Revista Brasiliense de nutrição 03

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Publicação semestral da Santé Nutrição

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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS

A Revista Brasiliense de Nutrição publica artigos em português, inglês e

espanhol, que contribuam para o estudo e o desenvolvimento da ciência da nutrição

e alimentação. São publicados artigos originais, metanálises e artigos de revisão.

Os autores são inteiramente responsáveis pelas informações contidas nos artigos

que assinam. Assim, ao enviar uma submissão, a mesma deverá vir acompanhada

de autorização escaneada para publicação do trabalho, estando datada e assinada

por todos os autores.

Os estudos envolvendo seres humanos e/ou animais devem se adequar aos

princípios das Declarações de Tóquio e Helsinque ou normatização ética

equivalente sancionada por entidades nacionais. Os pacientes envolvidos nos

estudos e pesquisas devem ter assinado o consentimento informado e a pesquisa

deve ter a aprovação do conselho de ética e pesquisa da instituição à qual os

autores pertençam.

Os trabalhos devem ser submetidos pelo e-mail [email protected], em

arquivo editado com MS Word e formatado em papel A4, margens (superior, inferior,

direita e esquerda) de 2,0 cm; espaço entre linhas de 1,5; fonte Times New Roman,

tamanho 12 para o texto. O número máximo total do artigo é de 10 páginas,

incluindo resumos em português e inglês, tabelas, figuras, esquemas e referências

bibliográficas. As referências devem vir em ordem alfabética, seguindo as normas

da ABNT NBR6023/2000. As imagens devem ser encaminhadas em formato .jpg em

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Indicar o nome, endereço, números de telefone, e-mail e mini-currículo dos

autores. Os editores se reservam o direito de editar e revisar os textos dos trabalhos

aceitos para publicação, afim de adequá-los ao formato da revista.

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LISTA DE AUTORES

Ana Lúcia Ribeiro Salomon - [email protected]

Doutoranda em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (UnB/DF).

Mestra em Nutrição Humana pela UnB/DF. Especialista em Gestão de

Instituições de Saúde pela FEPECS. Especialista em Nutrição Parenteral e

Enteral pela SBNPE. Especialista em Nutrição Clínica pela ASBRAN.

Especializanda em Nutrição Funcional pela VP/UniCSul. Graduada em Nutrição

pela UnB/DF. Coordenadora da Residência em Nutrição Clínica do HRAN/SES/

DF.

Adriana Haack - [email protected]

Nutricionista, mestre em Nutrição Humana, Gerente de nutrição, Secretaria de

Saúde do Distrito Federal, Brasília - DF, Brasil.

Andreia Araujo Lima Torres - [email protected]

Nutricionista, mestre em nutrição humana (UnB), especialista em nutrição clínica,

especialista em nutrição esportiva e funcional, doutoranda do programa Pró-

Ensino na Saúde (IP/FCE) da UnB. Desenhista Instrucional, consultora de cursos

online da Campos & Torres Consultoria em Informática.

Fernanda Farias – [email protected]

Nutricionista, coordenadora das Ações de Alimentação e Nutrição para o

Programa Bolsa

Família no DF, Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Brasília – DF, Brasil.

Karina Aragão Nobre Mendonça – [email protected]

Nutricionista, mestre em Nutrição Humana e especialista em Educação e

Promoção em Saúde. Coordenadora do curso de nutrição do UniCEUB.

Laurie dos Reis Cunha - [email protected]

Estudante do 8o semestre do curso de nutrição do Uniceub, Brasília - DF.

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Lorena Araújo de Freitas - [email protected]

Estudante do 8o semestre do curso de nutrição do Uniceub, Brasília - DF.

Mariana Martins - [email protected]

Nutricionista, coordenadora de Nutrição em Atenção Básica, Secretaria de

Saúde do Distrito Federal, Brasília – DF, Brasil.

Mônica Julien – [email protected]

Nutricionista, coordenadora do Programa Nacional de Suplementação de Ferro

no DF,

Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Brasília – DF, Brasil.

Naiara Leonoura Lins Pereira

Graduanda em nutrição pelo Centro Universitário de Brasília - UniCEUB

Norma Guimarães Marshall - [email protected]

Nutricionista, Mestre em nutrição humana, Chefe do Núcleo de Nutrição e

Dietética da Gerência de Diagnose e Terapia, da Diretoria de Atenção à Saúde,

da Coordenação Geral de Saúde da Asa Norte, da Subsecretaria de Atenção à

Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, Brasília - DF,

Brasil.

Renata Costa Fortes - [email protected]

Mestre e Doutora em Nutrição Humana pela UnB. Nutricionista da Secretaria de

Saúde do Distrito Federal, Brasília - DF, Brasil. Editora Científica (REVISA).

Regina Barros – [email protected]

Nutricionista, coordenadora do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional no

DF,

Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Brasília – DF, Brasil.

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CORPO EDITORIAL

Adriana Pederneiras Rebelo da Silva, Nutricionista, doutora em Ciências da

Saúde

Daniela Canuto Fernandes, Nutricionista, mestre em Ciência e Tecnologia de

Alimentos

Jullyana Borges de Freitas, Nutricionista, mestre em Ciência e Tecnologia de

Alimentos

Renata Puppin Zandonadi, Nutricionista, doutora em Ciências da Saúde, Docente

do departamento de Nutrição da UnB

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AÇÕES E PERSPECTIVAS DOS NUTRICIONISTAS DA ATENÇÃO BÁSICA NA

SECRETARIA DE SAÚDE – DISTRITO FEDERAL

Regina Barros, Mônica Julien, Mariana Martins, Fernanda Farias, Adriana Haack

RESUMO

O artigo trata da atuação dos nutricionistas da Atenção Básica à Saúde do Distrito

Federal em programas e ações relacionados à Agenda de Compromissos pactuados

no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) para o setor saúde. A Nutrição

colabora no planejamento e gestão de ações implementadas na Secretaria de

Saúde do Distrito Federal (SES/DF), estabelece parcerias com outras instituições do

DF e do Governo Federal, integra e acompanha discussões de temáticas

relacionadas à alimentação e nutrição nas instâncias deliberativas. A atuação do

nutricionista na Atenção Básica à Saúde revela a importância do trabalho desse

profissional na melhoria da qualidade de vida da população, possibilitando maior

efetividade dos programas e ações que compõe a Política Nacional de Alimentação

e Nutrição, bem como das ações de iniciativa local e regional e de gestão, que são

parte dos planejamentos estratégicos da própria SES/DF.

Palavras-chaves: Atenção Primária à Saúde; Políticas Públicas; Qualidade de vida;

ABSTRACT

The article deals with the role of nutritionists in Primary Health Care in Federal

District programs and activities related to the agreed Schedule of Commitments

under the Unified Health System for the health sector. Nutrition collaborates in the

planning and management actions implemented in the Health Department of the

Federal District, establishes partnerships with other institutions of the Federal District

and the Federal Government, integrates and accompanies discussions of issues

related to food and nutrition in deliberative bodies. The role of the dietitian in Primary

Care reveals the importance of this professional in improving the quality of life,

enabling greater effectiveness of programs and actions that make up the National

Food and Nutrition Policy, as well as the actions of local and regional initiative and of

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the management, that are part of the strategic plans of the Health Department of the

Federal District.

Key words: Primary Health Care; Public Policies; Quality of Life.

1. INTRODUÇÃO

O Ministério da Saúde definiu uma Agenda de Compromissos pela Saúde que

contempla três eixos: O Pacto em Defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), o

Pacto em Defesa da Vida e o Pacto de Gestão. Nesta Agenda de Compromissos

destaca-se o Pacto pela Vida que constitui um conjunto de compromissos sanitários

que deverão se tornar prioridades para as três esferas de governo levando ao

aprimoramento do acesso e da qualidade dos serviços prestados no SUS com

ênfase no fortalecimento e na qualificação da Atenção Primária 12. As ações de

alimentação e nutrição em Atenção Primária à Saúde visam à concretização do

Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), de forma a prestar assistência

integral e resolutiva, diminuindo a necessidade de atendimentos de média e alta

complexidade e visando melhorar as condições de saúde e nutrição da população

do Distrito Federal1.

O nutricionista da área de alimentação e nutrição em Atenção Básica à Saúde

planeja e supervisiona ações relacionadas à nutrição com base em dados de saúde

locais e regionais. Nesse sentido, colabora no planejamento e gestão de programas

e pesquisas de saúde implementados na Secretaria de Estado de Saúde do Distrito

Federal (SES/DF), estabelece parcerias com outras instituições governamentais e

não governamentais, integra ou acompanha discussões de assuntos de nutrição e

alimentação nas instâncias deliberativas e legislativas, participa de comissões e

coopera com o aprimoramento técnico-científico e cultural dos profissionais e dos

estudantes de nutrição que atuam no âmbito dessa Secretaria10,3.

As ações na Atenção Básica podem contribuir para o monitoramento de

programas e pesquisas que avaliem o perfil nutricional da população do DF e a

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adequada utilização dos recursos provenientes do Fundo de Alimentação e Nutrição

(FAN) – Portaria GM/MS nº. 1630/2010, repasse anual para a estruturação e

implementação das ações de Alimentação e Nutrição no âmbito das Secretarias

Estaduais e Municipais de Saúde com base na Política Nacional de Alimentação e

Nutrição (PNAN)1.

Principais Programas de Nutrição na Atenção Básica à Saúde no âmbito da

SES/DF

Programa Nacional de Suplementação de Ferro

O Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF) foi criado pelo

Ministério da Saúde por meio da Portaria nº 730, de 13 de maio de 2005 e consiste

na suplementação preventiva de ferro para crianças de 6 a 18 meses de idade,

gestantes a partir da 20ª semana e mulheres até o 3º mês pós-parto12.

A responsabilidade da gestão do PNSF nas Unidades Básicas de Saúde

(UBS) é, preferencialmente, do profissional nutricionista e compartilhada com outros

profissionais, como o farmacêutico. A cobertura do PNSF no DF, em 2010, para o

público infantil, foi de 46%3, 12. Em 2011, até o mês de setembro, está em 28%. A

cobertura para gestantes é menor pelo fato de a última entrega dos insumos do

PNSF recebida pelo Distrito Federal (produzida e entregue pela Farmanguinhos/

Fiocruz em convênio com o Ministério da Saúde) ter sido em 2009 e desde então os

estoques vem sendo utilizados sem reposição.

