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WILSON XAVIER LIMA UMA APLICAÇÃO DO MODELO DE FLUXO DE CAIXA DESCONTADO A PARTIR DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS OBTIDAS A CUSTO ZERO ESTUDO DE CASO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção de título de Mestre em Ciências Contábeis e Financeiras, sob orientação do Prof. Dr. José Roberto Securato. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO São Paulo - 2006

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WILSON XAVIER LIMA

UMA APLICAÇÃO DO MODELO DE FLUXO DE CAIXA DESCONTADO A PARTIR DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS

OBTIDAS A CUSTO ZERO ESTUDO DE CASO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção de título de Mestre em Ciências Contábeis e Financeiras, sob orientação do Prof. Dr. José Roberto Securato.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

São Paulo - 2006

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WILSON XAVIER LIMA

UMA APLICAÇÃO DO MODELO DE FLUXO DE CAIXA DESCONTADO A PARTIR DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS

OBTIDAS A CUSTO ZERO ESTUDO DE CASO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE

Folha aprovação da banca examinadora:

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DEDICATÓRIA

Agradecer é um exercício difícil. Não porque me falte o sentimento de

gratidão, mas porque devo a muitas pessoas esse e outros feitos de minha vida.

Alguns, em algum momento, seguiram caminhos diferentes dos meus, mas

lembraram-se de me mostrar, cada um a seu modo, que devia seguir adiante.

Mesmo sabendo das prováveis injustiças com aqueles que talvez deixe de

citar, saibam que confirmarei toda reivindicação da solidariedade que me prestaram,

em qualquer tempo e lugar.

Por agora, lembro,-me e me lembrarei, pelo tempo que me for permitido

lembrar, dos meus pais: José, meu exemplo de vida e Luiza, meu suporte de amor e

afeto.

Dos amigos, quero lembrar-me do Sílvio Sachi, que se confunde com o meu

aprendizado do que significa ter um amigo.

E, em especial à Flávia, meu amor redescoberto, que me mostra todos os

dias, com a intensidade do seu sorriso e do seu amor sincero, como é importante

amar de verdade.

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EPÍGRAFE

Para todas as coisas parece haver um tempo, uma duração, ainda que seja

essa duração a eternidade.

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AGRADECIMENTOS

Muitos foram os apoios recebidos e os ensinamentos oferecidos pelos

Professores do programa de Mestrado em Ciências Contábeis e Financeiras ao

longo dos anos de contato que culminam com este trabalho.

A todos o meu apreço e gratidão pelo acompanhamento, pelas oportunidades

oferecidas e pelo aprendizado.

Ao Professor Dr. José Roberto Securato pelas aulas brilhantes e pelos

conhecimentos técnicos transmitidos que tanto contribuíram para o meu

desenvolvimento intelectual, acadêmico, profissional e, logo em seguida, pela sua

tarefa como orientador desta dissertação, o meu mais respeitoso agradecimento.

Agradeço aos Professores Drs. Neusa dos Santos e Roberto Fernandes dos

Santos o empenho e a dedicação em favor do desenvolvimento e manutenção do

programa.

Ao Professor Mestre João Bosco, que ocupa, também, um lugar como amigo,

pela sua disponibilidade e contribuição, meus sinceros agradecimentos.

E aos vários colegas que me ouviram e me deram valiosas sugestões e

estímulo, simplesmente, muito obrigado.

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RESUMO O objetivo deste estudo é oferecer uma contribuição à utilização das

demonstrações financeiras produzidas segundo as normas contábeis brasileiras

como base para a avaliação de empresas segundo o método dos fluxos de caixa

descontados.

Inicia-se o trabalho pela apresentação dos mercados financeiros: o monetário,

o de crédito, o de capitais e o cambial, suas finalidades e seu funcionamento básico.

Num segundo momento, focaliza-se um segmento do mercado de capitais: o

de ações, suas principais características e o preço das ações que formará o valor de

mercado de uma empresa e de que forma o mercado trata a utilização de

informações relevantes segundo a teoria de finanças.

Em seguida, analisam-se em detalhe a informação contida nos relatórios

contábeis e os usos mais comuns dados a esta informação.

Por fim descrevemos os modelos de avaliação de empresas da moderna

teoria de finanças e o método escolhido para a análise do caso: o do fluxo de caixa

descontado.

Após a exposição dos fundamentos teóricos, inicia-se o estudo de caso sobre

o material disponibilizado pela própria empresa em seu sítio na Internet, contendo as

demonstratções financeiras produzidas para fins de atendimento das normas da

Comissão de Valores Mobiliários.

Como fechamento do trabalho, entende-se que os valores calculados através

do fluxo de caixa descontado com base em diferentes hipóteses sobre os

direcionadores de valor formam um intervalo estatístico no qual se encontra o valor

atribuído à empresa pelo mercado.

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ABSTRACT

Our study is a contribution to the discounted cash flow model application and

the use of the information contained in the financial reports for valuation purposes.

The presentation starts with a description of the main financial markets, their

functioning, most important segments: monetary, credit, capital and foreign exchange

markets.

The capital market is the place where companies deal their shares. In the

stock market the first crucial information is given: the firm’s market value that is a

result of the share negotiation unit price multiplied by the total number of existing

company’s stocks. Also important in this part of the work is the reasoning behind

investors information use.

A detailed overview of the information given by the financial reports and their

most common utilization is the next required step of the work.

The last part of the theory revision is the presentation of the firm’s evaluation

models described in the modern financial theory and the presentation of that one to

be applied in our case study: the discounted cash flow model.

The case was built on the mentioned theory foundations. The material for the

case consists of the Companhia Vale do Rio Doce available financial reports taken

from the company’s site in Internet. They are those required by the Comissão de

Valores Mobiliários, the equivalent in Brazil of the Security Exchange Commission.

In the conclusion the value calculated through discounted cash flow model

based on different assumptions for the value drivers define an interval where the

market value of the company can be placed in.

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SUMÁRIO

Página

Resumo............................................................................................................... vi

Abstract............................................................................................................... vii

Relação de figuras............................................................................................. xiii

Relação de tabelas............................................................................................ xiv

Relação de quadros.......................................................................................... xv

1 Introdução.................................................................................... 1

1.1 Situação problema..................................................................... 1

1.2 Objetivo........................................................................................ 2

1.3 Metodologia................................................................................ 2

1.3.1 Aspectos gerais......................................................................... 2

1.3.2 Estrutura dos estudos de caso.................................................. 4

1.4 Descrição dos capítulos............................................................ 6

2 O mercado financeiro................................................................ 9

2.1 Origens do mercado.................................................................. 9

2.1.1 O mercado monetário................................................................ 11

2.1.2 O mercado de crédito................................................................ 12

2.1.3 O mercado de câmbio................................................................ 12

2.1.4 O mercado de capitais............................................................... 14

2.2 A estrutura do sistema financeiro nacional................................ 15

2.2.1 O Conselho Monetário Nacional................................................ 16

2.2.1.1 O Banco Central do Brasil.......................................................... 17

2.2.1.2 A Comissão de Valores Monetários............................................ 17

2.3 O mercado acionário e as ações................................................. 18

2.3.1 A Bolsa de Valores....................................................................... 19

2.3.2 Os momentos do mercado acionário............................................. 19

2.3.2.1 O primeiro momento – A Abertura de capital................................. 20

2.3.2.2 O mercado primário....................................................................... 21

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2.3.2.3 Preço de emissão da ação no mercado primário.......................... 22

2.3.3 O mercado secundário.................................................................. 24

2.3.3.1 Os tipos de ações.......................................................................... 24

2.3.3.2 Os tipos de negociação................................................................ 25

2.3.3.3 Os tipos de operação..................................................................... 26

2.3.3.4 O preço no mercado secundário.................................................... 27

3 O papel da informação no mercado acionário.......................... 30

3.1 A evolução da teoria de finanças.............................................. 30

3.2 Mercados eficientes.................................................................. 33

3.3 Informação e mercados eficientes............................................. 33

3.4 Preços e informação.................................................................. 35

3.5 A informação relevante.............................................................. 38

4 A informação contábil............................................................... 39

4.1 Uma breve digressão................................................................ 39

4.2 O objetivo da informação contábil............................................. 40

4.3 As qualidades da informação contábil....................................... 42

4.4 Os relatórios anuais da contabilidade........................................ 44

4.5 As demonstrações contábeis e a lei 6.404/76........................... 47

4.5.1 O relatório da administração...................................................... 48

4.5.2 O balanço patrimonial................................................................ 52

4.5.3 Demonstração de Resultados do Exercício (DRE)...................... 57

4.5.4 Demonstração de Fluxos de Caixa (DFC).................................... 60

4.5.5 Demonstrações consolidadas..................................................... 62

4.5.6 Notas explicativas....................................................................... 63

4.6 Análise de demonstrações contábeis......................................... 64

4.7 Os índices financeiros................................................................. 65

4.7.1 Liquidez....................................................................................... 66

4.7.1.1 Liquidez corrente......................................................................... 67

4.7.1.2 Liquidez seca............................................................................... 67

4.7.1.3 Liquidez geral.............................................................................. 68

4.7.2 Atividade...................................................................................... 69

4.7.2.1 Prazo médio de estocagem......................................................... 70

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4.7.2.2 Prazo médio de pagamento de fornecedores............................. 71

4.7.2.3 Prazo médio de cobrança........................................................... 72

4.7.2.4 Ciclo de caixa.............................................................................. 74

4.7.3 Endividamento e estrutura de capital.......................................... 74

4.7.3.1 Relação de capital de terceiros / passivo total............................ 75

4.7.3.2 Relação capital de terceiros / patrimônio líquido......................... 76

4.7.3.3 Imobilização de recursos permanentes....................................... 77

4.7.4 Rentabilidade.............................................................................. 77

4.7.4.1 Margem líquida............................................................................ 78

4.7.4.2 Giro do ativo............................................................................... 79

4.7.4.3 Retorno sobre o ativo.................................................................. 79

4.7.4.4 Retorno sobre o patrimônio líquido.............................................. 81

4.7.5 Análise de tendências................................................................. 82

4.7.5.1 Análise vertical e análise de mudança percentual (horizontal)... 83

4.8 O valor......................................................................................... 84

4.9 Valor, lucro e caixa........................................................................ 85

4.10 O fluxo de caixa e a contabilidade............................................... 86

5 Os modelos de cálculo de valor................................................... 88

5.1 O cálculo do valor de uma empresa........................................... 88

5.2 Abordagens básicas na avaliação de empresas........................ 90

5.3 Avaliações com base nas demonstrações contábeis................... 93

5.3.1 Avaliação patrimonial contábil.................................................... 94

5.3.2 Avaliação patrimonial pelo mercado........................................... 95

5.3.3 Modelo dos múltiplos de faturamento........................................... 98

5.3.4 Modelo dos múltiplos de fluxo de caixa....................................... 99

5.3.5 Modelo baseado no EVA®........................................................... 99

5.4 Avaliações com base em fluxo de caixa....................................... 102

5.4.1 Decisões relacionadas ao fluxo de caixa descontado.................. 105

5.5 A taxa de desconto........................................................................ 107

5.5.1 Custo de oportunidade................................................................ 107

5.5.2 Custo de capital de terceiros....................................................... 108

5.5.3 Custo de capital próprio.............................................................. 109

5.5.3.1 O modelo CAPM......................................................................... 109

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5.5.3.2 O modelo da APT ou APM.......................................................... 111

5.6 Padrões de crescimento.............................................................. 113

5.6.1 O conceito de previsão................................................................ 113

5.6.2 Informação e ciclo de vida da empresa....................................... 115

6 Estudo de caso – Companhia Vale do Rio Doce.......................... 117

6.1 Processo de seleção da empresa................................................. 117

6.1.1 Critérios de seleção....................................................................... 118

6.2 Informações contábeis da CVRD disponíveis a custo zero........... 118

6.3 Metodologia de análise dos dados................................................ 118

6.3.1 Análise do desempenho histórico................................................. 120

6.3.2 Perspectiva histórica integrada. Estrutura dos resultados............. 123

6.3.3 Indicadores financeiros com base nos relatórios contábeis.......... 128

6.3.4 Análise do relatório da administração. Perspectiva estratégica.... 131

6.3.5 Hipótese 1 – Manutenção do resultado histórico médio................. 135

6.3.5.1 Estimativa do custo de capital..................................................... 139

6.3.5.2 Estimativa do custo de capital de terceiros................................. 139

6.3.5.3 Estimativa do custo de capital próprio........................................ 141

6.3.5.4 Estimativa do custo médio ponderado de capital....................... 144

6.3.5.5 Cálculo do valor presente e do valor de mercado da empresa.. 145

6.3.5.6 Cálculo do valor presente.............................................................. 145

6.3.5.7 Cálculo do valor de mercado........................................................ 146

6.3.6 Hipótese de crescimento do fluxo de caixa................................. 147

6.3.7 Cálculo da perpetuidade............................................................ 149

6.3.8 Análise da sensibilidade.............................................................. 151

6.3.9 Hipótese 3 – Aumentar os fluxos de caixa gerados pelos

investimentos existentes............................................................. 152

6.3.10 Reduzir o custo do capital aplicado ao desconto dos fluxos

de caixa....................................................................................... 154

6.4 Análise dos resultados................................................................ 155

7 Considerações finais..................................................................... 158

7.1 Principais aspectos levantados no trabalho.................................. 158

7.2 Principais resultados obtidos......................................................... 160

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7.3 O significado dos resultados......................................................... 162

8 Bibliografia..................................................................................... 164

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RELAÇÃO DE FIGURAS Figura 1 Sistema Financeiro Nacional SFN 15

Figura 2 Qualidade da informação contábil 43

Figura 3 Evolução das taxas do Over / Selic entre 2000 e 2004 142

Figura 4 Evolução do IBOVESPA entre 2000 e 2004 143

Figura 5 Resumo dos valores calculados para a empresa nas três hipóteses 155

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RELAÇÃO DE TABELAS

Tabela 1 Retornos líquidos, dada a obtenção de informação com custo..... 36

Tabela 2 Cálculo do custo do capital próprio da CVRD................................ 144

Tabela 3 Cálculo do custo médio ponderado de capital da CVRD............... 144

Tabela 4 Fluxo de caixa descontado a diferentes taxas............................... 146

Tabela 5 Resumo da quantidade de ações ON e PN por proprietário......... 147

Tabela 6 Resumo dos valores obtidos dos cálculos FCD

e Valor de Mercado........................................................................ 147

Tabela 7 Resumo dos valores calculados para a empresa.......................... 151

Tabela 8 Resumo completo das valores calculados para a empresa

nos dois cenários............................................................................ 151

Tabela 9 Valores calculados conforme impacto do CMPC nas três

hipóteses de trabalho..................................................................... 155

Tabela 10 Estatística dos valores calculados para a CVRD nas três

hipóteses de trabalho...................................................................... 156

Tabela 11 Estatística dos valores calcualdos para a CVRD nas

duas primeiras hipóteses de trabalho.............................................. 157

Tabela 12 Resumo das premissas subjacentes às hipóteses.......................... 161

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RELAÇÃO DE QUADROS Quadro 1 Balanço patrimonial 55

Quadro 2 Ordem de apresentação - Balanço patrimonial 55

Quadro 3 Critérios de avaliação - Balanço patrimonial 56

Quadro 4 A demonstração de Resultados do Exercício 59

Quadro 5 O valor agregado de mercado 100

Quadro 6 Decisões para maximizar o valor para o acionista 104

Quadro 7 Escolhas associadas à avaliação pelo fluxo de caixa descontado 106

Quadro 8 Questões referentes ao valor da empresa durante o ciclo de vida 115

Quadro 9 Histórico do Balanço Patrimonial consolidado 1999 – 2004 121

Quadro 10 Histórico do DRE consolidado 1999 – 2004 122

Quadro 11 Histórico do Fluxo de Caixa consolidado 1999 – 2004 123

Quadro 12 Estrutura histórica do BP – Análise Vertical 124

Quadro 13 Análise vertical da demonstração de resultados 125

Quadro 14 Comparativo LAJIDA e fluxo de caixa operacional líquido 126

Quadro 15 Fluxo de caixa operacional livre após investimentos 127

Quadro 16 Descrição dos indicadores financeiros usados no estudo 129

Quadro 17 Indicadores financeiros principais CVRD 130

Quadro 18 O desenvolvimento da estratégia nos relatórios da administração 133

Quadro 19 Médias estruturais para a projeção de resultados 136

Quadro 20 Projeção da demonstração de resultados 136

Quadro 21 Projeção da demonstração de fluxo de caixa operacional 138

Quadro 22 Projeção dos fluxos de caixa em dois conceitos 139

Quadro 23 Histórico dos empréstimos existentes 139

Quadro 24 Custo médio ponderado mínimo – Empréstimos 140

Quadro 25 Custo médio ponderado máximo – Empréstimos 140

Quadro 26 Fluxo de caixa sem crescimento descontado à taxa de 0,0% 145

Quadro 27 Fluxo de caixa sem crescimento descontado à taxa de 20,3% 146

Quadro 28 Fluxo de caixa sem crescimento descontado à taxa de 21,5% 146

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Quadro 29 Crescimento médio anual dos direcionadores de lucro 148

Quadro 30 Crescimento médio histórico continuado por mais 5 anos (20,3%) 149

Quadro 31 Crescimento médio histórico continuado por mais 5 anos (21,5%) 149

Quadro 32 Valor com crescimento zero e perpetuidade (taxa de desconto

20,3% - CMPC Mínimo) 150

Quadro 33 Valor com crescimento zero e perpetuidade (taxa de desconto

21,3% - CMPC Máximo) 150

Quadro 34 Valor com crescimento 20% e perpetuidade

(taxa de desconto 20,3% - CMPC Mínimo) 153

Quadro 35 Valor com crescimento 20% e perpetuidade

(taxa de desconto 21,5% - CMPC Máximo) 154

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 Situação Problema

Nos textos de finanças é comum encontrar a afirmação de que o valor de uma

empresa, em geral, relaciona-se com as expectativas dos investidores quanto a sua

capacidade de geração de retornos superiores aos desembolsos necessários para a

aquisição de participações no seu capital.

O valor despendido na compra, hoje, reflete, usualmente, a percepção média

do mercado do ganho que pode ser obtido no futuro e a probabilidade de ocorrência

de eventos geradores de valor que se atribuí a esse futuro.

O tema da determinação explícita e metodologicamente adequada do valor de

um empreendimento é pragmaticamente relevante uma vez que produziria se

aplicada, uma mais adequada visão do investidor relativa ao risco/retorno da sua

atividade, permitindo, no longo prazo, uma alocação mais responsável dos recursos

sociais e, ao mesmo tempo, ampliaria o acesso aos benefícios da prosperidade

econômica, aumentando, assim, as chances de sucesso do indivíduo possuidor da

iniciativa.

A questão-problema de que se ocupa este trabalho parece relevante então: a

informação oferecida pela empresa, a sua disponibilidade e o seu uso pelos agentes

econômicos na determinação do valor de um empreendimento.

Para tanto, serão examinadas as peças componentes das demonstrações

contábeis e financeiros de uma empresa selecionada, será indicado onde está

disponível essa informação e que conclusões podem ser extraídas da comparação

sobre o valor atribuído a ela pelo mercado e aquele que pode ser calculado a partir

dos seus documentos financeiros disponíveis.

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1.2 Objetivo

O objetivo deste trabalho é discutir as diversas perspectivas para a

determinação do valor dos empreendimentos na literatura de Finanças e aplicar o

modelo de fluxo de caixa descontado a um caso específico em que a informação

disponível é aquela posta à disposição do grande público sem dificuldades

importantes de acesso.

A contribuição principal esperada será a de avaliar o uso da informação

financeira disponível, definida, aqui, como aquela produzida segundo as normas

contábeis vigentes no mercado brasileiro, representado pelo conjunto formado pelos

princípios contábeis geralmente aceitos no Brasil.

Ao final será avaliada uma empresa de capital aberto com ações negociadas

no mercado secundário dentro do modelo de avaliação do fluxo de caixa descontado

e serão processadas as informações disponibilizadas nos relatórios contábeis de

forma a poder comparar o valor de mercado da empresa com o valor possível de ser

calculado a partir das citadas demonstrações.

A empresa analisada será a Companhia Vale do Rio Doce. A escolha deve-se

à qualidade atribuída às suas demonstrações financeiras.

Essa qualidade é aferida aceitando-se os critérios de premiação da ANEFAC

(Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade),

atribuída às demonstrações contábeis que melhor atendam aos requisitos

estabelecidos pela entidade.

1.3 Metodologia 1.3.1 Aspectos gerais

Segundo Santos (2005:1), a apresentação de um caso para fins de estudo

poderia ser considerada um relato de experiência ex post facto,. ou seja, seria a

estruturação e o relato do estudo de um fato, fenômeno ou processo já acontecido.

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Devidamente estruturado, pode ser uma ferramenta de grande utilidade como

fonte de aprendizado, pois o estudo de caso permite um mergulho profundo e

exaustivo em um objeto delimitado e possibilita a penetração da realidade social

[institucional], não conseguida pela análise estatística segundo Goldenberg

(1997:33). Por isso o estudo de caso é uma categoria de pesquisa cujo objetivo é a

unidade que se analisa profundamente, diz Triviños (1987:133).

Santos (2005:1) comenta, também, que, mesmo sendo um modelo de

produção de conhecimentos, o estudo de casos é visto diferentemente de um

procedimento ou técnica de coleta de dados. Por essa razão, dificilmente utiliza uma

fonte única de informações. De fato, um dos pontos fortes do estudo de casos é a

possibilidade (e habilidade do investigador) de lidar com diferentes fontes de dados

e procedimentos de coleta. O estudo do mesmo caso poderá solicitar levantamentos,

experimentos, pesquisas bibliográficas e documentais, o que levará o pesquisador a

recorrer ao campo, ao laboratório e à bibliografia disponível na área.

Tem razão Goldenberg quando diz que “o estudo de caso não é uma técnica

específica, mas uma análise holística, a mais complexa possível, que considera a

unidade social [institucional] como um todo” Goldenberg (1997:33).

Santos (2005:1), também, alerta para evitar a tentação de transformar a

estruturação e o relato de um caso em uma simples “crônica” (basicamente, o

“cotidiano comentado”). O status de texto científico (escrito para ensinar certo

conteúdo), a ser atribuído ao comunicado final, depende do domínio teórico que

norteou a investigação. “A complexidade dos estudos de casos está determinada

pelos suportes teóricos que servem de orientação ao investigador” Triviños

(1987:134).

Ele acrescenta que os estudos de casos rigorosos não devem ser limitados a

uma descrição, por mais documentada que seja, mas apoiar-se em conceitos e

hipóteses; devem ser guiados por um esquema teórico, que serve de princípio

norteador para a coleta de dados.

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1.3.2 Estrutura dos estudos de casos

Santos (2005:2) sugere que, a partir dos elementos anteriores, que indicam a

estruturação lógica dos estudos de casos, uma forma adequada de apresentação

gráfica é o modelo de relatório científico de texto. Por isso, propõe que o texto

escrito de apresentação de casos contenha os seguintes componentes:

a) referencial teórico;

b) metodologia;

c) apresentação de resultados;

d) análise dos resultados e

e) recomendações/sugestões.

Do autor citado retiram-se as principais definições para cada um dos

elementos compreendidos

O referencial teórico como visto em Santos (2005:2) é um texto que resulta de

revisão da bibliografia científica existente, na qual devem aparecer as principais

idéias apresentadas pelos especialistas a respeito da temática em questão. Destaca

os problemas significativos que o assunto já despertou e o tratamento teórico/prático

oferecido para as diversas situações. Pode-se dizer, enfim, que o referencial teórico

é o “tratamento genérico” da temática em questão. É o elemento do relatório que

permite:

a) descrever o “estado da arte”, destacando avanços e novos problemas.

Neste caso, a descrição do que está estabelecido na literatura de finanças.

b) estabelecer a estrutura da descrição metodológica do

fato/fenômeno/processo em estudo, de modo a inserir a experiência específica no

contexto geral da ciência que regularmente o estuda, o que será feito ao tratar de

interpretar os dados financeiros publicados no contexto da teoria sobre cálculo do

valor de empresas;

c) identificar a contribuição científica e profissional da experiência a ser

relatada;

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d) conhecer a familiaridade do investigador/relator com a cultura científica da

área em questão.

A metodologia é o relato aplicado do caso propriamente dito. A narrativa do

caso analisado procura destacar os aspectos específicos que aproximam essa

experiência concreta dos aspectos genéricos importantes presentes no referencial

teórico. É o elemento do relatório que informa a respeito das particularidades do

caso e permite que o leitor tenha uma dimensão clara de sua evolução. Por isso, na

apresentação de estudos de casos, sugere-se que a metodologia ocupe-se de dois

aspectos:

a) a descrição dos métodos e materiais utilizados pelo pesquisador para a

coleta das informações e

b) o relato sistemático dos acontecimentos significativos que marcaram a

evolução concreta do caso estudado. Esse relato deve ser estruturado a partir

dos principais indicativos teóricos oferecidos pelo referencial teórico, o que

facilita a estruturação e entendimento dos resultados obtidos. Santos

(2005:2).

A apresentação de resultados serve à consolidação dos aspectos específicos

do caso, em função da apresentação genérica feita no referencial teórico.

A análise dos resultados consiste na discussão técnica dos resultados, em

que se destacam aproximações e distanciamentos do caso específico (como

relatado na segunda parte da metodologia), em relação ao perfil genérico da

temática (como apresentado no referencial teórico).

Com base nos elementos analisados e apresentados anteriormente são feitas

recomendações e sugestões para futuros estudos de problemas semelhantes.

Normalmente (com base na análise dos resultados deste caso específico),

recomendam-se/sugerem-se possíveis aplicações em experiências semelhantes,

seja de cuidados especiais a serem observados, seja de ajustes julgados

necessários, de modo a repetir o sucesso do caso relatado ou superar as suas

limitações.

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Pode-se apreender do que foi exposto acima, que a proposta de utilizar o

estudo de caso é a metodologia mais apropriada para o escopo desse trabalho. Por

essa razão, trar-se-ia o referencial teórico a ser aplicado, serão apresentados as

demonstrações segundo a perspectiva exposta, serão analisados os resultados

obtidos e feitas as observações pertinentes quanto aos limites encontrados na

aplicação do modelo de fluxo de caixa ao cálculo de valor da empresa.

1.4 Descrição dos capítulos

O capítulo 2 trata da estrutura do mercado financeiro em quatro segmentos

mais característicos: o monetário, o de crédito, o de capitais e o de câmbio.

É no mercado de capitais que buscará identificar a percepção de valor que os

investidores têm das empresas e qual é o valor atribuído a elas pelo mercado.

A estrutura do sistema financeiro brasileiro é descrita, em seguida, buscando

mostrar qual é o contexto em que as empresas operantes no mercado de capitais

oferecem as informações produzidas conforme as normas dos relatórios financeiros

oficiais.

Mais adiante, no mesmo capítulo, aprofunda-se a observação do mercado de

capitais e da operação em Bolsas de Valores nas quais as ações das empresas são

transacionadas definindo o valor da empresa no cotidiano das negociações do

mercado.

No capítulo 3, descreve-se a forma como a teoria financeira tem tratado as

informações das empresas e os diversos objetivos alcançados em cada estágio do

seu desenvolvimento.

Mostra-se, ainda, um raciocínio sobre o valor da informação buscando

demonstrar como se poderia calcular o valor de estratégias a partir do uso que elas

poderiam fazer de informações.

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Trata-se, depois, do conceito de informação relevante como a que aumenta a

probabilidade de se obterem os resultados almejados na definição de uma

estratégia.

Após essa exposição, no capítulo 4, analisam-se as qualidades básicas da

informação contábil tais como: a relevância, a confiabilidade, a comparabilidade e a

materialidade. Assume-se ser essa a informação relevante disponível no contexto

deste trabalho tendo em vista os grupos de interesse que são discutidos na

seqüência do capítulo e a sua disponibilidade conforme os requisitos definidos em lei

específica.

Nesse momento, entende-se oportuno examinar a composição e a estrutura

dos relatórios contábeis.

Discute-se a importância da divulgação financeira e da lei 6.404/76, a lei

brasileira das sociedades anônimas, a conhecida Lei das S/A e relatam-se as

demonstrações financeiras que são requeridas das empresas de capital aberto.

Identifica-se, a seguir, cada um dos elementos constitutivos das

demonstrações contábeis segundo a lei citada, buscando identificar no seu conteúdo

informações que são úteis na análise do valor da empresa.

Essa utilidade é potencializada pelos instrumentos de avaliação construídos a

partir dos indicadores analíticos baseados nas demonstrações contábeis, que se

descrevem na penúltima parte do capítulo.

Encerra-se o capítulo com uma digressão acerca do significado da palavra

valor no âmbito deste trabalho.

Os modelos de cálculo de valor propostos na literatura de referência são

objeto de estudo no capítulo 5. Nele são descritas os principais conceitos e os

instrumentos construídos a partir deles que são usualmente utilizados para se

calcular o valor de empreendimentos e negócios.

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São descritos modelos cujas informações são extraídas dos relatórios

financeiros. Eles possuem particular interesse para a elaboração do caso, objeto do

capítulo que segue.

O capítulo 6 aplica os conceitos, modelos e ferramentas apresentados ao

caso selecionado: os demonstrações financeiros da Companhia Vale do Rio Doce.

Essas demonstrações são consideradas, como foi dita anteriormente, modelo de

excelência pela ANEFAC (Associação Nacional dos Executivos de Finanças,

Administração e Contabilidade). Também são descritos, nessa seção, os critérios

utilizados para a escolha dessa empresa, principalmente a facilidade de acesso à

sua informação contábil.

O capítulo 7 é a conclusão na qual se discutem as principais inferências

acerca da proximidade entre o valor calculado a partir do modelo teórico do fluxo de

caixa descontado (DFC) aplicado sobre as demonstrações contábeis de uma

empresa e o valor médio que lhe é atribuído mercado acionário.

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CAPÍTULO 2

O MERCADO FINANCEIRO

2.1 Origens do mercado

O surgimento do mercado financeiro atendeu à necessidade de intermediação

entre possuidores e não possuidores de capital. A existência de agentes

econômicos que têm projetos de investimento cujas taxas de retorno são superiores

à taxa pela qual alguém que tenha capital disponível esteja interessado em

emprestá-lo, criou a necessidade de intermediação financeira.

Segundo Copeland (1992:330):

“O propósito dos mercados de capitais é transferir eficientemente fundos

entre ofertantes (poupadores) e tomadores (emprestadores). Indivíduos ou

firmas podem ter mais oportunidades de investimentos produtivos com

retornos acima do custo do dinheiro no mercado do que fundos para aplicar

nestas oportunidades. Se houver mercado de capitais, eles podem emprestar

os recursos necessários. Emprestadores que possuem fundos excedentes

após esgotarem todas as suas oportunidades produtivas com retornos

superiores à taxa de juros do mercado desejarão emprestar seus recursos

excedentes por que a taxa de empréstimo será superior à de outra aplicação

produtiva qualquer.”

Portanto, a condição implícita para a existência de um mercado de capitais é

a existência de recursos acumulados de um lado e oportunidades de investimento

de outro.

Para que um indivíduo tome a decisão de acumular são necessários dois

tipos de informações segundo Copeland (1992:3):

“Primeiro, ele tem que entender suas próprias escolhas subjetivas entre

consumo agora e consumo no futuro. Segundo, ele precisa conhecer as

escolhas viáveis entre consumo presente e futuro que são tecnologicamente

possíveis”.

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Em outras palavras, após entender o que é valioso para cada indivíduo, ou

qual é o seu objeto de escolha é necessário entender a viabilidade de ser efetivada

a opção escolhida.

Um modelo simples extraído desse autor propõe indivíduos com uma renda

inicial que buscam maximizar a utilidade total obtida desses recursos. Eles devem

decidir se gastam seu dinheiro agora ou no futuro.

Eles somente optarão pela alternativa de adiar o consumo caso ele possa ser

no futuro maior do que seria hoje. Essa comparação define a taxa de retorno aceita

pelos indivíduos para aumentar seu consumo total num dado período de tempo.

Conforme publicação da Bolsa de Valores de São Paulo BOVESPA (1999:4) a

base para um investimento é a poupança que, nesse texto, está definida assim:

“Os recursos necessários para uma aplicação provêm da parcela não

consumida da renda, a qual se denomina poupança. Qualquer pessoa que

tenha uma poupança (por menor que seja seu valor) ou uma disponibilidade

financeira pode efetuar um investimento, dele esperando obter”:

a) segurança: reserva para qualquer despesa imprevista ou uma garantia

para o futuro

b) rentabilidade: boa remuneração (entenda-se retorno) do investimento

c) valorização: crescimento do capital investido

d) proteção: defesa contra eventual desvalorização do dinheiro

e) desenvolvimento econômico: oportunidade de associação com

empresas dinâmicas

f) liquidez: rápida disponibilidade do dinheiro aplicado.

Do outro lado dessa equação, estão grupos interessados em emprestar esse

dinheiro tais como: empresas, indivíduos e governos que têm necessidade de

capital.

O mercado financeiro é o local no qual as empresas e as organizações que

estão buscando empréstimos se encontram com aquelas que possuem fundos

excedentes.

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A segmentação do mercado financeiro que será utilizada foi extraída de

Securato (2005:19) e de Assaf (2003:106) que concordam em pelo menos quatro

subdivisões para o mercado financeiro:

1) Mercado monetário;

2) Mercado de crédito;

3) Mercado de capitais;

4) Mercado cambial.

Assaf (2003:106) comenta o caráter acadêmico dessa segmentação e

reconhece a interação existente entre os diversos segmentos. O termo comum

desses mercados é a taxa de juros entendida como sua moeda de troca. Como diz

Securato (2005:19), em linhas gerais, o mercado financeiro é aquele dos

emprestadores e tomadores de empréstimos, que o fazem através de uma taxa de

remuneração do dinheiro chamada de juros ou taxa de juros, quando é expressa em

termos percentuais.

Segundo esses autores, no mercado financeiro é possível encontrar uma

grande variedade de investimentos e produtos que envolvem dinheiro e títulos

apropriados ao interesse individuais dos possuidores de capital. A tomada de

decisão sobre investimento, usualmente, leva em conta a estrutura de cada mercado

e o perfil de risco e retorno de cada investidor.

2.1.1 O mercado monetário

As operações de curto e curtíssimo prazo desenrolam-se nesse mercado, o

que permite um controle ágil e rápido da liquidez da economia e da taxa de juros

básica objeto da gestão da política econômica das autoridades monetárias.

Segundo Assaf (2003:107), a estrutura do mercado monetário é estabelecida

visando ao controle da liquidez monetária de economia e os papéis que lastreiam as

operações desse mercado, caracterizam-se pelos reduzidos prazos de resgate e alta

liquidez.

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Os títulos mais negociados são papéis emitidos pelo Tesouro Nacional com o

objetivo de financiar o orçamento público nacional, estadual e municipal. Além

desses são, ainda, negociados, nesse mercado, os certificados de depósitos

interfinanceiros (CDI), exclusivamente entre instituições financeiras, títulos de

emissão privada, certificados de depósito bancário (CDB) e debêntures.

Securato (2005:39) comenta que grande parte dos títulos negociados no

mercado monetário é composta por documentos escriturais o que significa

inexistência de emissão física. A organização da liquidez do sistema e das

transferências de titularidade é controlada e mantida por dois sistemas especiais

denominados: Sistema Especial de Liquidação e Custódia e Central de Títulos

Privados, cujas siglas são SELIC e CETIP, respectivamente. O primeiro encarrega-

se das negociações com títulos públicos enquanto o segundo trata de forma

semelhante os títulos privados.

2.1.2 O mercado de crédito

Nesse mercado o principal objetivo é, segundo Securato (2005:65), suprir as

necessidades de curto e médio prazos dos vários agentes econômicos, seja por

meio da concessão de créditos às pessoas físicas, seja por empréstimos e

financiamentos às empresas.

Os operadores típicos desse segmento são as instituições financeiras

bancárias, bancos comerciais e múltiplos e têm sido área de constantes evoluções

em termos de produtos oferecidos, segundo Assaf (2003:118). Uma dessas

evoluções são as operações voltadas para o financiamento de bens de consumo

duráveis, com oferta de recursos financeiros de médio prazo, por meio de

instituições financeiras não bancárias, para os consumidores dessa classe de bens.

2.1.3 O mercado de câmbio

O mercado cambial é aquele em que têm lugar as operações de compra e

venda de moedas internacionais conversíveis.

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Assaf (2003:134) afirma ser esse o mercado no qual se reúnem todos os

agentes econômicos que tenham motivos para realizar transações com o exterior.

Os operadores desse mercado são agentes econômicos que realizam transações

com outros países, tais como: operadores de comércio internacional, instituições

financeiras, investidores e bancos centrais.

Operações mais comuns, nesse mercado, são: exportações e importações,

pagamentos de dividendos, juros e principal de dívidas, royalties e recebimentos de

capitais e outros valores.

Também esse mercado é alvo de política econômica, sendo campo de

atuação do Banco Central visando ao controle das reservas cambiais da economia e

a manutenção do valor da moeda nacional em relação a outras moedas

internacionais.

