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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
ANA LIDIA OSSAK
FOTOSSÍNTE: O QUE FALAR QUER DIZER
MARINGÁ
2008
ANA LIDIA OSSAK
FOTOSSÍNTE: O QUE FALAR QUER DIZER
Trabalho de conclusão da Produção Didática Pedagógica na Escola apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, como parte dos requisitos de conclusão do curso.
Orientadora: Profª. Drª Luzia Marta Bellini
MARINGÁ
2008
SUMÁRIO 1. IDENTIFICAÇÃO ................................................................................................... 2 2. TEMA DE ESTUDO DA INTERVENÇÃO ................................................... 2 3. TÍTULO ............................................................................................................. 2 4. JUSTIFICATIVA DO TEMA DE ESTUDO ....................................................2
4.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................................4 4. 2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................4
3. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO ..................................................................................... 4 4. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................5
4.1 Pesquisa bibliográfica e análise dos recursos da retórica clássica e da Nova Retórica de acordo com o gênero epidíctico .......................................................5
4.2 Argumentação empírica do professor em uma aula de Ciências sobre a nutrição da planta (OSSAK, 2006) ................................................................................. 12
4.3 Recursos retóricos que poderão auxiliar o professor em sua atividade diária de argumentar: Análise dos recursos e modos de amplificação do discurso ..........12
4.4 Debate com os professores de Ciências do Colégio Estadual Rui Barbosa de Iguatemi, Maringá, sobre os diferentes aspectos a respeito da importância do estudo da retórica para o aprimoramento da argumentação do professor ..........12
4.5 Sugestões de encaminhamentos de recursos metodológicos e retóricos para a Unidade Didática ...............................................................................................12
I – DISCUSSÕES – questionamentos – atividades práticas .............................. 13
ATIVIDADE PRÁTICA 1 Transpiração dos vegetais ........................ 15 ATIVIDADE PRÁTICA 2 – Planta aquática ........................................ 17 ATIVIDADE PRÁTICA 3 Órgãos vegetais ......................................... 19 ATIVIDADE PRÁTICA 4 Microscopia citológica ............................. 21 ATIVIDADE PRÁTICA 5 Maquete: xilema e floema ........................ 23
1) O conhecimento físico: os objetos e suas relações ................ 27 2) O conhecimento lógico-matemático: ações sobre objetos ..... 29 ATIVIDADE PRÁTICA 6 Fotossíntese: o que falar quer dizer ......... 32 II – ATIVIDADES de leitura ..............................................................................34 1) O alimento das plantas ...................................................................... 35 2) Fotossíntese, dúvida de um sabiá. ..................................................... 36 3) Por que... o girassol gira com a luz do Sol? ...................................... 36 III - ATIVIDADE Musical ................................................................................37
IV – ATIVIDADE DE RECONSTRUÇÃO DO APRENDIZADO: Estudo dirigido ......................................................................................................... 37
V – ATIVIDADE DE AVALIAÇÃO – Mapa conceitual ................................ 38 VI – ATIVIDADE COMPLEMENTAR ......................................................... 39
a) Terrário: Aula prática ........................................................................ 39 b) para os alunos ................................................................................... 39 c) para o professor ................................................................................. 39
4.6 Provocar os professores na busca da reflexão a respeito da importância do aprimoramento da argumentação para o trabalho docente durante as aulas de ciências ...............................................................................................................39
4.6.1 Encontro de área em curso de extensão universitária durante a hora-atividade do professor de acordo com proposta vinculada à Instituição de Ensino Superior - UEM. ........................................ 40
5. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 41
1. IDENTIFICAÇÃO
1.1. Professor PDE: Ana Lidia Ossak
1.2. Área: Ciências
1.3. NRE: Maringá
1.4. Professora Orientadora IES: Profª. Drª. Luzia Marta Bellini.
1.5. IES: Universidade Estadual de Maringá - UEM.
1.6. Escola de Implementação: Colégio Estadual Rui Barbosa–EFM, Maringá.
1.7. Publico alvo da intervenção: Professores de Ciências.
4. TEMA DE ESTUDO DA INTERVENÇÃO:
A argumentação no Ensino de Ciências – Aspectos Teóricos e Práticos.
5. TÍTULO:
FOTOSSÍNTE: O QUE FALAR QUER DIZER
4. JUSTIFICATIVA DO TEMA DE ESTUDO
A presente produção pedagógica para a educação básica encontra-se no formato de
unidade didática. Ou seja, é composta por abordagem de uma única unidade de um
mesmo tema. Neste caso, apresenta fundamentação teórica a respeito da linguagem e a
argumentação do professor no Ensino de Ciências. Além de atividades propostas
aplicáveis em sala de aula. As quais enfocam a nutrição vegetal e a fotossíntese, tema
vinculado à Diretriz Curricular da Educação Básica do Paraná (DCE, 2008) de Ciências.
Sabe-se que o mundo está estruturado na linguagem que expressa um sentido comum
aos que a utilizam. O ente da linguagem apresenta um sentido a quem fala e a quem a
ouve e a interpreta. Conversar e convencer é atividade essencial na vida humana e
especialmente na atividade de docência. Todo professor é um professor de linguagem –
da química, da Física, da Biologia – e essa reflete os conhecimentos comuns da
comunidade nas quais determinados sujeitos estão inseridos.
O professor ensina o aluno a falar, não apenas como um meio de comunicação; ele
promoverá mudanças em seu raciocínio lógico; conduzirá o pensamento a uma
determinada direção, por um caminho seguro. Para isso, precisa conhecer o caminho a
ser percorrido. Ele precisa estudar a estrutura da retórica em didática, ou seja, da arte de
instruir e de ensinar. Dessa maneira melhorará sua condição de conduzir o aluno ao
conhecimento pelo raciocínio lógico, ao logos.
Nesse sentido, o presente estudo nasceu da necessidade de conhecer como se dá a
argumentação em sala de aula no contexto das aulas de Ciências. O objetivo geral foi
examinar como inserir a retórica na didática do Ensino de Ciências. Para esta tarefa será
imprescindível o levantamento de referencial teórico a respeito da retórica e do papel
dos argumentos na situação de ensino. A literatura básica dos estudos de Aristóteles,
Lakoff e Johnson (2002), Breton (2003), Reboul (2004) e de Perelman (2004; 2005).
Muitos profissionais da educação buscam diferentes procedimentos que os conduzam a
uma maior eficácia em suas aulas. Procuram, ainda, um maior
comprometimento/atenção dos alunos ao que lhes ensinam. O professor – protagonista
da aula – em sua conduta discursiva comunica o conhecimento escolarizado. A ele
compete à tarefa de apresentar o nível culto da linguagem falada ou escrita e de
aproximá-la da linguagem escolarizada, sem excluí-la ou valorizá-la além do necessário.
O professor precisa construir sua retórica o seu “ser professor”; precisa aprender/saber
como se portar frente a seu auditório; como envolver-se com seus ouvintes; como falar
com clareza. Precisa, ainda, se comprometer com atitudes de orador proficiente, a
pensar no aluno; “o porquê” dele ensinar assim, ou de outra maneira.
Dessa maneira, consideramos relevante a importância de o professor buscar auxílio na
teoria retórica a fim de conseguir melhores resultados na sua capacidade de expressar-se
distintamente e aprimorar o exercício argumentativo de suas aulas. O presente trabalho
preocupa-se com uma questão geral do ensino – a argumentação do professor –
relacionado, em princípio, ao conteúdo estruturante energia; o qual enfoca conteúdo
básico a conversão e transmissão de energia; a nutrição das plantas e a fotossíntese.
4.1. OBJETIVO GERAL:
- Investigar a Teoria da Argumentação e sua relevância para o Ensino de Ciências.
4. 2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Selecionar recursos bibliográficos a respeito da Argumentação e da Retórica.
- Verificar a argumentação empírica do professor em uma aula de Ciências sobre a
nutrição da planta e a fotossíntese (OSSAK, 2006).
- Identificar os principais recursos retóricos que poderão auxiliar o professor em sua
atividade diária de argumentar.
- Discutir com professores de Ciências, Biologia, Química, ou Geografia, do Colégio
Estadual Rui Barbosa de Iguatemi, Maringá, os diferentes aspectos a respeito da
importância do estudo da Retórica para o aprimoramento da argumentação do professor.
3. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
As etapa propostas para esta pesquisa são:
a) Pesquisa bibliográfica e análise dos recursos da retórica clássica e da Nova
Retórica de acordo com o gênero epidíctico;
b) Verificar a argumentação empírica do professor em uma aula de Ciências sobre a
nutrição da planta (OSSAK, 2006).
c) Identificar os principais recursos retóricos que poderão auxiliar o professor em
sua atividade diária de argumentar.
d) Discutir com professor de Ciências do Colégio Estadual Rui Barbosa de
Iguatemi, Maringá, os diferentes aspectos a respeito da importância do estudo da
retórica para o aprimoramento de sua argumentação.
e) Proposição de sugestões de encaminhamentos de recursos retóricos para uma
aula;
f) Provocar o professor (interlocutor) na busca de reflexão a respeito da importância
do aprimoramento da argumentação para o trabalho docente durante as aulas de
ciências. Para isso poderemos:
� Propor um Curso de Extensão Universitária – UEM com encontros durante a
hora-atividade do professor num total de 32h.
� Registrar e analisar alguns momentos da argumentação do professor em sala
de aula. Os professores analisam seus desempenhos; propõem sugestões de
melhoria na atividade argumentativa.
� O estudo contará, ainda, com a participação de professores interessados das
diferentes disciplinas como Biologia, geografia, química, ou outros, a fim de
promover a interdisciplinaridade.
g) Apresentar um artigo científico a fim de divulgar a importância da retórica para o
Ensino de Ciências e de como a argumentação deva ser utilizada pelos professores.
4. DESENVOLVIMENTO
4.1 Pesquisa bibliográfica e análise dos recursos da retórica clássica e da Nova Retórica de acordo com o gênero epidíctico
O ensino não pode prescindir da pedagogia; e toda pedagogia é retórica (REBOUL, 2004, p. 104).
O primeiro enfoque para esse estudo foi a Teoria da Argumentação. “O campo da
argumentação é o do verossímil, do plausível, do provável, na medida em que este
último escapa às certezas do cálculo” (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2005, p. 1).
