Revista Petrópolis

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Petrópolis Rio de Janeiro Março 2011 Distribuição Gratuita Nº 23 Confira a Programação Cultural

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Edição 23 - Março de 2011

Transcript of Revista Petrópolis

PetrópolisRio de JaneiroMarço 2011Distribuição Gratuita

Nº 23Confira aProgramação Cultural

aniversário de dois anos da publicação!

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Aniversário da cidade

trade turístico

transformar

Comitê AgendaPositiva Petrópolis

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo

Hora da virada

As águas do verão vieram – e passaram. Desta vez,

porém, deixaram um desafio: recuperar a imagem da

Petrópolis Imperial, “arranhada” por notícias que,

embora verdadeiras, felizmente não refletem toda a

realidade. Sim: a Região Serrana sofreu, por um

revés natural de grandes proporções. Porém, por

maiores que tenham sido as perdas humanas e

materiais, o mais importante é: temos como

recomeçar. Nossos múltiplos atrativos não foram

atingidos. O trade turístico, o comércio, os serviços, a

maioria de nosso parque industrial: tudo continua

funcionando. Isso significa que a economia, mola

essencial do desenvolvimento, permanece atuante

naquilo que tem de mais essencial, neste momento:

suprir-nos de “combustível” para reerguer, retomar,

seguir em frente – enfim, para “virar a página”.

Para tanto, foi constituído o Comitê Agenda Positiva

Petrópolis (CAPP), formado pela Prefeitura, a

Fundação de Cultura e Turismo, a TurisRio, o PC&VB,

o Sicomércio, a ARTE (Associação dos Empresários

da Rua Teresa), SID-Petrópolis, Museu Imperial e as

instâncias regionais do IPHAN, CDL, ABIH,

ABRASEL, FIRJAN e SEBRAE. As entidades, que

integram o COMTUR (Conselho Municipal de

Turismo) têm tomado diversas iniciativas voltadas

para a recuperação da imagem da cidade.

Dentre as ações realizadas pelo CAPP estão o Plano

de Recuperação Econômica, que originou o

documento apresentado ao Ministério do Turismo,

através do Consórcio Serra Carioca. Houve ainda o

encaminhamento aos governos estadual e federal de

pedidos de prorrogação de impostos para as

empresas afetadas direta e indiretamente, além da

criação de uma agenda positiva com os principais

eventos e inaugurações de novos empreendimentos

e atrativos que, serão importantes ferramentas de

atração de turistas e visitantes à Petrópolis, como por

exemplo: Bauernfest – Festa do Colono Alemão,

Inauguração do Museu da Cerveja, Festival de

Inverno, Rua Teresa Fashion, Petrópolis Gourmet,

Festival de Ciência e Tecnologia, Natal de Luz, entre

outros.

O Portal Destino Petrópolis, lançado com a presença

do ministro do Turismo, Pedro Novais e do secretário

de Estado de Turismo, Ronald Ázaro, entre outras

autoridades, já é uma ferramenta viva: nas asas da

internet, registra e dissemina na rede mundial nossos

muitos tesouros históricos, patrimoniais, naturais e

humanos, estimulando a visita daqueles que, desde

sempre, agregam riqueza à cidade. Símbolo desta

mobilização positiva, o show “Abrace a Serra” levou

ao Parque Municipal de Itaipava grandes nomes

como Djavan, Alcione, Lenine e Toni Garrido, entre

outros, para avisar: continuamos, como sempre,

prontos para receber a todos. E, neste mesmo

espírito, grandes atrações são aguardadas no

Aniversário da cidade, como mostra o encarte da

Programação Cultural.

Assim, esta revista Petrópolis de março de 2011 –

aniversário de dois anos da publicação! – é também

uma demonstração do muito que construímos: e que

segue crescendo, frutificando e nos mostrando que

nossas metas não podem ser abandonadas. Para

isso servem os revezes: para testar nossa

capacidade de somar, realizar, transformar.

