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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Curso de Especialização em Ortodontia Crescimento da Base do Crânio Disciplina de Ortodontia Aluna: Luciana Campos

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Curso de Especialização em Ortodontia

Crescimento da Base do Crânio

Disciplina de OrtodontiaAluna: Luciana Campos

SUMÁRIO

1. Introdução _________________________________________________________ 3

2. Anatomia da Base do Crânio __________________________________________ 4

3. Funções da Base do Crânio ___________________________________________ 5

4. Crescimento da Base do Crânio ________________________________________ 6

5. Conclusão ________________________________________________________ 10

6. Referências Bibliográficas ____________________________________________ 11

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1. Introdução ______________________________________________________________________

Crescimento é um termo geral, significando simplesmente que algo sofreu alteração em magnitude. Esse termo, no dicionário Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (DPLP), consiste em desenvolvimento progressivo (em altura, volume ou intensidade).

Para Moyers, "crescimento" pode ser definido como as mudanças normais no montante da substância viva, ou ainda, o resultado de processos biológicos, através dos quais a matéria viva se torna maior.

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2. Anatomia da Base do Crânio ______________________________________________________________________

Para uma correta e eficiente compreensão do crescimento da base do crânio, é fundamental que se tenha conhecimento da anatomia dessa região.

A base do crânio é formada pela pelos ossos occipital, esfenóide, etmóide e frontal. Essa é dividida em três pares de fossas, anterior, média e posterior, dispostas de tal maneira que o assoalho das fossas médias estão abaixo do nível das fossas anteriores e acima do nível das fossas posteriores. As fossas anteriores e posteriores de ambos os lados, comunicam-se amplamente, ao passo que as fossas médias têm entre si a sela turca. As fossas anteriores e médias alojam parte do cérebro e se caracterizam por apresentar impressões digitiformes e saliências cerebrais. Nas fossas posteriores, que alojam os hemisférios cerebelares, não existe superfície modelada. NETTER

Vista Interna: (Fig. 1)

Base do crânio mostrando os ossos: frontal, etmóide, esfenóide, temporais, parietais e occipital.

Fossa anterior do crânio Fossa média do crânio Fossa posterior do crânio

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Fig. 1Vista Inferior: (Fig.2)

Acidentes anatômicos:

Forames e canais: comunicam encéfalo ao pescoço

Processos: fixação muscular da cabeça

Fig.2

3. Funções da Base do Crânio ______________________________________________________________________

De acordo com Moyers, a base do crânio não somente tem como função, suportar e proteger o cérebro e a coluna vertebral, mas também articular o crânio com a coluna vertebral, mandíbula e região maxilar. Uma de suas importantes funções é a adaptação ou zona amortecedora entre o cérebro, face e região faríngea, cujos crescimentos caminham diferentemente.

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4. Crescimento da Base do Crânio______________________________________________________________________

I. Mecanismos e locais

O crescimento da base do crânio é obtido por meio de um equilíbrio complexo entre crescimento sutural, alongamento das sincondroses, extensivo deslizamento cortical e remodelação. Essa combinação proporciona: (1) aumento de crescimento diferencial entre a base e a abóbada craniana, (2) expansão dos contornos confinados nas várias fossas endocranianas, e (3) manutenção das passagens dos vasos e nervos e alongamento de apêndices como a hipófise. O alongamento da base craniana é obtido por crescimento das sincondroses e crescimento cortical direto. O processo de deslizamento cortical no soalho de crescimento, geralmente em uma direção ectocraniana, com aposição proporcional na superfície externa. MOYERS

Um dos tipos de crescimento é de flutuação cortical direta, que envolve deposição no exterior e reabsorção do interior, esse processo chave de remodelamento, que proporciona o aumento direto de muitas fossas endocranianas, em conjunção com o crescimento sutural e alongamento das sincondroses. (Fig. 3) ENLOW

Fig. 3

Todas as repartições elevadas, diferente da maior parte do resto do assoalho craniano, são de deposição óssea. O segmento ventral médio da base do crânio cresce bem mais lentamente que o assoalho das fossas lateralmente localizadas. Isso acomoda o crescimento mais lento da medula, ponte, hipotálamo, quiasma óptico, e assim por diante, em contraste com a expansão rápida e maciça dos hemisférios. ENLOW

A base do crânio permite a passagem dos nervos e dos grandes vasos sanguíneos; uma expansão dos hemisférios causaria marcantes movimentos de deslocamento dos ossos na base do crânio, se funcionasse apenas um mecanismo de crescimento sutural (como na abóbada craniana). Os processos de remodelamento da base do crânio proporcionam a estabilidade desses nervos e vias de passagem vasculares, ou seja, cada forame que acompanha um nervo ou vaso passa por um processo de flutuação (reabsorção e aposição) para manter seu posicionamento adequado. ENLOW

