Revista MeMo edição Nº7

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Ao Senhor Deus, toda a honra e toda a glória. Número 7 - Maio 2011 Um toque de simplicidade entrevista de Bruno Contarini Um dos principais especialistas em construção de pontes e viadutos do Brasil A Alegria do Circo e o conceito inovador do Restaurante Alecrim Dois segmentos diferentes são os TFG’s selecionados de Lis Valladares e Bruna Eckhardt para esta edição SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS A galinha dos ovos de ouro ainda subestimada pela economia tradicional Lições do JAPÃO e da ALEMANHA ASPÁSIA CAMARGO

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Revista MeMo

Transcript of Revista MeMo edição Nº7

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Maio 2011• MEMO online | 1

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Número 7 - Maio 2011

Um toque de simplicidade entrevista de Bruno Contarini

Um dos principais especialistas em construção

de pontes e viadutos do Brasil

A Alegria do Circo e o conceito inovador do Restaurante Alecrim

Dois segmentos diferentes são os TFG’s selecionados de

Lis Valladares e Bruna Eckhardt para esta edição

SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMASA galinha dos ovos de ouro ainda subestimada pela economia tradicional

Lições do JAPÃO e da ALEMANHA ASPÁSIA CAMARGO

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

2 | MEMO online • Maio 2011

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Maio 2011• MEMO online | 3

PRÊMIO “TOP IMOBILIÁRIO 2009”

PREMAG – Sistema de Construções Ltda.

O que vemos é degradação do planeta, ação predatória, consumo desenfreado, descarte de lixo em larga escala,

exploração do meio ambiente, políticas ultrapassadas

Troque por novas relações de consumo,

conscientização ambiental, desenvolvimentosustentável para garantia da

sustentabilidade ambiental

O grupo PREMAG – Impacto-RIO faz a sua parte. Disponibilizamos formas

plásticas recicláveis para estruturas de concreto.

Aliado a cimbramento racional, reduzimos a quase zero o uso da madeira

empregada na construção civil. Ao utilizar concreto

protendido, aumentamos ainda mais a

eficiência ambiental.

Edifício La Brisa - Praia de Piratininga, 3630 - Niterói-RJ

Cimbramento e Fôrma

Vista superior

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Edifício La Brisa - Praia de Piratininga, 3630 - Niterói-RJ

OBRAS AMBIENTALMENTE CORRETAS

WW.PREMAG.COM.BR

21 2633-9933

Page 3: Revista MeMo edição Nº7

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio AmbienteMEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

A Revista MEMO é uma publicação

dedicada principalmente à Arquitetura, Engenharia

e Meio Ambiente, que faz a integração do meio

acadêmico com o mercado. Isso é traduzido em

cada publicação, que terá em sua estrutura: artigos

técnicos científicos, ensaios e resenhas, visando levar

ao leitor assuntos abrangentes, como novas técnicas,

projetos acadêmicos, profissionais e o cotidiano

da construção, bem como aspectos voltados para

sustentabilidade e meio ambiente.

A publicação é composta por uma equipe

de professores, estudantes, profissionais e técnicos

que buscam temas de interesse da sociedade, tendo

como berço o Departamento de Engenharia Civil -

TEC, da Escola de Engenharia TCE, da Universidade

Federal Fluminense - UFF e gerenciada pela Fundação

Euclides da Cunha - FEC.

Com 20 mil exemplares e distribuição

nacional e internacional, a Revista MEMO é

apresentada em tamanho 20,5 x 27,5cm com 92

páginas impressas em policromia e papel de alta

qualidade. A publicação também está disponível em

formato digital, com acesso pela web.

Revista MEMORua Passo da Pátria 156, Bl. D, sala 461 - TEC - São Domingos - Niterói - RJ CEP: 24210-240 - Tel.: 21 2629-5447Email: [email protected]

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Prof. Roberto de Sousa Salles - Reitor

Escola de Engenharia - TCE Prof. Hermano José Oliveira Cavalcanti - Diretor

Departamento de Engenharia Civil - TEC Prof. Eduardo Valeriano Alves - Chefe

Diretor da Editora EDUFF Prof. Mauro Romero Leal Passos

Fundação Euclides da CunhaPresidente: Miriam Assunção S. Lepsch

Rua São Pedro 24 Grupo 801Centro - Niterói / RJ - CEP: 24020-050TEL: (21) 2109-1661

Editor: Prof. Luiz Alberto Marques Braga Pardal

Conselho Editorial:

Presidente: Prof. Francisco José Varejão Marinho

Conselheiros – Arquitetura:

Profª. Luciana N. Diniz e Prof. Luiz Renato Bitencourt Silva

Conselheiros – Engenharia:

Prof. Manoel Isidro de Miranda Neto, Prof. Cláudio Ribeiro

Carvalho, Prof. Luiz Carlos Mendes e Prof. Rômulo Silva

Conselheiros - Meio Ambiente:

Prof. Antonio Carlos Moreira da Rocha e Prof. Dalton

Garcia de Mattos Junior

Assessoria Jurídica: Dr. Carlos Augusto Rabelo Vieira

Secretaria: Débora dos Santos Sanábio Barreto

Jornalista Responsável/Revisão: Júlio Santos

Correspondente Internacional: Leandro C. Almeida – Arq. EUA

Direção de Arte: Galiana Le Diagon

Produção Web: Igor Belchior

Produção Gráfica: Jorge Gama

Editora: Synergia Editora

Tiragem: 20 mil exemplares

Distribuição: nacional e internacional, também apresentada

em forma digital, com acesso pela web.

12. Um toque de SIMPLICIDADE | Entrevista de BRUNO CONTARINI | Engenheiro Civil

22. Fazendo jorrar a “ÁGUA ESCONDIDA” | Reportagem com DANTE LUVISOTTO | Diretor da Águas de Niterói

32. O APROVEITAMENTO múltiplo do RIO PARAÍBA do SUL | Professor JOSÉ FERNANDES SENNA | Ex-Chefe do

Departamento de Engenharia Civil da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF)

38. Certificado de SUSTENTABILIDADE para a Construção Civil | Professora ANA L. T. SEROA DA MOTTA | UFF

44. ESCOLA NACIONAL DE CIRCO de Niterói | Trabalho Final de Graduação (TFG) | LIS COELHO VALLADARES

| Escola de Arquitetura e Urbanismo - UFF

56. Plantas na RECUPERAÇÃO DE MANGUES | LUIZ FRANCISCO FONTANA e MIRIAN A. C. CRAPER | Professores

de Pós-Graduação em Biologia Marinha | UFF

62. Lições do JAPÃO e da ALEMANHA | ASPÁSIA CAMARGO | Deputada Estadual do Partido Verde – RJ

68. SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS: a galinha dos ovos de ouro ainda subestimada pela economia tradicional | ROBERTO DA ROCHA E SILVA | Professor da Estácio de Sá – Rio de Janeiro

74. No “REINO do FAZ DE CONTA” nasceu, fadado ao SUCESSO, o “CONDOMÍNIO RESIDENCIAL FECHADO”

| DR. CARLOS AUGUSTO RABELO VIEIRA | Assessor Jurídico da Revista MEMO

80. Procura-se ENGENHEIROS | Júlio Santos | Jornalista da Revista MEMO

84. Projeto ALECRIM - O Restaurante da Alimentação Viva em Itacoatiara | Trabalho Final de Graduação (TFG)

| BRUNA ECKHARDT | Escola de Arquitetura e Urbanismo - UFF

ISSN 2179 533 9

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EMO.

UFF.

BR

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio AmbienteMEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Em fevereiro de 2011, atendendo ao convite do Magnífico Reitor

Professor Roberto de Souza Salles, ao assumir a presidência da Fundação

Euclides da Cunha, sabia do desafio que me aguardava. Talvez o mais

difícil da minha carreira funcional. Pensei muito antes de decidir, mas

como minha vida sempre foi recheada de desafios, resolvi aceitar mais

este.

Minha decisão foi calcada na expectativa de ter condições para desenvolver as atividades necessárias ao bom

andamento da Fundação. Como ainda não havia atuado no ambiente de fundação, procurei obter junto a

profissionais com perfis acadêmico e técnico, que possuíssem vasta experiência em gestão de fundações,

auxílio no sentido de desenvolver um trabalho profissional para proporcionar uma nova roupagem à gestão da

Fundação.

A ideia então foi elaborar um diagnóstico de gestão e, para isso, contratar uma consultoria experiente e

conceituada, cuja equipe não tivesse qualquer relação com a UFF ou a FEC, buscando a neutralidade do

estudo, a ser apresentado no período de três a quatro meses.

Já nas primeiras semanas, a consultoria apresentou sugestões e orientações que auxiliaram no melhor

entendimento das dificuldades enfrentadas, permitindo a tomada de algumas decisões com o objetivo de ajustar

procedimentos relevantes ao desempenho da Fundação.

Após três meses à frente da FEC, com o apoio da consultoria, colaboração, direta e indireta, dos coordenadores

e empenho dos funcionários, as primeiras mudanças começam a surgir. Aos poucos a equipe está sendo

estruturada, permitindo a correção do fluxo das atividades e a implementação da nova proposta de trabalho.

Na busca de adequação e melhoria da gestão, diversos pontos merecem atenção, dentre eles: controle das

áreas Financeira, Contábil, Patrimonial, Recursos Humanos, Projetos e Tecnologia da Informação. Além disso,

problemas de infraestrutura física para desenvolver melhor as atividades e também para receber o público da

Fundação, especialmente os coordenadores de projetos.

Desde o início da gestão foram tomadas algumas decisões, como o afastamento e reintegração de funcionários;

alteração de procedimentos; corte de algumas despesas; revisão de alguns contratos; reestruturação da

Assessoria de Comunicação e Marketing; implantação de Assessoria Jurídica própria; proposta de nomeação de

novo Diretor Administrativo e Financeiro; ocupação do cargo de Superintendente; ajuste da área de importação

e compras.

Com o objetivo de oferecer um atendimento adequado aos coordenadores e à comunidade universitária em

geral, investindo em qualidade, qualificação e conhecimento técnico, nosso planejamento contempla, entre

outras ações: elaboração do plano de cargos e salários; criação de regras para o ingresso de estagiários e

funcionários; auditoria de gestão para os exercícios de 2009 e 2010;

instalações físicas adequadas; desenvolvimento de projetos internos

voltados às áreas de Treinamento e Qualidade de Vida; e a criação

de programas que visam aproximação com o corpo discente e maior

apoio ao corpo docente e técnico da UFF.

São muitas as ações e certamente, com o trabalho em equipe,

conquistaremos os objetivos propostos. Desta forma, atenderemos

aos anseios da Universidade, em concordância com a mudança

desejada pelo Magnífico Reitor.

Cordialmente,

Miriam Assunção de Souza Lepsch Presidente da FEC - Fundação Euclides da Cunha

Uma dupla alegria

A edição da Revista MEMO que está nas suas mãos nos brinda com uma dupla alegria. Isto porque, logo

de cara, abre com uma entrevista exclusiva com o mestre Bruno Contarini, engenheiro civil e projetista

que carrega na bagagem uma carreira de 50 anos de trabalho. Bruno reúne, por exemplo, a criação de

projetos estruturais para uma série de obras com o arquiteto Oscar Niemeyer. A lista inclui, entre outros, o

Palácio Alvorada, o Edifício da Universidade de Brasília e o Museu de Artes Contemporâneas de Niterói,

no Brasil, e, no exterior, a Editora Mandodori de Milão, na Itália, e a Embaixada do Brasil na Argélia.

Tudo feito sempre com um toque de simplicidade para projetar ou executar uma obra, o que lhe rende

a marca de ser um dos maiores especialistas em construção de pontes e viadutos do país. Na entrevista,

ele fala de projetos que têm o seu toque, como a construção da Ponte Rio-Niterói e o Elevado do Joá,

no Rio de Janeiro.

A segunda alegria vem com a qualidade dos Trabalhos Finais de Graduação (TFGs), como o de Lis

Coelho Valladares, que carrega a proposta de levantar as lonas para a Escola de Circo de Niterói. Muito

mais do que propor uma nova localização para a Escola Nacional de Circo do Rio de Janeiro, que já

vagou por vários rumos desde que saiu do tradicional bairro da Praça da Bandeira, ela criou um projeto

mágico, em todos os sentidos, que precisa contar com o apoio de todos para virar realidade, e tirar o

circo da corda bamba.

Outro bom exemplo é o trabalho de Bruna Eckhardt, com o projeto de construção de um restaurante

baseado na filosofia da “Raw Food” (que prega a integração do homem com a natureza), na Região

Oceânica de Niterói. Ao projetar uma construção que se destacasse na paisagem pelos traços arrojados

e contemporâneos sem perder o charme rústico, ela acertou em cheio no alvo da “alimentação viva”.

Aliada a esta alegria pela qualidade dos trabalhos de graduação, a Revista MEMO abre um bom espaço

para refletir sobre temas que estão aí no nosso dia-a-dia, passando pela energia, meio ambiente e

hidronavegação, entre outros.

É o caso do artigo da deputada estadual Aspásia Camargo, do Partido Verde do Rio de Janeiro, sobre

energia nuclear. Sem dúvida, a questão, depois do acidente de março deste ano em Fukushima, no

Japão, fará governos de diversos países repensarem o futuro de suas políticas energéticas.

Com tantos atrativos, a Revista MEMO deseja para você uma boa leitura!

O EDITOR

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Abril 2011• MEMO online | 9

Produção ACADÊMICA, soluções inovadoras

No campo da Arquitetura e do Urbanismo, raros são os momentos em que os projetos finais de nossos alunos ultrapassam

os limites dos campi. Por diversas razões, os resultados dos trabalhos de conclusão de cursos de graduação em Arquitetura

e Urbanismo são conhecidos, quase que exclusivamente, pelos membros da comunidade acadêmica.

As contribuições decorrentes desses trabalhos, que trazem propostas e soluções para questões concretas do cotidiano

da sociedade, ficam, desse modo, arquivadas, em papel ou meio digital, para consulta de pesquisadores e de outros

alunos. Não que se trate de projetos irrelevantes ou distanciados da realidade, pelo contrário. Simplesmente não há uma

divulgação que possibilite o (re)conhecimento dessa produção realizada no âmbito da Academia.

No caso da universidade pública, em que a formação dos alunos é paga pela sociedade, a ausência de mecanismos que

possibilitem a ampla divulgação do que foi produzido é, sob certos aspectos, ainda mais lamentável, uma vez que essa

produção poderia representar, também, um retorno adicional do investimento realizado pelo país na formação de novos

profissionais.

Esclareço que não se trata de promover uma disputa, injusta, diga-se, com os profissionais que atuam no mercado. Não se

pretende concorrer com arquitetos e urbanistas. Seria, no mínimo, antiético, pois não existem os riscos a correr no exercício

profissional cotidiano, aluguéis a pagar, equipamentos a comprar, pessoal a remunerar, além de taxas e impostos, graças ao

uso de uma estrutura mantida pelos recursos públicos.

Não é desse tipo de prática “capitalista à brasileira”, em que ganhos são privatizados e perdas socializadas, de que estou

falando. Falo de uma produção acadêmica que aponta para soluções inovadoras, abordagens incomuns e desenvolvimento

de temas pouco palatáveis ao mercado profissional. Essa produção precisa ser divulgada para que setores mais amplos da

sociedade a conheçam e, quem sabe, possam se apropriar desse esforço intelectual de nossos alunos e professores.

A Revista MEMO, em boa hora, cumpre um importante papel ao apresentar a produção de nossos, agora, ex-alunos para

um público mais amplo. Ainda que focada no campo da Arquitetura e das Engenharias, esta revista certamente alcançará

outros leitores, e também internautas, além daqueles que convivem conosco na universidade. São gestores públicos,

empresários, membros de organizações não-governamentais, em síntese: todo um público que jamais teria acesso ao que

foi produzido pelo conhecimento, empenho e talento de nossos alunos.

É uma iniciativa importante e que, esperamos, deve prosseguir.

Quanto aos projetos de nossos alunos, que serão apresentados nas próximas páginas,

não entrarei aqui em maiores detalhes. Afinal, a surpresa também faz parte do espetáculo.

Apenas convido para confirmar do que esses jovens arquitetos e urbanistas são capazes.

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Professor Gerônimo Leitão Diretor da Escola de Arquitetura UFF

Page 6: Revista MeMo edição Nº7

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

No intuito de contribuir, somar e multiplicar conhecimento, toda a Revista MEMO, além de ser distribuída

gratuitamente, está disponível na internet. No nosso endereço WWW.REVISTAMEMO.UFF.BR, você encontrará,

na íntegra, todo o conteúdo das matérias e fotos de cada edição, além de detalhes de projetos e publicações. Não deixe de nos acessar. Interaja e participe conosco!

Serviços dos ecossistemas: a galinha dos ovos de ouro ainda subestimada

pela economia tradicional

Na era de se pensar a urgência de novos conceitos

que agreguem sustentabilidade. ROBERTO DA

ROCHA E SILVA | Professor da Faculdade Estácio de

Sá – Rio de Janeiro Página 68

TFG’s de Lis Valladares e Bruna Eckhardt: A Alegria do Circo e o conceito

inovador do Restaurante de Alimentação Viva que

inspirou o projeto Alecrim

Dois conceitos e segmentos diferentes são os projetos

selecionados para esta edição da Revista MEMO.

Imperdível! Páginas 44 e 84

Vida longa Prof. Pardal, gostaria de lhe dar os

parabéns pela realização da Revista MEMO. Já tive

com a revista em mãos e fiquei encantado com o

resultado. Fico feliz por ter participado, mesmo que

muito inicialmente, da construção desse projeto. Mais

uma vez, parabéns e vida longa à Revista MEMO!

abraços, Adriano Tavares

Parabéns!!! Gostaria de parabenizar a equipe

editorial da revista pela iniciativa empreendedora e

que acrescenta conteúdo na produção acadêmica

de nossa Universidade com uma publicação de

excelente qualidade de diagramação, fazendo votos

que cresça o número de colegas professores no apoio

à geração de artigos para publicação.