Petrópolis já mostrou que pode fazê-lo. De modo que

só nos resta agradecer por sua fiel e essencial

parceria cidadã – e convidá-lo a permanecer conosco,

no leme da transformação. Que não se faz em um,

mas todos os dias, sempre no sentido do

desenvolvimento sustentável e da manutenção dos

nossos maiores valores.

A REVISTA DA CULTURA E DO TURISMO

PREFEITURA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS Prefeito: Paulo Mustrangi

FUNDAÇÃO DE CULTURA E TURISMO DE PETRÓPOLIS Diretor-Presidente: Charles Rossi

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Isabela Lisboa (MTB 40.621/SP)

TEXTOS: Isabela Lisboa e Eliane Maciel

GERENTE DE PROGRAMAÇÃO CULTURAL: Pedro Troyack

DESIGN GRÁFICO: DOM Criatividade | IMPRESSÃO: Editora e Gráfica Sumaúma

CENTRO DE CULTURA RAUL DE LEONI: Praça Visconde de Mauá, 305 - Centro | Tel.:(24) 2233 1201

Site: www.petropolis.rj.gov.br | TIRAGEM: 6.000 exemplares

Fale conosco: [email protected]

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da cidade em tempo real.

@revpetropolis@revpetropolis

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 05

Texto e Fotos: Isabela Lisboa

Serviço:

FASE/FMP

Av. Barão do Rio Branco, nº 1003 – Centro

Tel: (24) 2244-6464

www.fmpfase.edu.br

ntre os casarões e palacetes do século XIX, que

atraem milhares de turistas todos os anos, uma

construção moderna se destaca ao unir tecnologia e

sustentabilidade, com bens tombados totalmente

preservados.

O Campus da FASE/FMP (Faculdade Arthur Sá Earp Neto e

Faculdade de Medicina de Petrópolis), localizado em um dos

endereços mais nobres da cidade – a Avenida Rio Branco –

foi inaugurado em 2006 em um terreno de 92 mil metros

quadrados.

Por se tratar de uma área tombada, o projeto teve de respeitar

todas as normas de órgãos como IPHAN, INEPAC e da

Prefeitura de Petrópolis. Entre elas, o prédio central deveria

causar o menor impacto visual possível e os jardins e casas já

existentes, que faziam parte dos três terrenos adquiridos

deveriam ser preservados.

A construção não seguiu nenhum estilo específico, porém o

projeto buscou na racionalidade do modernismo, um ritmo

determinado pela estrutura que sobressai nas fachadas,

deixando claras as suas funções.

Rodeado pela Mata Atlântica, o prédio é um ambiente que se

traduz em transparência, com paredes e teto de vidro, o que

proporciona a integração com a natureza, através de muitas

janelas. O objetivo desta arquitetura é aproximar os alunos

dos professores e coordenadores de curso, tornando o local

mais agradável para os estudos.

Entre os destaques do Campus, estão: a beleza dos 60 mil

metros quadrados de mata nativa; o Teatro - Sala Arthur Sá

Earp Neto, com capacidade para 400 pessoas, projetado

para atender aos mais diversos programas (científicos,

culturais, musicais), com suas paredes de pedra e telhado de

cobre; o foyer – na entrada principal do prédio, que possui

cobertura de vidro e pé direito muito alto, constituindo espaço

de recepção e reunião da comunidade e a biblioteca, cujo

ambiente de aconchego e conforto está aliado ao ambiente

externo pelos painéis de vidro que a circundam.

Construído especialmente para abrigar cursos na área da

saúde, o campus possui o que há de mais moderno em

equipamentos e instalações. Todos os laboratórios foram

construídos dentro dos padrões de biossegurança.

As casas tombadas, principalmente a reitoria, o centro

cultural, a casa branca, representam e ilustram os típicos

chalés e construções residenciais de Petrópolis da primeira

metade do século XX. Recebem constante manutenção e

abrigam os setores administrativos da instituição.

Atualmente, no Centro Cultural abriga a exposição “Corpo:

anatomia, arte e tecnologia” que acontece até abril.

