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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GERENCIAMENTO DE ATIVO E PASSIVO PARA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA Rosely Freire Teixeira Orientador Prof. Mary Sue Pereira Julho/ 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GERENCIAMENTO DE ATIVO E PASSIVO PARA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA

Rosely Freire Teixeira

Orientador

Prof. Mary Sue Pereira

Julho/ 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GERENCIAMENTO DE ATIVO E PASSIVO PARA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato

Sensu” em Docência do Ensino Superior.

Rosely Freire Teixeira

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AGRADECIMENTOS

A minha amiga Rosana Vieira e

Alexandre, aos meus colegas e

pessoas que, direta e indiretamente,

contribuíram para a confecção desse

trabalho acadêmico e sua constante

atualização.

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DEDICATÓRIA

.....dedica-se ao pai, mãe, amigo, e ao

meu filho Matheus Freire pelo seu

carinho e compreensão.

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é mostrar de que forma o mercado de

planos privados de aponsetadoria brasileira tem respondido às mudanças

que vêm ocorrendo no Brasil a nível econômico e estrutural. O trabalho

procura mostrar o boom que ocorreu na indústria de seguros e previdência

na década de 90, principalmente após a abertura do mercado e a

implementação do Plano Real.

Entre alguns dos fatores determinantes para o crescimento do

mercado de planos privados de aponsetadoria brasileira podemos citar a

falência do Estado na prestação dos serviços sociais, tais como saúde e

previdência, o fim do monopólio de resseguros e a entrada de grupos

estrangeiros no mercado interno.

O mercado segurador brasileiro vem passando por uma série de

transformações, acompanhando o avanço tecnológico e as mudanças

advindas da globalização. As seguradoras buscam cada vez mais o

desenvolvimento de ferramentas capazes de auxiliar na tomada de decisões,

de forma a obter sempre lucro máximo em suas operações. O objetivo deste

trabalho é analisar a viabilidade de administrar recursos de um plano de

previdência e encontrar maior simplicidade e flexibilidade utilizando uma

estratégica de imunização com o uso de derivativos.Com a conjugação de

alguns títulos prefixados e apenas um contrato de derivativo baseado em

taxa de juro, o gestor é capaz de equilibrar o fluxo de caixa de curto prazo de

um plano de previdência . Essa flexibilidade torna-se muito relevante dentro

da realidade brasileira, em que o mercado secundário de títulos públicos

ainda não se mostra muito desenvolvido e os mercados futuros e a termo de

juros futuro apresentam representativa liquidez(principalmente os contratos

de DI futuro) e um grau de transparência maior. Assim,verifica-se que o

mercado de derivativos brasileiro pode trazer grandes benefícios à gestão

das carteiras dos planos de previdência, fornecendo graus de liberdade aos

administradores de recursos na busca do equilíbrio econômico-fiananceiro

dos planos previdenciários.

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METODOLOGIA

O método que se avaliará no presente trabalho é a imunização dos ativos de

uma empresa de previdência complementar aberta, por meio da igualdade

das duration dos ativos e passivos, e a minimização do desvio desta medida.

A análise se limita ao Brasil.

O objetivo final deste projeto é o desenvolvimento de um método de

avaliação financeira e econômica dos principais itens que afetam a solvência

das EAPC’s. Para isso, deve-se definir os parâmetros financeiros como

projeções para o período analisado .

Para viabilização da aplicação do método proposto, a coleta de dados

se deu por meio de pesquisa bibliográfica em livros, revistas especializadas,

jornais, teses e dissertações com dados pertinentes ao assunto. A pesquisa

documental também será adotada, a medida que os dados necessários para

avaliação de planos previdenciários só estão disponíveis em seguradoras,

em seus órgãos reguladores e associações.

De acordo com o critério utilizado por Sylvia Vergara1, a pesquisa

pode ser dividida quanto aos fins e aos meios. O gerenciamento de ativo e

passivo para previdência complementar aberta pode ser classificado como

pesquisa metodológica, quanto à sua finalidade. Avalia-se os resultados, a

partir de ferramentas matemáticas, para tomada de decisão ou o retorno a

primeira etapa para remodelagem.

