Sigma Pi: quadrinhos para divulgação e ensino de ciências

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA NÚCLEO OUROBOROS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA Sigma Pi: quadrinhos para divulgação e ensino de ciências Aluna: Adriana Yumi Iwata RA: 328588 Orientadora: Dra. Karina Omuro Lupetti São Carlos/ 2012

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Monografia da aluna Adriana Yumi Iwata, do curso de Química da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOSDEPARTAMENTO DE QUÍMICA

NÚCLEO OUROBOROS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Sigma Pi: quadrinhos para divulgação e ensino de ciências

Aluna: Adriana Yumi IwataRA: 328588

Orientadora: Dra. Karina Omuro Lupetti

São Carlos/ 2012

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Sumário

1 - Introdução …............................................................................................... 1

2 - Fundamentação teórica

2.1 - A linguagem das Histórias em Quadrinhos …..................................... 3

2.2 - Mangá: Origem e características ….................................................... 7

2.2.1 - Shoujo mangá, mangá para garotas …....................................... 9

2.3 - HQs educacionais …........................................................................... 11

2.4 - Ciência nos quadrinhos …................................................................... 12

2.5 - Metodologia investigativa …................................................................ 15

2.6 - Ensino não-formal …........................................................................... 16

3 - Objetivos …................................................................................................. 18

4 - Metodologia

4.1 - Confecção da revista …....................................................................... 18

4.2 - Preparação do questionário …............................................................ 22

4.2.1 - Avaliação do conteúdo por meio de questionário …................... 23

4.3 - Análise dos dados …........................................................................... 23

5 - Resultados e discussão

5.1 - Avaliação da revista …........................................................................ 24

5.2 - Avaliação do questionário …............................................................... 31

5.2.1 - Avaliação do perfil dos leitores …................................................ 32

5.2.2 - Avaliação das respostas ….......................................................... 35

6 - Considerações finais …............................................................................... 64

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1 - Introdução

As histórias em quadrinhos, ou HQ, são um meio de comunicação

frequentemente encontrado nos dias atuais, utilizando tanto imagem como o texto

para transmitir uma determinada informação, ou servir apenas como meio de

entretenimento.

EISNER1 define as histórias em quadrinhos como sendo “arte sequencial”, ou

seja, elas são caracterizadas como tal se os quadros que compõem a HQ estão

dispostos numa sequência. Porém, ainda há dificuldades para se classificar esse

tipo de mídia, pois sua linguagem não tem uma definição correta de gênero e

temática abordados, materiais utilizados ou do estilo de arte, como afirma MC

CLOUD2. Dentro desta temática, existem os mangás, histórias em quadrinhos

japonesas que possuem características bem distintas do material produzido em

outros países, como as expressões exageradas e os olhos grandes, além de possuir

um ritmo de narrativa diferenciado, que valoriza os movimentos cinematográficos

para estabelecer o clima da história.

Por causa de tal diversidade, as histórias em quadrinhos ainda são vistas como

uma mídia marginalizada, tendo pouca relevância artística e cultural. Além disso,

outro fator que contribui para esse tipo de julgamento é o fato desse meio utilizar

muito o desenho, o que faz associar a um conteúdo voltado para crianças e por isso

não sendo um objeto amplo de estudos, o que é errado, já que existem diversas

obras voltadas para o público adulto (por exemplo Maus, de Spielgman)3.

1 EISNER, W. Quadrinhos e arte sequencial.[Comics and sequencial art]. Luís Carlos Borges (Trad.). 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 154 p.2 MC CLOUD, S. Desvendando os Quadrinhos [Understanding Comics]. Helcio de Carvalho; Marisa do Nascimento Paro (Trad.). São Paulo: Makron Books, 1995. p. 22.3 TATALOVIC, M. “Science comics as tools for science education and communication: a

brief, exploratory study.” Jcom 8(4), 2009.

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A união do texto com a imagem faz delas um poderoso meio para divulgar

ciências. Além disso, como afirma VERGUEIRO4, elas podem ser utilizadas como

material complementar pelo professor na sala de aula, pois aumentam a motivação

dos alunos.

Histórias em quadrinhos feitas especificamente para esse fim são

frequentemente ignoradas pelos pesquisadores, como afirma TATALOVIC3. Além

disso, a abordagem da ciência pode se tornar pouco atrativa ao dar prioridade ao

nível de formalismo nos termos científicos e não levar em conta o tipo de público ao

qual ela se destina. Com isso, a imagem de que a ciência é algo de difícil

compreensão e a figura estereotipada do cientista (geralmente uma pessoa com

expressão de maluco, vestindo jaleco, óculos e cabelos arrepiados) é ainda mais

reforçada, afastando o interesse dos leitores pelas ciências, ou ainda aproximando-

os por motivos errôneos.

Levando esses fatores em consideração, este trabalho trata da elaboração de

uma revista de histórias em quadrinhos chamada Sigma Pi, que envolve conteúdos

de Química aliados à temática dos romances feitos para meninas (shoujo), dos

mangás japoneses. Ou seja, um material que tenha conceitos científicos abordados

de forma correta, mas que também leve o leitor a desfrutar do enredo e dos

personagens, não perdendo a característica de entretenimento.

4 VERGUEIRO, W. Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2009.

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2 - Fundamentação teórica

2.1 - A linguagem das histórias em quadrinhos

Desde os tempos antigos, o homem sentia a necessidade de se expressar, se

comunicar, representar o que ele via ao seu redor. Na pré-história, isso era feito

através de imagens rupestres nas cavernas, que continham representações de

batalhas e do dia-a-dia do homem primitivo. Assim que as comunidades começaram

a se tornar mais complexas e hierarquizadas, houve a necessidade de ter um

“código” que fosse comum aquele núcleo de pessoas; e com isso, surge a escrita.

Ainda que a escrita fosse representada por meio de códigos, em sua essência havia

traços da imagem do que se queria representar, como é o caso dos hieróglifos

egípcios e dos ideogramas japoneses e chineses, por exemplo.

Com o passar dos séculos, a escrita e o desenho ficaram cada vez mais

afastados, criando cada um a sua própria característica: na escrita, houve a

evolução da literatura; e no desenho, as artes plásticas. Porém, o advento da

imprensa em 1438, por Gutemberg, foi o marco para que a informação pudesse ser

transmitida de maneira mais eficaz, através de jornais. Esse fator, ainda que

lentamente, abriu caminho para a união do desenho com a escrita, resultando no

que chamamos atualmente de “Histórias em Quadrinhos”.

A primeira combinação de imagem e texto veio do artista europeu Rodolphe

Tӧpffer, com histórias que empregavam caricaturas e requadros2, com um texto

explicativo sobre cada quadro, mas ainda assim mantendo uma sequência nas

imagens.

