Revista Tai Chi Brasil - Nº 7 - Set-Out 2010

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Tai Chi Brasil Revista Edição nº 7 - Setembro/Outubro 2010 - Distribuição gratuita e dirigida www.RevistaTaiChiBrasil.com.br Yang Jun Mestre de Tai Chi Chuan da Família Yang vem novamente ao Brasil

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Revista Tai Chi Brasil - Edição nº 7 - Setembro/outubro 2010 www.RevistaTaiChiBrasil.com.brSumário6 Mestre Yang jun - Entrevista12 Fotos de brasileiros com o mestre Yang Jun16 Arma na parede... ou na mão?18 Tai chi chuan - Família Yang - Forma longa tradicional estilo Yang (Parte VII)20 Tai chi Pai Lin - Tai Chi Chuan e o Tao22 Tai chi chuan estilo Chen - A forma dos 18 movimentos de Chen Zheng Lei24 Tai chi chuan da família Yang - Curso de formação de instrutores25 Tai chi chuan - Princípios - Os 10 princípios de Yang Cheng Fu ( Parte VI)26 A importância do treinamento de posturas27 Tai chi com crianças - Trabalho voluntário28 Fotos de praticantes do norte do Paraná30 Rio open tai chi festival 201032 Ler sobre tai chi chuan é bom e muito importanteSEÇÕES4 CARTAS5 EDITORIAL11 DEPOIMENTOS14 RÁDIO CORREDOR

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Yang Jun

Mestre de Tai Chi Chuan

da Família Yang vem novamente

ao Brasil

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Tai Chi Chuan - Pratique!

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Foto: Eduardo Molon começou a praticar o Taijiquan da família Chen nos seminários do Grão-Mestre Chen Xiaowang, em 1998. A partir de 2001 foi aceito como aluno por Chen Yingjun, filho de Chen Xiaowang, a pedido deste, e começou a viajar anualmente para a Austrália para aprender. Residiu a partir de 2003, por dois anos, na China e Austrália para receber instrução intensiva e, após retornar ao Brasil, continuou indo anualmente treinar com seu mestre. Eduardo é Acupunturista formado pela ABACO, é Instrutor certificado pela WCTA-Br (EA) e colabora com esta associação como seu Secretário-Geral desde 2009. Atualmente organiza os seminários anuais de Chen Yingjun no Brasil.

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Revista Tai Chi Brasil revistataichibrasil.com.br

Caixa Postal 2233 Curitiba - PR - 80011-970 - Brasil

Edição nº 7 | set/out | 2010

® Todos os direitos reservados

Registro nº 401.197 4° ofício de registro de documentos

editor: levis litz

na capamestre yang jun

yangfamilytaichi.com

colaboraram nesta edição abel cezar, angela soci,

arthur dalmaso, bruno davanzo, edésio oliveira, eduardo molon,

fernando de lazzari, jose roberto batalha,

paula telles de meneses faro, roberto barboza de melo, rodrigo wolff apolloni, silvia camara rocha e valesca giordano litz.

agradecimentos alexandre leopoldo,

antônio aurélio alves chaves da conceição, dulce siqueira,

helio laureano, jeová e. de lima, maria celeste f. corrêa,

professores de tai chi de santos,silvana martinelli,

suely fleury nogueira, washington luiz adão,

yang jun, yáscara e zig koch.

revisãoviviane giordano

contato [email protected]

[email protected]

jornalista responsável diplomado levis litz - mtb 3865/15/52v pr

Sumário

Distribuição gratuita e dirigida. Todos os tex-tos e fotos aqui publicadas são colaborações voluntárias gratuitas. Não são de responsa-bilidade desta revista os artigos de opinião e também as opiniões emitidas em entrevistas e depoimentos, por não representarem, ne-cessariamente, o pensamento do editor. Por questões de espaço, objetividade e clareza, a equipe editorial reserva-se o direito de resumir os textos recebidos. Foto com pouca definição é de responsabilidade do autor. Os exemplares impressos em papel excedentes desta publica-ção serão doados para bibliotecas públicas.

6 Mestre Yang jun Entrevista

12 Fotos de brasileiros com o mestre Yang Jun 16 Arma na parede... ou na mão? 18 Tai chi chuan - Família Yang Forma longa tradicional estilo Yang (Parte VII)

20 Tai chi Pai Lin Tai Chi Chuan e o Tao 22 Tai chi chuan estilo Chen A forma dos 18 movimentos de Chen Zheng Lei

24 Tai chi chuan da família Yang Curso de formação de instrutores

25 Tai chi chuan - Princípios Os 10 princípios de Yang Cheng Fu ( Parte VI) 26 A importância do treinamento de posturas 27 Tai chi com crianças Trabalho voluntário

28 Fotos de praticantes do norte do Paraná

30 Rio open tai chi festival 2010 32 Ler sobre tai chi chuan é bom e muito importante

SEÇÕES4 CARTAS5 EDITORIAL11 DEPOIMENTOS 14 RÁDIO CORREDOR

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Cartas e Fotos de LeitoresRevista Tai Chi Brasil. Caixa Postal 2233, Curitiba - Paraná - Brasil. CEP: 80011-970. [email protected] | editor: [email protected] questões de espaço, a equipe editorial reserva-se o direito de editar mensagens, depoimentos, fotos e textos recebidos.

4 www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

Foto

: LL

“Parabéns! As revistas são lindas e adoráveis! Tenho todas imprimidas e de ambos lados e COLORIDAS! Apanhei para aprender , mas valeu a pena. Tenho lido e estudado vários artigos com minha turma.

Suely Fleury Nogueira Instrutora e membro da

Federação de Tai-Chi-ChuanRio de Janeiro, RJ

“Parabéns por mais esse exemplar! Tem sido uma fonte de inspiração receber suas revistas! Nós estamos disponibilizando para nossos alunos exemplares impressos da Revista Tai Chi Brasil e anexamos exemplares impressos em nossa Biblioteca e em nossa Biblioteca Virtual.”

Helio LaureanoCentro de Estudos da Medicina Chinesa

www.medicinachinesa.us Caxias do Sul, RS

“Soube do site e revista de vocês através de meu professor de tai chi. Com toda a certeza amarei a leitura desta revista. Um dia de muita luz para todos.”

ElisaRio de Janeiro, RJ

“Aeee!!! A revista vai fazer um ano, que bom, espero que não parem de fazer, a revista muito boa, é o único jeito de eu estar em contato com essa arte maravilhosa da China, hehehe. Meus parabéns! Continuem sempre a divulgar as matérias de tai chi chuan.”

CaioIndaiatuba , SP

“Está muito boa a edição nº 6 da revista. Muito interessante, mesmo.”

RodrigoCuritiba, PR

“Neste primeiro aniversário parabenizo a Revista Tai Chi Brasil por sua importante

contribuição à integração da comunidade de praticantes de tai chi do país ao acolher com tanto respeito a diversidade de estilos praticados no Brasil.”

TarcísioSão Paulo, SP

“Revista Tai Chi Brasil cada vez melhor. Parabéns! E muito obrigado!”

José Milton de Oliveira

“Você gostaria de saber se a Revista Tai Chi Brasil é legal? Ela é sensasional! O material é bem selecionado, específico, bem editado, informativo, assertivo, bem ilustrado, enfim, é nota 10! Parabéns de verdade.”

João Carlos Cordeiro

“Deixo aqui mais uma vez meu imenso prazer em receber este veículo de co-municação que tem me deixado infor-mações impagáveis de nobres colegas de profissão, mestres que não conheço, mas adoraria conhecer, bem como a di-vulgação dos trabalhos desenvolvidos por todos que estão envolvidos nas Ar-tes Marciais. Era tudo que faltava para levar a todos os cantos do Brasil, qui-çá do mundo, nem só aos profissionais como aos nossos alunos informações caríssimas sobre Artes Marciais. A faci-lidade que você nos proporciona na di-vulgação de ideias, artigos, informações, esclarecimentos e fotos é comovedora. Nem sempre minhas fotos têm qualida-de suficiente para divulgação, mas meu principal objetivo é o Tai Chi Chuan e

Celeste, Zig, Silvana e Yáscara.------------------------------------------

afins. Quero desejar muito sucesso nes-te empreendimento e que ele continue infinitamente, pois com certeza muitos estão sendo esclarecidos em suas dúvi-das e participando do mundo das Artes Marciais. Passei o link da revista para todos os alunos que tem acesso a inter-net, pois muitos se mostraram animados com a Revista.”

José Roberto Batalha Instrutor de Práticas Corporais da MTC

São Paulo, SP

“Parabéns pela Revista.” Mário

Guaratinguetá, SP

“Meus parabéns por esse trabalho ma-ravilhoso que é esta revista, em prol do desenvolvimento do Tai Chi no nosso país. Recebi e li todos os número e só tenho palavras de elogio para esse mo-vimento. Espero que continuem com esse diapasão e qualidade.”

Jose Rosalvo PeixinhoBahia

“Parabéns pelo lindo trabalho e dedicação na Revista Tai Chi Brasil.São os votos dos professores de Santos de uma trajetória de ensino pelas Praticas Corporais Chinesas.”

Profª Marina Darin - DrªSonia Tomimatisu- Profª Elizabete Nunes-

Prof. Fabio dos Santos - Prof. Alberto YinSantos, SP

“Parabéns pela excelente iniciativa, publicação de excelente qualidade, seja na diagramação, editoração e do riquís-simo conteúdo. Se tornará um marco de informação, canal de testemunhos e pesquisas científicas, hoje tão restrita a nosso meio, levando a desmistifica-ção desta arte para a população de um modo geral.

Rogerio Gullinohttp://tai-ji-quan.blogspot.com

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Editorial Parabéns RTCB, um ano de idade! Desde setembro de 2009, a equipe da Revista Tai Chi Brasil se dedica a informar brasileiros leitores (e amigos do além fronteira), praticantes e simpatizantes do Tai Chi Chuan (Tai Ji Quan). Acreditamos que está no cuidado e atenção que dedicamos a nossa prática que podemos aperfeiçoar a nós mesmos e, por conseguinte, poder mudar as relações e ações que movem a sociedade. Tai Chi envolve muito mais do que fazer “katis”. Sua prática é fundamental, mas entender a teoria do que se está treinando é saber pensar e agir de forma mais consciente. Aqui é que entra a contribuição da RTCB, com o nosso jeitinho peculiar e imparcial de entreter e informar. Se ao longo deste ano a RTCB foi importante para que a compreensão sobre o mundo do Tai Chi ampliasse os horizontes de nossos leitores, então consideramos nossa tarefa cumprida. Comemoramos, desta forma, este primeiro ano da RTCB com muita vontade de fazer melhor e mais e com a ideia de que temos nos esforçado de maneira correta na comunicação com nossos amigos, colegas, leitores e, especialmente, você. O ano que segue promete, com seus encantos, curiosidades, debates e, acima de tudo, muita informação sobre Tai Chi. Assim esperamos. Parabéns a todos que contribuíram no desenvolvimento do Tai Chi no Brasil e aos colaboradores da RTCB como um projeto de informação. 1º de Setembro de 2010. 1º ano da Revista Tai Chi Brasil. Esta comemoração é de todos nós.