Saudações acadêmicas, Fernando Beiriz DSc.

- Professor Associado do Departamento de

Engenharia de Telecomunicações

Boa impressão! Por acaso conheci hoje a Revista

MEMO nº 6, de dezembro de 2010. Como professor

adjunto aposentado, e ex-aluno da Escola Fluminense

de Engenharia, turma de 1959, me senti orgulhoso,

mais uma vez, de pertencer de alguma forma à UFF.

Além de conter material interessante abordado de

forma leve e com fotografias e papel de qualidade,

a revista abre espaço para uma maior integração da

academia com a sociedade. Solicito a minha inclusão

como destinatário de próximos números.

Parabéns! Ronald Young

Qualidade Soube da Revista MEMO pelo professor

Antonio Carlos da Rocha, doutorando (Uerj).

Quero parabenizar a todos que participam desta

publicação, que já nasce madura no sentido da

qualidade dos textos, não apenas esteticamente, mas

principalmente pelos conteúdos dos artigos. Luis

Fernando de Oliveira Gutman, engenheiro químico

(IME-74) - Petrobras

Um toque de simplicidade Entrevista de Bruno Contarini | Engenheiro Civil

Com uma carreira de meio século nas áreas de

projeto e execução de obras, e suas soluções simples.

A receita que rendeu-lhe a marca como um dos

principais especialistas em construção de pontes e

viadutos do Brasil. Página 12

Lições do Japão e da Alemanha: os recentes incidentes colocam em pauta a questão

de se repensar a segurança das usinas nucleares

Um momento oportuno para se debater a importância

das “enegias limpas”. ASPÁSIA CAMARGO |

Deputada Estadual do Partido Verde – Rio de Janeiro.

Página 62

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UFF.

BRContinuidade Recebemos e agradecemos o título:

Revista MeMo, nº 6, de 2010. Manifestamos o desejo

de continuar recebendo os próximos números, bem

como os anteriores que serão enviados para a nossa

Biblioteca de Ciência e Tecnologia.

Gladston José Cordeiro - Seção de Intercâmbio

Edições anteriores Com muita satisfação

agradecemos o recebimento da edição nº 6 da Revista

MEMO. Gostaríamos de aproveitar a oportunidade

e solicitar a doação de edições anteriores e pedir

a inclusão da biblioteca de nossa instituição em

sua lista permanente de doações. Agradecemos.

Carmem Lúcia Rubin - Bibliotecária - Biblioteca da

Arquitetura da UFF

Sugestão de pauta Senhores, gostaria de

parabenizar pela excelente revista. Com certeza, mais

um canal de divulgação do pensamento relacionado

à Engenharia/Arquitetura e à sociedade. Sugiro

a redação que, em matérias futuras, destacasse

algum projeto ou dissertação que esteja sendo feito

nas comunidades populares de Niterói (ex. Morro

do Cavalão). Falo isso porque estou fazendo um

trabalho sobre a questão ambiental e sanitária do

Morro do Cavalão, e descobri que existem poucos

trabalhos acadêmicos sobre a importância da

dinâmica espacial das comunidades de Niterói,

principalmente as populares, que, na maioria das

vezes, só são notícias com cunho pejorativo (área

da violência). A revista nº 6 trouxe uma reportagem

sobre a transformação da moradia na favela da

Rocinha. Por que também não fazer uma reportagem

com aqueles que pesquisam as comunidades,

como exemplo, do Morro do Cavalão, Estado,

Cotia, Palácio, Chácara, Vital Brasil, Grota, Souza

Soares etc? À disposição, e obrigado pela atenção

dispensada. Vagner Fia Oliveira - Geógrafo -

Servidor do CREA - RJ

10 | MEMO online • Maio 2011 Maio 2011• MEMO online | 11

Page 7: Revista MeMo edição Nº7

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Além da assinatura de obras com o toque artístico de

Niemeyer, Bruno Contarini tem uma marca própria

como um dos maiores especialistas brasileiros em

pontes e grandes estruturas e portos de mar, rios

e canais. Na bagagem traz, por exemplo, a ponte

sobre o Rio Tocantins em 1960, a Ponte Rio-Niterói

e o Viaduto do Joá, que liga os bairros de São

Conrado e Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Seja

num ou noutro caso, o segredo deste engenheiro

civil formado, em 1956, pela Escola Nacional

de Engenharia da Universidade do Brasil com

especialização em Arquitetura, está em fazer tudo

com muita simplicidade.

“Eu gosto de fazer as coisas fáceis. Não gosto de

fazer nada complicado”, destaca Bruno Contarini,

que junto com Mario Franco, é um dos dois únicos

engenheiros brasileiros citados na Enciclopédia Delta

Larousse. Curtido em canteiros fazendo projetos

e executando obras, ele sente muita falta de um

lugar que considera muito especial: a sala de aula,

de onde está distante há uns 30 anos por não ter

mestrado nem doutorado. “Não fiz mestrado e nem

doutorado porque tinha que trabalhar. Em Brasília, a

gente começava o trabalho às 7 horas da manhã e ia

até às 8 horas da noite, todos os dias, e no domingo,

até o meio-dia. Não tinha tempo para fazer mestrado

ou doutorado”, conta ele, que comanda a Bruno

Contarini Engenharia, lembrando a época de boom

na construção civil brasileira.

Com inúmeros prêmios e a experiência de meio

século de trabalho, Bruno Contarini não pode dar

aula por não ter tais títulos. Na Pontifícia Universidade

Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), foi por 15 anos

professor fazendo Protendido. E o engenheiro lança

um desafio:

“Tire o Mário Franco do circuito, duvido que exista

um professor que tenha mais experiência do que eu

em obras. Não posso passar a experiência de anos

para os alunos. Isso me chateia bastante”, desabafa

o engenheiro que, nesta entrevista exclusiva para

a Revista MEMO faz um histórico de sua trajetória

e fala sobre o know how da Engenharia do País,

destacando projetos como o da Ponte Rio-Niterói e o

trabalho de recuperação do Viaduto do Joá.

Um toque de SIMPLICIDADE

Quem sente o prazer de ter nas mãos o currículo vitae do engenheiro

Bruno Contarini logo vê que o conteúdo vale muito mais do que

uma entrevista. Um livro talvez seja a melhor mídia para transmitir o

conhecimento de um profissional da mais alta estirpe da Engenharia

brasileira, como provam seus 50 anos de trabalho. Com Oscar

Niemeyer, desenvolveu projetos estruturais para uma série de obras

no Brasil e no exterior. A lista inclui, em solo brasileiro, o Palácio

Alvorada, o Teatro e a Plataforma Rodoviária de Brasília, o Edifício

da Universidade de Brasília, o Tribunal Superior de Justiça (STJ) e o

Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ). Fora do País, a Editora

Mandodori de Milão, na Itália, a Universidade de Constantine, em

Argel, e Embixada do Brasil na Argélia, para onde foi para montar

um escritório e acabou ficando longos 18 anos.

BRUNO CONTARINI | Engenheiro Civil

12 | MEMO online • Maio 2011 Maio 2011• MEMO online | 13

Júlio Santos | Jornalista da Revista MEMO

Com uma carreira de meio século nas áreas de projeto e execução de obras, o engenheiro Bruno Contarini

gosta de soluções simples. A receita rendeu-lhe a marca como um dos principais especialistas em construção de pontes e viadutos do Brasil

Page 8: Revista MeMo edição Nº7

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

na prova oral, pois seria primeiro também. Comecei

a pegar as disciplinas todas, como Resistência de

Materiais, que é uma das mais críticas da escola, e

tive 10 na prova. O professor convidava os melhores

alunos para trabalhar no escritório dele, que era

especializado em cálculo estrutural. Trabalhei um

ano e meio, saindo depois para outro escritório de

cálculo, só que voltado para área de protensão. Assim

comecei a fazer protendido como aluno Então, já sai

da escola formado e empregado,

fazendo protendido. Na época,

já pegamos uma série de obras

importantes como o Hipódromo

de Cristal, em Porto Alegre (RS),

até que saiu Brasília. A Rabelo me

levou para fazer as obras dela em

Brasília. Com isso, peguei a parte

de cálculo e de execução também.

Trabalhei com muita execução e

programação de obras. Sou um

dos poucos engenheiros que faz

projetos e execução de obras.

Revista MEMO - Como surgiu a

possibilidade de trabalhar com o arquiteto Oscar

Niemeyer?

Bruno Contarini - O contato com o Oscar Niemeyer

surgiu quando trabalhava na Rabelo, em Brasília,

que fez muitas obras como o Palácio do Alvorada,

o Supremo Tribunal Federal, o Teatro de Brasília, a

Universidade de Brasília e a Plataforma Rodoviária.

Com o trabalho de cálculo dos projetos, fiz amizade

e criei intimidade com o Oscar. Um dos primeiros

projetos foi o Teatro de Brasília, uma grande obra

que tínhamos seis meses para fazer, desde o projeto

original do Oscar até a sua execução. Enquanto ele

Revista MEMO - O currículo do senhor, na verdade,

é quase um livro. Os seus 50 anos de trabalho na

área de Engenharia não deixam dúvidas. Como foi

o começo desta longa trajetória?

Bruno Contarini - Eu me formei, em 1956, pela

Escola Nacional de Engenharia da Universidade do

Brasil, numa época em que o País precisou muito de

engenheiros, no período de governo de Juscelino

Kubitschek. Não fiz mestrado e nem doutorado

porque tinha que trabalhar. Em

Brasília, a gente começava o

trabalho às 7 horas da manhã

e ia até às 8 horas da noite,

todos os dias, e no domingo,

até o meio-dia. Este era o

ritmo de trabalho em Brasília,

onde foram feitas muitas

obras, dando uma confiança

ao engenheiro brasileiro.

Fizemos várias obras, como

a Ponte do Tocantins, que foi

recorde mundial na época; a

ponte de Foz do Iguaçu (Ponte

da Amizade), na ocasião

similar ao recorde mundial. Enfim, existia trabalho

para os engenheiros, com salário bom. Esta época

foi muito boa para toda a engenheira, com um boom

de construções.

Revista MEMO - Por que trabalhar com cálculo

estrutural?

Bruno Contarini - Sempre tive muita facilidade em

Matemática. Fui um dos primeiros alunos da turma,

não precisando fazer nenhuma prova oral nos

cinco anos de universidade. Só fui terceiro lugar

no Vestibular porque um professor me deu nota 3

fazia o projeto arquitetônico, nós cuidávamos da

estrutura e da execução da obra. Depois pegamos

uma série de obras em Brasília e construção de

edifícios, como o Tribunal Federal de Recursos, o

Tribunal Regional Federal, o Ministério de Relações

Exteriores e o Supremo Tribunal de Justiça (mais

recente), além de dar assistência a obras de execução

de projetos como o Palácio Alvorada. No Alvorada,

por exemplo, já fiz muita intervenção para facilitar a

execução da obra.

Revista MEMO - Como o senhor avalia hoje o estágio

da Engenharia brasileira no cenário mundial?

Bruno Contarini - O País sempre teve competência

técnica para fazer obras, com boa qualidade e

prazos pequenos. Por exemplo, fizemos a Estação

Rodoviária de Brasília, que é uma obra de 60 mil

metros quadrados, em um ano. O Teatro de Brasília,

que tinha 21 metros para baixo e 26 metros para

cima, foi feito em seis meses. No caso da Ponte do

Tocantins, o vão central foi feito em 45 dias. Com

200 metros de extensão e 26 metros de largura, o

viaduto em frente ao Banco do Brasil em Brasília, que

Juscelino precisou para inaugurar a capital do País,

também foi feito em 45 dias. Esses são exemplos de

grandes obras.

Revista MEMO - E por falar em grandes obras, o

senhor também trabalhou no projeto de construção

da Ponte Rio-Niterói. Qual foi o desafio de construir

uma ponte de pouco mais de 13 quilômetros de

extensão sobre a Baía de Guanabara?

Bruno Contarini - Na Ponte Rio-Niterói, o prazo

de execução foi de 24 meses, após a entrada em

funcionamento do equipamento de fundação, um

prazo que não existe em nenhum lugar do mundo.

Para o equipamento de fundação funcionar, foram

14 meses. Quando chegamos na ponte estava tudo

embananado. O equipamento de fundação não

funcionava. O primeiro consórcio perdeu a ponte

por causa do equipamento de fundação, pois não

conseguiu fazer os tubulões necessários para a obra.

Aí nós entramos. Fomos à Alemanha e contratamos

equipamentos para fazer as escavações de rocha,

com uma garantia de 30 centímetros por hora. Caso

esta marca não fosse cumprida, o equipamento

ficaria de graça. Os alemães toparam este negócio

desde que os equipamentos fossem operados por

eles. Nesta hora, exigi que o meu pessoal aprendesse

a operá-los com eles. Depois, em rocha que escolhi,

ele fez três metros por hora. Nós podíamos colocar

120 toneladas em cima da ferramenta e ele colocou

60 toneladas apenas. Eu perguntei por que não se

colocava mais para dar uma maior produção. Eles

alegaram que, se colocasse mais, começaria a pular

e não daria produção. Propus que se cortasse a

rocha como se fosse manteiga, dando os tiquinhos

nela. Com isso, deu os três metros por hora. No lugar

em que ia ter 30 tubulões, que faria com que o seu

preço ficasse absurdo, fizemos com oito. Tivemos

Com o trabalho de cálculo

dos projetos, fiz amizade e

criei intimidade com o Oscar.

Um dos primeiros projetos

foi o Teatro de Brasília, uma

grande obra que tínhamos

seis meses para fazer, desde

o projeto original do Oscar

até a sua execução

Teato de Brasília

14 | MEMO online • Maio 2011 Maio 2011• MEMO online | 15

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

mais trabalho para consertar o que estava feito do

que para fazer a obra, que foi entregue no dia 4 de

maio de 1974.

Revista MEMO - O senhor considera a Ponte Rio-

Niterói um modelo de excelência da Engenharia

brasileira?

Bruno Contarini - A Ponte Rio-Niterói, na qual fui

responsável pela execução, era uma obra imensa

onde trabalharam 10 mil operários e 130 engenheiros,

aprendendo a tecnologia da Europa. Depois esta

tecnologia passou a ser adotada no Brasil e o

equipamento Virtus começou

a ser utilizado em larga escala

no País porque funcionava.

Hoje se fala muito em concreto

autoadensável, concreto que

você não precisa botar vibrador.

Isto foi feito numa ponte no

Japão, em 1990, e o inventor

é um japonês. Em 1970, nós

fizemos 150 mil metros cúbidos

de concreto autoadensável,

pois o tubulão para a Ponte

Rio-Niterói não podia vibrar. A Ponte Rio-Niterói

tinha uma tecnologia de ponta, mas muita coisa foi

inventada por nós também, pois tínhamos um corpo

técnico muito bom. Por exemplo, concreto submerso

muito pouca gente no mundo sabia fazer, se é que

tinha alguém que sabia fazer. Com isso, pegamos

um know how, e fizemos inicialmente 150 mil metros

cúbicos de concreto submerso. Isto não é fácil, porque

você não pode jogar o concreto debaixo da água

que ele desagrega todo. A gente tinha uma série de

técnicas. Visitamos diversas firmas de fornecimento

de bombas, mas ninguém tinha know how para fazer

concreto submerso. Então, começamos a fazer muita

experiência. Fizemos tubulão com 10 metros de

profundidade de altura dentro de água, concretando,

depois cortamos para testar a

qualidade do concreto. Tínhamos

uma boa técnica. Num congresso

técnico, o Enec, em Portugal,

do Laboratório Nacional de

Engenharia Civil de Portugal, em

1985, foi mostrado uma ponte

feita com concreto que passou

por ensaio de impermeabilidade.

Nesta hora, eu disse que o

negócio funcionava. Na Ponte

Rio-Niterói, fizemos uns seis mil

ensaios de impermeabilidade e o concreto lá ficou

bom. Aprendemos muito. O congresso aconteceu 11

anos após a ponte ter sido inaugurada.

Revista MEMO - Existe um projeto para a construção

de um túnel submerso para fazer a ligação de metrô

entre Rio e Niterói. A estrutura da ponte poderia

ser usada como alternativa para se ter uma solução

mais econômica?

Bruno Contarini - Não fui eu que fiz o projeto da

ponte. O projeto é do Noronha com o Ernani, mas eu

conheço a obra. Sei que é possível colocar um metrô

em cima dela, fazendo pequenas modificações, com

reforço, jogando-o na parte central. Por baixo não

tem espaço, mas pode-se jogar duas linhas por cima.

Para não diminuir as pistas, sobe uma estrutura,

fazendo uma espécie de viaduto em cima da ponte,

por onde passararia o metrô. Claro que existe muito

interesse envolvido para se fazer uma grande obra,

como a construção de um túnel para Niterói. Na

minha opinião este túnel vai ser feito dois anos depois

de “Nunca”. Não tem dinheiro para fazer isso. Jogar

o metrô em cima da ponte vai gerar uma despesa

muito menor. Em reunião com o prefeito, no Teatro

Municipal de Niterói, para apresentar as soluções,

todo mundo manifestava o interesse em fazer o túnel.

Na hora em que se falava em aproveitar a ponte, o

pessoal dava o corte.

Revista MEMO - Importante via que liga os bairros

de São Conrado e Barra da Tijuca, o Viaduto do Joá

vem sendo uma obra muito constestada nos últimos

anos. Afinal, qual é o problema do Joá?

