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  • PS-MODERNISMOSTEVEN HOLL

    Mariana Rodrigues, N5572

    Turma A, Modelos IV

    ESAP - MIA

  • ndice

    Introduo.........................................................................................3

    Steven Holl........................................................................................4

    Arquitectura de base conceptual......................................................5

    Uma dialctica com o contexto enfoque fenomenolgico.............6

    Concluso..........................................................................................8

    Bibliografia........................................................................................9

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  • Introduo

    O esprito ps-moderno pautado por uma atitude em que a

    arquitectura visa servir o Homem, porm passvel de incorporar valores

    puramente emocionais, individualizados, como a ironia, os jogos visuais ou

    o humor, mas tambm outras vertentes ligadas ao futuro e ao high-tech, ou

    outras abordagens que recuperam valores histricos, expressos nos

    elementos formais ou nas recuperao de materiais menos

    industrializados. Estes ideais reflectem uma vontade de aproximao

    Arte, na demanda de um mtodo arquitectnico que assemelhe criao

    artstica.

    Esta grande liberdade de mtodos e dogmas encontra-se patente no

    grande ecletismo de propostas deste tempo. Cada obra ser singular e

    manter uma relao nica enquanto contexto, com o Homem e a

    envolvente pr-existente. O arquitecto torna-se livre e verifica-se a

    abertura no campo do experimentalismo.

    Ainda assim, algo interliga as obras deste perodo, sendo notria uma

    arquitectura mais comunicativa em relao ao Homem, face Arquitectura

    Moderna que, segundo Hundertwasser, arquitecto austraco ps-moderno,

    revelava uma atitude conservadora, produto do medo, com a insistncia

    nas linhas rectas que, para este, no transmitiam qualquer emoo ao

    utilizador, sendo esta arquitectura demasiadamente passiva, discreta e

    pouco comunicativa. J a arquitectura ps-moderna situa-se num plano

    oposto atravs das suas evocaes emocionais/sensoriais,

    monumentalidade e exuberncia material vrias vezes adoptada, que

    tornam esta arquitectura insurgente, que incontornavelmente comunica e

    provoca uma reaco.

    Desta forma, envolve uma dimenso conceptual que ultrapassa o

    meramente funcional, programtico e material, procurando exprimir um

    pensamento, uma filosofia, estando, portanto, directamente conectada

    subjectividade do arquitecto.

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  • Steven Holl

    Holl frequentou a Universidade de Washington em Seattle, onde

    comeou a estudar Brunelleschi, Schinkel, Sullivan e mesmo Wright. Aps o

    curso, estudou em Roma em 1970, tendo voltado para os E.U.A para

    encontrar trabalho num estdio. Porm, em vez de procurar trabalhar com

    Robert Venturi ou o grupo Five, que constituiam as figuras mais relevantes

    do panorama arquitectnico na altura, Steven Holl no demonstrou

    qualquer interesse pelo trabalho destes e pretendia aprender no estdio de

    Louis Kahn, no tivesse este falecido poucos dias aps a entrevista.

    Assim, aps ter trabalhado em So Francisco, ingressou em Londres

    na Architectural Association, onde viveu experincias de debate

    arquitectnico e intelectual intenso, nomeadamente com Peter Cook,

    Charles Jencks, Rem Koolhaas, Leon Krier constituindo um momento

    fundamental da sua formao.

    Os seus princpios comeavam a definir-se e afirmava-se um

    distanciamento das aluses histricas em voga nesta altura e uma

    predileco pela arquitectura moderna, incorporando o seu vocabulrio

    aberto dentro de um esprito crtico e diferente de projectar. No quer isto

    dizer que se trate de uma mera adio de partes, uma vez que este sente a

    necessidade de encontrar uma ordem geral para o projecto, ao invs da

    maioria dos arquitectos da mesma gerao que exploram tcnicas como a

    fragmentao ou a colagem como forma de crtica ao dogmatismo

    moderno. Ao invs disso, Holl insiste no valor da totalidade da arquiectura,

    apoiando-se na afirmao de Mark Taylor: Bem, a desconstruo chegou

    finalmente ao seu fim. Tentamos descontruir, fragmentar tudo at ao

    infinito, de tal forma que o que agora precisamos de uma filosofia sobre

    como juntar as coisas..