Levis Litz O editor

Revista Tai Chi Brasil Bibliotecas & Acervos

Campinas, SP

Equilibrius - Centro de Tai Chi Chuan, Acupuntura e Cultura Oriental

Av. Oscar Pedroso Orta, 222. Barão Geraldo.-------------------------------------------

Caxias do Sul, RS

Centro de Estudos da Medicina ChinesaAv. Júlio de Castilhos, 1501. Sala 32. Centro

-------------------------------------------Curitiba, PR

Biblioteca Pública do ParanáRua Cândido Lopes, 133. Centro.

Biblioteca Hideo HandaPraça do Japão. Água Verde.

Academia ParamittaAv. Visc do Rio Branco, 84. Mercês.

Colégio Estadual do ParanáRua João Gualberto, 250. Alto da Glória.

Colégio MedianeiraAv. José Richa, nº 10546. Prado Velho.

NutribioformaR. Jaime Balão,1150. Casa 1. Hugo Lange.

SESC Paraná – Unidade Água VerdeAv. República Argentina, 944. Água Verde.-------------------------------------------

Ribeirão Preto, SP

Equilibrius - Centro de Tai Chi Chuan, Acupuntura e Cultura Oriental

Rua Cerqueira César, 1825. Jd. Sumaré.-------------------------------------------

São Paulo, SP

Espaço Bem Estar (Yoga e Tai Chi Chuan)Av. Pe. Antonio José dos Santos, 1371.

Brooklin Novo.

Peng Lai Brasil - Artes Marciais Tradicionais Chinesas.

Av. Deputado Emílio Carlos, 121. B. do Limão.

Sociedade Brasileira de Tai Chi ChuanRua José Maria Lisboa, 612, Sala 7.

-------------------------------------------Uberlândia, MG

Academia Budô KanRua Benjamin Monteiro, nº 64. Centro.

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Contatos

Revista Tai Chi Brasil - RTCB . website: www.RevistaTaiChiBrasil.com.br . e-mail e msn: [email protected] . orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=92660461

Editor . e-mail: [email protected] | . msn: [email protected] . twitter: http://twitter.com/LevisLitz . orkut: www.orkut.com/Profile.aspx?uid=11558296558846812654 . webpage: www.TaiChiCuritiba.com.br

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EntrevistaMestre Yang Jun

Revista Tai Chi Brasil - Mestre Yang Jun, como foi o início do seu aprendizado no Tai Chi Chuan e como é o seu treinamento atualmente?

Mestre Yang Jun - Quando comecei, seguia um grupo junto com meu avô, quando tinha entre 5 ou 6 anos de idade. Nós vivíamos no campo e eu ficava junto com a minha avó que morava longe de meu avô, porque quando eu nasci foi justamente a época da Revolução Cultural e nós o visitávamos e quando isto acontecia, ele me colocava a praticar. Meu avô praticava em seu trabalho. Na verdade ele não podia ensinar naquela época. Ele praticava simplesmente junto com 5 ou 6 pessoas que o seguiam e ele me colocava a praticar junto com eles. Foi assim que eu comecei. Hoje eu

pratico diariamente forma e às vezes armas, mas muitas vezes pratico as posturas fixas e bastão. Esta é a minha prática básica diária.

O Tai Chi Chuan, como filosofia, influenciou em sua vida?Sim, acredito que sim. Uma coisa é como compreendo a filosofia e outra coisa é como ela foi modificando minha vida na medida em que fui crescendo. Eu me tornei mais reflexivo a respeito do que é a filosofia e como ela influencia e me dirige para agir no dia a dia e também como afeta a minha personalidade. Veja bem, quando as coisas acontecem em minha vida, e por acaso fico com raiva, me mantenho calmo no momento e me dou um tempo para pensar de forma mais clara e não agir

Nascido em 1968 em Taiyuan, China, Yang Jun é o descendente da 6ª geração do criador de Estilo de Yang de Tai Chi Chuan. Filho de Yang Dao Fang, Yang Jun começou o seu treinamento com o seu avô, Mestre Yang Zhen Duo. Graduou-se em Educação Física na Universidade de Shanxi, China, em 1989. Em 1995 a Academia de WuShu Chinesa o

reconheceu como um Mestre WuShu na Província de Shanxi. Em 1998 Yang Jun criou a Associação Internacional e é presidente desde então. Em agosto de 1999 Yang Jun mudou-se para Seattle, Estados Unidos, para formalmente começar a trabalhar para a Associação Internacional e estabelecer uma escola como o primeiro membro da Família de Yang a viver fora da China. O Mestre Yang Jun é proficiente em Tai Chi Chuan, Tai Chi com Espada, Tai Chi com Sabre, Empurrar com as mãos (Tui Shou) e muitas outras formas de Tai Chi.

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de forma impulsiva no momento e deixo a minha mente mais clara. Por outro lado, não apenas a filosofia, mas também a própria estratégia do Tai Chi Chuan é de não resistir às coisas, primeiro você deve seguir um pouco, deixar a mente calma e depois agir de forma correta.

Como o Tai Chi Chuan influencia sua vida? Bem, Tai Chi Chuan é tudo para mim agora, eu conheço pessoas por causa do Tai Chi Chuan no mundo todo, viajo por causa do Tai Chi Chuan, minha vida é o próprio Tai Chi Chuan, não há diferença entre minha vida diária e o Tai Chi Chuan.

O senhor já praticou alguma outra arte marcial?Não, eu nunca pratiquei qualquer outra Arte Marcial além do Tai Chi Chuan da Família Yang, mas quando estava na Universidade, porque era obrigatório, eu tive que aprender algumas semanas de um estilo de Arte Marcial externa e a Forma 24 de Tai Chi Chuan, mas depois da prova da Faculdade não pratiquei mais.

O senhor já precisou utilizar as técnicas do Tai Chi Chuan para defesa pessoal?Agora não muito, a maioria das pessoas hoje pratica o Tai Chi Chuan por motivos de saúde e eu ensino o Tai Chi Chuan também para melhorar a saúde das pessoas.Mas antes, apesar de que não quero falar muito sobre isso, usei bastante o Tai Chi Chuan para lutar. Quando era jovem eu lutava muito e acabei até ficando famoso por isso em minha cidade.

Na sua família, a maioria pratica Tai Chi Chuan?Esta é uma pergunta ampla porque falando de meus parentes, todos praticavam e praticam Tai Chi Chuan, meu bisavô, meu tataravô, meu avô, meus tios avós, meus primos, meu irmão. Meus pais e meu tio não praticam muito por terem começado mais tarde, mas ainda assim praticam por questões de manter a saúde. Qual foi a sua razão por ter escolhido o Tai Chi Chuan como profissional?Bem, quando eu era jovem não havia ainda escolhido o Tai Chi Chuan, mas meu avô me fez praticar o Tai Chi

Chuan e mesmo depois de haver me graduado, eu não havia pensado em seguir a carreira profissional do Tai Chi Chuan. Eu trabalhava com outra coisa. Mas meu avô esperava que eu pudesse levar adiante a arte da família e sempre me encorajava a ensinar e praticar o Tai Chi Chuan. Há mais de 20 anos atrás, quando ele começou a viajar para ensinar, ele me levava junto e assim, viajando com ele, conheci muitas pessoas e recebi o respeito de muitas pessoas que praticavam Tai Chi Chuan. Isto mudou minha vida. E, na verdade, comecei a dedicar-me de forma profissional ao Tai Chi desde 1998, quando mudei para os EUA e esse se tornou meu único trabalho. Mas realmente a minha vida ter se tornado totalmente dedicada ao Tai Chi Chuan foi graças ao meu avô. O senhor já participou de algum campeonato? Não exatamente. Quando eu era jovem tive muito interesse em participar deste tipo de evento, mas meu avô me disse: “você é um membro da Família Yang

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e não há motivos para participar de competições em nome da família porque em qualquer competição você poderá tirar vantagens devido aos diversos praticantes e níveis diferentes de praticantes e os juízes que são diferentes”. Por isso eu nunca entrei em competições individuais, mas por outro lado meu avô me incentivou a participar de competições em grupo, como parte de grupos e times, de forma a ganhar experiência neste tipo de atividade. Qual é a principal qualidade que um praticante de Taijiquan deve desenvolver?Bem, para as pessoas que praticam por razões de saúde, acredito que a prática diária com o espírito elevado, para ter uma vida melhor, deva ser a melhor maneira de se conseguir estes resultados, mas observo que muitas pessoas que tem esse objetivo não se dedicam o suficiente e não conseguem seus objetivos para a saúde. Assim, se uma pessoa quer ter boa saúde com o Tai Chi Chuan, deve praticar todos os dias. Não se consegue isso por praticar apenas um dia. Esse é o método para ter boa saúde. Mas por outro lado, se a pessoa que pratica para compreender

qual a estratégia, a ligação com a arte marcial é um pouco diferente. O Tai Chi Chuan tem muitos bons princípios para serem seguidos, como usar a boa estratégia para lidar com um oponente, por exemplo, combinando a suavidade e a dureza dentro da prática, mas isto se amplia muito porque na medida em que praticamos as estratégias dentro das técnicas marciais, vamos saber utilizá-las em nossa vida diária, como lidar com as mais diversas situações da vida, usando as estratégias marciais do Tai Chi Chuan. É uma questão muito ampla e teria que dedicar muito tempo para explicar. Quais são os mestres que o senhor mais admira?Bem, meu avô é meu professor e eu nunca aprendi o suficiente com ele, que é uma fonte inesgotável de conhecimento. Meu aprendizado foi com ele e não apenas o Tai Chi Chuan, mas a maneira como me relacionar com as pessoas e as coisas da vida. A maneira de ensinar e de se dedicar às pessoas, hoje tantas pessoas o seguem! Posso dizer que ele é a pessoa que eu mais admiro.

Há pessoas que acreditam que a prática do Tai Chi

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mas que não tenha uma boa moralidade. E essa pessoa não será um bom professor com certeza. Assim, para buscar um bom professor você tem que em primeiro lugar ter certeza de que ele é uma boa pessoa.

