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1 SURTO POLIGRÂMICO Poemas de Tiago Henrique

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SURTO POLIGRÂMICO Poemas de Tiago Henrique

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Tiago Henrique Rezende Fonseca

SURTO POLIGRÂMICO

Betim/MG 2010

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Um pedaço de nossos corações sempre vai pertencer ao passado.

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SUMÁRIO Capítulo 1 ECO VITAL 08 - A chave dos vivos 09 - A enigmática sobrevivência 10 - A lei da vida 11 - A perturbação do ego 12 - Alívio

Amar a vida 13 - As transições do amor 14 - Aviso sincero 15 - Burlador de si 16 - Casos e casas 17 - Circo de mentiras 18 - Construção de pensamentos

Das relações humanas 19 - Dicotomia 20 - Encontro com a verdade 21 - Entre o espaço e a vida 22 - Fome 23 - Humana 24 - Individuo 25 - Memórias de mais um

Momento urbano 26 - Na saúde e na doença 27 - O perigo da imaturidade

O vazio Capítulo 2 VORACIDADE 29 - A esperança por um fio 30 - A voz do nada em meio a tudo 31 - Besta 32 - Cacos de vidro 33 - Descincera 34 - Desencarna

Destreza 35 - Espera

Fora de mim Formas de condição

36 - Frenesi 37 - Idiotas 38 - O cúmulo do nada e o tempo ao cubo 39 - Passado breve 40 - Penitência

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Capítulo 3 IRRUPÇÃO 42 - A demora

A ilha de nós mesmos Aliteração

43 - Antes do sonho Atrás das palavras

44 - Cognitivamente Crianças

45 - De passagem Discurso Dubais

47 - Eu sou a caneta 48 - Eu vi e não te conto 49 - Linha do tempo 50 - O efeito das rosas 51 - O silêncio descontrolado 52 - Paisagens cotidianas 53 - Paisagismo e invenção 54 - Paralelo 55 - Pequeno mundo global

Reflexos da velocidade relativa 56 - Repetição

Sem destino 57 - Solibertão

Tudo ou nada 58 - Vazio Capítulo 4 LIRICOGRAFIA 60 - A diversão de escrever 61 - A generosidade da vida 62 - Aprendiz de ser humano 63 - Ciclos 64 - De braços cruzados 65 - Desfrutadouro 66 - Dos filmes que assisto 67 - Efeitos de sentido

Estático 68 - Etra 69 - Habitante invisível 70 - Irremediável 71 - Jantar de livros 72 - Maleável

Marcas e versos

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73 - Modelos caem por terra 74 - Multidão unívoca 75 - O nós de mim

Poema da má sorte 76 - Pouco a pouco 77 - Retornável 78 - Saber horizontal 79 - Sacramental 80 - Sem saber 81 - Sintático

Soldado 82 - Sono forçado

Subjetividade Capítulo 5 CIRCUITO ENLEVADO 84 - A cada esquina 85 - A invenção de olhos na direção errada 86 - Ausência

Beijos e bombons 87 - Beleza interior 88 - Cada um 89 - Cultura? ... De massa! 90 - Erros e ilusões 91 - Eu tenho fé 92 - Imaginário

Inensinável 93 - Menino Mau

Nos desfazemos 94 - Novena de um novelo de questões 95 - Personificação feminina 96 - Provocações femininas 97 - Reflexos do primeiro beijo

Se 98 - Sobre um dia 99 - Sua serenata

Transcendental Você e mais alguém

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Capítulo 1 ECO VITAL

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A CHAVE DOS VIVOS Vivemos desnudamente Com nosso próprio ser Imaginamos a nós mesmos Num futuro presente Brincamos de descobrir as coisas Descobrimos a nós mesmos Nos equívocos que desfazemos Sem saber que desfazemos Um assunto tromba em meu peito Não consigo te tirar da cabeça, As coisas estão por um fio Delicadas como um contexto pessoal Abaladas como um dia após a guerra A cura é invisível E isso desespera a esperança Perdida como uma criança em labirinto A lógica se desmancha O coração não dá atenção A abruptaridade se instaura no lugar de um sorriso O perdão é a chave dos vivos As galáxias não mudam isso Os equívocos são humanos Tão humano como a permanência dos erros Não divino Quanto a capacidade da mudança.

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A ENIGMÁTICA SOBREVIVÊNCIA Até os problemas são normais; Conhecer o ser humano É mais profundo que supor teorias Todos carregam medos e loucuras Todos têm neuras e distúrbios São obcecados por algo Iludidos por outro Observar a vida Vai além de viver ao redor dos outros, Entender as coisas É tão enigmático como desvendar um poema É abstrato e ao mesmo tempo decodificável O mundo adulto é muito comum e perturbador, Isso destrói as fantasias de uma criança Quando detalhes às vezes são imperceptíveis Coisas que saltam aos olhos às vezes são detalhes E o ciclo estranho da sobrevivência é contemplado com o passar dos anos É estranho carregar o tempo e entender tudo isso, A mente absorve um milhão de sentidos E em instantes reconhece o estado natural de tudo E tudo passa a ser um vácuo de interpretação que nem o infinito explica Portanto, As relações continuam repetidas E apreendidas pela necessidade social.

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A LEI DA VIDA Ontem mesmo eu pensei nisso Ainda não lembro como resolvi Mas sei que me deu dor de cabeça Procurei horizontes diferentes Saídas novas E caminhos jamais resolvidos Lembrei dos impulsos que tenho Quando imagino algo modificador, Veio-me uma frase de autor que desconheço Dizendo que “a mudança é a lei da vida” Caprichei no meu otimismo Fiquei com a convicção de mudar o mundo Acreditei de verdade na fé dos bons corações Medo? Nunca tive. Mas receio pensar duas vezes Pois o medo ronda o imaginário pessimista, Daqueles que apenas esperam sentados Fui simplesmente sondando minhas ilusões Deslizei meu carisma a favor do vento E subi nas asas daquilo que quero Verdadeiramente consigo Assim, Pressinto a realização na força desses versos.

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A PERTURBAÇÃO DO EGO Um dia alguém estoura. Fico assustado com as brigas que ouço por aí, Repenso cada instante da vida Perplexo por cada situação Tento me concentrar em coisas boas Busco me tornar cada dia melhor Peço a Deus para cuidar de mim Procuro ser um bom homem Procuro ser bom para as pessoas Desejo não ferir os sentimentos de alguém Quero controlar a mim mesmo Interpreto as gritarias, Coisa que eu não queria ouvir Por isso abalar um lar O próximo é digno de ser amado Ainda tão pequenino É apenas uma criança em meio a pais descontrolados Não sei se é álcool Não sei se é desespero Ou simplesmente os nervos que afrontam a calmaria De uma vida em comunhão Que aprende e vive conforme a sabedoria adquirida Desejo um mundo mais fraterno Pessoas mais felizes Emocionais equilibrados Razão, sentido, e alegria de viver Quero que todos tenham paz Que sejam realmente felizes Que saibam conduzir o destino E encontrem uma vida saudável.

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ALÍVIO É a sensação mais gostosa de um sentimento, O alívio reconstrói a confiança Acaba com as ervas daninhas Rompe com os delírios de infortúnio Ahh... alívio Preciso te sentir mais vezes Ando imaginando desastres E coisas desconfortáveis, me fecho Me mato aos nervos, A falta de alívio me leva ao delírio Ufa... adrenalina ao extremo Descomposturas de um ambiente que indica perigo Que aponta na direção provável da paranóia Porque depois chegamos a um beco Nos afunilamos tanto em desespero Que começamos a achar uma luz E essa, conduz até a prova, a última esperança A prova é um gesto, Desse gesto as coisas se desmistificam A lealdade se recompõe O tobogã de emoções sorri E a montanha russa apresenta um quebramola mental Que vai se remontando num suspiro preso Que volta, vai ao ar, desprende, duvida Mas Reencontra e monta um momento... de alívio. AMAR A VIDA ... Raiva... passa! Medos são superados. Dúvidas... acabam. Mentira não constrói. O que Deus une, os homens não separam. Confie no teu coração. Acredite no amor. Sinta a vida e seja persistente nos seus ideais. A história do nosso destino É tudo que realizamos em comunhão Na partilha de sonhos que são realidade a cada dia, Valorize o presente Almeje a verdadeira felicidade.

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AS TRANSIÇÕES DO AMOR Sou invadido por lembranças Estou transbordado de emoções Sinto o peso das decisões erradas Erro na tentativa absurda de acertar Fecho, esqueço o sentimento dos outros E isso mata quando se percebe o equívoco Saber amar não é tarefa fácil Somos dominados por um alter ego E isso nos impede de enxergar o coração alheio O ser humano é egoísta Quer tudo pra si, É incompreendido por si mesmo e utópico Com sua cultura solitária e dominante Saber amar... Um dia aprenderemos E isso vem com o erro E isso vem com o erro Depois, é preciso aprender de novo E isso requer dedicação e afeto.