Bruno Contarini - O Joá tem uma série de

probleminhas de projeto. Na sua estrutura em

V, existem buracos que se entrar água ela não

tem como sair. Este foi um dos problemas, pois o

concreto não é impermeável como mostraram os seis

mil ensaios que fizemos. No Joá, o concreto entrou

pela lage, passando pela armação de protendido

e, com esta armação de protendido, corroeu o

aço. Então, tivemos que fazer um reforço do aço.

Segundo o pessoal da Coppe, este aço estava em

fase de corrosão. Fizemos uma recuperação para

trocar a armação inteira, colocando cabos para

substituir o aço solto. Não existe esta possibilidade

de a armação, pelo menos no trecho de cima, estar

em processo de corrosão. O pessoal está falando e

levantando dúvida sobre a armação do dente. Mas o

dente tem 1 metro e 80. O pessoal da Coppe está

fazendo a inspeção para ver se acha alguma coisa.

Já quebraram um pedaço lá e não acharam nada.

Eu não posso falar que não tenha nada ou que tenha

tudo. Acho que o pessoal da Coppe deve continuar

a quebrar e ver. A Coppe não pode é ter um contrato

para ver isso e informar que acha que não tem nada

ou acha que tem. Achismo não existe em Engenharia.

No lugar que ela vai quebrar não tem problema

nenhum de resistência, pois é uma estrutura de apoio

que praticamente não trabalha. Então, você quebra

e olha os dentes. Também se o dente estiver ruim, ele

está na superfície. Não tem este negócio de o dente

estar ruim no interior. Ferro no interior não fica ruim.

Só existe corrosão quando o PH do ambiente for de

9 para baixo. O cimento provoca um PH de 12. No

trabalho de recuperação do Maracanã nos anos 90,

nas mesmas condições climáticas, o PH era de 11,

numa obra de 40 anos na época.

Revista MEMO - Existe uma corrente que defende

a demolição do Viaduto do Joá. Como o senhor

analisa isso?

Bruno Contarini - Eu acho isso muito fácil, pois

A Ponte Rio-Niterói tinha

uma tecnologia de ponta,

mas muita coisa foi

inventada por nós também,

pois tínhamos um corpo

técnico muito bom.

Por exemplo, concreto

submerso muito pouca

gente no mundo sabia fazer,

se é que tinha alguém que

sabia fazer

Elevado do Joá

Ponte Rio-Niterói - Pontes S/A

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solução para o Joá?

Bruno Contarini - Primeiro, é preciso ver quais

são os defeitos e reforçar. Por exemplo, apesar de

a fundação apresentar buracos por conta da ação

do mar, a estrutura está dentro dos padrões de

segurança, pois levamos cinco meses para fazer o

reforço. Tínhamos que cercar o pilar. Então, fizemos

uma armação metálica para

concretar o bloco debaixo da

água. Os outros cinco ou seis

pilares estão apenas com a

armação aparente. Neste caso,

é só consertar os cinco pilares.

Revista MEMO - No caso

do Joá, que consideração é

possível fazer da ação da

prefeitura?

Bruno Contarini - A prefeitura

tem agido corretamente, às

vezes, faltando um pouco de

pressa, mas isso é um problema

do TCU. Não se pode resolver

de qualquer maneira, pois o

TCU vem e prende todo o mundo. A prefeitura falha

porque, às vezes, custa a dar a definição. Se tivesse

o TCU antigamente, eu não teria feito a metade

das obras que fiz. O processo ficou muito lento e a

Lei 8.666 manda fazer tudo barato. O TCU vai em

cima de coisas que não entende, que é a execução

de uma obra. Ele quer ver se o contrato foi feito de

acordo com a lei. Só que o mais barato, às vezes, é

o melhor e não o que custa menos. Aqui no Brasil

estamos cansados de ver obras em que o camarada

sai para a solução mais barata, principalmente, em

cálculo estrutural. Eu hoje estou concorrendo com

garatos recém-formados que compram programa

de computador, só que não sabem usá-lo. Tentam

usar, fazem besteira. O que eu já corrigi de besteira

feita não está no gibi. A toda a hora aparece um

problema.

Revista MEMO - Como o projeto estrutural pode

ajudar a ter boas construções, seguras e com bons

custos?

Bruno Contarini - Existe uma tal de lei de Sitter que

é característica. Segundo ela, um dólar investido

em projeto economiza cinco dólares na execução,

25 dólares na manutenção e 125 dólares na

recuperação. Então, tem que pagar bem para

projeto. Eu já fiz obra que cobrei duas ou três vezes o

preço do projetista. Eu te garanto que ela ficou 50%

mais barata. Tem que pagar bem pelo projeto. Hoje,

todas as firmas querem fazer projetos mais baratos.

Existem empresas que selecionam o calculista,

forçando a barra para ele dar um preço baixo. Isso

está matando os calculistas. Os preços do governo

para pagar os projetos são absurdos. São muito

primeiro o dinheiro não é deles. Segundo, pergunte

se eles têm base para falar para derrubar. Eu não

acho que tenham base. Eles acham que o negócio

têm corrosão, acham que pode dar problema.

No dia em que o Joá foi interdidato, fizemos uma

reunião com o Marcelo Alencar (ex-governador e

prefeito do Rio de Janeiro) e com o Lobo Carneiro,

um dos maiores engenheiros que

o Brasil já teve. Foi apresentado

que o Joá tinha perigo de rotura

brusca. Estranhei o fato de se falar

em rotura brusca, pois esta obra

do que jeito que está, o que está

aparecendo, o que a gente pode

ver não é perigo de rotura brusca. Disse ao Lobo

Carneiro que o concreto não era de má qualidade.

Fizemos 60 corpos de provas e eles deram todos

resultados altos. O que existe é o aço que está sendo

corroído, mas o aço corroído não dá rotura brusca.

Aço corroído dá fissura. O concreto da estrutura está

com boa qualidade. Agora o pessoal está achando

que tem rotura brusca por causa do problema de

dente. No Joá, pelo menos aparentemente, você não

pode falar que tem perigo de rotura brusca.

Revista MEMO - Na avaliação do senhor, qual é a

baixos. Meu escritório, por exemplo, já teve mais de

130 engenheiros. Hoje, tenho três, quatro. E a minha

tendência é fechar. Não dá para continuar fazendo

projeto, concorrendo com garotos recém-formados

que estão com programas de computador, sem saber

mexer com ele, sem saber fazer uma armação.

Revista MEMO - Qual é o segredo para construir

uma boa obra?

Bruno Contarini - Certa vez, numa palestra do

Ibracon, em Recife, recebi do Mário Franco, um

dos dois engenheiros brasileiros citados no Delta

Larrousse - o outro sou eu - a seguinte afirmação:

“eu acho o Bruno um camarada incapaz de pegar

uma obra complicada e calcular a obra complicada.

Ele pega a obra complicada e transforma em simples

e calcula. Ele simplifica todas as obras”. Eu gosto

de fazer as coisas fáceis. Não gosto de fazer nada

complicado. Um exemplo é a armação em estrela

de Davi do Museu de Arte Contemporânea (MAC),

que é única no mundo, mas uma solução simples

para burro.

Túnel Zuzu Angel

Estádio João Havelange

Aqui no Brasil estamos

cansados de ver obras em

que o camarada sai para

a solução mais barata,

principalmente, em cálculo

estrutural. Eu hoje estou

concorrendo com garatos

recém-formados que

compram programa de

computador, só que não

sabem usá-lo. Tentam usar,

fazem besteira. O que eu já

corrigi de besteira feita não

está no gibi. A toda a hora

aparece um problema

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Maio 2011• MEMO online | 21

HOM

ENAG

EM

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,

que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos,

que nos levam sempre aos mesmos lugares.

É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la,

teremos ficado, para sempre, à margem

de nós mesmos.”

Fernando Pessoa A Revista MEMOdeseja homenagear o ex-funcionário que

acaba de se aposentar DALTON ANDRADE, Secretário da Escola de Arquitetura - UFF,

e agradecê-lo pelos excelentes serviços prestados

a esta instituição ao longo de anos.

Será por nós lembrado como alguém honesto,

prestativo, referência de excelência, responsabilidade,

eficiência, bom humor e espírito de equipe.

Desejamos muita paz, saúde e alegria

nessa nova jornada de vida e que

Deus o abençõe com toda

a sorte de bênçãos!

O Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (EMAU) é um projeto de Extensão Universitária que, unido ao ensino e pesquisa, forma o tripé da educação.Na UFF, o EMAU formado chama-se EMPAZ, sua criação foi em 1º de maio de 2001 pelos próprios alunos que buscavam uma forma mais justa de se fazer Arquitetura e Urbanismo, proporcionando projetos a comunidades “excluídas” e intervenções sociais, além da experiência de uma dinâmica de trabalho mais profissional e responsável. Sua forma de gestão é horizontal, com escolha de professor orientador para o trabalho em voga e sem fins lucrativos.Ao longo desses anos, muitos estudantes o transitaram e lutaram por sua consolidação e reconhecimento, através da elaboração de projetos, debates com professores e alunos, encontros com outros EMAUs e participação em Seminários Nacionais de Escritórios Modelos de Arquitetura e Urbanismo (SeNEMAU).Hoje, o EMPAZ-UFF continua com os mesmos princípios e é reconhecido nacionalmente. Funciona em uma sala própria na Escola de Arquitetura e Urbanismo-UFF e possui três projetos ativos: elaboração de projetos arquitetônicos em imóveis vazios do centro do Rio de Janeiro junto ao Movimento Nacional de Luta pela Moradia, desenvolvimento de projeto de um centro de reciclagem na Ilha do Governador para uma cooperativa de catadores de lixo e elaboração de um catálogo sobre a história da

comunidade Vila Autódromo que luta contra a remoção de suas casas.

Para mais informações: www.fenea.org/projetos/[email protected] Carvalho - Membro do EMPAZ Aluna de Arquitetura e Urbanismo UFF

Criação do Escritório Modelo na UFF

20 | MEMO online • Maio 2011

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Niterói, na linguagem índigena, carrega o significado

de “água escondida”. Separada do Rio de Janeiro

pelos pouco mais de 13 quilômetros da Ponte Rio-

Niterói e pela Baía de Guanabara, a cidade, no

entanto, exibe números atraentes nas áreas de

abastecimento de água e saneamento. O salto nos

indicadores destes dois itens, nos últimos 11 anos,

impressiona. No primeiro caso, o índice de cobertura

da população com água tratada pulou de 72% para

100%. No outro, levando em conta a população

com esgoto coletado e tratado, o resultado tem um

realce ainda maior, pois saiu de 20% para 90%. Uma

performance vital para atender a um município que

viu, no período, o número de habitantes avançar de

453 mil para 492 mil.

Por trás dos números está um trabalho de formiga feito

pela Águas de Niterói, concessionária que em julho

de 1997 ganhou a outorga de 30 anos para cuidar

do abastecimento de água e tratar do saneamento

da cidade. Com um investimento estimado em R$

250 milhões a partir de novembro de 1999, quando

iniciou a operação, até agora, a empresa vem fazendo

a lição de casa para garantir um serviço de qualidade

para a região. A base de tudo está no tripé tecnologia,

eficiência operacional e sustentabilidade. E a aposta

foi bem certeira, como mostra também outros dois

indicadores cruciais para a saúde de qualquer negócio:

o índice de perdas, que teve um baque de 40% para

18%; e o nível de inadimplência dos consumidores,

com uma queda brusca de 32% para 4,5%.

“Quando iniciamos a operação, a Região Oceânica

e toda a região de Pendotiba não tinham uma

infraestrutura de água. Diversos bairros como

Piratininga, Camboinhas, Itaipu, Cafubá, Jacaré,

Engenho do Mato viviam de poços semiartesianos,

com a qualidade de água ruim em função da presença

de ferro e manganês”, conta Dante Luvisotto, diretor

da Águas de Niterói. Segundo ele, a universalização

do serviço chegou em 2003 mesmo nos bairros

menos urbanos, como Rio do Ouro e Várzea das

Moças. “Hoje, Niterói não tem nenhuma rua sem

infraestrutura de água”, acrescenta.

Água para todos - Na planilha de investimentos

da empresa em infraestrutura de água figura, por

exemplo, a construção de uma série de reservatórios.

Entre eles estão os de Itaipu, com capacidade para 3

milhões de litros de água; Pendotiba, com 3 milhões

de litros; Caramujo, com 6 milhões; e a ampliação

do reservatório Correção, no centro da cidade, com

3 milhões de litros, além dos reservatórios de Muriqui

Grande e Várzea das Moças, com 500 mil litros.

Fazendo jorrar a “ÁGUA ESCONDIDA”*Reportagem com Dante Luvisotto | diretor da Águas de Niterói

JÚLIO SANTOS | Jornalista da Revista MEMO *(em Tupi Guarani, “Niterói” significa “Água Escondida”)

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De 1999 para cá, a empresa já investiu R$ 250 milhões nas redes deágua e saneamento da cidade. O resultado veio com a melhoria dosíndices de cobertura, inadimplência e eficiência, colocando osserviços da concessionária entre os melhores do País

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

A empresa também investiu forte na expansão de

uma série de redes, além de substituir aquelas mais

obsoletas. Alinhado ao investimento na malha, a

concessionária passou a empregar um sistema de

hidrometração, com a instalação de medidores nas

casas dos consumidores.

“Cerca de 30% pagava por um consumo estimado.

Ou seja, alguns pagavam e outros não pagavam. As

pessoas não tinham o senso do uso racional de água,

havendo um grande desperdício”, lembra o diretor da

Águas de Niterói, que, graças ao uso da solução, viu

o índice de inadimplência cair para a faixa de 4%.

“Não adianta você prestar um serviço que não tenha

a garantia da contra prestação dele. Este pagamento

assegura o modelo de concessão e garante os

investimentos em melhorias da infraestrutura. Com

a colocação dos medidores, o consumidor passou a

pagar o valor justo pelo que consome e não pelo

estimado”, acrescenta.

A universalização conquistada não dá espaço para

a empresa cruzar os braços. Novos desafios, como

o crescimento populacional, a chegada de novas

indústrias em regiões próximas (como o Comperj) e os

picos de demandas que a cidade enfrenta no verão,

levam à programação de novos investimentos. Até

2016, está na pauta investir em novos reservatórios e

fazer a otimização do sistema distribuidor, operação que

precisa ser compatibilizada com melhorias operacionais

no sistema produtor administrado pela Cedae.

“Não adianta avançar com o sistema distribuidor, se

o produtor não pode atender a demanda. A Cedae

está construindo uma nova adutora de água bruta”,

observa. Dante Luvisotto conta que a Cedae está

fazendo uma nova linha, com 1500mm de diâmetro

e 15 quilômetros de extensão, para o Canal de

Imunana, de onde é captada a água que abastece

Niterói. A previsão, de acordo com ele, é que parte

desta nova linha já esteja operacional até meados

deste ano, com seis ou sete quilômetros. Com sua

conclusão, acrescenta o executivo, o sistema produtor,

que produz hoje 5,4 metros cúbicos por segundo,

passará a gerar sete metros cúbicos por segundo.

Para ele, isso vai significar uma oferta maior de

água para a cidade. O diretor da Águas de Niterói

explica que, assim, será possível fechar o anel

distribuidor, unindo a quarta linha adutora com a

quinta linha adutora e fazendo um reservatório novo

em São Francisco, que será ligado ao do Cavalão.

“Com isso, vamos criar uma maior confiabilidade

operacional aqui em Niterói e minimizar os picos

de demanda durante o verão, que acontecem,

sobretudo, por conta da população flutuante

da Região Oceânica”, explica Dante Luvisotto,

estimando uma oferta de água cerca de 15% a 20%

maior, suficiente para atender os picos de demanda.

“No último verão, o acréscimo de demanda, que é

da ordem de 15%, chegou a bater picos de 30%”,

lembra.

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Page 14: Revista MeMo edição Nº7

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Desafio de universalizar - Se no abastecimento de

água o trabalho hoje é para fortalecer a estrutura

para manter os 100% de universalização, na área

de saneamento a Águas de Niterói tem pela frente

o desafio de igualar esta meta. Resta ainda cobrir

um percentual de 10% para zerar a conta, apesar

dos investimentos feitos na construção das estações

de tratamento de Itaipu, Camboinhas, Mocanguê,

Jurujuba, Barreto, Toque Toque e da conclusão da

ETE Icaraí, que na época sequer fazia o tratamento

primário do esgoto.

“Para chegar à universalização, é preciso,

basicamente, construir seis estações de tratamento. Só

que são seis estações de pequeno porte”, diz Dante

Luvisotto, detalhando a lista: ETE Maceió (ainda este

ano), Badu, Matapaca, Maria Paula, Sapê e Ititioca,

que fecharão toda a região de Pendotiba.

Segundo ele, a partir de 2011, o prazo para a

construção de todas elas é de cinco anos, com

investimento estimado de R$ 52 milhões, incluindo

estações de bombeamento e rede coletora com suas

ligações. Serão 150 quilômetros de rede, que chega

a 230 quilômetros, com os seus ramais.

“Este projeto anda junto com os investimentos

em drenagem para que um não se sobreponha

ao outro, criando interferências negativas”,

diz.

Tecnologia e inovação - Um grande aliado na busca

pela eficiência operacional e redução de perdas foi

a aposta que a Águas de Niterói fez em tecnologia,

como ficou comprovado com a instalação de

um moderno Centro de Controle Operacional. A

solução cuida de todo o controle do macrossistema

distribuidor, fazendo a supervisão de reservatórios,

válvulas e elevatórias, por exemplo. “Quando

iniciamos em novembro de 1999, a operação do

sistema se dava via rádio Vertix. A tecnologia ajudou

a reduzir o desperdício”, diz o executivo, lembrando

que, em 2010, a empresa chegou a ter mês com um

índice de perdas de 14%.