    Ainda assim, apesar de existirem referncias e questes comuns

    como a ateno ao lugar, ao contexto, a postura contrria ideia do espao

    moderno homogneo e indiferenciado, Holl no aceita bem este

    enquadramento, pois a sua obra tem a particularidade de explorar a

    diferena atravs da percepo, remetendo-se s qualidades fsicas da

    arquitectura e no da linguagem, num discurso fenomenolgico. 4

  • Arquitectura de base conceptual

    Se recordarmos a tendncia generalizada de uma liberalizao da

    prtica arquitectnica, aliada a um maior experimentalismo, pode-se

    perceber uma posio de Steven Holl que se ope, de certa forma, a uma

    prtica em que a vertente pessoal e subjectiva do arquitecto se sobrepe

    ou ofusca a obra produzida. Por um lado, esta preocupao tica indica

    que, para o arquitecto norte-americano, a arquitectura um manifesto e

    deve revelar-se por si mesma, sendo esta a estrela, defendendo que os

    aquitectos no devero ser auto-promotores, mas sim trabalhadores do

    campo da arquiectura. Por outro lado, surge esta mesma inquietao no

    que diz respeito dimenso social e humana da arquiectura, dado que

    esta, ao contrrio de outras artes, est directamente ligada a um espao

    real e com as experincias humanas que nele acontecem. Da que o lugar

    do edifcio seja um elemento a considerar como a fundao do projecto no

    processo conceptual. De facto, a arquitectura no s se introduz numa

    paisagem como, antes de mais, serve para a explicar.

    No obstante, o que torna o trabalho de Steven Holl diferencivel a

    sua vertente conceptual, interessando-lhe, ento, mais as ideias do que a

    especificidade de uma categoria disciplinar, isto , v a arquitectura no

    como uma especialidade isolada que responde somente s suas

    necessidades programticas e formais, mas enquanto uma arte que serve

    diversos e abrangentes interesses humanos. Neste sentido, a estructura

    conceptual dos seus projectos sempre diferente dependendo do lugar, da

    situao, do programa, o que implica que cada um tenha de comear do

    zero. Para isto, necessrio tempo, para que esse conjunto de ideias que

    formar a espinha dorsal do projecto seja desenvolvido, testado,

    experimentado, num perodo de maturao que nem sempre existe num

    estdio de produo arquitectnica. Porm, Holl tem conseguido levar a

    cabo este modo de projectar, assentando a sua prtica professional na

    transformao de ideias em edifcios, cuja fonte de inspirao no passa

    pelas teorias de arquitectura, mas sim, conceitos que emergem da filosofia

    e da cincia.

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  • Uma dialctica com o contexto enfoque

    fenomenolgico

    Procurando a relao intrnseca entre a obra e a sua envolvente, os

    artistas, aps os anos 60, valorizavam a percepo, a sensibilidade e o

    pensamento. Assiste-se, por isso, a uma retoma do lugar enquanto

    referncia, mas tambm como crtica cidade moderna de uma paisagem

    estril edificada mais preocupada com os fluxos e o trnsito na cidade, do

    que com o lugar do Homem nela. Deste modo, no incio da carreira, Steven

    Holl, foi bastante influenciado na sua forma de pensar, atravs da obra do

    filsofo Maurice Merleau-Ponty, especialmente no livro O Visvel e o

    Invisvel, principalmente, no que diz respeito relao directa entre as

    necessidades constructivas e o Homem, permitindo-lhe explorar uma

    linguagem de construo que possua caractersticas fundamentadas na

    humanizao da Arquitectura e da relao entre o fsico e o psicolgico do

    Homem com o lugar que, em movimento, d lugar a uma sucesso

    dinmica de perspectivas e percepes, compondo um espao paralaxe.

    Neste caso, este arquitecto tenta definir a experincia perceptiva

    fenomenolgica que quer projecto permita antes ainda de definir a forma

    ou a geometria. O objectivo passa por criar espaos que produzam no seu

    utilizador sensaes, que so diferenciadas de acordo com os recursos que

    utiliza, como a cor, a luz, a textura dos materiais, criando ambientes

    determinados. Para o alcanar, Holl valoriza a luz enquanto agente

    modelador, associando a sua intensidade, direccionalidade, ao fenmeno

    que pretende que acontece na experimentao de cada espao e na sua

    relao com o exterior. Devido a este seu interesse pelos efeitos da luz,

    explora a tcnica de aguarela nos seus desenhos perspcticos de estudo,

    pois permite-lhe jogar com diferentes matizes, do mais brilhante ao mais

    escuro.

