Um cafezinho com Mao Tsé-Tung · Um cafezinho com Mao Tsé-Tung Miguel Barbosa 2012/13 (Dez/Nov)...

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12 A Organização Internacional do Café (OIC) produziu um excelente relatório sobre o mercado de café na China. A conclusão do trabalho, porém, é algo frustrante. Não por ser pessimis- ta. Ao contrário, as estatísticas divulgadas apontam um quadro bastante promissor para o consumo de café. Em se tratando de China, contudo, a grande dúvida dos produtores, brasileiros ou não, é se ela vai começar a consumir e importar grandes quantidades de café daqui a dez anos ou daqui a 250 anos. O relatório não responde a essas questões. Ao invés disso, encerra com um alerta de prudência. “O consumo de café na China ainda é um enigma. As cifras apresentadas acima indicam que, apesar de seu forte potencial, devemos ter certa cautela em relação às perspectivas do consumo de café no país. “ O aviso é sensato, ainda mais se considerarmos a sua majestade: os fatos. Nos últimos 12 meses, até novembro deste ano, a exportação brasileira de café para a China caiu 37%, em valor, sobre o ano-calendário de 2012. Os números são da Secretaria de Comércio Exterior, órgão subordinado ao Ministério da Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Um cafezinho com Mao Tsé-Tung Miguel Barbosa 2012/13 (Dez/Nov) 2012 (Jan/Dez) 2002 (Jan/Dez) Var.% Tipos US$ a Ton $/ton US$ b Ton $/ton US$ c Ton $/ton a/b a/c Café verde 5.394.874 1.729 3.119 8.768.389 2.173 4.034 622.357 825 754 -38% 767% Café solúvel 5.063.283 495 10.227 7.796.987 w 11.343 224.984 81 2.764 -35% 2.151% Total Geral 10.458.157 2.225 4.701 16.565.376 2.861 15.377 847.341 82 10.283 -37% 1.134% Exportações brasileiras de café para a China Receita em US$, quantidade em toneladas Período: 12 meses 2012/13, até novembro; e anos-calendário 2012 e 2002. Fonte: Sistema Aliceweb/ Ministério da Indústria e Comércio Exterior/ Secex / Elaboração Miguel Barbosa. IC

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A Organização Internacional do Café (OIC) produziu um excelente relatório sobre o mercado de café na China. A conclusão do trabalho, porém, é algo frustrante. Não por ser pessimis-ta. Ao contrário, as estatísticas divulgadas apontam um quadro bastante promissor para o

consumo de café. Em se tratando de China, contudo, a grande dúvida dos produtores, brasileiros ou não, é se ela vai começar a consumir e importar grandes quantidades de café daqui a dez anos ou daqui a 250 anos. O relatório não responde a essas questões. Ao invés disso, encerra com um alerta de prudência. “O consumo de café na China ainda é um enigma. As cifras apresentadas acima indicam que, apesar de seu forte potencial, devemos ter certa cautela em relação às perspectivas do consumo de café no país. “O aviso é sensato, ainda mais se considerarmos a sua majestade: os fatos. Nos últimos 12 meses, até novembro deste ano, a exportação brasileira de café para a China caiu 37%, em valor, sobre o ano-calendário de 2012. Os números são da Secretaria de Comércio Exterior, órgão subordinado ao Ministério da Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Um cafezinho com Mao Tsé-Tung

Miguel Barbosa

2012/13 (Dez/Nov) 2012 (Jan/Dez) 2002 (Jan/Dez) Var.%

Tipos US$ a Ton $/ton US$ b Ton $/ton US$ c Ton $/ton a/b a/c

Café verde 5.394.874 1.729 3.119 8.768.389 2.173 4.034 622.357 825 754 -38% 767%

Café solúvel 5.063.283 495 10.227 7.796.987 w 11.343 224.984 81 2.764 -35% 2.151%

Total Geral 10.458.157 2.225 4.701 16.565.376 2.861 15.377 847.341 82 10.283 -37% 1.134%

Exportações brasileiras de café para a ChinaReceita em US$, quantidade em toneladasPeríodo: 12 meses 2012/13, até novembro; e anos-calendário 2012 e 2002.

Fonte: Sistema Aliceweb/ Ministério da Indústria e Comércio Exterior/ Secex / Elaboração Miguel Barbosa. IC

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Para os produtores brasileiros, não obstante a realidade de que os números do mercado chinês de café sejam modestos, é com-preensível que o suprimento se realize através de países mais próximos, Vietnã, Indonésia e Índia, seja por razões de custos ou de identidades políticas, a China deve merecer atenção e viabi-lizadas formas de penetração do café brasileiro em linha com as peculiaridades do mercado.

