TCC - Versão Final Em 07-08-2010

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UFPA Análise Crítica da Automação de Subestações Baseada na Norma IEC 61850 Fábio Nogueira Batista 01/2010

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IEC 61850 THESIS

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UFPA

Análise Crítica da Automação de Subestações Baseada na

Norma IEC 61850

Fábio Nogueira Batista

01/2010

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INSTITUTO DE TECNOLOGIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO GUAMÁ BELÉM – PA

Universidade Federal do Pará

Instituto de Tecnologia Faculdade de Engenharia Elétrica

Fábio Nogueira Batista

Análise Crítica da Automação de Subestações Baseada na Norma IEC 61850

Trabalho submetido à Faculdade de Engenharia Elétrica para obtenção do grau de Engenheiro Eletricista. Orientadora: Profa Dra Maria Emília de Lima Tostes

Belém – PA 2010

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Análise Crítica da Automação de Subestações Baseada na Norma IEC 61850

Este trabalho foi julgado em __________ adequado para a obtenção do grau

de Engenheiro Eletricista, e aprovado na sua forma final pela banca examinadora

que atribuiu o conceito __________.

____________________________________________________ Profa Dra Maria Emília de Lima Tostes

Orientadora – FEE/UFPA

____________________________________________________ Profo Paulo Sérgio de Jesus Gama

Membro – FEE/UFPA

____________________________________________________ Prof. Dr. Cláudio Luciano da Rocha Conde

Membro – CESUPA

____________________________________________________ Profo Msc. Ronaldo Nonato Silva Lima

Diretor da Faculdade de Engenharia Elétrica – FEE/UFPA

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“Nós enxergamos apenas o que conhecemos”

Johann Wolfgang Von Goethe

Poeta e dramaturgo Alemão (1749-1832)

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AGRADECIMENTOS Aos meus pais e irmãos pelo inestimável apoio ao longo da minha vida.

À minha esposa pelo incentivo nos momentos de dificuldade, pelo carinho e

conforto sempre presentes.

Agradeço ao corpo docente da Faculdade de Engenharia Elétrica da

Universidade Federal do Pará, pela compreensão e apoio ao término do curso, e

especialmente ao Diretor da Faculdade, Profo MSc. Ronaldo Nonato Silva Lima.

Agradeço à Profa Dra Maria Emília de Lima Tostes a generosidade em dispor

do seu conhecimento na orientação deste trabalho e por despertar nos seus alunos

a paixão pela profissão da Engenharia.

Aos colegas da faculdade que ajudaram ao longo desta trajetória com seus

conselhos, palavras de incentivo e apoio nos momentos difíceis.

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LISTA DE SÍMBOLOS ABB Asea Brown Boveri ACSI Abstract Common Service Interface ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica ASE Applied Systems Engineering CD Committee Draft CDA Common Data Attributes CDC Common Data Classes CDV Committee Draft for Voting CELPA Centrais Elétricas do Pará S.A. CEPEL Centro de Pesquisas de Energia Elétrica CFE Comissión Federal de Eletricidad CID Configured IED Description CIGRÉ Conseil International des Grands Réseaux Électriques COPEL Companhia Paranaense de Energia CPFL Companhia Piratininga de Força e Luz CTEEP Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista DA Data Attributes DEC Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora DIC Duração de Interrupção Individual por Unidade Consumidora ou por

Ponto de Conexão DMIC Duração Máxima de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora

ou por Ponto de Conexão DNP Distributed Network Protocol DO Data Objects DPC Double Point Control DSP Digital Signal Processing DUT Device Under Test ELETROSUL Centrais Elétricas do Sul do Brasil S.A. EPRI Electric Power Research Institute FC Functional Constraints FEC Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora FDIS Final Draft International Standard FIC Frequência de Interrupção Individual por Unidade Consumidora GOOSE Generic Oriented Object Substation Event GOSFME Generic Object Models for Substation and Feeder Equipment GSE Generic Substation Events GSSE Generic Substation Status Events ICD IED Capability Description IEC International Electrotechnical Commission IED Intelligent Electronic Device IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers IHM Interface Homem Máquina IP Internet Protocol IRIG Inter-Range Instrumentation Group

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IS International Standard ISA Interconexión Eléctrica S.A LAPE Laboratório de Proteção Elétrica LC Logical Connections LD Logical Devices LN Logical Nodes LSSE Laboratório de Sistemas de Energia Elétrica MMS Manufacturing Message Specification MTBF Mean Time Between Failures MU Merging Unit NASA National Aeronautics and Space Administration NCIT Non Conventional Instrument Transformers Technology NWIP New Work Item Proposal OCIS Open Communication In Substations ONS Operador Nacional do Sistema PC Physical Connections PD Physical Device RCC Range Commanders Council SAS Substation Automation Systems SCADA Supervisory Control and Data Acquisition SCD Substation Configuration Description SCL Substation Configuration Language SCSM Specific Communication Service Mapping SEP sistemas especiais de proteção SIN Sistema Interligado Nacional SMV Sample Measured Values SSD System Specification Description TC Technical Committee TC Transformador de Corrente TCP Transmission Control Protocol TEP Tonelada Equivalente de Petróleo TISSUES Technical Issues TP Transformador de Potencial TR Technical Report TVA Tenesse Valley Authority UCA Utility Communications Architecture UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro UHE Usina Hidrelétrica WD Working Draft WG Working Groups XML Extensible Markup Language

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1.1: IMAGEM DA ILUMINAÇÃO DAS CIDADES DO PLANETA TERRA .......................................................... 13

FIGURA 1.2: CONSUMO DE ENERGIA PER CAPITA EM 2007 .................................................................................... 14

FIGURA 1.3: IMAGEM DO “APAGÃO” DE 2009 NA CAPITAL DO ESTADO DE SÃO PAULO ....................................... 16

FIGURA 1.4: RELÉ DE PROTEÇÃO DE TRANSFORMADOR ...................................................................................... 16

FIGURA 1.5: RELÉS ELETROMECÂNICOS ENCONTRADOS EM ALGUMAS SUBESTAÇÕES DA ELETRONORTE............ 17

FIGURA 1.6: DIFERENTES FUNÇÕES EXERCIDAS PELOS RELÉS DE PROTEÇÃO ....................................................... 18

FIGURA 1.7: DIVERSOS PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO EM UMA SUBESTAÇÃO ................................................. 19

FIGURA 1.8: CABOS DE COBRE DESCARTADOS NA MODERNIZAÇÃO DE UMA SUBESTAÇÃO .................................. 20

FIGURA 1.9: CABOS RETIRADOS APÓS A DIGITALIZAÇÃO DA SUBESTAÇÃO SANTO ANTÔNIO DE POSSE .............. 20

FIGURA 1.10: MODELO CONCEITUAL DE SMART GRID ........................................................................................... 24

FIGURA 1.11: A RELEVÂNCIA DA IEC-61850 NO CONTEXTO DO SMART GRID ....................................................... 24

FIGURA 2.1: EVOLUÇÃO TEMPORAL DOS SAS ..................................................................................................... 39

FIGURA 3.1: DIVERSOS PROTOCOLOS ENCONTRADOS EM SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO .......................................... 41

FIGURA 3.2: MEMBROS DOS GRUPOS DE TRABALHO (WORKING GROUPS) DO TC57 ............................................. 44

FIGURA 3.3: SEQÜÊNCIA DE APROVAÇÃO DA IEC-61850..................................................................................... 47

FIGURA 3.4: ARQUITETURA MULTIFABRICANTE TESTADA COM SUCESSO NO PROJETO OCIS .............................. 48

FIGURA 3.5: INTEGRAÇÃO DAS FUNÇÕES DE PROTEÇÃO E CONTROLE EM UM MESMO IED ................................... 49

FIGURA 3.6: DIFERENTES TOPOLOGIAS DE REDE SUPORTADAS PELA IEC-61850 ................................................. 49

FIGURA 3.7: A LINGUAGEM DE CONFIGURAÇÃO DE SUBESTAÇÃO (SCL) ............................................................ 50

FIGURA 3.8: ESQUEMA DE TESTE DE CONFORMIDADE DE UM SISTEMA ................................................................ 50

FIGURA 3.9: MODELO DE DADOS BASEADO NO CONCEITO DE ORIENTAÇÃO A OBJETOS ....................................... 51

FIGURA 3.10: MODELO DE DADOS SIMPLIFICADO DE UM DISJUNTOR SEGUNDO A IEC-61850 .............................. 52

FIGURA 3.11: HIERARQUIA DA DECOMPOSIÇÃO LÓGICA DE UM DISPOSITIVO FÍSICO ............................................ 53

FIGURA 3.12: NÓS LÓGICOS RELACIONADOS AO GRUPO FUNÇÃO DE PROTEÇÃO .................................................. 54

FIGURA 3.13: OBJETOS DE DADOS QUE CONSTITUEM O NÓ LÓGICO XCBR .......................................................... 55

FIGURA 3.14: DEFINIÇÃO DOS ATRIBUTOS (DATA ATTRIBUTES) DO OBJETO DE DADOS POS .................................. 56

FIGURA 3.15: ESTRUTURA EM ÁRVORE DO OBJETO DE DADOS POS PERTENCENTE AO NÓ LÓGICO XCBR ............ 57

FIGURA 3.16: RESTRIÇÕES FUNCIONAIS DEFINIDAS PELA IEC-61850 .................................................................. 57

FIGURA 3.17: NOMENCLATURA PADRONIZADA PELA IEC-61850 ........................................................................ 58

FIGURA 3.18: ESTRUTURA GERAL DO MODELO DE DADOS SEGUNDO A IEC-61850 .............................................. 58

FIGURA 3.19: ESTRUTURA DA LINGUAGEM DE CONFIGURAÇÃO DE SUBESTAÇÃO DEFINIDA PELA NORMA ........... 60

FIGURA 3.20: TRECHO DE UM ARQUIVO SCL ....................................................................................................... 61

FIGURA 3.21: JANELA DO SOFTWARE OPENSCL TOOLS ....................................................................................... 61

FIGURA 3.22: JANELA DO SOFTWARE VISUAL SCL®, PROPRIEDADE DA ASE, INC. .............................................. 62

FIGURA 3.23: ARQUITETURA DO SISTEMA DE CONFIGURAÇÃO QUE UTILIZA A LINGUAGEM SCL ......................... 63

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FIGURA 3.24: ETAPAS DO PROCESSO DE PROJETO DE SISTEMA DE AUTOMAÇÃO DE SUBESTAÇÕES ...................... 63

FIGURA 3.25: CONFIGURADOR DE SISTEMA DE AUTOMAÇÃO ............................................................................... 64

FIGURA 3.26: ARQUITETURA DE COMUNICAÇÃO ................................................................................................. 66

FIGURA 3.27: NÍVEIS E INTERFACES LÓGICAS DE UM SISTEMA DE AUTOMAÇÃO DE SUBESTAÇÕES ...................... 67

FIGURA 3.28: ESTRUTURA DE ALOCAÇÃO DE FUNÇÕES ....................................................................................... 67

FIGURA 3.29: COMUNICAÇÃO NO MODO VERTICAL ............................................................................................. 68

FIGURA 3.30: MODOS HORIZONTAIS DE TRANSMISSÃO DE DADOS ....................................................................... 69

FIGURA 3.31: COMUNICAÇÃO NO MODO HORIZONTAL ......................................................................................... 69

FIGURA 3.32: SINCRONIZAÇÃO DO TEMPO PADRÃO IRIG-B ................................................................................ 70

FIGURA 3.33: SERVIDOR DE TEMPO IRIG-B PRODUZIDO PELA MEINBERG® ........................................................ 71

FIGURA 3.34: TIPOS DE MENSAGENS DEFINIDAS PELA IEC-61850 ....................................................................... 72

FIGURA 3.35: TRANSMISSÃO DE MENSAGENS GOOSE ........................................................................................ 72

FIGURA 3.36: MECANISMO DE RETRANSMISSÃO DE MENSAGEM GOOSE ............................................................ 73

FIGURA 3.37: UNIDADE DE CONFORMAÇÃO DE DADOS (MERGING UNIT) ............................................................. 74

FIGURA 3.38: UNIDADE DE CONFORMAÇÃO DE DADOS (MERGING UNIT) MONTADA EM CAMPO .......................... 74

FIGURA 3.39: ASPECTO CONSTRUTIVO DE UMA MERGING UNIT ........................................................................... 75

FIGURA 3.40: DIAGRAMA DE BLOCO SIMPLIFICADO DE UMA MERGING UNIT ....................................................... 75

FIGURA 3.41: CERTIFICADO DE CONFORMIDADE EMITIDO PELA KEMA .............................................................. 76

FIGURA 3.42: CONEXÃO FÍSICA PARA TESTES FUNCIONAIS .................................................................................. 77

FIGURA 3.43: EQUIPAMENTOS DE TESTE DE CONFORMIDADE DA OMICRON® ...................................................... 77

FIGURA 3.44: UTILIZAÇÃO DOS DADOS DE CONFIGURAÇÃO NOS TESTES DO SISTEMA .......................................... 78

FIGURA 4.1: GRÁFICO DOS CICLOS DE TENDÊNCIA GARTNER ............................................................................. 81

FIGURA 4.2: GRÁFICO DOS CICLOS DE TENDÊNCIA PARA O PANORAMA MUNDIAL DA IEC-61850 ........................ 83

FIGURA 5.1: EVOLUÇÃO DAS COMUNICAÇÕES DOS IED....................................................................................... 87

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LISTA DE TABELAS TABELA 1.1 - INDICADORES DE QUALIDADE DE ENERGIA: MÉDIA ANUAL BRASILEIRA ...................................... 15

TABELA 1.2 - IMPACTOS DA ADOÇÃO DA NORMA IEC-61850 FRENTE AOS PROTOCOLOS PROPRIETÁRIOS ........... 22

TABELA 3.1 - DATAS DE INÍCIO DAS ATIVIDADES E DE PUBLICAÇÃO DAS PARTES DA NORMA IEC-61850 ........... 47

TABELA 3.2 - GRUPOS DE NÓS LÓGICOS DEFINIDOS PELA IEC-61850 .................................................................. 53

TABELA 3.3 - ARQUIVOS DE CONFIGURAÇÃO DA SCL ......................................................................................... 59

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SUMÁRIO Capítulo 1 – Introdução .......................................................................................... 13

1.1 Aspectos gerais........................................................................................................................... 13 1.2 A norma IEC 61850 .................................................................................................................... 18 1.3 Objetivos ..................................................................................................................................... 25

1.3.1 Objetivo geral ....................................................................................................................... 25 1.3.2 Objetivos específicos ........................................................................................................... 25

1.4 Organização do texto .................................................................................................................. 25

Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica ......................................................................... 27

2.1 Visão geral .................................................................................................................................. 27 2.2 Experiências de aplicação da IEC-61850 ................................................................................... 31 2.3 Testes de sistemas baseados na norma .................................................................................... 34 2.4 Perspectivas futuras proporcionadas pelo padrão ..................................................................... 38

Capítulo 3 – A Norma IEC-61850 ............................................................................ 41

3.1 Histórico ...................................................................................................................................... 41 3.2 Principais características da norma ............................................................................................ 47 3.3 Modelo de dados......................................................................................................................... 51 3.4 Linguagem de Configuração de Subestação .............................................................................. 59 3.5 A comunicação na visão da IEC-61850 ...................................................................................... 65

3.5.1 Arquitetura de comunicação ................................................................................................ 65 3.5.2 Mensagens GOOSE e SMV ................................................................................................ 71

3.6 Testes de conformidade e do sistema ........................................................................................ 75

Capítulo 4 – Avaliação Crítica da Norma IEC-61850 ............................................. 79

4.1 Análise da necessidade de adoção da IEC-61850 ..................................................................... 79 4.1.1 Metodologia dos Ciclos de Tendência da Gartner Research .............................................. 79 4.1.2 Análise da IEC-61850 conforme a metodologia dos ciclos de tendência ........................... 81

4.2 Barreiras e limitações da IEC-61850 .......................................................................................... 84

Capítulo 5 – Conclusões ......................................................................................... 86

5.1 Sugestão para trabalhos futuros ................................................................................................. 88

Referências .............................................................................................................. 89

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RESUMO O presente trabalho tem como finalidade apresentar os fundamentos da

norma IEC 61850, analisando as experiências obtidas a partir da aplicação do

referido padrão de comunicação de dados nos processos de supervisão, controle e

automação de subestações. Este trabalho também apresenta o histórico do

processo discussão, criação e estabelecimento da mencionada norma pelo

International Electrotechnical Commission (IEC), além de analisar as vantagens

técnicas e econômicas percebidas no processo de implantação do padrão nas

instalações novas ou existentes, suas limitações operacionais e os mais recentes

avanços na área de automação de subestações proporcionados pela padronização

do protocolo de comunicação de dados entre dispositivos de diferentes fabricantes.

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Capítulo 1 – Introdução

1.1 Aspectos gerais

O grau de desenvolvimento de uma nação pode ser medido pelo consumo de energia

elétrica da sua sociedade. A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) divulga na sua

página na Internet (http://visibleearth.nasa.gov) imagens noturnas do planeta Terra geradas

por satélite. Os pontos claros da FIG. 1.1 apontam os países que mais consomem energia

elétrica segundo a sua urbanização, indicando a correlação existente entre consumo de energia

elétrica e desenvolvimento.

FIGURA 1.1: Imagem da iluminação das cidades do planeta Terra

Fonte: MAYHEW; SIMMON (2000)

Segundo Goldemberg (1998), na maioria dos países onde o consumo de energia

comercial per capita está abaixo de uma Tonelada Equivalente de Petróleo (TEP) por ano, as

taxas de analfabetismo, mortalidade infantil e fertilidade total são altas e a expectativa de vida

é baixa. Goldemberg também afirma que o consumo de energia acima de 1TEP/ano é

essencial ao desenvolvimento de uma nação, além do que, os países onde o patamar de

2TEP/ano é ultrapassado possuem condições sociais consideravelmente melhores. A FIG. 1.2

mostra o consumo anual de energia elétrica per capita em TEP no ano de 2007.

