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APRESENTAÇÃO Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea- lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que melhor se encaixa à organização curricular de sua escola. A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen- tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci- dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas, histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob- jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade. As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada região brasileira. Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz. Gerente Editorial História da África Atlântica

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APRESENTAÇÃO

Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três

séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea-

lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que

melhor se encaixa à organização curricular de sua escola.

A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen-

tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci-

dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito

crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas,

histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de

dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob-

jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade.

As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante

situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos

privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de

questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada

região brasileira.

Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia

intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o

aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz.

Gerente Editorial

História da África Atlântica

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2 Comunicação

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C794 Cordeiro, Lysvania Villela.Ensino médio : modular : história : história da África atlântica / Lysvania Villela

Cordeiro ; ilustrações Lemes. – Curitiba : Positivo, 2013.: il.

ISBN 978-85-385-7553-5 (livro do aluno)ISBN 978-85-385-7554-2 (livro do professor)

1. 1. História. 2. Ensino médio – Currículos. I. Lemes. II. Título.

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guerra entre os povos

da Mesopotâmia

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SUMÁRIO

Unidade 1: O estudo do continente africano

A geografia e a população da África 6A importância do estudo da África 10

Unidade 2: A África Atlântica

Conceito 16Classificação linguística 20

Unidade 3: Culturas e sociedades da África Atlântica

Unidade 6: O comércio escravista através do Atlântico

Economia e sociedade 24Organização familiar e trabalho 27Educação e cultura 28Religiões 30

Expansionismo marítimo europeu 54Apresamento de escravizados na África Atlântica 57Diferentes culturas negras na África Atlântica 60

Unidade 4: Povos e reinos da África Atlântica

Os iorubás 33Jalofos e sereres 34Gans, acans e eves 35A expansão territorial dos bantos 35A África e o Cubismo 38

Unidade 5: A África e a escravidão

A África vista por povos de outros continentes 43A escravidão na África 45A escravidão na África Atlântica 49O imaginário europeu sobre a escravidão 52

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O continente africano recebeu várias denominações ao longo da história da huma-

nidade. Os gregos e os romanos conheceram apenas a parte norte do continente e

passaram a denominar as terras que conheciam de Lídia. No início da Idade Moderna,

durante o movimento de expansionismo marítimo, os europeus utilizavam o termo

“Etiópia” para denominar a África.

A origem da palavra “África” ainda está envolta em discussões acadêmicas. Porém,

ela passou a ser utilizada de maneira mais frequente nos textos que versavam sobre o

assunto ou nos manuais de navegação e cartas náuticas a partir do século XV. É impor-

tante salientar que esse nome era utilizado por pessoas e países de outros continentes.

Os povos que habitavam a África não possuíam unidade ou se intitulavam povos de tal

continente.

O estudo do continente africano1

História da África Atlântica4

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HISTÓRIA

Para iniciar nossos estudos a respeito da África Atlântica, a parte ocidental do continente africano, é necessário retomar e aprofundar os conhecimentos básicos sobre a África. Com esse objetivo, leia o frag-mento a seguir.

De acordo com o fragmento, responda às questões a seguir.

1. Cite dois filmes a que você assistiu, cuja trama se desenvolve na África.

2. Descreva os elementos do continente africano que são apresentados nos filmes citados na resposta anterior.

3. Os meios de comunicação nos mostram diariamente retratos da África. É possível afirmar que eles retratam a grande diversidade presente no continente em todos os aspectos? Justifique sua resposta.

Ensino Médio | Modular 5

HISTÓRIAHISTÓRIA

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Mesmo com a riqueza demonstrada pelas imagens que retratam paisa-

gens, povos, culturas e condição eco-nômica de várias regiões da África, é importante salientar que elas não retratam a totalidade do continente

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A geografia e a população da África

Algumas das teorias que abordam a criação do nosso planeta mencionam que, no início, havia apenas uma porção de terra emersa das águas. Essa grande porção recebeu o nome de Gondwana.

História da África Atlântica6

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Observe o mapa a seguir e complete as lacunas nos parágrafos.

Fonte: ATLAS geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. In: SERRANO, Carlos; WALDMAN, Maurício. Memória D´África: a temática em sala de aula. São Paulo: Cortez, 2007. p. 41. Adaptação.

A África é o continente em extensão do planeta, perdendo para a Ásia e a

. O continente africano representa 25% das terras emersas e é a porção mais maciça

do globo terrestre.

A África, pelo fato de ser cortada pelo Meridiano de Greenwich e também pela Linha do Equador, é o único continente

que apresenta terras nos Oriental e Ocidental e Norte e Sul. A África é, ainda, cortada

pelos Trópicos de e de , fator que coloca 80% das

terras africanas na faixa intertropical.

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África: localização do continente

HISTÓRIA

Ensino Médio | Modular 7

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Talit

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Bora

Fonte: ATLAS geográfico Melhoramentos. São Paulo: Melhoramentos, 2009. Adaptação.

África

O litoral africano, banhado pelos oceanos Atlântico e Índico e pelos mares Mediterrâneo e Vermelho, é pouco acidentado e marcado pelas escarpas rochosas, desertos, mangues e áreas pantanosas. A África apresenta uma área cerca de três vezes maior que a Europa, mas possui uma superfície costeira três vezes menor. Isso decorre do fato de o litoral do continente africano ser bem menos recortado e não apresentar penínsulas, portos e baías naturais em igual quantidade à do continente europeu.

Geograficamente, a África pode ser dividida em África Mediterrânica e África Subsaariana. A África Mediterrânica é tomada pelo deserto e ocupa uma grande faixa do continente do Oceano Atlântico ao Mar Vermelho. Já a África Subsaariana ocupa todo o território abaixo do paralelo 22º N.

História da África Atlântica8

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Fonte: KI-ZERBO, Joseph (Ed.). História geral da África: metodologia e pré-história da África. 2. ed. Brasília: Unesco, 2010. v. 1. p. 347. Adaptação.

A grande diversidade geográfica presente no continente não impediu que os povos africanos se deslocassem e mantivessem contatos pacíficos, bélicos ou comerciais. Entretanto, é importante salientar que alguns dos povos africanos apresentavam melhores condições para a realização de deslocamentos por regiões desérticas, banhadas por rios caudalosos, cobertas por florestas tropicais ou de savana.

O continente africano, na atualidade, apresenta 53 países e uma população de 1 044 353 338 habitantes. Mais de 2 mil línguas são faladas e o islamismo apresenta 438 milhões de seguidores. Cristãos são em torno de 522 milhões. Apenas cinco países não apresentam governos que se intitulem democráticos, e a expectativa de vida varia entre 48 anos nos países mais pobres e 75 anos nos mais ricos. Somente esse último dado serve para ilustrar a grande amplitude de diferenças existentes.

1. Sobre o continente africano, analise as afirmativas a seguir.

I. É o terceiro continente em dimensões territoriais.

II. Apresenta um território menor que a Europa, porém apresenta um litoral mais extenso que o europeu em função do grande número de baías, penínsulas e portos naturais.

III. Apresenta extensos desertos, florestas tropicais e regiões de savana.

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África: físico

Ensino Médio | Modular 9

HISTÓRIA

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De acordo com a análise, assinale a alternativa correta.a) Todas as afirmativas estão certas.b) Todas as afirmativas estão erradas.c) Apenas as afirmativas I e II estão certas.d) Apenas as afirmativas I e III estão certas.e) Apenas as afirmativas II e III estão certas.

2. Sobre a denominação do continente africano, analise as afirmativas a seguir.

I. Recebeu desde os primeiros documentos escritos a denominação “África”.

II. Os gregos e os romanos conheceram o norte do continente e a essa região atribuíram a denominação Lídia.

III. Mais tarde o continente africano foi chamado pelos europeus de Etiópia.

De acordo com a análise, assinale a alternativa correta.a) Todas as afirmativas estão certas.b) Todas as afirmativas estão erradas.c) Apenas as afirmativas I e II estão certas.d) Apenas as afirmativas I e III estão certas.e) Apenas as afirmativas II e III estão certas.

A importância do estudo da África

Apesar de tantos documentários e telejornais explorarem a África, ela ainda é um continente a ser descoberto. Tanto pelos africanos, que estão construindo sua história, lutando contra as desigualdades sociais e econômicas e contra os governos ditatoriais e as guerras civis, como também pelos demais habitantes do planeta que estão percebendo a sua importância geopolítica, a pluralidade e a riqueza cultural e as possibilidades de grandes parcerias científicas e comerciais.

Durante grande parte da História do Brasil, apenas as heranças deixadas pelos povos europeus foram contadas e sobre elas se construiu a história de nosso país. Em relação aos indígenas e africa-nos, eram apenas mencionadas suas “contribuições”, como se fossem personagens secundários na formação de nossa nação.

Nas útlimas décadas do século XX, essa postura foi mudando e os pesquisadores passaram a es-tudar as raízes de nosso povo, sem valorizar apenas a cultura e as tradições europeias. As lideranças políticas passaram a promover deliberações, inclusive legais, que introduziram nos programas escolares o estudo dos povos indígenas e africanos.

Entretanto, o ensino e a aprendizagem de temas relacionados à África não são tarefas simples ou fáceis. Há a necessidade de, primeiramente, conhecer a história do continente e, após tal conhecimento, deve ocorrer formação de educadores capazes de promover o ensino de tais temas de forma significativa.

10 História da África Atlântica

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A respeito da grande empreitada que se apresenta, leia a matéria a seguir.

UOL Educação

[...]

Após a leitura da matéria, responda às questões a seguir.

1. Cite os dois maiores problemas apontados na matéria para o estudo da História da África nas escolas brasileiras.

2. Explique os motivos que geraram tal descompasso entre a publicação da lei e a efetivação de suas deliberações nas escolas brasileiras.

3. De que maneira a comunidade escolar pode contribuir para que essa realidade mude?

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HISTÓRIA

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4. Explique os motivos de, especialmente no Brasil, o ensino da história e das culturas africanas ser tão importante.

Leia este artigo da Constituição brasileira vigente.

Agora, responda:

a) A igualdade entre todos os brasileiros é uma realidade em nosso país? Justifique sua resposta.

b) De que maneira a valorização de todos os povos e culturas que formaram nosso país pode contribuir para um Brasil mais justo e igualitário?

c) Como você, em suas ações diárias, pode contribuir para a formação de um país mais justo para todos?

História da África Atlântica12

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c) Apenas as afirmativas I e II estão certas.

d) Apenas as afirmativas I e III estão certas.

e) Apenas as afirmativas II e III estão certas.

2. As mudanças ocorridas nos últimos anos no pro-cesso seletivo para entrada nas universidades públicas federais têm por objetivo:

a) prejudicar os jovens das classes média e alta da sociedade brasileira;

b) proporcionar igualdade de condições entre os jovens brasileiros que desejam ingressar no ensino superior;

c) valorizar as instituições privadas de Ensino Su-perior do país;

d) desvalorizar as instituições públicas de Ensino Superior do país;

e) favorecer os interesses das classes capitalistas.

3. (ENEM) Na regulamentação de matérias cultural-mente delicadas, como, por exemplo, a lingua-gem oficial, os currículos da educação pública, o status das Igrejas e das comunidades religiosas, as normas do direito penal (por exemplo, quan-to ao aborto), mas também em assuntos menos chamativos, como, por exemplo, a posição da família e dos consórcios semelhantes ao matri-mônio, a aceitação de normas de segurança ou a delimitação das esferas pública e privada – em tudo isso se reflete amiúde apenas o autoen-tendimento ético-político de uma cultura ma-joritária, dominante por motivos históricos. Por causa de tais regras, implicitamente repressivas, mesmo dentro de uma comunidade republicana que garanta formalmente a igualdade de direi-tos para todos, pode eclodir um conflito cultural movido pelas minorias desprezadas contra a cul-tura da maioria.HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002.

A reivindicação dos direitos culturais das mino-rias, como exposto por Habermas, encontra am-paro nas democracias contemporâneas, na me-dida em que se alcança:

a) a secessão, pela qual a minoria discriminada obteria a igualdade de direitos na condição da sua concentração espacial, num tipo de inde-pendência nacional;

1. Leia a matéria a seguir:

Dilma sanciona lei que cria cotas nas universidades federais

A presidenta Dilma Rousseff sancionou nesta quarta-feira 29 [outubro de 2012] a lei que regu-lamenta o sistema de cotas raciais e sociais nas universidades públicas federais em todo o país. De acordo com a lei, 50% de todas as vagas des-sas instituições serão preenchidas com base nas cotas. Dilma vetou apenas um artigo do projeto aprovado pelo Senado no início de agosto, com o intuito de manter o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como principal critério de seleção.

A reserva das vagas será dividida meio a meio. Metade das cotas, ou 25% do total de vagas, será destinada aos estudantes negros, pardos ou indígenas de acordo com a proporção dessas populações em cada Estado, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-ca (IBGE). Assim, os critérios da chamada “cota racial” vão variar de uma universidade para a outra. Os outros 25% das cotas serão destina-dos aos estudantes que tenham feito todo o se-gundo grau em escolas públicas e cujas famílias tenham renda per capita até um salário mínimo e meio.

[...]

CARTA CAPITAL. Dilma sanciona lei que cria cotas nas uni-versidades federais. Disponível em: <http://www.carta capital.com.br/politica/dilma-sanciona-lei-que-cria-cotas-nas- universidades-federais/>. Acesso em: 20 fev. 2013.

Sobre o sistema de cotas no Brasil, analise as afirmativas a seguir.

I. O sistema de cotas foi instituído no Brasil para possibilitar a todos os indivíduos o di-reito de ingresso nas universidades públicas federais.

