TA534-Balanco de Quantidade de Movimento Situacoes Simples (2)

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TA 534 – FENÔMENOS DE TRANSPORTE Prof. Dr. Antonio José de Almeida Meirelles Balanço de Quantidade de Movimento no Escoamento de Fluidos Newtonianos em Situações Simples

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TA 534 – FENÔMENOS DE TRANSPORTE

Prof. Dr. Antonio José de Almeida Meirelles

Balanço de Quantidade de Movimento no Escoamento de

Fluidos Newtonianos em Situações Simples

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Balanço de Q. M. em Regime Permanente

Taxa de Q. M. queentra no volume de controle

Hipóteses normalmente admitidas na solução de problemas deste tipo:

• Na interface sólido-fluido a camada de fluido adjacente àsuperfície do sólido adere à sua superfície e se move com a mesma velocidade dele (hipótese do não-deslizamento);

• Em interfaces líquido-gás o fluxo de quantidade de movimento (e, portanto, o gradiente de velocidade) na fase líquida é muito próximo de zero e será assumido como nulo nos cálculos.

Taxa de Q. M. quesai do volume de controle

Soma de forçasatuando no vol. de controle

_ + = 0

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1° Caso: Filme líquido descendente em um plano inclinado

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Hipóteses Adicionais:• Escoamento em baixa velocidade Vx(y) e com baixa espessura do

filme (escoamento laminar);• Propriedades físicas (µ, ρ) constantes.

O volume de controle ∆VOL = L.W.∆y é um paralelepípedo com 6 faces pelas quais pode ocorrer transferência de quantidade de movimento.

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Balanço da Quantidade de Movimento

Taxa de Q. M. que entra pela área (W.∆y) em x = 0

Taxa de Q. M. que sai pela área (W.∆y) em x = L

Taxa de Q. M. que entra pela área (L.W) em y = y

Taxa de Q. M. que sai pela área (L.W) em y = y + ∆y

( )( )0

�...=

∆xxx VVyW

( )( )Lxxx VVyW

=∆ �...

( )( )yyxWL �..

( )( )yyyxWL�

�..+

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Taxa de Q. M. que sai pela área (L.∆y) em z = W

Soma das forças atuando sobre o corpo = componente da força da gravidade na direção x

Taxa de Q. M. que entra pela área (L.∆y) em z = 0 = 0

= 0

Não há escoamento na direção z e nesta direção toda a camada de fluido de espessura ∆y se movimenta com a mesma velocidade (portanto não há atrito).

( ) ( )( )�cos.�.... gyWL ∆

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( )( ) ( ) 0cos

0

=⋅⋅⋅⋅⋅+−

−+⋅⋅−⋅⋅

+

==

βρ∆

∆∆

gyWL.�L.W

.�L.W�VVyW.�VVyW.

�yyyx

yyxLxxxxxx

Lxxxx VV==

=0

Escoamento em regime permanente de fluido incompressível

Dividir por L.W.∆y = ∆Vol

( )�cos..��

� gy

yyxyyyx=

−+

ττ

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( )�cos..��

��lim �

0�g

yyyxyyyx

y=

��

��

� −+

Esta é a definição da 1ª derivada de τyx com relação a y

( )�cos..��

gdy

d yx =Equação diferencial para o fluxo de quantidade de movimento τyx por atrito viscoso.

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( )�� = dygd yx �cos..��

( ) 1.�cos..�� Cygyx +=

Condição de contorno: na interface gás-líquido não hátransferência de quantidade de movimento (não há atrito entre o gás e o líquido) → y = 0 � τyx = 0Logo: C1 = 0

( ) ygyx .�cos..�� = Perfil do fluxo de quantidade de movimento ou da tensão de cisalhamento.

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O fluido é Newtoniano →

dydVx

yx �� −=

Combinando as duas equações:

( )y

dydVx

.g.cos βρ−=

( )�� −= ydydVx

.g.cos βρ

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( )2

2

2.�.g.cos

CyVx +−= βρ

Condição de contorno: na interface sólido-líquido o líquido adere à superfície do sólido → y = δ � Vx = 0Logo:

( ) 22 2.�

.g.cos δβρ=C E tem-se:

( )���

���

��

�−=22

12.�

.cos.g.δ

βδρ yVx

Perfil de velocidade parabólico

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Alguns resultados que podem ser obtidos a partir da equação anterior:

1) Velocidade máxima ocorre para y = 0

( )2.�

.cos.g. 2

,

βδρ=máxxV

2) Velocidade média Vx ao longo de toda a seção transversal do filme (área W.∆y):

� �

� �= W

W

x

x

dzdy

dzdyVV

0 0

0 0

δ

δ Soma de todo o volume de líquido que atravessa a área (W.δ) por unidade de tempo.

Área de seção transversal por onde o líquido escoa = W.δ

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( )3.�

.cos.g. 2 βδρ=xV Velocidade média

3) Vazão volumétrica:

( )µ

βδρδ

.3cos....

V3

0 0

WgdzdyV

W

x == � �•

Note que:

( ) média e velocidad. seção de Área.. ==•

xVWV δ

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4) Espessura do filme:

( )βρµδcos..

