Revista Petrópolis
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Aniversário da cidade
trade turístico
transformar
Comitê AgendaPositiva Petrópolis
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo
Hora da virada
As águas do verão vieram – e passaram. Desta vez,
porém, deixaram um desafio: recuperar a imagem da
Petrópolis Imperial, “arranhada” por notícias que,
embora verdadeiras, felizmente não refletem toda a
realidade. Sim: a Região Serrana sofreu, por um
revés natural de grandes proporções. Porém, por
maiores que tenham sido as perdas humanas e
materiais, o mais importante é: temos como
recomeçar. Nossos múltiplos atrativos não foram
atingidos. O trade turístico, o comércio, os serviços, a
maioria de nosso parque industrial: tudo continua
funcionando. Isso significa que a economia, mola
essencial do desenvolvimento, permanece atuante
naquilo que tem de mais essencial, neste momento:
suprir-nos de “combustível” para reerguer, retomar,
seguir em frente – enfim, para “virar a página”.
Para tanto, foi constituído o Comitê Agenda Positiva
Petrópolis (CAPP), formado pela Prefeitura, a
Fundação de Cultura e Turismo, a TurisRio, o PC&VB,
o Sicomércio, a ARTE (Associação dos Empresários
da Rua Teresa), SID-Petrópolis, Museu Imperial e as
instâncias regionais do IPHAN, CDL, ABIH,
ABRASEL, FIRJAN e SEBRAE. As entidades, que
integram o COMTUR (Conselho Municipal de
Turismo) têm tomado diversas iniciativas voltadas
para a recuperação da imagem da cidade.
Dentre as ações realizadas pelo CAPP estão o Plano
de Recuperação Econômica, que originou o
documento apresentado ao Ministério do Turismo,
através do Consórcio Serra Carioca. Houve ainda o
encaminhamento aos governos estadual e federal de
pedidos de prorrogação de impostos para as
empresas afetadas direta e indiretamente, além da
criação de uma agenda positiva com os principais
eventos e inaugurações de novos empreendimentos
e atrativos que, serão importantes ferramentas de
atração de turistas e visitantes à Petrópolis, como por
exemplo: Bauernfest – Festa do Colono Alemão,
Inauguração do Museu da Cerveja, Festival de
Inverno, Rua Teresa Fashion, Petrópolis Gourmet,
Festival de Ciência e Tecnologia, Natal de Luz, entre
outros.
O Portal Destino Petrópolis, lançado com a presença
do ministro do Turismo, Pedro Novais e do secretário
de Estado de Turismo, Ronald Ázaro, entre outras
autoridades, já é uma ferramenta viva: nas asas da
internet, registra e dissemina na rede mundial nossos
muitos tesouros históricos, patrimoniais, naturais e
humanos, estimulando a visita daqueles que, desde
sempre, agregam riqueza à cidade. Símbolo desta
mobilização positiva, o show “Abrace a Serra” levou
ao Parque Municipal de Itaipava grandes nomes
como Djavan, Alcione, Lenine e Toni Garrido, entre
outros, para avisar: continuamos, como sempre,
prontos para receber a todos. E, neste mesmo
espírito, grandes atrações são aguardadas no
Aniversário da cidade, como mostra o encarte da
Programação Cultural.
Assim, esta revista Petrópolis de março de 2011 –
aniversário de dois anos da publicação! – é também
uma demonstração do muito que construímos: e que
segue crescendo, frutificando e nos mostrando que
nossas metas não podem ser abandonadas. Para
isso servem os revezes: para testar nossa
capacidade de somar, realizar, transformar.
Petrópolis já mostrou que pode fazê-lo. De modo que
só nos resta agradecer por sua fiel e essencial
parceria cidadã – e convidá-lo a permanecer conosco,
no leme da transformação. Que não se faz em um,
mas todos os dias, sempre no sentido do
desenvolvimento sustentável e da manutenção dos
nossos maiores valores.