II. O critério utilizado para a implantação do sis-tema de cotas foi apenas o racial.

III. O sistema determina que 50% das vagas das instituições públicas de Ensino Superior de-vem ser ocupadas por candidatos cotistas.

De acordo com a análise, assinale a alternativa correta.

a) Todas as afirmativas estão certas.

b) Todas as afirmativas estão erradas.

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HISTÓRIA

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b) a reunificação da sociedade que se encontra fragmentada em grupos de diferentes comu-nidades étnicas, confissões religiosas e formas de vida, em torno da coesão de uma cultura política nacional.

c) a coexistência das diferenças, considerando a possibilidade de os discursos de autoenten-dimento se submeterem ao debate público, cientes de que estarão vinculados à coerção do melhor argumento.

d) a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida adulta, tenham condições de se liber-tar das tradições de suas origens em nome da harmonia da política nacional.

e) o desaparecimento de quaisquer limitações, tais como linguagem política ou distintas con-venções de comportamento, para compor a arena política a ser compartilhada.

4. Sobre o continente africano, analise as afirma-ções a seguir.

(01) A África foi apenas descrita em textos pro-duzidos durante a Idade Média.

(02) O continente africano representa cerca de 25% das terras emersas em nosso planeta.

(04) A África e a América são os dois continentes que estão localizados nos hemisférios Oci-dental e Oriental.

(08) O islamismo é a religião com o maior núme-ro de seguidores no continente africano.

(16) O estudo da cultura afrobrasileira sempre foi bastante enfatizado nas instituições de ensino brasileiras.

(32) Conhecer a história da África é essencial para a compreensão da sociedade brasileira.

Somatório:

5. (IFMT) Analise o texto abaixo:

Apesar da crescente urbanização verificada nas últimas décadas, a África ainda é um continen-te com maioria de população rural. Segundo dados de 2005, 61% dos africanos moram no campo e 31% nas cidades. Os povos de grande parte do continente vivem sob catástrofes das guerras civis, da desertificação e da fome. A mí-

dia destaca esses fatos somente quando chega ao extremo de milhares de mortes.

SILVA, Vagner Augusto. Geografia geral e do Brasil: povos e territórios. São Paulo: Escola Educacional, 2005. p. 354.

Dentre os inúmeros processos que contribuíram para situação em que vivem os povos africanos, destaca-se o processo de descolonização ocor-rido a partir do final do século XIX e, de forma mais acentuada, na década de 1960. Sobre esse assunto, pode-se afirmar que houve

a) migração controlada da população africana, decorrente dos conflitos tribais, para países que anteriormente dominaram o continente.

b) imposição política externa de limites fronteiri-ços, que gerou em muitos países uma série de lutas políticas internas.

c) democratização do continente, que se livrou das ditaduras nele instaladas no decorrer dos anos de 1990, com o apoio das antigas metrópoles.

d) abertura da economia dos países africanos, devido à dimensão do seu mercado consumi-dor, aumentando significativamente sua parti-cipação no comércio mundial.

e) elevação nas taxas de crescimento da popula-ção do campo, que foi se modernizando a fim de produzir alimentos para o mercado interno.

6. (UESC – BA) A Terceira Revolução Industrial modifi-cou completamente a organização do espaço geo-gráfico e as relações de produção e consumo, intro-duzindo mudanças de ordem social e econômica.

Com base na informação e nos conhecimentos sobre as consequências da Terceira Revolução In-dustrial, no mundo, é correto afirmar.

a) Os países de industrialização clássica, como os da Europa e os Estados Unidos, sofreram um processo de metropolização e o campo subor-dinou-se às cidades.

b) As indústrias de bens de consumo não durá-veis passaram a dominar o processo produti-vo, principalmente no Japão e na Alemanha, e as cidades absorveram toda a PEA.

c) O grande crescimento econômico verificado na África Subsaariana foi acompanhado pela eliminação da miséria pessoal.

História da África Atlântica14

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d) O desemprego estrutural se expandiu e uma Nova Divisão do Trabalho (DIT) se consolidou.

e) A distribuição de renda melhorou, na América Latina, principalmente após o desenvolvimen-to da agroindústria.

7. (UEPA) A violência ontem e hoje

No sentido mais amplo, a violência entre os gru-pos sociais distintos é tão velha quanto a huma-nidade, pois os grupos humanos mais primiti-vos já guerreavam por alimentos, ocupação de territórios dentre outros aspectos.

Ao longo do tempo, o processo de (re)organi-zação do espaço geográfico mundial foi mar-cado por inúmeros atos de violência, explícitos ou implícitos. Guerras, conflitos que culmina-ram muitas vezes em novas fronteiras, impactos ambientais de diversas naturezas, etnocídios e até genocídios. E o que dizer do avanço técni-co e da globalização? Serão estes aspectos de natureza pacífica? E os povos excluídos desses processos? Esses últimos aspectos podem ser considerados como formas de violências con-temporâneas.

No caso brasileiro, a apropriação capitalista do espaço dá início à desagregação dos primitivos habitantes. Essa forma de apropriação é conside-rada por muitos como uma das razões dos inúme-ros atos de violência existentes no longo processo de formação do espaço geográfico brasileiro.

A globalização, considerada por muitos como uma das formas de violência contemporânea, provoca significativas repercussões no contexto do espaço geográfico mundial. Sobre essas re-percussões, é correto afirmar que:

a) o processo de globalização transformou o mundo em um ambiente plenamente inte-grado e sem fronteiras de ordem política, e a presença dessas novas tecnologias repercute em bem-estar dos indivíduos e redução das desigualdades nos países periféricos.

b) o acesso das populações à “era da informa-ção” nos países periféricos, é tão intenso quanto o dos países centrais, devido aos ele-vados custos direcionados à intensificação da inclusão digital nesses países pobres.

c) em regiões como a América Latina e a África, as reformas neoliberais estimulam a globali-zação, que reduz o índice de pobreza e inclui a maior parte de suas populações ao consu-mo de bens e serviços essenciais.

d) as infraestruturas do meio tecnocientífico-in-formacional se distribuem de modo desigual no espaço geográfico, abrangendo diferen-ciadamente os países e as regiões excluindo, portanto, vastas parcelas da população da “era da informação”.

e) a globalização tornou a troca de informações quase instantânea e contribui para o rápido fechamento dos negócios e eliminação das desigualdades sociais entre nações ricas e pobres.

8. (UFPA) Sobre os conflitos atuais na África Ne-gra, é correto afirmar.

a) Na África Central, sobretudo em Ruanda, há uma tensão crescente entre grupos rivais, Tutsis e Hutus, pois estes apoiaram os coloni-zadores belgas e continuam no poder, apesar de serem minoria.

b) No Sudão, o conflito entre o governo islâmi-co e a minoria cristã está relacionado à dispu-ta territorial pela região do Darfur, no sul do País, pois essa região possui grandes reservas de petróleo e grande produção agrícola.

c) Os conflitos na África estão relacionados à colonização europeia do final do século XIX, pois os colonizadores impuseram fronteiras artificiais, baseadas nos meridianos e parale-los, que separaram povos da mesma etnia e agruparam tribos rivais no mesmo território.

d) Na África do Sul, o fim do apartheid reduziu as desigualdades sociais entre brancos e ne-gros, o que dinamizou a economia do País, pois os recursos naturais, sobretudo as jazi-das de petróleo, vêm sendo explorados em benefício da maioria negra.

e) Atualmente em vários países da África, como Serra Leoa, a disputa por recursos naturais, como o petróleo e diamantes, tem agravado os conflitos territoriais, pois os grupos rivais pretendem utilizar tais recursos para o desen-volvimento dessas nações.

Ensino Médio | Modular 15

HISTÓRIA

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A África Atlântica2

Após o estudo das principais características do continente africano, daremos início ao estudo da denominada África Atlântica, região do continente que está estreitamente relacionada à história do Brasil, pois dali foram trazidas as populações africanas para servir como mão de obra escrava em nosso país.

África Atlântica é a denominação atribuída às regiões localizadas na parte ocidental e centro--ocidental do continente, banhadas pelo Oceano Atlântico. Utilizando a divisão política atual da África, podemos afirmar que a África Atlântica abrange a área do Senegal até Angola.

Conceito

História da África Atlântica16

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Observe os mapas a seguir.

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África Atlântica

Fonte: DEL PRIORE, Mary; VENÂNCIO, Renato Pinto. Ancestrais: uma introdução à história da África Atlântica. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2004. p. 32. Adaptação.

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HISTÓRIA

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Comparando o mapa anterior com o atual mapa político da África, cite os países que, na atualidade, estão loca-lizados na denominada África Atlântica.

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África

Fonte: ATLAS geográfico Melhoramentos. São Paulo: Melhoramentos, 2009. Adaptação.

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O estudo do continente africano, conforme observamos na primeira unidade, é de grande importância, especialmente para nós, brasileiros, em função de quase metade de nossa população ser descendente de povos africanos. E, devido ao pouco conhecimento da história da África, é de grande valor a leitura do fragmento a seguir.

De acordo com os documentos, responda:

1. A África já estava representada em diversos portulanos há muitos séculos. Explique de que forma a repre-sentação da África em tais mapas reflete o olhar dos estrangeiros sobre o continente.

“Ibi sunt leones”

PLANISFÉRIO de Cantino. 1502. Pergaminho, 105 cm x 220 cm. Mapoteca do Ministério das Relações Exteriores, Rio de Janeiro.

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HISTÓRIA

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2. Por que o autor do texto utiliza a denominação “tribos indígenas” para designar os povos africanos?

3. Extraia do texto um fragmento que forneça indícios de escravização dos povos africanos, transcrevendo-o a seguir.

4. Quais as justificativas utilizadas pelo autor para mostrar a necessidade de a história da África ser reeescrita?

Classificação linguística

Quando falamos de África, estamos falando de uma grande diversidade cultural. Linguistas estimam que cerca de 1250 línguas diferentes eram faladas no continente africano. Estudiosos criaram classificações para os povos africanos de acordo com as línguas faladas.

A classificação linguística dos povos da África foi criada para facilitar o entendimento e o estudo dos povos do continente. A utilização da língua como fator de classificação deu-se em função do nomadismo de muitos desses povos. Outro fator que contribuiu para a criação de tal critério de classificação foi o fato de muitos povos africanos serem ágrafos, ou seja, não utilizarem sistemas de escrita.

História da África Atlântica20

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Observe o mapa com a classificação criada pelo linguista Joseph H. Greenberg, de forma mais simplificada:

Cite os grupos linguísticos em que podem ser classificados os povos que habitaram a África Atlântica.

Fonte: DEL PRIORE, Mary; VENÂNCIO, Renato Pinto. Ancestrais: uma introdução à história da África Atlântica. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2004. p. 57. Adaptação.

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África: grupos linguísticos

HISTÓRIA

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1. Sobre a África Atlântica, analise as afirmativas a seguir.

I. África Atlântica é outra denominação que os europeus atribuíram ao continente africano em sua totalidade.

II. Receberam essa denominação as terras do continente africano que estão localizadas na parte ocidental do continente, cujo litoral é banhado pelo Oceano Atlântico.

III. A África Atlântica foi caracterizada pela ocupa-ção de poucos povos devido à aridez do solo.

De acordo com a análise, assinale a alternativa correta.

a) Todas as afirmativas estão certas.

b) Todas as afirmativas estão erradas.

c) Apenas as afirmativas I e II estão erradas.

d) Apenas as afirmativas I e III estão erradas.

e) Apenas as afirmativas II e III estão erradas.

2. A importância da África Atlântica para o Brasil decorre do fato de

a) as duas regiões apresentarem litorais voltados para o Oceano Atlântico.

b) toda essa porção da África e o Brasil terem sido colonizados pelos portugueses.

c) nossa população ser composta de descenden-tes de africanos que foram retirados dessa re-gião da África e trazidos para o Brasil na con-dição de escravizados.

d) recentes relações comerciais ocorrerem entre o Brasil e países como Egito, Somália e Sudão.

Cada um dos grupos ou famílias linguísticas representados no mapa reunia grande número de povos que, com o passar dos séculos, criaram dialetos e culturas diferenciadas. A base linguística de muitos deles era a mesma, entretanto, devido às condições geográficas, às guerras e ao contato com outros povos, ocorreram grandes variações. Tal constatação torna o estudo da África Pré-Colonial muito vasto e complexo.

Os alemães foram os primeiros a promover estudos sobre os povos da África e também a promover estudos sobre as línguas faladas no continente africano. Prova da primazia alemã foi a fundação, em 1907, na cidade de Hamburgo, do Instituto Colonial, que se transformou em um grande centro de pesquisas sobre a África e seus povos.

A classificação estabelecida por Joseph H. Greenberg é apenas uma das classificações que foram criadas pelos estudiosos com o objetivo de compreender as populações africanas. Entretanto, em todas as tentativas de organização classificatória, é muito difícil contemplar todas as línguas utilizadas por todos os povos. A esse respeito, leia o fragmento a seguir.

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3. A utilização do critério linguístico para classificar os povos africanos pode ser explicada

a) pelo fato de serem poucas as línguas faladas na África, fato que facilita a classificação.

b) pelo fato de muitos povos africanos não utili-zarem escritas e, portanto, não terem deixado registros escritos sobre sua organização e so-ciedade.

c) pelo fato de ter sido apenas um dos critérios escolhidos pela sua facilidade.

d) pelo fato de que as línguas faladas na África não foram utilizadas como critério.

e) por tal critério ter sido utilizado apenas por Joseph H. Greenberg.

