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Caras Professoras
Caros Professores
É com alegria que fazemos chegar a vocês este projeto que é fruto do trabalho de
um grupo de professores/as e pesquisadores/as que vêm lutando há muito tempo contra
todo tipo de discriminação e pelo direito às diferenças.
A proposta de um projeto é sempre a idéia de um “projétil”, um arremesso. Uma
idéia que se lança para frente, com força, para produzir efeitos. A força e o impacto
dele dependem das pessoas que as idéias do projeto conseguirem agregar em seu
percurso, em seu caminho e movimento. E seus impactos e êxitos só se farão sentir se
conseguirmos juntar vários desejos e vontades na sua chegada.
Como professores, não podemos mais suportar que as crianças negras tenham um
desempenho pior que as outras crianças. Como professoras, não podemos mais suportar
atitudes discriminatórias e preconceituosas vindas de quem quer que seja. Como cidadãos
não podemos mais aturar as relações que a nossa cultura mantém com o diferente,
desejando ou fingindo que ele não existe.
Este material pretende retomar os conhecimentos que vocês já têm, como
professores, sistematizando outros que possam contribuir para um trabalho em sala de
aula contra a discriminação.
É preciso que as diferenças sejam o mote da ação pedagógica, produzir diferenças,
não apenas tolerá-las ou aceitá-las. Este projeto insere-se no âmbito das lutas, que são
travadas incansavelmente e cotidianamente por aqueles que desejam, efetivamente
incorporar os outros, os diferentes. As professoras e os professores do ensino fundamental
não podem estar fora desta empreitada. A empreitada da inclusão.
Este projeto é um convite para aceitarmos o desafio urgente de democratizar de
fato a escola: trazer a criança negra, a jovem negra, o adolescente negro e sua família,
com êxito para dentro da escola, acolher, ensinar e encantar-se.
Poderemos então (re) escrever novas e inéditas histórias de aprendizagem
proporcionando perspectivas de sucesso para todos aqueles, alunos e alunas que
ingressam na escola e que desejam e necessitam permanecer.
A escola não pode tudo mais pode mais. Pode acolher as diferenças. É possível
fazer uma pedagogia que não tenha medo da estranheza , do diferente do Outro. Este
é o convite deste projeto: educar na diferença para a igualdade.
Para todos, parabéns pela disposição ao estudo e bom proveito!
Este material é um Projeto Piloto e possui,
portanto, um caráter provisório e mais próximo
de um diagnóstico em relação a como têm sido
pensadas as temáticas aqui apresentadas, do que
de uma abordagem definitiva. Neste sentido,
pretendemos construir uma próxima etapa a
partir dos resultados que venham a ser obtidos.
A recepção desta proposta, acrescida das
contribuições dos/as professores/as, norteará a
construção do material definitivo.
As atividades sugeridas nesta apostila são
parte do projeto: Educando pela diferença para
a igualdade, que prevê, dentre as diversas
modalidades, momentos presenciais (10hs) e não-
presenciais: videoconferência e vídeo (20hs)
A apostila está dividida da seguinte forma:
· Texto 1: Conceitos básicos sobre racismo
Atividades monitoradas, Trabalhando em
Sala de Aula, Referências Adicionais
· Texto 2: Escola e Diversidade
Atividades monitoradas, Trabalhando em
Sala de Aula, Referências Adicionais
· Texto 3: Literatura infanto-juvenil com
personagens negros no Brasil
Atividades monitoradas, Trabalhando em
Sala de Aula, Referências Adicionais
Bom Trabalho
1
2
3
Conceitos Básicos
A escola e a diversidade
Livro didático e literatura
14
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Atividade 1Atividade 2
Trabalhando em Sala de AulaSaiba Mais
Assista
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Atividade 1Atividade 2
Trabalhando em Sala de AulaSaiba Mais
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Atividade 1Atividade 2
Leia MaisAssista
Referências Adicionais
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A História nos mostra que as
sociedades humanas, desde o passado
mais remoto, sempre foram marcadas por
suas relações com outras sociedades. A
própria noção de identidade sempre se
constrói por meio da consciência de que
existem diferenças entre a nossa cultura
e a cultura dos outros.
Antes de discutirmos um pouco mais
o que é racismo, preconceito e
intolerância, seria bom lembrarmos até
por volta da idade média, o preconceito
e a discriminação baseavam-se em fatores
religiosos, políticos, nacionalidade e na
linguagem e não em diferenças biológicas
ou raciais como acontece hoje. Assim
havia o cristão contra o não cristão, o
fiel contra o pagão etc.
O racismo, como hoje o
conhecemos, não surgiu de um momento
para o outro mas foi consolidando-se
historicamente a partir do fato de que
povos colonizadores começaram a usar
mão-de-obra negra e escrava para
conseguir riqueza e poder sem nenhum
1 Conceituações Básicassobre o Racismo
custo extra para os brancos,
colonizadores e opressores.
