Telessaúde Informa Abril de 2012

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Telessaúde Informa Boletim Informativo mensal do Núcleo de Telessaúde SC telessaude.sc.gov.br [email protected] Abril de 2012 Entrevista com Graziela Tavares sobre a posição de SC no ranking do SUS Experiência Existosa: como Florianópolis organizou e melhorou a saúde pública Como o trabalho em equipe da comunidade pode refletir na qualidade de vida página 3 página 4 página 7 Intersetorialidade: o desafio de quebrar as barreiras da saúde

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Informativo do mês de abril de 2012.

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Entrevista com Graziela Tavares sobre a posição de SC

no ranking do SUS

Experiência Existosa: como Florianópolis organizou e melhorou a saúde pública

Como o trabalho em equipe da comunidade pode refletir na

qualidade de vidapágina 3 página 4 página 7

Intersetorialidade: o desafio dequebrar as barreiras da saúde

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Criado em 2008, o Programa Saúde na Escola é uma iniciativa de dois Ministérios que trabalha-ram em parceria: o da Saúde e o da Educação. O objetivo é evitar que os jovens brasileiros se tor-nem adultos com doenças que poderiam ser evitadas com as providências certas. Para isso, o programa foi elaborado em quatro etapas: a primeira delas consiste em exames e avaliações da saúde como um todo − nutritiva, bucal, visual e auditiva.

A segunda basea-se em preven-ção, com discussões sobre drogas ilícitas e lícitas, hipertensão preco-ce, violência e outros assuntos. O terceiro e quarto bloco estão volta-dos para a capacitação constante dos profissionais e monitoramento da saúde por meio de pesquisas.

Até agora, segundo dados do Ministério da Saúde, 2.495 muni-cípios adotaram o programa, so-mando mais de 50 mil instituições públicas. O investimento aprovado

pelo governo para este ano é de

R$ 118,9 milhões. A iniciativa deve envolver um total de 11 mi-lhões de estudantes. Segundo o portal oficial do Departamen-to de Atenção Básica (http://dab.saude.gov.br/), O Ministro da Saú-de, Alexandre Padilha, afirmou que o principal foco do pro-grama são escolas de bairros mais pobres das gran-des cidades.

O PSE e os municípios

As atividades de educação e saúde doPSE ocorrerão nos Territórios de-finidos segundo a área de abran-gência da Estratégia Saúde da Fa-mília, tornando possível o exercício de criação de núcleos e ligações entre os equipamentos públicos da saúde e educação (escolas,

centros de saúde, áreas de lazer como praças

e ginásios es-portivos, etc).

Nos municí-pios cobertos pela

Saúde da Família, portanto, o PSE é fa-

cilmente coberto, mas na prática, a integração

vai mais longe: o objetivo é que to-das as redes de educação unam--se ao SUS. E então, quando um

município aderir ao programa, ca-berá ao Ministério da Saúde definir os critérios e recursos financeiros que deverão ser destinados a ele.

Recentemente, a última grande ação do programa foi uma série de ações que lutava contra a obesida-de infantil. Os motivos? Dados da pesquisa realizada entre os anos de 2008 e 2009, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica (IBGE), indicam que uma em cada três crianças com idade en-tre 5 e 9 anos está com peso aci-ma do recomendado pela Organi-zação Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde. Esta é a ideia central do programa: identifi-car problemas de saúde passíveis de prevenção e ensinar aos estu-dantes como evitá-las.