Que método de ensino o senhor usa nas suas aulas regulares?Eu ensino em níveis diferentes de aulas e os métodos são diferentes. Mais que nada, sigo a observação dos alunos para decidir os métodos que nunca são os mesmos. Logicamente há alguns procedimentos básicos, mas na verdade eles também variam de acordo com o nível de meus alunos. É necessário que o professor monitore constan-temente o desenvolvimento dos seus alunos?Falando de maneira geral, sim, mas é necessário ter um critério e um método adequado. Se às vezes ficamos muito em cima de um estudante, pode não ser bom, ele pode se sentir pressionado demais. Assim, o quanto estaremos monitorando seu desenvolvimento vai depender da observação e da sensibilidade entre o processo de ensinar e a capacidade do aluno aprender. Temos que encontrar um equilíbrio neste processo através da sensibilidade e respeito da necessidade do aluno.

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Chuan é uma atividade somente para idosos. O que o senhor pensa a respeito disso?Bem, muitas pessoas pensam desta forma. Este é um dos bons benefícios do Tai Chi Chuan porque os idosos podem praticar, mas o Tai Chi Chuan também é uma arte marcial e você pode ver que os praticantes conseguem muitas habilidades através da sua prática e também há pessoas muitas jovens que praticam o Tai Chi. Podemos dizer então que os idosos podem praticar o Tai Chi por motivos de saúde, mas ela não é uma arte exclusiva para idosos em absoluto. O Tai Chi Chuan está se tornando bem popular no mundo e no Brasil. Como consequência disso muitos oportunistas tem aparecido. Como o senhor vê esta situação? Bem, isto é como yin e yang, quando as coisas crescem sempre tem um lado bom e um lado que não é bom. Assim, devemos observar as coisas desde o lado positivo e ver o mais importante, que é o desenvolvimento do Tai Chi Chuan no mundo e pessoas que estiverem usando o Tai Chi Chuan para enganar alguém não conseguirão manter isso por muito tempo e, com certeza, em algum momento vão parar ou mesmo mudar de atividade. Assim, por curtos períodos de tempo, isso é uma coisa normal. Qual é a importância de aprender o Tai Chi Chuan com um bom professor?Bem, aprender Tai Chi hoje é fácil porque podemos encontrar facilmente um professor perto de nossa casa. Também aprender desde mídias diferentes é um bom aprendizado, mas o relacionamento do professor/aluno é muito importante e fundamental porque o professor pode lhe ver praticando e lhe oferecer coisas mais específicas para melhorar o seu aprendizado. Quando se observa um DVD, a informação é mais genérica e não oferece um aprendizado em profundidade. Que qualidades devemos observar num professor de Tai Chi Chuan?A qualidade de um professor na tradição chinesa, dizemos primeiro, você tem que ter uma moral indiscutível e também como professor deve ter um comportamento adequado, correto, ou seja, a primeira coisa que um professor tem que ter é uma conduta moral elevada e em segundo lugar vem a boa técnica. Isso porque pode haver alguém que tenha uma boa técnica,

yangfamilytaichi.com

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As fotografias desta matéria foram cedidas gentilmente por Angela Soci e Fernando De Lazzari.

Elaboração das perguntas em inglês: Levis Litz, editor da RTCB.

Tradução das respostas para o idioma português brasileiro: Angela Soci.

Angela Soci é representante da Família Yang para o Brasil e América Latina e Diretora da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan: www.sbtc.org.br

Agradecimento Especial Mestre Yang Jun www.yangfamilytaichi.com

Que conselho o senhor daria àqueles que estão começando a praticar?Basicamente Tai Chi Chuan é uma prática fácil de aprender, mas quando começamos a aprender percebemos que há muitas coisas que não são tão fáceis no caminho do aprendizado. Tudo o que quero dizer é que quando você somente começa, não é possível perceber tudo o que há para aprender no futuro através da sua prática e por isso é importante continuar praticando e acreditando na Arte e, com sinceridade, continuar na prática para conseguir os melhores benefícios que o Tai Chi Chuan tem para lhe oferecer. A Revista Tai Chi Brasil é a primeira do gênero no país, o que o senhor pensa da importância dessa publicação?Eu penso que todos o meios que possam divulgar o Tai Chi Chuan são benéficos. Atualmente a Arte está se tornando popular, mas ainda há muitas pessoas que não sabem o que é o Tai Chi Chuan. Penso que o que você está realizando através de sua revista é ajudar a divulgar o Tai Chi Chuan e espero que a sua mídia torne-se cada vez maior para que a nossa arte seja divulgada amplamente. O senhor gostaria de enviar uma mensagem aos nossos leitores?Como mencionei antes, se você quer praticar o Tai Chi Chuan para benefício da saúde, você tem que, em primeiro lugar, acreditar no Tai Chi Chuan e ter

sinceridade com a Arte e seguindo o seu esforço e suas práticas, vai conseguir os seus objetivos e os benefícios que vão ser proporcionais aos seu esforço e sinceridade.

A respeito dos Seminários de Tai Chi da Família Yang que são realizados no Brasil, como o senhor sente o desenvolvimento dos praticantes brasileiros nesses seminários e como está a qualidade dos alunos?Tenho visitado o Brasil desde 1999, até hoje são 11 anos já! Todas as vezes que venho ao Brasil, nos seminários, os grupos são cada vez maiores. Mas não é só isso! Cada vez que visito o Brasil, nos Seminários posso ver que a qualidade das práticas dos alunos é cada vez melhor e estão crescendo a cada vez. Por outro lado, as pessoas podem ver que meu método de ensino também vai mudando de acordo com o nível dos alunos. No início, quando começamos, o foco de meus seminários era nos movimentos e agora estou focando mais relacionado às teorias e a filosofia da Arte. E posso dizer que isso acontece porque as pessoas no Brasil estão se desenvolvendo no Tai Chi Chuan e além dos seminários, em cada local nós temos os diretores de Centros que também desenvolvem o Tai Chi Chuan no Brasil, por exemplo, em São Paulo temos Ângela Soci e Roque Severino, no Rio de Janeiro temos Carla Rocha e Marcio e em Ribeirão Preto temos Fernando de Lazzari. E todos eles difundem o Tai Chi e ajudam a melhora das habilidades dos praticantes brasileiros.

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Depoimentos“Meu primeiro contato com o Mes-tre Yang Jun foi em 1999, quando pela primeira vez os Mestres Yang Zhenduo e Yang Jun vieram ao Brasil para ministrar um Seminário de Tai Chi Chuan, organizado pela Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan. Na ocasião eu não conhecia o Tai Chi Chuan da Família Yang e, durante o seminário, foi amor a primeira vista, pois me identifiquei muito com as práticas e senti uma afinidade muito grande pelos mes-tres. De 1999 para cá participei de todos os seminários no Brasil com o Mestre Yang Jun, além de partici-par de seminários na China e EUA com o Mestre. Sempre foi uma honra e uma alegria muito gran-de aprender diretamente com um Mestre legítimo da Família Yang de Tai Chi Chuan. Em 2008 parti-cipei do Seminário de diretores da International Yang Family Tai Chi Chuan Association em Seattle, nos EUA e fiquei hospedado na casa do Mestre Yang Jun, juntamente com a Professora Ângela Soci do Brasil e alguns diretores de outros paí-ses. Foi uma experiência especial e

inesquecível, que me fez conhecer um pouco melhor o Mestre Yang Jun. Pude constatar sua humilda-de, gentileza, nobreza de caráter e simpatia, pois vivenciamos muitos momentos juntos tanto no seminá-rio, praticando muito, quanto nos momentos de descontração e bate papo. Mestre Yang Jun já veio duas vezes a Ribeirão Preto (2006 e 2009) para ministrar seminários de Tai Chi Chuan, que tive o prazer e a honra de organizar. Estas duas oca-siões também foram experiências muito ricas de aprendizado com o Mestre. Nestes 11 anos de aprendi-zado com o Mestre Yang Jun pude aprender muito e amadurecer em vários aspectos relacionados à arte do Tai Chi Chuan, mas sinto que ainda tenho uma longa caminhada pela frente para tentar atingir um nível de habilidade e conhecimen-to próximo ao que o Mestre Yang Jun já adquiriu.”

Prof. Fernando De LazzariDiretor do EQUILIBRIUS e do

Yang Chengfu Tai Chi Chuan Center – Brasil. Ribeirão Preto, SP

“Em 2008 estive pela primeira vez em um Seminário com o Mestre Yang Jun. Embora já praticasse Tai Chi desde 2004, não havia participado de nenhum outro seminário anterior a este. Foi uma experiência enriquecedora que definitivamente proporcionou mudanças na minha prática. Acredito que receber ensinamentos, observar, praticar junto e receber correções do atual detentor da transmissão do conhecimento da Família Yang é fundamental para que o nosso entendimento e a nossa prática do Tai Chi Chuan cresça e se desenvolva. Depois deste encontro entendi a importância deste contato. Agradeço aos meus professores Roque e Angela por proporcionarem a oportunidade de estar em contato com um verdadeiro mestre de Tai Chi Chuan.”

Paula Telles de Meneses Faro São Paulo, SP

www.imaginatioonis.blogspot.com [email protected]

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Mestre Yang Jun COM BRASILEIROS

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Rádio Corredor I China 2011

Rio de Janeiro, RJ

A WCTA-Br promoverá, em parceria com o IFTB, sua 1ª viagem de treinamento à China em Março de 2011. Os pontos principais da viagem serão o Seminário do Grão-Mestre Chen Xiaowang em Chenjiagou, berço do Taijiquan, e o treinamento de meditação ministrado por Jan Sil-berstorff em Louguantai, o mosteiro onde Lao Zi escreveu o Tao Te King. Informações: http://wcta.com.br

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1° Campeonato Interno de Kung Fu / Wushu

Peng Lai BrasilSão Caetano, SP

Organizado pela Unidade São Caetano do Sul, o 1° Campeona-to Interno de Kung Fu / Wushu será realizado no dia 19 de Setembro de 2010, no Clube Recreativo Esportivo Tamoyo que fica à Rua São Paulo, 230 - Bairro Cerâmica, São Caetano do Sul , SP. Alunos podem participar das competições e seus amigos e fa-miliares podem prestigiar este even-to. O Ingresso é 1 kg de alimento não

perecível e é aberto ao público. As modalidades de competição serão: Kung Fu tradicional, Tai Chi Chuan e Sanshou. Inscrições: http://penglai.com.br/campeonato/taichi.html

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Tai Chi Chuan nas Praças

Rio de Janeiro, RJ

A Suely Fleury Nogueira é instrutora e faz parte da Federação de Tai-Chi-Chuan do Rio de Janeiro que, em parceria com a prefeitura e o projeto Rio em Forma Olímpico, leva Tai Chi em várias praças do Rio de Janeiro, atendendo zona sul, zona norte, zona oeste e centro. A foto é de leque duplo “Pétalas ao Vento” cria-do pela professora Odete Rubistein. O Evento foi no 2º Encontro Serrano Tai-chi-chuan no SESC de Teresó-

polis, patrocinado pelo SESC e pela Federação de Tai -Chi -Chuan do Rio de janeiro que tem como presidente o Mestre Venceslau de Oliveira Cardo-zo ou Mestre Lau.