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Figura 2.1. Imagem de ''Histoire de Monsieur Cryptogame'', de Rodolphe T pffer. Retirado de:ӧ

<http://en.wikipedia.org/wiki/File:Toepffer_Cryptogame_13.png>

Outros artistas, como Wilhelm Busch e o francês Christophe5 utilizavam-se do

mesmo recurso, ou apenas empregavam uma sequência de imagens sem o texto

descritivo para narrar a história.

Apesar de utilizarem tanto imagem como o texto, a primeira história em

quadrinhos como conhecemos hoje, com a utilização de balões e movimentos mais

dinâmicos, além de possuir um personagem continuado, é dada a The Yellow Kid, de

Richard F. Outcault (1895)5 , que surgia como suplemento nos jornais americanos de

domingo.

5 MOYA, A. História da história em quadrinhos. Porto Alegre: LPM, 1986.

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5

Figura 2.2. “The yellow kid”, de Richard F. Outcault. Quadrinho publicado em 1897, no New York

Journal. Retirado de: <http://cartoons.osu.edu/yellowkid/1897/1897.htm>

Desde então, as histórias em quadrinhos passaram por diversas evoluções,

tanto no estilo quanto na narrativa visual, seguindo a necessidade de se expressar

de cada época, até chegar aos dias atuais.

As histórias em quadrinhos apresentam uma série de “códigos” denominados

de recursos visual e verbal, que se tornaram característicos deste tipo de mídia 4.

Recursos Visuais

a) Quadrinho: é o espaço delimitado aonde será feito o desenho, onde cada quadro

representa uma transição de cena. Essa transição pode ser tanto rápida como lenta,

dependendo do efeito temporal que o autor da obra quer causar no leitor.

b) Planos e ângulo de visão: é a maneira que a imagem será representada dentro do

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quadrinho, podendo variar tanto o tipo de plano (com o personagem mais próximo

ou mais afastado, por exemplo) como o tipo de ângulo utilizado, que varia como o

autor deseja que uma certa cena seja mostrada para o leitor.

c) Montagem: a montagem da HQ irá depender do meio onde ele será publicado e

do tipo de narrativa abordada. Por exemplo, as tiras de jornal (geralmente de 3 a 4

quadrinhos) ocupam um espaço menor do que uma página inteira; além disso na

maioria das vezes possuem uma narrativa fechada em cada tira.

d) Protagonistas e personagens secundários: a função do protagonista na história é

conduzir o leitor durante a história, além de ser um ícone de forte identificação por

parte do leitor. Já personagens secundários, servem de suporte para o protagonista

durante as suas aventuras.

e) Figuras cinéticas e metáforas visuais: as figuras cinéticas são utilizadas para dar

a sensação de “movimento” nas histórias, utilizando para tal linhas de ação; já as

metáforas visuais expressam uma certa ideia ou sentimento, de maneira figurativa,

como, por exemplo, “ver estrelas”.

Recursos Verbais

a) Balão: o balão é o espaço onde o texto será colocado. Geralmente é

representado por meio de um círculo achatado, com um rabicho em sua extremidade

inferior, indicando quem está falando. Existem vários formatos de balões, cada um

variando de acordo com a necessidade do desenhista.

b) Legenda: representa a voz do narrador, geralmente são quadros retangulares

localizados no canto superior da página, indicando mudança de tempo, transição de

cena e afins.

c) Onomatopeia: é a representação sonora utilizada nas HQs. Ela pode variar de

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país para país, devido a costumes e a cultura de cada um, mas a maioria provém do

inglês. Nas HQs japonesas, o uso das onomatopeias é bastante evidente, chegando

a ser um recurso de alto impacto visual aliado ao quadro da página em questão.

Exemplos: Crash!, Bum!, Ploft! .

2.2 - Mangá: origem e características

As primeiras manifestações de arte sequencial no Japão, ou seja, de uma

narrativa que envolvia desenhos numa certa sequência, surgiram através dos

chamados e-makimono6, que eram grandes rolos de papel que contavam uma

história à medida que eram desenrolados.

Figura 2.3. Cena da história “Genji Monogatari”, de 1130. Retirado de:

<http://en.wikipedia.org/wiki/File:Genji_emaki_azumaya.jpg>

Após um completo isolamento do resto do mundo no período Edo (1603-

1868), com a abertura comercial e política do país para o resto do mundo no período

6 LUYTEN, S.M.B. O poder e difusão dos quadrinhos japoneses como reflexo da sociedade nipônica. São Paulo, Escola de Comunicação e Artes - USP, 1987. Tese de doutorado, 261 p.

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Meiji (1868-1912), o país sofreu uma acelerada mudança tecnológica advinda dos

costumes e novidades trazido pelos ocidentais. Os primeiros quadrinhos japoneses

modernos possuíam muita influência do estilo ocidental, trazidos por Charles

Wirgman e George Biot, e eram, na sua maioria, cartuns humorísticos. O termo

mangá surge neste período, e se deve a Rakuten Kitazawa, que popularizou a

expressão.

Logo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o país estava em

completa destruição. Era necessária uma forma de entretenimento que fizesse a

população encontrar forças para se reerguer da humilhação que havia sofrido com a

derrota na guerra. Nisso, as histórias em quadrinhos tiveram uma grande

contribuição. Eram feitas com papel jornal barato, costume que perdura até hoje no

país, e compiladas em formato de lista telefônica, sendo assim, um material de

entretenimento barato e de fácil acesso para qualquer pessoa.

O estilo mangá, tal como conhecemos atualmente, se deve a Osamu Tezuka

(1928-1989), que, influenciado por artistas como Walt Disney e do próprio cinema,

começou a fazer suas histórias em quadrinhos. A utilização dos olhos grandes,

comuns no estilo, se deve à inspiração do autor nas atrizes do teatro Takarazuka, na

qual as mulheres atuam tanto em papéis masculinos como femininos, e que usam

muita maquiagem para realçar os olhos e reforçar a expressividade.

Além disso, a inserção da televisão como meio de entretenimento fez com

que os artistas japoneses desse período buscassem novas técnicas de

enquadramento para deixar seus quadrinhos mais dinâmicos, com receio de perder

espaço para essa nova forma de tecnologia que havia surgido. Sendo assim, a

incorporação de ângulos mais dinâmicos, linhas de ação mais evidentes e uma

narrativa cinematográfica são recursos utilizados nos mangás até hoje.

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2.2.1 - Shoujo mangá, mangá para garotas

Os mangás possuem uma ampla diversidade de estilos e temáticas variadas,

indo de histórias de pessoas com superpoderes especiais e robôs gigantes a tramas

que tratam de esportes e situações do cotidiano. Devido ao grande alcance, também

existem mangás didáticos, que objetivam ensinar temas mais densos e matérias

escolares utilizando a linguagem dos quadrinhos. Além disso, eles também são

separados por público-alvo: existem mangás para crianças, adolescentes, adultos e

idosos. E dentro deste leque tem-se os mangás de gênero, ou seja, destinados a

meninos ou meninas. É o caso dos chamados Shoujo mangá.

