seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até...

20
Distribuição Gratuita abcdefghijklmnopqrstuvwxyyz Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 8 - nº 74 - Dezembro/2007 PROIBIDA A VENDA Encarnação nos Diferentes Mundos A Força da Oração Período Infantil Cornélio Pires Deus no Coração Pela Raiz A Escola das Almas

Transcript of seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até...

Page 1: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

Distribuição Gratuita

abcdefghijklmnopqrstuvwxyyz

Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 8 - nº 74 - Dezembro/2007

PROIBIDA A VENDA

Encarnação nos Diferentes MundosA Força da OraçãoPeríodo Infantil

Cornélio PiresDeus no CoraçãoPela RaizA Escola das Almas

Page 2: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

EditorialSeareiro

SeareiroSeareiro2

editorial

Publicação MensalDoutrinária-espírita

Direção e Redação

Endereço para correspondência

Conselho Editorial

Jornalista Responsável

Diagramação e Arte

Imagem da Capa

Impressão

Tiragem

Ano VIII - nº 74 - Dezembro/2007Órgão divulgador do Núcleo de

Estudos Espíritas Amor e EsperançaCNPJ: 03.880.975/0001-40

CCM: 39.737

Seareiro é uma publicação mensal,destinada a expandir a divulgação dadoutrina espírita e manter o intercâmbioentre os interessados em âmbito mundial.Ninguém está autorizado a arrecadarmateriais em nosso nome a qualquertítulo. Conceitos emitidos nos artigosassinados refletem a opinião de seurespectivo autor. Todas as matériaspodem ser reproduzidas desde que citadaa fonte.

Rua das Turmalinas, 56 / 58Jardim Donini

Diadema - SP - BrasilCEP: 09920-500

Caixa Postal 42Diadema - SP

CEP: 09910-970Tel: (11) 4044-5889 com Eloisa

E-mail: [email protected]

Ana Daguimar de Paula AmadoFátima Maria Gambaroni

Geni Maria da SilvaJosé Roberto Amado

Marcelo Russo LouresReinaldo Gimenez

Roberto de Menezes PatrícioRosangela Neves de Araújo

Rosane de Sá AmadoRuth Correia Souza Soares

Silvana S.F.X. GimenezVanda Novickas

William de Paula AmadoWilson Adolpho

Eliana Baptista do NorteMtb 27.433

Reinaldo GimenezSilvana S.F.X. Gimenez

Van Moorsel, Andrade & Cia LtdaRua Souza Caldas, 343 - Brás

São Paulo - SPCNPJ: 61.089.868/0001-02

Tel.: (11) 6764-5700

12.000 exemplaresDistribuição Gratuita

Adaptada de http://www.overmundo.com.br/_agenda/img/1175039383_cornelio_pires__foto3.jpg

“A maior caridade que se pode fazer pela Doutrina Espírita é a sua divulgação ”.Emmanuel

Será que nós, espíritas, estamos atendendo à orientação do nosso Emmanuel?Ou será que temos atendido aos nossos caprichos e vaidades, ou satisfazendo o

nosso mundo inferior, querendo entender a Doutrina do nosso jeito?Divulgar a Doutrina é acima de tudo divulgar as obras que compõem o Pentateuco

Espírita: as obras da codificação. Após estas obras, quais outras deveriam estartambém em primeiro plano, para estudo sério nosso e para a divulgação?Claramente, as obras psicografadas pelo nosso Francisco Cândido Xavier.

Se nós, espíritas, não nos conscientizarmos de que nada aprenderemos peloConsolador Prometido se não estudarmos primeiramente estas obras, onde está abase da Doutrina do Cristo, iremos ter muita dificuldade de separar o joio do trigo,facilitando sermos joguetes nas mãos daqueles que não conhecem a verdade doCristo e são Falsos Cristos e Falsos Profetas.

Vemos obras do nosso Chico Xavier deixando de ser editadas pelas editoras quese comprometeram, não com o Chico, mas com a Espiritualidade Superior, de queestas seriam sempre editadas e amplamente divulgadas. E o que vemos?

As obras do Chico, na sua maior parte, deixadas de lado nas divulgações emagrupamentos, nas livrarias espíritas, nas bancas espíritas, nos clubes de livrosespírita, e mesmo muitas vezes pelas próprias editoras, ou seja, sendo deixadas delado pelo meio espírita. Que livraria, agrupamento ou banca de livro espírita poderiaafirmar que teria em suas prateleiras as 412 obras psicografadas por Chico Xavier?

Por que razão vem ocorrendo isto?Porque se tornou mais cômodo estudar obras de contexto duvidoso, mas que

calam no coração dos mais desavisados, que preferem encarar a Doutrina Espíritacomo mais uma vertente religiosa-cristã cujo contexto o homem pode alterar, seesquecendo dos ensinamentos exemplificados pelo Cristo, que são para serseguidos e não adulterados.

Nós demoraremos talvez milênios para dimensionar estas duas reencarnações,de Kardec e depois Chico Xavier, deste espírito missionário do Cristo.

É por isso que a revista Seareiro iniciará, em sua próxima edição, matérias que nostrarão informações sobre a obra deste incansável operário do Mestre, que, comcerteza, continua nos auxiliando no entendimento maior, apesar de nossos desviosdiante das nossas imperfeições, de pouco estudar o que é da Luz, e preferir nosaprofundarmos nas obras que nos trazem as Trevas da vaidade e do orgulho.

Buscaremos mostrar os exemplos e a sua trajetória junto de nós, nestareencarnação que não se pode comparar a nenhuma outra, tal a sua magnitude e asua responsabilidade de nos deixar estas obras escritas, mas não para deixarmos delado, e sim para nos esclarecermos quanto à Vida Eterna.

A revista irá trazer, numa linguagem simples, clara, mas repleta de conteúdodoutrinário, a importância de cada obra psicografada por Chico Xavier e de cadapassagem de sua vida. Desde o seu nascimento em Pedro Leopoldo, onde ficou umenorme legado de trabalho cristão, e que todos deveriam conhecer e divulgar, atéUberaba, onde a sua missão como que continua nas mãos daqueles queentenderam a mensagem da Luz e perseveram nas mesmas tarefas de quandoChico lá estava.

Portanto, companheiros, saibamos que não conseguiremos entender a DoutrinaEspírita, e muito menos pô-la em prática, se não buscarmos na Fonte de Luz, que sãoas obras de Kardec e as psicografadas pelo Chico, o esclarecimento para asuperação de nossos equívocos do passado.

O Cristo nos convida a semear. Divulguemos somente a Luz!Equipe Seareiro

Grandes PioneirosLivro em FocoClube do LivroCantinho do Verso em ProsaFamília:Tema Livre:Contos:Kardec em EstudoAtualidade

: Cornélio Pires - Pág. 3: Sol nasAlmas - Pág. 10: O Mistério da CasaAbandonada - Pág. 11

: Espírito - Pág. 11Deus no Coração - Pág. 11

Pela Raiz - Pág. 12AEscola dasAlmas - Pág. 13

: Encarnação nos Diferentes Mundos - Pág. 14: AForça da Oração - Pág. 15;Período Infantil - Pág. 18

ÍND

ICE

Page 3: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

Tietê, cidade do interior do estado de São Paulo.Em épocas remotas, Tietê era conhecida como a cidade

Curuçá, pela fabricação da famosa “Goiabada Curuçá”.Esse nome é originário das tribos indígenas que, nopassado, foram seus habitantes. Curuçá significa “desovados peixes, sobre as águas dos grandes rios”.

Entre os moradores dessa cidade, fazendeiros e sitiantes,vivia o casal Raimundo Pires de Campos e dona AnaJoaquina de Campos Pinto, conhecida por todos como tiaNicota. Sentiam-se esses felizes pela chegada doprimogênito, aguardado com ansiedade por toda a famíliaPires, que morava entre o bairro de Sapopemba e o bairroGarcia. Dona Nicota estava no sétimo mês de gravidez.Diante dos afazeres domésticos, estava tia Nicota cuidandoda limpeza, quando escorrega numa casca de laranja e sofreuma queda violenta. Começou a sentir fortes doresabdominais, pois o tombo a fez cair sentada, portanto nãoconsegue levantar-se. Chama pelo marido que, de imediato,vem a socorrê-la, atordoado, erguendo-a em seus fortesbraços e acha por bem levá-la à chácara de sua irmã paraque fosse mais assistida. Seu Raimundo estava muitonervoso ao chegar junto aos parentes que, com dificuldades,ficaram sabendo do ocorrido,pois o marido de tia Nicota ficaradestrambelhado, como lhedissera sua irmã, dona IsabelPires de Campos, apelidada deNhá Be, pelos habitantes locais.

Nhá Be teve o cuidado desentir a posição da criança, coma finalidade de perceber seestava ocorrendo algum perigo.Embora as dores fortes que tiaNicota ainda sentia, Nhá Beaconselhou-a a ficar emrepouso. Ficariam na chácara otempo necessário. Tia Nicotaagradeceu muito, porque tinhamedo de perder o bebê. No diaseguinte, seu Chico Eliseu,marido de Nhá Be, entrando no quarto de tia Nicota, ao vê-laabatida, ficou preocupado. Meio acanhado, ele lhe falou:

— Tia Nicota, não sabemos como fazer. Precisamos irpara o trabalho da plantação na roça, mas seu marido, ocunhado Raimundo, está que dá pena, tão magoado de lhedeixar sozinha.

Dona Nicota, mulher decidida e forte, respondeu comfirmeza:

— Ora, deixem de bobagens, ele bem me conhece. Secontinuo deitada é para preservar a vida do meu filho. Casocontrário, eu também iria para a roça no plantio do café e doalgodão.

Seu Chico Eliseu saiu dando boas gargalhadas. Econtando o sucedido aos outros, após o café, saíram para oroçado.

Seu Raimundo, ainda que conhecendo a disposição daesposa, estava preocupado. Ao chegar a hora do almoço,

antes mesmo de abrir a marmita para comer, procuroupela irmã, Nhá Be, e, encontrando-a, disse-lhe:

— Nhá Be, estou indo para a chácara, algo estranhoestou sentindo. Se tudo estiver bem, eu volto.

Nhá Be, sorrindo, disse:— Vá, meu irmão, qualquer coisa, mande o peão Zeca

avisar e nós também iremos para junto de vocês. Vá comDeus, meu irmão.

Raimundo montou o cavalo e saiu em disparada. Aoadentrar o quarto, levou tremendo susto. Tia Nicota dormiatranquilamente com o bebê aconchegado ao seu seio.Faltava apenas cortar o cordão umbilical. Raimundoajoelhou-se aos pés da cama, agradecendo a Jesus e aNossa Senhora do Bom Parto, cuja imagem Nhá Be tinhapendurada na parede acima da cabeceira da cama. Comtodo esse ruído, tia Nicota acorda e ao ver o marido sorrindoe chorando ao mesmo tempo, ela fala:

— Que é isso, homem? Vamos, vem pegar seu filho, e meajude a cortar o cordão umbilical.

E assim foi feito. Após toda a higiene que deixou tia Nicotatranqüila, Raimundo, beijando a esposa com o filho nosbraços, disse alegremente:

— Hoje é dia 13 de julho de 1884. É o dia e o ano mais felizde nossas vidas. Tenho certeza de que esse belo menino,embora nascido fora do tempo, vai ser o orgulho dessa terrade Curuçá, a nossa Tietê, descendente dos bandeirantes,desbravadores do Brasil.

Tia Nicota ria por ver os exageros de seu marido. Atribuíaisso tudo por ter um filho“homem”, pensava Nicota.

A felicidade era geral nafamília. Pensavam agora empreparar o batizado do menino,que até aqueles dias passadosnão tinha um nome definido.Padre Gaudêncio de Campos,que era parente de Chico Eliseu,estava preocupado com essademora. Era preciso livrar omenino do “pecado original”,dizia encabulado.

Uma das tias da criança, irmãde tia Nicota, ofereceu-se paraser a madrinha do menino. Ela

namorava um rapaz e queria daro nome do namorado para o sobrinho, já que achava o nomelindo e diferente. Tia Nicota e seu Raimundo aceitaram. O diado batizado fora marcado com uma grande festa.

No domingo aprazado, a igreja estava toda enfeitada.Após a missa, como era de praxe, o menino foi levado à piabatismal pelos padrinhos. Padre Gaudêncio, já bastanteidoso, estava surdo.

Após os aparatos, iniciou-se o batismo e aí veio apergunta pelo padre:

— Como se chama o inocente?Amadrinha, toda orgulhosa e séria, responde de imediato,

lembrando o namorado:— Rogério, padre.E o padre Gaudêncio, espalhando a água benta na

cabecinha da criança, que chorava muito, disse:— Eu te batizo Cornélio...Apesar dos protestos da madrinha, que o padre

Grandes Pioneirosgrandes pioneiros

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 3

Cornélio PiresCornélio Pires

Vista aérea noturna da Praça Dr. Elias Garcia que é o cartão postal dacidade de Tietê. Sua beleza rendeu a Tietê o título de Cidade Jardim.

Page 4: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

Gaudêncio não registrou, o nome do menino ficou sendoCornélio e não Rogério, deixando a madrinha decepcionada.

O tempo foi passando e Cornélio crescia com asimplicidade da vida rural. Era um menino alegre, sempre debom-humor que, todos diziam, ter puxado ao pai, seuRaimundo, que de tudo fazia piada. E Cornélio era assim,disposto a fazer graça em tudo o que via. Os pais tudo faziampara que ele estudasse. Porém, Cornélio ainda não sabiaque rumo daria ao seu futuro.

O que chamava a atenção de Cornélio era os cantadoresdas chamadas músicas caipiras ou regionais. Ele amavaquando os roceiros se reuniam à tardinha, quando voltavamda roça, após o plantio ou na chegada da colheita, parademonstrarem o agradecimento a Deus pelas terrasdadivosas, traduzidas em canto pelos sons das violas, comtrovas específicas, regadas com comidas típicas, como ofeijão tropeiro.

