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Dissertação de Mestrado . DISPOSITIVOS DE MEDIDAS PARA MONITORAMENTO E CONTROLE DE PERDAS EM LINHAS DE RECUPERAÇÃO DE GÁS HÉLIO E SISTEMAS DE CRIOGENIA Francisco de Assis Pereira França CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS FÍSICAS Rio de Janeiro, junho de 2006

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  • Dissertao de Mestrado

    .

    DISPOSITIVOS DE MEDIDAS PARA MONITORAMENTO E CONTROLE DE PERDAS EM LINHAS DE RECUPERAO DE GS HLIO E SISTEMAS DE CRIOGENIA

    Francisco de Assis Pereira Frana

    CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS FSICAS

    Rio de Janeiro, junho de 2006

  • Dissertao submetida Coordenao de Formao Cientfica como requisito

    parcial para obteno do grau de Mestre em Instrumentao Cientfica

    Orientador

    Geraldo Cernicchiaro

    ii

  • Ao meu pai Antnio de Almeida Frana (in memoriam) e minha me Maria Pereira Frana.

    iii

  • Agradecimentos

    A Deus. Aos meus pais. minha esposa Soraya, companheira e cmplice. Aos meus tios

    Frana e Solange, que sempre me apoiaram desde os primeiros momentos da

    graduao. Ao meu orientador prof. Geraldo Cernicchiaro, pela sugesto de trabalho,

    pela confiana de que as dificuldades e limitaes poderiam ser superadas, pela

    compreenso e pelas chamadas realidade, enfim por sua orientao. Ao colega

    engenheiro Alexandre Mello, por suas sugestes e esclarecimentos tcnicos sobre

    deteco de oxignio e criogenia. Aos tcnicos do Laboratrio de Criogenia, pelo apoio.

    prof. Eliane Wajnberg por acolher nossa proposta de trabalho e gentilmente possibilitar

    os testes do Detector de Fuga no Laboratrio de EPR. Ao professor Alexandre Rossi pela

    ajuda para a realizao dos testes do Detector de Fuga no Laboratrio de Biocermica.

    Ao prof. Alberto Passos, pelo apoio e empenho pessoal nossa proposta de trabalho.

    Aos professores do curso de mestrado em instrumentao, por proporcionarem uma nova

    forma de analisar os problemas. Ao prof. Romeu Abrao, amigo e primeiro grande

    incentivador. Aos colegas de Muria, Sara, rica e Lula, por todo o companheirismo. Aos

    amigos Ismar Russano e Gabriel Azzi, pelas trocas de informaes no desenvolvimento

    eletrnico do prottipo. Aos colegas do laboratrio, Marcelo Perantoni, Erick Ortiz, Rafael

    Barmak e Jaime Mesquita, pelo apoio, trabalhos que realizamos juntos e pela amizade

    que ir perdurar alm da tese. Ao CBPF, ao CNPq e MCT, que possibilitaram a realizao

    deste trabalho.

    iv

  • Resumo

    Neste trabalho apresentamos resultados diretos do estudo da infra-estrutura de

    criogenia do Centro Brasileiro de Pesquisas Fsicas (CBPF). O primeiro deles foi o

    desenvolvimento de um dispositivo de deteco indireta de vazamento de gs hlio. O

    princpio de funcionamento baseia-se na percepo da contaminao do gs pelo

    oxignio (presente no ar atmosfrico), cujas molculas se difundem atravs do hlio

    quando da existncia de fuga do mesmo. So apresentadas as etapas de sua

    implementao experimental nos Laboratrios de Instrumentao e Medidas (LIM) e de

    Ressonncia Paramagntica Eletrnica (EPR).

    O bom desempenho do dispositivo detector, e sua originalidade na monitorao da

    contaminao de hlio gasoso pelo oxignio, possibilitaram efetuar o depsito do pedido

    de patente para o Dispositivo Detector de Vazamento de Gs Hlio por Via Indireta. A

    solicitao analisada e aceita pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), foi

    protocolada com o registro PI 0403515-1, com apoio do Servio de Suporte Propriedade

    Intelectual e da Procuradoria Jurdica do CNPq.

    Como segundo resultado, descrevemos o processo de adaptao de um medidor

    de gs comercial para sua utilizao na determinao do volume total de hlio recuperado

    e apresentamos subsdios para o projeto de um sistema de monitorao e recuperao de

    gs hlio, como contribuio ao sistema de gerenciamento da utilizao de hlio do

    CBPF.

    So tambm apresentados os grficos com as curvas de caracterizao,

    calibrao e atuao para os dispositivos desenvolvidos, bem como detalhes construtivos,

    manual de utilizao e um roteiro com os procedimentos necessrios para que sejam

    cumpridas todas as exigncias para o protocolo final de um depsito de pedido de patente

    junto ao INPI.

    v

  • Abstract

    In this work are presented the results of the studies of the cryogenic system of the

    Centro Brasileiro de Pesquisas Fsicas (CBPF). The first of them was the development of

    a helium leak detection indirect system. The operation principle is based on the perception

    of the contamination of the gas with oxygen (present in the atmospheric air), which

    contaminates the helium when there is a leak in it. The experimental implementation of the

    device in the Laboratories of Instrumentation and Measurements (LIM) and of Electron

    Paramagnetic Resonance (EPR) is also presented.

    The good performance of the detector device, and its originality in the monitoring of

    the contamination of helium with oxygen of the atmospheric air, has originated the deposit

    of the patent request for the Gas Helium Leak Detector Device by Indirect Way with the

    INPI. The request accepts for the INPI, is registered with PI 0403515-1.

    The second resulted is the description the process of adaptation of commercial gas

    meter to be used in the determination of the total volume of the recovered helium and the

    addition to the proposal of a project presenting a monitoring system and recovery of

    helium utilization in CBPF.

    Graphics with the characterization, calibration and performance curves and the

    constructive details, a technical manual of device procedure and the patent request are

    included.

    vi

  • ndice

    Dedicatria ............................................................................................................... iii

    Agradecimento ......................................................................................................... iv

    Resumo ................................................................................................................... v

    Abstract .................................................................................................................... vi

    ndice ....................................................................................................................... vii

    Lista de Figuras ........................................................................................................ x

    Lista de Tabelas ...................................................................................................... xiv

    Introduo 1

    1 Distribuio e Recuperao de Gs Hlio 5 1.1 Caractersticas Principais do Hlio ............................................................... 6

    1.2 Distribuio e Recuperao de Hlio no CBPF ............................................ 8

    1.3 Deteco de Gs Hlio ................................................................................. 17

    1.3.1 Mtodo do Fluxo Direto ...................................................................... 17

    1.3.2 Mtodo do Fluxo Contrrio ................................................................. 18

    1.3.3 Detectores com ponta de prova Sniffer .............................................. 18

    1.3.4 Espectrometria de Massa (Clula de Deteco) ................................ 18

    1.3.5 Sistema de Bombeamento ................................................................. 22

    1.4 Concluso .................................................................................................... 24

    2 O Detector de Fuga 25 2.1 Difuso e Efuso de Gases .......................................................................... 26

    2.2 O Sensor de Oxignio .................................................................................. 27

    2.3 Princpio de Funcionamento do Sensor de Oxignio ................................... 28

    2.4 O Circuito do Detector .................................................................................. 31

    2.5 O Sistema de Aquisio de Dados ............................................................... 35

    2.5.1 Mdulo de Amplificao ..................................................................... 37

    2.5.2 Mdulo de Filtragem ........................................................................... 37

    2.5.3 Mdulo de Converso ........................................................................ 38

    2.5.4 Programa de Aquisio ...................................................................... 40

    vii

  • 2.6 Testes e Calibrao do Detector .................................................................. 41

    2.6.1 Testes de Caracterizao de Resposta ............................................. 41

    2.6.1.1 Medidas Experimentais Realizadas ...................................... 44

    2.6.2 Sensibilidade Contaminao ........................................................... 47

    2.6.2.1 Medidas Experimentais Realizadas ...................................... 48

    2.6.3 Medidas com Gs de Mistura Certificada .......................................... 51

    2.7 Detalhes Construtivos .................................................................................. 52

    3 Caracterizao do Sistema de Deteco de Fuga 58 3.1 Programa de Aquisio ................................................................................ 61

    3.2 Parmetros Obtidos ...................................................................................... 64

    3.2.1 Medidas nos Laboratrios de Instrumentao e Medidas e de EPR .. 65

    3.2.2 Determinao dos Parmetros ........................................................... 67

    3.3 Monitorando a Linha de Recuperao ......................................................... 69

    3.3.1 Programa de Monitorao .................................................................. 70

    3.3.2 Monitorao no Laboratrio de Instrumentao e Medidas ............... 72

    3.3.2.1 Processos de Manuteno do Sistema do Criostato ............ 72

    3.3.2.2 Processo de Transferncia de Hlio Lquido ........................ 75

    3.3.2.3 Manipulao de Amostras ..................................................... 78

    3.3.3 Monitorao no Laboratrio de EPR .................................................. 79

    3.3.3.1 Execuo de Medidas a Baixas Temperaturas ..................... 80

    3.3.3.2 Atuao do Alarme ................................................................ 81

    4 Sistema de Monitorao 84 4.1 Medidor G6-LAO modificado ........................................................................ 85

    4.2 Mdulo Eletrnico de Contagem .................................................................. 86

    4.3 Programa de Totalizao ............................................................................. 89

    4.4 Testes e Calibrao ..................................................................................... 90

    4.5 Medidas Realizadas e Avaliao ................................................................. 90

    4.6 Projeto de Monitorao e Recuperao de Hlio ......................................... 91

    4.6.1 Programa de Controle ........................................................................ 94 Concluso 101

    viii

  • Bibliografia 104

    Apndice 107 A Processo de Patente do Detector de Vazamento de Hlio ................................. 107

    B Instrumentao Virtual ................................................................... 111

    C Manual Tcnico de Operao do Detector de Vazamento de Gs Hlio............ 118

    D Interface de Comunicao Paralela .................................................................... 121

    E Interfaceamento, DLL e Temporizao ............................................................... 126

    F Depsito do Pedido de Patente do Detector de Vazamento de Gs Hlio ......... 128

    ix

  • LISTA DE FIGURAS

    1.1 Diagrama de Fases do He-4 .................................................................... 7

    1.2 Caractersticas principais do gs hlio .................................................... 8

    1.3 Vista parcial do Laboratrio de Criogenia do CBPF ................................. 9

    1.4 Reservatrio criognico Dewar, modelo CMSH-100 ................................ 10

    1.5 Reservatrio criognico Dewar, modelo CMSH-500 ................................ 11

    1.6 Magnetmetro SQUID, instalado no Laboratrio de Instrumentao e

    Medidas ...................................................................................................