A REVISTA DA CULTURA E DO TURISMO
PREFEITURA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS Prefeito: Paulo Mustrangi
FUNDAÇÃO DE CULTURA E TURISMO DE PETRÓPOLIS Diretor-Presidente: Charles Rossi
JORNALISTA RESPONSÁVEL: Isabela Lisboa (MTB 40.621/SP)
TEXTOS: Isabela Lisboa e Eliane Maciel
GERENTE DE PROGRAMAÇÃO CULTURAL: Pedro Troyack
DESIGN GRÁFICO: DOM Criatividade | IMPRESSÃO: Editora e Gráfica Sumaúma
CENTRO DE CULTURA RAUL DE LEONI: Praça Visconde de Mauá, 305 - Centro | Tel.:(24) 2233 1201
Site: www.petropolis.rj.gov.br | TIRAGEM: 6.000 exemplares
Fale conosco: [email protected]
Siga a Revista Petrópolisno Twitter e fique por dentro das novidades
da cidade em tempo real.
@revpetropolis@revpetropolis
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 05
Texto e Fotos: Isabela Lisboa
Serviço:
FASE/FMP
Av. Barão do Rio Branco, nº 1003 – Centro
Tel: (24) 2244-6464
www.fmpfase.edu.br
ntre os casarões e palacetes do século XIX, que
atraem milhares de turistas todos os anos, uma
construção moderna se destaca ao unir tecnologia e
sustentabilidade, com bens tombados totalmente
preservados.
O Campus da FASE/FMP (Faculdade Arthur Sá Earp Neto e
Faculdade de Medicina de Petrópolis), localizado em um dos
endereços mais nobres da cidade – a Avenida Rio Branco –
foi inaugurado em 2006 em um terreno de 92 mil metros
quadrados.
Por se tratar de uma área tombada, o projeto teve de respeitar
todas as normas de órgãos como IPHAN, INEPAC e da
Prefeitura de Petrópolis. Entre elas, o prédio central deveria
causar o menor impacto visual possível e os jardins e casas já
existentes, que faziam parte dos três terrenos adquiridos
deveriam ser preservados.
A construção não seguiu nenhum estilo específico, porém o
projeto buscou na racionalidade do modernismo, um ritmo
determinado pela estrutura que sobressai nas fachadas,
deixando claras as suas funções.
Rodeado pela Mata Atlântica, o prédio é um ambiente que se
traduz em transparência, com paredes e teto de vidro, o que
proporciona a integração com a natureza, através de muitas
janelas. O objetivo desta arquitetura é aproximar os alunos
dos professores e coordenadores de curso, tornando o local
mais agradável para os estudos.
Entre os destaques do Campus, estão: a beleza dos 60 mil
metros quadrados de mata nativa; o Teatro - Sala Arthur Sá
Earp Neto, com capacidade para 400 pessoas, projetado
para atender aos mais diversos programas (científicos,
culturais, musicais), com suas paredes de pedra e telhado de
cobre; o foyer – na entrada principal do prédio, que possui
cobertura de vidro e pé direito muito alto, constituindo espaço
de recepção e reunião da comunidade e a biblioteca, cujo
ambiente de aconchego e conforto está aliado ao ambiente
externo pelos painéis de vidro que a circundam.
Construído especialmente para abrigar cursos na área da
saúde, o campus possui o que há de mais moderno em
equipamentos e instalações. Todos os laboratórios foram
construídos dentro dos padrões de biossegurança.
As casas tombadas, principalmente a reitoria, o centro
cultural, a casa branca, representam e ilustram os típicos
chalés e construções residenciais de Petrópolis da primeira
metade do século XX. Recebem constante manutenção e
abrigam os setores administrativos da instituição.
Atualmente, no Centro Cultural abriga a exposição “Corpo:
anatomia, arte e tecnologia” que acontece até abril.