Neste campo tratamos da comunicação e, conseqüentemente, da linguagem. A
linguagem aqui empregada e o exame das figuras de retórica são recursos cognitivos
como demonstram Reboul (2004). Para esses estudiosos, a linguagem não se processa
desvinculada do pensamento, em outras palavras, a fala e a escrita são recursos
diretamente ligados à nossa percepção, pensamento e ação no mundo. Assim, saber
argumentar é uma necessidade, lembra Breton (2003).
Argumentar é comunicar e esta situação implica em parceiros e mensagens; argumentar
não é convencer a qualquer preço, pois isto supõe uma ruptura com a retórica. Segundo
Breton, a retórica tem seus meios de persuadir sem a sedução, a violência ou a
manipulação; afirma que “argumentar é racionar, propor uma opinião aos outros dando-
lhes boas razões para aderir a ela” (BRETON, 2003, p. 26).
A Retórica clássica herdada de Aristóteles se constituiu em uma maneira de se organizar
um discurso para que fosse eficaz e persuasivo. A retórica clássica propunha, segundo
Perelman (2004, p.177) “estudar os meios discursivos de ação sobre um auditório, com
o intuito de conquistar ou aumentar sua adesão às teses que se apresentavam ao seu
assentimento”.
No trabalho em parceria com Lucie Olbrechts-Tyteca, Perelman (2004, p. 58) discutiu a
adesão que o orador obtém por meio da argumentação. Perelman lista quatro condições
prévias da argumentação no estudo do discurso: a existência de uma linguagem comum;
o desejo do orador de se comunicar; o fato de o orador valorizar a opinião do auditório e
a disposição do auditório de ouvir o orador.
Compete ao professor a adequação de seus argumentos em cada situação de ensino.
Neste sentido, Mazzotti aponta que “a arte do orador está em considerar o já admitido
pelos auditores para encaminhar os seus argumentos, donde não se pode falar para
qualquer auditório da mesma maneira e com o mesmo grau de eficácia”.
Reboul (2004) afirma que os argumentos pedagógicos referem-se às características do
discurso epidíctico, apresentadas por Aristóteles. Este gênero caracteriza-se por ser
persuasivo, em longo prazo, não exigindo decisões imediatas. Os argumentos do tipo
entimema, as figuras de estilo fazem parte das dimensões dos argumentos próprios do
raciocínio silogístico (docere) para instruir ou ensinar o auditório. As metáforas
contribuem para agradar e comover um auditório, mas também são figuras
argumentativas, pois auxiliam na expressão dos argumentos (REBOUL, 2004, p.
XVIII).
Como enfatiza Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005, p. 19) “não basta falar ou escrever,
é preciso ser ouvido, ser lido”. Isso quer dizer que o auditório, no caso os alunos, não
são passivos receptores de comunicações, pois eles as julgam e as pesam, refazendo o
que foi comunicado. É necessário compreender que ensinar Ciências é uma tarefa de
comunicação diferente da comunicação entre os cientistas; mesmo que no ensino
utilizemos métodos de experimentação e/ou observação, a comunicação se diferencia.
O uso da palavra em sala de aula é um dos recursos para o professor apresentar os
argumentos das Ciências e ainda, suscitar a participação dos alunos. O professor usa a
linguagem na intervenção com os alunos para promover a mediação do conhecimento.
A retórica do gênero epidíctico contempla alguns recursos necessários para a melhor
apresentação de um discurso e provocar a mediação. Um desses recursos são as figuras
de retórica; aquelas que auxiliam na imaginação dos encadeamentos do argumento
apresentado. A metáfora, por exemplo, é um recurso argumentativo que faz o ouvinte
desenvolver uma imagem a respeito do que está sendo proferido. Essa imaginação
auxiliará na adesão dos argumentos apresentados e da aprendizagem significativa
proposta por Ausubel e Novak (1980).
O uso de figuras na eficácia literária nunca foi ignorado. Perelman e Olbrechts-Tyteca
(2005, p. 189), afirmam que, desde a antiguidade, reconheceu-se que alguns modos de
expressão se apresentavam de maneira figurada (PERELMAN, 2004, p.83). A analogia
e a metáfora, grupo de argumentos de presença são procedimentos destinados,
sobretudo, a aumentar a intensidade da adesão do ouvinte.
O campo argumentativo: o ethos, o logos e o pathos.
Para compreender mais esta arte de convencer, temos que definir o campo da
argumentação e os três elementos que o circunscrevem. A argumentação é um ato
comunicativo que implica necessariamente: a mensagem/logos, o emissor/ethos (em
grego) e o receptor/pathos, componentes essenciais, sem as quais não haveria a
argumentação ou a retórica (REBOUL, 2004, p.47-49).
O orador, aquele que argumenta, é o que dispõe de uma opinião e deve transportá-la a
um auditório. Ele tem como recurso argumentativo as diferentes figuras de estilo como
a analogia, a metáfora entre outras. Além disso, o orador poderá recorrer a recursos
como gestos e tom de voz apropriada para comover e agradar a platéia. O logos é o
discurso proferido, a capacidade de falar e de pensar. O ethos é o estilo que o orador
precisa assumir perante a platéia para inspirar confiança em seu auditório. A maneira de
apresentar os argumentos irá variar conforme a constituição do auditório.
Quanto às características do bom orador, verifica-se em Reboul (2004, p. XIX), que não
basta saber falar, é imprescindível saber a quem se destina o discurso, “compreender o
discurso do outro”, ou seja, captar o não-dito do discurso e da influência que o discurso
acaba gerando no orador e na platéia.
O “contexto da recepção” para Breton (2003, p. 29) é o conjunto de valores e opiniões
que são partilhados por um auditório previamente as apresentações do discurso. Essas
opiniões, certamente, influenciarão na aceitação ou na recusa do argumento proferido
pelo orador. Por outro lado, se o orador não tiver domínio a respeito de seu enfoque da
argumentação ou apresentá-la de modo desastrado acabará prejudicando sua elocução.
No entanto, o encanto e a emoção são essenciais à persuasão, diz Reboul (2004, p.89).
A persuasão é elemento essencial no discurso.
Para evitar incorrer em erros o orador poderá seguir um modelo. O modelo retórico é
um apoio analítico para se ter acesso às concepções da mente na realidade dos
participantes. No caso do professor, sua condição de retorista poderá apoiar-se nas
descrições e justificativas, nas explicações alternativas dos alunos a respeito da tese que
está sendo apresentada; as quais auxiliarão a platéia a ter acesso às suas próprias
concepções e a respeito do que o orado/professor fala.
Cada pessoa confere sentido àquilo que ouve. De acordo com o pensamento
perelmaniano “o sentido é uma obra humana (...) um texto que parece perfeitamente
claro pode deixar de sê-lo quando é preciso aplicá-lo a situações imprevistas”. Assim,
não compete ao orador se responsabilizar pelos sentidos produzidos pela totalidade de
sua platéia (PERELMAN, 2004, p. 26). Para Reboul (2004) o sentido está ligado à
função heurística da retórica, às descobertas que o indivíduo confere ao enunciado. Para
Breton (2003, p.56-85),
Argumentar é convencer com razão, é: [...] dar ao auditório boas razões para acreditar no que lhe dizemos [...]. [...] A opinião ‘comumente aceita’ é geralmente um ponto de vista atenuado que se tornou um lugar comum com uma pequena eficiência argumentativa. Aceita-se esta opinião, mas sem entusiasmo pelo fato de ser muito comum. [...] apesar de desgastada pode provocar uma certa adesão.
Um orador/professor, proficiente, antecipa essa reconstituição do discurso, facilitando a
tarefa dos ouvintes, sempre tendo em mente que precisa persuadi-los de alguma coisa.
Para isso, utiliza-se das mais variadas técnicas para prender a atenção e facilitar a
comunicação.
Ensinar requer a "transposição didática", de que fala Reboul (2004), ou a “mediação
didática pelo professor” da Ciência para o Ensino. Tal tarefa constitui-se em
procedimento retórico, o qual pode ser analisado e conhecido; quando o professor, em
sala de aula, comunica-se com seus alunos. Adequar o conhecimento a esses é agir
como um retorista, ainda que, a qualidade desta comunicação mude de docente para
docente.
A figura é “um recurso de estilo” ou um meio retórico funcional para o autor de um
discurso fazer uso, a fim de que a platéia aceite o argumento enquanto “exprimir-se de
um modo marcante, com encanto e emoção” (REBOUL, 2004, p. 113).
Para explicar a finalidade de se estudar as figuras de retórica, como recurso
argumentativo, Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005, p. 190) apresentam duas
características indispensáveis: a que diz respeito à estrutura e a forma semântica do
enunciado; e ao modo diferenciado de se expressar com o intuito de chamar a atenção
do ouvinte.
O estudo ao qual nos propusemos relaciona-se ao orador, ou ethos de uma relação
argumentativa, uma vez que essa é uma situação de negociação de significados
(MAZZOTTI, 1999) em uma sala de aula diante de uma situação de comunicação do
conhecimento escolar.
O campo argumentativo e o ensino de ciências
A disciplina de Ciências tem como “objeto de estudo o conhecimento científico que
resulta da investigação da Natureza”. Do ponto de vista científico, entende-se por
Natureza o conjunto de elementos integradores que constitui o Universo em toda sua
complexidade (DCE, 2008).
De acordo com a abordagem da Diretriz Curricular de Ensino (DCE, 2008), na
disciplina de Ciências, os conhecimentos conceituais são estabelecidos a partir da
historicidade dos conceitos científicos e visam superar a fragmentação do currículo.
Desse modo, espera-se que o professor realize o estabelecimento de relações entre os
conteúdos e dos recursos pedagógicos disponíveis que podem ser utilizados para atender
às expectativas de aprendizagem.
Ensinar é uma situação complexa que requer vários conhecimentos e habilidades. Nesse
sentido, Laburú, Arruda e Nardi (2003) discutem a pluralidade metodológica no ensino
de ciência. Os autores valorizam o estudo de diferentes perspectivas no sentido do
aprimoramento teórico profissional do professor.