“Ou seja, isso é mais água para ser disponibilizada

para a população. Praticamente, o volume de água

comprada da Cedae é o mesmo de novembro de

1999, que era de 1,8 mil litros por segundo. Hoje,

compramos, em média, 1,750 litros por segundo, ou

4,5 milhões de metros cúbicos por mês, para atender

110 mil pessoas a mais na Região Oceânica e em

Pendotiba”, explica o diretor da Águas de Niterói.

Com um investimento de R$ 3 milhões, o centro ficou

pronto no final de 2000.

Além de um moderno Centro de Controle de

Operação, todo computadorizado para garantir

a operação online do sistema, a concessionária

também adotou o uso de inversores de frequência de

motores como inovação. Com eles, foi possível fazer

um controle inteligente da vazão necessária para

atender a demanda, evitando também o problema

de ar na tubulação. Por meio dos softwares Water

CAD e Flow Master, atualmente, a empresa também

faz a simulação hidráulica de todo o sistema.

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Page 15: Revista MeMo edição Nº7

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Em nome da sustentabilidade - Em busca de cumprir

bem o dever de casa, Águas de Niterói trabalha

bem o conceito de responsabilidade como empresa

de serviço público em nome da sustentabilidade de

um negócio vital para todos. Seja do ponto de vista

econômico, como os projetos para uso racional de

água e eficientização energética de suas instalações

para reduzir um dos principais custos de sua operação,

ou socioambiental, com uma série de iniciativas,

que buscam a preservação do meio ambiente e dos

recursos hídricos.

Um bom exemplo é o trabalho feito na Estação de

Camboinhas para tratamento dos dejetos lançados.

A iniciativa permite tratar parte dos efluentes, ricos em

nitrogênio e fósforo, e utilizá-lo para irrigar parques e

jardins da prefeitura de Niterói. “Com isso, incentiva-

se uso sustentável da água, estressando-se menos o

manancial, com um menor volume de água captada

no canal de Imunana”, diz Dante Luvisotto.

Os projetos na área socioambiental também buscam

trabalhar o lado informativo e de conscientização. Um

deles é o Parque das Águas, localizado numa área

no Morro do Correção, onde são desenvolvidas uma

série de atividades como formação e treinamento

de agentes ambientais, e os programas Água nas

Escolas e Caminhos das Águas, voltados para escolas

estaduais e municipais. “Esta é uma via de mão dupla,

pois esclarece sobre a necessidade de não desperdiçar

água e o valor do saneamento”, diz o executivo.

Outra iniciativa da empresa na área de educação

e conscientização é o Projeto Águas Limpas, feito

em parceria com o Ministério Público do Estado

do Rio de Janeiro, Prefeitura de Niterói e Projeto

Grael (Insituto Rumo Náutico), para coleta de lixo

flutuante e hidrocarbonetos na Baía de Guanabara.

Com abrangência inicial na Enseada de Jurujuba,

São Francisco e Icaraí, o objetivo é fazer a limpeza,

estudo e monitoramento da Baia de Guanabara

em Niterói.

O projeto é fruto de uma ação judicial que a

Águas de Niterói ganhou contra o estado do Rio de

Janeiro, em 2006, contra a cobrança do Imposto

Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

(ICMS) nas contas de água. O resultado: um valor

de R$ 45 milhões, que era fruto do ICMS ganho

na ação.

“O dinheiro voltou para os consumidores em crédito

na conta, em volume de água. Com o dinheiro que

sobrou, muitos condomínios da cidade fizeram

melhorias, pois ficaram um bom tempo sem pagar

água”, conta o executivo, citando o caso do próprio

condomínio onde mora. Além do crédito devolvido,

a empresa firmou um Termo de Ajustamento de

Conduta com o Ministério Público para empregar

o saldo não reclamado na compra do Cataglop,

barco adquirido na França que faz coleta do lixo

flutuante na Baía de Guanabara. “Este é um benefício

para a cidade, principalmente para as praias da baía.

Já estamos pensando num segundo barco”, conta

Dante Luvisotto, acrescentando que a Águas de Niterói

também fechou parceria com a Clin para instalação de

pontos de armazenamento do lixo coletado e posterior

transporte para o aterro sanitário.

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Page 17: Revista MeMo edição Nº7

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

No momento em que se constroem novas barragens

no rio Paraíba do Sul, torna-se necessário lembrar dos

estudos desenvolvidos pelo DNPVN (Departamento

Nacional de Pontes e Vias Navegáveis) e pela

Petrobras (*) que tratam do aproveitamento múltiplo

daquele rio, que se tornaria uma via navegável de

grande importância para a região Sudeste, com

reflexos para a economia dos estados de São Paulo,

Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Trata-se da única

possibilidade de ligar o vale do rio Paraíba do Sul

com a malha hidroviária dos rios Tietê e Paraná,

cujos custos de transporte são extremamente baixos.

Para se ter uma ideia dessa possibilidade, citamos o

trabalho publicado na Revista MEMO números 3, 4 e

5, cujos principais dados podemos assim resumir.

1 – BACIA HIDROGRÁFICA

A bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul atinge

cerca de 56.000km², abrangendo áreas dos estados

de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Pode

– se dividir o Paraíba do Sul, nos seguintes trechos:

a) Paraíba Superior: Das nascentes do Paraitinga

até Guararema (km 758), numa extensão de 302

km – com seu curso desenvolvendo-se em terreno

acidentado, de grande beleza natural, onde foram

construídos os reservatórios de Paraibuna, Paraitinga

e Santa Branca. b) Alto Paraíba: De Guararema

(km 758) até Cruzeiro (km 516), onde foram feitas

diversas retificações e construídos vários “polders”,

pelo DNOS e pelo DAEEISP, com extensão de 242

km, onde o rio apresenta alta declividade, em torno

de 27cm/km. c) Médio Paraíba: De Cruzeiro (km 516)

até São Fidélis (km 94), com diversos represamentos

executados e projetados, com extensão de 422km,

onde o rio apresenta altíssima declividade, cuja

média é de 155cm/km. d) Paraíba Inferior: De São

Fidélis (km 94) até a foz, quando seu curso percorre

a baixada Campista, com extensão de 94km e média

declividade, em torno de 19cm/km.

2 – DADOS DISPONÍVEIS

Várias obras foram realizadas na bacia do Paraíba

do Sul, cuja existência determina condicionantes para

seu aproveitamento como via navegável, conforme

se relaciona a seguir, grupadas por tipo:

2.1 – Obras de Retificação Fluvial

O curso principal do Paraíba do Sul foi e está

retificado em dois trechos, por razões diversas: - o

trecho inferior, pelo DNPVN, basicamente para fins de

navegação, e o trecho do Alto Paraíba, pelo DAEE/SP,

em convênio com o DNOS, basicamente para fins de

aproveitamento agrícola das várzeas.

2.2 – Obras de Proteção Contra Inundações

Através do DNOS, foram executados pelo governo

federal, entre Itereré e o Alto do Viana, na Baixada

Campista, grandes diques de proteção contra

inundações, margeando o rio e seus braços ao longo

de 40km, proporcionando à região e, sobretudo à

cidade de Campos, a eliminação do flagelo a que

ciclicamente estava sujeito.

2.3 – Obras de Canalização Fluvial

Conforme já foi dito, por situar-se entre as cidades do

Rio de Janeiro e de São Paulo, o rio Paraíba do Sul foi

dos primeiros cursos d’água brasileiro a ser estudado

e canalizado, inicialmente para abastecimento

d’água e, posteriormente, para aproveitamento

hidrelétrico. Atualmente, seis são as principais

barragens nele construídas: Paraibuna-Paraitinga e

Jaguaraí, operadas pela Cesp; Funil, operada pela

Eletrobras Furnas; e Santa Branca, Santa Cecília e

Ilha dos Pombos, no Rio, operada pela Light. Das

barragens mencionadas, Santa Branca e Santa

Cecília não são motorizadas, funcionando a primeira

como reservatório de regularização e a segunda para

elevação do nível d’água, possibilitando a reversão

de 160m³/s para a vertente oceânica, através de

transferências sucessivas aos reservatórios de Santana,

Vigário e Lages, para a geração de energia nas

usinas de Fontes (I e II) e Nilo Peçanha (I e II), situadas

no sopé da Serra do Mar, e Pereira Passos, esta por

gravidade, a jusante de Nilo Peçanha, na Baixada

Fluminense – (Sistema Light – Rio de Janeiro).

3 – IMPLANTAÇÃO DE UMA NOVA VIA

Muito embora não seja justificável o melhoramento

das condições naturais do Rio Paraíba do Sul

para torná-lo navegável em corrente livre, o seu

O APROVEITAMENTO múltiplo do RIO PARAÍBA do SULProfessor JOSÉ FERNANDES SENNA | Ex-Chefe do Departamento de Engenharia Civil da Escola de Engenharia

da Universidade Federal Fluminense (UFF)

32 | MEMO online • Maio 2011 Maio 2011• MEMO online | 33

Page 18: Revista MeMo edição Nº7

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

aproveitamento hidroviário é perfeitamente possível,

mediante a conjugação de esforços para o múltiplo

aproveitamento dos seus recursos hídricos. Com a

canalização fluvial progressiva, pode-se dar a esse

importante curso d’água as condições necessárias

para torná-lo uma grande hidrovia, que tenha real

significação econômica e se torne um importante

fator de desenvolvimento regional, como se expõe a

seguir:

3.1 – Parâmetros Gerais da Via

Para o estudo harmônico do aproveitamento múltiplo

devem ser seguidas certas diretrizes, estabelecidas

em função da obtenção de condições viáveis de

aproveitamento hidroviário e compartibilização

dos diferentes benefícios. O estabelecimento de

Requisitos Preliminares ou Parâmetros Gerais para a

canalização fluvial é, por isso, medida indispensável

para os estudos e projetos destinados à criação da

Nova Via. Nesse sentido, o trabalho que a partir

desse ponto se desenvolve deve ser considerado

como uma Alternativa Preliminar de Aproveitamento,

baseada na necessidade de preservação do potencial

hidroviário, segundo os seguintes parâmetros:

3.1.1 – Rotas para Navegação Futura

A implantação de uma hidrovia não pode prescindir

de análise macroeconômica do significado da

ligação de regiões produtoras e consumidoras. Como

qualquer via de transporte, uma hidrovia canalizada

só se justifica se, inserida na malha de transporte

de uma região, ela representa um meio certo de

redução do custo de circulação de mercadorias.

Examinando-se a hidrovia do Paraíba sob essa ótica,

verifica-se que sua implantação só poderá ter sentido

econômico se ela proporcionar redução de custos do

transporte de mercadorias: - Produzidas na grande

São Paulo e consumidas no Vale; - Produzidas no Vale

e consumidas na grande São Paulo; - Que possam

utilizá-la em integração bimodal de transporte. Como

se pode verificar com relativa facilidade, existem dois

postulados iniciais que devem anteceder e conduzir a

decisão política de implantação da hidrovia.

3.1.2 – A interligação Paraíba–Tietê

Ligando hidroviariamente o Vale do Paraíba à grande

São Paulo, antes de representar um acréscimo de

custos, constitui-se em um meio de redução pelo

significativo aumento da demanda que proporcionará

– conforme afirmaram acertadamente os estudos

anteriores.

3.1.3 – Macro Eixo

A partir da Grande São Paulo, floresceram diversas

cidades ao longo de uma rota que, pelas razões

expostas, deve ser considerada como prioritária sobre

as demais, pois formam o macro eixo São Paulo – Rio

de Janeiro, sendo impulsionadas por um crescente

surto de industrialização, obviamente, comandam o

desenvolvimento agropecuário da sua região.

OBSERVAÇÕES - Rota Principal: São Paulo – Barra do

Piraí. - Rota Secundária: Barra do Piraí – São João da

Barra - Sub-Rotas principais: Juiz de Fora – Três Rios;

Cataguases – Itaocara; Muriaré – Campos.

-Sub-Rotas Secundárias: Guararema – Natividade da

Serra; Campos – Niterói (canal costeiro).

3.2 – Condições para Implantação da Hidrovia

Tratando-se da possibilidade da implantação de uma

nova hidrovia, mediante a canalização fluvial para

as múltiplas finalidades, e buscando-se minimizar os

custos da navegação deve-se procurar:

1- Reduzir ao mínimo as extensões naturais entre

uma barragem e o remanso da seguinte, para evitar

a necessidade de implantação de canais de ligação,

geralmente escavados em solo rochoso.

2- Posicionar os eixos das barragens de modo a

possibilitar a implantação e eclusas junto a uma de

suas ombreiras sem prejuízo do traçado adequado

do “eixo de navegação”.

3- Planejar a operação harmô-

nica dos reservatórios, evitando

“depleções” elevadas e, se

possível, reduzindo ao mínimo,

para:

4- Que a regularização do regime

fluvial seja conseguida mediante

a construção de reservatórios de

cabeceira, como pretendido pela

Eletrobras Furnas, de modo a reduzir-se as eventuais

necessidades de plaqueamentos dos reservatórios

do custo principal. 5- Que nos balanços hídricos

do sistema seja computada sempre a necessidade

de uma vazão que garanta a profundidade mínima

fixada para a massa líquida.

6- Que, em decorrência, sejam limitadas as

autorizações para reversão de águas da sua bacia

para outras (caso de Caraguatatuba).

4 – PARÂMETROS BÁSICOS DAS OBRAS

Comboio-Tipo

Como foi muito bem observado pela Italconsult em

1967, seguindo proposição do engenheiro Caio

Dias Baptista, efetuada em 1941, a implantação

da navegação do rio Paraíba não pode prescindir

da interligação de sua bacia com a do rio Tietê.

Por isso, vincular-se a implantação da Hidrovia do

Paraíba do Sul à ligação de sua bacia com a do Tietê,

antes de significar acrescentar-lhe uma dificuldade, é

aumentar a grandeza do seu significado e garantir-

lhe plenas condições de sucesso. Nos diversos

trabalhos realizados para o Alto Tietê pelo DAEE

e outros órgãos do governo paulista, esse fato foi

sempre salientado, tendo sido, inclusive, elaborados

estudos e projetos para levar

sua navegação, de Santana

do Parnaíba (reservatório do

Pirapora) a Mogi das Cruzes,

ponto inicial da interligação

com o Paraíba do Sul, que seria

feita até Guararema ou Santa

Branca. Não é sem razão,

pois, que esse empreendimento

consta no Plano Nacional de

Viação. Em exaustivo trabalho realizado em 1984

para o DAEE, a Internave – Engenharia demonstrou

a viabilidade de canalização para a navegação do

Alto Tietê (trecho antes citado), baseando-se apenas

nos benefícios oriundos da racionalização do sistema

de dragagem de manutenção dos canais do Tietê e

Pinheiros (sem afluente), necessária para assegurar

as condições de vazão local, impedindo seu

assoreamento e diminuindo os riscos de inundação,

além de assegurar condições para a reversão dos

excessos de vazão para a represa Billings. Assim

sendo, e tendo em vista que as obras de canalização

para a navegação do Tietê já foram definidas em

quase toda sua extensão, parece válido estudar para

34 | MEMO online • Maio 2011 Maio 2011• MEMO online | 35

“A hidrovia

do Paraíba do Sul será a

última oportunidade que o

estado do Rio de Janeiro

terá para a interligação

hidroviária interior

com o Mercosul”

Page 19: Revista MeMo edição Nº7

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Maio 2011• MEMO online | 37

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

o rio Paraíba do Sul um Comboio – Tipo igual ao

que foi estudado para o rio Tietê, comparando-o

com outras alternativas, visando obter melhores

resultados na relação benefício/custo. Nesse caso, os

estudos dos Comboios – Tipo para o rio Paraíba do

Sul leva à escolha do Comboio – Tipo “Duplo Tietê:

empurrados em conjunto de quatro barcaças.

5- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Considerando o que foi descrito neste trabalho,

modesto no seu conteúdo face às inúmeras

interferências que o projeto da canalização do rio

Paraíba do Sul acarreta, podemos aduzir algumas

hipóteses que nos permitem afirmar que a hidrovia

do Paraíba do Sul tem condições de implantação

gradual, a médio e longo prazos, desde que os

diversos organismos governamentais, quer no nível

nacional, quer no nível regional, além das entidades

da iniciativa privada se conscientizem dessa

necessidade, dadas às inúmeras vantagens sociais e

econômicas que representa esta hidrovia, em termos

de aproveitamento múltiplo e do controle da poluição

ambiental. Assim, uma análise preliminar entre os

investimentos envolvidos e o tráfego provável, nos

leva aos seguintes resultados:

5.1 – Investimentos Unitários

Considerando a movimentação máxima provável, a

distância em quilômetros e um período de retorno de

100 anos, teremos: Para a rota São Paulo – Barra

do Piraí.

5.2 – Comboio – Tipo

Verifica-se que para a implantação da hidrovia do rio

Paraíba do Sul, a decisão quanto ao Comboio – Tipo a

ser adotado tem influência fundamental, pois os custos

unitários podem variar de US$ 0,0014/t.km a US$

0,0024/t.km. Cabe destacar que o comboio “Duplo

Tietê” tem menores custos unitários, por possibilitar

maior movimentação de cargas. Considerando-se a

possibilidade da futura duplicação da hidrovia do rio

Tietê, parece recomendável a adoção do comboio –

tipo “Duplo – Tietê” para a hidrovia do rio Paraíba

do Sul.

O estado do Rio de Janeiro não pode deixar escapar

a possibilidade de integração de sua economia com

a do Sudeste e Centro-Oeste através dessa nova via

de transporte hidroviária que permite a navegação

interior entre os estados de São Paulo, Minas

Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná, atingindo

hoje a República do Paraguai, com reais reflexos no

desenvolvimento do Mercosul.