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FIGURA 1.2: Consumo de energia per capita em 2007

Fonte: BP Global (2008 citado por ANEEL, 2008)

De acordo com a terceira edição do Atlas de Energia Elétrica do Brasil (ANEEL,

2008), o país superou, no ano de 2007, a marca de 100 mil MW em potência instalada, 75%

de fonte hídrica e 25% de fonte térmica. Dados de setembro de 2008 fornecidos pelo Atlas

indicam a existência de aproximadamente 61 milhões de unidades consumidoras em 99% dos

municípios brasileiros, dos quais 85% são consumidores residenciais.

Para que a demanda da sociedade por energia elétrica seja plenamente satisfeita, é

necessário garantir que este recurso esteja disponível em quantidade suficiente e que seja

fornecido continuamente com qualidade. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),

órgão regulador do sistema elétrico brasileiro, estabeleceu na resolução no 24 de 27 de janeiro

de 2000 os indicadores destinados a mensurar a qualidade de energia elétrica fornecida pelas

concessionárias. Nesta resolução, foram definidos indicadores como o DEC (Duração

Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora), o DIC (Duração de Interrupção

Individual por Unidade Consumidora ou por Ponto de Conexão), o DMIC (Duração Máxima

de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora ou por Ponto de Conexão), medidos em

número de horas. Além destes indicadores, a citada resolução da ANEEL também define o

FEC (Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) e o FIC (Frequência

de Interrupção Individual por Unidade Consumidora), medidos em número de interrupções no

fornecimento de energia elétrica ao consumidor em um determinado período de observação. A

TAB. 1.1 mostra a evolução do DEC e FEC médio anual brasileiro entre os anos de 1997 e

2007.

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TABELA 1.1

Indicadores de Qualidade de Energia: Média Anual Brasileira

ANO DEC FEC

1997 27,19 21,68

1998 24,05 21,68

1999 19,85 17,59

2000 17,44 15,29

2001 16,57 14,56

2002 18,07 14,84

2003 16,66 13,12

2004 15,81 12,12

2005 16,83 12,62

2006 16,33 11,71

2007 16,08 11,72

Fonte: ANEEL (2008)

Pode-se observar a queda de aproximadamente 40% no DEC e de 46% no FEC entre

os anos de 1997 e 2007, resultado do estabelecimento das metas de qualidade de fornecimento

de energia pelo órgão regulador do setor elétrico. A perspectiva restritiva imposta pela

regulamentação estimulou a busca por tecnologias mais eficientes e automatizadas de

supervisão, controle e proteção de sistemas elétricos de potência.

A interrupção no fornecimento de energia elétrica pode ser bastante prejudicial para a

sociedade moderna. A exemplo do que aconteceu no dia 11 de novembro de 2009, o sistema

elétrico brasileiro experimentou as sérias consequências de falhas nos sistemas de transmissão

e distribuição da energia elétrica gerada pela UHE Itaipu.

Neste emblemático episódio, foram afetados dezoito Estados das regiões sul, sudeste,

centro-oeste e nordeste, além do Paraguai. Sinais de trânsito, metrôs, indústrias, comércios,

hospitais e residências ficaram sem energia durante mais de três horas. A imprensa e a

sociedade brasileira questionaram intensamente a confiabilidade da rede de transmissão e do

parque de subestações do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Alguns dos fatores que contribuem para a interrupção do fornecimento de energia

elétrica podem estar associados a fenômenos naturais como os raios, chuvas ou ventania.

Aspectos de natureza aleatória como falhas de equipamentos e acidentes envolvendo o

sistema, além de operações e manobras normais, como surtos de chaveamento, bancos de

capacitores e atividades de manutenção também podem afetar o fornecimento de energia

elétrica, conforme aponta Oleskovicz (2007 citado por Miranda, 2009).

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FIGURA 1.3: Imagem do “apagão” de 2009 na capital do Estado de São Paulo

Fonte: GUATELLI (2009)

Miranda (2009) afirma que os efeitos dos distúrbios de energia nos equipamentos

eletrônicos podem resultar na perda das instruções de programação, alteração na informação

de endereços e nas memórias, travamento de processos, falha na composição de imagens,

interferências em medições, reinicializações e desligamentos indesejados, além de

acionamento incorreto de dispositivos.

Para assegurar a continuidade e a qualidade do fornecimento de energia elétrica, seja

limitando a duração e frequência das interrupções seja protegendo os equipamentos e as

instalações de condições anormais de funcionamento da rede, devem ser implementados

esquemas de supervisão, proteção e controle de sistemas elétricos de potência.

Mais recentemente, pelo desenvolvimento e disponibilidade de novas tecnologias ao

setor elétrico, as funções de supervisão, proteção e controle vem sendo realizadas por

dispositivos microprocessados (relés digitais) capazes de realizar múltiplas funções no mesmo

equipamento. A FIG. 1.4 mostra um dispositivo eletrônico de proteção de transformador do

fabricante Asea Brown Boveri (ABB).

FIGURA 1.4: Relé de Proteção de Transformador

Fonte: ABB (2010)

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Embora a tecnologia dos relés microprocessados esteja disponível, os relés

eletromecânicos ainda podem ser encontrados funcionando perfeitamente em algumas

subestações e continuam a ser fabricados e comercializados pela indústria. Parte da resistência

à mudança do paradigma analógico para o digital pode ser explicada pela característica

conservadora do setor elétrico, pelo alto custo dos equipamentos analógicos, pela estabilidade

operativa dos equipamentos e pelo amplo conhecimento sobre o funcionamento dos relés

eletromecânicos. Porto (2009) apresenta exemplos de relés eletromecânicos em operação nas

subestações das Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte), conforme mostram

as FIG. 1.5 (a), 1.5 (b) e 1.5 (c).

(a) (b) ©

FIGURA 1.5: Relés eletromecânicos encontrados em algumas subestações da Eletronorte

(a) Relé de sobre-corrente

(b) Relé de distância

(c) Relé diferencial

Fonte: PORTO (2009)

Segundo Pereira e Spritzer (2007), a partir da consolidação da tecnologia

microprocessada dos relés digitais foi possível alcançar menores custos de operação e

manutenção de uma subestação, com maior precisão nas medidas coletadas, maior rapidez de

operação, maior número de funções de proteção integradas, maior flexibilidade de faixas de

ajuste de proteção, menor necessidade de manutenção, com maior tempo médio entre falhas

(Mean Time Between Failures – MTBF), maior confiabilidade do sistema e menor desgaste de

peças internas do dispositivo a partir da redução das partes móveis no equipamento de

proteção, redução do espaço físico, além da maior capacidade de comunicação, pois as novas

tecnologias baseadas no padrão Ethernet permitem velocidades de transmissão de dados na

faixa de 100Mbits/s a 1Gbit/s. Os referidos autores ainda apontam redução de custos com

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18

operadores, já que a automação dos processos permite que a subestação fique desassistida, a

garantia de continuidade do fornecimento de energia elétrica durante a transição para o novo

paradigma, a maior gama de informações disponibilizada ao usuário, com consequente

facilidade na tomada rápida de decisões a partir do acesso remoto aos dados do equipamento

em tempo real, e o incremento nos ativos da empresa com a modernização do seu parque

tecnológico instalado.

As FIG. 1.6 (a) e 1.6 (b) mostram como atualmente os relés digitais podem incorporar

várias funções dentro de uma instalação. Na FIG. 1.6 (a), um relé diferencial de linha pode

comandar um outro relé de proteção de transformador, assim como a FIG. 1.6 (b) mostra um

relé de proteção de transformador monitorando dois transformadores ao mesmo tempo.

(a) (b)

FIGURA 1.6: Diferentes funções exercidas pelos relés de proteção

(a) Relé diferencial de linha comandando um outro relé de proteção de transformador

(b) Relé de proteção de transformador monitorando dois transformadores

Fonte: SANTOS; PEREIRA (2007)

1.2 A norma IEC 61850

Com a crescente disponibilidade de equipamentos computadorizados, os sistemas

elétricos de potência vinham experimentando descompasso entre a vida útil mais longa do

hardware em contraponto ao curto ciclo de vida dos softwares aplicativos os quais vem

incorporando cada vez mais rápido novas funcionalidades aos dispositivos de automação.

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Considerando que a expectativa de vida útil dos equipamentos presentes nos sistemas

elétricos de potência pode facilmente ultrapassar trinta anos, o grande desafio de automatizar

tais sistemas consiste em proporcionar a comunicação entre dispositivos de diversos

fabricantes, além de permitir a substituição de equipamentos no final da sua vida útil por

componentes mais atualizados, mesmo que produzidos por fabricantes diferentes.

Em uma subestação é bastante comum encontrar relés digitais produzidos por vários

fabricantes e, em alguns casos, de gerações tecnológicas diferentes. Portanto, da necessidade

de estabelecer a comunicação entre dispositivos de vários fabricantes tornou-se imperativo

elaborar softwares de interface de comunicação, os chamados gateways. Estes programas de

conversão, ou tradução, entre protocolos proprietários de comunicação de dados

incorporavam custo adicional ao sistema de supervisão, proteção e controle, tornando a sua

implantação mais demorada e o tempo de resposta a falhas ou a eventos mais lento.

Marquez et al (2003) afirmam que nesta perspectiva os projetos e o comissionamento

de subestações contavam com custos mais altos em função da complexidade do sistema, seja

pelo crescente número de dispositivos funcionando com inúmeros protocolos proprietários de

uma diversidade de fabricantes, seja pela dificuldade de implementação de modificações ou

novas funcionalidades realizadas diretamente no hardware.

A FIG. 1.7 mostra exemplos de diversos protocolos de comunicação existentes no

mercado, ilustrando a complexidade da questão da comunicação de dados nas subestações.

FIGURA 1.7: Diversos protocolos de comunicação em uma subestação

Fonte: SANTOS; PEREIRA (2007)

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20

Por outro lado, a necessidade de instalação de um grande número de cabos e fiações de

comando e controle dentro da subestação por conta de dispositivos analógicos, como os relés

eletromecânicos, era outro aspecto relevante que vinha contribuindo para tornar o sistema

mais complexo, além do que se tornava imperativa a presença de vários dispositivos

redundantes para aumentar a confiabilidade do sistema e a consequente criação de

complicadas lógicas com relés para intertravamento de processos, o que implicava custos

adicionais de operação em virtude da dificuldade no gerenciamento e manutenção das

instalações, conforme apontam Pellini e Yamada (2001). As FIG. 1.8 e 1.9 mostram a grande

quantidade de cabos de cobre descartados na modernização de duas subestações.

FIGURA 1.8: Cabos de cobre descartados na modernização de uma subestação

Fonte: DOLEZILEK; WHITEHEAD; SKENDZIC (2010)

FIGURA 1.9: Cabos retirados após a digitalização da subestação Santo Antônio de Posse

Fonte: KIMURA (2009)

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Conforme Pereira et al (2007), é possível reduzir sensivelmente a quantidade de cabos

e de pontos de entrada e saída dos equipamentos digitais se houver compartilhamento das

várias informações do processo entre os diversos subsistemas. Deste modo, as informações

relacionadas a um processo podem ser coletadas pelos relés de proteção e compartilhadas com

o sistema de supervisão e controle, otimizando o uso da grande quantidade de memória

distribuída pelo sistema. A integração das funções de proteção, supervisão e controle pode

assim reduzir o número de cabos e equipamentos, simplificar o projeto, reduzindo custos e

aumentando a confiabilidade do sistema.

Entre os anos de 2002 e 2005, depois de vários anos de estudos, a Comissão

Eletrotécnica Internacional (IEC) publicou a norma internacional intitulada IEC-61850 que

tem como finalidade padronizar o protocolo de comunicação de dados entre dispositivos de

diferentes fabricantes presentes nas subestações, de tal modo que futuros avanços

tecnológicos possam ser incorporados aos dispositivos eletrônicos, evitando conflitos de

integração entre equipamentos de diversas gerações tecnológicas. As consequências diretas da

padronização são a interoperabilidade e a possibilidade de intercambialidade entre

dispositivos eletrônicos de fabricantes diferentes.

Segundo Miranda (2009), por intercambialidade, entende-se a possibilidade de

permutação ou substituição de equipamentos produzidos por diferentes fabricantes sem que

seja necessário alterar os demais elementos constituintes do sistema. Por interoperabilidade,

compreende-se a possibilidade de troca de informações entre dois ou mais equipamentos de

inteligência semelhante, em que o receptor deve entender a estrutura de dados e o seu

significado baseado nos atributos de dados recebidos na comunicação, compartilhando

informações entre dispositivos de diversos fabricantes sem a necessidade de conversores de

protocolos (gateways).

A IEC-61850 é composta por dez partes que tratam detalhadamente dos requisitos

necessários à automação de subestações. Miranda (2005), assim como Mackiewicz (2006),

aponta as seguintes vantagens da adoção da norma estabelecida pela IEC:

Comunicação em alta velocidade entre dispositivos;

Comunicação entre redes do sistema;

Interoperabilidade entre equipamentos de diferentes fabricantes;

Facilidade para amostragem de valores de corrente e tensão;

Auto-configuração dos dispositivos;

Alta confiabilidade e segurança.

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22

Miranda (2005) realizou análise comparativa da adoção da IEC-61850 em relação aos

protocolos proprietários, obtendo os resultados resumidos na TAB. 1.2.

TABELA 1.2

Impactos da adoção da norma IEC-61850 frente aos protocolos proprietários

Descrição Protocolos

Proprietários IEC-61850

Impacto (Em relação à IEC-61850)

Equipamento $ $$ Negativo

Instalação $$ $ Positivo

Configuração $ $ Similar

Manutenção e Reconfiguração $$$ $ Positivo

Flexibilidade $$$ $ Positivo

Escalabilidade $$$ $ Positivo

Fonte: MIRANDA (2005)

Mackiewicz (2006) enumera alguns benefícios obtidos com a adoção da norma IEC-

61850 e que não são contemplados pelos protocolos proprietários. Segundo o referido autor, a

implementação da norma permite menores custos de instalação, percebido pelos menores

custos com cabeamento, conduítes, dutos e com construção civil, menores custos com

transdutores, redução de custos de comissionamento, menores custos de migração já que é

pequena a diferença entre os equipamentos de diferentes fabricantes, menores custos com

escalabilidade, ou seja, extensões do sistema são realizadas de modo mais simples sem que

seja necessária a total reconfiguração dos dispositivos. A adoção da norma também resulta em

redução de custos de integração, pois a padronização permite que as subestações sejam

integradas através da mesma tecnologia de comunicação em vários níveis, além da facilidade

de implementação de novas funcionalidades.

Outros diferenciais da norma estão relacionados à definição do modelo abstrato de

dados e serviços os quais representam as funções de supervisão, proteção e controle de

subestações, aos padrões de testes de conformidade em relação aos requisitos da norma, além

da definição da linguagem de configuração dos dispositivos de automação presentes na

subestação, denominada SCL (Substation Configuration Language), a qual se baseia na

sintaxe XML (eXtensible Markup Language). Esta última facilidade permite a rápida

configuração dos dispositivos de automação, economizando esforços e custos com a

configuração do sistema. Mackiewicz (2006) exemplifica que um relé digital baseado na IEC-

61850 tem a capacidade de detectar e reconhecer Transformadores de Corrente (TC) e

Transformadores de Potencial (TP), automaticamente e sem a interação do usuário, quando

conectados à entrada do dispositivo.

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23

A IEC-61850 utiliza a modelagem de dados orientada a objetos a partir da definição de

nós lógicos (Logical Nodes – LN) que são agrupamentos funcionais de dados que

correspondem às menores funções dentro da subestação, como uma chave seccionadora. A

cada nó lógico estão associados os objetos de dados (Data Objects – DO) e os atributos de

dados (Data Attributes – DA) que representam informações como a sua posição (fechada ou

aberta), o seu modo de operação (local ou remoto), o número de acionamentos, dentre outros.

A coleção de nós lógicos corresponde aos dispositivos lógicos (Logical Devices – LD) os

quais estão relacionados às funções mais gerais dentro da subestação, como a proteção de

distância. Por sua vez, os vários dispositivos lógicos são agrupados no dispositivo físico

(Physical Device – PD), correspondendo ao equipamento que se conecta à rede de

comunicação, como o relé digital. Este componente é conhecido como dispositivo eletrônico

inteligente (Intelligent Electronic Device – IED).

No intuito de contemplar os variados aspectos de supervisão, controle e proteção de

subestações, a norma IEC-61850 estabelece 92 nós lógicos identificados por um acrônimo de

4 letras. Por exemplo, o nó lógico XCBR identifica um disjuntor, assim como o nó lógico

CSWI identifica o controlador de uma chave seccionadora ou disjuntor e o nó lógico PTOC

identifica a proteção temporizada de sobre-corrente (FREITAS;LEMOS, 2009).

Em resumo, a IEC-61850 foi elaborada a partir do esforço de vários especialistas na

área de automação de sistemas elétricos de potência a nível internacional em conjunto com os

diversos fabricantes de equipamentos, tendo como finalidade padronizar e consolidar a

importância do software nos sistemas de automação de subestações, em virtude da evolução

tecnológica proporcionada pelos dispositivos eletrônicos inteligentes (IED) baseados em

microprocessadores e pelas tecnologias de comunicação de dados disponíveis atualmente.

Santos e Pereira (2007) afirmam que a norma IEC-61850 está passando por um estágio

de experimentação, buscando romper paradigmas que impedem avanços na implementação do

padrão inovador. Os autores também ressaltam a importância de qualificação do pessoal e a

realização de experimentos práticos que subsidiem a estratégia de ruptura com a geração

tecnológica anterior baseada nos múltiplos protocolos proprietários.