O Shoujo mangá (mangá para garotas) surgiu com Osamu Tezuka, através da

história Ribon no Kishi, na qual já estão presentes alguns elementos que

caracterizariam o mangá feminino, como a presença de uma protagonista, os olhos

grandes bem ressaltados e a temática do romance envolvida na trama.

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Figura 2.4. Página de uma das edições do mangá “Ribon no Kishi”, de Osamu Tezuka. Retirado de:

<http://www.sleepycomics.com/view.php?id=7441&img=3>

Posteriormente, as mulheres começaram a criar histórias para o público

feminino, sendo Hideko Mizuno, Miyako Maki e Masato Watanabe, e mais tarde

Ryoko Ikeda, Moto Hagio, Yumiko Oshima, Keiko takemiya e Yumiko Igarashi,

marcos na história do Shoujo mangá japonês. Isso é um fator importante a ser

levado em consideração, pois é um mercado onde as mulheres produzem

quadrinhos para mulheres, o que não acontece com frequência em outros países.

Seu público-alvo são adolescentes na faixa etária dos 12 ao 17 anos,

aproximadamente, e atualmente existem diversas revistas que publicam histórias

desse tipo.

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2.3 - HQs educacionais

O fato dos quadrinhos modernos estarem ligados a um produto de “massa”,

ou seja, a uma mercadoria popular e facilmente acessível, aliado ao próprio

conteúdo do mesmo, com personagens fantasiosos e desenhos caricatos, fez surgir

a desconfiança de muitos adultos sobre a utilização deste meio como forma de

aprimorar o aprendizado das crianças e jovens.

Com o desenvolvimento de estudos ligados à cultura e comunicação, nas

últimas décadas do século XX, os quadrinhos, assim como outras formas de

comunicação, tal qual o rádio e a TV, passaram a ser encarados com menos

desconfiança, recebendo maior atenção por parte dos pesquisadores. Anos antes

dessa percepção por parte dos estudiosos, já existiam histórias em quadrinhos com

caráter educativo. As primeiras revistas (True Comics, Real Life Comics, Real Fact

Comics), que surgiram nos Estados Unidos4, por volta de 1940, traziam personagens

famosos da história, grandes nomes da literatura e eventos históricos marcantes.

Posteriormente, também surgiram publicações voltadas para o ensino religioso e de

fundo moral, como as Picture Stories from the Bible, Topix Comics e Treasure

Chest; estas duas últimas traziam em seu conteúdo bibliografias de santos e

personagens bíblicos.

Porém a utilização de quadrinhos não ficou restrita apenas a bibliografias de

grandes personagens e fatos históricos. Na década de 50, o governo comunista

chinês utilizou a linguagem das HQs em muitas de suas campanhas, como forma de

conseguir mais apoio por parte da população. Durante a Segunda Guerra Mundial,

as HQs foram utilizadas como forma de explicar a utilização de equipamentos e em

treinamentos específicos, tendo aqui um caráter mais técnico. Na década de 1970,

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houve um aumento considerável de publicações europeias voltadas para a utilização

de quadrinhos como forma de apoio a alguns temas escolares, como por exemplo

L´Histoire de France en BD, além de publicações dedicadas a grandes nomes como

Freud, Einstein, Darwin, entre outros. Esse tipo de publicação se ampliou no mundo

inteiro, com traduções para diversos países.

Apesar do grande número de publicações voltadas para o grande público e

com temas mais informativos, a maioria delas não possuía caráter educativo, ou

seja, não eram aplicáveis para utilização em sala de aula. A inclusão das histórias

em quadrinhos em sala de aula começou de forma muito lenta, mas veio ganhando

mais espaço ao longo das últimas décadas, com professores utilizando-as para

tornar as suas aulas mais dinâmicas e aproveitar de alguns temas abordados para

discussão em sala de aula.

Segundo Vergueiro, o emprego das histórias em quadrinhos já é reconhecido

pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases) e pelos PCNs (Parâmetros Curriculares

Nacionais).4

2.4 - Ciência nos quadrinhos

Apesar dos conceitos científicos e da própria imagem do cientista se

apresentar estereotipada em algumas obras de ficção científica e em cartuns,

existem exemplos de histórias que propõem explicações corretas de ideias e fatos

científicos. Por exemplo, na história Caçadores e Presas, da série Donald Duplo, o

personagem “Pato Donald” cita o elemento hidrogênio, cujo gás é utilizado para

fazer motores.

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Figura 2.5. Trecho de páginas da edição brasileira “As novas aventuras de Donald Duplo”, número 2.

Editora Abril. Nelas, o personagem “Donald” cita o elemento hidrogênio.

Histórias em quadrinhos que envolvem temas científicos, ou seja, que não

sejam de ficção, existem desde 19413, no Classics Ilustrated e na série de

quadrinhos World Around Us, que tratam sobre história da ciência.

Como exemplos de quadrinhos que abordam ciência, pode-se citar o

Scientoons, do indiano Pradeep Srivastava, e a série de tirinhas Newton and

Copernicus, por J.C. Olson. No primeiro, há uma descrição do termo científico e em

seguida uma ilustração humorística com o tema; já no segundo caso a temática

científica é pano de fundo para que se crie o pensamento científico nos leitores.

Figura 2.6. Tirinha “Newton and Copernicus”, de J.C.Olson. Retirado de:

<http://www.newtonandcopernicus.com/week1.html>

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Existem diversos livros didáticos no estilo mangá que abordam temas científicos ou

matérias escolares, a fim de ajudar os alunos em seus estudos, ou transmitir

determinada informação de maneira simplificada, mas sem perder o formalismo nas

teorias. Esse tipo de material tem uma abordagem e linguagens mais técnicas,

fugindo do padrão da maioria dos mangás de entretenimento.

Figura 2.7. Página da edição brasileira do Mangá de Física- Mecânica Clássica. Editora Novatec.

Retirado de: <http://novatec.com.br/livros/mangafisica/>

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2.5 - Metodologia investigativa

O exercício da aprendizagem deve ser algo constante, onde as pessoas

devem buscar aprimorar o conhecimento. É necessário que a pessoa esteja

interessada em buscar tais aprimoramentos e se disponha a executá-los. Para que

isso ocorra, as atividades devem estar inseridas no universo de seus interesses.

