Trabalho final história da educação
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
PROFESSORA SIMONE VALDETE DOS SANTOS
ALUNA RENATA CAMPELLO TEITELROIT
Gustavo Capanema
A história da educação brasileira, como vemos no hipertexto “Maquinaria
Escolar”, evolui em rupturas marcantes que podem ser facilmente observadas. A
primeira grande ruptura se dá com a chegada dos portugueses, os quais trazem um
padrão de educação propriamente europeu. É evidente que as populações que aqui
viviam já possuíam características próprias de se fazer educação, e convém
ressaltar que a educação que se praticava entre as populações indígenas não tinha
as marcas repressivas do modelo educacional europeu. O novo método funcionou
absoluto durante 210 anos: de 1549 a 1759, quando uma nova ruptura marca a
história da educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas por Marquês de Pombal. Foi
quando instalou-se grande desordem. Tentou-se as aulas régias e o subsídio
literário, mas o caos continuou até que a Família Real, fugindo de Napoleão na
Europa, resolve transferir o Reino para o Novo Mundo. No intuito de preparar
terreno para sua estadia no Brasil, D. João VI abriu Academias Militares, Escolas
de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim Botânico e a Imprensa Régia.
Segundo alguns autores o Brasil foi finalmente "descoberto" e a nossa história
passou a ter uma complexidade maior. A educação, no entanto, continuou a ter
uma importância secundária. Outras modificações na natureza e organização da
educação ocorrem no século XX durante o governo de Getúlio Vargas.
O ministro que mais tempo ficou no cargo em toda a história do Brasil – sua trajetória e vida política
• Gustavo Capanema nasceu em Pitangui (MG) no ano de 1900 e bacharelou-se em
Direito em 1924 pela faculdade de Minas Gerais, localizada na capital.
• No ano seguinte, retornou a Pitangui, onde lecionou e advogou até 1929.
Ingressou ao mesmo tempo na vida política, elegendo-se em 1927 vereador à
câmara municipal de sua cidade natal.
• No início de 1930 Getúlio Vargas, candidato da Aliança Liberal, era derrotado
por Júlio Prestes nas eleições para a presidência da República.
• O gaúcho Osvaldo Aranha e o mineiro Virgílio de Melo Franco, jovens dirigentes
da Aliança Liberal, reativaram seus contatos com líderes tenentistas e aceleraram a
conspiração para depor Washington Luís. Em Minas, a rebelião foi articulada por
Virgílio de Melo Franco e os chefes políticos de maior expressão oligárquic
a, como Antônio Carlos e Artur Bernardes.
• (Tenentismo - movimento político-militar e série de rebeliões de jovens oficiais
de baixa e média patente do Exército Brasileiro no início da década de 1920,
descontentes com a situação política do Brasil. Propunham reformas na estrutura
de poder do país, entre as quais se destacam o fim do voto de cabresto, instituição
do voto secreto e a reforma na educação pública)
• Em setembro, já na fase final dos preparativos revolucionários, Olegário Maciel
assumiu o governo mineiro, empossando Gustavo Capanema no cargo de oficial de
gabinete. No dia 3 de outubro, os estados do Rio Grande do Sul, Minas e Paraíba
levantaram armas, conquistando rapidamente os estados vizinhos.
• Tão logo se configurou a vitória do movimento, vieram à tona os antagonismos
entre o espírito renovador dos jovens oficiais revolucionários, os "tenentes", e o
conservadorismo das facções oligárquicas a eles aliadas. Osvaldo Aranha voltou-se
contra Olegário Maciel, defendendo ardorosamente a nomeação de Virgílio de
Melo Franco para o cargo de interventor federal em Minas Gerais.
• Porém, Olegário Maciel conseguiu resistir às pressões, tornando-se o único
governante eleito antes da revolução a permanecer no cargo após a ascensão de
Vargas ao poder (novembro de 1930).
• Três secretários do governo mineiro pertencentes à sua facção foram demitidos:
Cristiano Machado (Interior e Justiça), Alaor Prata (Finanças) e José Carneiro de
Resende (Agricultura). Para seus lugares, Olegário Maciel nomeou
respectivamente Gustavo Capanema, Amaro Lanari e Cincinato Gomes.
• Logo após, Capanema travou os primeiros entendimentos com Francisco Campos
a fim de destruir as bases de sustentação de Artur Bernardes em Minas Gerais, com
apoio de Vargas. Campos exerceu uma influência decisiva nos rumos políticos de
Minas após a Revolução de 1930, sendo considerado o "mentor político e
intelectual de Capanema nesse período".