4. A respeito da África Pré-Colonial, é correto afirmar.

a) Já era explorada em toda a sua extensão pelos povos berberes e árabes.

b) Representava uma região muito distante e desconhecida para os europeus. Entretanto, os portugueses muito valorizaram os povos africanos quando com eles tiveram contato, procurando escrever a preservar a riqueza cul-tural de tais povos.

c) Para conhecer mais a história de nosso país é necessário que conheçamos a história da Áfri-ca negra.

d) Todos os povos praticavam uma agricultura de-senvolvida, apesar da diversidade geográfica.

e) Períodos de fome, doenças e guerras ceifavam vidas apenas no norte do continente. As regi-ões central e sul apresentavam povos pacífi-cos devido à constante fartura de alimentos e pasto para os rebanhos.

5. (UESC – BA) A utilização da mão de obra escrava, ao longo da história da humanidade, apesar de manter algumas características em comum, deu origem a algumas formas e interesses peculiares.

Em relação à escravidão, pode-se afirmar:

a) O fato de a base das sociedades africanas pré--coloniais ser a mão de obra escrava contri-buiu, de forma preponderante, para a utiliza-ção dos negros como escravos na América.

b) A sociedade colonial brasileira, apesar de es-tar assentada na utilização da mão de obra africana, impediu a escravidão da população indígena e qualquer outro tipo de exploração dessa mão de obra.

c) O interesse das potências imperialistas em co-lonizar a África e explorar sua mão de obra no próprio continente africano contribuiu para a pressão inglesa no sentido de extinguir o tráfico de africanos escravizados para outros continentes.

d) A manutenção da escravidão, após a indepen-dência do Brasil, contribuiu para a dificuldade do reconhecimento da emancipação do país pelas potências europeias, acelerando a crise do Primeiro Reinado.

e) A utilização dos escravos, em larga escala, nas manufaturas inglesas, possibilitou um grande acúmulo de capital e a eclosão da revolução industrial inglesa.

6. Analise o texto a seguir:

Outra exigência imperativa é de que a história (e a cultura) da África devem pelo menos ser vis-tas de dentro, não sendo medidas por réguas de valores estranhos... Mas essas conexões têm que ser analisadas nos termos de trocas mútuas, e in-fluências multilaterais em que algo seja ouvido da contribuição africana para o desenvolvimento da espécie humana.

KI-ZERBO, J. (Ed.). História geral da África. 2. ed. Brasília: Unesco, 2010. v. 1. p. LII.

De acordo com o texto, analise as afirmativas a seguir:

I. Ki-Zerbo defende que a história e a cultura afri-canas devem ser vistas e estudadas a partir da visão africana e não somente sob o olhar de estrangeiros que comparam o que observam na Europa com suas histórias e traços culturais.

II. O autor do texto defende que a contribuição da África para a humanidade seja percebida pelos estudiosos.

III. Apesar das afirmações de Ki-Zerbo, a verda-de é que os estudiosos de todas as áreas do conhecimento não estão preocupados com a África e com as suas contribuições para a humanidade.

De acordo com a análise, assinale a alternativa correta.

a) Todas as afirmativas estão corretas.

b) Todas as afirmativas estão erradas.

c) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

d) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.

e) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.

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HISTÓRIA

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Culturas e sociedades da África Atlântica3

Os povos que habitaram a África Atlântica foram obrigados a uma constante luta contra as ações da natureza para manter suas organizações sociais.

A desertificação das regiões do Saara e a diminuição da cobertura vegetal do sul do deserto levaram os povos que habitavam a região do Sahel a buscar as savanas, onde as condições de sobrevivência eram um pouco melhores. As planícies onde ocorriam inundações, em de-terminados períodos, eram as preferidas por tais povos, pois eles se fixavam nas terras mais altas e usufruiam da água em abundância para a prática da agricultura e para o trato de seus rebanhos, sem contar que a fixação nos territórios mais elevados garantia segurança contra possíveis ataques de inimigos.

Os pesquisadores apontam que, desde o século X, já era praticada a agricultura nessas regiões. Segundo as escavações arqueológicas, foram os tellem, povo que habitava a região de falésias do Mali, os precursores da prática agrícola no Planalto de Bandiagara. As cavernas da região eram utilizadas para o pernoite, para armazenar a produção agrícola, para enterrar os mortos e também para cultuar as divindades. Os tellem, a partir do século XV, passaram a sofrer a interferência dos dogons, que chegaram à região e, aos poucos, foram impondo seu poder e seus traços culturais.

Era comum, em uma única região, serem estabelecidos povoamentos de diversos grupos distintos, cada aldeia cercada pela área de plantio. Os grupos eram formados por um número pequeno de famílias que estavam sempre prontas a promover migrações em função das guerras, da fome, das doenças, etc. Essa mobilidade gerou a convivência de grupos muito distintos, fator que contribuiu para a diversidade cultural, linguística e, também, para a assimilação de traços culturais por povos distintos.

O termo Sahel, traduzido para a língua portuguesa,

significa “fronteira” ou “costa”. Sahel é a deno-minação atribuída para o

território que faz divisa entre a região desértica do norte da África e as

terras mais férteis ao sul. Na verdade, trata-se

de um imenso corredor que corta toda a África, do Atlântico até o Mar

Vermelho.

A agricultura era praticada com instrumentos muito simples, tais como a pá e a enxada. Nas regiões de florestas, ela era realizada com a retirada da mata e a formação de clareiras. À medida que a terra ia ficando exaurida, os agricultores iam mudando seus povoados e suas plantações. Já nas regiões de savanas, o cuidado com a fertilidade do solo incluía a formação de terraços, a prática do pousio e a utilização de esterco e do lixo doméstico como fertilizantes. Os povos localizados na África Atlântica se destacavam por plantar milhete, sorgo, dendê, arroz de seco. Mais tarde foram introduzidas as culturas de mandioca, ananás e milho, oriundos da América; pimentas, cana-de-açúcar e cebola, introduzidas pelos árabes.

A fome era um dos maiores problemas. As secas prolongadas e as doenças matavam em larga escala. A malária, a varíola e a doença do sono, além de outras parasitoses, eram bastante comuns.

Economia e sociedade

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Aspectos

sociais da África

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História da África Atlântica24

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Leia este fragmento e observe as imagens.

[...]

A enxada e a lança

De acordo com os documentos, responda às questões a seguir.

1. As características climáticas e geográficas da África impedi-ram que os grupos humanos se estabelecessem? Justifique sua resposta.

2. Explique de que maneira as imagens contribuem para reforçar a ideia de que na África surgiram povos com culturas muito diversificadas.

Lelibela foi o nome de um rei da Etiópia e também de uma pequena vila que possui apenas uma rua calçada. O pequeno povoado possui um tesouro de 11 igrejas construídas abaixo da superfície do solo, em bloco único de pedra

Construções típicas da região do Níger. Madeira, palha e barro são os principais elementos utilizados para a construção das aldeias que ainda na atualidade podem ser observadas na região

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HISTÓRIA

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Construção típica do povo musgum que habitava o atual Camarões. As casas

eram feitas de barro e provavelmente apresentavam esses desenhos externos

para evitar que a água das chuvas destruísse as construções

Os iorubas viviam no território da atual Nigéria. As casas

tinham as paredes externas de barro e cobertas de palha. Os pátios interiores tinham a função de captar a água das chuvas, refrescar e iluminar os cômodos. O telhado era sustentado por colunas de madeira, uma vez que não

existiam paredes internas para melhor aproveitamento desses

pátios

Alguns povos acabaram por formar grandiosas aldeias, com um comércio bastante diversificado, moradias construídas com barro e dendê, templos e construções especiais, onde viviam os chefes locais, e que se assemelhavam em sua função e importância aos palácios europeus. Benin, na costa do Gabão, teria apresentado no século XVIII uma população estimada em 18 mil habitantes, segundo descrição de viajantes que passaram pela região. Tais cidades não chegaram até os nossos dias, devido aos materiais frágeis que foram utilizados em suas construções, às guerras travadas entre os próprios povos africanos e, também, à ação dos exploradores imperialistas europeus.

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ÁFRICA: o despertar de um continente. Madrid: Del Prado, 1997. p. 81. (Grandes impérios e civilizações, v. 1).

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26 História da África Atlântica

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Em nosso país as habitações também divergem bastante de região para região.

Pesquise duas imagens de habitações que demonstrem a adaptação do homem às condições impos-tas pela natureza e cole-as no caderno.

Pesquise o histórico dos povos construtores de tais habitações e de que maneira essas construções estão relacionadas às condições climáticas e físicas, registrando em seu caderno os dados coletados.

Em nos

MATERNIDADE. 1300-1400. 1 escultura em madeira, 75 cm x 29,5 cm. Povo Dogon, Mali. Musée du Quai Brandy, Paris.

Independentemente do grupo ou da cultura, a virilidade, a fecundidade e a maternidade eram temas de grande relevância para todos os povos. A possibilidade de gerar novos indivíduos era extremamente necessária ao provimento e à manutenção da autonomia do grupo. Em uma guerra o grupo que dispusesse de poucos guerreiros era facilmente dominado pelos seus inimigos.

As meninas se casavam cedo para gerar um grande número de filhos. Segundo os pesquisadores Charles Verlinden e Y. Talib, ao longo dos séculos XVI e XVII, a média era de seis filhos por mulher

adulta. Entretanto, a mortalidade infantil era muito alta e a expectativa de vida era de 25 anos.Com a posse coletiva da terra, as uniões se caracterizavam pela poligamia, organização familiar

que possibilitava o nascimento de um maior número de indivíduos, além de produzir uma rede familiar entrelaçada. A poligamia era ainda comum entre muitos povos devido ao costume de as mulheres se absterem de relações sexuais durante a amamentação, período que podia se estender por até quatro anos. Dessa forma, de maneira geral, a família era composta por um senhor, suas mulheres e filhos.

Apesar de todo o trabalho dos diversos povos com o objetivo de dominar a natureza e extrair o sustento em locais seguros, em algumas regiões da África Atlântica a fome era um dos maiores problemas. Insetos como os gafanhotos, as inundações, as secas prolongadas e as doenças matavam em larga escala e impediam o crescimento populacional.

Alguns povos já possuíam como traço cultural a escravização. Em vários pontos do continente era muito comum a escravização de inimigos derrotados em guerras, de pessoas que trocaram sua liberdade por alimentos ou de filhos de escravizados que já nasciam na mesma condição dos pais

e assim permaneciam por toda a vida.É bastante difícil tecer considerações gerais a respeito da divisão do trabalho, pois cada

povo, tribo ou império apresentava divisões específicas. Entretanto, alguns traços comuns foram percebidos em algumas comunidades agrícolas, nas quais cabia aos homens a tarefa de preparar o terreno e às mulheres o plantio e a colheita dos alimentos. Em outras, a co-lheita era exercida por homens e mulheres. Parece haver consenso de que, nas sociedades escravistas, apesar de uma aparente hierarquização dos escravizados, eles é que arcavam

com as tarefas mais pesadas.

Organização familiar e trabalho

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HISTÓRIA

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A educação era voltada para a capacitação dos indivíduos em promover as tarefas básicas necessárias para a comunidade. Códi-gos de leis estavam presentes em todas as sociedades e poderiam apresentar punições brandas para os infratores, ou, ainda, a pena de morte ou tortura. As artes da pintura, escultura, dança e narração de lendas eram bastante apreciadas entre os bantos. Mesmo entre os povos guerreiros essas expressões artísticas eram valorizadas, apenas apresentando maior movimento e agressividade.

Educação e cultura

MÁSCARA com duas faces. [s.d.]. Madeiras e pigmentos, 29 cm x 1,4 cm . Museu Barbier-Müller, Gênova.

1. Qual a importância das mulheres e da maternidade para as sociedades africanas?

2. Estabeleça a relação entre poligamia e agricultura nas sociedades africanas.

Exemplos de expressões artísticas de povos africanos, as máscaras são fontes de estudo do cotidiano e traços culturais significativos das sociedades africanas

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História da África Atlântica28

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A escarificação era uma forma de estabelecer identificação entre o indivíduo

e a sociedade à qual ele pertencia. Era símbolo de beleza e, muitas vezes,

denotava a importância de tal pessoa em sua comunidade

DEBRET, Jean-Baptiste. Escravas negras de diferentes nações. Litografia de Thierry Frères,

Succrs de Engelmann & Cie, 20,7 cm x 31,6 cm. Gravura inserida na prancha 22 do segundo

volume do álbum Voyage Pittoresque, publicado em 1835. Detalhe.

Assim como as escarificações eram uma forma de mostrar a relação de um indivíduo com o grupo ao qual pertencia, nas sociedades atuais encontramos vários outras formas de mostrar tais relações.

Pesquise, em nossa sociedade, elementos utilizados por indivíduos como forma de identificação com o grupo ao qual pertencem. Cole imagens representativas dessa identificação no espaço abaixo e elabore um pequeno texto com os dados coletados.

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HISTÓRIA

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Em outros momentos ressaltamos a dificuldade de estudo e compreensão dos povos da África Atlântica em função da grande diversidade de culturas. No estudo das religiões professadas pelos povos africanos não é diferente. Nesse tema, encontramos talvez a maior diversificação.

Uma das dificuldades em estudar mais aprofundadamente os povos não islamizados da África reside no fato de que tais povos não utilizavam a escrita, restando apenas fragmentos de explicações sobre as divindades cultuadas, rituais e sacerdo-

tes. Podemos, entretanto, afirmar que os povos que viviam na chamada África Atlântica cultuavam divindades consideradas criadoras do mundo e dos homens, protegiam a eles dos maus espíritos e necessitavam para tanto de oferendas e devoção. Muitos povos utilizavam estátuas que representavam divindades ou indivíduos da comunidade. As religiões, de maneira geral, eram voltadas para a vida cotidiana e dos deuses se esperava a proteção contra as catástrofes, assim como nas guerras. Era pedida proteção, também, para que as colheitas fossem boas.