Mais recentemente, a partir da introdução e consolidação da tecnologia das

comunicações no setor elétrico, vem acontecendo movimentações da indústria, da academia e

dos órgãos de normalização no sentido de integrar sistemas de energia elétrica dentro do

conceito de redes de energia inteligentes, os chamados smart grids.

A FIG. 1.10 mostra o modelo conceitual do smart grid, destacando as interconexões

entre os diferentes sistemas envolvidos.

Page 24: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

24

FIGURA 1.10: Modelo conceitual de smart grid

Fonte: INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION (2010)

Neste contexto, a IEC-61850 tem responsabilidade de integrar os sistemas de

distribuição de energia à rede de energia inteligente, como mostra a FIG. 1.11.

FIGURA 1.11: A relevância da IEC-61850 no contexto do smart grid

Fonte: INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION (2010)

Page 25: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

25

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

O presente trabalho tem como objetivo geral apresentar os fundamentos da norma IEC

61850, analisando criticamente as vantagens, as limitações e os desafios da implementação da

norma nos sistemas de supervisão, controle e proteção de subestações, a partir das

experiências nacionais e internacionais relatadas na literatura especializada.

1.3.2 Objetivos específicos

No intuito de alcançar o objetivo geral, serão tratados os seguintes aspectos:

Descrever as vantagens da evolução dos sistemas de supervisão,

controle e proteção de subestações de energia elétrica;

Conhecer o estado da arte do padrão IEC-61850;

Analisar criticamente as vantagens e limitações da aplicação da

norma a partir de experiências nacionais e internacionais;

Discutir os procedimentos de testes de conformidade do sistema de

supervisão, controle e proteção de subestações;

Conhecer as perspectivas futuras de evolução da norma.

1.4 Organização do texto

O texto está organizado em cinco capítulos os quais exploram diferentes aspectos

relacionados à norma IEC-61850 intitulada “Redes de Comunicação e Sistemas para

automação de Concessionárias de Energia Elétrica”.

O primeiro capítulo apresenta a importância da energia elétrica para a sociedade,

mostrando a correlação existente entre os indicadores de qualidade do fornecimento de

energia elétrica e a modernização dos sistemas de automação de subestações. Em seguida, são

apresentadas as dificuldades percebidas antes do surgimento da IEC-61850, principalmente no

que concerne ao grande número de protocolos e gateways presentes nas subestações. No

intuito de conhecer as potencialidades da norma, são enumeradas as vantagens técnicas e

econômicas da adoção do referido padrão e suas características principais.

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26

No capítulo 2 são analisados os trabalhos publicados na literatura especializada no que

diz respeito à IEC-61850, sendo apresentada a visão geral da norma, as experiências práticas

na utilização do padrão, os testes de sistemas baseados na norma e as perspectivas futuras da

IEC-61850 apontada por estudiosos do tema.

Posteriormente, o capítulo 3 se destina ao conhecimento dos detalhes da norma. Neste

capítulo é apresentado o histórico que levou à criação da IEC-61850 pelo Comitê

Eletrotécnico Internacional (IEC), assim como são detalhadas as características da norma, o

modelo de dados utilizado pelo padrão, a linguagem de configuração de subestação, a

arquitetura de comunicação, o mecanismo de troca de mensagens de alta prioridade (GOOSE

e GSSE) e os testes de conformidade e de sistema.

O capítulo 4 é reservado para a análise crítica da adoção do padrão pelas

concessionárias de energia, suas barreiras e limitações sob os pontos de vista técnico e

econômico, discutindo a situação atual a nível mundial, nacional e regional, além da

viabilidade da adoção do padrão pelas concessionárias utilizando o conceito gráfico dos ciclos

de tendência desenvolvido pela Consultoria Gartner®.

Ao final, no capítulo 5 são apresentadas as conclusões do trabalho realizado,

enumerando os seus pontos de continuidade.

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27

Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

O surgimento de um novo paradigma é sempre acompanhado de um período que

envolve incertezas, insegurança e resistência. Por outro lado, é um momento inspirador para

exercitar a inovação e a capacidade de romper com antigos modelos.

Desde que a norma IEC-61850 tornou-se realidade, muito esforço vem sendo realizado

pelos engenheiros, pesquisadores e pela indústria na direção de conhecer e explorar ao

máximo as potencialidades deste novo padrão de automação de subestações, já que se trata da

evolução de um paradigma baseado em hardware com foco em sinais físicos, para uma

filosofia baseada em software com ênfase em dados e informações, permitindo

fundamentalmente maiores velocidades de comunicação e menores custos de operação do

sistema.

A seguir são apresentados os resultados de pesquisas e aplicações em quase uma

década de vigência da norma IEC-61850, relatando os assuntos mais abordados pelos autores

na literatura especializada.

2.1 Visão geral

Os primeiros artigos referentes ao novo padrão de comunicação de dispositivos de

supervisão, controle e proteção de subestações procuraram mostrar principalmente as

vantagens da tecnologia dos dispositivos e das filosofias de projeto baseados na norma. Nos

primeiros cinco anos que se seguiram ao lançamento da IEC-61850, as dificuldades e

limitações inerentes à adoção do novo paradigma foram pouco retratadas nos trabalhos

técnicos e acadêmicos.

Oliveira, Schubert e Wong (2003) apresentam como desafio da automação de

subestações a integração de dispositivos, dada a multiplicidade de protocolos de comunicação

existentes, destacando os altos custos envolvidos no desenvolvimento de dispendiosos

gateways (conversores de protocolo) e no maciço treinamento de pessoal para a operação de

equipamentos funcionando com diferentes protocolos. Os autores apontam as dificuldades de

investimento das concessionárias de energia na modernização do seu parque de subestações

quando se deparam com a grande diferença entre o extenso ciclo de vida dos equipamentos de

campo que fica em torno de 40 anos em comparação ao curto ciclo de vida dos equipamentos

de controle e proteção, geralmente em torno de 15 anos. Segundo os autores, a busca por um

Page 28: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

28

único protocolo mundialmente padronizado deve pressupor redução nos custos com

dispositivos de controle e proteção de modo que a interoperabilidade entre equipamentos seja

viável economicamente, assegurar os investimentos realizados na modernização dos

dispositivos a partir da intercambialidade de equipamentos de gerações tecnológicas

diferentes com um mínimo de alterações, simplificar a engenharia envolvida nos projetos de

sistemas de automação de subestações, possibilitar a flexibilização do sistema em relação a

mudanças na filosofia de operação específica do cliente, além de assegurar a

interoperabilidade entre dispositivos de fabricantes diferentes através da realização de testes

de conformidade. Após a apresentação das principais características e histórico da norma IEC-

61850, os autores apontam como benefícios para o cliente a interoperabilidade entre

dispositivos eletrônicos inteligentes (Intelligent Electronic Devices – IED), a eliminação de

gateways com a consequente redução nos atrasos de comunicação, diminuição no número de

equipamentos e na quantidade de erros em razão da conversão de protocolos. Os autores ainda

apontam como benefícios a redução de cabeamento face à comunicação serial, o menor tempo

de configuração, maiores velocidades de comunicação, maior acesso a redes públicas e

privadas, com possibilidades de reduzir visita de pessoal ou mesmo desassistir a subestação, a

preservação nos investimentos dos clientes, já que a norma IEC-61850 é considerada à prova

de futuro, além da grande flexibilidade de configuração.

Mais especificamente, Fay (2003) compara as normas IEC-60870-5-104 e IEC-61850

no que diz respeito às características de cada padrão em relação aos seus aspectos

operacionais, identificando as semelhanças e diferenças entre as normas. O autor afirma que

as subestações que já estão funcionando com o padrão IEC-60870-5-104 podem facilmente

migrar para a IEC-61850 já que existe compatibilidade entre estas normas, além da

possibilidade de utilização da infra-estrutura já instalada a qual é baseada na tecnologia

Ethernet e no protocolo de transporte TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet

Protocol), significando segurança dos investimentos de longo prazo para as empresas.

Segundo Fay, a diferença essencial entre os dois padrões está relacionada ao modelo de

dados. Enquanto que no padrão IEC-60870-5-104 o modelo de dados é orientado a sinais, na

norma IEC-61850 a modelagem de dados é orientada a objetos. O autor ressalta a vantagem

de que no padrão IEC-61850 o objeto é transmitido junto com os seus dados e atributos a

exemplo do transporte de uma estrutura molecular em que informações mais detalhadas

seguem junto com a estrutura completa do objeto.

Miranda (2005) resume os principais pontos da norma IEC-61850 e faz uma análise

comparativa da questão econômica deste padrão frente aos protocolos proprietários. O autor

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29

constatou a vantagem da norma nos quesitos instalação, manutenção e reconfiguração,

flexibilidade e escalabilidade. Miranda também apresenta como benefícios da linguagem de

configuração de subestações (Substation Configuration Language – SCL) a redução drástica

do trabalho manual de configurar os IED, a possibilidade de configurar os dispositivos sem

que o equipamento esteja conectado à rede (off-line) e a padronização dos arquivos de

configuração.

Pereira et al (2005) afirmam que as vantagens para evoluir para um sistema integrado

baseado na norma IEC-61850 são a capacidade de reduzir a quantidade de cabos e assim

simplificar o projeto da subestação, reduzindo custos e aumentando a confiabilidade. Os

autores relatam que a ampla gama de informações disponibilizadas pelos relés digitais pode

alimentar sistemas de proteção, supervisão e controle de subestações, além de centros de

análises de distúrbios, resultando no aumento da rapidez na recomposição do sistema após a

ocorrência de faltas, na possibilidade de elaboração automática de estatísticas de falhas e na

complementação das análises de distúrbios e de qualidade de energia fornecida. No artigo os

autores descrevem que a comunicação entre dispositivos é realizada através de mensagens

classificadas conforme seu nível de prioridade (alta, média ou baixa). As mensagens de alta

prioridade, conhecidas como mensagens GOOSE (Generic Object Oriented Substation

Event), correspondem aos valores amostrados de grandezas analógicas e aos sinais como

bloqueio, desbloqueio, disparo e proteção. As mensagens de média prioridade são

informações operacionais como estados de equipamentos e as mensagens de baixa prioridade

correspondem às informações de configuração como os ajustes em relés e transferências de

arquivos. Os autores ainda apontam como tendências o uso da Internet para a comunicação

entre os IED, a possibilidade de utilização de sistemas especialistas, graças ao aumento da

capacidade dos dispositivos inteligentes, a presença cada vez maior de interfaces de usuários

baseada em computador no lugar de painéis de supervisão com esquemas gráficos que

simulam o barramento físico, menores edifícios de controle de subestações, além do que a

migração suave de arquiteturas possibilita agilidade na implementação de novas tecnologias.

Siqueira e Fonseca (2007) também realizaram análise comparativa minuciosa entre

protocolos. No estudo foram apresentados inicialmente os princípios básicos dos protocolos

DNP 3.0 e os padrões IEC-60870-5-101 e IEC-61850, a seguir, analisadas as diferenças e

semelhanças em relação às suas características gerais, serviços operacionais, descrição dos

processos de dados, serviços de autodescrição, arquitetura e comunicação, configuração on-

line e off-line. Os autores destacam que os protocolos DNP 3.0 e IEC-60870-5-101 tem como

meta otimizar a utilização da banda de comunicação e do hardware enquanto que a IEC-

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30

61850 busca simplificar a integração e engenharia de dispositivos e dados, permitindo a

reutilização de modelos. Em contrapartida, os autores mencionam a menor oferta de produtos

segundo o padrão IEC-61850 em relação aos dois outros protocolos e a necessidade de maior

banda de comunicação nos dispositivos que utilizam a norma IEC-61850, já que as

mensagens geradas neste protocolo possuem maior tamanho. No trabalho também são

traçadas estratégias de migração gradativa para o padrão IEC-61850.

Conforme Santos e Pereira (2007), um dos pontos fortes da norma IEC-61850 é a

definição da modelagem de dados, assegurando a estabilidade do padrão em relação ao rápido

avanço tecnológico dos equipamentos. Na abordagem orientada a objetos prevista pela norma,

as funções de supervisão, controle e proteção na subestação são definidas a partir de objetos

menores denominados nós lógicos (Logical Nodes) os quais se comunicam entre si e possuem

as informações relevantes a serem transmitidas. Os autores também apontam como diferencial

da norma a possibilidade de livre alocação de funções, isto é, as funcionalidades necessárias

ao correto funcionamento da subestação podem estar alocadas em um ou vários IED,

centralizando ou distribuindo as funcionalidades pelos dispositivos eletrônicos inteligentes

presentes na rede de comunicação. No artigo os autores mencionam a redução no esforço da

engenharia de configuração através da utilização da SCL, das mensagens GOOSE e da

possibilidade de transmissão de mensagens nos sentidos horizontal (entre diversos

dispositivos eletrônicos inteligentes) e vertical (entre a estação de controle e os vários

dispositivos eletrônicos inteligentes). No intuito de analisar o desempenho do novo padrão em

situações práticas, os autores realizaram algumas simulações em teste de bancada nas

situações de falha de disjuntor, lógica de bloqueio reverso, transferência automática de

alimentadores, transferência de disparo para abertura de disjuntores, manuseio de eventos e

oscilografia e testes de comunicação horizontal e vertical para a homologação de IED

baseados na referida norma, obtendo resultados satisfatórios de operação.

Paulino, Siqueira e Pereira (2008) relatam que a IEC-61850 estabelece a utilização de

três níveis hierárquicos denominados nível de estação (station level), nível de vão (bay level)

e nível de processo (process level) de modo que as mensagens possam ser trocadas

horizontalmente no modo editor-assinante (publisher-subscriber) e verticalmente no modo

cliente-servidor (client-server). Os autores apresentam como é realizada a decomposição

funcional que permite entender a lógica da relação entre as funções pré-definidas e o fluxo de

dados entre estas funções na visão da norma. Paulino (2009) discute a decomposição

funcional descrita na norma, detalhando a especificação e os dados relacionados aos modelos,

além de apontar como vantagem a flexibilidade proporcionada pela livre alocação de funções.

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31

O conceito de disponibilidade de um equipamento, definido como a relação entre o

tempo durante o qual o equipamento está em estado normal de funcionamento e o tempo total

de operação, foi explorado por Cespedes e Martinez (2009) no estudo da disponibilidade de

subestações baseadas no padrão IEC-61850 e em sistemas convencionais funcionando com

protocolos proprietários. Os autores utilizaram os dados de tempo médio entre falhas (Mean

Time Between Failures – MTBF) dos equipamentos e a metodologia de cálculo baseada nas

cadeias de Markov para avaliar a disponibilidade de subestações no que diz respeito à

realização de um comando, à aquisição de um sinal digital e de um sinal analógico em vários

níveis na subestação. No estudo, os resultados foram favoráveis para o sistema baseado na

IEC-61850 que apresentou maiores índices de disponibilidade nos aspectos analisados.

As diferentes topologias que podem ser utilizadas por Sistemas de Automação de

Subestações (Substation Automation Systems – SAS) são analisadas por Vignoni, Pellizoni e

Funes (2009) considerando as questões relativas aos custos, à segurança, à confiabilidade e

disponibilidade das instalações.

2.2 Experiências de aplicação da IEC-61850

A tecnologia dos relés digitais trouxe uma nova perspectiva para as empresas

fornecedoras de energia elétrica à medida que disponibilizava maior gama de informações a

respeito do sistema. De posse desta ampla quantidade de dados, tornou-se possível melhorar a

supervisão, controle e proteção das subestações de energia elétrica. Márquez et al (2003),

afirmam que a realidade dos sistemas de supervisão, controle e proteção de subestações da

COPEL (Companhia Paranaense de Energia) antes da tecnologia dos relés digitais enfrentava

desafios como os altos custos de projeto e comissionamento dada a complexidade do sistema,

os custos elevados de manutenção por conta do grande número de equipamentos de

fornecedores diferentes, os altos custos de alteração e implementação de funcionalidades as

quais eram realizadas a nível de hardware, a menor confiabilidade haja vista que não havia

redundância de funções de proteção, controle e automação, além da impossibilidade de

aproveitamento dos dados já digitalizados e redundantes para a automação da subestação.

Autores como Funes et al (2009), Dufour (2009), Freitas e Carmo (2009), Silva

(2005), Oura (2001), Santos Filho et al (2001), Pontes e Xavier (2001), Lellys e Miranda

(1999), Torres, Ramos e Fernandes (1999), Chagas et al (1999), Baggetti, Ushikubo e Tuma

(1997), Aviz, Gouvêa e Moutinho (1997) nos seus relatos apontam as dificuldades, vantagens,

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32

equipamentos e estratégias de modernização de sistemas de supervisão, controle e proteção de

várias empresas fornecedoras de energia elétrica.

Com o surgimento da tecnologia digital e da norma IEC-61850, houve o

enfrentamento de novos desafios relativos à comunicação e integração entre dispositivos de

supervisão, controle e proteção de subestações. Barros et al (2008) discutem as dificuldades

encontradas no processo de implantação do padrão IEC-61850 nas subestações da CPFL

(Companhia Piratininga de Força e Luz). Os autores apontam como entraves ao processo de

implementação da norma não só os aspectos técnicos como a disponibilidade de

documentação e treinamento de pessoal, mas também os aspectos financeiros e de prazos de

implantação. O conjunto dos fatores mencionados produziu dificuldades de comunicação

entre as equipes de trabalho da CPFL e dos fabricantes, causando excesso de horas extras e a

realização de procedimentos por tentativas e erros. Devido aos mesmos fatores, a integração

entre os dispositivos e o centro de operação não foi alcançada, tornando o padrão IEC-61850

mais um protocolo “ilhado” a ser gerenciado pelo sistema através de conversores de

protocolos, não justificando a proposta de interoperabilidade neste caso.