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo06

Ciranda das ArtesO Projeto Ciranda das Artes chega à sexta edição, cheio de

novidades. Mais de 20 oficinas estão sendo oferecidas,

ampliando a oferta de vagas: em 2010, o projeto atendeu

cerca de 700 alunos. Este ano, com o crescimento das

modalidades, mais de mil pessoas serão beneficiadas. Os

professores foram selecionados através de edital, com mais

de 80 projetos inscritos. Dentre os novos cursos estão:

Artesanato com fios, Fotografia, Iniciação Musical para

crianças, Hip-Hop, Yoga na hora do almoço, entre outros.

Mais informações www.petropolis.rj.gov.br ou pelo telefone

(24) 2233-1221

Novas ambulâncias reforçam a infraestrutura da cidade

Agora, Petrópolis conta com um atendimento

emergencial ainda mais completo. Após as

inaugurações das UPA's Cascatinha e Centro em

2010, a Secretaria Estadual de Saúde entregou,

no inicio de fevereiro, quatro ambulâncias para o

SAMU (Serviço Móvel de Urgência). A iniciativa

faz parte do projeto de recuperação da

infraestrutura da cidade, que contou também com

a entrega de 54 casas no bairro Carangola para

famílias incluídas no aluguel social.

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Acontece até o dia 01 de maio, no Centro de Cultura Raul

de Leoni, a exposição Stefan Zweig Vive. Autor de

“Brasil, um país do futuro” e um dos mais importantes

escritores de língua alemã do século XX, Zweig escolheu

Petrópolis como refúgio da perseguição nazista.

A exposição mostra a trajetória e os diferentes estágios

da vida do escritor, dentre elas, as vindas do autor ao

Brasil, a recepção de sua obra em nosso país e,

especialmente, o período petropolitano, quando

escreveu a novela Xadrez. Imperdível!

Stefan Zweig Vive

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Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 07

Projeto Corredor CulturalIniciativa do Ministério Público do Estado do Rio de

Janeiro, o projeto Corredor Cultural, que faz parte

do Plano Municipal de Cultura, é exemplo de união

entre sociedade civil e poder público. O projeto

ainda esta em fase de elaboração inicial pelo grupo

que o propôs, mas já se destaca pelo caráter

multicultural, conciliatório e inclusivo.

Segundo a promotora Vanessa Katz, uma das

metas do projeto é tirar empresários e artistas da

marginalidade e ter espaços para todas as formas

de expressão artística e cultural, possibilitando a

todos o exercício da cidadania.

Comitê Agenda Positiva PetrópolisHora de mostrar que a Petrópolis Imperial está totalmente preservada e pronta

para receber todos os que quiserem visitá-la. Com este espírito, o COMTUR

(Conselho Municipal de Turismo) constituiu o Comitê Agenda Positiva Petrópolis

(CAPP). Formado pelo poder público e instituições privadas o comitê tem tomado

diversas iniciativas para recuperar a imagem da cidade e reerguer a economia

local. Dentre estas ações, estão o Plano de Recuperação Econômica, através do

Consórcio Serra Carioca; o encaminhamento de pedidos de prorrogação de

impostos aos governos estadual e federal, para as empresas afetadas e a criação

de uma agenda positiva com os principais eventos e inaugurações de novos

empreendimentos e atrativos.

Mais informações: [email protected]

Portal Destino PetrópolisForam lançados em fevereiro, com a presença do ministro do Turismo

Pedro Novais e o secretário estadual de Turismo, Ronald Azaro, o

Inventário Turístico de Petrópolis e o Portal Destino Petrópolis,

elaborado pelo Instituto Ideias. O objetivo é divulgar e promover a

Petrópolis Imperial, especialmente, entre possíveis turistas e

visitantes. Para tanto, o Portal oferece fácil acesso aos mapas,

calendário anual de eventos, área de notícias, entre outras

informações. O sistema permite ainda, a criação de roteiros turísticos

individualizados, além dos 21 roteiros já disponibilizados, que visam

facilitar a circulação do turista por toda a cidade. Basta acessar:

www.destinopetropolis.com.br

Texto: Eliane Maciel

Fotos: Arquivo Histórico Biblioteca Gabriela Mistral; Alexandre Peixoto

e Jaci Correa.

