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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA
RITA DE CÁSSIA FERREIRA DA SILVA
MULHERES QUE VIVÊNCIAM O PERÍODO DE CLIMATÉRIO NUM PRESIDIO NO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
NITERÓI/RJ
2016
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RITA DE CÁSSIA FERREIRA DA SILVA
MULHERES QUE VIVÊNCIAM O PERIODO DE CLIMATÉRIO NUM PRESIDIO NO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ORIENTADOR
PROFESSOR DR. AUDREY VIDAL PEREIRA
NITERÓI/RJ
2016
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Coordenação do Curso
de Graduação em Enfermagem e
Licenciatura da Escola de Enfermagem
Aurora de Afonso Costa da
Universidade Federal Fluminense,
como requisito parcial para obtenção do
Título de Enfermeiro Licenciado.
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S 586 Silva, Rita de Cássia Ferreira da.
Mulheres que vivenciam o período de climatério num
presídio no Estado de Rio de Janeiro / Rita de Cássia Ferreira da
Silva. – Niterói: [s.n.], 2016.
59 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Enfermagem) - Universidade Federal Fluminense, 2016.
Orientador: Profº. Audrey Vidal Pereira.
1. Saúde da Mulher. 2. Climatério. 3. Prisões. I. Título.
CDD 613.04244
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RITA DE CÁSSIA FERREIRA DA SILVA
MULHERES QUE VIVÊNCIAM O PERIODO DE CLIMATÉRIO NUM PRESIDIO NO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
APROVADO EM:__________________
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________
Prof. Dr. Valdecyr Herdy Alves – Professor Titular - UFF -1º Examinador
____________________________________________________________
Prof. Ms. Márcia Vieira dos Santos - UFF - 2ª Examinadora
____________________________________________________________
Prof. Dr. Audrey Vidal Pereira - UFF - Orientador
____________________________________________________________
Prof. Ms. Diego Pereira Rodrigues - UFF - Suplente
NITERÓI/RJ
2016
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Coordenação do Curso
de Graduação em Enfermagem e
Licenciatura da Escola de Enfermagem
Aurora de Afonso Costa da
Universidade Federal Fluminense,
como requisito parcial para obtenção do
Título de Enfermeiro Licenciado.
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a todas as pessoas que com muito carinho, contribuíram para
realização desse estudo. Em especial ao meu filho Gabriel Ferreira dos Santos, que em todos
os momentos sempre incentivou-me nos projetos de minha vida, compreendendo os muitos
momentos que estive ausente, até mesmo quando estava perto. “A minha vitória, é a nossa
vitória! Tenha a certeza que se não fosse seu apoio e sua compreensão eu não chegaria até
aqui.” Não poderia esquecer também de você Hadassa Ferreira Rodrigues, que sempre será
minha filha do coração.
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AGRADECIMENTOS
Ao meu marido, Rafhael Carvalho dos Santos que nos momentos de dificuldades,
sempre me deu força e apoio. “A vitória é nossa.”
Aos meus irmãos e irmãs, cunhados e cunhadas meu muito obrigada pelo carinho e
acolhimento em seus lares.
Aos meus sobrinho e sobrinhas, meu muito obrigado, por vocês existirem e ofertarem
tanto carinho e amor, inclusive Thiago Santos Lima, em especial a Soyanne Ferreira
Rodrigues, por sua dedicação e paciência nessa fase final desse trabalho.
A todos os meus sobrinhos netos, que muito me trazem alegria, agradeço a Deus pela
vidinha de cada um de vocês.
Ao meu orientador, por ter aceito esse desafio, mesmo diante de tantas dificuldades,
você não desistiu de mim. Sou muito grata a você Professor, Dr. Audrey Vidal Pereira.
A você, enfermeira Márcia Vieira dos Santos, meu muito obrigada pela oportunidade
de conhecer uma realidade, que para muitos se esconde atrás dos grandes muros das prisões. É
bem certo, que sem a sua ajuda, esse trabalho não aconteceria.
A todos os professores que fizeram parte da minha vida acadêmica, em especial às
professoras Emilia Gallindo, Elenice Cechetti e Helen Campos Ferreira. A vocês meu muito
obrigada, por terem me acolhido em momentos que pensei em desistir.
Aos meus colegas de trabalho, por me incentivarem a continuar nessa jornada. Em
especial à Mariangela Valviesse, que muito contribuiu para que eu desse seguimento a essa
universidade. Não esquecerei seu carinho, obrigada.
Às minha amigas, que muito contribuíram para a realização desse sonho. É um
orgulho ter vocês como amigas, e sem exceção, meu muito obrigada. Aguimar Buzon, Bruna
Oliveira, Mariana Sousa e Giovanna Marchiori, também a Jennifer Costa e Ramon Monteiro.
E agradeço principalmente a Deus, acima de todas as coisas, por permitir que eu faça
parte do corpo discente da Universidade Federal Fluminense e ter concedido condições para
continuar nesse projeto de vida. Pois, muitas vezes pensei em desistir... Parei e lembrei que
“..tudo posso, naquele que me fortalece”. A Ti Senhor toda Honra e toda Glória!
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RESUMO
As mulheres sofrem alterações físicas e psíquicas que afetam a saúde desde a adolescência até
a terceira idade. Com o decorrer da vida, vão-se somando perdas emocionais, sociais e físicas
que se tornam significativas. Dessa maneira, olhar para as mulheres que passam pelo período
do climatério, principalmente em situações específicas como a prisão, estimulou a intenção de
identificar quais são os sinais, os sintomas e os problemas referidos por essas mulheres que
afetam a sua saúde. Para tanto, foram realizadas entrevistas com sete mulheres que se
encontravam no período do climatério, encarceradas num presídio situado no Estado do Rio
de Janeiro. A partir da análise temática, segundo Bardin (2011), foram identificadas duas
categorias analíticas: Sintomatologia e problemas de Saúde referidos pelas mulheres
encarceradas, e Reconhecendo e driblando o período do climatério. A maioria das
entrevistadas passam pelo estado de climatério de maneira desconfortável. E mesmo se
tratando de condições específicas relacionadas ao confinamento, pode-se observar que
algumas mulheres, de modo contraditório, referiram passar por esse período convivendo bem
com a sintomatologia e/ou problemas de saúde, naturalizando questões relacionadas ao
climatério que ocorre durante o encarceramento. Assim, o estado de climatério, sobretudo em
situações específicas como a prisão, deve ser mais explorado pelas políticas públicas de
saúde, contribuindo para a melhoria das condições de vida desse grupo específico de
mulheres.
Descritores: Saúde da mulher; Climatério; e Prisão
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ABSTRACT
Women suffer physical and psychological changes that affect health from adolescence to old
age. In the course of life, will be adding emotional, social and physical losses become
significant. In this way, look at the women who pass through the climacteric period,
especially in specific situations such as the arrest, stimulated intended to identify what are the
signs, symptoms and problems reported by these women that affect their health. Therefore,
interviews were conducted with seven women who were in the climacteric period,
incarcerated in a prison located in the State of Rio de Janeiro. From the thematic analysis,
according to Bardin (2011) we have identified two analytical categories: Symptomatology and
health problems reported by imprisoned women, and recognizing and dodging the climacteric
period. Most of the interviewees go through menopause status uncomfortably. Moreover,
even when it comes to specific conditions related to confinement, it could be observed that
some women, in a contradictory way, said to go through this period coexisting well with the
symptoms and/or health problems, naturalizing issues related to menopause that occurs during
incarceration. Thus, the state of menopause, especially in specific situations such as
imprisonment, should be further explored by public health policies, contributing to improving
the living conditions of this particular group of women.
Descriptors: Women's health; Climacteric; and Prison
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. p.12
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................... p.12
1.2 OBJETO ............................................................................................................... p.14
1.3 QUESTÕES NORTEADORAS............................................................................ p.14
1.4 OBJETIVOS ......................................................................................................... p.15
1.5 RELEVÂNCIA, JUSTIFICATIVA E CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO ......... p.15
2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................... p.17
2.1 CONCEITUANDO SAÚDE DOENÇA............................................................... p.17
2.2 CLIMATÉRIO E MENOPAUSA......................................................................... p.20
2.3 SAÚDE DA MULHER E A PRIVAÇÃO DE LIBERDADE.............................. p.23
3 METODOLOGIA .............................................................................................. p.28
3.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................... p.28
3.2 CENÁRIO ............................................................................................................ p.28
3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA .................................................................... p.29
3.4 CAMINHOS PARA A COLETA E ANÁLISE DE DADOS .............................. p.29
3.5 QUESTÕES ÉTICAS ........................................................................................... p.29
4 ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................... p.31
4.1 PERFIL DEMOGRÁFICO DAS MULHERES ENTREVISTADAS ................. p.31
4.2 SINTOMATOLOGIA E PROBLEMAS DE SAÚDE REFERIDOS PELAS
MULHERES ENCARCERADAS........................................................................
p.33
4.3 RECONHECIMENTO E DRIBLANDO O PERÍODO DO CLIMATÉRIO....... p.41
5 CONCLUSÃO .................................................................................................... p.46
OBRAS CITADAS ............................................................................................. p.48
APÊNDICES ....................................................................................................... p.55
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LISTA DE SIGLAS
CAPS – Centro de Atenção Psicossocial
DCNT – Doenças Crônicas não Transmissíveis
DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional
DST – Doença Sexualmente transmissível
FSH – Hormônios Luteinizante
HDL – Lipoproteína de alta densidade
INFOPEN – Sistema de Informação estatísticas do Sistema Penitenciário brasileiro
IST – Infecção Sexualmente Transmissível
LDL – Lipoproteína de baixa densidade
OMS – Organização Mundial de Saúde
ONU – Organização das Nações Unidas
OPAS – Organização Pan-americano da Saúde
PAINSM - Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher
PNAISM - Política Nacional de Atenção Integral a Saúde de Mulheres
PNAISP - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade
no Sistema Prisional
PNSSP - Plano Nacional de Saúde do Sistema Penitenciário
SEAPRJ – Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Perfil Sócio demográfico das Mulheres Encarceradas p. 31
Quadro 2: Caracterização inicial do estado de climatério p. 33
Quadro 3: Sintomatologia relacionada ao estado de climatério p. 34
Quadro 4: Problemas referidos pelas mulheres encarceradas que afetam a saúde p. 37
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1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Em todas as etapas da vida, as mulheres vivenciam alterações físicas e psíquicas, seja
na adolescência, na vida adulta, ou na velhice. Com relação a esta última, de acordo com
Figueiredo e Tyrrel (2005), devido às mudanças no perfil demográfico mundial e brasileiro,
têm sido crescentes as pesquisas focalizadas à mulher idosa tendo em vista as alterações
referentes aos aspectos emocionais, físicas e sociais.
No Brasil, o envelhecimento populacional mostra tendência a uma feminização.
Segundo o censo demográfico de 2010, a população brasileira é de 190.755.199 milhões de
pessoas. Deste total, 97 milhões são de mulheres, o que equivale a 51%. “Nesse universo,
cerca de 30 milhões têm entre 35 e 65 anos, o que significa que 32% das mulheres no Brasil
estão na faixa etária em que ocorre o climatério” (BRASIL, 2008). No que se refere à
população idosa, que segundo a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso tem 60 anos
ou mais, o contingente é de aproximadamente 20 milhões de pessoas, ou seja, 10,8% da
população total brasileira. Destes, pode-se ressaltar que 55,5% são de mulheres (IBGE, 2012).
Ao observar esses dados referentes à população feminina, quantitativo observado
Soares (2011) pressupõe referente à população feminina, que em 2020 haverá mais de um
milhão acima dos 60 anos de idade. Assim, segundo Lorenzi et al. (2009), com o progressivo
aumento da expectativa de vida feminina desde a segunda metade do século XX, ocorre o
aumento do número de mulheres que vivem o suficiente para chegar ao estado de climatério.
De acordo com o Manual de Atenção à Mulher no Climatério/Menopausa (2008), o
climatério é uma fase da vida da mulher que compreende um período de transição o qual é
caracterizado por flutuações hormonais que podem gerar desde irregularidades menstruais à
amenorreia. Neste momento, a mulher pode apresentar diversos sinais e sintomas relacionados
a essas mudanças orgânicas. (BRASIL, 2008).