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AVISO SINCERO Preso nas teias do meu destino Receio não tê-lo de volta Desperdicei ou acertei ao excesso E pode ser, que sem querer fiz a coisa certa Mas o acaso não existe? O acaso não existe! Quando olhamos demais os defeitos alheios Nos cegamos em nós mesmos E nos tornamos defeituosos por natureza Maldito ser que culpa os outros e não enxerga seus erros O equívoco Pesa como um fardo que incha dentro do corpo E arde sem explicação Num desejo de término Não suportas a dor És mesquinho por achar-se grandioso/perfeito Por confiar em conselhos alheios Vindos de pessoas que não sabem o que é melhor para ti Às vezes você olha na direção errada e jura estar certo ... Normal, Até que você percebe que jurou em vão Até que amadureces um pouco para reconhecer seu equívoco Divino equívoco que, Lhe deu a chance de ser mais digno, honesto e verdadeiro. MAS cuidado Não se atrapalhe de novo Você não terá outra chance.

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BURLADOR DE SI Por que será que a felicidade do outro destrói a de alguém? Não era pra ser assim! O que cabe dentro do ser humano além de um auto-ego destruidor? Por que mentes? Por que se esconde? Por que se entristece e sorri logo depois? Uma sucessão de fatos batem à porta do raciocínio... Não é possível entender num momento de sobriedade camuflada Por que o ser humano se distancia? Por que se aproxima quando já estava distante e ausente? Por que guarda na face Um enigma que nunca se sabe quando e por qual motivo se expressará? Destino? Quem sabe... Vários convites Vários apelos Detalhes passados despercebidos... Um novo grupo de relacionamentos, O homem e suas tribos adversas Por que será que seu semblante não mente, Até quando carregará um sentimento no coração E uma ação forjada, forçada Para enganar a si próprio? Há um buraco escuro No interior da humanidade, Existe um abismo horizontal entre as palavras O sentimento E a satisfação de um ser.

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CASOS E CASAS Sou um caso torto De uma situação única: Tenho quatro irmãos Dois foram criados comigo, Dois não O sangue que corre em mim Corre por outras veias Mas nossas ligações vão além disso São ligadas pelo coração Tenho pares de irmãos Ambos casais Dois mais velhos Dois mais jovens E eu pertenço aos dois casos As duas casas Mas na verdade me sinto só: Filho do mundo, Uma explicação de Deus.

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CIRCO DE MENTIRAS Um jovem carrega um livro de 700 páginas Como se soubesse tudo o que contém ali, Linha por linha As faculdades forjam diplomas Em prol do sistema, O estudante finge que aprende Enquanto os pais investem dinheiro O circulo se renova de modo diferente A vida financeira rompe e abre novos caminhos As mulheres começam a estudar mais que os homens, A brutalidade do pensamento masculino Ignora as estatísticas que o mesmo criou Virá a geração das mulheres Um poder sublime e avassalador Pois se cativas a elas, o céu é tua casa Se ignoras ou discorda, o inferno és tua morada As coisas ficam invisíveis Escondidas pela ignorância disfarçada Atrás de ternos e saias Pensamentos surrupiam a intelectualidade Carimbada em um certificado de formatura Esquecem-se de inovar Repetem tudo de modo quase igual, O ciclo se refaz A estupidez continua E o cabresto passa a ser a regra Para quem um dia foi domador.

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CONSTRUÇÃO DE PENSAMENTOS Uma volta ao passado... Não é novidade que copiamos o antigo, O homem brinca de se reinventar nas épocas Os anos passam A tecnologia avança As culturas multiplicam e se tornam massificadas E novamente o ser humano Busca em seu passado elementos para reinventar o presente, Trazendo coisas a tona Como se fossem lançamentos inéditos Sobre a originalidade de tudo? Não sei... Dizem que não existe mais Então Experimente ler as próximas linhas: Quem fez isso antes? Ah! Desculpa, me apossei da linguagem, do alfabeto e também da escrita, Sou mais uma cópia do sistema Quem pensou isso antes? Não sei! Mas há quem diga Que até isso já foi pensado. DAS RELAÇÕES HUMANAS As coisas já não são mais como antes Todos se distanciam Não há porquê Aliás, muitos porquês Crescer, fazer aniversários Andar pela vida Perder a infância Discorrer no tempo... Perder o tempo Não conseguir reatar laços Não conseguir viver como antes Ficar apenas com as lembranças do passado E por quê? Por que vivemos assim?

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DICOTOMIA Quem sabe você entrará por aquela porta Quem sabe estará de volta Quem sabe novamente aqui Incrível como os sentimentos seduzem o humano, A razão evapora O coração lateja A vida vai embora Muitos se afogam Outros se perdem Alguns se conformam Poucos seguem em frente E o mínimo não se importa Ah... O que será o amor? Por que vivemos deixando as coisas pelo caminho? Não sei se suporto, Tantas coisas que eu queria de volta O futuro sempre nos foi motivo de esperança. O passado imortalizado, esquecido ou guardado por nós. O presente... Temos que treinar para percebê-lo como presente Maldito ou perplexo e divino ego da vida, Racionalizamos nossos atos Sistematizamos uma porção de coisas E a nós mesmos... Nós seremos sempre complexos E coisas complexas nos afastam da verdade, Verdade que se encontra, na serenidade de cada ser.

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ENCONTRO COM A VERDADE Confesso Não te amei desde o primeiro momento Fui desconfiado Não quis ceder a essa paixão Não queria me envolver o bastante Mas você... Você Me fez viver as coisas Que jamais imaginei Me fez estar dentro de meus sonhos Sem que eu percebesse Foi tão sutil Que eu não havia percebido A preciosidade que tinha ao meu redor Não nascem mais pessoas como você, O mundo Anda tão furtado pelo silêncio dos bons Que eu quase achei que estava sozinho Foi duro aprender com o tempo; Crateras atirei contra vosso peito E fiz meu coração de pedra Para sustentar A bestialidade oculta do homem Ranzinza como só eu Despedacei a rosa Que desabrochei em seu coração, Voltei trazendo mais flores E novamente as podei

E só você, Só você Para me aceitar de novo Para me acalentar em seus braços E perdoar os desencontros Somente você para confortar meu grito Acalmar meu desespero E ainda ter sabedoria o bastante Para olhar outros pontos de vista Eu me julgava inteligente, Descobri que o inverso é mais certo Desmancho meu orgulho inventado Rezo Para que eu não me revolte novamente, Aprendo a controlar meu ego Aprendo a respeitar a vida Êta cara egoísta, Utópico como só eu mesmo Cheio de paradigmas loucos, Machucava nós dois Na burrice desafinada de uma ilusão Pararei com isso Ou paro com minha própria vida, Sacrifiquei demais Aqueles que me ensinaram É hora de retribuir Doar Clamar a oração de São Francisco, Perceber que viver para os outros É alegrar nossa própria vida Que se completa no encontro do amor.

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ENTRE O ESPAÇO E A VIDA Eu que nunca tive uma árvore de natal Eu que nunca aceitava a vida que tinha Vago num tempo inexistente E isso me enlouquece a cada dia Meu quarto se tornou uma prisão É frio sem você aqui Eu mesmo me tornei vazio Você me fez viver, e eu desisti Quantas vezes eu errei? Ainda quantas vou errar? Pareço um ingênuo homem, disfarçado de si mesmo Procurando respostas prontas Construídas há algum tempo Já não suporto meus temores Eu detesto o meio termo Mas me divido ao meio sem saber por quê O silêncio me interrompe O barulho me perturba A atenção se dissolve E eu procuro refletir melhor Quero o doce prazer da vida Multiplicado em cada poro, Quero multiplicar minhas virtudes Esquecer e enterrar meus erros Que apreendidos se transformarão para o certo Na verdade imutável do infinito.

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FOME? Qual o significado da palavra fome? Um desvaneio de gula? Uma necessidade primordial? Um momento esperado? Uma aflição saborosa? A certeza da falta de pão? A incerteza de um alimento? Qual o significado da palavra fome? Se tu não sabes Levante a mão pro céu e agradeça, Seu estômago ronca de costume Até chegar a geladeira ou a beira do fogão.

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HUMANA Não existe... Sente-se garoto, escute o que lhe digo Também já fui criança Não compreenderás o que falo Não hoje... Imutável como os anos A vida lhe apresenta a realidade Sei que não querias ser contrariado Mas o mundo gira muito mais do que nossa cabeça Você pensa que tudo pode ser erguido apenas por você Não seja ingênuo Não estou destruindo seus sonhos Apenas dizendo o que mais tarde você vai ver Não quero a razão, esta se dissolve como o vento Pois, nos enganamos, na tentativa do acerto Isso é natural Eu sei que no momento, nunca enxergamos nossos erros Porque a crença de que estais agindo corretamente Cega os demais pontos de vista Somos duros e implacáveis Erramos Magoamos as pessoas E socorremos nosso ego fervoroso, impulsivo Mas saiba: O respeito é a maior virtude, Às vezes não entendemos Mas um dia entenderemos E o respeito, é o que é justo Pois a vida acontece a todos E cada um traz suas verdades Então, ninguém é errado e todo mundo é errado. Portanto, Pare de fantasiar suas verdades, elas não devem se impor a nada Somos todos ignorantes da vida E isso não lhe falo porque sou assim Mas porque somos semelhantes e pertencemos a mesma raça.

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inDIVIDuO Reduziram nosso espaço Vendendo ilusões, Voltamos à idade média Somos facilmente enganados Moramos em apertamentos, Em casas encolhidas Constituímos famílias em casal A riqueza continua explorando a multidão A vida continua existindo desigual... Que merda de revolução Que luxo de lixo formatadamente invisível Continuamos sendo enganados, Conformados, aceitamos a situação ... Você continua lendo? Não perca seu tempo Vá viver sua alienação Deixa que eu choro sozinho Não sei se Você tem coração.