Porto (2009) apresenta os resultados de dez anos de experiência no retrofit de

subestações das Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte), comparando as

vantagens e desvantagens dos relés de geração digital, eletrônica e eletromecânica. No artigo,

o autor pondera as vantagens anunciadas pelos fabricantes sobre a migração para o sistema

digital e expõe situações de dificuldade enfrentadas pela equipe da Eletronorte em relação a

tais equipamentos. Com relação aos relés de geração eletromecânica, o autor relata como

vantagem relevante a estabilidade operativa durante longo prazo, porém menciona situações

de falhas mecânicas relacionadas à sujeira, umidade, fadiga das peças plásticas e até

problemas com manutenção preventiva ineficaz. Os relés de geração eletrônica foram os que

mais apresentaram problemas de operação, relacionados ao envelhecimento precoce dos

componentes eletrônicos, sensibilidade a sinais de radiofreqüência, queima de circuitos

integrados e perda dos ajustes devido a folga ou alteração nas características elétricas dos

elementos por causa do envelhecimento dos componentes, de modo que foi necessário

substituir estes dispositivos eletrônicos pelos equipamentos eletromecânicos. Quanto aos relés

de tecnologia digital, o autor apresenta experiências da Eletronorte com diversos fabricantes.

Em geral, os problemas ocorridos estavam relacionados ao hardware e no firmware do

equipamento, além da dificuldade de envolver os fabricantes na solução destas situações.

Segundo o autor, os pontos positivos da tecnologia digital são a possibilidade de registro de

dados, o agrupamento das funções de proteção e controle num único dispositivo, a

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33

miniaturização dos equipamentos, a diminuição da quantidade de relés auxiliares, a

eliminação de painéis convencionais a partir da possibilidade de implementação de uma

Interface Homem Máquina (IHM) e facilidade de configuração dos dispositivos.

Outros autores como Munsuri, Cruz e Canals (2009) e Holbach et al (2007) reportam

as dificuldades da implementação da norma com relação à interoperabilidade entre

equipamentos de diferentes fabricantes na geração tecnológica atual, sugerem possíveis

estratégias de implementação de projetos baseados na norma e lançam expectativas de

evolução nos dispositivos de supervisão, controle e proteção.

Experiências bem sucedidas foram igualmente retratadas na literatura especializada,

mostrando o potencial da norma frente aos desafios de automatizar sistemas de supervisão,

controle e proteção de subestações.

Em termos internacionais, Dawidczac e Oliveira (2007) relataram as experiências de

aplicação do padrão IEC-61850 em projetos de subestações na Alemanha, Suíça e nos Estados

Unidos. Os autores apontam as principais características da norma e suas vantagens

percebidas nos aspectos de projeto, configuração, instalação e comissionamento, operação e

manutenção do sistema. Alzate e Dolezilek (2007) relatam a experiência da concessionária

mexicana CFE (Comissión Federal de Eletricidad) no processo de implementação da norma

na subestação da Usina Eólica de La Venta II. Segundo os autores, a CFE buscou realizar um

projeto piloto com a intenção de conhecer melhor o funcionamento da norma para futuras

aplicações em outras subestações da companhia. Dentro deste contexto, a empresa solicitou a

inclusão no projeto do maior número possível de fabricantes de dispositivos eletrônicos

inteligentes baseados na IEC-61850 no intuito de avaliar a capacidade de comunicação entre

estes dispositivos. No artigo ainda foram descritos detalhes dos métodos e meios de

comunicação entre equipamentos e o sucesso da integração de 24 dispositivos, de 9 diferentes

plataformas de produtos diferentes, de 6 fabricantes distintos.

Abboud et al (2008) apresentam os resultados iniciais da Elektro Eletricidade e

Serviços na aplicação da norma IEC-61850 na primeira de 30 subestações previstas no projeto

de modernização da empresa. Os autores apresentam os requisitos de projeto, de

comunicação, de controle e de testes, apontando como a análise criteriosa destes requisitos

pode contribuir para agilizar o processo de comissionamento e assim evitar que erros

detectados tardiamente sejam corrigidos em campo, ocasionando atraso no cronograma de

execução deste processo além de custos adicionais. Conforme a constatação dos autores, os

primeiros resultados da aplicação da norma foram satisfatórios no que diz respeito ao menor

número de intervenções de manutenção e a melhora nos índices de qualidade de fornecimento

Page 34: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

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de energia, com redução sensível na indisponibilidade do fornecimento de energia aos

consumidores devido à rapidez no restabelecimento da normalidade pelos automatismos após

uma ocorrência. Foram também apontados como vantagens o acesso remoto e a coleta

automática de oscilografias as quais contribuem para a rapidez na análise e tomada de

decisões, assim como o monitoramento permite uma manutenção mais inteligente.

Kimura (2009) descreve os resultados mais recentes da experiência da Elektro na

digitalização de subestações da empresa, os quais consolidam os resultados de Abboud et al

(2008). O autor vai além ao relatar os cuidados a serem tomados na aplicação da norma IEC-

61850 e a importância de levar em consideração os impactos da implantação de novas

tecnologias no que diz respeito à operação, projetos e obras, proteção, planejamento e

manutenção. Em termos econômicos e operacionais, o autor destaca a simplificação de 40%

no projeto elétrico, 40% de facilidade de implantação do sistema em campo, 30% de

economia nos cabos utilizados, redução de 40% nos dispositivos e acessórios do sistema,

economia de 30% nos custos de manutenção, facilidade de implantação dos automatismos,

maior disponibilidade de pontos de supervisão e comando, facilidades operativas como o

acesso remoto e maior confiabilidade obtidas a partir das redundâncias de comunicação. No

artigo, o autor também apresenta a definição da arquitetura do sistema e registra melhor

relação custo x benefício na utilização da IEC-61850, embora os custos de aquisição do

sistema baseado neste padrão variem entre 15% e 20% superiores aos sistemas convencionais.

Passos, Andreus e Lellis (2009) ressaltam a importância da integração de dispositivos

de proteção, supervisão e controle para a redução nas pesadas multas aplicadas às

concessionárias, em função da interrupção do fornecimento de energia aos consumidores, o

que justifica o investimento no sistema baseado no padrão IEC-61850. No artigo são

apresentados os desafios da implantação da norma nas subestações da CHESF (Companhia

Hidrelétrica do São Francisco) e ISA – CTEEP (Interconexión Eléctrica S.A – Companhia de

Transmissão de Energia Elétrica Paulista), descrevendo os detalhes técnicos dos projetos

como a arquitetura e a metodologia de implantação do sistema.

2.3 Testes de sistemas baseados na norma

No intuito de assegurar o funcionamento adequado das instalações de proteção,

controle e automação de subestações baseadas na norma IEC-61850, é necessário realizar

testes para verificar o comportamento dos componentes do sistema frente a situações críticas

de operação e promover as correções necessárias antes da implantação definitiva dos

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equipamentos em campo. Apostolov (2009) levanta uma série de questões e fornece respostas

acerca das necessidades e motivos que justificam a realização de testes de sistemas de

proteção. O autor afirma que as metodologias de teste que utilizam o conceito de tensão

constante versus corrente variável e corrente constante versus tensão variável, utilizadas nos

testes de relés eletromecânicos e eletrônicos, não funciona para relés microprocessados, os

quais estão sujeitos à variação de todos os parâmetros simultaneamente. Deste modo, o autor

explica porque os novos equipamentos necessitam de testes dinâmicos que reproduzam de

maneira realística o funcionamento do dispositivo na instalação. No artigo, o autor ainda

menciona importância de certificados de qualidade como a ISO 9001 na realização dos testes

de dispositivos, os requisitos de testes, os procedimentos de ensaios de relés de proteção de

distância e apresenta os princípios de testes baseados na simulação transiente.

Bastigkeit, Schossig e Steinhauser (2009) afirmam que a confiabilidade de um sistema

de geração, transmissão e distribuição está diretamente relacionada à qualidade do sistema de

proteção. Os autores alertam para o fato de que os equipamentos de proteção estão sujeitos a

falha, pois que alcançar 100% de segurança é impossível e citam que enquanto os relés

eletromecânicos sofriam com problemas de desgaste e envelhecimento de mecanismos, os

relés da geração eletrônica apresentavam problemas com a flutuação dos sinais analógicos e

os modernos relés microprocessados estão sujeitos a problemas de software e firmware. No

artigo, os autores apontam as ocorrências de falha de funcionamento mais comuns dos relés

de proteção e listam as diretrizes para a criação de testes padronizados. Seguindo o mesmo

raciocínio, Stewart (2009) destaca as diferenças entre as diferentes gerações de relés e

apresenta as filosofias convencionais de testes dos dispositivos de proteção, e a necessidade

de revisão destes princípios em função da modernização da tecnologia, explicando o motivo

da revisão de cada princípio. O autor também realiza análise comparativa dos testes de

confiabilidade relacionando o tipo da falha e o método de detecção, verificando se a referida

falha é detectada segundo os princípios revisados.

Steinhauser e Schossig (2007) informam sobre os impactos da norma IEC-61850 nos

processos de testes de sistemas de proteção, controle e automação de subestações. Segundo os

autores, a aplicação da IEC-61850 introduz novas questões à realização de testes em

subestações como modo diferente de cabeamento para aquisição de sinais assim como a

configuração dos dispositivos. Além disso, os autores destacam que nesta nova perspectiva é

necessário levar em consideração o tráfego de sinais de dados de diferentes naturezas que

circulam pela rede de comunicação, como as mensagens GOOSE processadas em tempo real

e dados digitalizados de transformadores de corrente e de potencial, além da comunicação

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cliente-servidor entre o sistema de supervisão e aquisição de dados (Supervisory Control and

Data Acquisition – SCADA) e os elementos da rede de comunicação como os relés.

Paulino (2005, 2007) e Pereira et al (2007) apresentam os requisitos para testes de IED

baseados na norma, especificando os equipamentos de testes e o processo de configuração do

sistema. Nos artigos, os autores apontam como vantagens da IEC-61850 a facilidade e a

rapidez de realização de ajustes imediatamente após os testes de conformidade. Segundo os

autores, estas vantagens decorrem da agilidade proporcionada pela linguagem de configuração

de subestação (SCL) que é estruturada a partir dos arquivos de configuração SSD (System

Specification Description), SCD (Substation Configuration Description), ICD (IED

Capability Description) e CID (Configured IED Description) codificados na linguagem XML

(eXtensible Markup Language). Os autores também estabelecem diretrizes para o

desenvolvimento e implementação de equipamentos de teste especializados e metodologias de

ensaios funcionais para os componentes dos sistemas de proteção baseados na IEC-61850.

Apostolov e Paulino (2007) descrevem que os ensaios de sistemas de automação de

subestações consideram pelo menos três níveis fundamentais: os testes de elementos

funcionais, os testes de integração e o teste de sistema, fato igualmente confirmado por

Trachian e Smith (2009). Apostolov e Paulino detalham os procedimentos para ensaios de

sistemas com implementação parcial e total da norma IEC-61850, segundo uma seqüência

ordenada de cinco etapas compostas pelo teste de conformidade do protocolo IEC-61850

relativo aos componentes individuais do sistema, pelo teste de unidades de conformação de

dados (Merging Units), pelo teste de IED compatíveis com a norma, pelo teste de aplicações

distribuídas no nível de processo e pelo teste de aplicações distribuídas no nível de estação.

Igarashi (2008, 2007) realizou ensaios de laboratório para verificação da

interoperabilidade, configuração e estabilidade a longo prazo e comparou as vantagens e

diferenças do protocolo DNP 3.0 em relação à norma estabelecida pela IEC-61850,

destacando como vantagem da IEC-61850 a menor utilização de cabeamento, a alta

performance de comunicação, a flexibilidade de futuras ampliações do sistema, a agilidade e a

facilidade de configuração dos dispositivos via SCL. No intuito de avaliar o comportamento

do padrão IEC-61850 frente a situações de falta, foram simuladas as situações de falha de

disjuntor e de bloqueio reverso, além de realizadas simulações de falha de comunicação

nestas situações críticas no intuito de observar a resposta do sistema, onde o autor pode

observar que as funções de proteção implementadas deixaram de atuar. Foram então propostas

soluções baseadas nas mensagens GOOSE como indicadoras de falha na comunicação,

passando assim a apresentar melhores respostas do sistema de proteção.

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Pereira et al (2008) apresentam os procedimentos de testes funcionais, de

interoperabilidade e de avaliação de desempenho de um sistema de proteção, controle e

automação que constitui o Laboratório de Proteção Elétrica (LAPE) da Universidade Federal

do Rio de Janeiro (UFRJ). Após breve descrição das características do laboratório e da norma

IEC-61850, os autores informam que os testes de conformidade realizados em um IED com

relação às funcionalidades distribuídas com o equipamento são de responsabilidade do

fabricante e são realizados por uma organização independente que emite um certificado de

homologação fornecido junto com a documentação do dispositivo. No caso das funções não

distribuídas pelo fabricante, é necessário dispor de equipamento de testes adequado que

simule o comportamento de um Sistema de Automação de Subestações (SAS). Os autores

afirmam que não é prático e nem viável testar todas as tipologias de mensagem de

comunicação entre IED de um SAS, haja vista que o número de possibilidades cresce

exponencialmente com a quantidade de IED do sistema. Neste caso, os autores recomendam a

execução de testes antes da integração do sistema em campo, simulando cenários que

apresentem alta probabilidade de ocorrência ou que representem condições mais críticas de

falha, desta forma, sendo possível descobrir erros de software e de implementação de

funcionalidades, evitando comportamentos inesperados na fase operacional e custos

excedentes na fase de implantação e manutenção do sistema. Os autores ainda recomendam

um roteiro e esquema de testes funcionais e de interoperabilidade e avaliam os indicadores de

desempenho do sistema de comunicação do SAS. Na mesma linha de investigação, Paulino,

Siqueira e Pereira (2008) descrevem diretrizes gerais para a realização de testes funcionais e

de interoperabilidade. Porém, os autores vão além ao detalhar as funcionalidades do

equipamento necessárias ao ensaio apropriado do sistema de proteção, controle e automação

de subestações. Neste artigo os autores também apresentam a concepção de um conjunto

completo de testes do sistema.

Pereira Júnior et al (2008) avaliaram a utilização das mensagens GOOSE nos testes de

performance de IED. Os autores mencionam a redução nos tempos de seletividade de 300 a

400ms para o patamar de 100ms a partir do surgimento de equipamentos mais modernos,

tornando a seletividade lógica uma das funções mais comuns de proteção de instalações. No

intuito de testar esta função no contexto da IEC-61850, os autores apresentaram um circuito

de ensaio composto por um transformador, três relés e uma barra de derivação com dois

ramais de saída, comparando o tempo total entre o início da falta e o tempo de trip (disparo)

do relé. Os testes indicaram que utilização das mensagens GOOSE definidas pela norma

resultaram em menor tempo de seletividade frente à lógica convencional. No artigo os autores

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também verificaram através de testes a redução no tempo de coordenação entre os

dispositivos para 50ms, mantendo a mesma performance do sistema convencional, o que

implica menos exposição ao stress eletrodinâmico e térmico, reduzindo a necessidade de

manutenção e aumentando o índice de disponibilidade dos equipamentos. Pereira Júnior et al

(2009) também investigaram o efeito de 15.000 mensagens GOOSE por segundo trafegando

na rede de comunicação e verificaram que a performance do sistema de proteção não foi

afetada de forma significativa quando comparada com o sistema sem sobrecarga de tráfego.

Miranda (2009) apresenta em detalhes a norma IEC-61850 e a infra-estrutura física

necessária do sistema de comunicação com o intuito de fundamentar o desenvolvimento de

um protótipo experimental que simule uma subestação baseada na IEC-61850 para o

Laboratório de Sistemas de Energia Elétrica (LSEE) da Universidade de São Paulo. O autor

avaliou através de testes de laboratório a troca de informações segundo o referido padrão e a

intercambialidade entre IED de fabricantes distintos. Os resultados evidenciaram a correta

recepção dos comandos conforme a norma, a estabilidade e eficiência das lógicas

implementadas e redução dos tempos necessários para a troca de informações. O autor ainda

avaliou a performance das mensagens GOOSE em condições distintas de tráfego e de

configuração da topologia lógica da rede de comunicação, monitorando o extravio de

mensagens trocadas entre o emissor e os destinatários em diversos cenários operativos.

2.4 Perspectivas futuras proporcionadas pelo padrão

Mesmaeker et al (2005) relembram que, antes da introdução dos equipamentos

microprocessados e da comunicação serial em subestações, as funções dos sistemas de

proteção, controle e supervisão eram realizadas separadamente por dispositivos dedicados e

impunham a divisão das responsabilidades operacionais entre vários departamentos dentro das

organizações de fornecedores e concessionárias. A partir da evolução tecnológica que

possibilitou o surgimento dos dispositivos eletrônicos inteligentes e a introdução da

comunicação serial nas subestações, os autores apontam como tendência proporcionada pela

IEC-61850 a simplicidade das instalações de comunicação dentro das subestações à medida

que será necessário cada vez menos dispositivos em operação com capacidade de suportar um

número cada vez maior de funcionalidades, reduzindo os custos consideravelmente. A FIG.

2.1 ilustra a evolução temporal dos sistemas de automação de subestações (SAS), destacando

a tendência vislumbrada pelos autores.

