Revista LaPaz - Edição 0

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HORTO DE DEUS Uma comunidade que trabalha com muita fé na recuperação POLÊMICA 11 motivos para não concordar com a liberação da maconha REALIDADE NUA E CRUA Fotógrafa russa Irina Popova registra o drama de uma criança co-dependente CONSCIENTIZAÇÃO TRATAMENTO RECUPERAÇÃO QUALIDADE DE VIDA EDIÇÃO 0 NOVEMBRO DE 2014 A prevenção chegou Semana LaPaz usa teatro, música e Facebook para atrair milhares de jovens na cidade paulista de Monte Alto

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Edição de abertura do mais novo veículo de comunicação dedicado a comportamento e qualidade de vida.

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HORTO DE DEUSUma comunidade que trabalha com muita fé na recuperação

POLÊMICA11 motivos para não concordar com a liberação da maconha

REALIDADE NUA E CRUAFotógrafa russa Irina Popova registra o drama de uma criança co-dependente

CONSCIENTIZAÇÃOTRATAMENTO

RECUPERAÇÃOQUALIDADE DE VIDA

EDIÇÃO 0NOVEMBRO DE 2014

A prevenção chegouSemana LaPaz usa teatro, música e Facebook para atrair

milhares de jovens na cidade paulista de Monte Alto

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2 R E V I S TA L A PA Z N O V E M B R O 2 0 1 4www.sementesdaliberdade.org.br

Associação Sementes da Liberdade - ASL

“...semeando AMOR,colhendo LIBERDADE”

“É dever da família, da comunidade, da sociedade em gerale do poder público assegurar, com absoluta prioridade,a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde,

à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,à profissionalização, à cultura, à dignidade,

ao respeito, à liberdade e à convivênciafamiliar e comunitária.”

(Artº 4 do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA - Lei 8.069/1990)

Missão da ASLTrabalhar para ser conhecida e reconhecida como organização social que promove ações de assistência social, educação, esportes e cultura à adolescentes e jovens que vivem ou viveram em ambientes familiares afetados pela adicção às drogas, inclusive o álcool, auxiliando no desenvolvimento integral do indivíduo em vulnerabilidade social.

Filosofia da ASLNossa crença é baseada novalor humano, que através doconhecimento norteado porprincípios éticos e espirituais,é capaz de despertar a consciênciado indivíduo para ser um propagadorde amor, verdade e justiça.

Contribua com nossa entidade e receba um certificado de “Empresa Socialmente Responsável”, uma menção em nosso

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3R E V I S TA L A PA Z N O V E M B R O 2 0 1 4

Nova revista, começa outra históriaEDITORIAL

Foto

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iano

Maz

ieri

F inalmente a revista LaPaz está circulando. Depois de meses de planejamento e prepa-ração, nosso time chegou à conclusão de que,

sim, já estávamos com tudo pronto e arrumado para este momento. Só faltava o pontapé inicial. Agora não falta mais.

A ideia nasceu há quase dois anos. Uma pu-blicação impressa que falasse do universo da de-pendência química de drogas e álcool para aqueles que vivem ou já viveram o drama. Para aqueles que trabalham no setor, que estudam ou desenvol-vem programas voltados para a prevenção. Uma revista plural, diversificada, mas leve — se é que isso é possível nesse terreno pedregoso e dolorido.

Depois da ideia, claro, veio o desafio de levar o projeto à prática. Nesse instante, nosso grupo per-cebeu que faltava algo. Precisávamos mais do que uma revista. Precisávamos de um projeto abran-gente, inovador, que fosse além de apenas falar da dependência química. Vimos que era necessário agir, interagir, fazer e acontecer.

Foi quando surgiu a Rede LaPaz de Ação Social, uma série de ações na área da dependên-cia química. Começamos com a prevenção, depois

apoiamos novos grupos de apoio, orientamos asso-ciações, órgãos públicos e escolas. Um movimento surpreendente, que contou com o apoio inestimá-vel da sociedade organizada e, em especial, das empresas e pessoas físicas — que ajudaram a cus-tear as atividades.

A primeira campanha de grande porte da Rede, a Semana LaPaz de Prevenção às Drogas e Álcool, em Monte Alto, foi sucesso absoluto de pú-blico e crítica. O próximo passo foi voltar à nossa ideia-mãe: lançar um veículo de comunicação de-dicado à dependência química.

E assim fizemos. Nesse exemplar número zero da LaPaz apresentamos um aperitivo do que vai ser nossa linha editorial. Uma introdução ao que pretendemos fazer, ao que planejamos mos-trar. E tudo virá com o tempo, dentro da mais fundamental e imprescindível se-re-ni-da-de.

Com essa edição, começa uma nova história, uma nova relação com uma área pródiga em desa-fios e pronta para se desenvolver.

Seja bem-vindo e boa leitura!

O Editor

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4 R E V I S TA L A PA Z N O V E M B R O 2 0 1 4

A Revista LaPaz é uma publicação do Sistema LaPaz de Desenvolvimento Humano e da Sarahy Editora Ltda.

EditorRogério Menani (Mtb 28.012)[email protected]

RedaçãoAna Rita Mazza, Beatriz Ravagnani,

Isabele Zavatti [email protected]

Arte-finalRaphael Bertolli

[email protected]

FotosBeatriz Ravagnani, Carlos Navarine,

Irina Popova, Juliano Mazieri

Conselho EditorialAna Paula Veroneze Gonçalves, Carlos

Augusto Artioli, Iza Marques, Hélio Navar-ro, Maria do Carmo Irochi Coelho, Regina

Marques, Sérgio Marangoni, Vanessa Terra Pereira, Wagner Damião Cabral de Oliveira

Impressão e acabamento: Ativa Gráfica Editora (16) 3242-2466

Revista LaPazRua José Renato Menani, 35

Parque Industrial ÁfricaMonte Alto – SP | CEP: 15.910-000

Tel.: (16) 3241-4137E-mail: [email protected]

www.revistalapaz.com.br

EXPEDIENTE

Revista LaPaz Número 0

Novembro de 2014Próxima edição: fevereiro de 2015

Tiragem: 2,5 mil exemplaresDistribuição: gratuita

Circulação: dirigidapara todo o Brasil

Periodicidade: Bimestral

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30 ENSAIO FOTOGRÁFICO

IRINA POPOVA A fotógrafa russa Irina Popova tem um trabalho reconhecido mundialmente. Viaja muito e

tem a agenda lotada. Mas nos últimos meses

acompanhou o trabalho da equipe LaPaz e já fez a sua contribuição para a nossa

revista, cedendo as fotos que estampam o ensaio desta

edição. Seu trabalho completo está no livro “Another Family”,

ainda sem previsão de lançamento no Brasil.

Muito se falou, muito se continua falando sobre o assunto. Mas peraí: quais são os motivos para não concordarmos com a liberação da produção e comércio desta que é a droga ilícita mais consumida no Brasil? O Pe. Haroldo J. Rahm detalha o assunto, num texto para ninguém botar defeito.

Notas .....................................................6A Rede LaPaz no Facebook .................9

InfográficoO tamanho do consumo edo comércio mundialde drogas ..........................................10

EspecialRede LaPazO início ...............................................12Lançamento Oficial ..........................14A Semana LaPaz ...............................16Os parceiros e patrocinadores .........20

Horto de Deus A Fé na Recuperação ........................22

5 para reflexãoNesta edição, filmes que podemdar uma boa noção do que é o mundo das drogas .........................36

A importância da motivaçãoJá é difícil largar um hábito.Como fazê-lo sem lançar mão da motivação?Pe. Haroldo J. Rahm, SJ ...................38

COLUNAS E REPORTAGENS

DISCUSSÃO TÉCNICA

MOTIVOS PARANÃO LIBERAR

GERAL

SUMÁRIO

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Casa cheia

Se o sucesso de um espetáculo é me-dido pelo público que o assiste, então a Semana LaPaz excedeu as expectati-vas. Milhares de alunos da rede esco-lar—municipal, estadual e particular, estiveram participando da primeira edição de um programa que tem tudo para crescer.

Para os adolescentes, os momentos de descontração são os preferidos do programa, onde não faltam entusias-mo e competitividade. Confira!

