicas extraídas da cartilha“Conduta Consciente emAmbientes Naturais”, produ-zida pelo Ministério do MeioAmbiente em 2003.

- Viaje em grupos peque-

nos de até 10 pessoas. Grupospequenos se harmonizam me-lhor com a natureza e causammenos impacto.

- Evite viajar para as áreasmais populares durante feria-dos prolongados e férias.

- Certifique-se que vocêpossui uma forma de acondi-cionar seu lixo (sacos plásticos),para trazê-lo de volta.

- Aprenda a diminuir aquantidade de lixo, deixandoem casa as embalagens desne-cessárias.

- O salvamento em ambi-entes naturais é caro e com-plexo, podendo levar dias ecausar grandes danos ao am-biente. Portanto, em primeirolugar, não se arrisque sem ne-cessidade.

- Mantenha-se nas trilhaspré-determinadas – não useatalhos. Os atalhos favorecema erosão e a destruição das ra-ízes e de plantas inteiras.

- Mantenha-se na trilha,mesmo se ela estiver molhada,lamacenta ou escorregadia. Adificuldade das trilhas faz par-te do desafio de vivenciar anatureza. Se você contorna aparte danificada de uma tri-lha, o estrago se tornará maiorno futuro.

- Bons locais de acampa-mento são encontrados, nãoconstruídos. Não corte nemarranque a vegetação, nem re-mova pedras ao acampar.

·Remova todas as evidên-cias de sua passagem. Ao per-correr uma trilha ou ao sair deuma área de acampamentocertifique-se de que esses lo-cais permaneceram como seninguém houvesse passado porali.

- Proteja o patrimônio na-tural e cultural dos locais visi-tados. Respeite as normas exis-tentes e denuncie as agressõesobservadas.

- Embalagens vazias pesampouco e ocupam espaço mí-nimo na mochila. Se vocêpôde levar as embalagens chei-as na ida, não vai ter dificulda-de em trazê-las vazias na volta.

- Não queime nem enter-re o lixo. As embalagens po-dem não queimar completa-

mente, e os animais podemcavar até o lixo e espalhá-lo.Traga todo o seu lixo de voltacom você.

- Não use sabão nem laveutensílios em fontes de água.

- Não construa qualquertipo de estrutura, como ban-cos, mesas, pontes etc. Nãoquebre ou corte galhos de ár-vores, mesmo que estejammortas ou tombadas, pois po-dem estar servindo de abrigopara aves ou outros animais.

- Resista à tentação de le-var “lembranças” para sua casa.Deixe pedras, artefatos, flores,conchas etc onde você os en-controu, para que outros tam-bém possam apreciá-los.

- Evite fazer fogueiras, elasenfraquecem o solo, enfeiamos locais de acampamento erepresentam uma das grandescausas de incêndios florestais.

- Ande e acampe em silên-cio, preservando a tranqüilida-de e a sensação de harmoniaque a natureza oferece. Deixerádios e instrumentos sonorosem casa.

- Trate os moradores da áreacom cortesia e respeito. Man-tenha as porteiras do modoque as encontrou e não entreem casas e galpões sem pedirpermissão. Seja educado ecomporte-se pois você estávisitando uma casa alheia.Aproveite para aprender algosobre os hábitos e a culturalocais.

- Prefira contratar os servi-ços locais de hospedagem,transporte, alimentação e ou-tros. Desse modo, você estarácolaborando para que os re-cursos financeiros permane-çam na comunidade.

- Tire apenas fotografias,deixe apenas suas pegadas,mate apenas o tempo e leveapenas suas memórias.

- Colabore com a educa-ção de outros visitantes, trans-mitindo os princípios de mí-nimo impacto sempre quehouver oportunidade.

Para ler a cartilha na íntegra, acesseem http://www.mma. gov.br/port/sbf/dap/como part.html

Lençóis Maranhenses - Maranhão

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As Melhores Empresas do Brasilem Gestão Socioambiental

Benchmarking

Por JC Moreira

programa Bench-marking AmbientalBrasileiro completa5 anos e comemo-

ra com livro e arte sua históriade sucesso. Em 2003 após umarápida enquete com aproxima-damente 300 empresas foiidentificado demanda peloBenchmarking Ambiental. Apartir daí, a MAISPROJETOSuma empresa de gestão e ca-pacitação socioambiental de-senvolveu um programa sobmedida para identificar, seleci-onar e compartilhar o melhordo conhecimento aplicadonesta área.

Nasceu assim uma iniciati-va independente apoiada pe-las principais entidades repre-sentativas do país. Com umametodologia inovadora e umacomissão técnica multidiscipli-nar renovada anualmente con-tabilizou números significativosde adesões, ou seja, selecionou111 modelos gerenciais de ex-celência de 97 instituições lo-calizadas em 12 diferentes es-tados do país. Este é o RankingBenchmarking, instituições egestores que são referencias eexemplos a seguir.

Este ano, o Ranking Ben-chmarking 2007 lançou o “Ben-chMais, As 85 melhores práticasem gestão socioambiental do Bra-sil” que traz os resumos doscases vencedores das edições2003 à 2006, artigos especiali-zados de 10 articulistas e pre-fácio do Dr. Paulo NogueiraNeto, professor titular eméri-to da USP e Presidente daCâmara Técnica de Biodiver-sidade e Fauna do CONAMA,considerado a memória viva doambientalismo brasileiro, e re-conhecido mundialmentepelo seu trabalho em defesa dodesenvolvimento sustentável.

O Livro BenchMais é or-ganizado pela Mais Projetos emassociação com o InstitutoEnvolverde e Ruschel e Asso-ciados. Com 5000 exemplares,uma tiragem significativa paraos padrões brasileiros, a edição

Ojá está esgotada pelo progra-ma de distribuição gratuitaque contempla as principaisuniversidades e entidades re-presentativas do Brasil e Por-tugal (46) que enviaram ade-sões, e também com exclusi-vidade ao publico presente noevento. “Este formato de distri-buição amplia a abrangência daproposta de compartilhamento doconhecimento aplicado, contribuin-do com o nivelamento técnico ge-rencial dos atuais e futuros gesto-res. Isto é responsabilidade social”,diz Marilena Lino de AlmeidaLavorato, organizadora do Pro-grama Benchmarking Ambien-tal Brasileiro

Categoria Menção Hon-rosa por ordem alfabética:

·Alcoa - GerenciamentoAmbiental nas obras do pro-jeto ALREF U2

·ArcelorMittal - O Valor daBiodiversidade da ArcelorMit-tal Tubarão

·AREVA - Eco-Atitude -Um passo para recuperação daágua

·Bayer - Escola Verde·Bradesco - Clickarvore e

Florestas do Futuro – Progra-mas de Reflorestamento eRecuperação da Mata Atlân-tica

·Consórcio Propeno - AImportância do Sistema deGestão Sócio-Ambiental naConstrução e Montagem emObras Petroquímicas

·Correios - Confecção deCaixas de Correspondênciacom Material Reciclado

· NPEV - CampanhaA Natureza Agradece

·Johnson - Resíduo: maté-ria-prima da transformaçãosocial

·Souza Cruz - Parque Am-biental Souza Cruz

·Vianorte - Neutralizaçãode Carbono em Posto de Pe-sagem de Veículos de Cargas

Mais Informações: www.benchmarkingbrasil.com.brwww.ruscheleassociados.com.br

Ranking 2007Categoria Premiada

por ordem alfabética: ·AGCO - Gestão Sus-

tentável de Recursos Hídri-cos: Reuso da Água

·Bayer- Cropscience -Bayer CropScience – Proje-to Biodiversidade

·Braskem - Projeto Eco-braskem

·Celulose Irani - Meca-nismo de desenvolvimentolimpo – Usina de co-gera-ção

·Copebras - Estudo daBiodiversidade

·Duke Energy - Contro-le de Plantas Aquáticas pormeio da manipulação domeio ambiente

·Duratex - ARM - Áreade Recuperação de Mate-riais

·Faber Castel - 15 anosProjeto Animalis – Conhe-

cimento e Conservação daFauna do Cerrado

·Itaipu - CultivandoÁgua Boa na Bacia Hidrográ-fica do Rio Paraná III

·Itautec - Plano Ambien-tal – Redução de Substân-cias Nocivas ao Meio Ambi-ente em Equipamentos deAutomação e Informática –Projeto ATM CX3

·Klabin - Programa deFomento Florestal Klabin:Semeando o Desenvolvimen-to Sustentável

·Philips - Aprendendocom a Natureza

·Sabesp - Gestão Partici-pativo no Processo de Trata-mento de Esgoto

·Souza Cruz - Geren-ciamento de Resíduos –Aproveitamento Energéticode Resíduo de Pó de Fumo

·Unimed - Programa Con-sumo Consciente Unimed

Dr. Carlos Alberto Arikawa

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A

300 ONGs ambientalistas doestado do Rio de Janeiro realizamcongresso e debatem desafios

Terceiro Setor

ssembléia Perma-nente de Entidadesem Defesa doMeio Ambiente do

Estado do Rio de Janeiro –APEDEMA – RJ reuniu re-presentantes de cerca de 300ONGs – organizações nãogovernamentais brasileiras noRio, de 21 a 23 de setembro.A iniciativa serviu para mos-trar a vitalidade da Apedema-RJ. Com o título Desafios e Pers-pectivas do Desenvolvimento, o 9ºCongresso daApedema colocou no centrodo debate projetosque mexem com a economiafluminense, como o Arco Me-tropolitano e o ComplexoPetroquímico do Rio de Ja-neiro (Comperj). Temas comomudanças climáticas, educaçãoambiental, recursos hídricos eAgenda 21 também estiveramna ordem do dia, num con-gresso diferente do de Brasí-lia: sem sessões secretas e es-cândalos políticos. Em outu-bro, uma nova reunião fará aeleição para o próximo man-dato da diretoria da Apede-ma.

“Isso aqui não é um deser-to verde de idéias”, fez ques-tão de afirmar Franklin Mat-tos, da ONG Grude e um doscoordenadores da ApedemaRJ. “Este foi o nosso maiorevento, propondo o diálogocom todos os setores da soci-edade”, completou MagnoNeves, do GDN, também nacoordenação dos trabalhos.“Antes diziam que os ambi-entalistas cabiam numa Kom-bi, hoje lotamos um auditóriopor três dias, num fimde semana, para discutir e tra-balhar pelo nosso futuro.”

Representante da ministraMarina Silva no encontro,Carla Matos falou da sua áreade atuação, a Agenda 21, e daimportância do fortalecimen-to das redes na construção dademocracia participativa. “Esteé o caminho, e hoje o meioambiente não é uma pauta sódos ambientalistas, mas de to-

dos.” Já a subsecretária da pas-ta no Estado do Rio, IsabelaMônica Teixeira, destacou acriação da superintendênciade mudanças climáticas e aobrigação de as empresas fa-zerem inventário de gases,além da vitória da aprovaçãodo ICMS ecológico. “As pre-feituras ficarão motivadas ainvestir no setor.”

Nos painéis sobre novosempreendimentos, o Comperjfoi apresentado como alterna-tiva de auto-suficiência doBrasil no setor petroquímico.O engenheir químico Rodri-go Pio, responsável pelo licen-ciamento do projeto da Petro-bras, explicou que a empresase cerca de cuidados para evi-tar maiores impactos na região.“Ocuparemos 30% da área de-sapropriada, que hoje está de-gradada e será reflorestada.”Rodrigo disse que, no país, eleainda é baixo (25 quilos porhabitante ao ano, contra 80quilos nos países ricos), masque o uso sustentável pode serfeitodeste agora.