Diante de tal realidade de
exploração, aos poucos, foi construindo-
se o conceito de Racismo que pode ser
interpretado como uma ideologia que
postula a existência de hierarquia entre
os grupos humanos, partindo do princípio
de que certas raças são naturalmente
inferiores a outras, apenas porque
apresentam cor da pele ou traços
diferentes daqueles povos que se acham
“de raça superior” .
No entanto, segundo publicação da
revista Isto É, de 15 de novembro de
1998, recentemente, foi realizada uma
pesquisa por um grupo de cientistas
chefiados por Alan Templeton, que
comparou mais de oito mil amostras
genéticas colhidas aleatoriamente, de
pessoas em todo o mundo e comprovou,
após acuradas análises, que não há raças
entre os humanos porque as diferenças
genéticas entre os grupos de etnias
diversas, são tão insignificantes que a
conclusão a que se chegou foi que o
racismo não tem nenhuma base
científica, que somos todos cidadãos
humanos. Sendo assim confirma-se que
o racismo não passa de um fenômeno
cultural que precisa ser combatido.
No Brasil, a discriminação não
atinge somente os povos afro-
descendentes e os índios, mas afeta
também os descendentes de asiáticos,
os portadores de deficiências, os
homossexuais, as mulheres e outros
grupos que não são respeitados como
merecedores de direitos iguais.
Neste nosso estudo, porém, vamos
pensar nas pessoas negras, que são as
maiores vítimas do racismo em nossa
sociedade dentro da qual sua sala de aula
está incluída.
O debate sobre o racismo e a
discriminação no Brasil, felizmente, vem
ganhando cada vez mais espaço e a
participação dos professores, sem dúvida,
reveste-se de fundamental importância
nesse processo de erradicação de
comportamentos racistas e
preconceituosos que, freqüentemente,
manifestam-se nas salas de aula.
Sabemos que a interiorização do
racismo, do preconceito e da
discriminação é social, estando presente
em qualquer instituição socializadora.: na
família, na escola, na igreja, na
comunidade. Todavia entendemos que a
escola é lugar privilegiado para que se
estabeleça um diálogo sério e respeitoso
entre as diferentes culturas ali
representadas, sendo o professor o
mediador desse diálogo.Dado que todas as
evidências do cotidiano mostram-nos que
o Brasil não é a democracia racial, que
gostaríamos que fosse, cabe-nos trabalhar
para que um dia venha a sê-lo.
Para isso, professor/a, será
necessário esclarecermos alguns conceitos
que poderíamos considerar como
derivados do racismo, pois Racismo,
Intolerância e Preconceito, dos mais
diversos tipos, caminham de mãos dadas
com a ignorância. São todos graves
problemas que desafiam a sociedade e
colocam em questão a nossa capacidade
de tratá-los racionalmente.
Na urgência de resolvê-los, três
perguntas surgem como fundamentais.
Por que as pessoas manifestam
intolerância e preconceito diante daqueles
que julgam diferentes? Por que uma
vítima do racismo e do preconceito pode
também discriminar? Como pode um
professor atuar no combate ao racismo e
mover a construção de identidade?
Respondê-las é tarefa árdua mas não
impossível, se dispusermo-nos a
compreender os conceitos e os
mecanismos que geram tais1comportamentos.
Raça – Embora o Projeto Genoma
Humano já tenha demonstrado que o
conceito de “ raça” é inadequado, pois as
diferenças genéticas entre todas as “
raças” são ínfimas, o dicionário nos diz
que Raça é um conjunto de indivíduos
cujos caracteres somáticos, tais como a
cor da pele, a conformação do rosto e do
crânio, o tipo de cabelo etc. são
semelhantes e se transmitem por
hereditariedade, embora variem de
indivíduo para indivíduo.
Ora, comparar e classificar os seres
humanos não é, em si, errado, pois
conhecer é, em certo sentido, comparar
e classificar as coisas que existem. Todavia
aceitar uma classificação racial ou
princípios de uma tipologia racial não
significa necessariamente adotar
conceitos racistas.
Se já ficou provado que não existe
relação unívoca entre os caracteres físicos
e as disposições intelectuais ou morais de
um indivíduo e se o termo “raça” já foi
considerado inadequado para se referir à
espécie humana, tornando-se assim um
conceito cujo sentido se esvaziou, porque
permanece o racismo?
Racismo - Essa palavra serve para
designar um comportamento hostil e de
menosprezo em relação a pessoas de
grupos humanos cujas características
intelectuais ou morais são consideradas
“inferiores”, por outros grupos que se
consideram “superiores”,e sendo
diretamente relacionadas a
características “raciais” ou seja, físicas
ou biológicas.