    11

    1.7 Diagrama esquemtico de abastecimento de hlio lquido e de sua

    recuperao novamente na forma de gs, aps sua utilizao no

    criostato ....................................................................................................

    12

    1.8 Diagrama esquemtico da produo de hlio lquido a partir do hlio

    recuperado ...............................................................................................

    13

    1.9 Turbina expansora para realizao do processo Brayton ........................ 14

    1.10 Representao do Ciclo Claude e mquina liquefatora associada .......... 15

    1.11 Clula de deteco de ons de hlio,com analisador de massa de setor

    magntico. ................................................................................................

    19

    1.12 Princpio de funcionamento de uma bomba de difuso. ........................... 23

    1.13 Bomba turbomolecular .............................................................................. 24

    2.1 Esquema de funcionamento do sensor de oxignio. ................................ 30

    2.2 Indicao de pinagem do sensor T039 Typ250. .................................... 31

    2.3 Curva caracterstica do sensor T039 Typ250. ....................................... 31

    2.4 Diagrama do circuito detector. .................................................................. 35

    2.5 Diagrama em blocos do sistema de aquisio. ........................................ 36

    2.6 Diagrama esquemtico do circuito do sistema de aquisio. ................... 37

    2.7 Caractersticas do conversor AD974. ....................................................... 40

    2.8 Descrio funcional dos pinos do conversor AD974 utilizados. ............... 41

    2.9-A Diagrama esquemtico da montagem para calibrao do detector. ........ 44

    2.9-B Diagrama esquemtico do processo de descontaminao da mangueira

    de ltex e da proteo mecnica do sensor de oxignio. .........................

    44

    2.9-C Diagrama esquemtico do processo de contaminao do hlio

    confinado. .................................................................................................

    45

    x

  • 2.10 Grfico 1. Tenso fornecida pelo detector em funo da variao da

    concentrao de oxignio presente no gs hlio monitorado. ..................

    47

    2.11 Grfico 2 Variao da tenso do detector em funo da concentrao

    de oxignio acumulada no gs hlio confinado. .......................................

    49

    2.12 Diagrama esquemtico representando a montagem realizada para a

    avaliao da sensibilidade do detector contaminao. ..........................

    50

    2.13 Grfico 3 Resposta do detector contaminao atravs de um orifcio

    de 6,3 mm de dimetro a 20 cm do sensor de oxignio. ..........................

    51

    2.14 Grfico 4 Resposta do detector contaminao atravs de um orifcio

    de 6,3 mm de dimetro a 40 cm do sensor de oxignio. ..........................

    52

    2.15

    Grfico 5 Resposta do detector contaminao atravs de um orifcio

    de 6,3 mm de dimetro a 60 cm do sensor de oxignio. ..........................

    53

    2.16 Concentrao de oxignio presente no hlio, em mistura certificada. ..... 54

    3.1 Layout da Linha de Recuperao do CBPF e laboratrios. ...................... 56

    3.2-A Detector conectado Linha de Recuperao utilizando interface GPIB. . 57

    3.2-B Detector implementado com conversor analgico-digital, conectado

    Linha de Recuperao. .............................................................................

    58

    3.3 Fluxograma do programa de aquisio de parmetros para

    caracterizao do gs hlio recuperado. ..................................................

    60

    3.4 Conexo do sensor de oxignio do dispositivo Detector de Vazamento

    de Hlio, Linha de Recuperao. ...........................................................

    61

    3.5-A Concentrao de oxignio presente no gs recuperado, (aquisio em

    24/11/2003 LIM). ......................................................................................

    62

    3.5-B Concentrao de oxignio presente no gs recuperado, (aquisio em

    12/01/2004 LIM). .......................................................................................

    62

    3.6-A Concentrao de oxignio presente no gs recuperado, (aquisio em

    27/04/2004 EPR). .....................................................................................

    63

    3.6-B Concentrao de oxignio presente no gs recuperado, (aquisio em

    29/04/2004 EPR). .....................................................................................

    63

    3.7 Fluxograma do programa de monitorao da Linha de Recuperao

    utilizando o dispositivo detector de vazamento por via indireta. ...............

    69

    3.8 Grfico de monitorao do ramal da Linha de Recuperao do LIM,

    realizada em 25/09/2003. .........................................................................

    71

    xi

  • 3.9 Grfico de monitorao do ramal da Linha de Recuperao do LIM,

    realizada em 29/09/03. .............................................................................

    71

    3.10 Grfico de monitorao do ramal da Linha de Recuperao do LIM,

    realizada em 11/12/03. .............................................................................

    72

    3.11 Grfico de monitorao do ramal da Linha de Recuperao do LIM,

    realizada em 06/01/04. .............................................................................

    72

    3.12 Grfico de deteco da concentrao de oxignio presente no gs hlio

    recuperado, durante processo de transferncia de hlio lquido. .............

    74

    3.13 Grfico de monitorao do ramal da Linha de Recuperao do

    Laboratrio de Instrumentao e Medidas, identificando transferncia

    de hlio para o criostato. ...........................................................................

    75

    3.14 Grfico de monitorao do ramal da Linha de Recuperao do

    Laboratrio de Instrumentao e Medidas, identificando transferncia

    de hlio para o criostato. ...........................................................................

    76

    3.15 Grfico de concentrao de oxignio presente no gs hlio recuperado,

    gerado a partir de arquivo gravado durante substituio da amostra no

    magnetmetro SQUID, em 4 de dezembro de 2003. ...............................

    77

    3.16 Grfico de monitorao da Linha de Recuperao do Laboratrio de

    EPR, durante processo de medidas a baixas temperaturas. ....................

    78

    3.17 Grfico de monitorao do ramal da Linha de Recuperao do

    Laboratrio de EPR, construdo a partir de arquivo adquirido em

    24/04/2004. ...............................................................................................

    79

    3.18 Grfico de monitorao do ramal da Linha de Recuperao do

    Laboratrio de EPR, obtido a partir de arquivos adquiridos em 25/03/04,

    coincidindo com intensas atividades nos laboratrios da mesma ala. .....

    80

    4.1 Representao do ciclo de operaes de um medidor de vazo tipo

    volumtrico de quatro estgios. ................................................................

    84

    4.2 Quadro das caractersticas de funcionamento do modelo G6, para

    operao com gs hlio. ...........................................................................

    85

    4.3 Medidor modelo G6-LAO, fabricado pela LAO-Indstria, para adaptao

    e utilizao com gs hlio temperatura ambiente, na Linha de

    Recuperao do CBPF. ............................................................................

    85

    4.4 Caractersticas dimensionais do medidor de gs modelo G6-LAO. ......... 86

    xii

  • 4.5 Parmetros de calibrao do medidor de gs G6. ................................... 88

    4.6 Avaliao da vazo de gs hlio utilizando o medidor G6-LAO. .............. 89

    4.7 Diagrama em blocos da movimentao de hlio lquido e hlio gasoso

    recuperado, externo ao Laboratrio de Criogenia ,juntamente com as

    implementaes sugeridas pelo Projeto de Monitorao e Recuperao.

    93

    4.8 Diagrama em blocos da movimentao de hlio gasoso recuperado e

    hlio lquido, internamente ao Laboratrio de Criogenia, com as

    implementaes sugeridas pelo Projeto de Monitorao e Recuperao.

    94

    4.9 Fluxograma das instrues bsicas do Programa de Monitorao e

    Recuperao. ............................................................................................

    98

    4.10 Planilha bsica de custo de materiais e equipamentos necessrios

    implantao do Projeto de Monitorao e Recuperao de Hlio para o

    CBPF. .......................................................................................................

    99

    xiii

  • LISTA DE QUADROS E TABELAS

    1.1 Etapas do processo de liquefao do gs hlio internamente mquina

    de liquefao KPS 1410. ..........................................................................

    16

    2.1 Dados do sensor Electrovac modelo T039 Typ250. ................................. 29

    2.2 Tenso do detector em funo da variao da concentrao de

    oxignio. ....................................................................................................

    46

    2.3 Tenso do detector em funo do volume de ar acumulado no gs hlio

    confinado. .................................................................................................

    48

    3.1 Variveis definidas para o fluxograma do programa de aquisio. .......... 59

    3.2 Valores mdios de concentrao de oxignio obtidos na utilizao do

    programa de aquisio no Laboratrio de Instrumentao e Medidas. ....

    65

    3.3 Valores de concentrao mdia de oxignio obtidos na utilizao do

    programa de aquisio no Laboratrio de EPR. .......................................

    66

    xiv

  • Introduo

    A obteno de baixas temperaturas um dos requisitos fundamentais para a

    pesquisa bsica experimental em fsica, em particular para a pesquisa em fsica da

    matria condensada, sendo normalmente estas temperaturas obtidas a partir da utilizao

    de lquidos criognicos, como o hlio lquido.

    Mais recentemente a demanda de utilizao de baixas temperaturas tem se

    estendido para alm dos laboratrios, e tcnicas criognicas tm se difundido cada vez

    mais na rea mdica e na indstria, como por exemplo em equipamentos de ressonncia

    nuclear magntica e dispositivos supercondutores.

    O Laboratrio de Criogenia do CBPF, iniciou suas atividades em 1965, sendo o

    segundo a ser instalado no Brasil, e seu funcionamento essencial para a realizao da

    maioria dos trabalhos experimentais da matria condensada e magnetismo realizados no

    Centro, alm disso ele tambm tem dado suporte a vrios grupos de pesquisa do Rio de

    Janeiro[1].

    No CBPF as diversas pesquisas em matria condensada e magnetismo, utilizam o

    hlio lquido como refrigerante criognico das amostras, que ali tm suas caractersticas

    investigadas, atravs de tcnicas experimentais de medidas de parmetros fsicos e

    espectroscopias de absoro ressonante.