Já ao falar sobre os impac-tos da siderurgia na Baía deSepetiba, em Itaguaí, o profes-sor Luiz Drude Lacerda, daUFF, defendeu o confinamen-to do material contaminadoexposto com a falência daIngá. “Sem oxigênio, os con-taminantes ficam acomoda-dos”, explicou, dizendo quehoje, após receber tanta águadoce, Sepetiba parece mais aLagoa de Maricá do que a Baíade Guanabara. Depois, ao fa-lar sobre a relação das empre-sas com o meio ambiente, disseque elas devem participar doprocesso como usuárias e nãoapenas como patrocinadoras.Drude saudou também a mo-bilização dos ambientalistas noRio de Janeiro. “Um exemplodisso é que as Apedemas doBrasil foram para o brejo e ado RJ continua.”

O encontro no Rio serviutambém para reunir militan-

ticas recebidas pela Cedae.José Miguel Silva, da Ecoci-dade, criticou a ineficiência dacompanhia de saneamento:“Não se pode elogiar umaempresa que joga fora meta-de da água que capta na natu-reza.” Vice-presidente do Co-mitê de Bacia da Baía de Gua-nabara, Miguel reclama que aCedae não paga pelo uso daágua no Rio Guandu e na baía.“E ainda consome 50% dosrecursos do Fecam.”

Miguel, conhecido pelabriga em defesa da desconta-minação da Cidade dos Me-ninos, em Caxias, tambémmostrou-se preocupado coma falta de pernas dos ambien-talistas para acompanhara quantidade de audiênciaspúblicas geradas pelo ArcoMetropolitano e pelo Com-perj. “São tantos EIAs e Ri-mas para estudar que todostêm que ajudar. Se juntar todaa Apedema, ainda será pouco.Não podemos ficar à margemdas discussões.”

Quem quiser acompanharo trabalho das entidades e asconclusões do 9º Congresso daApedema pode consultar o sitewww.congresso2007.apedema.org.br

Mais informações: Secre-taria Executiva da Apedema:Franklin Mattos (Grude) -7835 7373; José Miguel daSilva (Ecocidade) - 92920192; Magno Neves (GDN) -9236 9540

tes de ONGs e antigos cole-gas, hoje ocupantes de cargosde direção no executivo, comoRogério Rocco, superinten-dente do Ibama, e AndréIlha, presidente do IEF RJ. “AApedema parece um fênix quese renova”, disse André. “Àfrente do Ibama estamos nosesforçando para fazer o quecobrávamos na sociedade ci-vil. A revisão do projeto nasIlhas Cagarras é um exemplode que não fazemos consultassurdas à população”, comple-tou Rogério.

André Luz, da coordena-ção da Conferência Estadualdo Meio Ambiente, peloMMA, era outro ex-diretor daApedema presente. Segundoele, a reunião que está sendopreparada será uma novaoportunidade para a renova-ção dos debates. “O tema na-cional é a mudança climática,mas teremos dois temas esta-duais: o zoneamento ecológi-co econômico e a gestão par-ticipativa compartilhada.”

Por sua vez, o deputado es-tadual Carlos Minc, hoje se-cretário do Ambiente do Es-tado, panfletava sua tradicio-nal cartela de adesivos, ilus-trando as ações no governo,como a reciclagem do óleo decozinha e a despoluição daságuas. “Tenho cr ise deabstinência no dia emque deixo de entregar umadessas cartelas”, brincava.

Mais séria foi a série de crí-

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1. A interpretação da his-tória feita pelo articulista deque a “relação entre o uso daenergia nuclear para fins ener-géticos e para fins militares émuito estreita” no Brasil équestionável. O fato históricoaponta que o pioneiro daenergia nuclear no Brasil foium cientista com formaçãomilitar, o Almirante ÁlvaroAlberto. O Almirante foi per-sonalidade destacada para odesenvolvimento da Ciência eTecnologia moderna no País,tendo sido o cr iador doCNPq. Suas ações, sob nenhu-ma ótica, podem ser associa-das a “usos para fins militares”da energia nuclear. São, sim,associadas à defesa intransigen-te, inclusive em fóruns inter-nacionais, da soberania nacio-nal e da C&T como motor dodesenvolvimento econômicoe social do País. Episódios es-pecíficos ocorridos no perío-do 1975-1985 não devem sergeneralizados para toda a his-tória da energia nuclear noBrasil.

2. O Programa NuclearBrasileiro surgiu ainda no iní-cio dos anos 50 e não na cha-mada “ditadura militar”. Porexemplo, a escolha de localpara a primeira usina nuclearbrasileira foi feita por comis-são especialmente nomeadapara tal em 1954, ainda noGoverno Café Filho, objeti-vando o projeto de aquisiçãode uma usina de francesa detecnologia grafite-gás, queacabou não se concretizando.O sítio escolhido foi posteri-ormente recuperado para ins-talação da Usina Angra 1. Oarticulista confunde “Progra-ma Nuclear Brasileiro” com“Acordo Nuclear Brasil-Ale-manha”, este sim iniciado nadécada de 70.

3. O atual presidente daELETRONUCLEAR nuncafoi “responsável pelo Progra-ma Nuclear Paralelo” nemmuito menos “responsávelpela tal perfuração”. O Almi-rante Othon Luiz Pinheiro daSilva foi o criador em 1979 e

responsável até 1994 pelo Pro-grama Nuclear da Marinha,cujo objetivo é desenvolverum sistema nacional para pro-pulsão nuclear para submari-nos, que não guarda nenhumarelação com “bombas atômi-cas”.

4. O Programa Nuclear daMarinha é amplamente co-nhecido pela sociedade brasi-leira, sendo motivo de orgu-lho para todos os cidadãos de-

Nota da Eletronuclear

vido aos significativos resulta-dos obtidos e reconhecidosinternacionalmente em ter-mos de desenvolvimento ci-entífico e tecnológico nas áre-as do ciclo do combustívelnuclear e da tecnologia de re-atores nucleares. Todas as ati-vidades desse Programa sãosubmetidas a salvaguardas daAgência Internacional deEnergia Atômica e da Agên-cia Brasil-Argentina de Con-tabilidade e Controle de ma-

teriais nucleares, o que garan-te o uso pacífico da energianuclear.

Leonam dos SantosGuimarães

ELETRONUCLEAR -Eletrobrás Termonuclear S.A.

Assistente do Diretor-Presi-dente

Rua da Candelária, 65 / 10º Andar - Centro - Rio deJaneiro - CEP 20091-020

Matéria publicada na na edição passada.

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Da Redação, com fotos VB

Energia e Sustentabilidade

o dia 17 de setem-bro, foi inauguradaa fazenda marinhade criação de co-

quilles Saint Jacques (ou viei-ras - molusco nativo da costabrasileira) na Ilha Comprida,em frente à Central NuclearAlmirante Álvaro Alberto(CNAAA), em Angra dos Reis(RJ). Durante o evento foram“plantadas” inicialmente 20 milsementes (filhotes) de coquil-les, como resultado da parce-ria entre a Eletronuclear e oInstituto para restaurar a faunamarinha da Baía da Ilha Gran-de. Na ocasião, esteve presen-te toda a diretoria da Eletro-nuclear e a equipe do IED-BIG.

Sediado em Angra dos Reis,o Projeto de RepovoamentoMarinho da Baía da Ilha Gran-de (Pomar) é desenvolvidodesde 1994 pelo IED-BIG eo seu objetivo é eliminar aameaça de extinção do coqui-lle e fortalecer a mariculturana região.

“É um projeto pioneiroque começou na Baía da Ilha

Grande e atualmente está sen-do replicado em sete estadosdo país”, informa o biólogomarinho Leonardo Edwig,coordenador do Projeto. Eleexplicou que as sementes sãovendidas por R$ 180 o milhei-ro e depois de crescerem por10 a 12 meses, sem a necessi-dade de qualquer outro gastoextra – apenas com o manejomensal das culturas – podemser vendidos no atacado poraté R$ 36 a dúzia. Assim, osR$ 180 iniciais se transformam,em pouco tempo, em quaseR$ 3 mil. Atualmente a CostaVerde já conta com 25 fazen-das marinhas, que produzemde 15 a 20 mil dúzias de co-quiles por ano.

Também conhecida como“pata de leão” ou “concha daShell” - devido à forma simi-lar ao logotipo da multinacio-nal –, a espécie Nodipecten no-dosus aparece naturalmente empontos isolados da Colômbia, doBrasil, da Venezuela e do Cari-be, na maioria em ilhas costei-ras. O cultivo integral da vieiracompreende várias etapas: ob-

Eletronuclear inaugurafazenda marinha para criaçãode coquilles Saint-Jaques

NIukio Ogawa, responsável pelomeio ambiente, na Eletronu-clear: “Todos os parâmetrosambientais da empresa estãodentro dos padrões da legisla-ção brasileira, inclusive atemperatura da água usada nosistema de refrigeração que saiem torno de 4 graus celciusapenas na zona de mistura, elogo em seguida, ao chegar aomeio ambiente, está dentro dopadrão estabelecido peloCONAMA”.

Paulo Gonçalves, gerente deResponsabilidade Social daEletronuclear: “A primeiraremessa do produto é fornecidagratuitamente. Depois, osmaricultores pagam um valormínimo pelas sementes. Jáforam ministrados cursos decapacitação para quase 7 milpessoas e, atualmente, cerca de500 famílias estão inseridas namaricultura. Nos últimos trêsanos, foram produzidas 23milhões de sementes.”

O IBAMA participou do eventoatravés da gerência da EstaçãoEcológica de Tamoios. Por meiode medidas compensatórias aEletronuclear doou a lancha econstruiu e aparelhou a sede daUnidade de Conservação quecuida e realiza pesquisa nas 29ilhas - incluindo ilhotas, lajes erochedos distribuídos nas baíasda Ribeira e Ilha Grande.

tenção e maturação de repro-dutores, desova, larvicultura, as-sentamento e metamorfose, cul-tivo berçário, cultivo interme-diário e cultivo final ou engor-da.

“A parceria entre a Eletro-nuclear e a organização não go-vernamental IedBig (Institutode Desenvolvimento da Baía daIlha Grande) vem de muitosanos e temos muito orgulhodela. A fazenda marinha é im-portante para reforçar a voca-ção da região para o turismo,além de ajudar aos pescadorescom a geração de trabalho erenda e, para nós, da Eletronu-clear, os moluscos irão comple-mentar nosso sistema de moni-toramento ambiental, já que sãoindicadores biológicos, uma es-pécie de testemunhas vivas deque a empresa está cuidandobem do meio ambiente”, afir-mou Othon.

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Direita - Os franceses não só o batizaram, como fizeram do coquilles Saint-Jaques uma iguaria muito procurada, principalmente porrestaurantes que o utilizam em pratos sofisticados.

Esquerda- O presidente da Eletronuclear (à esquerda) ao lado de Luiz Soares e demais membros da Diretoria da empresa, orientadospelo biólogo marinho Leonardo (à direita), no momento em que pegavam as sementes do coquille para lançar na Baía da Ilha Grandedando início ao repovoamento no local.

Início das obras de Angra 3, previsão denova usina nuclear no Nordeste, einauguração de Fazenda Marinha

Energia e Sustentabilidade

O

Animado com aretomada do ProgramaNuclear, o Presidente daEletronuclear inauguraFazenda Marinha emAngra dos Reis eanuncia o início dasobras de Angra 3 paraFevereiro

thon Ribeiro, pre-sidente da Eletro-nuclear, defende aretomada do Pro-

grama Nuclear: “Programas deconservação de energia são impor-tantes e necessários, onde existe ener-gia. Entretanto, o Brasil está em90º lugar em consumo per captade energia, então, além de conser-var, temos de produzir mais ener-gia por que existe a demanda pelaSociedade. A energia nuclear é aúnica que tem todas as suas etapasdevidamente monitoradas e sob to-tal controle, sem liberar qualquerproduto nocivo ao meio ambiente.O fato de a geração de energianuclear em nada contribuir para oefeito estufa, que vem provocandoo aquecimento do planeta e altera-ções climáticas preocupantes, temlevado organizações e líderes de mo-

vimentos ambientalistas – antes fer-renhos críticos à construção de usi-nas nucleares – a reverem suasposições.”