Religiões

No texto anterior, foram expostas algumas crenças africanas a respeito da vida pós-morte. Agora, responda sobre as interpretações da vida após a morte em nossa sociedade e os rituais funerários.

a) Como é encarada a morte em nossa cultura?

b) Descreva os rituais funerários de sua religião.

c) O funeral de um líder político ou religioso é diferente dos rituais realizados para indivíduos que não possuem tais cargos? Justifique sua resposta.

Leia o fragmento a seguir sobre as crenças em relação à vida após a morte.

História da África Atlântica30

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Como já constatamos, muitos povos são classificados como integrantes da chamada África Atlântica. Dessa forma, torna--se impossível estudarmos todos eles. Por isso, nas próximas

unidades, estudaremos alguns exemplos, para que possamos conhecer um pouco mais detalhadamente alguns grupos do chamado Período Pré-Colonial Africano.se immmmmmmmmpossível estudarm

1. Sobre os povos da África Atlântica, analise as afirmativas a seguir.

I. Apresentavam culturas com poucas diferen-ças, facilitando o estudo aprofundado.

II. O norte da África, ocupado pela expansão árabe, apresentou uma grande diversidade cultural em relação às demais regiões do continente.

III. Um dos grandes empecilhos para um estudo mais aprofundado dos povos africanos é a inexistência de documentos escritos. Com ex-ceção dos povos islamizados, a maioria deles não utilizava codificação escrita.

De acordo com a análise das afirmativas anterio-res, assinale a alternativa correta.

a) Todas as afirmativas estão certas.

b) Todas as afirmativas estão erradas.

c) As afirmativas I e II estão erradas.

d) As afirmativas I e III estão erradas.

e) Apenas a afirmativa II é errada.

2. (UEL – PR) Na África, uma extensa faixa que se es-tende no sentido leste-oeste, desde a Europa até o Senegal abrangendo todo o sul do Saara, rece-be de seus habitantes a denominação de Sahel. É área caracterizada pelo predomínio de:

a) vegetação mediterrânea;

b) floresta equatorial;

c) floresta tropical;

d) estepes;

e) savanas.

3. (ENEM)

Torna-se claro que quem descobriu a África no Brasil, muito antes do europeus, foram os pró-prios africanos trazidos como escravos. E essa descoberta não se restringia apenas ao reino linguístico, estendia-se também a outras áreas

culturais, inclusive à da religião. Há razões para pensar que os africanos, quando misturados e transportados ao Brasil, não demoraram em per-ceber a existência entre si de elos culturais mais profundos.SLENES, R. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil. Revista USP, n. 12, dez./jan./fev. 1991/1992. Adaptação.

Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de diferentes partes da África, a expe-riência da escravidão no Brasil tornou possível a:

a) formação de uma identidade cultural afro--brasileira;

b) superação de aspectos culturais africanos por antigas tradições europeias;

c) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos;

d) manutenção das características culturais espe-cíficas de cada etnia;

e) resistência à incorporação de elementos cultu-rais indígenas.

4. (UERN) As sociedades africanas que viveram no período que antecede ao processo de expansão marítima e comercial se tornaram objeto de vá-rios estudos e controvérsias. Em relação a essas sociedades, pode-se afirmar que elas:

a) se constituíam uma unidade política e cultural, fator que facilitou a penetração do elemento europeu no continente africano;

b) variavam na forma de organização política e social, encontrando-se, nas diversas regiões do continente, comunidades primitivas, rei-nos, cidades-estados e impérios;

c) desconheciam a prática da mineração, tendo o primeiro contato com o ouro a partir da do-minação colonialista europeia;

d) praticavam a escravidão e o tráfico de escra-vos em larga escala, o que influenciou os co-lonizadores europeus a adotarem essa prática econômica.

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HISTÓRIA

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Povos e reinos da África Atlântica4

Após a apresentação das características gerais dos povos que habitaram a África Atlântica, vamos estudar a localização de alguns deles e algumas de suas características, com o objetivo de fornecer uma visão mais abrangente dos povos que a partir do século XVI foram trazidos para o Brasil na condição de escravizados.

Fonte: ARTE africana. Florença: Scala, 2010. p. 254-255. (Enciclopédia de arte visual). Adaptação.

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Povos da África Atlântica

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Os iorubás compõem um dos maiores grupos etno-linguísticos da África Ocidental. De acordo com a classificação de Greenberg, pertencem ao grupo nígero-congolês que atualmente abrange cerca de 30 milhões de pessoas. É o grupo étnico dominante na Nigéria.

No passado os iorubás eram formados por diversos povos que tinham em comum a raiz linguística e vários traços culturais. De acordo com diversos pesquisadores, incluindo Thurstan Shaw, os iorubás provavelmente nunca apresentaram um governo centralizado e também não denominavam a si mesmos de iorubás.

De acordo com os europeus que entraram em contato com esse grupo no século XV, as cidades edificadas por eles eram caracterizadas com infraestrutura bastante desenvolvida, eram populosas e apresentavam construções resistentes. Muros altos circundavam as cidades para proteção.

A religião iorubá é riquíssima em rituais. Cultuavam os antepassados mortos e as forças da natureza. As divindades eram veneradas em altares domésticos e em templos de forma cônica, nos quais os sacerdotes atendiam e protegiam os fiéis do sobrenatural. Para eles, o mundo estava dividido em dois reinos: o mundo espiritual e o mundo dos vivos.

Os sacerdotes eram iniciados tendo sua cabeça raspada. Para os iorubás a cabeça era a parte mais importante do corpo. Assim, todos os processos de iniciação e rituais inicia-vam com o corte ou raspagem do cabelo ou, ainda, com a confecção de belos penteados.

Os africanistas discordam em relação à cidade de Ifé fundada pelo povo oni. Para muitos ela foi uma cidade de grande importância em função de ser a capital dos territórios ocupados pelos iorubás. Para outros, Ifé foi uma Cidade-Estado que manteve contatos amistosos e bélicos com os iorubás.

Os iorubás

Nas esculturas produzidas pelos onis, as cabeças apresentam tamanho aumentado, o que, segundo alguns especialistas em arte, demonstra a importância atribuída por tal povo a essa parte do corpo. Os penteados, além de símbolo de beleza, eram sinais de status ou ocupação. Guerreiros usavam um determinado tipo de penteado; membros do conselho, outro; mulheres solteiras usavam tranças; as casadas usavam cabelos presos

ESTÁTUA de soberano oni. 1300-1500. 1 escultura em latão, 47,1 cm x 18,5 cm. Museu Nacional de Ifé, Nigéria.

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HISTÓRIA

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A região Senegâmbia, assim denominada por compreender as bacias dos rios Senegal e Gâm-bia, apresentava inúmeros povos, entre eles, os jalofos e os sereres, também classificados como pertencentes ao grupo nígero-congolês. Os jalofos formavam um poderoso reino que havia anexado outros reinos menores, dos quais exigia pagamentos de tributos. Em um dos reinos subordinados ao Reino Jalofo, estava o Reino de Sine, cuja população era, em sua maioria, formada por sereres.

Esse complexo de reinos apresentava uma economia bastante diversificada. Além da agricultura, seus habitantes praticavam a pesca; a pecuária, com a criação de equinos e outros rebanhos; o extrativismo, especialmente de noz-de-cola; metalurgia; tecelagem e cerâmica.

O sistema social era extremamente hierarquizado, apresentando classes sociais bem definidas. A presença de escravizados era comum e se verificava em todos os tipos de trabalho.

Jalofos e sereres

Fruto e flor da árvore conhecida como cola, órobo e ervilha-de-pombo. Noz-de-cola, fruto de uma árvore originária da África Atlântica, era utilizada como estimulante. Inibia a fome, a sede e o cansaço. A mastigação dessa cola passou a se popularizar entre os muçulmanos que começaram a fazer uso dela inclusive nos templos. Inicialmente consumida apenas por pessoas de classes abastadas, com o aumento do comércio os preços caíram e até mesmo as classe menos favorecidas passaram a fazer uso desse fruto

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Os portugueses passaram a realizar viagens para a região da Senegâmbia por volta de 1445. Logo após aportarem, passaram a fazer negócios com os povos da região. O principal interesse dos portugueses era por ouro. Entretanto, os jalofos tinham a oferecer escravizados, capturados entre outros povos ou adquiridos dos berberes (denominação genérica atribuída aos povos que habita-vam o norte da África). Os portugueses, mesmo tendo maior interesse pelo ouro e sal, acabavam por embarcar os escravizados, que foram levados para as ilhas do Atlântico ou para a Europa, onde desempenhariam trabalhos domésticos. Segundo Alberto da Costa e Silva, os portugueses inicialmente acreditavam ser o comércio de escravizados um subproduto do negócio do ouro, mas acabaram descobrindo um comércio bastante lucrativo.

Ao longo dos séculos XV e XVI, o comércio de escravizados passou a ser prioridade para os portugueses que consideravam mais fácil adquirir cativos do que ouro na Senegâmbia.

A chegada dos portugueses à região acabou por mudar as estruturas de poder, transferindo centros de poder político, desmembrando reinos e, assim, enfraquecendo povos que acabaram mais facilmente explorados e escravizados.

34 História da África Atlântica

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Benin era a região onde os acans apresavam escravizados para vender aos europeus. Com seus navios aportados nos golfos de Benin e Biafra, os portugueses adquiriam os escravizados dos apresadores

O termo “banto” é utilizado para denominar um grupo de cerca de 600 línguas faladas em um território de aproximados 9 milhões de quilômetros quadrados, que abrange grande parte das regiões central e sul do continente. A designação banto foi utilizada por Wilhelm Heinrich Immanuel Bleek, em 1862, e entrou para o vocabulário dos pesquisadores da África. De acordo com Alberto da Costa e Silva, cerca de 200 milhões de habitantes utilizavam línguas pertencentes a esse grupo na última década do século XX.

O significado da palavra “banto” é povo ou homens; é o plural da palavra “munto”, que significa indivíduo.

O conjunto de línguas denominadas de banto teriam sua raiz em uma língua falada há cerca de 3 ou 4 mil anos em uma pequena região às margens do Rio Bené, próximo à fronteira entre a Nigéria e Camarões, segundo Joseph H. Greenberg.

A expansão territorial dos bantos

Gans, acans e eves

Gans, acans e eves são alguns dos povos que habitavam a região da Guiné. Esses povos praticavam a agricultura, plantando inhame, milhete e, mais tarde, mandioca, milho e arroz, produtos introduzidos pelos europeus. Extraíam noz-de-cola e praticavam uma pesca bastante desenvolvida. A extração e a produção de ouro eram monopolizadas pelos acans. Intenso e rico comércio, interno e externo, ocorria na região. Assim como na Senegâmbia, no litoral da Guiné era comum a troca de ouro por mercadorias vindas da Europa e do Oriente.

A região da Guiné foi dividida, pelos europeus, em três grandes zonas de exploração: a Costa do Ouro, a Costa do Marfim e a Costa dos Escravos.

Assim como a Senegâmbia, a região inicialmente denominada Costa do Ouro era uma área de passagem devido à sua localização geográfica e também às trocas comerciais realizadas entre os povos da região, os berberes e os jalofos. Tal cruzamento de povos acabou gerando trocas culturais riquíssimas.

Os portugueses chegaram à região em 1471 e já em 1518 praticavam o tráfico de escravizados para a América. Esse comércio iniciado pelos portugueses foi depois acompanhado pelos ingleses,

holandeses e franceses.O ouro era a principal riqueza comercializada na região até o século XVII. Entretanto, pa-

ralelamente começava a crescer o comércio de escravizados. A grande necessidade de mão de obra para as colônias americanas levou o comércio de escravizados a superar o de ouro, atingindo altos preços no mercado atlântico.

MÁSCARA de iorubá (Mãe de Oba). [ca. 1517-1550]. 1 máscara em marfim, 23,3 cm x 12 cm. Corte de Benin, Nigéria. Museu de Arte de Seattle, Seattle.

HISTÓRIA

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Os povos bantos viviam da agricultura, pesca, caça e coleta. Produziam tecidos, cestarias e cerâmicas. Já utilizavam o ferro, fato que facilitou a expansão por toda a parte central e sul do con-tinente e contribuiu para a prática da agricultura com a utilização de instrumentos mais resistentes.

Plantavam especialmente dendê, inhame, batatas-de-cafre e diversos tipos de vagens. Como no início a população era limitada e tinha à disposição grande quantidade de terras cobertas por matas, à medida que as terras utilizadas para a agricultura iam ficando exauridas, partiam para a derrubada da mata e o preparo de novas porções de terras para a agricultura. Além da necessidade de terras para a agricultura, com a utilização do ferro, os povos bantos promoveram uma grande expansão territorial em direção ao sul e ao leste do continente.

Observe o mapa a seguir.

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Fonte: DIAMOND, Jared. Armas, germes e aço: os destinos das sociedades humanas. Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 395. ATLAS da história do mundo. 4. ed. São Paulo: Publifolha, 1993. p. 163. Adaptação.

África: expansão banta

A enxada e a lança

História da África Atlântica36

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Congo e AngolaO Reino do Congo teria surgido por volta de 1400 e tinha por capital a cidade de Mbanza. Pesquisadores

como I. Hrbek e R. Mantran afirmam que a população do reino era de cerca de 100 mil habitantes quando os portugueses chegaram à região, em 1482.

A economia do reino era rica e diversificada. Uma concha denominada zimbo era utilizada como moeda. O comércio de produtos agrícolas, como painço e sorgo; de animais variados e de artesanatos, tais como tecidos coloridos e peças esculpidas em marfim, era intenso.