, final do verão. O Príncipe Regente D. Pedro

inicia uma longa viagem até Vila Rica, em Minas

Gerais. Partindo do cais da Praça XV, no Rio de

Janeiro, ele atravessa a Baía de Guanabara até Magé e é envolvido pela

Mata Atlântica, ao subir a Serra da Estrela pelo Caminho Novo de

Bernardo Proença. No percurso, é hospedado pelo Padre Corrêa em sua

fazenda, considerada a mais bem administrada da região de Serra Acima.

E tudo ali agrada ao futuro Imperador do Brasil: o clima ameno. A

suavidade do verde. As cachoeiras cristalinas. A cultura de frutas

europeias, convivendo com espécies tropicais. Logo, a Casa do Padre

Corrêa se transforma num de seus recantos favoritos para descansar, com

a família. Anos mais tarde, o Imperador se propõe a comprar a área.

Porém, a herdeira do Padre Corrêa - sua irmã, D. Archângela – alega

razões sentimentais para não se desfazer da propriedade e indica a

fazenda vizinha, do Córrego Seco, como opção. D. Pedro a adquire, e

também algumas outras. Seu objetivo: construir uma cidade de veraneio

que levasse seu nome.

1831. Forçado pela crise política que atinge Portugal, D. Pedro I abdica do

trono brasileiro em favor do filho mais velho, e parte para seu país natal. D.

Pedro II, porém, é ainda uma criança. Pela longa década seguinte, o

nascente Império do Brasil se debaterá nas mãos de diversas regências,

até que o povo exija a antecipação da maioridade do Imperador: um

circunspecto adolescente, educado para a imensa responsabilidade que

assumirá. De sua infância precocemente perdida, ele guarda, porém,

boas lembranças: algumas, da Fazenda do Padre Corrêa, onde passou

momentos felizes, com os irmãos. E assim, em 1843, ele resolve retomar o

projeto quase esquecido de seu pai – a fundação de Petrópolis – como um

marco de seu jovem governo.

Esta é a origem da Cidade Imperial que, em 16 de março, completa mais

um aniversário, guardando todo o encanto que a fez eleita por nobres,

artistas, intelectuais e mandatários da República, desde o século XIX. Já

em sua origem, os colonos alemães comandados pelo arquiteto e

engenheiro Major Julio Koeler – seguidos, pouco mais tarde, por

brasileiros e também por outros imigrantes europeus, principalmente

italianos e portugueses - souberam imprimir à cidade uma fisionomia única

que a destaca, no cenário nacional e internacional. Considerada pelo

Ministério do Turismo um dos 65 municípios indutores do turismo regional,

a Petrópolis Imperial, com sua atmosfera alpina e elegância totalmente

preservada, continua a ser uma preciosidade histórica e arquitetônica. E a

beleza da mata nativa, que emoldura cada cenário desta que é a primeira

cidade planejada da América Latina, contribui para que ela guarde em si

uma fusão de requinte, natureza, beleza, arte e história que a mantém, no

século XXI, como um sinônimo de inspiração, tranquilidade, repouso e

saúde para gerações de turistas e visitantes.

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo08

Já o relato do Conde Ponthoz é muito afeito aos dados socioeconômicos, pois o autor foi, por 10 anos, representante da Bélgica junto ao

Império Brasileiro: e Le Budget du Brésil é, portanto, como um síntese desta vasta experiência. Além de atestar que Petrópolis possuía, na

década de 1850, uma população fixa de 2.565 germânicos – dos quais apenas 106 tinham mais de 50 anos - o Conde informava que a

povoação era bastante próspera: já contava com 691 casas – “468 das quais alcançavam valor aproximado de um milhão de francos, segundo

documentos oficiais” - e uma superfície cultivada de quase 572 mil braças. Além disso, “os trabalhos empreendidos por operários europeus

subiam a 446 mil francos.” Demonstrando sua vocação para ser, também, um polo de educação, cultura e arte, Ponthoz registrou ainda que a

comunidade já contava, à época de sua visita, com duas escolas primárias católicas, que ensinavam 112 meninos e 99 meninas e, nada menos

do que seis escolas de música, que reuniam de “300 a 400 alunos”.