A decisão do ConselhoNacional de Política Energé-tica (CNPE), que aprovou aconstrução de Angra 3, reani-mou o setor nuclear brasilei-ro. Durante a posse da novadiretoria da Coppe-UFRJ, noRio de Janeiro, no dia 6 desetembro, o ministro da Ciên-cia e Tecnologia, Sérgio Re-zende, afirmou que as obrasda usina nuclear Angra 3 de-vem começar este ano e que aconstrução deverá levar entrecinco ou seis anos.

O secretário de Meio Am-biente do Estado do Rio deJaneiro, Carlos Minc, críticohistórico das usinas nuclearesbrasileiras, disse que o gover-no do estado apóia a constru-ção de Angra 3, mas ressaltouque o governo “poderá e co-locará” condições a serem ob-servadas pelo Instituto Brasi-leiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renová-veis (Ibama) na concessão dalicença para a obra.

O presidente da Eletronu-

clear afirmou que a empresajá tomou a iniciativa de asse-gurar transparência a todo oprocesso, inclusive levando aojuiz que analisa a ação do Mi-nistér io Público Federal(MPF) - que propõe a anula-ção das audiências públicas delicenciamento ambiental dausina - documentos que com-provam a lisura e a transparên-cia das audiências públicas.Leonam dos Santos Gui-marães, assistente da presi-dência da estatal, afirmou quea empresa está disposta a rea-lizar novas audiências, se pre-ciso.

As obras de Angra 3 nãoserão financiadas com dinhei-ro público, afirmou OthonPinheiro. “A obra será finan-ciada por empréstimo junto aoBNDES que adotará os mes-mos critérios e exigências usa-das para outros clientes doBanco. O empréstimo serápago com a receita proveni-ente da venda de energia dausina.”

Usina nuclear nordestinaA Eletronuclear também

deverá iniciar os estudos a fimde definir o local de instalação

da quarta usina nuclear do país,com capacidade de produçãode cerca de mil megawatts, se-gundo informou o presidenteda Empresa de Pesquisa Ener-gética (EPE), Maurício Tol-masquim, durante o EnergySummit 2007, que aconteceuno Rio de Janeiro. A nova usi-na nuclear deverá ser instaladana região Nordeste e tem pre-visão de entrar em operaçãoentre 2015 e 2020. “É um pro-jeto adicional ao de Angra 3,que entrará em operação emmeados de 2013”, esclareceuTolmasquim, ao lembrar que aconstrução da quarta usina estáprevista no Plano Nacional deEnergia 2030.

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A

Onze pares de baleias comfilhote são vistos na praiade Moçambique

Fauna

capital do Estado éa primeira cidadebeneficiada direta-mente com o cres-

cimento da população de ba-leias francas no Brasil. No ter-ceiro sobrevôo da temporada,realizado no dia 20/09, o Pro-jeto Baleia Franca registrouum total de 114 indivíduosentre Torres (RS) e Florianó-polis (SC). Só na praia deMoçambique, onze pares demãe com filhote foram regis-trados, um recorde históricopara Florianópolis nestes 25anos de atividades do Projeto.

Ao contrário de anos pas-sados, em 2007 os pesquisado-res do Projeto Baleia Francaobservam que as fêmeas comfilhote estão se distribuindonuma área muito maior decosta, com várias avistagens

Entre Torres eFlorianópolis, 114mamíferos foramavistados

no litoral norte de Santa Ca-tarina e até mesmo na costade São Paulo e Rio de Ja-neiro. As baleias francas de-vem permanecer no litoralbrasi leiro até novembro,

quando retornam para a re-gião Antártica com seus no-vos filhotes em busca de ali-mento.

“Fundado em 1982, o Pro-jeto Baleia Franca é mantido pela

Coalizão Internacional da VidaSilvestre - IWC/BRASIL emparceria com a PETROBRAS.

Visite em www.baleiafranca.org.br”

Baleia e filhote vistos no litoral brasileiro.

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T

Por Rogério GrassettoTeixeira da Cunha*

Queimadas:um assunto quente

Artigo

odo ano é a mes-ma coisa. Chega aser cansativo: desdeque me entendopor gente que a

ocorrência de inúmeras quei-madas no Brasil nesta época doano se repete. Do fim de ju-lho até outubro, pipocam no-tícias de incêndios em parquese áreas protegidas no Cerrado,na Amazônia e no que restada Mata Atlântica. Além disso,neste período um número as-sustador de focos de calor édetectado do espaço em todoo território nacional. A expli-cação para tal propagação deincêndios é simples: nesta épo-ca, a estação seca está em seuauge na maior parte do Brasil.Assim, todos, do grande fazen-deiro ao trabalhador rural maishumilde, aproveitam que a ve-getação está mais ressequida e,antes que as primeiras chuvasde verão comecem, lançamfogo no pasto ou em áreas demata (embora a magnitude dosefeitos de uns e outros sejamobviamente diferentes). A prá-tica vem de tempos imemori-ais, e alguns dos indígenas queaqui viviam em tempos pré-colombianos já se utilizavamdela (assim como ainda o fa-zem atualmente).

Em agosto deste ano, comonão poderia ser diferente, asituação repetiu-se e o núme-ro de focos superou a casa dos21 mil. Em setembro, com da-dos apurados apenas até o dia27, já foram contabilizadosquase 22 mil. O total em 2007já ultrapassa os 64 mil focos decalor. Só no próprio dia 27foram 1339 focos. Detalhe:todos estes dados são de ape-nas um satélite, o NOOA-15.Outros satélites detectam fo-cos adicionais, elevando estesvalores (os sítios do PROAR-CO – Programa de Prevençãoe Controle de Queimadas eIncêndios Florestais na Ama-zônia Legal – no IBAMA(http://www.ibama.gov.br/proarco/home.htm ) e noINPE (http://paraguay.cptec.inpe.br/produto/quei-madas/ ) fornecem maioresdetalhes sobre a definição defocos de calor, limitações dametodologia, diversas formasde consulta de dados atuais ehistóricos e um grande núme-

ro de outras informaçõesúteis).

Em áreas já desmatadas, compastagens, a queimada servepara estimular a rebrota dasgramíneas, pois as plantas maisjovens são mais apreciadas pelogado. Porém, sempre existe operigo, e isso freqüentementeacontece, de que o fogo seespalhe para áreas com vege-tação nativa. Muitas vezes, istoé até intencional, para que seampliem as áreas de pastagens.Observei o alastramento diver-sas vezes no Pantanal, onde aprática da queimada, como emoutras regiões do país, faz par-te da cultura local de criaçãode gado.

Outras queimadas são fei-tas para acabar de “limpar” áreasque foram recentemente des-matadas, com as toras e galhosempilhados em montes eaguardando a sua vez de arder.Pior ainda: em muitos locais, ofogo é usado diretamente paraqueimar a mata ainda em pé elimpar o terreno para a agri-cultura ou a pecuária. Tosco éo adjetivo mais suave que con-segui encontrar para classificaresta prática.

Os problemas relacionadosàs queimadas são muitos: en-tre eles estão os riscos à saúdehumana, à segurança de rodo-vias e à integridade das linhaselétricas. Mas alguns de seuspiores efeitos são, sem dúvida,os ambientais. A vegetação flo-restal desaparece, sendo subs-tituída por formações abertas.Os animais silvestres sofrem dediversas formas: de morte di-reta no fogo à redução de re-cursos alimentares e de locaispara viver, além da maior ex-posição a predadores. Umaimagem emblemática é a dotamanduá-bandeira que, comsua visão e audição ruins, é àsvezes apanhado desprevenidopelas chamas, e sua cauda trans-forma-se numa tocha, com aqual o animal, correndo emdesespero, espalha ainda maiso fogo.

Outro problema, talvez atémais grave devido às implica-ções de longo prazo, são asconseqüências para o aqueci-mento global. As queimadasem áreas de mata lançam umaenorme quantidade de gáscarbônico na atmosfera em

um curto período de tempo,que não é absorvido de volta.O motivo é que a massa totalde matéria orgânica presentenuma mata é muito maior doque a massa que irá se acumu-lar na área recém-queimada.Toda a diferença permanecena atmosfera. Por causa destasqueimadas que o Brasil é umdos grandes países poluidores.O impressionante total de 75%das nossas emissões de carbo-no está ligado ao desmata-mento, boa parte do qual éfeito através do fogo.

A prática das queimadas émais um ingrediente danosoda perspectiva míope (do pon-to de vista do desenvolvimen-to do país como um todo) defortalecermos o agronegócioexportador de commodities agrí-colas. O pior de tudo é quenão auferimos praticamentenenhum benefício para a nossapopulação. Já a poluição dospaíses desenvolvidos, conseqü-ência de sua industrialização,ao menos trouxe junto consi-go a melhoria na condição devida de seus habitantes. NoBrasil, temos uma situação emque se ganha pouco e se per-de

A análise dos dados histó-ricos do PROARCO fornecepistas interessantes sobre ten-dências temporais e espaciais.Por exemplo, basta olhar osmapas com a localização dosfocos que uma conclusão sal-ta aos olhos. A maior partedeles está justamente n oarco de desmata-mento da Amazô-nia, numa larga fai-xa que começaem Rondônia,passa pelo nortede Mato Grosso(estado que de-tém o recorde ab-soluto de queima-das), avança portodo o Tocantinse o sul-sudestedo Paráe ter-m i n ac o r -t a n d oquase todoo estado doM a r a n h ã o.Não por coin-

cidência, a mesma área de ex-pansão do agronegócio, prin-cipalmente de soja e gado.

Sem medo de errar, eu di-ria que a maioria destas quei-madas é ilegal, feita sem os de-vidos cuidados ou desrespei-tando ainda a manutenção dasáreas de Reserva Legal. Mes-mo com este quadro de inca-pacidade de fiscalização efeti-va por parte dos órgãos gover-namentais (apesar do esforçode muitos), de desrespeito àsleis e de ausência do Estadoem boa parte da região ama-zônica, o governo aposta suasfichas no projeto de conces-são de florestas públicas (cujaexploração madeireira, pelaabertura de clareiras e pelo ine-vitável dano colateral, aumen-tará sua vulnerabilidade a in-cêndios florestais descontrola-dos) como panacéia dos pro-blemas na região. O primeirodeles, em Rondônia, na Flo-resta Nacional do Jamari, estápara ter o seu edital publica-do. Ingênuo, muito ingênuo,para dizer o mínimo.

* Rogério Grassetto Tei-xeira da Cunha, biólogo, édoutor em ComportamentoAnimal pela Universidade deSaint Andrews. E-mail:[email protected]

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Presidente Lula envia projetode lei da Política Nacional deResíduos Sólidos

Política Ambiental

O presidente LuizInácio Lula da Sil-va assinou no dia 6de setembro, em

ato solene no Salão Oeste doPalácio do Planalto, a mensa-gem que acompanha o proje-to de lei da Política Nacionalde Resíduos Sólidos. É a pri-meira vez que o Poder Exe-cutivo tem a iniciativa de apre-sentar uma proposta que,transformada em lei, estabele-ce regras claras para protegero meio ambiente e a saúdepública dos problemas causa-dos pelos resíduos - e puni-ções criminais para quem des-cumpri-las.