A sociedade era hierarquizada e dividida em três segmentos sociais: nobreza, trabalhadores livres e escravizados. A sucessão e a herança eram transmitidas por linhagem materna. Entretanto, o líder, sempre do sexo masculino, era assistido por um conselho formado por doze membros, sendo quatro mulheres. A fragilidade do reino estava nas constantes disputas pelo poder entre representantes da nobreza.

Os bantos acreditavam no espírito criador de todas as coisas, cultuavam seus ancestrais mortos e os sacerdotes estavam sempre ocupados em proteger os homens de sua comunidade em relação aos feitiços ou em fazê-los. Cultuavam as forças da natureza por meio de figuras que apresentavam, muitas vezes, formas humanas. Muitas dessas divindades não tinham sexo definido e várias foram as denominações para essas divindades. Os congos cultuavam Ogum, também chamado de Xangô; entre os cubas e iorubás, Olodum era considerado o deus criador.

Muitos desses povos acreditavam na imortalidade da alma e do corpo, fato comprovado em algumas sepulturas de alguns reis encontradas por arqueólogos, nas quais estavam vasilhas onde haviam sido depositados alimentos e água. Escravizados também haviam sido enterrados para que o morto fosse servido na outra vida pela sua criadagem.

A cultura brasileira está repleta de traços de culturas africanas. Das religiões africanas aqui no Brasil surgiu o candomblé. Pesquise sobre as principais características do candomblé e anote os dados coletados nas linhas a seguir.

Ensino Médio | Modular 37

HISTÓRIA

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Para muitos europeus, a África era um território para exploração de riquezas. Entretanto, para aqueles dotados de sensibilidade e humanismo, a África sempre representou a beleza, o exótico, o colorido, o movimento, a vibração.

Braque e Picasso, inspirados nas artes produzidas pelos povos pende e songo, que viviam no Congo, deram início ao Cubismo, um dos estilos mais expressivos da pintura no século XX.

A representação de figuras humanas, de animais e de objetos por meio de figuras geométricas, em que assume grande importância o jogo de luz e sombra, teve sua origem nas máscaras africanas que eram representações antropomórficas das forças do Universo.

O Cubismo foi o movimento artístico que ocupou papel central nas artes entre 1907 e 1914. Apesar de ser considerado um movimento de curta duração na história da arte, marcou de forma radical todos os conceitos da estética e da representação da beleza.

A África e o Cubismo

TROMPA produzida pelo povo songye. Século XIX. 1 escultura em marfim, ráfia, búzios, cera e sementes, comprimento: 38 cm. Coleção Hermann von Wissmann, República Democrática do Congo

Entre 1506 e 1543, Afonso I, congolês que havia sido levado à Europa pelos portugueses e batizado, governou o Reino do Congo. De volta ao Congo, assumiu o poder e, influenciado pela cultura europeia, abriu o Reino do Congo para a exploração portuguesa. Afonso I edificou cidades com características lusitanas, ergueu igrejas católicas e tentou acabar com os antigos cultos pagãos, perseguindo seus seguidores. Os portugueses desejavam utilizar o Congo como “ponta de lança” para a interiorização da exploração das terras africanas.

Enfraquecido pelas disputas internas, pela exploração portuguesa e pela descaracterização cultural, o Reino do Congo foi atacado e dominado pelos jafas, povo que teria vindo da região de Luanda, descritos como guerreiros terríveis que, utilizando facas e machados, matavam seus inimigos com grande brutalidade.

Com o enfraquecimento do Reino do Congo, o português Paulo Dias de Novaes fundou a colônia de Angola em 1575. Inicialmente, os portugueses firmaram uma aliança com o líder jafa Kasange e ocuparam grande parte do atual território de Angola.

Ocorreu a ascensão de um novo reino na região, o Reino Imbangala, cuja rainha Jinga iniciou uma guerra contra a presença portuguesa na região. Jinga dominou grande parte da região, escravizando os povos conquistados.

As lutas entre os povos das regiões denominadas Congo e Angola, a exploração iniciada pelos portugueses e continuada por franceses, holandeses e ingleses completaram o enfraquecimento dos antigos reinos e a escravização.

A exploração do Congo continuou ao longo dos séculos XIX e XX. O Ociden-te vivia durante esse período as disputas entre os países industrializados por matérias-primas e mercados consumidores. O chamado imperialismo ou neoco-lonialismo levou países europeus a partilharem grandes regiões da África, sul da Ásia e Oceania.

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PICASSO, Pablo. As senhoritas de Avignon. 1907. 1 óleo sobre tela, color., 243,9 cm x 233,7 cm. Museu de Arte de Nova Iorque.

Observe como a figura é representada por traços geométricos que inspiraram o surgimento do Cubismo na Europa, no início do século XX

MÁSCARA de chefe da sociedade Manjong. 1850-1900. 1 escultura em madeira e pigmentos, 31,5 cm x 12,4 cm. Museu Quai Branly, Paris.

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1. Sobre os iorubás, analise as afirmativas a seguir.

I. Pertenciam ao grupo linguístico nígero-con-golês.

II. Todos os estudiosos concordam que os ioru-bás possuíam um governo centralizado, sem-pre governado por uma mulher.

III. Apresentavam uma religião marcada pela ri-queza nos rituais.

De acordo com a análise, assinale a alternativa correta.

a) Todas as afirmativas estão certas.

b) Todas as afirmativas estão erradas.

c) Apenas as afirmativas I e II estão certas.

d) Apenas as afirmativas I e III estão certas.

e) Apenas as afirmativas II e III estão certas.

2. Sobre os povos bantos, analise as afirmativas a seguir.

I. Praticavam exclusivamente a agricultura e conquistaram vasto território, especialmente por meio de conflitos com os povos vizinhos.

II. A utilização do ferro garantiu a fabricação de instrumentos mais resistentes, fator considerado importante apenas para os confrontos bélicos.

III. A designação “banto” é empregada para um grande número de povos que falavam lín-guas derivadas de uma mesma origem.

De acordo com a análise das afirmativas anterio-res, assinale a alternativa correta.

a) Todas as afirmativas estão certas.

b) Todas as afirmativas estão erradas.

c) Apenas as afirmativas I e II estão erradas.

d) Apenas as afirmativas I e III estão erradas.

e) Apenas as afirmativas II e III estão erradas.

3. (UFBA)

Com o objetivo de estrei-tar os laços entre África e Bahia, existem em Salva-dor centros culturais re-presentativos de Estados africanos. Casa de Ango-la, Casa de Benin e Casa da Nigéria. Dessas três re-giões vieram os homens e

as mulheres, cujos descendentes fazem da capi-tal da Bahia a maior cidade negra das Américas. Hoje, 25 de maio de 2005, quando se comemora o Dia da África, vale lembrar o trabalho que as casas africanas realizam para tornar sempre pre-sente esse parentesco entre África e Bahia. Elas são responsáveis pelo intercâmbio de conheci-mentos entre histórias e culturas semelhantes que, apesar da distância geográfica, continuam tão próximas.

RAMOS, 2005, p. 8.

A análise do texto e os conhecimentos sobre as re-lações entre África, Bahia e Brasil permitem afirmar.

(01) Bahia e África podem estreitar seus laços culturais, porque tanto uma como outra passaram pelos mesmos métodos de colo-nização adotados pelos portugueses, o que favoreceu o crescimento de uma numerosa população mestiça nas duas regiões.

(02) Casa de Benin cultiva, na Bahia, as tradições históricas e culturais de africanos escraviza-dos, trazidos para o Brasil, a partir do litoral do Dahomé, na costa atlântica da África.

(04) O imperialismo inglês, na costa atlântica da África, marcou profundamente a Nigéria, o que pode ser comprovado pelo fato de a língua inglesa ser oficial no país, apesar da manutenção de diversos grupos étnicos com línguas e culturas diferentes.

(08) Angola, Benin e Nigéria estão ligados à Bahia não só pela origem africana da popu-lação baiana, como também pela presença, naqueles países, de mercadorias baianas le-vadas pelo comércio colonial, a exemplo do açúcar, da aguardente e do fumo.

(16) O Brasil distanciou-se do continente africa-no após a extinção do tráfico de escravos, situação que perdura até os dias atuais, ten-do em vista que a política externa do país está concentrada na Europa Oriental e no Extremo Oriente.

(32) A África e a América do Sul se assemelham em extensão e localização geográfica, uma vez que são cortadas pelos mesmos para-lelos, apresentam paisagens geográficas idênticas e se encontram em igual nível de desenvolvimento.

História da África Atlântica40

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(64) A expansão do processo da tomada de consciência étnica por parte dos afrodes-cendentes baianos, ao lado de interesses definidos pelos próprios países de origem, tem possibilitado a manutenção dos cen-tros culturais referidos no texto.

Somatório: _______________

4. (UFF – RJ) Em 1980, Clara Nunes gravou Brasil mestiço. Um dos seus maiores sucessos, “More-na de Angola”, é parte integrante desse disco.Morena de Angola

Morena de Angola

Que leva o chocalho

Amarrado na canela

Será que ela mexe o chocalho

Ou o chocalho é que mexe com ela?Chico Buarque

Sobre a influência angolana na mestiçagem no Brasil, deve-se considerar:

a) A presença angolana no Brasil é residual, sem impacto, e influenciou muito mais na área de ocupação espanhola do que na área de ocupa-ção portuguesa nas Américas.

b) A mestiçagem no Brasil sempre foi identifica-da como procedente, principalmente, de nossa herança asiática, com presença predominante-mente angolana.

c) A independência angolana estabeleceu o fim das relações com esse país, uma vez que o governo brasileiro apoiava o política colonial de Portugal.

d) A região de Angola foi um importante reser-vatório de escravos para os colonizadores por-tugueses; parte significativa desses cativos foi enviada compulsoriamente para o Brasil.

e) A mestiçagem constitui-se em uma invenção, já que a ideia de raça tem sido reiteradamente criticada pelos biólogos e a influência angola-na foi residual.

5. Explique a divisão do mundo segundo as crenças iorubás.

6. Qual a diferença entre a delimitação territorial dos reinos na Europa e na África Atlântica?

7. Explique de que modo a chegada dos portugue-ses afetou as relações de poder em algumas re-giões da África.

8. (EMESCAM – ES)

O estudo da África não é matéria exótica. Ainda que não tenhamos consciência, o Obá de Benin está mais próximo de nós do que os antigos reis da França.

VOZES da África, São Paulo, n. 6, 2007.

Sobre a participação do negro em nossa cultura, podemos afirmar:

I. A utilização sistemática da mão de obra es-crava nas colônias americanas inscreve-se na lógica capitalista de base mercantil e foi im-portante para que, na Europa, avançasse o processo de acumulação de capitais, condição essencial para a Revolução Industrial.

II. Diferentemente do passado colonial, a estrutura agrária brasileira atual se caracteriza pela total inexistência de grandes propriedades de terras.

III. Ao contrário do que fazia crer grande parte das elites brasileiras do século XIX, cresce no Brasil de hoje a consciência de que a formação histórica do país é fortemente marcada pela presença de povos africanos, indígenas e eu-ropeus, acrescida de várias outras correntes migratórias.

Assinale:

a) Somente o item I está correto.

b) Somente os itens I e III estão corretos.

c) Somente os itens II e III estão corretos.

d) Somente o item II está correto.

e) Todos os itens estão corretos.

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A África e a escravidão5

Desde a Antiguidade, a escravidão estava presente entre os povos da Mesopotâmia e Egito. Fenícios, grandes comerciantes marítimos, comercializavam papiros, cerâmicas, tecidos tingi-dos de vermelho e escravizados. Até mesmo na Grécia, berço da democracia, cidades-estados apresentaram modo de produção escravista.

Até a Idade Média, a escravidão não estava ligada à cor da pele. Tornavam-se escravizados povos derrotados. Os filhos de escravizados já nasciam na condição de cativos.

Na obra de Gérôme, é possível observar o mercado de escravos em

Roma, onde eram comercializados prisioneiros de guerras e indivíduos

que, na impossibilidade de pagar suas dívidas, passavam à condição de escravizados. É

importante destacar o realismo e as condições nas quais os povos

conquistados eram comercializados como escravizados em Roma. Os atributos físicos que denotavam

a capacidade de trabalho e a boa saúde elevavam os preços dos escravizados. A figura central

da pintura apresenta a situação de humilhação na qual se

encontravam a mulher e os demais escravizados que eram obrigados a

se despir diante de uma multidão de curiosos e comerciantes

GÉRÔME, Jean-Léon. Mercado de escravos em Roma. 1884. 1 óleo sobre tela, color., 92 cm x 74 cm. Museu do Hermitage, São Petersburgo.

Na Europa medieval era utilizada mão de obra escrava em quantidade considerável, prove-niente das terras próximas ao Mar Negro, do norte da África e do Leste Europeu. Muitos eram muçulmanos aprisionados durante as Cruzadas. O termo “escravo” tem origem na palavra esclavus, cujo significado é eslavo. Tal denominação depois foi utilizada para designar qualquer homem despossuído de liberdade e realizador de trabalho sem remuneração.

A comercialização de mão de obra africana foi mais uma variação da utilização de mão de obra escrava. A associação entre a cor da pele negra e a escravidão na economia ocidental surgiu a partir do século XIV.

História da África Atlântica42

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Durante muitos séculos, povos de outros continentes tinham uma vaga ideia a respeito do conti-nente africano. Apenas as regiões litorâneas da África eram conhecidas desde a Antiguidade. Gregos e fenícios realizavam comércio com cidades e entrepostos localizados no norte do continente africano. Roma promoveu guerras contra Cartago, cidade detentora do comércio marítimo mediterrâneo, até ser destruída pelos romanos em 146 a.C.