As modificações presentes no período do climatério ocorrem em função de diversos
fatores. Variam de alterações nos níveis hormonais basais individuais até a forma como essas
mulheres vivenciam essa etapa da vida. Ou seja, além das questões fisiológicas, torna-se
necessário observar também os aspectos psíquicos, sociais, cultuais e espirituais, como:
postura diante da vida, hábitos alimentares, atividade física, lazer, sexualidade, renda,
inserção profissional e religiosa, dentre outros (FONSÊCA et al., 2014).
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Até o final do século passado, as questões referentes à saúde da mulher eram
prioritariamente direcionadas à saúde reprodutiva, fazendo com que se conhecesse pouco
acerca das necessidades relacionadas às condições de saúde nos demais ciclos da vida,
principalmente no climatério (BRASIL, 2008).
Em 1984 o Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral a Saúde
da Mulher (PAISM), que além da atenção direcionada à saúde reprodutiva, também destacava
a necessidade de desenvolver ações que envolviam as demais fases da vida. Dentre as
prioridades desse programa, observa-se o fomento à inclusão de ações educativas e
preventivas, englobando atenção ginecológica, pré-natal, parto e puerpério, além do
planejamento familiar e climatério (BRASIL, 2004).
Entretanto, segundo Matos (2006, p.59) mesmo diante dos avanços inquestionáveis
provocados a partir do advento do PAISM, a saúde da mulher ainda encontra diversas
limitações. Principalmente quando se refere aos inúmeros fatores que interferem na vida da
mulher para além dos aspectos biológicos, e a complexidade da atenção à saúde nos diferentes
ciclos da vida.
Desde a implantação do PAISM em 1984 e da elaboração da Política Nacional de
Atenção Integral a Saúde de Mulheres (PNAISM) em 2004, a questão do climatério passa a
ser apontada nas políticas públicas da saúde da mulher. Além dessa questão, a partir da
reformulação da PNAISM em 2011, também tomam destaques as ações que envolvem as
questões de saúde mental, gênero, raça/etnia e grupos minoritários como as mulheres rurais,
lésbicas e presidiárias (BRASIL, 2010).
Segundo o Manual do Climatério/Menopausa, estratégias de atenção à saúde durante o
período do climatério devem ser incorporadas pelo SUS em suas variadas especificidades e
diferenças que existem entre as mulheres. Pois, mulheres com transtornos mentais, moradoras
de rua, profissionais do sexo, ou as confinadas em instituições como hospitais psiquiátricos,
conventos e presídios, podem sofrer discriminação e preconceito, convivendo com
determinadas questões ou problemas de saúde que caracterizam maiores vulnerabilidades
(BRASIL, 2008, p.11).
Olhar para as mulheres que passam pelo estado de climatério em situações particulares
como o confinamento em presídios femininos, estimula a necessidade de se estudar sobre os
problemas de saúde que estejam mais evidentes nesse contexto de especificidades. Diante do
interesse em observar as ações de saúde voltadas para o período do climatério e da
necessidade de contemplar a saúde da mulher de modo integral, destaca-se a importância de
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ressaltar como tem sido as condições de saúde dessas mulheres que passam por esse período
ao se encontrarem privadas de liberdade.
Tal interesse encontra-se eco ao observar que existe um Plano Nacional de Saúde do
Sistema Penitenciário (PNSSP) desde 2003 e uma Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) desde 2014, que
busca dialogar com as diretrizes do Sistema Único de Saúde e da PNAISM (BRASIL, 2014a).
Com relação à saúde das mulheres privadas de liberdade, diante do conjunto de
vulnerabilidades que essa população se encontra exposta, foi elaborada pelo Ministério da
Justiça uma lei específica. Em 16 de janeiro de 2014, através da Portaria Interministerial nº
210 criou-se a Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de
Liberdade e Egressa do Sistema Prisional (BRASIL, 2014b).
Mesmo sendo recomendado que os serviços de saúde sejam “conformados de acordo
com a população prisional” (BRASIL, 2014a), não se observa apontamentos diferenciados
que atendam de modo específico mulheres que passam pelo período do climatério.
Assim, mediante características específicas do sistema prisional como o isolamento,
superlotação, invasão de privacidade, vulnerabilidade, disseminação de doenças, uso de
drogas e violência, entende-se que seja de extrema necessidade uma atenção diferenciada à
saúde da mulher privada de liberdade, principalmente para aquelas que passam pelo estado de
climatério. Pois, quando se trata de uma mulher que se encontra encarcerada passando por
esse período, existe a necessidade de uma atenção à saúde que atenda as especificidades
relacionadas a esse grupo populacional.
1.2 OBJETO DO ESTUDO
Neste contexto, este estudo tem como objeto: problemas que afetam a saúde de
mulheres em estado de climatério que se encontram encarceradas.
1.3 QUESTÕES NORTEADORAS
Tendo em vista, os inúmeros problemas que afetam a saúde das mulheres privadas de
liberdade, em estado de climatério, destacam-se os seguintes: questionamentos:
1. Quais os sinais e sintomas comuns ao período do climatério, referidos por mulheres
encarceradas num presídio do Estado do Rio de Janeiro?
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2. Quais problemas de saúde são referidos pelas mulheres que passam pelo climatério ao
estarem presas?
3. Como essas mulheres encarceradas em estado de climatério lidam com os sinais, sintomas e
os problemas de saúde no seu dia a dia de confinamento?
1.4 OBJETIVOS
Para responder as indagações, foram traçados os seguintes objetivos:
1. Identificar os sinais e sintomas comuns ao climatério, referidos por mulheres encarceradas;
2. Enumerar problemas de saúde referidos pelas mulheres encarceradas em estado de
climatério;
3. Refletir a respeito dos sinais, sintomas e os problemas de saúde no dia a dia de
confinamento dessas mulheres.
1.5 RELEVÂNCIA, JUSTIFICATIVA E CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO
Esse estudo faz parte de uma investigação intitulada “Saúde da Mulher em uma
Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro”, realizada no Grupo de Pesquisa “Maternidade:
Saúde da Mulher e da Criança”, na Linha de Pesquisa “Saúde Integral da Mulher e os espaços
de cuidado em saúde nos diversos ciclos vitais”.
Durante a formação acadêmica pode-se observar que o climatério é um tema pouco
discutido durante a formação de enfermagem e a questão específica da privação de liberdade
feminina não é enfatizada diretamente na área da saúde. Assim, grande parte dos alunos
desconhece as necessidades de saúde desse grupo de mulheres, principalmente quando se
intenciona refletir sobre a aproximação entre climatério e encarceramento feminino. Desse
modo, esse estudo possibilita elucidar questões particulares que diferenciam a atenção à saúde
das mulheres privadas de liberdade em estado de climatério, das mulheres que se encontram
fora das instituições prisionais, permitindo ao acadêmico aproximar-se de assuntos que não
são tratados diretamente durante a graduação.
A temática escolhida é desafiadora. Refletir como as mulheres encarceradas em estado
de climatério percebem os sinais, sintomas e problemas que afetam a saúde é de extrema
importância. Aos profissionais de saúde, sobretudo as enfermeiras que trabalham em
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instituições penitenciárias, torna-se possível leva-los a olharem para o próprio exercício
profissional e refletirem sobre a necessidade de uma assistência a essas mulheres de modo
integral. Pois, se entende que refletir sobre a complexidade dessa temática suscita valorizar
ações que contribuem por melhorar as condições de saúde e de vida dessas mulheres. Espera-
se indiretamente contribuir com a melhoria da qualidade da assistência à saúde da mulher em
estado de climatério que se encontra em presídios femininos.
Ainda com a realização desse estudo, destaca-se que a participação das mulheres na
pesquisa, provocando um pouco de diálogo sobre essa fase da vida, permitiu compartilhar
conhecimentos a respeito desse período específico. Assim, entende-se que o momento da
entrevista pode contribuir para melhorar a relação da mulher consigo ao dialogarem sobre os
sinais, sintomas e possíveis problemas de saúde que afetam especificamente esse período da
vida das mulheres que se encontram privadas de liberdade.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CONCEITUANDO SAÚDE/DOENÇA
Pensar sobre saúde e doença nos dias atuais é refletir sobre as mudanças históricas que
transformaram a visão sobre essa relação. Atualmente foi constituído um novo paradigma.
Segundo Scliar, (2007, p.30) “o conceito de saúde reflete a conjuntura social, econômica,
política e cultura”. Ou seja: saúde, além de não representar a mesma coisa para todas as
pessoas, também não é vista apenas como ausência de doenças. Dependerá de valores
individuais e biológicos, mas também de concepções científicas, religiosas, culturais e
filosóficas conforme cada período de tempo. A partir do entendimento de superação do
conceito antigo que caracterizava a relação entre saúde e doença, faz-se necessário sinalizar
alguns apontamentos.
A Constituição Federal de 1988, no artigo 196, afirma que:
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
(BRASIL, 1988)
Entretanto, o autor Sclair (2007) entende que a Constituição Federal não discute o
conceito. Nela encontra-se sinalizado que é um “direito de todos e um dever do estado”.
Saúde e adoecer são dois processos diferenciados que cada uma pessoa vivencia de
modo singular. É algo muito particular, de maneira que não se pode comparar entre as
pessoas. Ou seja, saúde e doença, torna-se algo individual e subjetivo, impossível de ser
generalizado.
Desta maneira, a autora sinaliza de modo interessante que “a saúde e o adoecer são
formas pelas quais a vida se manifesta, portanto, correspondem a experiências singulares e
subjetivas, impossíveis de serem reconhecidas e significadas integralmente pelas palavras”. E
continua destacando que “a primeira não é objeto que se possa delimitar e não se traduz em
conceito científico, da mesma forma que o sofrimento que caracteriza o adoecer”.
(CZERESNIA, 2003, p. 42).
Segundo Batistela (2009), O homem, no decorrer da história, vem tentando
incessantemente buscar modelos explicativos com relação ao conceito de saúde e doença
Czeresnia (2003), confirmando que tanto uma quanto outra sempre fizeram parte do cotidiano
da vida das pessoas.
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De acordo com Sclair (2007), desde os primórdios o homem preocupava-se com a
conservação da saúde atrelando as doenças a diversas origens, principalmente àquelas
voltadas a cultura do seu povo. Em culturas como as de algumas tribos indígenas, as doenças
eram associadas aos maus espíritos prevalecendo a natureza ritualística mágica e religiosa da
comunidade. Conforme esse mesmo autor, os Egípcios e Hebreus, relacionavam a doença ao
pecado, como desobediência ao mandamento divino. Para o povo tradicional do oriente, a
concepção de saúde estava vinculada à ideia das forças vitais, ou seja, da energia.
Já na Grécia Antiga, Hipócrates, considerado o pai da medicina, estabeleceu uma
concepção fisiológica e racional de saúde e doença desenvolvendo uma teoria que entendia a
saúde como o resultado do equilíbrio entre o homem e o seu meio, e a doença um
desequilíbrio dos quatro humores fundamentais do organismo: sangue, linfa, bile amarela e
bile negra.
Como pode ser visto, durante muito tempo predominou o entendimento de que saúde
era sinônimo de ausência de doenças físicas e mentais. Todavia, com a criação da
Organização das Nações Unidas (ONU) e com a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi
definido em abril de 1948 que “a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e
social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade” (LINARD;
CASTRO; CRUZ, 2011).
Conforme Sclair (2007), o conceito que a (OMS) trouxe de saúde e doença levantou
diversas críticas, visto que o estado de bem-estar idealizava um conceito inatingível. Partindo
desse pressuposto, na década de 60, observou-se a necessidade de propagar uma abordagem
mais ampla que levasse em conta as relações de saúde com a produção social e econômica da
sociedade. O esforço de se trazer um conceito amplo quebrando o modelo explicativo de
saúde e doença vigente à época foi um desafio necessário.
Segundo Batistella (2009), foi de extrema importância haver críticas ao modelo
histórico natural da doença, assim, propondo uma abordagem mais ampla levando em conta as
relações da saúde com a produção social e econômica da sociedade e, mais uma vez,
reforçando a necessidade de se trazer um conceito amplo de saúde.