As estratégias para acompanhamento, continuidade e melhoria da cobertura

do Programa foram esclarecer os profissionais que atuam em contato direto com o

público-alvo quanto aos objetivos do Programa e orientar sobre a operacionalização

no intuito de sensibilizar e fomentar a participação ativa desses profissionais

buscando a melhoria do alcance das metas.

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Quadro 1 – População atendida pelo Programa Nacional de Suplementação do

Ferro do Distrito Federal, Brasília, 2010 e 2011.

POPULAÇÃO ATENDIDA 2010 2011

Nº de crianças atendidas 8.885 5.377

Nº de gestantes atendidas 28.578* 803

Nº de mulheres pós-parto e pós-

aborto2.679

305

*Total de gestantes atendidas com ácido fólico e sulfato ferroso (soma do

consolidado de gestantes suplementadas pelos dois insumos)

Estratégia Nacional para Alimentação Complementar Saudável

A Estratégia Nacional para a Alimentação Complementar Saudável

(ENPACS) elaborada pelo Ministério da Saúde em parceria com a Rede

Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (IBFAN Brasil) tem como

finalidade a formação de profissionais de saúde da Atenção Básica e da Equipe de

Saúde da Família para implementar a orientação alimentar como atividade de rotina

nos serviços de saúde, contemplando a formação de hábitos alimentares saudáveis

desde a infância, com a introdução da alimentação complementar saudável e de

qualidade em tempo oportuno, respeitando a identidade cultural e alimentar da

população2.

A baixa oferta de ações primárias de alimentação e nutrição na rede de UBS, a

falta do profissional nutricionista ou a dificuldade de sua incorporação na atuação

das equipes de saúde, implica em limitar o cumprimento dos princípios do SUS de

integralidade, universalidade e resolubilidade da atenção à saúde. Para superar

esse desafio é preciso, além de fomentar a inserção das ações de alimentação e

nutrição no âmbito das estratégias de atenção à saúde, de forma multidisciplinar,

promover o apoio e a incorporação qualificada do nutricionista 1,10.

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A partir de 2010 a cobertura de profissionais nutricionistas na Atenção Básica á

Saúde da SES/DF vem aumentando consideravelmente, chegando, em 2011, a

78,6% das UBS do DF com nutricionista. Esse fato permite que as ações de

nutrição tornem-se fortalecidas e ampliadas em sua cobertura, efetividade e

continuidade.

Programa Saúde na Escola no DF

O Programa Saúde na Escola (PSE) consiste em uma parceria da SES/DF

com a Secretaria de Estado de Educação do DF (SES/DF) para a promoção de uma

alimentação saudável nas escolas, prevista pela Portaria Interministerial 1010/2006,

do Ministério da Saúde7.

Objetiva integrar ações de promoção e assistência ao escolar, com ênfase na

educação nutricional (comunidade escolar e familiar); na promoção da alimentação

saudável na comunidade escolar; na avaliação nutricional dos alunos da área de

abrangência das UBS; no atendimento ambulatorial nutricional aos escolares

identificados como de risco nutricional (baixo peso, desnutrição, sobrepeso,

obesidade) ou com algum agravo ou doença relacionados à nutrição; na avaliação e

adequação da merenda escolar aos preceitos da alimentação saudável e no

treinamento de manipuladores de alimentos 7.

Projeções para as próximas décadas apontam para um crescimento

epidêmico das Doenças e Agravos não Transmissíveis (DANT) na maioria dos

países em desenvolvimento, especialmente em relação às doenças

cardiovasculares, neoplasias e diabetes tipo 2. As DANT respondem pelas maiores

taxas de morbimortalidade e por cerca de 70% dos gastos assistenciais com a

saúde no Brasil, com tendência crescente. O DF segue essa tendência, com a

mortalidade por doenças do aparelho circulatório, neoplasias e causas externas

como primeiras causas de morte. Esta tendência concorre para a necessidade de

implementação de políticas públicas voltadas para a promoção da saúde e

prevenção de doenças e agravos 4,8.

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A assistência à saúde do escolar funciona como uma forma de contato mais

precoce da população com o sistema de saúde, devido a sua proximidade com as

escolas, o que pode contribuir para ações de prevenção de doenças e promoção da

saúde, o que ajuda a reduzir os agravos que oneram no longo prazo a média e a

alta complexidade7.

A construção de ambientes saudáveis nas escolas de abrangência das UBS,

e que fazem parte do PSE no DF, visa a identificação precoce de problemas de

saúde que possam afetar o desenvolvimento cognitivo e motor dos jovens do DF. Os

diagnósticos realizados direcionam as ações dos profissionais de saúde e da

educação, permitindo, no caso da nutrição, o planejamento e execução de ações de

prevenção e promoção da saúde, com objetivo de orientar e fomentar a formação de

hábitos saudáveis de alimentação e de vida.

Programa Bolsa Família

O Programa Bolsa Família (PBF) no âmbito do DF, no setor Saúde, está

relacionado às condicionalidades de saúde do Programa, destinadas às crianças

menores de sete anos mediante a avaliação do estado nutricional, além do

cumprimento do calendário de vacinação. Para as gestantes, a condicionalidade

de saúde é a realização do pré-natal3.

A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) traz o conceito de que

a “A alimentação e a nutrição constituem requisitos básicos para a promoção e a

proteção da saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial de crescimento e

desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania”3 . Neste sentido, o

PBF reforça e monitora políticas públicas voltadas para a promoção da saúde e

prevenção de doenças e agravos, além de estimular ações intersetoriais em saúde,

educação e assistência social 3.

A cobertura no DF vem sendo insatisfatória desde a implementação do

Programa (em 2005), devido a uma série de peculiaridades e dificuldades do

Governo do DF, sendo as principais a deficiência no número de agentes

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comunitários de saúde, responsáveis pela busca ativa para identificação e

acompanhamento dos beneficiários; insuficiência de recursos materiais nas

Unidades Básicas de Saúde, tais como balanças e estadiômetros para aferição dos

dados antropométricos das crianças e gestantes e desatualização dos endereços

fornecidos no mapa de acompanhamento, o que dificulta a localização dos

beneficiários.

Em 2011 foram traçadas estratégias para a superação das dificuldades do

Programa, dentre elas a aproximação das áreas que participam da

operacionalização e execução do PBF, tendo sido, para isso, formado o Comitê

Central de Acompanhamento do Programa Bolsa Família e do Plano de Erradicação

da Extrema Pobreza no âmbito da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito

Federal e o Comitê Gestor Intersetorial do Programa Bolsa Família composto por

representantes da Secretaria de Saúde, Secretaria de Educação e Secretaria de

Desenvolvimento Social e Transferência de Renda.

A Gerência de Nutrição/SES/DF (GENUT), que historicamente lutava para

enfrentar as dificuldades do Programa, ganhou apoio das outras áreas

responsáveis, o que permitiu focar nas ações de educação nutricional e para o

gasto consciente dos recursos financeiros com uma alimentação saudável de forma

a capacitar as famílias beneficiárias e também os servidores envolvidos no

acompanhamento do estado nutricional dos beneficiários. Com essas ações a

Nutrição pretende que a melhoria do consumo alimentar de qualidade dessas

famílias possa acompanhar a evolução dos demais resultados positivos do

Programa.

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional

O Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) foi proposto

primeiramente pelo Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição em 1976, mas

somente em 1990, após a promulgação da Lei 8080/1990, e com a publicação da

Portaria 1.156 publicada em 31 de agosto desse mesmo ano, é que o SISVAN foi

estabelecido nacionalmente12.

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12

O SISVAN foi concebido sobre três eixos: formular políticas públicas; planejar,

acompanhar e avaliar programas sociais relacionados à alimentação e nutrição; e

avaliar a eficácia das ações governamentais. Dessa forma cumpre seu papel em

auxiliar os gestores públicos na gestão de políticas de alimentação e nutrição, por

meio da obtenção de dados de monitoramento do estado nutricional e do consumo

alimentar das pessoas (em todas as fases do ciclo da vida) que freqüentam as UBS

do SUS9.

Entre as ações dos nutricionistas nas UBS destaca-se o

monitoramento dos dados de crianças e adultos do SISVAN 9. O cenário do ano de

2011, avaliado pela Gerência de Nutrição com base nos dados das atividades dos

nutricionistas da Atenção Primária à Saúde das diferentes Regionais de Saúde do

DF, até o mês de outubro, mostra que 38% das gestantes estavam eutróficas,

porém foi encontrado 18% de baixo peso, 24% de sobrepeso e 15,5% de

obesidade, segundo IMC/semana gestacional. Esses dados mostram em primeiro

lugar a importância do SISVAN para identificar situações em que o sistema de

saúde deve dar resposta imediata. As UBS do DF realizam grupos de

acompanhamento da saúde das gestantes no mínimo 1 vez por trimestre

gestacional. Nas UBS em que há nutricionista, as gestantes em risco nutricional são

acompanhadas também individualmente. Além disso, nessa fase, as gestantes

participam de grupos de orientação para amamentação adequada e cuidados gerais

com o bebê.

Para as crianças menores de 5 anos, 72% estão eutróficas, segundo o IMC/

idade, porém 14% dessas crianças estão em risco de sobrepeso e em torno de 7%

apresentam algum grau de sobrepeso. Para as crianças acima de 5 anos,

encontrou-se 63% de eutrofia, 18% de risco de sobrepeso e 16% possuem algum

grau de sobrepeso. Mesmo considerando que a demanda pelos serviços de saúde

possui o risco do viés do agravo à saúde, pode-se inferir dos dados acima um

impacto negativo dos hábitos de vida não saudáveis, que se iniciam na infância 3, 9.

Dentre os adolescentes, os dados encontrados são de 69% de eutrofia, 17%

de risco de sobrepeso e aproximadamente 11% apresentam algum grau de

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sobrepeso, segundo dados de IMC/idade. Na fase adulta, os dados mostram 37%

de eutrofia e 60% com algum grau de sobrepeso (32% de sobrepeso e 28% de

obesidade). Quanto aos idosos, encontrou-se 7,5% de baixo peso, 34% de eutrofia

e 58% de sobrepeso. Conforme esses dados do SISVAN, pode-se observar de fato

a ocorrência da transição nutricional que vem ocorrendo na população do DF e

mostra ainda a convivência do baixo peso com o sobrepeso e a obesidade,

presentes em diferentes faixas de renda da população, em particular entre as

famílias de menor poder socioeconômico12.