Ao todo, são 33 artigosobjetivos, distribuídos em setecapítulos, que tratam de resí-duos sólidos urbanos, indus-triais, rurais, de saúde e os cha-mados especiais, como entu-lhos da construção civil. Apro-vado, o projeto poderá agre-gar valor aos resíduos, já quecriará formas de aumentar acapacidade competitiva do se-

Transformado em lei, oprojeto pode contribuirpara modificar paramelhor um quadrosombrio. Hoje, 69% dosresíduos sólidos doBrasil, concentrados emalumínio, plástico, PET,papel/papelão e vidro,têm como destino osinapropriados lixões acéu aberto, quandodeveriam ser retiradosantes do lixo serdepositadoadequadamente ematerros sanitários eserem reciclados ereaproveitados nacadeia produtiva, embenefício até doscatadores , que têm nacoleta um meio desobrevivência.

tor produtivo, de propiciar ainclusão e o controle social e,concomitantemente, de orien-tar estados e municípios sobrea gestão adequada dos resídu-os sólidos. O texto é resulta-do do trabalho de um grupointerministerial, composto pe-los ministérios do Meio Am-biente, das Cidades, da Saúde,do Desenvolvimento, Indústriae Comércio Exterior, do Pla-nejamento, Orçamento e Ges-tão, do Desenvolvimento So-cial e Combate à Fome, daFazenda e Casa Civil. O con-teúdo do projeto foi tema deseminários regionais, promovi-dos pelos ministérios envolvi-dos e pela Caixa EconômicaFederal. O assunto também foidebatido com a sociedade ci-vil no Conselho Nacional doMeio Ambiente (Conama).Participaram das discussõesainda a Confederação Nacio-nal das Indústrias (CNI), a Fe-deração das Indústrias do Es-tado de São Paulo (Fiesp), aAssociação Brasileira de Enge-nhar ia Sanitár ia (Abes), oCompromisso Empresarial paraReciclagem (Cempre) e orga-nizações como o Fórum Lixo& Cidadania e o Comitê In-terministerial de Inclusão So-cial dos Catadores de Lixo. Otexto também contempla aabordagem feita sobre o assun-to nas duas edições da Con-ferência Nacional do MeioAmbiente, em 2003 e 2005.

O projeto está em conso-nância com duas leis impor-tantes, as quais complementa:a nº 11.107, de 2005, que dis-põe sobre normas gerais paraUnião, estados, Distrito Fede-ral e municípios contrataremconsórcios públicos na reali-zação de objetivos comuns; ea nº 11.445, de 2007, que esta-belece diretr izes nacionaispara o saneamento básico.“Com esse tripé, completare-mos a legislação do saneamen-to básico ambiental no País. Aarticulação do projeto com

outras leis é fundamental paraestabelecer o controle efetivodo destino final do produto,pós-consumo”, explica o se-cretário de Recursos Hídricose Ambientes Urbanos do Mi-nistério do Meio Ambiente,Luciano Zica. O projeto tam-bém vai ao encontro das polí-ticas nacionais do Meio Am-biente, de Educação Ambien-tal, de Recursos Hídricos, deSaneamento Básico, de Saúde,Urbana, Industrial, Tecnológi-ca e de Comércio Exterior,bem como das ações do go-verno que promovem a inclu-são social. Essa concordânciaé fundamental, de acordo como secretário, para fortalecer ossistemas já existentes. Hoje, aregulação referente aos resídu-os sólidos é constituída ape-nas de resoluções do Conamae leis estaduais

DiretrizesHá outras diretrizes, além da

proteção da saúde pública eda qualidade do meio ambi-ente, na Política Nacional deResíduos Sólidos. Entre asprincipais estão: não-geração,redução, reutilização, recicla-gem e tratamento de resíduossólidos e disposição final am-bientalmente adequada dosrejeitos; alteração dos padrõesde produção e consumo sus-tentável; gestão integrada deresíduos sólidos; incentivo aouso de matérias-primas e in-sumos derivados de materiaisrecicláveis e reciclados. Paraalcançá-las, o projeto determi-na inúmeras estratégias. Umadelas é a gestão compartilhadados resíduos, a partir das defi-nições de atribuições do Dis-trito Federal e dos municípi-os no processo. O texto prevêa possibilidade de pequenosmunicípios se unirem para ge-rir seus resíduos em conjunto,conforme a lei nº 11.107: sãoas soluções consorciadas regi-onais para, por exemplo, aconstrução de um aterro que

atenda vários municípios comsignificativa redução de custopara cada um deles e, conse-qüentemente, melhor otimiza-ção dos recursos repassadospela União. Conforme o pro-jeto, só terão acesso a recursosda União, para investimentosem serviços de limpeza urba-na e de manejo de resíduossólidos, os municípios ou con-sórcios municipais que elabo-rarem, com a colaboração dossetores produtivos e sociaislocais, seus Planos de GestãoIntegrada de Resíduos Sólidos- e a condição vale igualmen-te para o Distrito Federal. Es-ses planos devem apresentar odiagnóstico diferenciado decada tipo de resíduo, levandoem conta as políticas já exis-tentes e os passivos ambientais,além das ações previstas paracurto, médio e longo prazos.

O projeto responsabiliza ogerador por seu rejeito. Esta-belece que a responsabilidadeabrange as etapas de acondi-cionamento, disponibilizaçãopara coleta, coleta em si e tra-tamento e disposição ambien-talmente adequada de rejeitos.O texto destaca que a contra-tação de serviços para qualqueruma dessas etapas não isenta aresponsabilidade do geradorpelos eventuais danos que vi-erem a ser causados. A respon-sabilidade só cessa quando osresíduos forem reaproveitadoscomo novos insumos em seusciclos ou em outros ciclos pro-dutivos. No caso do geradorde resíduos sólidos urbanos -do resíduo doméstico -, a res-ponsabilidade cessa com a dis-ponibilização para a coleta.

Logística reversa“Depois de aprovado, o

projeto de lei funcionarácomo um mecanismo efetivopara estimular a redução, reu-tilização, reciclagem, tratamen-to e destinação adequada dosresíduos. Além disso, será umestímulo importante para a ati-

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vidade dos catadores, garantin-do o mercado de trabalhodesses trabalhadores, cuja de-manda hoje é pequena. O pro-jeto cria a ferramenta da lo-gística reversa e, como conse-qüência, cria condições paraassegurar o retorno dos resí-duos, como matéria-prima,para o ciclo produtivo”, escla-rece Luciano Zica. A partir dalogística reversa, as empresasdevem se comprometer como destino final de seus produ-tos pós-consumo, pois estabe-lece que o fabricante é res-ponsável pela retirada deles domeio ambiente. Esse sistemapode funcionar, por exemplo,com pneus, lixo hospitalar ecertas embalagens. “Com ele,reduzimos a presença de plás-tico e metal nos aterros e, por-tanto, melhoramos a qualida-de desses aterros”, acrescentao secretário do MMA. Os re-síduos “reversos” coletadospelos serviços de limpeza pú-blica serão guardados em ins-talações adequadas, facilitandoseu resgate pelos fabricantes eseu reaproveitamento no cicloprodutivo. Os municípios, oDistrito Federal ou o consór-cio de municípios poderãocobrar por esses serviços. Olevantamento dos aspectosambientais potenciais associa-dos ao ciclo de vida de cadaproduto tende a facilitar omecanismo da logística reversa.

Incentivos financeirosNo parágrafo 2º do artigo

23 do projeto, está explícitoque os responsáveis pelo ser-viço público de limpeza emanejo de resíduos deverãopriorizar a contratação de as-sociações ou cooperativas decatadores de materiais reciclá-veis, formadas por pessoas debaixa renda. E essa não é aúnica referência a esses traba-lhadores. No texto, constatambém que indústrias e en-tidades dedicadas à reutiliza-ção e ao tratamento de resí-duos sólidos produzidos noPaís e ao desenvolvimento deprogramas de logística reversa,prioritariamente em parceriacom cooperativas e associaçõesde catadores, poderão receberincentivos da União, estados,Distrito Federal e municípiospara suas iniciativas.

Vale destacar novamenteque o Plano de Gestão Inte-grado de Resíduos Sólidos écondição prévia para a libera-ção desses recursos. O FundoNacional do Meio Ambiente,cuja receita está prevista noOrçamento Geral da União,também é fonte de recursospara viabilizar cooperação téc-nica e financeira entre os es-tados, apoiar a recuperação deáreas degradadas pela inade-quada deposição de resíduossólidos e apoiar a capacitaçãotécnica de gestores. Classifica-

ções técnicas - O texto doprojeto de lei classifica os re-síduos e estabelece conceitostécnicos - considerados fun-damentais na uniformizaçãodas práticas num país das pro-porções do Brasil - para pro-cedimentos importantes emsua gestão. Define, por exem-plo, que “destinação final am-bientalmente adequada” é atécnica de destinação ordena-da de rejeitos, segundo nor-mas operacionais específicas,de modo a evitar danos ou ris-cos à saúde pública e à segu-rança, minimizando impactosambientais adversos.

ProibiçõesO projeto proíbe o lança-

mento de resíduos sólidos nosrios e no solo, quando possacausar danos ao meio ambien-te e à saúde da população. Aqueima de lixo a céu abertoou em recipientes, instalaçõese equipamentos não licencia-dos também não é permitida- com exceção apenas para ocaso de emergência sanitária,desde que autorizada e acom-panhada pelo órgão ambien-tal competente. Conforme otexto, ficam proibidos, na áreade destinação final dos rejei-tos - resíduos que não podemser reciclados nem tratados -,o uso de rejeitos como alimen-tação, a catação, a fixação dehabitação temporárias e per-

manentes. O artigo 31 aindaveta a importação de resíduossólidos e rejeitos cujas carac-terísticas causem danos aomeio ambiente e à saúde pú-blica, ainda que para tratamen-to, reforma, reuso, reutilizaçãoou recuperação. O projeto re-mete a definição do conceitode resíduos e rejeitos impor-tados, que não causam danosao meio ambiente e à saúdepública, para futura regulamen-tação. Para evitar duplicidadejurídica, o projeto de lei não tra-ta de rejeitos radioativos, que sãoregulados por lei específica.

Contexto dos resíduossólidos no Brasil

Atualmente, cerca de 25 milpessoas moram em aterros.Calcula-se ainda que o univer-so de pessoas que vive ligadodireta ou indiretamente aosaterros pode chegar a 2 mi-lhões. Segundo dados doIBGE, de 2000, mais da meta-de dos 5.240 municípios bra-sileiros - 59% - continuam adepositar os resíduos em li-xões. Apenas 13% possuematerros sanitários e 17% ater-ros controlados. O relatóriomostra ainda que apenas 10%dos municípios do País fazemcoleta seletiva do lixo e 352municípios o reciclam. Infor-mações do Centro Empresa-rial de Reciclagem indicamque só 11% dos resíduos sãoreciclados no País. A maiorparte dos problemas com osresíduos sólidos concentra-seem poucas cidades do País.

Dez por cento dos muni-cípios (com mais de 50 mil ha-bitantes) produzem 80% dototal do lixo coletado no Bra-sil. Por outro lado, 32% de todoo lixo urbano é coletado por13 cidades. Os números de-monstram que o consumidorconsciente, que separa o lixoa ser coletado, pode ajudar amudar esse cenário. Afinal, osresíduos domésticos (119.884toneladas diárias) respondempor 78% de todos os resíduossólidos do País.

Leia na íntegra o projeto:http://www.mma.gov.br/es-truturas/ascom_boletins/_ar-quivos/09062007_ projeto_lei_residuos.pdf

Brasília - O presidente Lula assina a mensagem que encaminha ao Congresso o projeto de lei daPolítica Nacional de Resíduos Sólidos. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

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Educação Ambiental na Práticapropõe consumo responsável eneutraliza as emissões das escolas

ENTREVISTA: RICARDO HARDUIM

A OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) PRIMA lançou no dia 21 de setembro acampanha “Carbono Neutralizado” que visa compensar as emissões das escolas. “Este, na verdade, é oobjetivo secundário, pois o objetivo principal”, explica o autor e coordenador do Projeto, professor deBiologia, Ricardo Harduim, “é sensibilizar os jovens a aproximarem a boa intenção dos gestos concretos,levando-os a repensarem o estilo de vida e a adotarem um consumo responsável.”