Passado todo este tempo, Petrópolis ainda tem muito a oferecer. A evolução urbana multiplicou seus atrativos e tornou-a um dos destinos mais

acessíveis e desejáveis do estado do Rio de Janeiro, a apenas 40 minutos do Aeroporto Internacional e à uma hora, de carro, do Rio de Janeiro.

Por isso, ainda hoje, os 1 milhão e 200 mil visitantes e turistas que, todos os anos, realizam a ascensão, montanha acima, rumo à cidade,

atravessam um cenário pleno de verde para encontrar uma cidade que se parece com uma pequena caixa de joias encravada entre

montanhas. Um lugar privilegiado, onde todos são chamados a desfrutar de experiências inesquecíveis capazes de mexer com a imaginação e

de cativar, para sempre.

Encantar parece ser, de fato, a vocação maior desta cidade: uma característica

manifestada muito precocemente. Não se tem notícias de alguém que tivesse

ficado imune aos seus sortilégios. Além do Imperador e de sua corte, que

provocaram o primeiro “boom” imobiliário e presentearam o centro com as

construções, hoje, históricas, a cidade sempre mereceu a atenção e os relatos

entusiasmados de ilustres admiradores. Dentre estes primeiros “apaixonados”

estão alguns viajantes estrangeiros que, desde os primórdios da povoação, já

registravam as características, realmente, muito especiais do lugar. Dois destes

relatos se transformaram também em importantes registros sobre o cotidiano e o

modo de viver dos primeiros habitantes: as memórias de viagem do zoólogo

prussiano Hermann Burmeister, que passou por aqui em 1851; e a obra em três

volumes publicada em Bruxelas, em 1854, pelo Conde Auguste van der Straten

Ponthoz. Burmeister, apesar de zoólogo, não se limita a observar a fauna

abundante da região: faz também várias narrativas sobre o prazer de encontrar,

na serra fluminense, uma florescente colônia germânica, com a qual ele

estabeleceu um prazeroso contato, pelas muitas afinidades de língua e

costumes. Em suas palavras, a Petrópolis com apenas oito anos de idade poderia

ser comparada com “um balneário europeu em construção”: em toda parte

construía-se, carregava-se areia, transportava-se pedras, limpava-se ruas”. E,

dentre suas páginas mais deliciosas, está aquela em que descreve a recepção

que teve, em Correas, na casa de um sapateiro suábio: dentre outras descrições,

o viajante declara que se sentiu, ali, quase como que na Baviera, inclusive pelos

hábitos cotidianos e pelos trajes da esposa e da filha do imigrante.

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 09

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo10 Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo10

Prêmio Maestro Guerra-Peixe de Cultura chega à

sua segunda edição. No dia 18 de março (data de

aniversário de seu patrono, o compositor César Guerra-

Peixe), o Theatro D. Pedro será o palco da premiação

daqueles que se destacaram na área da Cultura, em 2010.

O prêmio, criado em 2009 pela Prefeitura de Petrópolis, por

meio da Fundação de Cultura e Turismo, tem como objetivo

reconhecer o talento de produtores, artistas, escritores e

todos aqueles que, durante todo o ano, trabalham para levar

ao público o melhor da cultura de Petrópolis.

Os indicados, que irão concorrer a uma estatueta em bronze

artístico criada pelo escultor petropolitano Sergio Cestari,

estão divididos em 11 categorias: Música, Teatro, Dança,

Artes Visuais, Literatura, Comunicação, Audiovisual,

Produção Cultural, Categoria Especial, Notório

Reconhecimento e Canto Coral (nova categoria inserida

devido à grande tradição do segmento, na cidade).