..3g

Vx=

Escoamentos em filmes de interesse industrial:

•Evaporadores de película (ou filme) descendente → o fluido a ser concentrado por evaporação escoa descendentemente em um filme de espessura fina formado sobre a superfície interna de tubos verticais. Se δ <<< R, pode-se desprezar o efeito de curvatura da geometria cilíndrica.

Neste caso as equações anteriores são válidas com cos(β) = 1, pois os tubos são verticais.

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Para paredes verticais (p. ex. evaporadores de filme descendente):Escoamento laminar sem ondulações → Re < 4 a 25;Escoamento laminar com ondulações → 4 a 25 < Re < 1000 a 2000;Escoamento turbulento → Re > 1000 a 2000.Onde Re = número de Reynolds do escoamento.

WVW

V

V

xx

x

ρδρδ

µµρδ

.....

4...4Re

==Γ

Γ==

Vazão mássica por unidade de largura da parede (perímetro da parede cilíndrica).

No caso de um filme descendente em um tubo (δ <<< R), tem-se W = 2.π.R

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[ ]

[ ] aladimension

.

.Re

.

==

=

smkg

smkg

smkgΓ

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2° Caso: Escoamento no interior de tubos horizontais

Hipóteses:• Escoamento em baixa velocidade em um tubo de pequeno diâmetro

(escoamento laminar);• Regime permanente (características do escoamento são

independentes do tempo);• Fluido Newtoniano (fluido que segue a lei de Newton da

viscosidade);• Fluido é um meio contínuo;• Propriedades físicas constantes (µ e ρ são constantes, fluido é

incompressível);• Não há deslizamento na interface fluido-sólido (superfície da parede

sólida) → hipótese do não-deslizamento;• Efeitos de entrada e saída da tubulação horizontal, os quais

perturbam o escoamento laminar, devem ser desprezados.

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Selecionamos um volume de controle tipo capa cilíndrica (há simetria cilíndrica, logo usa-se coordenadas cilíndricas), com espessura ∆r e comprimento L, e realizamos o balanço de quantidade de movimento na direção axial x (direção do escoamento).

Taxa de Q.M. que entra junto com o escoamento na superfície anular em x=0

( )( )0

.....2=xxx VVrr ρ∆π

Taxa de Q.M. que sai junto com o escoamento na superfície anular em x=L

( )( )Lxxx VVrr

=.....2 ρ∆π

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Taxa de Q.M. que entra via atrito viscoso através da superfície cilíndrica em r

( )rrrxLr

=τπ ....2

Taxa de Q.M. que sai via atrito viscoso através da superfície cilíndrica em r+∆r

( )rrrrxLr ∆τπ

+=....2

Força devido à pressão na superfície anular em x=0

Força devido à pressão na superfície anular em x=L

( )( )0

...2=x

Prr ∆π

( )( )Lx

Prr=

− ∆π ...2

Força exercida pelo fluido situado em x < 0 sobre o fluido situado em x ≥ 0

Força exercida pelo fluido situado em x = Lsobre o fluido situado em x < L, por isso o

sinal negativo

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0sistema no atuandoforças das Soma

sai queM. Q. de Taxa

entra que M. Q. de Taxa

=

���

�+

���

�−

���

0PPox

== LLx

PP ==

( ) ( )( ) 0....2

....2....2

.....2.....2

0

2

0

2

=−+

+−+

+−

+==

==

L

rrrrxrrrx

Lxxxx

PPrr

LrLr

VrrVrr

∆πτπτπ

ρ∆πρ∆π

Escoamento em regime permanente de um fluido incompressível

( ) ( )22

0rrr

Lxxrrrxx rVrV

∆∆ +==

+== =

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Estamos comparando a velocidade do fluido em diferentes posições na direção do eixo (x = 0 e x = L), mas na mesma posição em direção ao raio (r = r + ∆r/2). Dividindo a equação por 2.π.L.∆r:

( ) ( )r

LPP

r

rrLrrxrrrx .

..0

��

� −=��

���

� −+

∆ττ ∆

( ) ( )r

LPP

r

rrLrrxrrrx

r.

..lim 0

0

��

� −=��

���

� −+

→ ∆ττ ∆

( ) rL

PPr

drd L

rx .. 0

��

� −=τ

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( ) ��

��

� −= rL

PPr

drd L

rx .. 0τ

1

20

2.. Cr

LPP

r Lrx +

��

� −=τ

rC

rLPP L

rx10 .

.2+

��

� −=τ

Condição de contorno: em r = 0 (centro do tubo), tem um valor finito. Neste caso, C1 = 0, pois para qualquer valor de C1 � 0,

0

1

=rrC assumiria um valor infinito.

rxτ

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rLPP L

rx ..2

0

��

� −=τ Perfil da tensão de cisalhamento

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Se o fluido é Newtoniano:dr

dVxyx �� −=

rLPP

drdV Lx .

.20

��

� −=− µ

��

���

� −−= drrLPP

dV Lx ..

