Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010

14

Transcript of Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010

Page 1: Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010
Page 2: Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010

IINNDDIICCEE

EDITORIAL - Valter Cardoso Junior

O CURSO DE CIÊNCIAS DA RELIGIÃO DO USJ: IDENTIDADES E DESAFIOS - Marivone Piana

RELIGIÃO: ARTE OU CIÊNCIA - Diógenes Braga Ramos

MULHERES E RELIGIÃO - Jaqueline Zarbato

Dar Esmola ou Incentivar o Desenvolvimento da Consciência - Sandra Goedert

QUAIS AS VANTAGENS DO "DESCOBRIMENTO DO BRASIL"? - Anelise Eli Gonzaga

PROPOSTA DE REDAÇÃO:DESAFIO PROPOSTO NA DISCIPLINA LITERATURA E PRODUÇÃO DE TEXTO II DA PROFESSORA ANGELITA MENDES - VALTER CARDOSO JUNIOR

CRISE EXISTENCIAL: ENTENDENDO O ABSURDO DA VIDA - Fábio Dias Silveira

DESPERTA PARA O INTER RELIGIOSO - Ricardo Oliveira

FRAGMENTOS

APOIO

EQUIPE

CONTATO

Pag 02

Pag 03

Pag 05

Pag 05

Pag 06

Pag 07

Pag 09

Pag 10

Pag 11

Pag 12

Pag 12

Pag 13

Pag 13

EMAIL: [email protected] www.revistaperspectiva.blogspot.com

Page 3: Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010

Um grande orgulho para todos os munícipes de São José e em especial nós acadêmicos, é o Centro Universitário Municipal.

Somos cerca de 1.200 acadêmicos trilhando nosso caminho universitário nas Ciências da Administração, Contábil, Pedagógica e das Ciências da Religião.

Não temos duvidas de nossas responsabilidades e compromisso com nosso Município e com nossa comunidade.

Especificamente, nós acadêmicos do Curso de Ciências da Religião, que neste segundo semestre de 2010, estaremos priorizando trabalhos de pesquisa que visam oferecer um olhar mais tolerante e um dialogo aberto de cunho inter-religioso.

Assim, a criação desta revista, hoje em caráter experimental, tem por objetivo criar espaço para nossos mestres e companheiros acadêmicos de Ciências da Religião, colocarem seus conhecimentos e multiplicando idéias.

Sabemos que a religião é um tema difícil de ser trabalhado, sabemos também, que muitos problemas ao se discutir este tema, nascem exatamente da incapacidade de entendermos o diferente.

Por este motivo estamos buscando compreender que a religião não é somente o que acontece nas igrejas, templos, mesquitas, seitas e filosofias religiosas, ela transcende em nossa cultura, por isso se faz necessário expandir nosso conhecimento para dimensionar exatamente as suas influências no dia a dia de nossa ou outra qualquer comunidade.

Neste sentido, todos nós, acadêmicos de Ciências da Religião, Administração, Pedagogia e Contabilidade, colocamo-nos a disposição de nossas autoridades e principalmente de nossa comunidade, para que conheçam a nossa firme vontade de sermos multiplicadores dos conhecimentos aqui adquiridos, para repassar aos nossos futuros alunos e ou empregá-los nas empresas que atuam em nosso município, e que com certeza absorverão nossa mão de obra, que esperamos seja a mais qualificada possível.

VVaalltteerr CCaarrddoossoo JJuunniioorrAAccaaddêêmmiiccoo ddaa 44ªª ffaassee ddaa FFaaccuullddaaddee CCiiêênncciiaass ddaa RReelliiggiiããoo ddoo CCeennttrroo UUnniivveerrssiittáárriioo MMuunniicciippaall ddee SSããoo JJoosséé//SSCC

EEDDIITTOORRIIAALL

EEDDIIÇÇÃÃOO II -- AANNOO II -- JJUUNNHHOO//22001100

RREEVVIISSTTAA BBII--MMEESSTTRRAALL DDEE CCIIÊÊNNCCIIAASS DDAA

RREELLIIGGIIÃÃOO EE EENNSSIINNOO RREELLIIGGIIOOSSOO

PPÁÁGGIINNAA 0022EMAIL: [email protected] www.revistaperspectiva.blogspot.comwww.revistaperspectiva.blogspot.comwww.revistaperspectiva.blogspot.com

Page 4: Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010

EEDDIIÇÇÃÃOO II -- AANNOO II -- JJUUNNHHOO//22001100

EESSPPAAÇÇOO DDEE MMEESSTTRREEOO CCUURRSSOO DDEE CCIIÊÊNNCCIIAASS DDAA RREELLIIGGIIÃÃOO DDOO UUSSJJ:: IIDDEENNTTIIDDAADDEESS EE DDEESSAAFFIIOOSS