É importante que a pessoa que se dispõe à autoaprendizagem seja capaz de

reconhecer os seus erros ao interagir com a atividade que se propôs a executar, e

assim fazer com que aprenda com eles para avançar na construção e reconstrução

de suas concepções. Esses são os princípios da metodologia investigativa, ou

inquiry.7

Segundo ZULIANI8 muitas são as propostas que fazem uso da investigação

como forma de ensino e aprendizagem. Segundo CAÑAL et al.9, um dos primeiros

autores a indicar um processo investigativo foi Dewey. Sua proposta segue os

seguintes passos:

“a) Desenvolvimento de experiências a partir de problemas ou situações ou

situações problema para os alunos.

b) Delimitação e esclarecimento do problema, buscando explicações ou

hipóteses.

c) Coleta de dados em material bibliográfico ou realização de experimentos.

d) Reelaboração de hipóteses originais.

7 ZÔMPERO, A.F.; LABURÚ, C.E. “Atividades investigativas no ensino de ciências: aspectos históricos e diferentes abordagens”. Rev. Ensaio. 13:67, 2011.

8 ZULIANI, S. R. Q. A. Prática de ensino de Química e metodologia investigativa: uma leitura fenomenológica a partir da semiótica social. São Carlos: UFSCar, 2006. Tese de doutorado, 288p.

9 CAÑAL, P.; LLEDÓ, A.I.; POZUELOS, F.J.; TRAVÉ, G. Investigar en la escuela: elementos para una enseñanza alternativa. Sevilla: Díada Editorial S.L., 1997, p.48.

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e) Aplicação e comprovação das ideias elaboradas.”9

O método investigativo compreende também o ensino por descoberta, a

aprendizagem através de projetos, resolução de problemas, realização de

questionamentos, dentre outros; de acordo com ZÔMPERO7. Essa metodologia

permite o aprimoramento do raciocínio dos alunos e também o trabalho em grupo,

além de possibilitar que estes compreendam melhor a natureza do processo

científico.

De acordo com as várias propostas de metodologia investigativa, a pessoa

deve ter um papel ativo em todo o processo de aprendizagem, se familiarizar com

essa atividade de tal forma que a encare como uma atividade aberta e criativa. Além

disso, para que o aprendiz se engaje totalmente na atividade, ela deve ser

desafiadora, além disso, também deve ser possível que ele escolha e controle essa

atividade.

Segundo Zômpero, no Brasil, o ensino por método investigativo é citado nos

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), desde 1997.7

2.6 - Ensino não-formal

A educação é algo que se processa a longo prazo, onde a pessoa adquire a

formação ao longo do tempo, seja no ensino formal escolar, de maneira informal

com os pais ou dentro da sociedade em que está inserida. Diferente do ensino

formal, onde há uma organização, tempo e didática estabelecidas, no ensino não-

formal o objetivo é a formação de pessoas num ambiente longe das tradicionais

salas de aula escolares.

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O ensino não-formal é mais flexível e menos sistemático, podendo ter

duração variada, e o tempo não é imposto, ele se ajusta de acordo com a

necessidade e a atividade proposta pelo educador não-formal. Segundo

SCHAFRANSKI10, o principal objetivo da educação não-formal é o que diz respeito à

cidadania, onde dentro dela pode haver um vínculo de interesses e necessidades ao

grupo a que se destina.

GOHN11 destaca alguns processos que podem ser desenvolvidos através da

educação não-formal:

“- a consciência e a organização de como agir em grupos coletivos;

- a construção e a reconstrução de concepção(s) de mundo e sobre o mundo;

- a contribuição para um sentimento de identidade com uma dada

comunidade;

- forma o indivíduo para a vida e para e suas adversidades(e não apenas

capacita-o para entrar no mercado de trabalho);

- resgata o sentimento de valorização de si próprio, ou seja, dá condições aos

indivíduos para desenvolverem sentimentos de auto-valorização, de rejeição dos

preconceitos que lhes são dirigidos, o desejo de lutarem para serem reconhecidos

como iguais, dentro de suas diferenças;

- adquirem conhecimento de de sua própria prática, aprendem a ler e

interpretar o mundo que os cerca.”11

Sendo assim, o exercício da educação não-formal é importante na formação

cidadã dos indivíduos, comprometida com a formação geral da pessoa e da própria

sociedade como um todo.

10 SCHAFRANSKI, M. D. “Educação não-formal e alfabetização de adultos: um relato de experiência”. Rev. Conexão. 3, 2007. Disponível em <http://www.uepg.br/revistaconexao>. Acesso em: 15 jun. 2012.

11 GOHN, M.D.G. “Educação não-formal na pedagogia social”. Disponível em: <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php>. Acesso em: 15 jun. 2012.

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3 - Objetivos

O objetivo do presente trabalho foi a elaboração de 3 edições de uma revista

de histórias em quadrinhos chamada Sigma Pi, utilizando os princípios da

metodologia investigativa e o estilo dos mangás japoneses, mais especificamente o

gênero shoujo mangá.

Além disso, foi elaborado um questionário como forma de avaliar o conteúdo

de Química apresentado na revista.

4 - Metodologia

4.1 - Confecção da revista

A confecção da revista foi iniciada em meados do segundo semestre de 2009,

e desde então a produção de cada edição é feita por um período de 3 a 4 meses.

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Figura 4.1. Esquematização das etapas de elaboração de uma edição do Sigma Pi.

As etapas que seguem para a elaboração de uma edição do Sigma Pi são

explicadas a seguir.

Parte I - Roteiro

- Elaboração do roteiro: monta-se o roteiro de cada edição, estabelecendo-se as

falas dos personagens e os conceitos de Química que serão abordados.

- Pesquisa: juntamente com a elaboração do roteiro, faz-se uma pesquisa

bibliográfica no que se refere aos conceitos de Química. Para alguns cenários, como

laboratórios, fez-se necessário buscar imagens de laboratórios de Química para

utilizar como referência no desenho das páginas.

– Storyboard: também conhecido como rafe (no Brasil) ou name (no Japão), é o

rascunho da página. Nessa etapa será feita a diagramação da página e serão

inseridos os balões e cenas que irão compor os quadros. É importante fazer o

storyboard, pois ele servirá como “guia” para a etapa de elaboração das páginas.

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Parte II - Preparação das páginas

- Desenho das páginas: o desenho das páginas é feito a lápis ou lapiseira, seguido

pela arte-final, realizada com canetas nanquim de espessura 0,05, 0,1 e 0,3 mm. A

diferença na espessura é necessária por conta de detalhes nos personagens e no

cenário que necessitam de uma espessura ora mais fina, ora mais grossa.

Figura 4.2. Página 16 da edição 3 do Sigma Pi no storyboard (esq.), e a página na arte-final (dir.)

- Digitalização: as páginas são escaneadas em resolução 300 dpi para finalização

no computador. Também é feito um tratamento na imagem, utilizando o programa

Adobe Photoshop CS4.

- Retoques e aplicação de retículas: são colocados os efeitos típicos do mangá, as

chamadas retículas, balões de fala, algumas onomatopeias e o texto, utilizando o

programa Manga Studio EX 4.0. Eventuais correções no desenho também são

feitas, se necessário.