Mais de 3 mil alunos participaram da Semana LaPaz, impactando cerca de 15 mil pessoas na cidade de Monte Alto

Foto

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Teatro Municipal de Monte Alto

Centro Educacional SESIEscola Estadual Jeremias de Paula Eduardo

Escola Estadual Dr. Luiz Zacharias de Lima

AS IMAGENS

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6 R E V I S TA L A PA Z N O V E M B R O 2 0 1 4

Drogas sintéticas, como as metanfetaminas, estão pas-sando por uma ‘expansão global sem precedentes’, alertou a ONU. Cerca de 350 novas substâncias psicoativas foram identificadas, informou o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

Novas rotas de distribuição de metanfetaminas e cen-tros de produção no oeste da África e no Irã também fo-ram localizadas gerando novas dificuldades em tratar usu-ários de drogas.

A ONU alertou que as novas substâncias ganharam po-pularidade e já não estão restritas a nichos de mercado. Essas drogas não estão sob qualquer forma de controle internacio-nal e muitas vezes são compradas e vendidas online, poden-do ser tão perigosas quanto as drogas mais comuns.

Muitas delas são projetadas para imitar os efeitos de ou-tras drogas, como maconha e ecstasy.

O relatório diz que maconha e cocaína seguem sendo as drogas mais usadas na América do Sul, mas apontou para a ‘emergência de um mercado de ecstasy’ na região, sendo que o Brasil foi o país com a maior quantidade de apreensão da droga.

O número de tipos de canabinóides sintéticos aumentou de cerca de 60 em meados de 2012 para 110 no ano passado.

Apesar do aumento no número de diferentes drogas sintéticas e advertências sobre seus perigos, nenhuma subs-tância psicoativa foi adicionada a uma lista de substâncias controladas internacionalmente desde 2009.

O relatório destacou que é muito cedo para dizer se os esforços individuais de países para proibir algumas substâncias levou a um declínio no uso a longo prazo das drogas.O texto também alertou que muitos usuários com-pram novas drogas psicoativas acreditando que elas são substâncias mais comuns, como o ecstasy.

Os usuários também estão misturando diferentes tipos de drogas, tornando mais difícil a adoção de um tratamen-to correto para conter o vício.

Fonte: BBC

Alta no consumo de drogas sintéticas é sem precedentes, diz ONUÓrgão da entidade identificou 350 novas substâncias psicoativas; drogas ganharam popularidade e não estão restritas a nichos específicos

Mais usadas

A glamorização do consumo de álcool e o retrato posi-tivo da bebida mostrada nos filmes pode estar encorajando os jovens a beber mais. É o que defende um novo estudo que analisou as consequências de cenas positivas de consu-mo de álcool.

Segundo os pesquisadores, o efeito James Bond, ou “Santory time” (de “Encontros e desencontros”), apenas como exemplos, podem contribuir para o envolvimento emocional dos espectadores não só com o filme mas tam-bém com a bebida.

No estudo, 159 universitários, sendo 84 homens e 75 mulheres, entre 18 e 30 anos, assistiram a oito clipes de diferentes filmes que continham retratos positivos e ne-gativos de álcool. Em alguns clipes o álcool não foi retra-tado. Os pesquisadores puderam então medir e compa-rar em quais clipes os espectadores se identificavam mais.

Influência comprovada“Notamos que a maneira em que o álcool é retratado

nos filmes contribui na forma como as pessoas avaliam e se envolvem com eles”, disse Renske Koordeman, da Univer-sidade Radboud (Holanda).

Os resultados mostraram que os participantes do estu-do se envolveram mais com os filmes cujos clipes mostra-vam uma atitude positiva nas cenas que retratavam álcool em comparação com os mesmos clipes que mostravam ce-nas negativas ou que não mostravam cenas com bebidas.

De acordo com Marloes Kleinjan, professora de Psi-copatologia do desenvolvimento na mesma universidade, entre 80% e 95% dos filmes con-temporâneos retratam a bebida alcoólica de for-ma positiva.

Estudo mostra que entre 80% e 95% dos filmes contemporâneos retratam a bebida alcoólica de forma positiva

Filmes incentivam o alcoolismo

Leonado Dicaprio, estrelando o filme “O GrandeGatsby”

NOTAS

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7R E V I S TA L A PA Z N O V E M B R O 2 0 1 4

ESTUDO APONTA VÍCIO EM DROGAS DESegundo pesquisa norte-americana, ditador era usuário de metanfetamina cristal

Brasil é o 2º consumidor mundialde cocaína e derivados

De acordo com um relatório da Inteligência Militar norte-ame-ricana, divulgado em outubro, o ditador Adolf Hitler era usuá-rio regular de metanfetamina. Conhecida também como “cristal”, é uma das substâncias ilegais mais viciantes do mundo. Segundo informações do jornal Daily Mail, o estudo de 47 páginas ainda revela que Hitler era hipocondríaco e tomava regularmente 74 me-dicamentos diferentes.

A droga, que passou a ser conhecida mundialmente após a série de TV Breaking Bad, é conhecida por causar sentimentos de eufo-ria nos usuários, além de combater a fadiga. O estudo ainda revelou que o ditador teria usado a droga para se reunir com Mussolini, em 1943, quando falou por duas horas, sem parar.

HITLER

O Brasil é o segundo maior con-sumidor de cocaína e derivados, atrás apenas dos Estados Unidos, de acordo com o segundo Levantamento Nacio-nal de Álcool e Drogas (Lenad), feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Os dados foram divulgados no iní-cio de setembro e mostram que o país responde hoje por 20% do mercado mundial da droga.

Ao todo, mais de 6 milhões de bra-sileiros já experimentaram cocaína ou derivados ao longo da vida. Entre esse grupo, 2 milhões fumaram crack, óxi

ou merla alguma vez e 1 milhão foram usuários de alguma dessas três drogas no último ano.

Só nos últimos 12 meses – ou seja, de janeiro a março de 2011 até o mesmo pe-ríodo de 2012, quando as pessoas foram entrevistadas – 2,6 milhões de adultos e 244 mil adolescentes brasileiros consu-miram cocaína sob alguma forma.

NOTAS

Mais de 6 milhões de brasileiros já usaram cocaína, crack, óxi ou merla

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DURAÇÃO DA DETECTABILIDADE DAS DROGAS NA URINA

anfetamina

metanfetamina

barbitúricos de:

ação curta

ação intermediária

ação prolongada

benzodiazepínicos

metabólicos da cocaína

metadona

codeína / morfina

canabinóides (maconha)

uso único

uso moderado

uso intenso (diário)

uso crônico

metaquoalona

feniciclidina (PCP)

48 horas

48 horas

24 horas

de 48 a 72 horas

7 dias ou mais

3 dias (dose terapêutica)

de 2 a 3 dias

3 dias aproximadamente

48 horas

3 dias

4 dias

10 dias

10 dias

7 dias ou mais

8 dias aproximadamente

substância X duração da detectabilidade

de 21 a 27 dias

7 dias ou mais

de 48 a 72 horas

24 horas

10 dias

10 dias

4 dias

3 dias

Estudo feito pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade Fede-ral de São Paulo (Unifesp) indicou que a ibogaína é pelo menos cinco vezes mais eficiente para interromper a dependência química do que trata-mentos convencionais. A substância é extraída da raiz da iboga, planta en-contrada em alguns países africanos.

O estudo foi feito com 75 pacien-tes, entre usuários de crack, cocaína e álcool, entre janeiro de 2005 e março de 2013. Dos 67 pacientes homens, 55% ficaram livres do vício por, pelo menos, um ano.

Entre as oito mulheres, a taxa foi 100%. Os tratamentos convencionais interrompem o vício em um índice que varia de 5% a 10% dos casos.

Os resultados do trabalho inédito foram publicados no The Journal of Psychopharmacology, da Inglaterra, uma importante publicação na área de psicofarmacologia.

Os exames para verificação do uso de drogas, ou exames toxicológi-cos, estão cada vez mais comuns nos esportes, no meio profissional e em clínicas especializadas para a depen-dência química. São diversos méto-dos para se aferir a presença de subs-tâncias psicoativas no organismo: via bafômetro (álcool), exame de urina e

exame de sangue. Mas você sabe quanto tempo dura

a droga no organismo, para que ela seja detectada?

É bom lembrar que todos os exames toxicológicos devem ser feitos com o consentimento ou mediante autoriza-ção por escrito do indivíduo, salvo em condições médicas urgentes.

