Revista reação 01

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Software leitura de Tela: Tamanho do Texto: A- A+ Contraste: Redes Sociais: Você está: Edições / Edição nº 95 Acessibilidade na Web: solução ainda parece distante, mas pode mudar ! As pessoas com deficiência sabem como é difícil acessar a Internet e conseguir se movimentar nos sites para fazer uma compra, obter uma informação ou mesmo ler uma notícia. Tudo isso acontece porque a maioria deles não se preocupa com o assunto – ACESSIBILIDADE - da maneira que deveria, deixando os usuários com deficiências sem uma resposta para suas limitações e necessidades de acesso. E não é por falta de uma legislação específica sobre o tema que isso acontece. Em 2014 serão completados 10 anos desde que foi editado o Decreto Federal Nº 5.296, de dezembro de 2004, que torna OBRIGATÓRIO que todos os portais e sites dos órgãos da administração pública atendam aos padrões de acessibilidade digital. Depois disso, vários decretos, portarias e até uma lei - a Lei de Acesso à Informação Nº 12.527, de novembro/2011 - trataram do tema, abrangendo todos os sites e não apenas os governamentais. Como em quase tudo no Brasil, a Lei existe mas não é cumprida. Nesse caso não foi diferente. Mesmo com a legislação existindo, isso não foi suficiente para que de fato a situação tenha sido resolvida até hoje. Tocando no tema Para tentar trazer esse assunto a tona, houve o lançamento, em 3 de dezembro último, do primeiro fascículo de uma "Cartilha de Acessibilidade na Web", editada pela W3C, o Consórcio World Wide Web, uma comunidade internacional que tem representação no Brasil e desenvolve padrões com o objetivo de garantir o crescimento da web (o documento pode ser acessado no site www.w3c.br/Home/WebHome). Não é só no Brasil que acessibilidade na Web é um problema. O W3C fez uma pesquisa sobre a adoção dos padrões de acessibilidade web mundial e verificou que, em 2010, 98% das páginas de governo e 95% das páginas de governos federais no mundo, não eram acessíveis nos padrões de acessibilidade internacionais. Em 2012, a organização refez o estudo e 95% das páginas de governo e 93% das páginas de governo federais continuavam inacessíveis para as pessoas com deficiência. “Mea Culpa” Edição 96 Edição 95 Edição 94 Edição 93 Edição 92 Edição 91 Edição 90 Edição 89 Edição 88 Edição 87 Edição 86 Edição 85 Edição 84 Edição 83 Edição 82 Edição 81 Edição 80 Edição 79 Edição 78 Edição 77 Edição 76 Edições anteriores

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Acessibilidade na Web:solução ainda parece distante, mas pode mudar !

As pessoas com deficiência sabem como é difícil acessar a Internet e conseguir semovimentar nos sites para fazer uma compra, obter uma informação ou mesmo ler umanotícia. Tudo isso acontece porque a maioria deles não se preocupa com o assunto –ACESSIBILIDADE - da maneira que deveria, deixando os usuários com deficiências semuma resposta para suas limitações e necessidades de acesso.

E não é por falta de uma legislação específica sobre o tema que isso acontece. Em 2014serão completados 10 anos desde que foi editado o Decreto Federal Nº 5.296, dedezembro de 2004, que torna OBRIGATÓRIO que todos os portais e sites dos órgãos daadministração pública atendam aos padrões de acessibilidade digital. Depois disso, váriosdecretos, portarias e até uma lei - a Lei de Acesso à Informação Nº 12.527, denovembro/2011 - trataram do tema, abrangendo todos os sites e não apenas os

governamentais.

Como em quase tudo no Brasil, a Lei existe mas não é cumprida. Nesse caso não foidiferente. Mesmo com a legislação existindo, isso não foi suficiente para que de fato asituação tenha sido resolvida até hoje.

Tocando no tema

Para tentar trazer esse assunto a tona, houve olançamento, em 3 de dezembro último, do primeirofascículo de uma "Cartilha de Acessibilidade naWeb", editada pela W3C, o Consórcio World WideWeb, uma comunidade internacional que temrepresentação no Brasil e desenvolve padrões como objetivo de garantir o crescimento da web (odocumento pode ser acessado no sitewww.w3c.br/Home/WebHome).

