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Expediente
Beatriz
Moreira
Igor Castro
Vinicius
Rocha Lucas Karas
istória da Revista
A partir do nascimento da prensa de Gutemberg, a revista não demorou a
ser criada. E desde seu nascimento já era considerada sinônimo de
variedade. Com o nome de Edificantes Discussões Mensais, nascida em
Hamburgo, a primeira revista que se tem registro tinha muito mais um formato de livro do que,
propriamente dita, de revista. Eram artigos do inicio ao fim, em preto e branco, mas com uma variedade
que a diferenciava muito do formato original do livro. Isso em 1663, cerca de duzentos anos após a
invenção de Gutemberg. A partir daí muitos outros segmentos de revistas surgiram, como, por exemplo a
francesa Mercúrio Galante, aprimeira multitemática da história. Nos Estados Unidos surgiu a expressão
magazine. E isso se deve ao fato de que a revista é como se fosse uma loja em que você pode escolher o
que vai ler (ou comprar), com total liberdade para isso.
No século XIX, a revista já era algo instalado dentro do dia a dia da sociedade. Na verdade, da sociedade
burguesa, por ser um produto caro, e de difícil acesso. Algo diferente dos dias de hoje, em que a revista se
tornou algo muito mais acessível. A partir daí, a qualidade técnica das revistas começou a melhorar, as
figuras começaram a aparecer e tomar conta. Com a disseminação da fotografia, muitas vezes a imagem
era mais valorizada – e ainda é – do que o próprio texto ou artigo. Como exemplo disso, temos a Illustrated
London News, que possuía 16 paginas de artigos e 32 de imagens. Hoje, é possível identificar revistas de
todos os segmentos. Moda, comportamento, intelectual, informativa. Não há uma que não se encaixe no
gosto de qualquer pessoa. E deve ser por isso que, com uma receita “já pronta”, a revista é um dos meios
impressos mais consumidos no mundo.
h
Coluna
Thomaz Souto Corrêa
Corre uma história curiosa no mundo revisteiro, do gênero "se non é vero..." A revista teria sido percebida pelo leitor como se fosse uma loja, onde as pessoas entram, escolhem e compram somente o que querem consumir. Na revista, acontece a mesma coisa: o leitor entra na revista, e escolhe o que quer ler. Daí o nome magazine pelo qual as revistas são conhecidas em alguns países da Europa e nos Estados Unidos. Mas sei lá, entende?
Seja lá como for, a idéia deu certo, sem nenhuma pesquisa de mercado, e a novidade da revista monotemática foi logo copiada. Em 1665, surgiram a francesa Jornal dos Sábios, sobre ciências, e a inglesaTransações Filosóficas; em 1668, apareceu a italianaJornal dos Literatos.
O passo seguinte foi a invenção da revista multimemática. Na França, em 1672, alguém teve a idéia de misturar assuntos muito variados, debaixo de um mesmo título, e inventou o que hoje chamamos de revista de interesse geral. O Mercúrio Galante publicava crônicas sobre a Corte, anedotas elegantes, poesia.
Mas levou vinte anos para que alguém inventasse a primeira revista feminina da história, em 1693, sempre na França. Pelo jeito, essa revista era aparentada com o Galante, porque se chamouMercúrio das Senhoras. Também tinha a crônica da Corte e poesia, mas mostrava desenhos de roupas, moldes para vestidos e bordados, poesia.
Dando uma de engenheiro de obra feita, fica fácil dizer que, do ponto de vista do marketing, as revistas nasceram segmentadas por tema teologia, ciências, literatura , e o Mercúrio Galante inaugurou a seção de revistas segmentadas por mercado leitor, no caso o feminino.
O número de novas revistas se multiplicou pela Europa, onde o analfabetismo diminuía e o interesse por novas idéias crescia.
O aparecimento das revistas nos Estados Unidos começou com uma história de ferrenha concorrência. Era 1741, e Benjamim Franklin estava para lançar no dia 13 de fevereiro a primeira revista do novo continente, chamada General Magazine and Historical Chronicle. Mas Ben tinha um concorrente nos negócios, que já ouvira falar da novidade. E foi assim que Andrew Bradford lançou o American Magazine, or Monthly View, três dias antes!
A briga sobre quem tinha sido o primeiro foi curta, porque a revista de Bradford durou três meses, e a de Franklin seis. Interessante notar que ambas as revistas tinham dois títulos, separados por or ou porand, e esse costume acompanhou as revistas americanas durante muito tempo.
