Sumário TGA - Motta e Vasconcelos

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VII Prefácio à 3ª Edição Revista ...................................................................................... IX Prefácio da 2ª Edição ................................................................................................... XI Introdução ........................................................................................................................ XIII Parte I – OS PILARES DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO: AS ESCOLAS DE ADMINISTRAÇÃO ................................................................... 1 Introdução .......................................................................................................... 3 Capítulo 1 A Escola Clássica de Administração e o Movimento da Administração Científica ..... 23 Capítulo 2 A Escola de Relações Humanas ................................................................................ 43 Capítulo 3 Teorias sobre Motivação e Liderança: Da Administração de Recursos Humanos à Gestão de Pessoas ................................................................................................... 63 Capítulo 4 Os Processos Decisórios nas Organizações e o Modelo Carnegie (Racionalidade Limitada) ................................................................................................................... 95 Capítulo 5 Sumário

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VII

Prefácio à 3ª Edição Revista...................................................................................... IX

Prefácio da 2ª Edição ................................................................................................... XI

Introdução ........................................................................................................................ XIII

Parte I – OS PILARES DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO:AS ESCOLAS DE ADMINISTRAÇÃO ................................................................... 1

Introdução .......................................................................................................... 3

Capítulo 1A Escola Clássica de Administração e o Movimento da Administração Científica..... 23

Capítulo 2A Escola de Relações Humanas ................................................................................ 43

Capítulo 3Teorias sobre Motivação e Liderança: Da Administração de Recursos Humanos àGestão de Pessoas ................................................................................................... 63

Capítulo 4Os Processos Decisórios nas Organizações e o Modelo Carnegie (RacionalidadeLimitada) ................................................................................................................... 95

Capítulo 5

Sumário

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Teoria Geral da Administração n Editora Thomson

VIII

O Estruturalismo e a Teoria da Burocracia ................................................................ 123

Capítulo 6

A Teoria dos Sistemas Abertos e a Perspectiva Sociotécnica das Organizações ...... 163

Capítulo 7

O Sistema e a Contingência: Teoria das Organizações e Tecnologia ........................ 209

Parte II – ENFOQUES EXPLICATIVOS E TRANSVERSAIS................................................. 241

Introdução ........................................................................................................ 243

Capítulo 8

Enfoque Prescritivo: O Desenvolvimento Organizacional .......................................... 245

Capítulo 9

Uma Visão Transversal da Teoria Geral da Administração: A Evolução dos ConceitosRelacionados ao “Homem”, à “Organização” e ao “Meio Ambiente” ........................ 269

Parte III – ENFOQUES TEÓRICOS PÓS-CONTINGENCIAIS............................................... 289

Capítulo 10

A Cultura Organizacional ........................................................................................... 291

Capítulo 11

A Aprendizagem Organizacional ................................................................................ 323

Capítulo 12

O Poder nas Organizações ........................................................................................ 351

Capítulo 13

Teorias Ambientais .................................................................................................... 367

Capítulo 14

Psicanálise Organizacional e Psicodinâmica, Pós-Modernidade e TendênciasFuturas nos Estudos Organizacionais........................................................................ 399

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IX

Prefácio à 3ª Edição Revista

O nosso destino é irreversível e algemado no tempo.Tempo é a substância da qual somos feitos.

O tempo é um rio que nos levaÉ um tigre que nos devora

É um fogo que nos consome.

(Adaptado de Borges, New Refutation of Time, 1964)

É dura a tarefa solicitada à co-autora neste prefácio à 3ª edição revista deTeoria geral da administração: relembrar oficialmente aos leitores, aoscolegas acadêmicos, aos alunos e interessados na área de Administraçãoque Fernando C. Prestes Motta não se encontra mais entre nós desde 2003.

Fernando C. Prestes Motta foi o autor da primeira versão deste livro,atualizada e ampliada mais tarde com minha colaboração, e agora revista.