Quanto ao discurso das Ciências, o estudo de Paula Contenças (1999), trata das
metáforas nos livros didáticos como um recurso retórico para a comunicação das
Ciências. Segundo a autora, o discurso científico sofre uma adaptação que visa mais
entusiasmar, interessar e persuadir os alunos do que introduzi-los a uma Ciência
(CONTENÇAS, 1999, p.91). Por outro lado, Nubiola (2000) aponta que uma explicação
que faça uso de metáfora, é vitalmente mais persuasiva; permite produzir uma estrutura
coerente para criar novas realidades e conceitos a partir da forma com que recebemos e
atuamos no mundo. Que, para os alunos da educação básica, é de fundamental
importância.
A interação entre o professor e os alunos é uma relação de diálogo. O discurso verbal, a
importância das perguntas nas aulas de ciências permite uma vasta elaboração mental
para troca e ampliação de compreensões, permitem reflexões, associações simples, além
de sínteses.
Segundo Lopes, o professor necessita buscar uma prática de ensino mediadora que
ultrapasse o conhecimento comum e levar os alunos a compreender as “diferenças
imensas” existentes entre os conceitos e seus respectivos contextos “sejam esses saberes
da ciência ou não, tem na suplantação do senso comum um objetivo a alcançar”
(LOPES, 1999, p. 153).
A mediação do professor aqui é utilizada no sentido de adequar o conhecimento
produzido pela ciência, para a escola com o intuito de facilitar o processo de ensino
aprendizagem. As metáforas são recursos que representam o conhecimento comum. As
figuras retóricas cumprem o papel de auxiliar no processo de mediação didática.
Auxiliam os alunos a conciliar o que é desconhecido com o corriqueiro as quais
provocam associações que contribuem com a aprendizagem. Por outro lado, Lopes nos
alerta a respeito da dificuldade gerada pelo uso descuidado de recursos retóricos como a
figura metáfora:
“Todavia, [...] sempre que o uso da metáfora é feito sem que a consideremos como tal, incorremos em sérios problemas [...] a
banalização da metáfora e da analogia como forma de marcar o continuísmo entre conhecimento comum e conhecimento científico.” (LOPES, 1999, p. 215)
As interações orais entre o professor e os alunos são essenciais no processo de
construção de significados. Segundo Mortimer (2000), “o significado antigo não é
substituído pelo novo, mas cria-se um processo de negociação de significados com a
interação comunicativa”, no qual há o encontro entre diferentes perspectivas com
desenvolvimento da significação para os participantes da interação. Ocorre desse modo,
a “evolução conceitual”. Para o autor, não se faz necessária à substituição dos
conhecimentos prévios por conhecimentos científicos. A aquisição de concepções novas
que passam a coexistir com as anteriores ampliando o conhecimento e aumentando o
interesse pelo conteúdo. Esse modelo teórico implica na admissão da:
[...] possibilidade de se usar diferentes formas de pensar em diferentes domínios e, ainda, permitir que a construção de uma nova idéia pudesse, em algumas situações, ocorrer independentemente das idéias prévias e não necessariamente como uma acomodação de estruturas conceituais já existentes (MORTIMER, 2000, p.68).
Buscaremos explorar as possibilidades do uso da palavra durante a elocução pedagógica
sob o enfoque retórico do gênero epidíctico. Nosso enfoque são as relações que as
figuras de retóricas apresentam no repasse do conhecimento escolarizado aos alunos.
Tal recurso é necessário a diferentes situações do ensino. Assim, faz-se necessário ao
professor compreender a sua utilidade na mediação entre o conhecimento escolarizado e
o conhecimento de senso comum.
Por outro lado, destacamos a contribuição das atividades experimentais no ensino de
ciências. Estas, de acordo com as DCEs (2008), contribuem para a superação de
obstáculos na aprendizagem de conceitos científicos, não somente por propiciar
interpretações, discussões e confrontos de idéias entre os estudantes, mas também pela
natureza investigativa. As atividades experimentais possibilitam ao professor criar
dúvidas, problematizar o conteúdo que pretende ensinar e contribuir para que o
estudante construa suas hipóteses. Desse modo, ressalta-se a importância da
contextualização do conteúdo específico de ciências, das possíveis relações conceituais,
interdisciplinares e contextuais.
4.2 Argumentação empírica do professor em uma aula de Ciências sobre a
nutrição da planta (OSSAK, 2006)
Durante o curso a ser desenvolvido com os professores de ciências, um excerto da
dissertação “Professor, aluno e livro didático em aulas de ciências: análise retórica dos
argumentos didáticos” servirá como fonte desencadeadora de discussões, análises e
possível aprimoramento da argumentação para o trabalho docente nas aulas de ciências.
As informações referentes à esse item encontram na referida dissertação ou no endereço
eletrônico <http://www.pcm.uem.br/dissertacoes/2006_ana_lidia_ossak.pdf>.
4.3 Recursos retóricos que poderão auxiliar o professor em sua atividade diária
de argumentar: Análise dos recursos e dos modos de amplificação do discurso
Durante o curso com os professores de ciências se enfocará a importância do discurso
desenvolvido com o auxílio das figuras e a adequação dos argumentos à situação de
ensino. Os argumentos e as figuras precisam ser apresentados de maneira clara e a
serviço do sentido (REBOUL, 2004, p. 61).
4.4 Debate com os professores de Ciências do Colégio Estadual Rui Barbosa de
Iguatemi, Maringá, sobre os diferentes aspectos a respeito da importância do
estudo da retórica para o aprimoramento da argumentação do professor.
Essa atividade será desenvolvida no ano de 2009.
4.5 Sugestões de encaminhamentos de recursos metodológicos e retóricos para
a Unidade Didática
A seqüência abaixo é uma sugestão de trabalho em sala de aula do modo de conversão
de energia no processo de fotossíntese. As sugestões apresentadas podem ser ampliadas
ou adaptadas pelo professor em função de interesses regionais ou do avanço na
produção do conhecimento científico. Em cada situação, ainda, podem ser selecionados
conteúdos mais específicos e decidir, de acordo com a especificidade de cada turma, até
onde abordar o tema. Além da possibilidade de se identificar quais conceitos podem ser
compreendidos por alunos do ensino fundamental.
O principal enfoque nessa proposta será:
Sistemas Biológicos - Morfologia e fisiologia dos vegetais.
Unidade: NUTRIÇÃO VEGETAL: Os órgãos vegetais, conversão de energia e a
fotossíntese.
Objetivo geral:
Compreender o fenômeno da fotossíntese e a nutrição vegetal como um processo de
transformação de energia luminosa em energia química e suas aplicações para a
manutenção da vida no planeta Terra.
Objetivos específicos:
- Conhecer os órgãos vegetais (raiz, caule e folha) e suas funções.
- Identificar os elementos necessários para realização da fotossíntese.
- Relacionar a energia luminosa à fotossíntese.
- Entender o conceito de energia luminosa.
- Compreender o processo fotossintético como uma transformação de energia luminosa
em energia química na célula vegetal, que necessita da presença de pigmentos de
captação de luz.
- Reconhecer a relação entre o processo fotossintético, e a condução de seivas.
- Auxiliar os alunos a relacionarem a dependência das plantas à energia luminosa do sol;
a relacionarem as plantas com a fotossíntese e a relacionarem o amido com o processo
da fotossíntese a fim de perceberem que os alimentos que consumimos no dia-a-dia são
produzidos pelas plantas nos processos fotossintéticos.
- Entender a importância da energia luminosa solar para os seres vivos.
I – DISCUSSÕES – questionamentos – atividades práticas
Questionamentos iniciais sobre o tema à guisa de introdução para um debate inicial com
os alunos. A aula será iniciada com um breve questionamento junto aos alunos a
respeito da nutrição de maneira geral. Aos poucos o professor direcionará a discussão
para o tema “Nutrição vegetal e Fotossíntese”. Questionamentos que buscam destacar a
real importância desse processo para a vida no Planeta; podem ser:
- O que você come ou toma no seu almoço?
- Existe alguma relação entre os alimentos que você delicia no almoço e a luz do sol?
- Você já viu uma planta se alimentando?
- Como é a alimentação das plantas?
As questões acima são ideais para diferenciar o modelo de nutrição autotrófica
(organismo que nutre a si mesmo) do modelo de nutrição heterotrófica (organismo que
não consegue sintetizar seu próprio alimento). Valorizar o conhecimento cotidiano ou
mesmo o alternativo e tomar como ponto de partida para a introdução do tema. Podem
surgir novas questões como:
Pense e Responda: - Como as plantas se alimentam? - Você já viu uma bananeira em local seco, ou onde quase não chove? - Por que o vaso de samambaia, da casa da vovó, que está na sombra fica com as folhas deformadas: mais compridas e com folhas reduzidas? Em que direção ela cresceu? - Como é a aparência de uma samambaia cujo vaso se encontrava em local aberto que recebe boa quantidade de luz? - Que relação existe entre a luz solar e a alimentação das plantas? - Será que existe alguma relação entre a absorção do gás carbônico e a alimentação das plantas?
- Que outros seres além das plantas produzem seu próprio alimento? - Por que as orquídeas precisam ficar no alto das árvores? - A temperatura ambiente influencia na alimentação das plantas? - Por que não cresce grama num lugar com muita sombra? - Existe diferença nas formas e tamanhos das plantas? - Qual é a diferença fundamental entre plantas e animais? - Planta sem folhas faz fotossíntese? - Plantas sem folhas verdes fazem fotossíntese? As plantas respiram?
Recursos de Retórica
O professor, na tarefa argumentativa deve facilitar o trabalho dos ouvintes,
tendo em mente, que precisa persuadir os alunos de alguma coisa. Para isso,
utiliza diversas técnicas para prender a atenção e facilitar a comunicação. A
função do professor é a de estimular as idéias e facilitar o processo de
ensino-aprendizagem.
O orador organiza uma apresentação de idéias via linguagem verbal ele
auxilia os alunos a concentrarem-se. Desse modo, contribuirá na organização
do pensamento e da linguagem dos estudantes. O professor faz a mediação
discursiva para que o aluno a interprete, entenda e crie sentido a respeito de
determinado tema.
O modo de falar/fazer a aula, ou seja, de argumentar do professor é uma
constante busca de meios (heurésis) para persuadir o público, (Reboul,
2003). É uma técnica desenvolvida e construída continuamente, a cada aula.