    Aps sua utilizao nos criostatos, que so equipamentos cujo objetivo atingir e

    manter temperaturas criognicas, o hlio novamente na forma de gs, recuperado por

    meio de uma tubulao de ao inox que interliga os laboratrios do Centro. Atravs desta

    tubulao chamada de Linha de Recuperao ou Linha de Hlio, o gs conduzido para

    o Laboratrio de Criogenia, onde ser armazenado e posteriormente liquefeito.

    Durante o processo de liquefao, realizada automaticamente a purificao do

    gs recuperado, sendo purgada pela mquina de liquefao toda contaminao existente

    juntamente com quantidades do prprio hlio, constituindo-se essa uma das principais

    fontes de perda de hlio do sistema. Em sua maioria, as contaminaes existentes so

    componentes do ar atmosfrico, provenientes da manipulao do hlio nos laboratrios.

    O hlio um gs importado e de custo elevado, entre US$ 14.00 e US$ 20.00 por

    litro[2], e por essas razes sua aquisio pelo CBPF requer uma programao prvia,

    face aos recursos que devem ser alocados e tambm pelos prazos de entrega envolvidos.

    1

  • O consumo mdio do CBPF estimado em 1500 litros de hlio lquido por ano, e

    se adquiridos ao preo mdio de US$ 14.00 por litro, o gasto anual estar em torno de

    US$ 21,000.00.

    Durante a utilizao do hlio nos vrios laboratrios do Centro, so previstas

    perdas de parte do gs, seja na manipulao das amostras que tm suas caracterstica

    investigadas nos criostatos, ou durante a prpria transferncia de hlio lquido para os

    mesmos.

    Estas perdas, inerentes ao processo, so consideradas normais, no entanto

    quando da ocorrncia de uma falha do sistema de distribuio-recuperao ou de

    manipulao em algum laboratrio, cria-se uma situao atpica que provoca uma perda

    alm das quantidades previstas.

    Tais perdas devem ser consideradas na forma direta, que o volume de hlio que

    escapa do sistema, e na forma indireta, que o volume de hlio recuperado e

    automaticamente purgado pela mquina de liquefao por apresentar contaminao por

    componentes do ar atmosfrico.

    Essa situao de anormalidade pode num curto espao de tempo levar

    praticamente interrupo de um grande nmero de trabalhos e atividades de

    pesquisadores, bem como a paralisao de equipamentos de medidas, de centenas de

    milhares de dlares.

    Considerando pois os elevados recursos despendidos na obteno e recuperao

    do hlio, e sua vital importncia na continuidade de diversas pesquisas e trabalhos, um

    projeto que se destine a contribuir na monitorao e reduo de suas perdas de grande

    importncia estratgica para todo o Centro.

    Os detectores de vazamento de gs hlio hoje disponveis no mercado operam na

    deteco direta do gs, utilizando para isso espectrmetros de massa associados a

    bombas turbomoleculares e cmaras de vcuo. Apresentados em modelos para insero

    direta ao sistema ou ao equipamento a ser testado. So equipados com conexes

    especiais para vcuo ou para operao com dispositivos sniffers [3], que so sondas

    destinadas anlise da atmosfera em uma rea especfica.

    Em ambas as filosofias de superviso, os valores envolvidos necessrios para sua

    implantao so bastante elevados, visto que equipamentos baseados em

    espectrmetros de massa possuem custo da ordem de US$ 15,000.00[4].

    O principal elemento motivador de nosso trabalho o fato que muito das perdas

    de hlio hoje existentes podem ser reduzidas com monitoramento e automao. E que

    2

  • possvel apresentar um sistema que rena caractersticas originais, quanto ao custo de

    investimento, adequado realidade dos recursos com que trabalham a maioria dos

    centros de pesquisas no Brasil. E tambm quanto aos dispositivos e equipamentos

    utilizados que devero oferecer alm de confiabilidade, praticidade de manuteno e

    facilidade de reposio e adaptao s variantes das realidades encontradas.

    Norteado por essas diretrizes, o trabalho teve como objetivos :

    - desenvolver um dispositivo que fosse capaz de perceber a contaminao do gs

    hlio recuperado por oxignio, determinando a concentrao dessa contaminao,

    e a partir de um algoritmo inteligente de alarme, atuar como detector de fuga de

    gs hlio para a atmosfera;

    - adaptar um medidor de gs comercial, para ser utilizado na medida de vazo do

    gs hlio que retorna ao Laboratrio de Criogenia pela Linha de Recuperao;

    - propor um sistema que atuando automaticamente, possa exercer o controle e

    superviso da distribuio e recuperao de hlio no CBPF, detectando fugas do

    gs e processando seu balano em tempo real. Apresentando caractersticas

    originais de baixo custo de implementao e de facilidade de reposio de

    componentes e equipamentos.

    No captulo 1, abordamos as caractersticas peculiares do gs hlio, sua utilizao

    como refrigerante criognico no CBPF, e os mtodos hoje normalmente empregados

    para sua deteco.

    No captulo 2, apresentamos o Dispositivo Detector de Vazamento de Gs Hlio

    por Via Indireta, sua conceituao terica de atuao e seus componentes principais.

    Encontra-se tambm neste captulo a rotina dos testes e processo de calibrao do

    detector, bem como os detalhes construtivos do mesmo.

    No captulo 3, feita a descrio dos trabalhos de caracterizao do gs hlio

    recuperado no Laboratrio de Instrumentao e Medidas (LIM) e no Laboratrio de

    Ressonncia Eletrnica Paramagntica (EPR). Neste mesmo captulo, a partir da

    avaliao dos dados obtidos, so determinados os parmetros de normalidade para a

    concentrao de oxignio presente no gs hlio recuperado.

    Com a definio dos parmetros de normalidade, so apresentados os resultados

    dos perodos em que o Detector de Vazamento de Gs Hlio por Via Indireta, monitorou

    o ramal da linha de recuperao na sada dos laboratrios de Instrumentao e Medidas,

    e de Ressonncia Eletrnica Paramagntica.

    3

  • Os grficos mais significativos da monitorao realizada pelo detector, so

    analisados, e a partir desta anlise, discutidas as atuaes do sistema de alarme e as

    respostas do dispositivo para as diferentes atividades dos laboratrios.

    No captulo 4, encontra-se todo o processo de adequao de um medidor de gs

    comercial para operar na totalizao volumtrica de gs hlio, desde a escolha do

    medidor, a parceria com o fabricante, os testes e os resultados obtidos.

    Neste mesmo captulo apresentamos uma proposta para um sistema de

    monitorao e recuperao de gs hlio para o Centro, baseado na utilizao do

    Dispositivo Detector de Vazamento de Hlio por via Indireta, no fluxmetro de gs hlio

    obtido a partir do medidor comercial de gs modificado, na pesagem do volume de hlio

    lquido que deixa o Laboratrio de Criogenia e um programa gerenciador.

    Conclumos com o entendimento de que este trabalho no encerra as questes

    tratadas, mas evolui no caminho de sua soluo, atravs das implementaes realizadas

    e da abordagem original com que foram analisadas antigas questes.

    No Apndice A, est descrito o processo realizado para o cumprimento das

    prescries exigidas pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI, para que

    fosse aceito o depsito do pedido de patente do Detector de Vazamento de Gs Hlio por

    via Indireta.Tendo sido toda a documentao analisada e em seguida protocolada com o

    apoio do CNPq, junto ao INPI, em Braslia.

    O conceito de instrumentao virtual e linguagem grfica de programao, so

    apresentados no Apndice B, bem como a interface de comunicao GPIB.

    No Apndice C, apresentado um manual de instrues para a operao do

    Dispositivo Detector de Vazamento de Gs Hlio por via Indireta. .

    A interface de comunicao paralela, as bibliotecas DLL e as temporizaes

    necessrias para a aquisio dos dados pelo conversor AD e para comunicao com o

    microcomputador de controle, so abordadas nos Apndices D e E.

    No apndice F apresentada a cpia do Depsito do Pedido de Patente do

    Dispositivo Detector de Vazamento de Gs Hlio que foi protocolado no INPI, composto

    do Relatrio Descritivo, as Reivindicaes, Desenhos e Resumo.

    4

  • Captulo 1 Distribuio, Recuperao e Deteco de Gs Hlio

    O hlio foi o primeiro dos gases nobres a ser descoberto, sendo peculiar o fato que

    primeiro foi prevista sua existncia no sol, e s mais tarde ele foi descoberto na Terra.

    Em 1868, o astrnomo francs Pierre-Jules-Cesar Janssen, observando um

    eclipse total do sol, na ndia, utilizou pela primeira vez um espectrmetro no estudo da

    cromosfera, que envolve o sol. O espectro da cromosfera continha muitas riscas

    brilhantes (linha espectral), entre as quais se encontravam as do hidrognio e uma,

    amarela, que se julgava ser a risca amarela do sdio.

    Aprofundando sua investigao, Janssen tentou obter o espectro da cromosfera

    com luz solar ordinria, sendo bem sucedido no estudo das vrias riscas do espectro e

    conseguindo provar que a risca amarela no era a do sdio, mas provavelmente uma

    risca espectral de um novo elemento.

    Os astrnomos ingleses Lockyer e Frankland confirmaram estes resultados e

    provaram que aquela risca amarela no poderia ser obtida de nenhum elemento

    terrestre conhecido, e o nome de hlio foi proposto, a partir da palavra grega para Sol,

    helios.

    A procura deste novo elemento na Terra mostrou-se infrutfera at 1895, ano em

    que William Ramsay examinou o gs liberado quando o mineral cleveita, um minrio do

    urnio, era tratado com cidos. No espectro deste gs ele encontrou a risca amarela do

    hlio e provou, portanto, a existncia deste elemento na Terra.

    William Ramsay foi levado a esta descoberta depois de o qumico americano

    Hillebrand ter verificado, em 1888, que quando fervia o mineral uranitite com cido

    sulfrico diludo, se liberavam quantidades considerveis de um gs inerte, que ele

    considerou como sendo uma mistura de nitrognio.

    A descoberta do hlio em materiais radioativos no foi totalmente explicada at a

    descoberta do rdio em 1898, quando se verificou que o hlio era um dos produtos

    estveis da desintegrao de elementos radioativos como trio, urnio etc.[5]

    O hlio encontrado em depsitos de gs natural de poos do Texas, Oklahoma

    e Kansas, nos Estados Unidos, na proporo de 0,25 % a 7 % em volume, consideradas

    5

  • as maiores reservas do mundo. tambm encontrado em outras regies e pases como,

    no Mar do Norte, Rssia e Arglia.