Na categoria Notório Reconhecimento, o Prêmio Maestro Guerra-Peixe de Cultura deste ano faz uma justa homenagem ao Cartunista

Lan, residente em Pedro do Rio há 35 anos e que, há mais de 50, nos presenteia com seus desenhos cheios de curvas e bem humorados.

Com seu olhar único, eles retratam o nosso cotidiano e as paixões que fizeram este italiano brasileiríssimo nunca mais deixar o Rio de

Janeiro: o futebol, o samba e as mulheres.

Prêmio Maestro Guerra-Peixe elege os melhores de 2010Texto: Isabela Lisboa | Fotos: Alexandre Peixoto

Maior expoente petropolitano na área da música, o Maestro Guerra-

Peixe recebe mais uma justa homenagem. Dia 18 de março, data de

seu aniversário (ele completaria 97 anos), além do grande prêmio

da cultura que leva seu nome, o compositor ganhará um busto em

bronze confeccionado pelo artista plástico Sergio Cestari. A obra

será instalada em frente à Praça dos Expedicionários, bem próxima

ao Theatro D. Pedro. Na ocasião será também inaugurado, no

mesmo local, o espaço Maestro Guerra-Peixe.

Lan - Notório Reconhecimento

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Texto: Eliane Maciel

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo

e você tem interesse pela Cultura petropolitana, uma

coisa é certa: vai ouvir falar muito na sigla SMC.

Afinal, ela significa Sistema Municipal de Cultura,

um marco significativo aprovado pela Câmara

Municipal em dezembro de 2010, que colocou

Petrópolis, automaticamente, na vanguarda da gestão

cultural, perante o cenário nacional.

O objetivo do SMC, estabelecido em linha com as

orientações do Sistema Nacional de Cultura, é proporcionar

efetivas condições para o exercício da cidadania cultural à

todos os petropolitanos, estabelecer novos mecanismos de

gestão pública das políticas culturais e criar instâncias de

participação de todos os segmentos sociais atuantes no

meio cultural. Para alcançar este amplo objetivo, o SMC é

composto por diversos instrumentos institucionais (veja

quadro). A maioria destes instrumentos já está atuante e, até

o final de 2011, todos estarão operando, em caráter

permanente. Para tanto, a Fundação de Cultura e Turismo já

está trabalhando para implementar o Sistema Municipal de

Informações e Indicadores Culturais – que reunirá os dados

do Censo Cultural e criará indicadores de desempenho para

o setor – e do Sistema Municipal de Formação e

Capacitação Cultural.

Agora, todo este grande avanço, que começou em outubro

de 2009 com a realização da Primeira Conferência

Municipal de Cultura, já está repercutindo (e bem!) além dos

limites da cidade. Por ter estabelecido um sistema municipal

completo e perfeitamente alinhado com as orientações do

Ministério da Cultura, a cidade também se tornou uma das

pioneiras no Sistema Nacional de Cultura, onde ingressou

em fevereiro de 2011, já com um avançado estágio de

organização do Sistema local. Tudo isso representa uma

gestão mais democrática e participativa, e com

oportunidades para todos. Além de garantir, é claro,

continuidade das boas iniciativas, que passam a ser

acompanhadas, de perto, pela sociedade organizada.

Conselho Municipal de Cultura – Criado

em 2006, o CMC é um colegiado composto

pelo Poder Público e pela Sociedade Civil.

Passa a ter, na nova estrutura, caráter

consultivo, deliberativo e fiscalizador;

Fundação Municipal de Cultura e Turismo

– Órgão da administração indireta

encarregado de elaborar e executar os

programas culturais na cidade.

Conferência Municipal de Cultura -

Realizada a cada dois anos, é a instância

máxima de participação e deliberação do

Sistema Municipal de Cultura. Nela, toda a

sociedade pode expor suas opiniões e

sugestões para o setor.