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MEMÓRIAS DE MAIS UM Sempre quis viver o futuro Aos poucos, este foi chegando Continuei querendo viver o futuro E mais uma vez, este foi chegando Assustei, foi como um filme Eu já era adulto Chorava por uma mulher Sentia meu coração envolvido Fazia a barba semanalmente Trabalhava todos os dias Sempre de olho no futuro Meu corpo já não era o mesmo Alguma coisa me doía Outra incomodava. Ouço gente reclamando: Envelhecer não presta. E vou apenas, observando Sei que daqui um tempo Vou me assustar novamente Olhando pra mim mesmo, Vendo o futuro que chegou Dando tchau para vida que não vivi. MOMENTO URBANO Sem sentido estou morto, Parado não sou nada, E tu? Cuidado! Não permita a dúvida Seja a esperança A vontade, a energia, a verdade A força, a determinação A certeza do melhor de si E a convicção das flores acampadas no jardim.

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NA SAÚDE E NA DOENÇA Ainda que sufocado pelos meus versos Sinto uma situação irremediável O homem é falho Trai a si mesmo Pior, Machuca a quem não deve Aliás, nem deve Ahh tempo... Existe um destino! Amadurecemos com ele Ponderamos nosso ego Devemos esquecer a nós mesmos E pensar na felicidade alheia Sozinho não se é feliz Com a pessoa errada não se ama completamente Tenha humildade Acredite em Deus Tenha fé Acredite no caminho As vitórias virão com as batalhas Nem todas se ganham, não estamos num ringue Vivemos o dia E a felicidade se compõe Nas dores, nos erros Na alegria Nos acertos, No comprometimento.

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O PERIGO DA IMATURIDADE Sou culpado duas vezes Por mim e por você Tive o amor em minhas mãos e não soube amar Regresso no meu coração Confesso: eu não sabia amar Mas como ouço de um maior cantor “Eu sei que um dia a gente aprende” “Eu sei que é difícil, Eu sei que é difícil acreditar” Mas isso tudo ainda vai mudar A confiança é o maior bem de um ser humano Sem ela não se vive decentemente Pois hora deliras na imaginação Outrora inventa coisas reais. O VAZIO Perseguir a sorte Concorrer pelo amor Acreditar no destino Sofrer, amar, viver Refletir o mundo Esquecer de si Desmoronar-se Esquecer o mundo Consertar você Caminhos, decisões, erros e acertos Pensar em Deus Acreditar na fé Crer no invisível Confiar com todo louvor Reconstruir momentos Reerguer um sonho Reconhecer o banal Enfrentar e vencer Em direção ao puro.

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Capítulo 2 VORACIDADE

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A ESPERANÇA POR UM FIO É isso Pulsa dentro de mim, uma necessidade incessante Somos mesmo, fruto de culturas capitalista Partidos no paraíso imaginário do consumo Perco a paciência Escrevo Sejamos realistas: o que vai mudar? Perdido Que merda! Palavras mudarão o mundo? Espero! Espero que palavras boas Semeem a nova ordem igualitária da vida.

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A VOZ DO NADA EM MEIO A TUDO A estrutura da minha sensibilidade É um esqueleto fantasma Além da rima e do verso belo Navego no ácido de mim mesmo Compaixão Afeto Logos Ethos Merda Adubo Talo Flor Coração, membros, corpo, ser humano Impávido, terra, colosso Questões lançadas ao vento Ao sabor da arrogância indecisa É claro que o não se torna um sim Do mesmo modo que um sim se torna não; Escravizados por razões impostas Bege como a ausência de uma cor relutante Feitos por um olhar altista Altruísta como uma aula de filosofia torta Medieval como o preconceito Retardado como o avanço bélico Perdido... reencontrado... vazio Vazio mesmo.

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BESTA O que te faz buscar outra coisa Quando tens exatamente algo melhor? O que te faz nadar contra a corrente Quando o mar está a seu favor? Você destrói a própria vida, Observa... Não é preciso ser um gênio pra notar Você pensa ser do avesso, Que ser contrário é sofisticado, revolucionário Mas se esquece que a contramão ainda é a mesma Saiba que os outros colhem da tua impetulância Mas você sofre mais Porque és tu que enfrenta todos aqueles incorretos Aprende! Pare de se sacrificar pelos outros, Esquece a hipocrisia da vida e torne-se um hipócrita também, Não se esqueça: Você é igual a todos Que manobra colocou na tua mente Que deverias ser diferente? Besta... Pare de ler estas linhas Não entendo porque continuas nadando contra a corrente Quando tens tudo aquilo Que gostaria de ter por outros meios Fuja! De si mesmo!

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CACOS DE VIDRO Esparrame os monstros da minha cabeça Afaste minha loucura passageira Retire meu hábito neurótico/indeterminado Desista dos meus atos perturbados Jogue-me pela janela do teu pensamento Desabe junto com minha ilusão Desconstrua a fantasia idiota dos meus erros Ensine-me a seguir o caminho certo Tire uma foto Coloque em seu porta retratos Esqueça a razão conturbada Vague na subjetividade indefesa Borbulhe na arrogância de um desespero Desista antes da loucura chegar Persista apenas se desejas do âmago da tua alma Me veja em retalhos e cacos de vidro Dê-me sua atenção desretorcida Pense um pouco antes de parar de ler Jogue fora o que não faz bem Conviva com a escuta cega Com olhos míopes, Movimente seus conceitos Ande no mundo que se apresenta Sinta o caos Traga a esperança Consiga o teu valor.

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DESCINCERA Me recuso a ser intelectual, Meu diploma não diz nada sobre mim, Esse termo diplomado Também não diz nada Enfie sua intelectualidade marginal no... Lugar onde as pessoas Idolatrem tal forma descabida. Prefiro a criação, Aliás, É isso que me leva pela vida afora Seus afoitos jogados contra mim Não passam de uma mácula profundamente Descincera... Também não me importa Se algumas palavras que uso não são dicionarizadas, Agora elas são minhas criaturas escritas, Embora eu não tenha criado seus radicais Usei-as com a profundidade de um poema Sem querer saber se se conjugam corretamente.

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DESENCARNA Um cidadão já foi aprisionado por seus desejos Insultado por sua febre Tendo um infarto de emoções contrárias Não enxerga Não entende Insiste erroneamente no caminho contraditório Esquece que o passado é passado, Se encontra decadente no tempo Não vive nem agora Nem revive o que queria, Não encontra seu futuro Nem enxerga seu passado Desencarna cidadão Seu corpo está aprisionado em seus sentimentos mal cuidados Seu cérebro foi afetado por um déjà vu inverso Esquece Esquece Esquece! E lembre-se do que eu digo: ESQUECE! DESTREZA Êta hipocrisia chata De valores previsíveis. Uma fase dócil Um pensamento maligno ? Uma face... Um sexo... Cultura Ponto de vista, Inconformado... Valores humanos!

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ESPERA Empacotado pelo tempo como uma mercadoria Sinto as restrições impostas pela sociedade Vejo sonhos desabando Vejo vidas se perdendo por estarem na direção oposta Covardemente o ser humano se arrasta Cumprindo papéis que representam sua imagem Por dentro Frustrada, fútil, desgastante Empaco, faço birra, grito, choro, tenho medo Duvido, questiono, me irrito, acho absurdo E Pacatamente, continua tudo igual Desisto, mas na verdade não Me movo Movo-me novamente a caminhos estranhos Me entrego Perplexo, paro, parado, no tempo... FORA DE MIM Dejeto o que escuto Murmuro o que invento Refaço interrogações intercaladas Questiono o destino de cada passo Me envolvo com a loucura Traço um paralelo com a razão Faço a junção das duas Repito o erro Novamente dicotômico Ouço, faço Ejeto. FORMAS DE CONDIÇÃO Gente... De longe é uma coisa, Quando abre a boca é outra E tudo depende De como teus olhos e mente receberá a situação. E tudo depende...

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FRENESI A saudade é frenética A preguiça é estúpida O pensamento é constante A velocidade amarga o tempo As vísceras se desenvolvem Tumores se rebelam Escrúpulos se dissolvem A postura se equivoca A raiva é presente Os nervos a flor da pele A incompreensão estardecida Estraçalha um ideal utópico A ira O descansar Desacelerando A adrenalina Baixa Baixa Baixa Recoloco a casa em ordem Recomeço a compreensão Reviro e me revolto Novamente... O nada Esqueço! Esquece! Desisto... deseste Eseste – esse – este – existe – desiste.

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IDIOTAS Mulher é atraída como um imã por caras babacas, Basta um carro esgoelado palavrões em alto e bom som Metidas superficiais são o bastante para as rodas de fofoca Para a satisfação do ego idiota de homens e mulheres alienados. Cultura perversa e tosca, maltratando o verdadeiro brilho da vida O consumo desenfreado é a coisa mais besta que observo Celulares modernos para sustentar status de modismo, É ridículo a obsessão em impressionar ao próximo Incrível como um ser abre mão de coisas sinceras Simplesmente para bombar uma festinha do agrado coletivo da galera vadia Tudo bem... ouçam lixo, se embebedem mesmo não gostando do gosto da bebida Dancem como cachorras. E desde quando cachorras dançam? Cadelas e cães... Aceitem a prostituição em busca de conversa fiada e gozadas banais de um sexo

[ mediocre

Senhores, façam mesmo isso Vá para a academia, malhe sob o efeito de drogas para enganar seu corpo Tome comprimidos para sustentar a orgia fraca De quem não conhece a sensibilidade do toque e do carinho de um sorriso Viva fingindo que vive E simplesmente Reproduza o que esperam de você. Otário!