De acordo com Assaf (2003:134):

“As operações cambiais processam-se basicamente por meio de operadores

(corretores) de câmbio, que são especialistas vinculados às instituições

financeiras na função de transacionar divisas, e as corretoras de câmbio, que

atuam como intermediários entre os operadores e os agentes econômicos

interessados em comprar e vender moedas.”

Securato (2005:55) comenta que, nesse mercado, são identificados quatro

níveis de participantes agrupados segundo seus interesses específicos: os usuários

tradicionais, os Bancos Comerciais, os Corretores de Câmbio e o Banco Central.

No primeiro grupo, encontram-se os usuários tradicionais: turistas,

importadores, exportadores, investidores e outros.

No segundo, estão os Bancos Comerciais que intermediam usuários e

recebedores de câmbio.

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O terceiro é formado pelos Corretores de Câmbio, através dos quais os

Bancos Comerciais nivelam as suas entradas e saídas de câmbio entre si.

No quarto grupo, está o Banco Central do país, que é o comprador em última

instância e que atua para manter o equilíbrio das despesas totais do país com

câmbio.

2.1.4 O mercado de capitais

Esse mercado negocia recursos de médio e longo prazo e é um instrumento

fundamental da política de desenvolvimento econômico.

Com base em Securato (2005:77), sabe-se que o mercado de capitais

envolve as operações com valores mobiliários que são ações, debêntures,

commercial papers, bônus de subscrição de médio e longo prazo.

É fonte fundamental de recursos permanentes para a economia, em virtude

da ligação que realiza entre os que têm capacidade de poupança, ou seja, os

investidores, e aqueles agentes econômicos carentes de recursos de longo prazo.

Ainda com base em Securato (2005:77), entende-se que esse mercado provê

recursos de longo prazo para as empresas ao mesmo tempo em que dilui os riscos

por criar mecanismos de liquidez para as trocas de posição dos investidores.

Assaf (2003:124) afirma que esse mercado está estruturado de forma a suprir

as necessidades de investimentos dos agentes econômicos, por meio de diversas

modalidades de financiamento de médio e longo prazos para capital de giro e capital

fixo. Nele operam as instituições financeiras não bancárias, instituições do Sistema

Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e diversas instituições auxiliares que

podem ser vistas no quadro 1 apresentado mais adiante.

Esse é o mercado em que uma das informações mais relevantes deste

trabalho será encontrada: a que estabelece o valor de mercado da empresa em

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estudo, resultado da multiplicação da quantidade de ações emitidas pelo valor de

mercado de cada ação. Esse tema será desenvolvido posteriormente.

2.2 A Estrutura do Sistema Financeiro Nacional

O sistema no qual os quatro mercados anteriormente mencionados existem é

conhecido como Sistema Financeiro Nacional (SFN).

“O Sistema Financeiro Nacional é composto por instituições responsáveis

pela captação de recursos financeiros, pela distribuição e circulação de

valores e pela regulação desse processo. O Conselho Monetário Nacional

(CMN), seu organismo maior, presidido pelo Ministro da Fazenda, é que

define as diretrizes de atuação do sistema. Diretamente ligado a ele estão o

Banco Central do Brasil (BCB), que atua como seu órgão executivo, e a

Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que responde pela regulamentação

e fomento do mercado de valores mobiliários (de bolsa e balcão organizado)”.

Securato (2005:77).

A estrutura geral do SFN pode ser vista na figura 1 abaixo.

Orgãos normativos Entidades Supervisoras

Banco Central do Brasil - Bacen

Instituições financeiras captadoras de depósitos à vista

Demais instituições financeiras

Comissão de Valores Mobiliários - CVM Bolsas de valores

Bolsas de mercadorias e futuros

Superintendência de Seguros Privados - Susep

IRB-Brasil Resseguros

Conselho de Gestão da Previdência Complementar - CGPC

Secretaria de Previdência Complementar - SPC

Composição do Sistema Financeiro Nacional - SFN

Entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão)

Operadores

Fonte: Banco Central do Brasil - sítio internetFigura 1: Sistema Financeiro Nacional -SFN

Outros intermediários financeiros e administradores de recursos de terceiros

Conselho Monetário Nacional - CMN

Sociedades seguradoras Sociedades de capitalização

Entidades abertas de previdência complementar

Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP

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Veja-se sucintamente o papel de cada um desses três principais órgãos

normativos: o Conselho Monetário Nacional (CMN), O Banco Central do Brasil

(BACEN) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

2.2.1 O Conselho Monetário Nacional (CMN)

Conforme exposto no sítio do Banco Central do Brasil, o CMN é um órgão

normativo sem funções executivas e dele se originam as diretrizes gerais para o bom

funcionamento do SFN.

Dentre suas funções estão: adaptar o volume dos meios de pagamento às

reais necessidades da economia; regular o valor interno e externo da moeda e o

equilíbrio do balanço de pagamentos; orientar a aplicação dos recursos das

instituições financeiras; propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos

instrumentos financeiros; zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;

coordenar as políticas: monetária, de crédito, orçamentária e da dívida pública

interna e externa.

Segundo Assaf (2003:78), as principais competências atribuídas ao CMN são:

a) fixar as diretrizes e as normas da política cambial, assim como

regulamentar as operações de câmbio, visando ao controle da

paridade da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos;

b) regulamentar as taxas de juros e remunerações das instituições

financeiras;

c) zelar pela liquidez e regular a constituição e o funcionamento das

instituições financeiras;

d) estabelecer diretrizes de operação das instituições financeiras;

e) implementar medidas de prevenção e correção de desequilíbrios

macro econômicos;

f) disciplinar a criação e concessão de instrumentos de crédito e

orientar as instituições financeiras na aplicação de seus recursos e

g) regular as operações de redescontos e as operações no âmbito do

mercado aberto.

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2.2.1.1 O Banco Central do Brasil (BACEN)

O BACEN é, na definição exposta em Assaf (2003:79), o principal poder

executivo das políticas traçadas pelo CMN e órgão fiscalizador do SFN.

No sítio na Internet do próprio Banco, sua atuação aparece como:

a) fiscalizador e disciplinador;

b) responsável por atribuir penas por desvio de conduta;

c) gestor do sistema financeiro;

d) executor da política monetária e

e) Banco do governo.

Suas atribuições, conforme Assaf (2003:80) podem ser resumidas como

segue:

a) fiscalizar as instituições financeiras e aplicar penas por desvio de conduta;

b) autorizar o funcionamento e estruturação das instituições financeiras;

c) controlar as operações de redesconto e de empréstimo no âmbito das

instituições financeiras bancárias;

d) emitir dinheiro e controlar a liquidez do mercado;

e) efetuar o controle do crédito;

f) controlar fluxo de capitais estrangeiros;

g) receber e controlar os depósitos compulsórios dos bancos;

h) efetivar as operações de compra e venda de títulos públicos e federais;

i) executar operações de política monetária.

2.2.1.2 A Comissão de Valores Monetários (CVM)

Segundo BOVESPA (1999:13-14), a Comissão de Valores Mobiliários – CVM

é um órgão normativo que funciona como uma autarquia especial, vinculada ao

Ministério da Fazenda, cujo trabalho é voltado para o desenvolvimento, a disciplina e

a fiscalização do mercado de valores mobiliários não emitidos pelo sistema

financeiro e pelo Tesouro Nacional.

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Foi criada em 1976 pelo texto da Lei 6.385 e sua atuação, de um modo geral,

refere-se a:

a) estimular a aplicação de poupança no mercado acionário;

b) assegurar o funcionamento eficiente e regular das Bolsas de Valores e

instituições auxiliares que operem nesse mercado;

c) proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e

outros tipos de atos ilegais que manipulem preços de títulos mobiliários

nos mercados primários e secundários de ações;

d) fiscalizar a emissão, o registro, a distribuição e a negociação de títulos

emitidos pelas sociedades anônimas de capital aberto.

e) assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários

negociados e sobre as companhias que os tenham emitido

São considerados valores monetários as ações, partes beneficiárias,

debêntures, bônus de subscrição, certificados de depósito de valores mobiliários,

nota promissória comercial, índices representativos de ações, opções de compra e

venda de valores mobiliários, direitos de subscrição, recibos de subscrição, cotas de

fundos de renda variável e fixa, cotas de fundos imobiliários e assemelhados.

A CVM tem poder de promover inquéritos administrativos, examinar registros

contábeis, livros e documentos de empresas e/ou pessoas sujeitas à sua

administração e penalizar atos considerados ilegais e supervisiona a publicação dos

relatórios financeiros.

2.3 O mercado acionário e as ações

Esse é o mercado regulado pela CVM e nele são negociadas as ações de

empresas de capital aberto. Na realidade brasileira, essas empresas são as

sociedades anônimas regidas pela lei 6.404/76.

“Ações são títulos de renda variável, que são emitidos por sociedades

anônimas, e que representam a menor fração do capital da empresa

emitente. Podem ser escriturais ou representadas por cautelas ou

certificados. O investidor em ações é um co-proprietário da sociedade

anônima da qual é acionista, participando dos seus resultados. As ações são

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conversíveis em dinheiro, a qualquer tempo, pela negociação em bolsas de

valores ou no mercado de balcão.” BOVESPA (1999:8).

2.3.1 A Bolsa de Valores

BOVESPA (1999:14) define as Bolsas de Valores como:

“associações civis sem fins lucrativos e com funções de interesse público.

Atuando como delegadas do poder público, têm ampla autonomia em sua

esfera de responsabilidade. Além de seu papel básico de oferecer um

mercado para a cotação dos títulos nela registrados, orientar e fiscalizar os

serviços prestados por seus membros, facilitar a divulgação constante de

informações sobre as empresas e sobre os negócios que se realizam sob seu

controle, as bolsas de valores propiciam liquidez às aplicações de curto e

longo prazo, por intermédio de um mercado contínuo, representado por seus

pregões diários.”

As Resoluções n° 2.690 e n° 2.709, ambas do Banco Central, flexibilizaram,

através de novo conjunto de normas, as atividades das Bolsas de Valores em

funcionamento no Brasil. A partir de então, elas podem deixar de ser entidades sem

fins lucrativos e passar a ser sociedades anônimas com a participação inclusive de

pessoas físicas na composição de seu capital, gozando de autonomia financeira,

patrimonial e administrativa.

Outros objetivos da Bolsa de Valores são: realizar liquidações de forma

segura e eficiente, manter registros das operações, manter um sistema de

negociações capaz de garantir liquidez ao mercado e exercer poder de fiscalização

para garantir o cumprimento da legislação e das normas vigentes disciplinadoras das

operações em Bolsa. Assaf (2003:247).

2.3.2 Os momentos do mercado acionário

Assaf (2003:239) divide o mercado em função de ser o título negociado pela

primeira vez ou não. Existem condições específicas para cada situação desenrolar-

se. Veja-se:

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20

“Uma outra classificação do mercado financeiro envolve o momento da

negociação do título no mercado. O lançamento de um novo ativo financeiro

ocorre no mercado primário; essencialmente, todo ativo financeiro é

colocado no mercado (negociado pela primeira vez) por meio do mercado

primário. Negociações posteriores, em Bolsa de Valores ou em Mercado de

Balcão, envolvendo compras e vendas de títulos já lançados entre

investidores, são realizadas no mercado secundário. Nesse critério, o

mercado acionário pode também ser identificado por meio desses dois

segmentos distintos de operações. No mercado primário, ocorre a

canalização direta dos recursos monetários superavitários, disponíveis aos

poupadores, para o financiamento das empresas, por meio da colocação

(venda) inicial das ações emitidas. No mercado secundário são

estabelecidas as renegociações entre os agentes econômicos das ações

adquiridas no mercado primário. Os valores monetários das negociações

realizadas nesse mercado não são”. transferidas para o financiamento das

empresas, sendo identificados como simples transferências entre os

investidores. A função essencial do mercado secundário é dar liquidez ao

mercado primário, viabilizando o lançamento de ativos financeiros.”

As transações na Bolsa de Valores definem preços que parecem representar

a avaliação que fazem os investidores do desempenho econômico da empresa

emitente. No mercado secundário, quanto mais os investidores entendem os graus

de sucesso do empreendimento maior liquidez suas ações representativas terão.

Ele, ainda, acrescenta:

“Outras importantes contribuições do mercado secundário são seu papel

informacional, pela incorporação das informações relevantes aos preços dos

papéis negociados; e transferência de riscos entre os investidores por meio

da constituição de carteiras.”

2.3.2.1 O primeiro momento - A abertura de capital

Uma empresa decide abrir seu capital por algumas razões específicas, dentre

elas podem ser citadas, conforme Securato (2003:111):

1) Proporciona um instrumento de capitalização permanente de recursos;

2) Possibilita à empresa dispor de recursos para novos investimentos;

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21

3) Permite a reestruturação de passivos com perfil inadequado.

Adicionalmente, lembra-nos Assaf (2003:246), outras vantagens são:

“um menor risco financeiro da empresa diante de uma maior

capitalização, melhores condições de liquidez para os acionistas realizarem

seu patrimônio, incentivo à profissionalização das decisões da empresa,

facilitando inclusive o processo sucessório e (re)arranjos societários,

melhoria da imagem institucional.”

Por outro lado, esse autor, no mesmo trecho, comenta as exigências

decorrentes dessa decisão que obriga a empresa a uma maior transparência na

gestão e outros custos associados: legais e institucionais, de divulgação e

publicidade e com os intermediários financeiros que tomarão parte no lançamento

das ações.

As obrigações legais e institucionais referem-se às taxas e emolumentos

decorrentes do atendimento às exigências da legislação.

As de divulgação e publicidade são relacionadas à comunicação ao mercado

das intenções da empresa em relação à abertura de capital. São necessárias para

maximizar a aceitação da proposta pelos potenciais investidores.

Os custos de intermediação referem-se às comissões cobradas pela

coordenação dos trabalhos de lançamento e colocação do papel junto ao investidor.

2.3.2.2 O mercado primário

O mercado convenciona chamar esse primeiro lançamento de Initial Public

Offer (IPO) e é realizado através de operações de underwriting.

Nesse caso, a empresa coloca títulos no mercado conhecido como primário,

intermediada por uma instituição financeira, e, com isso, atrai novo sócio e capital

para financiar seu crescimento.

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22

Securato (2005:79) comenta que o mercado primário compreende a oferta

pública de novos valores mobiliários, com aporte de recursos à companhia.

2.3.2.3 Preço de emissão da ação no mercado primário

O preço de uma ação no momento da emissão no mercado primário é

estratégico para o sucesso da captação dos recursos necessários à expansão do

negócio.

Segundo Assaf (2003:244):

“A fixação do preço de emissão de uma ação é importante para o sucesso

da operação de subscrição pública, principalmente para os atuais acionistas

definirem seu direito de preferência.”

A lei das sociedades anônimas estabelece alguns parâmetros para o preço de

emissão. O preço de emissão leva em conta a cotação das ações no mercado

secundário, o valor do patrimônio líquido e as perspectivas de rentabilidade da

companhia.

Assaf (2003:244) acrescenta dizendo que na realidade cotidiana, se buscam

colocar as ações no mercado primário a um preço inferior àquele praticado no

mercado secundário tornando, dessa forma, o direito de subscrição dos acionistas

atuais torna-se um bom negócio.

O cálculo adequado do preço evita problemas para empresa que estiver

fazendo a oferta, de ter que enfrentar longos processos contra discordantes

(normalmente os minoritários cujos direitos preserva a legislação). Processos como

esses custam caro e atrasam consideravelmente o andamento dos negócios das

empresas envolvidas nesse tipo de confronto.

A questão do cálculo é séria em tal ordem que existem critérios e métodos

para avaliação reconhecidos e mais aceitos no mercado financeiro e de capitais que

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23

se encontram denominados no artigo 8° § 3° Alíneas I a VI da Instrução da

Comissão de Valores Mobiliários (CVM) número 361. O objetivo da instrução é

encontrar metodologia que seja a mais consensual possível e evite confrontações

desnecessárias e custosas entre os acionistas.

Portanto, para o cálculo do valor das ações em oferta pública, ele poderá ser:

“I – preço médio ponderado de cotação das ações da companhia objeto na

bolsa de valores ou no mercado de balcão organizado, nos últimos 12

(doze) meses, se houver, discriminando os preços das ações por espécie e

classe”;

II – valor do patrimônio líquido por ação da companhia objeto apurado nas

últimas informações periódicas enviadas à CVM (Comissão de Valores

Mobiliários);

III – valor econômico da companhia objeto por ação, calculado pela regra do

fluxo de caixa descontado ou por múltiplos, conforme se entender

fundamentadamente mais adequado ao caso da companhia, de modo a

avaliá-la corretamente;

IV – valor da companhia segundo o critério de avaliação adotado pelo

ofertante para a definição do preço justo, se for o caso, e não estiver

abrangido nos incisos anteriores;

V – declaração do avaliador:

a) quanto à quantidade de ações de emissão da companhia objeto de que

ele próprio, seu controlador e pessoas a eles vinculadas sejam titulares, ou

que estejam sob sua administração discricionária;

b) sobre o critério de avaliação, dentre os constantes do laudo, que lhe

pareça mais adequado à definição do preço justo, se for o caso;

c) de que não tem conflito de interesses que lhe diminua a independência

necessária ao desempenho de suas funções;

d) do custo do laudo de avaliação; e

VI – as planilhas de cálculo e projeções utilizadas na avaliação por valor

econômico, com destaque para as principais premissas utilizadas e a

justificativa para cada uma delas.

§ 4o O laudo de avaliação poderá avaliar a companhia em uma faixa de

valores mínimo e máximo, desde que a diferença entre tais preços não

ultrapasse 10% (dez por cento).” (CVM Instrução Normativa n° 361).”

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24

Em decorrência dos tipos de ações permitidas na lei brasileira, a emissão irá

decidir entre ações preferenciais ou ordinárias.

A lei estabelece um limite de 50% do capital social total expresso em ações

preferenciais.

Além disso, é importante avaliar as condições financeiras dos atuais

acionistas de forma a preservar as suas participações acionárias.

2.3.3 O mercado secundário

2.3.3.1 Os tipos de ações

As ações podem ser classificadas no mercado secundário segundo seu tipo e

sua forma, conforme BOVESPA (1999:8) e no caso brasileiro elas podem ser quanto

ao tipo:

“Ordinárias: proporcionam participação nos resultados da empresa e

conferem ao acionista direito de voto em assembléias gerais”.

Preferenciais: garantem ao acionista a prioridade no recebimento de

dividendos (geralmente em percentual mais elevado e/ou prefixado do que o

atribuído às ações ordinárias) e no reembolso de capital, no caso de

dissolução da sociedade.”

E quanto à forma:

“Nominativas: cautelas ou certificados que apresentam o nome do acionista,

cuja transferência é feita com a entrega da cautela e a averbação de termo,

em livro próprio da sociedade emitente, identificando novo acionista”.

Escriturais: ações que não são representadas por cautelas ou certificados,

funcionando como uma conta corrente, na qual os valores são lançados a

débito ou a crédito dos acionistas, não havendo movimentação física dos

documentos.”

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2.3.3.2 Os tipos de negociação

BOVESPA (1999:8-15) o sistema de negociação existente no Brasil é conhecido

como trading post que permite a negociação simultânea de vários títulos durante

todo o período do pregão.

O pregão é o lugar físico onde estão reunidos os operadores autorizados para

realizar negócios na Bolsa de valores. Há postos de negociação, guichês onde estão

agrupadas empresas do mesmo setor econômico e cujas ações possuem volumes

de negociação similares. É um sistema que permite a realização de grandes

volumes de negócios, adequado, portanto, às características das Bolsas Brasileiras,

como a BOVESPA.

Atualmente, o pregão de viva voz foi substituído pelo pregão eletrônico.

Os autores que tratam do tema descrevem três processos tradicionais de

negociação em Bolsa que, de forma resumida, são:

a) Negociação comum: o título a ser negociado é

anunciado em voz alta, conhecido como viva voz,

qualificando a ação e definindo a quantidade, preço

unitário e compra ou venda. O interessado declara-se

em viva voz através da palavra “fechado” e após o

preenchimento de um contrato simplificado de

compra e venda chamado boleta e sua entrega para

registro no posto de negociação, o negócio está

encerrado.

b) Negociação direta: ocorre quando o operador é, ao

mesmo, comprador e vendedor. Nesse caso, a

apregoação é feita por um representante da Bolsa

que aguarda o tempo necessário para que outros

operadores façam suas ofertas e, por fim, conclui os

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26

negócios nos volumes acordados ao maior preço

para a venda e ao menor para a compra.

c) Negociação por oferta: é uma oferta registrada no

posto que sendo aceita por qualquer outro operador

tem prioridade em ser executada. Essa negociação

não exige a presença de um operador e pode ser

efetuada por um funcionário da bolsa no posto em

que for registrada.

2.3.3.3 Os tipos de operação

Em Assaf (2003:250), encontra-se três modalidades de operação no mercado

de ações: à vista, a termo e opções, todas encontradas na BOVESPA.

No mercado à vista a liquidação física, configurada pela entrega dos títulos ao

adquirente, realiza-se no segundo dia útil e o pagamento/recebimento financeiro

envolvido, no dia seguinte ou terceiro dia útil tomando como referência o dia da

negociação. A liquidação é efetuada pela Companhia Brasileira de Liquidação e

Custódia (CBLC).

No mercado a termo, são firmados contratos nos quais são acordados:

quantidade, preço e data de realização futura de um negócio com ações.

Os prazos de liquidação permitidos podem chegar a 180 dias e todos

permitem liquidação antecipada.

São exigidas garantias tanto do vendedor quanto do comprador.

A garantia inicial corresponde, no mínimo, a 20% do valor do contrato e, no

máximo, a 100% e depende da ação objeto, em função da volatilidade observada no

comportamento de seu preço e de sua liquidez nos últimos seis meses.

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Assaf (2003:250) acrescenta que a determinação das garantias é atribuição

da CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia) e que todos os papéis

negociados na BOVESPA podem tornar-se um título objeto nesse mercado.

Como parte de uma estratégia de investimento, o mercado a termo é capaz

de possibilitar ganhos de financiamento e maximização de receitas.

Os ganhos de financiamento podem ser obtidos comprando-se os títulos no

mercado à vista e revendendo-os no mercado a termo. A diferença entre os preços

em cada operação constitui uma remuneração similar a uma taxa de juros da

operação.

A maximização de receita decorre da possibilidade de vender as ações a um

preço futuro maior caso não exista necessidade imediata de recursos por parte do

proprietário dos títulos.

Por fim, a terceira modalidade de operação é o mercado de opções no qual

estão envolvidas negociações de direitos de compra e venda de ações, chamados

de call, no caso de opção de compra, que é o direito de comprar, e de put, no caso

de opção de venda, ou direito de vender.

O comprador da opção, ainda, pode negociar antecipadamente o prêmio pago

no mercado caso não queira exercer seu direito de compra ou venda até a data de

vencimento da opção.

2.3.3.4 O preço no mercado secundário

O preço de uma ação em Bolsa é fruto das condições de mercado (oferta e

demanda) que reflitam as condições estruturais e comportamentais da economia do

País e específicas da empresa e de seu setor econômico.

As ações são precificadas segundo as expectativas dos agentes econômicos

sobre as perspectivas do ambiente macro e micro econômico, além das específicas

da empresa cuja ação está em foco.

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Assaf (2003:383) diz que há duas escolas principais que analisam as

tendências de preços das ações no mercado secundário: a escola gráfica e a

fundamentalista.

Não é escopo deste trabalho aprofundar a descrição do que é cada escola,

mas vejam-se, abaixo, algumas de suas características principais uma vez que é

relevante que se saibam as influências sobre a determinação dos preços das ações.

A escola gráfica toma por base o histórico de preços de uma ação buscando

determinar o momento mais apropriado para a compra e venda dos títulos em

função de comportamentos anteriores similares.

A escola fundamentalista, a seu turno, assenta suas análises nos resultados

do setor econômico no qual está inserida a empresa e na performance específica da

própria companhia como parâmetros para a determinação do preço de sua ação no

mercado.

Esse autor descreve alguns dos principais indicadores relacionados a cada

empresa específica que influenciam a decisão dos investidores sobre que valor

atribuir às ações de dada companhia:

a) beta com o índice da Bolsa (movimento relativo da ação em relação

ao movimento do índice da Bolsa)

b) preço da ação no mercado;

c) lucro por ação;

d) índice preço / lucro;

e) índice preço / valor patrimonial da ação;

f) índice dividendo / preço de mercado da ação – cash yield ou

dividend yield;

g) índice dividendo / lucro – pay out e

h) índice preço / fluxo de caixa operacional.

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Segundo Assaf (2003:384), a cuidadosa análise dos últimos balanços e

demonstrações financeiras é que dará os melhores indicadores para qualquer

decisão relativa a investimentos em ações.

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30

CAPÍTULO 3

O PAPEL DA INFORMAÇÃO NO MERCADO ACIONÁRIO

3.1 A evolução da teoria de finanças

Haugen (1999: 1-10) afirma que a teoria de finanças teve por base, ao longo

dos últimos 40 anos, o paradigma dos mercados eficientes.

Segundo esse autor, numa fase anterior aos atuais paradigmas das finanças

modernas o aprendizado estava focado no ajuste das demonstrações contábeis de

forma a permitir a sua comparabilidade e, assim, permitir a tomada de decisões

sobre o melhor investimento. Ele cita como principais autores dessa fase Benjamim

Graham e David Dodd.

Outro aspecto enfatizado pelas escolas de administração financeira naquele

período era o Direito, segundo ele. Importava, sobremaneira, o conjunto de leis que

regulam as fusões e aquisições, falências e reorganizações.

Com isso, tornava-se muito importante o domínio teórico e prático em

Contabilidade e Direito para orientar as decisões de investimento.

Em seguida a essa fase surge o primeiro importante paradigma das finanças

modernas com a criação da ferramenta de otimização de carteiras de ações por

Harry Markowitz.

De acordo com Markowitz (1952:77-91), as informações relevantes sobre os

títulos de uma empresa são três:a média aritmética do retorno, o desvio-padrão dos

retornos e a correlação entre os retornos desse ativo e os de outros ativos de uma

carteira de investimento.

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A aplicação dessa ferramenta propõe estabelecer a quantidade ideal de

investimento para cada título em uma carteira diversificada de forma a reduzir o

risco, medido pela variabilidade dos retornos em torno de uma meta predeterminada.

Dessa forma, a principal informação não vinha mais dos livros de Direito ou

da Contabilidade. Ela era obtida no próprio mercado de ações, no histórico de

preços negociados de cada título.

Haugen (1999:5) aponta, ainda, outro teorema como referência da moderna

teoria de finanças. Ele foi proposto por dois economistas, Miller e Modigliani,

chamada de os teoremas da irrelevância de M&M.

Segundo esses autores, a informação relevante para determinar o valor de

uma empresa é aquela apresentada no lado direito do balanço, isto é, a

discriminação de seus ativos e investimentos. O lado direito que relata os seus

passivos ou fontes de financiamento é irrelevante para a determinação do valor de

uma companhia.

Essa irrelevância pressupõe que os títulos de crédito são precificados em um

mercado eficiente o que garantiria a ausência de distorções capazes de afetar o

valor da empresa.

Nesse caso, a informação relevante é a composição dos ativos da empresa e

a sua capacidade de gerar retornos com o seu uso.

Duas outras importantes teorias sobre preços das ações são citadas como

paradigmas de finanças modernas ainda no entendimento do autor citado:

O Modelo de Determinação dos Preços dos Ativos (Capital Asset Pricing

Model – CAPM)) pressupõe o uso universal e irrestrito da ferramenta de otimização

de Harry Markowitz.

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Segundo Haugen (1999:5), o modelo foi descoberto simultaneamente e de

forma independente por John Lintner (1965), Jim Mossin (1966) e William Sharpe

(1964), embora a literatura comumente atribua a sua descoberta a esse último..

O modelo desenvolvido por esses acadêmicos baseia-se na busca de uma

resposta para a seguinte proposição: se todos os investidores formassem carteiras

de ações empregando a teoria de portifolio de Markowitz e fizessem escolhas

conforme o seu grau individual de aversão ao risco, como seria definido o risco de

uma ação individual e como seria a relação entre risco e retorno esperado e exigido

dos investimentos.

Os autores do modelo, então, propõem:

“Sob tais condições, um único fator tornaria uma ação diferente da outra em

seu retorno esperado. No mundo do CAPM, os investidores controlam

carteiras muito diversificadas. De fato, na forma simples do modelo, todos

nós investimos no índice de mercado. O risco é, portanto, a variabilidade do

retorno deste índice. O risco de uma ação individual é medido por sua

contribuição a essa variabilidade. Eles chamaram esta contribuição de beta

– a sensibilidade do retorno periódico dos valores mobiliários às alterações

no retorno periódico do índice de mercado.”

Nesse contexto, a informação mais importante no modelo CAPM é a

correlação entre a variabilidade dos retornos de um título específico e a variabilidade

do retorno do mercado formado por esse e por todos os outros títulos negociados.

Assaf (2003: 332), ao tratar o tema, define o risco formado pela sensibilidade

como risco sistemático em contraposição ao risco não sistemático que é aquele

eliminável pela diversificação da carteira no modelo de otimização de Markowitz.

O quarto paradigma apresentado forma, em conjunto com os anteriores, os

fundamentos da Teoria Moderna de Finanças e foi proposto por Eugene Fama sobre

o mercado eficiente.

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Fama (1970:383-417) comenta que os preços das ações parecem mudar

aleatoriamente de um período para o seguinte. A hipótese alternativa deveria provar

que as ações sempre respondem de maneira imediata e precisa ao surgimento de

uma informação nova e imprevista.

3.2 Mercados eficientes

Copeland (1992:331) define eficiência do mercado de capitais assim:

“Em um mercado de capitais eficiente, os preços refletem instantânea e

completamente toda informação relevante. Isto quer dizer que quando

ativos são negociados, os preços são sinais precisos para a alocação de

capitais.”.

E Haugen (1999: I) comenta a esse respeito:

“...o preço de cada ação reflete com precisão a melhor estimativa de todos

os dividendos a serem recebidos ao longo da vida da companhia. Dados

estes dividendos projetados e o preço estabelecido pelo mercado eficiente,

pode-se esperar a obtenção de retornos sobre as ações perfeitamente

justos, considerados os riscos relativos das ações e os retornos disponíveis

em qualquer parte dos mercados financeiros”.

Nas condições assinaladas de eficiência de mercado, Fama (1970:383-417)

afirma que nenhum investidor seria capaz de identificar, consistentemente, ativo com

preço em desequilíbrio, de forma a obter ganhos continuados. Caso contrário, a

hipótese de equilíbrio de mercado em função do mecanismo de estabelecimento de

preços teria de ser questionada.

3.3 Informação e mercados eficientes

Fama (1970:383-417) citado em Copeland (1992:332) e referido em seção

anterior por Haugen estabeleceu a operacionalização do conceito de mercado

eficiente de capitais ao definir três tipos de eficiência segundo o impacto causado

pelo uso da informação disponível:

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• Eficiência em forma fraca: nenhum investidor pode obter retornos

acima do mercado através do de regras de negociação baseadas em

informação histórica sobre preços e retornos sobre preços ou retornos

passados. Assim, informação sobre preços ou retornos passados não é

útil ou relevante para atingir retornos superiores ao mercado.

• Eficiência em forma semiforte: nenhum investidor pode obter retornos

superiores lançando mão de informações públicas, tais como relatórios

anuais das companhias abertas;

• Eficiência forte: não é possível obter retornos superiores através do

uso de qualquer tipo de informação, seja pública ou não.

Dessa forma, a atuação dos investidores foca-se na busca sistemática dos

desvios temporários dos preços dos ativos com base na premissa de que eles

retornaram à sua posição de equilíbrio.

“O ajuste de preços a cada nova informação introduzida no mercado é

dependente da capacidade de interpretação e amplitude de sua divulgação

entre os participantes”. Assaf (2003: 287)”

No caso da eficiência em forma fraca, pode-se inferir que retornos superiores

poderiam ser obtidos caso informações sobre os ganhos futuros existissem de forma

confiável e fossem consideradas, conforme afirmação de Assaf (2003: 286-287).

Aparentemente, os mercados comportam-se de forma diferente e poder-se-ia

implementar estratégias de investimento com ganhos diferenciados acima da média

de mercado em situações específicas.

Esse retorno adicional seria possível a partir da obtenção e do uso de

informações relevantes para determinar o valor futuro esperado de um ativo.

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3.4 Preços e informação

Fama (1976:143-145) definiu mercados eficientes como aqueles nos quais a

distribuição conjunta dos preços dos ativos, dado o conjunto de informações usado

pelo mercado para determinar os preços desses ativos em t-1, é idêntico à

distribuição conjunta de preços que existiria caso todas as informações relevantes

disponíveis em t-1 fossem utilizadas.

Para que um conjunto determinado de informações tenha valor, ele tem de

dizer com precisão algo que não se saiba e esse conhecimento deve produzir um

resultado econômico distinto do que seria obtido sem ele, caso uma ação decorrente

seja tomada.

Ainda, segundo Copeland (1992:338):

“se a distribuição de preços no momento t (aquela que foi prevista no

período anterior t-1 baseada na estrutura de informação que o mercado

usa) não for diferente daquela cujos preços foram previstos utilizando toda a

informação relevante do período anterior, não deve então haver diferença

alguma entre a informação que o mercado utiliza e o conjunto de toda

informação relevante. Esta é a essência de um mercado de capitais

eficiente – ele instantânea e completamente reflete toda informação

relevante. Usando a teoria da informação, isto também quer dizer que,

líquido de custos, o valor utilidade do ganho da informação para o indivíduo

n deve ser zero”:

Copeland (1992:338) reflete sobre um tema que é o foco para o entendimento

de um mercado de ações:

“... A estrutura de informação relevante no momento zero é definida como

sendo o conjunto dos preços históricos para todos os ativos (no caso de

mercado de capitais eficientes na sua forma fraca conforme definição de

Fama (1976)). Se os mercados forem eficientes, então a distribuição dos

preços dos ativos já incorporou os preços históricos do passado. Em outras

palavras, não é possível desenvolver regras de comercialização (cursos de

ação) baseado em preços passados que irão permitir que alguém supere o

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mercado. Ninguém pagará por um conjunto de informação de preços

históricos. O valor de tal informação será zero.”

O mercado de capitais é eficiente relativo à informação dada apenas após

considerar os custos de adquirir mensagens e tomar ações em conseqüência delas.

É possível afirmar, também, com base na análise elaborada por Copeland

(1992:333) que o valor utilidade de uma informação possui três partes:

1) As utilidades dos retornos, dada a ação;

2) As ações ótimas: dado o recebimento da mensagem e

3) As probabilidades de ocorrência dos estados de natureza

explicitados pela mensagem.

Como, então, raciocinam os investidores que decidem comprar informação?

Um modelo de decisão é proposto por Cornell e Roll (1981) e Grosmann

(1980) citado por Copeland (1992:344) para analisar o comportamento racional de

indivíduos quando a informação é útil no sentido em que possuí-la representa

melhorar a qualidade das decisões tomadas de forma a obter retornos que não

seriam obtidos sem ela. Nessa situação, a informação teria um preço para ser

obtida.

O opositor analisa a oportunidade

Sim Não

Sim r – c2 = - 2 % dr – c2 = 4 %

O investidor analisa a

oportunidade Não r/d – c1 = - 1 % r – c1 = 2 %

Tabela 1: Retornos líquidos, dada a obtenção de informação com custo

Fonte: Copeland (1992:344)

A tabela acima serve como exemplo e está assentada nas seguintes considerações:

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r = retorno normal esperado = 6%;

d= vantagem competitiva advinda de possuir a informação = 2 x;

c2 = custo da análise = 8%;

c1 = custo sem análise = 4%.

Duas estratégias básicas e seus retornos são demonstrados aqui, segundo

Copeland (1992:345), uma é chamada de estratégia do analista e outra, de

estratégia do selecionador aleatório.

O operador que adota a primeira estratégia adquire informação com o objetivo

de melhorar a qualidade de suas decisões e paga c2 por ela.

Aquele que optou pela segunda estratégia apenas paga o preço c1 para

operar em um mercado no qual a taxa média de retorno r é um valor entre c1 e c2 (c1

< r < c2 ).

Na tabela 1, assumiu-se que a informação comprada dobra a vantagem

competitiva do comprador sempre que ele negocia com um adepto da estratégia de

seleção aleatória e, nesse caso, obtém o melhor resultado possível, 4%.

Entretanto se os dois participantes do mercado utilizarem a postura do

analista e comprarem informação buscando obter vantagem será produzido o pior

resultado para ambos nestas condições, -2%.

Nesse modelo, Cornell e Roll (1981) afirma só existir incentivo para a

aquisição de informação com custo caso os retornos esperados de estratégia de

analista fossem maiores que os retornos esperados da estratégia de escolha

aleatória como descrito pela fórmula abaixo:

E (retorno da estratégia de analista) > E (retorno da estratégia de escolha aleatória)

ou seja,

p( r – c2) + (1-p)(dr –c2) > p(r/d – c1) + (1-p)(r-c1)

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Isso somente ocorre quando a vantagem d obtida pela compra da informação

amplia o retorno r de tal forma que o produto dos dois seja superior ao custo

marginal de efetuar análise.