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Projeto de Lei Arapongas, PR

Até recentemente o sistema CREF/CONFEF tinha a intenção de trazer para dentro de suas competên-cias as artes marciais (inclusive tai chi chuan), yoga, pilates, capoeira e dan-ça. Para ratificar este equívoco surgiu o projeto de lei 1371/07 da deputada Alice Portugal (PCdoB/BA), que irá trocar o texto da lei 9696/98 que ins-tituiu os Conselhos Federais e Regio-nais de Educação Física. Há processos judiciais no RS, SC, PR, SP, DF e RJ em que mandatos judiciais impedem o sistema CREF/CONFEF de fiscalizar

Unidade Água Verde - Academia BackStageRua Prof. Guido Straube, 52-B

(41) 3013-6114 – 8809/0730 - Prof. Aparecido de Lira------------------------------------------------------------------------

Unidade Colombo - Academia Fit CompanyR. Manoel da Silva Rosa, 11. L.13

(41) 3621-6629 – 8809-0730 - Prof. Romildo Andrade ------------------------------------------------------------------------

Nova Unidade Almirante TamandaréRua São Rafael, 162 - Jd. Monte Claro

(41) 9679-3284 – 8809-0730 - Prof. [email protected]

www.institutofuhok.com.br

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www.RevistaTaiChiBrasil.com.br 15

Rádio Corredor II

Foto

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SESC Água VerdeCuritiba - Paraná

3 TURMASÀs 2ªs, 4ªs e 6ªs: das 08h às 09h

Às 3ªs e 5ªs: das 18h20 às 19h20

Às 5ªs: das 16h30 às 18h

e punir academias e profissionais de artes marciais, yoga, pilates, dança, e capoeira. O texto da lei é simples e adiciona mais um parágrafo à lei da Educação Física: “O Congresso Na-cional decreta: Art. 1º: Acrescente-se (...) com a seguinte redação:“Não es-tão sujeitos à fiscalização dos Conse-lhos previstos nesta lei os profissionais de Dança, Capoeira, Artes Marciais, Ioga e Método Pilates, seus instruto-res, professores e academias.” Deta-lhes em: Projeto de Lei: www.camara.gov.br/sileg/integras/471980.pdf e Lei nº 9.696, de 1 De Setembro de 1998: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9696.htm

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Policiais Militares e o Tai Chi Chuan

Curitiba, PR Novo chefe da Casa Militar recebe visita de comandantes e apre-senta iniciativas para a melhoria da qualidade de vida e do serviço através da prática do Tai Chi. Em 14 de julho, o Cel. Antônio Aurélio Alves Chaves da Conceição, chefe da Casa Militar da Governadoria do Estado do Para-ná, recebeu integrantes da Secretaria, comandantes, oficiais superiores de Unidades Operacionais, entre elas,

12º, 13º e 20º BPM’s, Regimento de Cavalaria, BPTran, Companhia de Guardas, BPGd e BPEC, bem como o professor de Tai Chi, Levis Litz.

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Associação Gaúcha de TaijiquanPorto Alegre, RS

A Associação Gaúcha de Taijiquan, AGT, foi idealizada por

um grupo de praticantes aficionados pelo taijiquan, tendo por objetivo divulgar essa prática em Porto Alegre, propiciando a todos uma melhor qualidade de vida através dos benefícios à saúde, interação social e ganho cultural. Os praticantes reunem-se diariamente no Parque Moinhos de Vento. Fotos: Dia Mundial do Taijiquan / 2010.

Por Silvia Camara Rocha www.taijiquan.com.br

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Arma na parede... ou na mão?

É provável que você, como praticante de Tai-Chi-Chuan, tenha aprendido ou venha a aprender uma ou mesmo mais rotinas com armas. Nada mais lógico, visto que o Tai-Chi se inscreve no universo da arte marcial chinesa, tributária de uma tradição calcada no uso de uma fabulosa variedade de espadas, facões, sabres, bastões, lanças, alabardas e punhais. Tomando como base a ordem comum de aprendizado (rotinas de mãos livres primeiro, rotina com armas depois), podemos até concluir que esse encaminhamento acompanha ou reproduz uma ordem histórica ou evolucionista: é de se acreditar que os primeiros praticantes lutaram inicialmente com as mãos e, mais tarde, caminharam rumo a uma especialização calcada nas evidentes vantagens da tecnologia marcial. Essa, porém, talvez seja uma lógica aplicável somente aos períodos mais recuados da humanidade. Pesquisas historiográficas recentes refutam a “hipótese evolucionista” no caso chinês: em “The Shaolin Monastery – History, Religion, and the Chinese Martial Arts”(1) , livro publicado em 2008 pela Editora da Universidade do Havaí, o historiador Meir Shahar (sinólogo da Universidade de Tel-Aviv) observa que as armas ocuparam o centro na marcialidade chinesa por muitos séculos, não deixando lugar para outras expressões. Elas só teriam cedido essa posição para as artes baseadas no uso de pernas e braços (sintetizadas, em chinês, pelo termo quán - “punho”) a partir do declínio da Dinastia Ming, no século XVI. Segundo o pesquisador, os experts militares dos períodos anteriores tendiam a considerar as técnicas de mãos livres como pouco efetivas e, por conta disso, como pouco confiáveis em batalha. Tais práticas, é certo, existiam e há muito eram citadas na literatura (desde a Dinastia Zhou), mas geralmente em contexto recreativo ou em torneios de caráter desportivo primitivo. Ao vislumbrar tratados militares dos séculos XV e XVI, por exemplo, Shahar observa que, nos

casos em que eram referidas, tais técnicas geralmente apareciam em apêndices de cultura física ou em anexos de menor importância. A maior atenção, efetivamente, ia para armas clássicas bem conhecidas dos atuais praticantes de Kung-Fu: lança (mão), bastão (gùn), facão/sabre (mǎdāo) e espada reta (jiàn). A lógica dos autores era a de que, em se tratando de vida e morte, não havia espaço para riscos – e a experiência mostrava que dificilmente um combatente sem armas era páreo para um oponente armado e adestrado.

Inflexão – Podemos nos perguntar, então, por que ocorreu a inflexão armas x mãos nuas no âmbito da marcialidade chinesa. Aparentemente, esse movimento acompanhou o processo civilizatório que, por meio de releituras e ressignificações, transformou as antigas técnicas marciais em arte marcial, mais exatamente naquilo que os pesquisadores chamam “moderna arte marcial chinesa” (na qual o Tai-Chi-Chuan se insere). Para Meir Shahar, esse movimento ocorreu a partir de meados do século XVII, quando intelectuais chineses – “órfãos” diante da ascensão do poder “estrangeiro” representado pela Dinastia Qin (oriunda da Manchúria) – deram início a um processo de refundação do próprio nacionalismo. Nesse movimento, muitos se aproximaram das artes marciais, então praticadas por antigos militares e por indivíduos de diferentes extratos sociais (de monges a saltimbancos), em sua maioria oriundos das classes iletradas. Esses intelectuais não apenas aprenderam e descreveram as técnicas, mas passaram a lê-las de acordo com os próprios e sofisticados referenciais lexicais e de visão de mundo, muitas vezes calcados em conceitos oriundos do Taoísmo, da Medicina Tradicional e do Confucionismo. Nesse processo, valorizaram o corpo, dando início à formatação das modernas técnicas de Qìgōng (voltadas à saúde, à potência física e à imanência) e dos cinco modernos sistemas marciais de

Rodrigo Wolff Apolloni Praticante de Kung-Fu desde 1985. É professor de arte marcial chinesa da SendaEscola de Cultura Marcial Chinesa, em Curitiba.É mestre em Ciências da Religião pela PUC-SP e doutorando em Sociologia pela UFPR.e-mail: [email protected]

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mãos livres (Shaolin, Hsing I, Pa Kua, I-Chuan e Tai-Chi-Chuan). Tomadas como “extensões artificiais” desprovidas de energia vital, as armas podem ter perdido lugar nessa nova configuração. É preciso considerar, ainda, o impacto da própria tecnologia recente sobre o uso das armas brancas. Ainda que combatentes chineses tenham continuado a utilizar facões até meados do século XX (há fotos do contexto revolucionário chinês que indicam isso), essas peças passaram a ocupar um lugar secundário desde o advento

das armas de fogo. Episódios históricos trágicos como a Rebelião dos Boxers (1900), aliás, parecem não deixar dúvidas quanto a isso.

Pedagogia do Corpo – Voltando à marcialidade, talvez devamos considerar ainda mais um elemento,

Descrição de técnica de bastão" - ilustração presente no livro "Método de Bastão de Shaolin", de Cheng Zongyou (publicado em 1621). Imagem extraída de SHAHAR, M., "The Shaolin Monastery - History, Religion, and the Martial Arts", Honolulu, 1ª edição: University of Hawai'i Press, 2008, 281 p., p. 60.

1. Nota do autor -Traduzida para o português pelos praticantes de Shaolin do Norte Rodrigo Wolff Apolloni e Rodrigo Borges de Faveri, a obra será lançada no Brasil em dezembro deste ano pela Editora Perspectiva.

relacionado à relação ensino-aprendizado para compreender a prevalência das formas de mãos livres sobre as armas. Se, muitas vezes, o primeiro passo é levar o aluno a perceber o próprio corpo e suas potencialidades, esse processo é dificultado em virtude do desequilíbrio natural provocado pela arma trazida à mão. A empunhadura de uma espada ou facão que pese, por exemplo, entre 1,5 kg e 2 kg (peso médio dessas armas), gera assimetria e necessidade de compensação – algo que, sem dúvida, requer coordenação mais sutil do próprio corpo (não entramos no mérito das armas duplas, que estabelecem compensação, mas geram outras demandas corporais).