A 1ª edição de Teoria geral da administração, de 1974, faz parte da histó-ria acadêmica de inúmeros profissionais da área de Administração, inclusiveda minha. De fato, em meu mestrado na EAESP/FGV, em 1989, tive a oportu-nidade de estudar com este livro e de ter Motta como professor, orientadorde mestrado e, mais que isso, como um exemplo profissional que ensinoua mim e a muitos profissionais da área a importância social da pesquisa e daexpansão do conhecimento.

Fernando Motta foi homenageado inúmeras vezes pela Academia. Gostaria,no entanto, de destacar a homenagem prestada a ele em 2002, por ocasião dolançamento da 2ª edição deste livro, na EAESP/FGV. Nessa ocasião, colegas,professores, acadêmicos importantes da área, alunos de graduação, mestradoe doutorado, ex-orientandos, ex-alunos e profissionais de Administração, ecom a presença da família de Fernando, em especial sua esposa CristinaMotta e sua filha Carolina, tiveram a oportunidade de se reunir para expri-mir a Fernando Motta o quanto ele era importante para todos, tanto doponto de vista pessoal quanto profissional.

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X

Fernando Motta estará sempre presente entre nós, por meio de seusdiversos livros, artigos, de sua excepcional produção acadêmica, e na me-mória de todos aqueles que puderam ter o privilégio de conviver com ele.

Isabella F. Gouveia de Vasconcelos

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XI

Prefácio da 2ª Edição

O objetivo deste trabalho não é o de cobrir todo o campo da teoria geral daadministração ou da teoria das organizações, como é freqüentementechamada. Ao contrário, nosso objetivo não vai além de pretender dotar osestudantes e os profissionais de administração de uma visão ao mesmotempo global e introdutória do campo.

O estudo da evolução de uma teoria, das suas expressões diversas e va-riadas, de acordo com as influências que recebe a todo momento, não sóda realidade em mudança, mas igualmente dos demais campos do conheci-mento, é uma experiência fascinante. Esperamos ter a oportunidade deaprofundá-la, a fim de poder transmitir mais amplamente ao leitor aquiloque nossas experiências de magistério e de pesquisa nos proporcionaram.

Escrevemos agora um novo livro a quatro mãos, com base no antigo –Teoria geral da administração – escrito por Fernando C. Prestes Mottanos anos 1970. Consideramos este um novo livro, com novos conceitos e re-visões teóricas importantes, além de uma parte inédita dedicada às novasteorias organizacionais.

A fim de compreendermos melhor a origem deste livro, vamos apresentarbrevemente o histórico da edição original de Teoria geral da administração.

O primeiro livro foi escrito por Fernando C. Prestes Motta a partir de suaexperiência de magistério e pesquisa na Escola de Administração de Em-presas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas, e de seus estudos sobreanálise organizacional em cursos realizados na França e nos Estados Unidos.Tendo sido atualizado uma vez, após 20 reimpressões, incorporando algumasdas principais teorias das décadas de 1980 e 1990, este livro fez enormesucesso e formou muitos pesquisadores, professores e profissionais do campode estudos de teoria organizacional.

Em 2000, Fernando C. Prestes Motta decidiu iniciar um novo projeto deatualização completa e revisão de seu livro anterior, escrevendo este novo livro.

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XII

Convidou para este projeto a co-autora Isabella F. Gouveia de Vasconcelos,mestre em administração pela EAESP/FGV, com doutorado em adminis-tração pela École des Hautes Études Commerciales (HEC), França, ondedesenvolveu estudos ligados à sociologia organizacional, ao poder, à culturae à identidade. Esse conjunto de conhecimentos em comum nos permitiuinteragir de forma bastante rica na construção de um livro que procuraapresentar ao leitor uma visão não convencional, ao mesmo tempo crítica edidática, das novas teorias em administração.

Apresentados rapidamente o histórico dos autores e a origem deste pro-jeto, vamos aos agradecimentos. Fernando C. Prestes Motta gostaria derelembrar aqui seus agradecimentos àqueles que o ajudaram de váriasformas a realizar seu primeiro livro: prof. Robert Cajado Nicol, prof. CarlosJosé Malferrari, Antônio Scagliuzzi Neto, César Menezes, Alberto Fromer,Cássio Dreyffus e prof. Pedro R. Celidônio Gomes dos Reis.

