Trabalho Final - Planejamento de Uma Unidade de Ensino CLETUS

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Planejamento de uma Unidade de Ensino Trabalho final das disciplinas "Didática e Trabalho Docente" e "Estágio Supervisionado de Prática de Ensino III", ministradas pelo Prof. Edson do Carmo Inforsato (Tamoyo) Discente: Cletus Vinícius (noturno) FCL-Ar - 2014 As ideias aqui presentes partem da premissa que a escola tradicional, com salas de aula e seus métodos de ensino e avaliação, está profundamente ultrapassada, é ineficaz e tem sido preponderante para a derrocada na educação está submetida. Essas escolas que comprovadamente fracassaram em dar um mínimo de instrução às nossas crianças necessitam do que os pedagogos e docentes insistem em chamar de "disciplina". Para esses educadores, a falta de "disciplina" seria o verdadeiro algoz da aprendizagem. Por não "prestarem atenção", "não ficarem quietos", etc., os alunos seriam incapazes de conseguir aproveitar as aulas. Para nós, essa tal "disciplina" necessária é apenas uma ferramenta de um método educacional antiquado, que oprime a criança, sufoca e desestimula a vontade de aprender, e é, na verdade, a única maneira possível de um professor conseguir proferir sua fala nesse sistema educacional que muito se assemelha a uma linha de montagem.

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Descrição da Escola da Ponte

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Planejamento de uma Unidade de Ensino

Trabalho final das disciplinas "Didtica e Trabalho Docente" e "Estgio Supervisionado de Prtica de Ensino III", ministradas pelo Prof. Edson do Carmo Inforsato (Tamoyo)

Discente: Cletus Vincius (noturno)

FCL-Ar - 2014

As ideias aqui presentes partem da premissa que a escola tradicional, com salas de aula e seus mtodos de ensino e avaliao, est profundamente ultrapassada, ineficaz e tem sido preponderante para a derrocada na educao est submetida. Essas escolas que comprovadamente fracassaram em dar um mnimo de instruo s nossas crianas necessitam do que os pedagogos e docentes insistem em chamar de "disciplina". Para esses educadores, a falta de "disciplina" seria o verdadeiro algoz da aprendizagem. Por no "prestarem ateno", "no ficarem quietos", etc., os alunos seriam incapazes de conseguir aproveitar as aulas.Para ns, essa tal "disciplina" necessria apenas uma ferramenta de um mtodo educacional antiquado, que oprime a criana, sufoca e desestimula a vontade de aprender, e , na verdade, a nica maneira possvel de um professor conseguir proferir sua fala nesse sistema educacional que muito se assemelha a uma linha de montagem.

As linhas de montagem denominadas escolas se organizam segundo coordenadas espaciais e temporais. As coordenadas espaciais se denominam "salas de aula". As coordenadas temporais se denominam "anos" ou "sries". Dentro dessas unidades espao-tempo os professores realizam o processo tcnico-cientfico de acrescentar sobre os alunos os saberes-habilidades que, juntos, iro compor o objeto final. Depois de passar por esse processo de acrscimos sucessivos - semelhana do que acontece com os "objetos originais" na linha de montagem da fbrica- o objeto original que entrou na linha de montagem chamada escola (naquele momento ele chamava "criana") perdeu totalmente a visibilidade e se revela, ento, como um simples suporte para os saberes-habilidades que a ele foram acrescentados durante o processo. A criana est, finalmente formada, isso , transformada num produto igual a milhares de outros. ISO- 2.000: est formada, isto , de acordo com a forma. mercadoria espiritual que pode entrar no mercado de trabalho. (Alves, R. (2001))

Esse apontamento de Rubem Alves ilustra a mecanizao pela qual a maioria das escolas direciona a aprendizagem. No se respeita o corpo, a idiossincrasia, a curiosidade (elemento fundamental para o aprender). Ainda, Alves:

Por que haveria uma criana de disciplinar-se, se aquilo que ela tem de aprender no aquilo que o seu corpo deseja saber? E explica tambm a preguia que sentem as crianas ao se defrontar com as lies de casa. Roland Barthes tem um delicioso ensaio sobre a preguia. Segundo ele h dois tipos de preguia. Um deles, abenoado, a preguia de quem est deitado na rede de barriga cheia. No quer fazer nada porque na rede est muito bom. O outro tipo a preguia infeliz, ligado inseparavelmente escola. O aluno se arrasta sobre a lio de casa. No quer faz-la. A vida o est chamando numa outra direo mais alegre. Mas ele no tem alternativas. obrigado a fazer a lio. Por isso ele se arrasta em sofrimento. (Alves, 2001).