Quanto aos meios a pesquisa foi de laboratório, para aplicação do

método simplex através do Pascal objetivando minimizar a dispersão ao

redor da duration

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

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8CAPÍTULO I - A História 12

CAPÍTULO II - Avaliação do Passivo 24

CAPÍTULO III - ALM Aplicado no Mercado 29

CAPÍTULO IV - Análise Macro-Econômica 34

CAPÍTULO V - Análise de Investimentos 41

CAPÍTULO VI – Modelagem do ALM pelo Método 46

da Imunização Através da DURATION

CONCLUSÃO 60

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 62

ÍNDICE 63

FOLHA DE AVALIAÇÃO 64

INTRODUÇÃO

1 Autora do livro Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração

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9A crise da Previdência Social e sua reforma está causando grande

interesse da população nos planos privados de aposentadoria. Quem

depende do governo logo sente a defasagem do salário em relação aos

benefícios do INSS. É por tudo isto que os planos de Previdência Privada

estão cada vez mais sendo procurados para garantir um futuro digno a quem

trabalhou a vida inteira.

A maior parte das seguradoras, buscando se beneficiar das

oportunidades crescentes, está atenta a demanda de novos produtos. O

ambiente competitivo gerado pelas novas realidades econômicas, a

volatilidade das moedas, o crescimento das expectativas dos consumidores

e as freqüentes quedas das barreiras legais, políticas e culturais

impulsionam as empresas a buscarem o domínio de ferramentas modernas

e mais eficientes de precificação, avaliação e financiamento de riscos. A

ferramenta para gerenciamento de ativo e passivo, ou Asset Liability

Management – ALM pode fornecer um controle apurado dos resultados da

empresa mediante as variações nos parâmetros que afetam o mercado

previdenciário.

O maior risco para uma Entidade Aberta de Previdência

Complementar é não ter recursos para fazer face aos seus compromisso e

deixar de pagar benefícios.

Assim, é fundamental alocar o ativo levando em conta o perfil do

passivo. O processo de casamento de ativos e passivos – ALM, é essencial

para ajudar na definição da alocação ótima dos ativos e evitar o risco de

liquidez temporal.

Os primeiros programas de ALM geravam muitos cenários de fluxos

de caixa , envolvendo ativos e credibilidade. O lado dos ativos (Asset) se

iniciava com fluxos de caixa prometidos com ações, hipotecas e, ajuste para

taxas padrões históricas, projetando-se esses fluxos de caixa e atrelando-os

a cenários de taxas de juros de validade duvidosa. No lado da credibilidade

(Liability) seriam projetados os fluxos de entrada e saída das apólices de

seguro , sob vários cenários, novamente atrelando-as aos cenários de taxas

de juros.

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10Por causa da falta de dados disponíveis das seguradoras que

pudessem traçar a sensibilidade das saídas/desistências (lapse) às

mudanças na taxas de juros, além de projeções simplistas sobre o fluxo de

caixa esperado, fizeram muitas linhas de negócios parecerem valer a pena

produzir, quando, na realidade, não valiam.

O método que se avaliará no presente trabalho é a imunização dos ativos de

uma empresa de previdência complementar aberta, por meio da igualdade

das duration dos ativos e passivos, e a minimização do desvio desta medida.

A análise se limita ao Brasil.

O objetivo final deste projeto é o desenvolvimento de um método de

avaliação financeira e econômica dos principais itens que afetam a solvência

das EAPC’s. Para isso, deve-se definir os parâmetros financeiros como

projeções para o período analisado .

De acordo com o critério utilizado por Sylvia Vergara2, a pesquisa

pode ser dividida quanto aos fins e aos meios. O gerenciamento de ativo e

passivo para previdência complementar aberta pode ser classificado como

pesquisa metodológica, quanto à sua finalidade.

A aplicação do método de imunização para ALM exige a manipulação de

parâmetros para atingir um determinado fim. Primeiro, identifica-se o valor

do passivo e seus fluxos de pagamentos, a composição da carteira de ativos

cujos vencimentos devem ser casados com as saídas do fluxo de caixa , os

percentuais máximos de risco que a empresa deseja correr, definidos em

sua política de investimentos, as taxa de juros para as aplicações

financeiras, os gastos operacionais, etc. Após, a transformação desses

dados em informações, age-se com base nestas. Por fim, avalia-se os

resultados, a partir de ferramentas matemáticas, para tomada de decisão ou

o retorno a primeira etapa para remodelagem.

Quanto aos meios a pesquisa foi de laboratório, para aplicação do

método simplex através do Pascal objetivando minimizar a dispersão ao

redor da duration dos títulos da carteira, telematizada, pois haverá busca

de informações na Internet, com dados relacionados aos mercado

2 Autora do livro Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração

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11financeiro (ANDIMA, BACEN, CVM, etc.) e bibliográfica pois foram

consultadas publicações especializadas sobre Matemática Financeira,

Álgebra Linear, Mercados Futuros e de opções, entre outros temas, além

de artigos, revistas e jornais.

