Texto 03 Integral Dupla Em Coordenadas Polares
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1
Universidade Salvador – UNIFACS
Cursos de Engenharia – Cálculo IV
Profa: Ilka Rebouças Freire
Integrais Múltiplas
Texto 03: A Integral Dupla em Coordenadas Polares
Coordenadas Polares
Introduziremos agora um novo sistema de coordenadas planas que, para certas curvas e
problemas de lugar geométrico, apresenta algumas vantagens em relação às coordenadas
retangulares, além de facilitar, em alguns casos, o cálculo de integrais.
No sistema de coordenadas retangulares a localização de um ponto P do plano é dada
através da distância de P a duas retas perpendiculares fixas denominadas de eixos
coordenados.
No sistema de coordenadas polares, as coordenadas de um ponto consistem de uma
distância e da medida de um ângulo, em relação a um ponto fixo e a uma semi-reta fixa.
Fixados um ponto O, denominado pólo ou origem e uma semi-reta de origem nesse ponto,
denominada de semi-eixo polar podemos localizar qualquer ponto P do plano se
conhecermos a sua distância ao pólo e o ângulo que o segmento OP faz com o semi-eixo
polar.
As coordenadas de um ponto P são representadas pelo par P( r, ) no qual
r é denominado raio vetor ou raio polar e corresponde à distância de P ao pólo
é denominado ângulo vetorial ou ângulo polar e corresponde ao ângulo de
rotação do semi-eixo polar até o segmento OP
> 0 se a rotação for no sentido anti-horário
< 0 se a rotação for no sentido horário
pode ser medido em graus ou radianos
Denominamos
eixo polar - a reta orientada que contém o semi-eixo polar
eixo a 90 ou eixo ortogonal – a reta que passa pelo pólo e é ortogonal ao eixo
polar.
P
r
O
semi-eixo polar pólo
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2
Exemplo: Marcar no sistema polar os seguintes pontos: P(3, /4); Q(2, /3); R(4, 90) e
S(2, 0)
Podemos considerar o raio vetor como distância orientada de um ponto P ao pólo O da
seguinte maneira:
Se r < 0 giramos o semi-eixo polar de ângulo e na semi-reta oposta marcamos r
unidades, a partir do pólo
Exemplo: Marcar os pontos P( 2, 45); Q ( 1, 30 ); R( 2, 180)
Exemplo: Representar P1 (1, /6); P2(1, 7/6); P3( 1, 5/6); P4(1, 11/6)
Observamos pelo exemplo anterior que um mesmo ponto P pode ser obtido por vários pares
de coordenadas polares. De um modo geral, conhecidas as coordenadas de um ponto
P(r, ), r R e em radianos, P também pode ser representado por ( r, + 2n ) ou
( r, + 2n + ) que resulta na única expressão ( (1)n r, + n ), n Z. A menos que P
seja o pólo, esta expressão representa todas as possíveis coordenadas polares de P.
P
/4
/3
Q
R
S
/4
P
30
Q
O
R
P1
/6 7/6
P2
P3
5/6
P4 11/6
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Observações:
1. No caso de coordenadas polares não existe uma correspondência biunívoca entre
pares e pontos, como no caso das cartesianas. É justamente este fato que leva a
resultados que, em alguns casos, diferem dos obtidos no sistema retangular.
2. Dados P1(r1, 1) e P2(r2, 2) então P1 = P2 r1 = r2 = 0 ou n Z tal que
r2 = ( 1)n
r1 e 2 = 1 + n .
3. Se P é o pólo, então (0, ) representa P qualquer que seja
4. Entre os infinitos pares de coordenadas polares de um ponto P diferente do pólo,
existe um único par com raio vetor r positivo e [0, 2[. A este par (ro, o) tal que
ro > 0 e 0 o < 2 denominamos par ou conjunto principal de coordenadas
polares do ponto P.
5. Convencionamos que o par principal do pólo é P(0,0)
Equação Polar x Equação Cartesiana
Dado um ponto P do plano tendo como coordenadas polares P(r, ) e coordenadas
cartesianas P(x,y) temos as seguintes relações entre x, y, r e .