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo06
Ciranda das ArtesO Projeto Ciranda das Artes chega à sexta edição, cheio de
novidades. Mais de 20 oficinas estão sendo oferecidas,
ampliando a oferta de vagas: em 2010, o projeto atendeu
cerca de 700 alunos. Este ano, com o crescimento das
modalidades, mais de mil pessoas serão beneficiadas. Os
professores foram selecionados através de edital, com mais
de 80 projetos inscritos. Dentre os novos cursos estão:
Artesanato com fios, Fotografia, Iniciação Musical para
crianças, Hip-Hop, Yoga na hora do almoço, entre outros.
Mais informações www.petropolis.rj.gov.br ou pelo telefone
(24) 2233-1221
Novas ambulâncias reforçam a infraestrutura da cidade
Agora, Petrópolis conta com um atendimento
emergencial ainda mais completo. Após as
inaugurações das UPA's Cascatinha e Centro em
2010, a Secretaria Estadual de Saúde entregou,
no inicio de fevereiro, quatro ambulâncias para o
SAMU (Serviço Móvel de Urgência). A iniciativa
faz parte do projeto de recuperação da
infraestrutura da cidade, que contou também com
a entrega de 54 casas no bairro Carangola para
famílias incluídas no aluguel social.
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Acontece até o dia 01 de maio, no Centro de Cultura Raul
de Leoni, a exposição Stefan Zweig Vive. Autor de
“Brasil, um país do futuro” e um dos mais importantes
escritores de língua alemã do século XX, Zweig escolheu
Petrópolis como refúgio da perseguição nazista.
A exposição mostra a trajetória e os diferentes estágios
da vida do escritor, dentre elas, as vindas do autor ao
Brasil, a recepção de sua obra em nosso país e,
especialmente, o período petropolitano, quando
escreveu a novela Xadrez. Imperdível!
Stefan Zweig Vive
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Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 07
Projeto Corredor CulturalIniciativa do Ministério Público do Estado do Rio de
Janeiro, o projeto Corredor Cultural, que faz parte
do Plano Municipal de Cultura, é exemplo de união
entre sociedade civil e poder público. O projeto
ainda esta em fase de elaboração inicial pelo grupo
que o propôs, mas já se destaca pelo caráter
multicultural, conciliatório e inclusivo.
Segundo a promotora Vanessa Katz, uma das
metas do projeto é tirar empresários e artistas da
marginalidade e ter espaços para todas as formas
de expressão artística e cultural, possibilitando a
todos o exercício da cidadania.
Comitê Agenda Positiva PetrópolisHora de mostrar que a Petrópolis Imperial está totalmente preservada e pronta
para receber todos os que quiserem visitá-la. Com este espírito, o COMTUR
(Conselho Municipal de Turismo) constituiu o Comitê Agenda Positiva Petrópolis
(CAPP). Formado pelo poder público e instituições privadas o comitê tem tomado
diversas iniciativas para recuperar a imagem da cidade e reerguer a economia
local. Dentre estas ações, estão o Plano de Recuperação Econômica, através do
Consórcio Serra Carioca; o encaminhamento de pedidos de prorrogação de
impostos aos governos estadual e federal, para as empresas afetadas e a criação
de uma agenda positiva com os principais eventos e inaugurações de novos
empreendimentos e atrativos.
Mais informações: [email protected]
Portal Destino PetrópolisForam lançados em fevereiro, com a presença do ministro do Turismo
Pedro Novais e o secretário estadual de Turismo, Ronald Azaro, o
Inventário Turístico de Petrópolis e o Portal Destino Petrópolis,
elaborado pelo Instituto Ideias. O objetivo é divulgar e promover a
Petrópolis Imperial, especialmente, entre possíveis turistas e
visitantes. Para tanto, o Portal oferece fácil acesso aos mapas,
calendário anual de eventos, área de notícias, entre outras
informações. O sistema permite ainda, a criação de roteiros turísticos
individualizados, além dos 21 roteiros já disponibilizados, que visam
facilitar a circulação do turista por toda a cidade. Basta acessar:
www.destinopetropolis.com.br
Texto: Eliane Maciel
Fotos: Arquivo Histórico Biblioteca Gabriela Mistral; Alexandre Peixoto
e Jaci Correa.