IL 23 = 2.410 = US$ 0,00137/t.km

35 x 501 x 100

36 | MEMO online • Maio 2011

(*) O DNPVN e posteriormente a Petrobras fixaram em

10,00m a Altura Livre de Navegação no rio Paraíba do

Sul para todas as obras de travessia nele realizadas, de

modo a que o topo do mastro dos empurradores fique

no máximo, a 9,70m do nível d’água.

Page 20: Revista MeMo edição Nº7

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

• Permeabilidade do solo;

• Acessibilidade;

• Integração dos transportes de massa e ou

alternativos ao contexto do projeto;

• etc.

Os conceitos que integram e definem construção

sustentável ainda são controversos. Primeiramente,

ainda não é certo afirmar simplesmente que

uma obra é ou não sustentável. A caracterização

da sustentabilidade de uma construção vem de

diversos processos, os quais são inerentes ao seu

projeto, sua execução e também do somatório das

técnicas empregadas para integrá-lo ao entorno e

do contexto cultural. Na realidade, trata-se de um

processo comparativo onde o mais coerente é a

confrontação entre projetos visando determinar qual

das construções é mais ou menos sustentável.

Pensar em um edifício isolado não faz sentido

quando se trata as questões ambientais como a

sustentabilidade dos espaços construídos pelo

homem. Por ser sistêmica, a construção, para ser

sustentável, deve ser elaborada integrada ao seu

contexto. O ambiente externo é tão importante

quanto o que ocorre nas dependências internas. Por

isso, a comparação é a melhor forma de avaliar uma

construção sustentável, a obra nunca está sozinha.

Quando um edifício cumpre todos os pré-requisitos

técnicos, respeita todas as normas éticas ambientais,

apenas usa materiais adequados e mesmo assim

Os conceitos aplicados às construções sustentáveis

tomam forma em 1987, com o relatório coordenado

pela então primeira ministra da Noruega, Gros

Brundtland, intitulado: “Nosso futuro comum”. Este

texto apresentou o conceito de desenvolvimento

sustentável. O documento abriu, então, espaço para

uma nova área da Arquitetura, que discute uma

interação do homem com o entorno, utilizando os

elementos e recursos naturais disponíveis, preservando

o planeta para as gerações futuras, baseado nas

soluções socialmente justas, economicamente viáveis,

ecologicamente corretas e culturalmente aceitas. Em

síntese, o conceito descreve que todos devem “Utilizar

os recursos disponíveis no presente sem esgotá-los

e comprometer o meio ambiente para as gerações

futuras” (Relatório Bruntland – 1987).

Algumas diretrizes são essenciais para se considerar

uma construção sustentável:

• Eficiência energética;

• Uso adequado e reaproveitamento da água;

• Qualidade do ar;

• Uso de técnicas passivas para condicionamento

térmico dos ambientes;

• Utilização dos recursos naturais presentes no

entorno;

• Uso de materiais e técnicas ambientalmente

corretas;

• Gestão dos resíduos sólidos. Reciclar, reutilizar e

reduzir;

• Conforto e qualidade interna dos ambientes;

Certificado de SUSTENTABILIDADE para a Construção Civil

se fecha para dentro, não condizendo com as

necessidades do entorno, não se relacionando com

o lugar no qual está inserido, abstraindo as outras

construções e pessoas que convivem próximo, não

estará sendo plenamente sustentável.

O conceito de construção sustentável está em

elaboração e pode-se dizer que depende de

uma agenda de prioridades que é única para

cada localidade. Hoje existem somente algumas

diretrizes como forma de orientar aqueles que

pretendem construir de forma ambientalmente mais

responsável.

Uma obra sustentável leva em conta o processo

no qual o projeto é concebido, quem vai usar os

ambientes, quanto tempo terá de vida útil e se, depois

desse tempo todo, ela poderá servir para outros

propósitos. Tudo o que diz respeito aos materiais

empregados nela deve levar em conta a necessidade

de uso responsável, a energia consumida no processo

de elaboração de cada componente construtivo,

as necessidades de manutenção e, depois, se cada

elemento da construção pode ser reaproveitado.

Com relação ao consumo de insumos ambientais, a

autossuficiência da edificação deve ser prioridade.

Muitas vezes, alguma parcela da energia pode ser

gerada no próprio lugar e a água consumida pode

ser reaproveitada, fazendo com que em longo prazo

se obtenha uma redução nos impactos ambientais

gerados pela utilização dos mesmos. Uma arquitetura

sustentável deve, fundamentalmente, levar em conta

as características geográficas do espaço na qual está

inserida.

O Brasil com o tamanho continental engloba uma

série de panoramas climáticos diferentes. Uma

construção sustentável deve respeitar e aproveitar

o clima no qual ela está inserida. Os aspectos

morfológicos e o respeito ao ambiente natural são

de extrema importância para se projetar com estes

fins. Se respeitadas, as condições geográficas,

climáticas, topográficas, aliadas às questões sociais,

econômicas e culturais do lugar, a sustentabilidade

se materializa na edificação definindo seu padrão de

sustentabilidade. Assim, algumas soluções aplicadas

a uma construção local podem não se tornar

elementos de sua sustentabilidade quando aplicadas

em edificações de outra na cidade.

A forma, as técnicas construtivas e os materiais podem

e devem ser selecionados de maneira a atender aos

requisitos impostos pelas diretrizes de sustentabilidade

existentes. Embora seja importante enfatizar que não

existe uma receita pronta, apenas diretrizes a serem

levadas em consideração na hora de projetar. Cabe

destacar que a permeabilidade do solo deve ser um

aspecto relevante do projeto sustentável. Proporcionar

espaços livres, com vegetação natural e bastante

permeáveis, faz com que o entorno do edifício seja

mais fresco, o ar tenha mais qualidade, interfira

positivamente no microclima e viabilize a integração

da vida natural com o edifício. Complementando

podem dar vazão à percolação das chuvas, tornando

os espaços mais salubres.

Outro item essencial é o transporte de massas,

especialmente no quesito edificações públicas. O

modelo de transporte coletivo da maioria das cidades

configura-se insustentável. A opção de escolher o

38 | MEMO online • Maio 2011 Maio 2011• MEMO online | 39

Professora ANA L. T. SEROA DA MOTTA | UFF

Page 21: Revista MeMo edição Nº7

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

automóvel como forma prioritária desse sistema

pode ter sido uma solução no passado, porém, hoje,

esta alternativa precisa ser revista. As construções

sustentáveis devem proporcionar uma integração

com o sistema de transporte com foco na diversidade

de meios, criando novas formas de chegar e sair

dos edifícios. As construções sustentáveis são formas

de projetar que visam uma completa integração do

edifício com a cidade. Esta integração influencia

cada vez mais a sustentabilidade dessas cidades.

Em setembro de 2010, o Senado lançou uma

cartilha com diretrizes para a concepção de edifícios

públicos sustentáveis. Essa publicação aborda temas

como compras sustentáveis e a importância de o

gestor público conhecer o conceito das construções

verdes, sendo parte integrante do Programa Senado

Verde. Este programa objetiva introduzir a gestão

ambiental nas rotinas administrativas. Para isso, criou

esta cartilha sobre Edifícios Públicos Sustentáveis. A

publicação também mostra como os investimentos

em sustentabilidade podem se reverter em economia

para o órgão público, enfatizando que a preocupação

com a sustentabilidade deve estar presente em todas

as fases do projeto, começando pelo arquitetônico,

que deve coordenar uma perfeita integração com os

projetos de todos os sistemas do edifício. Aspectos

como a paisagem, a organização do canteiro de

obras, a utilização econômica da água, a possibilidade

da cobertura verde, o uso correto de energia, a

irrigação, o clima, uma gestão dos resíduos sólidos

responsável, materiais utilizados na obra e lixo estão

divididos e explicados na cartilha. Cada uma das

seções mostra como o prédio público deve trabalhar

com essas questões para se tornar sustentável. Nas

seções, aparecem também tecnologias que facilitam

o aproveitamento de energia, água e lixo. Um prédio

com estas características pode obter um certificado

de sustentabilidade.

No Brasil, o certificado de sustentabilidade que está

se configurando como o mais apropriado é o emitido

pelo Inmetro, conhecido como Selo Procel Edifica.

O processo de Certificação de Eficiência Energética

de Edifícios – Procel Edifica se encontra em vigor

desde 2007, em caráter voluntário, e passará a

ser obrigatório a partir de 2012, conforme a Lei de

Eficiência Energética nº 10.295/01.

Eficiência nas edificações residenciais, comerciais,

de serviços e públicas

Conforme o Inmetro, desde julho de 2009, quando

a certificação foi lançada, já foram emitidas 14

etiquetas de eficiência para edifícios comerciais, de

serviços e públicos.

“A etiquetagem está se tornando cada vez mais

conhecida na cadeia produtiva da construção civil,

ainda que em estágio voluntário”

Na ocasião, uma agência da Caixa Econômica

Federal, em Curitiba (PR), e mais quatro projetos

de prédios receberam a etiqueta com nível “A” de

economia de energia, depois de avaliados em três

níveis de eficiência: envoltória, sistema de iluminação

e sistema de condicionamento de ar. O evento,

voltado para construtores, incorporadores, projetistas,

pesquisadores, órgãos públicos e fabricantes, teve o

apoio do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon)

de São Paulo, da Câmara Brasileira da Indústria

da Construção (CBIC), do Conselho Brasileiro da

Construção Sustentável (CBCS) e do Sindicato da

Habitação (Secovi).

O Programa Nacional de Eficiência Energética em

Edificações – Procel Edifica foi instituído em 2003

pela Eletrobras/Procel e atua de forma conjunta

com o Ministério de Minas e Energia, o Ministério

das Cidades, universidades, centros de pesquisa e

entidades das áreas governamental, tecnológica,

econômica e de desenvolvimento, além do setor

da construção civil. O programa tem por objetivo

incentivar a conservação e o uso eficiente dos

recursos naturais (água, luz, ventilação etc.) nas

edificações, reduzindo os desperdícios e os impactos

sobre o meio ambiente.

O Selo Procel Edifica tem por meta certificar projetos que

preveem redução de consumo e uso de energias alternativas.

A etiquetagem das edificações comerciais, públicas e

residenciais opera desde 2007 em caráter provisório, e a

partir de 2012, passará a vigorar como lei. O objetivo do

selo é estimular os construtores e incorporadores a aderirem

aos conceitos de eficiência energética em edificações,

viabilizando a aplicação da Lei de Eficiência Energética

no.10.295/01.

40 | MEMO online • Maio 2011 Maio 2011• MEMO online | 41

O consumo de energia elétrica nas edificações corresponde a cerca de 45% do consumo faturado no país.

Estima-se um potencial de redução deste consumo em 50% para novas edificações e de 30% para aquelas

que promoverem reformas que contemplem os conceitos de eficiência energética em edificações.

As primeiras etiquetas de eficiência energética para

projetos de habitação brasileiros foram concedidas

em novembro de 2010, durante a cerimônia de

lançamento da Etiqueta Nacional de Conservação de

Energia para residências e edifícios multifamiliares,

promovida pela Eletrobras e pelo Inmetro, no Hotel

Transamérica, em São Paulo.

A exemplo da etiqueta para edifícios comerciais,

de serviços e públicos, e da etiqueta para os

eletrodomésticos, a etiqueta para habitações

também é concedida dentro do Programa Brasileiro

de Etiquetagem (PBE), coordenado pelas duas

instituições.

“A necessidade da redução do consumo de energia nas

edificações é um aspecto presente tanto nos projetos

de novos edifícios como também na discussão de

políticas públicas”, afirma Solange Nogueira, gerente

da Divisão de Eficiência Energética em Edificações da

Eletrobras/Procel Edifica.

Page 22: Revista MeMo edição Nº7

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Maio 2011• MEMO online | 43

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Referências

• http://www.studioe.co.uk/energy.html

• http://www.inmetro.gov.br/noticias/verNoticia.asp?seq_

noticia=3138

• http://www.eletrobras.com/pci/

mainasp?View=%7B623FE2A5-B1B9-4017-918D-B1611B04FA

2B%7D&Team=&params=itemID=%7BC46E0FFD-BD12-4A01-

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• http://www.labeee.ufsc.br/

42 | MEMO online • Maio 2011

No Brasil, a energia elétrica dos edifícios corresponde

a cerca de 45% do consumo, sendo que as residências

são responsáveis por mais de 22% desse total.

O PBE trata de um assunto estratégico para o país

ao mesmo tempo em que propõe uma mudança de

cultura para o mercado imobiliário. Os brasileiros

consideram diversos aspectos no momento de decidir

pela compra de um imóvel, como localização, espaço,

estética, infraestrutura etc. E, a partir de agora, terão

a informação sobre desempenho da edificação

quanto à eficiência energética influenciando também

na sua decisão de compra. Justamente porque, ao

contabilizar o investimento necessário, pesará o fato

de as edificações eficientes gastarem menos energia

e, em última análise, energia custa dinheiro”, analisa

Marcos Borges, coordenador do PBE no Inmetro.

O principal documento que norteia a etiquetagem

tem o título de Requisitos Técnicos da Qualidade

para o Nível de Eficiência Energética de Edificações

Residenciais (RTQ-R). Ele foi desenvolvido pela

Secretaria Técnica de Edificações, coordenada

pelo Procel Edifica, programa da Eletrobras, e pelo

Laboratório de Eficiência Energética em Edificações

da Universidade Federal de Santa Catarina (LABEEE/

UFSC)), que conta ainda com a participação de

especialistas de diversas universidades brasileiras e

representantes de instituições do setor da construção

civil.

“A iniciativa de criar soluções sustentáveis para as

construções é mundial e gradualmente o Inmetro está

adotando ações nesse sentido. O grande desafio da

eficiência energética nas edificações é garantir um

clima interno que não prejudique o dia a dia dos

frequentadores, privilegiando a economia de energia.

As construtoras que aderirem ao Programa terão a

certificação como diferencial competitivo”, disse o

presidente do Inmetro, João Jornada.

“A adesão é voluntária e abrangia no inicio apenas as

construções públicas e de serviços. Mas, a partir de

2010, os prédios residenciais também passaram a ter

seus projetos avaliados e classificados”, completou

Alfredo Lobo, diretor da Qualidade do Inmetro.

A Etiqueta de Eficiência Energética em edificações faz

parte do PBE e foi desenvolvida em parceria entre

a Eletrobras e o Inmetro. O objetivo é incentivar a

elaboração de projetos que aproveitem ao máximo

a capacidade de iluminação e ventilação natural

das construções, levando a um consumo menor de

energia elétrica. Assim como os eletrodomésticos que

fazem parte do PBE, os projetos de arquitetura serão

analisados e receberão etiquetas com graduações de

acordo com o consumo de energia.

Page 23: Revista MeMo edição Nº7

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

ESCOLA NACIONAL DE CIRCO de NiteróiTrabalho Final de Graduação | Escola de Arquitetura

e Urbanismo - UFF | Aluna LIS COELHO VALLADARES

O encanto e a magia do circo diante dos nossos olhos. A aluna Lis Coelho Valladares

viajou no universo circense para fazer um projeto que resgata a alma de um espaço

tradicional que, por muitos anos, coloriu a paisagem da Praça da Bandeira, um dos

bairros mais tradicionais do Rio de Janeiro: A Escola Nacional de Circo do Rio de

Janeiro.

Suas tradicionais lonas, sob as quais várias gerações de artistas foram formadas para levar alegria ao

povo, não mais enfeitam a cena local. E, como cigano na trilha do chão, percorreu terrenos improvisados,

perdendo todo o seu brilho, colorido e alegria, num espaço acanhado na Zona da Leopoldina carioca.

Com amor, paixão e um toque no sonho de qualquer um que sorriu com as trombadas dos palhaços,

prendeu a respiração com os voos dos trapezistas ou ficou inerte com a destreza dos malabaristas, Lis traz

a proposta para a nova localização deste mundo mítico do circo, cuja história passa por civilizações como

a da China, da Grécia, do Egito e da Índia. E, no Brasil, levanta a lona no final do século XIX, com os

ciganos fugidos da Europa, imortalizando personagens marcantes como o palhaço Carequinha.

Seja de lona ou de rua, o circo precisa de seu espaço próprio, de seu cantinho mágico para fazer a

alegria de todos - crianças e adultos de todas as idades. E para formar leva e mais leva de artistas para se

perpetuar diante de um mundo dominado por tantas atrações - reais ou virtuais.

A Lis propõe exatamente isso com seu projeto. E o lugar escolhido, certamente, faz um perfeito encontro

entre o sonho e a natureza: bem numa área central de Niterói, próximo ao Caminho Niemeyer, e ao lado

do terminal rodoviário, seguido da estação das barcas.

Sem marmelada, mas com muita alegria, mergulhe neste encantador projeto. Lis Valladares tem o prazer

de apresentar: A Escola de Circo de Niterói!

O circo é o último vestígio

de um saber antigo, existencial e

iniciático. Esse saber, essa arte

ancestral e única que é o circo, só se

perpetua graças a dois mecanismos:

transmissão do saber de pai para

filho, e o ensino proporcionado 

por uma escola

“Ziegler, J.”

No caminho havia um Circo...“O projeto de Lis Valladares é um bom exemplo de como um exercício acadêmico pode

representar uma contribuição para a reflexão sobre o bom uso dos espaços urbanos

centrais. Ao propor que uma quadra em área nobre seja destinada a uso que alia impacto

sócio-educacional a uso público com forte atração popular, o projeto leva a considerações

sobre o papel do município como incentivador de práticas culturais com resultados efetivos

quanto a criação de novas oportunidades de trabalho e de lazer. Esta proposta reflete-se

em uma feliz solução arquitetônica que alia uma forma expressiva à excelente integração

com o entorno, dialogando com a forte vizinhança do Caminho Niemeyer.”