Vale a pena aprender uma arma? – O tema, como se pode perceber, é apaixonante e cheio de possibilidades para quem deseja saber mais. Para ficar nos limites de um artigo de instigação, porém, encerramos com um questionamento. Diante da aparente obsolescência das armas brancas em nossa época, da prevalência das mãos livres na moderna marcialidade chinesa e das dificuldades de aprendizado pelos neófitos, vale a pena ensinar/aprender rotinas com armas? A resposta que nos ocorre é: vale totalmente a pena. Em primeiro lugar, pela possibilidade de reconexão simbólica com um momento anterior da humanidade que as armas chinesas oferecem, algo que pode ser extremamente salutar ao espírito; em segundo lugar, pelo fortalecimento do caráter marcial da prática – por mais que nos liguemos ao aspecto imanente do Tai-Chi, seu valor marcial deve estar presente e as armas manifestam esse caráter com veemência; em terceiro lugar, pelo adestramento corporal decorrente de um aprendizado que pede ao corpo adaptação a circunstâncias de assimetria; em quarto lugar, pelo valor marcial real das técnicas com armas, mesmo na modernidade – na falta de um bastão ou de um facão, por exemplo, é perfeitamente possível usar uma vassoura ou pedaço de cano em uma situação extrema, com resultados efetivos; em quinto e último lugar, last but not least, por uma questão mercadológica – em um cenário de expansão das práticas corporais, a oferta de produtos diferenciados e atraentes faz uma grande diferença.

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Tai Chi Chuan - Família Yang Forma Longa Tradicional Estilo Yang

(Parte VII)Arthur DalmasoProfessor de Tai Chi Chuan - Estilo Tradicional da Família YangEspaço Bem Estar (Yoga e Tai Chi Chuan) - São Paulo, SP. www.taichichuanyang.org

52 – You Ta Hu Shi – Bater no tigre à direita.

Do movimento anterior, gire o corpo e o pé esquerdo para a direita 180º, mantendo os braços na mesmo posição. Mova o peso para a perna esquerda e ao mesmo tempo os braços apontam para a diagonal esquerda, braço esquerdo arredondado, mão esquerda na altura dos ombros, mão direita apontada para o antebraço esquerdo. Dê então um passo arco com a perna direita, gire o quadril para a direita circulando os braços na sua frente, direito acima da cabeça e o esquerdo na frente do estômago, fechando os punhos, invertendo a posição em relação ao movimento anterior.

53 – Chuan Shen You Tun Tuei – Girar o corpo e chutar com calcanhar direito.

Da postura anterior, abra o seu pé esquerdo 90º, ao mesmo tempo o braço esquerdo abre em direção ao pé, altura de ombro, punho fechado, palma para cima, passando o peso da perna direita para a esquerda. Feche então o ângulo do pé direito 90º, ao mesmo tempo que o braço direito desce, efetuando um grande círculo, punho fechado vindo cruzar à sua frente com o braço esquerdo. Empurre o peso para a perna esquerda e efetue o chute com o calcanhar direito, virilha aberta, abrindo as mãos, braço direito na direção do chute e esquerdo na diagonal, lembre-se de deixar os cotovelos para baixo e os dedos para cima.

54 – Shan Fun Kuan Her – Bater nas orelhas do oponente com o punho.

Da postura anterior, apoiado em seu calcanhar esquerdo, dê um pequeno impulso para a direita até seu pé fechar 45º, você estará de frente para a diagonal, braços a sua frente, altura e largura de ombros, palmas para cima. Abaixe então na perna esquerda e dê um passo arco com a direita, o peso se mantêm atrás, pé apontado para a diagonal, enquanto isso abaixe as suas mãos até a lateral do quadril, fechando os punhos, palmas para cima, gire os pulsos e vá avançando o peso à frente enquanto leva os punhos até a altura das

têmporas, braços alongados, punhos virados para fora, largura entre eles de um palmo, ombros baixos, como que acertando um adversário na sua frente.

55 – Tsou Tun Tuei – Chutar com o calcanhar esquerdo.

A partir do movimento anterior, enquanto avança o peso para se apoiar na perna direita, abaixe os punho até a altura dos ombros, mantendo as costas arredondadas, braços nas laterais, cotovelos baixos, enquanto sobe na perna direita, gire os braços para baixo, cruzando à sua frente, enquanto levanta o joelho esquerdo, preparando o chute, levante os punhos, altura de ombros com os braços cruzados em “X” na sua frente, o esquerdo por fora, punhos fechados. Os dedos do pé esquerdo apontam para baixo neste momento, joelho alto, chute com o calcanhar, mantendo as costas retas, ao mesmo tempo os punhos se abrem e os braços também, esquerdo em direção ao chute e direito na diagonal.

56 – Chuan Shen You Tun Tuei – Girar o corpo e chutar com calcanhar direito.

Do movimento anterior, leve a perna esquerda atrás do corpo, sem encostar o pé no chão, enquanto a palma da mão esquerda vira para cima e a palma direita para baixo, faça então um giro de 360º apoiado no metatarso do pé direito, apoie seu pé esquerdo num ângulo de 45º, erga seu joelho direito enquanto os braços fecham em “X” na sua frente, costas arredondadas, braço direito por fora, abra então os braços como nos chutes anteriores e chute com o calcanhar direito.

57 – Jin Bu Ban Lan Chuei – Avançar o passo, bloquear e socar.

Do movimento anterior vá descendo na perna esquerda, apoie seu pé direito na sua frente num ângulo de 45º, enquanto fecha o punho direito na altura do quadril, palma para cima e recolhe sua mão esquerda próxima do ombro, palma à frente, depois siga no movimento nº 17.

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58 – Ru Feng Si Bi – Fechamento aparente.

Veja o movimento nº 18.

59 – Tzie Tse Shou – Mão Cruzadas.

Veja o movimento nº 19.

3º Parte

60 – Bao Hu Kuei Shan – Abraçar o tigre e retornar à montanha.

Veja o movimento nº 20.

61 - Lu – Rolar para trás.

Veja o movimento nº 04.

– Chi – Pressionar para a frente.

Veja o movimento nº 05.

– An – Empurrar.

Veja o movimento nº 06.

62 – Shia Tan Pien – Chicote simples na diagonal.

Da postura anterior, peso na perna de trás, faça um giro de 135º, e dê o passo descrito no movimento 07, que deverá terminar na diagonal, isto dificulta um pouco a execução correta do passo arco, portanto preste atenção de como se posicionam seus pés e faça as correções necessárias até que você possa estar bem enraizado ao final do movimento.

63 – You Ye Ma Fun Tsun – Acariciar a crina do cavalo à direita.

Do movimento anterior, apoie o peso na perna direita e feche o seu pé esquerdo 90º, apoie então todo o seu peso na perna esquerda, ao mesmo tempo em que seu braço direito protege a frente do seu corpo

arredondado, a mão direita embaixo, o braço esquerdo protege o seu corpo na altura do ombro. Dê um passo arco com a perna direita com o pé aberto num ângulo pouco maior que os 45º à frente, peso ainda atrás, gire o quadril e transfira o peso à frente, a mão direita palma para cima, vai terminar na altura do topo de sua cabeça e na direção de seu pé direito, braço estendido, cotovelo para baixo, o seu braço esquerdo na altura da coxa esquerda, a “boca do tigre” (arredondado que sua mão forma entre seu polegar e indicador) aponta para o antebraço direito, costas arredondadas, olhar firme em direção ao seu antebraço direito.

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Tai Chi Pai Lin,Tai Chi Chuan e o Tao

Prof. Augusto Leitão e Edésio Oliveira Santos, SP.

O Tai Chi Pai Lin é o con-junto de práticas de antigos exercí-cios corporais da Antiga China para saúde, bem-estar, tranquilidade, desenvolvimento espiritual e integra-ção do ser humano com a natureza de origem taoísta que foi transmitido oralmente no Brasil pelo mestre Tao-ísta Liu Pai Lin durante 25 anos. O Tai Chi Pai Lin é também conhecido como estilo Tao Kung (formas de treinamentos do Tao). Os princípios dos ensinamentos, filoso-fia de vida (Yin e Yang) e medicina de equilíbrio (Shoug Yi) têm raízes no Tao, no I Ching. O desenvolvimento e apro-fundamento do Tai Chi Pai Lin depende da disciplina, paciência, dedicação e amadurecimento do praticante. O objetivo dos treinamentos é cultivar o espírito e a energia e trabalhar a nossa própria eletricidade e potencial interior. O mestre Liu Pai Lin sempre dizia que as pessoas tem olhos e não sabem ver, olham muito para fora e com isso o seu espírito é disperso. Não sabem captar e se alimentar da Mãe. Também falava que não deve-mos deixar que a angústia, tristeza, medo, depressão, raiva, ansiedade e outros desequilíbrios orgânicos tomem conta de nós sob nenhum aspecto.

UM POUCO DA HISTÓRIA TAI CHI CHUAN

Estes conhecimentos, até 150 anos atrás, eram guardados em segre-do. Apenas o império da Antiga China e os mestres do Tao tinham contato. O Tai Chi Chuan começou na China e a data exata é incerta. Durante muitos anos os ensinamen-

tos ficaram prejudicados porque as pessoas aprendiam algumas coisas e acrescentavam outras. Desta forma foram se perdendo a sua origem e raízes dos ensinamentos. Atualmente há duas corren-tes teórica relativas à origem do Tai Chi Chuan: uma lenda diz que foi o mestre Chan San Feng, que viveu na

montanha Wu Tang que criou e deu o nome de Tai Chi Chuan no começo da dinastia ming (1367-1403), alguns, entretanto, duvidam da existência de Chang San Feng. A outra teoria afirma que o Tai Chi Chuan foi criado pelo mestre Chen Wang-T’ing no final da dinastia ming (1628-1736). Ele fundou a família Chen da dinastia do Tai Chi Chuan. Por fim, as artes marciais e a medicina chinesa de equilíbrio da China são cobertas por uma cortina misteriosa até hoje. O Tai Chi Chuan também usou o método das portas fechadas. Isto é total se-gredo; ou meia porta fechada, onde as pessoas conheciam o que era Tai Chi Chuan mas não conheciam o método. Em qualquer caso, a transmissão era

diretamente do grande mestre para mestre, de mestre para os discípulos e dos discípulos para os alunos. Mas, para aqueles que estavam fora da por-ta, o conteúdo era sempre misterioso. O Tai Chi Chuan, antes de ser chamado por este nome, era um aprendizado do Tao ou conhecimento dos seres iluminados. O Tai Chi Chuan começou a ser divulgado no norte e no sul da China. No norte foram divulgados os estilos mais conhecidos: o Chen e Yang. No Sul os estilo Sun e Wu. Existem muitas escolas e estilos de Tai Chi Chuan, porém o estilo que fi-cou mais popular é o da família Yang. O Mestre Yang Lu Shang conseguiu no exterior seus próprios treinadores da clã que aceitavam alunos estran-geiros e Yang Cheng Fu (1883-1936) foi um famoso professor que divulgou o Tai Chi Chuan pela China. Depois da morte de Yang Cheng Fu, seus alunos realizaram o seu desejo de continuar a divulgar o Tai Chi Chuan abertamante, transmitindo não só na China, mas em todo o mundo os seus ensinamentos. Assim, também de forma parecida, ocorreu com o mestre Taoísta Liu Pai Lin na transmissão dos ensinamentos do Tai Chi Pai Lin aqui no Brasil. Apesar da transmissão ser oral, alguns professores do passado deixavam alguma coisa escritas de seus ensinamentos contendo a teoria e princípios. Esses princípios são os clássicos do Tai Chi Chuan.Todos os estudantes ou praticantes que quiserem desenvolver suas habi-lidades devem seguir estes preceitos. Principalmente seguir a ideia taoísta de suavidade e harmonia nos movi-mentos. E a nota do manuscrito diz: Este clássico foi deixado pelo patriar-ca Chang San Feng da montanha Wu