Tendo em vista a realização do novo projeto, gostaríamos de agradecer aLuis Hernan Contreras Pinochet, mestrando da Pontifícia UniversidadeCatólica do Paraná, por seu auxílio na revisão dos originais do livro, bemcomo a Veridiana e Rodrigo, pelo seu empenho profissional.

São Paulo, 17 de abril de 2002.

Fernando C. Prestes Motta

Isabella Freitas Gouveia de Vasconcelos

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XIII

1 Situando o Pensamento Administrativo: As Escolas deAdministração e o Paradigma Desenvolvimentista

O conhecimento nos transforma e permite que tenhamos uma nova pers-pectiva de nossa realidade. Na Parte I deste livro, mostraremos a evoluçãodo pensamento administrativo pela utilização de escolas de adminis-tração. Adotamos aqui, pois, uma visão desenvolvimentista dos conceitosformulados ao longo do tempo e representados nas diversas escolas. Avantagem de apresentarmos as diversas escolas de administração é o fatode podermos compreender a evolução gradual dos conceitos básicos queembasam a análise organizacional.

Progressivamente, por meio dos diversos estudos e pesquisas empíricas,as concepções sobre o homem, a organização e o meio ambiente foramevoluindo e tornando-se mais complexas mediante aprendizado heurístico,com base em pesquisas práticas. A classificação do conhecimento em escolasde administração nos permite visualizar cronologicamente essas etapas lógi-cas de aprendizado. Consideramos que as escolas de administração não sãoantagônicas: elas são complementares. As escolas criadas posteriormente ques-tionam parcialmente os conceitos anteriores e os criticam a fim de desenvolverproposições mais complexas que incorporam em grande parte as anteriores, po-rém, em certa medida, as aperfeiçoam. Trata-se de uma evolução dialética:crítica, compreensão e proposição.

Introdução

E no fim de nossa viagem, voltaremos ao nosso ponto de partida e teremosa impressão de vê-lo pela primeira vez.T. S. Eliot (adaptação nossa)

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XIV

O conhecimento evolui por patamares da compreensão. Piaget demons-trou que existem diferentes estágios de compreensão na aprendizagemhumana (Piaget, 1962). Uma criança de 7 anos consegue fazer algumasoperações de raciocínio lógico, contudo, uma criança de 12 anos conseguefazer as operações que a criança de 7 anos realiza e outras mais compli-cadas, uma vez que ela atingiu um estágio de desenvolvimento cognitivomais amplo, que incorpora e integra as capacidades do estágio anterior,além de outras posteriormente desenvolvidas. A divisão em escolas permitecomparar de modo claro os conceitos desenvolvidos em cada uma delas.A corrente cognitivista de aprendizagem mostra-nos que o ser humano, emseu processo de aprendizado, aprende comparando os diversos elementosdo sistema.

O esforço cognitivo concentrado gera uma tensão que leva o indivíduo auma tomada de consciência brusca das relações entre os objetos (insight). Elecompreende subitamente as relações entre os diversos elementos do sistemae atinge um novo patamar de conhecimento. Dewey descreve a aprendizagemcomo uma experiência na qual os atores sociais solucionam problemas. Elemostra que aprender é entrar em um processo heurístico (ensaio e erro) emque, seqüencialmente, o indivíduo formula uma hipótese, a aplica e verifica oresultado de sua ação. A formulação de hipóteses e sua verificação cons-tituem o trabalho de pesquisa que embasa a formulação do conhecimento.Este livro apresenta uma síntese das pesquisas que levaram ao desenvolvi-mento dos conceitos apresentados em cada escola de administração.

A Teoria das Organizações é composta por diversas peças, como um grandemosaico. E esse sistema está continuamente em movimento: surgemnovos elementos que alteram sua compreensão, levando-nos não só a ques-tionar, ao menos parcialmente, as “certezas” e crenças anteriores, gerandonovos insights e momentos de compreensão, como também a comparar e abuscar o entendimento cada vez maior. A busca desse entendimento é con-tínua, porque os novos elementos nos desafiam. Tentamos encaixar asdiversas peças do mosaico, os diversos elementos do quebra-cabeça, e, porum momento, acreditamos ter compreendido as inter-relações entre elas.