Não é só no Brasil que acessibilidade na Web é um problema. O W3C fez uma pesquisasobre a adoção dos padrões de acessibilidade web mundial e verificou que, em 2010, 98%das páginas de governo e 95% das páginas de governos federais no mundo, não eramacessíveis nos padrões de acessibilidade internacionais. Em 2012, a organização refez oestudo e 95% das páginas de governo e 93% das páginas de governo federais continuavaminacessíveis para as pessoas com deficiência.

“Mea Culpa”

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No mundo inteiro, e também no nosso caso, aqui no Brasil, os governos – federal,estaduais e municipais – deveriam ter suas páginas na Web acessíveis às pessoas comdeficiência. Assim como, pelo menos, os sites das instituições e empresas que atuam etrabalham com pessoas com deficiência. Como é o caso, por exemplo, dessa revista: aRevista Reação.

E aqui cabe e vai um "mea culpa": o próprio site da nossa Revista Reação(www.revistareacao.com.br) não é tão acessível assim como pensávamos que fosse emesmo como deveria. Fizemos uma avaliação num portal internacional de referência edescobrimos que nosso padrão de acessibilidade – na pontuação gradual desse medidorde acessibilidade Web internacional – é apenas mediano. “Tivemos uma nota média,dentro do razoável, do aceitável dentro dos padrões de medição dessa ferramentainternacional... e isso é ruim. Nós, como veículo de comunicação, referência nessesegmento, tínhamos que, até por obrigação e, principalmente, respeito ao nosso público,ter uma acessibilidade melhor em nosso site”, diz Rodrigo Rosso, diretor e editor darevista.

Foi então, sentindo a necessidade e a problemática na pele, que a Revista Reaçãoresolveu tomar uma atitude, buscando parceiros especializados para sanar as deficiênciasde acessibilidade em seu site, enfrentando o problema de frente e, principalmente, paralevantar a bandeira da Acessibilidade na Web em nosso segmento. A proposta é criar um"Observatório Brasileiro de Acessibilidade", onde serão listados vários sites de empresas ede órgãos públicos brsileiros, analisando e avaliando, segundo critérios daquela ferramentainternacional, seus respectivos graus de acessibilidade, formando um ranking.

Como a Revista Reação não tem a competência devida para a realização desse trabalho,buscou um parceiro, expert no assunto, para ajudá-la nessa empreitada. Ele é Hudson

Augusto Lima, funcionário público estadual em Sorocaba/SP, profissional premiado nessaárea e um apaixonado pelo tema. Bacharel em Sistemas de Informação pela Universidadede Sorocaba (UNISO), com pós-graduação pela Universidade Cidade de São Paulo(UNICID), ele foi o vencedor do 1º Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web, realizadopelo W3C em 2012 e ficou em segundo lugar na edição desse ano de 2013.

Hudson Lima começou quase por acaso a se especializar em Acessibilidade na Web. Paraajudar sua irmã, que trabalhava em uma escola especial em que as mães tinham muitadificuldade em encontrar informações sobre o tema na Internet, ele percebeu que havia umnicho não explorado nesse setor. Constatou que, apesar de estudar em uma universidaderenomada, nunca tinha ouvido falar no tema. Depois de muito procurar, teve acesso aotrabalho de MAQ, o Marco Antonio de Queiroz, falecido em julho de 2013, um cego que foipioneiro em tratar da Acessibilidade na Web.

A primeira grande pesquisa de Lima, com a qual ganhou o prêmio do ano passado, foisobre “Acessibilidade Digital do Governo do Estado de SP”: ele acessou cada um dos sitesdas 645 prefeituras do Estado de São Paulo, no período entre 21 de agosto a 21 desetembro de 2011, e descobriu que 54 municípios ainda não estavam sequer na rede.Entre os que estavam, 580 deles não observavam princípios de acessibilidade; 173prefeituras não possuíam contas públicas; das que possuíam, 370 não davam acesso aosdados. Apenas 29 disponibilizavam internet gratuita aos cidadãos e 457 prefeituras nãopossuíam perfis em redes sociais, entre outras falhas. Isso tudo foi indicado em seuwebsite oficial.