Em 2012, o consumo de café na China, segundo a OIC, ficou em 1,1 milhão de sacas. De 1998 a 2012, o consu-mo de café na China cresceu a uma taxa média de 12,8% ao ano. O Euromonitor tem números mais otimistas: se-gundo a empresa, a China consumiu 1,6 milhões de sa-cas em 2011, contra 1 milhão em 2006, o que significou um crescimento anual no intervalo de 9,5% ao ano.

Consumo total de café na ChinaAnos Civis de 1998 a 2012

Fonte: OIC

Entretanto, a magnitude da nova China não cabem nestes nú-meros, que refletem antes o passado do que as perspectivas de futuro. A velocidade com que a população se urbanizou, com que a renda per capita cresceu e o país se industrializou, não encon-tra paralelo na história da humanidade. A classe média chinesa, hoje, é quase duas vezes a população brasileira. O mundo não pára de se surpreender com a China. No último exame do PISA, a mais respeitada pesquisa internacional sobre educação, os chineses marcaram o primeiro lugar, superando pa-íses como Noruega e Dinamarca. Segundo reportagem recente da revista britânica The Economist, a China construiu, nos últimos cinco anos, mais de 10 mil quilô-metros de ferrovias para trens de alta velocidade, superando a da Europa. A rede dos “trens-bala” já alcança mais de 100 cidades. O relatório da OIC informa que os salários dos trabalhadores agora são 14 vezes o que eram há 20 anos. O PIB per capita, um número fundamental para se analisar o poder aquisitivo dos chi-neses e, portanto, o seu potencial enquanto eventuais consumido-res de café, evoluiu de maneira impressionante nos últimos anos, passando de US$ 949 no ano 2000 para US$ 6.091 em 2012. A população urbana mais que dobrou desde 1990, passando de 300 milhões para 700 milhões em 2012, representando hoje 52% do total da população do país.

Fonte: OIC

PIB e PIB per capita da ChinaAnos Civis de 1964 a 2012

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São estes fatores, PIB per ca-pita e população urbana, que vem fazendo os olhos dos in-vestidores ligados ao setor cafeeiro brilharem com mais intensidade. Sobretudo quan-do se nota uma tendência, entre os jovens chineses, de se exporem cada vez mais à influência ocidental. A expan-são de sistemas modernos de transporte público, a conexão cada vez maior dos jovens à rede mundial de computadores e às mídias e entretenimento produzidos no ocidente, tudo isso estimularia a reprodução de hábitos de consumo obser-vados no ocidente. Recentemente, o partido co-munista chinês, que detêm o comando total da política eco-nômica do país, reuniu-se em Pequim e estabeleceu as no-vas diretrizes políticas para as próximas décadas. A abertura econômica continuará aumen-

tando, mas esta não é a prin-cipal novidade para eventuais parceiros comerciais da China ao redor do mundo. O gover-no chinês igualmente conso-lidou algumas mudanças que já vem fazendo na política econômica chinesa desde as últimas crises financeiras no mundo desenvolvido. A mola do crescimento chinês, até en-tão ancorada sobretudo na ex-portação, nos salários baixos e no câmbio desvalorizado, aos poucos irá se transferindo para o consumo doméstico, tendo como resultado aumen-to dos salários e moeda mais forte.Em se tratando da China, isso não é uma mudança trivial. Conforme o processo avance, ele significará profundas mu-danças na economia mundial, e alguns produtos básicos, entre eles o café, poderão tes-temunhar um aumento de de-

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manda de proporções épicas. A China, contudo, está au-mentando seu consumo quase na mesma proporção em que também aumenta a sua própria produção. Alguns produtores no Brasil poderiam ficar alar-mados com a possibilidade da China se tornar não uma gran-de importadora de café, mas antes uma rival! Só que os especialistas no assunto, como José Braz Matiello, que já es-teve algumas vezes nas regi-ões cafeeiras da China, vêem com bons olhos a expansão do plantio de café no sul do país. Segundo Matiello, é ótimo que a China produza café, porque isso irá ajudar a introduzir a cultura do consumo de café na China, e quando esta se con-solidar, o seu potencial de de-manda se tornará infinitamente maior do que a quantidade de terras disponíveis para abaste-cer seu mercado interno.