Planta africana contém substância eficiente contra dependência químicaIbogaína, extraída da raiz da planta iboga, foi estudada na Unifesp

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DETECÇÃO de drogas no organismo

Fonte: Site Álcool e Drogas sem Distorção (www.einstein.br/alcooledrogas)/Programa Álcool e Drogas (PAD) do Hospital Israelita Albert Einstein

– Ela é usada desde a pré-história em rituais por tribos no Gabão, na África, que professam uma religião que se chama bwiti. Eles usam essa planta em rituais de entrada na vida adulta – explicou o médico Bruno Chaves, um dos responsáveis pela pesquisa.

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NOTAS

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ESTATÍSTICAS

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INFOGRÁFICO

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INFOGRÁFICO

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Fonte: http://www.top-criminal-justice-schools.net/

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O jornalista Rogério Menani jamais imaginou no que viria a se tornar uma simples ideia em sua editora. “Estáva-mos no início de 2014 e pensei chamar alguns conhecidos da cidade, especia-listas na área, para me ajudarem a pro-duzir uma revista voltada ao universo da dependência química”, conta. “Pre-cisava de referências, de conhecimento

especializado para tratar os assuntos e os temas da publicação”.

Foi então que organizou uma pri-meira reunião, num sábado à tarde, re-gada a café e docinhos de padaria. Foi aí que a surpresa começou a se desenhar.

“Desde o primeiro dia, com quatro pessoas, até o quarto encontro, o pro-jeto tinha tomado rumos totalmente

Sistema LaPaz nasceu do projeto de uma revistaGrupo de voluntários desenvolveu a proposta, que se transformou num abrangente programa de Saúde Pública

Na segunda reunião e com uma equipe de trabalho melhor definida, o Sistema LaPaz foi sendo pensado e planejado

ESPECIAL LAPAZ

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Saúde ou na Educação. Muito menos para quem trabalha no setor ou lida diariamente com um problema em casa. A questão é que a sociedade está totalmente desarticulada para enfren-tar os inúmeros desafios que essa causa apresenta.

E é por isso que uma proposta de ações na área, ainda que despretensiosa, depois de poucos meses acabou por se transformar num movimento que im-pactou mais de quinze mil pessoas na cidade, —30% da população total do município.

Diante do interesse expresso dos companheiros, Menani organizou no-vas reuniões. “Quando vimos, o grupo já discutia prioridades de atuação, for-mas de abordagem em relação à depen-dência e as necessidades da população”, lembra a pedagoga Iza Marques, que participou ativamente do início do pro-cesso.

Segundo ela, o grupo tinha clara no-ção das limitações que poderiam surgir. Todos sabiam o que dava e o que não dava para ser implementado. Por isso de-cidiu-se por trabalhar inicialmente com a prevenção na rede escolar.

Ali começava a ser estruturado o Sis-tema LaPaz de Desenvolvimento Huma-no que, muito mais do que um trabalho jornalístico, significa hoje um abrangen-te programa de Saúde Pública e Qualida-de de Vida.

diferentes e já envolvia mais de 30 in-teressados em participar. A ideia da revista foi ficando de lado e, seis meses depois, quando terminou a Semana LaPaz (primeira campanha de preven-ção do grupo) tínhamos emitido mais de 100 diplomas de participação de voluntários”.

Nessa história peculiar, que acon-teceu em Monte Alto, região nordeste do interior paulista, uma grande des-coberta: a necessidade urgente no Bra-sil de projetos e programas que tenham o objetivo de prestar serviços na área de prevenção e tratamento dos males causados pela dependência química de drogas.

Isso não é novidade para quem tra-balha na área da assistência social, na

Da primeira reunião ( foto do alto) até o Fórum Regional de Prevenção (última foto, abaixo), a trajetória foi mar-cada pela dedicação da equipe multidisciplinar, bem como a adesão de entidades e empresas de Monte Alto e região.

Um grupotoma forma

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“Desde as primeiras reuniões, ficava claro a necessidade de se fazer algo mais do que simplesmente reportagens a respeito do assunto”, lembra o psicólogo Carlos Augusto Artioli, um dos primeiros incentivadores do grupo. “Precisávamos de um objetivo maior, de relevância na comunidade, que realmente contribuísse para mudar a realidade de muitas famílias”, lembra. “Já que estávamos ali, reunidos por um mesmo objetivo, porque não fazer algo maior?”

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A presidente da 158ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB Monte Alto, Ana Paula Haddad Paulo, entrega o Certificado de Cidadão de Valor ao empresário e um dos fundadores do Horto de Deus, Nelson Zaupa Jr.

O casal que também trabalhou para a fundação do Horto de Deus, Maria do Carmo e João Basílio Garbin, ao centro, recebem os Certificados das mãos da Prefeita de Monte Alto, Sílvia Meira, e do presidente da Câmara, vereador Francisco Lucente

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Depois que o grupo definiu o esco-po do primeiro projeto a ser realizado, vieram os questionamentos a respeito de como tudo seria feito. Patrocínios? Apoio da sociedade organizada? Ade-são de entidades, associações e Poder Público? O projeto LaPaz precisava de um lançamento oficial para ser conheci-do pela população e conseguir angariar o que precisava para nascer e florescer.

Já diz a sabedoria popular que, quando algo está marcado para ter su-cesso, tudo acontece de forma harmô-nica e natural. E não foi diferente com o projeto daquele grupo.

Pouco depois de uma das reuniões, descobriu-se que a ONU havia des-tacado uma data para marcar a cons-

cientização a respeito das drogas e do álcool: dia 26 de junho— perfeita para apresentar o projeto à cidade. A equipe teria tempo suficiente para criar o ma-terial de divulgação, organizar o even-to e convidar a comunidade.

Manhã memorávelE assim aconteceu. Sendo conhe-

cido como Ato de Conscientização e Prevenção sobre Drogas e Álcool, o en-contro lotou o salão nobre da Câmara de Vereadores na manhã do dia 26 de junho de 2014. Presenças importantes de empresários, lideranças comunitá-rias e profissionais do setor deram ao grupo a certeza do êxito da iniciativa.

Nesta manhã, já marcando uma de

Lançamento no Dia Mundial de Prevenção

Sílvia Meira entrega o Certificado de Cidadão de Valor ao presidente da Câmara, vereador Francisco Lucente, pelo trabalho de mais de 35 anos em favor da juventude

O presidente do Horto de Deus, Pascoal Nacarato, recebe o Certificado de Responsabilidade Social pela entidade

suas principais características, o Sis-tema LaPaz realizou diversas home-nagens a pessoas e instituições que há muito vem desenvolvendo um traba-lho relevante para a população da cida-de (veja abaixo os homenageados).

“Foi nesse momento que começa-mos a pensar no projeto de forma ins-titucional. E o Sistema LaPaz foi sendo constantemente redesenhado, ganhan-do ampliações e novas divisões”, lembra Iza Marques. Nesse sentido, foi criado um organograma, para melhor enten-dimento do que se estava fazendo.

A Rede LaPaz acabou ficando como o braço de prevenção do Siste-ma, sendo responsável pela mobiliza-ção da sociedade organizada em torno dos novos projetos que eram criados.

Abaixo da Rede, foi criada a Sema-na LaPaz de Prevenção que, entre ou-tras funções, passou a captar recursos junto às empresas para a efetiva imple-mentação do programa.

“Essa foi outra etapa que exigiu tra-balho e coragem”, explica a pedagoga Iza. “Mas no final, temos muito o que agradecer, pois recebemos um voto de confiança muito grande por parte dos empresários e diretores das empresas da cidade e região.”

ESPECIAL LAPAZ

Equipe de trabalho e amigos do Horto de Deus - Monte Alto (da esquerda p/ a direita): Fábio Madeu, Pascoal Nacarato, José Augusto Guilherme, Sandra Cavaletti Zaupa, Nelson Zaupa Júnior (sentado), Rogério Menani e Wagner Damião Cabral de Oliveira

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Adolescentes vibram num dos eventosda Semana LaPaz de Prevenção realizados no Teatro Municipal de Monte Alto

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ação

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ESPECIAL LAPAZ

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O Sistema LaPaz estava criado, com a Rede organizada e os patrocínios ga-rantidos. Restava agora a estruturação da Semana de Prevenção, assim como a criação dos materiais didáticos, o con-tato com cada uma das escolas e a apli-cação—de fato—do projeto. O jogo estava prestes a começar...

“A Semana LaPaz é um conjunto sofisticado de atividades que, no fun-do, tem a função de conscientizar so-bre o problema das drogas e sua relação com a Qualidade de Vida do jovem”, explica o designer Raphael Bertolli, outro membro atuante do grupo de voluntários. “O desafio era tornar essas atividades mais atraentes do que as tra-dicionais campanhas contra as drogas”.