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Tang. Ele queria que todo o mundo conseguisse saúde e longevidade e não somente técnicas marciais. Segundo a lenda, através da observação do sistema de luta entre dois animais, Chang San Feng idea-lizou o Tai Chi Chuan em 13 movi-mentos básicos, sempre alternados: aparar, desviar, pressionar, empurrar, colher e puxar ou arrancar, colher e quebrar, golpe com o cotovelo, golpe com o ombro, avançar, recuar, deslocar para esquerda, deslocar para direita, proteger a esquerda, proteger a direita e posição central. O treinamento do Tai Chi Pai Lin Taoísta, assim como outros estilos de Tai Chi Chuan, é muito especial. É como um rio que flui. Lao Tsé sempre dizia que não há mais nada mais suave do que a água da terra, através da suavidade se combate o que é duro através dos movimentos suaves e leves do Tai Chi interagimos com a natureza. O Tai Chi Chuan é uma prática e ciência da vida que evita o sofrimento, purifica o espírito e au-menta a alegria de viver por aqueles que o praticam. Todos podem praticar e usufruir dos benefícios do Tai Chi Chuan. A arte do cultivo à vida, do amor, alegria de viver e da longevi-dade.

O TAO

O Tao vem do termo chinês clássico que significa via, curso, corrida, caminho. Sua noção perten-ce ao patrimônio comum da China arcaica e, a partir do filósofo Lao Tsé, aproximadamente no século VI antes de Cristo. O Tao em si não tem de-finição concreta, pois ele está em toda parte e em todos os lugares. O Tao não é compreensível se não na experiência, vivendo o cotidiano, e é impossível abordá-lo de modo intelectual ou pela razão. Nenhuma palavra jamais poderá contê-lo nem ensinar-nos sua

verdadeira natureza. O Tao abrange uma infinidade de conceitos, é ao mesmo tempo princípios, proces-sos do mundo, força cósmica, força espiritual, essência divina da vida, natureza, verdade, transformações, contentamento e realidade. O Tao é tão grande que não admite fim, é tão pequeno que nada lhe escapa. Eis porque ele é onipotente em todos os seres. O Tao pode ser um meio de atingir estado elevado da consciência, pode ser a natureza que dirige todas as coisas, pode ser o caminho natural da vida, pode ser o princípio do amor dirigido tanto para

Apresentação no Sesc de Santos, SP, com a professora Marina Darin.

o espírito e coração humano, pode ser uma luz irradiada no céu, por fim é amplo que não tem começo e nem fim e não pode ser expresso em palavras, pois o verdadeiro Tao segue o natural e ensina os seus segredos contidos na natureza que produz saúde, vida longa e elevação espiritual. Compreender o Tao é, em resumo, praticar a arte de colocar em comunicação ou em comunhão o ser humano, a natureza, o céu, a terra e os poderes sobrenaturais desconhecidos do macrocosmo.Para um taoísta, o Tao trata de tomar consciência de sua integra-ção com o 1, de sua unidade com a realidade última. Para compreender a verdade é necessário, portanto, aceitar a vida em sua totalidade e para aceitar a vida em sua totalidade é necessário atingir a simplicidade. Por fim o Tao é algo para ser vivido e sentido e não falado.

EDÉSIO OLIVEIRA

É terapeuta e professor de Tai Chi Pai Lin a mais de 13 anos, com formação em Massoterapia, Ci-nesioterapia, Fisioterapia, Shiatsu, Moxabustão. Teve o seu contato e es-tudo com o Tai Chi Pai Lin em 1992 na cidade de Santos, SP, através do Sesc, com a professora Marina Da-rin, em seguida com a Associação Pai Lin de Tai Chi Tao Kong Chuan, hoje conhecida como Associação Tai Chi Chuan da Baixada Santista do mestre Augusto Leitão, primeiro dis-cípulo do mestre Taoísa Liu Pai Lin e representante oficial de Santos. De-pois, em 1997 a 1999, obteve o seu segundo contato direto com o mestre Taoísta Liu Pai Lin, no Instituto Pai Lin de Cultura e Ciência Oriental e na Associação de Tai Chi Pai Lin em São Paulo, nos encontros e reti-ros para saúde e longevidade com o mestre Taoísta Liu Pai Lin, tendo como sua tradutora e primeira dis-cípula da escola Pai Lin e linhagem Taoísta a mestra Jerusha Chang, atu-almente Presidente da Associção Tai Chi Pai Lin na cidade de São Paulo-SP. Durante a sua vida profissional trabalhou durante cinco anos em Hospital, atuou dando atendimento terapêutico em clínica médica, casa de repouso, geriatria, academia, jornal, tv, Secretaria de Segurança Pública e em muitas outras empre-sas. Realizou um projeto piloto para a comunidade durante 9 anos com o nome de ginástica taoísta Pai Lin na orla da praia de Santos com raiz no Tai Chi Pai Lin taoísta, visando sempre promover a saúde, bem-estar e alegria de viver aos seus alunos. Já divulgou o seu trabalho no litoral de Santa Catarina, no exterior(Europa) e atualmente transmite o Tai Chi Pai Lin Taoísta e práticas terapêuticas corporais para a comunidade do Rio Grande do Sul, especialmente na re-gião das hortênsias, na serra gaúcha.

edésioliveira@bol,com.br [email protected]

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Forma dos 18 Movimentos

Levis LitzProfessor de Tai Chi Chuanwww.TaiChiCuritiba.com.br

Tai Chi Chuan Estilo Chen

Yu Bei Shi : Preparação

A partir da postura em pé de WuJi deve-se buscar o recolhimento e a preparação para o TaiJi. O início é com uma respiração calma, focada e serena.

Tai Ji Qi Shi : Início do Tai Chi 1.

A . Permanecer em pé naturalmente com os pés juntos.. Respirar, inspirar e expirar o ar profunda e serenamente. . Deixar as duas mãos ao lado do corpo, com as palmas direcionadas para dentro.. Manter a cabeça de forma ereta, mas não rígida.. Deixar os lábios selados suavemente com a língua tocando gentilmente o céu da boca.. Permanecer com o olhar para frente, para o horizonte.. Naturalmente flexionar um pouquinho os joelhos e relaxar o quadril enquanto afunda (recolhe) o corpo.. Levantar o pé esquerdo e dar um passo para a lateral esquerda até a distância aproximada do quadril ou da largura dos ombros.. Tocar o solo primeiro com os dedos do pé e logo a seguir com o pé inteiro. Nesta postura os pés devem ficar alinhados e um pouquinho voltados para fora e em contato firme com o chão. . O arco dos pés (Yong Quan) deve ser elevado suavemente do chão, com o peso distribuído igualmente nos pés.

. O corpo deve estar relaxado, o peito suavemente afundado, recolhido, os ombros relaxados, o peso do corpo enraizado e os cotovelos naturalmente para baixo. Ao fazer os ajustes na postura da coluna e dos joelhos, estabelecer a região central do pélvis e cóccix numa postura neutra e se concentrar também no períneo, Hui Yin. . A região cervical deve permanecer ereta, o queixo naturalmente encolhido.. Deixar o esterno e as clavículas tranquilos.. Manter uma suave atenção sobre a sensação corporal que sobe até o topo da cabeça.. Permanecer com o olhar direcionado para frente, para o horizonte.

Observações. Ao dar o passo para a esquerda, o peso deve primeiro ser transferido sobre a perna direita e então o pé esquerdo pode ser erguido de uma maneira controlada. Assim que se move para esquerda os dedos dos pés tocam primeiramente o chão e então gradualmente toda a planta do pé. Transferir o peso do corpo lentamente. O corpo inteiro relaxado permite que a energia (Qi) flua para o Tan Tien (abdômen) e depois através das pernas para o ponto do Yong Quan nas plantas dos pés. Enquanto os joelhos são levemente flexionados, manter os quadris relaxados. Expirar profundamente assim que o corpo afundar, se recolher para baixo suavemente. Ficar mentalmente calmo e relaxado enquanto adquire um espírito concentrado e consciência focada. Procurar manter a mente vazia no estado de Wu Ji, em que não há divisão do yin e yang.

Aprendi esta forma com o professor Niall O`Floinn em aulas regulares e com o Mestre Wang Hai Jun em aulas de seminários. A interpretação dos movimentos para este texto é de minha inteira responsabillidade,

eximindo-os de qualquer eventual equívoco que aqui tenha sido transmitido. No sentido de facilitar a visualização dos movimentos citados a seguir, sugiro ao leitor que assista esta forma num vídeo do YouTube

em: Chen Zhenglei 18 form (http://www.youtube.com/watch?v=U5tIEPaMHZM). Apenas é bom ressaltar que o vídeo é de apresentação, não tem caráter didático para o aprendizado de uma aula, o que sugerimos ao

interessado é procurar um professor de Tai Chi Chuan (Taijiquan) qualificado.

Movimentos do Grão-Mestre Chen Zheng Lei

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www.RevistaTaiChiBrasil.com.br 23

. Ao inspirar, concentrar-se no centro de gravidade física do corpo, Tan Tien. Ao expirar, observar como a energia, Qi, desce para o períneo (Hui Yin), para iniciar a “Órbita Cósmica”. A energia Yin sobe da terra, pelos pés, através do ponto 1R, Yong Quan, continua pelas pernas até os rins, ponto Ming Men, que por sua vez se une com a energia que desceu do Tan Tien inferior até o períneo (Hui Yin), para se conectar com a Órbita no canal posterior ou vaso governante, Du Mai, canal do Yang. Depois, a energia sobe até a cabeça, passando pelo alto da cabeça, Bai Hui, até a região do entrecenho, Ying Trang.

B. Inspirar e elevar os braços lentamente em paralelo até ficarem na altura dos ombros, com as palmas voltadas para baixo.. Deixar os pulsos leves, como se fossem sustentados por fios como as marionetes.. Manter os ombros relaxados e os cotovelos suavemente dobrados.. Os joelhos e os quadris permanecem relaxados e assim que os braços se elevam, o corpo deve afundar, baixar suavemente, deixando que os órgãos internos se acomodem.. Os dois pés permanecem firmes no chão.. Direcionar o olhar para frente, para o horizonte.