Acredita-se que tal conceito surgiu
no âmbito da sociedade ocidental no
século XVIII, quando esta procurava
pretensas bases científicas para explicar
as diferenças entre os seres humanos e
justificar a dominação do branco europeu
sobre os povos de outros continentes
durante a expansão colonial.
Durante o século XIX e até meados
do século XX, o racismo fixou-se como uma
doutrina e, como tal foi amplamente
difundido pelos meios científicos.
Infelizmente, o mundo teve que assistir a
perseguição e ao massacre de judeus e
ciganos, pelos nazistas, durante a 2ª
Guerra Mundial, antes que o racismo fosse
universalmente repudiado.
Entretanto, sabemos que,
especialmente em relação aos negros, ele
o racismo não desapareceu, apenas ficou
dissimulado no cotidiano, silencioso e sem
rosto, mas se afirmando na intimidade,
mas presente, em todos os espaços sociais,
quando menos se espera, particularmente
na escola e no mercado de trabalho. E o
mais interessante é que, como dizia o
sociólogo Florestan Fernandes, o brasileiro
parece ter “preconceito contra ter
preconceito”. Ninguém (ou poucos) se
admitem racistas, mas quando
interrogados, afirmam que existe sim,
racismo no Brasil. Um racismo que parece
estar sempre “no outro” e não nele.
Intolerância – É a falta de respeito
em relação às práticas e crenças alheias
que, por serem diferentes das nossas, são
tidas como “erradas” e sem direito de
existir. A intolerância pode traduzir-se
pela rejeição ou exclusão de pessoas por
causa de sua crença religiosa, opção sexual
ou mesmo por seu tipo de vestimenta ou
corte de cabelo.
Xenofobia – É um termo de origem
grega que significa “medo ou aversão ao
estrangeiro”. Alimenta-se de estereótipos
e preconceitos em relação aos que são
considerados desconhecidos e diferentes
e traduz-se, muitas vezes, na rejeição,
hostilidade ou violência contra as pessoas
originárias de outros países e regiões ou
membros de minorias étnicas.
Alguns países adotam um discurso
xenófobo para instigar na população
sentimentos de ódio em relação aos
estrangeiros e com isso, legitima práticas
como perseguições, confinamento em
bairros específicos ou até mesmo o
banimento dos estrangeiros do país.
Em determinadas circunstâncias, o
terrorismo também pode provocar reações
de intolerância e xenofobia, como
aconteceu com os americanos em relação
a árabes e muçulmanos nos Estados
Unidos, depois dos ataques de 11 de
setembro de 2001.
Preconceito – É uma idéia que
fazemos de uma pessoa, grupo de
indivíduos ou povo, que ainda não
conhecemos. É o tipo do sentimento ou
opinião irrefletida que não tem nenhum
fundamento racional.
Preconceitos estão enraizados em
todas as culturas, são difíceis de serem
erradicados porque as pessoas são sempre
mais inclinadas a ficarem com suas
próprias idéias mesmo que, às vezes,
sejam idéias falsas. O preconceito serve
para justificar o injustificável, ou seja, o
tratamento desigual e a discriminação que
são dirigidos a indivíduos ou grupos.
Estereótipos – São preconceitos já
bastante cristalizados que consistem em
apreender, de maneira simplista e
reduzida, os grupos humanos, atribuindo-
lhes traços de personalidade ou de
comportamento.
Exemplos: Os negros são preguiçosos;
os orientais são pacientes; os brasileiros
gostam de samba; as mulheres dirigem
mal; toda sogra é chata; todos os políticos
são corruptos; toda criança negra vai mal
na escola; o negro é burro; mulher bonita
é burra etc.
Esses preconceitos vão se
transformando em posições diante da vida
e, ao se espalharem nas relações
interpessoais, vão carregando consigo os
estereótipos, a discriminação, o racismo,
o sexismo etc.
Discriminação - É a conduta (pode ser
de ação ou omissão) que viola direitos das
pessoas com base em critérios
injustificados e injustos tais como a raça,
o sexo, a idade, a opção religiosa, a sexual
e outras.
Podemos considerar que a
discriminação é, em última análise a
materialização do racismo, do preconceito
e do estereótipo.
(Notas)1 Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.Novo Aurélio século XXI: o dicionário dalíngua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova fronteira, 1999
Atividade 1No cotidiano das salas de aula, são comuns atitudes de racismo, preconceito e
discriminação que “passam batido” sem que os/as professores/as façam nada para
combatê-las ou nem sequer se dêem conta delas.
Anote pelo menos quatro exemplos observados em sua sala de aula. Tire uma aula
para discuti-los com seus alunos e oriente-os para ficarem atentos a outros exemplos
que observarem não só na sala de aula, mas na escola, no bairro e outros lugares.
Atividade 2Pesquise sobre a desigualdade no mercado de trabalho. Faça o recenseamento de
atendentes e vendedores de dez lojas situadas em shopping centers ou ruas de sua cidade.