, final do verão. O Príncipe Regente D. Pedro
inicia uma longa viagem até Vila Rica, em Minas
Gerais. Partindo do cais da Praça XV, no Rio de
Janeiro, ele atravessa a Baía de Guanabara até Magé e é envolvido pela
Mata Atlântica, ao subir a Serra da Estrela pelo Caminho Novo de
Bernardo Proença. No percurso, é hospedado pelo Padre Corrêa em sua
fazenda, considerada a mais bem administrada da região de Serra Acima.
E tudo ali agrada ao futuro Imperador do Brasil: o clima ameno. A
suavidade do verde. As cachoeiras cristalinas. A cultura de frutas
europeias, convivendo com espécies tropicais. Logo, a Casa do Padre
Corrêa se transforma num de seus recantos favoritos para descansar, com
a família. Anos mais tarde, o Imperador se propõe a comprar a área.
Porém, a herdeira do Padre Corrêa - sua irmã, D. Archângela – alega
razões sentimentais para não se desfazer da propriedade e indica a
fazenda vizinha, do Córrego Seco, como opção. D. Pedro a adquire, e
também algumas outras. Seu objetivo: construir uma cidade de veraneio
que levasse seu nome.
1831. Forçado pela crise política que atinge Portugal, D. Pedro I abdica do
trono brasileiro em favor do filho mais velho, e parte para seu país natal. D.
Pedro II, porém, é ainda uma criança. Pela longa década seguinte, o
nascente Império do Brasil se debaterá nas mãos de diversas regências,
até que o povo exija a antecipação da maioridade do Imperador: um
circunspecto adolescente, educado para a imensa responsabilidade que
assumirá. De sua infância precocemente perdida, ele guarda, porém,
boas lembranças: algumas, da Fazenda do Padre Corrêa, onde passou
momentos felizes, com os irmãos. E assim, em 1843, ele resolve retomar o
projeto quase esquecido de seu pai – a fundação de Petrópolis – como um
marco de seu jovem governo.
Esta é a origem da Cidade Imperial que, em 16 de março, completa mais
um aniversário, guardando todo o encanto que a fez eleita por nobres,
artistas, intelectuais e mandatários da República, desde o século XIX. Já
em sua origem, os colonos alemães comandados pelo arquiteto e
engenheiro Major Julio Koeler – seguidos, pouco mais tarde, por
brasileiros e também por outros imigrantes europeus, principalmente
italianos e portugueses - souberam imprimir à cidade uma fisionomia única
que a destaca, no cenário nacional e internacional. Considerada pelo
Ministério do Turismo um dos 65 municípios indutores do turismo regional,
a Petrópolis Imperial, com sua atmosfera alpina e elegância totalmente
preservada, continua a ser uma preciosidade histórica e arquitetônica. E a
beleza da mata nativa, que emoldura cada cenário desta que é a primeira
cidade planejada da América Latina, contribui para que ela guarde em si
uma fusão de requinte, natureza, beleza, arte e história que a mantém, no
século XXI, como um sinônimo de inspiração, tranquilidade, repouso e
saúde para gerações de turistas e visitantes.
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo08
Já o relato do Conde Ponthoz é muito afeito aos dados socioeconômicos, pois o autor foi, por 10 anos, representante da Bélgica junto ao
Império Brasileiro: e Le Budget du Brésil é, portanto, como um síntese desta vasta experiência. Além de atestar que Petrópolis possuía, na
década de 1850, uma população fixa de 2.565 germânicos – dos quais apenas 106 tinham mais de 50 anos - o Conde informava que a
povoação era bastante próspera: já contava com 691 casas – “468 das quais alcançavam valor aproximado de um milhão de francos, segundo
documentos oficiais” - e uma superfície cultivada de quase 572 mil braças. Além disso, “os trabalhos empreendidos por operários europeus
subiam a 446 mil francos.” Demonstrando sua vocação para ser, também, um polo de educação, cultura e arte, Ponthoz registrou ainda que a
comunidade já contava, à época de sua visita, com duas escolas primárias católicas, que ensinavam 112 meninos e 99 meninas e, nada menos
do que seis escolas de música, que reuniam de “300 a 400 alunos”.