Drª Marivone Piana: Professora do Centro Universitario Municipal de São José (USJ)

IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

O Curso de Ciências da Religião do USJ (Centro Universitário Municipal de São José) é uma iniciativa que se coloca como pioneira no Estado de Santa Catarina, por pretender, além de formar Licenciados em Ensino Religioso, formar, também, Cientistas da Religião, profissionais que estão despontando, na atualidade como pessoas capacitadas a discutir, analisar e propor ações diante da complexidade e diversificação das religiões e da religiosidade em diferentes contextos mundiais.

O presente artigo pretende abrir o debate em torno da identidade deste Curso, cujas especificidades desafiam educadores e acadêmicos no processo de aprendizagem. Pretende, também, pontuar alguns desafios que precisam ser considerados, tendo em vista a qualidade do Curso e as demandas que se apresentam para se pensar o fenômeno religioso na contemporaneidade.

TTRRAAÇÇOOSS DDAA IIDDEENNTTIIDDAADDEE

O Curso está organizado considerando as diferentes Matrizes Religiosas: Semita, Oriental, Africana, Indígena, Mediúnica e Afro-Brasileira, numa perspectiva interdisciplinar, interreligiosa e de respeito ao diferente. Desta forma, pretende-se aprofundar os estudos a partir de diferentes compreensões de religião e religiosidade, não priorizando nenhuma denominação religiosa em particular, uma exigência para quem pretende ser Cientista da Religião.

A identidade do campo das Ciências da Religião, no USJ, é demarcada por áreas de conhecimento que, com suas especificidades de teorias, métodos, perspectivas de análise, dentre outros, contribuem para um olhar diversificado

sobre o fenômeno religioso. O Projeto Pedagógico do Curso destaca:

O Curso de Ciências da Religião, no USJ, é composto por diferentes áreas de conhecimento que fazem uma leitura do fenômeno religioso sob diferentes aspectos. Dentre os vários campos possíveis de leitura, estabelecemos um olhar a partir dos seguintes eixos: Filosófico; Histórico; Sociológico; Antropológico; Psicológico; e Educacional.Estes eixos norteadores constituem o campo das Ciências da Religião, sem desconsiderar outras áreas de conhecimento que também são fundamentais, mas que estão no Curso aqui proposto com articulação entre os demais, como é o caso da Teologia, da Geografia, da Epistemologia, entre outros. (USJ, 2008, p. 5).

O campo das Ciências da Religião, desta forma, só pode ser compreendido a partir de uma perspectiva de transdisciplinaridade. Um olhar que procura ir além dos limites estabelecidos pelas ciências específicas, articulando saberes até o ponto de não poder mais separá-los para a análise dos diferentes fenômenos. (MORIN, 2005).

Outra marca identitária que pode ser destaca deste Curso, é a Prática como Componente Curricular, que está estruturada no Projeto Pedagógico e operacionalizada, a cada semestre, durante o desenvolvimento do Curso como uma das ações de maior impacto na formação dos acadêmicos. Isso porque enfatiza a articulação entre ensino, pesquisa e extensão a partir da práxis. Os aspectos teóricos são permeados pelas experiências práticas e estas apontam para novos olhares necessários para o aprofundamento do campo das Ciências da Religião.

DDEESSAAFFIIOOSS AA SSEERREEMM CCOONNSSIIDDEERRAADDOOSS

O Curso de Ciências da Religião do USJ traz inovações em seu aspecto identitário mas também apresenta desafios a serem considerados que vão surgindo no processo do seu desenvolvimento. Dentre estes desafios que se apresentam o principal deles é o reconhecimento pela comunidade acadêmica do USJ e pela comunidade josefense, que, devido à trajetória de hegemonia religiosa tanto na história da sociedade brasileira quanto na

PPÁÁGGIINNAA 0033EMAIL: [email protected] www.revistaperspectiva.blogspot.com

Page 5: Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010

trajetória do Ensino Religioso no Brasil, que priorizou uma única denominação religiosa, durante muitos anos, cria uma resistência para pensar e operacionalizar políticas e práticas em torno da abordagem das Ciências da Religião.Um outro desafio que se apresenta é o processo de constituição de um quadro de professores já com formação em Ciências da Religião, por ser uma área de conhecimento que está ainda em estruturação. Isso sem desconsiderar os profissionais com reconhecida capacitação e, muitos deles, com experiências já no campo das Ciências da Religião.