Durante a Idade Média, viajantes disseminaram na Europa informações sobre a existência de minas riquíssimas em ouro em Gana e Benin. A partir daí, passaram a circular histórias fantásticas que contavam a respeito de mercados no interior do continente africano, onde era possível trocar sal por ouro em quantidades iguais, e, ainda, sobre a rica cidade de Gana, localizada no território sudanês, na qual as pessoas se vestiam com joias produzidas em ouro puro. Entretanto, até o século XVIII, além das rotas traçadas pelos árabes que ocuparam o norte do continente e suas incursões um pouco além do deserto, os europeus muito pouco sabiam sobre a África.

Marco Polo, em seu diário, registrou muitas informações sobre o norte da África. Entretanto, é mais provável que tenha escrito sobre histórias as quais ouvia, pois não é comprovado que o explorador veneziano tenha realizado viagem ao interior da África, especialmente às regiões da África Oriental descritas por ele.

A África vista por povos de outros continentes

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Ibn Abdullah Mohammed, filho de uma rica família árabe, estudou Direi-to e viajou pelo norte da África e pela Península Ibérica, deixando muitas in-formações sobre o Magreb. Ibn Batuta, como era conhecido, escreveu, com ri-quíssimos detalhes, sobre a geografia, os povos e os costumes das regiões por onde passou.

Antonio Malfante, comerciante de Gênova, procurou refazer os caminhos percorridos por Ibn Batuta no norte da África em 1447, legando-nos mais in-formações sobre a rica e exótica cultura dos tuaregues.

Os tuaregues habitam a região desértica da África, onde, na atualidade, estão os países do Marrocos e Argélia. São caracterizados pela atividade caravaneira

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Para retomar alguns conceitos já estudados em História e Geografia, anote a significado dos termos a seguir.

a) Magreb b) berbere c) tuaregue

Fonte: DRÈGE, Jean Pierre. Marco Polo e a rota da seda. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. p. 70. Adaptação.

Rota da viagem de Marco Polo – século XIII

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MAPA-MÙNDI de al-Idrisi, reproduzido por Ibn Khaldun. Imagem integrante do Manuscrito Atif Effendi. 1936. Biblioteca Suleimaniye de Istambul.

Martin Dugard, em sua obra No coração da África: as aventuras épicas de Livingstone e Stanley, afirma que a expressão “África, o continente negro” foi inicialmente empregada sem nenhuma alusão à cor da pele de parte de seus habitantes. Tal expressão surgiu do fato de os cartógrafos europeus, até meados do século XIX, cobrirem com a cor preta as regiões que eram desconhecidas por eles, o que significava colorir em preto todas as terras que iam do sul do Cairo à Cidade do Cabo.

Se inicialmente a expressão “África, o continente negro” não fazia referência aos habitantes do continente, passou depois a representar um dos grandes motivos para a realização das viagens à África, pois foi exatamente com essa “riqueza” que os europeus passaram a somar grandes lucros. O comércio de seres humanos apresados, transformados em mão de obra escravizada e transportados pelo Oceano Atlântico para as terras americanas tornou-se mais lucrativo que o comércio de ouro ou marfim.

De acordo com os autores Carlos Serrano e Maurício Waldeman, na obra Memória d´África: a temática africana em sala de aula, é possível dividir os escravizados africanos em seis categorias distintas:

Cativos em razzias e guerras. Geralmente eram mulheres e crianças que passavam a exercer os trabalhos domésticos.

Indivíduos resultantes da união de mulheres escravizadas com homens livres. As mulheres livres eram impe-didas de se relacionarem com homens escravizados.

Escravizados trazidos de longas distâncias e trocados por produtos como sal, ouro e tecidos. Esses escraviza-dos eram empregados nos trabalhos agícolas no interior da comunidade. Somente após o comércio atlântico de escravizados é que eles passaram a alimentar o lucrativo comércio europeu.

Indivíduos condenados à escravidão pelo descumprimento de alguma norma ou regra à qual o povo estava sujeito. Muitas vezes as mulheres acusadas de adultério eram sentenciadas à escravidão e vendidas para outros povos.

O não pagamento dos tributos também acabava por levar o indivíduo à condição de escravizado por toda a vida, ou até o pagamento da dívida.

Indivíduos que se colocavam na condição de escravizados em troca de proteção ou sustento de seu senhor.

É importante salientar que o conceito de escravidão é diferente entre os europeus e os povos africanos. Para os europeus, o escravizado era propriedade do senhor. Entre diversos povos africanos a escravidão decorria das relações sociais – militares, políticas e jurídicas. Nas sociedades africanas estudadas, de maneira geral, era fruto das guerras ou razzias (invasão rápida promovida ao território de povo inimigo ou vizinho com o objetivo de saque). Os indivíduos cativos passavam a pertencer à linhagem de seus senhores e geralmente eram utilizados como serviçais domésticos, auxiliando nas atividades cotidianas. Não havia o caráter de apresar para comercializar.

A escravidão na África

O mapa apresenta a Europa, a Ásia e a África, terras já conhecidas, com riqueza de detalhes; enquanto as demais partes da Terra, ainda não conhecidas, são pouco destacadas

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O comércio de escravizados foi ampliado com a che-gada dos árabes ao norte de África no século VI. Cara-vanas percorriam os desertos da África transportando mercadorias como tecidos, mirra, azeite, tâmaras, per-fumes, joias, marfim, ouro e, certamente, escravizados.

No século IX, os mercados de comercialização de mão de obra escrava já estavam estabelecidos no norte do continente.

Inicialmente, os árabes davam preferência a meninos e homens, que eram destinados ao trabalho na agricul-tura, nas minas e em muitas outras funções ligadas à produção de bens ou alimentos. Ao longo dos séculos IX e X, a grande procura por escravizados era com o objetivo de formar grandiosos exércitos.

É importante salientar que, para o islamismo, a li-berdade era a condição normal dos seres humanos. Dessa forma, só poderiam servir como trabalhadores escravizados indivíduos que nasciam na condição de cativos ou prisioneiros de guerra.

Segundo alguns historiadores, entre eles John Thornton, provavelmente a escravidão surgiu jun-tamente com a prática da agricultura. Tal atividade gerou a necessidade de maior quantidade de mão de obra, fato que levou povos a fazer uso da escravização de seus semelhantes.

Antes da chegada dos portugueses ao continente africano e da comercialização de mão de obra escrava em larga escala pelo Atlântico, a escravidão já era conhecida na África. Entretanto, é importante observar que a escravização só se tornou comercial com a chegada dos portugueses.

Na Antiguidade, os egípcios já realizavam excursões ao sul da Núbia para a obtenção de traba-lhadores cativos. A predileção dos mercadores egípcios por trabalhadores escravizados provenientes de terras distantes era porque a distância de seu lugar de origem acabava por dificultar fugas. Alguns textos em hieróglifos atestam, ainda, sobre as diferenciadas características físicas dos escravizados, facilmente identificáveis entre os homens livres.

Por muito tempo, coube ao faraó dividir entre os deuses, o clero e a nobreza os “mortos-vivos” – este o nome dado aos escravos – que não reservava para o seu serviço. Era, porém, relativamente pequena a proporção dos cativos que, não fican-do à disposição do rei nem dos templos, iam ter a mãos priva-das. Desses, a maioria, formada por mulheres, executava tarefas domésticas – apanhar água, cortar lenha, limpar salas e pátios, cozinhar, cuidar do gado miúdo e da capoeira, atender aos amos, banhá-los e vesti-los, velar pelas crianças, vigiar a casa, fiar, tecer e costurar. As moças escravas eram também obrigadas a deitar-se com o senhor ou com os rapazes da casa, pois esta é uma das regras mais antigas do escravismo: o escravo não é dono de seu corpo nem de sua sexualidade.

SILVA, Alberto da Costa e. A manilha e o libambo: a África e a escravidão, de 1500 a 1700. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. p. 16-17.GRUPO de prisioneiros negróides cercado por guardas com

paus, enquanto um escrivão elabora um relatório. Novo Reino, XVIII Dinastia. 1332-1323 a.C. Tumba de Horemheb em Saqqara. Museo Civico Archeologico, Bologna, Itália. Detalhe.

AL-WASITI. Mercado de escravos de Fabid no Yémen. 1236-1237. Iluminura integrante da obra Les Makamat de Hariri. Biblioteca Nacional da França.

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manumissão

A manilha e o libambo

De acordo com o fragmento, responda às questões.

1. O islamismo proíbe a escravidão? Justifique sua resposta.

2. De acordo com os ensinamentos do Alcorão, como um senhor deve tratar seu escravizado?

Com o objetivo de retomar os conhecimentos a respeito do islamismo, sua expansão e importância, responda às questões a seguir.

1. (UPE) A religião foi decisiva para expansão da cultura muçulmana. Apesar das guerras, os muçulmanos realizaram vários feitos culturais que repercutiram na sociedade ocidental. A influência muçulmana se fez presente na(no):

a) Península Ibérica, onde se conseguiu implantar uma filosofia que combatia o catolicismo; b) uso de técnicas agrícolas que ajudavam no cultivo de produtos importantes para a época;

c) divulgação da filosofia de Sócrates, através de seus sábios que visitavam as universidades do Ocidente; d) arte francesa, sobretudo na definição dos estilos gótico e românico, no final da Idade Média; e) forma de governo espanhola, estruturada em pequenos feudos, apresentando agricultura irrigada.

2. (IFPI) Os árabes, entre o século VII e XI, ampliaram suas conquistas territoriais e produziram importan-te civilização, que assimilou muitos legados culturais de outros povos com os quais conviveram, como as tradições da cultura clássica e oriental, que souberam redefinir com grande sabedoria. Além disso,

Manumissão: ato de libertar,

alforriar.

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argumenta-se que os valores culturais da Antiguidade Clássica chegaram ao conhecimento do mundo porque os árabes:

a) profetizaram o destino do homem através dos signos do zodíaco; b) propagaram na literatura, a obra mais conhecida dos chineses que é Mil e uma noites, reunião de

histórias registradas entre o século VIII e IX, e lida até hoje, mesmo no mundo ocidental; c) introduziram no continente europeu, através da Península Ibérica, novas técnicas de cultivo, habilidades

de arte na representação humana e a perspectiva linear na pintura;d) traduziram textos diversos e os difundiram, concretizando importantes realizações, a partir do pensa-

mento grego; e) inventaram o papel, a pólvora, a bússola, o astrolábio, os algarismos árabes e a álgebra.

3. (UEFS – BA) Depois de passar a tocha que ajudou a iluminar a Era das Trevas na Europa, os árabes entraram num longo e agitado sono, do qual só agora começam a despertar. Desde a Segunda Guerra Mundial, libertos por fim de séculos de domínio estrangeiro, abençoados com os recursos trazidos pelo petróleo e agora aproveitando a tecnologia ocidental, os povos árabes, há tanto tempo divididos, mais uma vez buscam a unidade. Nahda, assim os árabes chamam essa renascença. Até agora não passa de um sentimento, um começo, um espírito que se nota no mundo árabe.

A partir da análise do texto e dos conhecimentos sobre a civilização muçulmana, pode-se afirmar:

a) Os países muçulmanos defendem, na atualidade, o restabelecimento do império islâmico e o domínio dos povos cristãos ocidentais.

b) A dominação europeia sobre o mundo muçulmano, no contexto da Segunda Guerra Mundial, deveu-se ao apoio desses povos à Alemanha hitlerista.

c) A expansão muçulmana, a partir do século Vlll, estabeleceu grandes avanços técnicos, filosóficos, culturais e científicos na sociedade europeia.

d) A Europa só conseguiu superar o obscurantismo medieval, a ignorância e a ausência de produção filo-sófica e cultural a partir da dominação muçulmana.

e) A unidade religiosa dos muçulmanos possibilitou que, durante a dominação imperialista, suas fronteiras políticas e divisões étnicas e culturais fossem respeitadas pelos europeus.

48 História da África Atlântica

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Entre os povos e nações existentes na região denominada África Atlântica, era comum a “escravidão doméstica”. Nessas sociedades, a escravidão estava estreitamente ligada à necessidade de mão de obra.

Como em muitos assuntos relativos ao continente africano, torna-se difícil estabelecer regras e descrições gerais para a escravidão nesse vasto território. Por certo que os escravizados eram desti-nados aos mais variados fins: trabalho na agricultura, na pecuária, destinados aos sacrifícios religiosos, aos haréns e Cortes dos poderosos governantes, etc. E o tra-tamento que recebiam variava muito da atividade desempenhada e também da generosidade ou não dos senhores.

Apesar de ser denominada “escravi-dão doméstica”, historiadores, sociólogos e antropólogos relatam em seus estudos

exemplos de violência e maus-tratos recebidos por muitos cativos. E entre esses exemplos, chama-nos a atenção a castração de jovens rapazes destinados a cuidar de haréns, os chamados eunucos. A cidade de Ifé ficou famosa pelo seu grande número de eunucos. Alguns outros relatos afirmam exemplos de escravizados que chegaram a altos cargos públicos ou tornaram-se administradores dos bens de seus amos.

A escravidão na África Atlântica

DELACROIX, Eugène. As mulheres da Argélia. 1834. 1 óleo sobre tela, color., 180 cm x 229 cm. Museu do Louvre, Paris.

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Leia o fragmento a seguir.

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A manilha e o libambo

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1. Para melhor compreensão do texto, complete o glossário a seguir.

Razia:

Gázua:

Butim:

2. Agora, de acordo com o fragmento e nossos estudos sobre as sociedades africanas, responda:

a) Qual a relação que pode ser estabelecida entre as dificuldades de produção de alimentos e a prática de escravizar indivíduos de grupos rivais?

b) Cite os outros motivos expostos no fragmento que exigiam a escravização de seres humanos entre os povos da África Atlântica.

c) Pode algum indivíduo ser escravizado sem violência?

d) De acordo com o texto, cite as principais maneiras de se adquirir um escravizado.

e) Quais as destinações mais comuns dadas aos escravizados?