Observações. Assim que os braços se elevam e o corpo afunda, se recolhe, para baixo, os músculos do peito, das costas, da cintura, as costelas e o abdômen devem ficar relaxados. Os ombros não devem subir com os braços. A respiração é realizada pelo nariz e não se deve segurar a respiração em nenhum momento.

C. Expirar ao mesmo tempo em que levar os braços para baixo, mantendo os cotovelos baixos e afundar o quadril naturalmente, flexionando os joelhos suavemente e mantendo a base, enraizando sobre o eixo do meio dos pés.. Deixar as mãos naturalmente abertas com os dedos estendidos (não completamente esticados) como se tocasse o ar com as pontas. . Deixar aberto o espaço entre indicador e polegar,

Boca do Tigre, o dedo médio naturalmente estendido em conexão com o centro da palma da mão, Lao Gong, com os pulsos dobrados sem obstruir a articulação.. Abaixar as palmas das mãos, voltadas para baixo, até a altura da cintura, aproximadamente até o umbigo, Dai Mai.

Observação importante. Ao pressionar suavemente as palmas para baixo, não deixá-las tensas. Manter o movimento relaxado. O corpo se afunda, se recolhe, com os quadris, joelhos e tornozelos, mas se mantém ereto. Cuidar para não inclinar a cintura e o tronco, esta postura é semelhante ao sentar numa cadeira ou cavalo. Expire o ar assim que baixar suas mãos e o corpo se recolhe. Lembrar de sempre respirar pelo nariz. É importante compreender o processo de como o Qi desce pelo canal anterior ou vaso da concepção, Ren Mai, canal do Yin. A ponta da língua deve ficar em contato com o céu da boca, logo atrás dos dentes incisivos; estabelece-se assim uma ponte de conexão entre a energia Yang com o canal Yin, que desce pela garganta, passando pelo plexo e umbigo até chegar novamente ao Hui Yin e iniciar a subida pelo Du Mai. Além de ser relevante entender bem a pauta corporal (coreografia) conjugada com a coordenação dos movimentos dos pés e das mãos combinados com a respiração, deve-se também primar pelo pensamento dirigido consciente. Daí ser imprescindível a prática do Qi Gong, tanto em posturas estáticas quanto dinâmicas. Aprender a parte física do encadeamento trará benefícios terapêuticos oriundos dos movimentos desse nível de aprendizado; quando se aprende a fazer a respiração consciente no kati, há um benefício fisiológico e energético, e ao se aplicar o pensamento dirigido e consciente, a mente e o espírito se completam, se alimentam e se equilibram.

Observação Final. Para que aprendamos a fazer o tai chi chuan (tai ji quan) com qualidade e extrair os melhores resultados terapêuticos de sua prática, durante todo o kati (encadeamento) devemos manter os padrões desse primeiro movimento. Salvo as modificações específicas quando houver um movimento com variações de cadência ou ainda quando houver a “exteriorização da energia”, Fa Jin, com alinhamento e correção de postura dos eixos de cada movimento, posição ou transição específicas.

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Tai Chi Chuan da Família Yang

Atualmente o mundo perde suas fronteiras e a comunicação permeia todas as áreas do conhecimento. Num momento sem precedentes de nossa história, vivemos uma abertura de possibilidades jamais imaginadas e o intercâmbio internacional entre as diversas culturas nos permite ter acesso a conhecimentos milenares, através de Mestres autênticos. É neste contexto que a Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e o Yang Chengfu Center São Paulo desenvolve cursos de Formação de Instrutores do Estilo Yang Tradicional, de acordo aos critérios e aspirações do Mestre Yang Zhenduo e Mestre Yang Jun, quarta e quinta gerações vivas na transmissão do Estilo da Família Yang. O Curso visa formar Instrutores prontos para difundir o Tai Chi Chuan da Família Yang no Brasil e ingressarem no sistema de ranking internacional, tendo oportunidade de postularem-se após 06 anos de prática e exercício de ensino, à Certificação Internacional. A formação de um instrutor é realizada em etapas de aprendizado, definindo-se conteúdos para a assimilação das técnicas e teorias que compõem esta Arte Milenar. A etapa inicial e mais

Por Ângela SociDiretora para América Latina Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan Yang Chengfu Tai Chi Chuan Center – São Paulo - Brasilhttp://www.sbtcc.org.br

importante que dá ao interessado a sua Primeira Certificação em Território Nacional tem 450 horas e constitui no aprendizado e aperfeiçoamento da Forma Longa além de posturas fixas (Zhan Zhuan), Chi Kung (técnicas para flexibilização e revitalização das energias), Tue Shou, Aplicação dos Movimentos, Fa jing (emissão

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“A formação de um instrutor é realizada

em etapas de aprendizado, definindo-se

conteúdos para a assimilação das técnicas e teorias que compõem esta

Arte Milenar.”das energias), História e Filosofia da Arte, Vida dos Mestres, Estudo sobre benefícios do Tai Chi à saúde e outros temas que levam o aluno a compreender a abrangência do Tai Chi Chuan e sua importância para a época contemporânea. O Certificado emitido tem validade de um ano e deve ser revalidado através de avaliações anuais junto à diretoria da SBTCC e YCFC sob a orientação e

supervisão direta do Mestre Yang Jun. O contato do instrutor com a instituição e sua continuidade no aprendizado de Tue Shou, Armas e Bastão serão certificados ao longo de seus anos de prática. Se alguém tem interesse em se aprofundar corretamente no Tai Chi Chuan da Família Yang e fazer parte desta corrente de difusão do estilo, esta é a porta de acesso.

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Tai Chi Chuan - Princípios Os 10 Princípios de Yang Cheng Fu (Parte VI)

Bruno DavanzoProfessor de Tai Chi Chuanwww.academiaparamitta.com.br

Ponto 6 - Use a mente e não a força. O Tai Chi Chuan clássico diz: “tudo isto significa usar “I” (mente) e não “Li” (força)”. Praticando Tai Chi todo o corpo relaxa. Não deixe uma grama de força permanecer nos vasos sanguíneos, ossos e ligamentos para atá-los, e você será hábil e capaz de mudar. Você será capaz de girar livre e facilmente. Duvidando disto (não usando “Li”) como você pode aumentar seu poder? O corpo tem meridianos como um terreno tem fossos e valas, se não estão obstruídos a água pode fluir. Se o meridiano não está fechado, o “Chi” caminha através dele. Se todo o corpo tem força dura e esta preenche o meridiano, o “Chi” e o sangue param e o retorno não é suave e ágil. Puxe apenas um fio de cabelo e todo o corpo estará fora do equilíbrio. Se você usa “I” e não “Li”, então “I” vai para algum lugar do corpo e o “Chi” o segue. O “Chi” e o sangue circulam. Se você faz isso todos os dias e nunca para, após um longo tempo terá “Nei Chin” (real força interna). O Tai Chi Chuan clássico diz: “Quando você está extremamente suave, então se torna extremamente duro e forte”. Alguém que tenha verdadeiramente um bom “Kung Fu” (treinamento) de Tai Chi Chuan, tem braços como de ferro revestido com algodão e muito pesados.

A partir desse ponto entramos em aspectos mais sutis da prática do Tai Chi Chuan e aqui se faz evidente que sem o auxílio de um professor, dificilmente avançamos no caminho. Mestre Yang Cheng Fu claramente conecta a prática ao cultivo do chi, convidando-nos “Se você faz isso todos os dias e nunca para, após um longo tempo terá “Nei Chin” (real força interna)”. Essa é uma das características que torna a prática do Tai Chi algo muito, muito especial. Os cinco pontos anteriores nos preparam para este. Essencial aqui é perceber até que ponto colocamos intenção no movimento sem criar tensão, e até que ponto relaxamos sem perder a intenção, semelhante ao que expliquei no ponto 5. Mestre Yang Cheng Fu ressalta “Se todo o corpo tem força dura e esta preenche o meridiano,

o “Chi” e o sangue param e o retorno não é suave e ágil”, por isso o Tai Chi não busca a força muscular, mas sim o fluir do chi. Apesar de você realizar movimentos com o corpo, isto depende especialmente de uma atitude de sua mente, da presença.

Aqui também se revela a conexão de forma plena entre corpo e mente. A prática do Tai Chi não é para ser um movimento mecânico repetitivo, automático. Por exemplo, quando dirigimos, podemos até estar no “piloto

automático”, muitos dos nossos movimentos são inconscientes. No Tai Chi, para termos I (mente), ou intenção no movimento, precisamos estar presentes a cada momento, como uma meditação em movimento. O foco da mente no movimento é extremamente importante. No início o aluno tenta decorar o kati e este é apenas o primeiro passo. Como são muitos detalhes, isso ocupa a mente do praticante por algum tempo. Depois de decorar o kati, então o treino realmente começa. Se nesse momento a pessoa realizar o kati de forma automática, “viajar”, então os movimentos não tem intenção. Praticando com I (mente), cada execução do kati é um momento especial, fonte de aprendizado e cultivo do chi (energia).

“A prática do Tai Chi não é para ser

um movimento mecânico repetitivo,

automático.”

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Opinião A Importância do Treinamento

de PosturasEduardo MolonSecretário-Geral da World Chen Xiaowang Taijiquan Association Brasil - [email protected] | http://taijiquan.pro.br