O processo de reconhecimento do Curso, que está em andamento, é um desafio e uma expectativa, tendo em vista que, só a partir dele é que se pode repensar a própria estrutura do Curso, tendo em vista o seu aprimoramento, no sentido de atender às expectativas de alunos, professores e comunidade.

O processo de gestão do Curso, em todas as suas dimensões, de forma democrática, participativa e colegiada, considerando as idéias e posturas divergentes também se coloca como um desafio. Tomar as decisões de forma colegiada, considerando os diferentes atores envolvidos no processo é uma aprendizagem que só se operacionaliza na prática e esta, muitas vezes, é marcada pelas contradições e paradoxos.

CCOONNSSIIDDEERRAAÇÇÕÕEESS FFIINNAAIISS

Fazer parte deste Curso, com tantos desafios e possibilidades é motivo de congraçamento e também de preocupação. Isso por que são aprendizagens gestadas no cotidiano, mas também necessidade de fazer o melhor de um projeto pioneiro para o Estado de Santa Catarina e para o município de São José.

Pensar um Curso que possa fazer a diferença e deixar sua marca como sendo um dos espaços de articulação de saberes e práticas no seu cotidiano é algo que empolga, mas também exige ações cada vez mais eficazes no sentido de encontrar caminhos para a operacionalização de políticas públicas que levem em conta o campo das Ciências da Religião. Essa é a utopia que

EEDDIIÇÇÃÃOO II -- AANNOO II -- JJUUNNHHOO//22001100

impulsiona o ser educador em sala de aula.A marca identitária de um Curso com este

que se apresenta só tem sentido se a sua operacionalização deixar uma herança teórica e prática, para as gerações futuras, mas isso precisa ser gestado no presente, eis o nosso principal desafio.

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS

USJ. Projeto político pedagógico do curso de Ciências da Religião: bacharelado e licenciatura plena em Ensino Religioso. São José: USJ, 2008.MORIN, Edgar, et.al. (Org.). Educação e Complexidade: os sete saberes e outros ensaios. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2005.

PPÁÁGGIINNAA 0044EMAIL: [email protected] www.revistaperspectiva.blogspot.com

Page 6: Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010

RREELLIIGGIIÃÃOO:: AARRTTEE OOUU CCIIÊÊNNCCIIAA

Prof. Diógenes Braga Ramos: Professor do Centro Universítário Municipal de São José (USJ).

Nada mais significativo para este momento de surgimento de um canal para discussão sobre Ciências da Religião e suas implicações do que uma reflexão sobre a religião nos dias de hoje. Com isso, nesta primeira edição da revista gostaria de propor uma aproximação ao fenômeno religioso e suas possibilidades de leitura em diálogo com a cultura.

E uma das formas de se observar a religião através da cultura pode ocorrer pela relação da mesma com as artes, como propõe o teólogo Paul Tillich, que entende que o sagrado se revela através da cultura. Diante disso, o grande desafio para nos aproximarmos do fenômeno religioso, não se institui pela ciência mas sim como olhamos para a mesma. Com isso, a cultura nos desafia a romper paradigmas ressignificando preceitos e conceitos e uma das formas para que se de tal mudança do olhar de aproximação à religião se estrutura de uma forma poética, como diz Nietzsche em seu texto, Os discursos de Zaratustra: “eu só poderei crer num Deus que soubesse dançar” (p. 68, 2008).

Desta forma o grande desafio atual é romper com o método científico que não valorize a experiência do indivíduo frente ao evento religioso e sim, dialogar com está experiência que se transforma em arte poética na busca dos anseios religiosos. Expressando os anseios do homem e suas dualidades existenciais como verificamos nas obras da artista mexicana Frida Khalo. Com isso, recorro a Bachelard, “o que se percebe não é nada, comparado com o que se imagina” (A chama de uma vela, 1989, p. 9).

Para vivenciar e decifrar os segredos da religião é preciso romper com os dogmas científicos do empirismo da prova, para se esconder nas palavras de Otávio Paz, “a operação poética não é diferente do conjuro, do feitiço e de outros processos da magia. A atitude do poeta tem muita semelhança com a do mago” (O arco e a lira,1982, p. 64).

EEDDIIÇÇÃÃOO II -- AANNOO II -- JJUUNNHHOO//22001100

MMUULLHHEERREESS EE RREELLIIGGIIÃÃOO

Profª. Jaqueline Zarbato - Professora do Centro Universitário Municipal de São José

Ao iniciar esse texto, surgem algumas questões sobre a relação entre religião e as mulheres. Na verdade, se analisarmos historicamente, a participação feminina nas religiões apresenta-se apenas no campo da prática religiosa através dos rituais, de certa forma, como guardiãs da memória do grupo religioso.