Esse conhecimento e essa compreensão, porém, serão desafiados em ummomento posterior, pois assim se dá a evolução do conhecimento humano:de modo dinâmico, em uma constante evolução. À medida que nosso conhe-cimento vai aumentando, percebemos que ainda há muito a compreendere explorar. Nosso mosaico inicial vai se alterando, se alargando, vamospercebendo novas cores e significados. Não se trata de uma viagem comdestino certo. A busca pelo conhecimento é um processo que não tem fim e nospermite vislumbrar novas realidades e imagens em níveis de compreensãocada vez maiores.

Como diz T. S. Eliot, essas transformações pelas quais passamos emnosso processo cognitivo nos fazem retornar ao ponto de partida, o qual nosfaz perceber elementos da realidade que antes não percebíamos, como se

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víssemos agora um lugar inteiramente novo. O aprendizado nos transformae nos permite transformar o mundo que nos cerca.

Apresentaremos aqui as diversas proposições teóricas, separando-as emdois tipos: enfoques explicativos e enfoques prescritivos.

Os enfoques explicativos são teorias formuladas com base em pesquisasempíricas. Desenvolvem-se conceitos e, a partir de observações práticas, consti-tui-se um corpo de conhecimentos específico. Os enfoques explicativospretendem melhorar a compreensão do objeto pesquisado e são sujeitos acríticas dentro de uma abordagem dialética. Nesse sentido, eles não repre-sentam “a verdade” e não possuem um caráter dogmático. São proposiçõesteóricas que, em dado momento, representam o estado-da-arte do conheci-mento e possuem limites em sua análise. O objetivo dos enfoques explicativosé melhorar o entendimento em torno de determinado objeto de pesquisa.

Os enfoques prescritivos, no entanto, são abordagens que propõemtécnicas e ferramentas, visando solucionar problemas específicos. Essasproposições possuem um comprometimento com a prática e com a eficiênciatécnica. São, portanto, dogmáticas em suas proposições.

Ainda na Parte I, apresentaremos um breve resumo histórico sobre aemergência do pensamento administrativo como resultado do processo demodernização da sociedade, conforme descrito por Max Weber. Em seguida,abordaremos as escolas de administração (enfoques explicativos) que lança-ram as bases do pensamento administrativo contemporâneo.

Parte I Os Pilares do Pensamento Administrativo: As Escolas deAdministração:

• Capítulo 1 A Escola Clássica de Administração e o Movimento daAdministração Científica.

• Capítulo 2 A Escola de Relações Humanas.

• Capítulo 3 Teorias sobre Motivação e Liderança: Da Administraçãode Recursos Humanos à Gestão de Pessoas.

• Capítulo 4 Os Processos Decisórios nas Organizações e o Modelo Car-negie (Racionalidade Limitada).

• Capítulo 5 O Estruturalismo e a Teoria da Burocracia.

• Capítulo 6 A Teoria dos Sistemas Abertos e a Perspectiva Socio-técnica das Organizações.

• Capítulo 7 O Sistema e a Contingência: Teoria das Organizações eTecnologia.

A Parte I é voltada para os enfoques explicativos que constituíram ospilares (a base) do pensamento administrativo.

Introdução n Motta / Vasconcelos

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Na Parte II, daremos um enfoque prescritivo e introduziremos um capí-tulo com uma visão transversal da evolução dos principais conceitos emadministração.

Parte II Enfoques Explicativos e Transversais:

• Capítulo 8 Enfoque Prescritivo: O Desenvolvimento Organizacional.

• Capítulo 9 Uma Visão Transversal da Teoria Geral da Administra-ção: A Evolução dos Conceitos Relacionados ao “Homem”, à “Organização”e ao “Meio Ambiente”.