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O CÚMULO DO NADA E O TEMPO AO CUBO Detalhes que não brilham na ausência de luz Tempo que não passa Lógica que subverte o homem Tempo ignorante de quem se morde, Construções sem sentido, Raios que ficam fortes demais sem piscina Mergulho no labirinto do nada Incrível como nada faz sentido Escrevo por esporte ou vício Tentando Matar o tempo provocador de minha sobra de tempo Se chove... tudo bem Se há sombra... tudo bem Se o sol se vai, a noite chega... tudo bem Se queimo minha pele com o calor Não tem problema Se sinto os anos oprimirem uma escolha Eu me viro com isso Desgastante idade atoa Depois de crescer não sabia que um emprego faria tanta falta, Os passatempos de computador Não são capazes de me satisfazer o tempo todo Também O bolso aperta minhas emoções, Meu livre arbítrio, livre demais... Droga!!! Nada não sustenta nada.

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PASSADO BREVE Se me ganhar por um instante Me esqueça logo em seguida, Se eu sinto ódio correr nas veias Saiba que isso não me corrompe a ponto d’eu agir conforme sinto Grupos cretinos Talvez não Nada mais que o simples seguir Se ranjo os dentes Rearranjo minha vida Aliviando de pouco a pouco O grito que envolve meu estômago.

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PENITÊNCIA Tenho vontade de vomitar Pelo mal estar de sentimentos Que nem merecem ser chamados assim Numa versificação poética Desabo minha força Me encontro nesse chão Embrulho o estômago E novamente me apago sem conseguir dormir A dor sobe O tempo fecha A dor volta A dor fica Rasgue meu peito Devolva-me o brilho Dissolva meus erros Me mostre a saída Não aguento Não posso mais conviver comigo Torture, tortura, ternura, temperatura Tédio Não é o T que me incomoda Mas a falta de você que me consome Perdido no espaço Deságuo na vida Despedaçado como vidro quebrado Reconstituído de fagulhas ínfimas Broto de novo na terra Germino receoso no seio do dia Esqueço para não me acabar Acabo para não esquecer Revivo para poder entender Respiro a felicidade inversa, não desisto... Não desisto.

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Capítulo 3 IRRUPÇÃO

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A DEMORA Tudo isso me caiu do céu Portanto Muitas vezes condeno minha falta de dinheiro, Minha inércia empregatícia Minha escolha demorada A quebra do salário mínimo A espera por algo fixo Um emprego A recompensa O brilho Algo que dê sentido para um sonho a caminho. A ILHA DE NÓS MESMOS Quero uma palavra Que seja capaz De dizer tudo deste momento Podias Não podes mais Viajo Torturo minha razão, agora Vago... vago... vago... parado Fico num transe sombreado Não sei Nada mais Meu coração entra em choque O tempo é um inferno do paraíso que passou Somos seres derrotados pelo passado Em momentos faltosos Sentimos a falta dos sonhos De tudo acontecendo De uma verdadeira alegria Erguida pela utilidade do dia a dia. ALITERAÇÃO O vento cortando o vento De forma vidente Faz-se feito foice Em busca de um momento.

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ANTES DO SONHO O magnetismo do tempo noturno O silencio despercebido pelos que dormem A serenidade de uma paz solene O estouro da calma Acalma o contraste do dia Perfeito O céu A lua Os gritos Os pássaros... dormindo O sapo O brejo A lagoa... um mar, a vista. ATRÁS DAS PALAVRAS Por que não? Há tempos PREsinto sua falta Por que não vem me dar um beijo? Esqueça os versos de amor Preciso falar de outras coisas, Sente-se e escute: Politicagem me enche De cheio, estou farto de assuntos rotulados Parece um carnaval interminável Uma hora percebe-se que não faz sentido Concordo, Não sei quantas vozes trago aqui Só sei que Palavras foram feitas para se usar Coerentemente ou não Você lê nesse exato momento O incrível infinito que se faz num segundo Num segundo Um segundo.

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COGNITIVAMENTE Meus diários poéticos Que viraram poemas, Palavras curtas de um verso longo De uma estrofe mínima De um raciocínio perplexo De uma ficção real De uma realidade ficcional, Pela ambiguidade Na força da desambiguação Em analogias tortas Em referências mortas Em repetições cansáveis Mas pouco ditas Na quebra do silêncio De um paralelo oposto Por um determinado Lance perdido com palavras contidas De um vasto curto vocabulário Enrijecido na dormência do dicionário Espetacularmente vivo. CRIANÇAS Sorrisos francos Ingenuidade verdadeira Olhos que brilham Crença que não liga pro impossível Pequenos grandes seres De um relógio que não faz sentido; Regras que parecem bobas Quando proíbem um picolé mais que gelado, Quando não se deixa comer doce antes do almoço, Quando é dito para entrar antes do dia escurecer Pernas que correm pela rua Que chutam bola no asfalto Que pedalam a bicicleta Que corre, corre ao brincar de piquepêga Serenidade que se esconde em brincadeiras sinceras, Vida que vive Conhecendo o prazer de viver, O verdadeiro valer da vida.

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DE PASSAGEM O dia estranho revolvido em minhas angústias; Que pesar a cada segundo incontrolável, Que memória estranha, Que dia rebocado em pensamentos opacos, Uê, não sabia dessas coisas Q’eu, eu não entendo... Decido mudar o rumo da conversa A lua é impressionante com seus tons de brilho, Assim como seus lábios em fricção de cumprimento. DISCURSO Fala de tudo sem dizer nada Êta persona escorregadia Parece peixe d’água salgada Como não entendo de peixes Parece sabonete em mãos ensaboadas, Como não parece tão escorregadio Parece este mesmo, Este ser político. DUBAIS O mundo está perdido Como uma fúria estardecida De um momento louco Um cansaço ininterrupto Que vê forças num instinto primitivo Gozando de vigor na ausência de controle Como uma Dubai em pleno vapor Respirando a construção de um império, Vejo miragens de humanização E interrogo a invenção do poder Os olhos não param de contemplar A beleza me completa O delírio me dissolve E me encanto com a prece Degusto reportagens bem formatadas, Desconheço a verdade E acredito na sinceridade Do que meus olhos apreciam.

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ESCADA Idéias Tempo Sombra Pensamento Lembrança Sorte Acaso Medo Paixão Romance Amor Amor Romance Paixão Medo Acaso Sorte Lembrança Pensamento Sombra Tempo Idéias.

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EU SOU A CANETA Preciso de ar puro para escrever Por isso sempre abro a janela Para que as estrelas possam entrar em meu quarto, Para que a lua me veja Trazendo-me seu brilho curioso Engraçado Triste, Força de expressão. Engasgado De face estranhamente estranha Incrível, Palavras... palavras. Talvez pra quem lê não faz sentido, Pra quem escreve... nunca se sabe Cada letra carrega um sentimento Desperdiço o tempo Porque este tem me sobrado, Aliás, O tempo nunca é justo Sempre falta ou sobra, Nunca estamos satisfeitos Mais fácil respirar quando se tem saúde Porque viver Não é o mesmo que estar vivo Volto à criação de criaturas inimagináveis, Meus versos deslocados de uma literatura aclamada São apenas respingos de um coração batendo Não me consideram poeta Não me consideram filósofo/pensador Não me consideram músico Então... Apenas escrevo!

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EU VI E NÃO TE CONTO É como uma adrenalina que corre no corpo A dúvida é fiel e incômoda O inconsciente é fabuloso e inexplicável O destino é certeiro Como um arqueiro destreinado A imaginação é a válvula incrível O corre-corre desesperado parece mágica Quando apontado para uma coisa invisível Parece surreal Falo não sei de que Vou percorrendo estas linhas Você acompanha com olhos curiosos A velocidade aumenta A expectativa envolve ... Não esquenta... A harmonia se desfaz na quebra de sintonia Volto a ser um narrador de fatos corriqueiros Mas ontem eu vi a poesia Eu vi E não te conto.

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LINHA DO TEMPO Lentamente Imagino Nada Humanamente Ambíguo Lembro que eu tinha Vivia Morria Eu tinha uma casa Tinha uma história Perdia meu rumo Suspirava o espaço, olhando as nuvens O céu, era assim como eu Claro, objetivo, azul... Invisível D’onde vem o reflexo de nossas almas? Eu tinha um trabalho Tinha um horário Perdia e ganhava meu tempo Respirava em momentos abrasivos Tal como no vento Soprava-se meu destino ... Quieto, confuso, com pressa. Com isso Vejo que tinha O que hoje não tenho, Que é o que sonho E que eu não percebia.

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O EFEITO DAS ROSAS Penso em standby Jogo fora o termo importado Deslizo os olhos para o lado E vejo pétalas caindo Ao cair Ergo um olhar demérito, Expulso controvérsias que interrompem E concentro-me no giramundo envolto em um centro Brancas, rosas, vermelhas, chás Suspensas em um cabo verde Raspadas de espinhos férteis É incrível o efeito desnorteador da beleza, Paramos em apreço sincero Desconsideramos o tempo E sonhamos acordados Penso como um ser inotável Diante as raridades ao meu redor Me cerco de magias sublimes E de instantes compenetrados Penso de novo em standby Pareço flutuar no tempo A ausência de preocupação A ausência do stress O efeito desnorteador da beleza O perfume exalado no ar O momento único de um instante Brancas, rosas, vermelhas, chás...