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Figura 4.3. Página 16 da edição 3 do Sigma Pi finalizada com as retículas, balões e onomatopeias

inseridas.

– Revisão de texto: revisão dos conceitos de Química e correção gramatical.

Parte III - Impressão e divulgação do material

- Boneco: é o arquivo que será levado para a impressão. Deve-se levar em conta

que o tamanho da revista é uma folha A5, ou seja, metade de uma folha A4. Sendo

assim, será impresso em uma folha A4, 4 páginas da revista, considerando frente e

verso.

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Figura 4.4. Esquema de montagem do boneco em arquivo digital. Os números em cima indicam uma

revista com 8 páginas. Retirado de: <http://www.quadrinize.com/2011/01/guia-como-fazer-seu-

fanzine/>

- Impressão: o boneco é levado para impressão, em pequenas tiragens.

- Divulgação e venda: A venda geralmente é realizada nos eventos de animação e

quadrinhos japoneses, por ser o público-alvo da revista. Além disso, também é feita

a venda pelos correios. A divulgação é realizada por meio da internet, através do

blog do Sigma Pi, <www.sigmapi-project.blogspot.com.br>, e em redes sociais,

como o Facebook e Twitter.

4.2 - Preparação do questionário

A fim de avaliar os conteúdos de Química apresentados no mangá, um

questionário múltipla-escolha foi elaborado, com supervisão da orientadora, Dra.

Karina Lupetti. Utilizou-se para este questionário, uma linguagem coloquial, próxima

ao cotidiano dos leitores, que são, em sua maioria, adolescentes. Levou-se em

conta os conceitos de Química apresentados até a edição 3. O mesmo questionário

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foi adaptado para a versão online, disponível para os leitores que já acompanhavam

o Sigma Pi.

4.2.1 – Avaliação do conteúdo por meio de questionário

O questionário foi respondido por 4 grupos:

Grupo I - Turma A de Química Geral (Bacharelado);

Grupo II - Turma B de Química Geral (Bacharelado);

Grupo III - Turma de Química Geral (Licenciatura);

Grupo IV - Público Geral.

As turmas de Química Geral (grupos I a III) são compostas de alunos

ingressantes no curso de Química (Bacharelado e Licenciatura) do ano de 2012. A

realização da leitura da revista e resposta do questionário pelos grupos I, II, e III

foram feitas no período de março a abril.

A coleta de respostas para o grupo IV foi realizada nos meses de janeiro a

março.

4.3 - Análise dos dados

Os dados foram organizados em tabelas. Também foram gerados gráficos,

para melhor visualização e comparação com cada grupo.

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5- Resultados e discussão

5.1 - Avaliação da revista

Foram produzidas, das 12 edições previstas, 5 edições do Sigma Pi, sendo

avaliadas somente as 3 primeiras edições pela disponibilidade de tempo na etapa de

aplicação do questionário. Deve-se ressaltar que as revistas têm em média, cerca de

40 páginas, sendo 10% delas reservadas para a abordagem do conteúdo de

Química, onde nas edições 1 e 2 foi inserido uma página de seção de curiosidades

sobre os assuntos de Química abordados. Na edição 3, optou-se por colocar toda a

temática de Química durante a história, aumentando o número de páginas

destinadas ao assunto.

Além disso, a história é sequenciada, ou seja, para entender a história é

necessário ler as edições na sequência.

Através de uma comparação entre as páginas de cada edição, pode-se notar

algumas diferenças no que se refere ao desenho, quadrinização e finalização

(Figura 5.1). Além disso, a partir da segunda edição, a inserção de balões foi

realizada por meio do programa digital Manga Studio EX. 4.0. O tipo de letreiro nos

balões também foi modificado a partir da segunda edição.

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Figura 5.1. A personagem “Branca” nas edições 1 (esq.), 2 (dir.) e 3 (meio) do Sigma Pi.

O assunto de Química abordado em cada edição foi escolhido considerando

primeiramente, conceitos básicos de Química que eram apresentados em livros de

Química Geral de ensino superior. Para tal finalidade, foram utilizados os livros

Princípios de Química, de Atkins e Jones12, e Química: Um Curso Universitário, de

Mahan e Myers13 como referência para os assuntos átomo e matéria (edição 1) e

propriedades dos gases (edição 2).

Na edição 1, optou-se por abordar a teoria atômica como assunto introdutório

12 MAHAN, B. H.; MYERS, R. J. Química: um curso universitário.[University Chemistry]. Henrique Eisi Toma (Coord.). Koiti Araki; Denise de Oliveira Silva; Flávio Massao Matsumoto (Trad.). São Paulo: Edgard Blücher, 1995. p. 01-48.13 ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. [Chemical principles: the quest for insight]. Ricardo Bicca de Alencastro (Trad.). São Paulo: Bookman, 2006. p. 114-262.

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e uma curiosidade sobre o vidro, por ser um material frequentemente presente no

cotidiano, mas cujas propriedades com relação ao estado físico muitas pessoas

desconhecem (fato verificado pela análise da tabela 5.2, logo a seguir).

Figura 5.2. O personagem “Colombo” falando sobre átomo e matéria.

Figura 5.3. A personagem “Branca” explicando sobre o vidro.

Na segunda edição, abordamos o tema gases, por ser o estado da matéria

mais simples. A explosão do balão contendo gás hidrogênio foi apresentada devido

ao seu impacto visual, ilustrada numa das páginas do quadrinho, e o gás do ovo

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podre, sulfeto de hidrogênio, foi mencionado como curiosidade para complementar

o conteúdo de Química desta edição.

Figura 5.4. Cena em que é mencionado o gás sulfeto de hidrogênio, H2S.

Figura 5.5. Demonstração do experimento de combustão com o balão de hidrogênio.

A partir da terceira edição, procuramos aliar temáticas relacionadas ao

cotidiano dos leitores com a teoria abordada, como forma de aproximá-los ainda

mais da Ciência. Foram abordados experimentos que os leitores poderiam realizar

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em casa de maneira controlada, como a combustão da “chama fria” (mistura 1:1

água:etanol), não permitindo que a folha de dinheiro de papel queimasse e uma

aplicabilidade da diferença de polaridade entre os líquidos, que é o caso do teste da

porcentagem de álcool na gasolina.

Figura 5.6. O personagem “Colombo” realizando o experimento da “chama fria”.

Figura 5.7. O personagem “Benjamin” explicando sobre o teste da gasolina.

Quanto aos outros elementos das páginas, relacionados à estética da revista,

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29

alguns leitores enviaram sugestões que foram utilizadas nas edições posteriores,

como a melhoria de cenários e o desenho, além de criar uma diferenciação melhor

entre os personagens, pois na primeira edição os rapazes eram fisicamente

parecidos.