Que porcentagem do total os negros e amarelos representam? A que você atribui esses
resultados?
Trabalhando em sala de aulaPeça para seus alunos analisarem por escrito ou oralmente as frases seguintes, de
modo que você possa discutir com eles a presença de preconceitos, os estereótipos e o
racismo nelas embutidos:
Marta é negra, mas é bonita.
Seu João é um homem notável. Um preto de alma branca.
Os jogadores negros de futebol só se casam com loiras burra
O negro quando não suja na entrada suja na saída.
Leia Mais
MUNANGA, K. ( org. ) Superando o racismo na Escola. Brasília: MEC, 2001
BORGES, E, MEDEIROS, C.A., e D’ADESKY, J. – Racismo, Preconceito e Intolerância.
São Paulo: Editora Atual, 2002.
SILVA, P. B. G. e MONTEIRO H.M. - Combate ao Racismo e Construção de Identidades.
IN: Educação: Pesquisas e Práticas. ABRAMOWICZ, A. e MELLO R. R. Campinas: Papirus
2000.
SCHWARCZ, L. M. – Nem preto, nem branco, muito pelo contrário: Cor e Raça na
Intimidade. IN: História da Vida Privada no Brasil (V.4) São Paulo: Companhia das Letras,
1998.
2 Escola e Diversidade
Temos observado desde a última
década do século XX que a educação, em
seus diversos níveis, tem se constituído
em um dos pontos centrais das
reivindicações e debates. A proliferação
de ONG’s, dos cursinhos pré-vestibulares
para negros e carentes, a implantação de
cotas na Universidade Estadual do Rio de
Janeiro e na Universidade do Estado da
Bahia, o amplo debate vigente na
sociedade e, mais recentemente, o
decreto, lei nº 10639, de janeiro de 2003,
que inclui no currículo oficial da Rede de
Ensino a obrigatoriedade da temática
“História e Cultura Afro-Brasileira”, são
algumas das conquistas que nos levam a
pensar a escola como um espaço no qual
a diversidade deve ser considerada para
uma aprendizagem mais efetiva.
Essas mudanças concretizam-se
como uma realidade há muito pleiteada
pela ação social do movimento negro que
desde sua existência tem a educação
como elemento central de reivindicação
que tardiamente foi atendido no âmbito
da legislação educacional e documentos
oficiais.
Os estudos sobre educação no Brasil
passam a configurar-se como campo
teórico de reflexão a partir de 1930,
quando a educação passou a ser vista
como recurso privilegiado no processo de
construção do novo perfil de cidadão
adequado ao Brasil em mudança. A
reforma da educação ajudaria a construir
a base para a transformação do país. No
entanto, essas reformas foram alheias à
questão étnico-racial.
Em meio aos debates e tensões em
torno da formação do Estado Brasileiro,
em que se discutia a constituição de uma
identidade nacional, elaborou-se o
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova,
documento assinado por 26 educadores,
que editava as diretrizes para a
constituição de uma política educacional
renovada.
A educação era compreendida como
uma função eminentemente pública, que
deveria ser única, igual para todos, laica,
gratuita e obrigatória. À escola é atribuída
a função social de reconstrução do país,
elemento fortalecedor da identidade
nacional.
As reformas realizadas em meados da
década de 30 e 40, respectivamente,
chamadas Francisco Campos e Gustavo
Capanema, parecem ter privilegiado a
constituição de um sistema dual de ensino,
um profissionalizante com a criação do
SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial) e o SENAC (Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial) e outro sistema
enciclopédico que permitiria o acesso ao
ensino superior.
Em meio ao aparente silenciamento
em torno das relações étnico-raciais no
debate público e legislativo, o movimento
negro, considerando os obstáculos
enfrentados em relação ao acesso ao
ensino, elege a escola e a educação como
melhor campo para a batalha: “A educação
e o modelo de comportamento branco
figuravam-se entre as chaves da
integração” (Munanga, 1996 p.85).
O movimento negro nutria o
diagnóstico de que mesmo o preconceito
de cor sendo um empecilho para o
desenvolvimento e a integração social do
povo negro, o principal problema estava
nos próprios negros, principalmente na
carência de condições para competir no
mercado de trabalho (Guimarães, 2002,
p.1).
A Imprensa Negra1, que surgiu nas
primeiras décadas do século XX, incumbiu-
se, dentre outros temas, de denunciar as
práticas discriminatórias evidentes no
mercado de trabalho, no ensino e nos
espaços de lazer. Dessa imprensa organiza-
se a partir de 1931, a Frente Negra,
considerada como maior movimento racial
de caráter explicitamente político
(Munanga,1996 p.84).