Um dos recursos mais importantes do treinamento de Taijiquan é o trenamento de posturas, ou seja, manter uma postura por algum tempo, sem mover-se. Isto não é novidade para ninguém: quem ainda não viu ou participou de um treinamento assim? O professor manda que todos parem durante a execução da forma e seguem-se alguns minutos de ardência nas pernas enquanto o professor ajusta todos os alunos, um por um. O senso comum indica que isto fortalece o corpo, especialmente as pernas e é claro a força de vontade. Existe mais por trás deste treinamento que simplesmente fortalecer as pernas e o caráter. Primeiro, é necessário compreender o que se deseja ao praticar Taijiquan. O objetivo da prática não é aprender a mover-se lenta e relaxadamente, nem saber executar algumas técnicas de defesa pessoal. O objetivo da prática do Taijiquan, em termos físicos, é transformar o corpo. Isto significa modificar a forma como seus músculos exercem força e como eles estão coordenados em alavancas. Ao conseguir esta mudança, consegue-se mudar a forma como a força mecânica é transmitida em cadeia pelas articulações e faz-se com que isto ocorra de forma totalmente harmônica e coordenada e assim consegue-se obter o melhor aproveitamento possível da força do corpo. Somente assim é possível usar a força das pernas

e do quadril para desferir um golpe com o punho, por exemplo, o que é muito mais profundo do que simplesmente girar o corpo e aproveitar o momento angular (“inércia”) para aumentar a velocidade de um soco. Colocado desta forma, pode parecer que existe um antes e um depois, mas é claro que não se trata disto. Na verdade a mudança é um processo contínuo que dura anos, pois o corpo demora para mudar e aprender algo totalmente novo. Além disso, haverá quem diga que estou falando somente da

parte mecânica e negligenciando a energia, o qi. É preciso lembrar das Seis Harmonias: qi (energia) e li (força) devem estar em harmonia, ou seja, não se pode realmente mover o qi se o corpo não oferecer condições para isto. A condição é a transformação explicada acima. O treinamento de posturas é um dos melhores recursos que um mestre de Taijiquan tem à mão para transformar o corpo dos alunos. Vejam que eu estou usando a palavra mestre de propósito, pois é necessário

um nível muito profundo de conhecimento para conseguir fazer do treino de posturas mais que um treino de mera força. Um mestre, ao corrigir a postura de um aluno durante este treinamento, é capaz de colocar o aluno numa posição em que seus músculos, ossos e tendões estão corretamente alinhados do ponto de vista do Taijiquan. Este alinhamento não deve ser entendido como um alinhamento geométrico, nem pode ser explicado por frases simples do tipo “faça isto ou aquilo com tal articulação”. Além disso, este alinhamento, ao ser observado externamente, pode parecer diferente de aluno para aluno. Num mesmo aluno, ele será diferente ano após ano, pois o devido ao treinamento pessoal do aluno o mestre será capaz de colocá-lo numa posição cada vez mais próxima da ideal. É preciso enfatizar que o aluno não é capaz de chegar sozinho nesta posição e é por isto que ele precisa de um mestre. Não se trata de a posição exigir força ou alongamento e a postura não precisa ser baixa. Trata-se novamente dos alinhamentos internos. Se o aluno pudesse chegar sozinho nestes alinhamentos, ele não precisaria mais do mestre - o que nos traz ao próximo ponto importante: uma vez que o mestre ajustou o aluno, este não deve mover-se nem mesmo um milímetro. Este é mais um ponto mal compreendido, pois a maioria dos observadores

“É importante frequentar as

aulas regulares com os professores

que temos no Brasil”

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externos diria que é uma questão de disciplina. Pelo contrário, é uma questão de compreender o que foi exposto acima. Ao ficar na posição sem mover-se, o corpo se exercita exatamente na proporção necessária para manter os alinhamentos internos que o mestre ajustou e acostuma-se a estes alinhamentos gradualmente. Se o aluno mover-se um pouquinho só, só para aliviar um pouco a ardência e a fadiga, ele não consegue mais voltar ao alinhamento refinado e a informação que o mestre tentou passar foi perdida. Se eu estou repetindo a palavra mestre, então para que um professor? Ora, o professor tem uma compreensão melhor dos alinhamentos internos do que o aluno e consegue promover alguma melhora na postura deste. Por isto é importante frequentar as aulas regulares com os professores que temos no Brasil. Por outro lado, o ajuste que um professor consegue fazer no corpo de um aluno não se compara ao refinamento e profundidade dos ajuste que um mestre faz. Por isto, é essencial para quem deseja aprender a essência do Taijiquan participar dos seminários que os mestres das famílias tradicionais ministram anualmente no país. E é importante assistir aos seminários munido da compreensão acerca do objetivo e dos métodos do treinamento.

Professor: Jose Roberto Batalha Projeto com crianças e adolescentes entre 7 e 13 anos.

Trabalho Voluntário. Local: Ong Voz Ativa Período 26/08/2004 a 28/11/2005.

Rua Ipiranga, 366. Jd Aeroporto – São Paulo

Tai Chi com Crianças

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Fotografias de recentes treinos de Tai Chi. Este é o quinto treino coletivo que promovemos. Recentemente passei a ser diretor de Wushu Interno da FPRKW e é nosso dever zelar por esta arte, que necessita tanto crescer e se desenvolver aqui no norte do estado do Paraná. Não temos um local definido, pois treinamos todo domingo pela manhã em cidades diferentes, como Apucarana, Jandaia do Sul, Mandaguari e Maringá, em treinos totalmente gratuitos. Com isso estamos

Galeria de Fotos

conquistando cada vez mais praticantes de várias escolas de wushu e apreciadores da arte marcial. Sou eu mesmo que estou a frente dos treinamentos, onde ensino a Forma 24 Yang e a Forma 32 com Espada, além de aulas de Tui Shou (Empurrando com as Mãos). Treinamento que recebi do Prof. Paulo Sakanaka, Diretor de Wushu Interno da CBKW. Este trabalho visa unicamente a expansão e desenvolvimento do wushu interno em nossa região!

Abel CezarDiretor de Wushu Interno FPRKW

Árbitro Wushu Interno CBKW

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Realização: UERJ / IEFD / Curso de Tai Chi | Instituto TAOIN - Prof. Roberto MeloWCTA-Br - Prof. Eduardo Molon

Texto: Dulce Siqueira (Jornalista) - Fotos: Jeová E. de Lima

Rio Open Tai Chi Festival 2010

Realizado pela primeira VEZ na UERJ – Universidade que já nasceu entre o samba da Vila de Noel, o futebol do Maracanã e as Rosas não Falam da Estação Primeira de Mangueira, o evento Rio Open Tai chi Festival 2010 fez sua mostra na 1ª edição tendo como missão maior a consagração da cidade que mais pratica a arte do tai chi no país e escolheu como solo a sua principal e histórica universidade pela sua identificação plena. Bastava assistir ao evento que alcançaríamos a concretização de um sonho possível: A construção de um caminho de paz! Cumprimos a nobre e alvissareira missão da troca da compaixão pela doação voluntária. Durante o evento foram arrecadas alimentos não perecíveis e doados a duas instituições de caridade de alta relevância e responsabilidades sociais. Perpetuamos na lembrança e nos gestos calorosos o simples fato de estarmos junto aos amigos e colegas do tai chi - novos e veteranos de práticas e artes – tornando, assim, o instante memorável e igualmente especial, afirma Roberto Melo do Instituto Taoin.

Notorizou, ainda, que cerca de cem testemunhos oculares lá presentes deram um grande passo para a criação de um grande e inédito marco para esta arte prática milenar: O tai chi. Na sua essência não escapam a beleza, leveza e a maravilha dos movimentos das águas na busca pela paz interior, antagonicamente servindo – hoje - para separar as pessoas. A convivência com os diferentes nos trás ótimas lições e a igualdade da união pelo amor, mas as desigualdades nos fecham as portas do caminho das águas dentro numa represa de mudanças e de nós cegos. Desta melhor forma e, num movimento livre e espontâneo, podemos receber pessoas diferentes, de escolas diferentes e até contemplando estilos igualmente diferentes. Com o coração e os pulmões respiramos e transpiramos rápidas quatro horas de evento do mais legítimo, original e belo tai chi nas suas mais diferentes formas. Destaque para Jan Silberstorff diretor-técnico da WCTA-Br (World Chen Xiaowang Taijiquan Association- Brasil), que além de presidir a mesa

oficial do júri do evento, nos brindou com uma aula aberta a todos que, imediatamente, retribuíram com gestos de simpatia e adesão. Com a ajuda luxuosa e incontestável do nobre artista e cartunista Ziraldo - autor do cartaz do evento - contou até com a surpresa e participação do menino maluquinho fazendo tai chi. Por votos merecidos revelamos o vencedor da sua primeira etapa: O grupo sergipano intitulado de “Discípulos de Chen Xiaowang” que com uma palavra definimos: Surpreendentes! Qual o resultado do evento? Um sério e inesquecível legado próprio além de um torneio aberto com possibilidade de todos se sentirem como no tai chi: Confortáveis e em casa! Quando nos perguntarem o que aprendemos com as lições de beleza e precisão do tai chi, deveremos nos mirar na dualidade que o homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum aos outros e, se não corrigirmos nossas faltas, será o mesmo que cometê-los como novos erros. A busca do equilíbrio está no meio!

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Créditos Komulinka Comunicação Total e Assessoria de Imprensa

55 21 9236-1258 - 55 21 7833-3651 /I.D: 8 * 21070msn:[email protected] | www.komulinka.com.br

[email protected] | FB:Dulce Siqueira--------------------

Roberto Barboza de MeloProf. de Tai chi - Projetos e consultoria

21 8612-5319 - [email protected]

Entrega de medalhas

Fraternidade acima das diferenças

Mestre Jan Silberstorff dando aula

Premiação do vencedor

Talentos da maturidade

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Todos os praticantes e simpatizantes do Tai Chi Chuan devem ler e estudar sobre a arte do Tai Chi Chuan, pois o conhecimento amplia a visão e a compreensão da pessoa em relação a tudo o que envolve a arte. Existem várias publicações excelentes sobre o Tai Chi Chuan, como a Revista Tai Chi Brasil, Tai Chi Magazine e, também, a Revista de Tai Chi Chuan produzida pela International Yang Family Tai Chi Chuan Association. A Associação Internacional de Tai Chi Chuan da Família Yang publica uma Revista de Tai Chi Chuan desde 1999, quando foi lançada a primeira edição. De lá para cá, 26 edições já foram publicadas e entregues para os Membros da Associação de Tai Chi Chuan da Família Yang. Esta revista é entregue somente para os membros da Associação – no Brasil é traduzida e publicada em português. A Revista contém ensinamentos sobre o Tai Chi Chuan Estilo Yang Tradicional, artigos científicos falando sobre os benefícios do Tai Chi Chuan, textos e ensinamentos dos Mestres Yang Zhenduo e Yang Jun e de vários colaboradores da Associação, além do departamento técnico com posturas e explicações dos movimentos da Forma Tradicional da Família Yang. São informações relevantes e imprescindíveis sobre o Tai Chi Chuan e a Cultura Chinesa para todos os amantes da arte do Tai Chi Chuan que tem sede de conhecimento e que almejam a sabedoria. Qualquer pessoa, praticante ou não, pode filiar-se na Associação Internacional de Tai Chi Chuan da Família Yang e tornar-se um membro. Como membro obterá muitos benefícios, como: receber as Revistas de Tai Chi Chuan, receber uma credencial de Membro, terá direito a descontos em seminário e produtos da Associação, além de outros. Para realizar a filiação e tornar-se um Membro da International Yang Family Tai Chi Chuan Association e receber as Revistas de Tai Chi Chuan, escreva para: [email protected]. Veja mais informações no site: www.taichichuan.com.br Prof. Fernando De Lazzari

Diretor do EQUILIBRIUS e do Yang Chengfu Tai Chi Chuan Center – Brasil. Representante da Associação Internacional de

Tai Chi Chuan da Família Yang em Ribeirão Preto, SP.

Ler sobre o Tai Chi Chuan é bom e muito importante