Com mil pensamentos rodando em seu cérebro, resolveuele mudar-se para São Paulo. Gostaria de conhecer a tãofamosa capital, onde, diziam, ser fácil ficar rico. Não era essaa sua intenção, pois sua vida, nesse particular, sempre lhefora tranqüila. Porém, já era tempo de ir ao encontro de suaindependência e fazer o que seus pais queriam: estudar. Erapreciso ir à luta para alcançar seus ideais, principalmentepela música caipira.

Chega o dia de sua partida para São Paulo. Sob asbênçãos de seus pais e muitas lágrimas de dona Nicota, vaiele para a estação de trem, cheio de esperanças em seucoração.

Sua chegada à capital paulista enchera-o de ansiedade.Vai a procura da pensão de sua tia, dona Belizária, irmã desua mãe, que, por carta, já sabia que hospedaria o sobrinho.Ela era viúva do famoso polemista, filólogo e romancista, osenhor Júlio Ribeiro. Cornélio só o conhecia por cartas queeram enviadas a sua mãe por dona Belizária. Esta poucopodia contar com a presença de seu marido, devido aotrabalho árduo, com suas constantes viagens pelo Brasil. Datia lembrava-se pouco, pois acreditava ele tê-la visto poucasvezes, ainda criança.

Dona Belizária recebe o sobrinho com muitos beijos eabraços. Sentiu ele na tia o mesmo carinho de sua mãe,portanto, estava em casa.Após o jantar, dona Belizária põe osobrinho a par de sua situação. A pensão pouco lucro dava,isso porque seus hóspedes eram todos estudantes que maltinham dinheiro para sobreviver.Passavam até dois ou três mesespara acertar o aluguel da pensão.Diante de tantas lamúrias,entendeu Cornélio que precisariaarrumar um emprego para ajudar atia Belizária. Mas, pensava: ondetrabalhar?

Dias após dias, bateu ele deporta em porta, mas nada. Todosos empregadores queriam, e comrazão, que ele demonstrassealguma experiência ou algumacarta de recomendação e ele nadapossuía, nunca havia trabalhado!Passando por uma farmácia,lembrou-se de que talvez, fazendoum curso como farmacêutico, elepoderia trabalhar tranqüilo. Desdemenino, ele se interessava em vero boticário, lá em Tietê e manipularos remédios para os doentes. Era

isso mesmo que iria fazer.Procurando um curso sobre o assunto, foi informar-se

sobre o mesmo. Porém, não era tão fácil como pensava. Elenunca tinha se afeiçoado aos livros. Vendo-os e tomandoconhecimento de que jamais seria um bom boticário, deixoua idéia de lado. Além do mais, precisaria ganhar algumdinheiro de imediato para ajudar a tia Belizária. Poderia, sequisesse, enviar uma carta pedindo ajuda aos seus pais, quenão negariam, mas já haviam lhe dado o suficiente para aviagem e mais alguns meses. Teria, portanto, tempo paranão recorrer aos pais, afinal, meditava para si mesmo “quehomem é esse que quer ser independente? Lute, então!”.

Certa feita, andando pelas ruas da capital, ele encontraum velho amigo da família. Era mineiro e estava trabalhandoem São Paulo há algum tempo. Trabalhava nas oficinas dojornal “Comércio de São Paulo”. Comenta com Cornélio queestão precisando de mais pessoas na gráfica; quem sabe elenão poderia aprender lá mesmo o ofício e, com o tempo, ficarempregado? Cornélio adorou a idéia e fixou sua vontade emtrabalhar no jornal. Sua dedicação foi tanta, que passou aescrever artigos interessantes sobre a vida rural. Com isso,foi chamado a trabalhar no jornal “O Estado de São Paulo”,com um ótimo salário, que lhe possibilitou estudar.

Aconselhado por um grande jornalista da época, AmadeuAmaral, começou Cornélio Pires a divulgar o folclorebrasileiro.

Por sua vontade em progredir, conseguiu tornar-sejornalista, escritor, folclorista, poeta, sem deixar de ser“cantador caipira”, como ele mesmo se designava, porque ascenas de sua infância junto ao pai e aos sertanejos, que sereuniam após a lida na roça, eram sempre presentes em suamente. E, talvez levado por esse forte sentimento, escreveu“A vida pitoresca de Cornélio Pires”, livro lançado na épocados grandes escritores e poetas, que levou o poeta MartinsFontes a fazer o seguinte comentário nos jornais ondecolaborava: “...é um bandeirante puro, um artista incansável,enobrecedor da Pátria e enriquecedor da língua...”.

Logo após ele escreveu e lançou o livro “Musa Caipira”,onde enaltecia a vida no sertão brasileiro. Foi saudado pelorigoroso crítico Sílvio Romero, que assim se manifestou:“Apreciei imensamente o chiste (pilhéria), a cor local, agraça, a espontaneidade de suas produções que, além doseu valor intrínseco, são um ótimo documento para o estudodos brasileirismos da nossa linguagem”. Cornélio, em seu

desejo de divulgar cada vez maisa música caipira, começou aorganizar espetáculos com osartistas sertanejos, os quais eledenominou de “ConferênciasCornélio Pires”. Como essesespetáculos tomaram vulto,resolveu tomar a iniciativa degravá-los em disco. Mas seudesejo tornou-se uma frustração.Nenhuma gravadora queriaarriscar-se naquele tipo demúsica, achando ser um fracassojunto ao público.

Cornélio não se deu porvencido e partiu para gravaçãopor conta própria. Procurou pelodono da Columbia, gravadorapertencente ao senhor Dr. AlbertoJackson Bryngton Jr., que orecebeu continuando a afirmarque a pretensão dele era uma

SeareiroSeareiro4

Foto histórica de 1929 - VA turma caipira de Cornélio Pires. endoda esquerda para a direita, em pé: Ferrinho, empunhando a

"puíta", Sebastião Ortiz de Camargo (Sebastiãozinho), Caçula,Arlindo Santana; sentados: Mariano, Cornélio Pires e Zico Dias.

Page 5: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

loucura. E, firme em seu propósito,Cornélio falou:

— Eu estou aqui dizendo quearco com as despesas, não estoupedindo favor.

Respondeu o dono da gravadora:— Se é assim, você vai ter que

pagar por mil discos e com odinheiro à vista. E a resposta de quevocê vai mesmo bancar essenegócio tem que ser dada hoje.Amanhã eu não vou aceitar mais nada.

Ficou claro para Cornélio que o senhor Alberto estavacolocando todas as dificuldades para não fechar o negóciopor não acreditar no sucesso e porque, naturalmente, nãoficaria bem para a Columbia, uma gravadora cujo nome eratão respeitado na praça. Cornélio despediu-se para voltar econcluir o negócio.

Cornélio saiu dali para calcular de quanto ele precisariaem dinheiro para os mil discos. Foi até seu grande amigoCastro, para emprestar-lhe o dinheiro, o que não lhe foinegado. Voltou imediatamente à sede da gravadora e,entrando na sala do senhor Alberto de Bryngton Jr., jogousobre sua mesa um grande pacote de embrulho de jornal. OsenhorAlberto, assustado, perguntou:

— O que é isso, homem?— Ora disse Cornélio não era dinheiro o que o

senhor queria? Pois aí está!— Mas isso é muito dinheiro respondeu-lhe

o senhorAlberto, assombrado.— Pois é disse-lhe Cornélio é que, ao

invés de mil discos, eu quero cinco mil!!! E olha,cinco mil de cada, porque na primeira seleçãoserão cinco discos diferentes, portanto,totalizando serão vinte e cinco mil discos.

O dono da gravadora ficou perplexo. Custoupara falar. Passado o impacto, conseguiu dizer:

— Positivamente, você enlouqueceu. Nemos cantores mais famosos arriscam-se tanto.

Assim Cornélio pagou a prensagem dosdiscos em dinheiro, lançando a “Série CaipiraCornélio Pires”, no famoso selo vermelho da época, comoeram considerados os discos especiais. Essa série foivendida por alto preço, por ser considerada especial, mesmoassim o sucesso foi estrondoso. Em pouco tempo o estoqueesgotou-se sem intermediários de distribuições. Com isso,as gravadoras descobriram o filão aberto, com as músicascaipiras ou sertanejas, como ficaram conhecidas. Portanto,o iniciador dessa abertura folclórica foi a visão desse espíritoempreendedor e corajoso de Cornélio Pires, que abriu eenfrentou, por assim dizer, o caminho pedregoso, paramostrar o valor do homem do campo, em sua simplicidade esensibilidade.

Cornélio, através dos seus versos, traduz, com o sotaquee a escrita puramente sertaneja, os mais variados assuntos:política, brigas familiares, a tristeza do caboclo, o ciúme, oamor, a maledicência etc. E até hoje, temos essas rimas, queforam passadas em livros psicografados pela mediunidadede Chico Xavier e Waldo Vieira.

Cornélio editou vários livros como: ,,

. E muitosoutros, inclusive dois livros sobre aDoutrina, quando se tornou espírita:

e

O s a n o s s e p a s s a v a mrapidamente e a vida de Cornélioera cada vez mais ativa entre

viagens, livros e apresentações em teatros, devido aosmuitos convites que ele e seus violeiros recebiam para quefizessem a alegria do povo interiorano.

Sempre que ele retornava à pensão de tia Belizária, queera protestante, ouvia desta as mesmas repreensões sobreo modo de vida que levava. Chamava-o para a crença emDeus, para uma religiosidade...

“Tia Belizária”, pensava Cornélio, “até que tem razão”. Elesabia que havia um poder superior, que era Deus, o criadorde todas as coisas. Havia aprendido com seus pais, queeram católicos fervorosos e iam à missa aos domingos.Acompanhava quando criança as procissões tão comuns etão cheias de fé que o povo do sertão realizava, nascomemorações santificadas. Mas a tudo substituiu pelosseus ideais materiais. E tia Belizária dizia-lhe que o dinheironão deveria ocupar o lugar de Deus no coração de ninguém,

porque dia viria que ele, Cornélio, iria precisarda lembrança do Pai Criador em sua vida.

Tanto isso foi mencionado que ele resolveuaceitar o convite da tia e a acompanhou aoCulto da Igreja Presbiteriana que, na época,localizava-se na rua 24 de maio, em São Paulo.

Em contato com as lições dos Evangelhos,começaram a nascer dúvidas sobre aqueleDeus que o pastor pregava. Ele haviaaprendido a amar um Deus que não faziaconcessões, que não punia e que concediaprivilégios para seguidores de determinadas

crenças. E onde residia o “perdoar aosinimigos”? Há caminhos para um inferno

criado pelas religiões ou a Lei do Amor, cujo maiortestemunho fora dado pelo Cristo? Essas discussões com ospastores que procurava para se esclarecer só ocasionavamcada vez mais conflitos em seu íntimo, pois as respostasdesses eram de que ele não tinha fé ainda desenvolvida emseu coração. Para Cornélio isso era absurdo e vazio. Em suamente instalara-se profunda perturbação: “Onde está aVerdade? As facções religiosas também se conflitavam”,ponderava. Chegou à conclusão de que as religiões seapegavam a interpretações ao “pé da letra” e isso quase olevou à descrença total. Mas os amigos espirituais,promotores da sua reencarnação, agiram rapidamente, poisera chegada a hora do conhecimento espiritual.

Viajava certo dia para São Carlos junto à caravanasertaneja para atender a uma apresentação teatral nessacidade, quando começou a sentir fortes dores de cabeça emal-estar estomacal. Procurou de imediato uma farmácia,enquanto a caravana seguia para o hotel. O farmacêutico,após a descrição feita por Cornélio do que ele estavasentindo, achou que uma injeção ajudaria a acalmar todos os

— —

— —

Versos Velhos Cenase Paisagens da Minha Terra Monturo, Quem Conta um

Conto..., Conversas ao Pé do Fogo,Almanaque do Saci, TragédiaCaboc la , Enc ic lopéd ias deAnedotas e Curiosidades

Coisas do Outro Mundo Ondeestás, ó morte?

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 5

Desta casa onde vivia, Cornélio saia com o seu Teatro Ambulante.

Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”

Rua das Turmalinas, 56 / 58 - Jardim Donini - Diadema - SP

Tratamento Espiritual: 2ª e às 19h453 e às 14h45

4ªª 6ªAtendimento às Gestantes: 2ª às 15 horas

Evangelização Infantil: ocorre em conjunto às reuniõesReuniões: 2ª, 4 e 5 às 20 horas3 e 6 às 15 horas

Domingo às 10 horas

ª ªª ª

Artesanato: Sábado das 10 às 16 horas

Disco da "Série Caipira Cornélio Pires".

Page 6: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

SeareiroSeareiro6

sintomas. Acontece que, por mais que o farmacêuticotentasse, a agulha não penetrava no braço de Cornélio.Foram três tentativas. Diante disso, Cornélio não quis maistomar a injeção, dizendo ao boticário que só os comprimidostalvez fizessem melhorar seu estado.

Lembrou-se Cornélio de que morava nessa cidade umvelho conhecido, de nome Lobo, que, segundo soubera erasimpatizante de uma religião ou ciência, não sabia ao certo,mas que diziam entender de benzedura. Procura aqui,procura acolá e, de boca em boca, Cornélio consegueencontrá-lo. Lobo, que acompanhava o sucesso feito pelosdiscos e propagandas do grupo sertanejo, logo ao ver-se napresença de Cornélio, o reconheceu, dizendo:

— Meu Deus, que alegria em ver à minha frente o maiorcontador de “causos” e piadas cantadas e declamadas, meucaro amigo Cornélio...

E risos e abraços fizeram parte dos festejos do encontro.Depois da troca de conversações, em que os dois amigospuseram o assunto em dia, Cornélio, rindo, diz a Lobo:

— Andei sabendo que você é “benzedor”, que negócio éesse? Nunca o soube tão beato...