Convivem, ainda, nesse quadro de insegurança alimentar e nutricional

presente em parcela significativa das famílias brasileiras, as infecções e as DANT,

quase sempre associadas a situações de pobreza e precariedade nas condições de

alimentação e de vida 4, 8.

A avaliação e acompanhamento de todos esses dados são importantes para

determinar as estratégias e ações a serem executadas pela área de Nutrição na

SES/DF. Os percentuais encontrados permitem observar que a construção e

manutenção de hábitos alimentares saudáveis devem ser feitas em todas as fases

do curso da vida, de forma a prevenir agravos e promover a saúde da população do

DF.

Um bom exemplo de ação de Atenção Primária à Saúde é o trabalho do

nutricionista, que, entre outras práticas, se dedica à promoção de uma alimentação

saudável, aliada as ações de promoção e prevenção dos agravos à saúde e das

DANT, relacionados á alimentação, e que constituem desafios para os gestores do

SUS e para todos os sujeitos envolvidos na atenção à saúde10.

Para essas ações de nutrição, o SISVAN segue como a principal e mais rica

fonte de dados de saúde, que permitem diagnosticar as necessidades locais.

CONCLUSÕES

A atuação do nutricionista deve ser fortalecida para que a potencialidade do

conhecimento da Nutrição possa, de forma efetiva, contribuir para a melhoria da

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qualidade de vida da população. O monitoramento de programas e pesquisas que

avaliem o perfil nutricional da população do DF é imprescindível para a avaliação da

contribuição desse profissional no SUS.

A atual situação epidemiológica brasileira justifica a incorporação das ações

de alimentação e nutrição no contexto da Atenção Básica à Saúde em geral. As

emergentes e crescentes demandas de atenção à saúde decorrem principalmente

dos agravos que acompanham as doenças crônicas e agravos não-transmissíveis e

as deficiências nutricionais, ambos associados a uma alimentação e modos de vidas

não saudáveis.

Diante de todo o exposto, as ações de nutrição na Atenção Básica à Saúde

deveriam constituem prioridade na atenção à saúde no Distrito Federal e vêm

contribuindo para o desenvolvimento social e melhoria da qualidade de vida da

população do DF. O foco atual da SES/DF na Atenção Primária visa atuar de

maneira oportuna para evitar a referência de casos aos níveis de média e alta

complexidade do sistema de saúde, e, portanto, reduzir gastos desnecessários de

recursos públicos.

REFERÊNCIAS

1) BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Intersetorial de Alimentação e Nutrição.

Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Seminário Nacional

de Alimentação e Nutrição no SUS. PNAN 10 anos. Brasília: Ministério da

Saúde, 2010.

2) BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégia Nacional para Alimentação

Complementar Saudável (ENPACS). Caderno do tutor. Brasília: Ministério da

Saúde, 2010.

3) BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Coordenação Geral de Política de Alimentação e Nutrição.

Guias e manuais 2010. Preparações Regionais Saudáveis. Mais saúde nas

mesas das famílias do Programa Bolsa Família. Brasília: Ministério da Saúde,

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2010.

4) BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Secretaria de

Atenção à Saúde. Diretrizes e recomendações para o cuidado integral de

doenças crônicas não-transmissíveis: promoção da saúde, vigilância, prevenção

e assistência. 72 p. – (Série B. Textos Básicos de Atenção à Saúde) (Série

Pactos pela Saúde 2006; v. 8). Brasília: Ministério da Saúde, 2008.

5) BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Matriz de ações de alimentação e nutrição na atenção básica de

saúde. 78 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos). Brasília: Ministério da

Saúde, 2009.

6) BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Política nacional de atenção básica/Ministério da Saúde,

Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília:

Ministério da Saúde, 2006.

7) BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Saúde na escola / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à

Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

96 p.: il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde) (Cadernos de Atenção Básica; n.

24)

8) BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de

Gestão Estratégica e Participativa. Vigitel Brasil 2009: vigilância de fatores de

risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. 116p. (Série G.

Estatística e Informação em Saúde). Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

9) BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância Alimentar e Nutricional. SISVAN. Série

A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

10)CFN. Sistema Conselhos Federal e Regionais de Nutricionistas. Observatório de

Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição/Universidade de Brasília e

Faculdade de Nutrição da Universidade Federal Fluminense. O papel do

nutricionista na atenção primária à saúde. Brasília: 2008.

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11)DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Estado de Saúde. Subsecretaria de Atenção

à Saúde. Gerência de Nutrição. Coordenação de Nutrição em Atenção Básica.

Relatório de Gestão da Gerência de Nutrição no ano de 2010. Brasília, 2010.

12)FILHO BM, Rissin A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais

temporais. Cad Saúde Pública 2003;19(Supl 1): p.S181-S191.

13)Portaria nº 730. Instrui o Programa Nacional de Suplementação do Ferro,

destinado a prevenir a anemia ferropriva e dá outras providências. Diário Oficial

da União. 2005; 13 maio.

14)SILVA, Nelcy Ferreira da. O Nutricionista na Atenção Básica. Brasília, 2008.

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PROGRAMA DE RESIDÊNCIA EM NUTRIÇÃO CLÍNICA – HRAN

Norma Guimarães Marshall, Renata Costa Fortes, Ana Lúcia Salomon

Com a finalidade de promover a capacitação de recursos humanos e

desenvolver projetos de pesquisas, foi criado em 1998 o primeiro Programa de

Residência em Nutrição, intitulado “Curso de Educação Profissional em Nutrição aos

Moldes de Residência”, com intuito de inserir no mercado de trabalho, inclusive na

SES, profissionais qualificados dentro da visão de saúde pública do Distrito Federal.

Esse curso teve uma duração de 12 (doze) meses, com carga horária de 60 horas

semanais exclusivas, totalizando 2280 horas e, era separado em dois Programas:

Nutrição Clínica e Atenção Básica em Saúde, sendo oferecidas 6 (seis) vagas e 4

(quatro) vagas, respectivamente.

Em 2004, o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) publicou a Resolução

nº335 que regulamentou a Residência em Nutrição. Nesse mesmo ano, o Curso foi

transformado em Programa de Residência em Nutrição (PRN) e passou a ter 24

(vinte e quatro) meses de duração com manutenção da mesma carga horária

semanal, totalizando 5760 horas (80% treinamento em serviço e 20% atividades

teóricas).

A partir de 2007, o PRN se tornou único por meio da condensação das áreas

de Nutrição Clínica e Atenção Básica em Saúde, denominando-se Programa de

Residência em Nutrição Clínica (PRNC) e, dessa forma, o nutricionista candidato à

residência iria se especializar integralmente nessas áreas.

Ainda em 2007, aperfeiçoou-se a metodologia utilizada de acordo com a

Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS) denominada

“Aprendizagem orientada por problemas” por meio de tutoriais imprescindíveis para

o aperfeiçoamento crítico e independente do residente na busca constante de

informações, bem como a implementação de discussões efetivas em relação à

análise crítica de artigos científicos por meio de “Clubes de Revista” focando os

principais tipos de estudo.

O estímulo à pesquisa científica se tornou mais enfático por meio da

orientação do trabalho final (monografia) exigido para a conclusão do PRNC, ser

realizado sob a forma de dois artigos científicos (artigo de revisão e artigo original)

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18

submetidos à publicação e apresentados no Simpósio da Residência em Nutrição

no último ano de atuação dos residentes.

Em 2010, o número de vagas foi ampliado devido à implantação do Programa

de Cirurgia Bariátrica e do ambulatório de Diabetes mellitus com ênfase na

contagem de carboidratos no PRNC. Já em 2011, houve a implementação da

residência no Centro de Saúde no 10 (Lago Norte) e, realizou-se a parceria, no

Hospital de Base do Distrito Federal - HBDF (Ambulatório de Fibrose Cística,

Ambulatório de Gastroenterologia e Alergia Alimentar, Ambulatório de

Endocrinologia, Clínica de Oncologia e Clínica Médica), na modalidade de

preceptoria colaboradora.

Sendo assim, o PRNC prepara seus residentes nas seguintes áreas de

atuação: Atenção Básica (Centros de Saúde n° 10), Clínica Médica, Clínica

Cirúrgica, Pediatria, Unidade de Emergência, Unidade de Queimados, Unidade de

Terapia Intensiva, Ambulatórios de Cirurgia Bariátrica e Diabetes mellitus, dentre

aquelas realizadas no HBDF.

O PRNC tem como objetivo formar um especialista cuja característica básica

é atuar tanto em Atenção Primária, Secundária e Terciária à Saúde. Esse, por sua

vez, deverá ser capaz de: priorizar a prática da nutrição clínica centrada na pessoa,

na relação nutricionista-paciente, no cuidado em saúde, com destaque para o

cuidado nutricional, e na continuidade da atenção; atender, com elevado grau de

qualidade; participar no desenvolvimento, planejamento, execução e avaliação do

cuidado nutricional, para dar respostas adequadas às necessidades de saúde dos

indivíduos sob sua responsabilidade, tendo por base metodologias apropriadas de

investigação, com ênfase na utilização do método epidemiológico.

Além disso, deverá estimular a participação e a autonomia dos indivíduos e

familiares; desenvolver novas tecnologias relacionadas ao cuidado nutricional em

atenção secundária e terciária à saúde; desenvolver habilidades docentes e a

capacidade de auto-aprendizagem; desenvolver a capacidade de crítica da atividade

do nutricionista, considerando-a em seus aspectos científicos, éticos e sociais.

Atualmente o PRNC conta com 17 preceptores, distribuídos em atenção

básica, ambulatórios e clínicas de internação sendo 1 atuando na Atenção Básica, 4

em nível ambulatorial e 12 atuando nas clínicas de internação do HRAN. Neste ano

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RBN 1, ano 2, 2012

19

temos 16 residentes do 1º ano (R1) e 14 residentes do 2º ano (R2), totalizando 30

residentes em nutrição.