Orientador Professor Sergio R. Leusin de Amorim | Arquiteto

Referências: Escolas em outros países foram primordiais para visualizar o potencial desse ramo e

também como incentivo para aplicarmos a ideia no Brasil, que está em grande ascensão mundial, no que

concerne à atividade arquitetônica, e pode se prevalecer de bons projetos na área de educação e cultura,

investimento que garante o crescimento do País.

O novo circo é um movimento recente que adiciona às técnicas de circo tradicionais a influência de outras

linguagens artísticas como a dança e o teatro, levando em conta que a música sempre fez parte da tradição

circense. No Brasil existem atualmente vários grupos pesquisando e utilizando esta nova linguagem.

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

OBJETIVOFormar o artista circense através do domínio de habilidades e técnicas, capacitando-o para: elaboração e

execução de números com excelência; montagem de equipamentos com segurança; organização do espaço

cênico circense; domínio dos fatores técnicos que interferem na realização dos espetáculos; e reciclar e

especializar profissionais circenses do Brasil e exterior.

ESCOLHA DO TEMA

Questão Social- Educação

- Integração social

- Disseminação das artes

- Valorização do Circo

Questão Econômica- Atender uma demanda ainda carente no Brasil

- Geração de emprego

- Quantificação e especialização da mão de obra

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

O PROJETO - IMPLANTAÇÃO

A implantação sugere uma combinação da forma do prédio da Escola com o espaço para apresentação, a

Arena Múltipla; reservando ainda lugar para uma Praça de Conveniência e uma Lanchonete. O estacionamento

será subterrâneo.

Ocupando apenas parte do terreno escolhido, foi criada uma rua, para melhorar a circulação no entorno da

Escola de Circo. Será proposta a implantação de uma praça pública no terreno à frente, a fim de preservar a

volumetria e a tipologia arquitetônica.

NOVA PROPOSTA DE LOCALIZAÇÃO - JUSTIFICATIVA- A área em questão já tem a tradição de abrigar circos temporários

- A Escola de Circo traria mais movimento ao local não só durante a semana pelos alunos, mas

principalmente, nos finais de semana com os espetáculos

- O território está vinculado ao Caminho Niemeyer

- O projeto cultural irá beneficiar a área que é qualificada como de Especial Interesse Turístico e

Urbanístico de Niterói

- A população de Niterói carece de projetos sociais e culturais desse porte

- A Escola atrairá não só artistas circenses, como também crianças, jovens e adultos interessados

em aprender uma nova atividade física e artística

- O projeto atrai crianças, ocupando seu tempo ocioso e ensinando conceitos de disciplina,

responsabilidade e persistência

- A área escolhida fica na região onde aconteceu a tragédia do Gran Circus norte-americano,

em 1961. Uma escola de circo poderia ajudar a população a transformar a recordação amarga

em esperança e alegria

SITUAÇÃO - PROPOSTA

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

“Os princípios fundamentais

de revitalização do próprio terreno do conjunto

e de suas fronteiras que precisam ser reintegradas

ao distrito são os mesmos que os

princípios do auxílio a qualquer área urbana

de baixa vitalidade.

Os planejadores urbanos precisam diagnosticar

que condições capazes de gerar

diversidade estão faltando...”

JACOBS, 437

O conhecimento cultural consolida sua importância na vida dos seres humanos a cada vez que é

mencionado, seja numa conversa entre amigos ou na elaboração de um projeto para o enriquecimento

e ampliação social.

A escolha do tema já se deu pelo intenso envolvimento que tive com as vertentes de criação artística,

buscando nesta uma maneira de potencializar sua produção, com base no aprendizado técnico-

arquitetônico, para conferir aos espaços usos conscientes e qualitativos.

A arquitetura e o desenho urbano são indiscutivelmente a mais pública de todas as artes, podendo ser

considerada como a forma não verbal, a mais forte das formas de expressão coletivas.

Acredito que, na nossa era de crescente e liberalizada prática profissional, estamos todos conscientes da

importância do pluralismo cultural na Arquitetura e Urbanismo no País.

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio AmbienteMEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

PLANTAS BAIXAS E CORTES

PLANTA BAIXA DA ARENA

ARENA DE APRESENTAÇÃOTransformando a imagem do circo em um cenário contemporâneo, partiu-se da tradicional lona americana

para um sistema de tenso-estrutura, que adere bem à linguagem do espaço a que se destina. Para elaboração

do projeto, a autora contou com o apoio da empresa Tensitex, que a auxiliou para concretizar sua ideia de

forma, respeitando os vãos e aberturas necessários para acessibilidade, altura exigida sobre o palco e, claro,

a beleza da estrutura.

Nas estruturas tensionadas, gravidade e rigidez não são propriedades estruturais essenciais. Lonas tensionadas,

em particular, são tão leves que seu peso é quase desprezível; e os materiais de que são feitas, como cabos e

tecido, são altamente flexíveis.

Outros meios têm que ser explorados para fornecer a estabilidade e a força necessárias. Seus componentes

têm que estar dispostos em um arranjo geométrico específico (forma da superfície) e devem estar submetidos

a um padrão específico de tensão interna (padrão pré-tensionado).

A geometria das estruturas tensionadas não é, portanto, arbitrária e segue rígidas regras de Engenharia. Uma

vez que os limites são os pontos.

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Plantas na RECUPERAÇÃO DE MANGUES

Os manguezais são ecossistemas costeiros localizados na zona entremarés de regiões tropicais e subtropicais.

São ambientes abertos recebendo, em geral, um importante fluxo de água doce, sedimentos e nutrientes

do ambiente terrestre e exportando água e matéria orgânica para o mar ou águas estuarinas. (Cintrón &

Schaeffer-Novelli, 1992). Este ecossistema engloba uma variedade de comunidades, dominada por espécies

de árvores halófitas com grande riqueza de fauna e flora associadas (Nybakken, 2001).

Assim, a importância dos manguezais está associada à proteção de regiões litorâneas, abrigo da fauna

e contribuição de matéria orgânica aos ambientes marinhos litorâneos, e também por sua importância

econômica para o extrativismo, agricultura e a silvicultura. O impacto antropogênico nesses ambientes justifica

a preocupação em desenvolver alternativas para recuperá-lo.

A recuperação dessas áreas contaminadas pelas atividades humanas pode ser feita através de vários métodos.

Alguns desses métodos deslocam a matéria contaminada para local distante, causando riscos de contaminação

secundária e aumentando ainda mais os custos com tratamento. Por isso, nos últimos anos passou-se a dar

preferência por métodos in situ (no ambiente) que perturbem menos o ambiente e sejam mais econômicos.

Uma técnica que vem sendo estudada é a “fitorremediação”, que envolve o emprego de plantas, sua microbiota

associada (bactérias), que, aplicadas em conjunto, removem, imobilizam ou tornam os contaminantes

inofensivos ao ecossistema, sem alterar o ambiente já impactado. Esta técnica emprega diferentes mecanismos

nos processos de remediação de solos, sedimentos e sistemas aquíferos por meio de sistemas vegetais

fotossintetizantes e sua microbiota com o fim de desintoxicar ambientes degradados ou poluídos (tabela 1).

Os contaminantes que permanecem no sedimento podem ser transformados por ação de enzimas ou por

microorganismos associados simbioticamente com a raiz. Assim, os exudatos liberados pelas raízes podem

imobilizar contaminantes, retendo-os no sedimento ou estimulando o crescimento e a atividade bacteriana.

Após extrair o contaminante do solo, a planta armazena-o para tratamento subsequente, quando necessário,

ou mesmo metaboliza-o, podendo, em alguns casos, transformá-lo em produtos menos tóxicos ou mesmo

inofensivos. A fitorremediação pode ser empregada em sedimentos contaminados por substâncias inorgânicas

(exemplo metais) e/ou orgânicas (pesticidas e petróleo).

A impulsão dessa biotecnologia ocorreu quando se verificou que a zona das raízes das plantas apresentou a

capacidade de biotransformar moléculas orgânicas. Desta forma, a “rizosfera”, como é conhecida esta zona,

tem sido estudada por sua importante função de utilizar moléculas de poluentes como fonte de nutrientes para

diversos microorganismos que habitam nesta região.

FIGURA 1 – MECANISMOS/ESTRATÉGIAS DA FITORREMEDIAÇÃO

O “efeito rizosfera” não é um aumento da biomassa ou atividade bacteriana natural do sedimento, mas sim a

ação seletiva sobre o crescimento bacteriano, e consequentemente ocasiona mudanças na abundância relativa

de diferentes grupos bacterianos do sedimento. Os três aspectos das características do sedimento modificado

pela “rizosfera” (atividade microbiana, potencial de oxidação e comunidades microbianas modificadas) podem

todos contribuir para o “efeito rizosfera”, positivo que é a base para fitorremediação de poluentes.

Essa tecnologia combina baixos custos com maior eficiência, além do controle de erosão pelas raízes das

plantas e a biodegradação, abrangendo vários poluentes orgânicos e inorgânicos pelo aumento da biomassa

bacteriana. Reduzindo assim o risco que estas substâncias representam à saúde humana.

MECANISMOS/ESTRATÉGIAS DA FITORREMEDIAÇÃO

absorção dos contaminantes pelas raízes, os quais são armazenados ou transportados e acumulados nas partes aéreas

os contaminantes são incorporados à lignina da parede vegetal ou ao húmus do sedimento precipitando os metais. Evita a mobilização do contaminante e limita sua difusão no sedimento através de uma cobertura vegetal

as raízes em crescimento promovem a proliferação de microorganismos degradativos na “rizosfera”, que usam os metabólitos da planta como fonte de carbono e energia

o poluente é absorvido pelas raízes, convertido em forma não tóxica e depois liberado na atmosfera

contaminantes orgânicos são degradados ou mineralizados dentro das células vegetais por enzimas específicas, como: nitrogenases (degradação de nitroaromáticos), desalogenases (degradação de solventes clorados e pesticidas) e lacases (degradação de anilinas)

emprega plantas terrestres para absorver, concentrar e/ou precipitar os contaminantes de um meio aquoso através do seu sistema radicular

Fitoextração

Fitoestabilização

Fitoestimulação

Fitovolatilização

Fitodegradação

Rizofiltração

Obs.: Essas são tecnologias baratas, com capacidade de atender uma maior demanda e que apresentam mais capacidade de desenvolvimento que tendem a obter maior sucesso no futuro

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LUIZ FRANCISCO FONTANA e MIRIAN A. C. CRAPER | Professores de Pós-Graduação

em Biologia Marinha | UFF

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FITORREMEDIAÇÃO NO BRASILA fitorremediação no Brasil ainda é muito pouco explorada e as pesquisas existentes descrevem apenas experiências realizadas em laboratório

No ano de 2000, foi alcançado um feito inédito na América Latina, o isolamento de consórcios bacterianos com

capacidade para degradar componentes do petróleo e sua aplicação in situ. O objetivo de se isolar consórcios

bacterianos degradadores de petróleo teve a tecnologia desenvolvida pelo Laboratório de Microbiologia

Marinha, da Universidade Federal Fluminense (UFF), sob responsabilidade da Dra. Mirian Araújo Carlos

Crapez, com apoio da Petrobras/DTSE e financiamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo,Gás Natural

e Biocombustíveis).

A metodologia empregada pelo Laboratório de Microbiologia Marinha é ecologicamente correta, pois se

utiliza matrizes bacterianas do ambiente impactado, não colocando no mesmo organismos estranhos.

O objetivo deste estudo foi a utilização da tecnologia de biorremediação em espécies vegetais de mangue,

preparando-as para o plantio definitivo em área impactada por petróleo. Os experimentos foram conduzidos

no viveiro da Petrobras/DTSE, com adição de consórcios bacterianos hidrocarbonoclásticos (bactérias que

utilizam hidrocarbonetos de petróleo como fonte de carbono e energia) na “rizosfera” desses vegetais. Após a

adaptação destas plantas ao viveiro, iniciou-se o teste de biorremediação in situ. As plantas foram transferidas

para o manguezal próximo à REDUC (Refinaria Duque de Caxias), onde foram medidas mensalmente e

a característica biométrica que apresentou maiores valores foi a altura. Ficou constatado que as bactérias

hidrocarbonoclásticas nativas, além de minimizarem o impacto por óleo, auxiliam o crescimento vegetal.

Rizophora mangle apresentou um

crescimento em altura de 85%,

em relação ao controle, seguida

pela Avicennia schaueriana (70%)

e Laguncularia racemosa (8,3%).

O investimento no crescimento do

diâmetro do caule foi menos expressivo:

Avicennia schaueriana (42%), Rizophora

mangle (19%) e Laguncularia racemosa

(0,4%) (figuras A, B e C)

O uso da fitorremediação na recuperação de desastres ambientais ainda não é adotado no Brasil. É uma

tendência mundial, sendo amplamente aplicada nos EUA, Europa e Ásia. No Brasil, esta biotecnologia será

uma solução essencial para a limpeza de ambientes sensíveis como a Baía de Guanabara, pois a maior parte

das refinarias está localizada em manguezais (biodetergentes para limpeza de petróleo, CH, nº 223). A maior

dificuldade para o aperfeiçoamento da técnica de fitorremediação é a despesa com a manutenção do viveiro

e as análises dos poluentes devido aos poucos recursos aplicados às pesquisas ambientais pelo governo e

empresas.

Tendo isso em mente, nosso grupo de pesquisa busca adaptar a metodologia de isolamento e seleção de

bactérias à realidade dos laboratórios brasileiros, usando recursos acessíveis (água do mar, carboidratos e

consórcios bacterianos isolados do ambiente contaminado), e para o emprego desta tecnologia de ponta,

com a qual já se sabe que há menos danos ao meio ambiente e maior eficiência de limpeza, é necessário

o constante investimento do governo e de empresas ligadas ao petróleo, e assim o Brasil poderá competir

internacionalmente na recuperação de ambientes impactados.

FIGURA 2 – ISOLAMENTO DO CONSÓRCIO BACTERIANO

FIGURA 3- FOTO VIVEIRO REDUC.

FIGURA A - Rizophora mangle FIGURA B - Lacungularia racemosa FIGURA C - Avicennia schauerianna

ISOLAMENTO E SELEÇÃO DE CONSÓRCIOS BACTERIANOSHIDROCARBONOCLÁSTICOS

COLETA DE SEDIMENTO SELEÇÃO E AMPLIFICAÇÃO DE BIOMASSA BACTERIANA HIDROCARBONOCLÁSTICA

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Radioatividade no mar três mil vezes superior ao normal,

contaminação de pessoas, de alimentos e pânico. Este é o

cenário de terror no Japão, país amigo do Brasil, que como

nós, optou por produzir energia nuclear. Os efeitos devastadores

dessa tragédia podem ser sentidos até em Nova Iorque, onde

foram detectadas, tanto no ar quanto na chuva, pequenas

quantidades de radiação. Esse estrago todo veio apenas de

Fukushima, cidade atingida por frequentes terremotos. Quatro

dos seis reatores localizados naquela região estão tirando o

sossego do mundo. Pouco se fala, no entanto, que aquele país

tem outras 49 “bombas relógios”, concentradas em 13 usinas

nucleares e que toda essa parafernália diabólica é responsável

pela produção de apenas 30% da energia do país.

Lições do JAPÃO e da ALEMANHA Não se sabe quantas gerações serão afetadas pela

radiação liberada em Fukushima e nem os prejuízos

ocasionados pela suspensão das exportações

japonesas. Entre 2009 e 2010, o Japão exportou

677 toneladas de carne bovina e 1.898 toneladas

de arroz principalmente para Hong Kong, Coreia

do Sul, Indonésia, Tailândia, Malásia, Cingapura e

Filipinas. Fazem parte da pauta de exportação outros

produtos como frutas, carne suína, frango e ovos. Até

mesmo a produção de carros está comprometida.

Ninguém quer tocar em produtos contaminados por

essa enganosa energia limpa.

O mundo registrou três grandes desastres nucleares:

o de Three Mile Island nos Estados Unidos, em 1979;

o de Chernobyl, na Rússia, em 1986; e agora o do

Japão. Todos foram minimizados inicialmente, mas

como não havia como esconder os resultados nefastos,

com o tempo passaram a receber a devida avaliação.

A questão que se coloca é como levantar os efeitos

dos inúmeros experimentos realizados em várias

partes do mundo por militares? O sigilo é também a

alma do negócio na corrida armamentista.

O acidente em Chernobyl, segundo um estudo

encomendado pelo Greenpeace, pode ter matado

mais de 200 mil pessoas. Se levarmos em conta que

os reatores de Fukushima têm cerca de 30 vezes mais

material radioativo, podemos esperar o pior. Agora,

depois do leite derramado, o Japão se diz inclinado

a mudar sua matriz energética.

Muitos chefes de Estado partiram em defesa da energia

nuclear, mas fica difícil aceitar a argumentação de

que se trata de uma energia gerada a baixos custos

e com risco reduzido. O primeiro argumento é

absolutamente irreal, porque é altamente subsidiada.

Ao contrário, a energia nuclear é cara, desnecessária

e perigosa. Como esperar que governos não se

posicionem favoravelmente a respeito de seus

próprios projetos? Os argumentos sobre segurança,

após o acidente no Japão, simplesmente foram por

água abaixo. Afinal, o perigo veio de fora. Foi o

corte de energia que parou de alimentar o sistema de

refrigeração. Pura externalidade?

Com a discussão colocada, é preciso saber qual a

argumentação do Brasil para continuar apostando

em energia nuclear. O nosso país conta com duas

usinas em operação: Angra 1 e Angra 2, em Angra

dos Reis (RJ). Juntas, produzem 2 mil megawatts. A

partir de 2015, a conclusão da usina nuclear Angra

3 colocará no sistema mais 1.080 megawatts.