A expressão técnica, nesse contexto, remete à economia de esforço e à
eficácia nos resultados.
Cada professor apresenta um modo específico de discursar e de compor os
argumentos de sua aula. O plano real do discurso proferido em sala de aula
só será definido e conhecido ao final de cada aula. No entanto, há um padrão
mínimo de organização do discurso (com início, meio e final) que facilitará e
aperfeiçoará seu trabalho, além de auxiliar os ouvintes na implicação do
discurso e na produção de sentido do que foi ouvido. Outro fator importante
para a organização das aulas e da argumentação do professor é a preparação
do temas com disposição num mapa conceitual (AUSUBEL, et, all, 1980).
O início da disposição do discurso com questionamentos que visam elencar
os conhecimentos prévios dos alunos e desperta-los ao tema da aula. O
professor/orador começará a construir um plano de disposição (método de
persuasão), para isso usa as provocações a respeito de situações cotidianas
dos alunos. O objetivo, ou estratégia argumentativa, nesse momento, é
provocar a adesão inicial dos alunos/platéia. A estética do discurso que será
proferido começa a se configurar.
ATIVIDADE PRÁTICA 1 - Transpiração dos vegetais
Ao mesmo tempo em que interroga, o professor
apresentará para a sala de aula, verduras ou folhas
guardadas em saco plástico transparente. É importante
que essa embalagem apresente umidade condensada em
sua parede interna.
O objetivo é o de provocar os alunos com diferentes
questionamentos a respeito da origem de da umidade
no interior da embalagem. Compará-la com nossa
respiração no inverno. Destacar diferentes aspectos da
transpiração animal e relacioná-la a evapotranspiração vegetal.
Outro aspecto importante a ser abordado pelo professor é a relação entre o volume de
vapor liberado pelos vegetais para atmosfera com a posterior formação de nuvens, no
ciclo da água. Esta atividade oportuniza a apresentação de conhecimentos referentes a
diversos problemas ambientais e sociais causados pelos desmatamentos indevidos.
Destacar a real importância desse processo para o equilíbrio do planeta e a vida na
Terra.
Recursos de Retórica É essencial que o orador seja dinâmico. Ou, de acordo com Reboul, ser vivaz
para tornar o discurso agradável, marcante e com cunho de autenticidade. O
argumento apresentado pelo professor, dever estar vinculado diretamente ao
contexto de recepção, ou seja, à necessidade do auditório/aluno. A elocução
de um discurso segue três regras: a da conveniência ao auditório; a da
clareza quando o orador adapta o estilo ao auditório; e a de que o orador
“deve mostrar-se em pessoa no seu discurso” (REBOUL, 2004, p. 63).
Inúmeras situações do cotidiano podem oferecer boas razões para que se
possa aderir aos argumentos apresentados. Tais situações implicarão os
sujeitos envolvidos nessa comunicação. Breton nos lembra que “a retórica
não é um ornamento do discurso, mas uma dimensão essencial a qualquer
ato de significação” (2003, p. 18).
Nesse instante, o professor narra diferentes fatos e situações referentes à
transpiração vegetal. O discurso começa a adquirir uma configuração. O
recurso que auxiliará o professor nesse instante pode ser a comparação com a
transpiração animal, inclusive a humana. Desse modo, o orador conferirá
credibilidade ao que expõe, amplificará a importância do fato “transpiração
vegetal” com diferentes aspectos da realidade.
Um modo de implicar a platéia na argumentação é a apresentação de
questionamentos que incentivam o auditório a participar esporadicamente e
inesperadamente. Além disso, é imprescindível que o orador valorize alguns
questionamentos ocorridos da platéia e respondê-los da melhor maneira
possível. No entanto, esse questionamento gerará novas participações.
Quando verificar uma dificuldade ou um questionamento relevante, o orador
poderá utilizar a repetição para que o ouvinte possa filtrar, ou ponderar
melhor o conhecimento e satisfazer as dificuldades de reelaborar o
pensamento.
Além disso, torna-se necessário observar regras de estilo bem precisas, além
de dispor do uso de figuras de sentido. Todos falam utilizando o recurso das
figuras. Elas auxiliam na apresentação dos argumentos de maneira eficiente
para despertar a emoção do ouvinte (pathos). Compete ao orador dar valor
ao argumento mostrando sua efetiva importância.
ATIVIDADE PRÁTICA 2 – Planta aquática
Como provar aos alunos que as plantas eliminam gases e
não apenas vapor de água? Para demonstrar o professor
apresentará um recipiente contendo água e uma planta
aquática (elódea). Além das plantas terrestres eliminarem
vapor de água e gases, as aquáticas também o fazem.
A planta deverá ser acondicionada num recipiente
transparente. Deixar o recipiente exposto à luz solar por
algum tempo até se formarem bolhas na superfície das
folhas. Quanto mais tempo o recipiente ficar exposto à
incidência solar, maior será a quantidade de bolhas.
Em seguida, o professor deverá iniciar os questionamentos a respeito do conhecimento
da ciência. Aos poucos direcioná-los para o enfoque ambiental a respeito da quantidade
de oxigênio liberado pelas plantas (inclusive as algas) para a atmosfera. O professor
deve prestar atenção nas concepções dos estudantes e observar o surgimento de
possíveis conceitos equivocados. Além disso, é importante conscientizá-los a respeito
de alguns problemas ambientais e sociais causados por desmatamentos. Provocar os
alunos com questionamentos como:
Pense e Responda - O que temos no recipiente? - O que podemos observar de especial na planta? - Qual é a razão de surgirem pequenas bolhas na elódea? - O que as bolhas representam? Por quê? - O que aconteceria com o planeta e com os seres vivos se as plantas deixassem de existir? - O desmatamento interfere na renovação do oxigênio? - Qual a relação que podemos estabelecer entre a poluição das águas, a sobrevivência de plantas aquáticas e a renovação do oxigênio?
Recursos de Retórica A opinião do orador precisa ser aceitável. A atividade dois confirma o que o
professor declarara anteriormente, com a primeira atividade. A apresentação
de alguns fatos (como as bolhas que saem das folhas) se refere à causa da
evapotranspiração e a liberação de elementos através dos estômatos. Na
estética da elocução e disposição do discurso, o professor inicialmente narra
alguns fatos, confirma com provas irrefutáveis; ou seja, começa seguir uma
ordem que desperta a credibilidade dos ouvintes.
O esquema de argumentação adotado pelo orador demanda que declare os
argumentos com razão; ou seja, que apresente com propriedade e
conhecimento de causa os fatos a respeito do tema. Para tanto, em sua
elocução recomenda-se o uso de verbos no imperativo.
No livro Tratado da argumentação: A nova retórica, Perelman e Olbrechts-
Tyteca (2005, p. 195), afirmam que as figuras aumentam a presença ou
realizam a comunhão com o auditório. É comum surgirem na argumentação
do professor em sala de aula expressões que representam a metáfora
pedagógica do transporte. O uso de tal recurso pressupõe a existência de
movimento de elementos de um local para outro ou da seiva.
O professor institui em sala de aula algumas formas de apresentar o
conhecimento. O fato de o professor criar um hábito de fazer (ethos), ou um
costume de relacionar fatos e idéias com algo próximo da realidade do aluno,
muitas vezes fazem-no usar automaticamente figuras retóricas que o
auxiliam na contextualização ou na produção sentido a respeito do que fala.
O uso do recurso das figuras de linguagem, ou figuras de pensamento,
auxilia no entendimento de como os pensamentos, idéias ou conceitos
conduzem ou transferem um significado com a finalidade de auxiliar no jeito
de pensarmos a respeito de determinada situação ou fato. É considerada
como um recurso mental entre o concreto e o abstrato. As metáforas revelam
uma organização da linguagem que surgem diretamente da nossa experiência
na interação com o ambiente que nos cerca (LAKOFF e JOHNSON, 2002).
Saber argumentar é ter o costume de organizar as idéias para expor ao
ouvinte. Isso precisa ser sempre lembrado, e praticado, até se tornar um
hábito. Caso o orador se discipline e perceba as facilidades da boa
argumentação, esta passará a ser uma necessidade, facilitando o seu ser
professor.
Simultaneamente a essa apresentação e questionamentos, o professor poderá apresentar
em vídeo uma experiência sobre a elódea presente no endereço: <http://br.youtube.com/
watch?v=2E3Vvehlddo&feature=related>, acesso em 21 de out. de 2008.
ATIVIDADE PRÁTICA 3 - Órgãos vegetais Exposição argumentativa
O aluno precisa fazer uma relação entre os fatos e
as coisas. É importante que o professor apresente
os fatos específicos a cada parte da coisa para que
o aluno compreenda cada relação.
Nesse momento, o professor apresentará um breve
retrospecto a respeito da evaporação das plantas e
da liberação de oxigênio. Com essa breve
exposição oral serão introduzidos os aspectos
relevantes a respeito dos órgãos vegetais e suas
funções (especialmente as folhas, o caule, e as
raízes).
Para isso, será necessária a apresentação de diferentes amostras vegetais e das regiões
dos órgãos vegetais. Pode se usar como exemplo a malvácea conhecida popularmente
como guanxumba, Sida rhombifolia - figura acima. Identificar nas amostras das plantas
as regiões mais propícias para a evaporação, liberação de gases e, consequentemente a
realização da fotossíntese.
Com a presença de diferentes vegetais com formas e tamanhos diferenciados
destacarem os aspectos estéticos das folhas e suas adaptações aos diversos ambientes
(ensolarado, úmido, seco, com pouca incidência luminosa, por exemplo).
Explicitar que nem todas as plantas necessitam do solo para retirar os sais minerais. As
plantas aquáticas retiram-nos da água; as plantas aéreas, como a orquídea, retiram da
casca das árvores e da poeira atmosférica; as hidropônicas o agricultor fornece os
nutrientes diretamente na água.
Considerar, ainda, a presença de estruturas presentes no caule e na raiz da orquídea, as
quais realizam a fotossíntese. Com os conhecimentos da ciência e os dados da
realidade, o aluno compreenderá porque as coisas são como são. Relacionará os
diferentes aspectos, inclusive às questões ambientais locais e globais.