Plano Municipal de Cultura - Instrumento

de planejamento das ações, dos projetos,

dos programas e do conjunto das políticas

públicas para a cultura, em Petrópolis.

Válido por dez anos.

Fundo Municipal de Cultura - Promove o

desenvolvimento cultural do município,

através do financiamento de projetos

artístico-culturais constantes do Plano

Municipal de Cultura.

Sistema Municipal de Informações e

Indicadores Culturais - instrumento de

reconhecimento da cidadania cultural e de

gestão das políticas públicas municipais de

cu l tu ra . Ne le são organ izadas e

disponibilizadas informações sobre os

diversos fazeres culturais do município, bem

como seus espaços e produtores.

Sistema Municipal de Formação e

Capacitação Cultural – conjunto de ações

contínuas voltadas para a formação,

capacitação e recapacitação dos gestores

culturais e agentes culturais - artistas,

produtores e técnicos do setor - bem como

para o fomento de pesquisas no campo

artístico/cultural.

Na porta da antiga estação de trem de Cascatinha (transformada em Centro Cultural

em 2004), encontramos Wilma Borsato. Com um sorriso, ela nos convida a “viajar”

para uma época onde italianos recém-chegados de sua terra natal buscavam o

sonho de uma vida melhor, nas fábricas de tecidos de Petrópolis.

Apaixonada por Cascatinha, há mais de 30 anos D. Wilma preserva a história e a

cultura do local em que nasceu e no qual vive, até hoje. Atualmente, ela reúne no

Centro Cultural (que leva seu nome), cerca de 2.500 fotos e 1.500 documentos.

E é neste cenário que ela nos conta a sua trajetória de lutas em nome da preservação

do patrimônio deste distrito da cidade.

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo12

Texto e Fotos: Isabela Lisboa

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 13

RP – E como é feito o trabalho de

divulgação do acervo e da história

para os jovens?

WB – Através das escolas.

Professores trazem os alunos para

visitação.

Ainda adolescente,

resolvi juntar fotos e documentos que contassem

a história do local.

Mananciais do Alcobaça), que tem

como objetivo proteger os mananciais

e essa grande área verde de mata

que temos aqui em Cascatinha. São

duas lindas cascatas que estavam

sendo esquecidas e mal cuidadas.

Entre as conquistas da Associação

está a transformação da Floresta da

Alcobaça em área de preservação

ambiental, pertencente ao IBAMA.

RP: Em 1995 a senhora foi eleita

vereadora, sendo a segunda

mulher na cidade a ocupar o cargo.

A política foi o caminho para novas

conquistas em prol do distrito?

WB – Sou aposentada da Previdência

Social e nos anos em que trabalhei lá

percebia que as pessoas mais

humildes tinham necessidade de ter

alguém para lutar pelos seus direitos.

Além disso, a vereança também era

uma forma de defender Cascatinha.

RP: Na época a senhora sentiu

alguma dificuldade por ser mulher

num cargo, tradicionalmente,

ocupado por homens?

WB: Não senti dificuldades, pois

antes de subir na tribuna eu

pesquisava muito, pensava muito no

que tinha que fazer e estava sempre

pronta para reagir a tudo que viesse.

RP: A senhora é conhecida em

Petrópolis por sua luta pela

preservação do patr imônio

histórico e cultural de Cascatinha.

Como surgiu essa paixão?

WB: Sou descendente de italianos.

Meus avós vieram para Petrópolis,

trabalhar na fábrica que havia sido

aberta em Cascatinha, onde mais

tarde, meus pais também foram

empregados.

Como moradora, vi que Cascatinha

tinha muito o que contar e que este

patrimônio cultural poderia ficar

esquecido. Então, ainda adolescente,

resolvi juntar fotos e documentos que

contassem um pouco da história do

local.

RP – E nada melhor que a antiga

estação de trem, como sede para a

preservação desta memória.

W.B. – Esta estação de trem tem uma

importância histórica enorme para a

colonização italiana da cidade, pois

foi através dela que os imigrantes

operários chegaram ao Cascatinha,

intensificando a ocupação da região.