No Brasil, mediante as dificuldades relacionadas à produção social e econômica da
saúde num país capitalista, culminadas com a presença da ditadura militar, confirmou-se uma
crise nesse setor. A partir dessas dificuldades surge um movimento intitulado “Reforma
Sanitária”, que segundo Paim (2008, p. 626), ocorre como resposta à essa crise da saúde e
como referente cultural resultante da experiência dos outros países. Scliar (2007) discorre que
essa expressão – Reforma Sanitária, foi usada para se referir ao conjunto de ideias que existia
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em relação às mudanças e transformações necessárias na área da saúde, em busca da melhoria
das condições de vida da população.
Nesse momento, o conceito de prevenção de doenças, podendo-se dizer num caráter de
transição, provoca ampliação do conhecimento. Segundo Czeresnia (2003), a prevenção tem
como base a epidemiologia e visando desenvolver estratégias para o controle das doenças
infectocontagiosas, a diminuição dos riscos de doenças degenerativas e a minimização de
danos à saúde. A prevenção possui então, um âmbito um pouco mais abrangente quando
ligado à saúde. Mesmo assim, na prevenção, a saúde ainda tem um caráter que predomina a
associação à ausência de doença.
Dessa maneira, o conceito de promoção da saúde toma destaque nesse processo,
levando-se em consideração o contexto social, econômico, cultural e político. Na promoção, o
conceito de saúde apresenta um olhar positivo e multidimensional sendo necessária a
autonomia do indivíduo em relação à sua saúde. Neste sentido, o autor Freitas (2003), afirma
que:
A principal diferença encontrada entre prevenção e promoção está no olhar sobre o
conceito de saúde, na prevenção a saúde é vista simplesmente como ausência de
doenças, enquanto na promoção a saúde é encarada como um conceito positivo e
multidimensional resultando desta maneira em um modelo participativo de saúde
[...] (CEZERENIA, 2003 apud MACHADO, C. A. 2005).
Segundo Cutolo (2006) a proposta de reorganização do modelo de atenção baseada na
integração das práticas de promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde ganharam
força a partir da 8ª Conferência Nacional de Saúde.
A 8ª Conferência Nacional de Saúde de 1986 foi um marco do movimento sanitário
destacando-se a luta e união dos integrantes da saúde, a partir do desenvolvimento de teses e
discussões, onde a população teve participação ativa (SCLIAR, 2007). Nesse contexto,
entendeu-se que a saúde deveria ser vista a partir de uma concepção ampliada.
Em seu sentido mais abrangente, a saúde é a resultante das condições de alimentação,
habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer,
liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. [...] A saúde não é
um conceito abstrato. Define-se no contexto histórico de determinada sociedade e num
dado momento de seu desenvolvimento, devendo ser conquistada pela população em
suas lutas cotidianas (BRASIL, 1986).
Segundo Czeresnia, Maciel e Oviedo (2013) a afirmativa de que a saúde é um direito
fundamental está voltada para promoção e proteção da saúde da população. Deste modo pode-
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se observar que o conceito de saúde de modo ampliado apresenta relação direta com o
conceito de promoção da saúde.
Várias conferências fomentaram a reflexão sobre o conceito de promoção da saúde e
influenciaram-no politicamente. Destacam-se as Conferências Internacionais sobre Promoção
da Saúde, realizadas nos últimos 12 anos: Ottawa (1986), Adelaide (1988), Sundsvall (1991),
Jacarta (1997) e a Conferência Internacional de Promoção da Saúde (1992), na América
Latina (BUSS, 2000 apud NEVES, T.P, 2006).
A carta de OTTAWA considerada a Primeira Conferência Internacional sobre
Promoção da Saúde aponta questões amplas e fundamentais como a Paz– Habitação –
Educação – Alimentação – Renda - ecossistema estável – recursos sustentáveis - justiça social
e equidade, tornando-se referências para as demais conferências internacionais. Define a
promoção da saúde como o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de
sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle desse processo
(OMS, 1986).
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em 1990, propôs uma definição
onde a promoção da saúde é o resultado das ações da população, dos serviços de saúde, das
autoridades sanitárias e de outros setores sociais e produtivos, visando o desenvolvimento de
melhores condições de saúde individual e coletiva (SALAZAR, 2004).
Em suma, a partir da fala Czeresnia, Maciel e Oviedo (2013), pode-se destacar que:
“A promoção da saúde trouxe uma conceituação positiva, pois a saúde em seu significado
amplo refere-se à própria noção de vida”. Pois, segundo os mesmos autores, “Promover a vida
em suas múltiplas dimensões envolve, por um lado, ações do âmbito de política de Estado e,
por outro lado, a singularidade e autonomia das pessoas”.
2.2 CLIMATÉRIO E MENOPAUSA
O climatério é definido pela OMS como uma fase biológica da vida e não um processo
patológico, que compreende a transição entre o período reprodutivo –menacme – que vai da
menarca à menopausa, variando geralmente dos 40 aos 65 anos de idade, sendo caracterizado
por alterações metabólicas e hormonais (BRASIL, 2008).
O termo climatério deriva do grego Klimakter e significa o ponto crítico da vida
humana (REIS et al., 2011), sendo um período em que o estrogênio e a progesterona, os
hormônios produzidos pelos ovários, vão deixando de ser formados progressivamente; ou
seja, é uma fase marcada pelo declínio da produção de óvulos para a fecundação e pelo
21
declínio da produção de hormônios que promovem o desenvolvimento embrionário nos
estágios iniciais (ROCHA; ROCHA, 2010).
O climatério é dividido em três fases: a fase pré-menopausal, aquela do final do
menacme ao momento da menopausa; a fase perimenopausal, o período de dois anos que
precede e sucede a menopausa; e a fase pós-menopausal, que é iniciada dois anos após a
menopausa e finda na senectude (WENDER; POMPEI; FERNANDES, 2014). Ressalta-se,
portanto, que o climatério é um período, já a menopausa é uma data (CONCEIÇÃO, 2005).
A menopausa é um marco do período de climatério, sendo um acontecimento normal e
natural, definido como a última menstruação. Geralmente confirmada após doze meses
consecutivos sem a ocorrência de um período menstrual, a não ser que haja outras causas
aparentes. Este marco está associado ao funcionamento reduzido dos ovários que acompanha
a idade e resulta na diminuição dos níveis de estrogênio e outros hormônios. Ocorre, em
média, por volta dos 51 anos de idade da mulher, marcando o momento em que a mulher
perda a capacidade de ter filhos (SOCIEDADE NORTE-AMERICANA DE MENOPAUSA,
2013).
Conforme Silva, Araújo e Silva (2003, p. 29):
Essa parada ocorrerá inexoravelmente e é determinada geneticamente, não podendo
ser evitada. Pode ainda acontecer de forma não natural, através de intervenção
cirúrgica, ao se realizar a ooforectomia bilateral, associada ou não, à histerectomia.
O climatério é um período importante e inevitável na vida da mulher. Deve ser visto
como um processo natural e não como doença. Pode ser vivenciado como uma passagem
silenciosa onde não existem queixas, e, outras vezes, essa fase pode ser muito expressiva,
acompanhada de sintomatologia gerando alterações na rotina, caracterizado como síndrome
do climatério (ALVES et al., 2015).
Em geral, é uma fase de perdas e ganhos, de altos e baixos, de novas liberdades, novas
limitações e possibilidades para as mulheres (BRASIL, 2008). Assim, a partir de Soares
(2011), pode-se observar que:
Atualmente, reconhece-se que o climatério não pode ser entendido como um evento
somente fisiológico. As pesquisas mostram que as queixas decorrem da interação da
carência estrogênica aos fatores culturais, sociodemográficos e psicológicos.
Caracteriza-se então como um tempo de mudança fisiológica normal, que pode
coincidir com uma mudança familiar ou ocupacional.
22
De acordo com o Manual de Atenção a Mulher no Climatério/Menopausa (BRASIL,
2008), para a maioria das mulheres, o climatério é acompanhado por uma série de
desconfortos físicos e psicológicos, como ondas de calor no tórax, pescoço e face; suores
noturnos; insônia; palpitações; secura vaginal; dores nas articulações; dores de cabeça;
tontura; aumento da irritabilidade; falhas da memória ou esquecimento; dificuldade de
concentração; ansiedade e depressão.
Conforme Zampieri et al. (2009) o declínio da variável do estrogênio se caracteriza
por alterações hormonais, metabólicas, somáticas, psíquicas e sociais se manifestando ou não
por sinais e sintomas que segundo o autor se caracteriza como síndrome climatérica.
Porém, as mulheres tendem a confundir a menopausa e os sintomas referidos à mesma,
com doenças decorrentes, revelados pelos desconfortos físicos e emocionais. A mulher
climatérica na maioria das vezes não recebe o acolhimento de forma humanizada e específica,
sendo a assistência geralmente fragmentada, que se resume em consultas médicas, quando
solicitação de exames e prescrições, frisando nas mulheres a ideia do climatério como um
estado mórbido (LORENZE, 2009).
Em longo prazo, a deficiência estrogênica pode ter repercussões sobre o sistema ósseo,
cardiovascular e urinário; então, partindo desse pressuposto, o climatério merece atenção,
supervisão e cuidados, não apenas para aliviar os sintomas apresentados, como também para o
diagnóstico precoce e prevenção de doenças que, concomitantemente, incidem nesta fase da
vida (ROCHA; ROCHA, 2010).
Os sinais e sintomas no climatério aparecem na maioria das mulheres e variam de leve
a muito intensos. Pode ser dividido em transitórios, como as variações do ciclo menstrual e
sintomatologia aguda; e não transitórios, que são representados pelos fenômenos atróficos
geniturinários, distúrbios no metabolismo lipídico e ósseo. Esses sinais e sintomas sofrem
variações na frequência e na intensidade em mulheres de diferentes grupos, tais como etários,
étnicos racionais, níveis socioeconômicos e culturais (BRASIL, 2008).
Alves et al. (2015, p 65) apontam que:
Os sintomas do climatério sofrem influência de inúmeros fatores de ordem biológica
(ligados à queda dos níveis de estrógenos ou em decorrência da senilidade), aspectos
psicológicos (envolvendo a auto percepção da mulher, ou seja, como essa mulher
enfrenta esse momento da sua vida) e aspectos sociais (relacionados à interação da
mulher com os familiares, amigos e comunidade). Este último tem uma forte relação
com os aspectos socioculturais, tais como os mitos, crenças e preconceitos que a
sociedade constitui, dissemina e vivencia em cada época.
23
O diagnóstico do climatério, ainda sob foco da atuação médica é predominantemente
clínico, baseado na faixa etária, no padrão menstrual alterado e manifestações climatéricas da
mulher. Sua confirmação pode ser realizada pelas dosagens de FSH (hormônio folículo
estimulante) e LH (hormônio luteinizante) que estão aumentados, bem como do estradiol que
se encontra diminuído neste período (MIRANDA; FERREIRA; CORRENTE, 2014).
Conforme relatado no manual do Ministério da Saúde (BRASIL, 2008) necessita-se
redefinir a ideia de que o climatério não é o fim da vida, principalmente sexual, mas
configura-se o início de uma nova etapa na vida da mulher.
A reposição hormonal é um caminho que muitas mulheres buscam. Isso ocorre, não só
devido ao enfrentamento dos processos de saúde apresentados nesta fase, mas também com
intenção de qualidade de vida. Conforme encontrado no manual do Ministério da Saúde
(BRASIL, 2008), as recomendações de terapia hormonal preconiza sua utilização quando
necessária, de forma individualizada e em doses terapêuticas as menores possíveis, de acordo
com a necessidade de cada mulher, sendo ajustada gradualmente. E encontrado ainda nesse
manual, que a reposição hormonal é mais um elemento em um conjunto de medidas como
dieta, exercício físico, acompanhamento periódico, sem impor a mulher duração de
tratamento, reforçando assim, sua qualidade de vida.
Reconhece-se a importância de preservar a qualidade de vida e o bem-estar no
climatério, tendo em vista o aumento das mulheres climatéricas mediante a mudança do perfil
populacional decorrente da elevação na expectativa de vida das brasileiras e da população
mundial, além da carência de políticas públicas em saúde da mulher nessa fase, associado à
variedade de morbidades que podem acometê-las na síndrome do climatério, possuindo um
impacto relevante na saúde pública (VALENÇA; NASCIMENTO FILHO; GERMANO,
2010).