A produção científica do PRNC é contínua. Vale ressaltar a elevada produção

existente, o que tem contribuído sobremaneira para a avaliação do hospital de

ensino. Dos artigos originais, de revisão e relatos de casos clínicos produzidos pelo

PRNC mais de 20 já foram publicados em revistas indexadas, além de premiações

referentes à excelente produção científica.

Os nossos egressos têm conquistado bastante êxito profissional, visto que

são aprovados em diversos concursos na área de nutrição, contratados

imediatamente por diversas empresas e instituições renomadas, o que representa o

diferencial de inserção no mercado de trabalho. Além disso, muitos que estão hoje

na Secretaria de Estado de Saúde do DF continuam fomentando a implementação

de novos programas de residência na rede hospitalar do DF.

Para o ano de 2012, serão ofertadas 12 vagas para os nutricionistas

candidatos ao Programa de Residência em Nutrição Clínica do HRAN, além de 04

(quatro) vagas para o Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e 08 (oito) vagas para o

Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), o que comprova a ampliação na

atuação do nutricionista da SES/DF.

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20

ÍNDICE DE ACEITAÇÃO DE PREPARAÇÕES UTILIZANDO O

APROVEITAMENTO INTEGRAL DOS ALIMENTOS EM UMA CRECHE DO

DISTRITO FEDERAL

Naiara Leonoura Lins Pereira, Karina Aragão Nobre Mendonça

RESUMO

A alimentação é a base da vida e dela depende o estado de saúde do ser humano.

O desconhecimento dos princípios nutritivos, bem como o seu não aproveitamento,

ocasiona o desperdício de toneladas de recursos alimentares. Uma alimentação

saudável, rica em nutrientes pode ser alcançada com partes dos alimentos que

normalmente são desprezados como talos, cascas, sementes, folhas, entre outros,

com isso, é importante a utilização destes como alimentação integral. O

aproveitamento integral dos alimentos possui como princípio básico a diversidade

de alimentos com o objetivo de reduzir custo, melhorar o valor nutricional, ser de

fácil acesso e tornar possível a criação de novas receitas. Uma alimentação de

qualidade é importante na infância, pois é nesta fase que a criança está

desenvolvendo os seus sentidos e diversificando os sabores, com isso, o alimento

tem um papel importante pelo fato de incorporar novos hábitos alimentares, e

também é na fase da infância que se é mais vulnerável à desnutrição e deficiências

nutricionais que causam problema sobre seu crescimento e desenvolvimento. É

relevante o enriquecimento nutritivo das preparações através da utilização integral

dos alimentos por meio do uso de cascas, talos, sementes, folhas considerando a

melhor medida preventiva contra a carência de vitaminas e minerais. O propósito

desse trabalho é avaliar, através da análise sensorial, a aceitação de receitas que

aproveitem integralmente os alimentos. Para isso, foram desenvolvidas três

preparações: bolo da casca de banana, pizza de abobrinha e suco da casca de

abacaxi com couve, para serem degustadas por crianças pré-escolares de uma

creche localizada na zona central de Brasília. A avaliação da aceitabilidade da

receita foi realizado por meio de um questionário de escala hedônica facial de três

pontos. Os resultados mostraram que as preparações tiveram bons percentuais de

aceitação, com 42% a pizza de abobrinha, 32% o bolo da casca de banana e 26% o

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RBN 1, ano 2, 2012

21

suco de abacaxi com couve.

Palavra chave: Alimento, Desperdício, Análise sensorial, Aproveitamento integral.

ABSTRACT

Food is the basis of life and them depends on the health of human beings. The

nutritional properties are not known and their use too, due to it, there are the waste

tons of food resources. A healthy diet, rich in nutrients can be achieved with portions

of food that are usually dismissed as stems, bark, seeds, leaves, among others, it is

important to use these as integral power. The integral use of food has the basic

principle the variety foods, in order to reduce cost, improve the nutritional value, be

easy to access and make it possible to create new revenue. A quality power supply

is important on childhood because it is at this stage that the child is developing their

senses and diversifying flavors. The food has an important role during the childhood,

because it incorporating new eating habits and can avoid problems on their growth

and development, because it is in infancy the children is most vulnerable to

malnutrition and nutritional deficiencies that cause problems on their growth and

development. It is relevant to the improvement of recipes the full utilization of food

like the use of bark, stems, seeds, leaves. This is the best preventive measure

against the lack of vitamins and minerals. The purpose of this study is to evaluate,

through the sensory analysis, the acceptance of recipes that fully grasp the food. For

this, we developed three preparations: banana peel cake, peel zucchini pizza and

pineapple juice with cabbage, to be savored by preschool children in a nursery

located on central Brasília. The evaluation of the acceptability of the recipe was

made by means of a questionnaire for facial hedonic scale of three points. The

results showed that the preparations had good percentage of acceptance, with 42%

to zucchini pizza, 32% of the banana peel cake and 26% pineapple juice with

cabbage.

Keyword: Food, Waste, sensory analysis, full utilization.

INTRODUÇÃO

A alimentação é a base da vida e dela depende o estado de saúde do ser

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22

humano. O desconhecimento dos princípios nutritivos do alimento, bem como o seu

não aproveitamento, ocasiona o desperdício de toneladas de recursos alimentares.

De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e

Alimentação), no Brasil estima-se que anualmente há um desperdício de 26 milhões

de toneladas de alimentos. Para o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística), esta quantidade é o suficiente para alimentar bem 35 milhões de

pessoas, em situação de insegurança alimentar (EMBRAPA, 2007). Uma das

estratégias de combate ao desperdício é utilizar de forma consciente todo o

alimento, ou seja, ter um planejamento do que se coloca no prato e o de ter uma

programação do consumidor antes de ir ao supermercado.

Gondim et al. (2005) realizou um estudo sobre composição centesimal e de

minerais em cascas de frutas, onde analisou sete tipos de frutas (cascas) e sete

elementos minerais, e constataram que as cascas das frutas apresentaram maiores

teores de nutrientes do que as respectivas partes comestíveis.

Uma alimentação de qualidade é de extrema importância na infância, pois é

nesta fase que a criança está desenvolvendo os seus sentidos e diversificando os

sabores, podendo formar suas próprias preferências. Para isso, uma dose suficiente

de proteínas, vitaminas, minerais, ferro e cálcio será essencial para que assegure o

crescimento e desenvolvimento, e que proporcione ao organismo a energia e os

nutrientes necessários para o desenvolvimento de suas funções e um bom estado

de saúde (PHILIPPI, 2003).

Na fase pré-escolar, grande parte das crianças vive em creches e o papel do

nutricionista é de grande valia para seu crescimento e desenvolvimento. De acordo

com o Conselho Federal e Regional de Nutrição, o trabalho atribui a muitas funções

como planejamento, avaliação, educação nutricional (Goulart, 2010). O nutricionista

deve ter um planejamento no dia-a-dia da creche, sempre respeitando seus hábitos

alimentares e desenvolvendo atividades educativas com as crianças.

Ferreira et al.(1998) afirma que o alimento vai se tornando cada vez mais

social, uma vez que é oferecido mais de uma vez, com isso a criança começa a

sentir sabores, texturas e a conhecer o alimento.

Nas crianças em idade pré-escolar, o alimento tem um papel importante pelo

fato de ocorrer a incorporação de novos hábitos alimentares (NOVELLO, 2007) e

também é a fase da vida em que é mais vulnerável à desnutrição e deficiências

Page 24: Revista Brasiliense de nutrição 03

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23

nutricionais que causam problema sobre seu crescimento e desenvolvimento

(MELO, 2004).

A família é um grande exemplo para a criança, as refeições em família

representam um momento importante na promoção de uma alimentação saudável. A

influência da família sobre as escolhas alimentares podem ser: por meio da

aquisição de gêneros alimentícios, por meio de comportamentos durante a refeição

e na maneira de educar sobre os alimentos saudáveis (ROSSI, 2008).

Nesse sentido, é relevante o enriquecimento nutritivo das preparações

através da utilização integral dos alimentos utilizando cascas, talos, sementes,

folhas considerando a melhor medida preventiva contra a carência de vitaminas e

minerais. Diante disso, o propósito desse trabalho é avaliar, através da análise

sensorial, a aceitação de receitas que aproveitem integralmente os alimentos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Tratou-se de um estudo experimental, visando avaliar o consumo de

preparações que utilizem integralmente os alimentos.

Foram analisados crianças em idade pré-escolar (4 a 6 anos de idade)

através da lista de chamada fornecida pela creche, de ambos os sexos,

freqüentadores da creche Cruz de Malta, localizada na Asa Norte, Brasília – DF.

Para participar da pesquisa as crianças tinham que estar na faixa etária pré-

escolar e os responsáveis tiveram que assinar um Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) que possuia informações sobre a pesquisa a ser realizada e o

sigilo dos participantes.

Antes de iniciar a pesquisa, foi encaminhada ao responsável pela creche uma

carta de aceite da pesquisa. Além disso, foi encaminhado aos pais e/ou

responsáveis pelas crianças um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) que possuía informações sobre a pesquisa. Após a confirmação da

concordância do local em participar da pesquisa, a entrega dos TCLE assinados

pelos responsáveis e a aprovação do Comitê de Ética, o trabalho foi iniciado.

Foram desenvolvidas três preparações: bolo da casca de banana, pizza de

abobrinha e suco da casca de abacaxi com couve, sendo as duas primeiras receitas

do livro Cozinha Brasil (SESI, 2007) e a última elaborada pela pesquisadora. Todas

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RBN 1, ano 2, 2012

24

as receitas foram escolhidas e elaboradas tendo como base o baixo custo e a

facilidade de ter acesso aos alimentos que muitas vezes são jogados no lixo e que

podem ser aproveitados.

As receitas foram elaboradas na casa da pesquisadora e manipuladas de

modo que não oferecesse riscos de contaminação aos alimentos. Posteriormente,

foram transportadas e colocadas dentro de vasilhames e garrafas térmicas.

As crianças foram encaminhadas em grupos de três a uma sala reservada

onde tinha uma mesa e cadeira, para se sentarem confortavelmente. Sobre a mesa

estava a receita a ser analisada e um copo de água. Ao final da degustação, as

crianças avaliaram a receita degustada por meio de questionário.