Relaciona-se neste caso, uma série de concepções histórico-antropológicas sobre a função da mulher no campo religioso, uma vez que, se delimita espaços de circulação, concepção e apreensão da religiosidade diferentemente para homens e mulheres. Pode-se dizer que, as funções são bem demarcadas, partindo de um olhar androcêntrico. A teóloga italiana, Adriana Valerio (2005) faz uma análise acerca da atuação de mulheres em torno da religião, as quais propuseram interpretações diferenciadas dos conceitos teológicos e de textos da Escritura. Segundo a autora, “o rastro de pensadoras nunca se exauriu e retoma vigor nos dias atuais com os estudos e as reflexões de teólogas que impulsionam suas igrejas a buscar novos modos de viver a igualdade e a diversidade, com o intuito de reconhecer na diversidade um valor imprescindível para a fé no Deus Uno e Trino”.

De que forma devemos compreender a presença feminina nas religiões? Que significado atribuem às religiões em suas vivências com relação às mulheres? E qual a sua representação?

Essas questões impulsionam a reflexão sobre a subjetividade presente nas manifestações de religiosidade, além de propiciarem um aprofundamento na análise sobre o percurso feminino nos espaços religiosos. Ou seja, focalizar na manutenção de uma determinada religião e a representação para as mulheres nos faz mencionar que nem sempre é fácil identificar a especificidade dos percursos das mulheres nas variadas religiões. Conforme Clifford Geertz(1989), a religião vai reforçar os modelos sociais, desta forma a mulher se envolve por esses valores patriarcais. O papel da

PPÁÁGGIINNAA 0055EMAIL: [email protected] www.revistaperspectiva.blogspot.com

Page 7: Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010

mulher pode ser diversificado e merece ser codificado, numa intrínseca relação entre o que se espera da mulher no campo da religião e o que ela espera, ao estar imersa numa religião. Fazendo com que as mulheres rompam com o perfil andocêntrico que se estabelece apenas na prática religiosa e na subjetividade da mesma, para se identifique a própria formação do indivíduo na esfera religiosa que se estabelece por essa representação feminina.

EEDDIIÇÇÃÃOO II -- AANNOO II -- JJUUNNHHOO//22001100

PPEERRSSPPEECCTTIIVVAA AACCAADDÊÊMMIICCAADDAARR EESSMMOOLLAA OOUU IINNCCEENNTTIIVVAARR OO DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO DDAA CCOONNSSCCIIÊÊNNCCIIAA

Sandra Goedert - Acadêmica do Curso Ciências da Religião do Centro Universitário São José – USJ – 4ª fase.

Fato comum na vida de muitos cristãos é o dar esmola, embora Jesus tenha dito: “Para acabar com a fome não dê o peixe, ensine a pescar.”

Seria este ensine a pescar, um diálogo no sentido de promover o despertar da consciência ética no ser humano? Afinal, o que vemos hoje em dia nas ruas é milhares de pessoas carentes e solitárias sem saberem para onde ir, sem rumo.

Atirar uma moeda ao pedinte de rua, arrumar o guarda-roupa e se despojar das tralhas incomodativas e remetê-las aos necessitados é uma tarefa simples, difícil mesmo é dispor de um tempo para ensinar, quer seja ele um filho, um colega de aula, ou qualquer outra pessoa menos esclarecida, quiçá uma atenção especial a alguém carente ou solitário. Isto sim é que é o bicho, pois não nos dispomos a doar o que nos é precioso, nestes tempos modernos - o próprio tempo. Afinal de contas tempo é dinheiro, diz o slogan capitalista.

Abraham Lincoln, por sua vez, dizia: “Não poderás ajudar os homens de maneira permanente se fizeres por eles aquilo que podem e devem fazer por si próprios”.

Por mais que seja louvável a doação de alguns bens aos necessitados, há que se ter em mente que tudo isto é um paliativo momentâneo e passageiro.

No dizer deste dois homens, que fizeram história a seu tempo, muito mais que matar a fome física, necessário se faz saciar a fome da alma, pois com a alma saciada qualquer ser humano poderá se erguer do chão que o arrasta para os píncaros sociais, através de sua auto-estima revigora e que será de suma importância para o seu soerguimento.

Por fim, há que se entender de uma vez por todas que, a fome é a conseqüência da precária condição sócio-econômica, política e cultural de uma nação.