• (Artur Bernardes - após a presidência, foi eleito senador da república, mandato
que exerceu até 1930. Participou da Revolução de 1930, que desalojou o Partido
Republicano Paulista do governo federal. Foi um Revolucionário constitucionalista
de 1932. Fracassado este movimento, exilou-se em Portugal. De volta ao Brasil,
em 1934, foi eleito deputado federal para o mandato 1935-1939. Em 1937, porém,
perdeu o mandato, devido ao golpe do Estado Novo. Com o restabelecimento da
democracia em 1945, ingressou na UDN, elegendo-se deputado federal constituinte
em 1945. Criou e dirigiu a seguir o Partido Republicano. Eleito suplente de
deputado federal em 1950 exerceu o mandato, em virtude de convocação, sendo
eleito para um novo mandato em 1954. Bernardes defendeu, após 1945, o Petróleo
e a Siderurgia nacionais. Ocupou o cargo de deputado federal até a sua morte, em
1955.)
• (Francisco Campos - advogado, professor, jurista e político brasileiro,
responsável, entre outras obras, pela redação da Constituição brasileira de 1937, do
AI-1 do golpe de 1964 e dos códigos penal e processual brasileiros - que, mesmo
com as subsequentes reformas, continuam em vigor.)
• Em fevereiro de 1931, Capanema lançou, juntamente com Campos e Amaro
Lanari, o manifesto de fundação, em Minas, da Legião de Outubro. Constituída
como um corpo paramilitar, a Legião Liberal Mineira, tal como ficou conhecida no
estado, adotou não apenas princípios de caráter fascista em seu programa, como
também o uniforme de camisas pardas que envergavam os nazistas, na época em
ascensão na Alemanha.
• Houve a deposição do governador Olegário Maciel, e Capanema comandou a
reação ao golpe. Seguiu-se um período de trégua e negociações entre o governo
mineiro e a facção bernardista. Com vistas à pacificação do estado, Vargas
procurou recuperar a confiança de Olegário Maciel, a fim de evitar uma possível
aliança entre Minas Gerais e São Paulo, principal foco de oposição no novo
regime. Em agosto de 1931 e nos meses seguintes, Capanema atuou como
principal intermediário entre Vargas e Maciel, reaproximando Minas do Governo
Provisório. Desempenhou ainda importante papel nas negociações que deram
origem ao chamado "Acordo Mineiro", em fevereiro de 1932.
• O apoio de Minas a Getúlio Vargas foi posto à prova em julho de 1932, quando
eclodiu a Revolução Constitucionalista de São Paulo. Na divisa dos estados, as
tropas paulistas foram impedidas de prosseguir o avanço em direção à Minas
Gerais.
• Com o término da guerra civil paulista, Capanema e Maciel trataram de organizar
um novo partido situacionista em Minas, em associação com os líderes políticos
que até então vinham apoiando o governo do estado e Getúlio Vargas. Em janeiro
de 1933, fundaram o Partido Progressista de Minas Gerais, tendo então o PRM
como grande opositor, o qual tinha como líder Bernardes, então exilado do país em
decorrência de seu apoio à Revolução Constitucionalista.
• Em agosto desse mesmo ano, como membro da comissão executiva do PP,
Capanema propôs a escolha dos prefeitos municipais por nomeação, como garantia
de "honestidade administrativa", o que foi rejeitado por ampla maioria. Nessas
teses, revelava-se o espírito fortemente regionalista do PP, colidindo em alguns
casos com as propostas centralizadas da Comissão do Itamarati, encarregada por
Vargas de elaborar um anteprojeto de Constituição.
• Em setembro faleceu Maciel, e com sua morte deu-se uma disputa de sucessória
entre Capanema e Virgílio de Melo Franco. Vargas adotou de início uma atitude de
aparente neutralidade ante os dois candidatos, entretanto, em novembro, Antônio
Carlos foi eleito temporariamente com seu apoio. Mais tarde Vargas deu uma
solução inteiramente inesperada ao caso, nomeando interventor Benedito
Valadares, deputado mineiro de expressão política muito inferior à dos principais
postulantes ao governo estadual, por ter menos vínculos regionais.
• Retorna a Pitangui com a perspectiva de sua futura nomeação para o Ministério
da Educação e Saúde, compromisso que Vargas firmou em carta do dia 20 de
dezembro de 1933.
(Sobre legião de outubro: Francisco Campos e Amaro Lanari; existência breve;
organização política criada em Minas Gerais com a finalidade de oferecer apoio ao
regime surgido da Revolução de 30; traços programáticos e organizativos
semelhantes aos movimentos fascistas; desagradou aos líderes tradicionais do
Partido Republicano Mineiro.)