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A parte média da base caracteriza-se pela presença de sincondroses, que são "resquícios" das cartilagens primárias da base do crânio inicialmente cartilaginosa. Um número de sincondroses estão ativas durante os períodos fetal e pós-natal. ENLOW As sincondroses possuem um papel de crescimento de alongamento da base do crânio. Estes importantes sítios de crescimento são as sincondroses esfenoccipital (contribui para o crescimento anteroposterior da base do crânio - ossifica aos 20 anos); interesfenoidal (contribui para o crescimento lateral da base do crânio - ossifica aos 2 anos) e esfeno-etmoidal (contribui para o crescimento anteroposterior da base do crânio - ossifica aos 7 anos).-

Fig.4

Durante o período de desenvolvimento da criança é a sincondrose esfenoccipital a principal cartilagem de crescimento da base do crânio; essa proporciona um mecanismo de crescimento ósseo adaptado a pressão, o que contrasta com o crescimento sutural adaptado a tensão. A compressão está envolvida na base do crânio, presumivelmente porque ela suporta o peso do cérebro e da face. A sincondrose esfenoccipital é mantida durante o período da infância enquanto o cérebro e a base do crânio continuam a crescer e se expandir. Ela cessa suas atividades entre 12 e 15 anos de idade, e os segmentos esfenóide e occipital fundem-se na linha média antes dos 20 anos de idade. ENLOW

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Fig. 5

A presença de sincondrose esfenocipital permite o alongamento da porção média da base do crânio; ela permite um crescimento relacionado com o deslocamento primário dos ossos envolvidos e um novo osso endocondral é depositado nas regiões medulares de cada osso, desta forma o osso é alongado e aumenta em diâmetro pela atividade de remodelação. ENLOW

O crescimento sutural é exclusivamente adaptado às tensões produzidas pelo processo de deslocamento primário dos ossos, ou seja, de acordo com a teoria da matriz funcional de Moss, assim que a matriz de tecido mole cresce leva consigo os ossos adjacentes provocando tensão nas regiões de sutura, que respondem por sua vez com a deposição óssea.

O crescimento do soalho craniano tem efeito direto no posicionamento da mandíbula média da face (Fig. 6). Como o soalho e a fossa anterior cranianos crescem, o espaço subjacente ocupado pelo aumento do complexo nasomaxilar, faringe e ramo cresce correspondentemente. O alongamento do complexo esfenoccipital desloca toda a face média anteriormente, produzindo aumento da região faríngea. O ramo aumenta à medida que a mandíbula é deslocada anteriormente em conjunto com o deslocamento para frente da maxila. Desta forma, o crescimento anteroposterior da base do crânio desempenha um importante papel tanto o crescimento mandibular quanto nasomaxilar.MOYERS

Fig. 6

II. Época

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A fossa craniana mostra taxa de remodelação reduzida após o término de crescimento do cérebro. Entretanto, as sincondroses cranianas procedem diferentemente e a fossa continua crescendo de alguma maneira, em comprimento, por um extenso período. Embora elas devam estar sob controle similar a outras cartilagens de crescimento no corpo, os "surtos" da puberdade no crescimento endocondral da base do crânio são amortecidos pelas complicadas articulações das estruturas da base do crânio com outros ossos. MOYERS

III. Mecanismos compensatórios

A base craniana é geralmente considerada a mais estável de todas as partes do esqueleto craniofacial e a menos afetada por influências externas, tais como função neuromuscular alterada e tratamento ortodôntico. O soalho do crânio, portanto, dispõe do menor crescimento compensatório relativo ao crânio visceral do que outras estruturas craniofaciais. MOYERS

5. Conclusão

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Pode-se concluir, através dessa revisão de literatura, que para o ortodontista é de inegável necessidade o conhecimento e o entendimento das fases de formação do indivíduo, uma vez que a ocorrência de um desvio em determinada fase de formação embriológica, pode resultar em mal formações genéticas com profundas influências no posicionamento dos dentes, na estética facial e no psíquico do paciente.

Deve-se também ressaltar e compreender o crescimento da base do crânio, pois a maior parte do seu crescimento acontece nos primeiros anos de vida. E esse é o local em que menos o especialista tem capacidade de interferir. Dessa forma, as maloclusões dentárias, muitas vezes, encontram-se associadas a irregularidades no posicionamento espacial entre a maxila e mandíbula, e desses ossos com a base do crânio, refletindo diretamente nos objetivos do tratamento. Assim, conhecimentos básicos de crescimento são fundamentais para diagnóstico, planejamento, tratamento e avaliação dos resultados da terapia ortodôntica.

6. Referências Bibliográficas

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Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (DPLP), On-line, 2011.

ENLOW, D. H. Crescimento Facial, 3ª ed., São Paulo, Artes Médicas, 1993.

MOYERS, R. E. Ortodontia, 4ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1991.

NETTER F H. Atlas de Anatomia Humana, 2ª ed., Artmed, 2003.

SOBOTTA J. Atlas de Anatomia Humana, 20ª ed., Guanabara Koogan, 1995.

TEIXEIRA LMT, REHER P, REHER V. Anatomia Aplicada Aplicada à Odontologia, Guanabara Koogan, 2001.

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