PSE luta com problemas da saúde nacional

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Telessaúde Informa: Na última avaliação do SUS no Brasil, Santa Catarina ficou com a melhor pon-tuação (6,29). Quais são os crité-rios para a Atenção Primária nessa avaliação? Graziela: O modelo de avaliação do desempenho do SUS é composto por dimensões que caracterizam os mu-nicípios através de indicadores dos determinantes sociais, condições de saúde da população, estrutura do sistema de saúde e porte populacio-nal. Mas só para o cálculo do IDSUS foram adotados alguns parâmetros aceitos nacional e internacional-mente, como o número de equipes de Saúde da Família, de Atenção Básica, de Equipes de Saúde Bu-cal da Saúde da Família, de Aten-ção Básica formadas por cirurgiões dentistas para cada 3 mil pessoas residentes no município, no ano; a cobertura com a vacina tetravalente em menores de 1 ano; a proporção

de nascidos vivos de mães com no mínimo sete consultas de pré-natal; a incidência de sífilis congênita em menores de um ano em determi-nado município e período. Foram avaliadas também a média da ação coletiva de escovação dental super-visionada; a proporção de exodon-tia em relação aos procedimentos; o índice de cura de Tuberculose e Hanseníase de 85 e 90%, respec-tivamente, o índice partos normais acima de 70% dos total de partos realizados e índice de mortalidade abaixo de 10% nas internações por infarto agudo do miocárdio.

TI: A nota de Santa Catarina repre-senta uma grande vantagem em relação a outros estados, como o Pará que ficou em última coloca-ção com 4.17. Porém, mesmo aqui, há municípios com baixo índice na avaliação como, Indaial (4.72) e Brusque (4.86), o que nos leva a entender que ainda há muito a me-lhorar. O que pode ser aprimorado no SUS de Santa Catarina?

Graziela: É importante evidenciar que o ID-SUS e sua metodologia é baseado na coleta de dados de indi-cadores que já existem, com potên-cias ou problemas que identificamos no preenchimento dos sistemas, no trabalho com indicadores. Então é uma avaliação parcial, de certa for-ma, se pensarmos num escopo de avaliação in loco e entrevistas de sa-tisfação de usuários. SC já trabalha com indicadores e avaliação e moni-toramento. É bem provável que tam-bém tenha seus indicadores mais qualificados nessa relação, mas tem que só o ID-SUS não dá o diagnós-tico suficiente para essa avaliação.

TI: O Telessaúde SC é um dos mais antigos do país e surgiu justamen-te com o propósito de fazer educa-ção permanente. Você acha que uma ferramenta como essa pode ajudar na melhoria da Saúde Públi-ca e na maneira como ela atende o público?Graziela: Sem dúvida, o Telessaúde é uma ferramenta potente enquanto possibilidade de qualificar as equi-pes e gestões na lógica do apoio institucional e também fomentar as discussões sobre como potenciali-zar a microrregulação para dentro de cada equipe e na rede. Os muni-cípios e equipes devem se organizar para utilizar mais essa ferramenta, aproveitando o Telessaúde para es-timular e qualificar seus processos de trabalho utilizando as opções de teleconsultoria, segunda opinião for-mativa e como espaço para educa-ção permanente. 3

SC é Estado com melhor avaliação do SUSEm pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, Santa Catarina lidera o ranking de qualidade do SUS, mas isso não significa que o Estado tenha ainda o que melhorar

Graziela Tavares é consultora técnica do Ministério da Saúde. Trabalha na Coordenação de Gestão da Atenção Básica e fala ao Telessaúde Informa sobre os critérios da avaliação

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Não restam dúvidas de que a informatização dos processos de trabalho é imprescindível nos dias atuais. Ela agiliza o acesso às infor-

mações, maximiza os espaços, facilita a comunicação e a interação entre as pessoas, e organiza e geren-cia os fluxos de trabalhos. No caso da saúde, espe-cialmente da atenção básica, a tecnologia não é tida como imprescindível – ainda! Mas isso não é regra geral. Em alguns municípios, essa realidade já é dife-rente. É o caso de Florianópolis.

Bites na Terra da MagiaMesmo sendo a capital de Santa Catarina e pos-

suindo algumas das mais belas praias do Brasil, Flo-rianópolis ainda é tem ares de interior. Contudo, na atenção básica local, este não é o aspecto que preva-lece: Santa Catarina está entre os quatro Estados líde-res na informatização e criação de softwares do País.