Recursos de Retórica Nesse caso, temos uma premissa estabelecida pelo conhecimento
historicamente acumulado. É um argumento comum do Ensino de Ciências
com relação a nutrição e fisiologia do caule. A representação está presente
nos livros, bem como nas aulas a respeito do tema. O vocábulo caule, ou a
ilustração, geralmente é utilizado para designar os tipos de caule de todas as
plantas. Nesse percurso, surgirá a sinédoque, para explicitar o caule das
plantas como se todas apresentassem uma estrutura homogênea. Compete ao
professor esclarecer tal fato.
Nesse percurso a figura sinédoque, designa uma coisa por outra que tenha
com ela uma relação. É uma figura de sentido comum nos livros didáticos.
Esse recurso serve, portanto, como um modelo de estrutura para a
compreensão da fisiologia e nutrição das plantas. Dizer o que o ente é; a
verdade abstrata ou a evidência apresentada sem contradição.
Geralmente, o discurso proveniente dessa atividade é um modo de proceder
em que se faz a exposição dos argumentos dos livros utilizados nas salas de
aula. Tal discurso é um pressuposto aceito por (praticamente) todos os
auditórios e utiliza a demonstração para construir a argumentação
pedagógica.
ATIVIDADE PRÁTICA 4 - Microscopia citológica
Mas, como a planta libera o excesso de
água? Como são as estruturas que
realizam essa função? Para enfocar tais
aspectos recomenda-se a observação de
diferentes órgãos vegetais com especial
destaque às estruturas verdes das plantas.
A folha é o principal órgão destinado às
trocas gasosas e à conversão de energia
luminosa em energia química. As folhas apresentam corpúsculo microscópico
(cloroplasto) capazes de realizar a conversão das energias. Nesse instante é importante a
interpretação do conceito de transmissão de energia.
Sugere-se, nesse momento, a apresentação da epiderme de uma folha visível em
microscópio. Para a demonstração é ideal que se prepare à fresco uma lâmina com a
epiderme de Trapoeraba, Tradescantia sp (ocorre espontaneamente nos quintais e sítios
do sul do Brasil), a fim de que aos alunos observem ao microscópio óptico algumas
estruturas da célula. Com essa atividade o aluno terá a oportunidade de perceber as
diferentes estruturas microscópicas como os cloroplastos, os vacúolos e os estômatos
presentes na superfície da folha.
O professor poderá apresentar uma ilustração que indique e nomeie as regiões celulares
observadas. Nesse instante, ainda, é importante que o professor enfatize a influência de
agentes atmosféricos agressores como a poluição, a poeira produzida por veículos numa
estrada de terra, a poluição gerada por indústrias, podas drásticas que retiram a maior
parte dos galhos e folhas. As partículas em suspensão no ar irão se depositar no limbo
foliar, criando uma camada de sujeira diminuindo a disponibilidade de luz. A sujeira
pode obstruir os estômatos da folha, dificultando a respiração foliar.
Enquanto desenvolve a atividade o professor poderá questionar alguns aspectos do
conhecimento conceitual. Enfocar situações da vivência dos alunos em interações ou em
ações com o ambiente, e com as plantas, que representem compreensões a respeito da
importância das células da epiderme da folha e suas funções:
Pense e Responda - O que podemos observar de especial no microscópio? - O que as esferas verdes representam? Qual é sua função? - Você consegue explicar por que a maioria das folhas apresenta a cor verde?
- Se um ambiente possuir alto índice de poluição atmosférica (ou alto índice de poeira) interferirá no processo de trocas gasosas? E na fotossíntese?
Cada aluno poderá esquematizar em seu caderno o que conseguiu visualizar ao
microscópio; ao mesmo tempo em que compara a imagem observada com ilustrações de
livros.
Nesse instante é possível ocorrer uma relação interdisciplinar com a arte; o professor
poderá relembrar aspectos a respeito da importância do efeito de luz e sombra numa
ilustração, e da perspectiva para representar seu esquema de célula.
Recursos de Retórica
O estilo argumentativo de elocução (lexis) nesse instante se referirá ao logos
da ciência. Nesse momento, cumpre ao orador mostrar (“mostração”,
segundo Mazzotti) as estruturas celulares e sua importância para a
sobrevivência vegetal.
Nomear as estruturas de uma célula ou de um ser vivo é a maneira pela qual
são repassados os conhecimentos científicos (logos da ciência) em sala de
aula, geralmente isso acontece sem complementos argumentativos. Fato que
demonstra a concepção clássica de ensino e aprendizagem. De acordo com
Mazzotti (2005) a educação herdou dos gregos a concepção de Ensino e de
escola. Diferentes povos organizaram escolas nas quais ensinavam que
“aprendendo o nome da coisa, sabe-se o que a coisa é”.
Quanto ao recurso figurado observa-se que a sinédoque está presente no
vocábulo “a célula”. Ela representa a parte pelo todo, ou seja, referem-se a
uma célula associando para todas as células, ou a todos os estômatos, todos
os cloroplastos visíveis ao microscópio.
Por outro lado, precisamos, às vezes, falar de maneiras diferentes para
facilitar a compreensão dos ouvintes. Muitas vezes, quando o professor faz
referências a diversos aspectos do mesmo fato, e o aluno está prestes a
compreender uma situação, este comporá ligações e relações ao episódio
compreendendo o que foi exposto.
Desse modo, é importante que o professor tenha vasto conhecimento a
respeito do tema a ser comunicado aos alunos. Com os argumentos, o
professor traz algum dado que explica a realidade, cria relações que
explicam como e porque as coisas se apresentam de tal modo.
ATIVIDADE PRÁTICA 5 - Maquete: Vasos xilemáticos e floemáticos
Mas, como os minerais e a água
chegam até as células da folha?
Esta atividade destina-se a
analisar a estrutura
macroscópica, especialmente as
nervuras das folhas. Será
realizada em dois momentos
específicos.
O primeiro momento relaciona-se ao conhecimento físico, ou seja, o aluno agirá sobre
os objetos (diferentes tipos e formas de folhas e caules), primando pela percepção de
suas relações. O segundo refere-se ao conhecimento lógico-matemático, ou seja, o aluno
perceberá, por meio de suas ações sobre os objetos a lógica e a verdade sobre a
circulação da seiva nos vasos ou nervuras dos vegetais superiores.
A atividade sobre os vasos condutores de seiva é uma oportunidade de o professor
contextualizar o ensino-aprendizagem além de ampliar o conhecimento cotidiano dos
alunos.
Problematização inicial:
Apresentar diferentes tipos de folhas e ramos de plantas; e pelo menos dois recipientes
diferentes que contenham plantas que crescem em contato com o solo. Um dos
recipientes de planta deverá estar suprido da quantidade ideal de água; e outro que esteja
privado de água até que a planta demonstre indícios dessa falta (murcha) a fim de
provocar a observação e o levantamento de hipóteses sobre a circulação de água e
nutrição vegetal. É importante questionar a respeito das diferenças entre as plantas
aquáticas, xerófitas, epífitas, de ambientes sombreados ou ensolarados, ou outras; e suas
adaptações aos diversos ambientes.
Outro aspecto a ser considerado pelo professor á questão da alteração ambiental e da
mudança climática em diferentes regiões do planeta. Enfocar a diminuição na incidência
pluvial; a interferência na manutenção da vida vegetal por dificuldades de conduzir os
nutrientes à planta devido à falta de água da chuva. O professor poderá encaminhar a
aula com algumas questões como:
Pense e Responda Observe e manipule as folhas (murchas e não murchas e esqueletizadas) e os ramos foliares. - O que podemos observar de especial nas plantas e nas folha? - Por que as plantas murcham? - De que modo você poderá saber ou explicar que uma planta murcha? - Note a disposição das nervuras. Qual é a razão de surgirem tantas ramificações? - Qual a vantagem para as plantas a presença de tantas nervuras? - Todas as plantas precisam da mesma quantidade de água em seu dia-a-dia? Por quê? - Por que as folhas têm, em geral, a forma achatada, com ampla superfície e pouco volume? O que isso pode causar? - Quais são as vantagens para a planta de apresentarem a folha com esse formato? - Qual é a relação existente entre a alteração climática e a vida das plantas?
Recursos de Retórica O discurso pedagógico, ou do gênero epidíctico, recorre à amplificação,
pois o público já conhece os fatos dos argumentos cabendo ao orador
mostrar sua importância. Segundo Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005, p.
54), tais argumentos “constituem a parte central da arte de persuadir”, são
significativos e praticados por aqueles que defendem os valores aceitos,
tradicionais e os que são objeto da educação.
Esse é o momento que compete ao professor provar, ou seja, apresentar
uma verdade inquestionável a respeito da nutrição e da sobrevivência de
plantas e de animais; inclusive relacionar a importância do caule para vida
das plantas. Utilizar-se de perguntas retóricas direcionadas aos alunos,
porém respondê-las imediatamente.
Implicar o ouvinte é permitir que o aluno emita opiniões durante a
argumentação. É uma espécie de acordo, permitindo a cooperação dos
alunos. Porém, os padrões de participação são controlados pelo orador; é
uma participação responsável que não interfere no plano de estratégia
discursiva.
Um recurso ideal, nesse instante, é a comparação. Um exemplar de ramo
viçoso e um de ramo murcho, ou um musgo murcho na presença de água
facilitarão a observação e a produção de sentido.
O professor poderá comparar, ainda, os vasos condutores de seiva da folha
com um tubo de caneta ou mangueira de irrigação de jardim, ou ainda, com
as rodovias de acesso a um determinado endereço; pondo em evidência
uma propriedade comum entre tais objetos e os recipientes com as plantas.
Cabe ao aluno decodificar essa propriedade comum de transporte de uma
substância para outro local.
A repetição é um recurso essencial para as aulas de Ciências. É repetindo
que se retoma o significado inicial da tese em outro nível. Muitas vezes a
repetição transforma o significado. Os alunos precisam de certeza a
respeito da presença de cloroplastos nas células vegetais; e que essas
células são irrigadas por vasos xilemáticos que suprem alguns dos
elementos necessários à nutrição vegetal.