Daí em diante, Hudson não parou mais de pesquisar e fazer análises sobre a situação dossites. Para isso ele usa uma ferramenta internacional – a mesma que avaliou o site daRevista Reação - um validador português desenvolvido pela Agência Única deConhecimento, um grupo reunindo academia, governo e empresas, que mapeia aacessibilidade da web. Cada ano é feito um ranking das cem maiores empresas acessíveisou não no mundo.

E é essa ferramenta que vamos usar. É com a experiência desse parceiro que a RevistaReação vai contar para dar início a esse trabalho do Ranking Brasileiro de Acessibilidadena Web e, futuramente, criar o “Observatório Brasileiro”.

O trabalho será iniciado agora, divulgando a partir desta edição alguns resultados queHudson já tem. "A finalidade disso não é mostrar quem está fazendo errado ou não, é levarinformação para essas empresas e órgãos públicos, prefeituras e governos, que existe umpúblico, uma parcela considerável da população, que necessita desse serviço disponível naWeb", afirma Hudson Lima.

Ele conta ainda, que a ideia é colocar todas as informações pesquisadas posteriormenteem um site e desenvolver, inclusive, um validador nacional, de fácil uso, para que qualquerinteressado coloque seu endereço e fique sabendo se o seu site é suficientementeacessível ou não. Lima está procurando patrocínio para esse projeto, que será o“Observatório Brasileiro de Acessibilidade na Web”, em parceria com a Revista Reação.

"O diferencial do nosso Observatório é que ele não vai pensar só na acessibilidade, masem outras questões como: o site está adaptado pra funcionar no celular ? O site carregaem qualquer conexão ? Isso é importante, por exemplo, para quem vende através da Web,porque um comerciante do Pará vai ter uma conexão diferente do de São Paulo. Por isso,nosso objetivo é analisar os sites de e-commerce também... e por outro lado, as pessaoscom deficiência também têm o direito de comprar pela Internet", afirma o pesquisador. Mais

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com deficiência também têm o direito de comprar pela Internet", afirma o pesquisador. Maisinformações a respeito do trabalho desenvolvido por Hudson Lima podem ser acessadas

em: www.hudsonaugusto.wordpress.com

Para começar essa ideia fantástica do “Observatório”, a Revista Reação e Hudson Limatrazem, nessa edição, para começar, as maiores cidades paulistas e os 10 maioresbancos, e a sua avaliação de Acessibilidade na Web. E na próxima edição será a vez daanálise dos sites das montadoras de veículos. Acompanhem !!!

Acessibilidade na Web e as dificuldades de uma advogada cega

Nossa articulista carioca, Deborah Prates, sente na pele osproblemas de Acessibilidade na Web. Ela é advogada e cega há 7anos, e se considera banida da profissão pela implementação dopeticionamento eletrônico ser inacessível aos leitores de tela webque, de forma gradativa, foi sendo implantado, tornando-seobrigatório. "Não posso enviar petições, acessar/fazer login emalguns sites da Justiça e outros procedimentos. Até mesmo aconsulta de processos se tornou desgastante, já que tenho queme valer de 'olhos amigos/solidários' para praticar qualquer ato.

Logo, o que já estava difícil, tornou-se impossível", afirma Deborah, que fez até umamanifestação pública sobre o assunto em 13 de novembro último, na porta do TribunalRegional do Trabalho do Rio de Janeiro/RJ.

A Lei Nº 11.419, de dezembro de 2006, ordenou a informatização do processo judicial. Deforma gradativa a comunicação de atos e transmissão de peças processuais passaram aser feitos na forma do diploma legal. Daí houve desdobramentos como, por exemplo,assinatura digital baseada em certificado digital emitido por Autoridade Certificadoracredenciada, na forma de lei específica. "Certo é que o contexto foi ficando cada dia maiscomplicado para as pessoas com deficiências visuais que trabalham com a Justiça. Para oPoder Judiciário, esse segmento é invisível", atesta a advogada.