2.3 SAÚDE DA MULHER E A PRIVAÇÃO DE LIBERDADE
As autoras Souza e Moreira (2013) referem que a saúde da mulher vem sofrendo
mudanças desde 1970, quando o Ministério da Saúde direcionava um olhar bem restrito a
mesma, limitando-se a saúde materna. Quando em 1984 o Ministério da Saúde (MS) elabora o
PAISM.
Com o decorrer do tempo a saúde da mulher passou a ser tratada nas políticas públicas
de modo ampliado. Dentro dessa perspectiva, constitui-se em um campo de atuação
importante tendo em vista todas as peculiaridades da mesma.
24
No entanto, proporcionar autonomia à mulher na tomada de suas decisões e entender o
que se passa em cada momento peculiar de sua vida ainda constituem-se em um desafio.
Assim, o cuidado à mulher deve proporcionar uma prática individualizada e humanizada,
centrada em sua totalidade a partir de suas necessidades, respeitando o seu contexto familiar,
social, econômico, cultural e espiritual (CEOLIN et al., 2008).
Em 1980 foi lançado o documento “Assistência Integral à Saúde da Mulher: bases de
ação programática”, que serviu como alicerce para o Programa de Assistência Integral a
Saúde da mesma, o PAISM, elaborado pelo Ministério da Saúde em 1983 e publicado em
1984. Este programa não visava à mulher apenas como um ser reprodutor, mas também às
necessidades prioritárias que as mesmas apresentavam. É importante ressaltar que neste
momento ocorria uma quebra no modelo de atenção materno-infantil.
Dentre as prioridades do PAISM 1984, pode-se destacar:
As mulheres com mais de 49 anos de idade apresentam um risco mais elevado de
câncer cérvico uterino e mamário, além dos problemas próprios da menopausa,
decorrentes do desaparecimento das funções ovarianas e da consequente queda de
produção estrogênica. Esta situação, por si só, indica a necessidade de ações
oportunas a ser realizada nos serviços de saúde, A fase de transição para a
menopausa caracteriza-se por grandes mudanças físicas e emocionais na mulher, só
comparáveis às ocorridas na puberdade. E necessário que o grupo que se encontra
nessa fase receba a mesma assistência destinada aos demais (PAISM, 1984, p. 13)
Nesse sentido, o cuidado deve ser permeado pelo acolhimento com escuta sensível de
suas demandas, valorizando-se a influência das relações de gênero, etnia, classe e geração no
processo de saúde e adoecimento desse grupo populacional (COELHO et al., 2009).
Através do Manual de Atenção á mulher no Climatério/menopausa (BRASIL, 2008)
pode-se observar que dez anos após o advento do PAISM, em 1994, foi publicada uma Norma
de Assistência ao Climatério. Em 1999, a Área Técnica de Saúde da Mulher do Ministério da
Saúde, incorporou em seu planejamento a atenção à saúde da mulher acima de 50 anos.
Infelizmente nenhuma ação especifica foi criada para este grupo. Contudo, em 2002, a partir
de um balanço institucional, observou-se esta falha e esta área técnica assumiu a decisão
política de iniciar ações de saúde voltadas para as mulheres no climatério.
Em 2003, foi incluído um capitulo específico sobre o climatério na política Nacional
de Atenção Integral a Saúde de Mulheres, objetivando implantar ações em nível nacional.
Como pode ser visto em Lima et al. (2013), o Departamento Penitenciário Nacional em 2010
sinaliza que a população masculina presa cresceu 106% entre 2000 e 2010, enquanto a
feminina cresceu no mesmo período 261%. E que ainda, no ano de 2000 eram 10.112
mulheres presas, correspondendo a 4,3% do total de presos, e no ano de 2010 esse número
25
saltou para 36.573 correspondendo a 7,4% de presos. Dessa maneira, enquanto a população
masculina cresceu o dobro a feminina triplicou. (DEPEN, 2010 apud GIGLIOLA, et. al. 2013,
p 447).
De acordo com o Sistema Nacional de Informação Penitenciária – INFOPEN, Brasil
(2011), o número de mulheres encarceradas é de 34, 058, correspondendo a 7% do total da
população presa no Brasil.
Conforme Lopes e Oliveira (2014), a partir do Plano Diretor do Sistema Penitenciário
- 2007 foi realizado um estudo das mulheres presas e egressas no país, gerando um relatório
final do Grupo de Trabalho Interministerial em dezembro de 2007. Pode-se observar um perfil
que a mulher presa no Brasil é jovem, mãe solteira, em sua maioria condenada por
envolvimento com o tráfico de drogas.
Conforme Santos (2015), as mulheres encarceradas somente conquistaram um lugar de
acomodação com respaldo legal através do Código Penal e Código de Processo Penal, ambos
de 1940 seguido da Lei das Contravenções Penais de 1941. É importante destacar a
necessidade de um ambiente separado dos homens. E isso fez com que fosse incluído na
legislação, direitos específicos das mulheres presas, principalmente voltado para o grupo das
gestantes e lactantes. Em dezembro de 2010 foi criada as “Regras Mínimas para as Mulheres
Presas”, através da 65º Assembleia Geral da ONU, tendo grande força como norma
constitucional, reconhecendo as necessidades específicas desse grupo e provocando reflexões
com soluções que abarcasse não só as grávidas, mas seus futuros filhos.
Diante dessa situação se faz necessário um olhar minucioso sobre o sistema carcerário
no Brasil, principalmente referente ao direito à saúde. Pois, a população privada de liberdade,
inclusive a feminina, se encontra em regime de confinamento com grande importância
epidemiológica.
Além de ser um grupo que se encontra em situação de vulnerabilidade, de acordo com
Souza e Moreira (2013), o sistema carcerário enfrenta diversas dificuldades tais como:
superlotação, proliferação de doenças infectocontagiosas, tornando-se um local insalubre com
higiene pessoal precária, falta de água potável e insatisfatória assistência técnica.
Como pode ser visto no Departamento Penitenciário Nacional a criação da Portaria
Interministerial nº 1.777 de 9 de Setembro de 2003, provocou um maior dialogo entre a saúde
publica e a justiça nessas ultimas décadas. O Plano Nacional de Saúde no Sistema
Penitenciário foi instituído embasando na necessidade de melhor organizar as ações de
serviços de saúde no sistema prisional direcionado nas diretrizes do SUS. Em 2010 foi
lançado pelo Ministério da saúde uma “Legislação da Saúde no Sistema Prisional” com o
26
objetivo de fazer parcerias envolvendo ações voltadas para população carcerária. (BRASIL,
2014)
Nota-se que o perfil das mulheres encarceradas em sua maioria é de mulheres
extremamente jovem, mãe solteiras, com baixo nível de escolaridade e renda precária. Com
histórico anterior ao cárcere de instabilidade profissional, ocupação sem qualificação, com
salários baixos e até mesmo desempregadas. Além disso, expostas a vários tipos de violência
e em sua maioria com baixo índice de acesso a educação (GIGLIOLA, 2013). Assim pode-se
observar também a partir de Góis et. al. (2012) que o perfil da mulher presa é
significativamente diferente do homem preso.
Assim, para que o Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário seja uma
realidade, torna-se fundamental a existência de uma articulação, entre os setores Saúde e
Justiça. Somente desse modo seria possível garantir e oferecer atenção integral à saúde da
mulher presa.
Dessa forma, entende-se necessidade de implantar medidas que também focalize a
mulher climatérica resgatando essa importante fase do ciclo da vida feminina. Lembrando que
o climatério não é uma doença e sim uma fase, pois muitas mulheres encarceradas sofrem
com os sintomas provenientes desta fase e seus agravos, merecendo atenção tanto quanto, os
outros ciclos de sua vida.
Segundo o Relatório Final do Grupo de Trabalho Interministerial (2007) -
reorganização e reformulação do Sistema Prisional Feminino – deve-se ter uma preocupação
específica em relação às políticas públicas de saúde para com as mulheres presas. Devido às
próprias condições de confinamento e por estarem como apontado anteriormente em um
ambiente desfavorável e insalubre, propiciando e multiplicando doenças, torna-se de
fundamental importância a priorização ao acesso integral das mulheres em situação de prisão
ao sistema público de saúde (Brasil, 2007). Conforme o documento:
Hoje os presídios brasileiros são enormes bolsões de doenças infectocontagiosas,
como a tuberculose. Além da tuberculose, doenças como DST/Aids, pneumonia,
dermatose, hepatite, diabete, hipertensão também são comuns no ambiente dos
presídios femininos. É importante ressaltar que as doenças contagiosas não ficam
restritas aos muros dos estabelecimentos penais, sendo levadas pelos servidores
penitenciários e a partir das visitas em geral (BRASIL, 2007, p.48).
Em 2011, o PNAISM foi reformulado ampliando as ações para grupos historicamente
alijados das políticas públicas, nas suas especificidades e necessidades. Com base nas
diretrizes do PNAISM (2011) também se encontra confirmado que:
27
Grande parte da população brasileira presidiária compreendida pelo Sistema
Presidiário Nacional está exposta a diversos fatores de risco à saúde, ocorrendo um
número significativo de casos de DST/aids, tuberculose, pneumonias, dermatoses,
transtornos mentais, hepatites, traumas, diarreias infecciosas, além de outros
problemas prevalentes na população adulta brasileira, tais como hipertensão e
diabetes mellitus (PNAISM, 2011, p.55).
Souza e Moreira (2013) dizem que o Conselho Nacional de Justiça aponta que a
mulher presa tem direito à assistência à saúde, respeitadas as peculiaridades da sua condição
feminina.
Assim, o PNSSP enfatiza que existe uma lista mínima de procedimentos no âmbito da
promoção da saúde, prevenção de agravos e assistência em unidades de saúde prisional,
dentre estas, a atenção integral à saúde da mulher (BRASIL, 2007). Pois, os muros das prisões
que separam os encarcerados da população dita livre não estão somente nos tijolos de
alvenaria, mas nos muros sociais que revelam o que muitos desconhecem como o direito e o
respeito ao ser humano. Onde as políticas públicas de saúde ainda não alcançaram metas e
ações que minimizasse e desse condições dignas a esse grupo dito vulnerável.
28
3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
Trata-se de uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, que tem por intenção
identificar os problemas que afetam a saúde de mulheres que passam pelo período do
climatério/menopausa, num momento em que se encontram privadas de liberdade.
Minayo (2010, p.22) define método qualitativo como aquele capaz de incorporar a
questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações, e às
estruturas sociais, sendo essas últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua
transformação, como construções humanas significativas. Nesse estudo o estado de climatério
é percebido por cada mulher de forma singular e por esse motivo estabeleceu-se a abordagem
qualitativa.
A pesquisa descritiva visa descrever as características de determinada população ou
fenômeno ou estabelecimento de relações entre variáveis. Tal pesquisa observa, registra,
analisa ordena dados, sem manipulá-los, isto é, sem interferência do pesquisador. Assim, para
coletar tais dados, utiliza-se técnicas específicas como entrevistas e questionários
(PRODANOV E FREITAS, 2013).
3.2 CENÁRIO
O cenário da pesquisa corresponde a uma penitenciária feminina no Estado do Rio de
Janeiro, que se encontra sob o gerenciamento da Secretaria de Administração Penitenciária do
Estado do Rio de Janeiro. Esta penitenciária é exclusiva para mulheres privadas de liberdade.
Também recebe as presas gestantes de todo complexo penitenciário do Rio de Janeiro,
existindo uma unidade materna-infantil.
Existe um ambulatório de saúde, uma escola estadual, diversos cursos
profissionalizantes, e também existe trabalho remunerado para algumas presas, que são
denominadas de faxina. Também oferece encontros religiosos de diversas crenças.
Como pode ser visto em Santos (2015), essa unidade, conhecida como ambulatório do
sistema prisional, possui inúmeras salas específicas para o serviço de atenção à saúde, dentre
eles o pré-natal e a ginecologia. Assim, pode-se notar que não existe uma abordagem
específica de atenção à mulher no climatério.
29
3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA
A partir de um total de 40 mulheres encarceradas identificadas de modo aleatório no
projeto guarda-chuva “Saúde da Mulher em uma Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro”,
realizado por uma aluna de mestrado (SANTOS, 2015) e por docentes no Grupo de Pesquisa
“Maternidade: Saúde da Mulher e da Criança” foi identificado um total de 7 (sete) mulheres
que estavam passando pelo estado climatério/menopausa. Desta maneira a amostragem deste
estudo foi intencional.