Outro aspecto da adesão aos argumentos refere-se ao fato dos alunos
racionalizarem com exemplos dinâmicos - ou não estagnados – abordá-lo
com evidência social, geográfica, econômica, etc., para satisfazer a
curiosidade do ouvinte ou a dúvida apresentada.
A seiva chegará até as folhas e passará por transformações. Dizer, então,
que ela “é retirada” ou “é levada”, representa um pensamento da metáfora
do canal pela qual a seiva seria deslocada.
Neste caso, é comum o uso do recurso da analogia de um canal para
encaminhar e conduzir a seiva. Tais recursos facilitam a compreensão dos
alunos; propiciam, ainda, a extensão da capacidade de conceituar e
facilitam a comunicação. É preciso que os alunos desenvolvam uma
imagem a esse respeito e produzam o sentido desse movimento. Ao
aluno/ouvinte cabe a tarefa de produzir as significações adequadas à
metáfora, à analogia e entender o seu significado.
Na seqüência da aula, a turma será distribuída em equipes de aproximadamente quatro
alunos. Logo após, cada equipe receberá os materiais de acordo com o progresso e
desenvolvimento da atividade. Provocar os alunos no sentido de imaginarem e
representarem o que acontece com a água e os sais minerais assim que entram através
das raízes.
Pense e Responda - Como a água consegue subir até as folhas? - Por onde ela sobe? Há algum meio que facilite? - A seiva sobe e apenas fica lá? Ou não? - Toda e qualquer planta precisa de alimento. Se, o alimento sobe até as folhas e desce para todas as regiões da planta.Então, se a seiva sobe, ela desce pelo mesmo local? - A seiva bruta se mistura com o alimento processado nas folhas?
O professor encaminhará sua aula
em três momentos distintos. O
primeiro enfocará o conhecimento
físico da situação sobre a nutrição
vegetal e a observação de órgãos
vegetais como caule, folhas,
nervuras das folhas.
A provocação e a explicação do processo de circulação de seiva são no sentido de
auxiliar na explicação do processo de circulação da seiva. Sugere-se a apresentação de
folhas esqueletizadas, ou amostras de caules que permitam a visualização dos vasos
condutores de seiva. O movimento da água na planta poderá ser confirmado numa
animação em vídeo (sugere-se a animação disponível em: <http://www.kscience.
co.uk/animations/watermovement.htm>, acesso em 21 de out. 2008).
1) O conhecimento físico: os objetos e suas relações.
Após os questionamentos e discussões, o aluno
produziu sentido parcial a respeito do que seria
circulação de seiva; de seiva bruta e de seiva elaborada.
Nesse momento, o aluno terá a oportunidade de agir e
interagir significativamente com os objetos.
Poderá confrontar seus esquemas mentais com os modelos físicos (canudos) e a
realidade (caule de maracujá: vasos condutores; e as nervuras da folha: vasos
condutores) a fim de produzir um significado a respeito do transporte de seiva para a
nutrição vegetal. Os alunos irão conferir suas hipóteses com a realidade observada e
apresentada oralmente pelo professor.
Para confirmar, sugere-se um encaminhamento de ordem prática, além de
questionamentos serão realizados em momentos distintos:
a) Primeiramente distribuir em cada equipe canudos de refrigerante de espessuras
diferentes e a fita adesiva.
Em seguida, as amostras de caule de
maracujá e de esqueletos de folhas; lupa;
canudos de refrigerante de espessuras
diferentes e fita adesiva para a construção
de uma maquete que represente o modelo
de um caule com seus vasos condutores de
seiva.
Chamar a atenção para que os alunos verifiquem os diferentes vasos condutores de seiva
no caule seco do cipó de maracujá e depois tentam representar os vasos numa maquete.
Pense e Responda Observem a estrutura do caule de maracujá. - Qual é sua relação com o(s) canudo(s)? - Por que os canudos são de espessuras diferentes? - Como podemos organizá-los para que representem a estrutura de um caule? - Agora que os canudos estão juntos diga o que você quis representar com seu modelo de caule?
Recursos de Retórica A argumentação para Breton (2003, p. 34), é “um ato visando a modificar o
contexto de recepção, ou, em outras palavras, as opiniões do auditório”. Essa
formulação, para ser mais precisa, deve levar em conta o fato de que aceitar
a opinião proposta pelo outro, tem conseqüência sobre o que se pensava
anteriormente, antes de se conhecer esta opinião.
O auditório, após o ato argumentativo, não “dispõe simplesmente de uma
opinião “a mais” sobre o que ele pensava” se fosse este caso, estaríamos
num procedimento estritamente informativo. No entanto, o auditório deve
alterar “o ponto de vista ou até sua visão de mundo, ao menos partes desta
visão que estão ligadas ao argumento apresentado” (Breton 2003, p.56).
Apresentar com convicção diferentes aspectos da circulação da seiva.
Amplificar o discurso, ou seja, desenvolver o tema com recursos de efeito:
usar mais de um exemplo representativo do cotidiano; perguntas retóricas ou
linguagem precisa, específica e concreta; entonação de voz, metáforas,
comparação. O aluno necessita das particularidades (metonímia) para a
compreensão da fisiologia e nutrição vegetal. A generalização inoportuna,
geralmente, dificulta o entendimento dos alunos.
Com tal atividade prática aliada aos questionamentos a respeito da circulação
da seiva e dos vasos condutores o professor terá uma oportunidade de
modificar a visão dos alunos a respeito de como os vegetais se nutrem. O
modelo de aula do professor, aliado ao seu modelo argumentativo e ao
modelo de caule auxiliará o aluno a dar significado ao tema da aula.
b) Após a construção do modelo de caule, distribuir em cada equipe um copo; fubá
molhado; água; um conta-gotas. Em seguida, dirigir a atividade com questões do tipo:
Pense e Responda Coloque o fubá molhado no copo e o seu modelo de caule “como se fosse” (analogia) a plantinha que cresce num vaso. - O que o fubá molhado representa? - O que a água representa? - Quando você molha mais o fubá, a água subirá pelos canudos? Por quê? - O que será necessário para resolver o problema: Como a água sobe pelos vasos condutores e chega até as folhas? - Como a planta faz isso? - Como podemos representar essa situação que explique o que a planta faz?
Recursos de Retórica No Ensino, os argumentos das Ciências sofrem transformações, de modo que
sua compreensão seja mais acessível. A analogia e comparação devem e
podem auxiliar na explicação da circulação da seiva. Nesse caso, a
comparação pode estar presente no modelo de apresentação dos argumentos,
bem como, no modelo experimental que é proposto na atividade prática. Para
Reboul (2004), a figura confere um sentido extra ao enunciado.
Ao aluno, o sentido é que importa. A metáfora, por exemplo, confere esse
sentido extra ao que foi dito; auxilia o professor em sua tarefa de apresentar
os conceitos e ao aluno no entendimento do que foi ouvido.
Para aumentar o estado de alerta dos ouvintes ao que está sendo apresentado,
o orador poderá fazer centrar a mensagem em primeira pessoa; esta condição
implica o ouvinte e motiva-o ao tema. O uso de um recurso de conveniência,
por exemplo, a repetição é útil para resgatar as informações e reorganizar o
enunciado. Poderá ainda, incitar a dúvida com perguntas retóricas
convenientes e respondê-las imediatamente.
2) O conhecimento lógico-matemático: ações sobre os objetos.
De posse da maquete elaborada anteriormente, os alunos simularam
uma situação na qual uma planta esteja em contato com o solo
úmido. Eles precisarão descobrir um modo de simular a circulação
de seiva do solo até a parte superior desse caule. Os alunos irão
estabelecer relações entre o que sabem e o novo.
Materiais: Maquete de caule com os canudos de refrigerante; copo;
fubá molhado (representando o solo úmido); água. Com esses
materiais os alunos buscarão simular a situação de uma planta
(maquete: canudos) que cresce num recipiente (copo com fubá
úmido).
Recursos de Retórica
O momento é ideal para que o professor apresente os argumentos e a
atividade com encanto e emoção. Aqui está presente a função heurística da
retórica (as descobertas) que o indivíduo confere ao enunciado. Na
condição de retorista o professor poderá apoiar-se nas descrições e
justificativas, nas explicações alternativas que informam os aspectos
essenciais à subida da seiva e dos sais mineiras através do modelo de vasos
condutores apresentado.
É importante que o professor tenha em mente um modelo retórico que
apoiará sua explicação e auxiliará os alunos a ter acesso às suas próprias
concepções, bem como a respeito do que o professor fala.
c) Finalmente, distribuir em cada equipe de alunos um conta-gotas que se encaixe no
canudo de maior calibre.
O uso do conta-gotas auxiliará no deslocamento da água e dos minerais devido à
diferença de pressão e coesão entre as moléculas. Com essa atividade os alunos poderão
construir a sua própria lógica de pensamento, ao mesmo tempo em que procuram
coordenar as relações entre os diferentes objetos e a função do caule. Desse modo, o
aluno terá a oportunidade de pensar, interpretar e criar algum sentido a respeito do que
está sendo investigado – na conquista do conhecimento a respeito da circulação da
seiva.
Pense e Responda - Nessa situação, o que a ação final do conta-gotas representará? - Como a água consegue subir? - Como funciona o conta-gotas? - O que mais sobe junto com a água? - Porque o material que subiu é chamado de
seiva bruta?- Como a seiva sobe? - Por que a seiva sobe? Qual é seu nome? - Como a seiva desce? - Por que a seiva desce? - Qual é seu nome?
A pressão existente no conta-gotas é “como se
fosse” (analogia) a pressão procedente da
evapotranspiração das folhas que perdem água
continuamente. Nesse instante, é ideal comentar a
importância da osmose, da diferença de pressão
entre a água no solo/raízes e nas folhas.
As plantas, de grande ou pequeno porte,
transpiram e perdem água por suas folhas. Esse
fato diminui seu potencial hídrico. Para
regularizar a quantidade de água nas folhas, a
planta absorve mais água do solo, por osmose e
por coesão entre as moléculas de água. A raiz apresenta pressão positiva, absorve
naturalmente a água. Assim a água sobe por diferença de pressão.