Ao final da ditadura Vargas em 1945,
por iniciativa de alguns membros do Teatro
Experimental Negro (TEN) realiza-se, em
São Paulo, a Primeira Convenção Nacional
do Negro Brasileiro que concentrou seus
esforços para alcançar dois objetivos na
Assembléia Constituinte, responsável pela
carta para a 2ª República. O primeiro
objetivo da Conferência era conseguir que
o preconceito e a discriminação racial
fossem declarados ofensas criminais e o
segundo era a instituição de um programa
especial de bolsas de estudos no plano
federal para estudantes negros nos cursos
de 2º grau, Universidades e Escolas
Técnicas. Nenhuma dessas provisões foi
incorporada à Constituição (Andrews, 1998
p.247).
A partir da Constituição de 1946, o
então ministro da educação, Clementi
Mariani, instituiu uma comissão de
educadores com o fim de estudar e propor
um projeto de reforma geral da educação
nacional que culminou na Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional nº 4024 de
61, em que a educação nacional é
apontada “como um fim para o
fortalecimento da unidade nacional”.
Essa relação será transfigurada a
partir da década de 80, quando os negros
passam a assumir um discurso de auto-
reconhecimento enquanto grupo étnico-
racial no Brasil. O movimento negro, assim,
deixa de lado reivindicações universalistas
para pleitear políticas corretivas e
compensatórias voltadas para a população
negra nos planos estaduais, federais e
municipais (Guimarães, 2002, p.5).
A exigência por políticas corretivas
pode ser justificada uma vez que o
diferencial de escolaridade média entre
um jovem negro e um jovem branco com
25 anos de idade é de 2,3 anos de estudo.
Ou seja, um jovem negro com 25 anos de
idade possui uma escolaridade média de
6,1 anos de estudo, enquanto um jovem
branco de mesma idade possui de 8,4 anos
de estudo (Henriques, 1991).
As reivindicações por mudanças
educacionais prosseguem, quando o
Movimento Negro Unificado propõe duas
linhas de atuação, uma que dê
continuidade às pressões para a
redefinição da escola, seus métodos e
conteúdos, outra que busque construir
uma proposta de educação autônoma,
sustentada pelo povo negro. Dentre as
principais propostas, coloca-se a
necessidade de elaboração de um
currículo afro-brasileiro, produção de
material didático para os cursos de
Magistério e Pedagogia, inclusão da
disciplina História da África e do Povo
Negro no Brasil nos currículos escolares
e difusão de um calendário oficial das
datas significativas para a população
negra ( Jesus, 1997 p.50).
Outro documento que está no bojo
das reformas educacionais são os
Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs). A inclusão do tema pluralidade
cultural como um tema transversal nos
Parâmetros Curriculares Nacionais,
aparentemente, foi a primeira resposta
oficial às pesquisas, seminários e projetos
que denunciam o racismo como algo que
é repetido e reproduzido pela escola.
No entanto, a abordagem da
temática como um tema transversal
suscita dúvidas de como a mesma deve
ser abordada na escola e qual a
importância que lhe é oferecida.
(Notas)1 Nesse período a imprensa negra visava ainstrução e a conscientização da população negrapor meio da educação, destacam-se Chibata(1932), A Evolução, A Voz da Raça (1933), O Clarin,O Estímulo, A Raça e Tribuna Negra.
GONÇALVES, Luiz A. O. & SILVA, Petronilha B.Gonçalves e. O jogo das diferenças: omulticulturalismo e seus contextos, ed.Autêntica – Belo Horizonte, 1998.GUIMARÃES, Antonio S.A. Ações Afirmativas paraa população negra no Brasil: o acesso àsuniversidades públicas. Texto submetido parapublicação aos comitês editoriais das revistas,Problemes d’Amérique latine e Educação ePesquisa.JESUS, Ilma Fátima. Pensamento do MovimentoNegro Unificado.In: SILVA, Petronilha BeatrizGonçalves e.& BARBOSA, Lucia Maria G. A de. (org)O Pensamento Negro em Educação no Brasil:expressões do movimento negro. São Carlos: EdUFSCar, 1997ROMANELLI, Otaíza Oliveira de. História daEducação no Brasil. Ed.Vozes,1978.SOUZA, Elisabeth Fernandes de. Repercussão dodiscurso pedagógico sobre relações raciais nosPCNs.In:CAVALLEIRO, Eliane (org). Racismo e anti-racismo na educação, repensando nossa escola.São Paulo: Summus, 2001.MUNANGA, K. O anti-racismo no Brasil.In:Estratégias e políticas de combate àdiscriminação racial . São Paulo:Edusp, 1996,0079-94
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Constituição Brasileira de 1988
Lei de Diretrizes e Bases daEducação Nacional n º 9394
Plano Nacional de Educação
Lei nº 10639
“Art 5º, XLII – A prática do racismo constituicrime inafiançável e imprescritível, sujeitoa pena de reclusão, nos termos da lei”.