O próprio diretor da Eletronuclear, Pedro Figueiredo,

em uma audiência na Assembleia Legislativa do Estado

do Rio de Janeiro (Alerj), alertou para a necessidade de

se rever os protocolos de segurança de todas as usinas

nucleares do mundo. Tal preocupação é pertinente e

deve estar na agenda do governo brasileiro. As usinas

estão localizadas numa área vulnerável à queda

de barreiras. Em 1985, uma enxurrada em Angra

provocou um gigantesco deslizamento, exatamente

na face oposta da montanha do local onde está

Angra 1, abrindo uma cratera na rodovia Rio-Santos,

soterrando laboratórios e quase fechando a saída de

água da refrigeração da usina. A avalanche destruiu

ainda a marina.

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ASPÁSIA CAMARGO | Deputada Estadual do Partido Verde – RJ

Page 33: Revista MeMo edição Nº7

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Mesmo que o Brasil suspenda o seu programa

nuclear, a herança ficará para inúmeras gerações

futuras. Teremos que ser guardiões eternos dessa

maldição.

Alguns especialistas garantem que um dos

componentes nucleares, o Plutônio 239, tem vida

média de 24.100 anos. Como planejar a segurança

para um futuro tão distante, onde talvez nem mais

estaremos vivos como espécie?

Existem outras alternativas? Naturalmente que sim. A

solar e a eólica vão de vento em popa! Temos que

investir em energia renovável e em biomassa.

O Brasil absolutamente não precisa de outras fontes

geradoras. É sempre bom lembrar que energia limpa

é aquela que não deixa rastros de destruição e é

sustentável. A própria Alemanha, país parceiro do

Brasil na construção de Angra 1, 2 e 3, anunciou

recententemente a desativação de suas usinas

nucleares, decisão ligada diretamente à vitória do

Partido Verde em Baden-Württenber. Algumas usinas

já serão fechadas nos próximos meses. Isso é bom

senso. Se a Alemanha, que nos orientou, recuou, o

Brasil podia seguir o exemplo. A academia precisa

colocar este importante tema em discussão.

O plano de evacuação do complexo nuclear é

péssimo e sempre sofreu questionamentos, pois

apresenta muitas falhas. A Rio-Santos é precária. É

absolutamente necessária a recuperação da estrada

Paraty-Cunha, mas a abertura de mais essa opção

ainda não está liberada pelo Ibama. E Angra 3 vem aí,

com este cenário precário de rotas de fuga, a situação

torna-se ainda mais preocupante. A Eletronuclear já

pensa em construir mais dois píeres para facilitar a

evacuação dos moradores em caso de acidentes já

levando em conta os frequentes deslizamentos na

BR 101. A obra facilitaria a atracação de navios

maiores. É a saída pelo mar, já que por terra a

situação é desfavorável.

Como se não bastassem os riscos inerentes à própria

atividade, o Brasil e o mundo precisam urgentemente

dar destino ao lixo nuclear. A Comissão Nacional

de Energia Nucelar (CNEN) ainda não definiu onde

será construído o repositório, destino final dos rejeitos

radioativos. Os resíduos com baixo e médio teor de

radioatividade são estocados em depósitos no terreno

da própria usina. Lá, já estão guardados 6.650

tonéis e caixas, abrigados em três prédios. Com a

construção de Angra 3, o reservatório tem que ser

ampliado. Existe uma previsão para a construção de

um super repositório até 2020. Falta muito tempo.

64 | MEMO online • Maio 2011

Page 34: Revista MeMo edição Nº7

Ao se mencionar os títulos, atualmente objetos de preocupação mundial, “DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL”, “AMBIENTALMENTE CORRETO”, “SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL” e outros

correlatos, a indústria da construção civil sempre aparece como uma das grandes vilãs, face a

quantidade e diversidade das matérias primas e produtos empregados, alguns de extrema importância

neste contexto.

Ainda na 1º fase de produção de uma edificação, a sua estrutura, normalmente em concreto armado,

já requer grande consumo de madeira, certamente um dos insumos mais citados em qualquer

discussão ambiental.

Apesar dos incansáveis esforços de conscientização, dos investimentos bilionários de setores públicos

e privados, ainda permanece a sensação de que pouco foi feito.

Controle de desmatamento e replantio são necessários mas não suficientes. A decisão pelo

desmatamento zero, única plausível, jamais seria cumprida. O replantio de cada qualidade de árvore,

que se compatibilize com as várias necessidades de uma construção habitacional ou não, leva décadas,

e a futura utilização destas espécies certamente encontrará a humanidade com problemas de outra

ordem. Entretanto, mesmo se todas estas equações pudessem ser montadas, ainda permaneceria a

questão do seu destino final, pois tão grave quanto à extração desmedida é a queima do seu resíduo,

também demandada por vários outros setores produtivos, e altamente poluidora da atmosfera.

Assim sendo, nos parece que a busca de solução definitiva exige pesquisas técnico – cientificas, que

aliadas à mudança de hábitos e tradições, minoraria sensivelmente esta questão. A substituição,

embora ainda paulatinamente, de matérias primas não renováveis, ou renováveis a médio e longo

prazo, achamos que deva ser a principal linha de ação de todos os envolvidos nas cadeias produtivas

de qualquer atividade. Hoje, com todas as informações disponíveis e comprovadas acerca dos graus

de nocividade das diversas atividades humanas, não podemos mais agir como autopredadores, pois

o atraso já é imenso.

CONTRIBUIÇÕES PROPOSTAS

Neste escopo, foi apresentado à comunidade da construção do MUNICÍPIO DE NITERÓI, através

de palestras inicialmente ilustrativas, no CLUBE DE ENGENHARIA e na ADEMI, um novo processo

construtivo para a execução das estruturas de edificações de múltiplos pavimentos. Anteriormente,

propunha-se a redução maior possível da utilização de madeira, substituindo-a por FORMAS PLÁSTICAS

ELABORADAS COM ATÉ 50% DE MATERIAL RECICLADO, que suportadas por CIMBRAMENTO

METÁLICO RACIONAL já propiciava grandes vantagens. Mas, restava ainda, buscando alcançar

outros benefícios, abordar o assunto do vigamento, imprescindível nos processos tradicionais de

cálculo estrutural.

Deste modo, promovemos outras palestras, com enfoque essencialmente técnico, dirigidas aos

engenheiros estruturais, arquitetos e construtores, sobre o tema: LAJES “TIPO COGUMELO”,

PROTENDIDAS COM CORDOALHAS NÃO ADERENTES (ENGRAXADAS), MACIÇAS OU NERVURADAS,

COM OU SEM CAPITÉIS NOS TOPOS DOS PILARES.

PREMAG – Sistema de Construções Ltda.

A motivação inicial se baseou nas seguintes perguntas, direcionadas aos fabricantes de edificações.

É de seu interesse estudar a possibilidade de na sua obra:

a) Eliminar o vigamento podendo levar a zero o consumo de madeira?

b) Reduzir a quantidade de pilares, com possibilidade de vãos de até 12 metros entre eles, viabilizando

principalmente garagens mais confortáveis?

c) Utilizar cimbramento metálico racional que, escorando formas plásticas, permita a desforma das

lajes após a protensão, feita mais ou menos quatro dias após a concretagem?

d) Eliminar a necessidade de junta de dilatação em pavimentos de grande área?

e) Executar varandas com balanços generosos?

f) Permitir variações nas plantas das unidades?

Sem resposta negativa a nenhuma destas questões, foi proposto esse sistema construtivo, com ótima

aceitação. Na realidade nada de novo foi criado, vez que a utilização de concreto protendido

(comprimido), aproveitando sua melhor característica física, data do início do século passado e que

para a sua utilização no presente bastava apenas ocorrer a banalização do processo, que se fez

através da evolução dos materiais, principalmente a partir da produção de cordoalhas engraxadas,

utilizadas nos Estados Unidos da América desde o início da década de 1960, tecnologia que no Brasil

chegaria vinte anos depois.

CONCLUSÃO

Atualmente, no Município de Niterói, com 110.993m2 de estruturas de edificações executadas com a

utilização deste processo, além de 17.220m2 em execução, orgulha-nos termos com esta ainda tão

parca participação, colaborado com o aumento da sobrevida do nosso planeta.

Utilizar FORMAS PLÁSTICAS COM ATÉ 50% DE MATERIAL RECICLADO na construção de edifícios

permite a prática de duas ações básicas e extremamente importantes para a proteção do meio

ambiente:

1 – Não consumir madeira, diminuindo o desmatamento e a posterior queima das sobras.

2 – Retirar e reciclar o resíduo plástico presente na natureza, degradável em séculos.

Muito ainda há por fazer, mas acreditamos que o caminho para o fechamento do ciclo de

sustentabilidade ambiental nas obras de construção civil está iniciado, cabe-nos continuar a trilhá-lo.

AGRADECIMENTOS

Nada teria sido feito até o presente sem o crédito dos nossos clientes, incorporadores e/ou construtores

militantes na nossa cidade.

Nossos agradecimentos aos diretores das empresas GACON PROJETOS E CONSTRUÇÕES LTDA,

S.D. TREIGER EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA, JPR PROJETOS E CONSTRUÇÕES LTDA,

ITAÚBA ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO LTDA, EQUIPE PROJETOS E CONSTRUÇÕES LTDA, PINTO

DE ALMEIDA ENGENHARIA S/A, LRM CONSTRUÇÕES LTDA e GIMENEZ ANDRADE ARQUITETOS

LTDA. Aos engenheiros de estruturas RUBEM BASTOS COELHO, CESAR PINTO, MARCELO SILVEIRA,

DENISE SILVEIRA, FLÁVIA MOLL JÚDICE e MAYRA SOARES PEREIRA LIMA PERLINGEIRO, grandes

incentivadores e colaboradores deste novo sistema estrutural.

PREMAG® - Sistema de Construções Ltda.

Luiz Edmundo Andrade Pereira - Diretor Engenheiro Civil

Stélio Cardoso de Souza - DiretorEngenheiro Civil

INFORME PREMAG

PREMAG – Sistema de Construções Ltda.

Page 35: Revista MeMo edição Nº7

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS: a galinha dos ovos de ouro ainda subestimada pela economia tradicional

Se me perguntassem qual a melhor

maneira de ganhar dinheiro, talvez

eu arriscasse investir em alguma

novidade mirabolante, mas quando

se trata da sociedade, o enfoque é

outro. Não deve existir apenas um

ganhador. Todos precisam levar

vantagem em todos os sentidos.

Parece difícil fazer com que toda

uma comunidade se enriqueça

ao mesmo tempo, apesar de suas

diferenças culturais, religiosas e

econômicas. No entanto, isso é

totalmente possível. A questão não

depende do depósito que cada um tenha num banco.

Os depósitos na verdade não podem estar acima de

sua capacidade de carga.

Não estamos falando das caixas dos bancos, mas dos

compartimentos da Terra, onde estão depositadas

as mais complexas fórmulas químicas sujeitas a

uma infinidade de leis, sem qualquer conotação

legal. Estamos nos referindo à atmosfera onde são

depositados os gases naturais do planeta e ainda

todos aqueles produzidos pelas atividades humanas.

Estamos falando dos rios, outro depósito de gases e

demais substâncias que nos oferecem de graça uma

infinidade de “favores” sem nos cobrar absolutamente

nada por isso.

Falamos do solo, um depósito de sedimentos, que

nos oferece espaço para nossas moradias, estradas,

e permite que a vida floresça - verdemente - e ofereça

a chance de sobrevivência para tantas outras criaturas

não-humanas.

E o que estamos fazendo com esses abençoados

depósitos? Estarão eles sendo preservados para que

continuem a nos oferecer uma temperatura amena?

Frutas em abundância que são polinizadas por

insignificantes insetos, que ninguém nem sabe que

existe. Eles mobilizam milhões e milhões de dólares

dia e noite. Ninguém vive sem comer. Uma boa parte

do que comemos depende da polinização oferecida

por animais, em especial os insetos.

Você já agradeceu a algum inseto por garantir o

alimento que você come? Eles trabalham sem parar e

não nos cobram nada por isso. É um serviço prestado

pela natureza gratuitamente.

Para nós, acostumados a botar preço em tudo,

pode parecer muito estranho receber algo sem

pagar nada. Mas é exatamente o que ocorre. Somos

ingratos. Não agradecemos aos rios por transportar

toneladas e toneladas de grãos, nem aos mares.

Não agradecemos à atmosfera por permitir que

permaneçamos vivos a cada instante, ou que nos

sustente em aviões rápidos e nos leve a qualquer

parte do planeta. Não agradecemos ao solo, que

é o substrato onde plantamos nossas sementes.

Aprendemos apenas a explorar e a cobrar.

Devíamos aprender com a bondade da natureza.

Dividir mais; cooperar mais, no lugar de competir.

Professor ROBERTO DA ROCHA E SILVA | Estácio de Sá - Rio de Janeiro - RJ

Mesmo antes de Cristo, a Terra nos amava

intensamente e sempre nos ofereceu o que tinha de

melhor.

E nós, o que temos feito por ela? Com que bondade

temos retribuído tudo que ela nos oferece?

Despejamos toneladas de poluentes em nossos

rios e oceanos. Sobrecarregamos a atmosfera com

nossas partículas e emissões tóxicas. É verdade

que temos mostrado boa vontade em corrigir os

erros do passado. Mas como explicar que a lista de

espécies ameaçadas só aumenta a cada ano? Que

aumentamos as cifras de mortos pela fome e miséria

extrema no mundo?

Conferências, tratados e acordos se repetem e não

vemos grandes avanços de uma real qualidade de

vida para todos. Estocolmo, Rio-92, Johannesburgo,

Copenhague e tantas outras. Promessas e promessas.

Até quando?

O que vamos dizer para as gerações futuras quando

as condições climáticas se agravarem tanto a ponto

de comprometer a viabilidade econômica das

sociedades humanas? Não poderemos alegar que

não sabíamos! Descaso? Incompetência? O que

afinal?

Passamos o século XX apostando que seríamos

diferentes no futuro. Pois bem: o futuro já chegou!

Já queimamos um décimo dele. Não temos muito

tempo nem conhecimento tecnológico suficiente

para enfrentar as catástrofes climáticas que estão

previstas. Basta chover um pouco que se percebe

rapidamente a nossa fragilidade. E a verdade é que

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

realmente somos frágeis sim. Precisamos reconhecer

isso e sermos menos arrogantes em nossos

posicionamentos antropocêntricos. Melhor apostar

em Gaia, a nossa mãe Terra: mãe é mãe! Por que a

estamos negando?

Acredito que uma das soluções mais importantes

para enfrentamento de tantos desafios é educar os

jovens no sentido cooperativo e não exatamente

competitivo. É criar mais espaços verdes e tratá-

los com o devido respeito. É capacitar técnicos e

sensibilizar políticos sobre a necessária prioridade

em prestigiar a sustentabilidade ecológica como

base para a sustentabilidade econômica. É relacionar

o tratamento de esgotos e o reflorestamento como

urgências a serem resolvidas. É combater a poluição

marinha a partir das bacias hidrográficas municipais.

É acertar consórcios que reúnam diversas prefeituras

para o correto tratamento e aproveitamento dos

resíduos sólidos. É tratar as questões sanitárias de

modo mais amplo, conforme está preconizado no

Sistema Único de Saúde (SUS), e não somente para

atender “doentes”. É revitalizar e reorganizar os

espaços públicos, muitos deles abandonados: como

desejar a colaboração do cidadão, se não há o

exemplo de casa? Do próprio governo!

Não será uma tarefa fácil. Não faz tanto tempo assim,

fezes e urinas eram guardadas em tonéis para serem

jogadas nas praias e em diversas colações de água.

Falta sim uma educação mais esmerada. Que os

jovens saibam redigir um texto, e sejam estimulados

para a boa leitura. Que respeitem os idosos. Que

aprendam os nomes das plantas e dos animais de

sua região. Como preservar o que não conhecem?

Filmes e peças teatrais sobre meio ambiente podem

ajudar. Que se incentive a cultura ambiental. Que

sejam oferecidos cursos de capacitação para a

elaboração de projetos.

É preciso valorizar mais as práticas e os conhecimentos

que implementem a gestão ambiental a nível

dos municípios. A legislação ambiental devia ser

ensinada nas escolas. Enfim, fomos forjados a partir

de um modelo europeu que não se ajusta à realidade

neotropical. Precisamos corrigir esse equivocado

percurso de plantar e colher apressadamente, próprio

dos povos do gelo.

No entanto, mesmo sendo europeizados, não

vivemos hoje no Hemisfério Norte. Estamos na linha

do Equador, onde chove muito e a neve é escassa.

Destruímos as nossas florestas nativas para criar

espécies exóticas, tais como o boi, o cavalo, o porco,

a cabra, a ovelha, a galinha e tantas outras. A soja

de origem chinesa ocupa hoje boa parte do nosso

território, onde cresciam madeiras nobres, de óleos

raros, de princípios ativos desconhecidos.

Estamos perdendo tudo isso em nome de um lucro

rápido. As gerações futuras continuarão a comer

carne e soja, mas não terão mais o que descobrir

nem patentear, por insuficiência de matéria prima

para pesquisar e conhecer, eliminada pela ganância

de uns poucos em detrimento de muitos.

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

Há cerca de quatro décadas, ou pouco mais, mercê do proibitivo custo do metro quadrado do diminuto número

de terrenos situados em bairros nobres das cidades, últimos bastiões da resistência ao poder econômico da,

então, voraz indústria da construção civil, mentora do boom imobiliário que se estabeleceu, graças ao desvio de

finalidades dos inesgotáveis recursos do, recém criado BNH (Banco Nacional da Habitação), alguns empresários,

particularmente um que a todos liderou e serviu de espelho, de módicos recursos financeiros, propuseram-se a

promover a total, maior e mais profunda revolução do mercado imobiliário já experimentada até então.