    A atmosfera terrestre possui 5,2 partes de hlio por milho em volume, totalizando

    416 milhes de toneladas. Encontra-se tambm em algumas guas minerais, misturado

    ao nenio.

    Na coroa solar sua presena est relacionada s reaes termonucleares que

    ocorrem no sol onde dois tomos de hidrognio se fundem formando um tomo de hlio e

    liberando energia.[6]

    1.1 Caractersticas Principais do Hlio

    Todos os elementos do grupo dos gases nobres possuem uma particularidade que

    lhes confere uma excepcional estabilidade qumica: a ltima camada completa com oito

    eltrons (exceto o hlio, com dois eltrons). Por isso, estes gases so praticamente

    inertes e se encontram naturalmente sob a forma de tomos isolados, sem se

    combinarem entre si formando molculas. No se pode dizer que so totalmente inertes

    porque, em condies especiais de temperatura e presso e em presena de certos

    catalisadores, conseguem-se alguns compostos, especialmente do xennio.

    Os istopos mais comuns do hlio so o He-4, que formado por uma partcula

    alfa (dois prtons e dois nutrons) envolta por dois eltrons, e o He-3 (dois prtons e um

    nutron), so muito leves e atingem facilmente a atmosfera, terrestre, tendendo a se

    perder no espao.

    Abaixo de 4,2 K, o hlio se torna lquido, tendo propriedades similares s de um

    lquido comum, com uma densidade muito baixa (0,13 g/cm3) e somente a altas presses

    (cerca de 25 atmosferas) o hlio se torna slido. No intervalo de temperatura entre 4,2 K e

    2,17 K recebe o nome de hlio I, e abaixo de 2,17 K (ponto lmbda), de hlio II, passando

    a apresentar propriedades peculiares.[7]

    Na condio de hlio II, por exemplo, seu calor especfico aumenta 100 vezes e,

    sob um resfriamento ainda maior, o hlio II dilata-se ao invs de contrair-se, e sua

    condutividade trmica chega a ser 800 vezes maior que a do cobre. Passa a apresentar

    viscosidade nula (superfluidez) e resistncia hmica prxima de zero

    (supercondutividade).[7]

    As explicaes para o fenmeno do He-4 geram ainda alguma controvrsia, no

    entanto, a mais aceitvel baseia-se na condensao de Bose-Einstein.

    6

  • A diminuio da temperatura, tanto no hlio como em outras substncias,

    acompanhada por novas configuraes e novos estados da matria, na busca de

    restabelecer o equilbrio e ou estabilidade.

    O He-4 tratando-se de um conjunto de tomos muito simtricos, encontra sua

    estabilidade a baixas temperaturas no na solidificao mas sim em uma liquefao

    especial, onde todos os tomos ficam no mesmo estado quntico.

    Assim, em vez de termos muitos tomos espalhados, em diferentes estados

    qunticos e energticos, temos uma s funo de onda que descreve o comportamento

    dos tomos que l se encontram [8].

    Na figura 1.1 apresentado o diagrama de fases para o He-4, onde a fase de

    supercondutividade e superfluidez est identificada por He II lquido.

    Figura 1.1 : Diagrama de Fases do He-4

    Na figura 1.2 so apresentadas algumas das principais especificaes do hlio.

    7

  • Nmero atmico Z = 2

    Massa molar 4,0026 g/mol

    Densidade 0,1785 Kg/m3

    Volume molar 21,0 x 10-6 m3/mol

    Ponto de fuso -272,1 C (a 25 ,2 atm)

    Ponto de ebulio -268,94 C

    Figura 1.2 : Caractersticas principais do gs hlio

    muito provvel que o hlio j tenha sido observado entre os gases emanados de

    poos de petrleo perfurados em nosso pas, no entanto, ele ainda no produzido no

    Brasil.

    1.2 Distribuio e Recuperao de Hlio no CBPF

    O sistema de Distribuio e recuperao de gs hlio do CBPF, centrado no

    Laboratrio de Criogenia, que opera e coordena o abastecimento de hlio lquido para os

    diversos laboratrios do Centro, recupera o gs hlio vaporizado nos criostatos e

    processa sua liquefao.

    O Laboratrio Criogenia monitora, de forma no automatizada, toda a distribuio

    e recuperao de hlio do CBPF, por meio de acompanhamento e observao de

    parmetros do mesmo, determinando as necessidades de reposio de estoque e

    tambm de manuteno dos equipamentos e sistemas.

    Em sua infraestrutura, o Laboratrio conta hoje com :

    Uma mquina de liquefao de hlio modelo 1410 Koch Process System;

    Dois compressores de Hlio modelo 1400 Koch;

    Duas mquinas de liquefao de Nitrognio modelo PLN106 Phillips;

    Um sistema fechado de refrigerao de gua gelada com capacidade de 25 Toneladas de

    Refrigerao (TR);

    Duas torres de refrigerao com capacidade de 25TR e 10TR;

    Um reservatrio inflvel de borracha, Gas Bag, para gs hlio, com capacidade de 50 m3;

    Cilindros e reservatrios dewar para armazenamento de hlio gasoso a alta presso e

    para hlio lquido respectivamente.[1]

    8

  • A Figura 1.3 apresenta uma vista parcial do Laboratrio de Criogenia, ano de

    2004, mostrando em primeiro plano direita, a mquina de liquefao de hlio, seguida

    do reservatrio dewar que recebe o hlio lquido que est sendo produzido, e ao fundo os

    cilindros de armazenagem de hlio gasoso a alta presso.

    Cilindros para alta presso

    Mquina de Liquefao

    Reservatrio Dewar

    Figura 1.3 : Vista parcial do Laboratrio de Criogenia do CBPF.

    Nas figuras 1.4 e 1.5, so mostrados reservatrios criognicos tipo dewar,

    fabricados pela Cryofab, utilizados no CBPF para armazenamento, transporte e

    abastecimento dos laboratrios com hlio lquido.

    Os reservatrios criognicos dewar, so garrafas construdas com paredes

    metlicas duplas e polidas, e que inicialmente tinham o espao entre elas divididos em

    compartimentos onde se realizava vcuo e tambm se estabelecia uma guarda de

    nitrognio lquido, atualmente esse preenchimento tem sido realizado com materiais de

    baixssima condutibilidade trmica denominados superisolantes e vcuo.

    A funo dos reservatrios dewar, armazenar e transportar lquidos a

    temperaturas criognicas, tais como hlio e nitrognio lquidos, com um mnimo de perda

    na manuteno da temperatura interna.

    9

  • O modelo CMSH-100, com capacidade para armazenar um volume de at 100

    litros de hlio lquido, figura 1.4, realiza o transporte do hlio lquido do Laboratrio de

    Criogenia para os demais laboratrios usurios do CBPF.

    O modelo CMSH-500, com capacidade para 500 litros de hlio lquido, figura 1.5,

    utilizado para armazenar o hlio liquefeito a partir do gs recuperado.

    Figura 1.4 : Reservatrio criognico dewar, modelo CMSH-100, com capacidade

    para 100 litros de hlio lquido, fabricado pela Cryofab.

    10

  • Figura 1.5 : Reservatrio criognico dewar, modelo CMSH-500, com capacidade

    para armazenamento de 500 litros de hlio lquido, fabricado pela Cryofab.

    O magnetmetro SQUID, um dos pontos onde foram realizadas monitoraes com

    o Detector de Vazamento de Hlio, mostrado na figuras 1.6.

    Linha de Recuperao

    Magnetmetro SQUID

    Figura 1.6 : Magnetmetro SQUID, instalado no Laboratrio de Instrumentao e

    Medidas.

    11

  • Na figura 1.7, est representado de forma esquemtica o processo de recuperao

    e armazenamento do gs hlio vaporizado aps sua utilizao nos criostatos dos diversos

    laboratrios do Centro.

    Conforme o diagrama da figura, depois de utilizado nos criostatos, o hlio

    novamente na forma de gs coletado pela tubulao da linha de recuperao, que

    opera internamente com uma presso entre 1,05 atm a 1,1 atm, seguindo ento para o

    Laboratrio de Criogenia.

    (Gs hlio recuperado)

    (2000 psi)

    Hlio lquido Criostato

    Balo de armazenamento

    Transferncia de hlio lquido

    Linha de Recuperao

    Laboratrios

    Laboratrio de Criogenia Hlio impuro

    Compressor

    Figura 1.7 : Diagrama esquemtico de abastecimento de hlio lquido e de sua

    recuperao na forma de gs, aps sua utilizao nos criostatos.

    12

  • Inicialmente o hlio que retorna ao Laboratrio de Criogenia pela linha de

    recuperao, que passa a ser denominado de Hlio Impuro, armazenado em um balo

    coletor inflvel , Gas Bag, at um volume que no represente risco de causar efeitos de

    contra-presso na sada dos criostatos dos laboratrios usurios.

    Em seguida o Hlio Impuro armazenado no balo inflvel comprimido e

    transferido para cilindros adequados, ali permanecendo a uma presso de 2000 psi, para

    posterior liquefao.

    No processo de liquefao, como representado na figura 1.8, o Hlio Impuro

    bombeado e inserido na mquina de liquefao a uma presso de 240 psi, passando

    inicialmente por um pr-resfriamento com nitrognio lquido, onde so consumidos

    aproximadamente 3 litros de nitrognio lquido para cada litro de hlio liquefeito.

    (Hlio Lquido)

    (Gs hlio impuro)

    Nitrognio Lquido

    Liquefatora de Hlio (24 l / h)

    Hlio lquido

    Regulador

    d

    1,5 psi

    240 psi

    Laboratrio de Criogenia

    Figura 1.8 : Diagrama esquemtico da produo de hlio lquido a partir do hlio

    recuperado.

    13

  • O princpio de funcionamento da mquina de liquefao de hlio modelo KPS

    1410, baseia-se no chamado Ciclo Claude, que a composio de dois processos tipo

    Brayton e um processo tipo Joule-Thomson, associados utilizao de trocadores de

    calor [9].

    No processo Brayton, o gs introduzido em uma turbina expansora onde depois

    de realizar trabalho, movendo a turbina, apresenta uma queda em sua temperatura e

    presso. A ilustrao de uma turbina expansora pode ser vista na figura 1.9, onde esto

    identificados o ponto de entrada do gs hlio, e o duto de sada do gs hlio resfriado.