O objetivo desse último capítulo é mostrar uma visão transversalsobre a evolução dos conceitos relacionados ao “homem”, à “organização”e ao “meio ambiente”. Ele permitirá agrupar e visualizar com clareza ede forma resumida os conceitos sintetizados pelas diversas escolas de admi-nistração. Mostramos como esses conceitos foram gradualmente se tor-nando complexos.

2 Estrutura Analítica da Parte I: Os Diversos Focosdas Escolas de Administração

A fim de estruturar o livro didaticamente e facilitar o entendimento dosconceitos fundamentais apresentados nas diversas escolas de adminis-tração, abordaremos como cada uma delas representa um conjunto deproposições teóricas que focaliza o aspecto estrutural (organização for-mal, regras, normas e estruturas organizacionais, elementos visíveis eexplícitos) ou o aspecto relacional (organização informal, elementos com-portamentais e subjetivos). Uma dada teoria pode, assim, focar suaanálise no aspecto estrutural, tratando das estruturas internas da organi-zação ou ainda das características estruturais do ambiente. No que serefere ao aspecto relacional, pode-se focalizar a análise nas relações inter-nas geradas pelo sistema organizacional ou, ainda, nas interações in-terorganizacionais e ambientais.

Como podemos ver na Figura 1, a Escola Clássica de Administração e aAdministração Científica focalizam a sua análise no aspecto estruturale no âmbito interno das organizações. A preocupação dessa escola é o desen-volvimento de estruturas organizacionais eficientes. Essas proposições nãotratam das relações com o ambiente e dos aspectos que envolvem o foco rela-cional ou a organização informal.

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PARTE I

OS PILARES DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO:AS ESCOLAS DE ADMINISTRAÇÃO

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1.1 O Pensamento Administrativo como Fruto do Processo deModernização da Sociedade

Mostraremos nesta introdução como o pensamento administrativo surgiu apartir da consolidação da estrutura burocrática no processo de moderni-zação da sociedade. Como veremos a seguir, a burocracia é uma estruturaorganizacional que permite a coordenação da atividade humana para arealização de objetivos comuns dentro de uma perspectiva de longo prazo.O pensamento administrativo surge com base na consolidação da lógicade mercado e na consolidação das estruturas burocráticas como forma deorganização do trabalho humano com o objetivo inicial de aumentar aprodutividade e gerar lucro. Dessa forma, o pensamento administrativoevoluiu segundo os estudos empíricos sobre o funcionamento da burocracia ede suas disfunções.

1.2 O Processo de Modernização e Consolidação das EstruturasBurocráticas

1.2.1 As Três Formas de Autoridade Segundo Weber e as Bases do EstadoModerno

A fim de que possamos compreender o processo de modernização e a con-solidação da autoridade racional-legal (base da burocracia), faremos umabreve síntese dos diversos tipos de autoridade tratados por Max Weber,comparando-os. O processo de modernização é a progressiva substituição deestruturas sociais baseadas na autoridade tradicional, como a sociedademedieval, por estruturas sociais baseadas na autoridade racional-legal epela emergência de uma lógica de mercado.

Max Weber, estudando as relações entre a economia e a sociedade, trataem sua obra da questão da legitimidade que fundamenta o exercício da auto-

Introdução

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ridade. Quais são as diversas formas de autoridade existentes na sociedadee como elas se legitimam? Weber responde a essas questões definindo trêstipos de autoridade:

• Autoridade tradicional – A autoridade tradicional é baseada nos cos-tumes e tradições de uma cultura. A autoridade dos patriarcas e anciãosnas sociedades antigas e o poder do senhor feudal, por exemplo,baseiam-se nesse tipo de legitimação, garantida pela tradição reli-giosa, pelas crenças e pelos costumes sociais.

• Autoridade carismática – A autoridade carismática é baseada nascaracterísticas pessoais de um indivíduo. Os profetas, heróis, guer-reiros e líderes normalmente são reconhecidos pelos seus feitos equalidades pessoais, exemplificando esse tipo de autoridade.