E o riso foi geral, porque Lobo esclareceu:— Imagine, amigo... eu apenas sou espírita. Freqüento

um Centro Espírita, para aprender a viver melhor... e não soueu que trabalho na doação do passe, isto, dosfluidos regeneradores, é um outro amigo, chamadoAlfredo. Ele é uma ótima pessoa e trabalha comocozinheiro num dos restaurantes da cidade. À noite,vamos ao Centro, porque, além de passista, ele éum médium muito dedicado.

Cornélio ouvia a tudo, mas não entendia nada...Meio irônico comentou o que pensava:— Chiii... meu Deus do Céu, isso parece

conversa de doido! Olha, amigo, o Juqueri, pelo queeu saiba, já está lotado...

E ria muito.Lobo, seriamente, replica:— Não estou doido e creia-me que esse assunto

é muito esclarecedor... mas, diga-me: você nuncase interessou por saber o que é o Espiritismo? Seainda não, saiba que está perdendo um tempoprecioso... Afinal, não estamos aqui na Terra apasseio... você não acha?

Como Cornélio costumava transformar tudo o que ouviaem piada, sentiu que aquele tema não era brincadeira epassou também a notar que seu mal-estar melhorara. E,voltando-se a Lobo, justifica-se:

— Sinceramente, diante da insistência de uma tia, donada pensão lá em São Paulo, onde moro, fui parar na IgrejaPresbiteriana... e só serviu para me deixar “pancada dacabeça”... resolvi não pensar mais nisso. Mas isso que vocêestá falando me parece que merece estudo.

— Pois então diz Lobo vamos fazer o seguinte: voulevá-lo a conhecer oAlfredo e juntos nos elucidaremos.

E assim foi feito. Após as apresentações, Cornélio iaperguntar algo a respeito de “falar com espíritos”, que ficaracurioso com o relato que Lobo lhe contara ao longo do

caminho, quandoAlfredo o interrompe:— Sabe, Cornélio, foi importante que a injeção indicada

para o seu mal-estar não foi aplicada, pois a composição àbase de arsênico nela contida iria lhe causar sériosproblemas no fígado, que já está muito comprometido pelasextravagâncias alimentares, para as quais sua gula seprojeta.

Cornélio levou um grande susto... como que esse senhorAlfredo que ele nunca vira e que nem sabia de seu mal-estar,que nem o próprio Lobo soubera, porque ele, Cornélio, nemmais sentia os distúrbios físicos, ficara sabendo do ocorrido?Passado o segundo de reflexão, Cornélio começou arelembrar o modo com que lhe fora dado o recado... sentiaque era a mesma maneira de expor do seu inesquecívelamigo Emílio de Menezes. Então era isso a tal mediunidade,pensava... quando novamente o médium continua a falar:

— Achamos necessário, caro Cornélio, que tome um cháde planta medicinal e para sua eterna dispepsia, saiba que amoela de frango moída, após ser assada e misturada àcomida, lhe fará um grande bem. Com a vida que você leva,comendo ali e aqui, sem horários certos, seu organismosofre as conseqüências de sua indisciplina. Zele pela saúde,caro Cornélio, você não reencarnou por acaso; assim comotodos, Deus pretende que nos recuperemos e a

reencarnação é a oportunidade desses reajustes.E saiba que a matéria é passageira, como tudo naTerra. Só a prática dos bens divinos é que sãoeternos... e aquelas suas dúvidas e a busca paracom Deus estão certos. Errado está o caminho queo deixou mais confuso. Busque as respostas naDoutrina Espírita, nas obras do Mestre lionês AllanKardec.

E, em seguida, respondendo ao pensamento deCornélio, o espírito comunicante, afirma:

— Sim, meu caro amigo, sou eu mesmo, Emíliode Menezes. É bom que você saiba que não soufantasma e nem alma penada. O nosso espírito éeterno. Esclareça sua mente através de “OEvangelho Segundo o Espiritismo”.

Cornélio e seu amigo Lobo estavamboquiabertos. Lobo, mais acostumado com ofenômeno mediúnico, só ficou espantado com aconfirmação de Cornélio em conhecer o espírito

comunicante. Dirigindo-se ao amigo, confabulou:— Puxa!... como Deus o está alertando para que você dê

um novo rumo à sua vida!— É, caro Lobo, tenho a impressão de que a caravana de

Deus não está muito satisfeita com as minhas rimascantadas...

E Cornélio, rindo, ainda ponderava:— Emílio foi um grande poeta... passei a admirá-lo quando

tivemos um encontro no Rio de Janeiro. Eu era adolescentee como sempre tinha o desejo de conhecer os poetas. Foinuma época em que acompanhei meu pai em sua vinda aSão Paulo para que ele conhecesse a modernidade dosutensílios usados para a lavoura. Como eu me interessavapela radiofonia, que começava a ser comentada, eu, com a

permissão de meu pai, fui acompanhado porum cantador de viola, que estava indo parafesta no Rio de Janeiro. E lá conheci Emílio deMenezes. Quando ele falava, suas rimas, eu,que era muito moleque e pouco entendia,achava bonitas as palavras, mas eram muitodifíceis para um caboclo do sertão, vindo pelaprimeira vez à capital... Mas fico muito feliz pelorecado dele.

— —

���������������� ��������� ������� � ��������� �� ������� ��� ���������������������� ��������� ������� � ��������� �� ������� ��� ������

Informe-se através:E-mail: [email protected](11) 4044-5889 (com Eloísa)Caixa Postal 42 - CEP 09910-970 - Diadema - SP

Informe-se através:E-mail: [email protected](11) 4044-5889 (com Eloísa)Caixa Postal 42 - CEP 09910-970 - Diadema - SP

Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)”

Livro “O Espírito de CornélioPires” - Editora FEB

Page 7: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

E Lobo acrescentou:— É, amigo, um recado tão sério como esse

não se pode deixar de atender.A p ó s e s s e e n c o n t r o

elucidativo, Cornélio despediu-se dos amigos.

Continuando suas viagens,segue após alguns dias paraCuri t iba. A caravana deCornélio e seus cantadores erae s p e r a d a c o m g r a n d eansiedade pelo povo curitibano.

Cornélio hospedou-se noHotel Brás, que anos depoispassou a se chamar HotelMajestoso. À sua chegada,logo, no hall de entrada,encontra-se com um velhoamigo seresteiro também do interiorde São Paulo, o senhor Hugo Marçal. Muitos abraços evelhas recordações vieram a esses corações saudosos eligados pelo mesmo ideal sertanejo.

Cornélio e o amigo seguiram para o quarto do hotel járeservado, para dar continuidade àquele feliz encontro.

Em meio a toda a conversação, Cornélio conta o sucedidode seu mal-estar até o recado, como ele mesmo designou,“do além”.

E sua surpresa tornou-se maior quando o amigo Hugo lheconfessa ser espírita convicto. E passa a lhe relatar todo omovimento espírita em Curitiba, que a cada dia via crescer onúmero de interessados nesse conhecimento da luz doEvangelho. Conta que, após alguns anos estudando oslivros de Allan Kardec, passou a entender alguns fatosestranhos que se passavam com ele. E, levado a um CentroEspírita local, viu o desabrochar de sua mediunidadepsicográfica, isto é, comunicações através da escrita.Prosseguem ambos nessas trocas de perguntas erespostas, quando Hugo pede para Cornélio um pedaço depapel e um lápis, no que é atendido de imediato. Logo após,Cornélio vê a rapidez da escrita aparecer sobre o papel.Terminado isso, Hugo diz a Cornélio que, curioso, esperavapara saber do conteúdo:

— Amigo, será melhor levarmos o papel à frente de umespelho, pois nos parece que o comunicante escreveu detrás para frente.

— Ora essa! Deve ser algum brincalhão, abusandode minha paciência fala Cornélio, como sempre debom-humor.

Indo à frente do espelho, Hugo lê a mensagemem voz alta:

— Olá, amigo Cornélio, muitos abraços, porémbeijos eu não daria a você, nem por mil contos deréis. Isso é só para abusar de sua paciênciaEmílio (do livro ,psicografia de Chico Xavier).

A assinatura era idêntica, isso porque Cornélioguardava os sonetos de Emílio que eram enviadose no final tinha o poeta por hábito assinar seu nomepor inteiro e, por vezes, só Emílio, como o fizera nesserecado de bom-humor, que era sua característica.

E foi através desses comentários e confirmações do Altoque Cornélio começou a interessar-se com profundidadepela Doutrina Espírita. O primeiro livro que teve umaressonância em sua mente foi “O Livro dos Espíritos”, obrade Allan Kardec, por meio do qual conseguiu entendermuitas questões relacionadas à reencarnação, assunto que,

em surgindo a oportunidade, discutia com Hugo Marçal. Esteo ajudou a chegar até o Centro Espírita, para que tivesse

uma noção da Doutrina em seus aspectos filosófico,religioso e científico. Foi por isso que Cornélio

admirou, e com entusiasmo, oslivros básicos de Kardec.Também leu obras de LeonDenis e Albert de Rochas.Tomou conhecimento dasobras psicografadas pelo muitojovem na época, FranciscoCândido Xavier. Passou a seinteressar pelos fenômenos deefeitos físicos, chegando aescrever um livro sobre o tema,com o título “Coisas do OutroMundo” e logo em seguida“Onde estás, ó morte?”. O

Evangelho Segundo o Espiritismopassou a ser o roteiro de sua vida. Onde fosse, o Evangelhocom ele estava, dentro da mala e a qualquer parada, reuniaos companheiros e os fazia ouvir as lições de Jesus. Dizia aeles que sem essa bênção parecia-lhe estar distante deJesus e que só através daquele livro é que passou aconhecer o Mestre e seu roteiro de luz. E todos os sertanejospassaram a acatar as mensagens que diziam ser do céu.

Seguindo certa feita para Uberlândia, encontrou-se com ojá conhecido espírita Dr. Bezerra de Menezes, que já visitaravárias vezes no Rio de Janeiro, para orientação espiritual.

Após as saudações, Cornélio falava sem parar sobre asua alegria por estar exercendo algo em que pudesse estarcolaborando com a divulgação da Doutrina, quando Dr.Bezerra, calmamente colocando a mão direita sobre o ombrode Cornélio, interrompe-o de forma paternal:

— Calma, filho. É preciso ter muita cautela... estou felizpor vê-lo nesse entusiasmo, mas como você encontrou afonte da água viva, beba-a, mas de gole em gole,saboreando-a para não se afogar. Lembro-me da última vezem que nos encontramos que você estava cheio de dúvidas.Pedi-lhe para que raciocinasse antes de empolgar-se tanto.Se você não assimilar os conceitos e mesmo sem entendê-los passar a citá-los como papagaio, tome cuidado, porque ofanatismo o está cegando... e, depois, nas primeirasdificuldades, virá o desânimo e daí, meu filho, para adescrença é um passo.

Cornélio ouvia aquelas elucidações daqueleverdadeiro apóstolo de Jesus e lembrou-se das

contradições... realmente, embora o seuentusiasmo pela Doutrina, persistiam as dúvidas.

E Bezerra perguntou-lhe, como que ouvindoseus pensamentos:

— E aí, onde estão as contradições, se Jesusnão alterou a Lei de Deus? Diga-me, filho, ondeestão e qual é a Lei de Deus?

Cornélio, meio constrangido, respondeu-lhe:— As Leis de Deus estão nos Dez

Mandamentos... e Jesus, creio eu, não alterounada...

— O que se faz necessário disse-lhe Bezerraé não confundir a Lei de Deus com as leis que

estão na Bíblia, porque essas são leis criadas pelos homens,para os homens, que favorecem a ignorância. Essas leisforam recebidas por médiuns e traduzidas de acordo com aépoca, pelas necessidades dos povos.

Cornélio, atento às palavras tão elucidativas de Bezerraaproveita o momento para tirar mais uma dúvida que o

——

Espírito de Cornélio Pires

Dr. Bezerra de Menezes

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 7

Parque Ecológico e Cultural Cornélio Pires ., Tietê - SP

Page 8: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

SeareiroSeareiro8

atormentava:— Dr. Bezerra, o que o senhor me orienta sobre aquela

passagem do Evangelho que diz: “Pode o Espírito do maltransformar-se num anjo de luz para nos seduzir”?

— Sei, meu filho, mas você não se lembra de outrapassagem que diz: “Pelo fruto conhecerás a árvore; se ofruto é bom, boa será a árvore, pois árvores más não podemproduzir bom fruto”? Foi por isso que João, o Evangelista,asseverou: “Aprendei a conhecer os Espíritos que são deDeus”.

E Bezerra prossegue:— D i a n t e d e s s a s

recomendações, será, meuamigo, que não somos capazesde d isce rn i r quem é omistif icador e quem é overdadeiro homem de bem? Elepoderá enganá-lo uma vez, masse ficar atento e vigiar, você logoreconhecerá quem é o bom equem é o enganador. Portanto,filho, não se afaste de suasintenções boas. A ovelhacuidadosa não se afasta dorebanho, porque estará sujeitaa ser apanhada pelo lobo.

Cornélio tinha lágrimas em seus olhos. Aquela criatura alià sua frente era o verdadeiro “homem de bem”. Quantasabedoria!

Abraçando com todo carinho a esse ser iluminado, ele sedespede, agradecido, dizendo a Bezerra:

— De agora em diante, serei um espírita convicto. Comsuas palavras, entendi que reencarnamos para sermos úteisa Deus, ajudando-O a fazer que o povo se ilumine peloEvangelho do Cristo. A Terra é a verdadeira escola, nãoviemos a ela para fazer turismo e sim para aprender a viver econviver uns com os outros. Quem sabe mais, deve paraquem sabe menos.