3.5 A informação relevante

O conceito de eficiência de mercado na sua forma fraca e semi forte supõe,

como diz Fama (1976:143-145), que os preços dos ativos não oferecerão retornos

maiores que o mercado utilizando seja informação de preços e retornos históricos do

título no mercado ou informação pública disponível.

Copeland (1992:362) entende que para definir-se a informação relevante:

“o valor de mercado dos ativos financeiros é o valor presente do seu fluxo

de caixa descontado à taxa apropriada ajustada pelo risco. Os investidores

preocupam-se apenas com as implicações de caixa das decisões

corporativas. Entretanto, corporações reportam definições contábeis de

ganhos, não fluxo de caixa, e freqüentemente os dois não estão

(explicitamente) relacionados.”

A hipótese deste trabalho é de que o mercado estabelece preços para a ação

de uma empresa a partir da análise das demonstrações financeiras publicadas e

disponibilizadas ao público desde que esses relatórios contenham informação

suficiente para projetar, sob algumas premissas, seus resultados futuros em termos

de geração de caixa.

Dessa forma, parece relevante analisar a estrutura das demonstrações

contábeis tal qual elas são apresentados no Brasil entendendo que a informação

contábil, objeto de análise do próximo capítulo, é a informação relevante do ponto de

vista de cálculo de valor de uma empresa através do fluxo de caixa descontado

quando comparado ao valor a ela atribuído pelo mercado.

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39

CAPÍTULO 4

A INFORMAÇÃO CONTÁBIL

4.1 Uma breve digressão

A principal informação pública existente sobre as empresas está contida nas

suas demonstrações financeiras ou contábeis.

Os mercados são suscetíveis em algum grau a ela, antecipam e reagem

rapidamente à divulgação de novas informações sobre as empresas participantes ou

sobre a economia em geral é uma hipótese decorrente da forma semi forte dos

mercados eficientes.

Por essa razão entender os possíveis impactos resultantes da divulgação dos

relatórios gera a preocupação de estabelecer parâmetros para informações

padronizadas que sejam, simultaneamente, relevantes e confiáveis para os

investidores, sejam eles institucionais ou individuais.

Segundo Hendriksen e Van Breda (1999:73-88) a busca pelos chamados

princípios contábeis geralmente aceitos, embora tenha sido intensa nas últimas

décadas, tem produzido pouco resultado. Os autores entendem que isso decorre, de

um lado, da complexidade intrínseca da elaboração de teorias sobre a divulgação de

informações financeiras e, de outro, ao fato de que cada alteração nos padrões

provoca perdas para uns e ganhos para outros.

No Brasil, tem-se a legislação societária estabelecida pela lei 6.414/76, o

Conselho Federal de Contabilidade, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a

FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras)

como fontes de padronização das demonstrações financeiras, em moldes similares

aos de órgãos semelhantes nos EUA que assumem essa tarefa, tais como: SEC

(Security Exchange Commitee) e FASB (Financial Accounting Standards Board).

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40

Hendriksen e Van Breda (1999:74) citam a publicação de uma monografia de

1936 intitulada “A tentative statement of accounting principle underlying corporate

financial statements” onde os autores expressam a esperança de:

“chegar a um acordo quanto a uma base de considerações fundamentais

que tenderiam a eliminar as variações aleatórias de procedimentos

resultantes, não das peculiaridades de cada empresa, mas das diferentes

idéias de financistas e executivos a respeito do que seria adequado,

plausível ou convincente para os investidores num determinado momento.”

Segundo esses autores as tentativas seguiram-se ano após ano buscando

acompanhar a evolução das práticas contábeis de forma a tentar atender aos

anseios dos teóricos da contabilidade.

O SFAS (Statement of Financial Accounting Standards) é um pronunciamento

sobre normas contábeis expedido pelo FASB e tem por finalidade orientar a

elaboração de demonstrativos contábeis. Hendriksen e Van Breda (1999:107)

ensinam que, ao longo dos anos, entre 1972 e 1985 o FASB desenvolveu o

Referencial Conceitual de Contabilidade Financeira e Divulgação.

O número 1 desses pronunciamentos SFAS diz que “a principal preocupação

da divulgação financeira é o fornecimento de informações sobre o desempenho de

uma empresa, com base em medidas de lucro e seus componentes.”

Acrescenta, ainda, quanto aos objetivos dessa divulgação que eles “decorrem

em grande parte das necessidades daqueles aos quais a informação se destina, o

que por sua vez depende muito da natureza das atividades econômicas e das

decisões com as quais os usuários estão envolvidos.” Hendriksen e Van Breda

(1999:199).

4.2 O objetivo da informação contábil

Todas as demonstrações financeiras auditadas devem estar de acordo com

princípios contábeis geralmente aceitos segundo a prática vigente de mercado,

conforme estabelece a legislação.

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41

Para as companhias de capital aberto as demonstrações contábeis com um

conteúdo mínimo predeterminado são públicas e seguem normas da legislação local

existente em cada país e por princípios contábeis, onde eles são aceitos. No caso

brasileiro, a Lei das S.A., lei 6414/76, e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

ocupam-se com o grau de alinhamento das demonstrações com essas diretrizes.

Segundo Hendriksen e Van Breda (1999:89), “o principal objetivo da

divulgação de informações financeiras é apoiar os acionistas e outros indivíduos na

tomada de decisões financeiras, ajudando-os a predizer os fluxos de caixa da

empresa.”

Informações úteis para essa finalidade tendem a possuir várias

características, tais como relevância e confiabilidade. Devem gerar mais benefícios

do que custos, ser compreensíveis e permitir comparações entre empresas, segundo

esses autores.

Iudícibus (2000:28) acrescenta e reforça esse ponto de vista ao comentar

sobre o foco da contabilidade:

“O objetivo da Contabilidade ( e dos relatórios dela emanados) é fornecer

informação econômica relevante para que cada usuário possa tomar suas

decisões e realizar seus julgamentos com segurança. Isto exige um

conhecimento do modelo decisório do usuário e, de forma mais simples, é

preciso perguntar ao mesmo qual a informação que julga relevante ou as

metas que deseja maximizar, a fim de delinearmos o conjunto de

informações pertinentes. Embora um conjunto básico de informações

financeiras consubstanciadas nos relatórios periódicos principais deva

satisfazer às necessidades básicas de um bom número de usuários, a

Contabilidade ainda deve ter flexibilidade para fornecer conjuntos

diferenciados para usuários ou decisões especiais”

Os usuários da informação contábil diferenciam-se muito conforme seu grau

de domínio técnico da ciência contábil. Assim, a primeira dimensão para avaliar a

sua utilidade é entender quem serão os usuários dos relatórios, como escreveu

Iudícibus no parágrafo acima.

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Hendriksen e Van Breda (1999:94) comentam que alguns estudiosos dizem

ser a administração do negócio o principal usuário dessa informação. Outros

apontam os empregados, os clientes ou o público em geral.

O FASB norte-americano, segundo esses autores, afirma que a divulgação

financeira deve ser útil para a tomada de decisões de investimento, concessão de

crédito e outras decisões semelhantes e é contestado por aqueles que vêem a

contabilidade mais como um feedback do que como base para previsões sobre o

comportamento dos negócios uma vez que apenas é possível estabelecer padrões

para os registros de fatos e não para as previsões que são bastante mais subjetivas.

O FASB, também, enfatiza as necessidades dos usuários externos que não

possuam autoridade para ordenar a produção da informação financeira que desejam

e, portanto, são forçados a utilizar a informação publicamente divulgada.

Para este trabalho, será considerado que a informação contábil como é

apresentada pelas empresas que adotam práticas reconhecidamente boas é aquela

que permite projetar a situação futura da empresa.

Assim, concordar-se-á com Iudícibus quando afirma que a informação

financeira anual contida nos relatórios da contabilidade e disponibilizada ao público

pela empresa atingirá seus objetivos se forem suportes para a decisão dos

investidores.

Como foi dito no capítulo anterior, a hipótese de que a Bolsa de Valores de

São Paulo opera como um mercado de eficiência semi-forte pressupõe que a

informação pública da empresa, ou seja, seus relatórios contábeis publicados

possuam a informação utilizada para definir o valor de mercado da empresa.

4.3 As qualidades da informação contábil

É necessário observar a qualidade da informação contábil em duas direções

complementares: a) a informação deve ser simples até o ponto de não comprometer

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43

sua qualidade técnica intrínseca e b) o usuário deve possuir um mínimo de

capacitação técnica na ciência contábil para poder compreendê-las. Hendriksen e

Van Breda (1999:96).

Segundo eles, há uma restrição geral para a obtenção de uma informação: os

benefícios oriundos devem ser maiores que o custo de obtê-las. Embora tácito e

simples em seus termos é de difícil aplicação prática, uma vez que os benefícios

dela são obtidos de forma difusa enquanto seus custos são concentrados nas áreas

da empresa que a produzem.

Por essa razão, esses autores sugerem que prevaleça uma visão utilitária

neste assunto reiterando que se deve assegurar que a divulgação financeira seja

mais útil para a tomada de decisões de investimento.

Figura 2 Qualidades da informação contábil

Fonte: Hendriksen e Van Breda (1999:96)

Uma hierarquia de qualidades em contabilidade

Responsáveis pela tomada de decisão e suas características

(p.ex., entendimento da informação ou conhecimento

prévio

Benefícios > Custos

Compreensibilidade

Utilidade para a tomada de decisão

ConfiabilidadeRelevância

Valor preditivo

Valor de feedback

Oportunidade Verificabilidade Fidelidade de representação

Comparabilidade (incluindo consistência)

Neutralidade

Materialidade

Usuários de informação

contábil

Restrição Geral

Principais características específicas às

decisões

Elementos das

qualidades principais

Qualidades secundárias e

interdependentes

Limite de reconhecimento

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44

A figura 2 acima representa o resumo proposto pelos autores citados para

mostrar as distintas dimensões da informação contábil.

4.4 Os relatórios anuais da contabilidade

Brigham et al. (1997:33) comentam a importância dada aos relatórios anuais

na realidade dos EUA.

“De todos os documentos publicados pelas grandes companhias, nenhum é

preparado tão cuidadosamente como o relatório anual aos grupos de

interesse. Em algumas empresas, a alta gestão começa a trabalhar no

relatório seis meses antes da sua publicação e muitas contratam

desenhistas profissionais e escritores para garantir que o produto final seja

preciso e de boa leitura.”

Esses autores comentam que a filosofia e a personalidade da companhia

contam e poucos outros documentos podem oferecer melhores perspectivas desses

intangíveis do que o relatório anual.

Brigham et al. (1997:33) dizem que muitos analistas financeiros acreditam,

entretanto, que as empresas devam isso aos seus investidores para separar os fatos

dos boatos.

Esses autores entendem que os analistas querem ver relatórios anuais que

de forma realística examinem os assuntos de negócio da empresa e que discutam,

baseados em fatos os prováveis eventos que impactarão na performance

corporativa.

Na realidade, eles gostariam de ver os relatórios tornarem-se o equivalente

aos relatórios de gestão contendo informações detalhadas das forças e fraquezas e

dos planos de melhoria.

Dadas essas informações, os acionistas estariam mais bem equipados para

tomar decisões de investimento inteligentes.

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45

Entretanto esses relatórios exigem conhecimentos básicos para serem

entendidos.

Vause (1999:3) traduz esse argumento:

“Relatórios anuais são complexos e difíceis de decifrar. O crescente volume

e detalhamento da legislação, regulação, regras, padrões contábeis e

códigos de conduta contribuem todos para isso. Cada vez que ocorre uma

fraude ou erro de gestão que resulta em um problema maior para a

companhia e ele torna-se público, existe uma pressão para mudar o papel,

as tarefas e responsabilidades de auditores e diretores, ou adicionar ainda

mais informação detalhada aos relatórios”

Ele lembra, ainda, que essa regulamentação foi reforçada pelos escândalos

corporativos norte-americanos no ano de 2002, causados por fraudes em balanços.

Por outro lado, em defesa da contabilidade, Brigham et al. (1997:33)

escrevem que existe a necessidade de esclarecer que um dos objetivos dessa

disciplina é a neutralidade em função da quantidade de interesses envolvidos.

Cabe aos contadores seguir padrões rígidos e, muitas vezes, inflexíveis,

mesmo que o bom senso indique caminho contrário.

Seria incoerente aceitar diferentes critérios de contabilização. É necessário

pautar-se sempre pelos parâmetros aceitos internacionalmente, nas palavras dos

autores citados.

Não há dúvida, porém, de que as armadilhas contábeis podem atrapalhar

muitas das decisões cotidianas da vida do analista financeiro. Afinal, o balanço

patrimonial e a demonstração de resultados são as matérias-primas principais que

se tem à mão para construir uma competente formação de preços de ativos.

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Brigham et al. (1997:35) reforçam essa idéia ao dizer que as informações do

relatório contábil anual são usadas pelos investidores para contribuir na formação de

expectativas sobre os ganhos e dividendos futuros, sendo, portanto, relevante para a

definição do valor de um empreendimento.

No Brasil, a deliberação da CVM de número 29, datada de 5-2-86, citada por

Iudícibus e Marion (2000:57), determina que:

“A contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação

destinado a prover os usuários com demonstrações e análises de natureza

econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade

objeto de contabilização.”

Compreende-se por sistema de informação um conjunto articulado de dados,

técnicas de acumulação, ajustes e edições de relatórios que permite:

a) tratar as informações de natureza repetitiva com o máximo possível de

relevância e o mínimo custo;

b) dar condições para, através da utilização de informações primárias

constantes do arquivo básico, juntamente com as técnicas derivantes

da própria contabilidade e/ou outras disciplinas, fornecer relatórios de

exceção para finalidades específicas, em oportunidades definidas ou

não.

Por fim, cita-se Vause (1999:4) afirmando que toda atividade comercial deve

preparar a contabilidade para dar conta de exigências fiscais e mesmo aquelas

entidades isentas de impostos necessitam desses relatórios para prestar contas das

ações dos gestores aos grupos de interesse afetados pela sua atividade.

Ele diz:

“qualquer companhia na qual o público tenha sido convidado a tomar parte

deve publicar relatórios anuais contendo informação contábil. Todas as

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47

outras companhias com responsabilidade limitada apresentam sua

contabilidade às autoridades fiscais anualmente e as arquivam deixando-as

disponíveis ao escrutínio público”.

4.5 As demonstrações contábeis e a Lei 6.404/76

A Lei 6.404/76 conhecida como Lei das Sociedades Anônimas, é um texto

legislativo aprovado em 1976 pelo Congresso Nacional que versa sobre os aspectos

norteadores de contabilidade para as sociedades abertas.

Segundo FIPECAFI (2003:25), essa lei preserva sua essência através do

tempo, ou seja, desde o ano de 1976, em que foi aprovada pelo Congresso

Nacional. No entanto, essa essência pode ser confrontada com a realidade contábil

e com as informações normativas, como segue:

a) Quando da sua edição, em 1976, representava uma verdadeira

revolução no campo contábil e determinou um aprimoramento

formidável a essa área em nosso país.

b) Passados os primeiros anos de sua experimentação e convivência

prática, teve-se a consolidação de inúmeras interpretações , bem

como a complementação da adaptação de muitas leis específicas

àquela lei societária.

Conforme referência em FIPECAFI (2003:29-34), esses são os relatórios que

devem ser apresentados com a freqüência determinada em lei pelas sociedades por

ações:

1. Relatório da administração;

2. Balanço patrimonial (BP);

3. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);

4. Demonstrações das Mutações do Patrimônio (DMPL) e de

Lucros ou Prejuízos Acumulados;

5. Demonstrações das Origens e Aplicações de Recursos

(DOAR) ou;

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6. Demonstrações dos Fluxos de Caixa (DFC);

7. Demonstrações Comparativas;

8. Consolidação das Demonstrações Contábeis;

9. Notas Explicativas;

10. Parecer dos Auditores Independentes e

11. Fatos Relevantes

Cabe ressalvar que as empresas têm opção de publicar o DOAR ou o DFC

sendo desnecessária a publicação dos dois.

A seguir, serão tratados mais em detalhe os relatórios que, são mais

relevantes para o cálculo de valor de uma empresa.

4.5.1 O relatório da administração

Em FIPECAFI (2003:455), afirma-se que:

“O relatório da administração”..”.representa um importante complemento às

demonstrações contábeis publicadas por uma empresa, em termos de

permitir o fornecimento de dados e informações adicionais que sejam úteis

aos usuários em seu julgamento e processo de tomada de decisões.”

Hendriksen e Van Breda (1999:529) dizem citando o FASB:

“A administração sabe mais sobre a empresa e suas atividades do que os

investidores, credores e outras pessoas fora da empresa, e muitas vezes

pode aumentar a utilidade de informações financeiras identificando certas

transações, outros eventos e circunstâncias que afetam a empresa,

explicando seu impacto financeiro.”

Este autor entende que, idealmente, essa informação deveria incluir alguns

itens, tais como:

1- Mudanças e eventos não financeiros ocorridos durante o ano, e que afetem

o funcionamento da empresa.

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49

2- Expectativas a respeito do futuro do setor e da economia e o papel da

empresa nessas expectativas.

3- Planos de crescimento e mudanças nas operações no período

imediatamente seguinte ou nos períodos subseqüentes.

4- A magnitude e o efeito esperado de investimentos correntes e dos previstos,

bem como do esforço de pesquisa da empresa.

Alterações significativas nos componentes básicos do modelo de negócios

gerenciado pela empresa são objeto de consideração e deveriam constar do

relatório da administração.

Com isso concorda Vause (1999:23) que diz:

“A cada ano os diretores devem prover os acionistas com um relatório

escrito. Ele identifica a atividade de negócios da empresa, e deveria dar aos

acionistas um retrato fiel da performance da companhia e sua situação

financeira no final de ano. Se os diretores considerarem que prováveis

eventos futuros podem afetar a empresa eles devem chamar a atenção dos

acionistas para isso.”

E o reforçam Hendriksen e Van Breda (1999:530):

“As mudanças e os eventos não financeiros incluem alterações da

composição da alta administração e das principais políticas, melhoramentos

tecnológicos significativos na empresa ou no setor, mudanças da demanda

dos produtos da empresa ou alterações de preços dos principais fatores de

produção e dos produtos, e eventos, como greves, guerras, medidas

políticas e desastres naturais, que possam exercer efeito importante sobre

as operações futuras da empresa.”

FIPECAFI (2003:455) relembra que:

“os usuários objetivam analisar a situação atual e de resultados passados

da empresa fornecidos pelas demonstrações contábeis, objetivando

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50

também servir de elemento preditivo da evolução e resultados futuros da

empresa, que melhor orientem suas decisões no presente.”

De que forma o relatório da administração relaciona-se com esta

previsibilidade?

Para FIPECAFI (2003:455):

“é nesse aspecto que a administração pode fornecer importante

contribuição aos usuários, ou seja, elaborar o relatório da administração da

maneira orientada ao futuro, não só ao fornecer projeções e operações

previstas para o futuro, mas também ao fazer análises do passado,

indicativas de tendências futuras.”

Em FIPECAFI (2003:456-457), são discriminados os itens esperados no corpo

do relatório da administração:

a) estratégia corporativa, mudanças de estratégia e resultados globais;

b) eventos externos incomuns que tenham afetado o desempenho do

grupo e suas perspectivas;

c) compras e/ou vendas de ativos significativas e seus reflexos no

resultado e na situação financeira

d) recursos humanos, incluindo:

ii. informações sobre a estrutura organizacional e gerencial;

iii. informações sobre assuntos de trabalho e empregado,

incluindo relações de trabalho, treinamento, bem-estar,

segurança e demonstração de valor adicionado;

e) responsabilidade social, com referências específicas sobre

segurança ao público consumidor e da comunidade e proteção

ambiental;

f) atividades de pesquisa e desenvolvimento;

g) programa de investimentos, incluindo a natureza, localização e

magnitude dos investimentos de capital realizado e a realizar;

h) projeções futuras da corporação, contemplando eventos a partir do

exercício encerrado apresentado;

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51

i) análise dos segmentos individuais ou ramos de atividade e

operações internacionais ou por áreas geográficas;

j) discussão e análise dos resultados operacionais, inclusive quanto

aos efeitos dos resultados dos segmentos no desempenho global e,

também, a eventuais efeitos significativos ocasionados por fatores

internos ou externos;

k) a situação de liquidez e fontes de capital, inclusive a capacidade de

atendimento de compromissos a curto e longo prazo;

l) a avaliação dos ativos e o impacto de eventual defasagem por

conta de efeitos inflacionários onde for relevante o efeito nos

resultados e posição financeira;

m) os efeitos das variações na taxa de câmbio em todos os aspectos

da análise;

n) descrição das atividades do empreendimento, porte e distribuição

geográfica das operações;

o) demonstração resumo dos itens mais relevantes das

demonstrações e estatísticas chave para o ano;

p) informações sobre os diretores, incluindo responsabilidades e

participações na empresa e

q) análise da posição acionária, incluindo informação dos acionistas

principais.

Acredita-se que, com um conjunto assim completo de informações analíticas,

a capacidade de construir cenários com previsões do investidor ao tomar suas

decisões aumenta de forma significativa.

Entretanto, alertam-nos Iudícibus e Marion (2000:76), existe:

“a necessidade de apresentar evidências em dosagens adequadas. Não

ocultar informações que favoreçam os usuários no sentido de melhor

analisar a tendência da empresa. Não fornecer excesso de informações,

perdendo, assim, sua objetividade”.

Como conclui FIPECAFI (2003:457):

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“é grande a importância dada ao relatório da administração em nível

internacional, no intuito de fornecer realmente as informações úteis e

necessárias a mais adequada base para tomada de decisão e avaliação por

parte dos usuários.”

4.5.2 O balanço patrimonial

O BP apresenta a situação das contas da entidade (empresa, coligadas e

consolidação) em um momento determinado do tempo. É como um retrato com os

saldos dos principais elementos patrimoniais.

Assim essa é uma demonstração contábil de posição, conforme Hendriksen e

Van Breda (1999:282) afirmam citando o professor William Ripley que teria cunhado

a imagem do balanço como um instantâneo, o instantâneo de Ripley, numa alusão

clara a uma fotografia do estado patrimonial da empresa em análise.

Esses autores ressaltam que, na abordagem mais antiga de ativos e passivos

na qual o capital dos proprietários é a diferença entre os ativos e passivos listados,

os dois lados do balanço sempre serão iguais mas

“...nos casos em que o capital dos proprietários fosse registrado pelo seu

verdadeiro valor de mercado, os dois lados do balanço não seriam

iguais...tal como ocorre quando se adquire uma outra empresa, cria-se um

valor de fechamento do outro, denominado goodwill. Os defensores da

abordagem ativos passivos argumentam que os conceitos de avaliação

considerados por ela tornam a demonstração mais útil para a tomada de

decisão.”

Iudícibus e Marion (2000:185), assim, o definem:

“O Balanço Patrimonial é a peça contábil que retrata a posição de uma

entidade após todos os lançamentos das operações de um período terem

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53

sido feitos, após todos os provisionamentos (depreciação, devedores

duvidosos, etc) e ajustes, bem como o encerramento das contas de receita

e despesa terem sido executados.”

Esse ponto de vista o reforçam Hendriksen e Van Breda (1999:282) ao dizer:

“A apresentação de um resumo dos recursos e das obrigações de uma

empresa aos acionistas e outros investidores, a intervalos regulares, sob a

forma de uma demonstração de posição financeira, é um dos principais

objetivos da contabilidade. Essa demonstração é mais popularmente

conhecida como balanço. Num balanço, os ativos apresentados são iguais

ao capital”

por definição como afirmam os autores, tendo em conta que aqui se trata por

capital a soma de capital de terceiros e capital próprio.

Eles acrescentam ainda:

“O balanço é algumas vezes mencionado como sendo uma apresentação

de saldos, em contrapartida a uma demonstração de fluxos.”

Iudícibus e Marion (2000:186) comentam que:

“Embora o balanço represente uma situação aparentemente estática,

informando, portanto, sobre o passado e o presente principalmente, ele,

como todas as peças contábeis, apresenta um poder informativo de

natureza preditiva, na medida em que os usuários, sabedores do cuidado e

do zelo com que foi elaborado o balanço, podem inferir, com alguns ajustes

pessoais adicionais, dimensões básicas, importantes para a tomada de

decisão visando o futuro.”

E acrescentam:

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“É evidente que as avaliações e comparações ficam fortalecidas à medida

que se dispõe de balanços para mais de um período, de balanços de

empresas concorrentes, etc.

O poder preditivo geral do balanço patrimonial, entretanto, consiste em dar

uma razoável dose de confiança em que, se os eventos retratados se

repetirem, os resultados serão equivalentes no futuro.”

Embora como peça isolada um único balanço possa dizer pouco, quando

analisados numa série temporal é capaz de fornecer informação valiosa sobre a

estrutura de um negócio e seu valor econômico.

Pode-se dizer, também, que os balanços consolidados de um determinado

setor econômico ou grupo de empresas serviria de benchmark (uma referência)

estrutural para um entrante no mercado ou mesmo para avaliar estruturas das

empresas em comparação à media ou àquelas consideradas mais bem sucedidas.

Sabe-se por esses autores que, caso não ocorram rupturas estruturais tais

como mudança no controle acionário ou regulamentação/desregulamentação

setorial, é muito provável que sua estrutura se mantenha ao longo do tempo, como

disseram Iudícibus e Marion (2000:185).

Vause (1999:26), ao comentar o assunto, diz:

“A base da análise financeira é a habilidade de ler contabilidade. Esta é a

habilidade necessária de qualquer gestor... O balanço é um demonstrativo

chave dos relatórios financeiros providos pela empresa anualmente. Para

aqueles com pouco ou nenhum conhecimento financeiro ele é comumente

visto como um quebra cabeças. Para outros parece um pináculo da arte de

necromancia dos contadores, com alguns efeitos espetaculares e nenhuma

substância real.

O balanço (ou a folha de saldos, como em Hendriksen (1999:282))

disponibiliza muitos dos dados e das informações necessárias para suportar

a análise da situação e da performance de uma empresa. É o ponto de

partida para a avaliação de liquidez e solvência, alavancagem e o cálculo

das taxas de retorno sobre ativos ou investimentos.”

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55

Essa reflexão será bastante útil no momento de serem discutidos os cálculos

de valor de empresas e a necessidade de projeção de balanços para a

determinação dos seus fluxos de caixa futuros.

Conforme FIPECAFI (2003:29) citando a Lei das S.A, o balanço compõe-se

de três elementos básicos: o Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido.

Quadro 1 Balanço patrimonial

Fonte: Adaptado pelo autor de FIPECAFI, (2003:29)

Para ser representativo, é importante a padronização da forma. Assim, a Lei

6.404/76 definiu a ordem na qual os elementos devem ser apresentados. Para o

Ativo, a ordem deve ser de liquidez decrescente e, para o Passivo, de ordem

decrescente de prioridade de pagamento das exigibilidades, conforme a figura 2

abaixo.

Ativo PassivoAplicações de recursos em bens e direitos

Exigibilidades e Obrigações

Patrimônio LíquidoDiferença entre ativo e passivo, isto é, o valor contábil líquido do negócio

Balanço Patrimonial

Ativo Passivo + Patrimônio LíquidoAtivo circulante Passivo circulanteAtivo realizável a longo prazo Passivo exigível a longo prazoAtivo Permantente: Resultado de exercícios futuros Investimentos Patrimônio Líquido: Imobilizado Capital social Diferido Reservas de capital

Reservas de reavaliação Reservas de lucros Lucros ou prejuízos acumulados

Balanço Patrimonial

Quadro 2 Ordem de apresentação - Balanço Patrimonial

Fonte: FIPECAFI (2003:30)

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Nos subgrupos, a ordem a ser mantida deve seguir os mesmos critérios

citados anteriormente.

A lei estabelece, ainda, critérios de avaliação dos ativos e de registro dos

passivos que, em resumo, são os seguintes, conforme apresentado em FIPECAFI

(2003:30):

Contas a Receber O valor dos títulos menos provisão para reduzí-los ao valor provável de realização

Valores mobiliários (temporário)

Ao custo de aquisição acrescido dos juros e atualização devida e reduzidos ao preço de mercado se este for inferior

Estoques Ao custo de aquisição ou de fabricação, reduzido de provisão para ajustá-la ao preço de mercado, quando este for inferior

Ativo Imobilizado Ao custo de aquisição deduzido da depreciação, pelo desgaste ou perda de utilidade ou amortização ou exaustão. Em certas circunstâncias é admitida a reavaliação de ativos

Investimentos Relevantes em Coligadas e controladas (incluindo Joint Ventures)

Pelo método da equivalência patrimonial, ou seja, com base no valor do patrimônio líquido da coligada ou controlada proporcionalmente à participação acionária.

Outros Investimentos Ao custo menos provisão para reconhecimento de perdas permanentesAtivo Diferido Ao custo deduzido de provisão para amortização.Exigibilidades Pelos valores conhecidos ou calculáveis para as obrigações, encargos e

riscos, incluindo imposto de renda e dividendos propostos. Para empréstimos e financiamentos sujeitos à atualização monetária ou pagáveis em moeda estrangeira, pelos valores atualizados até a data do balanço.

Resultados de Exercícios Futuros

Demonstrado pelo líquido entre receitas menos os custos e despesas correspondentes ou contrapostos a tais receitas

Patrimônio Líquido Os investimentos e reinvestimentos (lucros retidos) feitos pelos sócios e eventuais acréscimos por reavaliação de ativos

Critérios de Avaliação

Quadro 3 Critérios de avaliação - Balanço patrimonial

Fonte: FIPECAFI (2003:30)

Tanto Hendriksen quanto Iudícibus destacam o que parece ser as principais

rubricas de um balanço patrimonial para a valorização de ações, a saber:

i. Ativo circulante: Todos os direitos a receber dentro de até um ano.

ii. Ativo realizável em longo prazo: Todos os direitos a receber acima de um

ano ou mais

iii. Ativo permanente: Participações em negócios e imóveis não destinados à

manutenção do negócio; bens e imóveis destinados à manutenção da

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atividade da companhia, marcas e patentes, valores pagos agora com

expectativa incerta de benefícios futuros

iv. Despesas antecipadas

Valores pagos como contrapartida de um benefício futuro firmado em

contrato

v. Passivo circulante

Todas as obrigações a pagar com até um ano de prazo

vi. Passivo exigível de longo prazo

Todas as obrigações a pagar de um ano em diante

vii. Resultado de exercícios futuros

a. Receita recebida antecipadamente correspondente a um fato gerador

futuro firmado em contrato

viii. Patrimônio líquido

a. Nele são contabilizados todos os novos aportes de capital da empresa,

todos os lucros ou prejuízos acumulados e do exercício fiscal, reservas

de reavaliação e reservas de lucros.

Todos esses são elementos a analisar no momento de atribuir valor a um

empreendimento.

4.5.3 Demonstração de Resultados do Exercício (DRE)

A demonstração de resultados do exercício compõe um conjunto ao lado do

balanço e da demonstração de fluxo de caixa como recurso essencial para a

avaliação de investimentos.

A legislação brasileira define seu conteúdo e forma. A DRE deve ser

apresentada de forma dedutiva e conter todos os detalhes necessários das receitas,

despesas, ganhos e perdas. Deve, também, definir, claramente, o lucro ou o prejuízo

do exercício. FIPECAFI (2003:31).

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Nesse mesmo texto comenta-se ainda:

“De fato, o lucro ou prejuízo líquido apurado nessa demonstração é o que

se pode chamar de lucro dos acionistas, pois, além dos itens normais, já se

deduzem como despesas o imposto de renda e as participações sobre os

lucros a outros que não os acionistas, de forma que o lucro líquido

demonstrado é o valor final a ser adicionado ao patrimônio líquido da

empresa que, em última análise, pertence aos acionistas, ou é distribuído

como dividendo.”

Dos autores citados, é extraída a relação do que se entende serem os

principais elementos da demonstração de resultados para fins de valorização de

empresas, a seguir:

1) Receita bruta (ou faturamento bruto): representa o total recebido pela

empresa com a venda de seus produtos. De forma simplificada é obtido

através da multiplicação do preço final da mercadoria pela quantidade

vendida.

2) Receita líquida: é a receita bruta deduzida dos impostos incidentes

diretamente sobre a venda de mercadorias ou prestação de serviços

(ICMS, ISS, CPMF, IPI e todos os outros que tenham esse fato gerador).

3) Custo da mercadoria vendida (CMV): o custo de todos os insumos gastos

diretamente no processo produtivo.

4) Lucro bruto: diferença entre receita líquida e custo de mercadoria vendida

(CMV). De um modo geral, mede o ganho da empresa apenas com o seu

processo produtivo direto, por isso, é conhecido, também, como lucro

operacional.

5) Despesas operacionais: todas as despesas necessárias ao funcionamento

do negócio, não diretamente relacionados à produção dos bens e serviços

comercializados pela empresa, isto é, que não fazem parte do CMV.

6) Lucro operacional: lucro bruto menos despesas operacionais, mede o quanto

a empresa gera de resultado operacional. Observe-se que, na legislação

brasileira, o lucro operacional tem deduzido o resultado financeiro,

7) Despesas e receitas financeiras: despesas financeiras com empréstimos e

receitas financeiras com aplicações de recursos.

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8) Lucro antes do IR: soma do lucro operacional com o resultado financeiro

(receitas financeiras – despesas financeiras)

9) Lucro líquido: lucro depois do cálculo do imposto de renda, conhecido nas

empresas multinacionais como bottom line (última linha) da empresa.

10) Depreciação: a depreciação é uma despesa gerada a partir dos

investimentos ocorridos na constituição da empresa. Como decorrência do

princípio de compatibilização de receitas e despesas e do correlato regime

de competência

11) Provisão para devedores duvidosos (PDD):

A forma didática de uma DRE pode ser mostrada com segue na figura 6.4:

Receitas Operacionais( - ) Deduções de receita( = ) Receitas operacionais líquidas( - ) Custos das vendas( = ) Resultado em vendas( - ) Despesas operacionais( = ) Resultado operacional(+/-) Receitas ou despesas não operacionais

(incluindo ganhos e perdas)( = ) Resultado antes do imposto de renda( - ) Imposto de renda e contribuição social

sobre o lucro( = ) Resultado líquido

Demonstração de Resultados do Exercício

Quadro 4 A Demonstração de resultados do exercício

Fonte: Iudícibus e Marion (2000:177)

Como dizem Iudícibus e Marion (2000:177), embora não retrate a

complexidade e a diversidade da realidade que visa representar o modelo acima

permite reconhecer os elementos básicos que estarão presentes em grande parte

das DRE´s que são apresentadas de empresas de tipo industrial.

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4.5.4 Demonstração dos fluxos de Caixa (DFC)

Essa demonstração, embora esteja prevista na legislação em vigor como uma

opção ao DOAR, é essencial para a avaliação de empreendimentos. A verdade

desse fato é realçada pela inclusão em projeto de lei que revisa a lei 6.404/76 de

proposta de substituição da DOAR pelo DFC.

Segundo FIPECAFI (2003:32):

“A demonstração de origens e aplicações vem sendo substituída pela

demonstração de fluxo ce caixa em alguns países, e é provável que isto

ocorra também no Brasil.

Isso se deve, basicamente, à maior facilidade de entendimento pelos

usuários.

A demonstração de fluxo de caixa visa mostrar como ocorreram as

movimentações de disponibilidades em um dado período de tempo. Essa

demonstração não tem obrigatoriedade de divulgação, porém várias empresas a

evidenciam voluntariamente como forma de ampliar o conteúdo informacional do

conjunto de relatórios divulgados.

É necessário observar, entretanto, que os conceitos de caixa e lucro são

relacionados e distinguem-se, principalmente, pelo momento da realização e do seu

efeito sobre o patrimônio. Pode-se afirmar que, ao término de um empreendimento e

após serem encerradas todas as suas operações, o lucro acumulado deve ser igual

ao saldo de seu caixa. Martins (2001:22).

Certamente, nesse caso, mais é melhor, pois se o conjunto das

demonstrações contábeis estiver disponível e for compreensível em seus elementos

constituintes, a qualidade da análise será superior em relação a uma única

informação. É preciso dispor de mecanismos de checagem interna das hipóteses e,

para isso, toda informação relacionada é útil.

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Conforme Hendriksen e Van Breda (1999:192):

“Capital e lucro são dois dos conceitos fundamentais na contabilidade.

Ambos dependem, em última instância, dos fluxos de caixa subjacentes. No

final das contas, portanto, os fluxos de caixa que entram e que saem da

empresa são os eventos fundamentais nos quais se baseiam as

mensurações contábeis, e nos quais se supõe os investidores apóiem suas

decisões.”

Ainda com esse autor entende-se que:

“Com algumas exceções muito raras, as empresas adquirem direitos sobre

bens e serviços para produzir outros bens e serviços para venda a clientes,

com a intenção de pagar juros e dividendos a investidores de longo prazo. É

muito raro para os acionistas receberem benefícios da empresa de outra

forma que não em dinheiro.