Foi então que o grupo começou a criar um conjunto inovador de ações de prevenção envolvendo internet, artes cênicas, dança e gincanas educativas.

Web LaPaz, início de tudo

A primeira atividade foi o lança-mento do Desafio Web LaPaz, que é uma espécie de concurso no Facebook. Os alunos, em todas as escolas, foram divididos em Equipe Azul e Equi-pe Verde. Depois, uma página com postagens sobre Qualidade de Vida e Comportamento foi disponibilizada no Facebook, para receber visitas ao longo das aulas nas escolas (veja no Fa-cebook: Desafio Web LaPaz Monte Alto).

Nessas visitas, os alunos liam as postagens e eram estimulados a curtir, compartilhar e comentar as mensa-gens. Para cada clique, uma pontuação específica. Na última contagem, dia 30 de outubro de 2014, em Monte Alto, os alunos da Equipe Verde venceram com o total de 5.164 pontos, numa disputa apertada contra os Azuis, que marcaram 4.711pontos.

Como se não bastasse, a Semana LaPaz apresentou mais atividades no Facebook. Nesse momento, a parti-cipação do escritor Zeca Spalioro foi fundamental. “Em primeiro lugar, o artista, que hoje mora em Campinas, cedeu à Rede LaPaz os direitos de uti-lização de uma cartilha educativa que trazia postagens do Facebook em seu conteúdo”, lembra Bertolli.

Trata-se do “Diário de Robér Or-tiz-Uma história de prevenção pelas redes sociais”, que exerce um fascínio muito grande sobre os adolescentes. “É um universo diferente, com nomes esquisitos, mas que no final conquista os jovens”, conta o designer, que fez o

layout final da cartilha (veja no Face-book: Robér Ortiz - Escritor).

Spalioro cedeu também os direitos de uma peça de teatro para a Semana LaPaz. “Diálogos Trágicos-um retrato da dependência” é um dos momentos mais esperados do programa nas escolas.

O texto é revelador da condição pre-cária de um dependente químico, desde a sua infância de maus tratos até a idade adulta com a saúde debilitada, num lei-to de hospital. Em três atos, a peça faz refletir sobre as perspectivas de vida as-sombradas pela droga e pelo álcool.

Digno de nota também foi o traba-lho do ator e diretor Marco Abrão, de apenas 18 anos, que trouxe sua Com-panhia Covil de Teatro para a Semana LaPaz e emocionou plateias pela cida-de interpretando os “Diálogos”.

Teatro: uma das estrelas do programa

“A montagem e execução da peça foi um dos momentos mais importan-tes do evento para os alunos”, disse a diretora do Centro Educacional SESI, Soraia Tavares. “Todo mundo ficou vi-drado com a performance dos atores”, complementa.

A peça de teatro integra o Dia da Prevenção, que é uma das atividades da Semana LaPaz. Depois dos alunos estudarem a cartilha, participarem dos desafios e atividades na internet e serem expostos aos conteúdos educati-vos, eles recebem a equipe LaPaz para

Um dos maiores eventos de

prevenção já realizados na

cidade e região

SEMANA LAPAZ MOVIMENTA ESCOLAS

DE MONTE ALTO

ESPECIAL LAPAZ

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18 R E V I S TA L A PA Z N O V E M B R O 2 0 1 4

uma espécie de festa na escola, onde as-sistem ao programa de auditório “Che-gou Chegando!”.

“É uma trupe, que monta sua estru-tura de som e iluminação nas quadras ou auditórios das escolas e faz um tre-mendo de um barulho”, conta Lincoln Sposo, o rapper da equipe. “Falamos a linguagem da moçada e assim conse-guimos chamar a atenção para os pro-blemas das drogas”.

Além do rap, o grupo de dança de rua “Vera Bronks” dá o tom nos mo-vimentos, saltos e pulos de sua coreo-grafia. “Fizemos uma mescla de tudo o que apresentamos nos nossos espe-táculos”, explica Rafael de Cristo, líder

do grupo. “E acho que o resultado ani-mou a galera!”

O final do programa é a esperada gincana nos moldes do “Passa e Repas-sa”, dos programas de TV. Luiz Gusta-vo, locutor e apresentador da atração, fez história com suas brincadeiras e o jeito descontraído de transmitir as mensagens sobre prevenção. “A ideia era essa mesmo: sem que eles perce-bam, estão sendo educados e alertados sobre o problema”, lembra.

Números expressivosA Semana LaPaz realizou 15 in-

tervenções como essa nas escolas da cidade, atingindo cerca de três mil alu-

nos. Também foram utilizados espaços como o Teatro e o Anfiteatro Munici-pal, em eventos que reuniam diversas escolas ao mesmo tempo.

Mas, para todo grande espetáculo, é necessário um grande final.

Foi assim com a Semana LaPaz, que organizou o “1º Fórum Regional de Prevenção”, no Teatro Municipal de Monte Alto. O evento reuniu lide-ranças comunitárias e autoridades para debater o tema e criar conexões entre essas pessoas.

“Tivemos a oportunidade de co-nhecer muita gente de cidades vizinhas que também vivem o problema diaria-mente”, lembra Iza Marques, da equipe

Material didáticoousado e inovador

A Semana LaPaz desenvolveu seu próprio material didático a partir da colaboração e contribuição de diversos especialistas em prevenção às drogas e álcool.

O autor Zeca Spalioro também foi importante para este processo, crian-do uma história que serviu como uma inovadora cartilha educativa. Trata-se do “Diário de Robér Ortiz-Uma his-tória de prevenção pelas redes socias”,

Á esquerda, momentos de apresentações de dança de rua (Grupo Vera Bronks) e da peça “Diálogos Trágicos (Cia Covil de Teatro)

que fez um enorme sucesso entre os adolescentes e jovens.

Para preparar os professores na apli-cação desta cartilha, foi desenvolvido o Caderno do Educador, que explica em detalhes a proposta da utilização do Facebook na campanha.

Além das mensagens de preven-ção às drogas e álcool, o Desafio Web LaPaz também foi outro ponto de contato muito forte com os alunos. Colocando-se como uma espécie de concurso de curtidas no Facebook, o Desafio falou de comportamento, saú-de, alimentação e Qualidade de Vida.

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LaPaz. “Dessa forma, proporcionamos um network importante nessa área”.

Balanço do programaO Fórum significou uma espécie

de fechamento da Semana LaPaz, com um balanço do programa apresentado pelo gestor Rogério Menani.

Outra palestra importante foi de Wagner Damião Cabral de Oliveira, coordenador de tratamento do Horto de Deus-Monte Alto, que trouxe um vídeo sobre o problema da dependên-cia e da co-dependência.

A palestra da Delegada Titular da Delegacia da Mulher, Dra. Regina Marques, levou um pouco da prática

às discussões do Fórum. Regina colo-cou as situações mais comuns que se apresentam na Delegacia. “Precisamos intensificar a prevenção, para evitar certos absurdos”, disse.

Como palestra principal, o Fórum contou com a palavra do educador e empresário Hamilton José, o Fradi-nho, presidente do Instituto Brasilei-ro de Tecnologia na Formação. Seu assunto principal foi a implantação da tecnologia ao dia-a-dia da educação.

Um exemplo de motivação para os educadores, para os inovadores e, principalmente, para os que trabalham para a melhoria da Qualidade de Vida dos adolescentes na sociedade.

12 escolas participantes (todas

da cidade de Monte Alto)

15 apresentações do Programa “Chegou

Chegando”, que inclui música, dança e teatro

15 apresentações do espetáculo teatral

“Diálogos Trágicos- Um retrato da Dependência”, do escritor Zeca Spalioro.

3.500 cartilhas

distribuídas, com impacto em mais de 15 mil pessoas

300 professores e coordenadores

envolvidos

30 pessoas integrantes do staff de

apresentações do Programa

Númerosda Semana LaPaz

À esquerda, o Passa e Repassa, com o apresentador Luiz Gustavo, e o rapper Lincoln

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Parceiros e patrocinadores marcam presença no FórumApoio de mais de 60 nomes ao programa de prevenção elevou o nível do trabalho e deu credibilidade ao grupo

O sucesso da realização da Semana LaPaz de Prevenção às Drogas e Álco-ol se deve, em muito, ao forte apoio recebido da sociedade organizada de Monte Alto.