E Cornélio passou a dedicar a sua vida beneficiandoaqueles a quem ele poderia doar-se, não em bens materiais,mas, como tinha facilidade de estar em contato com aspessoas, procurava, através de seus versos e de seus“causos”, falar sobre a reencarnação. E, certa feita, falandosobre Deus para um grupo de amigos e principalmenterespondendo a uma pergunta feita sobre o Espiritismo,assim falou:

— A Doutrina Espírita com o tempo suprirá as outrasreligiões na questão dos mistérios infundados. Ela respondea todas as perguntas, ensinando o verdadeiro caminho, comuma só sentença: “Fora da Caridade não há salvação”. Comisso traz a prova de recompor-se cada ser na fé raciocinada,que leva as criaturas a crer na imortalidade da alma ouespírito e ir ao encontro de Deus, sem o jugo do pecadooriginal. O que aprendemos com a Doutrina é que areencarnação nos dá a possibilidade de resgatarmos nossoserros, sem que, para isso, tenhamos a idéia do julgamentoprimitivo do Pai Celestial.

No livro “Coisas do Outro Mundo”, Cornélio assim seexpressa ao leitor:

“Se você espera um livro de anedotas no qual espera pordistrair-se, descansando o seu espírito, dos fatos diários,você vai encontrar nessa obra conforto para seu espírito emuito a queimar a sua inteligência. Leia sem pensamentospré-concebidos e creia na minha sinceridade, pois as minhasintenções são as mais puras e estou interessado no seubem-estar mental.”

Se Cornélio Pires já manifestava bondade em suamaneira de tratar as criaturas, fossem elas quem fosse, apósseu contato com a Doutrina, passou a ser mais cuidadoso. Esua grande preocupação era a criança. E, pensando muitonesse assunto, ele voltou a sua terra-natal, Tietê, e,vasculhando a cidade, encontrou bela chácara, com váriosalqueires de terra e planificou um lar para menores carentes.Deu início às obras do lar, o qual recebeu o nome de “Granjade Jesus”. Infelizmente, Cornélio não pôde inaugurá-la,

como era seu desejo, pois veio adesencarnar, antes que ficassepronta. Essa obra continua atéhoje, prestando atendimento acrianças e jovens em suasformações educat ivas eprofissionais.

Cornélio foi espírito evoluídoem sua época reencarnatória.Sua tarefa, isto é, uma dastarefas fora o desenvolvimentodos meios de comunicação, tãoprecários. Mas com todo seuentusiasmo e desprendimento,colaborou com a radiofoniabrasileira, com o teatro e com ocinema e também com a escrita.

Quando ele publicou o livro “Conversas ao Pé do Fogo”,veio ao Rio de Janeiro para algumas apresentaçõespúblicas. Foi convidado a fazer um espetáculo beneficentena Associação Brasileira de Imprensa. Ao final do mesmo, oconhecido maestro Eduardo Souto, também compositor dochamado “clássico popular”, veio cumprimentar Cornélio econvidá-lo para formarem juntos um grupo regional.Rapidamente a idéia foi aceita e o grupo fez sua estréia, nainauguração do Palácio das Festas, fazendo parte das festascomemorativas do “Primeiro Centenário da Independência”.Esse fato ocorreu no ano de 1922, no Rio de Janeiro.

Após vencer seu compromisso com o maestro Souto,retornou ele a São Paulo, onde se reuniu com o cineastaFlamínio de Campos Gatti, partindo juntos para o nordestebrasileiro, com a finalidade de filmarem os hábitos do povonordestino. Dali foram produzidos dois filmes, ou como diziaCornélio, que fora o produtor, dois documentários, sendoeles “Brasil Pitoresco” e “Vamos passear”. Cornélio, apósesses, produziu mais três filmes, sempre com apreocupação de passar as imagens desse belo país, oBrasil.

Sobre o documentário “Vamos passear”, o escritorfolclorista piracicabano, Dr. João Chiarini, quando foi a Tietê,convidado a discursar na “1ª Semana Cornélio Pires”, em1959, homenageou Cornélio, dizendo que sendo elepioneiro, conseguira fazer o documentário “Vamos passear”,o primeiro filme sonoro, independente.

A vida de Cornélio Pires sempre foi regada deacontecimentos pitorescos. Os amigos espirituais dizem queo reencarne dessa alegre figura fora primeiro pelanecessidade, assim como todos, segundo, pela época difícil,em que a reencarnação não era nem cogitada. Apredominância, nessa época, era a do clero, principalmente,quando as famílias mais ricas primavam por ter no seiofamiliar pelo menos um filho que se dedicasse aosacerdócio.

A idéia da reencarnação era ignorada. Os espíritossuperiores, após a vinda de Kardec, prepararam os espíritospioneiros para o retorno com a finalidade de continuar a obrado Cristo. Naturalmente seria preciosa essa reencarnação.

Museu Histórico, Pedagógico e Folclórico “Cornélio Pires”.Abriga também a Biblioteca Municipal, Tietê - SP.

Page 9: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

E Cornélio recebeu do Alto essa incumbência. Com ele,muitas projeções ajudaram o desenvolvimento social, comojá o descrevemos. E, após a união de Cornélio com o mundoespiritual, a idéia da reencarnação passou a ser lida,comentada e até cantada, pela simplicidade dos sertanejos,sem ferir ninguém, com recados claros, pela facilidade queCornélio tinha em fazer suas rimas poéticas, graciosas everídicas, com os ensinamentos cristãos. Com seu modocaracterístico de falar, levou muitas pessoas a repensaremna vida e até a perderem certos temores e superstições,principalmente com o número 13, o qual muitos naatualidade temem, como se esse fosse um dia fatídico. ECornélio, quando era entrevistado em suas apresentações,geralmente a primeira pergunta era:

— Caro Cornélio, como você se sente por ter nascido numdia 13? O que esse número representa para você?

Cornélio, rindo, como sempre, respondia:— Amigo, tenho profunda simpatia pelo número 13... veja

porque: Meu nome: Cornélio Pires – Vi a luz em julho Nascidia treze Século passado Eu sou paulista Sou brasileiro

Nasci no Brasil Sul de São Paulo Cidade de Tietê D.A na Joaquina (minha mãe), Raimundo Pires (meu pai)Poeta e caipira Conferencista Escrevo livros Soumuito pobre Sou muito feliz Eu sou solteiro Ameiem 13 letras (nomes das minhas namoradas que,logicamente, não citarei), mas todas deram 13 letrasE após tudo isso até logo e obrigado...

E o entrevistador pergunta:— Para onde vais?— Vou tomar bonde.E Cornélio, voltando-se, ainda replica:— Você notou que a sua pergunta e a minha

resposta ambas têm 13 letras?E saiu gargalhando. O entrevistador e os que ali se

encontravam verificaram que realmente a tudo queCornélio, em rápidas palavras, descreveu de suabiografia realmente continha 13 letras!...

Ao longo do tempo, Cornélio começou a sentir a suasaúde abalada. Muitos exames médicos, internaçõese até esses procedimentos médicos e alteraçõesfísicas não o deixaram triste. Com tudo ele fazia humorismo.E, numa clínica onde ele havia se internado para controle demedicações, vários amigos ali se encontravam para visitá-lo,quando uma enfermeira entrou com uns comprimidos namão para que Cornélio tomasse e também uma seringa paraque a medicação fosse injetada. Virando-se para Cornélio,pergunta-lhe:

— O senhor quer que aplique essa injeção em que lugar?Cornélio, olhando seus braços e pernas todos picados de

agulhadas, disse à enfermeira, rindo:— Minha cara enfermeira, pode

aplicar essa injeção aqui mesmo,nessa parede ao meu lado.

Foi essa a última brincadeira queos amigos puderam ver e ouvir; diasdepois, mais precisamente no dia 17de fevereiro de 1958, às 2h30min,vinha ele entregar seu espírito nosbraços daqueles enviados do Alto,para ajudá-lo a se desfazer dos eloscarnais. Cornélio fora vítima decâncer na laringe. Seu desencarnedeu-se no Hospital das Clínicas emSão Paulo, onde deixou muitass a u d a d e s e n t r e m é d i c o s eenfermeiros que o assistiram durante

o longo tempo de sua internação pelo seu humor e pelaalegria que trazia aos doentes ali internados, com suas rimasbrejeiras.

O corpo de Cornélio foi transladado para sua cidade-natale sepultado no cemitério de Tietê. Estava próximo aos 74anos, solteiro, deixando apenas um pedido aos familiares eamigos:

— Quero ser enterrado, quando partir para a pátriaespiritual, de pijama e descalço, pois assim não sentireidores nos pés.

E seu pedido foi atendido. Tietê permaneceu em luto, pornão contar mais entre o povo, com aquela criatura que fez odesenvolvimento local e cultural.

Foi Cornélio quem formou a “Banda Tieteense”, com osmeninos das famílias carentes, que, por muitos anos, tornou-se conhecida, por vencer vários concursos das “bandas dointerior”. Esses concursos eram patrocinados pelas rádiosdas cidades do interior de São Paulo.A finalidade seria comoCornélio idealizou: incentivar os jovens participantes aapreciar a arte instrumental através da música.

Em 1959, em homenagem a Cornélio Pires, foi erigida aherma (um busto) que foi inaugurada durante a “1ª Semana

Cornélio Pires”, realizada de 7 a 12 de julho desse ano.Esses festejos a Cornélio acontecem até a atualidade.

No centro da cidade de Tietê, no Largo SãoBenedito, nº 20, ao lado da Igreja de São Benedito (demais de um século), localiza-se o Museu Histórico,Pedagógico e Folclórico “Cornélio Pires”.

A atual coordenação do Patrimônio Histórico eCultural de Tietê, assim como a coordenação doMuseu, estão sob a responsabilidade do senhorBenedito Pedro Silvestrim, conhecido por todos dolocal como “Fuzilo”. É ele poeta, escritor, compositore radialista e profundo conhecedor da vida e obras deCornélio Pires.

Fuzilo fez questão de conservar no Museu Histórico,não só as obras de Cornélio Pires, mas também obras

dos outros filhos da terra tieteense, como do famosomúsico brasileiro Mozart Camargo Guarnieri, ohistoriador Benedicto Pires de Almeida, este autor da

Cronologia Tieteense. Nesse Museu encontram-se 2000peças catalogadas e também abriga a Biblioteca Municipal.

Existe ainda na região o “Centro Cultural e EcológicoCornélio Pires”, porém é mais conhecido como “ParqueEcológico Cornélio Pires”. Tornou-se mais um pontoturístico. É uma área de mais ou menos quatro alqueires efica distante do centro de Tietê uns quatro quilômetros, ondenasceu esse grande poeta e escritor, pai do folclore paulistae divulgador da música sertaneja. A casa onde esserenomado espírito reencarnou foi reconstruída e recebe

muitos visitantes. Há quiosques,lugares para se preparar um bomchurrasco, como Cornélio gostava,por ser um bom garfo e degustadorde bons vinhos (sem ser alcoólatra).Três grandes lagos abertos parapescas esportivas e viveiros comlindas aves próprias da região doMédio Tietê. O Parque Ecológico ficaàs margens do rio Tietê, no bairro deSapopemba, sendo uma área depreservação ambiental da mata.

A passagem de Cornélio Piressobre a Terra foi de alegria,s i m p l i c i d a d e e p r o f u n d oconhecimento das raízes do folclore.

–– – –

– – – –n –

– – –– – –

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 9

Sr. Fuzilo, ocoordenador doPatrimônio do

Museu.

Documentos diversos de Cornélio Pires, expostasno Museu em Tietê - SP.

Page 10: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

Waldo Vieirapelo espírito André Luiz

CEC - 208 páginas

14ª edição

livro em focoLivro em Foco

SeareiroSeareiro10

Hoje, na Pátria Espiritual, ele continua a transmitirseu otimismo e a fé em Deus, que soube demonstrarpelas suas atitudes de carinho que sempre tevepara com o próximo. Em suas rimas poéticas, nostrouxe grandes verdades que aprendeu e nostransmitiu através da mediunidade de Chico Xavier.E, para saborearmos um pouco dessas rimas tãoeloqüentes e graciosas, transcreveremos algumasdentre as inúmeras desse saudoso e queridoespírito, Cornélio Pires:

ATagarela

Calo de cotovelo na janela,Onde espiava gente o dia inteiro.

Calúnia e invencionice eram com ela,Gostava de folia e de berreiro,O povo comentava, chocarreiro:— “Jabiraca da língua de sovela!”

Nhá Zizita morreu... Desencarnada,Viu atrás dela enorme trapalhadaE gritava: — “Meu Deus! Meu Deus, me acuda!”

Deus teve dó de tanto sofrimentoE deu a ela um novo nascimento,Mas Nhá Zizita, agora, nasceu muda...

Trovas

Lição que toda pessoaAprende com muito custo:Antes de ser generosoÉ necessário ser justo.----------------------------------

Há casamento de provaLembrando a canga de bois,Bendito quem se renovaNesse resgate de dois.-----------------------------------

Não mexas com vida alheia,Tem coisa nessa manobra.Cachorro bom de tatuCostuma morrer de cobra.

Essas e muitas outras verdades,Cornélio coloca, com graça e beleza, paraentendermos as reencarnações e ascomplicações que se sucedem para as

vidas futuras.O poema e essas trovas estão contidas no livro “O Espírito

de Cornélio Pires”, psicografado pelo médium Chico Xavier.Cornélio deixou outra obra inacabada: “Coletânea

Espírita”.

Nhá Zizita, na rua do Barreiro,Já sentia, de muito dar na trela,

Detalhe da herma, localizada naprincipal praça de Tietê.