Passado todo este tempo, Petrópolis ainda tem muito a oferecer. A evolução urbana multiplicou seus atrativos e tornou-a um dos destinos mais
acessíveis e desejáveis do estado do Rio de Janeiro, a apenas 40 minutos do Aeroporto Internacional e à uma hora, de carro, do Rio de Janeiro.
Por isso, ainda hoje, os 1 milhão e 200 mil visitantes e turistas que, todos os anos, realizam a ascensão, montanha acima, rumo à cidade,
atravessam um cenário pleno de verde para encontrar uma cidade que se parece com uma pequena caixa de joias encravada entre
montanhas. Um lugar privilegiado, onde todos são chamados a desfrutar de experiências inesquecíveis capazes de mexer com a imaginação e
de cativar, para sempre.
Encantar parece ser, de fato, a vocação maior desta cidade: uma característica
manifestada muito precocemente. Não se tem notícias de alguém que tivesse
ficado imune aos seus sortilégios. Além do Imperador e de sua corte, que
provocaram o primeiro “boom” imobiliário e presentearam o centro com as
construções, hoje, históricas, a cidade sempre mereceu a atenção e os relatos
entusiasmados de ilustres admiradores. Dentre estes primeiros “apaixonados”
estão alguns viajantes estrangeiros que, desde os primórdios da povoação, já
registravam as características, realmente, muito especiais do lugar. Dois destes
relatos se transformaram também em importantes registros sobre o cotidiano e o
modo de viver dos primeiros habitantes: as memórias de viagem do zoólogo
prussiano Hermann Burmeister, que passou por aqui em 1851; e a obra em três
volumes publicada em Bruxelas, em 1854, pelo Conde Auguste van der Straten
Ponthoz. Burmeister, apesar de zoólogo, não se limita a observar a fauna
abundante da região: faz também várias narrativas sobre o prazer de encontrar,
na serra fluminense, uma florescente colônia germânica, com a qual ele
estabeleceu um prazeroso contato, pelas muitas afinidades de língua e
costumes. Em suas palavras, a Petrópolis com apenas oito anos de idade poderia
ser comparada com “um balneário europeu em construção”: em toda parte
construía-se, carregava-se areia, transportava-se pedras, limpava-se ruas”. E,
dentre suas páginas mais deliciosas, está aquela em que descreve a recepção
que teve, em Correas, na casa de um sapateiro suábio: dentre outras descrições,
o viajante declara que se sentiu, ali, quase como que na Baviera, inclusive pelos
hábitos cotidianos e pelos trajes da esposa e da filha do imigrante.
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 09
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo10 Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo10
Prêmio Maestro Guerra-Peixe de Cultura chega à
sua segunda edição. No dia 18 de março (data de
aniversário de seu patrono, o compositor César Guerra-
Peixe), o Theatro D. Pedro será o palco da premiação
daqueles que se destacaram na área da Cultura, em 2010.
O prêmio, criado em 2009 pela Prefeitura de Petrópolis, por
meio da Fundação de Cultura e Turismo, tem como objetivo
reconhecer o talento de produtores, artistas, escritores e
todos aqueles que, durante todo o ano, trabalham para levar
ao público o melhor da cultura de Petrópolis.
Os indicados, que irão concorrer a uma estatueta em bronze
artístico criada pelo escultor petropolitano Sergio Cestari,
estão divididos em 11 categorias: Música, Teatro, Dança,
Artes Visuais, Literatura, Comunicação, Audiovisual,
Produção Cultural, Categoria Especial, Notório
Reconhecimento e Canto Coral (nova categoria inserida
devido à grande tradição do segmento, na cidade).