Nos últimos sete anos, a saúde disponibilizada aos florianopolitanos pela Secretaria Municipal de Saúde sofreu mudanças substanciais. Se antes o município se responsabilizava apenas pela atenção básica, o que já não era pouco, a partir de 2004, Florianópolis passou a trabalhar com todos os níveis de complexi-dade, oferecendo atendimento integral e resolutivo à população.

Em 2007, a capital catarinense assinou, em parce-ria com a Secretaria Estadual de Saúde e o Ministério da Saúde (MS), o Pacto pela Saúde e, por meio da Resolução nº 48/2007, o Conselho Municipal de Saú-de aprovou o Plano Municipal de Saúde para o perío-do de 2007-2010, que, entre os objetivos, destaca a efetivação da atenção básica como espaço prioritário de organização do Sistema Único de Saúde (SUS) e o estabelecimento de uma política de informação em saúde.

Modernidade e organização na SaúdeComo o município de Florianópolis informatizou as Unidades Básicas, instalou prontuários eletrônicos e facilitou a vida dos pacientes, com atendimentos melhores e mais ágeis

COMPARTILHANDO: Revista Brasileira de Saúde da Família. Ano 12, número 30

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O sistema permite a interação entre unidades de saúde, policlínicas de especialidades e Unidades de Pronto-Atendimento

Fotos: Tiago Souza - Revista Brasileira de Saúde da Família

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Essa política de informação revo-lucionou o trabalho nas unidades de saúde do município. Agora, toda a rede possui um sistema georre-ferenciado de informações – um prontuário eletrônico. Com inter-face amigável e de fácil utilização, o sistema é atualizado conforme as necessidades. E as demandas são contínuas, como conta Thaise Alana Goronzi, enfermeira e coor-denadora do Centro de Saúde da Prainha: “Eles estão o tempo todo melhorando, atualizando. Tudo que temos dificuldade de importar, nós sugerimos e eles vão fazendo”.

E essa fala é constante. Todos afirmam que, desde que o pron-tuário começou a ser implanta-do no município, há, pelo menos, seis anos, muitas funções já foram aprimoradas, como a inclusão de indicadores de pré-natal e a mar-cação de consultas via web. “Abri-mos uma conta de e-mail para a nossa área, divulgamos em nossa comunidade, e aqueles que têm acesso a esse recurso agendam as consultas e tiram dúvidas por meio da internet. O serviço já existe há um ano e meio. Foi uma das coisas mais ricas que fizemos. Até mesmo uma pesquisa sobre os resultados desse serviço para a comu-nidade”, relata Paulo Poli Neto, médico de Família e Comunida-de da SMS de Florianópolis. Para os que preferem o bom e velho te-lefone, há a possibilidade de mar-car consultas por um número de celular. “Os usuários ligam para saber se há vaga para consulta no dia, e os agentes comunitários de

saúde gerenciam as ligações”, in-forma.

Nesse prontuário, além de to-das as informações de saúde do indivíduo e o histórico de exames e procedimentos, há o acesso ime-diato a consultas especializadas e de urgência, uma vez que o sis-tema permite a interação entre as unidades de saúde, as policlínicas de especialidades e as Unidades de Pronto-Atendimento (UPA). Isso

elimina o uso de papel para referências e con-trarreferências, além da duplicidade de en-caminhamentos e exa-mes. Ou seja, todos os profissionais de saúde da rede municipal têm acesso irrestrito aos da-dos coletados nas UBS e vice-versa.

O sistema não apenas integrou informações nos três níveis de gerenciamento municipal (local, regional e central), como também informatizou toda a documentação utilizada pelas UBS (agenda, pron-tuário, formulários e relatórios). A

base de dados é o prontuário ele-trônico do usuário, que possibilita gerar indicadores de saúde, ali-mentar todos os sistemas exigidos pelos gestores estadual e federal e qualquer necessidade do gestor municipal.

Para entender um pouco dessa ferramenta, para cada especialida-de, por exemplo, é definida a dura-ção da consulta, que, automatica-mente, gera a estrutura da agenda com a quantidade de consultas disponíveis para o profissional. Adi-cionalmente, cada especialidade tem acesso a determinadas se-ções do prontuário.