A maior parte das mensurações contábeis, portanto, baseiam-se em fluxos de

caixa passados, presentes e futuros.

Como se disse anteriormente, em geral, o lucro e os itens de balanço são

medidos com base no regime de competência, pois, assim, espera-se, poder-se-ia

aferir medidas úteis como a eficiência da empresa e a informação relevante para a

predição da atividade futura, além da capacidade de pagamento de dividendos.

Hendriksen e Van Breda (1999:174) comentam que:

“Devido a distorções deliberadas e naturais, criadas pelo uso de

procedimentos de alocação e preços históricos, há alguma dúvida a respeito

da adequação dos métodos contábeis tradicionais para bem informar as

atividades econômicas complexas nos dias que correm. Uma maneira de

evitar tais distorções é enfatizar a divulgação de informações sobre fluxos

de caixa, complementada por outras informações e classificações

apropriadas, que permitam aos usuários de demonstrações financeiras a

elaboração de suas próprias predições. Informações históricas sobre fluxos

de caixa, bem como fluxos de caixa projetados, podem fornecer informação

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relevante aos investidores e credores, isoladamente ou complementando

demonstrações financeiras convencionais, em suas avaliações da empresa

e suas predições de pagamento de dividendos.”

Sua posição é corroborada pelo SFAC 1 que observa:

“O processo de divulgação deve proporcionar informações que auxiliem

investidores e credores, presentes e futuros, bem como outros usuários, a

determinar os níveis, a distribuição no tempo e a incerteza de possíveis

recebimentos de dividendos ou juros em dinheiro, bem como o resultado da

venda, do resgate, ou do vencimento de títulos e empréstimos.”

O fluxo de caixa é importante para a discussão do assunto valorização de

empresas por essa razão ele será retomado no próximo capítulo sob outras

perspectivas de caráter econômico.

4.5.5 Demonstrações consolidadas

Conforme FIPECAFI (2003:32) nos casos previstos em lei, para companhias

abertas,:

“abrange as controladas independentemente de sua relevância. A lei define,

também, as normas básicas de consolidação que incluem a necessidade da

eliminação dos saldos e transações intercompanhias, dos lucros ou

prejuízos remanescentes nos ativos, a segregação das partes minoritárias e

outros”.

A informação consolidada é importante para evitar falsa perspectiva acerca

das operações da empresa fruto da separação de operações boas das operações

não tão boas.

É um assunto complexo que, todavia, não será objeto de análise, mas que

deve ser citado por fazer parte do conjunto de demonstrações obrigatórias no

contexto da legislação societária brasileira.

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4.5.6 Notas explicativas

Ainda segundo FIPECAFI (2003:32) a lei exige um mínimo de notas sobre

eventos financeiros e contábeis relevantes para o esclarecimento da situação

patrimonial e dos resultados do exercício.

“As demonstrações contábeis devem ser complementadas por notas

explicativas, quadros analíticos ou outras demonstrações contábeis

necessárias à plena avaliação da situação e da evolução patrimonial da

empresa.”

São devidos esclarecimentos sobre, no mínimo: critérios de avaliação dos

elementos patrimoniais e das práticas contábeis adotadas, alternativas de avaliação

como a de preços correntes de mercado, ajustes de exercícios anteriores,

reavaliações, ônus sobre ativos, detalhamento das dívidas de longo prazo, do capital

e de investimentos relevantes em outras companhias, eventos subseqüentes

importantes ocorridos após a publicação das demonstrações e outras.

Iudícibus (2000:76) oferece alguns exemplos de notas explicativas:

1) critérios de cálculos na obtenção de itens que afetam o lucro;

2) obrigações de longo prazo, destacando os credores, taxas de

juros, garantias à divida, etc;

3) composição do capital social por tipo de ações;

4) ajustes de exercícios anteriores, etc.

Sobre as demonstrações contábeis é possível calcular indicadores que

relacionam os elementos constitutivos oferecendo ao analista estruturas úteis para a

projeção de fluxos de caixa necessários à avaliação de empresas.

Serão descritos, a seguir, os indicadores principais que demonstram as

relações financeiras mais importantes contidas nos relatórios contábeis.

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4.6 Análise de demonstrações contábeis

Vause (1999:108) comenta que é incauto julgar com base em um único

indicador.

Ele comenta a importância de que o mesmo indicador seja calculado para o

ano anterior para ganhar perspectiva das mudanças e tendências ou para

possibilitar comparações com outras companhias operando no mesmo negócio ou

similar.

Quanto maior o número de períodos nos quais os indicadores tenham sido

calculados, melhor qualidade terá a análise. Esse autor considera ideal que sejam

cinco anos o que, também, é prática usual no mercado.

Um período maior permite verificar a consistência no desempenho da

empresa e aponta movimentos nos indicadores que precisam ser explicados ou

investigados.

Ele relembra que não é difícil aplicar contabilidade criativa para produzir

resultados altos para uma empresa em determinado período considerado. A

verdadeira arte está em manter tal ilusão por períodos mais longos o que reforça a

necessidade das séries temporais para análise.

Por essa razão, quanto maior o número de períodos comparáveis, melhor a

qualidade da análise que se pode produzir.

Portanto, uma criteriosa análise das demonstrações contábeis, através de

indicadores capazes de relacionar os dados entre si de forma a gerar informações

úteis para a tomada de decisão, é fundamental.

Brigham et al. (2001:96-120) escrevem que o principal objetivo da

administração financeira é maximizar o preço da ação e não medidas contábeis

como o lucro líquido ou o lucro por ação.

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Entretanto, como se disse antes, os dados contábeis influenciam os preços

das ações uma vez que a compreensão das demonstrações contábeis permite

entender o desempenho atual da empresa e sabe-se, também, que elas servem de

base para as decisões dos gestores do empreendimento, para a avaliação de crédito

por parte dos credores e para projeção do desempenho por parte dos acionistas.

Uma vez que se discute, no capítulo anterior, como é elaborada a informação

financeira, deve-se, agora, entender como ela pode ser utilizada.

“As demonstrações financeiras traduzem tanto a posição de uma empresa

num ponto no tempo (o balanço) quanto suas operações ao longo de um

período passado (a demonstração de resultados e a demonstração de fluxo

de caixa). Entretanto, o real valor das demonstrações financeiras está no

fato de que elas podem ser utilizadas para ajudar a prever lucros e

dividendos futuros. Do ponto de vista de um investidor, prever o futuro é

tudo o que a análise de demonstrações objetiva, enquanto do ponto de

vista dos gestores, a análise das demonstrações é útil para ajudar a

antecipar condições futuras e, mais importante, como um ponto de partida

para planejar medidas que afetarão o curso futuro dos eventos.”

Os índices financeiros são calculados para ajudar a avaliar uma

demonstração financeira. Brigham et al. (2001:97).

A análise baseada em indicadores das demonstrações financeiras permanece

sendo a fonte primária de informação para a maioria dos investidores e analistas.

Embora não seja necessário conhecer em detalhes as regras contábeis, conhecer

seus fundamentos é muito importante. À medida que sejam reconhecidos como

meios para atingir um fim que é entender e avaliar uma empresa, as demonstrações

financeiras e os índices financeiros serão úteis.

4.7 Os índices financeiros

Matarazzo (2003:147) comenta sobre os índices que eles representam

relações entre contas ou grupos de contas das demonstrações financeiras. É uma

ferramenta de análise muito utilizada e um meio eficaz de entendimento sobre o foco

financeiro da gestão de um negócio.

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Esse autor apresenta três agrupamentos de índices conforme os aspectos da

gestão que eles revelam:

1. Estrutura

2. Liquidez

3. Rentabilidade

Buscou-se em Assaf (2003:108) um quarto agrupamento referente ao que ele

chama de indicadores de atividade capazes de medir as diversas durações do ciclo

de caixa sendo, portanto, informação relevante para a projeção de fluxo de caixa

que é exigida para o cálculo de valor da empresa.

Dessa forma, trabalhar-se-á com quatro grupos homogêneos de análise para

os indicadores financeiros básicos:

1- Liquidez

2- Atividade

3- Endividamento ou estrutura

4- Rentabilidade

4.7.1 Liquidez

Mostram a relação entre os ativos circulantes e os passivos circulantes de

uma empresa e, portanto, sua habilidade em cumprir os vencimentos das dívidas.

Conforme Assaf (2003:107):

“Os indicadores de liquidez visam medir a capacidade de pagamento (folga

financeira) de uma empresa, ou seja, sua habilidade em cumprir

corretamente as obrigações passivas assumidas. Uma grande restrição que

se atribui a esses indicadores é a posição de liquidez estática que revelam,

isto é, não refletem a magnitude e a época em que ocorrerão as diversas

entradas e saídas circulantes.”

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Como o reforça Matarazzo (2003:164), uma empresa com bons índices de

liquidez terá condições de possuir boa capacidade de pagar as suas dívidas, mas

outras variáveis devem ser levadas em conta quanto ao seu pagamento, tais como

prazo e opções de renovação de dívida.

4.7.1.1 Liquidez corrente

O segundo que será apresentado, é conhecido como índice de liquidez corrente:

Ativo Circulante / Passivo Circulante

Ele representa a capacidade da empresa de honrar seus compromissos de

curto prazo, entretanto a falta de informação acerca dos vencimentos dos passivos

ou da realização dos ativos pode levar a interpretações errôneas. Uma política

ineficiente de estoques, por exemplo, elevaria os valores do ativo circulante

produzindo uma falsa imagem de liquidez segundo esse índice.

Segundo Assaf (2003:107):

“Se a liquidez corrente for superior a 1, tal fato indica a existência de um

capital circulante (capital de giro) líquido positivo; se igual a 1, pressupõe a

inexistência e, finalmente, se inferior a 1, a existência de um capital de giro

líquido negativo (ativo circulante menor que passivo circulante).”

4.7.1.2 Liquidez seca

O índice de liquidez seca corrige o aspecto estoques do índice de liquidez

corrente ao deduzí-los do ativo circulante, fazendo com que a fórmula desse terceiro

índice se apresente como segue:

(Ativo Circulante – Estoques) / Passivo Circulante

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Usualmente, os autores propõem deduzir as despesas pagas

antecipadamente do ativo circulante, uma vez que elas não representam valores

monetários a receber, mas, serviços, utilidades e benefícios a receber.

Segundo os autores consultados, dessa maneira, extrai-se da análise de curto

prazo da empresa a baixa liquidez dos estoques e das despesas antecipadas...que é

obtido mediante o relacionamento dos ativos circulantes de maior liquidez

(disponível, valores a receber e aplicações financeiras de curto e curtíssimo prazo)

com o total do passivo circulante total..

Então, sua fórmula de cálculo tem a seguinte expressão:

(Ativo Circulante – Estoques – Despesas Antecipadas) / Passivo Circulante

Agindo, assim, a informação trazida pelo índice é uma demonstração do

percentual das dívidas de curto prazo que pode ser resgatado mediante o uso de

ativos circulantes de maior liquidez.

4.7.1.3 Liquidez geral

O quarto índice é o mais abrangente da empresa por considerar os ativos de

curto e longo prazo e é chamado de índice de liquidez geral, descrito assim:

(Ativo Circulante + Ativo Realizável a LP) /(Passivo Circulante + Exigível LP)

Ressalte-se que quaisquer conclusões sobre a solvência da empresa muda

inteiramente com poucas informações relevantes a mais. Dessa forma, observar

isoladamente um indicador, sem essas informações adicionais da companhia, pode

se chegar a conclusões inteiramente erradas.

Os autores referidos respondem à questão sobre os níveis ideais de

indicadores de liquidez, dizendo que indicadores acima de 1 não são os únicos

bons.

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Eles afirmam que uma companhia pode estar com ótimas condições de

solvência, mesmo com indicadores de liquidez não tão altos. Hoje é mais importante

observar a evolução dos indicadores em relação ao passado da empresa e em

relação ao mercado do que o seu patamar absoluto. Além disso, o analista deve

buscar informações quanto aos acontecimentos na empresa em um futuro próximo.

Concluindo: os analistas devem sempre buscar acompanhar a evolução dos

índices, dentro de uma análise comparativa com outras empresas do mesmo

segmento, dada uma conjuntura macroeconômica. Adicionalmente, é indispensável

o conhecimento dos fatos importantes que acontecerão na companhia, sobretudo no

curto prazo.

Reforça esse ponto de vista Assaf (2003:107):

“Esse indicador financeiro retrata a saúde financeira de longo prazo da

empresa. Da mesma forma que o observado nos demais indicadores de

liquidez, a importância desse índice para a análise da folga financeira pode

ser prejudicada se os prazos dos ativos e dos passivos, considerados em

seu cálculo, forem muito diferentes.”

Ele reforça, também, a recomendação de que a análise da liquidez seja

desenvolvida de maneira integrada com os outros indicadores de forma a melhor

interpretar a folga financeira da empresa.

4.7.2 Atividade

Os indicadores de atividade demonstram em que medida a empresa está

conseguindo transformar seus ativos e/ou patrimônio em receitas.

Cabe ressaltar que a ciência contábil usa os ativos da empresa como base do

cálculo do giro e posteriormente do retorno sobre o investimento como uma

simplificação da realidade.

Mas está correta a definição contábil e ela é amplamente utilizada.

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Ele acrescenta que, como os demais indicadores, os índices de atividade não

podem ser observados isoladamente.

Um bom exemplo é o da empresa que tem altíssimos indicadores de giro.

Em uma observação mais cuidadosa, o analista poderá descobrir, por

exemplo, que os custos das vendas muito fortes da companhia terão efeitos nefastos

no futuro, de acordo com os métodos utilizados para alcançar tal marca.

Para isso é preciso saber como esse faturamento está sendo alcançado.

Pode haver um sacrifício excessivo de margens por conta de descontos altos ou por

elevação nas vendas a prazo o que aumentaria a necessidade de capital de giro,

pressionando o fluxo de caixa da empresa.

Assaf (2003:108) comenta sobre esse assunto:

“Os indicadores de atividade visam à mensuração das diversas durações de

um ciclo operacional, o qual envolve todas as fases operacionais típicas de

uma empresa, que vão desde a aquisição de insumos básicos ou

mercadorias até o recebimento das vendas realizadas. Para a redução

desse período e, conseqüentemente, das necessidades de investimento, as

empresas utilizam-se normalmente dos prazos de pagamentos dos

estoques adquiridos e de operações bancárias de desconto de duplicatas

representativas das vendas a crédito.”

A análise desses indicadores permite uma perspectiva mais dinâmica do

desempenho de uma empresa.

Esses índices, portanto, medem a eficácia da empresa na administração dos

seus ativos. Aqui estão incluídos: prazo médio de estocagem, prazo médio de

pagamento a fornecedores, prazo médio de cobrança,

4.7.2.1 Prazo médio de estocagem

O giro de estoques é calculado pela seguinte fórmula:

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Custo da Mercadoria Vendida / Estoque Médio do Período

Ele representa o número de vezes que os estoques se renovaram no período

considerado.

O prazo médio por sua vez calcula-se segundo a fórmula;

360 / Giro dos Estoques

Ele representa o número médio de dias em que a renovação de estoques

ocorreu ao longo do período analisado.

Outra fórmula de cálculo encontrada na literatura é mais direta e apresenta-se

assim;

Estoque Médio / Custo da Mercadoria (Produtos) Vendida(os) * 360

Quanto maior for o índice, maior será o prazo em que os diversos produtos

permanecerão estocados e, em razão disso, mais elevadas serão as necessidades

de investimentos em estoques.

Esse indicador afere, na realidade, a eficiência com que os estoques são

administrados e a influência que exercem sobre o retorno global da empresa (retorno

sobre o ativo).

Os estoques pressionam a necessidade de capital da empresa, por isso,

respeitadas as características do negócio em análise, eles devem permanecer no

menor patamar possível, desde que não comprometam a eficiência operacional da

empresa.

4.7.2.2 Prazo médio de pagamento de fornecedores

O giro de contas a pagar é resultado de:

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Compras / Saldo Médio de Fornecedores

Já o prazo médio de pagamento calcula-se segundo a expressão:

360 / Giro de Contas a Pagar

Esses indicadores demonstram a capacidade da empresa de negociar termos

financeiros com seus fornecedores.

Segundo Assaf (2003:109), revela o tempo médio (expresso em meses ou

dias) que a empresa tarda em pagar as suas dívidas (compras a prazo) de

fornecedores.

Ele sugere o seguinte cálculo direto dos dias:

Contas a Pagar Fornecedores (Média) / Compras Anuais a Prazo * 360

Segundo esse autor:

“Desde que os encargos atribuídos às compras a prazo não excedam a taxa

inflacionária verificada (ou as taxas de juros de mercado, se estas estiverem

eventualmente aquém da inflação), torna-se atraente à empresa apresentar

um prazo de pagamento mais elevado. Com isso, a empresa pode financiar

suas necessidades de capital de giro com menos recursos onerosos.”

O custo de oportunidade para as decisões de compras (compras à vista

versus compras a prazo) é geralmente definido pela taxa de juros da melhor

aplicação financeira disponível no mercado.

4.7.2.3 Prazo médio de cobrança

O giro de contas a receber é calculado dessa forma

Receitas Operacionais / Contas a Receber Médias

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Esse indicador demonstra a flexibilidade comercial da empresa em relação a

seus clientes. Quanto menor o índice maior o prazo de recebimento, o que equivale

a dizer que o cliente tem prazos de pagamento mais largos.

O prazo médio de recebimento é calculado como segue:

360 / Giro de Contas a Receber

Os autores comentam que o objetivo de toda companhia é receber o máximo

possível de suas vendas à vista, pois, dessa forma, aumenta o valor no tempo do

dinheiro recebido e porque o risco de inadimplência é menor quanto mais rápido o

dinheiro for recebido, uma vez que o cenário no qual os devedores estão inseridos

tem maior probabilidade de mudança quanto maior for o espaço de tempo

considerado.

O indicador de prazo médio de pagamento a fornecedores, o prazo médio de

cobrança revela o tempo médio (meses ou dias) que a empresa despende em

receber suas vendas realizadas a prazo. Ele sugere a seguinte formulação para o

cálculo desse índice:

Valores a Receber Provenientes de Vendas a Prazo (Média) / Vendas Anuais a

Prazo * 360

A possibilidade de redução do volume das aplicações em contas a receber

mediante o desconto de duplicatas nos Bancos Comerciais.

Uma dinamização maior dessas operações depende da necessidade de

liquidez imediata da empresa e, principalmente, do custo efetivamente cobrado por

essas instituições financeiras.

Esse desconto de duplicatas afeta, diretamente, a margem de

comercialização o que deve ser considerado caso a caso para evitar perdas

estruturais para o negócio.

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4.7.2.4 Ciclo de caixa

O quadro completa-se com o chamado ciclo de caixa que representa o tempo

decorrido entre momento do pagamento das compras e da mão-de-obra e o

recebimento dos recursos da venda do produto final. Esse é o período durante o

qual os recursos financeiros da empresa estão investidos no capital de giro.

O ciclo de caixa é expresso pela fórmula:

Prazo Médio de Estoques + Prazo Médio de Cobrança – Prazo Médio de

Pagamento

O aumento ou diminuição desse índice representa consumir ou liberar

recursos de caixa da empresa, respectivamente. Isso afeta, diretamente, a

rentabilidade uma vez que para obter o resultado esperado emprega-se mais ou

menos capital.

4.7.3 Endividamento e estrutura de capital

Assaf (2003:110):

“Esses indicadores são utilizados, basicamente, para aferir a composição

(estrutura) das fontes passivas de recursos de uma empresa. Ilustram, com

isso, a forma pela qual os recursos de terceiros são usados pela empresa e

sua participação relativa em relação ao capital próprio. Fornecem, ainda,

elementos para avaliar o grau de comprometimento financeiro de uma

empresa perante seus credores (principalmente instituições financeiras) e

sua capacidade de cumprir os compromissos financeiros assumidos a longo

prazo.”

Brigham et al. (2001:96-101) reforçam essa perspectiva ao dizer que esses

índices demonstram a extensão pela qual a empresa está sendo financiada com

capital de terceiros e a probabilidade do não pagamento das obrigações de dívidas

assumidas.

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Matarrazzo (1998:157) comenta que através desses índices é possível captar

as grandes linhas das decisões financeiras tomadas em torno da captação e

aplicação de recursos gerados pela empresa.

Baseado nesses autores, sabe-se em que extensão uma empresa utiliza

financiamento de terceiros, ou sua alavancagem financeira, tem três implicações

importantes:

(a) ao levantar fundos por meio de dívida, os acionistas podem manter

controle de uma empresa, embora limitem seu investimento;

(b) os credores observam o capital próprio, ou os fundos fornecidos pelos

proprietários, como forma de determinar uma margem de segurança, de tal modo

que, caso os acionistas tenham aportado somente uma pequena parcela do

financiamento total necessário, os riscos da empresa serão incorridos principalmente

pelos credores;

(c) caso a empresa ganhe mais sobre os investimentos financiados com

capital tomado emprestado do que paga de juros, o retorno sobre o patrimônio

líquido dos acionistas será magnificado ou alavancado.”

4.7.3.1 Relação capital de terceiros / passivo total

O índice de endividamento é calculado segundo a fórmula:

Total do Exigível / Total dos Ativos

Ou, como propõem os autores como forma simplificada:

Exigível Total (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo) / Passivo Total

(Exigível Total + Patrimônio Líquido)

Esse índice é uma medida da porcentagem dos recursos totais da empresa

que está financiada por capital de terceiros.

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Ou seja, cada unidade monetária de recurso captada pela empresa mede

quanto provém de fontes de financiamento não próprias.

Também mede qual parcela dos investimentos da empresa está financiada

por capital de terceiros, uma vez que todo o capital obtido, seja dos acionistas, seja

de instituições financeiras, está empregado nos ativos da empresa.

Por definição, aqui estão todas as dívidas (de curto, médio e longo prazo) a

ser consideradas nesse indicador.

Como Assaf (2003:111) comenta, existe uma relação estreita entre esse

índice e a rentabilidade da empresa:

“É importante que se analise principalmente o custo do endividamento em

relação ao retorno produzido pelas aplicações desses recursos no ativo.

Conforme dera comentado adiante, o retorno da empresa é função da

margem operacional e do giro dos ativos. Dessa maneira, desde que o

retorno enunciado pelo giro dos ativos suplante o custo do endividamento

pode ser interessante para a empresa elevar este índice, aproveitando-se

assim da alavancagem financeira favorável. Não obstante a isso, essas

colocações dependem, ainda, da liquidez da empresa em sustentar um

endividamento mais elevado, e da convivência com uma taxa de risco

financeiro mais alta, a qual exerce normalmente influências sobre o nível de

juros cobrados pelos fornecedores de capital.”

4.7.3.2 Relação capital de terceiros / patrimônio líquido

A expressão para este índice escreve-se assim;

Exigível Total (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo) /(Patrimônio

Líquido)

Assaf (2003:111) ensina que se pode comparar o endividamento com

qualquer parte do passivo. Essa relação indica quanto a empresa possui de recursos

de terceiros de qualquer prazo (curto longo ou total) para cada unidade de capital

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próprio empregada. Resultados superiores a 1 denotam maior dependência da

empresa para financiar suas atividades.

4.7.3.3 Imobilização de recursos permanentes

Esse indicador demonstra quanto dos recursos passivos de longo prazo

encontra-se imobilizado em itens ativos, isto é, estão aplicados em ativos

permanentes.

Calcula-se através da aplicação da fórmula:

Ativo Permanente / Exigível de Longo Prazo + Patrimômio Líquido

Conforme Assaf (2003:112):

“Se esse índice apresentar resultado superior a 1 (100%), tal fato, indica

que os recursos permanentes da empresa não são suficientes para

financiarem suas aplicações de permanentes, sendo utilizados nessa

situação, fundos provenientes do passivo circulante com reflexos negativos

sobre o capital de giro.”

Ele alerta, também, para o fato de que aqueles que não possuem acesso às

informações contábeis da empresa, além das fornecidas usualmente, poderão

incorrer em erros de análise decorrentes do descasamento na atualidade dos

valores demonstrados. O ativo circulante tipicamente não é corrigido ao longo do

tempo e, uma vez que são registrados pelo valor de aquisição, podem estar

defasados em relação a uma situação mais atual de mercado. Por outro lado, as

dívidas seguramente terão seus valores atualizados mais freqüentemente.

4.7.4 Rentabilidade

Esses índices apontam os efeitos combinados de liquidez, gestão de ativos e

gestão de passivos sobre os resultados operacionais.

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Eles incluem a margem de lucro operacional após impostos, a margem de

lucro sobre vendas, o índice da capacidade de geração de lucros, o retorno sobre os

ativos totais e o retorno sobre o patrimônio líquido, conforme Brigham et al.

(2001:96-119).

Segundo os autores consultados, a lucratividade é o resultado líquido de um

número de políticas e decisões...Os índices de lucratividade mostram os efeitos

combinados da liquidez, gerenciamento de ativos e da dívida sobre os resultados

operacionais.

Assaf (2003:112) denomina-os indicadores de rentabilidade e comenta:

“Esses indicadores visam avaliar os resultados auferidos por uma empresa

em relação a determinados parâmetros que melhor revelem suas

dimensões. Uma análise baseada exclusivamente no valor absoluto do lucro

líquido traz normalmente sério viés de interpretação ao não refletir se o

resultado gerado no exercício foi condizente ou não com o potencial

econômico da empresa.”

As principais bases de comparação adotadas para o estudo dos resultados

empresariais são o ativo total, o patrimônio líquido e as receitas de vendas. Os

resultados normalmente utilizados, por sua vez, são o lucro operacional (lucro

gerado pelos ativos) e o lucro líquido (após imposto de renda).

Esse autor ressalta, ainda, que o uso de indicadores de rentabilidade (ou

lucratividade) exerce influência significativa sobre as decisões dos investidores da

empresa em análise, tanto por parte de fornecedores de crédito quanto por parte do

mercado acionário.

4.7.4.1 Margem líquida

É o quociente:

Lucro Líquido / Receita Líquida

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E demonstra o resultado financeiro e do pagamento de imposto de renda.

Esse é o dinheiro que será ou reinvestido ou destinado ao pagamento de

dividendos.

Esses indicadores permitem comparar desempenho entre indústrias e entre

empresas da mesma indústria.

Os autores comentam ser muito comum analisar o desempenho das

empresas pelo aumento de suas receitas, isto é, quanto suas vendas cresceram em

relação a períodos anteriores seja pelo aumento nos volumes vendidos seja pelo

aumento de preços de seus produtos.

É preciso aprofundar a análise para saber o efeito desse aumento sobre a

lucratividade com base no impacto nas margens das decisões tomadas para

incrementar as vendas.

Muitas vezes, o encolhimento de uma empresa é resultado de decisões de

melhoria de margem porque, no final, o que remunera o investimento feito pelos

acionistas são os dividendos gerados pelo negócio.

4.7.4.2 Giro do ativo

Como afirma Matarazzo (2003:176) o sucesso de um empreendimento

decorre em primeiro lugar da sua capacidade de gerar um volume de vendas

adequado.

O giro do ativo total é uma parte componente do ROA (Return On Assets) que

é o retorno sobre o ativo e resultado da multiplicação do giro do ativo total pela

margem líquida. Seu cálculo é feito pela seguinte expressão:

Vendas Líquidas / Ativo Líquido Total

4.7.4.3 Retorno sobre o ativo

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Segundo diversos autores, uma expressão de cálculo para o retorno

produzido pelo total das aplicações realizadas pela empresa em seus ativos é:

Lucro Gerado pelos Ativos (Operacional) / Ativo Total Médio

O lucro operacional representa o resultado da empresa decorrente de suas

decisões de investimentos independente da forma como a empresa é financiada. È

formado pela remuneração dos acionistas e dos credores representado pelo lucro

líquido e pelas despesas financeiras.

É importante a observação de Assaf (2003:113) sobre o índice em questão,

serve como critério de análise para a tomada de recursos de financiamento, uma vez

que:

“Como critério de decisão, o retorno sobre o ativo pode ser interpretado

como o custo financeiro máximo que uma empresa poderia incorrer em suas

captações de fundos. Se uma empresa obtiver empréstimos a taxas de juros

superiores ao retorno gerado por seus ativos, o resultado produzido pela

aplicação desses fundos será evidentemente inferior à remuneração devida

ao credor, onerando-se, dessa forma, a rentabilidade dos proprietários.

Deve-se destacar que os acionistas, em função do maior risco que

assumem nos negócios da empresa devem ser remunerados a taxas

privilegiadas; se isso não ocorrer, haverá o desestímulo ao investimento em

capital de risco. Respeitados os aspectos de risco e liquidez..é interessante

para a empresa a captação de recursos de terceiros sempre que seu custo

for inferior ao retorno produzido por seus ativos. Todavia há sempre o risco:

um empréstimo hoje favorável poderá amanhã não o ser mais, porque a

taxa real de juros pode aumentar, ou o retorno dos ativos cair, ou ambas as

situações, às vezes liquidando com a empresa.”

Vause (1999:124) responde à questão de quais conceitos de lucro e de

ativos são levados em conta dizendo:

“Quando estamos trabalhando com índices de lucratividade é importante

reconhecer que não existe um único método de calcular taxas de retorno e

que o mesmo termo podem ser usados para se referir a coisas bastante

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diferentes. Uma taxa de retorno sobre ativos pode ser produzida utilizando-

se o lucro bruto, o operacional, o antes de impostos ou o após impostos.”

Ele diz, ainda, que não é muito usual utilizar o lucro bruto para calcular o

retorno sobre ativos, mas poderia servir de base para comparar desempenhos e a

análise de um setor de negócios. Portanto, é necessário observar a que nível de

lucro o retorno faz referência.

Ainda com esse autor, sabe-se que problemas similares podem ser

encontrados com o denominador do retorno sobre os ativos. Igualmente pode-se

estar falando de ativos totais, operacionais ou líquidos empregados no negócio.

Em resumo, diz Vause (1999:124):

“ao calcular taxas de retorno comparativas é essencial que haja

consistência tanto no numerador quanto no denominador da equação. Em

outras palavras, é necessário assegurar que os retornos de cada empresa

sejam calculados da mesma maneira.”

4.7.4.4 Retorno sobre patrimônio líquido

Conhecido pela sua sigla em inglês (ROE – Return on Equity),esse indicador

serve para demonstrar o mesmo retorno, o lucro líquido, dessa vez em relação ao

patrimônio líquido.

Com base nos autores consultados, para cada unidade monetária de recursos

próprios representados pelo patrimônio líquido e investidos na empresa, mede-se

quanto os proprietários auferem de lucro.

A fórmula para seu cálculo é a seguinte:

Lucro Líquido / Patrimônio Líquido Médio

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O lucro, aqui, é líquido de imposto de renda, já que é esse lucro que poderia

ser direcionado para pagamento de dividendos e constituir, dessa forma, retorno

monetário para os acionistas proprietários.

4.7.5 Análise de tendências

É a colocação de índices em uma perspectiva histórica de forma a demonstrar

movimentos de melhoria ou de deterioração ao longo do tempo.

Dos autores consultados pode-se extrair que é importante analisar as

tendências nos índices bem como seus níveis absolutos, porque as tendências dão

pistas de se a situação financeira deve melhorar ou piorar. Para fazer uma análise

de tendência, o indivíduo, simplesmente, posiciona os índices ao longo do tempo e

observa sua evolução.

Uma das técnicas mais simples de aplicação e, ao mesmo, tempo, mais

importante no que se refere à riqueza das informações geradas para a avaliação do

desempenho empresarial refere-se à análise horizontal e vertical.

Anteriormente, comentou-se que a análise de uma empresa é

fundamentalmente desenvolvida por meio de comparações, sejam elas efetuadas

por índices passados ou mediante indicadores setoriais.

No entanto, esse processo é eficazmente completado por comparações com

outros valores afins (relacionáveis), obtidos de uma mesma demonstração financeira

(por exemplo, lucro com vendas, capital de giro com ativo total, etc.) e também pela

evolução dos diversos montantes patrimoniais e de resultados absolutos ao longo

do tempo, o que permite que se identifiquem, inclusive, determinadas tendências

futuras.

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Dessa maneira, as comparações dos valores absolutos através do tempo

(análise de suas evoluções) e, entre si, relacionáveis na mesma demonstração, são

desenvolvidas, respectivamente, por análise horizontal e vertical.

4.7.5.1 Análise vertical e análise de mudança percentual (horizontal)

Brigham et al. (2001:96-108) as definem como “duas outras técnicas que

podem ser utilizadas para identificar as tendências das demonstrações financeiras. A

análise vertical também é útil em análise comparativa.”

Nessas análises, calculam-se todos os itens das demonstrações financeiras

em relação às vendas e todos os dados do balanço em relação ao total de ativos.

Dessa forma, todos os elementos relacionam-se uns com os outros e as

relações obtidas podem ser comparadas entre empresas e setores ao longo do

tempo.

Mostra a evolução anual dos números do balanço e demonstração de

resultados, tendo o período inicial como base 100.

É o mesmo que análise de tendência. É a colocação dos índices que se quer

analisar numa perspectiva temporal de modo a encontrar comportamentos e desvios

que exijam atenção e planos de ação corretivos.

Assaf (2003:102-104) descreve uma situação especial no contexto da análise

vertical relacionada à comparabilidade dos índices no tempo.

“Em contextos com inflação, é importante que o analista desenvolva seus

estudos dos principais itens patrimoniais e de resultados, baseado em suas

evoluções reais, ou seja, em valores depurados da inflação. Para tanto, é

necessário que se coloquem , usando a metodologia de correção integral,

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todos os valores que estão sendo analisados em moeda representativa do

poder de compra de determinada data.”

Já para o caso da análise vertical, ele comenta a respeito do tratamento

inflacionário:

“ Por trabalhar com valores relativos, ou seja, considerar percentualmente

as proporções existentes entre as diversas contas, a análise vertical

dispensa qualquer processo de indexação dos valores considerados e

produz as mesmas interpretações quer se trabalhe em bases nominais,

quer em bases reais. Nessa colocação também está implícita a hipótese de

que os vários elementos contábeis estejam expressos em moeda da data de

levantamento das demonstrações.”

A análise vertical e a horizontal complementam-se mutuamente, ensina este

autor.

4.8 O valor

As informações contábeis são a base de partida, as entradas nos modelos de

avaliação de empresas.

O valor é uma questão de muitos e diferenciados matizes. Pode ser

encontrado tanto na literatura sobre economia quanto na de filosofia econômica.

Essa perspectiva é embasada pela a exposição de Martins (2001: 16):

“Considerando que a percepção do valor é individual, o fornecimento de

informações que contenham avaliações para uma única pessoa não seria

difícil. Bastaria levantar o perfil desse usuário (prudente, audacioso, nível de

conhecimento, etc.), a natureza das decisões (compra, venda, locação, etc.)

e o ambiente em que a decisão seria tomada (expansão/contração

econômica, situação política interna e externa, etc.) para construir um

modelo conceitual que o atendesse.

...no contexto atual, no qual as transformações estão ocorrendo numa

velocidade estonteante (abertura de mercados, fusões, privatizações,

criação de mercados comuns, joint ventures, etc.) esse modelo parece não

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ser suficiente. Além disso, a transparência parece estar tornando-se uma

questão de sobrevivência para muitos empreendimentos, e esse modelo

original não dá com transparência as diversas visões que se quer ter hoje

do patrimônio de uma entidade e de sua evolução.”

Ainda segundo esse autor, as informações necessárias para cálculos de valor

são dirigidas para um número crescente de usuários com uma grande diversidade

de interesses que os faz perceber, de forma distinta, o valor dos objetos avaliados.

E em suas palavras:

“A conseqüência óbvia é a crescente insatisfação dos usuários com os

relatórios divulgados. Em nossa opinião, parte significativa das sérias

críticas atribuídas as demonstrações contábeis está relacionada com esse

aspecto.”

4.9 Valor, lucro e caixa

Dentro da perspectiva deste trabalho tratar-se-á do valor de um ponto de vista

pragmático, conforme proposto por Martins (2001: 15-23).

A questão a ser considerada por nós é de que forma alguém fora da empresa

pode conceber o seu valor, ou ainda, com base na teoria existente sobre avaliação

de investimentos e as informações sem custo disponíveis, é possível calcular o valor

de um negócio próximo daquele atribuído a ele pelo mercado?

“Quando falamos em valor, obviamente, falamos principalmente em

contabilidade e economia, em sua representação monetária. Ou seja,

estamos atribuindo uma quantidade de moeda a algum ativo ou a alguma

obrigação; conseqüentemente, a toda e qualquer receita ou despesa, ou

então ganho ou perda. Finalmente, ao lucro (ou prejuízo)”.

Todavia parece que o ensino da contabilidade e de seu conceito

fundamental, conhecido como regime de competência, acabaram por criar a

idéia, entre muitos usuários (e ás vezes alguns profissionais), de que o lucro

contábil e caixa são coisas totalmente distintas. Ou seja, de que o valor do

lucro é uma coisa e o valor do caixa produzido pelas mesmas operações

que geraram esse lucro é outra coisa completamente diferente.”