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O SILÊNCIO DESCONTROLADO Escorrego diálogos Como se fossem encenação Arranco de dentro do meu peito Algo que não sei descrever Vou caminhando pela rua Com os lábios trêmulos Com a face Milimetricamente incompreensível Ainda carrego uma interrogação Não sei o que se passa comigo, O peso de uma escolha é torturante Profundo Impávido Quando acertada O céu parece pouco para a felicidade, Quando errada A dor é verdadeira, mesmo que disfarçada O desgaste do tempo Corrói o ser humano E as lembranças matam o novo Tu sabias que vivia melhor Teu orgulho foi o bastante pra lhe deixar Sozinho!

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PAISAGENS COTIDIANAS Sempre que virar uma esquina Se atente ao inesquecível, Você nunca saberá O que uma nova esquina tem a dizer Você pode entrar numa rua nova Que apesar de velha Nunca abrigou o mesmo instante Você poderá notar coisas diferentes, Principalmente aquelas que se movem Fazendo de um espaço Um espaço diferente As esquinas são mágicas Secam uma imagem E revela novos quadros dignos de pintura, Novos passos, Novas descobertas E até uma vida nova : )

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PAISAGISMO E INVENÇÃO Nada como o paisagismo De um segundo andar que parece chão, Olhar pro céu deitado ao lado da grama Avistando um pé de não sei o quê Junto a uns pingos de ouro e margaridas na terra Ver O trânsito subindo, Prédios em construção Pessoas passando, outras ficando pelo caminho Ser tomado pela paz É a mais bela das sensações que posso sentir ... Temos passaporte livre pra vida, Podemos estar em lugares Sem pagar nenhum tostão, Mas não podemos pagar a vida sem o coração Voltarei a deitar Reparando a montanha Ouvindo o som da rua Pescando o vento Inventando o silêncio Deixando tudo, tudo Simplesmente passando Pelos olhos de meus versos.

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PARALELO Passeio Penso Parado Pipocando pensamentos O olho O ideal Onde estiver Solto, a sós Outra vez, eu Lembro Revivencias Sagradas Uma em tantas Orgias Sentenciadas Sem vergonhas Se para Sustento Sossego Semanalmente A lógica O certo O peso E as coisas Ambíguas Outrora Onde Se leva.

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PEQUENO MUNDO GLOBAL Melindres versos de ataque Backupes forças de expressão Desdeixos de identidade Marcha global de globalização Perdemos as raizes Queimamos a história Desperdiçamos nossas vidas Antigamente não existe mais, A velocidade do relógio Conta muito menos do que a natureza do dia Nos trancamos em quartos e escritórios Nossas janelas foram tapadas com ar condicionado E abertas na tela de um computador. REFLEXOS DA VELOCIDADE RELATIVA Vago vagando em vagões vazios Observo a paisagem brutamente transformada Espero a compreensão do mundo Adoeço com a depressão coletiva Passo por lugares pobres; Vejo imagens bonitas, Cidades ricas contrastando com a velocidade do trem Não entendo, não entendo, não entendo Tanta desigualdade Tanta hipocrisia numa pirâmide grotescamente ignorante Tu não sabes Não aprende, Maldito homem sem coração Incrível mundo destruído.

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REPETIÇÃO O que faz alguém ser diferente de alguém? O que edifica o amor? O que cativa a vida? O que traz o brilho nos olhos? O que desconserta o coração? O que modifica e constrói a rotina? O que se espera? O que se contrai e reprime? Por quê? Como? Pra quê? O que novamente indaga? O que mais uma vez preenche? E outra vez se torna mais? SEM DESTINO Fico caminhando os quatro cantos Sem saber onde chegar Fico percorrendo os quatro ventos Quanto ao tempo, tanto faz Ares parasitas passeiam na esquina, Fontes coloridas desembocam no riacho A água enche, entorna, vira tempestade Pairo com o gosto da chuva Ando de um lado pro outro, As peripécias de um destino São insignificantes no corredor Paro, reparo, reinterpreto Fico caminhando os quatro cantos... Sem saber onde chegar.

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SOLIBERTÃO Eu era mais poeta Quando dava mais atenção a mim mesmo No momento, me esvazio de hipocrisia O relógio marca uma e quinze da manhã Mas isso me parece tão repetitivo quanto o relógio Esqueço a força de dores invisíveis Calo verdades imprescindíveis Porém mantenho os versos Que vós leeis agora Desligo minha angústia do dia a dia Paro e penso no amanhã Não quero a mesma rotina Viver sozinho é monótono Não há ninguém para descontrolar sua liberdade Você tem que ser senhor/senhora de si mesmo(a) Muitas vezes, mais que o necessário... Ah. As curvas que o discurso faz Explica um pouco da solidão Que vem de brinde com a liberdade solitária. TUDO OU NADA Cansado do nada Vejo no vazio, tudo Tudo que eu não quero Cansado de tudo Vejo no nada Tudo que eu quero Vendo o oposto Vago no paralelo Não vivo nenhum nem outro Morro sem viver, vivendo.

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VAZIO Você é quase previsível Tudo bem... Eu também não sou distante disso Mas não vou me ater a mim, Quando seus passos rondam tua cabeça Mirabolando planos Para passar nos mesmos caminhos que meus pés ... No mesmo instante... Hoje não estou de pensar muito Foi bom ver um sorriso arrancado de mim, Trombo com o passado, o passado e o passado Fico ultrapassado por meus sentimentos mutantes, Espio a vida, O andar de cada um, Os endereços trocados E o agora de alguns momentos Latejo profundas doses de vazio, De falta, de esperança E talvez, até de mim.

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Capítulo 4 LIRICOGRAFIA

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A DIVERSÃO DE ESCREVER ... Falas que dizem muito Pensamentos que penetram na memória Vivências que não são roubadas Tampouco transferidas Há um caminho Mas cada um quer seguir o seu Os gramáticos analisarão a função do UM em cada verso Esqueça A gramática não me serve como inspiração Também não posso ser impróprio e dizer que não me ajuda Não devo transportar minha ira de aprendiz Para um discurso vagamente empetulante Droga A consciência de regras, Me roubaram à essência da poesia Escrevia sobre coisas que sentimos Transfigurei uma emoção perdida Em raciocínios de aulas que já não quero mais ...Esqueça, Volto à fala errônea que não soube se expressar Recaio na obrigação defeituosa do não saber parar Perfuro estrofes até que a folha acabe Penso em você quando já tinha esquecido Lembro Esqueço Procuro Disfarço Novamente... meu ego... meu erro O hábito, O hábito.

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A GENEROSIDADE DA VIDA Não negaria a essa última folha O embalo da escrita a vapor Passo como um trem pelas páginas escritas Desço em estações que me levam a algum lugar No momento desconheço E o desconhecido me fascina, Não mais do que aquilo que admiro E nem tanto Para me convencer de mudanças por temperamento impulsivo Vejo flores na janela Suspiro a árvore que ganhei Contemplo as fotos que guardei Abro o coração outra vez E dessa vez, totalmente aberto Por retirar o veneno que deixei escondido Isso tudo modifica meus sentidos Sou mais doce e sóbrio agora Preciso lhe dizer que amo E cantarte Por ser a mulher da minha vida.

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APRENDIZ DE SER HUMANO Não quero me prender a ninguém Não quero mais sentir a dor de um brilho apagado Não posso mais me apegar E passear em espaços que perderam sua vitalidade Sinto muito Nunca pensei que fosse assim É incrível como as decisões mudam a vida, É terrível perder Não posso mais... Talvez só agora eu esteja percebendo A lógica irreal das coisas, Os sentimentos partidos Os corações quebrados A metade de um sorriso Coloco a mão sobre meu peito Um coração sem reação para, respira Bate sem saber por quê Tem frases que parecem escuras Momentos tristes que não acabam Fases dilaceradoras do incrível Da alegria, da paz, de um lar Da felicidade Volto às fotos, Lembrar não é o mesmo que viver Vivo procurando, Procurando o que encontrar Novamente? Diferente? Não sei!

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CICLOS Não tenho dúvidas Há tempos lhe jurei amor Fostes e sempre será a única a ouvir isso de mim Tenho a convicção da nossa vida A certeza de te amar infinitamente E a honra de viver e conhecer seu amor Não tive dúvidas Dei minha palavra, você é a pessoa certa Soube disso quando ouvi meu coração Encontrado pela profecia do tempo Minha irmã disse que eu saberia, Que eu saberia quando o amor chegasse Um adolescente que buscava loucamente A mulher com quem pudesse viver pra sempre Muitas vezes forçou o destino Mas a vida ensina E nada como a natureza E a ordem natural dos acontecimentos Pensava que eu era velho Mesmo carregando uma idade carente de experiência, Me julgava sábio o bastante Tolo! Não me envergonho de admitir Os anos continuarão sendo a maior experiência Acompanhados de determinadas situações Nas vivências que experimentamos a cada novo ciclo.