AVida Pitoresca de Cornélio Pires - Joffre MartinsAntologia dos Imortais - Espíritos Diversos - psicografia de FranciscoCândido Xavier e Waldo Vieira, Ed. FEB, 1ª ed., 1963.Cenas e Paisagens da Minha Terra - Cornélio PiresConversa Firme - Cornélio Pires - psicografia de Francisco CândidoXavier, Ed. IDE, 1ª ed., 1975.O Espírito de Cornélio Pires - Cornélio Pires - psicografia de FranciscoCândido Xavier e Waldo Vieira, Ed. FEB, 2ª ed., 1974.Imagens:

http://paginas.terra.com.br/arte/boamusicabrasileira/aincruziada.jpg

http://www.geae.inf.br/pt/biografias/bezerra-menezes.gifhttp://www.tiete.sp.gov.br/parque/foto.asp?FID=11http://www.tiete.sp.gov.br/rte/imagens/tv9_-_Vista_aérea_noturna_Praça_Dr._Elias_Garcia.jpghttp://www.violatropeira.com.br/casa%20cornelio.jpghttp://www.violatropeira.com.br/tccp.jpghttp://www.widesoft.com.br/users/pcastro4/imagens/mcp01.jpghttp://www.widesoft.com.br/users/pcastro4/imagens/mcp09.jpghttp://www.widesoft.com.br/users/pcastro4/imagens/mcp14.jpghttp://www.widesoft.com.br/users/pcastro4/imagens/mcp16.jpg

Bib

lio

gr

afi

a

Eliana B. do Norte

O livro “Sol nas Almas” escrito pelo espírito deAndré Luiz, psicografado pelo médium Waldo Vieira éum manancial de conhecimento. Suas 70 liçõesmerecem ser lidas com muita atenção, pois nostrazem muito esclarecimento e consolo para osdiversos problemas pelos quais passamosdiariamente. Já no prefácio de Emmanuel, ele nos dizque André Luiz compara a Doutrina Espírita -Cristianismo Redivivo - ao Sol nas Almas, e, segundosuas palavras, se o Sol é vida e Luz, o Espiritismo éAmor e Verdade, ambos vertendo os jorros devitalidade e calor das Esferas Maiores. Na Terra,criatura alguma logra respirar e desenvolver-se, forado constante solar, e espírito nenhum conseguerenovar-se e purificar-se sem a influência do Cristo de Deus,que podemos considerar como sendo a constante divina.

Lembramos que nos países nórdicos onde a incidência doSol é uma das menores do nosso planeta, os índices desuicídio são um dos maiores do que em outros lugares naTerra. Sabemos da influência positiva que o Sol tem emnossas vidas, mesmo em um país tropical como o nossoonde, na maioria dos dias, nosso Astro Rei aparece trazendovida e ânimo renovado.Assim devemos fazer deste exemplar

um livro de cabeceira, para que seja lidojuntamente com “O Evangelho Segundo oEspiritismo”, principalmente para aquelesmomentos de grandes dificuldades pelosquais todos devemos passar.

Nas diversas mensagens que este livronos traz, todos os temas essenciais paracompreendermos melhor a vida são aquiabordados por este espírito, médico epsicólogo, de ânimo ventilado ao sopro dasrealidades eternas, segundo os dizeres deEmmanuel. Ele sabe que não é possível agire edificar, analisar e aprender sem luz e, porisso, nos oferece estas páginas em que seentremeiam clarões de raciocínio esentimento, à maneira de facho em nossasmãos para que não escasseiem aviso eencorajamento, reflexão e consolo.

Gostaria de recomendar mais uma vez a leitura desteprecioso livro finalizando com as próprias palavras de AndréLuiz que nos diz que tudo o que existe na Terra estásubmetido às leis do Universo: os milhões de sóis que são asestrelas não dissipam as trevas da noite, mas o Sol vigilante esozinho, por mais próximo de nós, acende e garante oesplendor do dia... Ajuda, pois, àquele que te partilha amarcha, o teu próximo mais próximo, aqui e agora, hoje esempre.

Eloisa

Sol nas Almas

Page 11: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

Marconi LealO Clarim - 112 páginas

1ª edição - 2007

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 11

Clube do Livroclube do livro

O Mistério da Casa Abandonada

Vimos constantemente ressaltando a importância daFamília. Muito se diz sobre os conflitos que ela encerra esuas dificuldades em saná-los, bem como orientações daslições que Jesus nos deixou como auxílio para essaconvivência.

Assim entendemos também. Sugerimos apenas areflexão, para que cada um, ao seu modo, possa evitar tais

conflitos.Reconhecemos que todas as contendas começam por

motivos até pueris e atitudes tão pequenas, mas suacontinuidade já conhecemos e bem. Buscaremos então alição de um grande conhecedor destas e de tantas outrasquestões, a necessária colaboração:

No livro “O Evangelho de Chico Xavier” - lição 64, temos:“Sem Deus no coração, as futuras gerações colocarão em

risco a Vida no planeta. Por maior que seja o avançotecnológico da Humanidade, impossível que o homem viva

Deus no Coraçãofamilia

Família

No mês de setembro de 2007,os nossos queridos associadosreceberam do Clube do LivroEspírita “Joaquim Alves (Jô)” aobra de Marconi Leal, intitulada“ O m i s t é r i o d a c a s aabandonada”.

Do mesmo autor pertence aobra “O Lugar-Uma experiênciade quase-morte”, enviada peloClube do Livro em abril de 2005,apresentando em comum o climade suspense que envolve ashistórias dos dois livros.

Movidos pela curiosidade epelo senso aventureiro, preponderante nos jovens, Miltinho,Laura e Rodrigo resolvem investigar o mistério que rondavasobre aquele antigo sobrado em ruínas, desabitado hádécadas.

À noite, após a volta da escola, não obstante o medo econvencidos por Rodrigo, o mais obstinado do grupo, iniciamo que talvez pudesse ser a maior aventura de suas vidas.

Dizia-se, por toda a redondeza, que a casa era malassombrada. Os vizinhos alegavam ouvir sons de gemidos,correntes e gritos.

O que as crianças não imaginavam, era o quão profundo esério seria o desenrolar dos fatos, dentro de suas própriasvidas!

O texto proporciona uma leitura leve e rápida, mas,recheada de fatos intrigantes e do suspense gerado pelasdescobertas de seus personagens.

É uma deliciosa forma de aprender que só o estudodoutrinário, aliado à fé Divina, nos dará a sabedoria paraagirmos.

Mas... será que os chamados “fantasmas” existem? Eramfruto das lendas? Ou ... Só lendo e conferindo!!!

Fiquem com Deus e uma ótima leitura!Neves

Cantinho do Verso em Prosacantinho do verso em prosa

Quantos são aqueles que transitam durante as reencarnações,trazendo dores profundas, que não conseguiram sanar.

Atribulações e conflitos se estendem ao longo do caminho, comimagens que, por vezes, parecem serem as mesmas, refletidas em rostosde aparências normais. Por que então a inquietude?

Elevando os pensamentos ao infinito, vê-se a semelhança entre asestrelas e sabe-se também que cada uma delas, na amplidão do céu, é ummundo a servir a Deus.

Porém, como o infinito, a vida é eterna. Se cada ser conseguir sentir acentelha divina em seu interior, deverá prosseguir na caminhada; emboratodo sofrimento a condoer-lhe as entranhas, deverá superar e tentarcicatrizar as feridas abertas, por sonhos desfeitos, onde o orgulho e amágoa se fizeram presentes.

A trilha para a vitória será a conquista do “Reino de Paz”, no coração deJesus!

Elielce

Caminheiro de rudes pés sangrentosGuarda no peito atribulado e aflitoAs visões que percebes no infinito,Alvoradas, estrelas, firmamentos...

Segue calando os trágicos lamentosDo coração chagado, ermo e proscrito,Mas ergue a luz por templo de teu ritoEntre os muros terrestres, desatentos!

Sem dourado bastão para teus sonhos,Transpõe, gemendo, os vórtices medonhosDas sendas abismais para o futuro.

E deixarás no pranto de teus rastrosO caminho celeste para os astrosE a vitória divina do amor puro.

Cruz e SouzaLivro “Vereda de Luz”, psicografia de Francisco Cândido

Xavier. Ed. GEEM, 1ª ed., 1990.

Espírito

Cruz e Souza nasceu em Santa Catarina, na cidade de Desterro, hoje Florianópolis,no dia 24 de novembro de 1861 e desencarnou na cidade de Sítio, hoje AntônioCarlos, Minas Gerais, no dia 19 de março de 1898. Era filho de pais escravos, sendosua reencarnação repleta de dores profundas, por defender seus ideais de poeta,jornalista e político vibrante por interesses humanitários.

Page 12: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

SeareiroSeareiro12

em paz, sem que a idéia de Deus o inspire em suasdecisões.”

— Nenhuma influência exercem os Espíritos dos paissobre o filho depois do nascimento destes?

“Ao contrário: bem grande influência exercem. Conformejá dissemos, os Espíritos têm que contribuir para o progressouns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm pormissão desenvolver os seus filhos pela educação. Constitui-lhes isso uma tarefa. Tornar-se-ão culpados, se vierem a falirno seu desempenho.”

Pelo que nos é dado conhecer, o que o Chico nos instrui:“Sem Deus no coração” — Alerta-nos que não basta

buscá-lo através de palavras, templos etc. Deus deverá estarem nosso coração. Se buscarmos o entendimento de suaspalavras, teremos a compreensão do fundamento redentorda família. Da misericórdia dessa união, a benção dorecebimento dos filhos. Filhos de Deus que, confiando emnós, deixa sob nossa responsabilidade a sua criação. Pais,vocês dariam seus filhos para outros pais criarem, mesmoque, através de nossos pobres olhos, sejam de vida regradae moral ilibada? E ao contrário, se fossem negligentes?

Deus mesmo conhecendo nossas fraquezas o faz!Continuando nessa mesma busca do entendimento:“impossível que o homem viva em paz sem que a idéia de

Deus o inspire em suas decisões” — Não podemos negardesconhecimento dos processos de “pressão” em quevivemos. No trabalho a busca frenética da perfeição, sem aqual não teríamos a continuidade de nosso emprego,juntemos ainda divisão de tarefas com companheiros comtanta diversidade de atitude e pensamento; o cruel tempo; otrânsito, compromissos sem fim... Sem paz perdemos oequilíbrio para um raciocínio e atitudes sensatas. Como obteressa paz?

— Aoração!Aqueles pequenos e infinitamente importantes minutos de

ligação com Deus. Confiando em Sua presença. Orando aoinício de cada santo dia, a cada início de trabalho, lembrando,não pedindo que os nossos “empregados” (Deus, Jesus eEspíritos Amigos) venham resolver todas as nossasdificuldades, mas que nos dêem força e discernimento pararesolvê-las e, ao seu término, a oração de agradecimento,pela ajuda infinita.

Enquanto nos dirigimos aos nossos lares, elevarmosnosso pensamento em Jesus, agradecendo as bênçãos donosso lar que irá nos acolher de braços abertos. A esposa ouo marido difícil, que possamos ter a força necessária e a

compreensão do ajuste.Temos ainda nessa lição, um grande apelo:“Sem Deus no coração, as futuras gerações colocarão em

risco a Vida no planeta. Por maior que seja o avançotecnológico da humanidade” — Este texto deixaremos decomentar para que cada pai, cada mãe reflita muito e tenha oentendimento necessário para perceber que a suaresponsabilidade não está limitada ao lar que os acolhe, maso “lar da humanidade”.

Em “O Livro dos Espíritos”, no item “Presenças Físicas eMorais”, questão 208, nos diz:

Diante do exposto, por nossa conta grifaríamos:= exemplo; = orientar; = compromissoassumido com Deus; = acompanhar, ajudar;

= religiosa, moral e cultural; = obrigação;= disciplina.

O estudo do Evangelho no Lar fornecerá o conhecimentonecessário a todos (pais, filho, avós, irmãos etc.) para queDeus seja sentido em cada coração, permanecendo no lar apaz tão necessária.

Como comentário final, lembramos que em nossa épocade juventude, também criticávamos nossos pais e avós,julgando-os “carolas”, quando nos falavam sobre as lições deJesus e nos obrigavam as obediências religiosas ecomportamentais. A semente daquela época germinou.Façamos o mesmo.

Jesus, possamos merecer sua presença em nosso lar.Vanda

influênciacontribuir missão

desenvolvereducação tarefadesempenho

Bibliografia: O Evangelho de Chico XavierO Livro dos Espíritos Pão

Nosso

- Carlos A Bacelli. Ed.Didier. 6ª ed.; - Alan Kardec. FEB. 84ª ed.;

- Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito de Emmanuel. FEB.10ª ed.

tema livreTema Livre

Você se preocupa. Enquanto todas as religiões, e até osnão religiosos, desfecham campanhas contra diversosvícios, opinam sobre moda feminina e álcool etc., oEspiritismo e os Espíritos permanecem indiferentes!

Você considera isso o Máximo de alheamento. Dá-lhe asensação de que o Espiritismo estagnou.

Ponderemos, contudo — respeitando embora a suaopinião —, que a Doutrina Espírita está empenhada nareforma integral do homem. Não se aprisiona ao transitório e,menos ainda, aos efeitos.

Kardec, naturalmente voltado para descobrir a origem detodos os vícios, a fim de saneá-los pela raiz, concatenou umaquestão que propôs ao Espírito da Verdade e que recebeu,em “O Livro dos Espíritos”, o número 913:

Eis a questão: qual o vício que é a raiz dos demais? Aresposta, soando como repetição de anteriores, foidecididamente clara:

Sem que a dinâmica doutrinária embarque em todas ascampanhas nobres, respeitáveis, que visam a neutralizar ummal, empenha-se a cumprir essa advertência sabia e sensataque Kardec compilou na sua primeira obra.

Não estamos isolados. Participamos do mundo, sim. Sem,porém, que nos detenhamos tão-somente em radiografar omal, em estudá-lo em sua contextura e nas conseqüênciasamargosas que produz — a Doutrina Espírita patrocina osexemplos da caridade. Antepõe, assim, o grande antídoto detodos os males: o amor, convocando-nos a quebrar o gelo doegoísmo que se solidificou em nosso interior.