Para avaliação da aceitabilidade da receita foi realizado um teste de análise

por um questionário de escala hedônica facial de três pontos, em ordem

decrescente de acordo com as expressões caracterizadas pelas faces desenhadas,

que representam as situações de não gostei muito, gostei pouco e gostei muito.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 30 alunos convidados para participar desta pesquisa como provadores,

apenas 63,3% (n=19) aderiram ao estudo através da devolução do TCLE pelos pais.

A pesquisa foi realizada em dois dias, sendo duas turmas por dia de

pesquisa. Para o desenvolvimento das preparações, foram escolhidas receitas

pelo qual os ingredientes fossem ricos em vitaminas e minerais que proporcionem

melhor crescimento e desenvolvimento para as crianças. Com isso, observou-se um

bom resultado diante das preparações, já que foram preparadas com

aproveitamento integral dos alimentos proporcionando às crianças um hábito

alimentar diferente da qual estão acostumadas. Além disso, o aproveitamento

integral fornece preparações com teores elevados de vitaminas, minerais e fibras,

pois há a utilização das cascas, talos e sementes.

Em relação às três preparações, o que as crianças indicaram que mais

gostaram foi a pizza, 42% (n=8) em relação aos outros lanches. Em segundo lugar,

foi o bolo com 32% (n=6) e em terceiro o suco com 26% (n=5).

Em relação às preparações que as crianças menos gostaram, o suco ficou

em primeiro lugar com 26% (n=5), o bolo em segundo com 37% (n=7) e a pizza em

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RBN 1, ano 2, 2012

25

terceiro com 16% (n=3), sendo que das dezenove fichas preenchidas, 21% (n=4)

afirmaram que gostaram de todas as preparações. Foi verificado que 31% (n=6) das

crianças relataram que gostariam que o suco fizesse parte do seu lanche, enquanto

que 37% (n=7) gostaria que fosse o bolo e 22% (n=4) a pizza. Apenas 10% (n=2)

marcaram que gostariam que todas as preparações fizessem parte do lanche.

Cavalheiro et al. (2001) fez um trabalho com o objetivo de elaborar um

biscoito sabor chocolate com resíduo de soja “okara” e verificar a aceitação entre

crianças em idade pré-escolar, comparando-o com o mesmo produto sem o resíduo

e observou que o biscoito de soja obteve aceitação significativamente superior ao

sem resíduo.

Um outro estudo feito por Novello et al. ( 2007) onde foi avaliado a aceitação

de uma torta salgada com trigo integral, recheada a base de talos de hortaliças, por

crianças pré-escolares, observou-se que os talos e hortaliças foram bem aceitos

pelas crianças, pois elas não os removeram de nenhuma torta quando as

degustaram.

Os resultados desses estudos são bem próximos aos encontrados na

presente pesquisa, onde através da análise sensorial, foi analisada a aceitação de

três preparações com aproveitamento integral dos alimentos (bolo da casca de

banana, pizza de abobrinha e suco da casca de abacaxi com couve). Os resultados

mostraram que as preparações tiveram bons percentuais de aceitação, a pizza de

abobrinha com 68%, o bolo da casca de banana com 58% e o suco de abacaxi com

couve com 74%.

Os estudos nessa área mostram uma boa aceitabilidade em relação às

preparações enriquecidas, como aconteceu no presente estudo. Diante disso, é

importante desenvolver o hábito de se utilizar partes que normalmente são

descartadas, como cascas, talos e sementes, para elaborar preparações, dessa

forma enriquecendo nutricionalmente a dieta da população e reduzindo o

desperdício.

CONCLUSÃO

O presente trabalho cumpriu os objetivos da pesquisa verificando a

aceitabilidade das preparações modificadas utilizando o aproveitamento integral dos

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26

alimentos. A finalidade é contribuir para um novo hábito alimentar, a fim de

proporcionar preparações de fácil elaboração e com um valor nutricional elevado,

uma vez que as partes que são geralmente descartadas são as que têm maior teor

de vitaminas, minerais e fibras.

Ao desenvolver e avaliar a aceitabilidade das preparações modificadas é

possível observar que elas tiveram bons percentuais de aceitação, porém a pizza de

abobrinha foi a mais aceita, em segundo lugar ficou o bolo da casca de banana e o

suco da casca de abacaxi com couve em terceiro lugar, sendo que este foi

associado ao suco do “incrível Hulk” por ser de coloração verde.

Para evitar o desperdício e até mesmo ajudar no conhecimento a respeito do

aproveitamento integral dos alimentos, foi distribuído para as crianças levarem aos

pais e/ou responsáveis, professores e cozinheira um folheto (Anexo) contendo

informações e receitas que utilizem integralmente os alimentos. A partir desta

informação é possível ver a educação nutricional um com o outro, atendendo as

necessidades de cada pessoa, tornando possível uma alimentação mais

balanceada, variada e saudável, a fim de proporcionar saúde e bem estar. O

objetivo é fazer com que as pessoas incorporem no seu dia-a-dia o hábito de utilizar

integralmente os alimentos, assim evitando o desperdício e consumindo alimentos

com alto teor de vitaminas, minerais e fibras, ou seja, melhorando a qualidade

nutricional do que se consome.

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creche filantrópica: aplicação do consumo dietético de referência. Revista Brasileira

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pessoal.utfpr.edu.br/marlenesoares/arquivos/BancodeAlimentosEmbrapa.pdf>

Acesso em 16 de Março 2011.

Page 28: Revista Brasiliense de nutrição 03

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Nutrição. Campinas, v.21, n.6. Nov./Dez.2008.

Page 29: Revista Brasiliense de nutrição 03

RBN 1, ano 2, 2012

28

IMPACTO DO CONSUMO DO CHÁ DE ERVA-MATE NO PERFIL LIPÍDICO

Laurie dos Reis Cunha, Andreia Araujo Lima Torres

RESUMO

Devido aos maus hábitos de vida comuns na atualidade, decorrentes principalmente

do sedentarismo, padrão alimentar inadequado, excesso de consumo de gorduras,

açúcar, sódio presentes em alimentos industrializados, houve um crescimento do

número de doenças associadas ao aumento do consumo de gorduras e calorias,

como as dislipidemias, doenças coronárias e obesidade. Dessa forma, estratégias

nutricionais que minimizem estes problemas são essenciais. A erva-mate (Ilex

paraguariensis), planta originária da América do Sul é consumida no Brasil,

principalmente nos Estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa

Catarina e Rio Grande do Sul. Sua ingestão tem sido associada à uma redução

significativa nos níveis de colesterol total, LDL-c e triglicerídios sanguíneos. As

bebidas à base de erva-mate (chimarrão e chá-mate) apresentam propriedades

antioxidantes, hepatoprotetora, vasodilatadora, digestiva, já comprovadas in vivo e

in vitro, e ação hipocolesterolêmica. Sendo assim, acredita-se que o consumo da

infusão aquosa de erva-mate possa ter efeitos benéficos sobre o perfil lipídico e

possa ajudar no combate a doenças cardiovasculares e obesidade. Este trabalho

objetivou observar a resposta do consumo do chá de erva mate nos níveis de

colesterol total, LDL-c, HDL-c e triglicerídeos. Os principais resultados obtidos

permitiram verificar que o consumo crônico do chá de erva mate entre os

participantes trouxe benefícios significativos, como: a redução de colesterol total e

de triglicerídeos e aumento do HDL-c, promovendo assim uma melhora no perfil

lipídico e consequentemente da saúde desses indivíduos em estudo, sendo

importante ressaltar que para a conquista de uma melhor qualidade de vida, são

fundamentais hábitos de vida adequados e consumo de alimentos saudáveis,

aliados à prática de atividade física.

Palavras-chave: Erva mate, Colesterol, Triglicerídeos, Dislipidemia.

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29

ABSTRACT

Due to common bad habits present in our lives nowadays, resulting mainly from

sedentary lifestyle, inadequate food standards, excessive consumption of fat, sugar

and sodium found in industrial food, there was an increase in the number of diseases

associated to the large consumption of fat and calories, such as dyslipidemias,

coronary diseases and obesity. Therefore, nutritional strategies to minimize these

problems are essential. The yerba mate (Ilex paraguariensis), a native plant of South

America, is consumed in Brazil, principally in the states of Mato Grosso do Sul, São

Paulo, Paraná, Santa Catarina and Rio Grande do Sul. Its ingestion has been

associated to a significant reduction on total cholesterol levels, as well as LDL-c and

blood triglycerides. The beverages derived from yerba mate (mate and tea) present

antioxidant, hepatoprotective, vasodilator, digestive proprieties, tested both in vivo

and in vitro, and hypocholesterolemic effects. Thus, it is believed that the

consumption of watery infusion of yerba mate may have good effects over the lipid

profile, and may help against cardiovascular diseases and obesity. The present work

aimed to observe the response to the consumption of yerba mate tea on total

cholesterol, LDL-c, HDL-c and triglycerides levels. The main results obtained led to

verification that the continuing consumption of yerba mate tea among the

participants brought significant benefits, such as: reduction on total cholesterol and

triglycerides and an increase in HDL-c, resulting an improvement on lipid profile, and

consequently, on the health of the study subjects. It is also important to highlight that,

in order to achieve better quality of life, adequate life habits and consumption of

health food, combined with the practice of physical activity, are fundamental.

Key words: Yerba Mate. Cholesterol. Triglycerides. Dyslipidemia.

INTRODUÇÃO

A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009), divulgada pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2011), mostrou que a maior

parte dos brasileiros tem hábitos alimentares não adequados, caracterizado pelo

elevado consumo de alimentos ricos em gorduras, açúcar e sódio e pobre em

micronutrientes essenciais, juntamente com à baixa ingestão de alimentos benéficos

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RBN 1, ano 2, 2012

30

ao organismo, como grãos integrais, verduras, frutas e legumes (BRASIL, 2011).