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Ele ressalta a importância da clareza sobre o vínculo entre o valor do lucro, o

fluxo de caixa e o valor dos dividendos passíveis de distribuição.

Tal argumento é reforçada por Hendriksen e Van Breda (1999:205) citando o

SFAC 1 que:

“di-se que os investidores, credores e outros indivíduos se preocupam com

a aferição dos fluxos de caixa líquidos possíveis da empresa, mas que

freqüentemente recorrem ao lucro para ajuda na avaliação da capacidade

de geração de resultados, para predizer lucros futuros, ou avaliar o risco de

investir na empresa ou emprestar dinheiro a ela. Portanto há uma relação

presumida entre lucro e fluxos de caixa...”

4.10 O fluxo de caixa e a contabilidade

As avaliações de investimentos têm por base os fluxos de caixa de um

negócio descontados a um custo de oportunidade ajustado pelo risco da empresa e

do setor econômico.

Como se encontra em Damodaran (2002: 445):

“O valor de uma empresa é o valor presente de seus fluxos de caixa

previstos e que está implícita nesses fluxos de caixa e nas taxas de

desconto usadas para descontá-los é a opinião que os investidores têm a

respeito da empresa, seus administradores e seu potencial de geração de

retornos excedentes.”

Isso se aplica a todas as empresas, conforme esse autor, embora cada

negócio e setor econômico exijam diferentes considerações sobre os elementos

constitutivos do cálculo.

Assaf (2003:575) comenta que:

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“Todas as decisões no âmbito das finanças corporativas encontram-se

vinculadas ao objetivo básico de criação de valor da empresa, de maneira a

promover a maximização da riqueza de seus acionistas”.

A definição de valor de uma empresa é uma tarefa complexa exigindo uma

coerência e rigor conceituais na formulação do modelo de cálculo. Existem

diversos modelos de avaliação, embutindo todos eles certos pressupostos e

níveis variados de subjetividade.

Pelo maior rigor conceitual e coerência com a moderna teoria de finanças, a

prioridade é dada aos modelos de avaliação baseados no Fluxo de Caixa

Descontado (FDC)”.

Martins et al. (2001:265) comentam as dificuldades de se alcançar o valor de

uma empresa:

“A avaliação de uma empresa normalmente se inicia pelas demonstrações

contábeis. Devido, porém à adoção dos princípios contábeis e à influência

da legislação tributária, elas geralmente são incapazes de refletir o valor

econômico de um empreendimento.

O conjunto de demonstrações contábeis pode ser ajustado para aproximar-se

do valor econômico da entidade. Os ajustamentos típicos envolvem: depreciação,

estoques, ativos intangíveis, leasing e outros itens patrimoniais.

Entre os aspectos que dificultam a utilização das demonstrações contábeis

para a obtenção de razoável aproximação do valor econômico de uma empresa,

destacam-se os seguintes:

1. Os relatórios contábeis são baseados em custos históricos de

aquisição;

2. As contas a receber estão registradas a valor futuro de liquidação;

3. O princípio do conservadorismo tende a subestimar os valores dos

ativos;

4. Existem operações relevantes que normalmente não são registradas.

Como foi visto em capítulos anteriores, as informações disponíveis

atualmente são informações desse tipo contábil apresentadas nos relatórios

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estruturados formatados como demonstrações financeiras auditadas segundo os

padrões de cada mercado.

Portanto, a avaliação de uma empresa, a partir de suas demonstrações

financeiras, exige ajustes a serem efetuados caso a caso. O objetivo desses ajustes

é demonstrar a capacidade de geração de caixa da empresa.

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89

CAPÍTULO 5

OS MODELOS DE CÁLCULO DE VALOR

5.1 O cálculo do valor de uma empresa

Martins et al. (2001:263) comentam que se busca o preço justo de mercado

ao avaliar uma empresa. Esse seria o valor que representa de forma razoável a

potencialidade econômico-financeira de uma empresa.

Eles citam algumas razões que levam para uma avaliação:

1. compra e venda de negócios;

2. fusão, cisão e incorporação de empresas;

3. dissolução de sociedades;

4. liquidação de empreendimentos;

5. avaliação da habilidade dos gestores de gerar riqueza para os acionistas.

Por isso, conforme essa perspectiva, o processo de avaliação envolve

decisões subjetivas, decorrentes dos propósitos de cada envolvido na avaliação.

Damodaran (1994: 1-2) refuta a noção de que o valor está nos olhos de quem

compra, o que pode ser verdadeiro para obras de arte ou pintura mas certamente é

falacioso quando o assunto tratado é um negócio ou empresa, segundo suas

palavras.

Nesses casos, ele diz que ativos financeiros são adquiridos pelos fluxos de

caixa gerados para quem os possuir, reforçando o argumento apresentado

anteriormente.

Em outro texto de Damodaran (2002:451),ele acrescenta ainda:

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“Sem dúvida, o valor de qualquer ativo deve ser uma função de três

variáveis: quanto ele gera em fluxos de caixa, quando estes fluxos de caixa

ocorrem e o nível de incerteza associada a eles.”

Copeland et al (1994:157) propõem cinco passos, cada um com um conjunto

de itens, a serem considerados num processo de avaliação de empresas.

1. Analisar o desempenho histórico:

a. Calcular lucro líquido e capital investido. Revisar as demonstrações

contábeis dos últimos cinco anos;

b. Calcular os direcionadores de valor. Calcular a taxa de crescimento

das vendas, lucros e do capital base, bem como a taxa de retorno

do capital investido (lucro residual);

c. Analisar a saúde financeira da empresa;

d. Desenvolver uma perspectiva histórica integrada.

2. Projetar o desempenho:

a. Entender o posicionamento estratégico;

b. Identificar os componentes relevantes do fluxo de caixa livre;

c. Projetar individualmente cada componente direcionador do fluxo de

caixa;

d. Determinar as premissas para as projeções e os cenários

e. Decidir sobre a duração da projeção;

f. Desenvolver cenários

g. Projetar os fluxos de caixa livres;

h. Conferir a adequação e a consistência dos resultados projetados.

3. Estimar o custo do capital:

a. Definir a estrutura de capital meta:

i. As dívidas e quase dívidas

ii. O capital próprio

b. Estimar o custo de capital;

c. Usar o modelo CAPM:

i. Determinar a taxa livre de risco

ii. Determinar o prêmio de risco do mercado

iii. Estimar o risco sistemático (Beta) e/ou

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91

d. Usar o modelo APM.

4. Estimar a perpetuidade:

a. Escolher a técnica adequada;

b. Decidir sobre o horizonte da projeção;

c. Estimar os parâmetros;

d. Descontar a perpetuidade para a obtenção de seu valor presente

5. Interpretar e testar os resultados em função do tipo de decisão:

a. Calcular e interpretar os resultados;

b. Checar os resultados;

5.2 Abordagens básicas na avaliação de empresas

Tecnicamente, o fluxo de caixa é o lucro contábil ajustado pelos elementos

que não geram desembolsos.

Entretanto, Copeland et al. (1994:73) afirmam que lucros contábeis são úteis

para avaliação de empresas apenas quando lucros forem uma aceitável

aproximação para o fluxo de caixa futuro esperado para o longo prazo. Nem todas

as companhias geram o mesmo fluxo de caixa para cada dólar de lucro, dessa forma

a abordagem de lucros genericamente é uma aproximação tosca do valor. Os lucros

contábeis são falhos, portanto, no papel de uma ferramenta gerencial de geração de

valor.

Em sua opinião, a metodologia do fluxo de caixa descontado captura melhor

todos os elementos relevantes para determinar o valor de um negócio.

Na abordagem contábil, diz ele, tudo o que importa são os lucros contábeis do

negócio. Valor é simplesmente lucro multiplicado por algum múltiplo (lucro por ação,

por exemplo). Em uma forma mais complexa esse modelo pode descontar os lucros

futuros a uma determinada taxa. Nos mais simples, observa apenas a expectativa de

ganhos do ano seguinte.

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92

Na abordagem do FCD, o valor do negócio é o futuro fluxo de caixa esperado

descontado por uma taxa que reflete o risco, entendido como a probabilidade de não

ocorrência desse fluxo de caixa.

Damodaran (2002-451), a seu turno, reconhece a definição clássica do FCD e

conceitua a avaliação relativa:

“No primeiro, a avaliação de fluxo de caixa descontado, o valor de qualquer

ativo é estimado ao se calcular o valor presente dos fluxos de caixa

esperados deste ativo descontados a uma taxa que reflete o risco dos fluxos

de caixa. De certa forma, é uma medida do valor intrínseco de um ativo. Na

segunda, o valor de um ativo é calculado em relação à precificação de

ativos similares no mercado. Trata-se, portanto, de uma medida de valor

relativo e não do valor intrínseco.”

Em outro texto, Damodaran (2002:243) reforça e repete o seu argumento

sobre essa terceira abordagem, diferenciando-a como segue:

“A avaliação relativa abrange dois componentes. O primeiro é o fato de que

os preços precisam ser padronizados, geralmente convertendo-os em

múltiplos de lucros, valores escriturais ou faturamento, para permitir a

avaliação relativa de ativos. O segundo é a busca por empresas similares, o

que é difícil em vista do fato de que não há duas empresas idênticas e de

que as empresas de um mesmo setor podem apresentar diferenças quanto

a risco, potencial de crescimento e fluxos de caixa.”

Assaf (2003:576) divide a avaliação de empresas por grupos de metodologias

similares sem prejuízo das categorias que se estabeleceu acima:

a) Métodos patrimoniais e critérios de mensuração de ativos;

b) Valor da empresa e valor dos balanços;

c) Método de múltiplos de mercado ou de transações comparáveis;

d) Método do fluxo de caixa descontado (FCD).

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Martins et al. (2001:268) propõem um outro agrupamento para classificar os

métodos de avaliação de empresas que também está nas categorias previamente

estabelecidas:

a) Técnicas comparativas de mercado;

b) Técnicas baseadas em ativos e passivos contábeis ajustados

c) Técnicas baseadas no desconto de fluxos futuros de benefícios

(geralmente, caixa).

Em resumo, encontra-se nesses autores, três vertentes fundamentais para os

métodos de avaliação de empresas.

A primeira teria como referência apenas as informações contábeis da

empresa.

A segunda baseia a avaliação da empresa na comparação de índices

calculados sobre as demonstrações financeiras de empresas similares.

A terceira vertente estabelece o valor de um empreendimento a partir dos

fluxos de caixa projetados descontados por uma taxa que reflete o risco composto

para o negócio em análise.

Cabe relembrar, aqui, o que foi exposto em capítulo anterior com base em

Martins et al. (2001:88-89) sobre o vínculo entre lucro e caixa. Quando ocorrer o

consumo do último ativo e chegar a descontinuidade da empresa, os lucros totais

pelo método contábil, qualquer que seja ele dentro dos princípios contábeis

geralmente aceitos, serão exatamente os mesmos que o caixa provido pelas

operações.

5.3 Avaliações com base nas demonstrações contábeis

Damodaran (2002:243) caracteriza-as como baseadas simplesmente em

indicadores, fato que as torna muito populares, uma vez que a complexidade relativa

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da avaliação é menor e, portanto, a velocidade de elaboração das análises também

diminui.

A apresentação dos resultados é mais simples para a compreensão do que

as de fluxo descontado. Essa avaliação tende a refletir mais o estado do mercado

atual por ser uma tentativa de medir o valor relativo e não o intrínseco.

Isso quer dizer, ele salienta, que se o mercado estiver em um momento de

baixa generalizada tal conjuntura estará refletida nas avaliações feitas naquele

momento.

A avaliação relativa, geralmente, resulta em valores mais próximos do preço

de mercado do que as realizadas pelo fluxo de caixa descontado, em razão do seu

vínculo com a situação de mercado daquele momento.

Esse autor alerta para as distorções que podem ser produzidas quando se

utiliza avaliação relativa:

1. A facilidade de compilação dos dados necessários para essa avaliação,

que são em número menor do que as exigidas para o cálculo do fluxo de

caixa descontado, unindo um múltiplo a um grupo de empresas

supostamente comparáveis, podem deixar de lado variáveis fundamentais

como risco, crescimento ou potencial de fluxo de caixa.

2. Como os múltiplos refletem o estado do mercado, uma implicação

provável é a super- ou a subestimação da empresa acompanhando a

situação conjuntural do mercado a cada instante.

3. Embora toda avaliação seja sujeita a distorções, a falta de premissas

claras nos modelos de avaliação relativa torna-os relativamente mais

suscetíveis à manipulação, uma vez que podem ser escolhidos os

múltiplos mais favoráveis ao argumento que se queira defender sobre a

empresa.

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5.3.1 Avaliação patrimonial contábil

É a mensuração apresentada nas demonstrações financeiras resultante da

seguinte equação:

Valor da empresa = Ativos Contábeis – Passivos contábeis = Patrimônio

Líquido

Martins et al (2001:269) orientam a utilização desse modelo para empresas

cujos ativos mensurados pelos princípios contábeis não divergem muito dos seus

valores de mercado e sem valores de goodwill significativos.

Segundo esses autores poucas são as empresas com essas características.

Assaf (2003:576-577) comenta a relação desse modelo com um princípio

contábil fundamental: o custo histórico.

O custo histórico é o registro do valor dos ativos e passivos no momento de

sua aquisição. O objetivo é evitar que avaliações subjetivas sobre o valor das

transações contábeis e seus efeitos patrimoniais sejam distorcidos na apresentação

das demonstrações financeiras.

O valor histórico puro é desenvolvido dentro do princípio do denominador

comum monetário, supondo uma única moeda ao longo do tempo, sem considerar

nenhuma correção na atualização monetária em seus diversos valores.

Outro comentário relevante dos autores citados afirma ser uma importante

restrição ao método a que decorre da avaliação estar baseada em valores passados

(ocorridos) e não em expectativas futuras de resultados.”

Para atenuar essa deficiência intrínseca do modelo busca-se corrigir o custo

histórico com base no indicador de mudança de valor mais adequado a cada item

avaliado nas demonstrações contábeis.

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Conforme entende Martins et al. (2001:40), o custo histórico corrigido tem

vantagens importantes quando comparado ao custo histórico puro, pois é

aceitavelmente objetivo e prático e evita a descapitalização da empresa, já que

produz uma informação mais real do lucro passível de distribuição aos acionistas.

A convenção da utilidade trata do que é relevante para o usuário e outro

aspecto do custo histórico corrigido é proporcionar a apuração do resultado do

exercício incluindo os efeitos de variação do poder aquisitivo da moeda, o que é útil

e relevante para o usuário.

Adicionalmente, esse método melhora a qualidade das demonstrações

contábeis por homogeneizar os valores originados em datas diferentes ao trazê-los

para uma mesma referência temporal de valor. Isso preserva a essência de dois

princípios fundamentais da contabilidade: o denominador comum monetário e a

consistência ou uniformidade.

Os dois métodos, custo histórico e custo histórico corrigido, estão vinculados

ao fluxo de caixa da empresa, apenas que o segundo considera o efeito da inflação

quando esse fluxo compreende momentos diferentes no tempo, o que é tipicamente

o caso de empreendimentos em continuidade.

Como limitações do modelo, os autores apontam a dificuldade de serem

estabelecidos índices de correção de forma inequívoca, uma vez que, usualmente,

eles são apurados com base na variação de preços de uma cesta de produtos pouco

relacionada aos insumos e produtos da empresa.

5.3.2 Avaliação patrimonial pelo mercado

“O modelo de avaliação patrimonial pelo mercado consiste na mensuração

do conjunto de ativos e passivos exigíveis com base no valor de mercado de

seus itens específicos. Os valores de entrada ou saída são aplicados de

acordo com a natureza e a intenção de uso de cada item.” Martins et al

(2001:269).

A equação equivalente é apresentada a seguir:

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Valor da empresa = Ativos Ajustados – Passivos Exigíveis Ajustados

Esses valores são estabelecidos como se fossem valores de liquidação.

Segundo os autores, a desconsideração dos benefícios futuros que podem

ser gerados pela utilização dos ativos e passivos exigíveis é a principal

desvantagem, no caso de que esse valor seja maior do que o valor de liquidação

que esse modelo calcula.

Sobre esse modelo Assaf (2003:577) comenta:

“O valor de realização de mercado determina o valor possível dos ativos da

empresa de serem realizados individualmente em condições normais de

transações dentro de um mercado organizado, ou seja, o preço razoável

que se pode obter na alienação de cada um deles. Além das dificuldades

naturais de avaliação, esse método não leva em consideração a possível

sinergia dos ativos, fixando-se no valor pecuniário de sua realização.”

Caso não haja expectativa de realização para o ativo ou passivo num período

futuro aceitável, recomenda-se a atualização ou desconto por alguma taxa

compatível com a natureza do bem em questão.

Nessas medidas de saída, Hendriksen e Van Breda (1999:310) propõem o

conceito de valor realizável líquido, que se constitui como o valor de realização

menos as despesas de venda adicionais ou custos de produção associados à

realização.

Embora necessário, na avaliação desses autores, eles reconhecem a relativa

dificuldade de se estimarem os desembolsos adicionais exigidos para completar,

vender e entregar o produto fora de um contexto de realização de uma transação.

Outro método de avaliação de tipo contábil dentro da classificação é o

chamado valor de liquidação, assim conceituado por Hendriksen e Van Breda

(1999:311):

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“Os valores de liquidação assemelham-se a preços correntes de saída e a

equivalentes correntes de caixa, exceto pelo fato de serem obtidos em

condições diferentes de mercado.”

Os preços correntes de saída pressupõem operações normais de venda e,

em geral, um lucro normal, e os equivalentes correntes a caixa pressupõem pelo

menos uma liquidação organizada. O conceito de valor de liquidação subentende

uma venda forçada, seja a clientes regulares a preços substancialmente reduzidos

ou a outras empresas ou revendedores, geralmente a preços consideravelmente

abaixo do custo. A aplicação de valores de liquidação, geralmente, resulta na

reavaliação, para menos, dos ativos, e no reconhecimento de perdas. Como não são

realistas em circunstâncias normais, os valores de liquidação devem ser utilizados

somente em duas condições principais:

1. Quando mercadorias ou outros ativos tenham perdido sua utilidade normal,

tenham se tornado obsoletos, ou de algum outro modo tenham perdido seu

mercado normal.

2. Quando a empresa espera suspender suas operações no futuro próximo,

tornando-se incapaz de vender em seu mercado normal.

Uma outra abordagem de valor patrimonial pelo mercado é a do valor de

reposição ou valor a preços correntes.

Assaf (2003:583) conceitua o valor de reposição como sendo o custo baseado

nos valores de mercado dos diversos ativos em avaliação, tendo como premissa

para a valorização o ativo avaliado em estado de novo.

Esse método permite apurar resultados mais próximos do valor econômico de

uma entidade em continuidade, pois considera de forma sistemática a variação de

preços dos seus ativos específicos a valores de mercado atuais e torna os

resultados apresentados mais próximos da realidade corrente.

Como se encontra em Assaf (2003:583):

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“O ativo total de uma empresa avaliado pelo custo corrente deve

reproduzir, em essência, o valor que se deveria pagar para montar outra

empresa igual (mais próxima possível) em estado de nova. Permite que se

proceda a uma avaliação da entidade no momento atual, como se fosse

constituída hoje, evidenciando todo o capital (investimento) necessário para

obter uma empresa igual à que está sendo avaliada. Essa análise é

relevante principalmente do ponto de vista de um investidor potencial, que

esteja considerando uma eventual participação acionária no capital da

empresa. Os resultados de sua avaliação seriam comparáveis, para efeitos

de tomada de decisão, com os que apuraria caso investisse seus recursos

numa nova empresa similar.”

Aspecto contrário à sua utilização citado por esse autor diz respeito a ser

considerado o seu caráter, muitas vezes subjetivo, decorrente da possível

indisponibilidade de preços dos ativos similares avaliados no mercado, exigindo

estimativas.

5.3.3 Modelo dos múltiplos de faturamento

Como o lucro contábil é passível de interpretações muitas vezes difíceis, esse

modelo dos múltiplos de faturamento aparece como um simplificador do modelo de

capitalização dos lucros.

Decorre desse fato a sua utilização mais ampla. Martins et al (2001:271).

Como grande parte dos empreendimentos não possui sistemas de informação

financeira estruturados e, naqueles casos em que eles existam, não são sistemas

auditados e confiáveis, este modelo permite estabelecer o valor de negócios em

ramos em que a experiência do avaliador permite determinar a lucratividade

esperada apenas com base no faturamento, a despeito dos outros itens

componentes do resultado operacional.

Os setores nos quais esse mecanismo é mais amplamente usado são os de

menor complexidade e maior homogeneidade, como padarias, farmácias, pequenos

comércios, etc.

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5.3.4 Modelo dos múltiplos de fluxo de caixa

Segundo Martins et al. (2001:272), o lucro líquido contábil vem sendo

substituído pelo fluxo de caixa.

Os modelos de múltiplos de fluxo de caixa buscam no conceito de EBITDA

(Earnings before Interest, Taxes, Depreciation, Amortization ou Lucros após Juros,

Impostos, Depreciação e Amortização, LAJIDA) uma referência de caixa já nas

demonstrações financeiras.

Martins (2001:272) expõe o significado contábil do conceito:

“...o que ser quer, com o EBITDA, é o valor do caixa, ou melhor, do

potencial de geração do caixa (portanto os valores antes de se

considerarem as depreciações) produzido pelos ativos genuinamente

operacionais (excluindo-se então as receitas financeiras que, neste caso,

não são o objetivo da empresa), sem os efeitos decorrentes da forma de

financiamento da empresa (portanto, excluindo-se também as despesas

financeiras) e antes dos efeitos dos tributos sobre o resultado (imposto de

renda e contribuição social sobre o lucro no caso brasileiro).”

5.3.5 Modelo baseado no EVA®

Assaf (2003:165) relata que a gestão de empresas tem se voltado,

preferencialmente, para a geração de valor e riqueza para o acionista.

Ele reconhece que a redução de despesas, instrumento clássico de

incremento de resultados, não tem a capacidade per se de garantir competitividade,

uma vez que está acessível a qualquer participante do mercado o receituário de

economia de custos e diz que a supremacia da empresa nesses ambientes

competitivos encontra-se em descobrir suas ineficiências antes de seus rivais de

mercado, atividade difícil e que dará o verdadeiro diferencial competitivo diante da

concorrência.

Mais adiante, ele complementa esse raciocínio ao elaborar:

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“O objetivo de criar valor aos acionistas demanda outras estratégias

financeiras e novas medidas do sucesso empresarial, todas elas voltadas a

agregar riqueza a seus proprietários. Criar valor para uma empresa

ultrapassa o objetivo de cobrir os custos explícitos identificados nas vendas.

Incorpora o entendimento e o cálculo da remuneração dos custos implícitos

(o custo de oportunidade do capital investido), não cotejado pela

contabilidade tradicional na apuração dos demonstrativos de resultados e,

conseqüentemente, na quantificação da riqueza dos acionistas.”

Stewart (1990:154) propõe o cálculo do valor de mercado de uma empresa

com base no valor econômico agregado:

Valor de mercado = Valor Presente dos VEA Futuros + Capital Empregado

Esse valor de mercado conhecido como MVA (Market Value Added ou Valor

Agregado de Mercado (VAM)) é o valor presente dos valores econômicos agregados

futuros. Se positivo, será somado ao capital total empregado gerando o novo valor

da empresa. Caso seja negativo, será deduzido (ou somado algebricamente) do

capital total empregado reduzindo o valor da empresa.

O quadro seguinte proposto por Martins et al. (2001:274) permite mostrar os

dois movimentos:

Valor de Mercado da

EmpresaCapital Total Empregado

Valor Agregado

Capital Total Empregado Valor de

Mercado da Empresa

Valor Destruído

Valor presente dos VEA futuros (positivo)

Valor presente dos VEA futuros (negativo)

Valor Agregado de Mercado Positivo

Valor Agregado de Mercado Negativo

Quadro 5 – O valor agregado de mercado

Fonte: Martins et al (2001:274)

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Martins et al. (2001:244) descrevem o EVA® (Economic Value Added ou

Valor Econômico Agregado (VEA)) como uma resposta à necessidade de medidas

de desempenho que expressem a adequada criação de riqueza por um

empreendimento.

Na citação de Ehrbar (1999:2),o VEA define-se assim:

“Aritmeticamente, é o lucro operacional após pagamento de impostos

menos os encargos sobre o capital, apropriado tanto para endividamento

quanto para o capital acionário. O que resta é o valor em dólares pelo qual o

lucro excede ou deixa de alcançar o custo do capital utilizado para realizar

aquele lucro. Esse número é o que os economistas denominam lucro

residual, que significa exatamente aquilo que implica: é o resíduo que sobra

depois de todos os custos terem sido cobertos. Economistas também se

referem a isto como lucro econômico ou aluguel econômico. Nós o

chamamos de valor econômico adicionado.”

Desse modo, a fórmula para cálculo do EVA® é escrita como a seguir:

EVA = NOPAT – (C% * TC)

em que: NOPAT = Resultado operacional líquido depois dos impostos

(Net Operating Profit After Taxes).

C% = Custo percentual do capital total (próprio e de

terceiros)

TC = Capital total investido.

O autor sugere uma mudança na fórmula devido ao fato de que pela

legislação societária brasileira o custo de capital de terceiros (despesas financeiras)

já está incluído no resultado operacional líquido. Então, a expressão será a seguinte:

EVA = LOLAI – (CCP% * PL)

em que: LOLAI = Lucro operacional líquido após os impostos

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CCP% = Custo percentual do capital próprio

PL = Patrimônio Líquido

Ehrbar (1999:2):

“Como disse Peter Drucker em seu artigo na Harvard Business Review em

1995: VEA se baseia em algo que sabemos há muito tempo: aquilo que

chamamos de lucro, o dinheiro que sobra para remunerar o capital,

geralmente nem é lucro. Até que um negócio produza um lucro que seja

maior do que seu custo de capital, estará operando com prejuízo. Não

importa que pague impostos como se tivesse um lucro verdadeiro. O

empreendimento ainda retorna menos à economia do que devora em

recursos (...). Até então, não cria riqueza, a destrói.

Muitos gerentes de empresas esqueceram-se desse princípio básico porque

foram condicionados a focalizar lucros contábeis convencionais, que incluem uma

dedução para pagamento de juros mas não têm qualquer dispositivo para custo de

capital acionário.

5.4 Avaliações com base em fluxos de caixa

Segundo Martins et al. (2001:275), o fluxo de caixa é o modelo, dentre os

apresentados na teoria de finanças, que melhor revela a efetiva capacidade de

geração de riqueza de determinado empreendimento. Num certo sentido, comentam

os autores, o conceito de lucro contábil, geralmente, deixa a desejar nesse aspecto.

Na visão de Copeland et al (1994:72), o fluxo de caixa descontado captura

todos os elementos do valor de uma empresa.

Na literatura, existe o pressuposto de que, explícita ou implicitamente, todas

as decisões gerenciais são baseadas em algum modelo de valor.

É, portanto, de alta importância para os gestores de negócios basear suas

decisões em um modelo que, de forma mais acurada, reflita o valor de suas

escolhas na avaliação final da empresa.

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Por sua vez Assaf (2003:586), assim entende a importância do método do

fluxo de caixa descontado na Teoria de Finanças sobre avaliação de negócios:

“A avaliação de uma empresa para a Teoria de Finanças volta-se,

essencialmente, a seu valor intrínseco, o qual é função dos benefícios

econômicos esperados de caixa, do risco associado a esses resultados

previstos e da taxa de retorno requerida pelos proprietários de capital.”

Damodaran (2002:451) trata o assunto com premissas semelhantes:

“Sem dúvida, o valor de qualquer ativo deve ser uma função de três

variáveis: quanto ele gera em fluxos de caixa, quando estes fluxos de caixa

ocorrem e o nível de incerteza associada a eles. A avaliação de fluxo de

caixa descontado reúne todas estas três variáveis ao calcular o valor de

qualquer ativo como sendo o valor presente de seus fluxos de caixa

futuros esperados:”

Em termos matemáticos a expressão que representa o que foi exposto

escreve-se assim:

Valor = Σ FCt / (1+r)t para t com valores de 1 a n

em que:

n = número de períodos de vida do ativo (em anos ou meses)

FCt = Fluxo de Caixa no período t

r = taxa de desconto que reflete o nível de risco dos fluxos de

caixa esperados

O objetivo da administração financeira das empresas é o de maximizar o valor

dos negócios em que ela opera. Um conjunto de decisões básico é tomado para

atingir esse objetivo.

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O quadro, a seguir, extraído de Damodaran (2002:450) revela as áreas de

decisão das finanças corporativas:

Maximizar o Valor da Empresa

Decisão sobre Dividendos

Decisão sobre Financiamento

Decisão sobre Investimento

Investir em projetos que ofereçam um retorno maior do que a menor taxa

aceitável de corte

Selecionar um portifólio de financiamentos que maximize os

valores dos projetos selecionados e que case com os ativos financiados

Se não há investimentos suficientes que cubram a taxa de corte devolver os

recursos aos proprietários

Taxa de Corte

Deve ser maior para projetos com riscos maiores e refletir o

portifólio de financiamentos

utilizados

Retornos

Os retornos devem ser marginais,

baseados no fluxo de caixa e

ponderados pelo tempo,

refletindo todos os custos

colaterias e benefícios

FinanciamentosPortifólio

Inclui dívida e

patrimônio líquidoe pode afetar

tanto a taxa de corte quanto os fluxos de caixa

FinanciamentosTipo

Deve ser o mais próximo possível

do ativo a ser financiado

Quanto

Saldos de caixa depois de atender

a todas as necessidades da

empresa

De que forma

Se os recursos devem ser

devolvidos como dividendos, como

recompra de ações ou cisões

parciais da sociedade. Isto depende das

preferências dos acionistas

Quadro 6 – Decisões para maximizar o valor para o acionista

Fonte: Damodaran (2002:450)

Assim, vê-se que as decisões financeiras básicas são formadoras tanto dos

fluxos de caixa quanto da taxa de desconto que irá desconta-los no modelo de valor

presente.

Nas palavras de Assaf (2003:586):

“Na avaliação econômica de investimentos, o método de fluxo de caixa

descontado (FCD) é o que representa o maior rigor técnico e conceitual

para expressar o valor econômico. Esse método de cálculo de valor, está

voltado para a apuração da riqueza absoluta do investimento – valor

presente de um fluxo de benefícios econômicos líquidos de caixa esperados

no futuro – estando perfeitamente consistente com o objetivo enunciado das

finanças corporativas de maximização do valor da empresa.”

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106

O FCD é o modelo de avaliação que será utilizado, neste trabalho, para testar

a hipótese de proximidade do valor da empresa atribuído a ela no mercado

secundário de ações com aquele calculado por esse método.

Cabe, agora, definir com mais profundidade os elementos de cálculo que são

necessários para a sua aplicação.

5.4.1 Decisões relacionadas ao fluxo de caixa descontado

Damodaran (2002:454) resume as estimativas relativas ao fluxo de caixa

descontado a três:

1. fluxos de caixas correntes

a. dividendos

b. fluxos de caixa livres do capital próprio dos modelos de avaliação de

ações

c. fluxos de caixa livres dos modelos de avaliação de empresas

2. taxa de desconto destes fluxos

a. custo do capital próprio

b. custo de capital

3. padrões de crescimento esperados

a. estável

b. alta taxa de crescimento por um período, redução abrupta e

estabilidade posterior

c. alta taxa de crescimento e redução gradual até um patamar de

estabilidade.

O quadro abaixo, adaptado de Damodaran (2002:456), resume as escolhas

exigidas pelo modelo de avaliação pelo Fluxo de Caixa Descontado (FCD):

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107

As escolhas associadas ao modelo de avaliação pelo fluxo de caixa descontadoO que escolher

Custo do capital próprio. Premissa: quanto mais arriscado for o investimento, maior deve ser o custo do capital próprio.. Modelos: CAPM (Modelo de Precificação de Ativos de Capital): Taxa livre de risco + Beta (prêmio de risco) ou APM (Modelo de Precificação por Arbitragem): Taxa livre de risco + Somatório de Beta j (prêmio de risco j): n fatores.

Taxa de Desconto

Padrão de Crescimento

Fluxo de CaixaPossibilidades de escolha

Custo de CapitalCusto médio ponderado de capital (CMPC) = Ke (patrimônio líquido / (dívida + patrimônio líquido))+ Kd (dívida / (dívida + patrimônio líquido))

Kd = taxa de empréstimo corrente (1-t)

Patrimônio líquido e dívida: valores de mercado das ações e dívida

DividendosDividendos esperados para os acionistas

Fluxo de caixa do capital próprioLucro líquido - (1-ie ) (Despesa de Capital - Depreciação) - (1-ie ) (Variação do capital circulante não monetário) = Fluxo de caixa livre do capital próprioie = índice de endividamento

Fluxo de caixa para a empresaLucro antes dos juros e do imposto de renda (LAJIR) (1 - alíquota do imposto de renda) - (Despesa de Capital - Depreciação) - (Variação do capital circulante não monetário) = Fluxo de caixa livre da empresa

Crecimento Estável

g

t

Crecimento em Dois Estágios Crecimento em Dois Estágios

Quadro 7 – Escolhas associadas à avaliação pelo fluxo de caixa descontado

Fonte: Damodaran (2003:456)

Assaf (2003:587) comenta sobre o fluxo de caixa da empresa dentro desse

modelo de avaliação:

“A base de avaliação do modelo são os fluxos de caixa, definidos em termos

operacionais, onde se excluem, entre outros, os fluxos de caixa financeiros

de remuneração do capital (despesas de juros e dividendos, basicamente).

Os valores relevantes para a avaliação econômica são provenientes da

atividade operacional da empresa, e disponíveis a todos os provedores de

capital, próprios e de terceiros. Esses fluxos operacionais devem, ainda, ser

projetados para determinado horizonte de tempo, apurando-se dessa

estrutura de entradas e saídas de caixa a riqueza líquida mantida no

momento presente, ou seja, o valor da empresa.”

Sobre o comportamento dos fluxos e a taxa de desconto, Assaf (2003:587)

diz:

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108

“No processo de avaliação, é importante não somente o levantamento dos

fluxos de caixa esperados, mas também a forma como eles se distribuem ao

longo do tempo. Os fluxos de caixa considerados na avaliação devem,

ainda, ser consistentes com a taxa de desconto aplicada, a qual reflete, no

modelo do FCD, o custo de oportunidade dos vários componentes de capital

ponderados pela participação relativa de cada um deles no total do

financiamento.”

5.5 A taxa de desconto

Definido o conteúdo do fluxo de caixa a partir dos seus elementos

constitutivos, requer-se, a seguir, que se defina a taxa apropriada de desconto a ser

utilizada para trazer a uma mesma data de referência os valores futuros gerados

pelo negócio.

5.5.1 Custo de oportunidade

Uma área de análise e decisão típica em finanças diz respeito ao orçamento

de capital. Não é escopo deste trabalho o aprofundamento desse tema mas nele

será encontrada mais comumente a decisão relacionada a custos de oportunidade.

Brigham et al (2001:370) explicam que a chave para entender o processo de

orçamento de capital está em reconhecer que:

1. os investidores fornecem os fundos necessários aos administradores, ou

capital, para empreender projetos que o últimos consideram essenciais para o

sucesso e a continuidade do negócio e

2. Os administradores serão bons nas suas posições caso sejam capazes de

gerir o dinheiro confiado a eles de forma a investi-lo somente em projetos que

produzam taxas de retorno, no mínimo tão altas quanto os retornos que os

investidores poderiam obter em outra aplicação.

A esses retornos, que se pode obter em outro lugar, dá-se o nome de custo

de oportunidade.

Assaf (2003:165) define o custo de oportunidade de maneira semelhante:

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109

“Um custo de oportunidade retrata quanto uma pessoa (empresa) sacrificou

de remuneração por ter tomado a decisão de aplicar seus recursos em

determinado investimento alternativo, de risco semelhante.”

Esse autor alerta para a necessidade de comparação entre aplicações com a

mesma classificação de risco:

“Não faz sentido comparar a taxa de retorno de uma decisão com risco com

os ganhos oferecidos por uma alternativa sem risco (títulos públicos, por

exemplo) . A diferença entre essas taxas é mais bem entendida como um

prêmio pelo risco incorrido, e não como um custo de oportunidade.

Alternativas com diferentes níveis de risco, por outro lado, não permitem

uma comparação homogênea dos retornos produzidos, distorcendo o

conceito de custo de oportunidade na avaliação da atratividade econômica

de um investimento.”

5.5.2 Custo de capital de terceiros

O custo de capital de terceiros é obtido pela média ponderada dos

empréstimos onerosos da empresa.

Quando algum título de dívida de qualquer espécie possui alguma cláusula de

devolução em condições diferentes do retorno com dividendos ou com o valor da

empresa, essa condição de retorno é o seu custo.

Van Horne (1995:222) propõe uma fórmula para calcular o custo da dívida

com terceiros como resultado do produto da taxa interna de retorno ou rendimento

do título de dívida pela taxa marginal de impostos.

Isso é decorrência dos encargos financeiros serem dedutíveis para fins de

base de cálculo de impostos. Por essa razão o custo da dívida é menor do que o seu

custo integral de contratação do ponto de vista do desembolso de caixa que

representa.