A premissa para o desenvolvimento social e

PPÁÁGGIINNAA 0066EMAIL: [email protected] www.revistaperspectiva.blogspot.com

Page 8: Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010

humano é a implantação de um sistema educacional renovador, moderno e consciente, voltado para a ética desses mesmos fatores: social, político e cultural. A partir desta valorização, o homem será estimulado de modo que sua alma seja saciada com o despertar de sua consciência e venha ele próprio produzir sua sustentação e manutenção no meio que vive.

Mas o despertar da consciência é um trabalho do próprio ser que queira e esteja disposto a crescer, pois jamais deveremos impor nossa forma de ser e pensar a quem quer que seja, já que cada um esta em seu momento. Jamais impor, mas auxiliar aqueles que queiram “... levanta-te e siga-me”.

EEDDIIÇÇÃÃOO II -- AANNOO II -- JJUUNNHHOO//22001100

QQUUAAIISS AASS VVAANNTTAAGGEENNSS DDOO ""DDEESSCCOOBBRRIIMMEENNTTOO DDOO BBRRAASSIILL""??

Anelise Eli Gonzaga - 4ª Fase da Faculdade Ciências da Religião do USJ

Inicialmente a visão que os índios tiveram com a chegada dos Europeus, foi relacionada como um fato dos deuses, ou seja, assimilaram o mesmo de acordo com sua crença, povo enviado pelo Deus Maíra. (RIBEIRO, 1117)

Quando os Europeus desembarcaram na nova terra, os índios observaram que eram pessoas feias, fedidas e infectados por algumas doenças (Cárie dentária, coqueluche, tuberculose, sarampo), Porém isso era de menos, nem imaginavam que essa gente iria explorá-los, apossando-se de tudo que lhes pertencessem, suas terras, suas esposas, obrigando-os através das formas mais cruéis a esquecerem sua cultura, englobando crenças, mitos, ritos, hábitos, tudo que até então era a alegria dos que ali viviam.

Os recém-chegados se consideravam superiores aos primitivos, tinha a imagem do índio como vadio, viviam vida inútil sem prestança. Já os índios achavam os recém-chegados aflitos demais, e o mais curioso para os mesmos era que os Europeus acumulavam riquezas, como se cada dia fosse o último, com objetivo de deixar tudo como herança para seus descendentes após sua morte.

Os índios viviam de modo sustentável, respeitavam a natureza e lhes eram gratos por tudo que a mesma lhes oferecia. Essa etapa é muito bem relatada no Livro de Darcy Ribeiro, " O Povo Brasileiro". (1997). O povo vadio que vivia a vida sem presteza, segundo os invasores, tinham uma visão muito além de sua época, pensavam no amanhã de uma forma bem diferente dos até então superiores.

Podemos observar através desses acontecimentos, que a maior causa dos impactos ambientais hoje existentes foi a ganância, visando somente lucro.

Será que realmente os índios eram os primitivos, inferiores?

Além de uma guerra biológica, devido as doenças trazidas pelos invasores, que mataram muitos índios, houve o choque de cultura. Além da

PPÁÁGGIINNAA 0077EMAIL: [email protected] www.revistaperspectiva.blogspot.com

Page 9: Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010

cultura do índio ser questionada era criticada e julgada de várias formas, um fato que podemos citar foi a Antropofagia (ato de comer carne humana), ou seja, os índios ao capturarem algum prisioneiro, acreditavam que comendo-o, iriam adquirir sua bravura, sua coragem.

Os donos da terra tornaram-se escravos do trabalho e suas esposas foram exploradas sexualmente, os Europeus começaram a inventar uma nova vida para o povo indígena, sem direito a escolha ou opinião, essa nova vida seria de acordo com os padrões normais de acordo com a cultura Européia.

Com todos os ocorridos dessa época, ficam expressas as relações opostas: de um lado os índios, acostumados com a solidariedade, dar mais do que receber, do outro o Europeu que se achavam superior e mais evoluídos, ou melhor, o conflito do índio saudável, não conhecedor da gravidade das doenças trazidas pelos Europeus e as verdadeiras intenções daquela nova gente.

Hoje de acordo com a Ciência Antropologia, sabemos conhecer e estudar a fundo outras culturas, sendo que para obter o verdadeiro conhecimento ou o mais próximo da realidade do objeto ou indivíduos estudado, devemos nos "desligar" de nossos valores, nossa crenças, convivendo e respeitando o fato a ser estudado, não que concordaremos com tudo ou aceitaremos, mas iremos "vestir a tanga do nativo" não para julgar ou opinar e sim adquirir conhecimento sobre o fato a ser estudado.

"Para compreender a cultura é preciso relativizar seus valores. Para isso é necessário um exercício de re-significação, no sentido de também tentar enxergar nossa cultura ocidental, moderna e industrializada, sob outro prisma, como se o óbvio inexistisse. (OLIVEIRA, 2006).