Rebia - O que é o pro-jeto do Carbono Neutra-lizado?

Ricardo - O Projeto Car-bono Neutralizado é o ali-cerce de um programa deeducação ambiental formaladotado com o intuito demobilizar a comunidade paraa percepção, compreensão eparticipação efetiva na me-lhoria da qualidade de vidalocal em sintonia com as ur-gências globais. O Projetoconsiste em atingir as metasnecessárias para que as es-colas possam receber o “tí-tulo” SELO PRIMA CAR-BONO NEUTRALIZA-DO”. O Colégio EstadualDavid Capistrano é pionei-

ro e é o primeiro no país ater suas emissões inertizadas,servindo de exemplo paraoutras escolas que decidirempor este caminho. O proje-to tem as seguintes etapas:1- informação e divulgação;2- sensibilização; 3- avaliaçãodo envolvimento da Comu-nidade Escolar; 4- capacita-ção técnica; 5- atividadeecológica (plantio de mudas)e; 6- avaliação final com es-tudo de continuidade deProjeto e confirmação acer-ca da redução do consumode energia.

Como surgiu a idéia dedesenvolvê-lo?

A idéia surgiu a partir da

zarão o plantio), os funcio-nários se preparando para oplantio das mudas etc..

Qual foi a emissão cal-culada de carbono emiti-da pela Escola? Como foifeito esse cálculo?

Em um ano, o lançamen-to de carbono da escola paraa atmosfera foi em torno de6 toneladas. O cálculo foibaseado no gasto de energiaelétrica e na quantidade delixo orgânico e gás butano.

Como o plantio de ár-vores pode compensar aemissão de carbono da es-cola?

As árvores, através do pro-cesso fotossintético, têm acapacidade de seqüestrar car-bono do ar incorporandoem sua biomassa.

Como você conseguiuas mudas das árvores? Queárvores serão plantadas?

Tivemos o apoio da Fa-zenda Queira-Deus, locali-zada no município de Mira-cema, RJ, e da UFF, atravésdo LAHVI – Laboratór ioHorto-Viveiro. A maioria dasespécies plantadas é de ár-vores nativas de mata atlân-tica, tais como angico, araçá,ingá, pitanga, jenipapo, aro-eira, cedro-rosa, ipê, cutiei-ra, pau-brasil e jatobá.

O projeto teve algumapoio financeiro externo?

Não recebemos apoio fi-nanceiro externo, mas espe-

As árvores que estarão retirando da atmosfera o carbono que foiemitido foram plantadas no dia 7 de setembro por 40 alunos doensino médio que plantaram 123 mudas nativas frutíferas eflorestais de mata atlântica à margem do Rio do Tempo, regiãodo Sana, distrito do município de Casimiro de Abreu – área depreservação permanente. A atividade fez parte do ProjetoCarbono Neutralizado iniciado em junho deste ano, que partiu dacontabilização do carbono emitido pela instituição.

necessidade de envolver osalunos num projeto que per-mitisse que saíssem do cam-po dos sonhos e das propos-tas e concretizassem estessonhos em ações concretas,pois creio que este é o de-safio que precisamos en-frentar. A sociedade já pos-sui uma enorme quantida-de de informação ambien-tal, mas esta informação nãoestá se transformando ematitudes concretas na velo-cidade necessária para o en-frentamento da crise ambi-ental.

Que segmentos da Es-cola estão envolvidos noprojeto e como?

De alguma forma, toda acomunidade escolar está en-volvida no Projeto. Os pro-fessores estão desenvolven-do atividades pedagógicascom as suas turmas adotan-do o tema, os alunos parti-cipando através de redação(instrumento utilizado paraseleção de alunos que reali-

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2007 - SETEMBRO - EDIÇÃO 011 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 23

Esquerda - SELO PRIMA CARBONO NEUTRALIZADO é uma certificação validada pela REBIA – Rede Brasileira de InformaçãoAmbiental (www.rebia.org.br) e pelo Projeto BECE – Bolsa Brasileira de Commoditties Ambientais (www.bece.org.br), atravésdo Acordo de Cooperação Técnico-Científico – Parceria Comunidade & Educação e, conseqüentemente monitorado por umarede de comunicação ambiental, debatedores e formadores de opinião.

Direita - No dia 21 de setembro, dia da árvore, o Colégio Estadual David Capistrano, localizado em Niterói, RJ, recebeu o SELO PRIMACARBONO NEUTRALIZADO e se transformou na primeira instituição brasileira de ensino neutra em carbono.

ramos sensibilizar empresassocialmente responsáveis aabraçarem conosco este pro-jeto que poderá ter alcancenacional. Como a PRIMA éuma OSCIP, sem fins lucra-tivos, as empresas que qui-serem poderão ainda abateras despesas com o projetosdos impostos a pagar. Mas afalta de recursos financeirosnão deve ser um inibidor davontade das escolas em saí-rem da inércia e colocarema mão na massa por um meioambiente melhor. Os gastos

necessários (aluguel do ôni-bus, lanche, convites, etc.)para este lançamento, porexemplo, foram assumidospelo próprio Colégio.

Mais informações econtatos: Prof. RicardoHarduim [email protected] -Celular: (21)9962-1922

* colaborou a AgênciaNotisa (jornalismo científi-co - science journalism).

o dia 22 de setem-bro, durante o Pro-jeto do GovernoFederal intitulado

“Primavera dos Museus”, oMuseu Antônio Parreiras re-solveu também participar doProjeto e deu início aos pre-parativos a fim de receber o“SELO PRIMA CARBONONEUTRALIZADO” o que otornará no primeiro museuneutro em carbono do país.As árvores correspondentes àinertização do carbono serãoplantadas nos jardins do Mu-seu, também tombado pelo

IPHAN, uma garantia a maisde que as árvores crescerão emsegurança. O Museu AntônioParreiras está localizado numparque ecológico de meiohectare, em Niterói, estado doRio de Janeiro, e foi fundado,no ano de 1942. É o primeiromuseu brasileiro dedicado aum só artista, Antônio Parrei-ra. Nessa área encontra-se aantiga residência do pintor eo seu atelier. O museu preser-va a sua obra, divulga a sua artee abriga pinturas de paisagistascontemporâneos em exposi-ções temporárias.

Museu Antônio Parreiras

N

ompromissos meimpediram decomparecer à sole-nidade de entrega

do Selo PRIMA - CarbonoNeutralizado, dia 21 de setem-bro de 2007. Expresso agrade-cimentos pelo convite, assimcomo votos de grande estimae respeito.Atenciosamente,

Governador Sérgio Cabral,Governador do Estado do Riode Janeiro

Comunicado

C

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24 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 011 - SETEMBRO - 2007

Por Hubert Prolongeau*LE MONDE A Amazônia está sendo

sufocada pela soja

Amazônia

pequeno avião le-vantou vôo. A flo-resta estende-se atéonde a visão alcan-

ça, como se fosse uma cabeçaimensa cuja cabeleira se con-funde com o céu. A Amazô-nia. O pulmão do planeta. Afortaleza verde. Então, de umasó vez, o rasgão aparece. A flo-resta se abre. Ferida. Arrasada.O pulmão está tossindo. A for-taleza é tomada por rachadu-ras. De repente, a paisagemdesolada. Troncos abatidos es-tão espalhados no chão, atéencobrir tudo, embora os maisresistentes não tenham nenhu-ma forma definida, a não ser ade um toco enegrecido pelafumaça. A terra deixa aparecera sua última camada, arranha-da até a morte pelos sulcos dasculturas. Às vezes, ainda emer-ge em meio à maré dos cam-pos, solitário e incongruente,o tronco de uma castanheira.Um sobrevivente.

Será que em breve, o Esta-do do Pará se tornará tão des-pojado quanto o seu vizinho,o Mato Grosso? Desde janei-ro de 2003, data da ascensãoao poder de Lula, 70.000 km2foram sacrificados em benefí-cio da soja, um dos mais fero-zes inimigos da floresta brasi-leira. No início dos anos 1980,ela era

Ocultivada essencialmente nosEstados Unidos, que garanti-am 90% da sua difusão. Em2003, as exportações combina-das do Brasil e da Argentinapassaram na frente. O imensopaís de Lula tornou-se a pá-tria do novo ouro verde.

Três grandes companhiasamericanas perceberam o ad-vento dessa dádiva: a ADM, aBunge e a Cargill. A Cargillinstalou até mesmo, em Santa-rém (PA), a terceira maior ci-dade da Amazônia, um porto.Completamente ilegal. Todosos meses, dois navios-carguei-ros partem com destino à Eu-ropa, carregando 90.000 tone-ladas cada um. “A soja estádevorando a Amazônia. Eu nãoreconheço mais a minha cida-de”, diz Cayetano Scannavino,membro da ONG Saúde eFelicidade.

Pelas ruas de Santarém,vêem-se quantidades crescen-tes de vans 4×4, dirigidas porgaúchos oriundos do sul dopaís. Desde que um relatórioda Greenpeace intitulado “Ea-ting up the Amazon” (Devo-rando a Amazônia) pôs fogonos barris de pólvora, muitoscarros vêm exibindo adesivoscom os dizeres “Fora Greenpe-ace. A Amazônia é dos brasi-leiros”. A tensão é palpável. Na

C o o p e r

Amazon, uma sociedade quedistribui fertilizantes, Luis As-sunção, o diretor, não escon-de o seu ódio: “Aqui, agora, éa guerra. Uma guerra fria”.

No Mato Grosso, o gover-nador do Estado, Blairo Mag-gi, proprietário da usina Ama-ggi, é um dos mais importan-tes produtores de soja domundo. Ele construiu uma ci-dade inteira, Sapezal, para alo-jar a sua mão-de-obra, man-dou construir em Itacoatoaraum porto em águas profun-das, e também ofereceu, parafacilitar o transporte, asfaltar àssuas custas 1.770 km da rodo-via BR163. Quando alguémlhe fala de desmatamento, Blai-ro Maggi ironiza a respeito dotamanho da Amazônia e afir-ma que a cultura da soja é “be-néfica”. Pelo menos, é o queele fazia quando ainda aceita-va falar com os jornalistas, to-dos suspeitos, daqui para fren-te, de serem “espiões” envia-dos pela Greenpeace.

Retornamos ao Pará. Assimcomo todos os domingos, estárolando uma festa na fazendaBela Terra, perto de Santarém.O cozinheiro faz grelharem gi-gantescos espetos de carne. Acerveja jorra aos borbotões. Oshomens vestem roupas até quebastante comuns para um do-mingo; as mulheres estão sen-tadas à mesa ao lado deles, de

igual para igual. É uma ale-gre algazarra, uma reunião

de clã. A entrada está

fechada por um portão de gra-des brancas, enquanto um car-taz assinala a presença de doiscães bravos.

Os produtores de soja, os“sojeiros”, se divertem, falamde negócios, expressam suasolidariedade mútua. Diantede estranhos, a desconfiança éa atitude mais apropriada. Ota-lhio, 33 anos, é um fornece-dor de fertilizantes e de adu-bos. Com o seu rosto incha-do, ele abocanha espessas fati-as de carne. A sua mãe é brasi-leira e o seu pai uruguaio, eeles ainda vivem perto da fron-teira, a 5.000 km de distânciadali. “É difícil, eu não os vejomais”. Ele enxuga uma lágri-ma. Então, ele fica bravo. “Aspessoas daqui nos chamam de‘gaúchos’, de bandidos, de la-drões...” Com uma mão con-quistadora, ele aponta para ochão. “As pessoas daqui nãofazem nada com a sua terra.Elas permanecem aqui porquenão podem fazer de outra for-ma. Querem ter a televisão eir para a cidade. Da nossa par-te, nós lhes oferecemos umaoutra maneira de viver”.