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FIGURA 2.1: Evolução temporal dos SAS

Fonte: MESMAEKER et al (2005)

A partir das experiências obtidas com a implantação de 250 projetos pela Siemens,

Rodrigues e Hoga (2007) apontam como tendências na área de automação de subestações a

utilização de uma única estrutura de comunicação convergindo para o barramento de processo

(process bus) baseado na tecnologia Ethernet, a possibilidade de comunicação entre

subestações, a harmonização da IEC-61850 que padroniza a comunicação em subestações

com a IEC-61970 que normatiza a comunicação entre os centros de controle, a padronização

dos dados provenientes dos transformadores de instrumentos no barramento de processo e a

automação inteligente de subestações que significa a possibilidade do sistema se tornar auto-

gerenciável. Rodrigues e Hoga (2009) em outro artigo descrevem os requisitos para o

barramento de processo e listam os fatores tecnológicos limitantes da utilização desta nova

perspectiva de comunicação.

Tholomier e Chatrefou (2008) avaliam o potencial da tecnologia dos transformadores

de instrumentos não-convencionais (Non Conventional Instrument Transformers Technology

– NCIT) baseados na IEC-61850 e a importância destes dispositivos para a futura

convergência da comunicação para o barramento de processo. Os autores explicitam como

vantagens dos NCIT a eliminação de transientes, redução de custos com cabeamento e a

melhoria da segurança operacional e da precisão dos equipamentos. No artigo são ainda

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apresentados alguns casos de sucesso de implementação de projetos-piloto de subestações

utilizando os NCIT.

Malafaia (2009) destaca a evolução da norma no sentido de estender a padronização de

comunicação dentro do ambiente de subestação para as usinas hidrelétricas, incluindo a

definição e especificação de novos nós lógicos e objetos de dados que representem as funções

elétricas, mecânicas, hidrológicas e os sensores utilizados neste ambiente. Outros autores

como Mibielli e Oliveira (2009), Neves et al (2009), Mendes e Jardini (2009) tratam

igualmente do mesmo assunto e descrevem detalhes técnicos acerca desta evolução da norma.

Malafaia (2009) ainda lista detalhadamente os novos nós lógicos criados.

Com o surgimento das tecnologias baseadas na comunicação em redes, especialmente

a partir os avanços proporcionados pela norma IEC-61850, as empresas de energia elétrica

tem se preocupado atualmente com a questão da segurança da informação de modo a proteger

seus sistemas de energia contra ataques maliciosos nos pontos de vulnerabilidade. Neste

contexto, Carmo (2009) avalia o impacto do uso do conceito de certificado de segurança para

mensagens do protocolo IEC-61850, especificado pela parte 6 da norma IEC 62531

estabelecida em 2007. Como a IEC-61850 não regulamenta as questões de segurança da

informação, a norma IEC 62531-6 determina a necessidade de extensão do quadro (frame)

Ethernet para a incluir a assinatura digital nas mensagens GOOSE e nos valores amostrados

(Sample Measured Values - SMV). Segundo o autor, a implementação das técnicas e

ferramentas de segurança da informação no sistema compromete o desempenho de

transmissão das mensagens no que diz respeito aos tempos de resposta a falhas, haja vista que

os dispositivos atuais não possuem capacidade de processamento e nem memória suficiente

para executar com rapidez os algoritmos de criptografia necessários para assegurar que as

mensagens críticas sejam transmitidas com integridade e confiabilidade em até 4

milissegundos, requisito de tempo necessário para operar os SAS em tempo real.

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Capítulo 3 – A Norma IEC-61850

3.1 Histórico

A norma IEC-61850 é parte mais recente da história dos sistemas digitais de proteção

de subestações que teve início na década de 1970, quando as primeiras subestações

começaram a ser digitalizadas. Desde então, os diversos fabricantes vem oferecendo soluções

proprietárias embarcadas nos seus equipamentos, os conhecidos protocolos de comunicação,

buscando fidelizar comercialmente os seus clientes. Esta visão de mercado provou ser mais

dispendiosa à medida que diferentes fabricantes, filosofias, funcionalidades e mesmo gerações

tecnológicas diferentes precisavam ser compatibilizadas a um custo competitivo dentro da

instalação. Isto significa dizer que manter e integrar equipamentos de diversos fabricantes ou

dispositivos de gerações tecnológicas diferentes do mesmo fabricante implicava custos

significativos de treinamento de pessoal, configuração, filosofias de manutenção, estoques de

sobressalentes e aquisição de equipamentos. Com o surgimento da era da digitalização de

subestações, a comunicação entre dispositivos representou o maior desafio técnico e

financeiro das companhias fornecedoras de energia elétrica, haja vista que cada fabricante

adotou o protocolo mais conveniente para os seus equipamentos como ilustra a FIG. 3.1.

FIGURA 3.1: Diversos protocolos encontrados em sistemas de automação

Fonte: MIRANDA (2009)

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À medida que surgiram novos fabricantes e equipamentos no mercado, a

complexidade de comunicação e integração de dispositivos foi se tornando um verdadeiro

drama. Smith (2010) relata que quando os dispositivos eletrônicos inteligentes começaram a

ser produzidos, o número de protocolos cresceu absurdamente, pois cada fabricante inventava

um protocolo para o seu equipamento, alguns ainda inventavam um novo protocolo para cada

novo modelo de dispositivo. Smith cita que apenas um único fabricante listou 100 protocolos

implementados. Oliveira, Schubert e Wong (2003) informam que em apenas uma subestação

nos Estados Unidos foram empregados mais de 45 conversores de protocolos proprietários

diferentes para permitir a comunicação entre dispositivos de proteção e controle. Segundo a

consultoria Forrester Research, no ano de 1998 foram gastos em torno de 82 bilhões de

dólares com integração de aplicações (SCHWARZ, 2001).

O cenário apresentado fomentou a busca por uma padronização mundial que

proporcionasse a redução dos custos associados à complexidade de integração e comunicação

entre dispositivos. No ano de 1986, o EPRI (Electric Power Research Institute) iniciou as

investigações dos requisitos de comunicação, avaliando s padrões já existentes e aceitos pela

indústria. Em 1988, Este trabalho de investigação culminou no projeto UCA (Utility

Communications Architecture) que tinha como finalidade desenvolver uma arquitetura aberta

de comunicação para subestações, baseada na definição de requisitos e na seleção de

protocolos padrão existentes.

Em 1991, a primeira versão do projeto foi publicada com a denominação UCA 1.0.

Esta versão não se tornou um padrão adotado pela indústria por causa da falta de

detalhamento das especificações propostas no projeto. Desta maneira, a partir de 1992, o

EPRI resolveu desenvolver uma segunda versão intitulada UCA 2.0 que tinha como finalidade

descrever mais precisamente o uso do padrão de especificação de mensagens do fabricante

(Manufacturing Message Specification – MMS) para comunicação em tempo real entre

dispositivos e dos modelos de dados GOMSFE (Generic Object Models for Substation and

Feeder Equipment).

Como a UCA 2.0 não possuía o alcance de um padrão internacional, os resultados

obtidos foram apresentados à IEC (International Electrotechnical Commission), na intenção

de serem adotados como suporte no desenvolvimento de um padrão mundialmente aceito.

Este projeto foi precursor do desenvolvimento de uma norma internacional que viria a

impactar de modo considerável a comunicação de dispositivos nas subestações – A IEC

61850. De fato, a UCA 2.0 é um subconjunto da norma IEC-61850 (POWER SYSTEM

RELAYING COMMITTEE, 2005).

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Em 1995, foram iniciados pela IEC os preparativos para a elaboração de uma norma

internacional baseada nos seguintes princípios:

ser independente da tecnologia;

ser flexível;

ser expansível.

Inicialmente, a IEC propôs a criação um novo item de trabalho (New Work Item

Proposal – NWIP) relativo ao desenvolvimento de um padrão internacional de protocolo de

comunicação em subestações na reunião plenária do comitê técnico (Technical Committee –

TC) TC57 ocorrida em Minneapolis, Estados Unidos. Na reunião seguinte do TC57 que

aconteceu na cidade de São Francisco, foram iniciados os primeiros contatos com os

desenvolvedores do projeto UCA. Neste primeiro encontro, foi marcante a dificuldade de

comunicação entre os dois grupos de profissionais em função da diferença de vocabulário

técnico próprio das suas áreas de atuação, assim, três grupos de trabalho (Working Groups –

WG) pertencentes à IEC continuaram desenvolvendo a IEC-61850 independentemente da

participação dos membros do projeto UCA pelos dois anos seguintes. O grande desafio

enfrentado pelo TC57 durante a elaboração da IEC-61850 foi realizar o desenvolvimento da

norma pelos mais de 70 profissionais participantes dos grupos de trabalho WG10, WG11 e

WG12. Para coordenar melhor o trabalho de tantos profissionais, foram criadas forças-tarefa

responsáveis por assuntos mais específicos e que trabalhavam paralelamente às atividades dos

grupos WG10, WG11 e WG12. Em 1997, chegou-se à conclusão de que a similaridade dos

trabalhos da IEC e do projeto UCA justificava a harmonização das equipes em torno de um

padrão único, então, os membros do projeto UCA foram integrados aos grupos de trabalho do

TC57 (BRUNNER; CLINARD; APOSTOLOV, 2007).

Os grupos de trabalho WG10, WG11 e WG12 ficaram responsáveis pelo

desenvolvimento das seguintes pautas:

O WG10 foi designado para definir a arquitetura funcional e requisitos gerais da

norma.

O WG11 ficou responsável pela definição da comunicação no barramento de

estação.

O WG12 respondeu pela definição da comunicação no barramento de processo.

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FIGURA 3.2: Membros dos grupos de trabalho (Working Groups) do TC57

Fonte: BRUNNER; CLINARD; APOSTOLOV (2007)

Segundo Oliveira, Schubert e Wong (2003), no ano de 1998 foi criado o projeto

alemão OCIS (Open Communication In Substations) com o intuito de verificar a aplicação

prática da IEC-61850. Este projeto tinha como objetivos:

Auxílio para normalização da IEC-61850.

Auxílio para a harmonização entre as normas UCA 2.0 e IEC-61850

Testes e comparação entre o IEC-61850 e UCA 2.0 com respeito à viabilidade,

aplicabilidade e eficiência.

Testes e independência da norma IEC-61850 com relação a comunicações.

Testes de interoperabilidade do protocolo.

O projeto OCIS foi encerrado em 2000 e resultou nas seguintes conclusões

imediatamente incorporadas na IEC-61850:

A norma IEC atende as funções de comunicação requeridas.

A utilização da UCA 2.0 apresenta limitação na modelagem de objetos.

A tecnologia Ethernet é aplicável na comunicação em todos os níveis da

subestação.

A IEC-61850 independe de limitações de comunicação, sendo à prova de futuro.

No ano de 1999, foi publicado pela IEEE (Institute of Electrical and Electronic

Engineers) o informativo técnico (Technical Report) TR 1550 que apresentava a

documentação definitiva produzida pelo projeto UCA 2.0.

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Outros dois eventos foram criados com a finalidade de verificar e demonstrar o

comportamento das comunicações no padrão IEC-61850. Conforme Oliveira, Schubert e

Wong (2003), o projeto GOOSE Demo foi iniciado e finalizado no ano de 2001, tendo como

objetivos verificar e testar os conceitos relacionados ao GOOSE e SCL, além de demonstrar a

interoperabilidade e configurabilidade entre múltiplos fabricantes. Os testes realizados no

evento de demonstração que aconteceu na cidade de Vancouver no Canadá convenceram os

especialistas das vantagens e perspectivas da IEC-61850.

Em janeiro de 2002, no evento de demonstração que aconteceu na cidade de

Danapoint nos Estados Unidos da América tinha como finalidade demonstrar a

interoperabilidade entre sensores não-convencionais, relés de proteção e medidores de

faturamento e desenvolver o primeiro protótipo funcionando segundo a IEC-61850-9-1. Na

ocasião, os fabricantes Siemens e Asea Brown Boveri (ABB) concordaram em estabelecer

suporte comum para a IEC-61850-9-1, acordo protocolado desde o encontro do Conselho

Internacional de Grandes Sistemas Elétricos (Conseil International des Grands Réseaux

Électriques – CIGRÉ) realizado em 2000. Testes de interoperabilidade similares também

foram realizados na organização certificadora KEMA em 2001 e resultaram em sucesso.

Por volta de 2003, na fase final de elaboração da primeira edição da IEC-61850, os

grupos de trabalhos WG11 e WG12 foram integrados ao WG10, grupo de trabalho que ficou

completamente responsável pelos desenvolvimentos futuros da norma. Depois da publicação

das primeiras partes do padrão internacional, os membros do projeto UCA ficaram

responsáveis pelas correções de questões técnicas (Technical Issues – TISSUES) relacionadas

a inconsistências e ambiguidades verificadas nas primeiras implementações da norma. Na

página da Internet http://tissue.iec61850.com podem ser conferidas em detalhes as questões

técnicas relativas à norma.

Na sua primeira edição, a IEC-61850 recebeu o título genérico de “Redes de

Comunicação e Sistemas para automação de Concessionárias de Energia Elétrica”. Composta

por catorze partes distribuídas em mais de mil páginas, a documentação da norma organiza-se

da seguinte forma:

Parte 1: Introdução e visão geral.

Parte 2: Glossário.

Parte 3: Requisitos gerais.

Parte 4: Gerenciamento de sistema e projeto.

Parte 5: Requisitos de comunicação para funções e modelos de dispositivos.

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Parte 6: Linguagem descritiva de configuração para comunicação em subestações

elétricas relacionadas a dispositivos eletrônicos inteligentes.

Parte 7-1: Estrutura básica de comunicação para subestação e equipamentos de

alimentadores – Princípios e modelos.

Parte 7-2: Estrutura básica de comunicação para subestação e equipamentos de

alimentadores – Interface de serviço de comunicação abstrata (Abstract Common

Service Interface – ACSI).

Parte 7-3: Estrutura básica de comunicação para subestação e equipamentos de

alimentadores (Common Data Classes – CDC).

Parte 7-4: Estrutura básica de comunicação para subestação e equipamentos de

alimentadores – Classes de nós lógicos (Logical Nodes – LN) e classes de dados

compatíveis.

Parte 8-1: Mapeamento do Serviço de Comunicação Específico (Specific

Communication Service Mapping – SCSM) – Mapeamento para MMS (ISO 9506-

1 e ISO 9506-2) e para ISO/IEC 8802-3.

Parte 9-1: Mapeamento do Serviço de Comunicação Específico – Valores

amostrados sobre enlace serial unidirecional multidrop ponto-a-ponto.

Parte 9-2: Mapeamento do Serviço de Comunicação Específico – Valores

amostrados sobre ISO/IEC 8802-3.

Parte 10: Teste de conformidade.

No âmbito da IEC, toda norma passa por uma seqüência própria de etapas de

aprovação pelos grupos de trabalho dos comitês técnicos, conforme as seguintes fases:

Proposta de um novo item de trabalho (New Work Item Proposal – NWIP).

Rascunho do trabalho (Working Draft – WD).

Rascunho do comitê (Committee Draft – CD).

Votação do rascunho do comitê (Committee Draft for Voting – CDV).

Rascunho final do padrão internacional (Final Draft International Standard –

FDIS).

Padrão internacional (International Standard – IS)

A FIG. 3.3 mostra de modo geral a seqüência cronológica de aprovação da IEC-61850.

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FIGURA 3.3: Seqüência de aprovação da IEC-61850

A título de precisão da informação, é importante mencionar que as diferentes partes da

norma foram publicadas em datas distintas, à medida que finalizavam os respectivos

processos dentro dos grupos de trabalho da IEC. A TAB. 3.1 apresenta as datas de início dos

trabalhos e da publicação final de cada uma das partes que compõem a primeira edição da

IEC-61850.

TABELA 3.1

Datas de início das atividades e de publicação das partes da norma IEC-61850

Parte da Norma Início das atividades Data de Publicação

IEC 61850-1 24-02-1995 28-04-2003

IEC 61850-2 24-02-1995 07-08-2003

IEC 61850-3 24-02-1995 16-01-2002

IEC 61850-4 24-02-1995 17-01-2002

IEC 61850-5 24-02-1995 24-07-2003

IEC 61850-6 23-02-1998 23-03-2004

IEC 61850-7-1 24-02-1995 23-07-2003

IEC 61850-7-2 24-02-1995 12-05-2003

IEC 61850-7-3 24-02-1995 12-05-2003

IEC 61850-7-4 24-02-1995 13-05-2003

IEC 61850-8-1 24-02-1995 25-05-2004

IEC 61850-9-1 24-02-1995 12-05-2003

IEC 61850-9-2 24-02-1995 20-04-2004

IEC 61850-10 20-08-1999 30-05-2005

Fonte: INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION (2010)

3.2 Principais características da norma

O surgimento da IEC-61850 representou uma importante etapa no processo de

automação de subestações ao promover a integração entre equipamentos e sistemas em

subestações de energia elétrica. As principais características da norma são descritas a seguir:

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Permitir a conexão de dispositivos de diferentes fabricantes

A maior vantagem da IEC-61850 é perspectiva de interoperabilidade entre os

dispositivos produzidos por diferentes fabricantes, possibilitando a troca de informação e a

realização de funções de forma cooperativa. Para viabilizar esta inovação, a norma define o

modelo de dados e serviços necessários à comunicação entre dispositivos, independentemente

do fabricante, ainda que as funções estejam distribuídas em vários dispositivos físicos

conectados à mesma rede e sujeitos ao mesmo protocolo.

FIGURA 3.4: Arquitetura multifabricante testada com sucesso no Projeto OCIS

Fonte: OLIVEIRA; SCHUBERT; WONG (2003)

Capacidade de combinar as tecnologias presentes e futuras com as aplicações

existentes, assegurando a estabilidade dos investimentos a longo prazo

A partir da definição abstrata de dados, a IEC-61850 assegura a compatibilidade dos

dados, informações e aplicações que satisfazem as necessidades das subestações no presente

com os novos requisitos resultantes da evolução tecnológica das comunicações no âmbito do

sistema. Por outro lado, a norma facilita ampliações ou retrofit nas instalações dada a

possibilidade de incorporar novas funcionalidades a partir da utilização de ferramentas a

serem disponibilizadas no futuro.