“Nosso projeto foi muito bem aceito desde o início, o que nos motivou a con-tinuar o trabalho e a fazer toda a gama de atividades propostas”, lembra o gestor do Sistema LaPaz, Rogério Menani.

“Temos que agradecer muito às en-tidades, clubes de serviço, grupos e as-sociações da cidade, que se colocaram à disposição para os trabalhos e, princi-palmente, para difundir a informação de que algo estava sendo feito.”

Segundo Menani, o apoio das em-presas ao projeto foi a próxima con-quista. “Dentro de poucas semanas estávamos com um grupo importante de colaboradores, sensíveis a um pro-blema que hoje afeta a todos”, avalia.

Durante o Fórum Regional de Prevenção, muitos parceiros e patro-cinadores estiveram presentes e foram homenageados pelo Sistema LaPaz. Para os que não estiveram presentes, a direção enviou posteriormente os Cer-tificados de Responsabilidade Social e os de Cidadão de Valor.

Na última semana de outubro, en-cerramento oficial do programa, o Siste-ma LaPaz entregou a todos os parceiros e patrocinadores um dossiê completo com o relatório de atividades e os balan-cetes mensais de suas atividades.

Dessa forma, cumpre-se o compro-misso de transparência de suas ações e de sua gestão dos recursos destinados às campanhas.

Entidades, clubes, associações e empresas, ao receberem certificados no evento

À esquerda, a benção do padre Anderson Luiz Chagas Mingatos, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida. À direita, o pastor Telmo das Chagas Brizeno, faz uso da palavra. Abaixo, a equipe operacional da Semana Lapaz de Prevenção

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HORTO DE DEUSMONTE ALTO (SP)

A FÉ NA RECUPERAÇÃO

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Entre os muitos modelos de comu-nidade terapêutica em funcionamen-to hoje no Brasil, podemos encontrar inúmeros exemplos que, apesar das di-ficuldades e desafios, se mantém firmes no propósito de tratar e recuperar de-pendentes químicos. Um desses exem-plos é a Associação Promocional Vida Nova-Horto de Deus, em Monte Alto (SP), entidade independente e ecumê-nica que desenvolve seus trabalhos na cidade e região há quase vinte anos.

A ideia inicial era criar centro local para tratamento e recuperação dos ma-les causados pelas drogas e álcool. Foi com esse objetivo que, em 1990, a par-tir das reuniões de um grupo da Pasto-ral da Família, o casal João e Maria do Carmo Garbin começou a visitar pes-soas e disseminar a proposta. Encon-traram muitos aliados, especialmente em pessoas que já participavam de mo-vimentos de prevenção e tratamento.

Depois de alguns meses, um grupo de voluntários se formou em torno do

Entidade independente e ecumênica se destaca pela infraestrutura de acolhimento e recuperação

casal Garbin, como Izildo José Pedro-so, Wagner Oliveira, José Aparecido Serralha e outros. Juntos, eles conse-guiram uma área próxima à cidade, cedida em comodato pela família do industrial Alcides Cestari.

Campanhas para a construção e acabamentoDepois de definido o local, a entidade foi criada e inúmeras campanhas pas-saram a ser realizadas na cidade, para a construção e acabamento das insta-lações do Horto. Três anos depois a primeira turma de internos pode dar início ao acolhimento e tratamento naquela instituição.

“Hoje o Horto de Deus é minha segunda casa”, diz Nelson Zaupa Jr. “E só conseguimos enfrentar e vencer as dificuldades que surgiram nesses vin-te anos porque entendemos que esta é uma missão de vida”.

Hoje a casa tem capacidade para

32 homens, a partir de 18 anos, distri-buídos em quartos quádruplos. Para cuidar de toda a rotina, uma média de oito funcionários se reveza para atender os residentes e cuidar da ma-nutenção da estrutura física do local, distribuída em 5,5 alqueires de área, na Serra do Jabuticabal.

Essa estrutura chama a atenção pelo zelo e cuidado que recebe. Desde os espaços de convivência, sempre limpos e arrumados, até os locais de trabalho diário, como a horta, a cozinha, a cria-ção de porcos e galinhas e o pomar de manga e goiaba. Para recreação, pisci-na, academia, campo de futebol e até um açude, com alevinos para pesca. Completa a estrutura um barracão para palestras e eventos.

A capela ecumênica recebe reuni-ões diárias de religiosidade. Às seis da manhã, os internos começam o dia em recolhimento e oração, cada um à sua maneira. Terminado esse momento, passam a trabalhar os 12 passos, cada

À esquerda, na outra página, a capela ecumênica da comunidade. Abaixo, o pórtico de entrada

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um a seu tempo e dentro de um plane-jamento de recuperação.

Para acompanhar essa evolução, a casa conta com monitores de tra-tamento, coordenados por Wagner Damião Cabral de Oliveira, um ex-in-terno que chegou ali há sete anos e aca-bou ficando por opção. “Trabalhamos aqui com o tripé religiosidade/laborte-rapia/religiosidade. E isso não é só para interromper o uso de substâncias psi-coativas, mas para a reforma interior do residente”, diz.

“Precisamos dar Qualidade de Vida e paz de espírito a esses indivíduos que, por sua vez, merecem novas oportuni-dades”.

Segundo Oliveira, temos de acre-ditar sempre na recuperação. “Leva um tempo, mas é possível. A busca es-piritual é muito importante para nós, independentemente da religião, se é católico, evangélico, espírita, budista ou se tem outros modelos de crença. E nesse caminho, trabalhamos com o modelo de abstinência total, sem con-cessões.”

A crença na reabilitação é compar-tilhada com o psicólogo da entidade, Carlos Augusto Artioli. Conhecido por todos como Guto, é um dos mo-tivadores do tratamento diário dos in-ternos. “Sempre digo que aqui é uma oportunidade não só para a interrup-ção do uso, mas um laboratório de vida, onde as pessoas podem superar suas limitações e ampliar seu repertó-rio de atitudes”.

Voltar a sonhar, voltar a fazer planos

Segundo ele, que é especialista em Análise do Comportamento, todos na casa buscam acompanhar e fortalecer os internos em sua superação diária. “É até bonito ver as mágoas se diluindo, a vida se refazendo naquela pessoa. De-pois de um tempo, ela volta a sonhar, a fazer planos e todo o processo da rein-serção social vai fortalecendo”.

Atualmente, a casa trabalha com um ciclo de tratamento de oito meses. Ao longo desse tempo, o interno rece-be orientação psicológica e acompa-

nhamento médico. Caso queira inter-romper seu internamento, a qualquer momento, a saída é opcional e livre. “Aqui todos tem garantidos o livre-ar-bítrio e o direito de ir e vir. No entanto, temos nossas regras e, da mesma forma que há os direitos, temos que observar os deveres de cada um”, lembra o coor-denador Wagner.

Para manter tudo em ordem e garantir uma gestão transparente, o Horto de Deus de Monte Alto tem um quadro de quase 100 sócios-con-tribuintes, 58 deles integrando a dire-toria. Como fonte de recursos estão as doações da comunidade—pessoas físicas e empresas, repasses de verbas públicas e campanhas, tradicionais na entidade.

“Precisamos trabalhar muito para manter nossas contas em dia”, apon-ta o presidente da entidade, Pascoal Nacarato. “As últimas mudanças na legislação do INSS em relação a afas-tamentos criaram novas dificuldades na entidade. Antes o Governo arcava com até oito meses de internação, para

A comunidade dispõe de esquipamentos e instalações para muitas atividades, inclusive cuidar do pomar anexo ao espaços de tratamento. À direita, o presidente da entidade, Pascoal Nacarato: “Temos uma forte crença na recuperação”

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aqueles internos que estavam devida-mente registrados. Hoje são, no má-ximo, três. Apesar disso, fomos buscar alternativas para suprir esses recursos, como o programa Cartão Recomeço”.

“A vida não tem preço”Quem coordena os assuntos admi-

nistrativos é José Augusto Guilherme, o Bahia. É da sua sala que sai a papelada para o Governo, o Estado e as prefeitu-ras que enviam pacientes para o Horto. “Hoje temos uma gestão organizada, com todas as certidões e prestações de conta em dia, para que possamos sem-pre oferecer o máximo de credibilida-de à sociedade que sempre nos auxilia”, diz ele.