Tal padrão contribui para o aumento de doenças crônicas não transmissíveis,

como dis l ip idemias (CASTRO et a l , 2004), obesidade e doenças

cardiovasculares(DCV). De acordo com estudos epidemiológicos, doenças do

aparelho circulatório tem causas multifatoriais, sendo que o estilo de vida pode

contribuir para o desenvolvimento das mesmas. Dietas ricas em açúcar, gorduras

saturadas, colesterol e sal, bem como consumo exagerado de bebida alcoólica,

tabagismo e sedentarismo estão entre os fatores predisponentes. Numerosos

estudos têm sido conduzidos considerando os efeitos dos níveis de gordura na dieta

de pacientes que sofrem de doenças crônicas. Em populações cujas dietas têm

excessivo teor de gordura ocorre maior número de mortes por doenças

coronarianas (LIMA et al, 2000).

O conteúdo de colesterol e de gordura saturada de um alimento é o que vai

indicar se determinada dieta possui potencial para aumentar níveis de colesterol

sérico e promover doenças como aterosclerose. Estudos mostram a elevada

correlação entre o aparecimento de aterosclerose, níveis de lipídeos séricos e

hábitos alimentares (FORNES et al, 2002).

Além da quantidade de lipídios da dieta poder influenciar o perfil de ácidos

graxos dos tecidos, também influencia nas concentrações de colesterol plasmático,

principalmente os ácidos graxos saturados e os ácidos graxos trans presentes, que

tendem a aumentar as concentrações plasmáticas de LDL-c e colesterol total e

reduzir os de HDL-c (MELO et al, 2007).

O aumento do LDL-c favorece o depósito de lipídios nas paredes dos vasos,

resultando no aparecimento de placas de ateroma. Consequentemente, há maior

probabilidade de ocorrer um ataque cardíaco. Prova disto é que em sociedades

cujas concentrações plasmáticas de colesterol total se encontram abaixo de 180mg/

dL, o risco de ocorrer doença cardíaca coronariana é menor (CASTRO et al, 2004).

Neste panorama, as medidas de prevenção devem ocupar lugar de destaque

(SICHIERI et al, 2000), reduzindo a morbimortalidade da população e os custos dos

serviços de saúde. Para tanto, uma alimentação variada e balanceada, aliada à

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RBN 1, ano 2, 2012

31

prática regular de atividades físicas, de medidas de controle do estresse são

fundamentais (NAHAS, 1996).

Em nutrição humana, diversos alimentos e fitoterápicos vem sendo

estudados com o intuito de contribuir para a prevenção das DCV. Pesquisas

recentes com a erva-mate (Ilex paraguariensis) demonstram potencial para a

diminuição dos níveis de colesterol e triglicerídeos e aumento do HDL-c. (PAGANINI

et al, 2005). No Brasil, tais estudos ainda são escassos, desta forma, a fim de

verificar se estes resultados podem ser replicados em nossa população, pesquisas

nesta área são fundamentais. O presente estudo constituiu-se em um experimento

transversal com amostra de 15 indivíduos moradores de Brasília-DF. Teve como

objetivo avaliar o impacto do consumo do chá de erva mate no perfil lipídico destes

indivíduos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram inscritos quinze indivíduos adultos saudáveis, de ambos os sexos, na faixa

etária compreendida entre 20 e 59 anos, sendo que o critério para seleção da

amostra de adultos saudáveis foi através da declaração dos voluntários pelo Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A amostra foi selecionada por

conveniência, com pessoas da rede social da pesquisadora, que possuam plano de

saúde para a realização do lipidograma antes do início e após a conclusão do

estudo.

Foi realizada uma pesquisa experimental envolvendo quinze participantes

selecionados por conveniência. Estes indivíduos deveriam consumir diariamente o

chá da erva-mate torrada em sachês, patrocinada pela empresa Matte Leão ®,

durante um mês. Os participantes foram orientados a manterem sua alimentação

habitual para que não ocorressem modificações nos resultados causados pela

mudança da mesma. Os participantes receberam a explicação sobre o projeto, seus

objetivos e assinaram o TCLE. A coleta de sangue foi realizada no Laboratório Sabin

antes de se iniciar o experimento, para que fosse possível observar o perfil lipídico

do participante anteriormente ao consumo do chá. Foi necessário que o participante

estivesse 12h em jejum antes de cada coleta de sangue. Após a primeira coleta foi

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32

dado início a pesquisa. O chá-mate torrado, patrocinado pela Matte Leão ®, foi

preparado de acordo com as instruções de Matsumoto (2008), em que foram

utilizados 6,4g (4 sachês) da erva mate, sendo dois administrados no período da

manhã (as 10h) e dois no período da tarde (16h) imersos em 300 ml a 500 ml de

água. O consumo foi diário e realizado após pelo menos 5 minutos de infusão. Foi

ressaltado que a bebida deveria ser consumida em até 24h para que não houvesse

perda de suas qualidades nutricionais.

Ao final do experimento foi realizada nova coleta de sangue no Laboratório Sabin,

para que fosse possível comparar os dois exames. Também foi necessário jejum

dos participantes de 12h antes da coleta. Todos os participantes também foram

pesados com uma balança digital G-Tech® BALGL 3C máx. 180kg d=50g antes e

após o experimento e preencheram um questionário sobre hábitos alimentares,

onde constam itens sobre o consumo de bebidas alcoólicas, consumo de gorduras e

atividade física. Após o término de todas as etapas da pesquisa e a comparação dos

dois exames de sangue (um realizado antes e o outro após o período de consumo

da erva-mate) foi iniciado o processo de análise dos resultados, em que foi

verificado se houve melhora no perfil lipídico (colesterol total e frações e triglicerídeo

sérico) dos participantes em estudo. A análise dos dados dos resultados antes e

depois do lipidograma e do peso foram comparados por meio do teste t e mostrados

na forma de gráficos em percentuais. O teste t também foi utilizado para

comparação de médias em amostras independentes a fim de se observar se

houveram alterações entre os sexos feminino e masculino e para verificar a

significância dos resultados, utilizou se p<0,05. Os padrões de referência

considerados normais para os exames realizados foram: colesterol total<200mg/dL,

HDL-c para mulheres > 49mg/dL e para homens > 39mg/dL, LDL-c < 100mg/dL e

triglicerídeos < 151mg/dL.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram convidados 15 indivíduos para participar do experimento com o chá

mate, porém houve desistência de um dos participantes antes do início do

experimento, e de mais um após 2 semanas do início do experimento, por

apresentar episódios de insônia, sendo excluídos da pesquisa. Além disso, um

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RBN 1, ano 2, 2012

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participante não realizou o último exame de sangue. Assim, os resultados

apresentados compreendem amostra de 12 participantes totais que, após a

assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, receberam sachês de

erva mate suficientes para 30 dias. Antes de iniciar o consumo e após a realização

do experimento, todos os clientes fizeram exames de lipidograma completo e foram

pesados. Os resultados antes e depois do lipidograma e do peso foram comparados

por meio do teste t e mostrados na forma de gráficos em percentuais. O teste t

também foi utilizado para comparação de médias em amostras independentes a fim

de se observar se houveram alterações entre os sexos feminino e masculino.

Segundo a comparação dos exames de sangue dos voluntários e aferição de peso,

obtiveram-se os seguintes resultados:

Antes do início do experimento 5 participantes apresentavam hipercolesterolemia

(Colesterol Total > 200mg/dl). Após os 30 dias do experimento apenas 2

participantes ainda apresentavam colesterol total aumentado. De todos os

participantes do experimento, 83% deles obtiveram como resultado final diminuição

do colesterol total, 17% tiveram aumento dos valores. Segundo os exames, as

mulheres apresentaram maior redução de colesterol em relação aos homens (-11,5

mg/dL e -5,3 mg/dL respectivamente). Houve significância nos resultados de

diminuição de colesterol total dos participantes do experimento, pois segundo

análises estatísticas o valor de p foi de 0,0210. O resultado observado concorda

com os resultados relatados por Melo e colaboradores (2007) e Arçari (2009), onde

a intervenção com erva mate em ratos mantidos com uma vantagem de dieta rica

em gorduras resulta numa melhoria dos parâmetros, como a diminuição de

colesterol total, entre outros parâmetros. Embora o presente estudo não tenha

oferecido uma dieta rica em gorduras, este também apresentou benefícios de

redução de colesterol total.

De todos os participantes do experimento, 50% (n=6) tiveram aumento de

HDL-c, sendo que 4 encontravam-se com o valor no exame abaixo do recomendado

e após o experimento, apenas 3 ainda apresentavam valor de HDL-c inadequado;

42% (n=5) mantiveram seu valor de HDL-c igual aos valores iniciais e 8% (n=1) da

amostra obteve diminuição do colesterol HDL. Segundo os exames, as mulheres

apresentaram maior aumento de HDL colesterol em relação aos homens, (+4,4 mg/

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RBN 1, ano 2, 2012

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dL e +2 mg/dL respectivamente). Houve significância nos resultados de aumento de

HDL-c dos participantes do experimento, pois segundo análises estatísticas o valor

de p foi de 0,0296. Em estudo realizado por Morais (2009), o colesterol HDL, após

20 dias de ingestão de erva-mate, aumentou 4,4% dentre os participantes, sendo

que os hipercolesterolêmicos em terapêutica com estatinas obtiveram um aumento

de 6,2% após 40 dias.

Foi observado no experimento que 7 participantes apresentavam níveis

aumentados de LDL-c e após o experimento 6 ainda apresentavam valores acima

do recomendado. De todos os participantes do experimento, 58% (n=7) obtiveram

diminuição do colesterol LDL, 25% (n=3) mantiveram o valor final igual ao inicial e

17%(n=2) tiveram esse valor aumentado. Segundo os exames, as mulheres

apresentaram maior redução de LDL colesterol comparando com os homens do

experimento ( -10,2 mg/dL e -3,3mg/dL respectivamente). O teste t não conseguiu

mostrar a significância nos resultados de diminuição de LDL colesterol dos

participantes do experimento antes e após o consumo do chá, sendo o valor de o

igual a 0,0704. No estudo de Morais (2009) com indivíduos normolipidêmicos,

dislipidêmicos, e hipercolesterolêmicos de longa data e em uso de estatinas, foi

administrado 330 mL de chá- mate, 3 vezes por dia, em infusão de mate verde ou

torrado por 40 dias. Obteve-se como resultados em indivíduos normolipidêmicos

uma redução do LDL-colesterol em 8,7%, nos dislipidêmicos a redução do LDL-

colesterol foi de 8,1 a 8,6% e em hipercolesterolêmicos sobre a terapêutica com

estatinas, houve uma diminuição de 10,0 e 13,1% após 20 e 40 dias,

respectivamente, de consumo. Embora no presente estudo o teste t não tenha

mostrado significância, houve diminuição dos níveis de LDL-c da maioria dos

participantes (58%), devendo ser ressaltado que uma alimentação saudável aliada a

hábitos de vida adequados, são importantes para a diminuição significativa desses

valores.