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Na sociedade do povo sena, o filho de uma escravizada com um homem livre era também considerado livre, já entre os dualas e os efiques (habitantes dos atuais Estados da República dos Camarões e da Nigéria) o fato de ter sido gerado por uma escravizada colocava o indivíduo na mesma condição.

Alguns africanistas, historiadores especialistas em história da África, são categóricos em afirmar que não houve escravidão na África Atlântica Pré-Colonial, devido ao fato de o escravizado ser incorporado à família e apresentar a mesma cultura de seus senhores. Outros historiadores, entretanto, rebatem tal argumentação com a constatação de que, mesmo sendo considerado integrante da organização familiar, o escravizado não perdia a denominação de escravo e era tratado de maneira diferenciada devido à sua condição de cativo. Os escravizados libertos também recebiam tratamentos diferenciados em relação aos já nascidos livres. Tais diferenciações eram observadas nas habitações, nos tipos de vestimentas e até mesmo nos rituais funerários.

Se a morte em muitas religiões significa a libertação e o fim das penitências terrenas, caso interes-sante é o observado entre os xebros que habitavam o atual território de Serra Leoa: os escravizados eram enterrados nus, com as mãos amarradas a uma corda, presa a uma estaca colocada fora da sepultura, para que o escravizado, mesmo após a morte, continuasse a pertencer, na condição de cativo, ao seu senhor.

Observe, no fragmento a seguir, a definição de Alberto da Costa e Silva sobre a condição de escravizado.

1. Estabeleça a relação entre o sedentarismo e a prática da agricultura com a escravidão.

2. Após analisar as diferentes definições para escravidão, formule uma definição que sintetize os principais pontos estudados.

3. Explique os motivos que levam alguns estudiosos da África à afirmação de que não existiu escravidão na África Atlântica antes da chegada dos portugueses.

4. Qual a principal diferença entre a escravidão doméstica e a escravidão promovida pelos europeus no conti-nente africano?

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Ilustração de Gustave Doré para a obra de Dante Alighieri, A divina comédia, na qual o autor procurou mostrar a visão que os homens de sua época tinham a respeito dos três estágios pelos quais passava a alma de um indivíduo após a sua morte. Observe a escuridão com a qual foi retratado o inferno

Uma das regiões africanas de onde chegavam histórias fan-tásticas de riquezas infindáveis, monstros e povos que conviviam em estado de barbárie era a Etiópia.

Os europeus da Idade Média e início da Idade Moderna, impregnados pelo pensamento religioso católico, ligavam a cor negra ao pecado. O bem era sempre representado por anjos de pele clara e cabelos loiros. O mal pela escuridão. O demônio habitava as profundezas, a escuridão. Aos poucos, foram sendo consolidadas, no imaginário europeu, a luz e claridade como símbolos do bem e a escuridão como representação do mal e do pecado.

Assim, as ideologias propagadas pelos membros do clero católico prontamente ligaram os habitantes da Etiópia, por causa do significado: “terra de negros” ou “face queimada”, ao pecado. Dessa forma, estava pronta a justificativa para a escravização dos africanos. Não apenas dos habitantes da Etiópia, pois, lembre-se, a palavra Etiópia também era utilizada para designar toda a África.

O imaginário europeu sobre a escravidão

Pesquise, na atualidade, ideologias defendidas por grupos considerados radicais que pregam a superio-ridade de alguns indivíduos sobre os demais. Colete informações e produza um texto, apontando os erros cometidos por tais grupos e como devemos combater a discriminação em todos os setores de nossa sociedade.

1. Sobre a escravidão no território africano, leia as afirmações a seguir.

I. Não existia antes da chegada dos europeus no século XIV.

II. A escravidão ficou restrita ao norte do con-tinente, sendo exercida apenas pelos povos árabes.

III. Os europeus inicialmente desejavam apenas ouro e marfim. Entretanto, o tráfico de escra-vos passou a auferir mais lucros, o que aca-bou por fazê-los abandonar a procura por outras riquezas.

De acordo com a análise das afirmativas acima, assinale a alternativa correta.

a) Todas as afirmativas estão corretas.

b) Todas as afirmativas estão erradas.

c) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

d) Apenas as afirmativas I e III estão erradas.

e) Apenas a afirmativa II está correta.

2. Assinale a alternativa que apresenta a principal diferenciação, segundo especialistas, entre a es-cravidão doméstica e a escravidão praticada pe-los europeus.

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a) A escravidão europeia retirava o indivíduo de seu meio, apesar de inseri-lo em outro am-biente familiar.

b) A escravidão doméstica era temporária, sendo o escravo libertado depois de dois meses de trabalho.

c) A escravidão doméstica acabava por inserir o indivíduo na sociedade, passando o cativo a ter todos os direitos de seu senhor.

d) A escravidão europeia tinha o caráter comercial.

e) As duas, segundo esses especialistas, não podem ser consideradas processos de escravização.

3. Sobre o imaginário europeu do final da Idade Média, analise as afirmativas a seguir.

I. Estava impregnado pelo pensamento cristão católico.

II. A vida dos indivíduos era centrada nas ideias de bem e mal, virtude e pecado, paraíso e inferno.

III. A visão do mal, aliado à escuridão, foi usada como uma das justificativas para a escravi-zação dos negros africanos que eram vistos como “seres inferiores” pelos europeus.

De acordo com a análise das afirmativas acima, assinale a alternativa correta.

a) Todas as afirmativas estão certas.

b) Todas as afirmativas estão erradas.

c) Apenas as afirmativas I e II estão certas.

d) Apenas as afirmativas I e III estão certas.

e) Apenas as afirmativas II e III estão certas.

4. (UFMS) O texto que segue trata da história da África Atlântica e enfatiza o tráfico internacional de escravos.Áreas coloniais europeias na África, ca. 1785

Áreas coloniais europeias na África em 1785. BRIOIST, Pascal. Es-paces maritimes au XVIIIe. siècle. Paris: Atlande, 1997. p. 17.

“A história da África Atlântica está intimamen-te relacionada às transformações do tráfico in-ternacional de escravos. O então denominado comércio de almas esculpiu o recorte geográfi-co africano, cuja posse foi disputada por vários reinos europeus. Inicialmente, os portugueses organizaram e foram quase senhores absolutos do tráfico e, por conseguinte, das feitorias e nú-cleos coloniais. Em seguida, vieram os franceses, ingleses, holandeses, espanhóis, dinamarqueses, suecos e brandemburgueses.”DEL PRIORE, Mary; VENÂNCIO, Renato Pinto (Org.). Ances-trais: uma introdução à história da África Atlântica. Rio de Janeiro: Elsevier/Campus, 2004. p. 166.

Com base na análise da figura e do texto apre-sentados e em seus conhecimentos sobre a his-tória da África Atlântica, pode-se afirmar que:

(01) no início da Época Moderna, a compra e a venda de cativos na África Atlântica foram a solução encontrada pelas sociedades euro-peias empobrecidas, uma resposta a crises econômicas conjunturais resultantes dos gastos feitos com as Cruzadas;

(02) o tráfico internacional de escravos foi a espi-nha dorsal de prósperas companhias comer-ciais europeias e de fortunas acumuladas por mercadores coloniais que, antes mesmo do surgimento do capitalismo, contribuíram para a criação de circuitos de troca em esca-la mundial;

(04) do outro lado do Atlântico, o tráfico interna-cional de escravos viabilizou a montagem de vários sistemas de agricultura comercial no Novo Mundo, com exceção das plantations da América do Norte, visto que esse sistema era baseado na mão de obra livre proveniente da Irlanda;

(08) do século XVIII ao XIX, a ortodoxia religiosa na Holanda e na Dinamarca proibia o uso e o comércio de escravos provenientes da África Atlântica; quem desrespeitasse esse preceito era imediatamente excomungado pela Igreja Católica Reformada;

(16) o tráfico internacional de escravos causou o fracionamento político da África Atlântica por conta da criação de colônias europeias e pela instigação ou geração de rivalidades no interior das unidades políticas existentes no continente.

Somatório: _______________

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O comércio escravista através do Atlântico 6

Nesta unidade de trabalho, vamos estudar como os europeus estabeleceram o comércio e o tráfico de escravos envolvendo Europa, África Atlântica e América.

O tráfico de escravizados africanos pelo Oceano Atlântico é denominado de Calunga Grande – grande água – em algumas línguas africanas.

Os portugueses deram início ao comércio de escravizados pelo Oceano Atlântico com as viagens marítimas de reconhecimento e exploração do litoral africano.

Para compreendermos o comércio humano que cruzava o Atlântico em direção à América, é necessário recordarmos o expansionismo marítimo promovido pelos reinos europeus ao longo dos séculos XIV, XV e XVI.

O Reino de Portugal foi agraciado com a soma de várias cul-turas, trazidas por vários povos, ao longo do tempo. A província romana da Lusitânia sofreu invasões muçulmanas provenientes do norte da África, recebeu judeus que fixaram residência na Península Ibérica, legando à província a experiência no co-mércio, e acabou cristianizada pelos movimentos cruzadistas.

Depois de sete séculos de dominação moura, os nobres da região promoveram a Guerra da Reconquista e conseguiram a expulsão dos árabes em 1249, criando o Reino de Portugal.

O novo reino contava com as heranças deixadas por todos esses povos e logo se lançou na aventura do comércio marítimo. Para que tal projeto tivesse sucesso, foram necessárias ações de monarcas da dinastia de Avis e a participação da burguesia detentora de capital e desejo de investir em negócio tão ousado como as expedições mercantis.

Expansionismo marítimo europeu

Vista do Cabo de São Vicente, localizado ao sul de Portugal, serviu de observatório para os estudiosos do grande oceano

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Segundo Robin Blackburn, a Guerra de Reconquista incentivou os portugue-ses a promover, em 1415, a tomada de Ceuta, importante cidade do norte da África dominada pelos muçulmanos. Tal ocupação diminuía o perigo de novas investidas mouras à Península Ibérica, além de inaugurar o expansionismo marítimo lusitano.

O Infante D. Henrique soube reu-nir em Sagres estudiosos das mais variadas áreas do conhecimento (car-tógrafos, matemáticos, engenheiros náuticos, etc.), navegadores experien-tes e aventureiros. O fruto dos empre-endimentos de D. Henrique, chamado O Navegador, promoveu a difusão e o aprimoramento de instrumentos e téc-nicas de navegação.

Os cartógrafos deixaram importantes documentos que comprovam a crença na presença de monstros e seres fantásticos nos mares e oceanos

MÜNSTER, Sebastien. Das Erst General/Inhaltend die beschreibung. 1550-1578. 26,4 cm x 37,7 cm. Detalhe.

Vamos recordar os conceitos e conteúdos já estudados?

1. Elabore uma definição para o expansionismo marítimo promovido pelos europeus entre os séculos XIV e XVII.

2. Por que as viagens pelo Oceano Atlântico também ficaram conhecidas como Grandes Navegações?

3. O reino de Portugal foi pioneiro nas viagens marítimas ao redor da África. Cite os fatores que contribuíram para o pioneirismo português.

4. Quais eram as lendas que povoavam o imaginário dos europeus sobre o Oceano Atlântico?

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O Infante D. Henrique é representado à direita, usando um chapéu escuro de abas largas

As viagens patrocinadas e coordenadas pelo Infante D. Henrique, de 1419 a 1460, tinham como rota o périplo africano com o objetivo de buscar as ricas jazidas de ouro na Ásia sem a necessidade de atravessar territórios tomados pelos muçulmanos.

A região denominada Costa do Ouro, na atualidade Gana, foi atingida pelos portugueses em 1471, sendo estabelecidas as feitorias de Axim e El Mina.

As viagens que visavam ao ouro acabaram por desvelar a possibilidade de um riquíssimo comércio de muitos outros produtos, tais como pimenta, marfim, cavalos, tecidos e escravizados.

O périplo africano foi completado com a viagem bem-sucedida de Vasco da Gama à Índia, realizada em 1498.

Para comemorar a façanha portuguesa, Luís Vaz de Camões escreveu Os lusíadas. Com o auxílio de um colega, leiam e interpretem o poema a seguir.

[...]

Os lusíadas

Após a leitura e análise do fragmento da obra de Camões, respondam às questões a seguir.

1. Qual é o objetivo de Camões ao compor os versos iniciais da obra Os lusíadas?

2. Transcreva, em seu caderno, as estrofes que conferem às viagens marítimas e às conquistas de novas terras o caráter de cruzada religiosa.

Portugal conseguiu o apoio da Igreja Católica para o desenvolvimento das viagens marítimas e para a ocupação e colonização de ilhas atlânticas e terras do litoral africano. As bulas Romanus Pontifex (1455) e Dum Diversas (1452) atribuíam a Portugal a missão divina de converter os povos infiéis ao cristianismo. Tais documentos pontifícios abriram caminho para a escravização de povos pagãos ou dominados pelos muçulmanos.

GONÇALVES, Nuno. Retábulo de São Vicente: painel do infante. [ca.1460]. 1 óleo sobre painel, color., 207 cm x 129 cm. Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.

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Os portugueses iniciaram o comércio de escravizados e o tráfico negreiro através do Oceano Atlân-tico e os monopolizaram por cerca de 150 anos. Ao longo desse tempo, estabeleceram sociedade e acordos com holandeses, genoveses e venezianos.

Apresamento de escravizados

na África Atlântica

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Observe as imagens e o fragmento da obra de Gomes Eanes de Zurara, Crônica da Guiné.