    He

    Turbina

    Redutor de velocidade

    Entrada de He

    Sada de He resfriado

    Figura 1.9 : Turbina expansora para realizao do processo Brayton .

    O processo Joule-Thomson consiste em levar o gs que est a alta presso e que

    se deseja liquefazer, a passar por um pequeno orifcio chamado de regulador de presso,

    provocando no gs uma abrupta expanso com conseqente queda de sua temperatura.

    Se o gs anteriormente expandido e conseqentemente resfriado circular atravs

    do gs comprimido antes que esse sofra sua expanso, a troca de calor provocar a

    reduo de sua temperatura. Dessa forma o gs ainda comprimido ao se expandir

    14

  • alcanar um resfriamento ainda mais acentuado. O contnuo processo de compresso e

    expanso far com que a temperatura do gs caia progressivamente at que finalmente,

    ele comece a se condensar [9].

    Na figura 1.10, temos uma representao do Ciclo Claude com o diagrama

    esquemtico da mquina de liquefao associada, onde identificamos as linhas de alta

    presso (HP) e baixa presso (BP) percorridas pelo gs hlio no processo de liquefao.

    Temperatura

    Entropia

    Figura 1.10 : Representao do Ciclo Claude e da mquina de liquefao

    associada.

    A tabela 1.1 apresenta uma descrio de forma resumida das vrias etapas que

    compem o processo de liquefao do gs Hlio Impuro, desde sua compresso ao ser

    inserido na mquina de liquefao, passando pelo pr-resfriamento com nitrognio

    lquido, as expanses e trocas de calor, at a inverso Joule-Thomson, aps a qual

    sucessivamente parcelas do volume do gs iro se condensando.

    15

  • 1-2 O gs hlio que j foi comprimido pela mquina de liquefao, cede calor para

    o gs que circula na linha de baixa presso, por meio de um trocador de calor.

    2 Neste ponto o fluxo de gs comprimido se divide ao chegar em uma turbina

    expansora.

    2-11 Na turbina, parte do gs realiza trabalho expandindo-se com conseqente

    reduo de sua presso e temperatura (processo Brayton).

    2-3 A poro do gs que no realizou trabalho na turbina, troca calor com o gs

    que sofreu expanso, e dessa forma tem sua temperatura reduzida mantendo-

    se mesma presso.

    3-4 O fluxo de gs continua realizando processos de troca de calor com a linha de

    hlio a baixa presso.

    4-9

    4-5

    Novamente o fluxo de hlio dividido e introduzido em uma turbina,

    expandindo-se e trocando calor, completando assim dois processos Brayton.

    6-7 Na seqncia o gs da linha de alta presso levado a transpor uma vlvula

    inversora Joule-Thomson, o que pode levar uma parcela do gs a atingir

    temperaturas abaixo da temperatura crtica, provocando sua liquefao.

    8 A prpria presso interna ao reservatrio criognico que recolhe o hlio

    liquefeito, provoca o deslocamento do mesmo para o reservatrio de

    armazenamento e ao mesmo tempo reconduz o gs no liquefeito para a

    linha de baixa presso.

    8-13 Aps sucessivos processos de troca de calor com o fluxo de hlio da linha de

    alta presso, o gs no condensado retorna ao compressor reiniciando o

    ciclo.

    Quadro 1.1 : Etapas do processo de liquefao do gs hlio internamente

    mquina de liquefao KPS 1410.

    16

  • 1.3 - Deteco de Gs Hlio

    A origem dos mtodos de deteco de vazamento de gs hlio est ligada ao

    Projeto Manhattan, e sua exigncia, sem precedentes at ento, de sistemas

    hermticos, necessrios s plantas de enriquecimento de urnio.

    Na poca, o alto grau de sensibilidade requerida para as verificaes de

    existncia de vazamentos levou escolha do espectrmetro de massa projetado pelo Dr.

    A. O. C. Nier (1940), que foi modificado para atender s especificaes do gs hlio, gs

    escolhido para deteco de vazamentos do sistema, e tambm para que apresentasse

    maior robustez.[10]

    A sensibilidade destes equipamentos, que dada pela razo entre o fluxo de hlio

    atravs do vazamento e o aumento de presso em sua clula de deteco, em 1946, era

    em torno de 10-7 Pa m3 s-1 e evoluiu para o patamar de 10-10 Pa m3 s-1 em 1970.

    Atualmente o nvel dos detectores mais sensveis est em aproximadamente 10-13 Pa m3

    s-1, ou seja um fator de ganho de 106 em aproximadamente 60 anos [10].

    Os mtodos de deteco mais utilizados so o Mtodo do Fluxo Direto, o Mtodo

    do Fluxo Contrrio e os detectores com ponta de prova tipo Sniffer, sobre os quais

    iremos tecer uma descrio sucinta de suas caractersticas principais e aplicaes.

    Uma abordagem mais detalhada, ser realizada sobre a parte central comum a

    cada um dos mtodos que a clula de deteco, na qual o gs residual ionizado e os

    ons resultantes so acelerados e filtrados em um espectrmetro de massa.

    1.3.1 Mtodo do Fluxo Direto

    Nos detectores de vazamento por fluxo direto, o sistema de vcuo conectado

    diretamente clula de deteco e bomba de vcuo. Estes detectores so bastante

    apropriados para pequenos vazamentos, onde so requeridas sensibilidades da ordem de

    10-12 Pa m3s-1[10] .

    Os detectores por fluxo direto apresentam alguns inconvenientes tais como, a

    oxidao na bomba de difuso, necessidade de reposio de nitrognio lquido,

    contaminao dos gases com vapores de leo, tempo de entrada em operao

    considerado longo e seqncia operacional complexa.

    17

  • Estes mtodos foram muito utilizados na verificao em sistemas de alto vcuo at

    meados dos anos 80, a partir de ento foram sendo progressivamente substitudos por

    detectores de fluxo contrrio.

    1.3.2 Mtodo do Fluxo Contrrio

    Este mtodo caracteriza-se por utilizar um arranjo com duas bombas

    turbomoleculares associadas em oposio, presentes nos detectores mais sofisticados, o

    que solucionou problemas de contaminao e instabilidade.

    O arranjo do fluxo contrrio apresenta inmeras vantagens em relao ao arranjo

    de fluxo direto, como por exemplo a no necessidade de nitrognio lquido, a facilidade no

    transporte , curto intervalo de tempo para o estado operacional, melhor proteo do

    filamento de emisso de eltrons, maior robustez e menor necessidade de manuteno.

    Alm disso sua operao mais simples facilita sua automao e o controle via comando

    remoto.

    1.3.3 Detectores com ponta de prova Sniffer

    Neste mtodo os detectores apresentam um dispositivo externo, sniffer, que

    realiza a admisso do gs a ser testado, sugando-o e conduzindo-o atravs de uma

    vlvula ou tubo capilar para um detector de hlio tipo fluxo direto ou contrrio, interno ao

    equipamento.

    Este mtodo de deteco muito utilizado para localizao de grandes

    vazamentos em recipientes que contenham hlio ou que estejam sendo contaminados por

    ele, outra aplicao na monitorao em pontos de exausto de um sistema, onde os

    mtodos de fluxo direto ou contrrio no podem ser aplicados.

    1.3.4 Espectrometria de Massa (Clula de Deteco) Dentre todas as tcnicas conhecidas para anlise de substncias, a Espectrometria

    de Massa pode ser considerada como a de mais fcil compreenso e versatilidade.

    Um Espectrmetro de Massa um aparelho que produz a partir de uma amostra de

    substncia eletricamente neutra, um feixe de ons gasosos para posterior separao dos

    18

  • mesmos, de acordo com suas razes carga-massa e detect-las para medidas de

    ocorrncias relativas de cada espcie inica presente.

    Desde o primeiro modelo construdo por Thomson, at os sofisticados modelos

    comerciais da atualidade , um espectrmetro de massa basicamente constitudo de

    quatro partes fundamentais : um Sistema de Manipulao para introduzir a amostra

    desconhecida no equipamento; uma Fonte de ons na qual produzido um feixe de

    partculas proveniente da amostra; um Analisador de Massa que separa partculas de

    acordo com a massa; um Detector de ons, no qual os ons separados so recolhidos e

    caracterizados.

    Na figura 1.11, esto representadas esquematicamente as partes fundamentais de

    um espectrmetro de massa, utilizado em uma clula de deteco de hlio, com

    analisador de massa tipo setor magntico.

    ons Pesados Campo Magntico Anteparo (D) ons de Hlio (C) Eletrodos de Acelerao (B) (E) Molculas Ionizadas ons Leves Filamento Coletor (A) Feixe de Eltrons

    Figura 1.11 : Clula de deteco de ons de hlio, com analisador de massa de

    setor Magntico.

    O espectrmetro requer um percurso de coliso livre para os ons e portanto,

    funciona a vcuo ou quase vcuo (10-5 Torr), sendo o sistema de entrada da amostra

    desenhado para uma mnima perda de vcuo.

    Quando uma corrente aplicada ao filamento (A), este aquecido resistivamente

    at a incandescncia, simultaneamente emitindo eltrons. Placas colimadoras so

    empregadas para o controle do feixe de eltrons emitidos e um potencial de

    19

  • aproximadamente 70 V mantido entre o filamento e placa de tal forma que os eltrons

    sejam acelerados para longe do filamento e passem atravs das placas colimadoras com

    uma energia mdia de 70 eV.

    O valor de 70 eV comum, porque a probabilidade de ionizao para muitos

    compostos maximizada prximo deste valor.[11]

    As placas colimadoras levam os eltrons energizados a colidirem com as

    molculas do gs a ser analisado dando origem aos ons.

    Os ons formados pelos impactos dos eltrons so acelerados por uma srie de

    placas carregadas negativamente, em direo a uma fenda de entrada (B), indo para o

    Analisador de Massas, que tem como objetivo separar os ons que so produzidos na

    fonte de acordo com as diferentes relaes carga-massa.

    Os projetos dos analisadores mais comuns incluem os analisadores de

    quadrupolo, de setor magntico e os analisadores de massa por tempo de vo.