Ainda, de todos os participantes do experimento, 83% (n=10) encontravam-

se com triglicerídeos dentro dos padrões de normalidade, 17% (n=2) mantiveram

iguais os valores iniciais e finais (Figura 4). Segundo os exames, houve maior

redução de triglicerídeos nas mulheres quando comparadas aos homens (-12,7mg/

dL e -6,3mg/dL respectivamente). Houve significância nos resultados de diminuição

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RBN 1, ano 2, 2012

35

de triglicerídeos dos participantes do experimento, pois segundo análises

estatísticas o valor de p foi de 0,0219. Segundo observado em outras pesquisas

com erva mate, o consumo regular da mesma diminuiu os níveis de colesterol e

triglicerídeos e aumentou os de HDL (DUARTE, 2010). Melo et al (2007) e Arçari

(2009), realizaram um estudo de intervenção com I. paraguariensis em ratos com

uma de dieta rica em gorduras, onde houve uma melhoria dos parâmetros, tais

como o peso corporal, colesterol, triglicerídeos, LDL-colesterol e o aumento nos

níveis de HDL-colesterol, assim exercendo uma influência positiva em vários

marcadores bioquímicos relacionados a obesidade. O mecanismo pelo qual estes

marcadores podem influenciar nos processos fisiológicos está relacionado com a

ação das saponinas, que interferem no metabolismo do colesterol e reduzem a

absorção de gorduras derivadas a partir da dieta, agindo principalmente através da

inibição da lipase pancreática (BASTOS et al, 2007). Embora o atual estudo não

tenha comprovações de que os participantes tivessem uma dieta rica em gordura,

também aponta para uma redução de colesterol total e frações e triglicerídeo sérico.

Quanto ao peso, foi observado que 75% (n= 9) dos participantes do

experimento apresentaram peso ao final menor do que o peso inicial, 17% (n = 2)

mantiveram o peso inicial igual ao final e 8% (n=1), obteve aumento de peso,

embora este tenha apresentado diminuição de triglicerídeos, colesterol total e LDL.

Segundo os exames, os homens apresentaram maior perda de peso que as

mulheres (-2,7kg e -0,5kg respectivamente). Mesmo assim, não houve significância

nos resultados de diminuição de peso dos participantes do experimento, pois o valor

de p foi de 0,0743. Os participantes foram orientados a manterem sua alimentação

habitual, a fim de minimizar o viés da pesquisa. Contudo, como não foi feita análise

do padrão dietético antes e após os trinta dias de experimento, a maiores

inferências acerca deste resultado não podem ser feitas. Mesmo assim, é

importante destacar que outros autores observaram redução de peso e adiposidade

com o consumo de chá de erva-mate. Kang et al (2012), observaram a diminuição

da obesidade através de um menor crescimento de tecido adiposo e de menor

ganho de peso corporal através da erva-mate, assim como aconteceu na pesquisa,

em que dos 12 participantes, 11 apresentaram redução de peso em relação ao

usual. Pang et al (2008), investigaram em seu estudo, a eficácia de um extrato de

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RBN 1, ano 2, 2012

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erva-mate na redução do acúmulo de gordura visceral, relatando que o extrato de

I.paraguariensis pode diminuir o apetite e prevenir a obesidade, causando uma

redução do peso da gordura visceral, o tamanho dos adipócitos e o ganho de peso

corporal. No entanto, nesta pesquisa, as alterações no peso corporal dos

participantes não podem ser atribuídas diretamente a inibição de apetite, já que não

havia nenhum inquérito alimentar e além disso, embora a maioria dos voluntários

tenha perdido peso, esta diminuição não foi significativa segundo o valor de p

atribuído no teste t.

CONCLUSÃO

A pesquisa mostrou que os valores de colesterol total e triglicerídeos podem

diminuir e os de HDL aumentar significativamente, o que indica que a ingestão de

chá-mate pode promover melhora no perfil lipídico e consequentemente da saúde

daqueles que fazem uso da erva de forma crônica. O presente estudo confirmou o

potencial da erva mate também em brasileiros, o que poderia auxiliar na prevenção

de doenças associadas às alterações no lipidograma. Desta forma, este chá poderia

ser recomendo como adjuvante na prevenção de doenças cardiovasculares, as

quais tem sido responsáveis por grande morbimortalidade em diversos países

ocidentais, inclusive o Brasil.

Outras pesquisas também demonstraram o que pode ser observado com

significância no presente estudo, o aumento do HDL-c e a diminuição de colesterol

total e triglicerídeos nos participantes, sendo útil tanto para profissionais dessa área,

pois confirma que a erva pode ser usada no tratamento de dislipidemias mistas,

quanto para a clientela atendida, já que possuirão mais uma ferramenta para cuidar

da própria saúde.

Algumas limitações metodológicas devem ser consideradas, como a amostra

reduzida de participantes do sexo masculino, o fato de não ter sido realizado

inquérito dietético para acompanhar o padrão alimentar ao longo das 4 semanas do

estudo e a inexistência de inquérito de atividade física dos participantes do

experimento.

Baseado nessas limitações, sugere-se que novos estudos com a erva –mate

Page 38: Revista Brasiliense de nutrição 03

RBN 1, ano 2, 2012

37

sejam realizados, contando-se com uma amostra significante de ambos os sexos e

melhor representativa de diversas faixa etárias. Alem disso, recomenda-se a

inserção de grupo controle e de pacientes possuidores de condições como doenças

cardiovasculares e diabetes.

Apesar dos benefícios demonstrados é fundamental que esta seja apenas

uma das estratégias de promoção da saúde. O ideal é que práticas saudáveis como:

abstenção do tabagismo, baixo consumo de álcool, alimentação rica em frutas e

verduras, baixo consumo de carnes vermelhas e aumento do consumo de peixes

fonte de ômega-3, substituição de cereais simples por cereais complexos e pratica

regular de atividade física sejam estimulados para um efeito significativo na redução

da morbimortalidade da população. Assim, o papel do nutricionista torna-se

fundamental nesse processo de educação nutricional para melhoria da qualidade de

vida e saúde das pessoas.

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42

AVALIAÇÃO DA ACEITABILIDADE DA FARINHA DO COGUMELO GANODERMA

LUCIDUM EM PREPARAÇÕES DOCES E SALGADAS

Lorena Araújo de Freitas, Andreia Araujo Lima Torres

RESUMO

Em todo o mundo, com maior relevância nos países ocidentais, a prevalência de

doenças crônicas não transmissíveis, alcançou patamares assustadores. Após uma

longa campanha de conscientização e enormes investimentos governamentais,

observa-se que a sociedade vem agora tentando migrar para uma alimentação mais

saudável. A indústria também tem tentado se adequar oferecendo produtos com

menor teor de gordura e açúcar, por exemplo. Produtos funcionais tem sido foco de

pesquisa e, em Brasília, parceria entre o setor privado e governamental resultou no

desenvolvimento de uma farinha de cogumelo, isenta em glúten e com alto teor de

beta-glucanas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a aceitabilidade de preparações

feitas com a farinha do cogumelo Ganoderma lucidum de forma a contribuir para a

pesquisa nesta área. Trata-se de um estudo experimental, transversal que objetivou

modificar receitas preparadas com a aveia. As receitas (com o uso da aveia e

também com o uso da farinha de cogumelo) foram testadas e analisadas por 20

voluntários, os quais deram seu parecer quanto aos critérios sabor, textura e

aparência. As análises inferenciais foram feitas nos programas Bioestat 5.0 e

Microsoft Excel. Os resultados demonstraram que houve diferença significativa entre

a aceitação das receitas doces e salgadas, sendo as doces mais aceitas, porém

quando comparadas entre si, não houve diferença significativa, ou seja, as receitas

com o uso da farinha de cogumelo foram tão bem aceitas quanto as originais, que

continham aveia em sua formulação. Quanto à textura e aparência, a amostra C foi

a que teve menor aceitabilidade. Quanto ao custo, as preparações com farinha do

cogumelo se mostraram mais caras, porém com maior teor de fibra. Quanto ao valor

calórico, as preparações com farinha do cogumelo se mostraram menos calóricas,

porém não suficientes para serem consideradas como preparações light. O estudo

demonstrou que a farinha pode ser utilizada tanto em preparações doces quanto

salgadas, conferindo maior valor nutricional às receitas. Desta forma, sua inserção

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RBN 1, ano 2, 2012

43

no hábito alimentar da população brasileira pode contribuir beneficamente, inclusive

durante o tratamento de condições como obesidade e dislipidemias. Recomendam-

se mais estudos para comprovar sua eficácia nestas e outras condições e também

sua aceitação na culinária brasileira em longo prazo.

Palavras chave: Doenças Crônicas Não Transmissíveis, Ganoderma lucidum, beta-

glucanas, preparações.

ABSTRACT

Worldwide, especially in Western countries, the prevalence of chronic diseases has

reached frightening levels. After a long awareness campaign and huge governmental

investments, it is observed that the society is now attempting to switch to a healthier

diet. The industry has also tried to follow this growing trend and the offer of products

with a low fat content is an example of its effort. Research on functional products has

been done and, in Brasília, a partnership between the private sector and the

government resulted in the development of a mushroom flour, gluten free and with a

high beta-glucan content. The aim of this study was to evaluate the acceptability of

preparations made with mushroom flour (Ganodermalucidum) to contribute to

research in this area. This is an experimental study that aimed to compare modified

recipes prepared with oats. The recipes (with the use of oat and mushroom flour)

were tested and analysed by 20 volunteers who gave their opinion about the criterias

flavor, texture and appearance. Bioestat 5.0 and Microsoft Excel were used for

inferential analyses. The results showed a significant difference between the

acceptance of sweet and salty recipes, and the favorite one was the sweet. When

compared to each other, there was no significant difference: recipes using either

mushroom flour or oats were equally accepted. As for texture and appearance,

sample C had less acceptance. As for cost, the most expensive preparation was the

one containing mushroom flour, however with a higher fiber content. As for calories,

the preparations made with mushroom flour were less calorific, but not enough to be

considered a light preparation. The study showed that the flour can be used in both

salty as sweet preparations, giving greater nutritional value to revenue. Thus, their

inclusion in the dietary habits of the population can contribute beneficially, including

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during treatment of conditions such as obesity and dyslipidemia. Further studies

should be carried out to prove its viability and also its acceptance of use in Brazilian

cuisine.