Tonio Antares, proprietáriode alguns milhares de hecta-res, também é um dos que rei-vindicam esse direito de mas-sacrar o seu país. Baixinho, oolhar vivo, a pele avermelhadapor um sol com o qual elenunca se entenderá, ele per-manece convencido de estarproporcionando por meio doseu trabalho prosperidade ecivilização. “O país pertenceaos brasileiros. Nós viemos aju-

dar esta região a se desen-volver”.

Mas, quem é benefi-ciado por este desenvol-

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vimento? Marcello da Silvacomprou duas máquinas esca-vadeiras, que ele aluga para osagricultores em troca de umaporcentagem da colheita. Dedezembro até abril, ele está noMato Grosso, e de maio atéagosto, no Pará. Durante otempo que lhe resta, ele con-duz comboios. Alto, os olhosazuis, ele se parece muito maiscom o caubói da Marlboro doque com o índio da floresta.Um pouco grosseiro, talvez;pronto para enxugar algumascervejas. Mas ele se mostraconfiante na sua estrela. A sojao tornará rico, ele tem certe-za. A sua mulher, Patrícia, quercomprar terrenos. Muitos ter-renos. “Os americanos vãocomeçar a plantar cana-de-açúcar. Com isso, vai dar paraganhar muita grana”, Eles vi-vem em Santarém, e gostariamde ter filhos. O futuro está sor-rindo para eles.

Contudo, raros são aquelesque conseguem sair com van-tagens deste jogo. O custo so-cial pago em nome da peque-na planta é muito pesado. AAmazônia povoou-se aos tran-cos e barrancos, em função depromessas não cumpridas que,desde o boom da borracha atéa construção da Transamazô-nica, atraíram para a região osmiseráveis do Nordeste e deMinas Gerais. Eles se apode-raram de terras, as semearam,mas nunca conseguiram obterformalmente os seus títulos depropriedade. Desde então, elesvegetam, prisioneiros daquiloque chamam pudicamente de“agricultura familiar”. Eles têmsido uma presa ideal para ossojeiros, que, em Santarém, ga-nharam o apelido de “sujeiros”.

Ao longo da BR163, a mes-ma história se repete. Gruposde homens apareceram, pedi-ram a esses pequenos cultiva-dores para partirem, mostran-do-lhes os títulos de proprie-dade. Comoeles conse-guiram? Emmuitos casos,do Incra

(Instituto Nacional de Colo-nização e Reforma Agrária),onde a corrupção permitecomprar falsas certidões, queficam mofando dentro de ga-vetas, junto com grilos. “Essepessoal não possuía nenhumacultura do dinheiro”, explicao padre Edilberto Sena, umincansável militante ecologis-ta. “Eles venderam a preço debanana, e gastaram tudo. Aca-baram ficando depauperados,e sem nenhuma ferramenta detrabalho”.

No quilômetro 38, Marle-ne Nascimento de Lima cho-ra as suas terras perdidas. “Eunem sequer consigo passar nafrente da nossa antiga propri-edade. Não sobrou mais nada,apenas as lavouras. Quarentafamílias viviam ali...” No início,ela se recusou a vender. Masos sojeiros compraram os ter-renos limítrofes ao dela. A pra-ga, expulsa pelos pesticidas,invadiu a sua lavoura. Os seusvizinhos foram embora, e elaacabou cedendo...

A violência teve seu papelnessas conquistas. Em Pacoval,em 2004, a duas horas de pistade Santarém, 25 casas foramincendiadas. Em Corte Corda,dois sindicalistas foram mortos.Em Belterra, antiga capital daborracha, muitas pessoas foram“forçadas” a partir... Em San-tarém, Ivete Bastos, a presiden-te do sindicato dos trabalha-dores da terra, um dia surpre-endeu mulheres que carrega-vam gasolina na frente da suacasa, e que se preparavam parapôr fogo na casa... Um antigolegionário espanhol, proprie-tário de uma salade musculaçãoem Santarém,g a b a - s ede execu-tar missões

de “limpeza” a mando dos fa-zendeiros. Na periferia da ci-dade, as favelas de madeira,construídas em terrenos aban-donados, vão se multiplican-do.

Regularmente, a políciabrasileira efetua operações debusca nas grandes proprieda-des e nelas liberta escravos. Sãopessoas que vieram atraídaspela promessa de salários al-tos. Ao chegarem à floresta, elesdescobrem que a sua remu-neração “derreteu”. Então,guardas os impedem de iremembora. Os bens de primeiranecessidade lhes são forneci-dos pelo proprietário. Eles seendividam, e nunca mais con-seguirão reembolsar o que de-vem. “Eles estavam num esta-do assustador quando nós che-gamos”, conta um policial queparticipou de uma intervençãona fazenda Vale do Rio Verdeem 2005. Não havia nenhumainstalação sanitária. Os operá-rios trabalhavam descalços.Oito mil e setecentos dessesescravos foram localizados nosEstados produtores de soja.Em 2004, o exército interveioem 236 fazendas que utiliza-vam 6.075 trabalhadores, dosquais 127 crianças. A Bunge, aCargill e a Amaggi faziam ne-gócios com todas elas.

Para contribuir com maiseficiência para a expansão dasoja, certas companhias comoa Cooper Amazon oferecempesticidas e sementes geneti-camente modificadas. “A cor-rente já está implantada: de umlado, a Mon-santo, e de

outro, a Cargill”, acusa Edilber-to Sena. Os pesticidas já pro-vocaram grandes estragos eco-lógicos, pois o vento carregaaqueles que são derramadospelos aviões até os rios. Em2005, uma onda de seca terrí-vel assolou a região. Os peixesmorriam dentro de poças queeram pequenas demais. Atual-mente, 20% da floresta brasi-leira está morta. Mesmo se umasérie de leis implantadas em2006 obteve resultados positi-vos (41% de diminuição dodesmatamento em 2006-2007),40% da Amazônia poderá de-saparer daqui a vinte anos.

O pior, o mesmo que espe-ram Marcello e Patrícia, talvezainda esteja por vir: a explosãodos biocombustíveis. Vinte mi-lhões de motoristas brasileirosjá utilizam o etanol. Os carrosbicombustíveis, que oferecema escolha entre etanol e gasoli-na, representaram cerca de 80%das vendas de automóveis em2005. Seiscentos postos de ga-solina já comercializam um “bi-odiesel”, dentro do qual podeser encontrada soja. Aonde seráque eles vão instalar as planta-ções? “O Brasil será a ArábiaSaudita do século 21”, profeti-zam alguns. Até mesmo no quediz respeito ao deserto?

No período de tempo du-rante o qual você leu este arti-go, uma superfície que corres-ponde a 75 terrenos de fute-bol foi desmatada.

* Colaborou Béatrice Ma-rie. Tradução: Jean-Yves deNeufville

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Por Marcos Sá Corrêa*

O Instituto Chico Mendesmostra a que veio

Opinião

Instituto ChicoMendes nem pre-cisou ficar pronto

para mostrar a que veio. Acabade abrir nada menos de dozeunidades de conservação naAmazônia à Empresa de Pes-quisa Energética. O Ministé-rio do Meio Ambiente estáapoiando o inventário hidre-létrico do Plano de Acelera-ção do Crescimento (PAC)com áreas de proteção inte-gral nas bacias dos Rios Trom-betas, Aripuanã, Juruena, Su-curundi, Branco e Jari.

As licenças concedidas emtempo recorde pelos novosencarregados de administrar aconservação da biodiversida-de no País incluem, por exem-plo, o Parque Nacional do Ju-ruena, a Estação Ecológica deIquê, a Reserva Biológica doTrombetas e a Floresta Naci-onal de Saracá-Taquera. Nãofazem discr iminação entremodelos mais ou menos estri-tos de reservas. Puseram todasno mesmo pacote.

A pressa que as embaralhouleva a marca da nova burocra-cia ambiental. Antes, ela podiaser muito ruim, mas não eratão ruim assim. O pedido daEmpresa de Pesquisa Energé-tica chegou ao governo emjaneiro, quando o assunto ain-da estava nas mãos do Ibamae a ministra Marina Silva co-meçava a ensaiar uma espéciede resistência à invasão daAmazônia pelo PAC, a partirdo Rio Madeira.

Depois, num despacho como presidente Lula, ela trocouos pruridos pelas prioridadesoficiais e ganhou de prêmio o

Instituto Chico Mendes. Cri-ado por medida provisória, elefoi a primeira obra do progra-ma a sair do papel.

ESTRÉIAE eis o instituto, mostran-

do que as coisas efetivamentecomeçaram a se mexer noMinistério do Meio Ambien-te como queria o Palácio doPlanalto. Sem o Chico Men-des, remanchava-se.

O ofício 061/2007 chegouao diretor de Ecossistemas doIbama em janeiro. No papel,o diretor de Estudos de Ener-gia Elétrica da empresa depesquisa, José Carlos Miranda,pedia ao diretor de Ecossiste-mas do Ibama, Marcelo Bas-tos Françoso, que franqueassea Bacia do Trombetas ao “pla-nejamento geral do setor elé-trico nacional”. Quem sabe oque isso quer dizer traduz opedido como “abertura depicadas e clareiras, coloca-ção de marcos e réguas demedição, instalação de pos-tos fluviométr icos e sedi-mentométr icos, a lém desondagens geológicas”.

Isso é o mínimo. O má-ximo todo mundo sabequal é num país que, trêsdécadas atrás, para o des-gosto da geração de mili-tantes que agora está nopoder, afundou o ParqueNacional de Sete Quedasna Represa de Itaipu. Es-sas coisas pareciam aconte-cer naquele tempo porqueo regime era militar. Noatual reg ime civil, comocostuma afirmar a ministraMarina Silva, funciona uma

tal de “transversalidade”.

OFÍCIOS ACELERA-DOS

O Ibama recebeu aqueleprimeiro ofício com um péatrás. Alegou que a pesquisanão interessava às unidades deproteção integral. E cobroudos responsáveis os detalhessobre trabalho de campo quepretendiam fazer nas reservas.Podia ser só para ganhar tem-po. Mas a empresa nem lherespondeu.

Preferiu o atalho abertopelo Instituto Chico Mendes.Em ritmo de PAC, o diretorde Unidades de Conservaçãodo novo organismo, João Pau-lo Capobianco, recebeu no dia13 de julho o ofício 1167/2007, reiterando a solicitação.

Aliás, cobrou-lhe urgênciana aprovação de licença paraatuar em doze unidades de

conservação na Amazônia, in-vocando os pedidos feitos emoito ofícios, um deles - o doRio Branco - datado da vés-pera. “Temos um prazo paraconcluir os trabalhos que in-clusive estão contemplados eacompanhados no Plano deAceleração do Crescimento”,dizia o diretor de Estados JoséCarlos Miranda, que, pelo vis-to, no caminho do PAC, nãoadmite nem vírgula.

Diante da solidez irretor-quível desse argumento técni-co, a licença começou a sairno fim de julho, já em papeltimbrado do Instituto ChicoMendes, que não tem quadrode pessoal nem patrimôniopróprio. Mas, no essencial, pa-rece estar funcionando muitobem. Melhor, só piorandomuito.

* É jornalista e editor dosite O Eco (www.oeco.com.br).