“Eu mesmo não sabia como funcio-nava o sistema de tratamento. Como todo mundo, passava aqui na frente e tinha um preconceito gratuito, pen-sando que aqui só tinha desajustados. Mas a realidade é que essas pessoas precisam de tratamento e temos que acreditar sempre nessa possibilidade”, reforça Bahia.

Apesar desses e outros desafios, a voz corrente na entidade é a crença de que há esperança no tratamento e na recuperação de dependentes químicos. “O acolhimento é necessário e válido e não importa se, no futuro, a pessoa vai recair ou não. O que importa é que prestamos um atendimento naquele momento de necessidade do indiví-duo. E, ao longo do tempo em que esteve por lá, quanto sofrimento que pudemos evitar? É isso que importa”.

Nelson Zaupa Jr, um dos fundado-res, que já viveu o problema em casa, costuma dizer que não importa a por-centagem de cura dos dependentes. “Se depois de todo o trabalho que fi-zermos, conseguirmos mudar a vida de uma só pessoa, todo o trabalho já valeu a pena. Pois a vida não tem preço e te-mos sempre que lutar por ela.”

1. Criação de porcos da comunidade;2. José Augusto Guilherme, o Bahia, auxiliar administrativo. 3. O lago com alevinos, para pesca. 4. Carlos Augusto Artioli, o Guto, psicólogo da comunidade. 5. (Da esq. para a dir.) os monitores AlexandreAugusto Morato, o Xandão, Claudenir José Costa, o Batata (sentado), e o coordenador de tratamento da casa, Wagner Damião Cabral de Oliveira

Estrutura e equipe de primeira linha

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Associação Promocional Vida Nova-Horto de DeusMonte Alto (SP)Tel. (16) 3242-4745e-mail: [email protected]

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11MOTIVOSPARA QUE A

NÃO SEJA LEGALIZADAMACONHA

POR PADRE HAROLDO J. RAHMARTE-FINAL: RAPHAEL BERTOLLI

Fatos levantados por um especialista no tratamento e recuperação de dependentes químicos trazem luz à discussão,

cada vez mais presente no Brasil e no mundo

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para perguntar-lhes sobre seu uso de maconha, avaliando os pacientes para episódios psicóticos. A conclusão: jovens que fumam maconha por seis anos têm o dobro da probabilidade de sofrer episódios psicóticos, alucinações ou delírios do que pessoas que nunca usaram a droga.

Os efeitos reais sobre os jovens são inevitáveis: aumen-tando o consumo de maconha, aumentará também a evasão escolar (por confusão mental, diminuição da memória e re-baixamento da inteligência), a taxa de dependência química de outras drogas, índices de depressão e esquizofrenia.”

O estudo “Abuso e Dependência da Maconha”, da Asso-ciação Brasileira de Psiquiatria e da Sociedade Brasileira de Cardiologia, apontou que a concentração de THC em amos-tras de maconha está 30% maior do que há 20 anos atrás.

“A Cannabis sativa contém aproximadamente 400 subs-tâncias químicas, entre as quais se destacam pelo menos 60 alcalóides conhecidos como canabinóides. Eles são os res-ponsáveis pelos seus efeitos psíquicos e classificados em dois grupos: os canabinóides psicoativos (Delta-8-THC, Delta--9-THC e seu metabólico ativo conhecido como 11-hidró-xi-Delta-9-THC) e os não-psicoativos (canabidiol e canabi-nol). O Delta-9-THC é o mais abundante e potente destes compostos.”

De fato, a fumaça da maconha contém mais hidrocarbo-netos 50 a 70 por cento mais carcinogênicos do que a fumaça do tabaco. Os usuários de maconha geralmente inalam mais profundamente e mantêm sua inspiração mais longamente do que os fumantes do tabaco o fazem. Isto leva à maior ex-posição dos pulmões à fumaça carcinogênica.

A maconha danifica o sistema imunológico e deixa o cor-po mais vulnerável a doenças como pneumonia e câncer, afir-ma estudo realizado pela Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos.

“Como os efeitos psicológicos nocivos da maconha são bem conhecidos - incluindo o aumento do risco de desen-volver esquizofrenia, o estudo da Universidade da Carolina

Em 2007 foi realizado em Portugal o 2° Inquérito Na-cional sobre Consumo de Substâncias Psicoativas da Popu-lação em Geral. Nesse estudo, em 2007 e tal como no de 2001, a Cannabis foi a substância que registrou as maiores prevalências de consumo na população total (15-64 anos) e na população jovem adulta (15-34 anos). Entre 2001 e 2007 registrou-se um aumento das prevalências de consu-mo ao longo da vida (de 7,6% para 11,7% na população to-tal e de 12,4% para 17% na população jovem adulta).

Recentes estudos coordenados pela OEA têm demons-trado que, em todos os países onde houve algum nível de li-beração das drogas, o consumo aumentou notadamente en-tre os jovens. Nos lugares onde houve maior tolerância com a maconha, seu consumo aumentou em razão da queda no preço do produto, verificando-se, também, um maior con-sumo de outras drogas perigosas. Este é o caso de Portugal, Áustria, Holanda, Reino Unido, alguns Estados americanos e o Brasil – onde, em 2006, a legislação abrandou a pena para o consumidor.

Uma pesquisa do Instituto Neurológico de Queensland, na Austrália, estudou mais de 3.801 homens e mulheres nascidos entre 1981 e 1984 e os acompanhou após 21 anos

A maconha é 7 vezesmais forte do que erahá 20 anos atrás2.

Se liberar a maconha para os adultos, os jovens vão usar1.

A maconha contém mais de 400 toxinas e podem causar câncere outras doenças3.

Os fumantes de maconha inalam profundamente e uma inspiração causa os danos de 5 cigarros4.

Numerosos estudos mostraram que a fumaça da ma-conha é um irritante dos pulmões por conter carcinogê-nicos. De fato, a fumaça da maconha contém hidrocar-bonetos 50 a 70 por cento mais carcinogênicos do que a fumaça do tabaco. Os usuários da maconha inalam geralmente mais profundamente e mantêm sua inspira-ção mais longamente do que os fumantes do tabaco o fazem. Isto leva a maior exposição dos pulmões à fuma-ça carcinogênica.

Os usuários de maconha mostram crescimento des-regulado do epitélio de seus pulmões, o que poderia conduzir ao câncer. Entretanto, um estudo controlado recente não encontrou nenhuma associação positiva entre o uso da maconha e câncer de pulmão, trato diges-tivo e ventilatório superior. Assim, a ligação entre maco-nha e estes cânceres permanece em dúvida. Todavia, os fumantes de maconha podem ter muitos dos mesmos problemas respiratórios que usuários do tabaco, tais como a produção diária da tosse e catarro, uma doença pulmonar aguda mais frequente, um risco aumentado de infecções do pulmão, e uma tendência maior para vias aéreas obstruídas.

Um estudo de 450 indivíduos mostrou que os povos que fumam maconha frequentemente, mas não fumam o tabaco têm mais problemas de saúde e faltam mais dias do trabalho do que não fumantes de maconha. Muitos dos dias a mais de doença entre os usuários da maconha no estudo eram por problemas respiratórios”.

Efeito nos pulmões

O THC danifica osistema imunológico5.

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cresceram 21% entre 2002 e 2006. 67% da população é a favor de medidas MENOS liberais. Lá o consumo da ma-conha é permitido!

“O criminologista holandês Dirk Korf, da Universidade de Amsterdã, afirma: “Hoje, a população está descontente com essas medidas liberais, pois elas criaram uma expecta-tiva ingênua de que a legalização manteria os grupos crimi-nosos longe dessas atividades”. Pesquisas revelam que 67% da população holandesa é, agora, a favor de medidas mais rígidas. E ainda tem gente que defende que o Brasil deve legalizar a maconha, o aborto, a prostituição etc, citando a Holanda e outros países como exemplo de “modernidade”.

Veja o caso da Suíça. Conta Favaro: “A experiência ho-landesa não é a única na Europa. Zurique, na Suíça, também precisou dar marcha a ré na tolerância com as drogas e a prostituição. O bairro de Langstrasse, onde as autoridades toleravam bordéis e o uso aberto de drogas, tornara-se terri-tório sob controle do crime organizado. A prefeitura coibiu o uso público de drogas, impôs regras mais rígidas à prosti-tuição e comprou os prédios dos prostíbulos, transforman-do-os em imóveis residenciais para estudantes. A reforma atraiu cinemas e bares da moda para o bairro”.