Key words: Chronic diseases,Ganodermalucidum, beta-glucan, recipes.

INTRODUÇÃO

Há bastante tempo, o cogumelo Ganoderma lucidum tem sido utilizado na

China para prevenir e tratar doenças. O mesmo possui propriedades moduladoras,

dentre elas, a promoção de macrófagos, contribuindo para o aumento da imunidade.

Também atua inibindo a síntese de colesterol pelas células hepáticas e prevenindo

doenças cardiovasculares (GAO et al., 2003; LIN, 2005; HAJJAJ, 2005). A redução

dos níveis de colesterol plasmático, após o consumo do Ganoderma lucidum,

decorre também do alto teor de fibras do alimento e também da atividade

antiplaquetária e anti-inflamatória, proporcionadas por este fungo (BERGER et al.,

2004). Além disso, alguns estudos mostram que ele é capaz de prevenir o câncer

devido às suas propriedades constituintes de polissacarídeo, que inibem a atividade

da proteína C quinase e ativa uma série de outras proteínas protetoras (LIN et al.,

2003).

A farinha proveniente do cogumelo Ganoderma lucidum foi desenvolvida pela

empresa Blazei Brazil em parceria com a EMBRAPA. Trata-se de uma farinha com

características diferentes das convencionais: “é uma mistura de grãos de sorgo

integral com a parte vegetativa (micélio) do cogumelo rei (Ganoderma lucidum) que

mantém a estrutura integral do farelo, enriquecido por nutrientes essenciais do

cogumelo, como vitaminas, minerais, proteínas e fibras de alto valor à saúde,

proporcionando vantagens nutricionais em relação à farinha integral

tradicional” (BLAZEI BRASIL, 2012).

De acordo com análise realizada pelo Laboratório de Análises da

Universidade Federal de Santa Catarina (LABCAL), o cogumelo Ganoderma

lucidum possui um alto teor de fibras beta-glucanas (52,29% em 100g), valor muito

superior ao da própria aveia (4% em 100g) , podendo ser uma opção saudável para

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a prevenção de doenças relacionadas ao excesso de peso e às dislipidemias.

A nova farinha ainda aguarda a liberação da ANVISA para comercialização no

Brasil. Neste momento, torna-se importante investigar as formas de utilização deste

novo produto (a farinha de Ganoderma lucidum), em preparações do cotidiano,

assim como sua aceitabilidade.

MATERIAIS E MÉTODOS

Após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa, foram

selecionados, por conveniência, 20 indivíduos para participar do teste de

aceitabilidade. Os participantes dos testes leram e assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), declarando não possuírem alergia ou

intolerância a nenhum dos ingredientes da preparação. Foram escolhidas e testadas

duas receitas com aveia, uma salgada (suflê de legumes com aveia) e uma doce

(bolo integral de aveia). Os critérios para esta escolha foram baseadas em: custo

(não poderia ser muito alto), ingredientes saudáveis (não possuir excesso de

açúcar, gordura), atratividade (pratos com boa aceitabilidade em nossa cultura). As

duas receitas originais foram modificadas e adaptadas à utilização da farinha do

cogumelo. As amostras para a avaliação da aceitabilidade foram divididas da

seguinte maneira: Amostra A – receita doce modificada (farinha do cogumelo),

Amostra B – receita salgada de aveia, Amostra C - receita salgada modificada

(farinha do cogumelo), Amostra D – receita doce de aveia.

Os participantes expressaram sua aceitação quanto ao sabor através da

escala presente no questionário: desgostei muitíssimo, desgostei muito, desgostei

regularmente, desgostei ligeiramente, indiferente, gostei ligeiramente, gostei

regularmente, gostei muito, gostei muitíssimo (escala hedônica de 9 pontos), e

quanto à textura e aparência através das variáveis: atraente e não atraente. As

análises inferenciais foram realizadas nos programas Bioestat 5.0 e Microsoft Excel.

Para avaliação do sabor foi feita uma análise de variância (ANOVA), com posterior

aplicação do Teste de Tukey, utilizado para avaliar a amplitude das diferenças por

meio de um teste de comparações múltiplas. Para avaliação da textura e da

aparência, foram utilizadas porcentagens na forma de gráficos para melhor

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visualização.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises referentes ao sabor demonstraram que houve diferença

significativa (p = <0.0001) de aceitação entre as amostras doces e salgadas.

Entretanto, as amostras A e D (ambas receitas doces, sendo a amostra A preparada

com farinha de cogumelo e a amostra D preparada com aveia) não apresentaram

diferença significativa quanto ao seu sabor, bem como as amostras B e C (ambas

receitas salgadas, feitas com aveia e farinha do cogumelo, respectivamente)

também não apresentaram diferença quanto ao sabor. Estes dados sugerem que a

farinha do cogumelo é tão bem aceita quanto a aveia nestas preparações, podendo

ser incluída como parte da alimentação de forma a contribuir para hábitos

alimentares mais saudáveis.

Quanto à textura das receitas, a amostra A obteve 95% dos resultados

agradáveis, a amostra B obteve 68%, a amostra C obteve 53% e a amostra D 95%.

Pode-se observar que a textura das amostras A e D (receitas doces) tiveram melhor

aceitação, do que a das amostras B e C (receitas salgadas). A amostra C (suflê de

farinha de cogumelo) foi a que obteve menor aceitabilidade quanto à textura.

No quesito aparência das receitas, 100% julgaram a amostra D (doce de

aveia) como agradável; 80% dos indivíduos julgaram as amostras A e B como

agradáveis, e apenas 50% julgaram a amostra C (salgada de farinha de cogumelo)

como tendo aparência agradável. Pode- se observar que quanto à aparência, a

amostra A, B e D foram as que tiveram melhor aceitabilidade, já a amostra C (suflê

de farinha de cogumelo) se mostrou pouco aceita pelo público em questão. Sendo

assim, faz-se necessário a busca por alternativas de receitas que tornem as

preparações salgadas com a farinha do cogumelo mais atraentes quanto à

aparência e textura.

Quanto ao custo, as preparações com aveia, amostras D e B se mostraram

59% (n=8,19) e 24,3% (n=4,41) mais baratas do que as amostras A e C

respectivamente. A preparação doce feita com a farinha do cogumelo (amostra A)

apresentou teor maior de fibras (17%) em relação à mesma receita feita com aveia

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(n=0,37). A fibra beta-glucana possui as propriedades de aumentar a viscosidade do

bolo alimentar, reduzir a absorção de carboidratos e de lipídios séricos, sendo

benéficas no tratamento de dislipidemia e controle glicêmico no Diabetes Mellitus

(MIRA, GRAF, CÂNDIDO, 2009). Desta forma, apesar de possuírem um maior

custo, preparações com a farinha do cogumelo que possuem maior teor de fibra

podem ser interessantes para indivíduos dislipidêmicos, resistentes à insulina,

diabéticos ou que tenham dificuldade em atingir a recomendação de fibras

dietéticas.

A amostra A (doce com farinha de cogumelo) apesar de mais cara que a

amostra D (doce com farinha de aveia), possui mais fibras e foi tão bem aceita

quanto esta. Já amostra C, além de mais cara, não foi tão bem aceita quanto as

demais, por isto outros testes de receitas salgadas com farinha de cogumelo seriam

necessários a fim de melhorar a aceitação deste ingrediente para este tipo de

preparação.

O presente estudo teve como limitação o preenchimento dos questionários,

uma vez que nem todos foram preenchidos da forma como deveriam havendo

espaços em branco sem a devida marcação. Os questionários que estavam desta

maneira tiveram suas respostas não inclusas, nas questões deixadas em branco, no

momento da análise estatística. Fica assim, evidenciado uma maior necessidade de

treinamento dos participantes. Em um estudo realizado por Cardoso (2010), foi

evidenciada limitação no preenchimento dos questionários uma vez que alguns

participantes eram analfabetos sendo necessária a ajuda de agentes comunitárias

para auxiliar no preenchimento do mesmo. Este não foi o caso do estudo realizado.

Mesmo assim, a conferência do preenchimento torna-se importante e deverá ser

observada em estudos subsequentes.

CONCLUSÃO

A demanda por alimentos funcionais vem aumentando em decorrência da

maior preocupação de parte da população com questões relacionadas à saúde e à

qualidade de vida. Brasília entra nesta esfera uma vez que possui empresas

trabalhando no desenvolvimento de produtos nesta linha. Um destes produtos a ser

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lançado em breve no mercado é a farinha do cogumelo Ganoderma lucidum, o qual

pode ser utilizado adicionado a iogurtes ou vitaminas ou associado a preparações

doces e salgados.

Testes de aceitabilidade foram conduzidos com a mesma e pode-se concluir

que esta pode ser ajustada em preparações comuns na mesa do brasileiro. Apesar

de um pouco mais cara, a mesma apresenta maior teor de fibra e menor teor

energético do que a aveia e sua aplicabilidade para determinados casos nutricionais

se mostra interessante.

A principal característica nutricional da farinha do cogumelo Ganoderma

lucidum é o alto teor de beta-glucanas, as quais atuam favoravelmente na

prevenção e promoção da saúde, sendo aliadas no tratamento de diversas doenças,

como por exemplo, para os portadores de doença celíaca, uma vez que esta não

contém glúten, ou até mesmo para pessoas que querem emagrecer, uma vez que

possui alto teor de fibras. Sugerem-se entretanto novos estudos, tanto para o teste

de receitas quanto para a comprovação de seu benefício em condições como

dislipidemias, resistência insulina, emagrecimento dentre outras.

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