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DE BRAÇOS CRUZADOS Tenho minhas dores e devaneios Ouço a preguiça perpetuando um ser desempregado O tédio é mais que isso É como um infinito sem porquê O calor do meio dia é distante Mas se esquenta em momentos de debate, Sinto o fervor do meu sangue inquieto Pairo novamente no desastre do tempo Em nós Sobre nós, Aos anos Pela vida Mendigo fissuras de ação Volto ao nada, ao vago, ao improdutivo; Vivo Vejo... Vermes, fantasmas, pensamento Que não chega a ser pensado; Apenas repetido no vazio Me entrego Esqueço Esqueço Finjo que tudo irá passar Até que passe de verdade Porque até então Vivo da mentira de esperar solução Pálido - suas escolhas são você! Tua quietude é nada mais que teu reflexo.

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DESFRUTADOURO Minha maior briga é com meu modo de viver Sabe por quê? Não quero trabalhar feito louco Correr atrás de dinheiro Entrar no jogo do capitalismo Quero uma rotina gostosa Ter tempo diário de lazer E exclusivamente de lazer Temos horário pra tudo: Pra prova, pro serviço, pra chegar, pra sair. E para nós? Qual a nossa hora? Nade, leia um livro Jogue bola, ande de bicicleta Ouça boa música, assista a bons filmes Saia, se divirta: Aprenda a viver E não se torne escravo de si mesmo.

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DOS FILMES QUE ASSISTO Gosto de filmes que me fazem chorar Gosto de sentir minha sensibilidade De ser tocado no coração Sentir a vida mais fraterna, justa e verdadeira Aprecio a bondade Fico emocionado com atos sinceros, Me faz sentir mais humano Me faz pensar que há esperança Me dá orgulho de viver. Comover a alma humana Tocar o interior de cada pensamento Ser nobre, Amar... Tudo isso me faz respirar aliviado Amanhecer com um brilho nos olhos Construir coisas sagradas Em prol da felicidade Em prol da vida No exercício pleno do afeto, da sorte, do certo Sinto o prazer de viver melhor que antes Pois a cada dia descobrimos Que tudo que fazemos com amor faz sentido para o destino E ainda que eu esteja divagando num desfecho Gosto de filmes que me fazem chorar.

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EFEITOS DE SENTIDO Tem dias que isso me parece infinito Tal como uma caneta nova, Ferramenta divina do meu trabalho com a escrita Murmuro um quê do capitalismo Esqueço que nada importa Sinto a dor com um remédio sem efeito Pareço um hábito errôneo Concentro meu esforço no déficit de argumentos Solto palavras desorganizadas, sem sentido Lembro de preciosos espetáculos da vida, Recarrego minhas energias E Disparo o olhar Sobre o novo dia. ESTÁTICO A única maneira que encontro É a imaginação de fingir que tudo isso se transformará Em livros, memórias; Daí sacrifico minha vida Que não precisava ser sacrificada Apenas escrita de modo proveitoso Encontro respostas que eu mesmo invento Me conforto, me condeno A dualidade se faz em mim Eu sou o certo e o oposto A vontade e o retrocesso A mágoa, a raiva e o desespero Imutável Desconstruo meu raciocínio, Me perco na invenção deturpada Esqueço ao mesmo tempo que lembro E fico paralisado, como estátua no gelo.

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ETRA Ouço nas aulas Falar de livros que foram escritos em poucos dias Subverto o gênero poético E coloco tudo na poesia que invento Acho que vem acontecendo tanta coisa Que escrevo quantativamente Pela necessidade da escrita Sou meu próprio terapeuta Formado por livros de auto ajuda Entendendo como o mundo funciona Bobagem! Como ratos de laboratório Algumas gerações vêm sendo criadas Plugadas no computador Viciadas em vídeo games Fanáticos por comida rápida Piolhos de shopping center Cansado disso tudo Formato meus livros eletrônicos e coloco na internet Sincero como uma capivara Anoto e anoto, não me importo com o sentido Apenas com a transposição do pensamento no ato da criação Obra de arte? Quem sabe... Só sei que escrevo.

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HABITANTE INVISÍVEL Ei você Que se acha dono do mundo Pensa que tua liberdade é o individualismo? Se encare no espelho Já passou da fase de acreditar em mitos Percorra os olhos ao seu redor Veja que não estás só Engula seco tua vaidade E enxergue um pouco o coração dos outros Saia do meu poema agora Estou aqui para pensar na vida Vim a biblioteca Para espantar minha imaginação Prejudicada pela desconfiança No entanto Me deparo com o que não quero Fujo do meu desconforto Trombo com o mistério Desligo minha paranóia desgraçada Esqueço o medo de xingar palavras fúteis ... Gostaria de concentrar-me no teu passo, Seu sorriso me abriu o dia Mas logo, muito logo Desencadearei meu destino E volto a abraçar a paz que habita em mim.

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IRREMEDIÁVEL Canto aonde a dor me leva, Para compor é preciso exagero A dor de um sentimento bom A dor de algo que incomoda O grito de alguma coisa que arde É preciso acentuar um momento É preciso não conseguir segurá-lo dentro do peito É necessário extrapolar o pensamento É necessário um tormento que lateja aos nervos Um momento pálido não se escreve É preciso estar incomodado Para o bem ou para o mal Mesmo que uma letra não seja saudável Preciso esmurrar as palavras Contra a ordem aleatória da lógica É necessário encontrar um coração saltitante Pulsando de dor ou alegria O mais ou menos não sustenta uma obra de arte É preciso chocar, escandalizar, causar impacto É necessário raiva, é necessário carinho É necessário a vontade, o sonho, o delírio O amor, a mistura, o encontro, a sorte, a vida.

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JANTAR DE LIVROS Enquanto você gasta dinheiro Eu uso fórmulas repetidas Que não me trazem grana Enquanto você conserta aparelhos eletrônicos Eu uso caneta e papel Rimando alguns versos do meu universo Recorro a uma canção que inventei Relembro a voz de um amigo louco Que da ultima vez que encontrei havia sanado suas perturbações, Pelo menos naquele instante, Pois ele é utopicamente desvairado, Assim como eu Aliás, Acho que ele é mais louco Pois vive enfurnado Nas teias que criticamos Na estupidez sábia de nossos 12 anos. Tempo, tempo Onde andarás? Tempo, tempo ... Onde vais chegar? Lentamente rápido Deixo meu corpo ao deguste da natureza, Lentamente... Não tão rápido, Deixo meus poemas a ceia de algumas mentes.

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MALEÁVEL Fico sentado na cadeira de balanço Tomando suco de laranja E pensando um pouquinho, Fico engalfinhando turbulentas palavras De um turbulento coração, Talvez de um tempestuoso pensamento Quebro em pedaços cada fração de rancor Transposta a uma outra pessoa... Não entendo! Numa certa canção alguém disse Não confiar em ninguém com mais de 30 dentes (...) Então (...) Ou se vive só, Ou se junta à multidão. O meio termo não colabora comigo, Meu equilíbrio é o extremo. MARCAS E VERSOS O mosquito morreu na folha de um poema Talvez não haveria lugar melhor para seu óbito, Isto é, Pensando como ser humano. Como mosquito, Jamais vou saber A não ser que eu ultrapasse a lógica budista. Tal inseto deixou seu sangue Numa folha que atravessará o tempo, Este inseto e eu Agora seremos eternos, Cristalizados no papel que nos uniu.

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MODELOS CAEM POR TERRA Sem chance! Não me entretenha com seu jogo falso Sem lógica! Não banalize minha preocupação social Esqueça Não aguento mais ouvir a voz de um grupo banal Esquece Merda de status que engole a humildade Desisto... Vou continuar me sentindo um E.T, Continue falando sobre seu buffet Prefiro desperdiçar minha lábia Com poemas que não serão lidos Morro Serei consumido pela terra Me enterra Sou um vivo quase morto Preciso desabafar meu intelecto Não posso me perder como todos se perdem, Cansei de modelos Prefiro a arte ingênua Da caneta personificada por meu braço cansado Junto a minha vista indisposta.

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MULTIDÃO UNÍVOCA Não sou perito em nada Apenas rabisco meu caderno, Mas uma coisa eu lhe falo Já senti multiplicados sentimentos invisíveis Sou mágico fantasioso de sonhos grandiosos Utópico como só eu mesmo As vezes um revolucionário calado Que tenta mudar o mundo Mas vive conturbado com os próprios problemas Tento entender a multidão Embora eu não compreenda a mim mesmo Sou quixotesco e quero um mundo diferente Quem dera meus erros fossem perdoados Quem me dera todos mudassem para melhor Que a vida fosse mais respeitada E a dignidade fosse nossa lealdade de amor Volto meus olhos pro futuro Eu vejo a felicidade brotar num sorriso verdadeiro Fico contente com a educação Da mãe para o filho Do filho para com os pais Da admiração mútua Da evolução nacional De um povo inteligente E de uma nação igualitária Em suas riquezas sociais.

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O NÓS DE MIM Um cara solitário De poucos grupos De relações individuais e particulares Um ser em meio a todos desiguais Diferente? Até demais! Não mistura, não se envolve Mesmo cheio de idéias e revoluções Guarda para si mesmo a autocrítica social Construído em diálogos Desmontado em certo número Aclamado pela multidão Quer ser: esse transtornado por si mesmo? Elogiado em público Lido por muito poucos De poucas amizades De relações intensas e desconstruídas pelo tempo Não se envolve Pois se divide aos montes, Para uma vida, vive outras e diversas Porém, sente que não vive nenhuma E novamente se entrega a momentos Que representam uma vida em um milhão. POEMA DA MÁ MORTE Quando todos me cumprimentam E isso não significa nada Quando as rodas se formam ao meu redor E eu não me sinto presente Quando o desgaste das suas perguntas me enchem Não sei o que dizer Preciso apenas corromper meus pensamentos E voltar a enxergar A crítica plural de cada um.