Aprimoramento para SF “Para quem fez residência em

APS, ele poderia melhorar. A gente trabalha muito com a família den-tro da Estratégia Saúde da Família (ESF), mas o prontuário é individu-al e não permite que se faça o ras-treamento familiar”, afirma Thaise Goronzi. Flavia Henrique, médica e coordenadora do Distrito Sanitá-rio Centro, concorda: “atualmente, a maior dificuldade é que o pron-

Odontograma: mais integração e vantagens para quem trabalha com a saúde bucal

“É bom lembrar que Santa

Catarina está entre os quatro Estados líderes

na informatização e criação de

softwares do País”

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tuário é individual. Gostaríamos que houvesse links para os outros membros da família, mas não há”. A médica ressalta, ainda, a ques-tão dos relatórios gerenciais, que são pré-formatados e não permi-tem conversão do documento para Excel ou Word, o que dificulta a análise do conteúdo. Além disso, a captura dos dados, segundo ela, confunde a interpretação. “Depen-dendo do tipo de relatório, parece que o mesmo dado se apresenta de formas diferentes”.

Paulo reclama da duplicação de dados pela falta de compatibilida-de entre o sistema e algumas fer-ramentas do MS. “Permitir a inter-face entre o nosso prontuário e o SISREG, o sistema de regulação do MS, evitaria o retrabalho de digitar e digitalizar duas vezes a mesma informação, e diminuiria o vaivém das pessoas e dos papéis”, consi-dera.

Outra reclamação das equipes é a falta de comunicação e interati-vidade entre os profissionais (com mensagens instantâneas), que, conforme acredita Flavia Henrique, poderia diminuir o número de en-caminhamentos.

Com relação à saúde bucal, a expectativa é grande. “No caso dos

dentistas, nós preci-sávamos rediscutir todo o nosso pron-tuário. A anamnese, que é a condição clínica geral de saú-de do paciente, pre-cisa ser preenchida corretamente. Nós passamos, durante o ano de 2011, por um período de redis-cussão e reorganiza-

ção do nosso prontuário odontoló-gico. No odontograma – utilizado quando recebemos um paciente novo e estabelecemos um raio X da saúde bucal dele –, não era possível inserir determinadas in-formações, como as cáries iniciais, as manchas brancas. Isso mudou. Na anamnese, agora, consegui-mos ampliar as infor-mações e fazê-la de forma bem completa. Agora, também há um espaço para des-crição de quaisquer outras informações que julgarmos rele-vantes”, afirma Rafa-el Sebold, cirurgião--dentista do Centro de Saúde Prainha. As mudanças estão em fase de desenvolvimento. A expec-tativa é de que sejam implantadas no primeiro semestre deste ano, e inicialmente testadas em uma ou duas unidades.

Ele destaca também o campo para informações para tratamen-to de gengiva (periodontia), que antes não havia. “Não tínhamos onde marcar sobre sondagem pe-riodontal. Podíamos escrever todas

essas informações na evolução do paciente, mas isso é muito demo-rado. Agora, conseguimos incluir a questão da periodontia de forma prática. Inserindo um link bem pró-ximo ao odontograma – o periogra-ma”. Para Paulo Poli, a ferramenta é muito útil, inclusive para os pa-cientes. “Ela pode ajudar muito no trabalho de toda a equipe. Melhor ainda para o paciente, pois todos os seus atendimentos na rede fi-cam registrados e diminui o risco de deixarmos passar alguma infor-mação importante”.

Entretanto, mesmo com as insa-tisfações atuais, o prontuário ele-trônico eliminou a perda de dados (antes constantes com os prontuá-rios de papel) e ilegibilidade da gra-fia nos receituários; e garantiu que toda a rede de saúde do município

tenha acesso aos cami-nhos percorridos pelos pacientes (UBS, policlíni-cas, UPAs).