“Art 26 do Cap. 2 § 4º- O Ensino de História do Brasil levará emconta as contribuições das diferentes culturas e etnias para aformação do povo brasileiro, especialmente das matrizesindígena, africana e européia”.
“Metas – para o ensino superior, criar políticas que facilitem àsminorias, vítimas da discriminação, o acesso à Educação Supe-rior, através de programas de compensação de deficiências desua formação escolar anterior, permitindo-lhe desta forma,competir em igualdade de condições nos processos de seleção eadmissão a esse nível de ensino.”
Altera a Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional e inclui no currículo oficial da redede ensino a obrigatoriedade da temática“História e Cultura Afro- Brasileira”.
Documentos Presença da Temática
Atividade 1Qual a sua opinião a respeito da obrigatoriedade colocada na lei nº 10.639, quais
seriam as maiores dificuldades da escola em efetivá-la?
Atividade 2Observe em uma banca de jornal se há materiais (jornais, revistas ou outros) que
contemplem interesses da comunidade negra. Cite alguns.
Trabalhando em sala de aulaResgate dos alunos, sem consulta a material algum, o que eles sabem sobre a contribuiçãodo negro, índio e da mulher no processo de construção da sociedade brasileira. ( Aatividade pode ser adequada conforme série escolar)
Leia MaisCAVALLEIRO, Eliane (org).Racismo e anti-racismo na educação repensando nossa escola.
São Paulo: Summus, 2001.
GOMES, Nilma L. A contribuição dos negros para o pensamento educacional brasileiro.
In:SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e. & BARBOSA, Lucia Maria G. A de. (org) O
Pensamento Negro em Educação no Brasil: expressões do movimento negro. São Carlos:
Ed UFSCar, 1997.
HASENBALG, Carlos A. & Silva, Nelson do Valle, 1990. Raça e oportunidades educacionais
no Brasil. Cadernos de Pesquisa, n.73, pp5-12, São Paulo.
HANCHARD,Michael G. Orfeu e o poder. Ed. Uerj, Rio de Janeiro, 2001.
IPEA, Um Balancço da Intervenção Pública no Enfrentamento das Desigualdades
Raciais no Brasil. Brasília 2002.
MACEDO, Elizabeth Fernandes de. Parâmetros Curriculares Nacionais: A falácia de seus
temas transversais. In:MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa(org), Currículo: políticas e
práticas – Campinas, SP: Papirus, 1999.
SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e. & BARBOSA, Lucia Maria G. A de. (org) O Pensamento
Negro em Educação no Brasil: expressões do movimento negro. São Carlos: Ed UFSCar,
1997.
3 A Literaturainfanto-juvenil, o livro
didático e os personagensnegros no Brasil
A literatura dirigida ao público
infantil surgiu no Brasil nos fins do século
XIX e começo do século XX. Mas os
personagens negros só aparecem a partir
da década de 30. As histórias dessa época
servem apenas para verificar a condição
subalterna do negro. Os personagens
negros apresentados em tais histórias são
tidos como pessoas em cultura nenhuma
que, não sabendo ler nem escrever, apenas
repetem o que ouviram de outros
igualmente ignorantes.
Somente a partir de 1975, é que surge
uma literatura infantil comprometida com
uma representação mais realista e, às
vezes, violenta da vida social brasileira.
O resultado é um esforço programado de
abordar temas até então considerados
tabus e impróprios para menores, por
exemplo, o preconceito racial. O propósito
de representação realista nem sempre é
alcançado.
Contemporaneamente, o texto
infantil busca uma linha de ruptura que
acarreta a produção de textos que são
autoconscientes, isto é, que explicitam e
assumem sua natureza de produto verbal,
cultural e ideológico.
Tomemos como exemplo a
personagem feminina negra. Na primeira
fase, década de 30, é invariavelmente
representada como a empregada
doméstica, retratada com um lenço na
cabeça, um avental cobrindo o corpo
gordo: a eterna cozinheira e babá.
Na segunda fase, a partir de 1975,
há uma valorização da personagem negra
com atributos e traços brancos. Na
combinação dos conflitos étnico-raciais e
sócio-econômicos que permeiam as
narrativas, as personagens femininas
negras sofrem discriminação social e racial
e as mães negras apresentam uma postura
subserviente.
Na última fase, meados da década
de 80, encontraremos alguns livros que
rompem um pouco com as consagradas
formas de representação da personagem
feminina negra, mostrando sua resistência
ao enfrentar os preconceitos, resgatando
sua identidade com papéis e funções
sociais diferentes, valorizando a mitologia
e a religião de matriz africana, rompendo,
assim, com o modelo de desqualificação
das narrativas oriundas da tradição oral
africana e propiciando uma ressignificação
a importância da figura da avó e da mãe
em suas vidas. Soma-se a isso o fato de
serem personagens principais, cujas
ilustrações mostram-se mais diversificadas
e menos estereotipadas, haja vista que são
representadas com tranças de estilo
africano, penteados e trajes variados. Nas
narrativas aparecem e passam por faixas
etárias diferentes.