Foram considerados como critérios de inclusão: mulheres com idade acima de 35
anos; que referiram estar passando pelo período do climatério, que foram histerectomizadas,
que se encontravam encarceradas por mais de seis meses e que aceitaram participar da
pesquisa. E como critério de exclusão: mulheres encarceradas num período menor que seis
meses, que se recusaram ou se encontravam impossibilitadas de participar da pesquisa.
3.4 CAMINHOS PARA A COLETA E ANÁLISE DE DADOS
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, a partir de um roteiro combinando
perguntas abertas e fechadas, visando identificar os sintomas referidos por mulheres
encarceradas em estado de climatério e, enumerar os problemas de saúde.
As entrevistas foram realizadas de modo voluntariado e os encontros ocorreram em
ambiente determinado pela autoridade local. Para não revelar e comprometer as identidades
das mesmas codificou-se em ordem numérica, precedida da letra E referente a “Entrevistada”,
correspondendo E1, E2, E3,... até a sétima mulher.
Após construção dos dados utilizou-se a análise temática de Bardin (2011) que é um
conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter, por procedimentos objetivos
e sistemáticos de descrição de mensagens, indicadores que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens.
Esta técnica pressupõe algumas etapas, definidas por Bardin, como: pré-análise;
exploração do material ou codificação; tratamento dos resultados, inferência e interpretação.
A pré-análise é o primeiro contato com os documentos que serão submetidos à análise.
Nesta fase as entrevistas são transcritas. Em seguida, passa-se a escolha das categorias, que
surgirão das questões norteadoras ou das hipóteses. Os temas que se repetem com muita
frequência são recortados “do texto em unidades comparáveis de categorização para análise
temática e de modalidades de codificação para o registro dos dados” (BARDIN, 2011, p.100).
30
Em seguida ocorre a exploração do material que consiste em codificar e enumerar
frases ou palavras acerca de um determinado assunto. Das transcrições realizadas
compuseram-se as unidades temáticas que foram transformadas em categorias de análise. A
primeira diz respeito à “Sintomatologia e problemas de saúde referidos pelas mulheres
encarceradas”, e a segunda “Reconhecendo e driblando o período do climatério”.
Por último, a inferência e a interpretação, que se encontram fundamentadas a partir da
literatura atualizada, são realizadas para que os resultados sejam tratados de maneira que se
tornem significativos e válidos.
3.5 QUESTÕES ÉTICAS
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade
Federal Fluminense e pela Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro
(SEAP-RJ). De acordo com a Resolução CNS-466/12 que dispõe sobre pesquisa envolvendo
seres humanos. O Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal Fluminense aprovou a
pesquisa através do parecer nº 696.795 em 06/06/14.
Após autorização do processo E-21/087/53/2014) pela SEAP-RJ, a escola de Gestão
Penitenciária entregou um ofício autorizando a entrada nas unidades prisionais com prazo
determinado para realizar a pesquisa de campo. O período foi de 10/10/2014 a 10/01/2015.
31
4 ANÁLISE DOS DADOS
A seguir serão apresentadas as informações referentes às entrevistas realizadas com as
sete mulheres encarceradas que estavam passando pelo período do climatério durante a
realização da pesquisa. Inicialmente será apresentado um perfil sucinto das mulheres e a
seguir as categorias temáticas: Sintomatologia e problemas de saúde referidos pelas mulheres
encarceradas e reconhecendo e driblando o período do climatério.
4.1 PERFIL DEMOGRÁFICO DAS MULHERES ENTREVISTADAS
É importante preservar e garantir o direito a saúde das mulheres privadas de liberdade
no Brasil ancorado no conceito ampliado de saúde e na perspectiva de cidadania. Sendo
assim, torna-se relevante apresentar algumas informações que caracterizam o perfil das
mulheres encarceradas que participaram desse estudo. A fim de melhor visualização,
encontra-se a seguir um quadro informativo com as variáveis explicitadas. (LIMA et al.,
2013).
Quadro 1: Perfil Sócio demográfico das Mulheres Encarceradas
Entrevistada E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7
Idade 51 66 50 52 80 59 59
Estado civil Divorciada Divorciada Solteira Casada Viúva Viúva Separada
Raça/etnia Parda Branca Branca Parda Parda Branca Branca
Escolaridade Fundamental Superior Fundamental Analfabeta Analfabeta Analfabeta Médio
incompleto
Opção sexual Heterossexual Hetero Bissexual Hetero Hetero Hetero Hetero
Número de filhos 01 01 01 02 03 02 03
Trabalho antes da
reclusão Sim Sim Sim Sim Não Não Sim
Renda familiar em salários mínimos
Dois - Menos de um Um - - Acima de cinco
Bolsa família Não Não Não Não Não Sim Não
Auxílio reclusão Não Sim Não Não Não Não Não
Atividade remunerada no
presídio
Não Sim Sim Não Não Não Não
Delito cometido Tráfico de
drogas Estelionato
Tráfico de
drogas
Tráfico de
drogas Homicídio
Tráfico de
drogas Estelionato
Tempo de
condenação 6 anos
15 anos e 7
meses 32 anos 5 anos 20 anos
11 anos e 10
m 67 anos
Tempo de reclusão 1 ano e 2 meses
2 anos 20 anos 1 ano e 8 meses
3 anos e 8 meses
2 anos e 3 meses
16 anos
Fonte: Elaboração própria
32
Das sete mulheres que aceitaram participar do estudo, a faixa etária variou entre 50 e
80 anos, sendo a mais velha com 80 anos e a mais nova com 51 anos. Em relação à auto
declaração da cor, quatro mulheres se declaram brancas e três disseram ser pardas. Sobre a
opção sexual a maior parte referiu a heterossexualidade. Ao perguntar se elas se relacionam
com outras mulheres na prisão todas afirmaram que não, inclusive a que afirmou ser
bissexual. Quanto ao estado civil, a maioria perfaz a soma entre divorciadas e viúvas. Todas
referiram ter filhos. Quanto à escolaridade, três delas declararam serem analfabetas, sendo que
uma sabe ler, mas não consegue escrever; e uma com nível superior completo.
No que se trata às questões relacionadas ao trabalho / remuneração, antes da reclusão,
a maior parte respondeu que desenvolvia algum tipo de trabalho. Sobre a renda familiar, uma
possuía renda inferior ao salário mínimo; uma possuía renda de um salário mínimo; uma
recebe dois salários mínimos; uma recebia acima de cinco salários mínimos, e outras três
optaram por não relatar. Vale apontar que destas, uma é aposentada e outra recebe salário
pensionista do Instituo de Previdência da Seguridade Social. Em relação ao auxilio reclusão,
seis não o recebe. Apenas uma recebe bolsa família. Da atividade remunerada que realizam no
presídio, somente duas mulheres exercem funções remuneradas, e dessas uma especificou
executar a função de jardinagem.
Segundo Santos (2015), mulheres que possuem oportunidade de trabalho na prisão são
acarretadas de menores sintomas depressivos, trazendo prazer e satisfação em suas atividades
laborais, minimizando o tempo de pena a cumprir.
A Política Nacional de Atenção Integral a Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no
Sistema Prisional (BRASIL, 2014a) tem como diretriz, em seu artigo 4º Inciso I, relata que a
promoção da cidadania e inclusão das pessoas privadas de liberdade deverá ser realizada com
os diversos setores de desenvolvimento social, como educação, trabalho e segurança.
Em relação ao delito cometido, quatro disseram estarem reclusas por tráfico de
drogas, duas por estelionato e um por homicídio. Quanto ao tempo de reclusão, este foi bem
variado, sendo o maior tempo para 67 anos e o menor 5 anos. Quanto ao tempo de
cumprimento da pena, o maior tempo relatado foi de 20 anos e o menor foi de 1 ano e 2
meses.
Após leituras das entrevistas foi realizada a identificação de expressões ou palavras
com sentidos aproximados, caracterizando unidades de registro e possibilitando a organização
das categorias temáticas. A primeira diz respeito à “Sintomatologia e problemas de saúde
referidos pelas mulheres encarceradas”, e a segunda “Reconhecendo e Driblando o período do
climatério”.
33
4.2 SINTOMATOLOGIA E PROBLEMAS DE SAÚDE REFERIDOS PELAS
MULHERES ENCARCERADAS
Inicialmente torna-se importante compartilhar algumas informações que contribuíram
para caracterizar o estado de climatério referido pelas entrevistadas encarceradas. Conforme o
Quadro 2 abaixo pode-se visualizar, por exemplo, a idade que perceberam o início dos
sintomas e como era a característica do fluxo menstrual, dentre outras informações.
Quadro 2: Caracterização inicial do estado de climatério
Entrevistada E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7
Idade da última menstruação 49 47 39 27 41 57 54
Menstruação ausente por mais de 12 meses Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Percepção de alterações após ausência da menstruação Não Não Não Não Não Não Não
Fonte: Elaboração própria
Das sete mulheres entrevistadas, todas verbalizaram estar com a menstruação ausente
por mais de 12 meses. Sendo que a entrevistada E4 referiu menor idade da última
menstruação, ocorrendo aos 27 anos e a E6 sinalizou a maior idade, aos 57 anos. Também foi
possível identificar que todas as entrevistadas, inicialmente não verbalizaram questões diretas
relacionadas ao conceito de climatério. No entanto, no decorrer das entrevistas, pode-se
observar que de modo indireto, ao dialogarem sobre o período do climatério/menopausa,
foram surgindo nas falas, percepções de alterações relacionadas, que foram melhor
caracterizando como que as mulheres percebiam e vivenciavam este período. Assim, as
mulheres encarceradas falaram sobre o período que estavam passando e apontaram os
sintomas e problemas que estavam passando no período do climatério, mesmo que não
estivessem sabendo realizar correlações teóricas.
A seguir serão identificados os sinais e sintomas referentes ao climatério verbalizados
pelas participantes desse estudo.
Conforme o Manual de Atenção à Mulher no Climatério/Menopausa, Brasil (2008), os
sintomas de climatério acometem mulheres na faixa etária de entre 35 e 65 anos.
Foram vários os sinais, sintomas ou problemas de saúde referidos pelas mulheres que
apresentam relação direta ou indireta com o estado de climatério. Para melhor visualização os
dados referentes aos sinais e sintomas serão apresentados a seguir no Quadro 3, a saber:
Cefaleia; Ondas de calor; Sudorese; Diminuição da libido; Aumento da libido; Ressecamento
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vaginal; Incontinência urinaria; Mastalgia; Ansiedade; Irritabilidade; Nervosismo; Alteração
de humor; Baixa autoestima; Cansaço / fadiga Esquecimento; Melancolia; Tristeza profunda e
Depressão.
Quadro 3: Sintomatologia relacionada ao estado de climatério
Entrevistada
Sinais e sintomas
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7
Cefaleia X X X X X
Ondas de calor X X
Sudorese X X
Diminuição da libido X
Aumento da libido X
Ressecamento vaginal X
Incontinência urinaria X
Mastalgia X
Ansiedade X X
Irritabilidade X X
Nervosismo X
Alteração de humor X X X
Baixa autoestima X
Cansaço / fadiga X X
Esquecimento X
Melancolia X X
Tristeza profunda X X X X
Depressão X
Fonte: Elaboração própria
Por uma questão didática, optou-se por apresentar as primeiras variáveis guardando
maior relação com sinais e sintomas físicos e em sequência os psíquicos. Essa decisão passou
pela ideia de que os primeiros são os sinais e sintomas referidos que mais encontram
aproximação com o período do climatério. No entanto, as análises foram realizadas levando-
se em consideração a frequência que as variáveis foram surgindo nas entrevistas.
Como pode ser visto, dentre a grande lista de possíveis sinais e sintomas associados ao
climatério, a cefaleia é um dos que aparece com alta frequência durante esse período na vida
da mulher. Mello Filho (2012) também encontrou essa relação ao estudar mulher no
climatério precoce e tardio. O pequeno grupo estudado, mesmo não apresentando
possibilidades de generalizações, também apresentou dados similares, tendo em vista que a
maioria das mulheres entrevistadas, referiu a presença de cefaleia.