• Autoridade racional-legal – O terceiro tipo citado por Weber é aautoridade racional-legal. Refere-se à autoridade baseada nas regrase normas estabelecidas por um regulamento reconhecido e aceito portodos os membros de dada comunidade. O ordenamento jurídico esta-belece competências, direitos e deveres atribuídos a cada função e a

Figura 1 As formas de autoridade segundo Max Weber.

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autoridade se impõe pela obediência a esses princípios. O exercícioda função e da autoridade é assim limitado pela regra.

1.2.2 A Autoridade Racional-Legal como Base do Estado Moderno

Com base nessas considerações sobre os diferentes tipos de autoridade, Weberopõe a estrutura e o funcionamento da sociedade tradicional à sociedade demassa, formada a partir da industrialização. O fundamento do Estado modernoé a autoridade racional-legal. No Estado moderno, uma lei é considerada legí-tima se foi votada nas condições estabelecidas pelos procedimentos legalmenteaceitos na sociedade em questão. Nesse caso, a lei é válida e reconhecidacomo obrigatória pelos cidadãos dessa comunidade. Dentro dessa mesmalógica de raciocínio, em uma empresa, um regulamento é considerado legí-timo se foi elaborado por uma autoridade detentora do direito legal defazê-lo. Esse é um dos princípios que embasam a burocracia como formaorganizacional.

A legitimidade tradicional, ao contrário, baseia-se na crença de que aordem social estabelecida em mitos e tradições é sagrada e a justificativada autoridade se faz pelo caráter sagrado e religioso do poder, fruto dehábitos e costumes já consolidados na sociedade em questão. Trata-se docaráter divino que encontramos na justificativa da autoridade dos nobresna sociedade medieval. Entretanto, na sociedade industrial a legitimidadedo exercício da autoridade não tem mais o caráter sagrado, costumeiroe religioso da sociedade tradicional.

Por sua vez, a outra forma de autoridade citada por Weber, a autoridadecarismática, permanece na sociedade industrial na figura do líder. Esse tipode autoridade deriva o seu nome da palavra charisma, que em grego sig-nifica “graça”. A expressão é emprestada dos termos usados em história dareligião. A legitimidade carismática baseia-se na crença, nas qualidadesexcepcionais de um indivíduo, seja ele um santo, um profeta ou um chefe mi-litar que demonstrou o seu heroísmo e a sua capacidade única no campo debatalha e no qual a multidão projeta as suas esperanças e anseios. Comoveremos, os estudos dos pesquisadores do Instituto Tavistock de Londresmostraram que o exercício desse tipo de autoridade nas organizações estáligado a fenômenos psicanalíticos pelos quais o grupo social projeta seusdesejos e suas expectativas na pessoa do líder, que incorpora e personificaessas representações. O exercício contínuo da autoridade carismática de-pende do reconhecimento do grupo social das características pessoaisdo líder, que o tornam único. Esse tipo de reconhecimento normalmente étemporário, sendo menos estável que aqueles que se baseiam na regra ou

Introdução n Motta / Vasconcelos

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no costume. Um profeta que não mais é percebido pelo grupo como tal, umsanto ao qual o grupo não atribui mais milagres, um guerreiro que nãorepresenta mais os anseios de vitória de seus exércitos podem ver o reconheci-mento e as projeções que lhes são atribuídos pelo grupo social se extinguirem.A partir disso, eles perdem a autoridade sobre seus seguidores.

1.2.3 A Lógica Impessoal da Burocracia e o Processo de Modernização daSociedade

O tipo de autoridade característico do Estado moderno e da burocracia, noentanto, é o racional-legal, como vimos anteriormente. Esse tipo de autori-dade não é personalista, como no caso da autoridade carismática ou daautoridade tradicional. O subordinado não deve a sua lealdade a um indi-víduo específico ou a um grupo. Ele obedece a regras e normas emanadaspela autoridade competente. Os indivíduos que exercem o cargo podemmudar, porém as prerrogativas legais do cargo permanecem. O presidenteda república, ao terminar o seu mandato, perde as prerrogativas que lheeram conferidas pelo cargo. O indivíduo torna-se novamente um cidadãocomum, e outro passa a exercer a função. A obediência é decorrente do cargoe do indivíduo que o ocupa naquele momento. Quando este pára de exer-cer a função, perde as prerrogativas do cargo e a obediência não lhe émais devida.