Os conceitos apresentados pelo professor são os da divulgação científica. São dados
essenciais ao tema. É importante reforçar o aspecto de que na escola, além de
contextualizar o conhecimento, o professor precisa primar pelo caráter de divulgação
científica. Ou seja, passar o conceito científico ao aluno. Caso contrário haverá apenas
um abatimento da situação de ensino. No ensino de Ciências o professor se depara
constantemente com conhecimentos alternativos, tanto pela banalização da divulgação
científica quanto pelo uso de linguagem simplificada do conhecimento científico, o
professor de ciências precisa estar sempre atualizado a respeito do que ensina.
No ensino de ciências a comunicação se diferencia da comunicação dos cientistas.
Porém ensinar ciências é uma tarefa retórica, na qual o professor reconstitui o discurso
científico escolarizado para conduzir seus alunos aos modelos científicos.
Durante a comunicação oral do professor, caso se refira a alguma região com ambientes
devastados é importante que o mesmo considere alguns aspectos do cotidiano das
pessoas da região, vinculada a aspectos culturais e históricos do desmatamento.
Vincular tais aspectos à necessidade de preservação da vegetação nativa local.
Na seqüência, os alunos podem rever as nervuras de
folhas e os vasos condutores no caule de maracujá com a
ajuda de uma lupa. Como revisão dos argumentos o
professor poderá provocar uma organização das
atividades anteriores com os seguintes questionamentos:
Pense e Responda - Porque os vasos presentes no caule e no modelo são de tamanhos e espessuras diferentes? - Explique como podemos relacionar o modelo para explicar a atividade de nutrição da planta.
Recursos de Retórica O cuidado do professor na elaboração dos questionamentos auxiliará os
alunos a construir alguns significados adequados a esse respeito. Comparar
consiste em “tecer um vínculo entre duas realidades, colocando-as em
relação de maneira aceitável e produzindo deste fato uma transferência de
qualidade de uma realidade para outra” (BRETON, 2003, p. 135).
O aluno necessita de explicações das particularidades. O auxílio das figuras é
uma saída ideal para a representação da circulação da seiva na planta. Porém,
as informações mais profundas são fundamentais, que estas sejam
apresentadas de maneira simples. Assim, a partir de suas curiosidades e
espontaneidade o aluno se encaminhará aos diferentes aspectos do
conhecimento escolarizado.
De acordo com Breton (2003) descrever “de maneira concisa e completa as
qualidades específicas de uma coisa” implica em selecionar, qualificar,
amplificar e, quase sempre, interpretar os elementos apresentados. Já a
associação, de acordo com Breton (2003, p. 108), significa agregar
elementos entre si e criar com um ‘novo real’. Desse modo, se estabelece
conexões entre os objetos. Uma contribuição de elementos pré-existentes,
com “reagrupamentos, confrontações, aproximações inéditas”. É importante
que o professor não afirme mais do que demonstrou para não perder a
credibilidade frente ao auditório.
O modelo da maquete do caule é um recurso que permite chamar a atenção
do aluno com o intuito de promover uma relação de comparação da
circulação da seiva, bem como apresenta uma oportunidade de criação de
sentido.
ATIVIDADE PRÁTICA 6 - Fotossíntese: o que falar quer dizer
Esta atividade poderá ser realizada em ambiente externo
da escola. O professor poderá se reportar às diferentes
plantas que os alunos observam in loco, ou, em seu
trajeto de sua casa até a escola. Caso contrário, uma
ilustração como esta ao lado será de grande valia para
sintetizar e reorganizar as informações apresentadas até
o momento. A ilustração apresenta alguns vegetais, em
especial a árvore leguminosa flamboyant, Delonix
regia.
Abordar o modelo de nutrição vegetal para o ensino de ciência a partir de modelos
construídos a partir da investigação da natureza, com a definição conceitual do processo
de fotossíntese, a fim de que o aluno organize seu conhecimento de acordo com o saber
historicamente acumulado. O professor, em sua mediação, poderá auxiliar os alunos a
relacionarem a dependência das plantas quanto à energia luminosa do sol e a presença
de água. A relacionar a vida das plantas com o processo da fotossíntese; que o amido
presente em alguns vegetais é o resultado do processo da fotossíntese. A compreender
que os alimentos que consumimos no dia-a-dia são armazenados e produzidos pelas
plantas na forma de amido, glicose, vitaminas, proteínas, entre outros, em seus
processos vitais.
É importante que o professor evite o ensino fragmentado. Durante a abordagem do tema
o professor pode enfatizar que a fotossíntese produz (biomassa) matéria orgânica e não
“alimento”. Ao mesmo tempo, cuidar para que os alunos compreendam o processo e os
diferentes aspectos envolvidos quanto ao: nível celular, dos diferentes órgãos vegetais,
diferentes nutrientes, a ausência de nutrientes, relação com outros seres vivos no
ambiente, agentes poluidores, por exemplo.
Nesse instante, poderão ser dirigidos aos alunos alguns dos seguintes questionamentos:
Pense e Responda: - Observe a disposição das folhas e ramos numa planta rasteira ou numa árvore. - O que podemos observar de especial na forma das plantas rasteiras e nas árvores? - Note a disposição dos galhos e das folhas. Qual é a razão de surgirem tantas ramificações? - Quais são as soluções usadas pelas plantas para facilitar a absorção de luz? - Por que algumas folhas têm, em geral, a forma ampla e única, enquanto outras apresentam minúsculas ‘folhinhas’ próximas umas das outras? - Quais são as vantagens para a planta de apresentarem a folha com esse formato? - O que é fotossíntese? - O que esse processo produz? - Qual a importância da fotossíntese para o ambiente? - Há uma relação entre os diferentes seres vivos e as plantas? Qual? - A planta sintetiza nutrientes para sua própria sobrevivência. Como o grilo e outros seres vivos conseguem seus nutrientes? - As plantas são importantes na cadeia e na teia alimentar/ por quê? - Qual papel fundamental que as plantas desempenham no equilíbrio do planeta e na amenização do efeito estufa?
Recursos de Retórica É importante que o professor reveja os pontos principais do tema; que
repense sobre os argumentos apresentados de modo que não restem falsas
interpretações ou dúvidas aos alunos. Reboul (2004, p.105) nos lembra que o
professor deve conferir clareza à matéria que ensina. Portanto, deve “atrair e
prender a atenção, ilustrar os conceitos, facilitar a lembrança, motivar ao
esforço” dos alunos. É imprescindível encontrar as construções apropriadas
para despertar tal interesse, com interações entre o pathos (alunos) e o ethos
(professor).
A metáfora da transformação empregada para explicar a produção de
energia química é um dos recursos expostos nos argumentos didáticos para
apresentar a transformação ocorrida pela seiva. Esse recurso esclarece
algumas situações que ficaram confusas aos alunos, pois aproximam as
situações vividas por meio da linguagem.
Durante a interação discursiva o professor deverá negociar o significado dos
enunciados do conhecimento escolarizado. Não apresentá-lo como uma
verdade absoluta e definitiva dos fatos. De acordo com Breton (2003), o
enunciado de um fato em argumentação depende “da narrativa e de suas
regras de composição”. Desse modo, é essencial ao orador “partilhar uma
narrativa provisória para fazer que dela derive uma convicção” (Breton,
2003, p. 99).
Muitas vezes, a negociação de significados, entre os alunos e o professor,
segue caminhos opostos. Nesse momento, o aluno poderá elaborar seu
pensamento e chegar às abstrações e a generalizações a respeito da nutrição
dos diferentes vegetais, bem como, do processo de fotossíntese. Desse modo,
poderá superar algumas informações de senso comum.
II – ATIVIDADES de leitura
A leitura apresenta um caráter formativo e fundamental no desenvolvimento do ser
humano. Ela deve ser uma atividade permanente na sala de aula. Com a leitura os
alunos acessam o conhecimento organizado ao longo da história. A proposta de
atividade de leitura proporcionará aos alunos a possibilidade de confrontar seus
conhecimentos com o que foi apresentado pelo professor, e o que foi sistematizado
historicamente.
Desse modo, o aluno poderá avaliar como se dá um outro modo de comunicar os
argumentos científicos escolarizados; além de suprir alguma deficiência na organização
dos conhecimentos apresentados anteriormente. A leitura, ainda, estimulara a
organização formal do raciocínio dos alunos e a sua expressão oral, ou escrita.
Sugerem-se textos clássicos para essa atividade, ou os disponíveis em livros didáticos.
Além das leituras menos formais, presente em revistas direcionadas ao público mais
jovem. Apresentamos abaixo algumas sugestões de textos que poderão ser discutidos
junto aos alunos.
1) O alimento das plantas Características dos seres vivos Além da característica de que os seres vivos são formados de células, existem outros aspectos que devem ser considerados, uma vez que se verificam somente entre eles. Os seres vivos, por exemplo, necessitam de alimento, passam por um ciclo de vida e são capazes de se reproduzir. Os seres vivos necessitam de alimento. Uma pedra não precisa de nutrientes para se manter, ao contrário do que ocorre entre os seres vivos. É por meio dos alimentos que os seres vivos adquirem a matéria-prima para o crescimento, a renovação de células e a reprodução. São os alimentos também que fornecem a energia necessária para s realização de todas as atividades executadas pelo organismo. As plantas produzem seu próprio alimento. Existem seres que são capazes de produzir seus próprios alimentos. Por isso são chamados de seres autotróficos. É o caso das plantas. Toda planta faz fotossíntese, um processo de produção de alimentos que ocorre na natureza em presença da energia solar. Para realizar a fotossíntese é necessário que a planta tenha clorofila, um pigmento verde que absorve a energia solar; a planta necessita também de água e de sais minerais, que normalmente as raízes retiram do solo, e ainda de gás carbônico (CO2) do ar atmosférico, que penetra na planta através das folhas. A glicose é um dos produtos da fotossíntese. Outro produto é o gás oxigênio, que a planta libera para o ambiente. Com a glicose a planta fabrica outras substâncias, como o amido e a sacarose. O amido é encontrado, por exemplo, na “massinha branca” da batata e do feijão. A sacarose é o açúcar que costumamos usar para adoçar, por exemplo, o café e os sucos; ela é encontrada naturalmente da cana-de-açúcar. A planta, dessa forma, se alimenta dos nutrientes que ela própria fabrica, a partir de energia luminosa, da água e do gás carbônico, obtido do ambiente em que vive. Os sais minerais são indispensáveis para a ocorrência de inúmeros fenômenos que acontecem nos seres vivos. Os sais de magnésio, por exemplo, são necessários para a produção das clorofilas, uma vez que participam da constituição desses pigmentos. E, sem clorofila, a planta fica incapacitada para a realização da fotossíntese.