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Tais informações também podem ser encontradas em publicações como as de Pedro et
al. (2003) e Reis et al. (2011) ao identificarem a cefaleia dentre os sintomas climatéricos mais
prevalentes.
Já tristeza profunda e a alteração de humor foram sinais e sintomas referidos por mais
entrevistadas, sendo que o primeiro aparece apontado por quatro mulheres e o segundo por
três. Tanto a tristeza profunda, quanto a alteração frequente do humor, podem ser ocasionados
pelo sistema prisional, afetando a saúde mental dessas mulheres que passam pelo estado do
climatério se encontrando em situações de maior vulnerabilidade.
Desta maneira, torna-se difícil afirmar que exista relação direta com o estado do
climatério. No entanto, a literatura aponta que esses sinais e sintomas podem se encontrar
exacerbados mediante as alterações hormonais vivenciadas pela mulher (REIS, 2011).
Monteiro (2010) infere que as alterações hormonais sofridas pelas mulheres podem
dialogar com a presença de tristeza profunda e alterações frequentes do humor. No entanto,
Pedro et al. (2003) destaca que “... as ondas de calor, sudorese e vaginite atrófica são os
únicos sintomas caracterizados como decorrentes do hipoestrogenismo.” Conforme Pardini
(2014), milhares de mulheres têm sido tratadas com terapia hormonal a fim de aliviar os
sintomas vasomotores e sudorese.
Segundo Fleck et al. (2009), a condição feminina já é um fator de risco para a
depressão. Estudos realizados em vários países, em diferentes comunidades e em registro de
busca por serviços psiquiátricos mostram que a depressão é duas a três vezes mais frequente
em mulheres que em homens.
Durante a fase da menopausa acontecem algumas alterações no corpo e na mente da
mulher, entre os sintomas psicológicos apresentados, o humor é uma das estruturas mais
afetadas (VERAS et al, 2007). Conforme o Ministério da Saúde (BRASIL, 2008), mediante as
alterações hormonais as mulheres podem ficar com tristeza profunda e apresentarem alteração
frequente do humor.
Em seguida, os sinais e sintomas de irritabilidade, ansiedade, melancolia e cansaço,
junto de ondas de calor e sudorese são pontuados de igual modo, ou seja, por duas
entrevistadas. Os três primeiros encontram relação com a questão anterior relacionada à
alteração frequente de humor. Entretanto, o cansaço, as ondas de calor ou “fogachos” e a
sudorese são sinais e sintomas que caracterizam de modo direto o período do climatério,
guardando relação com as alterações hormonais.
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Conforme Pedro et al. (2003) o “nervosismo” e os “fogachos” encontram-se presentes
entre a maioria das sintomatologias proferidas pelas mulheres durante o estado do climatério,
sendo algumas destas queixas inter-relacionadas.
Segundo estudo realizado por Pitombeira et al. (2011), “[...] 92,07% das mulheres
experimentaram pelo menos um dos sintomas, com maior frequência de fogachos,
irritabilidade e esquecimento [...]”.
Conforme Brasil (2008) os “fogachos” são as queixas mais frequentes das mulheres e
reconhecidos como muito desconforto para as mulheres, durante o estado do climatério. Vale
apontar que a mulher que se encontra em situação de privação de liberdade, tem limitadas
suas ações e o direito de livre acesso, até mesmo nos espaços institucionais. Assim, mediante
dificuldade de auto controle com relação à sensação de calor pontuada, essa mulher apresenta,
não só alterações relacionadas aos aspectos biológicos, como também às questões emocionais,
tornando-a em situação de vulnerável para convivência com outras morbidades.
Em seguida encontram-se os sinais e sintomas de esquecimento, baixa autoestima. Por
último, levando-se em conta a frequência que surgem nas entrevistas nervosismo, depressão,
mastalgia, alteração da libido, ressecamento da vagina e incontinência urinária aparecem
sendo citados apenas uma vez. Dentre esses, a alteração da libido e o ressecamento da vagina
têm maior relação com o estado do climatério. Os demais podem ser situações específicas
vivenciadas de modo individual, que em alguma medida não apresentam relação específica.
Conforme Pitombeira et al. (2011) os sintomas relacionados à depressão, por exemplo,
foi um dos que mais referiram as mulheres entrevistadas, confirmando-se que a transição do
climatério tem grande impacto na vida.
Quanto à alteração da libido, conforme a Federação Brasileira da Sociedade de
Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO, 2010), há mulheres que apresentam redução da
libido na pós-menopausa, cuja explicação está na redução de testosterona, não de estrogênio.
No entanto, a queda da produção de estrogênio torna lenta a lubrificação vaginal, causando
ressecamento vaginal; a atrofia vaginal (por diminuição das dimensões e da capacidade
expansiva da vagina) pode provocar dispareunia; cistites podem ser causadas por uma maior
exposição à ação mecânica do coito no adelgaçado coxim tissular da parede superior da
vagina, que serve de proteção à uretra e à bexiga. (VALENÇA; NASCIMENTO FILHO e
GERMANO, 2010, p 280).
Vale lembrar também a partir de Pedro et. al. (2003) que ocorre em maior frequência
de quatro a seis anos após a menopausa, estando diretamente relacionada ao estado de
hipoestrogenismo.
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Assim, como pode ser observado no Quadro 3 anteriormente localizado na página 34,
as entrevistadas E4, E5 e E6 foram as que mais referiram sinais e sintomas relacionados aos
aspectos psíquicos. As de número E1 e E3 também sinalizaram questões que se remetem aos
aspectos físicos. Sendo que as entrevistadas E2 e E7 foram as que referenciaram pontos
inespecíficos.
Muito embora nenhuma delas tenha o diagnostico confirmado de que se encontram no
climatério, os sinais e sintomas aqui apontados foram percebidos por esse grupo de mulheres
encarceradas como algo que se remetesse a esse período. Além do que, no momento da
entrevista essas participantes eram convidadas à participação sendo informadas que estariam
dialogando sobre o período do climatério.
Em relação aos problemas de saúde referidos pelas mulheres encarceradas que se
relacionam com o estado de climatério, esses foram enumerados e apresentados no Quadro 4 a
seguir.
Quadro 4: Problemas referidos pelas mulheres encarceradas que afetam a saúde
Entrevistada
Problemas de saúde
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7
Hipertensão X X X
Diabetes X
Sobrepeso / obesidade X X X X X
Lombalgia / cervicalgia X X
Hérnia de disco X
Artrose X
Queda de cabelo X
Unhas quebradiças ou com
crescimento afetado X
Dispneia X X
Enfisema pulmonar X
Catarata X
Insônia X X X X X X
Sofrimento psíquico X X
IST X X
Alcoolismo X
Tabagismo X X X X
Fonte: Elaboração própria
Dentre os problemas de saúde mais referidos pelas mulheres encarceradas encontra-se
a hipertensão, sendo destacada por três entrevistadas. A hipertensão pode clinicamente ser
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decorrentes de fatores relacionados a faixa etária avançada, ou proveniente do estilo de vida
do cotidiano.
Segundo Barbosa, Guimarães e Saraiva (2008) “A menopausa tem sido apontada
como um dos fatores que contribuem para o desenvolvimento da hipertensão em mulheres”.
Atualmente as doenças cardiovasculares estão entre 3 das 10 mais frequentes causas
de morte da população feminina. De acordo com o Manual de Atenção a Mulher no
Climatério/Menopausa em Brasil (2008), em pesquisas realizadas apontam que (AVC)
acidente vascular cerebral, seguido da hipertensão arterial e pela doença isquêmica do coração
são as maiores causas de óbitos.
Segundo o mesmo manual, com a diminuição dos níveis séricos no climatério os riscos
passam a ser semelhante ao dos homens na mesma faixa etária. É natural a compreensão de
que alterações metabólicas ocorram gradativamente em ambos os sexo, tendo como
consequência o aumento dos níveis de colesterol principalmente o LDL (Lipoproteínas de
baixa densidade) com perda da proteção do HDL (Lipoproteínas de alta densidade).
A hipertensão arterial tem caráter hereditário, tanto em homens como em mulheres e
esta associada com alguns hábitos e estilo de vida. Quando presente no estado de climatério, a
hipertensão afeta a vida cotidiana, pois pode desencadear mal estar, além de limitar a mulher
em seus hábitos alimentares e nos rendimentos de regulação do aparelho cardiovascular. No
que se refere ao sistema prisional, pode-se inferir que as mulheres apresentam dificuldades
para manter níveis pressóricos normais, além de hábitos de dieta saudável / balanceada e
atividade física frequente.
Moraes, Moraes e Ramos (2014) apontam que as atividades físicas, de lazer e
esportivas vêm ganhando cada vez mais destaque para os detentos que cumprem pena em
regime fechado. No entanto, segundo Silva (2013) a prática corporal ou a atividade física
ainda são abordagens raras no sistema prisional.
Conforme Neves (2011), foi analisada a oferta da prática da atividade física no
Sistema Penitenciário Brasileiro, com objetivo de promover ações: educativa, moral, afim de
tratamento físico e psicológico. Usando o esporte (basquete), como estratégias para o banho
de sol. O estudo apontou que os resultados foram positivos nas condições, psicológicas, de
conduta e disciplinar do preso, provando assim que as atividades corporais trazem benefício a
saúde.
O benefício do esporte também é importante para as mulheres presas reafirmado
conforme o Plano Nacional de Política para as mulheres criado em 2013 que incentiva a
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participação das mesmas na construção e realização de eventos esportivos (SANTOS,2015).
Benefício que não se limita somente as mulheres fora dos muros das prisões.
Atrelado a essas questões, observa-se que durante o período do climatério também
pode ocorrer um aumento de peso relativo e concentrado no abdome. Entendendo que durante
o encarceramento a alimentação e as atividades ficam limitadas para essas mulheres e que
durante a prisão existe a possibilidade de má alimentação e sedentarismo (SILVA, 2013),
neste estudo, cinco disseram que aumentaram de peso após o confinamento.
De acordo com Valença e Germano (2010), os fatores que influenciam para melhoria
da qualidade de vida no climatério devem ser: atividade física, seguida de alimentação
saudável e evitar o tabagismo. Os exercícios físicos são uma forma de combater o
sedentarismo favorecendo o combate as doenças e agraves a saúde, como: obesidade,
osteoporose, doenças cardiovasculares, ansiedade, depressão, e artralgias.
Outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como diabetes, hérnia de disco,
artrose, enfisema pulmonar, catarata, etc., aparecem em entrevistas da maioria das mulheres.
Em seguida, aparecem a insônia, dispneia e lombalgia/cervicalgia também como
estados mórbidos prevalentes no grupo. Como são problemas sinalizados em outros períodos
da vida, há necessidade de maiores estudos para que seja possível confirmar relações com o
climatério.
Segundo (CEOLIN et al., 2008), o cuidado à mulher deve proporcionar uma prática
individualizada e humanizada, centrada em sua totalidade a partir de suas necessidades,
respeitando o seu contexto familiar, social, econômico, cultural e espiritual.
Mesmo sendo o período do climatério um processo que não deve ser visto como
“doença”, vale destacar conforme Silva (2013) que mediante os múltiplos fatores estruturais
que caracterizam as prisões, a mulher que ingressa nesse sistema jamais sai do mesmo sem ser
acometida por alguma doença. Assim, as mulheres encarceradas, em estado de climatério,
lidam com os sinais, sintomas e os problemas de saúde no seu dia a dia de confinamento,
vivenciando limites impostos pela instituição e vencendo barreiras diárias.
Em relação ao período de sono e repouso seis entrevistadas disseram ter sono irregular
e somente uma referiu ter sono regular. Como visto, a maioria destas mulheres que se
encontram no período do climatério destaca alteração do padrão de sono quando encarceradas.
Conforme Souza, Aldrighi e Filho (2005) qualidade do sono piora durante o
climatério. Sabe-se que o período do climatério altera sobre modo a questão do sono e
repouso, provocando insônia e levando as mulheres a modificação dos hábitos de sono e
repouso, isso quando estão em seus lares. Pedro, et. al. (2003) refere que a insônia é
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frequentemente atribuída às ondas de calor, mas também pode estar associada aos sintomas
psicológicos. Imagina no sistema prisional que lhes são forçados horários de sono e vigília,
por vezes diferenciados dos hábitos pessoais. Principalmente em situações adversas como as
instituições prisionais a insônia referida por essas mulheres pode estar agravada.