Expurgando de nosso coração (não do coração dopróximo) o egoísmo, estaremos aproximando-nos daperfeição moral. Abrandaremos as dores de nossas lições.Inscreveremos o Bem como opção da espiral evolutiva.

Em termos atuais, chamaríamos assim tal comportamentoda Doutrina: a racionalização da moral.

P. — Dentre os vícios, qual o que se pode considerarradical?

R. — Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo.

Daí deriva todo o mal. Estude todos os vícios e verá que nofundo de todos há egoísmo. Por mais lhes dê combate, nãochegará a extirpá-los, enquanto não atacar o mal pela raiz,enquanto não lhes houver destruído a causa. Tenham, pois,todos os esforços para esse efeito, porquanto aí é que está averdadeira chaga da sociedade.

Pela Raiz

Roque Jacintho

Page 13: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 13

contosContos

Reunidos em torno de Jesus, osempregados de Pedro ouviram a vozsuave e convincente do Mestre,comentando os sagrados textos.

Quando Ele terminou o bonitodiscurso, a sogra de Pedro perguntou,inquieta:

— Senhor, afinal de contas, que vem aser a nossa vida no lar?

Jesus a o lhou aten tamente ,demonstrando interesse sobre o que elafalaria, e a senhora acrescentou:

— Iniciamos o casamento como emum jardim cheio de lindas flores e depoisencontramos muitos espinhos. Nocomeço, tudo é paz e compreensão;porém, logo depois, surgem as pedras eos aborrecimentos.

Reparando que a senhora sesensibilizara até as lágrimas, Jesusrespondeu:

— O lar é a escola das almas, um lugardigno de respeito onde a sabedoriaDivina nos envolve e, pouco a pouco, nosleva a entender o que é a Humanidade,ou seja, que somos todos irmãos.

E, sorrindo, perguntou:— Inicialmente, o que faz antes de

servir o feijão em uma refeição?Asenhora respondeu, embaraçada:— Escolho, lavo e levo ao fogo para

cozinhar, depois tempero para ficarsaboroso.

Então Jesus disse:— Gostaria de servir pão cru em sua mesa?— De modo algum — respondeu humildemente a

senhora;— antes de servir o pão, ele já assou. Não possoservi-lo cru.

Jesus então acrescentou:— Existe também um banquete festivo na vida celestial,

onde nossos sentimentos devem servir a Deus. O lar, namaioria das vezes é o forno preparador. O que nos pareceaflição ou sofrimento dentro dele é solução para oaprendizado espiritual. O coração sintonizado com a vontadede Deus retira as mais luminosas bênçãos de suas lutasrenovadoras, porque, somente aí, de encontro uns com osoutros, examinando vontades e tendências que não sãonossas, observando defeitos alheios e suportando-os,aprendemos a desfazer as próprias imperfeições. Nuncanotou a rapidez da existência de um homem? A vida carnal éidêntica à flor da erva. Pela manhã emite perfume, à noite,desaparece... O lar é um curso ligeiro para a fraternidade de“amor ao próximo” que desfrutaremos na vida eterna. Ossofrimentos e conflitos naturais do dia-a-dia são lições.

Asogra de Simão escutou, atenciosa, e ponderou:— Senhor, há pessoas, porém, que lutam e sofrem; no

entanto, jamais aprendem.Jesus a olhou e tornou a falar:— O que faz com os grãos endurecidos de feijão que não

cozinham?— Ah! sem dúvida, os jogo no lixo, porque feririam a boca

de quem comesse.Então disse Jesus:— Ocorre o mesmo com a alma rebelde às sugestões

edificantes do lar. A luta comum mantém a fervura benéfica;contudo, quando chega a morte, os corações que nãocederam ao calor santificante, mantendo-se na mesmadureza (sem paciência e sem perdão), serão lançados fora, afim de permanecerem, por tempo indeterminado, nacondição de adubo, entre os resíduos da Natureza.

Texto adaptado por Silvana e ReinaldoBibliografia: - capítulo “A Escola das Almas” -psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Néio Lúcio.Ed. FEB, 7ª ed.,1949.Imagem: http://www.lavistachurchofchrist.org/Pictures/Standard%20Bible%20Story%20Readers,%20Book%20One/images/scan0078.jpg

Jesus no Lar

A escoladas Almas

Page 14: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

SeareiroSeareiro14

O homem progride materialmente e evolui moralmente.Assim é a nossa destinação.

Sabemos que reencarnamos em vários mundosdiferentes, não apenas na Terra e, que de acordo com anossa evolução moral, alcançaremos mundos moralmentesuperiores.

Comparemos a uma escola, onde cada aluno, de acordoc o m o c o n h e c i m e n t oadquirido, passa para umestágio de aprendizadosuper ior. É necessár ioaprender o alfabeto paraescrever uma redação. Istoo c o r r e c o m o n o s s odesenvolvimento moral. Aoadquirirmos o conhecimento,evoluímos para ter acesso anovos aprendizados.

Neste estágio em queainda nos encontramos,precisamos da reencarnação,pois, do contrário, apenasc o m o e s p í r i t o sd e s e n c a r n a d o s ,estacionamos. Daí dizermosque o reencarne é umaoportunidade concedida pelamisericórdia divina.

Com a pluralidade dasexistências, temos váriasoportunidades de conquistana escala da evolução moral.Em cada existência trazemosum pouquinho das nossas experiências e de acordo com anossa persistência no caminho do bem, temos como galgar acaminho da perfeição, que é o objetivo final dos homens.

O fator determinante para a escolha do mundo ao qual acriatura reencarnará será o grau de elevação moral em quese encontre, da mesma maneira que na escola terrena, ondenossa promoção vai depender da condição intelectual, doaprendizado.

Nos mundos superiores ao nosso, o corpo físico é maisleve, sutil e menos grosseiro do que os que estão nosmundos menos adiantados. A evolução material do corpocresce proporcionalmente ao crescimento moral do espírito.

Estas mudanças não acontecem só de um mundo paraoutro. Dentro do mundo em que se vive, as transformaçõestambém ocorrem, apenas que lentamente a ponto de àsvezes nem percebermos. Por exemplo, a Terra durante osúltimos milênios. Na idade da pedra o homem andava comoum quadrúpede e foi se aprimorando ao longo do tempo atéchegar ao que somos. Os pêlos do corpo foram se tornando

escassos, os sons emitidos pelo homem se desenvolveramaté que a linguagem verbal tornou-se um instrumentouniversal de comunicação entre os povos.

Segundo Agostinho em “O Evangelho Segundo oEspiritismo”, se pudéssemos acompanhar um mundo noinstante em que os primeiros átomos se agregaram, overíamos percorrer uma escala incessantemente

p r o g r e s s i v a . E m b o r aimperceptíveis para cadageração habitante, os grauspercorridos resultam namelhora da condição materialdos seus mundos.

Temos muito a aprender ecrescer ainda. Seguindo opensamento de Emmanuel:“

” EmmanuelFrancisco

C XavierV i vemos na Era da

In formação e estamosc o n h e c e n d o m u i t a snovidades no campo doprogresso material. Contudo,é mister que a evolução do

homem, no campo moral, caminhe ao lado deste progresso.Só assim haverá o equilíbrio e a tão almejada felicidade. Docontrário, estaremos fadados a cair no abismo de nossadesmesurada ambição.

A evolução dos mundos está atrelada à elevação moral deseus habitantes. Com a evolução e o progresso, as raçashumanas se transformarão e os espíritos, mais puros queoutrora, habitarão corpos mais etéreos.

Deus aguarda pacientemente a nossa caminhada, nós éque devemos ter a pressa da chegada. Agostinho em OEvangelho Segundo o Espiritismo, nos ensina que a Terratende a progredir, passando de um mundo de expiação a ummundo de regeneração, e então, os homens alcançarão afelicidade, porque a Lei de Deus se fará soberanamentepresente.

Se nos achamos acima dosn o s s o s s e m e l h a n t e sinferiores — os irracionais ,acima de nós se encontramos seres superiores daespir i tual idade, que sehierarquizam ao infinito e cujaperfeição nos competealcançar.

(livro “ ”,psicografia de

ândido )

RosangelaBibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec -Tradução Roque Jacintho. Ed. Luz no Lar, 2004.Imagem: http://veimages.gsfc.nasa.gov/174/BlueMarble.jpg

kardec em estudoKardec em Estudo

Questão 185 — O estado físico e moral dos seres vivos é perpetuamente o mesmo em cada mundo?“Não; os mundos também estão sujeitos à lei do progresso. Todos começaram, como o vosso, por um estado inferior e a própriaTerra sofrerá idêntica transformação. Tornar-se-á um paraíso, quando os homens se houverem tornado bons.”É assim que as raças, que hoje povoam a Terra, desaparecerão um dia, substituídas por seres cada vez mais perfeitos, poisque essas novas raças transformadas sucederão às atuais, como estas sucederam a outras ainda mais grosseiras.

Questão 185 — O estado físico e moral dos seres vivos é perpetuamente o mesmo em cada mundo?“Não; os mundos também estão sujeitos à lei do progresso. Todos começaram, como o vosso, por um estado inferior e a própriaTerra sofrerá idêntica transformação. Tornar-se-á um paraíso, quando os homens se houverem tornado bons.”É assim que as raças, que hoje povoam a Terra, desaparecerão um dia, substituídas por seres cada vez mais perfeitos, poisque essas novas raças transformadas sucederão às atuais, como estas sucederam a outras ainda mais grosseiras.

O Livro dos Espíritos - Capítulo “Da Pluralidade das Existências”O Livro dos Espíritos - Capítulo “Da Pluralidade das Existências”

Encarnação nos Diferentes Mundos

Page 15: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

O Espiritismo atribui enorme valor à prece. Jesus afirmouque estaria junto àqueles que orassem em seu nome e nãodiscriminou qualquer religião, seita ou maneira de orar.

A prece é ato de submissão e louvor a Deus origem detodas as coisas, cuja grandeza imensurável não podemosabranger com o nosso entendimento de criaturas no início dacaminhada para a perfeição espiritual, comprimidos queestamos entre a animalidade e a angelitude.

Deus é a suprema justiça e misericórdia, ao obedecermossuas leis estaremos escolhendo o melhor para nós próprios.Tudo o que vem do Pai é bom para os filhos, perante asrealidades espirituais que nem sempre conseguimoscompreender.

A prece, traço de luz que une a criatura ao Criador, devebrotar do coração com sentimentos de fé no Pai, em suamisericórdia, em seu amparo. Não importam as palavras quetraduzam esses sentimentos. Não será a beleza do verbo,nem sua extensão que a tornarão mais meritória. Importaunicamente nossos anseios verdadeiramente nobres.

: Não importa como, emnossa fé, configuramos a entidade superior a quem nosdirigimos, seja Zoroastro, Buda, Fo-Hi eTao, ou Maria deNazaré, Joana D'Arc, Mateus, Tiago e Pedro, ou Bezerra deMenezes, Euripedes Barsanulfo, ou mesmo um Totem, a luae o sol; estaremos em verdade buscando a Deus, supremainteligência do Universo, criador de todas as coisas.Seremos atendidos pelos prepostos de Jesus segundo asLeis Divinas.

A primeira pergunta formulada por Allan Kardec, em OLivro dos Espíritos: “Que é Deus?” os Espíritosresponderam: “É a suprema inteligência, causa primária detodas as coisas” e, concordam ao responderem a pergunta13, que “Deus é eterno, infinito, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom”, mas esclarecemque “há coisas acima da inteligência do homem maisinteligente para as quais a vossa linguagem, limitada àsvossas idéias e às vossas sensações, não tem expressõesadequadas”.

Por estes atributos podemos ter uma pálida idéia danatureza íntima de Deus, que nossa inteligência é incapazde conceber.

A prece é uma invocação, é o nosso apelo àEspiritualidade Superior, é busca de sintonia com os BonsEspíritos e, através deles, com Deus.

Ao orarmos em benefício de encarnados oudesencarnados, nosso pensamento que é força viva ecriadora irá ao encontro daquele para quem dirigimosnossas vibrações e que, com a ajuda da espiritualidade, seráveículo de paz, saúde e amor fraterno capaz de realizarextraordinárias modificações, comumente tidas comomilagres. Para nós espíritas, milagre é o efeito de causasque ignoramos, mas são conseqüentes de fatos naturais quenão conseguimos detectar com os conhecimentos da ciênciaoficial e que podem ser perfeitamente esclarecidos, atravésda mediunidade.

As Leis de Deus que regem o Universo físico e espiritualsão, necessariamente, perfeitas para que haja harmonia nacriação divina, sem a qual nada existiria.

Em prece somos agentes e intermediários de benefícios àencarnados e desencarnados, praticando a verdadeiracaridade em secreto, de maneira que a mão esquerda nãosaiba o que faz a direita.

Podemos, pelo exposto, compreender claramente aimportância de seguirmos o conselho de Jesus: “Orai evigiai”

Aprece pode encerrar pedidos de graças, de auxílios paranós e para outrem, encarnados e desencarnados. Devemospedir forças para superarmos nossas mazelas; pedir os donspreciosos da paciência, da resignação e da fé e nãobenefícios materiais, efêmeros e o mais das vezes inúteis ouprejudiciais ao verdadeiro bem de nosso espírito imortal.

Ela deve exprimir nossa gratidão, por vivermos no mundomaterial para evoluir através das provas e expiações, quenos propiciam o aprendizado e a redenção, quedesenvolvem a inteligência e a capacidade de amar asasque nos permitem vôos evolutivos. Gratidão pelo amparo,pela assistência dos amigos espirituais que nos orientam eguiam na jornada da carne. Gratidão pelo alívio das dores edas aflições que sabemos originadas por nós mesmosresultantes da “Lei daAção e Reação”.

É sempre benéfica porque aquele que pede recebe, o quebusca acha e as portas sempre se abrem para os que batemconfiantes na misericórdia divina.