Em 2011, Paulo conta que a grande novidade esteve nos relatórios ge-renciais. “Estamos

conseguindo retirar informações sobre qual-quer paciente, qualquer procedimento, Qualquer atividade profissional,

de qualquer centro de saúde da Rede. Os resultados ainda não fo-ram transformados em mérito, po-rém há mais transparência”.

Além disso, há a questão da hi-giene, tão discutida e com a qual os profissionais precisam se preo-cupar. “Os prontuários iam de um lado para o outro. Na época do H1N1, havia colegas com medo de manuseá-los”, lembra Rafael.

“Se antes o município se

responsabilizava apenas pela

atenção básica, a partir de 2004,

Florianópolis passou a

trabalhar com todos os níveis de

complexidade”

Ambiente de trabalho com tecnologia: maior organização

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Intersetorialidade: um desafio de gestão da Saúde em vários setoresA vivência prática, o desafio e os resultados alcançados pelo município de Presidente Castello Branco, no meio-oeste de Santa Catarina, e pela Unidade Básica de Saúde do bairro Saco Grande, em Florianópolis

Com um projeto pioneiro no Esta-do, a cidade Pre-sidente Castello Branco levou a

Saúde Pública para um novo patamar, em que com um modelo de gestão inovador, conseguiu ligar a saúde ao funcionamento do município como um todo. “Nós giramos em torno de uma ideia cen-tral, que é como uma engre-nagem: produz pouco sozi-nha, mas, quando em grupo, torna possível grandes coi-sas”, explica Claudio Sartori, o prefeito e idealizador do projeto.

Para melhorar a qualidade de vida do município, há dois anos e meio, uma equipe interdisciplinar foi formada para organizar e planejar ações de saúde para todo o ano. Como? Todas as ações e projetos, segundo Sartori, devem ser desenvolvidas e interligadas umas com as outras, atuando junto, identificando os problemas mais frequentes na comu-nidade e assegurando a sua resolução para melhorar a qualidade de vida.“Nós utilizamos um método de planejamento, traçando metas. No início, criamos 18 ferramentas que ajudam até hoje a ver a cidade como um todo”, afirma Sartori. Basicamente, as palavras centrais do processo são organização, planejamento, direção e execução. E as ferramentas desenvolvidas são exemplos disso. Entre elas, des-tacam-se:

• Planejamento, que agenda todas as reuniões das equipes e suas pautas;

• Organograma, que define cargos e funções; • Checklist, que verifica o que foi feito no ano ante-

rior e estuda como melhorar; • Bancos de projetos; • Mapa Intersetorial, no qual a cidade é dividida em dados de números de saúde, seus filhos, problemas de saúde, remé-dios e dificuldades, e outros.

O fato de a cidade ser pequena, 1725 habitantes, apenas, acabou tornando-a ideal para um projeto em fase de testes: todos os moradores foram atingidos. En-tretanto, o prefeito afirma que o tamanho da cidade não é a única chave para o

sucesso: “talvez em uma cidade grande, as coisas funcionassem ainda melhor, sabe? É uma questão de estudar e adaptar a intersetorialidade à realida-de local”, enfatiza. E completa: “a melhor parte de

Saúde e sociedade no clube das mães: diminuindo a produção de lixo reciclando materiais

“A ideia é ser como uma engrenagem. Sozinha, produz pouco. Mas em

grupo, torna grandes coisas

possíveis”

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um projeto como este é o melhor aproveitamento de recursos. Mas no início é difícil, muita gente não entende como funciona. Com o tempo, as pessoas vão perceben-do que a intersetorialidadade faci-lita o trabalho e aumenta o rendi-mento.”

Escola SustentávelComo era de se esperar, o mu-

nícipio percebeu também a impor-tância da escola para o modelo de gestão. Nos seis estabelecimen-tos que a cidade tem, diversos pro-jetos foram desenvolvidos com os alunos, que vão desde a recicla-gem de lixom para manutenção de brinquedos e produtos de limpeza com aromaterapia, até a produção de um horto de plantas medicinais

, lavouras familiares e hortas ca-seiras.