A fotossíntese pode ser representada pela seguinte equação:
luz
6H2O + 6CO2 6O2 + C6H12O6 clorofila
FONTE: Base de dados do Portal Brasil®, Os seres vivos (Carlos Barros & Wilson Roberto Paulino) e
universidades federais. http://www.portalbrasil.net/educacao_seresvivos_caracteristicas.htm
Recursos de Retórica Nos textos elaborados para fins pedagógicos é comum se verificar a
generalização constante das informações a respeito do tema. É constante a
presença da figura sinédoque. Fala-se da parte (a planta) para generalizar
um modelo explicitado para todas as plantas, oferecendo pouca
importância às suas especificidades.
É imprescindível que, após a leitura exploratória, o professor explique
alguns detalhes a respeito do tema e relacione-os às situações do cotidiano
dos alunos. Assim, atenderá à negociação de significados com o uso de
metonímias, ou seja, apresentando detalhes e exemplos de caules, folhas,
plantas aquáticas, entre outras, relacionados ao tema específico.
A conclusão deverá ser breve. O orador declarará algumas situações
concisas do tema. Necessita salientar o que foi dito ao longo da
argumentação a fim de provocar a reorganização do que foi exposto a
respeito do tema.
2) Fotossíntese, dúvida de um sabiá.
Texto sobre a fotossíntese presente na revista Ciência Hoje das Crianças, de dezembro
de 2004, nº 153, poderá ser aproveitado na forma de uma leitura dramática. O texto
também poderá ser encontrado no endereço eletrônico: <http://cienciahoje.uol.com.br/
view/3225> acesso em 21 de out 2008.
Recursos de Retórica
O texto apresenta uma ficção alegórica para sugerir alguma reflexão de
ordem moral a respeito da fotossíntese. Apresenta a personificação de uma
árvore e de um sabiá que conversam (prosopopéia) sobre importância do
tema.
3) Por que... o girassol gira com a luz do Sol?
O texto foi localizado na Revista Ciência Hoje das Crianças nº 167 do mês de Abril de
2006. Enfoca questões a respeito do movimento realizado pelas plantas a fim de
capturar mais luz para realizar a fotossíntese. Poderá ser localizado no endereço
eletrônico: <http://ich.unito.com.br/46479>, acesso em 21 de out 2008.
Recursos de Retórica O texto apresenta particularidades (metonímia) a respeito do girassol.
Induz o aluno na compreensão da ação do sol sobre as diferentes regiões da
planta.
III - ATIVIDADE Musical:
A música: Luz do Sol de Caetano Veloso (voz de Gal Costa) é uma sugestão que
propiciará uma análise poética a respeito da importância do processo de fotossíntese.
Poderá ser localizado no endereço eletrônico: <http://br.youtube.com/watch?v=6MV
yueIbwL4>, acesso em 21 de out. 2008. É possível, ainda, localizar a música em:
VELOSO, Caetano. Luz do Sol. In: Muito Mais Caetano, Rio de Janeiro: Universal
Music, 2002.
“Luz do sol Que a folha traga e traduz Em ver de novo
Em folha, em graça Em vida, em força, em luz...”
Recursos de Retórica O recurso pedagógico da música apresenta de maneira poética a
importância da luz do sol para as plantas. A analogia com as sensações de
cor, de calor, de frescor e a relação com a luz solar. A presença da alegoria
é uma representação figurativa que visa a transmitir um significado maior
que o expresso literalmente.
IV – ATIVIDADE DE RECONSTRUÇÃO DO APRENDIZADO: Estudo dirigido:
A reconstrução do conhecimento científico escolarizado pode ser realizada com o
recurso da revisão oral realizada pelo professor e pelos alunos. Na seqüência, para efeito
de registro dos conceitos sugere-se uma revisão escrita das etapas desenvolvidas do
seguinte modo:
a) o professor fará anotações (mapa conceitual) no quadro-de-giz ao mesmo
tempo em que os alunos fazem à reconstrução oral dos conceitos e das etapas
desenvolvidas.
b) pelos alunos com a elaboração de um texto explicativo proveniente do mapa
conceitual que aborda a morfofisiologia da planta e o processo da nutrição vegetal.
Recursos de Retórica
No contexto da sala de aula, é comum observarmos os alunos
reproduziram de maneira oral ou escrita, determinados termos ou
expressões específicas do ensino de ciências. Nesse caso, considera-se que
os alunos apenas aprendem determinada nomenclatura, aprendem o nome
das coisas sem, no entanto, compreenderem a fisiologia. É fundamental
que o professor fique atento para as possíveis falhas ou erros nos
significados apresentados pelos alunos.
A esse respeito Contenças afirma que a comunicação do discurso científico
ao discurso do ensino de ciências sofre uma adaptação que visa mais
entusiasmar e interessar aos alunos do que introduzi-los a uma ciência
(CONTENÇAS, 1999, p.91). Portanto, sugere-se que os alunos registrem
seus conhecimentos em uma atividade que explicite algumas carências
conceituais.
O encadeamento das atividades anteriores permite um encadeamento
progressivo do raciocínio aprofundamento a respeito do tema.
V – ATIVIDADE DE AVALIAÇÃO – Mapa conceitual
Sugere-se que os alunos, em dupla e com a ajuda do professor, complementem as
informações conceituais em um mapa conceitual (AUSUBEL et all, 1980). A proposta
de trabalho com esse recurso pedagógico é útil na organização e preparação de aulas,
organização hierárquica de conceitos. Neste caso, o mapa conterá informações obtidas
dos questionamentos realizadas em sala até o momento, a respeito da nutrição vegetal.
Em seguida, cada aluno ou a dupla de alunos elaborará um texto pré-avaliativo. Para
obter maiores informações a respeito, recomendamos as leituras pertinentes ou o acesso
ao endereço eletrônico <http://www.if.ufrgs.br/~moreira/mapasport.pdf> acesso em 10
de nov. de 2008.
VI – ATIVIDADE COMPLEMENTAR
a) Terrário: Aula prática
A montagem de um terrário será útil para o acompanhamento do desenvolvimento de
plantas e para a confirmação de algumas informações obtidas até o momento. O
professor e os alunos realizarão o plantio de diferentes mudas e sementes num terrário
que será exposto á luminosidade e um outro terrário que será mantido distante da
luminosidade;
-Registrar num relatório, em dias alternados, os aspectos mais relevantes quanto
ao crescimento, desenvolvimento e cor das plantas, desde o plantio até um determinado
período aproximado de três semanas.
- Após alguns dias de crescimento das plantas os alunos perceberão as diferenças
entre as plantas que recebem a luz solar e as que estão privadas dessa luz. Vale lembrar
que a única variação deverá ser a luz; portanto, todos os terrários deverão estar com
umidade suficiente para o desenvolvimento adequado, por exemplo.
-Cuidar do terrário por um tempo indeterminado e observar o crescimento das
diferentes regiões da planta.
b) para os alunos
Sugerir aos alunos a leitura do texto: Plantas carnívoras existem mesmo? Descubra
como são elas e por que não devemos temê-las! Disponível na revista: Ciência Hoje das
Crianças 18, ou no endereço eletrônico: <http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/ma
teria/view/1069>.
c) para o professor
O artigo “Fotossíntese no ensino fundamental: compreendendo as interpretações dos
alunos”, apresenta um estudo a respeito da mudança conceitual dos alunos a respeito do
tema. Está disponível na revista Ciência e Educação ou no endereço eletrônico:
<www2.fc.unesp.br/cienciaeeducacao/include/getdoc.php?id=539&article=190&mode=
pdf –>.
4.6 Provocar os professores na busca da reflexão a respeito da importância do
aprimoramento da argumentação para o trabalho docente durante as aulas de
ciências
4.6.1 Encontro de área em curso de extensão universitária durante a hora-
atividade do professor de acordo com proposta vinculada à Instituição de
Ensino Superior - UEM.
Durante os encontros no curso, que destinaram ao estudo do tema em questão, serão
abordados diferentes aspectos tais como: A falta o conhecimento da Retórica pelos
professores; o conhecimento da teoria para aplicação na práxis e de como a Retórica
deve chegar aos professores.
Outros aspectos que serão considerados nas reflexões são:
a) É importante estudar os detalhes da interação discursiva em sala de aula?
b) A atenção aos detalhes da interação discursiva pode interferir na escolha do que
é realmente relevante falar nas aulas de ciências?
c) É conveniente estabelecer um procedimento teórico-metodológico para a ação
discursiva do professor em sala de aula?
d) E quanto à:
- Competência discursiva do professor.
- Desenvolvimento do tema pelo professor.
- Interação discursiva entre professor e alunos.
- Estrutura de participação.
- Debate.
4.6.2 Registro de alguns momentos da argumentação do professor em
sala de aula e análise do desempenho do(s) professor (es) com os dados
coletados.
Apontar alguns princípios a respeito da importância do estudo da Retórica para o
aprimoramento da argumentação do professor com a proposição de sugestões de
melhoria na atividade argumentativa.
REFERÊNCIA : ARISTÓTELES, Tópicos; Dos Argumentos sofísticos / Aristóteles; seleção de textos de José Américo Motta Pessanha; tradução: Leonel Vallandro e Gerd Bornheim da versão inglesa de W. A. Pickard. São Paulo: Abril cultural, 1978. AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D. e HANESIAN, H. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: Editora Interamericana, 2 ª edição,1980.
BRETON, Philippe. A argumentação na comunicação. Tradução de Viviane Ribeiro. 2ª ed. Bauru, São Paulo: EDUSC, 2003. CONTENÇAS, Paula. A Eficácia da Metáfora na Produção da Ciência: o caso da genética. Coleção: Epistemologia e sociedade. 1ª ed. Lisboa: Instituto Piaget, 1999. DCE: Diretrizes Curriculares de Ciências para o Ensino Fundamental. Secretaria de Estado da educação do Paraná Superintendência da Educação. Departamento de Educação Básica, 2008.
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