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POUCO A POUCO Me sinto o mais raro dos idiotas Sinto falta de apetite Tenho raiva de mim Esculacho meus enganos Sinto o remorso das escolhas que fiz O vazio me toma por dentro Penso em deixar de publicar meus escritos Pois carimbo minha alma inquieta E falo demais aos que me desconhecem (Bobagem! Esquece o que eu falei aqui) Encontro respostas, que aos poucos, monta um quebra cabeça Tento respeitar a delicadeza do tempo Sofro a cada instante de angústia Sinto meu peito preso nas armadilhas que caí Espero Suspiro por mais uma chance Mudo lentamente Mas mudo de verdade, No encontro do equilíbrio Na fusão das vidas que imaginei Reparo que tenho que me reencontrar Aos poucos vou conseguindo Num plano maior Numa maior tranquilidade Ainda sinto a falta que me perturba Mas, vou caminhando na direção certa E confio de verdade na mudança Pois, já me sinto diferente Dou adeus para o garoto equivocado Despeço de mais uma crise Amadureço pouco a pouco, Não na velocidade imatura que fantasiava.

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RETORNÁVEL Não gosto de idéias perdidas De folhas em branco De desperdício De pouca criatividade De preguiça De vício De um DE repetitivo Procuro no nada O que se pode encontrar em tudo, Vou expandindo os horizontes Mexendo no vazio Tornando... diferente Entornando o que sobra E o que deve abastecer Aos que não têm Tento um final, Insisto na rima Procuro ideais Preencho o espaço Termino meu dia Começo outra vida.

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SABER HORIZONTAL Ele diz coisas contrárias dizendo o que é certo Tem um dom maldito ou o inverso Brinca, brinca Que de tanto brincar esqueceu o que é sério Pode ser qualquer Um ou não Não pode ser qualquer Um. Na metade de sua vida Ainda não aprendeu a ouvir não’s Na verdade diz que entende Mas ainda não absorveu o não, De tantos não’s virou um sim Um sim que se... Não se sabe As vezes o inverso vira verso Mas que rima pobre hein? Lembro de um pequeno rimador de dez anos O destino? Não sei, mas ele criticava um poeta de renome Tentei explicar o que ele não entendia E quem sabe um dia Esses anos explicarão algo à mim.

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SACRAMENTAL Uma cabeça sem sentido, um ser sem coração Perdido no vácuo do horizonte As palavras saem de mim Assim como os filhos nascem dos pais Rasgo as folhas de goiaba ao lado Deito num galho jogado ao chão Escuto o mistério que pousa em meus ombros Ouço vozes que não me fazem bem Me sinto longe estando perto As vezes longe, Me aproximo mais que a falta de distância Minha intuição congela a profecia Esqueço de dormir após um dia inteiro A noite chega Ainda estou acordado As luzes ao redor se apagam O escuro entra na janela como a brisa do vento Que atravessa a árvore que faz sombra ao meio dia Transcendo os mistérios que habitam em mim A linguagem limitada não cala meus suores, Suspiro na busca da metafísica Semioticamente vou colocando frases Na forma de um quebra cabeça Apenas desvendado Na hora do amanhecer.

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SEM SABER Aprendemos lições a cada instante Meu individualismo tem me matado Estou cansado de ser egoísta De engolir teorias bonitas Fechar meus olhos pro cotidiano E agir magoando as pessoas sem me dar conta disso Não saber amar é um pecado Pois nos tornamos indiferentes Com quem mais devemos consagrar atenção É chato, é triste me ver com atitudes errôneas Porque não foi como devia ter sido, Saiba: a falta de ação Também é um modo de ferir Peço a Deus que faça de mim um ser humano melhor Não quero que as pessoas chorem por minha causa Não quero ser inflamado com quem preciso ser amável E um dia após o outro venho tentando aprender, Quero ser um ser melhor Amar, Dedicar-me as pessoas a quem eu devo muito mais que minha vida ... Preciso ser melhor, Preciso saber amar Porque a ignorância disso é uma forma de matar.

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SINTÁTICO Quando caio nesses versos tristes Reflito. Uma mulher certa vez me disse: Que um poeta escreve Para se libertar de seus próprios monstros, Outra, falou-me: Que não sou um bom poeta Pergunto o que ela faz da vida? Que nada... Cada um cuida de si. Mais uma veio me contar Da melancolia lida em alguns dos meus trechos, Ora, ora Essa poesia parece repetida Mas não me incomoda O fato de escrever com certa métrica Não quer dizer ser um poema, O fato de escrever com rima Não faz de mim nenhum poeta, O fato de filosofar algumas linhas Não me torna um filósofo-poeta, Embora nada disso me construa aos olhos alheios, Não podem me arrancar o coração Tampouco minha alma inquieta. SOLDADO Trazem-me alívio Talvez atormentam os outros, Mais vale um bocado de insistência Do que um monte de teoria Não quero medalhas Não busco troféus Nem condecorações Quero apenas ser livre E ter liberdade.

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SONO FORÇADO Gostei de sorrir na madrugada Só não me sinto confortável Com o jeito que deitei pra escrever Penso na minha barba modelada pelo espelho Canso de repetições tendenciais do vácuo Gosto da noite que passa por mim Esqueço a insônia forçada Sei que o hábito do sono tardio Nada mais é Que a falha de atividade do dia Desisto Rotina estressantemente passiva Me perco Encontro Desgosto Imponho Repenso Eu quero Preciso Agora Eu mudo De vida. SUBJETIVIDADE As pessoas se pregam no objetivo Nas metas, no explícito No claro, óbvio, vidente Eu quero subjetivo Vagar nas entrelinhas Não desperdiçar meu raciocínio Com algo que salta aos olhos Preciso de emoção Gosto do invisível Prefiro o coração Acho a pureza num olhar calado Num andar silencioso Na observação da vida No passar intrínseco do tempo.

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Capítulo 5 CIRCUITO ENLEVADO

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A CADA ESQUINA Colegas passam falando de mulher, Mulheres andam sorrindo de homens, Coradas feito pimenta Tiram onda, com cantadas vazias de amor Um carro parado na porta Um shortinho saiu no portão Pernas de fora Dentes à mostra A pressa corre despercebida Pois para um instante Para ver a alegria Disfarçada em costumes de namoro em portão Os colegas passam em frente a casa A mulher falada senta ao meio fio, Suas amigas continuam sorrindo Agora, serelepes, desbaratinadas, ainda risonhas Novamente invadidas por cantadas vazias. O carro arranca A garota entra e cessa com a alegria, A pressa muda de lado Prefere flertes vagos Sem disfarces Apenas obedecendo aos impulsos da emoção O telefone toca A felicidade instantânea entra pelos ouvidos E a adolescência continua.

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A INVENÇÃO DE OLHOS NA DIREÇÃO ERRADA Você é tão cativante Que conquistou todos ao meu redor E esses se viraram contra mim em sua defesa Eu não soube admitir que estavam certos Tive reflexos de um futuro melhor E isso me interessou por alguns segundos Você tentou conter minha ira Disse para eu esperar Esfriar a cabeça E nada Nada me fez mudar de idéia Forte como a luz do dia Claro como um céu sem nuvens Percebo que eu não deveria Mas como suportar meus monstros? Como não te machucar com isso? Na ilusão de que pensava em ti Estava apenas me olhando novamente Quem disse que o amor é simples? Agora brigo com a cultura em que vivemos Culpo a invenção que construí E mais uma vez me engano Para não admitir Que você estava outra vez correta.

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AUSÊNCIA Preciso apenas sentir que você está de volta Quero apenas Tocar sua mão e ver seu sorriso, Desejo abraçar-te Carinhar com pétalas de rosas o seu rosto que me cativa Observo seus passos, Seu andar me fascina Teu jeito conforta meu corpo rude Minhas palavras amargas e atitudes desvirtuosas Tu és mulher Muito mais bela Que a invenção de lendas e mitos Mas eu, Pareço mesmo um ogro que não te merece E como um cavaleiro sem cavalos e armaduras Sou puro espinhos na ausência do teu encontro Sou ácido contigo Com medo de mim mesmo. BEIJOS E BOMBONS Finjo de bobo Não sacando suas deixas, Seus toques sutis De permissão sedutora Seu olhar atento aos meus olhos Disfarçam na boca O desejo de um beijo Paro... penso, Fica por isso mesmo Não vou cair novamente Na teia do amor Prefiro os deslizes De flertes figurados Caçando a delícia De uma paixão eterna.

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BELEZA INTERIOR Caiamos na real homem belo Você é um fracasso com as mulheres, Apesar delas te rodearem Teu gênio não aprendeu a mentir Para dizer o que elas querem Tua sedução tão verdadeira Não encanta a multiplicidade que elas desejam Você é fiel aos teus valores E sua beleza Não passa a frente do teu coração Elas cortejam o superficial, o chulo, o escracho Tu és profundo, Elas são tentadas por boatos e glamour Você prefere a sutileza de um encanto, a honestidade, o verdadeiro Elas se derretem com jóias e pérolas Mesmo que feitas de bijuterias, Você opta pelo simples brilho de um olhar Que vale mais que o preço composto de um status Vai Depois elas não entendem Porque és galanteador por natureza Mas sozinho, na cultura vadia apreendida por sonhos perdidos.