Produção de café na ChinaAnos Civis de 1998 a 2012

Fonte: OIC

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Segundo o relatório da OIC, a produção de café na China é bastante antiga. Foi introduzi-da na província de Yunann por um missionário francês por volta de 1887. Mas se mante-ve muito limitada até a década de 60 do século XX, quando o governo destinou uma área de 4.000 hectares dessa região para o cultivo da variedade arábica. Até fins dos anos 70, porém, menos de 7% da área reservada para o café havia sido cultivada. Apenas ao fi-nal dos anos 80, um projeto conjunto do governo chinês e do Programa das Nações Uni-das para o Desenvolvimento (PNUD) deu impulso ao de-senvolvimento da produção de café no país. Mais tarde, gran-des empresas, como a Nestlé, começaram a incentivar a ca-feicultura comercial, princi-palmente em Yunnan. As principais regiões de ca-feicultura são Yunnan, Hai-nan e Fujian. A província de Yunnan, que fica no sudoeste

chinês, produz arábicas, prin-cipalmente da variedade Ca-timor, e é a principal região de cafeicultura do país, res-pondendo por mais de 95% da produção nacional. As zo-nas de produção em Yunnan são Kunming, Simao, Ruili e Baoshan. A província de Yun-nan tem uma área de 394.000 km2 e uma população de 46 milhões de habitantes. Tan-to a ilha de Hainan, no sul da China, quanto a província de Fujian, no sudeste, produzem Robustas, mas em escala mui-to menor, e, conjuntamente, respondem por menos de 5% da produção nacional. Todas essas regiões desfrutam de boa organização e de gestão eficaz pelo governo e por grandes multinacionais (com destaque para Nestlé e Kraft Foods), que continuam a investir no aumento da produção de café na China.Ainda segundo o estudo da OIC, durante o período de 1998 a 2012, a China importou

café principalmente do Vietnã, Indonésia, EUA, Brasil, Malá-sia e Colômbia. A participação do Vietnã no total das impor-tações da China aumentou de 8% em 1998 para 50,5% em 2012, fazendo do país, de longe, o maior fornecedor de café da China. A participação da Indonésia caiu, mas o país ainda é o segundo maior for-necedor de café da China. Os EUA, que eram o segundo maior fornecedor de café da China em 1998, com uma par-ticipação de 14,9%, agora es-tão em quinto lugar, registran-do uma participação de 5,5%. No caso das origens africanas, apesar de um acordo que con-cede tratamento preferencial, com isenção de direitos alfan-degários, às importações de todas as formas de café proce-dente de 31 países africanos, os maiores fornecedores ─ Uganda e a Etiópia ─ só res-ponderam por 0,9% e 0,8% do total das importações de café da China em 2012.

Países 1998 2008 2009 2010 2011 2012 % share (2012)

Vietnã 19 275 299 412 583 705 50,5

Indonésia 58 63 69 71 113 220 15,8

Malásia 2 24 31 52 70 85 6,1

Brasil 12 39 51 50 56 78 5,6

EUA 35 60 40 41 52 77 5,5

Colômbia 24 23 15 20 23 32 2,3

Itália 1 10 12 17 18 23 1,7

Japão 7 9 10 13 13 21 1,5

Coréia do Sul 11 8 9 8 12 19 1,4

Austrália 5 5 5 6 11 13 0,9

Reino Unido 0 2 2 3 5 12 0,9

Sub-total 174 518 543 693 956 1.285 92,2

Other contries 58 74 75 91 110 111 7,8

Origem das importações de todas as formas de café pela China

Fonte: OIC

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O estudo da OIC também se aprofunda sobre as exporta-ções de café da China, que ainda correspondem a uma quantidade pequena, mas já respeitável, sobretudo por-que conseguiu acompanhar a evolução das importações e

registrou uma taxa anual de crescimento notável de 1998 a 2012: 15,8%. Em 2012, a Chi-na exportou 1,07 milhão de sacas de café, correspondendo a 77% do total importado no mesmo ano (1,39 milhão de sacas).

A China exportou principal-mente café em grão (92% do total), e seus principais mer-cados são Alemanha (que res-ponde por 37% das exporta-ções chinesas de café), Japão (12%), EUA (9%), Bélgica (8%) e Arábia Saudita (4%).