Na categoria Notório Reconhecimento, o Prêmio Maestro Guerra-Peixe de Cultura deste ano faz uma justa homenagem ao Cartunista
Lan, residente em Pedro do Rio há 35 anos e que, há mais de 50, nos presenteia com seus desenhos cheios de curvas e bem humorados.
Com seu olhar único, eles retratam o nosso cotidiano e as paixões que fizeram este italiano brasileiríssimo nunca mais deixar o Rio de
Janeiro: o futebol, o samba e as mulheres.
Prêmio Maestro Guerra-Peixe elege os melhores de 2010Texto: Isabela Lisboa | Fotos: Alexandre Peixoto
Maior expoente petropolitano na área da música, o Maestro Guerra-
Peixe recebe mais uma justa homenagem. Dia 18 de março, data de
seu aniversário (ele completaria 97 anos), além do grande prêmio
da cultura que leva seu nome, o compositor ganhará um busto em
bronze confeccionado pelo artista plástico Sergio Cestari. A obra
será instalada em frente à Praça dos Expedicionários, bem próxima
ao Theatro D. Pedro. Na ocasião será também inaugurado, no
mesmo local, o espaço Maestro Guerra-Peixe.
Lan - Notório Reconhecimento
111111
Texto: Eliane Maciel
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo
e você tem interesse pela Cultura petropolitana, uma
coisa é certa: vai ouvir falar muito na sigla SMC.
Afinal, ela significa Sistema Municipal de Cultura,
um marco significativo aprovado pela Câmara
Municipal em dezembro de 2010, que colocou
Petrópolis, automaticamente, na vanguarda da gestão
cultural, perante o cenário nacional.
O objetivo do SMC, estabelecido em linha com as
orientações do Sistema Nacional de Cultura, é proporcionar
efetivas condições para o exercício da cidadania cultural à
todos os petropolitanos, estabelecer novos mecanismos de
gestão pública das políticas culturais e criar instâncias de
participação de todos os segmentos sociais atuantes no
meio cultural. Para alcançar este amplo objetivo, o SMC é
composto por diversos instrumentos institucionais (veja
quadro). A maioria destes instrumentos já está atuante e, até
o final de 2011, todos estarão operando, em caráter
permanente. Para tanto, a Fundação de Cultura e Turismo já
está trabalhando para implementar o Sistema Municipal de
Informações e Indicadores Culturais – que reunirá os dados
do Censo Cultural e criará indicadores de desempenho para
o setor – e do Sistema Municipal de Formação e
Capacitação Cultural.
Agora, todo este grande avanço, que começou em outubro
de 2009 com a realização da Primeira Conferência
Municipal de Cultura, já está repercutindo (e bem!) além dos
limites da cidade. Por ter estabelecido um sistema municipal
completo e perfeitamente alinhado com as orientações do
Ministério da Cultura, a cidade também se tornou uma das
pioneiras no Sistema Nacional de Cultura, onde ingressou
em fevereiro de 2011, já com um avançado estágio de
organização do Sistema local. Tudo isso representa uma
gestão mais democrática e participativa, e com
oportunidades para todos. Além de garantir, é claro,
continuidade das boas iniciativas, que passam a ser
acompanhadas, de perto, pela sociedade organizada.
Conselho Municipal de Cultura – Criado
em 2006, o CMC é um colegiado composto
pelo Poder Público e pela Sociedade Civil.
Passa a ter, na nova estrutura, caráter
consultivo, deliberativo e fiscalizador;
Fundação Municipal de Cultura e Turismo
– Órgão da administração indireta
encarregado de elaborar e executar os
programas culturais na cidade.
Conferência Municipal de Cultura -
Realizada a cada dois anos, é a instância
máxima de participação e deliberação do
Sistema Municipal de Cultura. Nela, toda a
sociedade pode expor suas opiniões e
sugestões para o setor.
Plano Municipal de Cultura - Instrumento
de planejamento das ações, dos projetos,
dos programas e do conjunto das políticas
públicas para a cultura, em Petrópolis.