Logo do Instituto Chico Mendes

O

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2007 - SETEMBRO - EDIÇÃO 011 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 27

A

Organização das Nações Unidasaprova Declaração Universal dosDireitos dos Povos Indígenas

Povos Tradicionais

Declaração é umimportante instru-mento para a lutados povos indíge-

nas por seus direitos”, avaliaSaulo Feitosa, representante doCimi na Comissão Nacionalde Política Indigenista. Ele des-taca que o texto aprovado re-conhece o autogoverno e alivre determinação dos povos.“A ONU recomenda, com

esta decisão, que as nações domundo respeitem as formaspolíticas, sociais e jurídicas decada povo”, completa.

O texto foi aprovado por143 votos a favor, 4 contra –Canadá, Estados Unidos, NovaZelândia e Austrália – e 11 abs-tenções. Um dos pontos maisimportantes do documento serefere ao direito à terra. Se-gundo a Declaração, os Esta-dos devem assegurar aos po-vos a proteção jurídica de seusterritórios e recursos. Pelo tex-to, nenhuma ação deve ocor-rer em terras indígenas semconsentimento prévio e infor-mado dos povos. As formas deconsultá-los devem ser de

acordo com a organização decada povo.

A aprovação da Declaração

é considerada uma vitória paraos povos indígenas. “Isso mos-tra que os Estados e a comu-nidade internacional perce-bem que a nossa articulaçãobuscando nossos direitos estácada vez mais forte”, comemoraSandro Tuxá, da Articulaçãodos Povos Indígenas do Nor-deste, Minas Gerais e EspíritoSanto.

Para ele, da mesma forma

que ocorreu com a Conven-ção n.169 da Organização In-ternacional do Trabalho, as ori-entações da Declaração da

ONU terão reflexos positivospara os povos indígenas no Bra-sil. “É mais uma garantia e umapossibilidade de cobrança. OsEstados estão assumindo quetemos direitos, que é possívelum povo dentro de um paísser diferente, ter sua língua, or-ganização...”, completa Sandro.

O Secretário General daONU Ban Ki-moon, em umcomunicado, disse que os Es-tados deveriam incorporar aDeclaração às suas agendas dedireitos humanos o mais rápi-do.

Texto completo da Decla-ração em espanhol http://www.cimi.org.br/pub/publi-cacoes/1189796917_ decO-NU esp.pdf

A Assembléia Geral daOrganização das NaçõesUnidas (ONU) aprovou,no dia 13 de setembro, aDeclaração dos Direitosdos Povos Indígenas.Este instrumentointernacional protegeráos mais de 370 milhõesde indígenas de todo omundo.

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28 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 011 - SETEMBRO - 2007

E

ONGs enviam carta a Lulacontra a liberação detransgênicos

ntidades que cons-tituem o FórumNacional pela Re-forma Agrár ia

questionam a liberação domilho transgênico LibertyLink da Bayer, em carta enca-minhada ao presidente LuizInácio Lula da Silva. Na carta,os movimentos afirmam quea liberação pode destruir aagricultura familiar campone-sa do país.

“A liberação comercial dostransgênicos é uma séria ame-aça às sementes crioulas epode inviabilizar a continuida-de da construção de um mo-delo sustentável de agricultu-ra baseado na agroecologia”,diz a carta. As entidades emovimentos sociais esperamque o presidente Lula interfi-ra no processo determinandoao Conselho Nacional de Bi-ossegurança (CNBS) que sus-penda as liberações comerci-ais dos transgênicos, bemcomo para que o CNBS edi-te regras que assegurem a co-existência de espécies transgê-nicas e não transgênicas.

As entidades afirmam tam-bém que a visão ComissãoNacional de Biossegurança(CTNBio) está viciada, já quea maioria de seus membrosestá comprometida com odesenvolvimento de transgê-nicos e não com a avaliaçãode seus impactos. Além disso,vários integrantes da Comis-são possuem conflitos de in-teresse e fazem pesquisas e pa-receres para as empresas trans-nacionais que dominam omercado de transgenia.

A liberação do milho foifeita pela CTNBio em maiodeste ano depois de um pro-

cesso polêmico. A AgênciaNacional de Vigilância Sanitá-ria (Anvisa) e o Instituto Bra-sileiro de Meio Ambiente eRecursos Naturais (Ibama)acreditam que a liberação foifeita sem os devidos estudospara garantir que esses produ-tos não fazem mal à saúde eao meio ambiente. Isso semcontar a falta de abertura àparticipação de outros seg-mentos da sociedade civil. Emagosto, a CTNBio tambémautorizou a comercializaçãodo algodão Bt Bollgard daMonsanto, também sem crité-rios ou estudos.

Leia o documento envia-do ao presidente Lula:

Excelentíssimo Senhor,LUIZ INÁCIO LULA DA

SILVAPresidente da República do

Brasil O povo brasileiro concedeu

ao Senhor o segundo manda-to para que pudesse liderar asmudanças de que o Brasil ne-cessita como a realização deuma reforma agrária ampla emassiva, associada a outras po-líticas públicas essenciais à im-plantação de um modelo dedesenvolvimento rural susten-tável, na sua dimensão social,econômica e ambiental, garan-tidor da efetivação dos direi-tos fundamentais dos homense das mulheres do campo.

No entanto, a cada dia que

passa vemos essas mudançasmais distantes, em razão daexpansão avassaladora do agro-negócio e das transnacionais daagricultura, mediante a incor-

poração de extensas áreas àimplantação de culturas volta-das preferencialmente à gera-ção de energia alternativa, emdetrimento da produção dosgêneros alimentícios de pri-meira necessidade, bem assim,através do controle de toda acadeia produtiva, desde o for-necimento das sementes até acomercialização dos produtosagrícolas no mercado interna-cional, exercido por essas em-presas.

Nosso país não pode se

submeter à força do podereconômico dessas corpora-ções. Não podemos aceitarque controlem nossas semen-tes. As liberações irresponsá-veis dos produtos transgênicos,sem critérios e sem estudosque atestem sua compatibili-dade com a saúde humana eanimal, revelam que o Brasilestá renunciando à sua sobe-rania e colocando em perigosua biodiversidade e a saúdede seu povo para beneficiar asgrandes empresas transnacio-nais.

Na nossa visão a CTNBio

está viciada, já que a maioriade seus membros está com-prometida com o desenvolvi-mento de transgênicos e nãocom a avaliação de seus im-pactos. Além disso, vários in-tegrantes da Comissão possu-em conflitos de interesse, poisfazem pesquisas e elaborampareceres para as empresas quedominam a transgenia.

A liberação comercial dos

transgênicos é uma séria ame-aça às sementes crioulas e podeinviabilizar a continuidade da

construção de um modelosustentável de agricultura ba-seado na agroecologia. Até omomento o governo nãoapresentou proposta para lidarcom esse problema e conter acontaminação de nossas se-mentes pelos transgênicos. Pri-meiro foi a soja. Agora, essasempresas querem dominar omercado do milho.

Em maio, a Comissão Téc-

nica Nacional de Biosseguran-ça (CTNBio) liberou os mi-lhos transgênicos da Bayer.Mas a Anvisa e o Ibama acre-ditam que a liberação foi feitasem os devidos estudos paragarantir que esses produtosnão fazem mal à saúde e aomeio ambiente. Em agosto, foio vez da liberação comercialda Monsanto, também semcritérios ou estudos.

Entre os principais riscos

dos transgênicos estão as aler-gias alimentares e a criação deresistência a antibióticos, semfalar na afetação do meio am-biente e no comprometimen-to da reprodução das diferen-tes formas de vida. A Anvisaacredita que os dados apresen-tados pelas empresas “são in-satisfatórios e pouco esclare-cedores”. O Ibama entendeque o milho transgênico cau-sará sérios e irreversíveis pre-juízos à nossa biodiversidade,porque contaminará as demaisespécies de milhos crioulos econvencionais, cultivadas mi-lenarmente por pequenos pro-dutores.

Com o milho transgênico,

Senhor Presidente, os consu-midores, os produtores e o

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2007 - SETEMBRO - EDIÇÃO 011 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 29

Brasil perdem. Só as empresastransnacionais de biotecnolo-gia ganham.

Por essa razão, nos dirigimos

a Vossa Excelência para pedirque determine ao ConselhoNacional de Biossegurança(CNBS) que suspenda as libe-rações comerciais dos transgê-nicos, bem como para que oCNBS edite regras que asse-gurem a coexistência de espé-cies transgênicas e não trans-gênicas

Estamos cansados de ver os

interesses dos grandes gruposeconômicos se sobrepor aosinteresses do povo. Esperamosque Vossa Excelência não per-

mita que o milho transgênicodestrua nossa biodiversidade ecoloque em risco a saúde dosbrasileiros e brasileiras.

Fórum Nacional de Refor-

ma Agrária e Justiça no Cam-po

CONTAG – MST – FE-TRAF - CUT - CPT – CÁ-RITAS – MMC – MPA –MAB - CMP - CONIC –CONDSEF – Pastorais So-ciais - MNDH – MTL –ABRA – ABONG - APR –ASPTA – ANDES – Centrode Justiça Global - CESE –CIMI – CNASI – DESER– ESPLAR – FASE – FA-SER – FEAB – FIAN-Bra-sil – FISENGE - IBASE –

IBRADES – IDACO – IE-CLB - IFAS – INESC –MLST – PJR – REDE BRA-SIL – Rede Social de Justi-ça - RENAP – SINPAF –TERRA DE DIREITOS

Mais informações:impren [email protected]

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30 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 011 - SETEMBRO - 2007

E

Por Fábio de Castro *

Fim da contradiçãoEcoleituras

m novo livro, o eco-nomista José Eli daVeiga discute a vol-ta da dialética e

como novas tendências dasciências promoveram a unifi-cação dos conceitos de sociale ambiental, indicando o nas-cimento de uma nova relaçãoentre natureza e cultura

A expressão “socioambien-tal”, cada vez mais utilizada emdiversos setores, seria apenasmais um neologismo que re-mete a um conceito abstrato?Não para o economista JoséEli da Veiga, que vê no termoum verdadeiro movimentopolítico. No livro A emergên-cia socioambiental, lançado

pela editora Senac-SP, Veigadiscute como a junção do so-cial e do ambiental em umasó palavra manifesta o surgi-mento de uma nova relaçãoentre natureza e cultura. “Aoposição entre a natureza e acultura marcou a formação domundo contemporâneo e atradição das ciências sociais, dafilosofia e da economia. Oconceito de socioambientalindica que está havendo umareconciliação dessas noçõesque foram separadas artificial-mente”, disse Veiga à AgênciaFAPESP.

De acordo com o profes-sor da FEA, as tendências con-temporâneas da ciência mos-

tram que não é possível esta-belecer separação absolutaentre as ciências da vida, a te-oria da evolução, a teoria dacomplexidade e os sistemasdinâmicos. A natureza e a cul-tura seguem pelo mesmo ca-minho, culminando com aunificação do social e do am-biental. “O social e o ambien-tal também sofreram alteraçõesem seu significado científicoe na própria maneira como seexpressam na prática governos,empresas, consumidores e ospróprios movimentos sociais.Os dois termos se modificamquando se juntam, ultrapassan-do uma mera operação inte-lectual e caracterizando um

verdadeiro movimento políti-co”, disse Veiga.

Mais informações e vendaon-line: www.editorasenacsp.com.br/

O‘Guinness WorldRecords’, edição2008, que a Ediou-ro coloca nas livra-

rias em outubro, traz em des-taque inúmeros recordes naárea do Meio Ambiente. En-tre as boas notícias, estão di-versas iniciativas para diminuiro aquecimento global.

Em 2 de fevereiro de 2007,o governo australiano anun-ciou que até 2009 o país nãousará mais lâmpadas de luz in-candescente, a fim de reduzirem cerca de 800 mil toneladasa emissão de gases de efeitoestufa.