Flexibilidade de Arquiteturas do Sistema de Automação de Subestação (SAS)

A flexibilidade proporcionada pela livre alocação de funções nos dispositivos permite

suporte a qualquer arquitetura de automação, seja centralizada ou descentralizada, assim como

diversos enfoques de integração ou distribuição de funções em dispositivos inteligentes.

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FIGURA 3.5: Integração das funções de proteção e controle em um mesmo IED

Fonte: FABIANO e PEREIRA (2008)

FIGURA 3.6: Diferentes topologias de rede suportadas pela IEC-61850

Redução de prazos e custos de engenharia, de configuração e de comissionamento de

instalações

A definição da linguagem de configuração de subestações (SCL) incorpora descrições

das capacidades dos IED, da arquitetura da subestação e da estrutura de comunicações. A

linguagem também padroniza e simplifica o processo de Engenharia, facilitando tanto a

manutenção como a ampliação dos sistemas de automação de subestações.

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50

FIGURA 3.7: A Linguagem de Configuração de Subestação (SCL)

Fonte: ABB (2004)

Padronização dos testes de conformidade

A parte 10 da norma IEC-61850 estabelece os requisitos para os testes de

conformidade que assegurem a interoperabilidade entre dispositivos diferentes. Os testes de

conformidade de cada IED individualmente com relação ao padrão são de responsabilidade do

fabricante e, geralmente, realizados por uma organização certificadora independente. O

certificado de homologação deve acompanhar a documentação do IED.

FIGURA 3.8: Esquema de teste de conformidade de um sistema

Fonte: OMICRON (2009)

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51

3.3 Modelo de dados

Loques et al (2003) relatam a dificuldade de integração de sistemas convencionais

baseados em protocolos proprietários, em função da falta de descrições padronizadas de relés

de proteção. Antes da publicação da IEC-61850, os autores já sinalizavam para a necessidade

de aplicação de uma abordagem orientada a objetos que permitisse a definição de um modelo

abstrato para um relé genérico, independente de qualquer fabricante, através da criação de

uma classe. Segundo os autores, esta perspectiva abre possibilidades de criação de classes e

objetos suficientemente genéricos que permitem a definição hierárquica de novas subclasses

que incorporem funcionalidades adicionais, reutilizando dados e funções por meio do

conceito de herança. O benefício desta abordagem é a criação de uma representação

independente da plataforma de hardware e software utilizada nas implementações. A FIG. 3.9

mostra o modelo de dados de um relé sugerido pelos autores.

FIGURA 3.9: Modelo de dados baseado no conceito de orientação a objetos

Fonte: LOQUES et al (2003)

A IEC-61850 vislumbra esta possibilidade de separação entre o modelo de dados e a

interface física de comunicação como um diferencial econômico e operacional à medida que

esta separação permite a compatibilidade de futuras implementações com as já existentes,

preservando os investimentos realizados e assegurando a estabilidade da norma em relação à

evolução da tecnologia.

Nesta perspectiva, a norma define o modelo de dados em funções padronizadas

denominadas nós lógicos (Logical Nodes – LN). Estas funções podem estar alocadas em

dispositivos lógicos (Logical Devices – LD) os quais estão localizados nos dispositivos físicos

(Physical Devices – PD), como mostra a FIG. 3.10.

Page 52: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

52

FIGURA 3.10: Modelo de dados simplificado de um disjuntor segundo a IEC-61850

Fonte: ZHANGAND; GUNTER (2007)

O nó lógico, por sua vez, é composto por objetos de dados (Data Objects – DO) os

quais possuem atributos de dados (Data Attributes – DA) obrigatórios ou opcionais segundo a

norma. Fay (2003) compara o modelo de dados previsto pela IEC-61850 com a estrutura de

uma molécula à qual é composta por vários átomos e estes por partículas menores. Segundo o

autor, os protocolos proprietários são orientados a sinais, ou seja, transmitem a informação

atomizada. Por outro lado, o paradigma de orientação a objeto utilizado pela IEC-61850

permite a transmissão da informação na forma molecular. A analogia mostra que é possível

quebrar a molécula nas suas partículas menores para compatibilizar a IEC-61850 com os

protocolos proprietários ou, de outro modo, reunir as informações atomizadas para integrar

sistemas baseados em protocolos proprietários ao padrão proporcionado pela IEC-61850.

Pereira et al (2007) apresentam os resultados de uma experiência prática conjunta

entre a ABB (Asea Brown Boveri), CEPEL (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica) e

ELETROSUL (Centrais Elétricas do Sul do Brasil S.A.) na aplicação da norma. Segundo os

autores, como os dados são organizados em Logical Nodes, Data Objects e Data Attributes

com semântica bem definida, a maioria das informações foi importada para o gateway sem a

necessidade de tabelas de conversão e endereçamentos especiais.

Por exemplo, a FIG. 3.10 mostra um dispositivo eletrônico inteligente (dispositivo

físico) conectado ao barramento de dados que possui uma seccionadora (dispositivo lógico)

constituída por dois disjuntores XCBR1 e XCBR2 (nós lógicos). O disjuntor XCBR1

apresenta o objeto de dados ctrlVal que indica um valor controle que pode ser de abertura ou

fechamento. O disjuntor XCBR2 apresenta o objeto de dados stVal que indica a posição real

do disjuntor, podendo assumir os estados de transição, aberto, fechado ou defeito.

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53

Para ilustrar melhor o modelo de dados proporcionado pela IEC-61850, a FIG. 3.11

mostra hierarquicamente a decomposição lógica de um dispositivo físico.

FIGURA 3.11: Hierarquia da decomposição lógica de um dispositivo físico

Fonte: FREITAS; LEMOS (2009)

No intuito de representar as diferentes funções presentes em uma subestação, a

primeira edição da norma define mais de 90 nós lógicos reunidos em 13 grupos, como mostra

a TAB. 3.2.

TABELA 3.2

Grupos de nós lógicos definidos pela IEC-61850

Grupo

Indicador Descrição do Grupo de LN Número de LN

A Controle Automático 4

C Controle Supervisionado 5

G Função Genérica 3

I Interfaces e Arquivamento 3

L Sistema de Nó Lógico 3

M Contador e Medição 8

P Função de Proteção 28

R Função Relacionada à Proteção 10

S Sensores, Monitoramento 4

T Transformador de Instrumento 2

X Disjuntor e Chave Seccionadora 2

Y Transformador de Potência e Funções Relacionadas 4

Z Equipamentos Adicionais do Sistema Elétrico 15

Fonte: CIGRÉ STUDY COMMITTEE B5 (2006)

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54

A FIG. 3.12 mostra os 28 nós lógicos associados ao grupo P destacado na TAB. 3.2.

FIGURA 3.12: Nós lógicos relacionados ao grupo função de proteção

Fonte: KIRRMANN (2004)

Cada um dos mais de 90 nós lógicos possui uma denominação abreviada de 4 letras,

iniciada pelo grupo indicador, como por exemplo:

RREC: Religamento automático.

CSWT: Controlador de chaveamento.

MMXU: Medição operativa e indicativa.

PDIS: Proteção de distância.

PTOC: Proteção de sobre-corrente temporizada.

XCBR: Disjuntor.

XSWI: Chave seccionadora.

TCTR: Transformador de corrente.

Para diferenciar as instâncias distintas de um mesmo nó lógico, a IEC-61850 adiciona

um sufixo à denominação do nó lógico. Por exemplo, XCBR1 e XCBR2 identificam duas

ocorrências distintas de nós lógicos que representam disjuntores.

A IEC-61850 especifica uma diversidade de objeto de dados associados a cada nó

lógico como mostra a FIG. 3.13.

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FIGURA 3.13: Objetos de dados que constituem o nó lógico XCBR

Fonte: KIRRMANN (2004)

Cada objeto de dados possui propriedades denominadas atributos de dados (Data

Attributes). Assim, o atributo de dados Pos do nó lógico XCBR é diferente de um simples

estado do disjuntor, pois carrega informações como o ctlVal que é uma variável booleana

indicativa da atividade de controle do disjuntor (abertura ou fechamento) ou o stVal que

indica a posição real do disjuntor, podendo assumir os estados de transição, aberto, fechado

ou defeito. O atributo de dados Pos também possui a informação “origin” que indica a origem

da requisição do comando, “t” que indica a última mudança no valor de status.

A exemplo do LN XCBR, muitos nós lógicos possuem objetos de dados com diversos

atributos comuns. Para simplificar a engenharia, a IEC-61850 define 30 grupos padrão de

atributos de dados denominados Classes de Dados Comuns (Common Data Classes – CDC),

onde classe é utilizada no sentido de coleção de variáveis. Como consequencia, cada objeto de

dados de um nó lógico pertence a uma CDC, como mostrado na terceira coluna da FIG. 3.13.

A partir da definição das CDC, a norma apresenta os atributos dos objetos de dados

para cada objeto de dados como mostrado nas FIG. 3.14 e 3.15.

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FIGURA 3.14: Definição dos atributos (Data Attributes) do objeto de dados Pos

Fonte: IGARASHI (2007)

Conforme a IEC-61850, os atributos de dados são provavelmente tão importantes que

os objetos de dados por duas razões. Primeiramente, os objetos de dados são apenas coleções

lógicas de atributos de dados os quais são, de fato, correspondências lógicas para os

elementos físicos (memórias, registradores, portas de comunicação, etc.). Em segundo lugar,

os objetos de dados tem apenas o propósito de agrupar atributos de dados para proporcionar

conveniência na comunicação e na manipulação do conjunto de informações.

Como é possível que alguns atributos de dados sejam do mesmo tipo, a norma define

12 tipos comuns de atributos de dados (Common Data Attributes – CDA), conforme mostra a

segunda coluna da FIG. 3.14. A IEC-61850 também define um conjunto de 12 restrições

funcionais (Functional Constraints - FC) para indicar as diferentes relevâncias e exigências

de tempo crítico dos atributos de dados, segundo apresentado na terceira coluna da FIG. 3.14.

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FIGURA 3.15: Estrutura em árvore do objeto de dados Pos pertencente ao nó lógico XCBR

Fonte: KIRRMANN (2004)

Por exemplo, a FIG. 3.13 mostra que o objeto de dados Pos de um disjuntor pertence à

CDC DPC (Double Point Control) à qual possui atributos com diferentes graus de urgência

(FIG.3.14), como o atributo “d” que informa a descrição do referido objeto de dados e o

atributo “stVal” que informa o status da posição real do disjuntor. Conforme a FIG. 3.14, a

norma IEC-61850 define CO, ST, SV, CF, DC e EX como restrições funcionais para o objeto

de dados Pos. A FIG. 3.16 mostra os tipos de restrições funcionais definidos pela norma.

FIGURA 3.16: Restrições funcionais definidas pela IEC-61850

Fonte: KIRRMANN (2004)

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58

As referências de dispositivo lógico, do nó lógico, do objeto de dados, do atributo de

dados e de restrições funcionais compõem a nomenclatura padronizada das funções presentes

nos IED a ser utilizada na configuração dos dispositivos. A figura 3.17 mostra como é

organizada a referência de nomenclatura conforme determina a norma IEC-61850.

FIGURA 3.17: Nomenclatura padronizada pela IEC-61850

Fonte: KIRRMANN (2004)

Resumidamente, a estrutura do modelo genérico de dados definido pela IEC-61850 é

ilustrada na FIG. 3.18.

FIGURA 3.18: Estrutura geral do modelo de dados segundo a IEC-61850

Fonte: KIRRMANN (2004)

Page 59: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

59

3.4 Linguagem de Configuração de Subestação

A grande vantagem da IEC-61850 sobre os protocolos proprietários é a facilidade de

configuração dos IED proporcionada pela linguagem de configuração de subestação

(Substation Configuration Language - SCL). Basicamente, a SCL é um sistema de

especificação em diagrama unifilar das conexões dos equipamentos na subestação. A

linguagem também documenta a alocação dos nós lógicos nos IED do diagrama unifilar,

definindo as funcionalidades e pontos de acesso para todos os dispositivos.

Mackiewicz (2006) informa que a linguagem de configuração de subestação especifica

uma hierarquia de arquivos de configuração, permitindo a descrição de múltiplos níveis do

sistema de supervisão, proteção e controle da subestação em arquivos baseados na linguagem

XML (eXtensible Markup Language).1.0. Os arquivos incluem a descrição de especificação

de sistema (System Specification Description – SSD), a descrição da configuração da

subestação (Substation Configuration Description – SCD), a descrição da capacidade do IED

(IED Capability Description) e a descrição do IED configurado (Configured IED

Description). Os arquivos são construídos a partir dos mesmos métodos e formatos, porém,

tem diferentes escopos dependendo da necessidade.

Desta forma, a SCL permite descrever formalmente as relações entre o sistema de

automação da subestação e os equipamentos de pátio através da configuração de quatro tipos

de arquivos, como mostra a TAB. 3.3.

TABELA 3.3

Arquivos de configuração da SCL

Arquivo Definição

SSD

Descreve em XML o diagrama unifilar e a funcionalidade da automação

da subestação associada aos nós lógicos. Este é o ponto de partida para

gerar o arquivo SCD.

SCD

Descreve em XML a configuração completa da subestação incluindo a

rede de comunicação e informações sobre o fluxo de dados de

comunicação. Contém os arquivos ICD da subestação.

ICD

Descreve em XML as pré-configurações e capacidades do IED. Neste

arquivo que acompanha o IED estão descritas todas as funções que

poderão ser utilizadas no sistema. É distribuído pelo fabricante do

equipamento.

CID Descrição da configuração de um IED específico. Neste arquivo estão

descritas as funções parametrizadas ou habilitadas pelo usuário do IED.

Fonte: MIRANDA (2009), PAULINO (2007)

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60

Segundo Paulino (2007), este novo modelo de configuração estabelecido pela IEC-

61850 possibilitou a compatibilidade no intercâmbio de informações entre ferramentas de

engenharia dos IED, os conhecidos softwares de parametrização, e as ferramentas de

engenharia do sistema distribuídas por diferentes fabricantes. Deste modo, a SCL contribui

para a racionalização das diversas práticas existentes nas implementações dos projetos de

subestações. A FIG. 3.19 mostra a estrutura da linguagem de configuração de subestação.

FIGURA 3.19: Estrutura da linguagem de configuração de subestação definida pela norma

Fonte: PAULINO (2007)

A título de exemplificação, Rein Júnior (2006) apresenta na FIG. 3.20 um trecho de

arquivo XML contendo a descrição de uma subestação que possui um disjuntor QA1 e uma

chave seccionadora QB1, ambos conectados ao nó L1 do vão (bay) Q1. O disjuntor está

associado ao LN XCBR1 e a chave seccionadora ao LN XSWI2.

Os arquivos da SCL são configurados em formato texto, permitindo a criação e

manutenção em qualquer editor, mas existem aplicativos com ambientes gráficos que

facilitam o trabalho de engenharia. A FIG. 3.21 mostra uma tela do software livre OpenSCL

Tools e a FIG. 3.22 mostra uma janela do software Visual SCL® fornecido pela empresa ASE

(Applied Systems Engineering).

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61

FIGURA 3.20: Trecho de um arquivo SCL

Fonte: REIN JÚNIOR (2006)

FIGURA 3.21: Janela do software OpenSCL Tools

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62

FIGURA 3.22: Janela do software Visual SCL®, propriedade da ASE, Inc.

Segundo Igarashi (2007), a ferramenta de configuração do IED é um aplicativo

proprietário do fabricante do equipamento capaz de gerar arquivos de configuração

específicos do IED ou mesmo configurar o IED. O autor informa que a ferramenta de

especificação do sistema é um aplicativo capaz de gerar o arquivo que contenha as

especificações da subestação a partir do diagrama unifilar, os nós lógicos, o diagrama dos

alimentadores, por exemplo. Igarashi também informa que a ferramenta de configuração do

sistema é um software independente dos IED utilizados e deve ser capaz de importar arquivos

ICD de vários IED e o arquivo SSD que serão utilizados pelo engenheiro para gerar as

informações do sistema que serão compartilhadas pelos diversos IED.

Igarashi (2007) também observa que a norma prevê três formas de transferência de

dados de configuração produzidos pela ferramenta de configuração do IED:

Via transferência local de arquivo por meio de uma Workstation conectada

localmente ao IED.

Via transferência remota do arquivo por meio do método de transferência de

arquivo estabelecido pela IEC 61850-7-2.

Via serviços de parametrização e configuração de dados conforme a IEC 61850-

7-2.

A FIG. 3.23 ilustra a arquitetura de um sistema de configuração que utiliza a SCL.

Brand, Brunner e Wimmer (2004) descrevem o processo de projeto de sistemas de

supervisão, proteção e controle de subestações segundo os requisitos do cliente. No artigo, os

autores ressaltam a importância de observar três áreas nos projetos de sistemas de automação

de subestações: a funcionalidade necessária, o desempenho desejado e todas as restrições

aplicáveis. A FIG. 3.24 apresenta o fluxograma das etapas de projeto proposto pelos autores.

Page 63: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

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FIGURA 3.23: Arquitetura do sistema de configuração que utiliza a linguagem SCL

Fonte: IGARASHI (2007)

FIGURA 3.24: Etapas do processo de projeto de sistema de automação de subestações

Fonte: BRAND; BRUNNER; WIMMER (2004)

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64

Pereira et al (2007) constataram o ganho de produtividade nas tarefas relativas ao

projeto e configuração das subestações a partir da linguagem de configuração de subestações,

à medida que tornou possível o desenvolvimento de ferramentas de geração automatizada de

bases de dados.