-ção do escravismo no Novo Mundo, 1492-1800

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Memorial dos Descobrimentos. Belém, Lisboa. No memorial figuram os portugueses do expansionismo marítimo. Em destaque, o autor da “Crônica da Guiné”, Gomes Eanes de Zurara

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Apesar da grande divergência presente nos estudos e publicações sobre o número de escravizados africanos que foram trazidos à América entre os séculos XVI e XIX, podemos afirmar que cerca de 11 milhões de africanos foram retirados da chamada África Atlântica e depositados na América para exercer as mais variadas tarefas, essenciais à sobrevivência do sistema colonial.

A fragmentação política dos grupos e a existência da escravidão doméstica ou de linhagem nas sociedades africanas foram fatores que facilitaram o processo de apresamento e o comércio de es-cravizados.

Para maior eficiência do comércio negreiro, os portugueses criaram em 1486 a Casa dos Escravos, órgão que era incumbido da regulamentação do comércio, do estabelecimento dos preços no mercado, da cobrança das taxas reais e papais, além do controle do comércio.

Foram fixados pontos de parada ao longo do litoral africano, nos quais recebiam ou armazenavam os capturados à espera de embarque. Em outros pontos do litoral eram promovidas expedições que adentravam as terras africanas em busca de cativos.

Os navios que transportavam os escravizados eram denominados navios negreiros ou tumbeiros, tal era a quantidade de mortes ocorridas ao longo da viagem. O porão era o local da embarcação onde eram alojados os negros, separados por sexo. As condições de higiene eram extremamente precárias, sendo comuns epidemias que dizimavam grande parte dos embarcados.

Na ânsia de transportar o maior número possível de escravizados, em uma tentativa de diminuir os prejuízos causados pelas mortes, eram construídos mezaninos nos porões, nos quais os cativos eram alojados, e ali permaneciam grande parte do tempo da viagem.

Gomes Eanes de Zurara foi imortalizado no Memorial dos Descobrimentos, erguido em Belém, Lisboa. O cronista Zurara desempenhou os cargos de bibliotecário da livraria real e guarda da Torre do Tombo pelo rei D. Afonso V.

De acordo com os documentos, descreva as impressões do cronista a respeito da escravização dos povos africanos.

RUGENDAS, Johann Moritz. Negros no fundo do porão [O navio negreiro]. 1835. 1 litografia, color., 35,5 cm x 51,3 cm. Coleção particular.

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Os navios iniciavam o embarque de escravizados na região da Costa do Ouro, aportando até o litoral de onde é Angola, na atualidade. Para os primeiros embarcados a viagem era ainda mais longa e penosa. Devido à grande mortalidade de escravizados restritos aos porões dos navios, foram construídos barracões ou cercados onde os cativos eram confinados em grande número. Só então eram embarcados e tinha início a travessia do Atlântico.

Pensando nos lucros que obteriam, os traficantes permitiam que os negros saíssem em pequenos grupos ao convés, sempre com os braços amarrados e atados uns aos outros para tomar um pouco de ar e respirar ar puro. Com o mesmo objetivo, procuravam manter a alimentação parecida com a que os negros possuíam em solo africano. Entretanto, tal era a diversidade de povos e de costumes dentro de um mesmo porão que era impossível atender a todos os hábitos alimentares.

Doenças como a malária, sarampo, escorbuto, varíola e desidratação matavam em larga escala.Tempestades causavam ainda mais sofrimento, aumentando o tempo de viagem, inundando porões e

causando enjoos. Revoltas não eram comuns, mas aconteceram em solo africano e também em alto-mar. Quando as rebeliões eram contidas, castigos eram aplicados por meio de açoitamentos, mutilações e exe-cução de alguns para que os demais desistissem dos levantes.

Os africanos chegavam aos portos americanos cansados, desnutridos e temerosos por seus destinos. Mal desciam da embarcação e eram colocados em um barracão para a “engorda e o trato das feridas”. Dali eram levados para o mercado de escravos, onde eram vendidos como animais. Famílias eram separadas.

Apesar de toda essa situação, não tinham para onde fugir. Estavam em terra estranha e para sua terra natal não voltariam. Muitos dos escravizados eram acometidos de uma melancolia denominada banzo, que nos dias atuais chamaríamos de depressão.

Durante todo o período do tráfico negreiro, calcula-se que os comerciantes portugueses de escravizados tenham realizado mais de 28 mil viagens através do Oceano Atlântico, sendo responsáveis pela introdução de 4,5 milhões de africanos em terras americanas.

Desenho que procura mostrar a melhor maneira de acomodar

os escravizados em um navio negreiro. In: MOURA, Carlos

Eugênio Marcondes de. A Travessia da Calunga Grande: três séculos de

imagens sobre o negro no Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,

2000. p. 313

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[...]

Além de todas as agruras impostas aos africanos e seus descendentes em nossas terras, qual fator Thornton aponta como elemento importante do qual dependiam as condições de vida ou suas próprias vidas?

Conforme afirmado anteriormente, a denominação “povos africanos” foi criada pelos europeus que viam o continente de fora, sem prestar atenção nas diferenças existentes entre os povos, as organiza-ções sociais, as visões de mundo dos diversos povos, reinos e nações africanos.

Os escravizados eram tratados como sendo inferiores aos europeus, selvagens e primitivos e, portanto, passíveis de escravização. Eram apresados, embarcados, vendidos, marcados a ferro. Para os europeus, as diferenças físicas e culturais eram utilizadas para classificá-los como apropriados ao trabalho no canavial ou ao trato com o gado; de temperamento dócil e obediente ou raivosos e briguen-tos. Todas as demais diferenças passavam despercebidas ou não importavam aos olhos dos europeus.

Observe os documentos a seguir.

Diferentes culturas negras na África Atlântica

História da África Atlântica60

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Causa apresentada para a diminuição da extração de ouro na Região das Minas Gerais, por volta de 1764:

Agora, produza um texto justificando a importância para nós, brasileiros, de conhecer a história da África.

DEBRET, Jean-Baptiste. O velho orfeu africano (oricongo). 1826. 1 aquarela sobre papel, color., 15,6 cm x 21,5 cm. Museus Castro Maya, Rio de Janeiro.

HENSCHELL, Alberto. Babá e menino. 1874. 1 fotografia, p&b.

Arquivo G. Ermakoff.

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Sobre fragmentos da obra de Antonil, respondas questões a seguir.

1. (FUVEST)

... algumas escravas procuram de propósito aborto, só para que não cheguem os filhos de suas entranhas a padecer o que elas padecem. André João Antonil, Cultura e opulência do Brasil, 1711.

Relacione outras formas de resistência do escra-vo africano, além do mencionado no texto.

2. (UNICAMP)

E se o castigo for frequente e excessivo, ou se irão embora, fugindo para o mato, ou se mata-rão por si, como costumam, tomando a respi-ração ou enforcando-se, ou procurarão tirar a vida aos que lhes dão tão má, recorrendo se for necessário a artes diabólicas, ou clamarão de tal sorte a Deus, que os ouvirá e fará aos senhores o que já fez aos egípcios, quando avexavam com extraordinário trabalho aos hebreus, mandando as pragas terríveis contra suas fazendas e filhos.Padre Antonil, Cultura e opulência do Brasil,1710.

a) Quais eram as formas de resistência dos ne-gros à escravidão citadas por Antonil?

b) Qual o tipo de argumento utilizado por Antonil para convencer os senhores a não se excederem nos castigos?

3. (PUC – SP)Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal!Por te cruzarmos, quantas mães choraram,Quantos filhos em vão rezaram!Quantas noivas ficaram sem casarPara que fosses nosso, ó mar!Valeu a pena? Tudo vale a penaSe a alma não é pequena.Quem quer passar além do BojadorTem que passar além da dor.Deus ao mar o perigo e o abismo deu.Mas nele é que espelhou o céu.PESSOA, Fernando. Mar português. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1960.

O poema de Fernando Pessoa se refere à con-quista dos mares pelos portugueses, o início da Era Moderna. Se os resultados finais mais conhecidos dessas ”Grandes Navegações” fo-ram a abertura de novas rotas comerciais em direção à Índia, a conquista de novas terras e o espalhamento da cultura europeia, alguns dos elementos desse contexto histórico cuja articu-lação auxilia na compreensão das origens dessa expansão marítima são:

a) o avanço das técnicas de navegação; a bus-ca do mítico paraíso terrestre; a percepção do universo segundo uma ordem racional;

b) o mito do abismo do mar; a desmonetarização da economia; a vontade de enriquecimento rápido;

c) a busca de ouro para as Cruzadas; a descen-tralização monárquica; o desenvolvimento da matemática;

d) a demanda de especiarias; a aliança com as cida-des italianas; a ânsia de expandir o cristianismo;

e) o anseio de crescimento mercantil; os relatos de viajantes medievais; a conquista de Portu-gal pelos mouros.

4. (CESGRANRIO – RJ) Acerca da expansão marítima comercial implementada pelo reino Português, podemos afirmar que:

a) a conquista de Ceuta marcou o início da ex-pansão, ao possibilitar a acumulação de rique-zas para a manutenção do empreendimento;

b) a conquista da Baía de Arguim permitiu a Por-tugal montar uma feitoria e manter o controle sobre importantíssima rota comercial intra--africana;

c) a instalação da feitoria de São Paulo de Luan-da possibilitou a montagem de grande rede de abastecimento de escravos para o mercado europeu;

d) o domínio português de Piro e Sidon e o con-sequente monopólio de especiarias do Oriente Próximo tornaram desinteressante a conquista da Índia;

e) a expansão da lavoura açucareira escravista na Ilha da Madeira, após 1510, aumentou o preço dos escravizados, tanto nos portos afri-canos quanto nas praças brasileiras.

História da África Atlântica62

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5. (ENEM)

A identidade negra não surge da tomada de cons-ciência de uma diferença de pigmentação ou de uma diferença biológica entre populações negras e brancas e (ou) negras e amarelas. Ela resulta de um longo processo histórico que começa com o descobrimento, no século XV, do continente africano e de seus habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento esse que abriu o ca-minho às relações mercantilistas com a África, ao tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à coloniza-ção do continente africano e de seus povos.K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversidade e a identidade negra no Brasil. In: Diversidade na educação: re-flexões e experiências. Brasília: SEMTEC/MEC, 2003. p. 37.

Com relação ao assunto tratado no texto acima, é correto afirmar que:

a) a colonização da África pelos europeus foi si-multânea ao descobrimento desse continente;

b) a existência de lucrativo comércio na África levou os portugueses a desenvolverem esse continente;

c) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início da escravidão no Brasil;

d) a exploração da África decorreu do movimen-to de expansão europeia do início da Idade Moderna;

e) a colonização da África antecedeu as relações comerciais entre esse continente e a Europa.

6. (ENEM)

O folclore é o retrato da cultura de um povo. A dança popular e folclórica é uma forma de re-presentar a cultura regional, pois retrata seus valores, crenças, trabalho e significados. Dançar a cultura de outras regiões é conhecê-la, é de alguma forma se apropriar dela, é enriquecer a própria cultura.BREGOLATO, R. A. Cultura corporal da dança. São Paulo: Ícone, 2007.

As manifestações folclóricas perpetuam uma tra-dição cultural, é obra de um povo que a cria, re-cria e a perpetua. Sob essa abordagem deixa-se de identificar como dança folclórica brasileira:

a) o bumba-meu-boi, que é uma dança teatral onde personagens contam uma história envol-vendo crítica social, morte e ressurreição;

b) quadrilha das festas juninas, que associam festejos religiosos a celebrações de origens pagãs envolvendo as colheitas e a fogueira;

c) o congado, que é uma representação de um reinado africano onde se homenageia santos através de música, cantos e dança;

d) o balé, em que se utilizam músicos, bailarinos e vários outros profissionais para contar uma história em forma de espetáculo;

e) o carnaval, em que o samba derivado do ba-tuque africano é utilizado com o objetivo de contar ou recriar uma história nos desfiles.

7. (ENEM)

O tráfico de escravizados em direção à Bahia pode ser dividido em quatro períodos:1º. – O ciclo da Guiné durante a segunda metade do século XVI.2º. – O ciclo de Angola e do Congo no século XVII.

3º. – O ciclo da Costa da Mina durante os três primeiros quartos do século XVIII.

4º. – O ciclo da Baía de Benin entre 1770 e 1850, es-tando incluído aí o período do tráfico clandestino.

A chegada dos daomeanos (jejes) ocorreu nos dois últimos períodos. A dos nagô-iorubás cor-responde, sobretudo, ao último. A forte predo-minância dos iorubás na Bahia, de seus usos e costumes, seria explicável pela vinda maciça des-se povo no último dos ciclos.

VERGER, Pierre. Fluxo e refluxo do tráfico de escravizados entre o Golfo do Benin e a Bahia de Todos os Santos: dos séculos XVII a XIX. Tradução de Tasso Gadzanis. São Paulo: Cor-rupio, 1987. p. 9. (Adaptação).

Os diferentes ciclos do tráfico de escravizados da costa africana para a Bahia, no Brasil, indicam que:

a) o início da escravidão no Brasil data do século XVI, quando foram trazidos para o Nordeste os chamados “negros da Guiné”, especialistas na extração de ouro;

b) a diversidade das origens e dos costumes de cada nação africana é impossível de ser identifi-cada, uma vez que a escravidão moldou os gru-pos envolvidos em um processo cultural comum;

c) os ciclos correspondentes a cada período do tráfico de diferentes nações africanas para a Bahia estão relacionados aos distintos portos de comercialização de escravizados;

d) o tráfico de escravizados jejes para a Bahia, durante o ciclo da Baía de Benin, ocorreu de forma mais intensa a partir do final do século XVII até a segunda metade do século XVIII;

e) a escravidão nessa província se estendeu do sé-culo XVI até o início do século XVIII, diferente-mente do que ocorreu em outras regiões do país.

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Anotações