Seguem abaixo algumas das sugestões enviadas pelas pessoas que

responderam ao questionário, no que se refere à estética e narrativa da história:

“ Está legal, mas às vezes parece que não flui tão naturalmente.”

“Tente trabalhar um pouco mais as expressões faciais.”

“...tente trabalhar um pouco mais a dinâmica dos corpos dos personagens.”

“Em alguns momentos a narrativa torna-se confusa em relação aos personagens.”

“Desenhos confusos, a narrativa poderia ser melhor e mais aprofundada, e história

deveria ser mais complexa...”

“Os desenhos ficaram bem didáticos.”

“Pelo fato da personagem Branca ser mais complexa, alguns se perderam no

roteiro...”

“...dar uma melhorada em anatomia...”

“É difícil entender quem diz o quê, a ordem...”

“A quadrinização está muito boa, porque segue um fluxo contínuo na conversa, não

tem quebras!”

“Não enrole tanto para mostrar o passado dos personagens.”

Quanto à parte de Química, alguns colocaram:

“Introdução de assuntos relacionados à Química agregam valores à história.”

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“O conteúdo deixa a história mais fácil de ser imaginada.”

“Acho que o conteúdo teórico deveria ser passado com mais simplicidade e

descontração.”

“Dar vida a elementos não é bom, gera concepções alternativas que muitas vezes

geram dúvidas muito difíceis de serem identificadas no futuro...”

“Adorei a abordagem da Química de uma forma tão incomum!”

“Mostrar mais experimentos.”

“Como o assunto é sobre Química, acho que ficaria mais interessante abordar mais

o assunto...”

“Inserir mais conteúdos de Química.”

“Dar mais destaque para a aparelhagem utilizada.”

A respeito de alguns assuntos de Química abordados, como na página em

que se fala do vidro, foram citados:

“A parte sobre o vidro me deixou curiosa.”

“A parte poética do vidro.”

Sobre o assunto gases, foram mencionados:

“É um assunto diferente do que geralmente é abordado quando o assunto é

químico.”

“São curiosidades interessantes sobre esse estado da matéria.”

“A maneira descontraída no desenvolvimento da ideia.”

“Como falou de gasolina, ficou mais perto do cotidiano-aplicação.”

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5.2 - Avaliação do questionário

Grupo I

A atividade de avaliação por meio do questionário para este grupo foi

realizada em março. Como haviam poucas edições da revista disponíveis, os alunos

revezaram a leitura das edições entre si. Alguns alunos optaram por ler em grupos.

Foi possível perceber o interesse de alguns dos alunos no decorrer da etapa

de leitura, tanto sobre como foi o processo de produção do material como pelo

conteúdo de Química.

Logo em seguida, foi entregue aos alunos o questionário com as perguntas

sobre os conteúdos de Química abordados em cada edição da revista. Nessa etapa,

alguns alunos reuniram-se em grupos para discussão sobre as respostas ao

questionário e outros preferiram responder individualmente. Como não houve um

procedimento combinado a priori e tratando-se de uma abordagem não-formal, não

intervimos nessa postura dos alunos em responder individual ou coletivamente,

refletindo ser interessante essa discussão prévia, antes de emitirem suas respostas.

Grupo II

A atividade de avaliação por meio do questionário para este grupo foi

realizada no final do mês de abril. Devido ao tempo disponível, foram utilizadas para

leitura as edições 1 e 2, com os alunos revezando a leitura das edições entre si.

Alguns alunos optaram por ler em duplas. Após todos os alunos terem lido as duas

edições, o questionário foi entregue e respondido pelos mesmos.

Grupo III

Foi realizada, no final do mês de abril, a mesma atividade para a turma

ingressante no curso de Licenciatura em Química, período noturno.

A metodologia foi semelhante à utilizada na turma B. Alguns alunos

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mostraram-se interessados em como foi feita a confecção do material, fazendo

perguntas logo após responderem o questionário. Porém, havia um aluno que não

demonstrou interesse em ler o material e responder ao questionário e sua resposta

foi desconsiderada para a coleta de dados.

Grupo IV

O questionário, adaptado para versão online na internet, foi direcionado aos

leitores que acompanham o trabalho do Sigma Pi, na sua maioria fãs de quadrinhos

e animação japonesa, no período de janeiro a abril, através de e-mail e pelo blog do

mangá: <www.sigmapi-project.blogspot.com>

5.2.1 - Avaliação do perfil dos leitores

A seguir, são apresentadas as tabelas e gráficos com o perfil dos leitores.

Figura 5.8. Distribuição por gênero dos grupos e número total de participantes.

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Tabela 5.1. Faixas etárias nos grupos que leram o mangá e responderam ao questionário.

Número de pessoas

Faixa etária G I GII GIII GIV Total

10-15 anos - - - 2 2

16-21 anos 15 26 19 11 71

22-27 anos 1 4 4 9 18

28-33 anos - 1 - 2 3

34-39 anos - - 2 1 3

Figura 5.9. Faixas etárias nos grupos que leram o mangá e responderam ao questionário.

Foram compilados separadamente os dados de escolaridade do grupo IV,

pois se tratava de um grupo misto.

10-15 anos 16-21 anos 22-27 anos 28-33 anos 34-39 anos0

10

20

30

40

50

60

70

80

Faixa Etária

faixa etária de cada grupo e total

GIGIIGIIIGIVTotal

idade

qu

an

tida

de

de

pe

sso

as

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Figura 5.10. Grau de escolaridade dos membros do grupo IV.

Com relação ao perfil dos leitores, nota-se uma predominância maior de

pessoas do gênero feminino. O grupo IV é o que mais apresenta esta tendência,

devido ao fato do mangá possuir uma temática que agrada, no geral, ao público

feminino. Porém, ao analisar a quantidade de pessoas dos grupos I, II e III

separadamente, verifica-se um equilíbrio entre os gêneros, sendo a quantidade de

mulheres um pouco maior no grupo III, o que mostra que as turmas dos cursos de

Química, no geral, possuem turmas mistas em proporções equilibradas.

A faixa etária predominante, em todos os grupos, é a que vai dos 16 aos 21

anos. Ou seja, os grupos I, II e III são compostos de alunos onde a maioria são

jovens. No grupo IV também pode-se verificar esse padrão, ainda que a faixa etária

dos 22- 27 anos tenha uma proporção significativa de pessoas.

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5.2.2 - Avaliação das respostas

Segue abaixo a tabela completa com a porcentagem de acertos, erros,

pessoas que não responderam e respostas em branco para cada grupo.

Tabela 5.2. Resultados da avaliação do questionário para os quatro grupos.

Pode-se verificar, através da análise geral da Tabela 5.2, uma porcentagem

alta de acertos para os grupos I e II, decorrente do fato deste grupo ser formado

pelos alunos ingressantes do Curso de Química da UFSCar, e com isso havendo um

conhecimento maior de Química do que o do grupo IV, que é composto por alunos

de vários tipos de formação.