A cultura de cada indivíduo está relacionada à sociedade na qual o mesmo convive. Fazendo um paralelo referente a sociedade indígena, observamos que esse povo é visto hoje de duas formas pela sociedade brasileira: a forma Preconceituosa e forma Idealizada.

Preconceituosa - parte mais daqueles que convivem diretamente com os índios, a população rural. Pressupõe-se que seja porque a mesma é

EEDDIIÇÇÃÃOO II -- AANNOO II -- JJUUNNHHOO//22001100

dominada por uma política ideológica e economicamente para elites municipais com fortes interesses nas terras dos índios e seus recursos ambientais. Muitas vezes a população rural precisa disputar às escassas oportunidades de sobrevivência em sua região com os membros de sociedades indígena que ali vivem.

Idealizada: pela população urbana, que vive distanciada das áreas indígenas, tende a ter deles uma imagem favorável, embora os veja como algo muito remoto. Os índios são considerados a partir de um conjunto de imagens e crenças amplamente disseminados pelo senso comum, eles são os donos da terra e seus primeiro habitantes, aqueles que sabem conviver com a natureza sem degradá-la. São também vistos como parte do passado.

Atualmente os diferentes segmentos da sociedade brasileira estão se conscientizando de que os índios são seus contemporâneos. Eles vivem no mesmo país, participam da elaboração de leis, elegem seus candidatos e compartilham problemas semelhantes, como as conseqüências dos problemas ambienteis e das diretrizes e ações do governo nas áreas da política, economia, saúde, educação e administração pública no geral.

Qualquer grupo social humano elabora e constitui um universo completo de conhecimentos integrados, com fortes ligações como o mundo em que vivem e se desenvolvem. Entendendo cultura como o conjunto de respostas que uma determinada sociedade humana, das experiências por ela vivida e aos desafios que encontra ao longo do tempo, percebe-se o quanto as diferentes culturas são dinâmicas e estão em contínuo processo de transformação.

No entanto, é importante frisar que as variadas culturas das sociedades indígenas modificam-se constantemente e reelaboram-se com o passar do tempo, como a cultura de qualquer outra sociedade humana.

Conhecendo como foi a história dos índios, como a imposição da cultura européia, principalmente, surge uma dúvida, se não houvesse aquele choque de culturas da época do descobrimento, se o índio daquela época fosse valorizado e respeitado, e os Europeus ao invés de inventarem uma nova vida para os mesmos, se infiltrasse no grupo e vivessem de modo igual

PPÁÁGGIINNAA 0088EMAIL: [email protected] www.revistaperspectiva.blogspot.com

Page 10: Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010

EEDDIIÇÇÃÃOO II -- AANNOO II -- JJUUNNHHOO//22001100

aquela população que escravizaram, como seria o mundo hoje, em aspectos gerais, principalmente em relação aos aspectos ambientais?

BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA

OLIVEIRA, M. J. Antropologia e Cultura. Florianópolis: Mimeo, 2006OLIVEIRA, M. J. Antropologia e Ciência. Florianópolis: Mimeo, 2006RIBEIRO, D. O enfrentamento dos Mundos. In: RIBEIRO, D. O Povo Brasileiro. S.P.: Cia das letras, 1997PÁDUA, José Augusto. Um Sopro de Destruição: Pensamento Político e Crítico Ambiental no Brasil Escravista, 1786 - 1888/ José Augusto Pádua - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002

PPRROOPPOOSSTTAA DDEE RREEDDAAÇÇÃÃOODDEESSAAFFIIOO PPRROOPPOOSSTTOO NNAA DDIISSCCIIPPLLIINNAA LLIITTEERRAATTUURRAA EE PPRROODDUUÇÇÃÃOO DDEE TTEEXXTTOO IIII DDAA PPRROOFFEESSSSOORRAA AANNGGEELLIITTAA MMEENNDDEESS..

Valter Cardoso Junior – 4ª Fase da Faculdade Ciências da Religião do USJ

“O Duque de She dirigiu-se a Confúcio, dizendo: - Temos em nossa terra um homem direito. Seu pai furtou uma ovelha, e o filho depôs contra ele. – Na nossa cultura, retrucou Confúcio, ser direito é proceder de maneira diferente. O pai oculta a culpa do filho, e o filho, a do pai. Gente direita é assim “que se comporta”(Bertrand Russel, Máximas de Confúcio 1957).