Aliás, as brasileiras também começaram com a mesma dúvida sobre quem teria sido a primeira. Em 1808 saiu o Correio Brazilense ou Armazém Literário(perceberam o ou?). Quatro anos depois surgiu As Variedades ou Ensaios de Literatura (olha ele aí de novo...) . Como ambos tinham aparência de livro, oCorreio passou a ser o primeiro jornal, porque alguns historiadores acharam que Variedades obedecia mais a um espírito editorial de revista (seja lá o que isso for), e ela virou oficialmente a número um da categoria. Tanto que a consideramos como tal no nosso livro A Revista no Brasil.
No próximo capítulo, falaremos sobre como nasceu o negócio revistas.
* é membro do Conselho de Administração, VP do Conselho Editorial e Consultor para Revistas do Grupo Abril
Em terra Brasilis
Como a febre mundial de revistas chegou ao Brasil
Por Lucas Karas e Igor Castro
Dentro do nosso grande país, a Revista também
encontrou obstáculos para se fazer presente em
nossa sociedade. Já desde o seu nascimento, em
meados de 1800, há uma pequena confusão.
Alguns consideram o Correio Braziliense como a
primeira revista de nossa história. Porém,
Variedade seguia mais um espirito editorial de
uma revista, enquanto o primeiro era como a
Edificantes Discussões Mensais, pois se
aparentava muito mais à um livro – mesmo com
os dois possuindo essa aparência. Porém nem
uma, nem outra foram de importante relevância
para a história do país. A preocupação com a
noticia não o fator mais importante dentro das
páginas dos impressos que circulavam em nosso
país. A reportagem, o trabalho na noticia que
jornalistas verdadeiros fazem, só foi ocorrer a
partir da iniciativa de O Cruzeiro, capitaneado por
um dos maiores jornalistas que nossa sociedade
já viu, Assis Chateaubriand. A noticia começou a
ser procurada e relatada diretamente do local. Os
artigos, as fotos. Tudo era retirado do local
noticioso. E isso foi um dos grandes auxílios que a
revista trouxe para nós, jornalistas e vocês,
leitores, enquanto sociedade.
E como falamos no O Cruzeiro, não podemos de
fazer um pequeno resumo da primeira revista
com circulação nacional em nosso país. Fundada
por Carlos Magalhães, fazia parte dos Diários
Associados, de Chatô. Multitemática e com capas
que sempre atraíram o leitor, ela se tornou a
principal revista brasileira do século XX, sendo
que deixou de existir somente em 1960, devido a
grande vilã dos jornais, revistas e livros: A
televisão.
Outra importante revista brasileira que teve um
peso grande na história do Brasil, mesmo com
pouco tempo de vida: a Diretrizes. Com uma
equipe de peso, como Jorge Amado, Samuel
Wainer, Joel Silveira, entre outras grandes figuras
de nossa imprensa. Com reportagens
memoráveis e furos incríveis, Diretrizes,
comandada pelo saudoso Wainer, se tornou em
tão pouco tempo ( seis anos de existência ), um
grande exemplo de um jornalismo voltado para a
sociedade e preocupado com o que acontecia em
sua volta. É verdade que após o fim de sua vida,
devido a censura – algo que vamos citar em
artigo voltado a isso – houve uma tentativa de
voltar à vida, esse grande exemplo jornalístico de
nossa história.
A partir daí, a diversidade começou – como
sempre é, na história da disseminação das
revistas – a existir fortemente. Voltadas para
públicos específicos, tivemos e temos revistas
para todos os gostos. Grandes reportagens e
furos que davam inveja até no jornalismo
investigativo americano, marcaram a época de
ouro do jornalismo “revisteiro” e romântico – aí
já num âmbito mais geral – do nosso país.
Infelizmente, a censura e a ditadura
traumatizaram nosso jornalismo, que até hoje
sofre com isso.
Censura: Como inimiga da Revista.
Em 1937, a ditadura de Getúlio Vargas é
instaurada no Brasil. E com ela a censura sob a
imprensa, como um todo, é implantada.
Consequentemente, a revista não deixaria de
sofrer com isso. Com a criação do DIP, muitas
publicações, muitas grandes reportagens, muitos
furos que marcariam o jornalismo brasileiro
foram impossibilitados de serem publicados
devido a censura. Não era surpresa ver um
jornalista “desaparecer”, por ser considerado um
“risco” aos homens de poder. Tanto que
Diretrizes no artigo Dentro do Brasil: Uma história
conturbada e confusa da Revista, foi excluída do
dia a dia da sociedade brasileira. Porém, mesmo
com o governo ditador derrubado, e junto com
ele, a censura, não demorou para que a
informação fosse novamente bloqueada. Vinte
anos após a deposição do governo ditador de
Getúlio Vargas, os militares assumiram o poder e,
com ele a censura voltou, mais forte ainda.