Como alterações do climatério estão ligadas a alterações de humor, pode-se observar
relação entre esses comportamentos e distúrbios ou sofrimento psíquico. Das sete
entrevistadas, duas disseram que já utilizaram o serviço de saúde mental antes da prisão,
sendo que, duas eram acompanhadas pelo CAPS (E1 e E6) e duas já relataram que foram
internadas em hospital psiquiátrico (E1 e E3).
Mesmo nesse estudo, sendo a minoria, esse dado é de suma importância pois o estado
de climatério exacerba possibilidade de sofrimento psíquico e, muitas das vezes aparecem
sinais de alteração de comportamento pela influência hormonal (REIS et al., 2011). Da
mesma forma, Lima (2013) refere que a prisão para as mulheres implica em altos níveis de
problemas de saúde com ênfase no sofrimento mental.
Dentre as doenças transmissíveis, foram apontadas pelas entrevistadas apenas aquelas
transmitidas pelo sexo. Sobre esse assunto, cinco responderam não possuir IST, duas
referiram ter sífilis, sendo que uma delas foi tratada na prisão. Mesmo que somente duas
referiram possuir IST, esse dado é extremamente significativo, pois os presídios são locais de
confinamento que contribuem para o aumento das respectivas infecções (OLIVEIRA et al.,
2013). Essas instituições têm dificuldade de assegurar orientações preventivas em relação às
IST (REIS et al, 2011).
Por fim, duas questões importantes que foram observadas dizem respeito ao
alcoolismo e tabagismo ou uso de drogas ilícitas. Diante dos aspectos legais, somente o uso
do tabaco é referido durante a prisão. Das sete participantes desse estudo, quatro responderam
que fumam e três responderam que não. Das que fumam, afirmaram que consomem um maço
por dia, uma relatou fazer o uso esporadicamente e uma relatou consumir um maço de 3 em 3
dias.
Com relação ao uso de álcool e drogas ilícitas, o questionamento fez referência ao
período anterior ao encarceramento. De modo inesperado, apenas uma respondeu que
consumia álcool e seis responderam que não. Quanto às drogas ilícitas duas disseram que
faziam uso de cocaína e maconha. Segundo Lewis (2006), as infratoras mulheres são mais
propensas a apresentar abuso ou dependência de substâncias psicoativas.
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4.3 RECONHECENDO E DRIBLANDO O PERÍODO DO CLIMATÉRIO
A maioria das entrevistadas refere que passa pelo estado de climatério de maneira
desconfortável, como pode ser ilustrado em algumas entrevistas. Vale lembrar, que nem todos
os sintomas identificados nas falas das mulheres podem encontrar relação direta com o
período do climatério, no entanto caracterizam de modo singular algumas dificuldades dessas
mulheres passarem pelo período do climatério durante o encarceramento.
Duas entrevistas chamaram a atenção. A entrevistada E3 referiu “sentir muito calor” e
por isso procurava sempre “estar perto do ventilador e se refrescar no chuveiro”. Além disso,
essa mesma mulher relatava queda de cabelo, dificuldade para crescimento das unhas, dores
na coluna, dor de cabeça, dependência de medicamentos para dormir e hipertensão. Já a
entrevistada E4 referia ser hipertensa, sentir cansaço, dores de cabeça e esquecimento.
Segundo a autora Pitombeira et al., (2011) os sinais e sintomas revelados pelo
climatério inclui fogachos, insônia, irritabilidade, depressão, sudorese, palpitação, cefaleia,
esquecimento, problemas urinários, estresse, além de transtornos como: desajuste conjugais,
problemas familiares; e alterações na sexualidades entre outros.
Ainda dialogando com os dados apresentados na categoria temática anterior, sobretudo
do Quadro 4, a entrevistada E7 disse ter perdido a visão devido a diabetes e com isso tinha
baixa autoestima. A entrevistada E1 relatou aumento cefaleia e presença de insônia. E a
entrevistada E6 referiu “sentir dores nas costas e dor de cabeça”.
E continua referindo a autora (PITOMBEIRA et al., p.521 2011) a presença de
fogachos e sudoreses noturnas geram insônia, irritabilidade e fadiga no dia posterior. A
insônia pode estar atribuída às ondas de calor mais também aos sintomas psicológicos, o que
refletiria na associação da depressão. Nas mulheres privadas de liberdade a prevalência de
sintomas no climatério foi: insônia, dores de cabeça e no corpo.
E mesmo se tratando de condições específicas relacionadas ao confinamento, pode-se
observar que algumas mulheres, de modo contraditório, referiram passar por esse período
convivendo bem com a sintomatologia e/ou os problemas de saúde, naturalizando questões
relacionadas ao climatério que ocorrem durante o encarceramento.
A entrevistada E1 referiu que “convive bem com esses sintomas...”. A entrevistada E7
disse “ter sentido alívio ao parar de menstruar...” E a entrevistada E5 relatou “... administrar
bem os sinais e sintomas referidos...”, sendo que o que mais a incomoda é o barulho do
ambiente prisional deixando-a com medo e isolando-a.
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No momento da pesquisa as mulheres estavam, por motivos não relatados, impedidas
do banho de sol. É possível identificar nas falas de E2 e E3 uma relação direta entre a
oportunidade do banho de sol e a sensação de bem estar, no caso, uma forma de driblar os
efeitos do climatério. A oportunidade do banho de sol é importante para a mulher nessa fase,
pois os raios ultravioletas são excelentes carreadores da vitamina D, tornando-se para a
mulher momento aliado na absorção, contribuindo assim, para a diminuição da perda de
massa óssea e com isso, promover o retardo das comorbidades ósseas, como osteopenia,
osteoporose, dificultando as fraturas ósseas. Fernando, Bacarate e Lima (2004) referem que na
pós menopausa a atividade física contribuem decididamente para diminuir a reabsorção óssea.
Foram inúmeras as questões de desconfortos manifestados pelos sinais e sintomas do
estado do climatério relatadas pelas mulheres. No entanto, elas não podem resolver tais
questões de forma específica e imediata. Assim, uma das maneiras que essas mulheres
apontam como forma de enfrentar as situações de dificuldade fazem relação ao apoio
“espiritual”.
A frequência das atividades religiosas é comum a todas as mulheres entrevistadas,
sendo que E3 refere participação esporádica. Elas referem buscar no culto religioso uma
forma de paz interior. Esse processo gera esperança e também pode ser considerado uma
oportunidade de esquecer momentos turbulentos que vivenciam no ambiente prisional.
Conforme Moraes e Dalgalarrondo (2006), a religiosidade pode trazer um sentido a
vida dos presos de forma que minimize o enfrentamento na vivência em um cárcere.
Outras estratégias para driblar os efeitos do climatério correspondem ao uso da
criatividade. As entrevistadas mencionam participar de atividades relacionadas ao estudo e
escrita, atividades manuais, canto, lavar roupa, ouvir rádio ou televisão driblando não somente
os sintomas do climatério, mas também por um momento para esquecer o fato de estar presa.
Esse movimento, como pode ser vista a partir das falas seguintes, visa preencher o
tempo que ficam ociosas e, assim, contribuindo para esquecerem um pouco os males do
climatério.
E2: “adoro escrever estou fazendo um livro e assim vou esquecendo”
E5: “canto pra espantar os calores”
E7: “escuto rádio e televisão assim esqueço que estou suando”
Ao serem perguntadas a respeito de como driblam os danos causados a saúde mental
no confinamento, percebe-se que algumas mulheres referem mudanças de comportamento.
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E1: “me tornei mais agressiva aqui”
E2: “acho que mudei meu jeito de pensar, fiquei mais reflexiva “
Conforme a fala da autora a insônia apresenta uma forte relação com as ondas de calor
também pontua uma associação com os sintomas psicológicos que se misturam com a
depressão (PITOMBERA, 2011 apud PEDRO, 2003). A insônia ou sono irregular é
potencializado pelas preocupações externas e dificuldades vivenciadas no cotidiano da prisão
ou distanciamento familiar. Algumas entrevistadas relataram os motivos que leva à perda do
sono dessas mulheres:
E1: “tô longe de casa, tenho saudades”
E2: “acordo várias vezes durante a madrugada assustada”
E3: “durmo a noite toda, tomo remédio”
E4: “minha cabeça pensa nos problemas”
E5: “é muito problema, estou envelhecendo”
E6: “me preocupo com minha família isso me atrapalha a dormir”
E7: “penso neles (família) todos os dias e o sono não vem”
No que diz respeito ao que as entrevistadas fazem para enfrentar o período do
climatério e não adoecer no presídio relatam que ao aparecer os sinais e sintomas do
climatério tomam as atitudes como pode ser visto a seguir.
No caso de fogacho, uma das mulheres apela para banhos frios, através dos quais
revela ficar mais esperta, animada e relaxada: E1 “vou pro chuveiro e tomo banho frio”.
Outra entrevistada E2 diz que utiliza da política da boa vizinhança referindo que se
“não pode com eles junte-se a eles”; e que o “trabalho em jardinagem ajuda bastante”.
Já a entrevistada E3 busca driblar esses momentos desconfortáveis do climatério na fé
e na oração, que é onde ela se sente mais segura e mais encorajada: E3 “não perco um culto,
hoje tem”.
Uma outra entrevistada relatou sentir-se sempre acuada. Com medo ela se retira para
um canto e escuta música. A música para ela é um subterfúgio para driblar o climatério: E5
“prefiro ficar no meu cantinho ouvindo música”.
E por último uma delas refere fazer uso de medicamento: E6 “tem remédio tá tudo
bem”; e outra relata que a privação de alguns alimentos não é escolha e sim a maneira pela
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qual se busca auto cuidado para minimizar as doenças pré-existentes: E7 “evito alimentos que
aumenta a minha glicemia, pois já sou diabética”.
Outro ponto explorado nas entrevistas diz respeito aos serviços utilizados pelas
mulheres em estado de climatério para cuidarem de si mesmas durante o encarceramento. Os
serviços pontuados caracterizam atenção a saúde e podem também ser considerados como
formas de enfrentar ou driblar o período do climatério.
Percebe-se que neste grupo a maioria busca o serviço de saúde, por doenças pré-
existente, e outras comorbidades. Nota-se que elas sentem a necessidade de entender e
resolver suas questões de saúde, porém esbarram na dificuldade nesse acesso. As
entrevistadas E2, E4, E5, E6 e E7 disseram utilizaram alguns serviços médicos. Notou-se que
a maior procura foi direcionada ao profissional da enfermagem, na busca de soluções como:
E1: “precisei fazer teste rápido, nunca fui ao medico, já fui à enfermeira pegar
remédio, já fui ao psicólogo, nunca me tratei para esses calores.”
E2: “procurei por dor fui ao medico uma vez, fiz um teste rápido, já fui ao
psicólogo, nunca fiz tratamento para diminuir minha vontade de sexo”
E3: “nunca usei, nunca fui ao medico, só vou pegar remédio, queria tratar da
minha ansiedade nunca fiz tratamento para isso”
E4: “fui ao médico duas vezes, sinto dores, pego medicamento, nunca fiz
tratamento para diminuir minha depressão”
E5: “já fui ao medico, fui fazer teste rápido, já falei com assistente social,
nunca me tratei dos meus calores”.
E6: “tenho enfisema pulmonar crônico, já fui ao medico, pego remédio na
enfermagem quando tem, nunca fui atendida por outro profissional, queria
saber por que tenho tanto suor e nunca fiz tratamento pra isso”
E7: “já fui ao médico, vou a enfermeira buscar meu remédio, nunca fui a outro
profissional, sinto muitas dores na mama e isso me deixa triste, nunca me
tratei”.
Uma equipe multiprofissional pode e deve incentivar que a saúde seja vista como um
recurso para a vida, e não como objetivo de viver. Nesse sentido, os recursos sociais e
pessoais podem aumentar o potencial para driblar o que se tem aumentando as capacidades
físicas e diminuindo as vulnerabilidades (CZERESNIA, et al., 2013). O enfermeiro ao traçar
o plano de cuidados junto à mulher pode enfatizar a participação individual dela na promoção
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da saúde focando, principalmente, as condições sanitárias vividas cotidianamente, seus modos
de vidas, suas culturas e histórias, de acordo com Freitas (2003).