..20

µ

220 .

..4Cr

LPP

V Lx +

���

� −−=µ

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Condição de contorno: r = R → Vx = 0 (hipótese do não-deslizamento).

Logo: 202 .

..4R

LPP

C L

���

� −=µ

( )���

���

��

�−−=22

0 1..4

.Rr

LRPP

V Lx µ

Perfil de velocidade para escoamento laminar em tubo → ÉPARABÓLICO.

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Vx,mín ocorre para r = R → Vx,mín = 0

Vx,máx ocorre para r = 0 →( )

LRPP L

..4.

V2

0máxx, µ

−=

Velocidade média:

� �

� �= π

π

θ

θ

2

0 0

2

0 0

..

...

R

R

x

x

ddrr

ddrrVV

( )L

RPPV L

x ..8. 2

0

µ−= máxxx VV ,2

1=

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Vazão volumétrica:

� �=• π

θ2

0 0

...R

x ddrrVV

( )L

RPPV L

..8.. 4

0

µπ −=

•Lei de Hagen-Poiseuille

Observe que:

escoamento do média Velocidade . escoamento do seção da Área=•

V

( ) ( )L

RPPL

RPPRV LL

..8..

..8... 4

02

02

µπ

µπ −=−=

• Mesmoresultado

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• Comentários sobre as hipóteses adotadas:Escoamento laminar: no interior de tubos o número de Reynolds édefinido como

µρ DVx ..

Re =

ρ = densidade do fluido

Vx = velocidade média do escoamento

D = diâmetro interno do tubo

µ = viscosidade do fluido

[ ] 3mkg=ρ

[ ] smVx =

[ ] mD =

[ ] ( )smkg

.=µ

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[ ]( )

alAdimension

.

..Re

3==

smkg

msm

mkg

[ ]Viscosas Forças

Inércia de ForçasRe =

Escoamento com velocidade constante

Atrito entre camadas com diferentes velocidades

Re < 2.100 → Escoamento laminar2.100 < Re < 10.000 → TransiçãoRe > 10.000 → Escoamento turbulento

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• Propriedades físicas constantes: � é função da temperatura e da composição; logo, no caso de fluido a temperatura constante e concentração uniforme � éconstante. � é função da temperatura, pressão e composição; no caso de líquidos homogêneos e com pouca variação de temperatura � constante é sempre uma boa hipótese (fluidos incompressíveis); no caso de gases ou vapores é necessário que a pressão seja baixa e varie pouco (fluidos compressíveis).

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• Desprezar os efeitos de entrada e saída: os resultados se aplicam após um comprimento de entrada Le = 0,035.D.Re, o qual garante o perfil parabólico perfeitamente desenvolvido.

• Fluido é um meio contínuo: isto só não é válido para gases ou vapores muito diluídos (pressões muito baixas = vácuo muito elevado) e/ou em capilares muito estreitos → neste caso o caminho livre médio molecular pode ser da ordem de grandeza do diâmetro do tubo.

• Não há deslizamento na parede: excelente hipótese sempre que as condições do item anterior (fluido é um meio contínuo) forem satisfeitas.

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Exercício sobre Quantidade de Movimento →Cálculo da Viscosidade de glicerina que escoa num tubo.

Glicerina → composto orgânico normalmente obtido como sub-produto dos processos de fabricação de óleos e sabões .

Devido a sua formula molecular C3H8O3, possui alta densidade.

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Problema: glicerina a 26,5 ºC escoa no interior de um tubo horizontal de 1 pé de comprimento e 0,1 polegada de diâmetro interno. Se a queda de pressão neste trecho é 40 psi e a vazão é 0,00398 pé3/min, determine a viscosidade da glicerina em cP. Dado: ρ26,5 ºC = 1,261 g/cm3.Solução:

LV

RPLRP

V..8

....8.. 44

•=�= ∆πµ

µ∆π

( )

( ) pé

pol

spé

polpé

pollbf

cmdyn

pollbf

1.1.00398,0.8

1.05,0.10.8947,6.40.

60min

min

412

4

3

2

2

2

��

=

πµ

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cP

Pscm

gs

cmdyn

492

92,4.

92,4.92,4 2

=

===

µ

µ

Este tubo funciona como um viscosímetro capilar.É necessário checar se o escoamento é mesmo LAMINAR:

( )( ) ( )( )( )( )scm

gpol

cm

cmg

spépol

polcmpé

pol

DVDV

.

min3min

92,4.54,2.1,0

261,1.601.12.54,2.00398,0

.4

Re

..

..4..Re

3

3

π

µπρ

µρ

=

==•

Re = 2,41 � Re < 2.100 � Escoamento Laminar.

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Checar se os efeitos de entrada e saída perturbam o escoamento:

Efeito de entrada → Le = 0,035.D.Re (Bird)

Le = 0,05.D.Re (Sissom)

Le ≈ (7-10).10-4 pés = (0,02-0,03) cm → efeitos de entrada desprezíveis.

L do tubo = 1 pé = 30,48 cm

Le = comprimento necessário para o desenvolvimento completo do perfil de velocidade