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  • Para alm disso, desenvolve uma preocupao pelo detalhe e pelos

    materiais, mais do que numa tentativa de definir a forma, mas ainda como

    meio de enriquecimento da experincia fenomenolgica que dever

    interagir no s com o intelecto, ou com os sentidos, mas tambm com a

    imaginao do Homem, procurando fazer da arquitectura uma fonte de

    inspirao.

    Realmente, Steven Holl preconiza que exista uma integrao do

    edifcio na paisagem, ainda que, tal como Siza Vieira, acredite que essa

    relao tanto seja possvel em harmonia com a envolvente, ou pode

    acarretar a responsabilidade de desafiar a morfologia do lugar.

    Concluindo, a forma e a linguagem do edifcio vai responder s

    necessidades fsicas e formais, ao lugar, mas vai, sobretudo, derivar do

    conceito do projecto. De certo modo, esta atitude face aos desafios de

    projecto tem, ao longo do tempo, a originar obras com caractersticas

    semelhantes, o que se poder identificar um estilo, identificvel, que as

    pauta e se atribui a Steven Holl, que apesar de admitir que existe uma

    predisposio para determinado tipo de elementos e de organizao,

    procura estudar cada caso enquanto uma experincia singular. Portanto,

    afirma no querer que a sua arquitectura exista e se venda como imagem

    de marca, ainda que comercialmente podesse ser vantajoso,resistindo a

    essa tendncia do produto (arquitectnico) reconhecvel, esclarecendo

    no perceber o sentido de um tipo de prtica arquitectnica professional

    internacional que produz o mesmo jogo de espaos e regras numa cidade,

    independentemente da histria, do lugar, da situao ou de um programa

    especfico.

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  • Concluso

    Em suma, trata-se de um arquitecto ps-moderno, conscientemente,

    influenciado pela corrente filosfica da fenomenologia, sendo o foco do seu

    trabalho a explorao sensvel da cor e da luz de forma a enaltecer esta

    relao corpo-obra-paisagem. Deste modo, a fora global da sua obra

    reside claramente na intensidade da fuso que se estabelece entre a

    cultura e a natureza.

    Atravs dos materiais e da manipulao da luz sobre os volumes e

    planos, Holl, visa transcender o efeito da percepo visual, e transportar

    realmente o observador para uma experincia tctil. Com carcter

    espiritual, tenta unir o intelectual e o sentimental numa experincia,

    estando portanto a essncia da sua obra na conexo entre ideia e

    fenmeno.

    Sendo assim, a sua obcesso pela geometria, as suas aguarelas e

    maquetes, fazem parte de um processo para que a ideia, que o conceito

    seja traduzido na obra arquitectnica. Essa mesma noo, conecta-o, uma

    vez mais, ao ps-modernismo, sendo esta arquitectura aberta a novas

    ideias subjectivas e ao experimentalismo sensato. O conceito ser a pea

    fulcral deste perodo e dever estabelecer a ordem e a organizao do

    projecto, e para argumentar a este respeito, recupera-se a histria de

    quando Louis Sullivan estava no seu leito de morte, quando algum vem

    dizer que o Teatro Schiller ia ser demolido, ao que Sullivan respondeu: Se

    eu vivesse o suficiente, todos os meus edifcios acabariam por ser deitados

    abaixo. S as ideias contam....

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  • Bibliografia

    JENCKS, Charles, What is Post-modernism

    Artemis, Steven Holl, M.219.1 (FAUP)

    GA, Document Extra, Steven Holl, M.219.4 (FAUP)

    FRAMPTON, Kenneth, Steven Holl Architect, Electa Architecture

    Rizzoli, Steven Holl, Architecture Spoken, M.219.8 (FAUP)

    Source Books in Architecture, Steven Holl, Simmons Hall, M.219.7

    (FAUP)

    El Croquis 78 Steven Holl

    The End of Architecture?, Documents and Manifestos, Vienna

    Architecture Conference, Architecture & Design (FAUP)

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