Em 2004, a estação estava

desativada há vários anos, então

pensei: “porque não mostrar aqui a

história de Cascatinha para os seus

moradores mais novos?”

RP: Além do trabalho de resgate

da história de Cascatinha, a

senhora também sempre esteve à

f rente de movimentos de

preservação do patrimônio

natural do distrito. Conseguiu,

inclusive, impedir que a Floresta

da Alcobaça se transformasse em

área de especulação imobiliária.

WB – É verdade. Em 1984,

juntamente com a minha filha

Rosiane e a moradora do bairro, Ana

L ú c i a , f u n d a m o s a A D M A

(Associação em Defesa aos

B i s b i l h o t e c a

A tradição do Carnaval em PetrópolisTexto: | Fotos: Museu Imperial/IBRAM/MinC

Arquivo Histórico Biblioteca Gabriela Mistral

Isabela Lisboa

o contrário do que muitos pensam, as primeiras

manifestações carnavalescas que fizeram

surgir o Corso Carioca podem ter surgido bem

aqui, na Petrópolis Imperial.

Enquanto estudiosos mencionam o surgimento do Corso no

Rio de Janeiro em 1907, em Petrópolis encontramos registros

e fotografias de desfiles semelhantes em 1868. Na época,

carros alegóricos e carroças decoradas já desfilavam pelas

ruas da cidade.

Residência do “high society” no verão, Petrópolis estava

acostumada a aderir ao que a alta sociedade importava:

desde grandes espetáculos teatrais, festas e, claro, bailes

carnavalescos e ao carnaval de rua.

Tudo indica que a alegria e a irreverência do folião carioca

tenham se somado com a cultura local, no momento que os

petropolitanos passaram a participar das festividades,

através da confecção de carros alegóricos e da decoração de

suas carroças.

Tanto que, em 1880, já fazia sucesso na cidade a “Batalha das

Flores”, que acontecia na antiga Praça D. Afonso (atual Praça

da Liberdade) e arrastava multidões pelas ruas. Surgia assim,

a primeira manifestação daquilo que, mais tarde, viria a ser o

Corso.

Aos poucos as charretes foram substituídas pelos

calhambeques e, no inicio do século XX, o carnaval incorpora

o confete e a serpentina como símbolos da grande festa. A

classe média, ainda emergente, adere de vez às festividades.

Após a Segunda Guerra Mundial, a badalação cresce dentro dos

bailes de salão. E é no recém-inaugurado Hotel Cassino

Quitandinha que importantes personalidades do mundo artístico

e político circulam, numa badalação digna de filmes

holywoodianos.

Outra instituição que também teve seus tempos de glória foi o

Petropolitano Futebol Clube que, na década de 1950, dividia as

atenções de artistas famosos com o Quitandinha. Já os clubes de

bairros como o Rio Branco, o Harmonia, o Esporte Clube Dom

Pedro, o Palmeira, o Cruzeiro do Sul e tantos outros, atraiam a

população local.

A década de 1940 é marcada pelo surgimento dos blocos e

ranchos na avenida 15 de novembro (atual Rua do Imperador)

que mais tarde dariam origem as atuais escolas de samba.

Dentre elas, as mais antigas são a Estrela do Oriente e a 24 de

Maio que chegou na década de 1960, a gravar um disco e, por

pouco, não desceu a Serra para brilhar com as grandes escolas

do Rio de Janeiro. Atualmente, duas ligas - UPEC (União

Petropolitana de Entidades Carnavalescas e a LEBOP (Liga de

Escolas e Blocos Carnavelescos de Petrópolis) - unem 15

escolas de samba e 11 blocos carnavalescos que fazem a alegria

do Carnaval de Petrópolis.

14 Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo

Batalha das Flores - 1880

Grupo carnavalesco 1868, a atriz Rita Hayworth

ao lado de Judith Bueno (vestida de Cleopatra)

no Quitandinha, em 1962 e Baile do Petropolitano.

Biblioteca Gabriela Mistral -