222 ryx
senry
cosrx
e
22 yxr
x
ytg
Exemplos:
1) Encontre o conjunto principal de coordenadas polares para o ponto )1,3(P
Solução: 21)3(r 2 e 323
1
3
1tg
. O conjunto principal
de coordenadas é portanto )6
5,2(
r
P(x,y)
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4
2) Encontre as coordenadas cartesianas do ponto )4
3,2(P
Solução: Temos que
1)2
2(2)4/3sen(2senry
1)2
2(2)4/3cos(2cosrx
O ponto P tem portanto coordenadas cartesianas P( 1, 1)
3) Encontre uma equação polar para as curvas cujas equações cartesianas são
a) x2 + y
2 = 1
Solução: x = r cos e y = r sen (r cos )2 + (r sen )
2 = 1 r
2 = 1
r = 1 e r = 1 são equações polares equivalentes da circunferência de centro na origem e
raio 1.
A equação da circunferência com centro no pólo e raio a é r = a ou r = a
b) Circunferência de centro no ponto ( 0, a) e raio a
Solução:
A equação cartesiana da circunferência é x2+ ( y – a)
2 = a
2
x = r cos e y = r sen (r cos)2 + (r sen – a )
2 = a
2 r
2 (cos
2 + sen
2 ) – 2arsen
+ a2
= a2 r
2 = 2arsen r
= 0 ( pólo ) ou r = 2asen. Uma vez que o pólo pode ser
obtido na 2a equação podemos concluir que a equação da circunferência é r = 2asen.
Analogamente, pode-se mostrar que a equação polar da circunferência de centro em (a,0) e
raio a é r = 2acos.
c) y = 3x
Solução: r sen = 3r cos tg = 3 = arctg3
A equação = k representa uma reta que passa pelo pólo
O
O
O
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A Integral Dupla em Coordenadas Polares.
As integrais duplas em coordenadas polares são as integrais nas quais o integrando e a
região de integração são expressos em coordenadas polares. Em muitas aplicações, se
mudamos as coordenadas retangulares para polares, o cálculo da integral é bastante
facilitado. Isto ocorre se a região R for limitada por curvas cuja equação é mais simples em
coordenadas polares, e, em especial, quando o integrando envolve a expressão x2 + y
2, que,
em polares , pode ser substituída por r2.
Consideremos a região R delimitada pelas retas = e = e as curvas polares r = r1()
e r = r2()
Se as funções r = r1() e r = r2() forem contínuas e seus gráficos não se
interceptarem, então a região é chamada de uma região polar simples
As idéias básicas na dedução da integral dupla em retangulares e a interpretação geométrica
como volume são análogas no caso polar.
No caso retangular a região R foi dividida em retângulos elementares. No caso polar
usaremos arcos e raios para subdividir a região R nos chamados retângulos polares.
Suponhamos que f(r, ) é não negativa para que possamos interpretar a integral dupla como
um volume, ou seja, o volume do sólido limitado por R e por f(r, ) é dado por
=
=
r1()
r2()
=
=
r1()
r2()
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6
V = R dA),r(f
Consideremos um retângulo polar arbitrário Ri de ângulo central i e espessura radial ri.
Escolhendo um ponto arbitrário ( ri, i ) dentro do retângulo, como sendo o centro desse
retângulo, o raio interno desse retângulo polar é ri ri / 2 e o raio externo é ri + ri / 2.
A área desse retângulo polar Ai é a diferença de área entre dois setores:
4
rrrr
4
rrrr
2r
2
1r
2
1r
2
1r
2
1A
2i
ii2i
2i
ii2i
ii
2
iii
2
iii
= ri ri i
Assim, como no caso de retangulares, fazendo o número de partições da região R tender
para infinito temos que
V = R dA),r(f =
n
1iiiiii
nrr),r(flim . O limite sugere que a integral pode ser
escrita como a integral iterada R dA),r(f =
)(2r
)(1r
rdrd),r(f . Os limites são escolhidos
para cobrir a região R, isto é, fixo entre e e r variando de r1 a r2.
Observação: apesar de termos admitido f(r, ) não negativa, pode-se mostrar que o
resultado vale no caso mais geral.
Exemplo: Calcule a integral iterada 2/
0
sen
0
drdcosr
Solução: 6
1]
6
sen[d
2
cossend]
2
cosr[ 2/
0
32/
0
22/
0
sen0
2
Observemos que a região R é limitada pelas curvas.
ri
(ri,i)
i
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7
r = 0 ( pólo); r = sen ( circunferência de centro no eixo a 90 e raio a = ½ ) e as retas = 0
e = /2.