Outro recorde é o do ‘mai-or prêmio ambiental’ já insti-tuído até hoje para salvar oPlaneta. Em fevereiro desteano, o britânico Richard Bran-son anunciou a criação do“Earth Challenge”, o “Desa-fio da Terra”, que dará um prê-mio de US$ 25 milhões para oindivíduo ou grupo que for-

Meio ambiente tem lugar especialno Guinness 2008

necer a melhor solução para aremoção do dióxido de car-bono da atmosfera terrestre.Os inscritos devem projetarum sistema que livre a atmos-fera de, no mínimo, um bilhãode toneladas de dióxido decarbono, todos os anos, poruma década. A data limite deinscrição no “Earth Challen-ge” é 8 de fevereiro de 2010.

A nova edição do “Livrodos Recordes” também regis-tra o melhor e o pior desem-penho ambiental, segundopesquisas do Índice de De-sempenho Ambiental, apresen-tado em 2006 no Fórum Eco-nômico Mundial, por cientis-tas das universidades america-nas de Yale e Columbia. Dos133 países pesquisados, aquelecom melhor desempenho am-biental é a Nova Zelândia. Emsegundo vem a Suécia e emterceiro, a Finlândia. O paíscom pior desempenho ambi-ental é a Nigéria, na África.

O Guinness 2008 tambémdestaca tristes recordes. Osmaiores níveis de dióxido decarbono na atmosfera (grandecausador do efeito estufa) fo-ram registrados em 2004 - 377,1partes por milhão. Segundo aOrganização Mundial de Me-teorologia, isso significa umaumento de 35% na quanti-dade de CO² na atmosferadesde a era pré-industrial doséculo XVIII.

Enquanto isso, os EstadosUnidos continuam sendo omaior produtor de dióxido decarbono. Em 2004, o país emi-tiu quase 6 bilhões de tonela-das de gás carbônico, comoresultado do consumo e daqueima de combustíveis fós-seis. A China vem em segun-do lugar, com 4,7 bilhões detoneladas, e a Rússia, em ter-ceiro, com 1,7 bilhão de to-neladas.

O Brasil é lembrado porcausa do desmatamento. Dos

44 países que, juntos, detêm90% das florestas do mundo, aIndonésia possui a taxa anualde desmatamento mais alta: 1,8milhão de hectares foi desma-tado anualmente, de 2000 a2005, o equivalente a 2% dasflorestas do país por ano. Maso maior desmatamento já re-gistrado ocorreu no Brasil, quepossui 14% das florestas domundo. Nada menos que2.309.000 hectares de florestatropical foram desmatados en-tre 1990 e 2000. Só em 2004,segundo o Guinness, os fazen-deiros, produtores de soja e ma-deireiros brasileiros acabaram com26.127 km² de floresta tropical.

Mais informações: Ex-LibrisComunicação Integrada - RJ:Cristina Freitas (21) 2204-3230 /9431-0001 - cr [email protected] / SP: Daiane Oli-veira (11) 3266-6088 / 3266-6609r.228 - daiane@libris. com.br

tram que não é possível esta-belecer separação absolutaentre as ciências da vida, a te-oria da evolução, a teoria dacomplexidade e os sistemasdinâmicos. A natureza e a cul-tura seguem pelo mesmo ca-minho, culminando com aunificação do social e do am-biental. “O social e o ambien-tal também sofreram alteraçõesem seu significado científicoe na própria maneira como seexpressam na prática governos,empresas, consumidores e ospróprios movimentos sociais.Os dois termos se modificamquando se juntam, ultrapassan-do uma mera operação inte-lectual e caracterizando um

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Finep financia livro sobreconstrução sustentávelA

modernização e aredução dos custosda construção civil

são fatores fundamentais paraa solução do déficit habitaci-onal no País. Para ajudar a en-frentar esse problema, a Finan-ciadora de Estudos e Projetos(Finep/MCT), agência de ino-vação do Ministério de Ciên-

cia e Tecnologia, financiou olivro “Habitações de baixocusto mais sustentáveis: a CasaAlvorada e o Centro Experi-mental de Tecnologias Habi-tacionais Sustentáveis”. A pu-blicação reúne estudos sobreconstruções e projetos susten-táveis desenvolvidos pelo Nú-cleo Orientado para a Inova-

ção na Edificação (Norie), daUniversidade Federal do RioGrande do Sul (UFRGS). Ovolume estará disponível paradownload gratuito no PortalHabitare: www. habitare.org.br. Apoiado pela Fineppor meio do Programa de Tec-nologia de Habitação (Habi-tare), o livro apresenta princí-

pios gerais e diretrizes de sus-tentabilidade, além de descre-ver estratégias adotadas na bus-ca de conforto ambiental eeficiência energética, como oaproveitamento e reuso de re-cursos naturais, gestão da águada chuva e de águas residuári-as, paisagismo sustentável e es-colha de materiais.

A questão ambiental nopensamento crítico: natureza,trabalho e educação

Ecoleituras

Olivro retoma a con-tribuição de auto-res clássicos e atu-ais do pensamento

marxista, dos mais diferentescampos do conhecimento. Aoorganizá-lo, o prof. Carlos Fre-

derico, autor de O movimentoambientalista e o pensamento críti-co: uma abordagem política,reuniu artigos que permitemao leitor conhecer aspectosmais gerais de caráter teórico,entender como pensamentocrítico pode fundamentar umaeducação ambiental transforma-dora e, por fim, ter uma novacompreensão dos processos so-

Organização:Carlos FredericoB. Loureiro

cioeconômicos instaurados naAmérica Latina e no Brasil.

Mais informações e ven-das: Quartet Editora - Rua daCandelária, 9 sala 1010 | Cen-tro – Rio de Janeiro – RJ –20091-020 - (21) 2516-5353 ou2233-6845 (fax):[email protected]

O clima está mudando?J

á está circulando anova edição de Ci-ência & Ambientededicada ao tema

Mudanças Climáticas, proje-to editorial concebido bemantes do boom midiático ob-servado em 2007 a partir dadivulgação, em Paris, do últi-mo relatório do IPCC (Inter-national Panel on Climate Chan-ge). Dividido em partes iguaisentre estudiosos franceses ebrasileiros, o 34º número darevista contou com a partici-pação de dois importantes

editores convidados – PascalAcot (CNRS/França) e CarlosNobre (INPE/Brasil).

A edição é composta porum alentado conjunto de 12textos acadêmicos, porém emlinguagem acessível aos leito-res não-especializados. Textosque abordam desde a evolu-ção do clima até as projeçõesde mudanças, bem como al-gumas das repercussões aven-tadas para setores sensíveis daatividade humana, entre osquais a agricultura. Sem catas-trofismos e sem sensacionalis-

mos, como convém a um veí-culo que se pretende porta-dor de idéias embasadas noconhecimento científico.

Editor: Delmar Bressan

Outras informações po-dem ser obtidas pelo endere-ç o e l e t r ô n i c o a m b i e n t [email protected] ou medianteconsulta à página da revista naInternet www.ufsm.br/cienci-aeambiente

Preço do exemplar avulso:R$ 20,00

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Por Leonardo Boff,teólogo

O caminho paraSamarra

Ponto de Vista

m soldado da anti-ga Bassora, na Me-sopotânia, cheio demedo, foi ao rei e

lhe disse:”Meu Senhor, salva-me, ajuda-me a fugir daqui;estava na praça do mercado eencontrei a Morte vestida todade preto que me mirou comum olhar mortal; empresta-meseu cavalo real para que possacorrer depressa para Samarraque fica longe daqui; temo porminha vida se ficar na cidade”.O rei fez-lhe a vontade. Maistarde o rei encontrou a Mortena rua e lhe disse:” O meusoldado estava apavorado; con-tou-me que te encontrou eque tu o olhavas de forma es-tranhíssima”. “Oh não”, res-pondeu a Morte, “o meu olharera apenas de estupefação, poisme perguntava como esse ho-mem iria chegar a Samarra quefica tão longe daqui, porque oesperava esta noite lá”.

Essa estória é uma parábolada aceleração do crescimentofeito à custa da devastação danatureza e da exclusão dasgrandes maiorias. Ele nos estálevando para Samarra. Em ou-

tras palavras: temos poquíssi-mo tempo à disposição paraentender o caos no sistema-Terra e tomar as medidas ne-cessárias antes que ela desen-cadeie consequências irrever-síveis. Já sabemos que não po-demos mais evitar o aqueci-mento global, apenas impedirque seja catastrófico. A niveldos governos, não se está fa-zendo nada de realmente sig-nificativo que responda à gra-vidade do desafio. Muitos crê-em na capacidade mágica datecno-ciência: no momentodecisivo ela seria capaz de sus-tar os efeitos destrutivos. Masa coisa não é bem assim. Hádanos que uma vez ocorridosproduzem um efeito-avalan-che.

A natureza no campo físi-co-químico e mesmo as do-enças humanas nos servem deexemplo. Uma vez desenca-deada, não se pode mais blo-quear uma esplosão nuclear.Rompidos os diques de NovaOrleães nos USA, não é maispossível frear a invasão do mar.Na maioria das doenças hu-manas ocorre a mesma lógica.O abuso de alcool e de fumo,o excesso na alimentação e a

vida sedentária começama princípio produ-

zindo efeitos

sem maior signficação. Mas oorganismo lentamente vai acu-mulando modificações, pri-meiramente funcionais, depoisorgânicas e, por fim, atingindocerto patamar, surge uma do-ença não mais reversível.

É o que está ocorrendocom a Terra. A “colonia” hu-mana em relação ao organis-mo-Terra está se comportan-do como um grupo de célu-las que, num dado momento,começa a se replicar caotica-mente, a invadir os tecidos cir-cundantes, a produzir substân-cias tóxicas que acaba por en-venenar todo o organismo.Nós fizemos isso, ocupando83% do planeta.

O sistema econômico eprodutivo se desenvolveu já hátrês séculos sem tomar emconta sua compatibilidadecom o sistema ecológico. Hojenos damos conta de que eco-logia e modo industrialistade produção que implica osaque desertificante da na-tureza são contraditóri-os. Ou mudamos ouchegaremos à a Samarra,onde nos espera algo si-nistro.

A Terra como umtodo é a fronteira. Elacoloca em crise osatuais modos de pro-

Udução que sacrificam o capi-tal natural e as formações so-ciais construidas sobre o con-sumismo, o desperdício, o mautrato dos rejeitos e a exclusãosocial. Três problemas básicosnos afligem: a alimentação queinclui a água potável, as fontesde energia e a superpopula-ção. Para cada um destes pro-blemas não temos soluçõesglobais à vista. E o tempo dorelógio corrre contra nós.Agora é o momento de crisecoletiva que nos obriga a pen-sar, a madurar e a tomar deci-sões de vida ou de morte.

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Ano II - Edição nº 011 - 2007

Revista do Meio

SIM, quero contribuir para o auto-sustento da democratização da informação ambiental no Brasil através de:( ) R$ 70,00 pela pela assinatura da Revista do Meio Ambiente impressa (12 edições) e do sitewww.portaldomeioambiente.org.br (12 meses).( ) outras formas de colaboração e/ou patrocínio que informarei por e-mail ou fax.Forma de pagamento: depósito bancário ou transferência eletrônica para a Associação Ecológica Piratingaúna - BancoItaú - Agencia 6105 c/c 12.983-4 CNPJ 03.744.280/0001-30. A comprovação do pagamento deve ser enviada pelo telfax(021) 2610-2272 ou pelo e-mail [email protected] com os dados do cupom para inclusão na mala direta da Revista.MEUS DADOS PARA O RECEBIMENTO DA REVISTA IMPRESSA (enviar cupom pelo fax: (21) 2610-2272):

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Jurujuba - Niterói - RJCep.: 24.370-290

Telefax: (21) 2610-2272

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