Estar lá, na prisão, e viver sob condições totalmente adversas e buscar saúde implica
na necessidade de acessar possibilidades que lhe apontam melhoria de qualidade de vida. Esse
estudo não revelou a deficiência estrogênica com repercussões sobre o sistema ósseo,
cardiovascular e urinário como aponta (ROCHA; ROCHA, 2010), mas trouxe a tona
inúmeros outros problemas de saúde que se observados precocemente podem prevenir
agravos.
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5 CONCLUSÃO
O cuidado com a mulher encarcerada, e ainda, as que passam pelo período do
climatério deve ser pautado em uma prática individualizada a partir de suas necessidades,
respeitando suas especificidades. O profissional enfermeiro é um elemento crucial que ao
compreender essas necessidades visa a busca de oportunidades e possibilidades na
implementação de ações que favoreçam uma melhor qualidade de vida a essas mulheres nesta
fase.
O que se apresentou neste estudo foi oriundo das falas de mulheres encarceradas que
demonstraram buscar alternativas que contribuíssem para passarem pelo período do
encarceramento com menos sofrimento. Dentre os sinais, sintomas e problemas relacionados à
saúde das mulheres que foram identificados nas entrevistas, vale apontar que nem todos
encontram-se especificamente ligados ao climatério. No entanto, a partir das inúmeras
questões identificadas torna-se possível observar que essas mulheres buscam formas de
enfrentarem ou driblarem os desconfortos relacionados ao climatério quando encarceradas.
Essas mulheres encarceradas, ao lidarem com os sintomas e os problemas de saúde no
seu dia a dia de confinamento, impõem limites a si mesmas, vencendo barreiras diárias e as
imposições institucionais. Ao serem questionadas sobre como vivenciam esse período, pode-
se observar que esse grupo feminino reconhece as dificuldades existentes no dia a dia,
sobretudo durante o encarceramento.
O enfermeiro ou o profissional de saúde, deve se atentar para a relação existente entre
os inúmeros sinais, sintomas e problemas relacionados a saúde das mulheres encarceradas que
passam pelo período do climatério, pois ao associar as queixas com a idade conseguem
observar a gama de complexidade que envolve o dia a dia dessas mulheres.
O estudo possibilitou identificar questões importantes relativas à saúde da mulher, na
esfera física e mental, quando encarceradas. Mesmo não podendo confirmar a existência de
relações diretas com o climatério/menopausa, dentre os sinais, sintomas e problemas
relacionados à saúde, cefaleia, tristeza profunda, mudança de humor, hipertensão,
sobrepeso/obesidade e insônia foram os mais pontuados nas falas das mulheres encarceradas.
A maioria das entrevistadas reconhece o estado de climatério como um período de
desconfortos. Algumas mulheres privadas de liberdade sinalizaram o uso de estratégias, como
leituras, escritas, músicas e religiosidade, não só para driblarem os desconfortos do período do
climatério, mas também para preencherem o tempo ocioso no cárcere.
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Mesmo se tratando de condições específicas relacionadas ao confinamento, de modo
contraditório, pode-se observar que algumas mulheres, referiram passar por esse período
convivendo bem com a sintomatologia e/ou os problemas de saúde, naturalizando questões
relacionadas ao climatério que ocorrem durante o encarceramento.
Mesmo assim, entende-se que ações como: acompanhamento terapêutico e emocional
através de atendimento multiprofissional, promoção e prevenção de doenças pré-existentes e
adquiridas no período de confinamento, realização de exames como citopatológico e
mamografia, avaliação do uso de medicações controladas, e o incentivo à atividade física e ao
banho de sol, contribuem promover o bem estar físico e mental e melhorar a qualidade de vida
dessas mulheres encarceradas que passam pelo período do climatério.
Quanto aos gestores das instituições prisionais, é importante que haja
comprometimento com as políticas públicas de saúde tendo em vista que em muitos casos o
abandono dessas mulheres caracterizam necessidade de melhor atenção à saúde e respeito à
vida.
Valorizar a vivência do climatério a partir do relato das próprias mulheres, suscita a
promoção de estratégias que contribuam para o empoderamento e melhoria da qualidade de
vida dessas entrevistadas. Deste modo, saber reconhecer essa fase em suas vidas torna-se
fundamental. Nesse sentido o enfermeiro como integrante da equipe multiprofissional, capaz
de estimular essas mulheres a entender da importância do autocuidado, deve promover ações
e estratégias, visando minimizar os efeitos desconfortáveis deste ciclo na vida das mesmas.
Assim, o estado do climatério, sobretudo em situações específicas como a prisão, deve ser
mais explorado pelas políticas públicas de saúde contribuindo para atender necessidades
específicas e melhoria das condições de vida desse grupo vulnerável de mulheres privadas de
liberdade, que passam pelo período do climatério num presídio no Estado do Rio de janeiro.
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OBRAS CITADAS:
ALVES, Estela Rodrigues Paiva et al. Climatério: a intensidade dos sintomas e o
desempenho sexual. Texto e Contexto Enfermagem, Florianópolis: v. 24, n. 1, p. 64-71, mar.
2015.
ARANTES, Rosalba Cassuci et al. Processo saúde-doença e promoção da saúde: aspectos
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55
APÊNDICE
ROTEIRO SEMI-ESTRUTURADO PARA ENTREVISTA
DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS
1- Iniciais do nome:
2- Idade
3- Natural
4- Nacionalidade
5- Raça/Etnia ( ) branca ( ) negra ( ) parda ( ) amarela ( ) indígena
( ) outras
6- Escolaridade: ( ) analfabeta ( ) alfabetizada
( ) Ensino fundamental completo ( ) incompleto
( ) Ensino médio completo ( ) incompleto
( ) Ensino superior completo ( ) incompleto
( ) Ensino acima do superior ( ) completo ( ) incompleto
( ) Não informado
7- Orientação sexual: ( ) hetero ( ) bi ( ) trans ( ) lésbica
Mantém relação afetiva com outra mulher na prisão?
8- Estado civil: ( ) casada ( ) solteira ( ) divorciada ( ) separada
9- Antes da reclusão, morava com companheiro?
10- Número de filhos:
11- Filhos ficaram com quem?
12- Profissão:
13- Trabalho remunerado antes de estar reclusa? ( ) sim ( ) não
14- Atividade exercida antes da reclusão?
15- Renda familiar: ( )Abaixo salário mínimo ( )salário ( )valor acima do salário
16- Renda individual: ( )Abaixo salário mínimo ( )salário ( )valor acima salário
17- Usuária do bolsa família?
18- Auxilio reclusão?
19- Motivo da prisão?
20- Quanto tempo de reclusão?
21- Quanto tempo já cumpriu de pena?
CARACTERISTICAS DE SAÚDE
22- Usava álcool? ( ) SIM ( ) NÃO
23- Usava tabaco? ( )sim ( ) não
56
24- Usava drogas ilícitas? ( )sim ( )não Quais?
------------------------------------------------------------------------------------------------
25- Peso/altura........................................Engordou na prisão? ( )sim ( )não
26- Antes da reclusão, foi exposta a violência feminina? ( )física ( ) sexual
( )psicológica
27- Recebe visita? ( )sim ( )não
28- De quem? ( )mãe ( )pai ( )marido ( ) irmãos ( )filhos ( )outros
SAÚDE SEXUAL
29- Recebe visita íntima? ( )sim ( )não
30- Usava preservativo nas relações sexuais? ( )sim ( )não
Usa? ( )sim ( )não
Número de parceiros antes da prisão...........Na prisão...........
31- Usava método contraceptivo ( )sim ( )não Qual?....................................
Usa? ( )sim ( )não
32- Infecção por DST durante esse ano? ( )sim ( )não
Tratamento ( )sim ( )não
33- Infecção por HIV? ( )sim ( )não
SAÚDE MENTAL
34- Frequentava serviço de saúde mental antes da prisão?
35- Já foi internada em hospital psiquiátrico? Onde?
36- Faz acompanhamento atualmente com algum profissional de saúde? Qual
profissional?
37- Qual foi o motivo deste acompanhamento?
38 -Faz uso de medicação controlada? Quais? Por que?
39 -Quais foram os problemas que causaram danos a saúde mental após confinamento
SAÚDE FISICA
40- possui algum problema de saúde? ( )Sim ou ( ) Não
41- Quais são estes problemas?
42- Quais foram os problemas que causaram danos á saúde física após confinamento?
43- Utilizava o serviço de saúde antes da prisão?
57
CUIDADOS COM A SAUDE DURANTE O CONFINAMENTO
44- Como tem sido o seu sono/repouso?
45- Sono regular? ( )Sim ( )Não
Motivos que levam a perda de sono:
O que faz perder o sono?
46- Como são os hábitos alimentares?
47- Com que freqüência você sai para o banho de sol?
48- Freqüenta atividades religiosas?
49- Freqüenta escola ou curso? Quais?
50- Como se sente quando não tem nada pra fazer durante o dia?
SERVIÇOS UTILIZADOS DURANTE O ENCARCEIRAMENTO
51- Utiliza serviço de saúde da prisão? ( ) Sim ( ) Não
Se não quais foram os motivos?
52- Utilizou o serviço este ano ( ) Sim ( ) Não
53- Fez consulta medica? ( ) Sim ( ) Não
Quantas durante o ano?
54- Fez consulta ginecológica? ( )Sim ( )Não
Quantas durante o ano?
55- Fez consulta de enfermagem?
Quantas durante o ano?
Qual motivo levou você a consultar com o (a) enfermeiro(a)?
56- Fez consulta com outros profissionais? ( ) Sim ( ) Não
Quais profissionais?
Quantas durante o ano?
57- N° de procedimento (curativos, injeções etc.) realizados este ano?
58- Você realizou este ano:
Exame preventivo ( )Sim ou ( )Não - período do ultimo exame:
Mamografia ( )sim ou ( )Não - período do ultimo exame:
58
Vacinação – DT ( ) Sim ou ( ) Não
Hepatite B ( ) Sim ou ( )Não
Gripe ( ) Sim ou ( ) Não
FALE UM POUCO:
59- Sobre a sua saúde:
60- O que você fez no presídio para evitar adoecer?
SOBRE CLIMATÉRIO/MENOPAUSA
1- Com que idade percebeu o início dos atrasos menstruais?
2- Como era a irregularidade da menstruação? De quanto em quanto tempo (semanas ou
meses)?
3- Qual foi a idade que menstruou pela última vez?
4- Sua menstruação está ausente por 12 meses corridos? ( ) sim ( ) não
5- Se já ocorreu ausência da menstruação por 12 meses, como tem se sentido?
6- Durante esse período de atrasos menstruais, tiveram alguns desses sintomas?
( ) Ondas de calor
( ) Dor nas mamas (mastalgia)
( ) Sudorese
( ) Baixa auto-estima
( ) Ansiedade
( ) Alterações do humor (mal humor freqüente)
( ) Irritabilidade
( ) Nervosismo
( ) Melancolia
( ) Tristeza profunda
( ) Depressão
( ) Diminuição da libido/desejo sexual
( ) Aumento da libido/desejo sexual
( ) Ressecamento vaginal
( ) Desconforto na relação sexual com penetração
( ) Incontinência urinária
7- Atualmente apresenta algum desses sintomas?
( ) Ondas de calor
( ) Dor nas mamas (mastalgia)
( ) Sudorese
( ) Baixa auto-estima
( ) Ansiedade
( ) Alterações do humor
( ) Irritabilidade
59
( ) Nervosismo
( ) Melancolia
( ) Tristeza profunda
( ) Depressão
( ) Diminuição da libido/desejo sexual
( ) Aumento da libido/desejo sexual
( ) Ressecamento vaginal
( ) Desconforto na relação sexual com penetração
( ) Incontinência urinária
Pode falar um pouco como é o dia a dia vivendo com alguns desses sintomas?
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8- Após você ter 48-50 anos surgiu algum outro problema de saúde?
( ) sim ( ) não
Quais?
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Caso positivo, como tem sido sua vida com estes problemas de saúde durante a
reclusão?
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9- Já se consultou com algum médico ou profissional de saúde, por causa de algum
problema relacionado á menopausa ou climatério?
( ) sim ( ) não
Quais?
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10- Faz tratamento específico para menopausa ou climatério no sistema prisional?
( ) sim ( ) não
Se sim, qual?
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