Em uma sociedade tradicional (como a medieval, por exemplo), de modooposto à sociedade moderna, o exercício do poder baseia-se na autoridadetradicional, e não na autoridade racional-legal. A autoridade tradicional épessoal. Deve-se obedecer a um nobre ou a um patriarca porque eles, pornascimento, por costume ou tradição, receberam pessoalmente a inves-tidura divina ou religiosa, de caráter sagrado, para exercer o poder. A auto-ridade é ligada ao indivíduo, às suas características pessoais, ao seunascimento, à idade e a outras características pessoais. Na corte, os cargosmais valorizados são aqueles que aproximam o nobre ou dignatário da con-vivência pessoal com o rei, permitindo-lhes tocá-lo e aproximarem-se desua sagrada pessoa. O poder está ligado à pessoa específica do rei, que, pordireito divino, dado o seu nascimento, exerce pessoalmente o poder. Amonarquia constitucional limita esse poder e introduz elementos da autori-dade racional-legal, porém nas monarquias consuetudinárias o poder eraexercido diretamente pelo rei.

Durante o processo de modernização, com a emergência e consolidaçãodas estruturas burocráticas, o caráter pessoal das relações humanas notrabalho (característico, por exemplo, das corporações de ofício durante aIdade Média) foi sendo substituído por uma crescente impessoalização

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das relações de trabalho. Na sociedade industrial moderna predominamregras e normas como forma de regulação social. O caráter pessoal das re-lações humanas passa a ser visto com desconfiança. O clientelismo, osbenefícios e os favores com base em relações pessoais passam a sermalvistos dentro da lógica burocrática, em que existe a presunção legal deigualdade de todos diante das regras, de acordo com o estatuto ou regula-mento em vigor.

1.2.4 A Industrialização e a Burocracia como Forma Estável de Organizaçãoda Produção

Max Weber (1969), no seu livro Economia y sociedad, interroga-se a respeitodo exercício dessas diversas formas de autoridade (tradicional, racional-legale carismática) na sociedade industrial em vias de consolidação na qual vivia.De fato, Weber, tendo vivido na segunda metade do século XIX e no iníciodo século XX, presenciou uma época marcada por um desenvolvimento eco-nômico rápido e mudanças importantes, tanto na Europa como nos EstadosUnidos, com a emergência da sociedade de consumo de massa.

Em seus estudos, o autor mostra que a autoridade racional-legal estámais adaptada que a autoridade tradicional e a autoridade carismática àsmudanças sociais de sua época e ao surgimento da sociedade industrial.

Weber explica que a autoridade tradicional tem mais dificuldades emaceitar inovações sociais. O chefe cuja autoridade foi investida pelo costumee pela tradição tende a preservar os elementos culturais herdados do pas-sado, não questionando as convenções sociais, que são o fundamento mesmode seu poder. A autoridade tradicional tenderia a desencorajar as mudan-ças e as inovações necessárias para a consolidação da sociedade industrial.O caráter pessoal do exercício da autoridade tradicional traz também um ca-ráter de incerteza, pois depende das disposições afetivas de um indivíduo oude um grupo de indivíduos. Esse tipo de insegurança e personalização nãofavorece investimentos econômicos a longo prazo, tendo em vista que o queé legítimo, certo ou errado pode mudar a cada momento, dependendo dainspiração ou do humor da autoridade tradicional ou da carismática, dadoo seu caráter personalista.

Tendo em vista os valores econômicos clássicos típicos da industrialização, aautoridade carismática e a autoridade tradicional não eram compatíveis como que se considerava na época uma conduta econômica “racional” e “calcu-lada”, que pressupunha certa estabilidade das regras e a sua continuidade.A autoridade racional-legal, baseada na obediência a regras específicasque tendem a perdurar ou são mudadas de acordo com procedimentos bem

Introdução n Motta / Vasconcelos

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