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Importações e exportações de todas as formas de café da ChinaAnos Civis de 1998 e 2012

Total das exportações de café da ChinaAnos Civis de 1998 e 2012

Fonte: OIC

Fonte: OIC

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A OIC estima que o consumo de café na China, mantida a taxa de crescimento dos últi-mos anos, pode chegar a 2,8 milhões de sacas em 2020. O consumo médio per capita atu-al no país é de apenas 25 gra-mas, um dos menores do mun-do. No entanto, diz o estudo da OIC, em sua conclusão, o Japão também era um mercado pequeno até o final da década de 60, com um consumo per capital igualmente medíocre. Hoje, o Japão consome mais de 7 milhões de sacas. Com um modelo tão próximo na Ásia, os analistas da OIC consideram que a China tem potencial para seguir um ca-minho similar. O aumento dos investimentos na indústria de torrefação,, num ambiente eco-nômico em processo de abertu-ra, constitui um sinal promis-sor para o mercado de café na China. Consolidar a cultura do café no maior país do mundo em ter-mos de população, e que está cotado para assumir, dentro de 10 a 20 anos, o primeiro lugar no ranking das nações mais ricas e poderosas do planeta, não é um sonho qualquer. É um sonho de proporções asiáticas,

que se estende por horizontes tão vastos como o deserto de Gobi, e tão altos como as cor-dilheiras pontiagudas do Tibet. A velocidade com que esse so-nho pode se tornar realidade talvez seja tão rápida como os trens-bala que vem cruzando o país, de ponta a ponta. Mao Tsé-Tung, no primeiro discurso de vitória, após ven-cer a guerra civil e unificar a nação, pensou muito antes de encontrar a primeira frase com que se dirigiria a seus com-patriotas. E o que disse foi: a China se levantou! Pois bem, se a China se levan-tou em 1949, e começou a ca-minhar a passos firmes desde então, a partir dos anos 90, ela começou a correr. Nos últimos 10 anos, ela já estava se loco-movendo em veículo motori-zado, em altíssima velocidade. Em 2012, o gigante parece ter desacelerado um pouco, mas continua mantendo uma das mais altas taxas de crescimen-to do mundo: 7,8%. A inflação no ano passado foi de apenas 2,7%, o desemprego ficou em 4,1% - por incrível que pareça o maior da China em 20 anos; na década de 90 era inferior a 3%. As reservas internacio-

nais da China saltaram de US$ 149 bilhões em 1998 para US$ 3,33 trilhões em 2012. O câmbio chinês (a moeda lo-cal se chama Yuan Renmibi, ou CNY, “moeda do povo”) tem se fortalecido nos últimos anos; Na média de 2012, um-dólar valia CNY 6,3, contra 6,5 no ano anterior, e 8,3 em 1998. Em 12 de dezembro de 2013, um dólar correspondia a CNY 6,07, comprovando a tendên-cia da China de valorizar sua moeda para incentivar o con-sumo interno. Todos os fatores econômicos, políticos e culturais favorecem o consumo de café na China. O poder aquisitivo tem cresci-do e o governo tem ampliado a abertura política, e os jovens se tornam a cada dia mais in-teressados na cultura ociden-tal. Mesmo assim, o consumo não cresce no ritmo desejado pelos produtores. Entretan-to, há uma frase de Confúcio, um dos principais filósofos da China, que pode ser um útil conselho aos empresários do café interessados em ampliar seu espaço naquele mercado: “não importa quão lento você vá em frente, desde que você não pare”.

As cafeterias na ChinaAs grandes e médias cidades chinesas tem sido, há alguns anos, mer-cados altamente cobiçados pelas grandes redes de cafeterias, além de redes de fast-food que também servem café, como é o caso do Mc Donalds, que tem aumentado as seções de Mc Coffee em suas lojas. A Starbucks, atualmente, é a rede de cafeterias mais presente na China, e tem se expandido com muita velocidade no país. A companhia pos-sui hoje 700 lojas na China, sendo 300 no continente e mais 400 em Hong Kong, Macao e Taiwan. Segundo Belinda Wong, presidente da Starbucks China, em entrevista para o Wall Street Journal, há planos de fazer mais 800 lojas nos próximos três anos. Nesse período, o número de empregados passaria para mais de 30 mil, contra os atuais 12 mil. Uma pesquisa feita em 2010 revela que os frequentadores de cafete-ria na China tem, em sua maioria, entre 20 e 40 anos. Viajantes e es-trangeiros residentes respondem por 15% a 25% da clientela. Há uma preferência por lattes, cappuccinos e mochas, ao invés do espresso, considerado muito amargo. Os clientes frequentam as lojas principal-mente pelas seguintes razões: reuniões de negócio, encontro de ami-gos, encontro de namorados.