A análise comparativa dos grupos I e II (ambos de alunos do curso de

Bacharelado em Química) nos revela resultados equilibrados. O mesmo padrão se

verifica para os erros. Porém, a alta porcentagem de acertos verificada pelos dois

grupos em algumas questões pode ser decorrente do fato de que alguns alunos

optaram por responder as questões em duplas, influenciando nas respostas.

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Comparando-se os grupos I, II, e III, nota-se que o grupo III possui

porcentagens menores de acerto que a dos outros dois grupos. Porém, ao comparar

os grupos III e IV, o primeiro mostra uma porcentagem maior de acertos.

O grupo IV foi o que obteve maior porcentagem de pessoas que não sabiam

responder às perguntas. Este fator se deve à grande heterogeneidade do grupo

(conforme visto na Figura 5.10). Além disso, alguns destes leitores podem ter

optado por não ler a seção de curiosidades, que continha informações

complementares sobre o assunto, sendo algumas das perguntas baseadas no

conteúdo da seção, como no caso das perguntas referentes à edição 1.

A linguagem coloquial empregada no questionário e o método utilizado

(alternativas em múltipla escolha) também podem ter influenciado na escolha da

resposta para todos os grupos, e isso deve ser levado em consideração na análise

das respostas logo a seguir.

Seguem abaixo as questões utilizadas e a análise das respostas com relação

aos acertos e erros das perguntas para cada uma. As respostas corretas estão

grafadas em negrito.

Átomo e matéria - edição 1

“- Lembram que eu falei sobre os átomos logo no começo do mangá, quando a

Branca tava que nem bixete de faculdade procurando o clube? Então, é o seguinte:

naquela parte eu falei que os átomos são a menor parte que forma a matéria. E aí,

você concorda?

a) Sim! Eu concordo com tudo que você fala Colombo! Você está certo!! - aplaude

b) Hum, eu tô na dúvida...posso pedir ajuda pro universitário? - começa a olhar pro

Nestor

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c) Claro que não, sua égua!! Existem partes ainda mais indivisíveis que os

átomos! Vê se dá uma atualizada nos seus conhecimentos!

d) Ahhh...não sei! Pula pra próxima??”

As páginas que abordam o tema estão a seguir.

Figura 5.11. Página 21 da edição 1.

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Figura 5.12. Página 22 da edição 1.

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Figura 5.13. Página 23 da edição 1.

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Segue a página com informações complementares sobre o assunto.

Figura 5.14. Seção de curiosidades da edição 1, que aborda o tema átomo e matéria.

A seguir estão os resultados, em forma de gráfico, com os acertos e erros

para os quatro grupos.

Figura 5.15. Porcentagem de acertos (esq.) e erros (dir.) para o assunto átomo e matéria.

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Percebe-se que há uma alta porcentagem de acertos para os grupos I, II e III,

fato este que pode estar relacionado com a afinidade destes leitores com a Química.

Além disso, algumas pessoas dos grupos I e II optaram por fazer a leitura em duplas

ou trios, o que pode ter influenciado na escolha das respostas.

Deve-se levar em conta também que algumas pessoas do grupo I e IV não

souberam responder (Tabela 5.2). Isso pode estar relacionado ao fato destas

pessoas não terem lido a seção de curiosidades para responder corretamente à

pergunta.

Estado físico do vidro - edição 1

“- Próxima...valendo um carro! - diz Colombo - Ainda no comecinho da história, a

Branca faz um discurso todo filosófico sobre como o vidro é um "bagulho" que parou

no tempo, como ele machuca as pessoas e blábláblá... Nisso, a Branca fica toda

vermelha.

- Mas enfim... - continua o rapaz - Já parou pra pensar sobre o que é o vidro? Tipo,

que estado físico ele possui?

a)Ah, mas isso é fácil! É um sólido, ele é todo duro, não é?

b)Ele parece um líquido...é, acho que é isso!

c)Hum...é um sólido amorfo!

d)Nah, é um líquido amorfo!

e)Eu olho pro vidro de casa e parece mais que é uma mistura de sólido e

líquido...então deve ser isso!”

A seguir, está a página que aborda o vidro.

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Figura 5.16. Página 15 da edição 1.

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Segue a seção de curiosidades sobre o vidro.

Figura 5.17. Seção de curiosidades da edição 1, que aborda a origem do vidro e sua composição.

Os resultados, em forma de gráfico, estão a seguir.

Figura 5.18. Porcentagem de acertos (esq.) e erros (dir.) para o assunto estado físico do vidro.

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Percebe-se uma maior porcentagem de erros, com alguns chegando a 50%

(grupos I e II), o que se deve ao fato do assunto “característica do vidro” não estar

presente no cotidiano dos leitores. O aspecto físico do vidro é um fator do qual

muitos alunos, mesmo os do curso de Química, ainda possuem dúvidas. Além disso,

o fato do estado físico do vidro ser mencionado somente na seção de curiosidades

deve ser levado em consideração ao analisar a porcentagem de erros obtida, pois

muitos dos leitores podem ter optado por não lê-la.

Propriedades do hidrogênio - edição 2

“- E aí, vocês viram que fez uma explosão legal! - continua Colombo - Mas porquê?

O que o hidrogênio tem de tão especial?

a)Oras, porque ele é um gás inflamável! O nome já diz, não? Inflamável!

b)Ah, porque ele é um gás inerte! Vive na dele e não interage com ninguém!

c)Explodiu porque é um gás tóxico! Simples assim!

d)O hidrogênio fede! Explodiu porque tem mau cheiro! Eca!

e)Ué, ele explodiu porque não aguentou a pressão da sociedade moderna

capitalista!”

As páginas sobre o assunto são apresentadas a seguir.

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Figura 5.19. Página 10 da edição 2, onde se inicia a explicação sobre gases.

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Figura 5.20. Página 11 da edição 2.

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Figura 5.21. Página 12 da edição 2.

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Figura 5.22. Página 13 da edição 2.

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Figura 5.23. Página 14 da edição 2.

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Seguem os resultados para o experimento com o gás hidrogênio.

Figura 5.24. Porcentagem de acertos (esq.) e erros (dir.) para o assunto propriedades do hidrogênio.

Nota-se uma alta porcentagem de acertos para os grupos no geral. Isso se

deve ao fato deste assunto, diferente dos outros dois abordados anteriormente

(átomo e matéria e estado físico do vidro) estarem discutidos diretamente no mangá,

e não nas páginas da seção de curiosidades. Além disso, o alto impacto visual do

experimento em si chama a atenção, o que pode ter contribuído para as respostas

dos leitores.