“A maconha não é inofensiva como algumas pessoas pen-sam. Poucas doses podem causar sérios problemas, especial-mente nos jovens” (Karen Bolla, Pesquisadora americana).

do Sul focou nas implicações de seus componentes sobre o sistema imunológico. Segundo os pesquisadores, a maconha aumenta a vulnerabilidade ao câncer de bexiga, mama, pul-mão e outros tumores, além de infecções por bactérias.

O skunk, uma versão superenriquecida da maconha, pode ser ainda mais prejudicial à saúde, devido à sua alta concen-tração de THC.

Os médicos agora estão também preocupados com, além de quem usa a droga de forma recreativa, os pacientes que a consomem para aliviar os sintomas de HIV, glaucoma e até mesmo do próprio câncer”.

Quase 4% de todas as mortes no mundo são atribuídas ao álcool, alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS). A entidade da Organização das Nações Unidas (ONU) lem-brou que o álcool é associado a muitas questões sociais sérias, como a violência, a negligência infantil e os abusos, além de faltas ao trabalho. A porcentagem de mortes causadas pelo álcool é maior do que as de mortes causadas pela AIDS, pela violência e pela tuberculose, diz a OMS. Isto ocorre porque o consumo de álcool é legalizado!

“O relatório global 2011 sobre álcool e saúde da OMS bus-ca fornecer informações para os Estados vinculados à entidade e apoiar os esforços para se reduzir os danos do álcool, dando atenção para as consequências sociais e de saúde do consumo abusivo da bebida. A OMS lembra que o grau de risco para o consumo de álcool varia conforme a idade, o sexo e outras características biológicas do consumidor. É preciso observar, segundo a entidade, a quantidade de álcool consumido, mas também o padrão de consumo da pessoa em questão.

A OMS recomenda que os governos regulem o mercado de venda de bebidas, em particular para pessoas mais jovens. Também sugere regulações e restrições à disponibilidade do álcool, políticas apropriadas para se evitar que motoristas di-rijam bêbados e a redução da demanda, com impostos mais altos. Afirma ainda que é preciso que os governos forneçam tratamento para pessoas com problemas com o álcool e im-plementem programas e intervenções breves diante do uso perigoso e prejudicial da bebida.

A íntegra do relatório está disponível no site da OMS, em inglês (http://www.who.int)”.

A revista Veja de 5 de março de 2008, sob o título “Mu-danças na Vitrine”, afirma que na Holanda (que legalizou a maconha) as prisões por posse de cocaína, heroína e ecstasy

6.

Mais da metade dos usuáriosde maconha entra no submundo das drogas pesadas7.

Segundo a OMS, o consumo de tabaco é a segunda causa de morte no mundo, seguido pela hipertensão e é responsável pela morte de um em dez adultos. Isso ocorre porque o consumo de tabaco é legalizado!

“O consumo de tabaco mata quase seis milhões de pessoas por ano, das quais mais de 600 mil óbitos resul-tam da exposição ao fumo passivo.

O tabaco continua a ser uma das principais causas de morte. O Brasil, através de seu Instituto Nacional de Câncer (INCA), órgão auxiliar do Ministério da Saúde no desenvolvimento e coordenação das ações integra-das para a prevenção e o controle do câncer, adaptou a abordagem para o contexto nacional, enfocando os da-nos causados ao longo da cadeia de produção do tabaco ao meio ambiente e à saúde da população.

A ameaçado tabaco

Os jovens acham que a maconha não causa problemas8.

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Desde os anos 60 as drogastêm entrado na nossa cultura.Com a maconha e o álcool, aumentamos o problema

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“Ao contrário do que os entusiastas da planta acreditam, a maconha pode, sim, causar danos permanentes no cérebro, de acordo com uma cientista norte-americana que está no Brasil para divulgar o seu trabalho. Karen Bolla explica que a erva vicia e quem tenta parar de consumi-la sofre com sinto-mas que vão da dificuldade de expressão à perda de memória.

Os médicos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, que trouxeram a pesquisadora america-na para o Brasil, dizem que o resultado vai ajudar no desenvol-vimento de técnicas que auxiliem os dependentes a abando-nar a droga. E isso é muito importante, porque, segundo eles, tratar a abstinência de maconha hoje em dia não é fácil.

Segundo o neuropsicólogo Paulo Cunha, os pacientes confundem as consequências do vício com sintomas de ou-tras doenças. Com a pesquisa, fica mais claro tirar a dúvida e definir o tratamento.”

“Os efeitos do consumo de uma droga, variam de intensi-dade de acordo com o tipo de substância, a quantidade inge-rida e as características do usuário.

Em geral os efeitos agudos de cada droga podem durar al-guns minutos (como os dos inalantes e da cocaína), cerca de uma hora ou mais (como os da maconha) ou algumas horas (como os do álcool). Isto não significa, no entanto, que estas drogas não permaneçam por mais tempo no organismo, es-pecialmente quando o consumo for frequente. E neste caso, os efeitos tóxicos em diferentes partes do corpo, podem apa-recer em prazo maior e causar complicações mais graves para a saúde.

Embora a maioria dos danos possa ser diminuída ou eli-minada com a suspensão do uso da droga, existem alguns que são irreversíveis, como o câncer (especialmente de pul-mão), no caso de fumantes ou a cirrose hepática no caso dos alcoolistas, além de possíveis consequências para a atividade cerebral, decorrentes do uso de diferentes produtos.

Muitas das substâncias que estão presentes nas drogas permanecem, no entanto, no corpo (principalmente na gor-dura do mesmo) muito além da manifestação dos sintomas agudos ou crônicos. Por esta razão é possível detectar o seu

uso por meio de exames de sangue, de urina ou do cabelo. No caso do álcool, que é metabolizado e eliminado rapi-

damente, os exames toxicológicos detectam somente o uso nas últimas horas.

Por outro lado, substâncias como a maconha e a cocaína, entre outras, são incorporadas ao cabelo e aí permanecem, à medida que ele vai crescendo, entre 1 e 1,5 cm por mês. Por isso, o exame do cabelo fornece informações de maior prazo, meses e até anos. Alguns especialistas afirmam, no entan-to, que seus resultados muitas vezes podem ser discutíveis, uma vez que é possível a assimilação indireta de substâncias tóxicas pelo cabelo (como a convivência com usuários, por exemplo).”

Isso é uma verdade para qualquer droga. Apenas varia a quantidade consumida para alcançar o efeito desejado.

“As drogas bloqueiam todas as sensações, e confundem as desejadas com as indesejadas. Assim, enquanto são ajuda a curto prazo na resolução da dor, destroem a capacidade, o nível de alerta e perturbam o raciocínio de uma pessoa.

Os medicamentos são drogas que têm a intenção de acele-rar ou retardar ou mudar algo sobre a maneira como seu corpo trabalha, tentam fazê–lo trabalhar melhor. Às vezes, eles são necessários. Mas eles são drogas: atuam como estimulantes ou sedativos, e em demasia podem matá–lo. Assim, se você não usa os medicamentos como se supõem que devem ser usados, eles podem ser tão perigosos quanto drogas ilícitas.”

A recuperação da dependência química é um processo de longo prazo e que frequentemente requer vários episódios de tratamento.

Há dados demonstrando que resíduos de maconha permanecem na gordura até 3 anos9.

Uma quantidade pequenade maconha é um estimulante, quantidade maior age como sedativo. Uma quantidade ainda maior age como veneno e pode até matar

10.

A recuperação é um processo longo e muitas vezes envolve vários episódios de tratamento, podendo ser muito caro

1 1.

Para conhecer as fontes que levaram aos 11 motivos desta reportagem e ter acesso a este material online, posicione o seu celular ou smartphone no QR Code ao lado, utilizando-se de um leitor da tecnologia.

Saiba mais

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NO OLHO DO

FURACÃOFotógrafa russa testemunha um relacionamento conturbado entre um casal de dependentes químicos e sua filha, em ensaio fotográfico que originou o premiado livro “Another Family”.

FOTOS DE IRINA POPOVA

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Em 2008, fotos de uma família de São Petersburgo, na Rússia, chocaram a internet. As imagens feitas pela fo-tógrafa Irina Popova mostraram o cotidiano de Lilya e Pasha, um casal desempregado e viciado em drogas, ao lado da filha, Anfisa, então com um ano e meio. As fotos lhe renderam prêmios e polêmica.

Os registros na residência apertada, insalubre e decadente revelam imagens que pertubaram muita gente, a ponto de ser lançada uma campanha na web para que os pais perdessem a guarda da filha.