Sabe-se que o grande campo de batalha do homem é sem dúvida alguma a luta diária sobre a questão do que é bom e do que é mal e este conflito esta dentro de nossas mentes, portanto decisões dependem única e exclusivamente de cada um de nós, passando pela ética que sustenta os comportamentos de nossa moral que é quem define nossos tipos de ação.

Facilmente se presume que na terra do Duque de She, a filosofia cultural existente era a de que dois caminhos sustentavam suas decisões morais, o bem e o mal.

Logo, o filho ao testemunhar contra o pai, o caracterizava como um homem direito, pois estaria seguindo o caminho que lhe parecia ser o melhor, dentro dos princípios éticos e culturais de sua comunidade.

Ao contrário, Confúcio estabeleceu um posicionamento dentro de sua cultura ética, em que tudo deveria ser harmonia na sociedade e cuja base era a família, na qual a piedade filial era a primeira das virtudes.

Entretanto, tais observações demarcam que para uma mesma situação ou tomada de decisão em comunidades filosóficas diferentes também haverá entendimentos diferentes.

Lembramos aqui o ditado popular que conhecemos em nosso Brasil que diz: “nem tanto ao mar nem tanto a terra”, quando se quer julgar situações que não conhecemos bem.

Assim também acontece ao analisarmos o texto desta proposta, antes de tudo devemos lembrar que se trata de diálogo entre culturas

PPÁÁGGIINNAA 0099www.revistaperspectiva.blogspot.com

Page 11: Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010

EEDDIIÇÇÃÃOO II -- AANNOO II -- JJUUNNHHOO//22001100

diferentes, portanto, ao tomar a decisão de quem está correto correríamos o risco de estar cometendo injustiças.

CCRRIISSEE EEXXIISSTTEENNCCIIAALL:: EENNTTEENNDDEENNDDOO OO AABBSSUURRDDOO DDAA VVIIDDAA

Fábio Dias Silveira - Acadêmico do Curso de Ciências da Religião do USJ.

Quando falamos de “crise existencial” falamos de “colapso pessoal”, ou seja, tudo aquilo que quebra a logica racional pessoal e nos remete a destruir princípios para enfim reconstruí-los, mas as vezes entramos em uma neura tão forte que somos impossibilitados de repensar e nos entregamos ao desespero.

Albert Camus (1913-1960), fez sua famosa afirmação de que a única pergunta realmente filosófica era se a vida valia a pena¹. Mas não vamos nos apegar a isso agora, pois este ensaio tem o objetivo de provocar futuras pesquisas dentro das Ciências da Religião e o movimento existencialista.

Uma crise tem mais de uma interpretação, como estamos envolvidos com as Ciências da Religião, vamos trabalhar com três eixos. A crise pessoal, a crise ideológica, e a crise existencial.

A crise pessoal é o fenômeno de relacionamento interpessoal que nós por algum motivo somos levados a criar identidades alternativas, como por exemplo um chat na internet, onde nos é permitido ser pessoas que não somos, só que pode acontecer de que aquela identidade que criamos, seja mas agradável do que realmente somos, então somos levados a começar a assumir uma “mascara” que muitas vezes não nos serve e isso faz com que entramos em crise, ou seja, a crise pessoal ou crise de identidade é a quebra do perfil próprio na tentativa de assumirmos outras ou que de tanto experimentarmos outras identidades, não reconhecemos mais a própria.

Já a crise ideológica esta ligado a movimentos sociais, onde o indivíduo a partir do momento que começa a participar de um movimento social, começa a vivenciar aquela ideia de tal maneira que é capaz de se sacrificar por elas. Um exemplo são os movimentos socialistas de extrema esquerda ou estrema direita que politicamente se tornam muito influentes. A crise ideológica é o rompimento com esses ideias a partir de uma revelação social, que nada mais é descobrir que talvez este não seja o caminho, então o individuo

PPÁÁGGIINNAA 1100EMAIL: [email protected] www.revistaperspectiva.blogspot.com

Page 12: Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010

EEDDIIÇÇÃÃOO II -- AANNOO II -- JJUUNNHHOO//22001100

começa trazer um novo discurso ao grupo e dependendo do grau de radicalismo acaba sendo expulso do grupo ou sai por si dó por reconhecer que aquele ideal já não corresponde com seus princípios².