Tendo como inspirao a Escola da Ponte, instituio de ensino portuguesa, proporemos uma escola diferente, artesanal, solidria, estimulante, e que, enfim, possa ser um espao saudvel de convivncia e aprendizagem.

FILOSOFIAPromover uma educao que promova o melhor ambiente possvel para o estmulo da aprendizagem, que seja baseada na construo da tica do indivduo perante a comunidade em valores como a solidariedade, autonomia e responsabilidade. Uma escola que promova o protagonismo do aluno e os ideais democrticos.

ESPAO

No h paredes internas.Uma sala ampla, aberta, com biblioteca e mesas; uma determinada rea verde; uma quadra de esportes.CORRESPONDNCIA AO ENSINO TRADICIONALNosso plano corresponde ao Ensino Fundamental brasileiro. Espera-se uma faixa etria de 6 a 14 anos.

DOCENTESAuxiliam os alunos a construir o saber nas suas especialidades valorizando a curiosidade dos alunos suas idiossincrasias. No nosso modelo escolar, os professores devem sempre ouvir os alunos e respeitar suas idiossincrasias e curiosidades.

CONTEDOS DE ENSINO (e a questo dos tais programas de ensino)O fato de nosso modelo escolar no seguir os planos de ensino tradicionais por vezes pode deixar a dvida: h defasagem de contedo? Entendemos que no. A construo cognitiva da faixa etria de nossos alunos permitem a construo de um ensino que promova suas habilidades motoras, que respeitem sua potncia de agir - estimulando assim, a criatividade, a curiosidade, e a vontade de aprender.Os alunos da Escola da Ponte quando atingem o ginsio obtm as melhores mdias: isso porque seu conhecimento prvio foi bem construdo, e sua capacidade de trabalho muito superior daquele outros anos oriundos da escola tradicional.Inspirados na Escola da Ponte, nosso projeto se baseia em ncleos e dimenses, separados pelos seguintes estgios:

Ncleos de ProjetoIniciao: perodo inicial, para conhecer o funcionamento da Escola, bem como os instrumentos de convivncia e aprendizado, no qual espera-se que o aluno possa comear a desenvolver sua potncia de agir nos projetos que apresentar interesse.Consolidao: perodo intermedirio, para alunos j iniciados que estejam avanando na aprendizagem, na autonomia, na convivncia; devem auxiliar os alunos da Iniciao.Aprofundamento: para alunos que j estejam plenamente acostumados com o funcionamento da Escola; que estejam em um patamar de aprendizagem superior aos demais, e que por isso; que promovam e participem de atividades de convivncia e aprendizado; devem auxiliar os alunos mais novos e realizar as tarefas mais complexas e avanadas;

Dimenses: So os segmentos do conhecimento que direcionam a aprendizagem e nos quais so alocados os professores de acordo com suas reas. Os alunos devem se agrupar de acordo com a rea de interesse a ser pesquisada, independente da faixa etria. Os alunos no comeo do ano escolhero em qual rea pretendem desenvolver-se e escolhem um professor tutor.Dimenso LingusticaDimenso Lgico-MatemticaDimenso NaturalistaDimenso IdentitrioDimenso ArtsticaDimenso Pessoal e Social