Conversão de Integrais Duplas de Coordenadas Retangulares para Polares
O cálculo da integral dupla em coordenadas retangulares pode ser facilitado transferindo o
cálculo para polares, bastando fazer a substituição x = r cos e y = r sen e expressando a
região de integração em forma polar
sapropriado iteslimRR
rdrd)senr,cosr(fdA)senr,cosr(fdA)y,x(f
Exemplos:
1) Use coordenadas polares para calcular
R
)2y2x( dAe , sendo R a região contida
no círculo x2 + y
2 = 1
Solução: O círculo x2 + y
2 = 1 em polares tem equação r = 1 e varia de 0 a 2. Temos
assim que os limites de integração são r = 0 e r = 1 e = 0 a = 2. A integral fica
)e1(]2
)e1([d
2
1ed]
2
e[rdrde 12
0
12
0
12
0
2
0
10
2r1
0
2r
2) Calcule a integral iterada convertendo para polares 1
0
2x1
0
22 dydx)yx(
Solução: Vamos, inicialmente , identificar a região de integração em polares. A região é
corresponde a ¼ da circunferência de raio 1, ou seja r = 1 com variando de 0 a /2.
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8
2/
0
1
0
3drdr =8
]4
[4
dd]
4
r[ 2/
0
2/
0
2/
0
10
4
3) Use a integral dupla em coordenadas polares para calcular o volume de cilindro de
raio a e altura h
Solução: O volume do sólido pode ser interpretado como o volume limitado pela região
R que é uma circunferência de equação x2 + y
2 = a
2 e superiormente pelo plano z = h
. Usando a simetria teríamos V = 4 dxhdya
0
2x2a
0
. Usando as coordenadas polares temos
V = 4 ha]2
ha[4d
2
ha4d]
2
hr[4hrdrd 22/
0
22/
0
22/
0
a
0
/2
0
a0
2
Mudança de Variáveis em Integrais Duplas
Lembremos que no caso de uma função de uma variável podemos fazer uma mudança de
variável ou substituição para transformar uma integral dada em outra mais simples. Por
exemplo, dada a integral b
a
dx)x(f , podemos fazer a mudança de variável
x = g(t) dx = g´(t)dt; a = g(c) e b = g(d) e a integral fica igual a
d
c
b
a
dt)t´(g))t(g(fdx)x(f .
No caso da integral dupla podemos ter o mesmo procedimento efetuando mudanças de
variáveis, por exemplo
( I )
)v,u(hy
)v,u(gx
Isto corresponde a uma integral dupla numa região R do plano xy poder ser transformada
numa integral dupla sobre uma região R´do plano uv
A interpretação geométrica é que as mudanças de variáveis ( I ) definem uma
transformação que faz corresponder pontos (u, v) do plano uv em pontos (x,y) do plano xy,
levando a região R´do plano uv na região R do plano xy.
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9
Se a correspondência for bijetora podemos retornar de R para R´ pela inversa dada pelas
equações
)y,x(hy
)y,x(gu
1
1
Supondo que as funções sejam contínuas com derivadas parciais contínuas em R e R´ temos
que
( * )
O símbolo )v,u(
)y,x(
é chamado de determinante jacobiano de x e y em relação a u e v e é
dado por
v
y
u
yv
x
u
x
)v,u(
)y,x(
A expressão da integral acima ( * ) é válida se são satisfeitas as seguintes condições
f é contínua
as regiões são formadas por um número finito de sub-regiões dos tipos I e II
)v,u(
)y,x(
0 ou se anula num número finito de pontos em R´
Vejamos no caso de polares que já deduzimos:
u
v R´
x
y
R
dudv)v,u(
)y,x())v,u(h),v,u(g(fdxdy)y,x(f
R ´R
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10
Sejam R e R´ as regiões dos planos xy e r que se relacionam pelas equações
senry
cosrx
O determinante jacobiano nesse caso é dado por rcosrsen
senrcos
),r(
)y,x(
e assim temos
que rdrd)senr,cosr(fdxdy)y,x(f
R ´R
, como já havíamos deduzido.
Observações:
1.O jacobiano pode ser interpretado como uma medida de quanto a transformação modifica
a área da região R.
2. A expressão ( * ) é geral, se aplicando em outras transformações e não apenas no caso
de mudança de coordenadas de cartesianas para polares.
Referências Bibliográficas:
1. Cálculo um Novo Horizonte – Howard Anton vol 2
2. Cálculo com Geometria Analítica – Swokowski vol 2
3. Cálculo B – Diva Fleming
4. Cálculo – James Stewart vol 2