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CADA UM As pessoas gritam, Gritam em meio ao nada Se agridem verbalmente Em voz baixa Terminar é difícil Continuar contraria E a acomodação chega Aliada ao costume Vou andando, Vejo tudo isso N’outra vertente as coisas são opostas: Pernas se abrem Compromissos se dissolvem Que coisa, não? Afinal, o que são as coisas? Entender, compreender, imaginar, ter certeza... Absolutamente Sei que tudo isso é a natureza Incontrolável.

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CULTURA? ... DE MASSA! Engraçado como a tua saia Olhando aqui debaixo Diz mais pra você Do que essas rendinhas disfarçadas Pra mostrar seus interesses Engraçado como evoluístes De modo a se vingar do passado; Incrível como o ciclo retorna Veladamente invisível E você, conscientemente se vende Por um bocado de distração e poder Esquece! A generalização é um leque de múltiplas escolhas. Esqueço que carne somos E que também desejas prazer Mas não me esqueço Da minha política de valores Diferente das práticas invertidas que andam por aí O amor é muito justo O sexo é muito justo A infidelidade não é... Maldito mundo contemporâneo Levou minhas mulheres por um tanto de persuasão, Esquece! A generalização é um leque de múltiplas ESCOLHAS.

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ERROS E ILUSÕES Minha armadura intacta de segredos escondidos Os cartões que vejo agora Coisas que eu não havia percebido antes Sua doçura sincera Minha impenetrável tolerância Cansado de carregar escudos e armas Quero abrir meu coração de verdade Me jogar nos seus braços E confiar Como uma criança serena e pura Perdoe meus erros? Fui escravo de mim mesmo Me negando a viver como devia, Por estar infectado Pelo vício de uma ilusão Sinto muito Sinto até mesmo por não chorar Não entendo minha ausência de afeto Tranquei meus sentimentos, Quero as chaves de volta Quero voltar a me emocionar Preciso ser mais dedicado Porque não gosto deste ser insensível.

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EU TENHO FÉ Você não sabe o que diz Fala, fala e não me larga, Vá viver sua vida Deixa eu cuidar do meu destino Quem atravessará o tempo Não será meu corpo Tampouco seus insultos filosoficamente distorcidos Se queres me entender Esqueça! Se quer me virar do avesso Algumas vezes foi possível Não deixo de pensar Nem mesmo descarto seus versos de mágoa, Pois pra mim Tudo é validado... Mas saiba Ninguém é merecedor daquilo Que não é capaz de conquistar, O fato de um dom Não acontece àqueles que não podem torná-lo real Meu caminho? Deixa comigo Que eu deixo com Deus!

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IMAGINÁRIO Você se arrumou toda Sei que não é impressão minha, Não você ter se arrumado, Mas sim estar ali naquele instante Seu jeito casual forçado Meu coração ininterrupto sem entender, Um flash da vida Uma dose atemporal Antes eu me desarrumaria por dentro Hoje não mais... Ainda bem que consegui te tirar de mim, Foi a sorte da minha vida Para viver um verdadeiro amor. Aquele diacronismo que passei Era uma interrogação paralela Forçada junto a um bipolarismo ramânticoerrôneo. INENSINÁVEL Novamente me interrompes Com suas crises emocionais, Novamente me solicita Em seu mundo confuso, Ainda mais para você Vou sendo envolvido pela loucura Que ficou gravada em mim, Torno-me um sujeito oculto Distante dos meus próprios anseios Vivo e reviro meu universo, Meu coração é tolo Dócil demais para qualquer ser.

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MENINO MAU Não lhe darei mais flores Não mandarei bombons, Eu quero a tua saia Roçando no meu corpo... Você se fez tão meiga E eu vesti minha armadura Agora, a vida inteira Você será minha conduta Eu quero teu amor E lhe darei meus beijos, Como um Don Juan Não desperdiçarei meu romance É meu lado perverso que lhe chama atenção, Sei o que queres: Enganar-se com palavras doces E embebedar-se nos desejos de um cafajeste. NOS DESFAZEMOS Eu não vivo de aparências Pra que me enganar? Você diz que me odeia Pra que tentar mudar? Agora desconstruimos nossa história, Desfazemos nossos planos E os juramentos de amor.

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NOVENA DE UM NOVELO DE QUESTÕES O tempo todo eu fiz força Isso nunca chegou até a mim, Deixo agora nas mãos do destino Quem sabe assim terei sorte? Tempo? Destino? Sorte? Fé, até o diabo tem Me disse um professor de teologia, Então O que será essas interrogações? Uma tentativa de aproximação? Do quê? Pra quê? Por quê? Fazes assim comigo E eu revolvo aquela fase Para provar a mim mesmo Que estive enganado todo esse tempo E realmente estive... foi bom ter certeza disso!

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PERSONIFICAÇÃO FEMININA Pode procurar em qualquer canto Pode imaginar qualquer lugar Seu sorriso me conforta, embora seja tarde Eu descobri que a gente pode sempre amar Então me tome nos seus braços Dê-me seu carinho Espere o meu tempo: um dia vai chegar Me sinto insegura mas é só saudade Cê sabe que eu te amo e quero te abraçar Nos meus delírios sinto um fogo me queimando Podia ser a vida Mas é o que eu duvido Debruço no teu colo Me deixo chorando Eu sinto que te quero Porque ainda te amo As dúvidas me tomam Mesmo que eu não as queira Me sinto insegura Você partiu meu coração Agora vem sorrindo Me sinto perdida Mesmo tendo te encontrando Me sinta Preciso de sua compreensão.

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PROVOCAÇÕES FEMININAS A marca da calcinha O sutiã a mostra O andar delicado O beijo indecente O olhar conquistador O reflexo da alma A serenidade de um instante A paixão passageira A vontade eterna A sensação do amor, Provocações sutis Imagens delirantes Desejos envolventes O corpo As mãos A boca O toque Vontades, amores Acessos, perplexos Sentidos, sinergia Pensamentos, emoções Sexo.

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REFLEXOS DO PRIMEIRO BEIJO É impossível dizer que não está me olhando Pois eu vejo a íris dos seus olhos castanhos Sua face se projeta ao meu encontro Nunca vi um perfil tão belo Você está tão perto Que sinto meus lábios encostarem nos teus, Sua boca é uma indecência Desenhada pelo íntimo de meus desenhos Encontro num toque suave A maciez do seu corpo Disparo num sorriso em harmonia com meu coração Sinto sua paz me invadir Comemoro todo instante, contemplando seu silêncio Pergunto teu nome Viajo em pensamentos futuros, O momento é tão intenso Que não posso parar pra pensar em outra coisa Minha tarde floresce com sua presença E tudo que existe passa a ser eterno, Eterno pra nós dois. SE Flertes que me matam Olhares que me consomem Amores que passam Passos que andam em direção oposta Imagens que se guardam Momentos que se perdem Sentimentos que se sente Querência que se segue Olhares, intenções, amores Imagens, momentos, desejo Uma explosão de vontades Numa fração perpétua de um intenso Sossego.

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SOBRE UM DIA Arrasado como uma ilha desaguada Destruí um pedaço de nós Um enorme remorso se desenha em minha face Questiono a Deus Cogito não te merecer, mas eu mudei É doloroso chorar por minha estupidez Temos um número desgraçado Porém ainda há o infinito Então conforto meu coração abalado Mas não me conformo com o que fiz Vejo teus olhos chateados Novamente me dói ter atirado um prego Que mesmo retirado cavou um buraco onde foi Ahh... eu quero chorar Receio ter estragado tudo Me sinto como uma criança, preciso de colo E só você pode fazer isso por mim, Ainda magoada encontrarás forças pra cuidar da gente Ainda que mudada resgatará o amor que há dentro de ti Ainda que confusa compreenderá que eu quero e vou te fazer sorrir Embora eu tenha errado - reconstruiremos! E tal como a esperança das vezes passadas Encontraremos um destino ainda mais completo O amor supera, a luz se acende no fim de nossos túneis Eu acredito Farei diferente e lhe provarei que ainda existe: O AMOR MAIOR DO MUNDO.

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SUA SERENATA Ainda hoje olho uma estrela Essa estrela é minha Porque eu não daria a você um sentimento meu Não faço mais isso Pois assim vou me gastando até o fim, Já que sugou meu romance Ainda dormindo com outro sem olhar pro céu Nunca mais lhe darei meu mel Você fez sua escolha garota, Eu já havia feito a minha E só andei errado por visitar o passado que não vivi, Saiba agora Que “seu” cavaleiro se foi Andando a pé De mãos dadas Com um livro de poemas. TRANSCENDENTAL Você marcou essa página da vida Tua imagem sempre virá em minha lembrança, As fotos não dizem nada, mas disseram tudo E sempre que eu ler essas linhas, A todo momento Por anos a fio Eternamente No infinito Lembrarei da tua voz, teu gesto, tua presença Minha loucura! VOCÊ E MAIS ALGUÉM Ouça Quando o amor lhe convencer Esqueça a dúvida Acredite, mesmo cegamente Os outros não sabem o que dizem Pois não amam como você Confiai em tua essência Entregue-se Pois tu és Puramente merecedor(a) do verdadeiro amor.

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Tiago Henrique Rezende Fonseca. http://tiagohenrique.blogspot.com

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