O Ato Institucional número 1, de 9 de Abril de
1964, foi o documento pioneiro da censura. Em
agosto de 1966 o governo promulgou a lei
número 5089 proibindo a impressão e a
circulação de publicações que trouxessem crimes,
terror ou violência como temas dirigidos à
crianças e adolescentes. Com o Ato Institucional
numero 5, em Dezembro de 1968 o decreto lei
instituído no novo Código Penal, que fazia
referências aos meios de Comunicação.
Todas as revistas que circulam no país, nacionais
o estrangeiras, deveriam ser registradas na
Divisão de Censura e Diversões Públicas do
Departamento da Polícia Federal. Com esta nova
portaria ficou abolido o uso da embalagem em
material opaco, resistente e fechado, que era
destinada a evitar o acesso de menores a
publicações a eles proibidas.
Os órgãos descentralizados do Departamento da
Polícia Federal deveriam recolher as publicações
em que fossem encontradas circulando sem
registro e enviar ao Departamento de Censura
um exemplar de cada número arrecadado, para
averiguação das matérias nele contidas.
A portaria baseou-se no decreto lei de 26 de
Janeiro de 1970, assinado pelo Presidente Médici.
“Não serão toleradas às publicações e
exteriozações contrárias à moral e aos bens
costumes, quaisquer que sejam os meios de
comunicação”.
O General Nilo Canepa, diretor do departamento
da Polícia Federal, baixou a Portaria de número
209, em 1973, que determinava o reexame de
todas as publicações periódicas e o registro das
mesmas no departamento de censura.
O objetivo da portaria era verificar a existência de
matérias potencialmente ofensivas à moral e aos
bons costumes, que não deveriam ser expostas a
venda nem distribuídas a seus assinantes.
Como resultados das averiguações foram
proibidas 46 revistas estrangeiras e 14 nacionais,
inclusive às de humor do gênero Garotas e Piadas
e Evas e Bom Humor.
Com repressão à divulgação de temas eróticos,
revistas estrangeiras de atualidades como Der
Spiegel e Stern e de entretenimento, como
Penthouse, Playboy, Lui e Playmen – que havia
publicado fotos de Jacqueline Onassis nua –
deixaram de circular no país por determinação do
senhor Rogério Nunes, Diretor de Censura e de
Diversões Publicas do Departamento da Polícia
Federal.
Revista Veja
Entre 1964 e 1985, o Brasil foi governado por uma junta militar. Durante esse período, as instituições democráticas sofreram restrições, as liberdades individuais foram limitadas e a imprensa foi censurada. Em contrapartida, a
economia do país teve um crescimento inédito. Lançada em 1968, VEJA viveu e registrou durante 17 anos o cotidiano brasileiro sob o comando dos generais.
Poucos meses após a estréia da revista, o Ato Institucional 5 fechou o Congresso, cassou o mandato de mais de meia centena de políticos e suspendeu as garantias constitucionais. VEJA foi uma das primeiras vítimas do AI-5: a edição sobre o ato que endurecia o regime foi recolhida das bancas em dezembro de 1968.
Foi criada em 1968, pelos jornalistas Victor Civita e Mino Carta (que, após uma série de divergências com a linha editorial dos Civita, fundou a Carta Capital – que recentemente denunciou as ligações de Policarpo Júnior com Carlinhos Cachoeira). Em setembro de 68, foi lançada a primeira edição da Veja. Tendo como manchete de capa "O Grande Duelo no Mundo Comunista", trazia entre outros os seguintes artigos: "Rebelião na Galáxia Vermelha", "A Romênia Quer Resistir", "Checos Têm Esperancas". Em sua página 20, no editorial, trazia publicado: "VEJA quer ser a grande revista semanal de informação de todo s os brasileiros"
Por uma década, a sigla AI-5 marcaria a fase mais feroz dos 21 anos de ditadura.
Se por um lado o Estado massacrou liberdades básicas dos cidadãos, de outro, um punhado de jovens radicais e organizações de esquerda enfrentaram o regime. As diferentes formas de resistência ao governo fardado renderam uma série de capas históricas, como a do Congresso “clandestino” da UNE, em Ibiúna, em 1968, ainda antes do AI-5. Ali, só podiam entrar os estudantes que tivessem em mãos um exemplar de VEJA daquela semana - a revista era a "senha". De leitores, os estudantes passariam a protagonistas da revista. Ao serem descobertos e presos, estamparam a capa da semana seguinte.