Válido por dez anos.
Fundo Municipal de Cultura - Promove o
desenvolvimento cultural do município,
através do financiamento de projetos
artístico-culturais constantes do Plano
Municipal de Cultura.
Sistema Municipal de Informações e
Indicadores Culturais - instrumento de
reconhecimento da cidadania cultural e de
gestão das políticas públicas municipais de
cu l tu ra . Ne le são organ izadas e
disponibilizadas informações sobre os
diversos fazeres culturais do município, bem
como seus espaços e produtores.
Sistema Municipal de Formação e
Capacitação Cultural – conjunto de ações
contínuas voltadas para a formação,
capacitação e recapacitação dos gestores
culturais e agentes culturais - artistas,
produtores e técnicos do setor - bem como
para o fomento de pesquisas no campo
artístico/cultural.
Na porta da antiga estação de trem de Cascatinha (transformada em Centro Cultural
em 2004), encontramos Wilma Borsato. Com um sorriso, ela nos convida a “viajar”
para uma época onde italianos recém-chegados de sua terra natal buscavam o
sonho de uma vida melhor, nas fábricas de tecidos de Petrópolis.
Apaixonada por Cascatinha, há mais de 30 anos D. Wilma preserva a história e a
cultura do local em que nasceu e no qual vive, até hoje. Atualmente, ela reúne no
Centro Cultural (que leva seu nome), cerca de 2.500 fotos e 1.500 documentos.
E é neste cenário que ela nos conta a sua trajetória de lutas em nome da preservação
do patrimônio deste distrito da cidade.
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo12
Texto e Fotos: Isabela Lisboa
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 13
RP – E como é feito o trabalho de
divulgação do acervo e da história
para os jovens?
WB – Através das escolas.
Professores trazem os alunos para
visitação.
Ainda adolescente,
resolvi juntar fotos e documentos que contassem
a história do local.
“
Mananciais do Alcobaça), que tem
como objetivo proteger os mananciais
e essa grande área verde de mata
que temos aqui em Cascatinha. São
duas lindas cascatas que estavam
sendo esquecidas e mal cuidadas.
Entre as conquistas da Associação
está a transformação da Floresta da
Alcobaça em área de preservação
ambiental, pertencente ao IBAMA.
RP: Em 1995 a senhora foi eleita
vereadora, sendo a segunda
mulher na cidade a ocupar o cargo.
A política foi o caminho para novas
conquistas em prol do distrito?
WB – Sou aposentada da Previdência
Social e nos anos em que trabalhei lá
percebia que as pessoas mais
humildes tinham necessidade de ter
alguém para lutar pelos seus direitos.
Além disso, a vereança também era
uma forma de defender Cascatinha.
RP: Na época a senhora sentiu
alguma dificuldade por ser mulher
num cargo, tradicionalmente,
ocupado por homens?
WB: Não senti dificuldades, pois
antes de subir na tribuna eu
pesquisava muito, pensava muito no
que tinha que fazer e estava sempre
pronta para reagir a tudo que viesse.
RP: A senhora é conhecida em
Petrópolis por sua luta pela
preservação do patr imônio
histórico e cultural de Cascatinha.
Como surgiu essa paixão?
WB: Sou descendente de italianos.
Meus avós vieram para Petrópolis,
trabalhar na fábrica que havia sido
aberta em Cascatinha, onde mais
tarde, meus pais também foram
empregados.
Como moradora, vi que Cascatinha
tinha muito o que contar e que este
patrimônio cultural poderia ficar
esquecido. Então, ainda adolescente,
resolvi juntar fotos e documentos que
contassem um pouco da história do
local.
RP – E nada melhor que a antiga
estação de trem, como sede para a
preservação desta memória.
W.B. – Esta estação de trem tem uma
importância histórica enorme para a
colonização italiana da cidade, pois
foi através dela que os imigrantes
operários chegaram ao Cascatinha,
intensificando a ocupação da região.