As fotos, com textos sobre o proces-so de produção, deram origem ao livro “Another Family”, ainda não publicado no Brasil.

UMA HISTÓRIA SURREAL,PRÓPRIA DE GRANDES CENTROS URBANOS

Pela própria idade, o olhar da criança diante de adultos muitas vezes sob efeito de drogas não é de espanto. É sereno e natural

As fotos desse ensaio foram devidamente cedidas pela autora à revista LaPaz. Reprodução Proibida.

ENSAIO

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O carinho muitas vezes falta, e atenção ficaem outros pontos,longe das necessidadesde uma criança de poucosmeses de vida

Saindo de casa, Lilya está pedindo dinheiro a motoristas de carros no estacionamento, usando sua filhinha como pretexto

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“Às vezes fico pensando… Se eu pudesse amar alguém de verdade! Por exemplo, Lilya, que tem a cabeça totalmente fora desse mundo. E ela me inspira muito. Se eu pudesse leva-la daqui, para bem longe, para as montanhas, para um mundo má-gico, sei lá. E a nossa pequena Anfisa, leva-la daqui, para longe, muito longe.”

Pasha, o pai,em trecho do livro

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Anfisa parece em perigo, perto da borda da janela do apartamento. No entanto, existe uma rede de segurança que pode não ser totalmente perceptível

Depois que as imagens correram o mundo, houve muita pressão para retirar a menina da guarda dos pais. Mas isso não aconteceu. No entanto, algumas coisas mudaram e, meses depois, a menina passou a frequentar o jardim de infância.

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5 FILMES QUE VÃOAJUDAR VOCÊ AREFLETIR SOBREO TEMA

DROGAS,DEPENDÊNCIAE SOCIEDADE

PARA REFLEXÃO

Bicho de SeteCabeças

Seu Wilson (Othon Bastos) e seu filho Neto (Rodrigo Santoro) possuem um relacionamento difícil, com um vazio entre eles aumentando cada vez mais. Seu Wilson despreza o mundo de Neto e este não suporta a presença do pai.

A situação entre os dois atinge seu limite e Neto é enviado para um ma-nicômio, onde terá que suportar as agruras de um sistema que lentamen-te devora suas presas.

scarfaceDécada de 80. Centenas de imigrantes cubanos aportam na cos-

ta da Flórida, durante uma breve abertura da ilha por Fidel Castro, em uma manobra para se livrar do excesso de presos nas cadeias cubanas. Em meio à massa de miseráveis, chega Tony Montana, bandido de pouco nome e muita bravata, disposto a conquistar o mundo do tráfico.Ficha Técnica Estados Unidos, 1983. Direção: Brian De Palma; Música: Giorgio Moro-der; Roteiro: Oliver Stone; Elenco principal: Al Pacino, Steven Bauer, Michelle Pfeiffer

Ficha Técnica: Brasil/Itália, 2001. Direção: Laís Bodanzky; Roteiro: Luiz Bolognesi, baseado no livro autobiográfico de Austregésilo Carrano Bueno, “Canto dos Malditos”; Música: Arnaldo Antunes e André Abujamra; Elenco principal: Rodrigo Santoro, Othon Bastos, Cássia Kis Magro

Fonte: Blog “Universo dos Leitores” Isabela Lapa e Kellem Pavãowww.universodosleitores.come Redação LaPaz

CULTURA

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aos 13Tracy (Evan Rachel Wood) é uma

adolescente inteligente e uma aluna brilhante. Um dia ela se torna amiga de Evie (Nikki Reed), a garota mais popular da escola. Esta a apresenta ao submundo do sexo, das drogas e da mutilação, o que cria uma nova Tracy e a coloca em conflito com seus colegas, professores e, principalmente, com sua mãe (Holly Hunter).

paraísos artificiaisParaísos Artificiais é um filme nacional que retrata o universo das raves e que tem

como pano de fundo o consumo de drogas. Com locações exuberantes em Pernam-buco, Rio de Janeiro e Amsterdã, o filme aborda o uso de drogas sintéticas e o estilo de vida de seus usuários de uma forma bastante didática.

eu, christiane f.Na cidade de Berlin nos anos 70, Christiane (Natja Brunckhorst),

uma linda adolescente, mora com sua mãe e sua irmã menor em um típico apartamento da cidade. Ela é fascinada para conhecer a “Sou-nd”, uma nova e moderna discoteca.

Apesar de menor de idade ela pede a sua amiga para leva-la lá ela conhece Detlev (Thomas Haustein), assim ela se aproxima do terrível mundo das drogas. Primeiro é o álcool, depois a maconha, assim pas-so a passo ela começa a mergulhar cada vez mais profundamente no submundo do vício e da prostituição colocando-se à beira da morte. Um filme de cenas fortes e muito reais que nos transmite os horrores do mundo do vício entre os jovens.

Ficha Técnica: Brasil, 2012. Direção: Marcos Prado; Música: Rodrigo Coelho; Roteiro: Cristiano Gualda, Marcos Prado e Pablo Padilla; Elenco principal: Nathalia Dill, Lívia de Bueno e Luca Bianchi

Ficha Técnica: Estados Unidos, 1981. Direção: Uli Edel; Roteiro: Kai Hermann; Música: David Bowe; Elenco Principal: Natja Brunckhorst, Eberhard Auriga e Peggy Bussieck

Ficha Técnica: Estados Unidos, 2003. Roteiro e direção: Catherine Hardwicke; Música: Mark Mo-thersbaugh; Elenco principal: Holly Hunter, Evan Rachel Wood, Nikki Reed e Jeremy Sisto;

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A motivação é uma das prin-cipais ferramentas para o tratamento da dependên-cia química. A palavra mo-

tivação vem da raiz latina motiv, que significa “mover”, e é uma tentativa de compreender o que nos movimenta ou por quê agimos de determinada manei-ra. É uma série inferida de processos que fazem com que a pessoa se mova em direção a um objetivo específico.

Descrevemos os estágios que podem ser aplicados para entender melhor a dependência química. Os estágios são: Pré-Contemplação, Contemplação, Preparação, Ação e Manutenção.

Apliquemos esses estágios a um ca-sal de namorados: Pré-Contemplação – só se gostam e vão ao cinema; Con-templação – começam a se amar e pen-sam em casamento; Preparação – são noivos e juntam dinheiro para as coisas da casa como: geladeira, fogão, etc.; Ação – se casam; Manutenção – com muito amor vivem com alegria.

Agora vamos aplicar os mesmos estágios à dependentes químicos: Pré-Contemplação – sem intenção de parar com o uso de drogas. Estão contentes e não pensam nos resultados nefastos; Contemplação – começam a pensar em parar com o uso de drogas. Procuram informações. Não estão completamen-te prontos para mudar; Preparação – a atitude é positiva e começam a auto-re-

gular o comportamento. Decidem pa-rar com o álcool e com outras drogas; Ação – param mesmo com o uso do álcool e das outras drogas. Procuram uma vida de felicidade; Manutenção – vivem uma vida de sobriedade. Têm muito cuidado para evitar gatilhos e fissuras. Usam todos os recursos para não terem uma recaída.

É difícil perder um hábito. Ainda mais difícil é ir contra a própria von-tade. Se alguém não é vitorioso em pe-quenos e fáceis combates, quando terá êxito nos mais difíceis? Resista desde o início à sua inclinação para os maus há-bitos e elimine-os, do contrário eles lhe causarão aos poucos grandes dificulda-des. Se você soubesse a paz que há para você e a alegria que há para os outros se você se conduzir bem, creio que você se preocuparia mais com o seu progresso espiritual sem as drogas.

A pombinha voou, voou e não “en-controu onde pousar os pés” (Gn 8,9). E voltou, pousando na mão amiga de Noé. Mais uns dias, o Patriarca a en-viou de novo. A pombinha voltou com um raminho de oliveira no bico. Noé reconheceu que a terra estava enxuta e que ele podia sair da arca com sua gen-te e bicharada. E a humanidade ganhou um símbolo: a pombinha com o ramo de oliveira no bico ficou sendo um si-nal de paz na terra.

Sem drogas vivemos na paz!

A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO

HAROLDO J. RAHM, SJPresidente de Honra da Instituição Padre

Haroldo e do Amor-Exigente

OPINIÃO

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Essa edição já ficou pronta.Mas nosso trabalho estáapenas começando.

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