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110

5.5.3 Custo de capital próprio

Há, na literatura de finanças dois modelos clássicos de precificação de ativos

usados na determinação do custo de capital próprio: o CAPM e o APT,

respectivamente, Capital Asset Pricing Model e Arbitrage Pricing Theory.

Conforme Ross et al. (1995:231), afirmam, ambos os modelos pressupõem

que os retornos dos ativos são variáveis e que essa variabilidade pode ser medida

pela variância e pelo desvio-padrão da série histórica dos retornos dos ativos em

análise.

A interdependência entre os retornos de diversos ativos pode ser usada para

a construção de uma carteira diversificada com risco minimizado ao mesmo tempo

em que é maximizada a expectativa de retorno.

5.5.3.1 O modelo CAPM

Segundo Haugen (1997:196) o CAPM é uma teoria sobre como os ativos são

precificados em relação ao seu risco.

Como foi dito no capítulo 3, o objetivo do modelo é medir o risco de uma ação

individual e qual a relação entre risco e o retorno esperado e exigido pelos

investidores dos seus investimentos.

Esse beta de um título descreve a resposta dos retornos de uma ação às

mudanças nas taxas de retorno do portifolio de mercado que é formado por todas as

ações com risco, isto é, todas as que possuem desvios padrão na série histórica dos

seus retornos.

Em termos de cálculo, o beta é a covariância entre o retorno do título e o

retorno de mercado dividido pela variância dos retornos do mercado.

Nas palavras de Ross et a. (1995:198):

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111

“Em termos estatísticos, o beta nos informa qual é a tendência de uma ação

individual para variar em conjunto com o mercado (por exemplo, o índice

Standard & Poors agregado). O retorno esperado de um título está

positivamente relacionado ao seu risco, pois os investidores somente

assumirão riscos adicionais se receberem compensação adicional. O CAPM

indica que o beta, e não o desvio padrão, é a medida apropriada de risco.

Esta idéia permite calcular o retorno esperado de um título da seguinte

maneira:”

Retorno esperado de um Título = Taxa livre de risco corrente + (Beta do Título * Prêmio histórico por risco de mercado).”

Damodaran (2002:67) propõe alguns passos básicos para a aplicação do

CAPM quando é exigido que são

“Para utilizar o modelo de precificação de ativos de capital, são necessários

três dados:a ) o ativo sem risco é definido como sendo o retorno sobre um

ativo do qual o investidor sabe com certeza o retorno esperado durante o

período de tempo analisado. Conseqüentemente, a taxa sem risco utilizada

irá variar conforme o período de tempo para o retorno esperado (um ano,

cinco anos ou dez anos); b) o prêmio de risco é o prêmio demandado por

investidores para investir na carteira de investimento de mercado, que inclui

todos os ativos de risco no mercado, em vez de investir em um ativo sem

risco. Na prática, ele é muitas vezes estimado utilizando-se dados históricos

sobre o retorno de ativos de risco (normalmente ações) e o retorno de

ativos sem risco e c) o beta, que definimos como sendo a covariância do

ativo dividido pela variância da carteira de investimentos de mercado, pode

ser obtido diretamente fazendo-se a regressão dos retornos passados deste

ativo em relação aos retornos passados da carteira de investimentos de

mercado, ou utilizando-se algum indicador equivalente dele (normalmente,

um índice de bolsa de valores). O gradiente dessa regressão é o beta.”

Assaf (2003:357) comenta a utilização do CAPM na determinação do custo de

capital próprio:

“ O CAPM oferece também a oportunidade de se conhecer, por meio do

traçado da linha característica de uma ação, a taxa de retorno requerida

pelos proprietários da empresa, ou seja, seu custo de capital próprio. Essa

medida financeira apresenta enorme importância nas decisões financeiras

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112

das empresas e em seu processo de avaliação de desempenho. Por meio

do beta identificado na reta característica, é possível conhecer-se ainda o

risco da empresa.”

Neste estudo, essa determinação é fundamental pois permite estabelecer o

custo médio ponderado de capital na parcela correspondente ao capital próprio da

empresa estudada.

Entretanto, é preciso reconhecer os limites que se impõem ao CAPM. Como

dizem Brigham et al. (2001:376), é difícil obter estimativas corretas dos dados

necessários para tornar o método operacional. Além disso, a definição do ativo livre

de risco é polêmica, assim como é difícil estimar o beta que os investidores esperam

que a empresa tenha no futuro e é também difícil estimar o prêmio pelo risco de

mercado.

Tendo em conta tais limitações, ainda assim esse é o método mais

sistemático para a determinação do custo do capital próprio.

5.5.3.2 O modelo da APT ou APM

Segundo Haugen (1997:258-272), o APT (Arbitrage Price Theory) surge como

uma alternativa e uma extensão ao CAPM. Está na literatura também como APM

(Arbitrage Price Model).

Ross (1976:341-360) propôs a abordagem do APT como uma visão

alternativa da relação entre risco e retorno de um ativo.

Segundo Ross et al (1995:231), o APT supõe que os retornos sobre os títulos

sejam gerados por uma série de fatores de âmbito setorial ou macroeconômico.

Nesse sentido, a correlação entre os retornos de dois títulos decorre do fato

de que os dois são afetados pelo mesmo fator ou fatores.

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Ross et al (1995:232-233) comentam que a taxa de retorno de um ativo nesse

modelo é formada por duas partes.

A primeira é o retorno normal, ou esperado, previsto pelos investidores.

Depende de todas as informações possuídas sobre a ação e utiliza tudo aquilo que

se pensa que poderá influenciar a ação nos períodos seguintes.

A segunda parte consiste no retorno incerto ou inesperado da ação. Essa é a

parcela atribuível à informação que ainda não foi revelada. Esse é o risco autêntico

de qualquer investimento e pode, por sua vez, ser subdivido em outros dois: o risco

sistemático e o não sistemático.

Ainda conforme o autor citado, as seguintes definições descrevem cada um

desses riscos:

“Um risco sistemático é qualquer risco que afeta um grande número de

ativos e cada um deles com maior ou menor intensidade enquanto que um

risco não sistemático é um risco que afeta especificamente um único ativo

ou um pequeno grupo de ativos”

Fato importante relativo ao risco não sistemático é ser ele independente de

qualquer outro risco não sistemático de outra empresa qualquer, isto é, o risco não

sistemático é específico da empresa analisada.

A vantagem desse modelo é considerar que o retorno de um título tem

correlação com outros fatores além do retorno do mercado, que é a única

correlação avaliada pelo método CAPM.

Ao aumenta a quantidade de fatores que intervêm no retorno de uma ação, o

APT aumentar a sua possibilidade de medir retornos esperados muito mais

precisamente do que o CAPM.

Isso supostamente.

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Por que é muito difícil determinar quais são os fatores apropriados, em

decorrência a maior complexidade do APT não é garantia de maior assertividade nos

resultados.

Por essa razão, para fins deste trabalho, o método utilizado para a

determinação do custo do capital próprio será o CAPM.

5.6 Padrões de crescimento

A terceira informação requerida pelo modelo refere-se ao padrão de

crescimento dos fluxos.

Para isso, é necessário definirem o conceito de previsão e as bases de

informações úteis para a construção de cenários.

5.6.1 O Conceito de previsão

Securato (1996:17) afirma que se tomam decisões fundamentadas em

previsões de resultados.

“...observamos que existe algo ligando o passado ao futuro que nos auxilia

no processo decisório e nos dá a capacidade da tomada de decisão.

Chamaremos este sensor de previsão.”

É com base nessas previsões de resultados que as decisões são tomadas,

acrescenta o autor.

Ele propõe uma definição de previsão que é o processo pelo qual, a partir de

informações existentes, admitidas certas hipóteses e através de algum método de

geração, chega-se a informações sobre o futuro, com uma determinada finalidade.

Essa será a diretriz para serem definidos os fluxos de caixa futuros no estudo

de caso deste trabalho.

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115

Em linhas gerais, algumas categorias são diferenciáveis no contexto da

previsão e serão úteis na formulação das hipóteses que serão assumidas no estudo

de caso proposto neste trabalho.

Assim, no mesmo autor encontram-se as seguintes definições;

“Projeção: futuro é continuação do passado por causas fora do nosso

controle.”

“Predição: futuro diferindo do passado por causas fora do nosso

controle.”

“Planejamento; futuro difere do passado por causas sob nosso controle.”

A projeção subentende uma hipótese de permanência que precisa ser

definida. Três aspectos caracterizam-se:

a) o futuro é repetição exata do passado;

b) quando a trajetória estabelecida claramente no passado

continua no futuro;

c) quando as leis e relações definidas no passado continuam no

futuro.

Toda projeção, previsão e todo planejamento possuem graus de incerteza

que podem e devem ser medidos.

No caso que a ser estudado será assumida a projeção como ferramenta de

trabalho. As hipóteses de crescimento serão construídas segundo os padrões

identificados na história da empresa retratados em seus relatórios financeiros.

A seguir, cabe conceituar o tipo de informação que se espera encontrar sobre

a empresa do estudo de caso.

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5.6.2 Informação e ciclo de vida da empresa

A disponibilidade de informações sobre um empreendimento varia ao longo

de sua existência conforme a figura mostrada a seguir. Isto implica diferentes graus

de dificuldade quanto à previsão dos seus fluxos de caixa.

Damodaran (2002:12) comenta, ao tratar de previsibilidade para empresas

novas, que:

“o problema, entretanto, não é conceitual, mas de estimativa. O valor de

uma empresa continua a ser o valor presente de seus fluxos de caixa

previstos de seus ativos, mas o mais provável, é que seja muito mais difícil

estimar esses fluxos de caixa.” .

Questões de avaliação durante o ciclo de vida

Empresas iniciantes ou em criação Expansão acelerada Crescimento elevado Crescimento maduro Declínio

$ Receitas e Lucros

Receitas / Operações Atuais

Receitas inexistentes ou baixas / Faturamento operacional negativo

Receitas em elevação / Faturamento ainda baixo ou negativo

Receitas em alto crescimento / Faturamento também em elevação

Desaceleração do crescimento das receitas / Faturamento operacional ainda em crescimento

Receitas e faturamento operacional decaem / podem decair

Histórico Operacional Inexistente Muito limitado

Algum histórico opercaional

O histórico operacional pode ser usado na avaliação

Histórico operacional volumoso

Empresas Comparáveis Inexistentes

Algumas, mas no mesmo estágio de crescimento

Mais empresas comparáveis em diferentes estágios do ciclo de vida

Grande número de comparáveis em diferentes estágios

Número de comparáveis em queda, a maioria é madura

Fontes de Valor

Totalmente dependente do crescimento futuro

Principalmente dependente do crescimento futuro

Em parte de ativos existentes / o crescimento ainda predomina

Mais os ativos do que o crescimento

Totalmente dos ativos existentes

Tempo

Quadro 8 – Questões referentes ao valor da empresa durante o ciclo de vida

Fonte: Damodaran (2002:13)

Na fase iniciante, o valor da empresa é totalmente dependente do

seu crescimento futuro e aqui as estimativas são muito difíceis e possuem

alta probabilidade de erro. A base da avaliação concentra-se na equipe de

administradores existente e na sua capacidade de transformar idéias em

resultados.

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117

Na fase de expansão, os primeiros resultados facilitam a determinação do

valor mas ainda estão sujeitos a uma alta variabilidade, as margens obtidas nessa

fase não podem ser projetadas por um período de tempo grande. O valor ainda

fundamenta-se na perspectiva de alto crescimento.

No momento que caracteriza a fase de alto crescimento há maior

disponibilidade de informação tanto interna da empresa quanto externa dos

concorrentes. Os ativos aparecem valorizados, mas o direcionador de valor ainda é

o crescimento futuro. As estimativas são mais diretas neste estágio.

Na fase de crescimento maduro, cita-se Damodaran (2003:14):

“à medida que o crescimento começa a se estabilizar, as empresas

geralmente experimentam dois fenômenos. Os lucros e fluxos de caixa

continuam a se elevar rapidamente, refletindo os investimentos realizados

no passado e diminui a necessidade de investimento em novos projetos.

Nesse estágio de desenvolvimento, as empresas têm operações que são

indicativas do futuro. Um histórico operacional que oferece muitas

informações sobre o mercado em que opera e um grande número de

empresas comparáveis no mesmo estágio. Os ativos existentes contribuem

tanto – ou mais – para o valor das empresas do que a expectativa de

crescimento e os dados da avaliação provavelmente serão estáveis.”

No caso a ser analisado, a empresa avaliada, a Companhia Vale do Rio Doce

CVRD, embora seja uma empresa que atua em mercados maduros tem apresentado

elevadas taxas de crescimento devido a novos posicionamentos de seus negócios.

Assim, seu perfil enquadra-se no de crescimento maduro e as hipóteses para

a projeção de seus resultados serão baseadas nessa premissa.

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CAPÍTULO 6

ESTUDO DE CASO – COMPANHIA VALE DO RIO DOCE

6.1 Processo de seleção da empresa

De modo a obter uma referência de mercado para a empresa escolhida,

optou-se por utilizar os critérios de premiação do Troféu Transparência.

Esse é um prêmio instituído pela Associação Nacional dos Executivos de

Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC), pela Fundação Instituto de

Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras da FEA/USP e pela SERASA.

Participam dele as empresas sediadas em todo o território nacional que são

selecionadas entre as 500 maiores e melhores empresas do Brasil nas áreas de

Comércio, Indústria e Serviços, exceto serviços financeiros. Devem,

obrigatoriamente, divulgar as seguintes demonstrações:

1) Balanço patrimonial;

2) Demonstração do resultado do exercício;

3) Demonstrações das mutações do patrimônio líquido;

4) Demonstração das origens e aplicações de recursos;

5) Notas explicativas;

6) Demonstrações comparativas;

7) Relatório da administração;

8) Parecer dos auditores independentes.

Não há restrições quanto ao formato jurídico, podendo ser S/As, Limitadas,

etc. Também não há restrições quanto aos resultados e situação econômico-

financeira das empresas, os quais não interferem no processo de seleção.

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6.1.1 Critérios de seleção

Segundo a ANEFAC, as empresas têm suas demonstrações avaliadas

segundo alguns aspectos que são:

1) Qualidade e grau das informações contidas nas demonstrações e notas

explicativas;

2) Transparência das informações prestadas;

3) Qualidade do relatório da administração e sua consistência com as

informações divulgadas;

4) Aderência aos Princípios Contábeis;

5) Ressalvas no parecer dos auditores independentes, levando-se em

conta suas naturezas;

6) Apresentação da divulgação quanto a:"lay-out", legibilidade, concisão,

clareza etc.;

7) Divulgação de aspectos relevantes, não exigidos legalmente, mas

importantes para o negócio como: fluxo de caixa, demonstração do valor

adicionado, Ebitda, valor econômico agregado, balanço social, efeitos

inflacionários etc.

6.2 Informações contábeis da CVRD disponíveis a custo zero

A primeira pergunta a ser respondida em conformidade com a proposta deste

trabalho é onde encontrar as informações, sem custo de aquisição, sobre a

empresa.

No caso da Companhia Vale do Rio Doce, doravante CVRD, ela disponibiliza

em seu sítio na Internet todos os relatórios anuais desde 1997 e relatórios no

formato CVM com princípios contábeis brasileiros desde 1999.

Dessa forma, é possível construir uma perspectiva histórica suficientemente

ampla (seis anos completos).

6.3 Metodologia de análise dos dados Importa lembrar que o roteiro de análise para o cálculo do valor de uma

empresa está embasado em Copeland (1994:157).

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Sejam relembrados, aqui, os principais passos que foram expostos no

capítulo 5 e que são os seguintes:

1. Analisar a performance histórica: 1.1 Calcular lucro líquido e capital investido e revisar as demonstrações contábeis

dos últimos cinco anos;

1.2 Calcular os direcionadores de valor e calcular a taxa de crescimento das

vendas, lucros e do capital base, bem como a taxa de retorno do capital investido

(lucro residual);

1.3 Analisar a saúde financeira da empresa;

1.4 Desenvolver uma perspectiva histórica integrada;

2 Projetar o desempenho: 2.1 Entender o posicionamento estratégico;

2.2 Identificar os componentes relevantes do fluxo de caixa livre;

2.3 Projetar individualmente cada componente direcionador do fluxo de caixa;

2.4 Determinar as premissas para as projeções e os cenários;

2.5 Decidir sobre a duração da projeção

2.6 Desenvolver cenários;

2.7 Projetar os fluxos de caixa livres;

2.8 Conferir a adequação e a consistência dos resultados projetados.

3 Estimar o custo do capital: 3.1 Definir a estrutura de capital meta;

3.1.1 As dívidas e quase dívidas;

3.1.2 O capital próprio;

3.2 Estimar o custo de capital;

3.3 Usar o modelo CAPM;

3.3.1 Determinar a taxa livre de risco;

3.3.2 Determinar o prêmio de risco do mercado;

3.3.3 Estimar o risco sistemático (Beta) e/ou

3.4 Usar o modelo APM.

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121

4 Estimar a perpetuidade: 4.1 Escolher a técnica adequada;

4.2 Decidir sobre o horizonte da projeção;

4.3 Estimar os parâmetros;

4.4 Descontar a perpetuidade para a obtenção de seu valor presente.

5 Interpretar e testar os resultados em função do tipo de decisão: 5.1 Calcular e interpretar os resultados;

5.2 Checar os resultados.

Inicia-se, a seguir, a análise dos dados da empresa.

6.3.1 Análise do desempenho histórico

Para fins deste estudo, compilam-se as informações anuais dos relatórios

apresentados pela empresa à CVM entre os anos 1999 e 2004.

As três principais demonstrações: o Balanço Patrimonial, a Demonstração de

Resultados do Exercício e a Demonstração de Fluxo de Caixa ficaram conforme os

quadros 12,13,14.

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122

Balanço Patrimonial - ConsolidadoExercícios findos em 31 de Dezembro

31/12/99 31/12/00 31/12/01 31/12/02 31/12/03 31/12/04

AtivoCirculante

Disponibilidades 2.859 2.642 2.808 4.271 2.129 3.917 Contas a receber de clientes 964 1.266 1.497 2.621 2.577 3.076 Partes relacionadas 159 72 130 56 48 73 Estoques 779 1.168 1.326 1.869 2.195 2.894 Tributos a recuperar ou compensar 367 625 283 366 800 898 Imposto de renda e contribuição social diferidos 628 812 299 428 Outros 528 338 534 883 661 644

Total do ativo circulante 5.656 6.111 7.206 10.878 8.709 11.930

Realizável a longo prazoPartes relacionadas 633 807 894 210 59 109 Empréstimos e financiamentos 183 182 316 284 197 150 Imposto de renda e contribuição social diferidos 510 787 669 1.356 1.325 1.058 Depósitos judiciais 176 289 628 927 1.430 1.680 Despesas antecipadas 84 108 118 95 Vendas a longo prazo 136 Contas a receber por venda de ativos 119 38 Imobilizado disponível para venda 86 111 Títulos e valores mobiliários 19 118 69 Adiantamentos a forncedores de energia 99 Outros 165 332 233 312 361 371

Total do realizável a longo prazo 1.686 2.515 2.824 3.333 3.764 3.711

PermanenteParticipações societárias 3.113 2.938 3.313 2.830 Investimentos 1.483 2.297 Imobilizado 10.821 12.582 12.791 15.666 21.717 24.798 Diferido 119 325 442 651 236 203

Total do permanente 12.423 15.204 16.346 19.255 25.266 27.831 Total do ativo 19.765 23.830 26.376 33.466 37.739 43.472

Passivo e Patrimônio LíquidoCirculante

Empréstimos e financiamentos 1.844 1.273 1.745 1.124 888 515 Parcela do circulante de empréstimos de longo prazo 1.106 970 1.063 3.190 3.575 2.526 Contas a pagar a fornecedores e empreiteiros 520 824 833 1.386 1.518 1.972 Partes relacionadas 224 170 200 141 63 73 Salários e encargos sociais 106 144 231 305 268 399 Fundo de pensão - Valia 65 81 92 91 Dividendos e juros sobre o capital próprio propostos 450 1.282 788 9 337 1.557 Tributos e contribuições 225 1.286 Outros 273 470 381 557 731 907

Total do passivo circulante 4.523 5.133 5.306 6.793 7.697 9.326 Exigível de longo prazo

Empréstimos e financiamentos 3.505 5.660 6.765 10.225 9.724 9.045 Partes relacionadas 8 524 26 9 41 Imposto de renda e contribuição social diferidos 301 339 297 250 Provisões para contingências 547 1.114 1.217 1.724 2.086 2.604 Fundo de pensão - Valia 429 499 570 570 Provisão para passivos ambientais 232 255 Provisão para derivativos 323 430 Outros 177 291 429 852 537 990

Total do exigível de longo prazo 4.538 7.928 9.137 13.576 13.481 13.935 Resutado de exercícios futuros 171 177 159 156 157 10

Participações de minoritários 31 26 7 190 1.464 2.031

Patrimônio líquidoCapital social 3.000 3.000 4.000 5.000 6.300 7.300 Reservas de capital 472 741 444 Reservas de reavaliação 744 Reservas de lucros 6.286 6.825 7.323 7.751 8.640 10.870

Total do patrimônio líquido 10.502 10.566 11.767 12.751 14.940 18.170 Total do passivo + patrimônio líquido 19.765 23.830 26.376 33.466 37.739 43.472

Quadro 9 – Histórico do Balanço Patrimonial consolidado 1999 – 2004

Fonte: Dados coletados pelo autor a partir dos relatórios publicados da CVRD

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123

Demonstração do resultadoExercício de 01 de Janeiro a 31 de Dezembro

31/12/99 31/12/00 31/12/01 31/12/02 31/12/03 31/12/04

Receita brutaVenda de minerais e metaisMinério de ferro e pelotas 3.029 3.944 5.919 8.728 11.157 15.626 Manganês e ferroligas 1.098 2.084 Cobre 140 586 628 845 592 Potássio 155 155 166 272 289 362 Caulim 91 83 179 320 468 Ouro 280 285 331 280 71 1

Total receita bruta de produtos 3.604 5.061 7.127 10.304 12.935 19.132 Serviços de transporte 1.117 1.567 1.490 1.435 2.134 3.025 Vendas de produtos da área de alumínio 958 1.127 1.118 1.767 3.534 4.055 Vendas de produtos siderúrgicos 912 1.135 1.147 1.713 2.217 2.731 Outros produtos e serviços 571 930 133 48 75 76

Total receita bruta de serviços 3.558 4.759 3.888 4.963 7.960 9.887 Total receita bruta 7.162 9.820 11.015 15.267 20.895 29.019

Impostos e contribuições sobre vendas e serviço (183) (286) (441) (589) (779) (1.476)

Receita operacional líquida 6.979 9.534 10.574 14.678 20.116 27.543 Custos dos produtos e seviços

Minerais e metais (1.706) (2.294) (3.024) (4.483) (6.255) (8.528) Serviços de transporte (665) (1.097) (946) (926) (1.397) (1.805) Produtos da área de alumínio (511) (565) (563) (966) (2.072) (2.013) Produtos siderúrgicos (648) (819) (931) (1.229) (1.551) (1.738) Outros produtos e serviços (261) (481) (120) (42) (55) (39)

Total custo dos produtos e serviços (3.791) (5.256) (5.584) (7.646) (11.330) (14.123) Lucro bruto 3.188 4.278 4.990 7.032 8.786 13.420

Margem bruta 45,7% 44,9% 47,2% 47,9% 43,7% 48,7%Despesas operacionais

Com vendas (123) (187) (169) (228) (295) (412) Administrativas (310) (507) (622) (681) (822) (1.125) Pesquisa e desenvolvimento (51) (90) (101) (148) (249) (440) Outras despesas operacionais (354) (725) (891) (844) (755) (955) Item não recorrente - amortização de ágio Samitri (183)

Total despesas operacionais (838) (1.509) (1.783) (1.901) (2.121) (3.115)

2.350 2.769 3.207 5.131 6.665 10.305 Resultado de participações societárias

Equivalência patrimonial (30) 152 102 42 209 408 Amortização de ágio (437) (523) (612) (252) Provisão para perdas (137) Variação cambial sobre o Patrimônio Líquido das (741) (364) Outros 36 8

Total resultado de participações societária (771) (212) (299) (473) (540) 156 Resultado financeiro (295) (390) (1.927) (3.481) (203) (2.000)

Lucro operacional 1.284 2.167 981 1.177 5.922 8.461 Mudança de prática contábil (91) Resultado da venda de ativos 174 551 Resultado não operacional (31) 36 Resultado em operações descontinuadas 1.771 111

1.253 2.203 2.752 1.288 6.005 9.012 Imposto de renda e contrbuição social (5) (55) 259 634 (963) (1.810)

Lucro antes das participações 1.248 2.148 3.011 1.922 5.042 7.202 Participações de minoritários 3 (15) 40 121 (533) (743)

Lucro líquido do período 1.251 2.133 3.051 2.043 4.509 6.459

384.900 384.892 383.839 383.839 1.151.520 1.151.520

Lucro operacional antes do resultado financeiro e de participações societárias

Lucro antes do imposto de renda e da contribuição social

Quantidade de ações em circulação no final do período (em milhares)

Quadro 10 – Histórico do DRE consolidado 1999 – 2004

Fonte: Dados coletados pelo autor a partir dos relatórios publicados da CVRD

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124

Demonstração dos fluxos de caixaExercícios findos em 31 de Dezembro

31/12/99 31/12/00 31/12/01 31/12/02 31/12/03 31/12/04 Acumulado

Lucro líquido do período 1.251 2.133 3.051 2.043 4.509 6.459 19.446 Ajustes para reconciliar o lucro líquido do período com recursos provenientes da atividades operacionais:

Resultado de participações societárias 30 (152) 299 473 540 (156) 1.034 Depreciação, amortização e exaustão 560 744 827 1.009 1.144 1.406 5.690 Imposto de renda e contribuição social diferidos (49) (50) (356) (815) 1.066 873 669 Resultado na venda de ativos (174) (551) (725)

1.680 529 1.544 4.727 (1.989) (144) 6.347 Participações de minoritários 533 743 1.276 Baixa na alienaçãode bens do imobilizado 70 337 30 23 88 17 565 Amortização de ágio no custo dos produtos vendidos 38 101 166 384 689 Item não recorrente - ágio Samitri 183 183 Perdas líquidas não realizadas com derivativos 80 167 216 368 831 Dividendos/juros sobre o capital próprio recebidos 98 17 38 66 219 Provisão para contingências 151 297 244 251 943 Resultado de operações descontinuadas (1.771) (111) (1.882) Outros (9) 285 505 538 76 247 1.642

Subtotal 1 3.684 4.123 4.589 8.423 6.213 9.895 36.927

Redução (aumento) nos ativos:Contas a receber de clientes (356) (199) (137) (1.104) 26 (503) (2.273) Estoques (95) (251) (100) (487) (243) (699) (1.875) Outros (308) (21) (82) (230) (429) (721) (1.791)

Subtotal 2 (759) (471) (319) (1.821) (646) (1.923) (5.939) -

Aumento (redução) nos passivos: - Contas a pagar a fornecedores e a empreiteiros 244 214 (20) 504 97 787 1.826 Salários e encargos sociais 130 216 82 72 (42) 137 595 Tributos e Contribuições 245 678 923 Outros (2) 356 (214) 453 593

Subtotal 3 374 430 60 932 86 2.055 3.937 -

3.299 4.082 4.330 7.534 5.653 10.027 34.925 -

- Empréstimos e adiantamentos a receber (173) (234) (215) 229 (51) 81 (363) Depósitos e garantias (38) (112) (218) (292) (499) (256) (1.415) Adições em investimentos (89) (1.893) (19) (8) (889) (289) (3.187) Adições ao imobilizado (687) (1.190) (1.980) (2.941) (5.110) (6.014) (17.922) Adições em despesas diferidas (124) (224) (348) Caixa líquido utilizado na aquisição e aporte em subsidiárias (1.839) (316) (2.155)

3 (50) 2.281 5 427 1.736 4.402

(984) (3.479) (2.114) (3.547) (6.122) (4.742) (20.988) -

- Empréstimos de curto prazo (179) (838) 117 (1.582) (194) (203) (2.879) Empréstimos e financiamentos captados a longo prazo 670 1.954 1.121 2.421 3.335 3.669 13.170 Pagamentos: -

Partes relacionadas - Instituições financeiras (862) (1.525) (1.331) (1.558) (2.993) (4.693) (12.962)

Ações em tesouraria (57) (57) Dividendos / juros sobre o capital próprio pagos a aconistas (820) (450) (2.269) (1.807) (1.930) (2.271) (9.547)

(1.191) (859) (2.419) (2.526) (1.782) (3.498) (12.275) -

1.124 (256) (203) 1.461 (2.251) 1.787 1.662 Caixa e equivalentes no início do período 1.735 2.898 3.011 2.810 4.380 2.129 16.963

2.859 2.642 2.808 4.271 2.129 3.916 18.625

Fluxo de caixa proveniente das operações

Recursos líquidos provenientes das atividades

Fluxo de caixa utilizado nas atividades de investimento:

Recuros líquidos utilizados nas atividades de investimentos

Despesas financeiras e variações monetárias e cambiais líquidas

Recursos provenientes da alienação de bens do imobilizado / investimentos

Fluxo de caixa proveniente das atividades de financiamento:

Recuros líquidos utilizados nas atividades de financiamentos

Aumento (redução) de caixa e equivalentes

Caixa e equivalentes no final do período

Quadro 11 – Histórico do Fluxo de Caixa consolidado 1999 – 2004

Fonte: Dados coletados pelo autor a partir dos relatórios publicados da CVRD

6.3.2 Perspectiva histórica integrada. Estrutura dos resultados

Em seguida, será construída uma perspectiva estrutural de cada um dos

principais relatórios contábeis cujas evoluções históricas foram apresentadas na

secção anterior.

Por estrutura, entende-se o resultado da análise vertical que indica a relação

entre cada um dos componentes das demonstrações

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125

Balanço Patrimonial - ConsolidadoExercícios findos em 31 de Dezembro

31/12/99 31/12/00 31/12/01 31/12/02 31/12/03 31/12/04

AtivoCirculante

Disponibilidades 14% 11% 11% 13% 6% 9%Contas a receber de clientes 5% 5% 6% 8% 7% 7%Partes relacionadas 1% 0% 0% 0% 0% 0%Estoques 4% 5% 5% 6% 6% 7%Tributos a recuperar ou compensar 2% 3% 1% 1% 2% 2Imposto de renda e contribuição social diferidos 2% 2% 1% 1%Outros 3% 1% 2% 3% 2% 1%

Total do ativo circulante 29% 26% 27% 33% 23% 27%Realizável a longo prazo

Partes relacionadas 3% 3% 3% 1% 0% 0%Empréstimos e financiamentos 1% 1% 1% 1% 1% 0%Imposto de renda e contribuição social diferidos 3% 3% 3% 4% 4% 2%Depósitos judiciais 1% 1% 2% 3% 4% 4%Despesas antecipadas 0% 0% 0% 0%Vendas a longo prazo 0%Contas a receber por venda de ativos 0% 0%Imobilizado disponível para venda 0% 0%Títulos e valores mobiliários 0% 0% 0%Adiantamentos a forncedores de energia 0%Outros 1% 1% 1% 1% 1% 1%

Total do realizável a longo prazo 9% 11% 11% 10% 10% 9%Permanente

Participações societárias 12% 9% 9% 7%Investimentos 8% 10%Imobilizado 55% 53% 48% 47% 58% 57%Diferido 1% 1% 2% 2% 1% 0%

Total do permanente 63% 64% 62% 58% 67% 64%Total do ativo 100% 100% 100% 100% 100% 100%Passivo e Patrimônio LíquidoCirculante

Empréstimos e financiamentos 9% 5% 7% 3% 2% 1%Parcela do circulante de empréstimos de longo prazo 6% 4% 4% 10% 9% 6%Contas a pagar a fornecedores e empreiteiros 3% 3% 3% 4% 4% 5%Partes relacionadas 1% 1% 1% 0% 0% 0%Salários e encargos sociais 1% 1% 1% 1% 1% 1Fundo de pensão - Valia 0% 0% 0% 0%Dividendos e juros sobre o capital próprio propostos 2% 5% 3% 0% 1% 4%Tributos e contribuições 1% 3%Outros 1% 2% 1% 2% 2% 2%

Total do passivo circulante 23% 22% 20% 20% 20% 21%Exigível de longo prazo

Empréstimos e financiamentos 18% 24% 26% 31% 26% 21%Partes relacionadas 0% 2% 0% 0% 0%Imposto de renda e contribuição social diferidos 2% 1% 1% 1%Provisões para contingências 3% 5% 5% 5% 6% 6%Fundo de pensão - Valia 2% 1% 2% 1%Provisão para passivos ambientais 1% 1%Provisão para derivativos 1% 1%Outros 1% 1% 2% 3% 1% 2%

Total do exigível de longo prazo 23% 33% 35% 41% 36% 32%Resutado de exercícios futuros 1% 1% 1% 0% 0% 0%

46% 55% 55% 61% 56% 54%Participações de minoritários 0% 0% 0% 1% 4% 5Patrimônio líquido

Capital social 15% 13% 15% 15% 17% 17%Reservas de capital 2% 3% 2%Reservas de reavaliação 4%Reservas de lucros 32% 29% 28% 23% 23% 25%

Total do patrimônio líquido 53% 44% 45% 38% 40% 42%Total do passivo + patrimônio líquido 100% 100% 100% 100% 100% 100%

%

%

%

Quadro 12 - Estrutura histórica do BP – Análise Vertical

Fonte: Dados coletados pelo autor a partir dos relatórios publicados da CVRD

Essa perspectiva estrutural está demonstrada no quadro 15 acima para o BP

e indica que a gestão, entre os anos de 1999 e 2004, aumentou a alavancagem

financeira da empresa reduzindo o patrimônio líquido e aumentando as

exigibilidades de longo prazo. Esse aumento decorre, na sua maior parte, de

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126

empréstimos de longo prazo e reservas para contingências e reestruturação do

fundo de pensão dos empregados da empresa.

A análise vertical da demonstração de Resultados, apresentada no quadro 16

abaixo mostra a crescente importância da receita oriunda de produtos e a relativa

manutenção dos custos desses produtos, o que, por sua vez, tem mantido estável a

margem bruta relativa às vendas ao longo do período analisado.

As despesas operacionais reduziram-se em termos relativos o que elevou o

patamar do lucro líquido para mais de 20% sobre a receita operacional líquida.

Demonstração do resultado - Análise verticalExercício de 01 de Janeiro a 31 de Dezembro

31/12/99 31/12/00 31/12/01 31/12/02 31/12/03 31/12/04

Receita brutaTotal receita bruta de produtos 52% 53% 67% 70% 64% 69%

Total receita bruta de serviços 51% 50% 37% 34% 40% 36%Total receita bruta 103% 103% 104% 104% 104% 105%

Receita operacional líquida 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Total custo dos produtos e serviços -54% -55% -53% -52% -56% -51%

Margem bruta 46% 45% 47% 48% 44% 49%

Total despesas operacionais -12% -16% -17% -13% -11% -11%

34% 29% 30% 35% 33% 37%

Total resultado de participações societárias -11% -2% -3% -3% -3% 1%

Lucro operacional 18% 23% 9% 8% 29% 31%

18% 23% 26% 9% 30% 33%

Lucro antes das participações 18% 23% 28% 13% 25% 26%

Lucro líquido do período 18% 22% 29% 14% 22% 23%

Lucro operacional antes do resultado financeiro e de participações societárias

Lucro antes do imposto de renda e da contribuição social

Quadro 13 – Análise vertical da demonstração de resultados

Fonte: Dados coletados pelo autor a partir dos relatórios publicados da CVRD

Por fim, são extraídos das demonstrações financeiras dois números

representativos do caixa gerado pelas operações da empresa, a saber:

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127

31/12/99 31/12/00 31/12/01 31/12/02 31/12/03 31/12/04 Acumulado

2.910 3.513 4.034 6.140 7.809 11.711 36.117

3.684 4.123 4.589 8.423 6.213 9.895 36.927

(385) (41) (259) (889) (560) 132 (2.002)

3.299 4.082 4.330 7.534 5.653 10.027 34.925

Variação do capital de giro

Fluxo de caixa operacional líquido

Lucro operacional antes do resultado financeiro, de participações societárias, da depreciação e das amortizações

Recursos líquidos provenientes das atividades operacionais

Quadro 14 – Comparativo LAJIDA e fluxo de caixa operacional líquido

Fonte: Dados coletados pelo autor a partir dos relatórios publicados da CVRD

O primeiro conceito refere-se ao lucro operacional antes do resultado

financeiro e de participações societárias acrescido da depreciação registrada no

demonstração do fluxo de caixa. O resultado corresponde ao EBITDA, sigla da

expressão Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization o mesmo

que LAJIDA sigla em português para Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação

e Amortização.

O segundo conceito refere-se ao item recursos líquidos provenientes das

atividades operacionais apresentado na demonstração do fluxo de caixa.