Para os católicos, ao que nos parece, a oração serábenéfica somente para as almas que estiverem nopurgatório, uma vez que as que se encontram no céu não asnecessitam, mas poderemos a elas nos dirigir, para suplicarajuda. Por outro lado para as almas que estão no inferno denada adiantaria, pois, a sorte dessas criaturas, definitiva eeterna de sofrimento, não poderá ser modificada.

Nossos irmãos protestantes não oram pelos mortosporque foram destinados para o céu ou o inferno, semqualquer outra possibilidade, uma vez que não admitem aexistência do purgatório.

O entendimento de católicos e protestantes do pós-morteé resultante do conceito unicista da criação que admite umasó vida em corpo carnal que lhe é destinado para nascer eque ao morrer irá, depois da ressurreição no juízo final, parao céu, o inferno ou para o purgatório, para compartilhar das

——

,

,

A QUEM E POR QUEM ORAR

atualidadeAtualidade

A Força da Oração

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 15

Page 16: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

alegrias ou sofrimentos da alma.A concepção espiritista é pluralista, admite que Deus cria

todos os espíritos para, através das vidas sucessivas,aprenderem, aperfeiçoarem-se e evoluírem.

Evoluir é Lei Divina a que estão submetidos todos osespíritos que povoam o Universo.

A evolução da espécie humana, através das vidassucessivas, permitiu o desenvolvimento gradativo dopensamento, da inteligência, da razão e do livre-arbítrio e,com este, adquiriu a responsabilidade por seus atos, peranteas Leis Divinas ao alcançar a fase de , hámais de trinta mil anos, segundo os conhecimentos atuais daantropologia.

Com a morte, o espírito rompe os laços que o unem aocorpo carnal, liberta-se e passa a viver em outro plano, oespiritual, enquanto aguarda nova encarnação.

Esta nova visão, comprovada, do futuro, deu aos homensum novo ponto de vista para compreenderem aEspiritualidade e unirem o crer ao saber, permitindo encararde forma diferente a vida terrena e a vida na espiritualidade.

Conhecedores que somos da Lei da Ação e Reação querege com perfeição e absoluta justiça a vida na matéria e avida nos planos espirituais valorizamos as virtudesevangélicas, como o único patrimônio de real valor para avida eterna.

Estes conceitos nos dão absoluta confiança na força daoração.

: Para bem compreendermoscomo e por que a oração é preciosa dádiva divina, aoalcance de todos seres humanos, recordemos algunsensinamentos dos espíritos:

Somos seres emanantes. Permanentemente emanamosnosso pensamento, nosso sentimento, nosso “eu”. OsEspíritos há mais de um século e meio ensinaram,demonstraram e comprovaram de forma cabal e exuberante,que o pensamento é uma energia, portanto, matéria, poismatéria é energia concentrada.

Os pensamentos são emanações materializadas denossa alma (princípio inteligente, espírito, fagulha divina).São vibrações que se harmonizarão com aquelas que lhesforem semelhantes, tal qual um rádio emissor e receptor queemite e recebe na mesma onda. O dial de nossossentimentos, desejos e vontades determinarão a faixa deonda que emitiremos e, portanto, receberemos. Franciscode Assis em sua belíssima prece sintetizou esteconhecimento científico-espiritual dizendo: “É dando que serecebe”. Receberemos segundo o que dermos, captaremossegundo o que emitirmos.

Em outra configuração podemos dizer que em estado demaior elevação espiritual mais virtuosos estamos azuise quando em desequilíbrio ruptura das leis divinas porpensamento palavras e atos estaríamos vermelhos.

Assim, todos somos vermelho-azulado ou azul-avermelhado e ficaremos mais azul quando nossasvibrações são de caráter nobre, ou seja, concordes com osensinamentos de Jesus e mais vermelhos quando emsituação contraria.

Orar é elevar a alma para Deus através do pensamento,segundo o entendimento de cada um. Nossa oração será,portanto, resultado de nossas vibrações no momento.

Quando oramos com sentimento, fé e constrição, nossopadrão vibratório aumenta, emitimos mais em azul,sintonizamo-nos com entidades espirituais mais elevadas evivemos esses momentos em faixa vibratória superior anossa habitual. Sentimos, então, um bem estar intenso,extremamente agradável, próprio dos espíritos maisadiantados; nossas emanações fluídicas, altamentepotencializadas pela ação das entidades amigas, atingirão oobjetivo de nosso pensamento.

: Oremos seguindo as recomendações deJesus em secreto, sem ostentação.

Antes de orar devemos perdoar aos nossos devedores,para que sejamos também perdoados. Nada deressentimentos, mágoas ou qualquer outro sentimentocontrário à fraternidade e à caridade.

A parábola do fariseu e do publicano, em oração nasinagoga, demonstra claramente, a supremacia dosentimento, da humildade e da submissão aos desígnios doPai, sobre as convenções e rituais. O fariseu oravamenosprezando o publicano, enaltecendo a si mesmo evalorizando o jejum e a doação do dízimo. O publicano,humildemente, rogava a Deus para que tivesse piedadedele, que era um pecador. Jesus conclui dizendo que opublicano foi justiçado (sua prece sincera foi considerada),enquanto o fariseu não o foi. Reafirmando que “todo aqueleque se eleva será humilhado e todo aquele que se humilhaserá exaltado”.

A verdadeira prece deve partir do coração, com plenaconsciência dos pensamentos emanados, e jamais sersimples repetição automática de frases decoradas.

Não será a extensão das orações que terá valor; o queimporta são o sentimento e a intenção. Mais vale um sinceroapelo de apenas algumas palavras do que a recitação decentenas, repetidas mecanicamente.

Não é recomendável a permanência por horas pedindoauxilio à espiritualidade em atitude de prece, sem,entretanto, conseguir a elevação de pensamento necessárioa uma verdadeira oração. Evitemos essas mentalizações,geradas pelo desequilíbrio, as quais em nada nosbeneficiarão e podem nos prejudicar, por favorecer sintoniasindesejáveis.

Orar sempre com espontaniedade, com palavrascompreensivas e realmente sentidas; quando decoradasdevem ser ditas com plena e total consciência do seu

significado, com constrição e sentimento.Jamais cobrar, reclamar ou externar

desagrado Por que isso acontececomigo? Não agüento mais. Eu nãomereço. Nunca fiz mal a ninguém. assimcomo fazer pedidos descabidos ou quepossam ser prejudiciais a outros.

Procuremos falar com a espiritualidademeditando sobre nossos erros, pedindo luzp a r a b e m c o m p r e e n d e r m o s o sensinamentos do Evangelho e termos asforças necessárias a fim de superarmosnossas dificuldades, sufocarmos nossas

— ———

Homo sapiens

MECANISMO DA ORAÇÃO

COMO ORAR

SeareiroSeareiro16 SeareiroSeareiro16

VISITE NOSSO SITEVISITE NOSSO SITE www.espiritismoeluz.org.brVocê poderá obter

informações sobre oEspiritismo, encontrar

matérias sobre aDoutrina e tirar dúvidassobre Espiritismo por e-

mail. Poderá tambémcomprar livros espíritas

e ler o Seareiroeletrônico.

Page 17: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

mazelas e aprendermos a cultivar asvirtude evangélicas.

Oremos em benefício dos que sofremdores e aflições físicas, morais oupsíquicas, emitindo pensamentos desaúde, coragem, paz, fé e esperança.

Pedi e obtereis, disse Jesus.Entretanto, muitas vezes clamamos quenão fomos atendidos. Esquecemos quea ajuda virá no momento oportuno e que, com freqüência,não relacionamos a nossa súplica a certos acontecimentoscomo, por exemplo, depois de consultarmos vários médicos,procuramos um profissional, recomendado por um amigo,que acerta o diagnóstico e o tratamento, mas consideramoscomo obra do acaso.

Outras vezes, realmente não somos atendidos, porque,se o fôssemos, ser-nos-ia prejudicial. Quantas vezes,passado algum tempo, percebemos o erro da nossa rogativae damos graças a Deus, por não nos ter atendido.

Em certas ocasiões não somos atendidos porque asdificuldades, aflições ou sofrimentos eram o remédio para acura de nossa alma doente em conseqüência de errospraticados no passado, recente ou remoto (em outraencarnação), portanto, em nosso benefício e de plenoacordo com a Lei da Ação e Reação que esclarece osensinamentos do sermão do monte.

Recolhidos em nosso quarto procuremos manter oambiente com música suave que toque nosso coração,deixando-nos envolver em seus acordes sublimes. Nossaprece não será atendida pela multidão de palavras ou rituais,mas sim pela pureza e veracidade de nossos sentimentos,destituídos de vaidade e orgulho.

A prece é ato de devoção, respeito, submissão, caridade,compromisso e súplica.

Nela externaremos nossos sentimentos de respeito àsLeis Divinas, de compreensão da justiça e misericórdia doPai. Rogaremos em benefício de encarnados edesencarnados para que sejam amenizados os sofrimentos,iluminadas as mentes e pacificados os corações.Agradeceremos as dádivas recebidas cotidianamente, emespecial às vitórias obtidas diante das tentações e asoportunidades que nos foram dadas de aprendizado eressarcimento dos erros cometidos no passado recente ouremoto (em outras vidas). Pediremos forças para vencernossas mazelas, amparo, proteção e saúde do corpo e daalma.

A leitura de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” ou demensagens e temas espiritualizados que nos ilustrem e nosmotivem a sentir e praticar as virtudes evangélicas, será degrande valia.

Lembremo-nos de que, com certeza, não estamossozinhos. Entidades amigas ali se encontram para nosauxiliarem. Elas magnetizarão a água do recipiente quepreviamente preparamos enriquecendo-a com fluidosbenéficos para o nosso corpo e nossa alma.

Muitas vezes espíritos infelizes, doentes da alma, nosacompanham usufruindo, também eles, os benefícios dessemomento de paz.

Há pessoas que, em certos dias encontram dificuldade emse concentrar, pois o pensamento é dispersivo e conturbado.Sugerimos orarem em voz alta para facilitar a concentração.

: Orar significa buscar sintonia comas esferas mais elevadas. Deve ser ato constante em nossasvidas, pois, nos favorece na assimilação dos fluidosespirituais que fortificam o corpo e a alma. Favorece aintuição que nos permite “ouvir” a orientação das entidades

mais elevadas.Oremos sempre que sentirmos necessidade de auxílio da

Espiritualidade. Oremos sempre que houver motivo paraagradecer benefícios obtidos.

Ao levantarmo-nos, agradecemos o amparo recebidodurante o sono, e roguemos ao Senhor que nos livre dosmales, das tentações e que nos guarde durante o dia que seinicia.

Orar antes de dormir eleva nosso padrão vibratório e nosprepara para uma vivência útil, durante o sono, quando,nosso espírito, parcialmente liberto dos laços canais,desprende-se e nós passamos a viver em planos espirituais,coexistindo, nessas esferas, com os desencarnados;estaremos diante de situações semelhantes às de nossavivência durante a vigília, portanto, sujeitos aos males e àstentações e nos identificaremos e conviveremos comentidades e ambientes, de maior ou menor elevação,segundo nossos objetivos, que revelarão nosso real padrãovibratório.

Diante do exposto, podemos compreender claramente aimportância de seguirmos o conselho evangélico: “Orai evigiai”.

Acreditamos, como aconselha o Espírito André Luiz nolivro “No Mundo Maior”, ser de boa prática termos ummomento para orar, diariamente, sempre à mesma hora.Assim, nos prepararemos psiquicamente para buscar aespiritualidade com tranqüilidade e tempo para,verdadeiramente, sintonizarmo-nos com as entidadesamigas, em ambiente e condições da mente e do coraçãoadequados para vivenciarmos esse período de sublimebeleza.

Sempre recomendamos, aos que possam, orarem às 9hda manhã sintonizando-se com o Espírito EurípedesBarsanulfo e milhares de outras pessoas, geralmenteespíritas, que a essa hora estão em prece, formando umgrandioso grupo fraterno, unido em pensamento a esseEspírito Superior.

O foco irradiante primário e principal localiza-se emSacramento, pequena cidade de Minas Gerais, ondenasceu, viveu, exemplificou e desencarnou esse Missionárioda Mediunidade, um verdadeiro cristão.

Leitor(a) amigo(a), ao encerramos queremos convidá-lo(a) (como fizemos em nosso livro “Aos que ficaram”) aunirmos pensamentos e ofertamos ao Pai nossas dores eaflições, nossas esperanças e alegrias, nossos anseios e fé.Conscientes de que a vida objetiva a evolução de nossosespíritos, viajores que somos, ao longo da eternidade embusca da perfeição.

Supliquemos:Deus causa primária de todas as coisas, soberanamente

justo e bom, dai-nos forças para, através da prática dosensinamentos de Vosso filho Jesus, termos, um dia, o Vossoreino e vivermos na paz e na harmonia dos Bons Espíritos.

Pai, seja feita a Vossa vontade, pois, Vós sabeis o que émelhor para nosso real benefício. Fortificai nossoentendimento para compreendermos as coisas daespiritualidade e aprendermos a suportar as dificuldades davida, para bem aproveitarmos as provas e expiações desta

MOMENTO DE ORAR

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 17

Livros básicos da doutrina espírita. Temos os 417 livrospsicografados por Chico Xavier, romances de diversos

autores, revistas e jornais espíritas. Distribuição permanentede edificantes mensagens.

Praça Presidente Castelo Branco - Centro - Diadema - SPTelefone (11) 4043-4500 com RobertoHorário de funcionamento: 8 às 19h30

Segunda-feira à Sábado

Livros básicos da doutrina espírita. Temos os 417 livrospsicografados por Chico Xavier, romances de diversos

autores, revistas e jornais espíritas. Distribuição permanentede edificantes mensagens.

Praça Presidente Castelo Branco - Centro - Diadema - SPTelefone (11) 4043-4500 com RobertoHorário de funcionamento: 8 às 19h30

Segunda-feira à Sábado

Banca de Livros Espíritas “Joaquim Alves (Jô)”Banca de Livros Espíritas “Joaquim Alves (Jô)”

Page 18: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

encarnação.O alimento do Espírito e do corpo não nos falte para

continuarmos nossas tarefas, munidos das forçasnecessárias.