    Um campo quadrupolo formado por quatro barras cilndricas paralelas, as quais

    aplica-se uma corrente contnua que afeta o percurso dos ons viajando pelo trajeto

    centralizado entre os quatro cilindros. Para as tenses dadas, somente os ons de uma

    relao massa-carga determinada podem passar atravs do filtro do quadrupolo,

    enquanto os outros sero varridos como molculas descarregadas.[12]

    O analisador por tempo de vo, usa a diferena de tempo que levam os ons

    gerados e acelerados para chegar a um eletrodo coletor. O princpio essencial da

    espectrometria de massa por tempo de vo baseia-se em que todos os ons so

    acelerados com a mesma energia, e suas velocidades so inversamente proporcionais s

    razes quadradas de suas massas.

    O analisador de massa de setor magntico, emprega um campo magntico que

    faz com que os ons viajem em um percurso circular de 189, 90 ou 60 graus .

    Os ons penetram perpendicularmente s linhas de campo magntico e so

    obrigados a descrever trajetrias circulares no interior do analisador de massa (C).

    Por uma fenda (D) , saem do campo magntico somente os ons de uma

    determinada razo carga-massa dada por :

    VrB

    qm m

    2

    22

    = , (1.3.1)

    20

  • onde m massa do on em Kg, q a sua carga em Coulomb, B a intensidade

    do campo magntico em Tesla, que tem a funo de defletor do feixe de ons, rm o raio

    mdio de curvatura descrita pelo feixe no analisador de massa e V a tenso de

    acelerao linear de ons dada em volts.

    Os ons que saem do analisador de massa so coletados (E) de duas formas,

    usando um Copo de Faraday (Faraday Cup) ou um Multiplicador de Eltrons. No Copo de

    Faraday, que o detector mais simples, os ons que saem do analisador de massa

    entram num copo metlico que est aterrado. Quando os ons se chocam com as paredes

    do copo, os mesmos so neutralizados, absorvendo um eltron do copo metlico. A perda

    de eltrons do copo d origem a uma corrente que poder ser avaliada entre o copo e a

    terra.

    Logo quanto maior o nmero de ons que entram no copo maior ser a corrente

    detectada. Uma das melhores caractersticas do Copo de Faraday a de que todos os

    ons so detectados com a mesma eficincia, de acordo com suas massas. O Copo de

    Faraday no entanto limitado por baixas presses, tornando-se impraticvel abaixo de

    10-9 Torr.

    Para baixas presses, abaixo de 10-9 Torr, o Multiplicador de Eltrons, um

    detector bastante preciso. O Multiplicador de Eltrons, tem formato de um cone, sendo a

    boca do cone fortemente negativa em relao ao fim do cone, de tal forma que ons

    positivos so acelerados em direo superfcie do cone. Ou seja, na medida em que

    atingem o cone, os ons com alta velocidade ejetam eltrons da superfcie do mesmo.

    Estes eltrons secundrios so acelerados em direo ao fim do cone, chocando-

    se com a superfcie do mesmo repetidamente e causando a liberao de mais eltrons da

    superfcie do cone. Esta multiplicao do nmero de eltrons causa uma cascata de

    eltrons no fim do cone. O gradiente no cone ajustado de tal forma a manter um mnimo

    de 105 eltrons emitidos no fim do cone para cada on que entra. A corrente eletrnica

    amplificada para produzir uma corrente eltrica ou sinal inico que proporcional

    corrente inica incidente no detector.

    A corrente formada para a neutralizao desses ons passa por um resistor,

    fechando o circuito com a terra, como esta corrente extremamente pequena, a diferena

    de potencial no referido resistor dever ser adequadamente amplificada.

    Este sinal amplificado enviado para um registrador que fornece espectros,

    intensidade de on em funo da tenso de acelerao linear do mesmo, apresentando

    um grfico de picos em funo da tenso de acelerao do on.

    21

  • A identificao de tomos, grupos de tomos e molculas se d pela comparao

    com uma curva padro e do conhecimento prvio da razo carga-massa dos ons

    possveis de serem encontrados na amostra em estudo.

    1.3.5 Sistema de Bombeamento

    Se a clula de deteco de vazamento no muito diferente da utilizada no

    projeto original da dcada de 40, o mesmo no se pode dizer do sistema de

    bombeamento, que sofreu considerveis modificaes, onde a bomba de difuso do

    projeto original foi substituda nos equipamentos mais modernos por bombas

    turbomoleculares e bombas isentas de leo.

    As bombas difusoras operam pelo princpio da transferncia de momentum para

    as molculas gasosas. Nestas bombas, um sistema de aquecimento eltrico ajustado na

    base do corpo da bomba aquece um fluido (leo) at a formao de vapor. O vapor de

    leo sobe por um tubo at a parte superior da bomba onde ejetado atravs de estreitas

    aberturas anulares em direo parte inferior da bomba [11].

    Devido diferena de presso interna e externa do tubo, o vapor ejetado a uma

    velocidade extremamente alta, e como as molculas de leo tm maior peso, ao se

    chocarem com as molculas do gs realizam uma perfeita transferncia de momentum e

    o conseqente bombeamento do gs para a parte inferior da bomba onde existe uma

    sada conectada a uma bomba de apoio.

    Ao entrar em contato com as paredes refrigeradas da bomba o vapor de leo se

    condensa e escorre novamente para o reservatrio de fluido.

    A grande maioria das bombas de difuso empregadas tm vrios estgios de

    ejeo de fluido e so chamadas de multiestgio. A cmara a ser bombeada conectada

    no flange superior e a bomba de apoio acoplada no flange inferior.

    Um dos problemas inerentes das bombas difusoras a perda de fluido atravs do

    duto de sada, perda esta que minimizada usando uma srie de placas refrigeradas

    (baffle), que condensam o fluido vaporizado reconduzindo-o novamente para o

    reservatrio.

    A perda de fluido atravs do topo da bomba pode ter conseqncias mais srias

    pois o vapor de leo pode contaminar a cmara de vcuo e todo o sistema. Este

    problema pode ser evitado em quase sua totalidade, utilizando dispositivos chamados de

    armadilhas (traps), que so superfcies frias muito eficientes para reter o vapor de fluido.

    22

  • A primeira dessas armadilhas projetada de forma que as molculas de gs no

    atravessem sem colidir pelo menos uma vez com a superfcie da placa, e para as

    molculas que atravessarem a primeira armadilha, uma segunda com placas

    refrigeradas com nitrognio lquido, cold trap, poder realizar a captura.[10]

    Na figura 1.12 representado esquematicamente o princpio de funcionamento da bomba difusora.

    Ejeo

    Refrigerao

    Tubo de vapor

    Gs bombeado

    Bomba

    Reservatrio de Fluido de apoio

    Aquecimento

    Figura 1.12 : Princpio de funcionamento de uma bomba de difuso

    A bomba turbomolecular uma bomba do tipo compresso, cujo princpio de

    funcionamento similar ao da bomba difusora. A diferena que a transferncia de

    momentum no ocorre por colises com jato de vapor ejetado a alta velocidade, mas sim

    pelo impacto das molculas do gs com as palhetas de uma turbina que gira em alta

    velocidade.

    Uma bomba turbomolecular como as atualmente utilizadas, conforme mostrada na

    figura 1.13, apresenta uma estrutura onde vrios sistemas de palhetas so presos a um

    mesmo eixo impulsionado por um motor de alta rotao, constituindo o rotor da bomba.

    Outros sistemas de palhetas so fixos na carcaa da bomba, constituindo o estator

    da bomba. O espaamento entre as palhetas do rotor e estator da ordem de 1mm, e

    rotao do rotor superior a 20000 rpm.[13]

    23

  • Figura 1.13 : Bomba turbomolecular

    1.4 Concluso

    Em resumo, a tecnologia de deteco de gs hlio foi desenvolvida para atender

    verificao da qualidade de sistemas de vcuo, adequando-se s exigncias evolutivas

    dos mesmos e desenvolvendo aparatos tcnicos nesta direo, estando hoje disponveis

    no mercado detectores de gs hlio extremamente precisos e sofisticados.

    No entanto estes equipamentos no visam atender um estado de superviso

    contnua de plantas de distribuio e recuperao de gs hlio, mas sim a testes

    programados de estanqueidade ou busca de falhas (vazamentos) j percebidos por suas

    conseqncias.

    Geralmente so equipamentos pesados, em torno de 30 Kg, a exceo de alguns

    equipamentos tipo sniffers mais modernos que pesam em torno de 8 Kg e so

    considerados equipamentos para atuao em campo.[4]

    Exigem ambiente de instalao adequado sua operao tais como, refrigerao,

    tenso estabilizada, nvel de vibrao reduzido, e seu custo elevado, superando a faixa

    dos US$ 30,000.00, o que torna sua utilizao como dispositivo de superviso a ser

    instalado de forma distribuda invivel.[4]

    24

  • Captulo 2

    O Detector de Fuga

    Tendo em vista equacionar as dificuldades de implantao e manuteno

    apresentadas pelos sistemas detectores de hlio convencionais, e por no encontrarmos

    no mercado um sistema comercial que permita monitorar em tempo real as fugas de gs

    hlio da linha de recuperao, foi desenvolvido o dispositivo Detector de Vazamento de

    Gs Hlio por via Indireta, para o monitoramento das tubulaes de hlio ou criostatos

    que o utilizem como refrigerante criognico.

    O detector desenvolvido no utiliza espectrmetro de massa, bomba

    turbomolecular e os sistemas normalmente associados aos equipamentos convencionais

    anteriormente descritos.

    O Detector de Hlio por via Indireta se fundamenta nos conceitos de efuso e

    difuso de gases, e se baseia em uma sonda sensora de oxignio, dispositivo sensor

    amplamente utilizado, que dever ser inserido na tubulao ou equipamento que se

    deseja monitorar.

    A sonda de oxignio gera um sinal de corrente proporcional concentrao do

    mesmo presente no gs hlio, traduzindo dessa forma a contaminao do gs pelo ar

    atmosfrico. O sinal enviado pela sonda digitalizado pelo circuito eletrnico do detector,

    e sua comparao com valores previamente ajustados ir sensibilizar ou no um alarme

    sonoro e visual incorporado ao mesmo. A integrao do sinal permite programar a

    identificao de vazamentos contnuos, associados a pequenas vazes, enquanto a

    derivada do sinal identifica vazamentos de grandes propores.

    O detector realiza uma monitorao da linha de recuperao de forma contnua e

    automtica, indicando a contaminao do gs ou seja, a ocorrncia de vazamento no

    incio do processo, antes que o mesmo evolua comprometendo o sistema e ou

    equipamentos utilizados.