Ambos são indicativos do resultado obtido pela utilização dos ativos antes de

qualquer influência das decisões de financiamento tomadas, ou seja, esse é o

montante de recursos que pode ser destinado tanto para investimentos, quanto para

o pagamento de dívidas ou ainda para o pagamento de dividendos ou juros sobre o

capital próprio.

Fato relevante para o exercício de cálculo de valor objeto deste trabalho é que

os valores acumulados no período analisado estão muito próximos um do outro

(diferença de 3,3 % em seis anos) o que confirma a identidade, dentro de um prazo

suficientemente largo, entre geração de caixa e lucro líquido antes de juros e itens

não geradores de desembolsos como a depreciação e a amortização.

Page 144: UMA APLICAÇÃO DO MODELO DE FLUXO DE CAIXA … · ESTUDO DE CASO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS ... 6.2 Informações contábeis da

128

Outra dedução suportada pelos números do DFC é a de que a empresa

utilizou parte significativa dessa geração de caixa operacional para apoiar sua

política de investimentos.

Assim, quando se consideram os investimentos líquidos em imobilizados

feitos pela CVRD nos seis anos da análise a tabela de fluxos assume a seguinte

estrutura:

31/12/99 31/12/00 31/12/01 31/12/02 31/12/03 31/12/04 Acumulado

2.910 3.513 4.034 6.140 7.809 11.711 36.117

3.684 4.123 4.589 8.423 6.213 9.895 36.927

(385) (41) (259) (889) (560) 132 (2.002)

(773) (3.133) 282 (2.944) (5.572) (4.567) (16.707)

2.526 949 4.612 4.590 81 5.460 18.218

Variação do capital de giro

Fluxo de caixa operacional livre para os acionistas e outros fornecedores de capital

Lucro operacional antes do resultado financeiro, de participações societárias, da depreciação e das amortizações

Recursos líquidos provenientes das atividades operacionais

Investimento

Quadro 15 – Fluxo de caixa operacional livre após investimentos

Fonte: Dados coletados pelo autor a partir dos relatórios publicados da CVRD

Esse fluxo foi utilizado para pagamento de dividendos e empréstimos de curto

prazo que foram substituídos por empréstimos de longo prazo mudando de forma

positiva o perfil de financiamento dos negócios ao mesmo tempo em que ampliou a

alavancagem financeira das operações, como pode ser constatado na evolução da

análise vertical apresentada abaixo.

Balanço Patrimonial - ConsolidadoExercícios findos em 31 de Dezembro

31/12/99 31/12/00 31/12/01 31/12/02 31/12/03 31/12/04

Total do ativo circulante 29% 26% 27% 33% 23% 27%Total do realizável a longo prazo 9% 11% 11% 10% 10% 9%Total do permanente 63% 64% 62% 58% 67% 64%Total do ativo 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Total do passivo circulante 23% 22% 20% 20% 20% 21%Total do exigível de longo prazo 23% 33% 35% 41% 36% 32%Participações de minoritários 0% 0% 0% 1% 4% 5%Total do patrimônio líquido 53% 44% 45% 38% 40% 42%Total do passivo + patrimônio líquido 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Quadro 16 – Comparativo LAJIDA e fluxo de caixa operacional líquido

Fonte: Dados calculados pelo autor a partir dos relatórios divulgados pela empresa

Page 145: UMA APLICAÇÃO DO MODELO DE FLUXO DE CAIXA … · ESTUDO DE CASO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS ... 6.2 Informações contábeis da

129

Enquanto o passivo circulante manteve-se praticamente estável entre 23%

em 19

próxima seção trará os principais indicadores financeiros e operacionais

calcula

6.3.3 dicadores financeiros com base nos relatórios contábeis

o responder sobre a quantidade de índices necessários para uma boa

análise

ua resposta fundamenta-se no raciocínio de que cada indicador

acresc

ara este estudo de caso, essa observação parece relevante à medida em

que p

quadro 17 apresenta a descrição dos índices mais utilizados na visão do

autor c

ara fins de projeção serão necessários, também, indicadores de atividade,

uma ve

99 e 21% em 2004, o exigível de longo prazo ampliou-se de 23% em 1999

para 32% em 2004 ao mesmo tempo em que a participação do patrimônio líquido

baixou de 53% em 1999 para 42% em 2004.

A

dos com base nessas demonstrações e que servirão de orientadores para a

projeção das demonstrações contábeis futuras.

In

A

, Matarazzo (2003:152) conclui que, pela observação estatística, 11 índices

extraídos do balanço patrimonial são suficientes para esse fim, cujos conceitos

foram apresentados no capítulo 4.

S

entado a partir de um número determinado de índices traz uma informação

adicional cujo valor agregado é menor do que o custo de obtê-la. Dessa forma, com

esses índices é possível ter o maior benefício possível em relação ao custo de

obtenção.

P

retendemos construir nosso modelo a partir da informação disponível sem

custo.

O

itado. Eles serão calculados para o caso em estudo.

P

z que eles garantem consistência nas premissas assumidas.

Page 146: UMA APLICAÇÃO DO MODELO DE FLUXO DE CAIXA … · ESTUDO DE CASO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS ... 6.2 Informações contábeis da

130

Os indicadores de atividade são: prazos médios: de rotação de estoques, de

recebimento de clientes, de pagamento de fornecedores e ciclo de caixa.

uadro 16 – Descrição dos indicadores financeiros usados no estudo

Q

Quadro resumo dos índices para projeçãoGrupo Símbolo Índice Fórmula Indica Interpretação

1. CT / PLParticipação de capitais de terceiros (Endividamento)

Capitais de terceiros / Patrimônio líquido * 100

Quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada $100 de capital próprio

Quanto menor, melhor

2. PC / CT Composição do endividamento

Passivo Circulante / Capital de terceiros * 100

Qual o percentual de obrigações de curto prazo em relação às obrigações totais

Quanto menor, melhor

3. AP / PL Imobilização do patrimônio líquido

Ativo permanente / Patrimônio líquido * 100

Quanto dinheiro a empresa aplicou no ativo permanente para cada $100 de patrimõnio líquido

Quanto menor, melhor

4. AP / PL + ELP Imobilização dos recursos não correntes

Ativo permanente / (Patrimônio líquido + Exigível de longo prazo) * 100

Que percentual dos recursos não correntes (patrimônio líquido e exigível a longo prazo) foi destinado ao ativo permanente

Quanto menor, melhor

5. LG Liquidez geral

(Ativo circulante + Realizável a longo prazo) / (Passivo circulante + Exigível a longo prazo)

Quanto a empresa possui de ativo circulante + realizável a longo prazo para cada $1 de dívida total

Quanto maior, melhor

6. LC Liquidez corrente Ativo circulante / Passivo Circulante

Quantoa a empresa possui de ativo circulante para cada $1 de passivo circulante

Quanto maior, melhor

7. LS Liquidez seca

( Disponível + Títulos a receber + Outros ativos de rápida conversibilidade ) / Passivo circulante

Quantoa a empresa possui de ativo líquido para cada $1 de passivo circulante

Quanto maior, melhor

8. V / AT Giro do ativo Vendas líquidas / Ativo Quanto a empresa vendeu para cada $1 de investimento total

Quanto maior, melhor

9. LL / V Margem líquida Lucro líquido / Vendas líquidas * 100

Quanto a empresa obtém de lucro para cada $100 vendidos

Quanto maior, melhor

10. LL / AT Rentabilidade do ativo Lucro líquido / Ativo * 100Quanto a empresa obtém de lucro para cada $100 de investimento total

Quanto maior, melhor

11. LL / PL Rentabilidade do patrimônio líquido

Lucro líquido / Patrimônio líquido médio * 100

Quanto a empresa obtém de lucro para cada $100 de capital próprio investido, em média, no exercício

Quanto maior, melhor

12. PME Prazo médio de estoques

(Estoque Médio do Período / Custo da Mercadoria Vendida) * 360

Representa o número médio de dias em que a renovação de estoques ocorreu ao longo do período analisado

Quanto menor, melhor

13. PMPFPrazo médio de pagamento de fornecedores

(Contas a Pagar Fornecedores (Média) / Compras Anuais a Prazo) * 360

Revela o tempo médio (expresso em dias) que a empresa tarda em pagar as suas dívidas (compras a prazo) de fornecedores

Quanto maior, melhor

14. PMC Prazo médio de cobrança

Valores a Receber Provenientes de Vendas a Prazo (Média) / Vendas Anuais a Prazo * 360

revela o tempo médio (dias) que a empresa despende em receber suas vendas realizadas a prazo

Quanto menor, melhor

15. CCX Ciclo de caixa

Prazo médio de estoques + Prazo médio de cobrança – Prazo médio de pagamento a fornecdores

representa o tempo decorrido entre momento do pagamento das compras e da mão-de-obra e o recebimento dos recursos da venda do produto final. Este é o período no qual os recursos financeiros da empresa estão investidos no capital de giro

Quanto menor, melhor

Estrutura de capital

Liquidez

Rentabilidade

Atividade

Fonte: Matarazzo (2003:152)

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131

Cada um desses conceitos aparece calculado, a seguir, para o caso em

análise, conforme as demonstrações contábeis apresentadas.

Grupo Fórmula Interpretação 1.999 2.000 2.001 2.002 2.003 2.004

Capitais de terceiros / Patrimônio líquido * 100

Quanto menor, melhor 86,3 123,6 122,7 159,7 141,8 128,0

Passivo Circulante / Capital de terceiros * 100

Quanto menor, melhor 49,9 39,3 36,7 33,3 36,3 40,1

Ativo permanente / Patrimônio líquido * 100

Quanto menor, melhor 118,3 143,9 138,9 151,0 169,1 153,2

Ativo permanente / (Patrimônio líquido + Exigível de longo prazo) * 100

Quanto menor, melhor 82,6 82,2 78,2 73,1 88,9 86,7

(Ativo circulante + Realizável a longo prazo) / (Passivo circulante + Exigível a longo prazo)

Quanto maior, melhor 0,8 0,7 0,7 0,7 0,6 0,7

Ativo circulante / Passivo Circulante Quanto maior, melhor 1,3 1,2 1,4 1,6 1,1 1,3

( Disponível + Títulos a receber + Outros ativos de rápida conversibilidade ) / Passivo circulante

Quanto maior, melhor 0,8 0,8 0,8 1,0 0,6 0,7

Vendas líquidas / Ativo Quanto maior, melhor 0,5 0,4 0,6 0,6 0,7 0,6

Lucro líquido / Vendas líquidas * 100 Quanto maior, melhor 17,9 22,4 28,9 13,9 22,4 23,5

Lucro líquido / Ativo * 100 Quanto maior, melhor 10,8 12,8 7,7 13,5 17,1 14,9

Lucro líquido / Patrimônio líquido médio * 100

Quanto maior, melhor 11,9 20,2 27,3 16,7 32,6 39,0

(Estoque Médio do Período / Custo da Mercadoria Vendida) * 360

Quanto menor, melhor 74,0 66,7 80,4 75,2 64,6 64,9

(Contas a Pagar Fornecedores (Média) / Compras Anuais a Prazo) * 360

Quanto maior, melhor 49,4 46,0 53,4 52,2 46,1 44,5

Valores a Receber Provenientes de Vendas a Prazo (Média) / Vendas Anuais a Prazo * 360

Quanto menor, melhor 49,7 42,1 47,0 50,5 46,5 36,9

Prazo médio de estoques + Prazo médio de cobrança – Prazo médio de pagamento a fornecdores

Quanto menor, melhor 74,3 62,8 74,0 73,5 64,9 57,3

Resumo dos indicadores financeiros

Atividade

Estrutura de capital

Liquidez

Rentabilidade

Quadro 17 - Indicadores financeiros principais CVRD Fonte: Dados coletados pelo autor a partir dos relatórios publicados da CVRD

Page 148: UMA APLICAÇÃO DO MODELO DE FLUXO DE CAIXA … · ESTUDO DE CASO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS ... 6.2 Informações contábeis da

132

Os índices são relevantes para o cálculo de valor por permitirem uma

profundidade maior na análise, uma vez que estabelecem relações entre os

componentes das demonstrações, mais especificamente dentro do balanço

patrimonial, dentro da demonstração de resultados e entre as duas demonstrações.

É possível reforçar um importante aspecto da estratégia financeira da

empresa: a redução do patrimônio líquido e o aumento do endividamento de longo

prazo. Todos os outros grupos de indicadores: liquidez, atividade e rentabilidade

mostram-se com evoluções positivas refletindo o sucesso da implementação da

estratégia no período observado.

A estrutura de capital da empresa moveu-se no sentido de aumentar a

participação de capital de terceiros em relação ao patrimônio líquido. Esse aumento

deu-se com maior participação das dívidas de longo prazo. Parece consistente tal

decisão uma vez que a empresa aumentou significativamente seu ativo permanente

em relação ao patrimônio líquido, mas o manteve em termos relativos ao capital de

longo prazo (patrimônio líquido somado ao exigível a longo prazo).

A liquidez manteve-se estável em níveis condizentes com a operação.

Uma vez que o giro das vendas líquidas sobre os ativos permanece no

mesmo nível ao longo desse período enquanto o lucro líquido sobre as vendas e

também sobre os ativos ampliou-se, o lucro líquido sobre o patrimônio líquido foi

quase multiplicado por 4.

Parte do financiamento da política de investimentos veio de uma significativa

melhora do ciclo de caixa da empresa que caiu de 74,3 para 57,3 dias.

Com isso, será concluída a perspectiva histórica integrada exigida pelo

modelo.

6.3.4 Análise do relatório da administração. Perspectiva estratégica. Esse assunto é tratado no relatório da administração que faz parte do

conjunto de relatórios financeiros publicados pela empresa ano após ano.

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133

Dele é possível obter as principais diretrizes de negócio e analisar a

consistência das ações tomadas com base nelas.

Essa consistência é fator relevante para as projeções pois permite inferir em

que grau se poderia assumir a continuidade para o futuro dos resultados que vêm

sendo alcançados.

No quadro 10, é construída uma perspectiva histórica das principais decisões

estratégicas reportadas pelo Conselho e pelo Presidente da empresa

Esse resumo permite estabelecer o foco de negócios da empresa e com que

eficácia os administradores são capazes de implementá-lo.

No caso em análise, a CVRD posicionou-se em mineração, transporte e

geração de energia.

O quadro, a seguir, é um resumo dos principais focos de ação da Companhia

Vale do Rio Doce ao longo dos anos conforme encontrado nos relatórios publicados.

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134

Anos 2000 2001 2002 2003 2004Plano Estratégico Focar os negócios em

mineração e transportesTransformar a CVRD numa das companhias de mineração mais valorizadas do mundo

Transformar a CVRD numa das companhias de mineração mais valorizadas do mundo

Transformar a CVRD numa das companhias de mineração mais valorizadas do mundo

Transformar a CVRD numa das companhias de mineração mais valorizadas do mundo

Objetivo estratégico Criação de valor para o acionista com base nos seguintes indicadores:1) Crescimento dos lucros2) Geração de caixa3) Retorno sobre o capital empregado4) Retorno total para o acionista

Consolidação como empresa mundial de mineração diversificada com negócios associados de logística e geração de energia elérica.1) Exploração das oportunidades de crescimento baseada no estoque de conhecimentos em minério de ferro, manganês, bauxita, ouro, potássio, caulim e cobre2) Utilização intensa dos investimentos físicos na malha de transportes para aumento da eficiência nos embarques. 3) Desenvolvimento de soluções integradas de logística. Passar de operadores de ativos de transporte para forncedores de serviços dedicados de logística 4) Minimização dos riscos de fornecimento de energia elétrica através da construção de usinas de geração

Consolidação como empresa mundial de mineração diversificada com negócios associados de logística e geração de energia elérica.1) Expansão geográfica da companhia: Peru, Chile, França, Noruega, EUA2) Consolidação de participações acionárias em segmentos chave de mineração e logística no Brasil

Consolidação do posicionamento através do evolução dos negócios existentes.

1) Consolidação do posicionamento através do evolução dos negócios existentes.2) Presença global. Negócios nos cinco continentes3) Maior prestadora de serviços logísticos no Brasil

Ações estratégicas 1) Venda da participação na Açominas2) Venda dos ativos de papel e celulose.3) Siderurgia sem sinergias comerciais com minério de ferro posta à venda.4) Venda de atividades de transporte marinho não ligadas ao minério de ferro.5) Entrada no e commerce6) Listagem de ações na Bolsa de Nov York e na Bolsa de Madrid.7) Securitização de exportações de minério de ferro e pelotas.8) Ajuste atuarial no fundo de pensão e financiamento de longo prazo da dívida resultante.9) 76,6% dos investimentos alocados nos negócios de mineração e transportes.10) Consolidação da CVRD como maior produtora e exportadora de minério de ferro do mundo

1) Aquisições, desinvestimentos e associações2) Desenvolvimento de recursos humanos3) Qualificação dos ativos

1) Diversificação dos serviços logísticos para atender transporte de commodities agrícolas2) Investimento na renovação de vagões

1) Conquista de contratos internacionais na América do Sul, África e China2) Investimento em pesquisa mineral nos cinco continentes3) Investimento na modernização e na integração dos meios de transporte para oferta de soluções integradas de logística para os setores de mineração e agrícola

Fatores Críticos de Sucesso

1) Correta avaliação de oportunidades2) Busca incessante de menores custos de capital3) Excelência operacional4) Foco no atendimento das necessidades dos clientes

1) Conquista da liderança no segmento de manganês2) Manutenção da liderança em minério de ferro

1) Desenvolver e qualificar os talentos humanos necessários para os projetos de expansão

Focos de ação estratégica conforme relatórios da administração (Mensagem do Conselho e Mensagem da Presidência)

Quadro 18 – O desenvolvimento da estratégia nos relatórios da administração

Fonte: Dados coletados pelo autor a partir dos relatórios publicados da CVRD

Com base nas informações do quadro acima, pode-se deduzir que a empresa

reduziu a diversificação e concentrou-se nas áreas identificadas em maior grau com

Page 151: UMA APLICAÇÃO DO MODELO DE FLUXO DE CAIXA … · ESTUDO DE CASO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS ... 6.2 Informações contábeis da

135

as competências necessárias para a construção de um modelo de negócios bem

sucedido.

A empresa instituiu um processo formalizado de planejamento estratégico a

partir de 2000 e implementou ferramentas de gestão adequadas à execução do

plano, o que ampliou sua capacidade de transformar as diretrizes estratégicas em

ações de implementação condizentes.

No mesmo ano, os esforços concentraram-se na geração de caixa,

crescimento de lucros e retorno de capital. A venda de negócios não sinérgicos

contribuiu para a geração de recursos financeiros que foram redirecionados para os

negócios principais.

Em 2001, com o foco em mineração e nos negócios estrategicamente

relacionados de transportes de cargas e geração de energia, a CVRD estabeleceu,

como meta de longo prazo, tornar-se uma das empresas de mineração mais

valorizadas do mundo.

O segmento mais importante em vendas da companhia é o de minério de

ferro e de pelotas no qual ela assumiu a liderança mundial.

O segundo segmento mais importante é o de manganês onde ela, busca a

liderança através de aquisições e de alianças estratégicas com empresas bem

posicionadas na área.

A empresa executa sua estratégia lançando mão de duas ações básicas: 1)

investimento maciço no núcleo de negócios e 2) aquisições e alianças estratégicas

tanto nos negócios principais quanto em novos negócios.

Essa tem sido a forma de conduzir os negócios da empresa também nos

outros segmentos de atuação, como cobre, caulim e potássio.

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136

A consistência dos resultados alcançados parece compatível com as

declarações do relatório da administração e reflete-se na evolução dos números

apresentados nas demonstrações contábeis analisadas.

6.3.5 Hipótese 1 – Manutenção do resultado histórico médio

A hipótese de trabalho a ser levada em conta para o cálculo de valor nessa

hipótese é a de que a empresa mantenha os resultados médios obtidos nos últimos

5 anos.

É a hipótese conservadora, pois considera que não haverá aumento nas

vendas nos próximos anos.e por considerar que as margens poderão ser menores

do que as obtidas no ano anterior em termos relativos, visto que as margens de

2004 foram altas em termos de comparação histórica.

Ela serve de parâmetro mínimo de observação e traduz, portanto, o valor

mínimo da empresa em condições de não ruptura estrutural. Pressupor tais

condições é razoável à medida que a empresa atua em um setor básico da

economia: o de extração mineral

O ponto de partida é a manutenção do nível atual de vendas da empresa, a

partir daí, assume-se a estrutura calculada na análise vertical, aceitando que ela

seria mantida quando observada no contexto geral da hipótese proposta.

O quadro 19 a seguir apresenta as médias aritméticas da estrutura da

Demonstração de Resultados.

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Demonstração do resultado - Cálculo das médias estruturaisExercícios de 01 de Janeiro a 31 de Dezembro H1

31/12/99 31/12/00 31/12/01 31/12/02 31/12/03 31/12/04 Médias

Receita brutaTotal receita bruta 102,6% 103,0% 104,2% 104,0% 103,9% 105,4% 103,8%

Receita operacional líquida 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Total custo dos produtos e serviços -54,3% -55,1% -52,8% -52,1% -56,3% -51,3% -53,7%

Margem bruta 45,7% 44,9% 47,2% 47,9% 43,7% 48,7% 46,3%

Total despesas operacionais -12,0% -15,8% -16,9% -13,0% -10,5% -11,3% -13,3%

Lucro operacional antes do resultado financeiro e de 33,7% 29,0% 30,3% 35,0% 33,1% 37,4% 33,1%

Total resultado de participações societárias -11,0% -2,2% -2,8% -3,2% -2,7% 0,6% -3,6%

Lucro operacional 18,4% 22,7% 9,3% 8,0% 29,4% 30,7% 19,8%

Lucro antes do imposto de renda e da contribuição social 18,0% 23,1% 26,0% 8,8% 29,9% 32,7% 23,1%

Lucro antes das participações 17,9% 22,5% 28,5% 13,1% 25,1% 26,1% 22,2%

Lucro líquido do período 17,9% 22,4% 28,9% 13,9% 22,4% 23,5% 21,5%

Quadro 19 – Médias estruturais para projeção de resultados

Fonte: dados calculados pelo autor a partir dos relatórios publicados da CVRD

Essas médias são usadas em nosso exercício para elaborar as projeções da

hipótese de trabalho e o resultado pode ser observado no quadro 20 abaixo.

Demonstração do resultado - Projeção

Exercícios de 01 de Janeiro a 31 de Dezembro31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10

Total receita bruta 28.601 28.032 28.032 28.032 28.032 28.032

Receita operacional líquida 27.543 27.543 27.543 27.543 27.543 27.543 27.543 26.974 26.974 26.974 26.974 26.974

Total custo dos produtos e serviços (14.779) (14.779) (14.779) (14.779) (14.779) (14.779) Lucro bruto 12.764 12.764 12.764 12.764 12.764 12.764

Margem bruta 46,3% 46,3% 46,3% 46,3% 46,3% 46,3%

Total despesas operacionais (3.650) (3.650) (3.650) (3.650) (3.650) (3.650) Lucro operacional antes do resultado financeiro e de participações societárias 9.114 9.114 9.114 9.114 9.114 9.114 Total resultado de participações societárias (984) (984) (984) (984) (984) (984)

Lucro operacional 5.444 5.444 5.444 5.444 5.444 5.444 Lucro antes do imposto de renda e da contribuição social 6.355 6.355 6.355 6.355 6.355 6.355 Lucro antes das participações 6.114 6.114 6.114 6.114 6.114 6.114 Participações de minoritários (196) (196) (196) (196) (196) (196)

Lucro líquido do período 5.919 5.919 5.919 5.919 5.919 5.919

Previsão linear com base na média estrutural de 5 anos.Sem crescimento nas vendas.

H1

Quadro 20 – Projeção da demonstração de resultados

Fonte: Dados calculados pelo autor a partir dos relatórios publicados da CVRD

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138

Reiteramos que o resultado em reais é menor que o do ano anterior na

projeção porque o lucro líquido do exercício social de 2004 foi o melhor do histórico

da companhia.

Esse resultado é consistente com a média histórica mais longa e, portanto,

não reflete apenas o melhor ano da série.

O passo seguinte é construir o fluxo de caixa observando que a principal

diferença entre o LAJIDA e o fluxo de caixa líquido para os fornecedores de capital é

o investimento.

Considera-se que a hipótese de manutenção das vendas implicaria na

manutenção do ciclo de caixa atual o que eliminaria a necessidade de consumo de

caixa na construção de capital de giro adicional.

Nesse cenário, caberia, ainda, considerar a necessidade de investimentos no

nível da depreciação, de forma que não afetassem o caixa e mantivessem a

estrutura de imobilização constante.

Por fim, entende-se que a empresa não teria necessidades adicionais de

alteração de sua estrutura de capital e, portanto, renovaria suas dívidas doravante

nas mesmas condições dos empréstimos anteriores.

Page 155: UMA APLICAÇÃO DO MODELO DE FLUXO DE CAIXA … · ESTUDO DE CASO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS ... 6.2 Informações contábeis da

139

Demonstração dos fluxos de caixa

Exercícios findos em 31 de Março e 31 de Dezembro 31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10

Fluxo de caixa proveniente das operaçõesLucro líquido do período 5.919 5.919 5.919 5.919 5.919 5.919 Ajustes para reconciliar o lucro líquido do período com recursos provenientes da atividades operacionais:

Resultado de participações societárias 984 984 984 984 984 984 Depreciação, amortização e exaustão 1.406 1.406 1.406 1.406 1.406 1.406 Imposto de renda e contribuição social diferidos 800 800 800 800 800 800 Resultado na venda de ativosDespesas financeiras e variações monetárias e cambiais líquidasParticipações de minoritários 196 196 196 196 196 196 Baixa na alienaçãode bens do imobilizadoAmortização de ágio no custo dos produtos vendidos 384 384 384 384 384 384 Item não recorrente - ágio SamitriPerdas líquidas não realizadas com derivativos 368 368 368 368 368 368 Dividendos/juros sobre o capital próprio recebidos 66 66 66 66 66 66 Provisão para contingênciasResultado de operações descontinuadasOutros 247 247 247 247 247 247

Subtotal 1 10.369 10.369 10.369 10.369 10.369 10.369

Redução (aumento) nos ativos:Contas a receber de clientesEstoquesOutros

Subtotal 2

Aumento (redução) nos passivos:Contas a pagar a fornecedores e a empreiteirosSalários e encargos sociaisTributos e ContribuiçõesOutros

Subtotal 3

Recursos líquidos provenientes das atividades operacionais 10.369 10.369 10.369 10.369 10.369 10.369

Fluxo de caixa utilizado nas atividades de investimento:Empréstimos e adiantamentos a receberDepósitos e garantiasAdições em investimentosAdições ao imobilizado (1.406) (1.406) (1.406) (1.406) (1.406) (1.406) Adições em despesas diferidasCaixa líquido utilizado na aquisição e aporte em subsidiáriasRecursos provenientes da alienação de bens do imobilizado / investimentos

Recuros líquidos utilizados nas atividades de investimentos (1.406) (1.406) (1.406) (1.406) (1.406) (1.406)

Fluxo de caixa proveniente das atividades de financiamento:Empréstimos de curto prazoEmpréstimos e financiamentos captados a longo prazoPagamentos:

Partes relacionadasInstituições financeiras

Ações em tesourariaDividendos / juros sobre o capital próprio pagos a aconistas

Recuros líquidos utilizados nas atividades de financiamentos - - - - - -

Aumento (redução) de caixa e equivalentes 8.963 8.963 8.963 8.963 8.963 8.963

H1Previsão linear com base na média de 5 anos.

Sem crescimento.

Quadro 21 – Projeção da demonstração de fluxo de caixa operacional

Fonte: Dados calculados pelo autor a partir dos relatórios publicados da CVRD

O quadro 22 abaixo resume as duas perspectivas e foi construído utilizando

as informações dos quadros 20 e 21.

Page 156: UMA APLICAÇÃO DO MODELO DE FLUXO DE CAIXA … · ESTUDO DE CASO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS ... 6.2 Informações contábeis da

140

31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10 Acumulado

10.520 10.520 10.520 10.520 10.520 10.520 63.122

8.963 8.963 8.963 8.963 8.963 8.963 53.781

Lucro operacional antes do resultado financeiro, de participações societárias, da depreciação e das amortizações

Fluxo de caixa disponível para os fornecedores de capital

Quadro 22 – Projeção dos fluxos de caixa em dois conceitos

Fonte: Dados calculados pelo autor a partir dos relatórios publicados da CVRD

6.3.5.1 Estimativa do custo de capital Conforme se comentou uma vez definido o fluxo de caixa a ser considerado,

neste caso o fluxo de caixa disponível para os fornecedores de capital, será

necessário, a seguir, calcular-se o custo de capital da CVRD.

Esse custo de capital deve ser o custo médio ponderado de capital, isto é,

deve ter em conta as proporções de capital próprio e capital de terceiros na

composição do financiamento da companhia.

6.3.5.2 Estimativa do custo de capital de terceiros

O quadro, a seguir, extraído das demonstrações contábeis publicadas pela

CVRD na secção de notas explicativas, relata a existência e composição dos

empréstimos da empresa nos últimos anos.

Empréstimos 2002 2003 2004Captados a longo prazoAté 3% 1.996 2.539 1.418De 3,1% a 5% 4.054 3.980 3.580De 5,1% a 7% 1.922 1.417 2.354De 7,1% a 9% 1 3.054 2.997 3.190De 9,1% a 11% 1.904 1.107 390Acima de 11% 376 581 418Variável (notas perpétuas) 109 200 221

13.415 12.821 11.571 Captados a curto prazoA 3,19% 888

Total 14.303 12.821 11.571

Quadro 23 – Histórico dos empréstimos existentes – CVRD

Fonte: Dados coletados pelo autor a partir dos relatórios publicados da CVRD

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141

As taxas referem-se ao custo de cada montante em dólares americanos, que

compõem entre 92% e 94% da denominação dos empréstimos.

Eles aparecem convertidos a reais conforme as taxas vigentes a cada

fechamento que foram, conforme notas explicativas, de cada relatório anual.

Por essa razão, é necessário calcular o custo em reais para dar conta da

opção de denominador monetário que se fez para o desenvolvimento do caso em

questão.

Como o relatório demonstra os empréstimos em faixas de custo, decidiu-se

construir duas hipóteses de custo médio: uma de custo médio ponderado pelo

mínimo de cada faixa e outra pelo máximo.

Custo médio ponderado dos empréstimos - MínimoEmpréstimos 2002 2003 2004

3,00% 60 76 433,10% 126 123 1115,10% 98 72 1207,10% 217 213 2269,10% 173 101 35

11,00% 41 64 463,19% 28 0 0

Custo em USD 5% 5% 5%Custo em R$ 60,2% -14,1% -3,5%

Média5,1%14,2%

Quadro 24 – Custo médio ponderado mínimo – Empréstimos

Fonte: cálculos do autor

Custo médio ponderado dos empréstimos - MáximoEmpréstimos 2002 2003 2004

3,00% 60 76 435,00% 203 199 1797,00% 135 99 1659,00% 275 270 287

11,00% 209 122 4311,00% 41 64 46

3,19% 28 0 0Custo em USD 7% 6% 7%Custo em R$ 62,4% -12,9% -2,1% 15,8%

Média6,6%

Quadro 25 – Custo médio ponderado máximo – Empréstimos

Fonte: Cálculos do autor

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142

6.3.5.3 Estimativa do custo de capital próprio

Essa informação não está contida nos relatórios contábeis. No entanto, pode-

se obtê-la de duas formas segundo pesquisado: através de um cálculo.da correlação

entre os retornos das ações da CVRD negociadas na BOVESPA ou através de sítios

na Internet especializados em cálculos deste tipo.

Como o interesse neste estudo é verificar que cálculo de valor de uma

empresa se pode gerar a partir de um conhecimento da teoria financeira e sua

aplicação sobre informações obtidas a custo zero, optou-se por utilizar a informação

disponível no sítio www.risktech.com.br que produz e atualiza um índice beta para

cada ação do índice BOVESPA.

Para cada ação, este estudo correlaciona os seus retornos com o retorno da

carteira formada segundo a liquidez e o volume de negócios dos ativos.

No período entre setembro de 2004 e setembro de 2005, os betas para as

duas categorias de ações da CVRD negociadas em Bolsa está apresentado no

quadro a seguir:

Isso significa que as ações da empresa tendem a variar percentualmente

menos que o mercado ou, em outras palavras, tendem a se desvalorizar ou valorizar

menos que o mercado.

Para o cálculo do retorno do capital próprio é necessário determinar uma taxa

livre de risco e o retorno médio do mercado acionário nos últimos anos, conforme

comentou-se no capítulo 5.

Tipicamente, assumem-se os títulos de dívida de governos soberanos um

título livre de risco.

Título BetaVALE3 0,8817VALE5 0,9549

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143

Na figura 3, a seguir, apresenta-se a evolução de duas taxas de juros que

servem ao propósito de determinar uma taxa livre de risco: as taxas pagas pelo

governo brasileiro para financiar internamente a dívida pública representada na taxa

Selic, que é a média dos juros pagos pelo Governo aos Bancos que lhe emprestam

dinheiro.

Tomou-se por base as taxas médias mensais para 12 meses e calculou-se a

linha de tendência

Figura 3 - Evolução das taxas do Over / Selic: entre 2000 e 2004

Fonte: Banco Central do Brasil

Os resultados obtidos apontam para:

Histórico SELIC Taxas Anualizadas

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

2000

01

2000

03

2000

05

2000

07

2000

09

2000

11

2001

01

2001

03

2001

05

2001

07

2001

09

2001

11

2002

01

2002

03

2002

05

2002

07

2002

09

2002

11

2003

01

2003

03

2003

05

2003

07

2003

09

2003

11

2004

01

2004

03

2004

05

2004

07

2004

09

2004

11

Anuais Over / Selic Linear (Anuais Over / Selic)

Tendência Over / Selic

Crescimento anual médio no período Over / Selic: 18,8%

1) Taxa média da taxa Overnight / Selic:; 18,8% ao ano

2) Linha de tendência denota uma relativa estabilidade no período.

Portanto, para fins da aplicação ao modelo do CAPM será utilizada como taxa

livre de risco a taxa Selic.

A seguir, faz-se necessário apresentar a evolução do mercado acionário

representado pela BOVESPA.

Tomou-se como referência o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o

IBOVESPA ao longo de cinco anos.

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144

igura 4 Evolução do IBOVESPA entre 2000 e 2004

oss et al. (1995:201), referindo-se a um trabalho de Mehra e Prescott

(1985:

o caso em análise, verifica-se que os 28,4% de retorno médio da carteira do

IBOVE

seguir serão aplicados os resultados da pesquisa à fórmula do CAPM que

se rele

Retorno esperado de um Título = Taxa livre de risco corrente + (Beta

ortanto, o retorno esperado dos títulos da CVRD ou, noutros termos, o custo

do cap

Evolução do Ibovespa 2000 - 2004 anos

05000

1000015000200002500030000

2000 2001 2002 2003 2004

Crescimento anual médio no período: 28,4%

F

Fonte: www.bovespa.com.br

R

145-161), comentam que a diferença entre os retornos dos títulos livres de

risco (no nosso caso a SELIC) e os retornos dos títulos com risco (neste trabalho os

obtidos na Bolsa de Valores de São Paulo) constitui o chamado prêmio histórico por

risco de mercado, que é um componente da fórmula de cálculo do CAPM.

N

SPA devem ser confrontados com 18,8% do retorno oferecido pelas

aplicações atreladas à taxa Selic. O resultado obtido de 9,6% pode ser aceito como

prêmio histórico por risco de mercado.

A

mbra a seguir:

do Título * Prêmio histórico por risco de mercado).”

P

ital próprio para a empresa, teria como valores para os componentes da

fórmula geral o que aparece no quadro a abaixo:

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145

Títulos negociados no mercado

Taxa livre de risco corrente

Beta de cada título da CVRD

Prêmio histórico por risco de mercado

Retorno esperado do título

Vale 3 18,8% 0,8817 9,6% 27,3%Vale 5 18,8% 0,9549 9,6% 28,0%

Tipos de ações da CVRD na BOVESPA

LFT atrelada à SELIC

Cálculo da risktech. Informação a custo zero

em sítio na internet

Conforme comparativo de taxas de retorno SELIC e IBOVESPA

Este é o custo do capital próprio na análise de caso

Custo do capital próprio segundo o modelo do CAPM

- Tabela álculo do custo do capital próprio da CVRD

6.3.5.4 Estimativa do custo médio ponderado de capital

, verificou-se,

para o

ntende-se que esses dois fundos serão remunerados à taxa do capital

próprio

cálculo para o custo médio ponderado de capital será conforme

aprese

fluxo de caixa definido na secção 6.4.5

com es

2 - C

Fonte: Resumo de dados coletados pelo autor

Conforme a estrutura de balanço apresentada anteriormente

ano de 2004, que o patrimônio líquido corresponde a 42% do passivo total e

as participações minoritárias são de 5%.

E

e que o restante do passivo será remunerado pela taxa média dos

empréstimos.

O

ntado no tabela 3 a seguir.