Ela conta também que as audiências estão sendo feitas com um monitor na mesa, ondeos advogados navegam pelo processo virtual. "Ora, sem acessibilidade nos sites, comodesempenhar esse importante mister ?", pergunta. "Uma verdadeira humilhação diante docliente, juiz etc. A maioria esmagadora da sociedade, incluindo o próprio Poder Judiciário,nem tem ideia/noção da existência de leitor de telas para cegos, razão pela qual não sepreocuparam com a necessária instalação do mesmo", alerta Deborah.

Para ela, os sites foram construídos fora do padrão internacional de acessibilidade paraweb. Um grupo de advogados e juristas irá propor ao Conselho Nacional de Justiça aadoção do Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) no Processo Judicial Eletrônicoda Justiça do Trabalho (PJe-JT), uma ferramenta criada por um grupo de grandesempresas multinacionais para padronizar o desenvolvimento de páginas na internet e torná-las acessíveis a pessoas com deficiência visual. O processo de reconstrução do sistemacom o uso da ferramenta está em estudo por uma equipe técnica do Conselho Superior daJustiça do Trabalho.

RANKING

BANCOS Em 2012, dos 10 maiores bancos, 80% não possuíam site acessível conformeos padrões internacionais de acessibilidade do W3C e 100% deles não tinhamacessibilidade conforme os padrões nacionais de acessibilidade do Governo Federal. Alémde 60% desses bancos possuírem problemas de acesso com velocidades de internet e80% dos sites com problemas de performance ao ser executados em dispositivos móveis.Já em 2013, conforme os resultados dos 10 maiores bancos divulgados, o percentual subiu

para 90% deles não tendo site acessível.

Link para os resultados completos: http://pt.slideshare.net/hudsonaugusto/acessibilidade-web-dos-bancos-brasileiros-virada-inclusiva-2013.

1 - Banco do Brasil 2 - Bradesco 3 - Safra 4 - Citibank 5 - Santander 6 - HSBC Bank 7 -BTG Pactual 8 - Itaú / Unibanco 9 - Caixa 10 - Votorantim

CIDADES PAULISTAS

Das 25 maiores cidades do Estado de São Paulo, divulgadas em 2012, 100% delas nãopossuía site acessível conforme os padrões internacionais de acessibilidade do W3C e100% delas não tinham acessibilidade conforme os padrões nacionais de acessibilidade doGoverno Federal. Além de 96% destas terem problemas de acesso com velocidades deinternet e 92% dos seus sites apresentarem problemas de performance ao ser executadosem dispositivos móveis.

Já pelo resultado das 25 maiores cidades do Estado de SP apresentadas em 2013, 100%delas não possuem site acessível e 100% deles não tem acessibilidade na web. Em 2013,84% apresentaram problemas de performance ao ter seus sites executados emdispositivos móveis.

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Link para o resultados completos: http://pt.slideshare.net/hudsonaugusto/acessibilidade-web-das-cidades-paulistas-virada-inclusiva-2013.

1 - São José dos Campos 2 - Piracicaba 3 - Osasco 4 - Guarujá 5 - Suzano 6 - SantoAndré 7 - Diadema 8 - Jundiaí 9 - Campinas 10 – São José do Rio Preto 11 - São Paulo 12 -Taubaté 13 - Limeira 14 - Franca 15 - Sorocaba 16 - Mauá 17 - Guarulhos 18 - Carapicuíba19 - Bauru 20 - São Bernardo do Campo 21 - Santos 22 - Mogi das Cruzes 23 - SãoVicente 24 - Itaquaquecetuba 25 - Ribeirão Preto

Obs.: Nas próximas edições iremos falar das diretrizes de acessibilidade e suaimportância, além das avaliações dos sites das montadoras de veículos, portais de notíciase de telefonia.

*Fonte: Hudson Augusto Lima (dezembro/2013)

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