Alguns desses projetos já exis-tiam há mais tempo, mas uma di-

ferença considerável foi notadapelos pro-fissionais nos últimos dois anos, quando os setores começaram a trabalhar em parce-ria. Para a Orientadora Escolar e Coordena-dora do Programa de Educação Ambiental, Lucimara Frigo Ma-chado, isso acontece porque a educação tem uma credibilidade grande na comunida-de: “O nosso professor não fica só na escola, sabe? Ele é aquele que ajuda na igreja, que sabe onde os alunos moram, que dão con-selhos”, comenta.

Na Unidade de Saú-de, Luciana da Silva, enfermeira, conta que por conta do aprendi-

zado de manuseio e reciclagem do lixo, as diarreias e viroses sofreram uma leve diminuição. “Esse é um dos projetos que toma tempo pra ser dar resultado, mas o começo da mudança já é notável. Acredito que em dois anos, estaremos ain-da melhor”, explica. Além deste, um programa que vem marcando presença em toda a população é o Farmácia Viva, em que os alunos aprendem um pouco sobre ervas medicinais e seus benefícios. “Nós ensinamos às crianças sobre chás, aos pais sobre como plantá-los e aos profissionais de saúde sobre como o chá pode, algumas vezes, substituir os remédios e melhorar aqualidade de vida de muita gen-te”, conta.

Atualmente, a cidade está envol-vida nas atividades do Programa de Melhoria de Qualidade do Aces-so e Atenção Básica e vem rece-bendo teleconsultorias pelo Teles-saúdeSC, para inserir as plantas medicinais como recurso terapêu-tico na saúde, e atividades volta-das para a promoção e valorização do uso popular na comunidade.

Um exemplo de trabalho intersetorial: Escola e agricultura formam uma equipe

O Caso de Florianópolis

Seis equipes de Saúde da Família são responsáveis pelo Centro de Saúde localizado no bairro Saco Grande, em Florianópolis. Considerada uma região de diferentes realidades sócio-econômicas, grande parte do trabalho intersetorial desenvolvido pelas equipes depende de contato com as instituições locais: igrejas, escolas, creches, associações de moradores.

“A própria comunidade local foi se ar-ticulando pra isso. Desde o início, quan-do se instalou a Estratégia de Saúde da Família, ações de intersetorialidade começaram a se desenvolver. Depois disso, à medida que nossa noção sobre o assunto foram amadurencendo, nossas ações também se ampliaram”, explica Igor Tavares Chaves, um dos médicos da UBS.

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Film

es

Livr

o

Temple Grandin, uma autista PhD (2008) Vencedor de cinco Emmys, o filme conta a história real de Temple Grandin, uma autista que, com uma percepção de vida totalmente diferenciada, dedicou-se aos animais e revolucionou os métodos de manejo do gado com técnicas que surpreenderam experientes criadores e ajudaram a indústria da pecuária americana. O longa tornou-se referência por ilustrar o modo com que Temple via o mundo ao seu redor e as imagens em sua mente.

Tomates Verdes Fritos (1991) Evelyn Couch é uma esposa deprimida que não tem muita atenção de seu marido. Ela visita sua tia no hospital toda semana e, em uma visita rotineira, conhece Ninny Threadgoode, uma senhora de 83 anos que adora contar histórias. Com seis prêmios na ficha, o longametragem tem duas tramas intercaladas, uma da década de 30 e outra da de 90. Ambas, porém dão uma lição de feminismo, amizade e nostalgia.

“Atenção Primária, Equilibrio entre Necessidades, Serviços e Tecnologia” por Bárbara StarfieldGratuito e disponível online, o livro já é considerado hoje um clássico da Saúde Pública e da Família, apesar de sua relativa juventude. A autora consegue dar uma panorama sanitário global e suas tendências, questio-nando principalmente o que é a Atenção Primária, o que ela deveria ser e qual a sua contribuição para a melhora da saúde. Disponível no link: http://migre.me/8j3dg

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EventoMostra Nacional de Redes de Atenção à SaúdeNos dias 24 e 25 de abril, a Mostra deve reunir e divulgar as experiências brasileiras com organização de redes regionais de atenção à saúde. A ideia é apresentar práticas bem suce-didas e soluções para proble-

mas comuns nos Sistemas Regionais de Saúde.O evento acontece durante o Seminário Internacional Atenção Primária em Saúde – Acesso Universal e Pro-teção Social, que ocorrerá em Brasília/DF, como parte das comemorações dos 30 anos do CONASS.