Ministro Capanema
Em 26 de julho de 1934, dez dias após a eleição de Vargas para a presidência da
República pela Constituinte, Capanema foi efetivamente nomeado para a pasta da
Educação e Saúde Pública.
Sua gestão foi marcada pela centralização – a nível federal – das iniciativas no
campo da educação e saúde pública no Brasil. Tomou parte do debate entre o
grupo renovador (defesa do ensino laico e universalizante sob a responsabilidade
do Estado) e o católico (ensino livre de interferência estatal). Este acabou
conquistando maiores espaços na política ministerial. Imbuído de ideais
nacionalistas Capanema promove no campo de ensino profissionalizante o SENAI
(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). Outras importantes iniciativas do
ministério foram a criação do SPHAN (Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional), do INEP (Instituto Nacional de Serviços Pedagógicos) e o Serviço
Nacional de Radiofusão Educativa. Buscou, sempre, um bom relacionamento entre
intelectuais brasileiros. Carlos Drummond de Andrade foi seu chefe de gabinete
por muitos anos.
O excerto do texto de Simon Schwartzman faz ilustração pertinente: “Gustavo
Capanema, Ministro da Educação de 1937 a 1945, foi responsável por uma série de
projetos importantes de reorganização do ensino no país, assim como pela
organização do Ministério da Educação em moldes semelhantes ao que ainda é
hoje. O apoio dado por Capanema a grupos intelectuais e, mais especialmente, a
arquitetos e artistas plásticos de orientação moderna, contribuiu para cercar sua
gestão de uma imagem de modernização na esfera educacional que ainda não havia
sido examinada em mais detalhe. A característica principal de sua gestão, na área
educacional, foi sua vinculação com os setores mais conservadores da Igreja
Católica no Brasil. Em conseqüência desta vinculação a Igreja cessou, durante o
Estado Novo, seu ataque tradicional à interferência do Estado nas atividades
educacionais, e o Estado, por sua vez, tratou de adotar os preceitos doutrinários e
educacionais da Igreja no ensino publico que ora se implantava.”
De todas as áreas do plano educacional, a educação secundária seria aquela em que
o ministério Capanema deixaria sua marca mais profunda e duradoura. O sistema
educacional proposto pelo ministro correspondia à divisão econômico-social do
trabalho. Assim, a educação deveria servir ao desenvolvimento de habilidades e
mentalidades de acordo com os diversos papéis atribuídos às diversas classes ou
categorias sociais: a educação superior, a educação secundária, a educação
primária, a educação profissional e a educação feminina; uma educação destinada à
elite da elite, outra educação para a elite urbana, uma outra para os jovens que
comporiam o grande "exército de trabalhadores necessários à utilização da riqueza
potencial da nação" e outra ainda para as mulheres.
A preocupação com a moral, o civismo e responsabilidades trazem para a
esfera educacional os objetivos propostos pelo Estado Novo, a valorização da auto
imagem do brasileiro e a criação de uma identidade nacional.
De Tempos de Capanema também vale destacar: “Um dos principais
resultados da colaboração entre a Igreja e o Ministério da Educação foi a grande
ênfase dada ao ensino humanista na escola secundária. em detrimento da formação
científica e técnica. O latim ocupava lugar central, e até o grego chegou a ser
cogitado como matéria regular, enquanto que a atemmática. a biologia e a física
ficavam em segundo plano. Esta preferência pelas humanidades correspondia a
uma concepção segundo a qual seriam estas as disciplinas verdadeiramente
formativas, restando às matérias de cunho técnico e empírico importância
meramente instrumental. Era uma concepção que coincidia, infelizmente, com a
própria realidade do país, com muito mais condições de formar professores de
línguas, história, geografia e filosofia tomista do que de física, química e biologia,
pela própria inexistência de uma universidade moderna. Assim, a opção
governamental reforçou as deficiências existentes.” O século XX foi um século de
grandes mudanças no Brasil e no mundo: tanto educacionais quando de inúmeros
cunhos diversos.
Bibliografia GOMES, Angela de Castro (Org.). Capanema: o ministro e seu ministério. Rio de
Janeiro: 2000.
SCHWARTZMAN, Simon / BOMENY, Helena Maria Bousquet / COSTA, Vanda
Maria Ribeiro. Tempos de Capanema. São Paulo: 1984.
BOMENY, Helena. (org.) Contelação Capanema: intelectuais e políticas. Rio de
Janeiro, Editora FGV: 2001.
BELLO, José Luiz de Paiva. Rio de Janeiro: 1998