A menor porcentagem de acertos do grupo IV se torna evidente, se

comparado com as dos outros 3 grupos. Mas deve se levar em conta que 20% deste

grupo não soube responder, o que pode estar relacionado ao modo como o

questionário foi montado (múltipla escolha) e de como as respostas foram

estruturadas. Como era para um público jovem, optou-se por colocar uma linguagem

coloquial, e isso pode ter influenciado estes leitores na escolha das respostas.

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Gás do “ovo podre” - edição 2

“- Hohoho, estou gostando! - diz Colombo - Bom, um pouco antes desse

experimento o Benjamin faz um comentário infeliz com a Branca pra ela não se

preocupar que naquele dia eles não iriam usar um gás que cheirava a ovo podre.

Você se lembra qual é esse gás? - pergunta Colombo.

a)Claro que sim! É o anti-social do hidrogênio!

b)Hum...Sulfeto de hidrogênio!

c)É o hélio! Também é um gás, certo?

d)Ah, lembrei! É o nitrogênio!

e)Nenhum deles! É outro gás, seu pamonha!”

A página que cita o assunto está a seguir.

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Figura 5.25. Página 7 da edição 2.

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Segue a seção de curiosidades com informações complementares.

Figura 5.26. Seção de curiosidades da edição 2.

A seguir está o gráfico com os acertos e erros.

Figura 5.27. Porcentagem de acertos (esq.) e erros (dir.) para o assunto “gás do “ovo podre”.

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Diferente do que ocorreu nas páginas anteriores, o sulfeto de hidrogênio é

apenas citado no meio da história como um “gás que fede a ovo podre”. Além disso,

o nome do gás só é mencionado na seção de curiosidades. Pode-se inferir, portanto,

que as pessoas que acertaram a questão já detinham conhecimento prévio da

característica deste gás ou leram a seção de curiosidades sobre o assunto.

Líquidos - edição 3

“- Vejamos, a próxima... - Colombo olha nas fichas de pergunta em sua mão - Ah,

sim, sobre líquidos! Pra variar, de novo o Benjamin fazendo o experimento...

lembram do caso complicado entre água e gasolina? Da união conturbada entre

eles? Que eles não se misturavam bem? Porque isso acontecia?

a)Porque elas são moléculas polares! Duas coisas carregadas nunca vai dar certo!

b)As duas são moléculas apolares, sem cargas!

c)A gasolina é apolar e a água é polar! E depois dizem que os opostos se

atraem...

d)Nenhuma dessas opções! Menos um ponto pra você, Colombo!

e)Não sei! Nestor, me ajuda!!”

Seguem as páginas que abordam o assunto.

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55

Figura 5.28. Página 16 da edição 3.

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Figura 5.29. Página 17 da edição 3.

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Figura 5.30. Página 18 da edição 3.

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Nesta edição, por falta de espaço nas páginas, não foi inserida a seção de

curiosidades.

A seguir está o gráfico para os grupos I e IV.

Figura 5.31 Porcentagem de acertos (esq.) e erros (dir.) para o assunto líquidos.

Pode-se verificar, neste caso, um aumento da porcentagem de acerto para

ambos os grupos. Isso pode ser decorrente do fato de optar-se por colocar toda a

explicação de Química nas páginas, ao invés de complementar com informações

adicionais, como se fazia nas edições anteriores, na seção de curiosidades. Além

disso, o assunto sobre líquidos possui uma proximidade maior com o cotidiano dos

leitores, uma vez que a adulteração de gasolina é um tema recorrente na mídia.

Apesar disso, ainda deve-se levar em conta a porcentagem de pessoas que

não sabiam responder e de pessoas que deixaram em branco para o grupo IV

(Tabela 5.2), mas no geral observa-se um aumento na porcentagem de acertos e

uma queda na porcentagem de erros, se comparado com as perguntas anteriores.

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Experimento da “chama fria” - edição 3

“- Vamos lá - continua Colombo - Lembram daquele meu super experimento em

que eu coloquei fogo numa nota de dez reais, mas ele não queimou? Lembram qual

foi a "mágica" por trás daquele truque?

a)Fácil! Você colocou fogo direto na nota!

b)Molhou a nota com álcool e depois tacou fogo!

c)Molhou a nota com uma mistura de água e álcool!

d)Molhou a nota com água e colocou fogo em seguida!

e)Nenhuma dessas! Dou zero pra você!”

As páginas que abordam o assunto estão a seguir.

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Figura 5.32. Página 20 da edição 3.

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Figura 5.33. Página 21 da edição 3.

Page 64: Sigma Pi: quadrinhos para divulgação e ensino de ciências

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Figura 5.34. Página 22 da edição 3.

Page 65: Sigma Pi: quadrinhos para divulgação e ensino de ciências

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Segue abaixo o gráfico, com os acertos e erros da questão.

Figura 5.35. Porcentagem de acertos (esq.) e erros (dir.) para o assunto experimento da “chama fria”.

Pode-se concluir que há um aumento da porcentagem de acertos para o

grupo IV, se comparado com a questão anterior. Mesmo havendo uma queda na

porcentagem de acertos do grupo I, ainda é uma proporção de acertos considerável.

Isso se deve ao fato do experimento ser possível de ser realizado em casa, e a sua

demonstração nas páginas do mangá ser realizada de maneira bem descontraída.

Apesar disso, verifica-se um aumento da porcentagem de erros para o grupo

IV. Isso pode ser decorrente da maneira como as respostas foram colocadas, com

alternativas muito similares entre si.

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6- Considerações finais

A produção das 3 primeiras edições do mangá foi concluída, bem como a

aplicação do questionário para os grupos.

Pode-se verificar a aplicabilidade da metodologia investigativa como forma de

aprimoramento do conhecimento na produção do Sigma Pi, uma vez que houve uma

preocupação maior com os conceitos de Química explorados, visando aproximar

ainda mais o público-alvo inicial (que são leitores com diferentes níveis de

escolaridade, como pode ser verificado na Figura 5.10) a partir de situações

presentes no cotidiano dos mesmos. Esta busca por conceitos científicos mais

próximos do cotidiano refletiu em um aumento significativo na porcentagem de

acertos (grupos I e IV). Além disso, é verificada uma melhora na qualidade visual da

revista ao longo das 3 edições.

A vivência no Núcleo de Divulgação Científica Ouroboros, seja nas peças de

teatro ou nas ACIEPES oferecidas pelo mesmo, contribuiu para que a atividade de

divulgação científica abordada na revista pudesse se tornar mais atraente, uma vez

que experimentos de alto impacto visual, como a combustão do gás hidrogênio

(abordado na edição 2), já foram utilizados em montagens do grupo.

Os próximos passos do trabalho serão utilizar as sugestões dos leitores nas

próximas edições do Sigma Pi, dando continuidade à metodologia investigativa e ao

ensino não-formal. Além disso, procurar novas formas visuais de transmitir a

Química através dos quadrinhos, através de uma busca maior pelo despertar do

interesse dos alunos quanto à Ciência.