Em 2004, a estação estava
desativada há vários anos, então
pensei: “porque não mostrar aqui a
história de Cascatinha para os seus
moradores mais novos?”
RP: Além do trabalho de resgate
da história de Cascatinha, a
senhora também sempre esteve à
f rente de movimentos de
preservação do patrimônio
natural do distrito. Conseguiu,
inclusive, impedir que a Floresta
da Alcobaça se transformasse em
área de especulação imobiliária.
WB – É verdade. Em 1984,
juntamente com a minha filha
Rosiane e a moradora do bairro, Ana
L ú c i a , f u n d a m o s a A D M A
(Associação em Defesa aos
B i s b i l h o t e c a
A tradição do Carnaval em PetrópolisTexto: | Fotos: Museu Imperial/IBRAM/MinC
Arquivo Histórico Biblioteca Gabriela Mistral
Isabela Lisboa
o contrário do que muitos pensam, as primeiras
manifestações carnavalescas que fizeram
surgir o Corso Carioca podem ter surgido bem
aqui, na Petrópolis Imperial.
Enquanto estudiosos mencionam o surgimento do Corso no
Rio de Janeiro em 1907, em Petrópolis encontramos registros
e fotografias de desfiles semelhantes em 1868. Na época,
carros alegóricos e carroças decoradas já desfilavam pelas
ruas da cidade.
Residência do “high society” no verão, Petrópolis estava
acostumada a aderir ao que a alta sociedade importava:
desde grandes espetáculos teatrais, festas e, claro, bailes
carnavalescos e ao carnaval de rua.
Tudo indica que a alegria e a irreverência do folião carioca
tenham se somado com a cultura local, no momento que os
petropolitanos passaram a participar das festividades,
através da confecção de carros alegóricos e da decoração de
suas carroças.
Tanto que, em 1880, já fazia sucesso na cidade a “Batalha das
Flores”, que acontecia na antiga Praça D. Afonso (atual Praça
da Liberdade) e arrastava multidões pelas ruas. Surgia assim,
a primeira manifestação daquilo que, mais tarde, viria a ser o
Corso.
Aos poucos as charretes foram substituídas pelos
calhambeques e, no inicio do século XX, o carnaval incorpora
o confete e a serpentina como símbolos da grande festa. A
classe média, ainda emergente, adere de vez às festividades.
Após a Segunda Guerra Mundial, a badalação cresce dentro dos
bailes de salão. E é no recém-inaugurado Hotel Cassino
Quitandinha que importantes personalidades do mundo artístico
e político circulam, numa badalação digna de filmes
holywoodianos.
Outra instituição que também teve seus tempos de glória foi o
Petropolitano Futebol Clube que, na década de 1950, dividia as
atenções de artistas famosos com o Quitandinha. Já os clubes de
bairros como o Rio Branco, o Harmonia, o Esporte Clube Dom
Pedro, o Palmeira, o Cruzeiro do Sul e tantos outros, atraiam a
população local.
A década de 1940 é marcada pelo surgimento dos blocos e
ranchos na avenida 15 de novembro (atual Rua do Imperador)
que mais tarde dariam origem as atuais escolas de samba.
Dentre elas, as mais antigas são a Estrela do Oriente e a 24 de
Maio que chegou na década de 1960, a gravar um disco e, por
pouco, não desceu a Serra para brilhar com as grandes escolas
do Rio de Janeiro. Atualmente, duas ligas - UPEC (União
Petropolitana de Entidades Carnavalescas e a LEBOP (Liga de
Escolas e Blocos Carnavelescos de Petrópolis) - unem 15
escolas de samba e 11 blocos carnavalescos que fazem a alegria
do Carnaval de Petrópolis.
14 Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo
Batalha das Flores - 1880
Grupo carnavalesco 1868, a atriz Rita Hayworth
ao lado de Judith Bueno (vestida de Cleopatra)
no Quitandinha, em 1962 e Baile do Petropolitano.
Biblioteca Gabriela Mistral -