    O Detector de Vazamento de Gs Hlio por via Indireta, pode operar de forma

    autnoma, ativando um alarme sonoro e visual toda vez que a concentrao de oxignio

    presente no gs hlio ultrapassar os valores pr-estabelecidos como tolerveis, ou pode

    estar associado a um microcomputador, comunicando-se com ele por meio de sua porta

    paralela.

    25

  • Nesta condio, o detector pode utilizar algoritmos inteligentes no monitoramento

    da linha de hlio, tais como temporizao de alarme e a avaliao da evoluo do nvel de

    concentrao de oxignio, interpretando como falha do sistema no simplesmente a

    ultrapassagem de um valor, mas a forma como os valores de concentrao se sucedem.

    Assim, por exemplo, sero consideradas como falhas, uma forte variao no nvel

    de concentrao em curto intervalo de tempo, mesmo que o valor de concentrao

    mxima ainda no tenha sido atingido; ou um incremento residual na concentrao de

    oxignio que permanea constante ao longo do tempo.

    Associado a um microcomputador, possvel proceder a anlise de todo um

    perodo de monitoramento, por meio dos grficos e relatrios arquivados, ou apenas a

    investigao na atuao do alarme.

    2.1 Difuso e Efuso de Gases

    A difuso a disperso gradual de uma substncia em outra [10]. Para os gases

    este processo relativamente veloz, se comparado com os estados lquido e slido.

    Thomas Graham, qumico escocs, realizou em 1829 vrios experimentos onde mediu a

    velocidade de difuso de gases. Apoiado nesses dados, estabeleceu-se a Lei de Difuso

    de Graham, onde a velocidade de difuso de um gs atravs de outro inversamente

    proporcional raiz quadrada da densidade do gs, ou de maneira mais abrangente, a

    velocidade de difuso de um gs inversamente proporcional raiz quadrada de sua

    massa molecular.

    A efuso a passagem de um gs atravs de um orifcio [10]. Graham relatou em

    1846 que, a temperatura constante, a velocidade de efuso de um gs atravs de um

    determinado orifcio inversamente proporcional raiz quadrada de sua densidade ou de

    sua massa molecular. Este se tornou o enunciado da Lei de Efuso de Graham.

    A sada de gases por orifcios praticados nas paredes dos depsitos ou dutos que

    os contm regida por leis anlogas dos lquidos [21]. Para os lquidos a velocidade de

    sada ser dada por :

    hgV ..2= (2.1)

    Fazendo h representar a altura da coluna de gs correspondente presso

    existente no orifcio, expressando essa altura h por meio da presso equivalente de uma

    26

  • coluna de mercrio b e designando por H e g as massas especficas do mercrio e do

    gs respectivamente, podemos estabelecer a proposio :

    bh

    g

    H =

    donde g

    Hbh = (2.2)

    Substituindo na equao 2.1 teremos :

    g

    HgbV 2= =

    g

    b6,1381,92 (2.3)

    g

    bV 3,16= (2.4)

    Dessa forma podemos concluir que a quantidade de gs que sai em t segundos

    por um orifcio de rea A, ser dado por :

    tVAQ =g

    btAQ 3,16= (2.5)

    A efetivao dos clculos de efuso de gases por orifcios em que as diferenas

    de presses interna e externa no so significativas, dever envolver parmetros de

    ajuste , para que se obtenha uma melhor aproximao dos valores reais.

    2.2 - O Sensor de Oxignio

    Os sensores de oxignio so amplamente utilizados na deteco indireta de gases

    combustveis em indstrias, no controle da qualidade dos gases emitidos pela combusto

    de motores na indstria de veculos, na superviso de atmosferas modificadas seja pela

    indstria de alimentos ou no setor de sade.

    Os sensores de oxignio fabricados de xido de zircnio estabilizado com xido de

    clcio (calcia-stabilized zirconia ou CSZ), tm sido muito estudados e, recentemente, foi

    27

  • produzido filme de zircnia (xido de zircnio) estabilizado na fase cbica, preparado a

    temperatura ambiente por um mtodo eletroqumico [14].

    Este novo processo dispensa a sinterizao do xido e dessa forma reduz as

    perdas ocorridas no processo tradicional, decorrentes da transio indevida da fase

    tetragonal para monoclnica [14], com reflexos na reduo do custo de fabricao do

    composto.

    Pelo fato de estes sensores apresentarem hoje grande confiabilidade e serem

    comercialmente disponveis a um custo razovel, na faixa de dezenas de dlares, eles

    foram escolhidos para este trabalho.

    Trs fabricantes foram pesquisados, Fujikura Ltd., Pasco e a Eletrovac GMBH,

    sendo escolhido o sensor fabricado pela Eletrovac [15], modelo T039-Typ050, cuja faixa

    de utilizao de 0,1% a 20,9% de oxignio, apresentando uma resposta de 100 a 200

    microamperes, estando sua sensibilidade compatvel com a utilizao pretendida e preo

    adequado nossa proposta de trabalho.

    Na tabela 2.1, so apresentadas as caractersticas principais do sensor Eletrovac

    T039 Typ 250.

    Fabricante Eletrovac GMBH

    Modelo T039 Tpy 250

    Sinal de Sada 100A a 200A com 20,9% de O2

    Tempo de Resposta 2 a 10 segundos

    Dependncia da Temperatura 0,034% do sinal medido por C

    Polarizao do Sensor 0,7 a 1,6 Volts

    Tenso de Aquecimento 1,6 a 4 Volts

    Mxima Temperatura de Capa 250 C

    Tempo de Aquecimento Aproximadamente 2 minutos

    Quadro 2.1 : Dados do Sensor Eletrovac modelo T039 Typ 250

    2.3 - Princpio de Funcionamento do Sensor de Oxignio Os compostos de ZrO2 / CaO com o xido de clcio variando de 15% a 28% mol,

    possuem uma fase cbica chamada de Zircnia estabilizada (CSZ ou cubic zirconia) onde

    28

  • alguns stios de Zr4+ so substitudos por Ca2+ criando uma vacncia de nions O2-. A

    grande quantidade de clcio presente na estrutura produz uma deficincia de populao

    de oxignio, tornando conseqentemente estes materiais bons condutores de nions O2-.

    O bombeamento eletroqumico de oxignio deste material otimizado quando

    aquecido a temperaturas de 250 C a 400 C, nos sensores comerciais, embora o

    composto seja estvel a temperaturas mais elevadas.

    Se uma diferena de potencial aplicada nas faces de uma clula eletroltica de

    Zircnia, quando ela est aquecida, o oxignio reduzido para O2- no lado do catodo e

    atravessa a zircnia onde re-oxidado para gs oxignio no lado do anodo. Esta

    passagem atravs do zircnia gera uma corrente eltrica provocada pelos ons portadores

    de carga.

    Um orifcio no lado do catodo limita a entrada de oxignio mantendo uma diferena

    de concentrao nos dois lados da clula, limitando a corrente de saturao.

    Na figura 2.1 est esquematizado o princpio de funcionamento do sensor de

    oxignio, com a identificao de seus componentes bsicos, a indicao da migrao de

    nions O2- e a circulao da corrente gerada pelos portadores de carga.

    Na figura 2.2 temos o sensor e a indicao de sua pinagem, e na figura 2.3 so

    apresentadas as curvas tpicas da corrente gerada em funo da concentrao de

    oxignio presente no gs.

    O2

    O2 IS

    O2-

    anodo

    Clula eletroltica de zircnia

    catodo

    A

    Capa de proteo com furo de difuso

    Corrente do sensor

    Figura 2.1 : Esquema de funcionamento do Sensor de oxignio.

    29

  • (Vista lado dos pinos)

    3 4 1 2

    1 ......... H+ 2 ......... H- 3 ......... Sen+ 4 ......... Sen-

    Figura 2.2 : Indicao da pinagem do sensor T039-Typ 250

    0 5 10 15 20 25-20

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    180

    200

    ValoresMnimos

    ValoresTpicos

    Valores Mximos

    Cor

    rent

    e do

    Sen

    sor e

    m m

    icro

    amp

    re

    Porcentagem de Oxignio

    Sensor TO39 - Typ 250

    Figura 2.3 : Curva caracterstica do sensor T039-Typ250 da Eletrovac

    30

  • 2.4 Circuito Detector

    O Detector de Vazamento de Gs Hlio por via Indireta se divide em dois

    mdulos, sendo um deles o circuito detector, que fornece as tenses de aquecimento e

    polarizao para o funcionamento do sensor de oxignio e recebe o sinal analgico de

    corrente enviado pelo sensor, proporcional concentrao de oxignio presente no gs

    hlio que est sendo monitorado.

    O outro mdulo o do conversor analgico digital, que realiza a aquisio do sinal

    de tenso enviado pelo circuito detector, cuja amplitude proporcional informao de

    corrente do sensor de oxignio. Alm deste sinal, o conversor tambm captura o sinal de

    tenso enviado pelo sensor que monitora a temperatura do gs e as tenses de

    aquecimento da clula eletroltica de zircnio e de polarizao do alarme do sensor que

    foram ajustadas.

    O circuito eletrnico que recebe o sinal de corrente do sensor de oxignio, foi

    desenhado no programa CircuitMaker e sua placa de circuito impresso, no programa

    TraxMaker, projetada para ser confeccionada em uma nica camada.