Magalhães et al (2009) apresentam uma ferramenta automática de geração de

configuração baseada na linguagem SCL desenvolvida pelos autores. Este configurador de

sistema permite a configuração de modelos (templates) básicos de células de subestação, tais

como bays típicos. Os modelos podem ser utilizados no projeto de subestações, minimizando

sensivelmente o esforço de configuração. O aplicativo permite importar um arquivo completo

de uma subestação como modelo, necessitando apenas alterar os parâmetros específicos da

subestação a ser configurada. A FIG. 3.25 mostra uma tela do configurador do sistema

desenvolvido pelos autores.

FIGURA 3.25: Configurador de sistema de automação

Fonte: MAGALHÃES et al (2009)

Page 65: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

65

Em termos práticos, Paulino (2007), Mackiewicz (2006) e Miranda (2005) destacam

como benefícios da SCL:

A linguagem possibilita que ferramentas de desenvolvimento off-line gerem

automaticamente do projeto da subestação os arquivos necessários à configuração

do IED, reduzindo significantemente os custos e esforços manuais de

configuração.

A linguagem permite o compartilhamento da configuração do IED entre os

usuários e fabricantes no intuito de reduzir as inconsistências e ambiguidades na

configuração e nos requisitos do sistema.

As aplicações baseadas na IEC-61850 podem ser configuradas off-line, sem a

necessidade de conexão com a rede.

Possibilita, com a ajuda de testes e ajustes adequados, que novos ajustes possam

ser implementados imediatamente no projeto.

3.5 A comunicação na visão da IEC-61850

3.5.1 Arquitetura de comunicação

Freitas e Lemos (2009) relatam que a norma IEC-61850 estabelece a divisão de uma

subestação em três níveis: estação (station level), vão ou baia (bay level) e processo (process

level). No nível de processo, são encontrados os equipamentos de campo como os

transformadores de corrente (Current Transformers – CT), os transformadores de potencial

(Voltage Transformers – VT) e as unidades de conformação de dados (Merging Units – MU)

que enviam ou recebem sinais dos níveis superiores. Os equipamentos deste nível não

possuem autonomia no sistema e são controlados pelos dispositivos eletrônicos inteligentes

(IED) localizados no nível de vão. Os IED encontrados no nível de vão realizam o controle, a

supervisão e a proteção da subestação, recebendo sinais oriundos do nível de processo e

enviando comandos para atuação no sistema ou para sinalização de status de cada

equipamento na Interface Homem Máquina (IHM) localizada no nível de estação. Neste

último nível são concentrados os dados provenientes do nível de vão, podendo ainda repassá-

los para centros de controle como o Operador Nacional do Sistema (ONS). A FIG. 3.26 ilustra

os três níveis de uma subestação.

Page 66: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

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FIGURA 3.26: Arquitetura de comunicação

Fonte: SANTOS; PEREIRA (2007)

É importante mencionar que a arquitetura do sistema de comunicação delineada pela

norma IEC-61850 pode ser implementada em qualquer topologia de rede (barramento, estrela,

dupla estrela, anel, misto, etc) como mostra a FIG. 3.6, garantindo a flexibilidade de arranjos

físicos da rede de comunicação.

No que diz respeito às funções de supervisão, proteção e controle, o padrão IEC-61850

estabelece as seguintes interfaces de troca de dados nos três níveis da subestação:

IF1: Troca de dados de proteção entre os níveis de vão e estação.

IF2: Troca de dados de proteção entre os níveis de vão e proteção remota.

IF3: Troca de dados dentro do nível de vão.

IF4: Troca de dados instantâneos de TC e TP entre os níveis de processo e vão.

IF5: Troca de dados de controle entre os níveis de processo e vão.

IF6: Troca de dados de controle entre os níveis de vão e estação.

IF7: Troca de dados entre a subestação e o local de trabalho da Engenharia.

IF8: Troca de dados entre os vãos especialmente para funções rápidas como

intertravamentos.

IF9: Troca de dados dentro do nível da estação.

IF10: Troca de dados de controle entre os dispositivos da subestação e o centro

de controle remoto.

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67

A FIG. 3.27 apresenta os níveis e as possíveis interfaces de trocas de dados na

subestação.

FIGURA 3.27: Níveis e interfaces lógicas de um sistema de automação de subestações

Fonte: MIRANDA (2009)

Conforme Miranda (2009), as diferentes funções (Functions, F) são implementadas

em vários dispositivos físicos (Physical Devices, PD) através da divisão em subfunções, ou

nós lógicos (Logical Nodes, LN) os quais, por sua vez, podem trocar informações necessárias

à implementação das funções através de conexões lógicas (Logical Connections, LC) e

conexões físicas (Physical Connections, PC) como mostra a FIG. 3.28. Vale observar que a

mesma função pode estar distribuída em dispositivos físicos diferentes, caracterizando o que

se denomina livre alocação de funções.

FIGURA 3.28: Estrutura de alocação de funções

Fonte: MIRANDA (2009)

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68

Segundo Pereira et al (2007) a troca de informações na subestação é realizada em duas

modalidades: cliente-servidor (client-server) e editor-assinante (publisher-subscriber). No

modo cliente-servidor as informações de configuração são transferidas verticalmente entre os

níveis da subestação, com tempo de resposta relativamente lento (da ordem de 1s). Neste

modo de comunicação, o servidor corresponde ao nível de vão ou processo que fornecem os

dados aos clientes no nível de estação ou qualquer outro nível remoto. Tais dados podem ser

transmitidos por solicitação do cliente ou enviados automaticamente a partir de eventos pré-

definidos como alertas de mudanças de status de equipamentos, por exemplo. A FIG. 3.29

ilustra o processo de comunicação vertical em uma subestação.

FIGURA 3.29: Comunicação no modo vertical

Fonte: CAETANO; PERNES (2007)

Por outro lado, as comunicações horizontais acontecem no mesmo nível da subestação

e utilizam o modo editor-assinante, em que o editor transmite as informações na rede no modo

unicast (transmissão ponto-a-ponto) ou multicast (transmissão seletiva), como mostra as FIG.

3.30(a) e 3.30(b), de tal maneira que os IED conectados à rede de comunicação podem

receber mensagens e utilizá-las ou não, dependendo da configuração do sistema.

Page 69: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

69

(a) (b)

FIGURA 3.30: Modos horizontais de transmissão de dados

(a) Unicast

(b) Multicast

Vale ressaltar que a comunicação não depende de um sinal de confirmação, sendo

repetida várias vezes para aumentar a confiabilidade. Como este tipo de comunicação

geralmente está associada a comandos que exigem alta velocidade tais como sinais de disparo

(trip), o tempo de comunicação oscila em torno de 4ms na maior parte dos casos. A FIG. 3.31

mostra o processo de comunicação horizontal em uma subestação.

FIGURA 3.31: Comunicação no modo horizontal

Fonte: CAETANO; PERNES (2007)

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70

Os sistemas de potência estão se tornando cada vez mais integrados e complexos de

forma que os eventos que ocorrem em uma parte do sistema afetam a operação de outra parte

localizada a muitos quilômetros de distância da origem. Nesta perspectiva, é requisito

essencial para o adequado funcionamento do sistema a utilização de um mecanismo de

sincronização de tempo com precisão adequada.

No intuito de providenciar meios de sincronização de tempo, o RCC (Range

Commanders Council), órgão pertencente às forças armadas dos EUA, desenvolveu em 1956

os códigos IRIG (Inter-Range Instrumentation Group). Existem 6 códigos IRIG disponíveis

que se diferenciam pelas suas taxas de transmissão: A, B, D, E G e H. Segundo Moore (2009),

o código B se tornou o padrão mais aceitável pelos sistemas de distribuição por conta da

simplicidade de compreensão e implementação, além da sua precisão na ordem de

microssegundos e da compatibilidade com muitos IED.

FIGURA 3.32: Sincronização do tempo padrão IRIG-B

Fonte: MOORE (2009)

Alzate e Dolezilek (2007) afirmam que o protocolo IEC-61850 requer uma resolução

de tempo da ordem de microssegundos, com precisão em torno de 100s. Portanto, segundo

os autores, a melhor prática recomendada para sincronização de tempo é o IRIG-B, pois é o

único método que fornece este nível de precisão. No artigo, os autores mencionam os esforços

da IEEE no sentido do desenvolvimento de uma norma, referida como IEEE 1588, que utilize

a Ethernet para sincronização de tempo.

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FIGURA 3.33: Servidor de tempo IRIG-B produzido pela Meinberg®

3.5.2 Mensagens GOOSE e SMV

No intuito de transferir uniformemente os dados entre os dispositivos conectados ao

sistema, os serviços de troca de informação devem ser definidos. A IEC-61850 utiliza um

conceito orientado a objeto chamado Interface de Comunicação de Serviços Abstratos

(Abstract Communication Service Interface, ACSI). A ACSI é muito útil, pois os serviços são

independentes do conteúdo da informação e do protocolo de comunicação. Este serviço

permite que todos os IED se comportem identicamente na perspectiva da rede de

comunicação. No modelo ACSI existem dois tipos de serviços de comunicação. O primeiro

grupo usa o modelo cliente-servidor (comunicação vertical), para coletar dados dos IED e o

segundo grupo utiliza o modelo de comunicação horizontal de ponto-a-ponto (peer-to-peer

ou, abreviadamente, P2P), em que cada dispositivo tem as mesmas capacidades e

responsabilidades, para estabelecer comunicação rápida entre IED e transmitir as amostras de

valores medidos (Sample Measured Values – SMV). As mensagens do primeiro grupo são

consideradas de baixa prioridade enquanto que as do segundo grupo possuem alta prioridade.

As mensagens trocadas entre dispositivos na rede de comunicação da subestação

podem ser classificadas segundo a sua prioridade pela IEC-61850 como ilustra a FIG. 3.34.

Pereira et al (2007) informam que as mensagens do tipo 1a e 1b são de alta velocidade,

as do tipo 2 e 7 são de média velocidade, as do tipo 6a e 6b são utilizadas como sinais de

sincronismo e as do tipo 4 correspondem a valores amostrados dos transformadores de

potencial e corrente. As demais mensagens são de baixa velocidade e correspondem a coleta

de parâmetros e transferência de arquivos. Segundo os autores, as mensagens do tipo 1a e 1b

são denominadas GSE (Generic Substation Events) e podem ser classificadas em GOOSE

(Generic Oriented Object Substation Event) e GSSE (Generic Substation Status Event).

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72

FIGURA 3.34: Tipos de mensagens definidas pela IEC-61850

Fonte: PIIRAINEN (2010)

A grande vantagem proporcionada pelas mensagens GOOSE e GSSE é a possibilidade

de comunicação de alta velocidade e confiabilidade entre vários IED através da rede de

comunicação, substituindo a comunicação física por meio de cabos ou fios dedicados. A FIG.

3.35 mostra o modo multicast de transmissão de mensagens GOOSE.

FIGURA 3.35: Transmissão de mensagens GOOSE

Fonte: MIRANDA (2009)

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73

Para garantir a confiabilidade da comunicação, as mensagens GOOSE são

retransmitidas com intervalos de tempo crescentes até que o intervalo máximo de repetição

seja alcançado. A FIG. 3.36 mostra que após a ocorrência de um evento de alta prioridade o

intervalo de retransmissão é bastante curto (da ordem de poucos milissegundos), aumentando

gradativamente até alcançar a ordem de poucos segundos. Como sempre existe tráfego de

mensagens na rede, os IED receptores da mensagem podem detectar uma falha de

comunicação a partir do momento em que o sinal enviado periodicamente não for detectado.

FIGURA 3.36: Mecanismo de retransmissão de mensagem GOOSE

Fonte: BRUNNER; APOSTOLOV (2009)

Outro tipo de mensagem de alta prioridade são os valores amostrados de grandezas

elétricas na forma analógica necessárias à proteção, supervisão e controle de subestações. A

partir da crescente disponibilidade de sensores de tensão e corrente que funcionam com

baixos níveis de energia, a capacidade de digitalizar os sinais analógicos coletados e

transmitir os valores amostrados através da rede de comunicação torna-se uma necessidade. A

IEC-61850 se encarrega de definir os serviços de amostragem de valores medidos (Sample

Measures Values – SMV). Neste aspecto, as unidades de conformação de dados assumem

importante papel à medida que são responsáveis pela amostragem e digitalização dos sinais de

tensão, corrente e informações de status provenientes dos transformadores de instrumentos e

transdutores conectados à instalação elétrica primária da subestação. A FIG. 3.37 mostra uma

merging unit (MU) e apresenta o seu papel central no conceito de amostragem de valores

medidos (SMV).

Page 74: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

74

FIGURA 3.37: Unidade de conformação de dados (Merging Unit)

Fonte: MACKIEWICZ (2006)

As unidades de conformação de dados (merging units) amostram os sinais analógicos

de tensão e corrente provenientes dos transformadores de instrumentos a uma taxa

sincronizada. Deste modo, qualquer IED pode receber dados de múltiplas MU e

automaticamente alinhar e processar os dados. As taxas de amostragem convencionadas

atualmente são 80 amostras/ciclo para monitoramento e proteção e 256 amostras/ciclo para

qualidade de energia e oscilografias de alta resolução. A FIG. 3.38 mostra uma merging unit

instalada junto a um disjuntor no pátio de uma subestação e as FIG. 3.39(a) e 3.39(b) ilustram

modelos de MU para montagem em estante (rack) ou em campo.

FIGURA 3.38: Unidade de conformação de dados (Merging Unit) montada em campo

Fonte: HUNT (2009)

Page 75: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

75

(a) (b)

FIGURA 3.39: Aspecto construtivo de uma Merging Unit

(a) MU para montagem em estante

(b) MU para montagem em campo

Tecnologicamente, a merging unit é composta por amplificadores, filtros analógicos,

pelo conversor analógico-digital e pelo módulo de processamento de sinais digitais (Digital

Signal Processing – DSP). A MU possui entrada de sincronização de tempo e de calibração,

como ilustra a FIG. 3.40.

FIGURA 3.40: Diagrama de bloco simplificado de uma Merging Unit

Fonte: THOLOMIER; CHATREFOU (2008)

3.6 Testes de conformidade e do sistema

Mais do que definir o modelo de dados e serviços de comunicação, a IEC-61850

estabelece os princípios de testes de conformidade dos dispositivos do sistema, verificando

essencialmente a interoperabilidade dos dispositivos segundo os requisitos da norma. Testes

de conformidade são realizados em laboratórios especialmente equipados de empresas

Page 76: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

76

certificadoras. Os certificados de homologação emitidos pelas organizações certificadoras

devem acompanhar a documentação fornecida com os IED.

A FIG. 3.41 mostra um certificado de conformidade emitido pela KEMA para um

produto fabricado pela empresa Camille Bauer®.

FIGURA 3.41: Certificado de conformidade emitido pela KEMA

Fonte: KEMA (2009)

Segundo Ito e Ohashi (2008), alguns aspectos importantes devem ser mencionados em

relação aos testes de conformidade estabelecidos pela parte 10 da IEC-61850:

Conformidade não significa interoperabilidade.

Apenas testes funcionais básicos são levados em consideração e nenhum teste de

performance é realizado.

As interfaces de comunicação no IED constituem a parte principal dos testes de

conformidade. Por outro lado, os sistemas baseados na IEC-61850 são tão

complexos e variados por conta da flexibilidade proporcionada pela norma que é

muito difícil testá-los completamente.

Vale mencionar que na fase de comissionamento considera-se que o dispositivo em

teste (Device Under Test – DUT) já esteja em conformidade com a IEC-61850-10.

Pereira et al (2008) afirmam que para realizar os testes de conformidade e os testes

funcionais é necessário dispor de um conjunto de teste adequado que inclua, pelo menos, um

equipamento de teste baseado na IEC-61850, uma rede Ethernet, um computador e as

ferramentas computacionais necessárias. A FIG. 3.42 mostra um esquema de conexão dos

dispositivos em teste.

Page 77: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

77

FIGURA 3.42: Conexão física para testes funcionais

Fonte: STEINHAUSER; SCHOSSIG (2007)

O equipamento de teste deve simular a comunicação vertical, como a transferência de

informações de configuração e operacionais no modo cliente-servidor, assim como a

comunicação horizontal, no modo editor-assinante, tal como as mensagens GOOSE e GSSE.

As FIG. 3.43(a) e 3.43(b) mostram os equipamentos da Omicron®

que são utilizados nos

testes de conformidade de dispositivos.

(a) (b)

FIGURA 3.43: Equipamentos de teste de conformidade da Omicron®

(a) Mala de Teste CPC 100®

(b) CMC 256 Plus®

Page 78: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

78

Pereira et al (2008) recomendam a realização dos testes de conformidade antes da

integração do sistema a fim de descobrir em tempo possíveis erros e inconsistências

relacionadas ao software do IED, assim como a exata funcionalidade dos equipamentos. Este

procedimento pode evitar comportamentos inesperados na fase operacional, além de poupar

tempo e recursos financeiros nas etapas de implementação e manutenção do sistema. Neste

aspecto, as informações de configuração na linguagem SCL podem ajudar nos testes de

conformidade como mostra a FIG. 3.44.

FIGURA 3.44: Utilização dos dados de configuração nos testes do sistema

Fonte: STEINHAUSER; SCHOSSIG (2007)

Page 79: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

79

Capítulo 4 – Avaliação Crítica da Norma IEC-61850

4.1 Análise da necessidade de adoção da IEC-61850

4.1.1 Metodologia dos Ciclos de Tendência da Gartner Research

Quando uma inovação tecnológica se apresenta ao mercado surgem dúvidas em

relação à necessidade ou viabilidade de aquisição ou adoção da nova tecnologia, pois além de

envolverem recursos financeiros frequentemente também provocam quebras de paradigmas já

estabelecidos e consolidados, com a conseqüente resistência à mudança das partes envolvidas.

Esta inércia de mercado é natural e reflete a prudência na realização de investimentos.