O livro didático
Os livros didáticos são importantes
recursos para o trabalho desenvolvido pelo
professor/a. Desta maneira, faz-se
necessário que avaliemos a forma como
os conteúdos, as ilustrações ou os textos
são abordados, além de verificarmos
como, e de que maneira, a diversidade é
abordada.
Pesquisas sobre o livro didático têm
demonstrado, de um modo geral, a
negligência ou a apresentação reduzida,
desvirtuada do cotidiano, das experiências
e do processo histórico-cultural de
diversos segmentos sociais, tais como a
mulher, o branco, o negro, os indígenas,
os trabalhadores, entre outros.
SILVA (2000) afirma que:
A invisibilidade e o recalque dos
valores históricos e culturais de um povo,
bem como a inferiorização dos seus
atributos adscritivos, através de
estereótipos, conduz esse povo, na maioria
das vezes, a desenvolver comportamentos
de auto-rejeição, resultando em rejeição
e negação dos seus valores culturais e
preferência pela estética e valores
culturais dos grupos sociais valorizados nas
representações. [SILVA, 2000:14]
Como professores/as, não podemos
considerar um padrão único de aluno, de
currículo, de conteúdo, de práticas
pedagógicas, de atividades
escolares.Nossa prática deve atentar para
o trato pedagógico da diversidade em
relação aos materiais que usamos em sala
de aula.
O livro didático ainda é um dos
recursos pedagógicos mais utilizados pelos
professores., mas para que o livro seja um
recurso eficiente, ele deve abarcar, em
conteúdo e ilustrações, a diversidade
sócio-cultural, religiosa, étnico-racial, de
gênero, de funções e papéis, etc. Quando
isso não acontece, devemos criar práticas
que incluam atividades que contemplem
as diversidades acima citadas.
Em relação à população negra, por
exemplo, é preciso que as atividades visem
MENEZES, Cândida Zuiani & outros, O brasileiro e a comunicação, 6ª série, FTD, São Paulo, 1999, p.20 e 21
à desconstrução de estereótipos como:
incompetência, sujo, feio, mal, como
mostra a figura acima.
É importante também ressignificar
as religiões afro-brasileiras, dar
visibilidade a diversos papéis e funções
exercidos por homens e mulheres negros,
corrigir a auto-rejeição.
A escola é um espaço privilegiado
como instituição social, no qual é possível
o encontro das diferentes presenças.
Também é espaço sócio-cultural marcado
por símbolos, rituais, crenças, culturas e
valores diversos. Assim, o próprio encontro
das diferenças no espaço escolar pode
colaborar para a riqueza das atividades.
Atividade 1Faça, com seu grupo de alunos, um levantamento das ilustrações que aparecem no
livro didático (ou outros materiais) que você utiliza. Faça o mesmo, conversando com a
turma sobre os heróis e heroínas que eles conhecem.
Atividade 2Analise as ilustrações abaixo e observe se as mesmas contemplam o critério do dia
do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD-2000/2001): As ilustrações são elementos de
maior importância, auxiliando na compreensão e enriquecendo a leitura do texto.
Principalmente, não poderão expressar, induzir ou reforçar preconceitos e estereótipos
MARANHÃO, Francisco de Assis. Vamos ler, ouvir, falare escrever, 5ª Série, ISEB,1975, P.108.
MENEZES, Cândida Zuiani & outros, O brasileiro e a comunicação, 6ª série, FTD, São Paulo, 1999, p. 45
Somos todos iguais?
Uma professora branca “explica” a origem do preconceito: “Se você pensar
bem, vai ver que o preconceito é uma questão de cheiro. Nos negros, a melanina
faz com que o cheiro fique mais forte. Hoje esse preconceito melhorou com os
anti-transpirantes que fazem com que não exista o cheiro. Não havendo o
cheiro, não existe o porquê de o branco não conversar com preto e vice-
versa”.
(Nova Escola, março de 1999, p.17)
Para tratar da questão racial é necessário que estejamos sensibilizados
para o assunto. Caso contrário, usaremos explicações do senso comum que,
muitas vezes, podem reforçar preconceitos ao invés de colaborar para sua
eliminação.
Para que consigamos avançar na relação entre saberes escolares e a
realidade social, é preciso que professoras/es percebam que o processo
educacional abrange dimensões como a ética, a diversidade, a sexualidade, a
cultura, as relações raciais, entre outros. Trabalhar com essas dimensões não
necessariamente significa transformá-las em conteúdos escolares, mas
compreendê-las como constitutivas da formação humana e presentes no
cotidiano escolar.