    Basicamente o circuito do detector composto pelos seguintes blocos funcionais :

    - Uma fonte de alimentao com entrada para tenso alternada em 110 V ou 220 V

    selecionada por chave comutadora unipolar de acionamento no automtico,

    composta de um transformador (T1) 110-220 VCA / 12 VDC, uma ponte retificadora de 1 ampre (D2) e circuitos de regulao executados com diodos

    zeners e filtros para obteno das tenses de 15 VDC, 9 VDC e + 6,2 VDC que iro suprir o conversor analgico digital, o sensor de temperatura LM35, a

    polarizao da clula eletroltica de zircnio e circuito de amplificao de corrente

    do sensor de oxignio (S1) Eletrovac TO-39 Typ250;

    - Uma fonte de tenso constante com ganho regulvel na faixa de 1 a 4 volts com 2

    watts de potncia mxima, responsvel pelo aquecimento do sensor de oxignio

    (S1), executada com dispositivo regulador de tenso (U1) tipo LM317, sendo a

    tenso mxima aplicada sobre o sensor limitada a 4 volts atravs de um

    potencimetro interno (R2) e ajuste externo no painel de comando pelo

    potencimetro R3. Ao conjunto da fonte foi acoplado um par de protees (C1/C2

    e C3/C4) contra oscilaes parasitas, que surgem na linha de alimentao

    associadas ao prprio funcionamento do LM317, devido s suas realimentaes

    internas;

    31

  • - Um circuito para a amplificao da corrente fornecida pelo sensor de oxignio

    (S1), e que disponibiliza para o conversor A/D um sinal de tenso proporcional

    concentrao de oxignio. O circuito de amplificao de corrente foi projetado

    utilizando um CI TL084 , que opera comparando a tenso enviada pelo sensor e a

    tenso de referncia, pr-ajustada por meio do potencimetro R15, de forma a

    poder sensibilizar o circuito de alarme atravs da polarizao do SCR1 e dos

    transistores Q1 e Q2;

    - Um circuito de alarme sonoro , que tem sua atuao determinada pela

    comparao realizada pelo CI TL084C entre a tenso enviada pelo sensor e a

    pr-ajustada. Um nvel elevado da concentrao de oxignio ir enviar uma

    tenso ao potencimetro R12, cujo ajuste determinar o disparo do gate e a

    conduo do SCR1, energizando a bobina do rel que ativa o alarme sonoro;

    - Um circuito de alarme visual que tambm comandado pelo CI TL084C quando

    este aplica nos transistores Q1 e Q2 uma tenso que determina seu estado de

    conduo, conforme os valores ajustados dos potencimetros R19 e R20. Atravs

    do ajuste diferenciado de R19 e R20 podemos estabelecer uma indicao

    qualitativa da concentrao de oxignio, visto que a conduo dos transistores Q1

    e Q2 no ocorrer para os mesmos valores de tenso enviados pelo detector de

    vazamento de hlio.

    Ao contrrio do que ocorre no alarme sonoro em que o reset se d de forma

    manual, no alarme visual ele automtico, em funo do desaparecimento do

    nvel de tenso na sada do diodo D6, que determinou a conduo dos

    transistores, servindo desta forma como uma indicao de situaes

    momentneas de variao da concentrao de oxignio que no representam

    risco de grave contaminao ou perda de quantidades de hlio alm da

    normalidade.

    - o circuito detector ainda dispe de um sensor para monitorar a temperatura do

    gs, utilizando para isso um circuito integrado tipo LM35 (U5), sensor de

    temperatura que opera na faixa de 55 a 150 graus Celsius, com ganho de

    10mV/0C.

    No circuito detector optou-se por realizar o aquecimento do sensor de oxignio

    (S1) atravs de uma fonte de tenso constante, em virtude de o sinal de corrente gerado

    por este sensor apresentar uma dependncia da variao de temperatura muito pequena,

    aproximadamente de 0,034% do sinal medido por grau Celsius [15].

    32

  • Como o dispositivo dever atuar, predominantemente, na monitorao de gases

    com temperaturas prximas da ambiente, na faixa entre 15 C e 20 C aproximadamente,

    e sua calibrao efetuada para temperatura de 25 C, o patamar de erro devido

    variao da corrente fornecida pelo sensor em funo da variao da temperatura, no

    ser significativo, devendo permanecer na faixa de 0,3%, no comprometendo a

    confiabilidade do equipamento, e em contrapartida, permitindo a execuo de um circuito

    eletrnico de muito menor complexidade.

    As situaes mais extremas ocorrero durante as transferncias de hlio lquido

    para os criostatos, quando o gs recuperado que chega ao sensor atinge temperaturas

    prximas a 0 C ou mesmo inferiores. Nestes casos, podero ocorrer variaes em torno

    de 25 C em relao ao ponto de calibrao do sensor, o que dever produzir um erro de

    aproximadamente 0,85% no sinal medido.

    A figura 2.4 apresenta o diagrama esquemtico do circuito detector, com a

    indicao de seus componentes principais.

    33

  • S1

    A/Dcanal 4

    A/Dcanal 2

    A/D canal 1

    A/Dcanal 3

    Ligado

    Reset

    123

    141312 8

    910

    12V110/220v

    800 VA

    T1

    A/D(-) A/D(+)

    V8+9V

    INCOMOUT

    U5LM35

    D71N4730A

    +5V

    R1910k 40%

    D9LED3

    Q2BC548

    +5V

    R2010k 40%

    D8LED2

    Q1BC548

    A/D(-) A/D(+)

    A/D(-) A/D(+)

    AlarmeRLY212 V

    +15V

    S1

    T106A1SCR1

    R1110k 40%

    A/D (-) A/D (+)

    D61N4148

    R1510k 40%

    6.2 V

    +C81uF

    V1R17

    10k 40%

    +6.2 V

    V1

    R92k2k 40%

    R34k7 40%

    + C44.7uF

    C30.1uF

    INCOM

    OUT

    U1LM317

    +6.2 V

    D11N4735A

    + C74.7uF

    +15VD5LED1

    D2Ponte

    + C51mF

    + C61mF

    + C9100uF

    + C10100uF

    D31N757

    D41N757

    +9v

    -9V

    C10.1uF

    +C2100uF

    R124k7

    R1647k

    R8100k R13100k

    R14100k

    R71R8

    R105k6

    R21k

    R1220

    R41k2

    R181K2

    R61k2

    R51k2

    Figura 2.4 : Diagrama do circuito detector

    34

  • 2.5 O Sistema de Aquisio de Dados

    Para realizar a aquisio dos sinais que sero processados no circuito detector, a

    saber: o sinal de corrente enviado pelo sensor de oxignio, tenso de aquecimento do

    sensor, tenso de polarizao e tenso correspondente temperatura do gs monitorado,

    foi utilizado um sistema de aquisio, composto de um amplificador com ganho ajustvel,

    um filtro passa-baixas com freqncia de corte de 100 Hz, um conversor analgico digital

    (ADC) de 16 bits e freqncia de amostragem de at 200 KHz, com quatro canais

    analgicos e uma sada serial.

    A porta paralela foi utilizada como a interface de comunicao com o

    microcomputador, e um programa de controle que permite o fcil uso do sistema de

    aquisio foi desenvolvido em linguagem de programao orientado a objeto.

    A figura 2.5 apresenta um diagrama em blocos do sistema de aquisio,

    identificando os mdulos funcionais que compem o sistema.

    Converso Interface Programa Filtragem

    Amplificao

    Figura 2.5 : Diagrama em blocos do sistema de aquisio.

    O circuito eletrnico do sistema de aquisio, apresentado na figura 2.6, e

    tambm foi desenhado no programa CircuitMaker e sua placa de circuito impresso, no

    programa TraxMaker, projetada para ser confeccionada em uma nica camada.

    35

  • 76

    5 3

    210ff set4

    U2

    75

    6

    0ff set3

    9

    10 812

    13140ff set2

    1413

    1210

    980ff set1

    A0A1

    AD974

    SN74LS1211

    2

    3

    U1

    D3D3

    +5 V

    + 100pF

    D3D4D1

    15347 10

    1114

    D0S4S3D2

    +5 V+ 2,2uF

    +2,2uF

    CAPVA1VA2VA3VA4VDDRefAGND WR2

    WR1RCCSDATABUSYCLOCKPWRC

    +5 V

    50k 40%

    +12 V

    C310nF

    10nF

    +

    -12V

    10nF

    10nF

    -12V

    +

    100k 40%

    +12 V

    -12V

    U1

    G1100k 40%

    C10 6,8 nF

    U2

    N1

    C11 3,3nF

    C133,3nF

    N2

    C12 6,8nFG2

    100k 40%U1

    -12V

    +12 V

    100k 40%

    R19100k 40%

    +12 V

    -12V

    G4100k 40%

    C17 6,8nFU2

    N4

    C18 3,3nF

    R14100k 40%

    +12 V

    -12V

    U1

    G3100k 40% C15 6,8nF

    U2

    N3

    C16 3,3nF 2k

    576k

    R210k

    R11k

    R9

    330K

    R10330k

    R12330k

    R11

    330k

    R31k

    R410k

    R810k

    R71k

    R15

    330k

    R16330k

    R610k

    R51k

    R13

    330k

    R14330k

    Figura 2.6 : Diagrama esquemtico do circuito do sistema de aquisio

    36

  • 2.5.1 Mdulo de Amplificao

    O estgio de amplificao dos sinais, utiliza um amplificador operacional qudruplo

    da Texas Instruments, modelo TL084 (U1), configurado no modo amplificador no

    inversor, com ganho varivel de 1 a 100.

    O ganho varivel deste amplificador, possibilita o ajuste do nvel do sinal em

    aquisio, de forma que este sempre mantenha um comportamento linear dentro da faixa

    de interesse.[16] [19]

    Suas principais caractersticas so:

    - Baixo consumo;

    - Baixo off-set;

    - Alta impedncia de entrada;

    - Alto slew-rate (13 V/s);

    - Proteo contra curto-circuito na sada

    Por possuir um alto slew-rate, tabelado em 13V/s, que taxa mxima de variao

    da sada de um amplificador operacional real[17], e a partir do valor da freqncia mxima

    de 100 Hz, garantimos que o valor de V0 obtido bem superior aos limites de saturao

    do amplificador, e portanto durante toda a excurso do sinal, de 0 V a 5 V, o valor de

    slew-rate no ser ultrapassado. Dessa forma os valores de tenso de sada no sero

    distorcidos pela incapacidade do amplificador operacional de acompanhar a velocidade de

    variao do sinal que esta sendo adquirido.

    2.5.2 Mdulo de Filtragem

    Para realizar a filtragem no sinal adquirido, foi utilizado em cada canal um filtro

    Passa-Baixas Butterworth de 2 Ordem, com freqncia de corte de 100 Hz, atravs

    tambm do CI TL084 (U2), fabricado pela TEXAS.

    A opo por esse filtro, foi em virtude de ele apresentar uma banda passante

    plana, uma distoro mdia, no necessitarmos de taxas de transio rpidas, serem

    fceis de projetar e possurem funo de transferncia simples.[17] [18]

    37

  • Como o projeto utilizar uma freqncia de amostragem de 100 Hz, a aquisio

    poder ser realizada com sucesso para um sinal de freqncia mxima de 50 Hz, de

    acordo com o teorema de Nyquist, o que satisfaz plenamente as nossas necessidades