Acesse: http://migre.me/8j4yM

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Expediente: Jornalista Responsável: Marina Veshagem Texto, edição e diagramação: Camila Garcia Ilustração: Victor Américo Orientação: Izauria Zardo e Igor Tavares da Silva Chaves Revisão: Marina Veshagem

Destaques de Participação

Municípios que fazem parte da consultoria do PMAC

• Água Doce• Alto Bela Vista• Alvoredo• Araranguá• Arroio Trinta• Caibi Equipe• Camboriú• Concórdia• Fraiburgo• Içara• Imbituba• Ipira• Ipumirim• Iraceminha• Irani

• Itajaí• Lindóia do Sul• Maravilha Bela Vista• Monte Carlo São José• Peritiba• Piratuba• Planalto Alegre• Pomerode• Presidente Castello

Branco• Rio das Antas• Salto Veloso• São João Batista• São Pedro de Alcân-

tara

• Vargem Bonita• Xavantina• Xaxim

No mês de abril o Telessaúde voltará a publicar o município que teve destaque de participação, a cada mês, nos serviços prestados pelo núcleo. Lembramos que para fazer parte destes destaques as equipes deverão ter uma participação considerada boa em ambos serviços, webs e segunda opinião formativa. Caso você não saiba como acessar um dos nossos serviços, entre em contato com nossa equipe de monitores pelo telefone (48) 3212-3505 ou pelo email [email protected].

Destaques na participação de Abril de 2012Parabenizamos a equipe de Vargem Bonita pela dedicação e empenho na participação e na busca do fortalecimento da Atenção Básica.São atitudes como estas que nos fazem crescer cada vez mais unidos e confiantes, porque as maiores conquistas são alcançadas com os maiores esforços. Parabéns!

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Apoio Matricial, 15h

Palestrante: Thaís Titon de SouzaResumo: Através desta web, busca-se alinhar os entendimentos sobre o tema entre Equipes de Referência e Equipes de Apoio. Para isso, serão apresentados e discutidos o histórico da proposta, conceitos e dimensões relacionadas, possibilidades de organização do apoio e experiências na Atenção Básica, assim como potencialidades e desafios deste novo arranjo organizacional na saúde.

Linhaça: Uso popular e as melhores evidências científicas, 15h

Palestrante: Gisele DamianResumo: Nesta webconferência serão discutidos os aspectos botânicos, agronômicos, químicos, farmacológicos, nutricionais e terapêuticos da linhaça, além do seu uso popular e a melhor evidência científica disponível, adequada e pertinente ao contexto da Atenção Primária em Saúde.

Sala de Situação: uma proposta de planejamento para a ESF, 15h

Palestrante: Igor Tavarez da Silva ChavesResumo: Nesta web tentaremos demonstrar como a Sala de Situação pode ser usada na prática das equipes, como uma proposta de levantamento e análise de dados para processos de planejamento de ESF’s. Mostra-se um bom identificador de situações preocupantes e problemas de saúde da população, além de evidenciar alguns bons resultados já alcançados através das intervenções realizadas.

Gestão da Agenda: Organizando o atendimento aos “marcadores”, 15h

Palestrante: Igor Tavarez da Silva ChavesResumo: Pretendemos detalhar possibilidades de organização da agenda para atendimento aos Marcadores de Saúde e quais as evidências científicas que sustentam tais atendimentos. Vamos aprofundar a discussão do acesso prezando pela longitudinalidade do cuidado e o atendimento integral do ser humano.

Participe da escolha dos temas das próximas webs. Envie sugestões para [email protected].

Sua participação é importante!

Programação das webconferências de abril

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