Senhor, socorrei-nos para que saibamos perdoar aosnossos inimigos; só assim, seremos, por nossa vez, dignosdo Vosso perdão.

Dai-nos o trabalho redentor e a oportunidade de

aprendermos a amar nossos semelhantes e desafetos, aolongo das vidas sucessivas.

Ajudai-nos a romper as amarras que nos prendem aopassado delituoso e a vencer o mal que existe em nóspróprios para que possamos seguir pela estrada do bem, embusca do Vosso Amor, com Jesus.

Homero Moraes BarrosImagem: http://www.antiochwesleyan.org/images/AWC

%20Templates/Church%20Art/Jesus%20pray.jpg

Até o presente momento temos vivido equivocadamente,passamos por várias encarnações e continuamos até hojepreocupados com o futuro, esquecidos que o hoje é resultadodo ontem e que o amanhã será o resultado do hoje, por isso,se desejamos um mundo ou futuro melhor comecemos avivenciá-lo agora.

Salientamos que estas colocações não são nossas, pois,assim como tantas criaturas carecem de esclarecimentos,nós também necessitamos, apenas estamos passandoadiante aquilo que recebemos, a necessidade deaprendizado é de todos nós.

Continuando a buscar informações que auxiliem a nosmelhorarmos, acabamos por entender que o conhecimentoque adquirimos até agora é ínfimo; por mais progresso quetenhamos realizado no campo intelectual e da ciência comoum todo, somos ainda uma gota de água no oceano e, quantoao desenvolvimento no campo moral, somos uma partículada gota, o que nos faz pensar ao contrário nada mais é do queo nosso orgulho achando que o Universo gira em torno denós.

Não estamos sabendo realizar nem as coisas mais simplesda vida — isto dito do nosso pequeno ponto de vista — aeducação, porque na verdade é a parte essencial da vida, epara mostrar o quanto estamos falhando nesse sentido,reproduziremos uma outra questão e sua respectivaresposta contida no livro “O Consolador”.

Com o objetivo de corroborar o acima exposto, vamosreproduzir o final do capítulo “Proteção” do livro “Missionáriosda Luz”, referente ao período infantil.

Poderíamos relatar agora a maneira pela qual estamosvendo o desenrolar de nossa sociedade ou das nossasatitudes no tocante aos cuidados com nossos filhos e comnossa família, mas, talvez ficasse a impressão de quequiséssemos vilipendiar as pessoas; não é esta a nossaintenção e, para que cada um se auto-analise quanto ao seuprocedimento e discernimento entre o certo e o erradotranscreveremos abaixo trecho de um diálogo em famíliaretirados do mesmo livro já citado, para nossa reflexão.(capítulo Reencarnação)

“109 - O período infantil é o mais importante para a tarefaeducativa?

— O período infantil é o mais sério e o mais propício àassimilação dos princípios educativos.

Até aos sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase deadaptação para a nova existência que lhe compete nomundo. Nessa idade, ainda não existe uma integraçãoperfeita entre ele e a matéria orgânica. Suas recordações doplano espiritual são, por isso, mais vivas, tornando-se maissuscetível de renovar o caráter e estabelecer novo caminho,na consolidação dos princípios de responsabilidade, seencontrar nos pais legítimos representantes do colégiofamiliar.

Eis porque o lar é tão importante para a edificação dohomem, e porque tão profunda é a missão da mulher peranteas leis divinas.

Passada a época infantil, credora de toda vigilância ecarinho por parte das energias paternais, os processos deeducação moral, que formam o caráter, tornam-se maisdifíceis com a integração do Espírito em seu mundo orgânicomaterial, e, atingida a maioridade, se a educação não sehouver feito no lar, então, só o processo violento das provasrudes, no mundo, pode renovar o pensamento e a concepçãodas criaturas, porquanto a alma reencarnada terá retomadotodo o seu patrimônio nocivo do pretérito e reincidirá nasmesmas quedas, se lhe faltou a luz interior dos sagradosprincípios educativos.

Mas, na véspera do nascimento da nova forma física deSegismundo, lá compareci, em companhia do meu venerávelorientador, que fazia questão de cooperar para ofortalecimento maternal, no momento culminante.

Depois de prolongados esforços em que senti, mais umavez, a sublime glorificação da esposa-mãe, Segismundorenascia...

Assombrado com a vigorosa assistência espiritual que anossa esfera dispensava ao assunto, ouvi Alexandre falarcomovido:

— Está pronto o serviço de reencarnação inicial. O trabalhocompleto, com a plena integração de nosso amigo noselementos físicos, somente se verificará de agora a seteanos!

Admirado e enternecido em minhas fibras mais íntimas,envolvi-me nas preces de agradecimento que formulávamosao Senhor, reconhecendo o tesouro divino que constituía adádiva dum corpo carnal para a nossa experiência eaprendizado na superfície da Terra.”

“— Mamãe, por que o papai está triste?O dono da casa ergueu o rosto, com admiração, ao passo

que a senhora respondia comovida:— Não sei, Joãozinho. Ele deve estar preocupado com os

negócios meu filho.— E que são “negócios”, mamãe? tornou a criança

ingênua.— São as lutas da vida.O menino fitou a mãezinha, com atenção e perguntou:— Papai fica alegre nos negócios?— Fica, sim — respondeu a senhora, sorrindo.— E por que fica triste em casa?Enquanto o pai seguia o diálogo, sob forte impressão, a

genitora carinhosa esclareceu a criança, com paciência:— Nas lutas de cada dia, Joãozinho, teu pai deve estar

contente com todos e não deve ofender a ninguém.Entretanto, o que te parece tristeza é o cansaço do trabalho.Quando ele volta ao lar traz consigo muitas preocupações.Se na rua deve teu pai mostrar cordialidade e alegria a todos,de modo a não ferir os demais, não acontece o mesmo aqui,onde se encontra à vontade para refletir nos problemas que ointeressam de perto. Aqui, é o lar, meu filho, onde está comdireito de não esconder as preocupações mais íntimas...

A criança escutou, atenta, dividindo os olhares afetuosos

Período Infantil

SeareiroSeareiro18

Page 19: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

entre pai e mãe, e tornou:— Que pena, hein, mamãe?O chefe da pequena família, tocado nas fibras recônditas

da alma pela ternura do filhinho e pela humildade sincera dacompanheira, sentiu que a nuvem de sombra dos seuspróprios pensamentos dava lugar a repousantes sensaçõesde alivio confortador. Sorriu, repentinamente transformado, edirigiu-se ao pequeno, com nova inflexão de voz:

— Que idéia é essa, Joãozinho? Não me sinto entristecido.Estou, aliás, satisfeitíssimo, como no último dia de nossopasseio à serra! Tua mãe explicou muito bem o que se passa.Quando teu pai estiver silencioso não quer dizer que seencontra desalentado. Por vezes, é preciso calar para pensarmelhor.

A dona da casa mostrou largo sorriso de satisfação,observando a mudança brusca do companheiro. O menino,por sua vez, não disfarçava o júbilo no semblante infantil, eassim que o pai terminou as explicações afetuosas, sempreenvolvido nas irradiações magnéticas do bondoso instrutor,dirigiu-se novamente ao chefe da casa, perguntando:

— Papai, por que você não vem rezar, de noite, comigo?O genitor trocou expressivo olhar com a esposa e falou ao

pequenino:— Tenho tido sempre muito serviço à noite, mas voltarei

hoje mais cedo para acompanhar tuas preces.E sorrindo, com paternal alegria, acrescentou:— Já sabes orar sozinho?O pequeno redargüiu, satisfeito:— Mamãe ensina-me todas as noites a

rezar por você. Quer ver?E, abandonando o talher, instintivamente

olhou para o alto, de mãos postas, e recitou:— “Meu Deus, guarda o papai nos

caminhos da vida, dá- lhe saúde,tranqüilidade e coragem nas lutas de cadadia!Assim seja!”

O genitor, que se apresentara tãoimpenetrável e rude a princípio, mostrou osolhos rasos d'água, sensibilizado nasfibras mais íntimas, e, fixando ternamenteo filho, murmurou:

— Estás muito adiantado. Hoje,Joãozinho, rezarei também.

De alma desanuviada agora, Adelinocontemplou a companheira, orgulhosode possuir-lhe o devotamento, e acentuou:

—Apalestra do João fez-me enorme bem.Trazia o coração desalentado, opresso. Eu mesmo não

saberia definir meu estado d'alma... Há muitos dias, minhasnoites são agitadas, cheias de aflições e pesadelos! Tenhosonhado sistematicamente que alguém se aproxima de mim,na qualidade de vigoroso inimigo. Por vezes, rendo graças aDeus, ao despertar pela manhã, porque me sinto mais àvontade, enfrentando as máscaras humanas, que lutando,noite inteira, em sonhos cruéis...

Aesposa, admirada, observou, carinhosa:— Creio que deverias descansar um pouco...Comovido, ante a delicadeza da mulher,Adelino continuou:— Tenho tido receio de mim mesmo! Tão logo me acomodo

no leito, sinto instintivamente que uma sombra se aproximade mim. Adormeço sob incrível ansiedade e o pesadelocomeça, sem que eu saiba explicar conscientemente coisaalguma.

— E os sonhos são sempre os mesmos? — indagou aesposa, solícita.

— Sempre respondeu ele, com emoção — vejo que um

homem se aproxima de mim, estendendo as mãos, àmaneira dum mendigo vulgar a implorar socorro, mas, ao lhefixar a fisionomia, inexplicável terror invade-me o espírito...Tenho a impressão de que ele deseja assassinar-me pelascostas... Em certas ocasiões, tento estender-lhes as mãos,vencendo a impressão de pavor: entretanto, fujo sempre,num misto de ódio e repugnância! oh! que pesadelos terríveise longos!

E, modificando o tom de voz, acrescentou:— Admito esteja eu sob fortes desequilíbrios nervosos,

sem atinar com motivo...— Por que não se submeter ao necessário tratamento

médico? — perguntou a esposa afetuosa.O marido pensou alguns momentos, como se o seu espírito

vagueasse através de longínquas recordações. Em seguida,fixando na companheira os olhos muito brilhantes, acentuou:

— Talvez não precise recorrer a facultativos. É possívelque o nosso filhinho esteja com a razão... As lutas grosseirasdo mundo impuseram-me o esquecimento da fé em Deus. Háquantos anos terei abandonado a oração?

De olhos molhados e pensativos, prosseguiu:— Quando menino, minha mãe me educava na ciência da

prece. Ensinando a curvar-me diante da vontade doAltíssimo, sentia a Bondade Divina em todas as coisas eajoelhava-me confiante ao pé de minha carinhosa genitora,implorando as bênçãos do Alto... Depois, vieram as emoções

dos sentidos, o duelo com os maus, a experiênciadifícil na concorrência ao pão de cada dia...

Desde então perdi a crença pura, quesinto necessidade de retomar...

A esposa enxugou os olhos,comovida. Há muitos anos não

observava no companheiro semelhantesdemonstrações emotivas. Ergueu-se,

emocionada, e falou com ternura:— Volte hoje mais cedo para orarmos

juntos.E procurando imprimir notas de alegria à

conversação, chamou o fi lhinho apronunciar-se acrescentando:

— Hoje, Joãozinho, papai rezaráconosco.

I luminou-se o semblante dopequenino de intraduzível alacridade.

Contemplou a mãezinha, enternecido, eobservou:

— Então, mamãe, farei todas as orações que eu já sei.Após o jantar, experimentando disposições diferentes,

Adelino despediu-se com delicadeza que Herculanoclassificou de inabitual.”

Como podemos observar é um lar com seus problemas,onde seus componentes procuram se fortalecer no Amor.Vemos um pai arrependido, relembrando o que recebeu nainfância e uma mãe e esposa valorosa sustentando o larconfiante no Amor Divino, semeando no filho os sentimentosreligiosos, que serão sua base de sustentação para a vida.

Fica então uma pergunta, e nós? O que estamos fazendo?— A resposta está diante de nossos olhos, basta querermosenxergar.

Que saibamos buscar o que é verdadeiro no Evangelho doCristo e não nos bens materiais.

Roberto CunhaBibliografia: Francisco Cândido Xavier, pelo espíritoEmmanuel. Ed. FEB. Francisco CândidoXavier, pelo espírito André Luiz. Ed. FEB.Imagem: http://www.portaldafamilia.org/images/a14920.gif

O Consolador; Missionários da Luz -

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 19

Page 20: seareiro 12 2007 - espiritismoeluz.org.br · Geni Maria da Silva José Roberto Amado ... que até aqueles dias passados não tinha um nome definido. ... nunca havia trabalhado!

FE

CH

AM

EN

TO

AU

TO

RIZ

AD

O-

Po

de

ser

aber

top

ela

EC

T

Órg

ão

div

ulg

ador

do

Núcl

eo

de

Est

udos

Esp

írita

s“A

mor

eE

spera

nça

”C

aix

aP

ost

al 4

2D

iadem

a-

SP

09910-9

70

Dest

inatá

rio

...

...

CO

RR

EIO

S...

...

CO

RR

EIO

S

Imp

ress

oE

spec

ial

9912164885

-D

R/S

PM

SE

AR

EIR

O

Mudou-s

eF

ale

cido

Desc

onheci

do

Ause

nte

Recu

sado

Não

pro

cura

do

Endere

çoin

sufic

iente

Não

exi

ste

núm

ero

indic

ado

Info

rmaçã

oesc

rita

pelo

port

eiro

ou

síndic

o

Rei

nte

gra

do

no

serv

iço

po

stal

em

Em

___/

___/

___

Res

po

nsá

vel

___/

___/

___

PA

RA

US

OD

OS

CO

RR

EIO

S