INSTRUMENTOS PEDAGGICOS Definio dos Direitos e Deveres - Os alunos decidem democraticamente, na Assembleia de Alunos, os direitos e deveres que consideram fundamentais para o funcionamento da escola.Assembleia de Alunos - atividade que rene todos os alunos, na qual so discutidas, analisadas e votadas medidas para o dia a dia na escola, de forma democrtica, solidria, respeitando as regras e visando o bem comum.Comisso de Ajuda - formada por seis alunos nomeados para resolver os problemas mais graves colocados na Assembleia. Trs desses alunos so escolhidos pelos membros da mesa da Assembleia Geral e outros trs pelos professores. As decises dessa Comisso guiam-se pelos direitos e deveres definidos pelos alunos, que se comprometeram a respeitar o estabelecido.Debate - tem carter mais informal que as Assembleias e acontece sempre que necessrio.Biblioteca - ocupa o espao comum, da rea aberta da Escola, e serve como espao de encontro e de pesquisa.Acho bem / Acho mal - Nas salas, existe um dispositivo pedaggico que consiste numa folha afixada na parede onde os alunos podem escrever aquilo que acharam bem e aquilo que acharam mal.Caixinha dos Segredos - Local onde os alunos podem colocar, por escrito por carta, tudo aquilo que querem transmitir de forma privada, tais como sugestes e propostas. Depois ser a "Comisso de Ajuda" entrega as cartas aos destinatrios, e faz um levantamento das sugestes e propostas.Comisso de ajuda - Os alunos da comisso de ajuda recolhem as folhas com os Acho bem / Acho mal e o que est na "Caixinha dos Segredos" e fazem uma reunio, uma vez por semana, hora do almoo, para pensarem na forma de resolver os problemas. Depois, vo ter com os colegas envolvidos nos problemas, durante os intervalos, e conversam com eles at chegaram a uma soluo. Se no conseguirem chegar a uma soluo, colocam o assunto assembleia para que seja discutido pela escola toda. Mas, como afirmam com orgulho, essa situao quase nunca se verifica. Regra geral, a comisso de ajuda consegue resolver os assuntos com os colegas envolvidos.Eu J Sei - faz parte do objetivo de desenvolver a autonomia dos alunos, partindo do processo de autoavaliao. Sempre que um aluno se sente preparado para ser avaliado, solicita a avaliao escrevendo o seu nome numa lista. S ento esta avaliao se processa, no dia seguinte. Caso o professor considere que o aluno no estava preparado, orienta-o no sentido de procurar mais informao e corrigir os seus erros. Quando termina este trabalho, o aluno solicita nova avaliao.Eu Preciso de Ajuda - a criana estimulada a buscar todas as fontes possveis de informao que esto a seu alcance antes de pedir ajuda (pares, grupos, livros, internet). Esgotadas todas as possibilidades, o aluno pode escrever seu nome numa das listas dispostas em diversos locais da escola. Posteriormente, um professor organiza pequenos grupos de estudo para esclarecer o assunto com quem tem dvidas.Professor Tutor - o professor tutor acompanha de perto um grupo reduzido de alunos, dos quais monitoriza o trabalho individualmente e faz reunies sistemticas uma vez por semana, mantendo tambm um contato direto e frequente com os encarregados de educao.Grupos de responsabilidade - cada aluno e os orientadores educativos so responsveis por algum aspecto do funcionamento da escola. Os grupos de responsabilidade renem-se uma vez por semana para resolverem alguns assuntos ou estruturarem um aspeto fundamental do dia a dia da escola. Algumas das responsabilidades atribudas aos grupos so:5 R's;Arrumao e Material Comum;Assembleia e Comisso de Ajuda;Biblioteca;Terrrio Jardim;Comenius;Computadores e Msica;Correio e Visitas na Ponte;Datas e Eventos;Jogos de Mesa e Recreio Bom;Jornal;MuraisSolidariedade;

Material consultado:Alves, R., A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir (Papirus Editora, Campinas, SP, 2001 e Edies Asa, Porto, 2001). (com parte do texto disponvel em http://www.educacao.rs.gov.br/dados/edcampo_texto_rubem_alves_a_escola_com_que_---_existir.pdf)http://www.escoladaponte.pt/site/index.php?option=com_content&view=article&id=79&Itemid=207http://www.dge.mec.pt/index.php?s=directorio&pid=193http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_da_Ponte