Trabalhando em sala de aulaAtividade 1
· Observe a seus alunos/as. Quais são as etnias presentes em sua sala de aula?
· Você já realizou alguma atividade sobre a questão racial com seus alunos?
· Que tipo de atividade? Essa atividade fazia parte de algum conteúdo, ou surgiu
em virtude de alguma razão ou acontecimento específico?
· Como os alunos/as reagiram à atividade.
Atividade 2
Professor/a , pense nos programas de TV aos quais você assiste? Nesses programas
há representantes dos povos negros, indígenas, asiáticos? Provavelmente a resposta seria
sim. Mas como eles são representados? Em quantidade eles são equiparados aos
representantes brancos?
Você pode estar pensando: “O que eu tenho com isso?”
A sala de aula não é um território neutro. Imagine o que é ser despertado para o
prazer da leitura, ou para o mundo da informação e diversão sem se ver representado,
ou pior ainda, vendo seu grupo ser representado de maneira estigmatizada, estereotipada.
A imagem que você vê...
“me dá o controle, vou apertar o botão!
A imagem que você vê não é nada/ a imagem que você vê te arregaça
todos os dias milhares de emissoras mostram o melhor/ em termos de
ação e aventura/ civis desesperados/ polícia na captura/ Thaíde adverte/
absorver todas as informações dadas pela tv/ é prejudicial à cabeça/
principalmente aquelas que não te ajudam em nada/ às vezes eu estou em
frente a tela e digo/ ora bolas! Dizem pra eu não beber, não fumar/ mesmo
assim me vendem a droga!/ eu não sou racista, mas sou radical/ acompanhem
meu raciocínio/ minha opinião e tal/ na tv parece que só o branco que escova
os dentes/ compra carro, é professor, tem profissão.../ o negro só aparece
como empregado, vendendo bebida, ou pagando prestação/ quando vê um
gato pingado acha que tá muito bom (...)
não seja escravo televisivo/ fique atento a novos conhecimentos/ no Brasil
do futuro, a era da informação/ tv a cabo, Internet, globalização/ é claro que
isso não está na mão da maioria/ pois vejo lado a lado miséria e tecnologia/
grandes centros urbanos/ todos modernizados/ periferia e favela sem
saneamento básico/ pensem nisto que eu falo, é real, não é boato/ aqui é
Thaíde on-line relatando os fatos.”
(A imagem Letra: Thaíde / Maionese Música: DJ Hum CD Assim caminha
a humanidade Trama 2000)
Somente na década de 90 o Brasil viu um negro tornar-se garoto-propaganda. Em
95,pela primeira vez, o país assistiu a uma novela, na qual havia uma família negra de
classe média. Em 2000 uma revista internacional elegeu a atriz Taís Araújo como uma
das 25 pessoas mais bonitas do mundo. Esses dados mostram que os anos 90 representaram
um avanço em relação a questão do negro, mas mesmo assim está longe de ser uma
representação étnica, ética e destituída de preconceito, como desejamos.
a) Converse com seus alunos sobre os programas mais assistidos por eles? Investigue
com eles sobre a presença de não brancos nesses programas.
b) Faça por escrito a síntese da conversa, os dados levantados podem ser apresentados
em forma de gráfico.
c) Reflita sobre o seu papel de educador diante disso. Redija um pequeno texto
sobre o que o que foi apresentado nesta unidade juntamente com o que você
conversou com seus alunos.
Leia Mais
“Nas tramas das imagens: um olhar sobre o imaginário da personagem negra na literatura
infantil e juvenil”. Andréia Lisboa de Sousa. Dissertação. Faculdade de Educação,
Universidade de São Paulo, 2003.
Apresente personagens de livros como: Tanto, tanto!;Que mundo maravilhoso; Histórias
da Preta; Luana, a menina que viu o Brasil neném; etc.
“A desconstrução da discriminação no livro didático”, Ana Célia da Silva em: “Superando
o racismo na escola” Kanbengele Munanga (Org.), Brasília, Ministério da Educação, 2001.
Para ConhecerProjeto “Resgate da riqueza cultural da África a partir do desenho animado Kiriku e a
Feiticeira”. Projeto “Valorização da Cultura Indígena: Respeito, Cidadania e Diversidade
Cultural”. Projeto “Valorização da cultura indígena: respeito, cidadania e diversidade
cultural”, Projetos premiados no Prêmio Educar para a igualdade racial. Experiências de
promoção da igualdade racial/étnica no ambiente escolar.
Para saber mais: www.ceert.org.br , [email protected]
Para Ouvir“A imagem” em Thaíde e DJ Hum CD Assim caminha a humanidade – Trama 2000.
Para Ver
Filme: Kiriku e a Feiticeira. É interessante mostrar o filme, pois apresenta aos alunos/
as um herói negro.
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