CapitaisParticipação

conforme balanço

Custo de capital

Custo de capital

Custo ponderado de capital Mínimo

Custo ponderado de capital Máximo

Capital próprio 47% 27,3% 28,0% 12,8% 13,1%Capital de terceiros 53% 14,2% 15,8% 7,5% 8,4%

Custo médio ponderado de capital total 20,3% 21,5%

Custo médio ponderado de capital

Tabela 3 - Cálculo do custo médio ponderado de capital da CVRD

Fonte: Cálculos do autor

Agora, a tarefa seguinte é descontar o

se custo médio ponderado de capital, o que será feito a seguir.

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146

6.3.5.5 Cálculo do valor presente e do valor de mercado da empresa

último passo a avaliar da empresa escolhida é comparar os valores obtidos

do flux

6.3.5.6 Cálculo do valor presente

fluxo de caixa projetado para o negócio, na hipótese de não crescimento e

consid

Quadro 26 - Fluxo de caixa sem crescimento descontado à taxa de 0%

sse valor é simplesmente o valor acumulado do caixa projetado.

pós a aplicação das taxas de desconto correspondentes ao custo de capital

obtidas

O

o de caixa descontado da empresa as duas taxas representativas do custo

médio ponderado de capital com o valor de mercado da empresa obtido através do

número de ações da companhia.

O

erando uma taxa de desconto de 0%, é apresentado no quadro 29 a seguir:

31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10

8.963 8.963 8.963 8.963 8.963 8.963

0,0%0,0%

1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

8.963 8.963 8.963 8.963 8.963 8.963

43.888 52.852 61.815 70.779 79.742 88.706

8.963 17.927 26.890 35.854 44.817 53.781 Fluxo descontado acumulado a realizar

Taxa de desconto

Fatores de desconto

Fluxo descontado

Fluxo descontado acumulado

Taxa de crescimento no fluxo de caixa

Fluxo de caixa disponível para os fornecedores de capital

Fonte: Cálculos do autor

E

A

na secção anterior, são obtidos os fluxos descontados apresentados nos

quadros 27 e 28 a seguir:

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147

31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10

8.963 8.963 8.963 8.963 8.963 8.963

20,3%0,0%

1,00 1,20 1,45 1,74 2,10 2,52

8.963 7.449 6.190 5.144 4.274 3.552

71.744 79.193 85.383 90.526 94.801 98.353

8.963 16.412 22.602 27.745 32.020 35.572 Fluxo descontado acumulado a realizar

Taxa de desconto

Fatores de desconto

Fluxo descontado

Fluxo descontado acumulado

Taxa de crescimento no fluxo de caixa

Fluxo de caixa disponível para os fornecedores de capital

Quadro 27 Fluxo de caixa sem crescimento descontado à taxa de 20,3% (CMPC Mínimo)

Fonte: cálculos do autor

31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10

8.963 8.963 8.963 8.963 8.963 8.963

21,5%0,0%

1,00 1,22 1,48 1,79 2,18 2,65

8.963 7.376 6.070 4.995 4.111 3.383

73.891 81.267 87.338 92.333 96.444 99.827

8.963 16.340 22.410 27.406 31.517 34.900 Fluxo descontado acumulado a realizar

Taxa de desconto

Fatores de desconto

Fluxo descontado

Fluxo descontado acumulado

Taxa de crescimento no fluxo de caixa

Fluxo de caixa disponível para os fornecedores de capital

Quadro 28 Fluxo de caixa sem crescimento descontado à taxa de 21,5% (CMPC Máximo)

Fonte: Cálculos do autor

A tabela a seguir resume os valores da empresa obtidos para cada taxa de

desconto considerada

Fluxo acumulado em Milhões R$ 31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10

Crescimento médio de 0% nos próximos 5 anosà taxa de desconto 0% 8.963 17.927 26.890 35.854 44.817 53.781 à taxa de desconto 20,3% 8.963 16.412 22.602 27.745 32.020 35.572 à taxa de desconto 21,5% 8.963 16.340 22.410 27.406 31.517 34.900

Tabela 4 - Fluxo de caixa descontado a diferentes taxas

Fonte: Cálculos do autor

6.3.5.7 Cálculo do valor de mercado

Segundo os relatórios financeiros da empresa, a situação das ações em

31/12/2004 era a seguinte:

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148

Quantidade de ações 31/12/2004Acionistas ON % PN % Total %Valepar S.A. 392.147.133 52% 392.147.133 34%Governo brasileiro (Tesouro Nacional / BNDES / INSS / 14.178 0% 15.226.026 4% 15.240.204 1%Investidores estrangeiros em ADRs 202.245.385 27% 188.190.061 45% 390.435.446 33%FMP – FGTS 38.799.345 5% 38.799.345 3%BNDESPar 52.189.680 7% 3.054.645 1% 55.244.325 5%Investidores institucionais estrangeiros no mercado loca 17.283.576 2% 82.587.138 20% 99.870.714 9%Investidores institucionais 17.888.126 2% 67.240.608 16% 85.128.734 7%Investidores de varejo no país 15.236.496 2% 59.417.310 14% 74.653.806 6%Ações em tesouraria no país 14.145.510 2% 11.951 0% 14.157.461 1%Total 749.949.429 100% 415.727.739 100% 1.165.677.168 100%

Cotação em 31/12/2004 56,13 47,93

Valor total de mercado em 1000 R$ 42.094.661 19.925.831 62.020.492

Tabela 5 Resumo da quantidade de ações ON e PN por proprietário

Também dos relatórios é extraído o valor de mercado em 31/12/2004 para

cada u

resultado da soma da multiplicação das quantidades de cada ação pelo seu

valor r

ssim, a tabela 4 teria acrescida essa outra referência de valor, ficando,

portan

abela 6 - Resumo dos valores obtidos dos cálculos FCD e Valor de Mercado

.3.6 Hipótese de crescimento do fluxo de caixa

a secção anterior, evidenciaram-se, na análise do caso apresentado, os

elemen

Fonte: demonstrações financeiras da CVRD

m dos dois tipos de ação Ordinária Nominativa e Preferencial Nominativa.

O

espectivo gera o valor de mercado da empresa.

A

to, como apresentado na tabela 6 que segue:

Fluxo acumulado em Milhões R$ 31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10

Crescimento médio de 0% nos próximos 5 anosà taxa de desconto 0% 8.963 17.927 26.890 35.854 44.817 53.781 à taxa de desconto 20,3% 8.963 16.412 22.602 27.745 32.020 35.572 à taxa de desconto 21,5% 8.963 16.340 22.410 27.406 31.517 34.900

Valor de Mercado 62.020

T

Fonte: Cálculos do autor

6

N

tos essenciais e o cálculo do valor da Companhia Vale do Rio Doce dentro

de uma hipótese de crescimento zero para o fluxo de caixa.

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149

Nota-se uma diferença significativa entre os valores calculados do fluxo de

caixa

valor de mercado, no entanto, oferece um indicativo plausível de que o

merca

quadro 31 abaixo demonstra o crescimento médio das principais linhas da

demon

empresa tem sido bem sucedida em transformar o crescimento de vendas

em cr

o entanto, entende-se que calcular a continuidade desse nível de

crescim

Quadro 29 Crescimento médio anual dos direcionadores de lucro

descontado e aquele atribuído pelo mercado através do preço das ações,

sendo que o valor calculado está abaixo do valor de mercado.

O

do precifica algum crescimento.

O

stração de resultados da companhia no período considerado para a análise.

A

escimento de lucros, ambos crescem às mesmas taxas. Entretanto, a

manutenção desse ritmo de avanço da ordem de 40% ao ano por mais cinco anos

parece pouco provável.

N

ento é uma referência importante para tentar-se aproximar as duas

avaliações existentes.

Demonstração do resultado Análise HorizontalExercício de 01 de Janeiro a 31 de Dezembro

31/12/99 31/12/00 31/12/01 31/12/02 31/12/03 31/12/04Crescimento médio % a/a

Receita brutaTotal receita bruta de produtos 100% 140% 198% 286% 359% 531% 40%Total receita bruta de serviços 100% 134% 109% 139% 224% 278% 23%Total receita bruta 100% 137% 154% 213% 292% 405% 32%

Receita operacional líquida 100% 137% 152% 210% 288% 395% 32%

Total custo dos produtos e serviços 100% 139% 147% 202% 299% 373% 30%Lucro bruto 100% 134% 157% 221% 276% 421% 33%

Margem bruta 100% 98% 103% 105% 96% 107% 1%

Total despesas operacionais 100% 180% 213% 227% 253% 372% 30%

100% 118% 136% 218% 284% 439% 34%

Lucro operacional 100% 169% 76% 92% 461% 659% 46%

100% 176% 220% 103% 479% 719% 48%

Lucro antes das participações 100% 172% 241% 154% 404% 577% 42%

Lucro líquido do período 100% 171% 244% 163% 360% 516% 39%

Lucro operacional antes do resultado financeiro e de participações societárias

Lucro antes do imposto de renda e da contribuição social

Fonte: Cálculos do autor

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150

Ao realizar-se um exercício, levando em conta o crescimento anual da ordem

de 40%

Quadro 30 Crescimento médio histórico continuado por mais 5 anos (taxa de desconto 20,3%)

Quadro 31 Crescimento médio histórico continuado por mais 5 anos (taxa de desconto 21,5%)

onte: cálculos do autor

rpetuidade

ça refere-se à consideração sobre a perpetuidade

da geração de fluxo de caixa pela CVRD.

e propõe que a entidade empresa não se

encerra para fins de análise contábil.

e investimento líquido de 847 mil reais verificado nos cinco anos coletados,

tem-se que os valores calculados às taxas mínima e máxima de desconto passam a

ser os apresentados nos quadros 30 e 31 abaixo:

Fonte: cálculos do autor

31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10

11.363 11.363 11.363 11.363 11.363 11.363

21,5%40,0%

1,00 1,22 1,48 1,79 2,18 2,65

11.363 9.351 7.695 6.333 5.211 4.289

11.363 20.713 28.408 34.741 39.952 44.241 Fluxo descontado acumulado a realizar

Taxa de desconto

Fatores de desconto

Fluxo descontado

Taxa de crescimento no fluxo de caixa

Fluxo de caixa disponível para os fornecedores de capital

31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/1011.363 11.363 11.363 11.363 11.363 11.363

20,3%40,0%

1,00 1,20 1,46 1,78 2,16 2,62

11.363 9.442 7.770 6.395 5.262 4.331

11.363 20.805 28.575 34.970 40.232 44.563

11.363 20.805 28.575 34.970 40.232 44.563

Fatores de desconto

Fluxo descontado

Fluxo descontado acumulado

Fluxo descontado acumulado a realizar

Fluxo de caixa disponível para os fornecedores de

Taxa de descontoTaxa de crescimento no fluxo de caixa

F

6.3.7 Cálculo da pe

A segunda fonte de diferen

O princípio contábil da continuidad

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151

Do ponto de vista da valorização de um negócio isso significa que se espera a

continuidade da geração de fluxos de caixa de forma perpétua, isto é, por um

período de tempo tendendo ao infinito.

A fórmula de desconto neste caso, na hipótese de manutenção do fluxo de

caixa nos níveis da projeção sem crescimento é a seguinte resultante da derivação

da fórmula genérica do desconto de fluxo de caixa:

anooDescontoFatordescontodeTaxa

PerpétuoCaixadeFluxodescontadoperpétuoFluxo .6___/___

_____ =

Os quadros 32 e 33 demonstram o valor da empresa sob essa consideração

para a hipótese 1:

31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10 Perpetuidade

8.963 8.963 8.963 8.963 8.963 8.963 8.963

20,3%0,0%

1,00 1,20 1,46 1,78 2,16 2,62 0,20

8.963 7.449 6.130 5.044 4.151 3.416 16.797

8.963 16.412 22.542 27.586 31.737 35.154

8.963 16.412 22.542 27.586 31.737 35.154 51.951

Fatores de desconto

Fluxo descontado

Fluxo descontado acumulado

Fluxo descontado acumulado a realizar

Fluxo de caixa disponível para os fornecedores de

Taxa de descontoTaxa de crescimento no fluxo de caixa

Quadro 32 Valor com crescimento zero e perpetuidade (taxa de desconto 20,3% - CMPC Mínimo).

Fonte: cálculos do autor

31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10 Perpetuidade

8.963 8.963 8.963 8.963 8.963 8.963 8.963

21,5%0,0%

1,00 1,22 1,48 1,79 2,18 2,65 0,22

8.963 7.376 6.070 4.995 4.111 3.383 15.724

8.963 16.340 22.410 27.406 31.517 34.900 50.624

Fluxo de caixa disponível para os fornecedores de capital

Fluxo descontado acumulado a realizar

Taxa de desconto

Fatores de desconto

Fluxo descontado

Taxa de crescimento no fluxo de caixa

Quadro 33 Valor com crescimento zero e perpetuidade (taxa de desconto 21,5% - CMPC Máximo).

Fonte: Cálculos do autor

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152

Fluxo acumulado em Milhões R$ 31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10 Com Perpetuidade

Crescimento médio de 0% nos próximos 5 anosà taxa de desconto 0% 8.963 17.927 26.890 35.854 44.817 53.781 à taxa de desconto 21,5% 8.963 16.340 22.410 27.406 31.517 34.900 à taxa de desconto 20,3% 8.963 16.412 22.542 27.586 31.737 35.154

Crescimento médio de 0% nos próximos 5 anos e perpetuidade a partir do 6o. Anoà taxa de desconto 0% 8.963 17.927 26.890 35.854 44.817 53.781 à taxa de desconto 21,5% 8.963 16.340 22.410 27.406 31.517 34.900 50.624 à taxa de desconto 20,3% 8.963 16.412 22.542 27.586 31.737 35.154 51.951

Valor de Mercado 62.020

Tabela 7 Resumo dos valores calculados para a empresa.

Fonte: Cálculos do autor

É importante completar a tabela melhorando sua qualidade informativa,

incluindo o cálculo da perpetuidade no cenário de crescimento continuado

desenvolvido para a hipótese 2.

Assim, a tabela acima ficaria da seguinte maneira:

Fluxo acumulado em Milhões R$ 31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10 Com Perpetuidade

Crescimento médio de 0% nos próximos 5 anosà taxa de desconto 0% 8.963 17.927 26.890 35.854 44.817 53.781 à taxa de desconto 21,5% 8.963 16.340 22.410 27.406 31.517 34.900 à taxa de desconto 20,3% 8.963 16.412 22.542 27.586 31.737 35.154

Crescimento médio de 0% nos próximos 5 anos e perpetuidade a partir do 6o. Anoà taxa de desconto 0% 8.963 17.927 26.890 35.854 44.817 53.781 à taxa de desconto 21,5% 8.963 16.340 22.410 27.406 31.517 34.900 50.624 à taxa de desconto 20,3% 8.963 16.412 22.542 27.586 31.737 35.154 51.951

Valor de Mercado 62.020

Crescimento médio de 40% mantido por mais 5 anos com investimento líquido positivoà taxa de desconto 21,5% 11.363 20.713 28.408 34.741 39.952 44.241 à taxa de desconto 20,3% 11.363 20.805 28.575 34.970 40.232 44.563

Crescimento médio de 40% mantido por mais 5 anos e perpetuidade a partir do 6o. anoà taxa de desconto 21,5% 11.363 20.713 28.408 34.741 39.952 44.241 64.173 à taxa de desconto 20,3% 11.363 20.805 28.575 34.970 40.232 44.563 65.856

Tabela 8 Resumo completo dos valores calculados para a empresa nos dois cenários

Fonte: Cálculos do autor

6.3.8 Análise da sensibilidade

Damodaran (2002:392) enfatiza que o valor de uma empresa é o valor

presente de seus fluxos de caixa previstos descontados de seu custo de capital,

como se viu aplicado nas secções anterioires deste trabalho.

Page 169: UMA APLICAÇÃO DO MODELO DE FLUXO DE CAIXA … · ESTUDO DE CASO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS ... 6.2 Informações contábeis da

153

Ele refere-se ao crescimento tanto dos ativos existentes quanto do

crescimento futuro como as fontes principais da criação de valor para um negócio.

O autor citado propõe, então, que existem quatro tarefas fundamentais

capazes de criar valor que são:

1. Aumentar a duração do período de crescimento acelerado;

2. Aumentar a taxa prevista de crescimento desses fluxos de caixa no futuro;

3. Aumentar os fluxos de caixa gerados pelos investimentos existentes;

4. Reduzir o custo do capital aplicado ao desconto dos fluxos de caixa.

Veja-se que resultados poderiam ser obtidos a partir da aplicação de cada

uma dessas tarefas ao caso em análise.

Como a tarefa 1 significa manter os níveis de crescimento acelerado para o

futuro, ela corresponde à hipótese de crescimento continuado até a perpetuidade

cujos resultados já se conhece e estão mostrados no resumo que compõe a tabela

7.

Entende-se que a tarefa 2, também, está abrangida na hipótese 2, uma vez

que não parece plausível manter taxas de crescimento maiores do que os 40%

anuais que se projetou para o fluxo de caixa.

Assim, será analisado o impacto das tarefas 3 e 4 no valor da empresa

estudada. Serão chamados essas tarefas de hipótese 3 e hipótese 4,

respectivamente.

6.3.9 Hipótese 3 – Aumentar os fluxos de caixa gerados pelos investimentos

existentes

Nossa proposta para simular os resultados que podem ser obtidos, nesse

caso, é reduzir pela metade a taxa de cresimento médio dos lucros e manter os

investimentos no mesmo nível da depreciação, de forma a eliminar o efeito de caixa

gerado pelo investimento líquido, mas preservar a capacidade futura de geração de

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154

fluxos de caixa embora em nível menor do que aquele que poderia ser obtido no

caso de investimentos na ordem de grandeza em que vem ocorrendo no período de

tempo abrangido nesta pesquisa.

Baseia-se esse raciocínio em Damodaran (2002:397):

“O investimento líquido no ativo fixo é a diferença entre os investimentos

no ativo fixo e a depreciação e, assim como a saída de capital, reduz o fluxo

de caixa livre para a empresa. Parte do investimento líquido no ativo fixo

tem por objetivo gerar crescimento futuro, mas outra parte, chamada de

investimento em manutenção do ativo fixo, pretende manter os ativos

existentes.”

Mais adiante ele acrescenta:

“Costuma haver uma relação entre os investimentos na manutenção do

ativo fixo e a vida útil dos ativos. As empresas que não tiverem quaisquer

investimentos em manutenção gerarão fluxos de caixa muito mais elevados

a partir de seus ativos, mas os ativos terão menor duração. No extremo

oposto, as empresas que reinvestem todo o fluxo de caixa que recebem da

depreciação em manutenção do ativo fixo podem ser capazes de prolongar

consideravelmente a vida útil de seus ativos”

Dessa forma, demonstram-se, nos quadros seguintes, os resultados obtidos

na hipótese 3:

31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10 Perpetuidade

10.756 10.756 10.756 10.756 10.756 10.756 10.756

20,3%20,0%

1,00 1,20 1,45 1,74 2,10 2,52 0,20

10.756 8.938 7.428 6.172 5.129 4.262 20.958

10.756 19.694 27.122 33.295 38.424 42.686 63.644

Fluxo de caixa disponível para os fornecedores de capital

Fluxo descontado acumulado a realizar

Taxa de desconto

Fatores de desconto

Fluxo descontado

Taxa de crescimento no fluxo de caixa

Quadro 34 Valor com crescimento 20% e perpetuidade (taxa de desconto 20,3% - CMPC Mínimo).

Fonte: Cálculos do autor

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155

31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10 Perpetuidade10.756 10.756 10.756 10.756 10.756 10.756 10.756

21,5%20,0%

1,00 1,22 1,46 1,76 2,12 2,55 0,22

10.756 8.852 7.356 6.113 5.079 4.221 19.618

10.756 19.608 26.964 33.076 38.156 42.377

10.756 19.608 26.964 33.076 38.156 42.377 61.995

Fluxo descontado

Fluxo descontado acumulado

Fluxo descontado acumulado a realizar

Fluxo de caixa disponível para os fornecedores de

Taxa de descontoTaxa de crescimento no fluxo de caixa

Fatores de desconto

Quadro 35 Valor com crescimento 20% e perpetuidade (taxa de desconto 21,5% - CMPC Máximo).

Fonte:Cálculos do autor

6.3.10 Reduzir o custo do capital aplicado ao desconto dos fluxos de caixa

A redução do custo de capital passa por algumas ações diretas e outras

indiretas.

Segundo Damodaran (2002:415-419) a redução do risco operacional, da

alavancagem operacional são formas de redução do custo de capital que serão

chamadas de indiretas porque interferem na percepção dos fornecedores de capital

quanto ao risco e, consequentemente, sobre o prêmio a ser pago por ele.

As formas diretas de redução desse custo referem-se a decisões mais

autônomas da empresa como alterar a combinação de financiamento, o que no

entanto, aumenta o risco de quebra da companhia; e alteração do tipo de

financiamento para alinhar o perfil de fluxo de caixa da dívida como o perfil de

geração de caixa do ativo.

No caso analisado, observa-se que a dívida atrelada ao dólar tem produzido

efeitos positivos quanto ao custo médio ponderado de capital.

Conjunturalmente, parece pouco provável uma mudança repentina e brusca

na valorização do real ante o dólar.

Entretanto, poder-se-ia propor uma avaliação para analisar qual seria o

impacto no valor da empresa em função de mudanças no seu custo de capital,

Page 172: UMA APLICAÇÃO DO MODELO DE FLUXO DE CAIXA … · ESTUDO DE CASO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS ... 6.2 Informações contábeis da

156

criando, assim, um perfil de sensibilidade do seu valor calculado diante do custo

médio ponderado de capital.

A tabela, a seguir, mostra qual o valor da empresa nas três hipótese

anteriores em dois cenários de CMPC maiores que o máximo em 5% e 10% e

menores que mínimo em 2% e 4%.

Veja-se o conjunto dos resultados:

Fluxo acumulado em Milhões R$ 31/12/05 31/12/06 31/12/07 31/12/08 31/12/09 31/12/10 Com Perpetuidade

Hipótese 1Crescimento médio de 0% nos próximos 5 anos e perpetuidade a partir do 6o. Anoà taxa de desconto 31,5% 8.963 16.412 22.542 27.586 31.737 35.154 45.999 à taxa de desconto 26,5% 8.963 16.412 22.542 27.586 31.737 35.154 48.045 à taxa de desconto 21,5% 8.963 16.340 22.410 27.406 31.517 34.900 50.624 à taxa de desconto 20,3% 8.963 16.412 22.542 27.586 31.737 35.154 51.951 à taxa de desconto 18,3% 8.963 16.412 22.542 27.586 31.737 35.154 53.821 à taxa de desconto 16,3% 8.963 16.412 22.542 27.586 31.737 35.154 56.112

Hipótese 2Crescimento médio de 40% por mais 5 anos com investimento líquido positivo e perpetuidade do 6o. Ano em dianteà taxa de desconto 31,5% 11.363 20.805 28.575 34.970 40.232 44.563 58.311 à taxa de desconto 26,5% 11.363 20.805 28.575 34.970 40.232 44.563 60.905 à taxa de desconto 21,5% 11.363 20.713 28.408 34.741 39.952 44.241 64.173 à taxa de desconto 20,3% 11.363 20.805 28.575 34.970 40.232 44.563 65.856 à taxa de desconto 18,3% 11.363 20.805 28.575 34.970 40.232 44.563 68.227 à taxa de desconto 16,3% 11.363 20.805 28.575 34.970 40.232 44.563 71.131

Hipótese 3Crescimento médio de 20% por mais 5 anos com investimento = depreciação e perpetuidade do 6o. Ano em dianteà taxa de desconto 31,5% 10.756 19.608 26.964 33.076 38.156 42.377 55.777 à taxa de desconto 26,5% 10.756 19.608 26.964 33.076 38.156 42.377 58.305 à taxa de desconto 21,5% 10.756 19.608 26.964 33.076 38.156 42.377 61.995 à taxa de desconto 20,3% 10.756 19.694 27.122 33.295 38.424 42.686 63.644 à taxa de desconto 18,3% 10.756 19.608 26.964 33.076 38.156 42.377 65.442 à taxa de desconto 16,3% 10.756 19.608 26.964 33.076 38.156 42.377 68.272

Resumo dos valores calculados para a empresa CVRD - Diferentes CMPC

Tabela 9 Valores calculados conforme impacto do CMPC nos três hipóteses de trabalho.

Fonte: Cálculos do autor

6.4 Análise dos resultados

Por tratar-se de valores esperados para futuros possíveis dentro de

determinado grau de plausibilidade, parece útil avaliar estatisticamente os resultados

obtidos.

Page 173: UMA APLICAÇÃO DO MODELO DE FLUXO DE CAIXA … · ESTUDO DE CASO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS ... 6.2 Informações contábeis da

157

Valor da CVRD nas três hipóteses

4648

51 5254

5658

6164

6668

71

5658

62 6465

68

40

45

50

55

60

65

70

75

31,5% 26,5% 21,5% 20,3% 18,3% 16,3%

CMPC

Bilh

ões

de R

$

Hipótese 1 Hipótese 2 Hipótese 3 Valor de Mercado

Valor de Mercado 62 Bilhões de R$

Para efeito de visualização dos resultados calculados da pesquisa, optou-se

por tê-los em um único gráfico apresentado na figura 5 apresentada a seguir. Figura 5 Valores calculados conforme impacto do CMPC nos três hipóteses de trabalho.

Fonte: Cálculos do autor

Observa-se que os valores correspondentes ao cálculo, tomando por base o

CMPC atual da empresa, aproxima-se mais do valor da empresa do que aqueles

obtidos com o aumento para além do CMPC máximo ou aquém do CMPC mínimo.

Quando se efetua a análise estatística desse conjunto de dados têm-se os

seguintes resultados:

H1 , H2 , H3

Média 5 9,366 Desvio padrão 7 ,359 Média + 1 DP 6 6,725 Média - 1 DP 5 2,007 Mediana 5 9,608 Intervalo 2 5,132 Mínimo 4 5,999 Máximo 7 1,131

Tabela 10 – Estatística dos valores calcualdos para a CVRD nas três hipóteses de trabalho

Fonte: Cáculos do autor

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158

Essa tabela de estatística descritiva demonstra que o valor da empresa estará

entre 52,0 e 66,7 bilhões de reais em 68% dos cenários desenvolvidos com um

conjunto de premissas sobre as quatro tarefas de valor sugeridas por Damodaran

(2002: 392)

Efetuou-se o mesmo cálculo apenas com as hipóteses 1 e 2 para verificar

qual a influência do aumento de uma hipótese no intervalo de valores possíveis e o

resultado foi o seguinte:

H1 , H2

Média 5 7,929 Desvio padrão 8 ,205 Média + 1 DP 6 6,134 Média - 1 DP 4 9,725 Mediana 5 7,211 Intervalo 2 5,132 Mínimo 4 5,999 Máximo 7 1,131

Tabela 11 – Estatística dos valores calcualdos para a CVRD nas duas primeiras hipóteses de trabalho

Fonte: Cáculos do autor

Nesse caso, a dispersão medida pelo desvio-padrão aumentou dentro da

mesma amplitude e o valor mínimo foi reduzido.

De forma que se esperaría encontrar valores para a empresa entre 49,7 e

66,1 bilhões de reais em 68% dos casos.

Dessa forma, pode-se concluir que a inclusão de uma hipótese adicional

consistente com os cenário possíveis estreita a dispersão dos valores prováveis de

serem atribuídos à empresa.

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159

CAPÍTULO 7

CONSIDERAÇÕES FINAIS 7.1 Principais aspectos levantados no trabalho

O escopo deste trabalho é o de contribuir para avaliar a viabilidade de se

obterem análises satisfatórias sobre o valor de uma empresa através da aplicação

do modelo teórico do fluxo de caixa descontado às demonstrações financeiras

obtidas a custo zero.

Descreveu-se o mercado financeiro nas suas dimensões estruturais e o

ambiente em que é definido o valor das empresas: a Bolsa de Valores.

As seguir, percorreu-se a literatura de finanças para conhecer o que se tem

dito sobre o uso da informação no mercado financeiro com o objetivo de definir o

preço correto dos ativos financeiros. Tomou-se como hipótese de trabalho que o

mercado acionário brasileiro representado pela Bolsa de Valores de São Paulo seria

um mercado que trabalha em eficiência semi-forte o que significa que toda

informação pública disponível sobre determinada empresa é utilizada para definir o

preço da sua ação no mercado secundário de títulos.

A informação pública mais característica tem sido a informação contida nos

relatórios contábeis publicados segundo as normas contábeis geralmente aceitas e

conforme a legislação vigente. Neste caso, são os princípios contábeis geralmente

aceitos no Brasil e a lei 6.404 que regulamenta essa matéria no país.

Definiu-se que as informações mais úteis para o objetivo deste trabalho

estavam contidas no relatório da administração, no balanço patrimonial, na

demonstração de resultados do exercício e na demonstração do fluxo de caixa.

Além disso, trouxe-se o conceito de índices financeiros para a discussão pelo

poder analítico que possuem. Escolheram-se e descreveram-se aqueles indicadores

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160

que, no entendimento desde caso contribuem significativamente para a construção

de hipóteses consistentes e úteis para a projeção de resultados e fluxos de caixa

futuros.

Definiu-se, ainda, o significado de valor que se utilizou no estudo, ressaltando

a visão pragmática de que valor é o preço atribuído pelo mercado a um título ou a

uma ação.

Descreveram-se, em seguida, os principais modelos presentes na literatura

de finanças sobre avaliação de empresas nos seus dois grandes grupos: os

baseados em lucros contábeis e os baseados em fluxos de caixa futuros.

Optou-se pelo método de fluxo de caixa descontado por entender-se que ele

captura importantes elementos relacionados à definição de valor de uma empresa:

sua capacidade de gerar caixa no futuro, a duração da sua capacidade de geração

de caixa e a taxa de desconto desses fluxos, considerando a remuneração dos

principais fornecedores de capital para a empresa, terceiros que emprestam dinheiro

para a empresa e seus próprios acionistas.

Para a definição do custo de capital desses últimos escolheu-se o modelo

CAPM.

O padrão de projeção escolhido seguiu o resultado da análise histórica dos

números sem contar com hipótese de ruptura.

A empresa escolhida, a Companhia Vale do Rio Doce – CVRD, possui uma

prática de divulgação dos seus relatórios que é considerada padrão de excelência

pela quantidade de informações abertas ao público.

Essas informações são acessíveis a custo zero e são encontradas no sítio da

companhia na Internet.

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161

A partir do modelo de 5 passos para avaliação de empresas proposto por

Copeland, empreendeu-se a preparação dos dados e a obtenção das informações

relevantes para levar a cabo o cálculo de valor da CVRD.

Nos relatórios encontrou-se a quantidade de ações negociadas no mercado e

em poder da tesouraria da empresa e pôde-se avaliá-las pelo valor de mercado na

data de fechamento do exercício fiscal, tendo como resultado o valor de mercado da

empresa na data de referência.

Com as premissas de evolução dos principais direcionadores de valor da

empresa, construímos três hipóteses de trabalho sobre as quais se aplicaram quatro

cenários de taxa de desconto e efetuou-se a análise estatística dos resultados

obtidos.

7.2 Principais resultados obtidos

As hipóteses deste trabalho buscaram estabelecer um valor máximo e um

valor mínimo para a empresa. Pode-se chamá-las de melhor caso e pior caso.

Para todas, considerou-se a continuidade da empresa e a conseqüente

perpetuidade dos fluxos de caixa projetados.

O melhor caso é conseqüência de projetar-se a continuidade dos

crescimentos observados nas vendas, resultados e geração de caixa da empresa na

média dos últimos cinco anos. Entendeu-se ser o melhor caso porque a companhia

empreendeu neste período uma transformação profunda nos negócios que gerou

ganhos médios bem superiores aos obtidos pelo mercado.

O pior caso resultou de premissas conservadoras sobre a geração de caixa

da empresa, uma vez que não foi considerado crescimento algum para os próximos

períodos. Considerou-se apenas a repetição dos resultados obtidos no último

exercício fiscal fechado.

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162

A terceira hipótese aparece com alternativa lógica de prever crescimento sem

investimentos adicionais de forma a maximizar o retorno dos ativos existentes, o que

constitui uma das ações básicas de elevação de valor de uma empresa.

A quarta consideração refere-se à taxa de desconto. Construiu-se um modelo

para estudar a sensibilidade do valor calculado às variações do CMPC.

A tabela seguinte mostra um resumo do que se falou:

Hipótese Cenário Premissas Taxa de desconto

FCD + Perpetuidade Milhões de R$

20,3% 51.951

21,5% 50.624

20,3% 65.856

21,5% 64.173

20,3% 63.644

21,5% 61.995

H3Projeção de crescimento sem investimento além da depreciação.

1) Crescimento da ordem de 20% ao ano 2) Financiamento das necessidades de adicionais de caixa com os fornecedores de forma a manter o ciclo de caixa operacional.3) Investimentos no nível atual da depreciação conforme média dos últimos cinco anos4) Manutenção da estrutura de endividamento dentro dos custos e condições atuais

Resumo das hipóteses e dos resultados obtidos na avaliação da CVRD

H1 Projeção da estrutura do resultado e caixa obtido em 2004

1) Manutenção da estrutura de resultados conforme média do últimos 5 anos2) Manutenção do clico de caixa no nível atual3) Investimentos no nível atual da depreciação4) Manutenção da estrutura de endividamento dentro dos custos e condições atuais

H2Projeção de crescimento observado na média geométrica dos últimos cinco anos

1) Crescimento da ordem de 40% ao ano 2) Financiamento das necessidades de adicionais de caixa com os fornecedores de forma a manter o ciclo de caixa operacional.3) Investimentos acima do nível atual da depreciação conforme média dos últimos cinco anos4) Manutenção da estrutura de endividamento dentro dos custos e condições atuais

Tabela 12 – Resumo das premissas subjacentes às hipóteses

Fonte: Cáculos do autor

A sensibilidade dos valores calculados nas hipóteses às taxas de desconto

aparecem resumidas na tabela 9 apresentada no capítulo anterior.

Vale lembrar que se trata de cenários de não ruptura estrutural das principais

variáveis intervenientes, tais como: nível de vendas líquidas, margem operacional,

depesas operacionais, estrutura de endividamento, perfil do capital de giro, nível de

imobilização do capital e estratégia empresarial.

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7.3 O significado dos resultados

Quando analisados dentro dos intervalos obtidos após a aplicação de

diferentes taxas de desconto, os valores calculados para a CVRD parecem

aceitáveis.

O valor atribuído pelo mercado de 62 bilhões de reais em Dezembro de 2004

encontra-se dentro do intervalo obtido pela média dos valores mais um, menos um

desvio padrão das hipóteses sob diferentes taxas de desconto.

No ponto de vista deste estudo,parece razoável afirmar que, sem rupturas

significativas, o mercado precifica as ações da CVRD de forma aproximada ao preço

que seria atribuído a elas com base em fluxos de caixa descontados considerados

de forma estatística.

Segundo a demonstração deste trabalho, o valor de mercado encontra-se no

intervalo no qual esperaríamos obter 68% dos resultados de cálculo sob das

premissas que foram propostas.

Parece-nos um ponto de partida para modelagens e testes adicionais que

dessem maior base estatística capazes de desenvolver uma hipótese mais ampla

sobre essa aproximação de valores atribuíveis.

O trabalho aqui apresentado demonstra um conjunto básico de premissas

aceitáveis a partir da análise do histórico da companhia dentro de um intervalo

máximo e mínimo. Entende-se que a exploração e simulação dos resultados

decorrentes de diferentes hipóteses construídas com base nas informações obtidas

levaria a uma ampliação da base estatística.

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Muito provavelmente os valores calculados destas hipóteses posicionar-se-

iam dentro do intervalo maior obtido das hipóteses limítrofes apresentadas aqui.

A relativa proximidade dos valores ajuda na construção de decisões acerca

de investir ou não nesse ativo. O mesmo talvez se passe com outras empresas que

apresentem demonstrações financeiras com a mesma qualidade informativa da

CVRD.

Conforme se entende, esse modelo mais se presta a acompanhar do que a

determinar, isto é, ele parece servir adequadamente como um instrumento adicional

de monitoramento dos números apresentados no relatório contábil de forma a

permitir um quadro de referência para a tomada de decisão a respeito do

investimento na participação desta sociedade.

Focou-se na expectativa do valor criado pela empresa refletido no preço pago

por suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo, embora se saiba que o preço das

ações também reflete a expectativa desses ganhos dentro de uma expectativa mais

ampla acerca de fatores econômicos externos à empresa.

Acredita-se que a contribuição desse estudo está em demonstrar que a

qualidade das demonstrações da CVRD, atestada pelo prêmio da ANEFAC, permite

construir informações de caráter decisório a partir do ponto de vista do investidor

interessado e da utilização do modelo de fluxo de caixa descontado para fins desse

tipo de análise.

Além disso, mostrar essa possibilidade de construção sobre a informação

disponível sem custos de acessos diferenciados, atende a outro objetivo que é o de

contribuir para a acessibilidade do mercado de ações no Brasil a todo investidor

medianamente capacitado a interpretar os relatórios financeiros.

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