Em Niterói, particularmente, tal corajosa missão, foi capitaneada por um homem de origem humilde, sem

medos, que, ao longo da vida, enfrentara árduas lutas na busca do pão de cada dia, dotado, todavia, de

raro feeling e visão empresarial que, após demorado acompanhamento dos rumos traçados pelo mercado

imobiliário, convenceu-se que a solução para trazer de volta aos consumidores em busca da casa própria,

aterrorizados com os preços dos imóveis, já escassos, e cuja aquisição pelo S.F. H (Sistema Financeiro da

Habitação) transformavam sonhos em pesadelos, impostos pela absurda inflação de uma economia à deriva,

levava a todos à irreversível inadimplência, decidiu abraçar o desafio, - que sabia Hercúleo -, de mudar os

arraigados conceitos de morar bem, com melhor qualidade de vida pela convivência diuturna com a natureza

e o meio ambiente, por preços e condições de pagamento, não só atraentes, mas,- o que era mais importante

-, sem o risco de quaisquer surpresas futuras no que concerne ao adimplemento das obrigações assumidas.

Tantas e tais vantagens mitigavam, obviamente, a distância maior, passageira, entre a casa e o trabalho, bem

como o acesso aos centros comerciais que, como fazia questão de alardear, logo viriam servir a região, em

decorrência da veloz expansão demográfica que a mesma experimentaria, em razão do lançamento, senão

simultâneo, a curtíssimo prazo, de inúmeros outros empreendimentos de iguais características, sendo certo,

ademais, que, em razão da conduta irrepreensível do vendedor, ao longo de toda a sua vida dedicada a

compra e venda de imóveis loteados, o mesmo já contava com uma carteira de clientes que garantiam a

venda de cerca de 30% a 40% das unidades, na fase de pré-lançamento, como investidores habituados ao

lucro obtido, invariavelmente, em todos os negócios, anteriormente com ele celebrados.

Com os recursos amealhados através do, sempre bem sucedido, pré-lançamento, dito empresário promovia

o início das obras de infraestrutura, tais como as de arruamento, implantação de rede de água e esgoto

etc., de molde a, quando do lançamento, munido do projeto de loteamento, devidamente aprovado pela

Municipalidade, ter algo visível, desde logo, para mostrar aos futuros compradores.

A “cereja” que coroava o bolo do engenhoso projeto de “marketing e merchandising”, todavia, era a novidade

de que as unidades (lotes) vendidos integravam um, até então desconhecido, “Condomínio Residencial

Fechado”, com todos os requintes de segurança e privacidade, jamais oferecidos aos adquirentes de lotes

para construção de suas casas.

DR. CARLOS AUGUSTO RABELO VIEIRA | Assessor Jurídico da Revista MEMO

Tal pomposa denominação, emanava do fato de que, além de a totalidade da área loteada ser circundada

por muros ou cercas vivas, apresentava na “entrada”, no início da rua de acesso voltada para estrada frontal

ao complexo, belíssimo portão de madeira de excelente qualidade e vistoso desenho artístico, guarnecido

por uma “guarita”, não menos imponente, provida de mesas de interfones, a ser instalada pelos futuros

“condôminos”, que regularia a autorização dos mesmos, quando consultados, acerca da permissão ou não,

do acesso de quem, ao chegar ao “Condomínio”, fosse previamente anunciado e, autorizado ou não a

adentrar naquele “Reino”; a exemplo do que ocorre nos edifícios de apartamentos.

A matéria é apaixonante, mas o espaço é exíguo e de valor inestimável, o que me impõe a imediata abordagem

dos aspectos legais envolventes da mesma.

Não obstante a já ressaltada engenhosidade do criador dos, “soi disant”; ”Condomínios Residenciais

Fechados”, não poderia, como operador do direito, deixar de externar meu juízo acerca da matéria, segundo

o qual os mesmos, tal como estão postos, com raríssimas e honrosíssimas exceções, caminham s.m.j, para

desaguar, inexoravelmente, no vasto estuário da ilegalidade.

Com efeito, o parcelamento do solo da totalidade das áreas dos pseudo-condomínios, em lotes, foi promovido

sob a égide e os mandamentos do longevo Decreto-Lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, ainda em

vigor, apesar de algumas emendas sofridas ao longo do tempo, e de sua adaptação obrigatória às posturas

municipais da situação da área loteada, que impõem, maiores ou menores regras para arruamento, bem

como de reservas de áreas para instalação de próprios públicos, tais como praças, escolas, igrejas etc.

A instalação de portões com guaritas, bem como de quaisquer outros artefatos impedientes do acesso às vias

públicas (ruas, praças etc.) foge a legalidade, objetivando, na prática, transformá-las em “partes comuns” do

“Condomínio”, tal como previstas na legislação específica sobre condomínio, vale dizer, a Lei nº 4.591, de 16

de dezembro de 1964, inaplicável à espécie.

De por em relevo a enorme e indisfarçável parcela de culpa do Poder Público Municipal que, por omissão

propositada, por isso que cômoda, não determina o desfazimento ou demolição dos elementos impedientes

de acesso às vias públicas, senão também porque, como jamais levam a efeito as obras públicas previstas

na legislação própria, nem de calçamento das ruas, nem de infraestrutura sanitária; muito menos aquelas

construções que deveriam ocupar as chamadas áreas reservadas (escolas, praças etc.), que lhes são,

obrigatoriamente, doadas, como condição, sine qua non, para aprovação dos projetos de loteamento que,

com o passar do tempo, transformam-se em parques aquáticos com saunas e quadras poliesportivas e de

tênis (“partes comuns do condomínio”, mantidas e preservadas com o recebimento da, não menos ilegal, taxa

de condomínio), sem, no entanto, jamais se esquecer de cobrar, religiosamente, dos proprietários dos lotes

ou das casas neles construídas (“condôminos”) os respectivos IPTU ou IT, acrescidos, não raro, de taxas de

iluminação pública e de coleta de lixo.

A sucinta,- não sei se chamo de análise ou denúncia-, da matéria, da forma como abordada acima, leva

à crença, do neófito articulista, haver justificado o título escolhido para encimar tantas mal traçadas linhas,

restando, quer me parecer, apenas e tão somente, desvendar a assertiva do porque “nasceu fadado ao

sucesso”, bem como trazer à lume o nome do intrépido e iluminado empresário de visão de longo alcance,

No “REINO do FAZ DE CONTA” nasceu, fadado ao SUCESSO, o “CONDOMÍNIO RESIDENCIAL FECHADO”

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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que, em capitaneando, no momento certo, a “revolução do mercado imobiliário”, como destacado no intróito

deste artigo, alcançou o reconhecimento, respeito e admiração, não só dos integrantes do seu pequeno

batalhão da primeira hora, mas de tantos muitos outros empresários de alto coturno que, curvando-se ao

sucesso de sua iniciativa, juntaram-se a ele e formaram o poderoso exército que conseguiu, a época, manter,

ainda que com enormes perdas e sacrifícios, sobrevivente a indústria dos negócios imobiliários de Niterói,

em todos os seus segmentos, estendendo os efeitos, da perseverança na luta, por diversos estados do país,

chegando mesmo a romper fronteiras internacionais.

No que pertine ao sucesso alcançado, faz-se de fácil compreensão pelo fato de ter feito renascer o sonho da

casa própria para os já desiludidos; quer pela falta de opção de um mercado imobiliário paralisado, com a

procura maior do que a oferta, que elevava os preços dos imóveis a píncaros, cada vez, mais inacessíveis;

enquanto o crédito imobiliário escasseava por conta do alto índice de inadimplência dos mutuários.

Ao contrário, o recém nascido “Condomínio Residencial Fechado” era colocado no mercado com preços

módicos, prazos menores e parcelas fixas, além de oferecer todas as novidades antes já apontadas, tais como

privacidade, segurança, convivência com a natureza etc.

Por outro lado, a cidade não tinha mais para onde se expandir e, assim, a Região Oceânica, onde, à época,

eram lançados todos os “Condomínios Residenciais Fechados”, que até pouquíssimo tempo se constituía em

um enorme matagal, passou a ser, propositalmente, apontada como a nossa “Barra da Tijuca”.

De carona em mais esses argumentos, os vendedores de “Condomínios Fechados” passaram a atingir

importante camada da sociedade, vale dizer, a classe média alta, que vislumbrou na novidade, não só um

excelente investimento a médio prazo, como, no caso de futura construção e moradia na região, tornar-se

indicativo de status para os “arrivistas”.

Diante disso e depois disso, nada mais se faz necessário acrescentar, não só porque o tempo se incumbiu

de provar o “sucesso” a que alude o título, senão, também, porque não sei se o espaço a mim reservado

comportará o já escrito e a conclusão que me incumbe apresentar ao artigo.

Por derradeiro, cumpre-se, ao final, declinar o nome daquele que, sem sombra de dúvida ou exagero, teve

ao longo de todo o escrito, no meu sincero entendimento, com inteira justiça, tão realçadas a sua retidão de

caráter, sua liderança, coragem e visão empresarial, que o fez, sem favor algum o criador do “Condomínio

Residencial Fechado” e fundador do “Reino do Faz de Conta”, que tantos benefícios trouxe ao mercado

imobiliário, na hora em que o mesmo sofria de grave paralisia e, até hoje, continua vendo se renovarem as

legiões e gerações de seus seguidores, mas, principalmente, aquele que deu alento às esperanças dos que já

desistiam do sonho da casa própria.

Com tal revelação, espero estar prestando meu parco, mas absolutamente sincero e sentido, tributo a NELSON

GOMES DE ALMEIDA.

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

O Brasil terá de 1,5 milhão a 1,8 milhão de

engenheiros em 2020. Se continuar a crescer no

ritmo atual, precisará de 560 mil a 1,16 milhão

destes profissionais a mais no mercado. A projeção

está no Boletim Radar nº 12, divulgado este ano

pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),

que faz um diagnóstico da mão de obra e aborda a

formação de pessoal técnico-científico no mercado

brasileiro.

O Ipea aponta que o número de engenheiros

formados até 2020 será suficiente para atender a

demanda prevista, no entanto, alerta para o gargalo

do desvio ocupacional. Segundo o estudo “Potenciais

Gargalos e Prováveis Caminhos de Ajustes da

Engenharia no Brasil”, se a economia do país crescer

4,5% ao ano, a oferta de engenheiros no mercado de

trabalho não será suficiente para atender à demanda

da indústria, da agroindústria, do comércio e das

áreas de tecnologia em geral em 2020.

O estudo mostra que, em 2009, apenas 38% dos

Procura-se ENGENHEIROS

formados em engenharia estavam no mercado nas

suas ocupações típicas. Ou seja: seis em cada dez

engenheiros atuavam em outras funções que não

Engenharia. A previsão é que, em 2020, esse número

pule para 45%.

O trabalho indica riscos de gargalo em setores como

construção civil, mineração, petróleo e gás, em caso

de crescimento maior da economia do país. De acordo

com o Ipea, se a economia crescer 6% anualmente, a

quantidade de engenheiros necessários para a área

de petróleo e gás subirá 19,3% até 2020.

Mas o número de profissionais não será suficiente

para atender a essa demanda. Nesse mesmo cenário,

a indústria extrativa mineral precisará de 10,3% a

mais de engenheiros e a procura na indústria de

transformação crescerá 8,4%.

Aumento de salários, retenção de profissionais em

vias de se aposentar, retorno dos aposentados ao

mercado de trabalho e investimento em capacitação

e treinamento, no curto prazo, são soluções indicadas

para equacionar o problema.

No longo prazo, estão medidas como investimento

em educação, com políticas de ampliação da oferta

no sistema educacional e a garantia de formação

básica com qualidade, para aumentar o número de

jovens aptos para o ensino superior e o mercado de

trabalho.

O sinal que vem da indústria e do mercado já

começa a refletir na área de educação, formação

e capacitação de profissionais. O Comitê de

Engenharia da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (Capes) prepara o

Plano Nacional de Engenharia,

que terá propostas para reduzir o

nível de evasão e para preencher

vagas ociosas de Engenharia de

instituições públicas e privadas

do País. O projeto terá quatro

ou cinco ações.

O comitê conta com a

participação da Confederação

Nacional da Indústria e do programa Inova

Engenharia, criado há cinco anos pela CNI para

aproximar os currículos dos cursos de Engenharia

das necessidades do mercado de trabalho. O

economista Marcos Formiga, assessor da diretoria

da Confederação, revela que o Brasil forma menos

engenheiros por ano do que a Rússia, a Índia e a

China, integrantes do chamado grupo dos BRICs, os

países emergentes.

Enquanto no Brasil esse número é inferior a 40 mil

profissionais por ano, na Rússia chega a 120 mil, na

Índia alcança 300 mil e, na China, ultrapassa 400

mil. “O engenheiro foi um dos agentes propulsores

do crescimento acelerado da China e da Índia. Para

o Brasil ter um projeto de nação, sairmos da sétimo

maior economia do mundo para a quinta, esse

profissional é indispensável”, destacou o economista

da CNI.

Para o professor Sandoval Carneiro Júnior,

coordenador do Comitê, uma das ações envolve

a concessão de bolsas de iniciação científica para

alunos de graduação e do ensino técnico, a fim de

evitar a evasão dos primeiros e aumentar o interesse

na carreira no segundo grupo. “Um dos grandes

problemas é que os alunos não têm contato com

a profissão. Com as bolsas, é possível aumentar o

contato e motivá-los”, diz.

Raio X da profissão - No

mês de maio, o Sindicato dos

Engenheiros no Estado do Rio

de Janeiro (Senge-RJ) lançou a

publicação “O Mercado Formal

de Trabalho da Engenharia no

Estado do Rio de Janeiro”, em

parceria com o Departamento

Intersindical de Estatística e

Estudos Socioeconômicos

(Dieese).

A publicação consiste numa análise feita a partir

de dados secundários, essencialmente as bases

disponibilizadas pelo Ministério do Trabalho, buscando

traçar o perfil dos profissionais, os estabelecimentos

em que trabalham e o tipo de vínculo empregatício

que rege seu contrato de trabalho.

O estudo é o primeiro passo do Senge-RJ para

conhecer a fundo a categoria e identificar principais

questões que envolvem o engenheiro em sua

atividade profissional. Um segundo estudo, com

dados primários, está sendo elaborado para obter

informações específicas sobre o mercado e o

profissional. Para tanto, estão sendo entrevistados

aproximadamente 2.000 profissionais em todo

estado.

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Júlio Santos | Jornalista da Revista MEMO

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) faz um diagnóstico da mão de obra desta carreira e aborda a formação de pessoal técnico-científico no mercado brasileiro

Aumento de salários, retenção de profissionais em vias de se aposentar, retorno dos aposentados ao mercado de trabalho

e investimento em capacitação e treinamento,

no curto prazo, são soluções indicadas para equacionar

o problema

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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O restaurante Alecrim foi concebido a partir da principal filosofia da “Raw Food”, orgânica de alta

gastronomia, na cidade de Niterói, Região Oceânica, e visa a integração do homem com a natureza.

Tirando partido da cozinha sem “fogo”, foi possível criar um ambiente ventilado, iluminado, fresco e

com muito verde. A intenção foi projetar uma construção que se destacasse na paisagem pelos traços

arrojados e contemporâneos sem perder o charme rústico.

Para o desenvolvimento da proposta, se fez necessário conhecer os critérios práticos, filosóficos, políticos

e mercadológicos deste “novo” tipo de alimentação para definir os critérios de projeto.

Projeto ALECRIM - O Restaurante da Alimentação Viva em ItacoatiaraTrabalho Final de Graduação | Escola de

Arquitetura e Urbanismo - UFF | Aluna BRUNA ECKHARDT

VOLUME A fachada conta com assimetria e formas bem delineadas.

O ponto máximo é a entrada principal. Um cubo desconstruído de

estética tridimensional, com estrutura metálica independente, revestido de

madeira de demolição, forma o portal para o interior da edificação.

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Orientador:Professor Luiz Renato Bittencourt | Arquiteto

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

ALIMENTAÇÃO VIVA A alimentação viva é aquela que integra homem, terra e solo. É o ato de participar do ciclo

da vida, usufruindo de toda a energia presente na natureza. Raw Foodism ou Crudivorismo

é um tipo de dieta vegetariana restrita baseada em alimentos crus, frescos, de preferência

orgânicos (livres de agrotóxicos), sazonais e secos, também chamada de alimentação

viva. É a forma de se alimentar mais natural possível onde o indivíduo não consome nada

de origem animal, e, além disso, os alimentos não são cozidos. Segundo especialistas,

cozinhar alimentos em temperaturas superiores a 38° destrói suas enzimas dificultando

sua digestão, e sem o cozimento ainda são preservadas mais vitaminas, proteínas e

minerais. Porém, isso não quer dizer que todos os alimentos são crus. Existem processos

de preparação, que não causam perda de nutrientes, como a desidratação. Então, é

importante frisar que na cozinha da “alimentação viva” não entra fogo. O único “forno”

utilizado é o desidratador.

ITACOATIARA Em justificativa para a escolha do bairro na realização deste TFG,

80% dos moradores têm residência fixa, estes de classe média alta com suas casas

de alto padrão construtivo, juntamente com o grupo de visitantes, recorrentes em

função do lazer na praia, formado principalmente de jovens engajados na questão

sustentável e de preservação do meio ambiente, por serem na sua maioria esportistas.

Esses grupos em questão formam um interessante público alvo para uma opção de

alta gastronomia orgânica e alternativa, sem perder todo o requinte do bairro e sua

característica residencial.

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COMPONENTES DO

PROJETO 1. Cozinha sem fogo

2. Composteira

3. Larvário

4. Jardim vertical

5. Ventilação e iluminação natural

6. Ecobrisa

7. Sucos

8. Captação de água de chuva

9. Teto jardim

10. Aquecimento solar

11. Madeira de demolição

12. Jardim interno

13. Varanda

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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

90 | MEMO online • Maio 2011

MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente

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