Outro ponto importante a ser considerado está relacionado ao momento em que a nova

tecnologia deve ser adquirida ou adotada, haja vista que é importante assegurar a atualização

do parque tecnológico da organização de modo a preservar os investimentos realizados ou

mesmo adequá-los a novas regulamentações impostas pelo governo ou padronizações

propostas por organizações de normatização nacionais ou internacionais.

Neste sentido, a consultoria Gartner® desenvolveu uma metodologia denominada

Gartner Hype Cicles (ciclos de tendência, ou de modismos) que fornece uma representação

gráfica da maturidade e adoção de tecnologias e aplicações. O termo hype significa

publicidade de maneira exagerada, muitas vezes de modo enganoso ou ilusório.

A metodologia dos ciclos de tendência elaborada pela consultoria Gartner permite a

visualização de como a tecnologia ou aplicação evolui ao longo do tempo, providenciando

uma fonte de conhecimento e funcionando como uma importante ferramenta auxiliar de

análise e tomada de decisão. As organizações podem utilizar os ciclos de tendências para

conhecer a promessa de uma tecnologia emergente dentro do contexto dos negócios e do

apetite individual pelo risco.

Os ciclos de tendência elaborados pela consultoria Gartner são divididos em 5 fases: a

fase de lançamento da tecnologia (Technology Trigger), a fase das expectativas inflacionadas

(Peak of inflated Expectations), a fase da desilusão (Through Disillusionment), a fase de

retomada do interesse (Slope of Enlightenment) e a fase de maturidade (Plateau of

Productivity).

Page 80: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

80

A fase de lançamento da tecnologia é caracterizada pela maciça divulgação na mídia

das suas potenciais vantagens e benefícios de adoção, geralmente acompanhadas de análises

prematuras favoráveis aos novos conceitos. Nesta fase existe muita excitação e energia em

torno da nova tecnologia e suas aplicações, porém, freqüentemente não há produtos

disponíveis no mercado e a viabilidade comercial não é provada.

Na fase de expectativas inflacionadas, a publicidade veiculada na etapa de lançamento

se traduz na produção dos primeiros casos de sucesso, constantemente acompanhados de

situações de falha. Em geral os produtos possuem preços altos justificados para a cobertura

dos custos de pesquisas e desenvolvimento. Durante esta fase, organizações mais agressivas

podem iniciar projetos customizados para seus requisitos em conjunto com os fabricantes,

principalmente se existe perspectiva de alcançar vantagem competitiva.

Assim que o pico desta etapa é atingido, um número cada vez maior de fabricantes

participa do processo de competição pela liderança no fornecimento da nova tecnologia. A

partir da movimentação exagerada em torno da nova tecnologia, um número crescente de

empresas examina como a tecnologia se ajusta às suas estratégias de negócios, embora

algumas organizações ainda se mantenham céticas ou receosas.

Na fase da desilusão o interesse diminui consideravelmente à medida que surge a

primeira geração de produtos e são retratadas as falhas e limitações da nova tecnologia. A

publicidade negativa sobre a nova tecnologia nesta fase leva ao estado de desilusão do

mercado, pois a tecnologia não corresponde às expectativas e começa a entrar na fase de

descrédito.

Esta é a fase mais complicada, pois a sobrevivência de fornecedores no mercado pode

ser ameaçada. Os investimentos continuam apenas se os fabricantes que sobreviverem a esta

fase melhorarem os seus produtos, satisfazendo os clientes que já adotaram a nova tecnologia.

A fase de retomada do interesse acontece em função da consolidação da compreensão

de como a tecnologia pode beneficiar as organizações. Produtos de segunda e terceira geração

começam a surgir no mercado. Nesta fase, as empresas mais agressivas estão confortáveis

com a nova tecnologia, enquanto as companhias moderadamente agressivas iniciam projetos

piloto. Empresas mais conservadoras continuam cautelosas.

No início desta fase, estima-se que a penetração da nova tecnologia é menor que 5%

do mercado potencial. Este nível alcança aproximadamente 20% assim que a tecnologia

alcança a próxima fase.

Page 81: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

81

Na fase de maturidade começa a adoção geral da nova tecnologia por um número cada

vez maior de empresas, pois os benefícios obtidos são medidos positivamente. Assim que a

tecnologia amadurece, surge um ecossistema de múltiplos fabricantes de produtos e serviços.

A partir do momento em que milhares de empresas adotam a nova tecnologia, o modismo

começa a diminuir, os critérios de viabilidade se tornam mais claramente definidos. O custo x

benefício da adoção da tecnologia pelo mercado amplo começa ser favorável.

A FIG. 4.1 mostra o gráfico do ciclo de tendências genérico proposto consultoria

Gartner.

FIGURA 4.1: Gráfico dos Ciclos de Tendência Gartner

Fonte: GARTNER RESEARCH (2008)

4.1.2 Análise da IEC-61850 conforme a metodologia dos ciclos de

tendência

No intuito de mensurar a visibilidade do impacto da norma IEC-61850 para

delimitação das fases dos ciclos de tendência, foram utilizados os relatos disponíveis na

literatura especializada nacional e internacional.

Fase 1

Fase 2

Fase 3

Fase 4

Fase 5

Page 82: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

82

Segundo Dawidzac e Oliveira (2007), as duas primeiras subestações baseadas na IEC-

61850 começaram a ser projetadas em 2003, aproximadamente seis meses após o lançamento

das primeiras partes da norma. No final do ano de 2003, foi iniciado o projeto da subestação

Garzweiler II na Alemanha o qual foi finalizado no início de 2005. O projeto da subestação

Winznauschachen na Suíça teve início em 2003 e término no final de 2004.

Em 2005, foi comissionada e entregue a primeira subestação funcionando com a IEC-

61850 nas Américas. Segundo Rodrigues, Soldani e Wong (2006), a subestação Bujama da

concessionária Luz del Sur, no Peru. No mesmo ano, foi iniciado nos Estados Unidos da

América o primeiro projeto de subestação baseada na norma IEC-61850 pela concessionária

TVA (Tenesse Valley Authority) como informam Holbach et al (2007).

Até o ano de 2007, Rodrigues e Hoga (2007) já tinham contabilizado mais de 250

projetos de subestações apenas com soluções Siemens funcionando conforme a norma no

mundo. Em outro artigo publicado em 2009, os mesmos autores já contabilizavam mais de

500 subestações.

Segundo o blog http://iec61850.blogspot.com, a Siemens já anunciava no ano de 2008

mais de 1.000 instalações no mundo funcionando com equipamentos da empresa baseados na

IEC-61850.

Em 2010, a ABB já contava com mais de 800 projetos de subestações com soluções

próprias baseadas na norma funcionando no mundo.

No Brasil, as primeiras subestações a utilizar a IEC-61850 surgiram a partir de 2007

conforme relatos de Kimura (2009) e Flores, Higashi e Borges (2009).

Segundo Tavares e Leal (2010) estima-se que atualmente apenas 20% do parque de

subestações brasileiro já esteja digitalizado. Os autores informam que o Brasil conta com um

parque total de aproximadamente 620 subestações, com perspectiva de construção de mais 95

nos próximos três anos.

No Estado do Pará, não existem dados consolidados do número de subestações

funcionando conforme a IEC-61850. Existem apenas alguns registros da Eletronorte (Centrais

Elétricas do Norte do Brasil S.A.) na implementação parcial de automação de subestações

segundo o referido padrão.

Por exemplo, Cerqueira et al (2008) apresentam os sistemas especiais de proteção

(SEP) definidos e implantados em duas subestações de propriedade da Eletronorte. No artigo,

os autores informam que em novembro de 2007 o padrão IEC-61850 foi implantado na

subestação Utinga.

Page 83: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

83

Ainda não existe estatística oficial que aponte quantas das 52 subestações (das quais

11 subestações encontram-se no território paraense) de propriedade da Eletronorte estão

funcionando conforme a IEC-61850.

Dados apresentados nas demonstrações patrimoniais do exercício de 2009 mostram

que a CELPA (Centrais Elétricas do Pará S.A.) possuía 63 subestações na ocasião, porém, não

há relatos na literatura especializada sobre o estado destas subestações em relação à norma.

Após a análise da visibilidade do padrão IEC-61850 na literatura especializada

mundial é possível situar cronologicamente cada uma das fases do ciclo de tendências. O

resultado é apresentado na FIG. 4.2.

Um outro referencial importante para balizar as estimativas do período de cada uma

das fases é a cronologia da padronização apresentada pela IEC. Em termos de normalização, a

Comissão Eletrotécnica Internacional já lançou a segunda edição de várias partes da norma e

estabeleceu o ano de 2010 como prazo de estabilização da maioria das partes da IEC-61850.

Considerando o panorama mundial da IEC-61850, apresentado na FIG. 4.2, é possível

verificar que no ano de 2010 a tecnologia ainda não amadureceu o suficiente para justificar

investimentos por empresas mais conservadoras.

FIGURA 4.2: Gráfico dos ciclos de tendência para o panorama mundial da IEC-61850

Fase 1

Fase 2

Fase 3

Fase 4

Fase 5

2003 2009 2007 2011

Page 84: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

84

4.2 Barreiras e limitações da IEC-61850

Segundo Gilchrist e Farquharson (2007), enquanto o padrão IEC-61850 se tornou

modismo na Europa e no resto do mundo, a América do Norte foi mais cética quanto às

vantagens de adoção da norma, haja vista que já haviam sido realizados pesados

investimentos em comunicações baseadas nos protocolos de segunda geração como o DNP

3.0, além do que as empresas estavam conscientes da complexidade e dos custos associados à

implantação do referido padrão. Os autores relatam como dificuldades de aplicação da IEC-

61850 a falta de disponibilidade de ferramentas de configuração que explorem a capacidade

da norma, a existência de uma multiplicidade de ferramentas proprietárias de configuração, a

dificuldade de compreensão pelo Engenheiro da área de sistemas de potência da nomenclatura

convencionada pela IEC-61850, assim como a pobre interface gráfica dos aplicativos

disponíveis no mercado que torna a utilização dos softwares no processo de configuração

menos amigável ao usuário final, sendo este último fato confirmado por Piraiinen (2010).

Paulo e Campos (2009) retratam algumas deficiências como a limitação de

gerenciamento da informação repassada às funções pela linguagem XML. Segundo os

autores, as aplicações da IEC-61850 em sistemas multifabricante ainda estão dando os

primeiros passos, pois as ferramentas disponíveis no mercado não apresentam níveis elevados

de interoperabilidade, limitando a interpretação dos arquivos SCL entre as várias ferramentas

proprietárias, a configurabilidade dos modelos de objetos dos IED é limitada e pouco flexível.

Mendes e Jardini (2009) alertam para o fato de que a maioria dos projetos de sistemas

de automação elétrica modernos foi elaborada tentando emular as tecnologias anteriores, o

que dificulta a obtenção dos benefícios proporcionados pela norma. Os autores relatam a

dificuldade de aceitação de novas tecnologias pelo pessoal do setor elétrico, a vulnerabilidade

do sistema de potência frente aos problemas de segurança a partir da interligação de sistemas

via redes de computadores, além da pouca disponibilidade de equipamentos desenvolvidos

nos padrões modernos, com poucas alternativas de equipamentos similares de fabricantes

diferentes.

Dufour (2009) relata a experiência de aplicação da IEC-61850 na integração de

dispositivos de diferentes fabricantes. O autor destaca as limitações de liberdade de

configuração devido à heterogeneidade e incompatibilidade entre ferramentas de diversos

fabricantes, limitações de interoperabilidade entre softwares proprietários, necessitando de

ferramentas adicionais de integração. Foram também relatados problemas de insegurança na

configuração e inconveniências na permissão da edição de parâmetros fora da norma.

Page 85: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

85

Funes et al (2009) mencionam as dificuldades relativas ao maior tempo de

configuração das mensagens GOOSE nos IED comparado com o tempo gasto com a

configuração dos relés clássicos. Porém, segundo os autores, este tempo adicional gasto com

configuração implica menores tempos de manutenção no futuro.

Conforme os relatos encontrados na literatura, as limitações encontradas estão

relacionadas muito mais às questões de disponibilidade de ferramentas e equipamentos que

explorem na totalidade as capacidades proporcionadas pela norma do que propriamente com

relação às deficiências do padrão.

Como já foi mencionado, as deficiências técnicas observadas após o lançamento da

IEC-61850 vem sendo discutidas pelos membros da UCA através das TISSUES (Technical

Issues) e os avanços tecnológicos estão sendo incorporados na segunda versão da norma.

Aspectos importantes a serem enfrentados pela norma são a segurança e a integridade

dos dados que trafegam na rede e o atraso provocado pelo tráfego intenso na rede de

comunicação em função da utilização da largura de banda pelas mensagens GOOSE,

principalmente nos casos de sistemas mais complexos constituídos de muitos IED.

Embora desejável, a intercambialidade não está prevista na IEC-61850, portanto, é

necessário tratar esse tema em versões futuras da norma para alcançar níveis ainda maiores de

interoperabilidade, competitividade entre os fabricantes, com a consequente queda nos custos

dos equipamentos e na redução de esforços nos processos de configuração.

Page 86: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

86

Capítulo 5 – Conclusões

O intuito do presente trabalho foi apresentar os fundamentos da norma IEC-61850

publicada entre os anos de 2003 e 2005, os pontos a evoluir e a realidade de implantação do

referido padrão nos sistemas de proteção, supervisão e controle de subestações de energia

elétrica a nível internacional, nacional e estadual retratadas na literatura especializada.

O Capítulo 1 teve como finalidade justificar a importância do presente estudo a partir

do posicionamento da norma como alternativa interessante à realidade das subestações antes

da publicação da padronização pela IEC.

O Capítulo 2 buscou balizar este trabalho através das referências à IEC-61850 na

literatura especializada no que diz respeito às experiências de implantação do padrão, aos

testes de conformidade e de sistema e às perspectivas futuras da norma.

Os detalhes específicos da IEC-61850 foram apresentados no Capítulo 3. Neste

capítulo buscou-se resgatar o histórico de aprovação da norma no âmbito da IEC, além de

tratar do modelo de dados, da linguagem de configuração de subestação (SCL), dos testes de

conformidade e da arquitetura de comunicação, com destaque para as mensagens de alta

prioridade denominadas GOOSE e GSSE.

O Capítulo 4 utilizou a metodologia de ciclos de tendências da empresa de consultoria

Gartner® aplicada ao cenário da tecnologia emergente proporcionada pela IEC-61850. Através

deste estudo foi possível constatar que o padrão ainda não está na fase amadurecida, portanto,

mudanças e evoluções ainda estão prestes a acontecer nos seus aspectos normativos e

mercadológicos. Para complementar a análise segundo o ciclo de tendência da IEC-61850,

foram apresentadas informações sobre o panorama de implantação da norma no âmbito

mundial, brasileiro e paraense, concluindo que há muitas oportunidades e perspectivas de

crescimento do número de subestações automatizadas segundo a filosofia do padrão IEC-

61850 a nível estadual.

O capítulo 4 ainda apresenta as barreiras e limitações da implantação da referida

padronização, dando destaque para os aspectos de disponibilidade de equipamentos e de

ferramentas de configuração adequadas que facilitem a interoperabilidade preconizada pela

norma.

Segundo alguns trabalhos disponíveis na literatura especializada, a IEC-61850 dentro

de alguns anos tenderá a se tornar um padrão amplamente adotado pelas concessionárias e

inevitavelmente contribuirá para incrementar decisivamente a inteligência dos sistemas

Page 87: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

87

elétricos de potência à medida que a qualidade da informação disponibilizada pelos

dispositivos eletrônicos inteligentes fornecer suporte para a maior confiabilidade das

subestações.

É precisamente neste aspecto que reside a importância da norma, já que este é um dos

princípios fundamentais do assunto mais discutido no momento – Os smart grids, redes

inteligentes de energia em que a integração é a palavra chave, agregando muito mais valor

para os consumidores e concessionárias. Vislumbra-se num futuro não muito distante, por

exemplo, a possibilidade de incorporar inteligência aos eletrodomésticos, os quais buscarão

tirar vantagem da oscilação de preço da tarifa de energia ao longo do dia. As concessionárias,

por sua vez, poderão oferecer planos com franquia de consumo, como acontece com as

operadoras de telefonia atualmente.

A evolução da rede de energia também deve estar acompanhada do desenvolvimento

de novos equipamentos. Já se especula para um futuro próximo a tendência de comunicação

entre dispositivos através de redes sem fio, como mostra a FIG. 5.1.

FIGURA 5.1: Evolução das comunicações dos IED

Fonte: SOLLECITO (2008)

Neste contexto de intensas mudanças e quebras de paradigmas, o Engenheiro de

Sistemas de Potência precisa estar a par das tecnologias e ferramentas para que possa estar

inserido neste novo mundo interconectado a ser proporcionado pelo smart grid.

Page 88: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

88

5.1 Sugestão para trabalhos futuros

No intuito de facilitar a identificação de oportunidades de continuação da pesquisa, são

sugeridos os seguintes temas a serem possivelmente abordados em trabalhos futuros

relacionados ao assunto tratado nesta monografia:

Efetuar uma pesquisa sobre a situação das subestações de energia elétrica em

relação à implantação da norma IEC-61850 no Estado do Pará e na região norte;

Avaliar critérios e requisitos de projeto de novas subestações ou de migração de

subestações antigas para o referido padrão;

Realizar experimentos que reproduzam a dinâmica encontrada nas subestações

reais, simulando funções de proteção, controle e supervisão de instalações;

Realizar análise comparativa dos dispositivos eletrônicos inteligentes de

diversos fabricantes;

Elaborar indicadores para a mensuração do desempenho de subestações

baseadas na IEC-61850;

Acompanhar e relatar os avanços futuros da norma.

Page 89: TCC - Versão Final Em 07-08-2010

89

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