Por fim a crise existencial esta ligada a princípios mais essenciais da vida ou do existir, é o fenômeno humano capas de levar um indivíduo ao suicídio, como mostra “O Suicídio” de Émile Durkheim, 1897. nada mais é que a lacuna humana de tentar entender perguntas como, de onde vim? Para onde vou? Quem somos? Porque existimos? Estas são na verdade perguntas seculares que fazer parte do principio fundamental humano, ou seja, nós só vivemos porque queremos ter estas respostas, ou acreditamos que alguém um dia vai respondê-las. A a partir do momento que nos deparamos a possibilidade de que estas perguntas podem não ter respostas, isso leva a crise existencial. Para um existencialista estes aspectos são mais possíveis de superar, como Jean Paul Sartre que diz “todo o existente nasce sem razão, prolonga-se por fraqueza e morre por encontro imprevisto”³.

Ou seja, ser humano e existir, nada mais é que reconhecer o absurdo que a vida é, assim vivemos livres para pensar, agir, reagir e existir.

BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA

¹ Irwin, William, Metallica e a Filosofia Um Curso Intensivo de Cirurgia Cerebral: A Milícia do metal e o Clube do Existencialismo, São Paulo, Ed. Madras, 2008.² Recomendo assistir o filme American History X (no Brasil – A Outra História Americana), EUA/1998.³ Sartre, Jean Paul, A Náusea, A edição empregada é de 1976, Editora Publicações Europa-América, Mira-Sintra, Portugal. pp 168.

RREETTRRAATTOO PPOOÉÉTTIICCOODDEESSPPEERRTTAA PPAARRAA OO IINNTTEERR RREELLIIGGIIOOSSOO

Ricardo Oliveira - 4ª Fase Faculdade Ciências da Religião.

Queridos...Vos deveis despertar para o inter – religioso.O respeito mútuo para com os irmãos de outra fé.Queridos... Vos sabeis que devemos acreditar num Deus plural.Um Deus com várias faces!Um Deus que de tão plural...Torna – se único!Uma unidade na diversidade.Queridos...Não endureceis vossos corações.Não deixem seus dogmas tamparem vossas vistas.Não sejam hipócritas, a ponto de desprezarem o que é diferente de vossas tradições.Queridos...Sejam abertos ao diálogo.Pois ai é que encontra – se a essência!A única essência que poderia existir: “A paz”.Queridos...Vos sois pobres, masNão sejam pobres na ignorância, eNos falsos testemunhos.A instituição é apenas pedra!E Deus é a força motora.Força no qual leva...A transcendência que espera – te.Por isso queridos...Todos são importantes.Dentro de suas raízes!E deveis ir de encontro com o outro... Num ósculo, por que isso é preciso

PPÁÁGGIINNAA 1111EMAIL: [email protected] www.revistaperspectiva.blogspot.com

Page 13: Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010

EEDDIIÇÇÃÃOO II -- AANNOO II -- JJUUNNHHOO//22001100

FFRRAAGGMMEENNTTOOSS “Só existem quatro tipos de pessoas no mundo”, escreveu certa vez a ex-primeira-dama americana Rosalynn Carter. “

“Os que já cuidaram de alguém, os que estão cuidando de alguém, os que cuidarão de alguém e os que precisarão dos cuidados de alguém.”

(Seleções Reader”s Digest, maio de 2010, pg. 124 –Resportagem “Alguém com quem contar”, de Camille Peri).

CÓPIA.............................................................R$ 0,08CÓPIA COLOR..............................................R$ 1,80IMPRESSÃO P/B...........................................R$ 0,10IMPRESSÃO COLOR ...................................R$ 1,80ENCADERNAÇÃO........................................R$ 1,50TRANSPARÊNCIA P/B.................................R$ 1,00TRANSPARÊNCIA COLOR.........................R$ 2,00

CCOONNTTAATTOO;;

cebola_có[email protected]

Fones: 99012048 / 84128481

AAPPOOIIOO

PPÁÁGGIINNAA 1122EMAIL: [email protected] www.revistaperspectiva.blogspot.com

Page 14: Revista Perspectiva - Ed I - Junho - 2010

EEDDIIÇÇÃÃOO II -- AANNOO II -- JJUUNNHHOO//22001100

EEQQUUIIPPEEFÁBIO DIAS SILVEIRA (ARTE, DESENHO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO FINAL).

GILBERTO BATISTA NOTARGIACOMO (ORGANIZAÇÃO).

RICARDO OLIVEIRA (ORGANIZAÇÃO).

VALTER CARDOSO JUNIOR (EDITORIAL E ORGANIZAÇÃO).

CCOONNTTAATTOO

EEMMAAIILL:: rreeppeerrssppeeccttiivvaa@@ggmmaaiill..ccoomm

BBLLOOGG:: wwwwww..rreevviissttaappeerrssppeeccttiivvaa..bbllooggssppoott..ccoomm

PPÁÁGGIINNAA 1133EMAIL: [email protected] www.revistaperspectiva.blogspot.com