Outra capa da revista, agora em 1969, sobre os estudantes que enfrentavam o obsceno regime
ditatorial
Uma pequena lista das principais revistas da História
1663 - ERBAULICHE MONATHS-
UNTERREDUNGEN
Criada por um teólogo e poeta
chamado Johann Rist, da cidade de
Hamburgo, na Alemanha, essa foi a
primeira revista de que se tem notícia.
As "Edificantes Discussões Mensais"
foram publicadas até 1668
1693 - LADIE’S MERCURY
O jornalista inglês John Dunton foi
responsável por essa pioneira revista
feminina, um segmento que faria
grande sucesso. Três anos antes de
lançá-la, Dunton havia editado a
Athenian Gazette, destinada a
responder "todas as questões curiosas"
- seria uma Mundo Estranho da época?
A Athenian deu experiência a Dunton
para preparar uma publicação dedicada
ao "belo sexo".
1731 - THE GENTLEMAN’S
MAGAZINE
Publicada na Inglaterra por Edward
Cave, é considerada a primeira revista
moderna. A maior parte de suas
páginas era dedicada ao
entretenimento, incluindo ensaios,
textos de ficção e poemas. Mas havia
ainda comentários políticos e críticas.
Foi a primeira vez que a palavra
magazine foi usada para esse tipo de
publicação.
1842 - THE IlLUSTRATED
LONDON NEWS
O inglês Herbert Ingram acreditava
que revistas ilustradas seriam um
sucesso comercial. Sua publicação
semanal The Illustrated London News
provou que ele estava certo. Ela foi a
primeira revista a utilizar gravuras
para acompanhar o texto dos artigos. A
inovação inspirou outras revistas
ilustradas na época.
1892 - VOGUE
Inicialmente, essa revista americana,
fundada por um editor aristocrata
chamado Arthur Turnure, era dedicada
aos luxos e prazeres da vida, além das
reportagens sobre moda, é claro. O
público alvo da Vogue era a rica elite
da cidade de Nova York do final do
século 19. Sua reputação como bíblia
da moda se mantém até hoje.
1855 - LESLIE’S WEEKLY
Foi uma das primeiras revistas
americanas a utilizar ilustrações. Na
segunda metade do século 19, tinha
uma circulação média de 100 mil
exemplares. Entretanto, esse número
triplicava de acordo com o assunto
tratado na edição. Durante a Guerra
Civil Americana (1861-1865), a
publicação inovou, mandando 12
correspondentes para cobrir o conflito.
1888 - NATIONAL GEOGRAPHIC
Publicada até hoje, é uma das revistas
científicas mais importantes do mundo,
financiando expedições e explorações.
Foi uma das primeiras a publicar fotos
coloridas, além de ser pioneira em
vários tipos de imagens, como do
fundo do mar, do espaço e de animais
selvagens
1928 - O CRUZEIRO
Uma das revistas mais importantes do
Brasil. Foi fundada pelo jornalista
Assis Chateaubriand. O primeiro
número da Cruzeiro - ainda sem o "O"
- teve tiragem de 50 mil exemplares,
trazendo contos e, principalmente,
grandes reportagens, ilustradas com
desenhos e fotografias.
1925 - THE NEW YORKER
Fundada pelo editor americano Harold
Ross, ficou famosa pelo humor e pela
qualidade dos textos literários. Ela
começou tratando da vida cultural e
social de Nova York, mas logo abriu
espaço para críticas, textos de ficção e
reportagens. Entre seus colaboradores
estão grandes escritores do século 20,
como Dorothy Parker e J.D. Salinger.
Tiragens:
1ª – Veja: Tiragem de 1.098.642 exemplares por semana
2ª – Época: Tiragem de 417.798 exemplares por semana
3ª – IstoÉ: Tiragem de 344.273 exemplares por semana
4ª – Caras: Tiragem de 279.458 exemplares por semana
5ª – Viva Mais: Tiragem de 167.723 exemplares por semana
6ª – Ana Maria: Tiragem de 167.419 exemplares por semana
7ª – Contigo: Tiragem de 139.115 exemplares por semana
8ª – Tititi: Tiragem de 122.601 exemplares por semana
9ª – Minha Novela: Tiragem de 98.859 exemplares por semana
10ª – Malu: Tiragem de 93.982 exemplares por semana
*Dados de 2008
As 10 revistas semanais
mais vendidas do Brasil*
Veja
Época
IstoÉ
Caras
Viva Mais
Ana Maria
Revistória