A pesquisa também foi experimental pois possibilitou a manipulação

de variáveis independentes tais como idade, valor da contribuição, taxas de

administração e outras.

No Brasil, a previdência complementar vem crescendo

significativamente, tanto no segmento fechado quanto no aberto.

Embora a carteira de investimentos dos fundos de pensão seja bem

maior que a dos planos de previdência aberta, esta última vem apresentando

maior taxa de crescimento nos últimos anos.

A seguinte estrutura foi utilizada para delineação do método:

AtuarialAtuarial InvestimentosInvestimentos

MacroeconômicoMacroeconômico

Valor esperado dos ativos ao longo do tempo

Perfil esperado das obrigações ao longo do tempo

ALMALM

Situação do patrimônio da empresa ao longo do tempo

Geração de cenários macroeconômicos

CAPÍTULO I

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA NO BRASIL

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12I.1 HISTÓRICO

O risco é gerador de intranqüilidade; é a preocupação diante das

incertezas e inseguranças do amanhã.Surge, então, a Previdência Privada

com seu sentido complementar de repor a diferença entre a atividade e a

inatividade."Toda pessoa tem direito aos seguros em casos de desemprego,

doença, invalidez, velhice e em outros de perda dos seus meios de

subsistência por circunstâncias independentes de sua vontade" (DecIaração

dos Direitos Humanos - ONU, 1948)"(...).

O Brasil tem uma longa história previdenciária que começa ainda nos

tempos

coloniais. A primeira manifestação organizacional e funcional da previdência

deu-se em 1835, quando um decreto da Regência que governava o país

criou uma instituição chamada Monte-Pio Geral da Economia dos Servidores

do Estado. A palavra Monte-Pio advém dos “Montes de pietá” (montes de

piedade), que surgiram na Europa, no século XV, onde católicos uniam-se

para socorrer alguém em necessidade.

No final do século passado surgem várias instituições previdenciárias

entre comerciantes e viajantes autônomos.A previdência oficial começa a

ganhar corpo e voltar-se para os trabalhadores privados a partir de 1919,

com a Lei de Acidentes Pessoais, e em 1923, com a Lei Eloy Chaves,

introdutora das caixas e considerada, historicamente, como o inicio da

socialização da previdência.

Em 1930, a previdência passou por um processo de unificação, com a

criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs). Apenas na

década de 40, iniciaram-se os estudos para a unificação dos institutos.

O processo gradual de unificação levou à centralização da gestão

administrativa da previdência por parte do Estado e o conseqüente

enfraquecimento da previdência privada, que começou a perder a

importância.

Mais adiante, com a universalização da Previdência Social, a

Previdência Privada ganha também a função de complementar a ação da

previdência estatal.

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13Contudo, o desenvolvimento da previdência em nível estatal, cercada

de grande expectativa,não abrangeu de início, todas as categorias

ocupacionais, deixando a descoberto os autônomos, os profissionais liberais,

os empregadores e os trabalhadores rurais.

A década de 70 marca o início da grande expansão das entidades

fechadas, com este mesmo sentido complementar, congregando

empregados de uma única empresa.

Em julho de 1977, a Lei 6435 revoluciona a previdência privada no

Brasil. Define a competência dos órgãos governamentais para normatizar e

fiscalizar as empresas; diferencia instituições abertas e fechadas; permite o

ingresso das companhias seguradoras no setor; regulamenta a aplicação

dos recursos; estabelece o reajustamento periódico do valor dos benefícios

e contribuições.

Em junho de 1979, a Superintendência de Seguros Privados -

SUSEP, ao instituir o Manual da Previdência Privada Aberta, deu base para

ativar o processo de funcionamento do novo sistema.

As entidades abertas de previdência complementar estão cada vez

mais integradas à economia nacional. Constituem uma sólida poupança,

investida no desenvolvimento nacional e na geração de empregos. Nos

países mais desenvolvidos, o montante acumulado na previdência

complementar se aproxima, em termos de valor, do próprio PIB da nação.

Nosso país, como tantos outros, vive uma verdadeira corrida contra a

própria realidade e o tempo para equacionar o problema da previdência

oficial. A crise, já anunciada desde o final dos anos 70, atinge níveis críticos.

Tenta-se preservar a regra geral de que as contribuições dos trabalhadores

na ativa sejam utilizadas para pagar aposentadorias e benefícios. No Brasil,

essa relação, que um dia foi de 15 trabalhadores na ativa para um

aposentado, chega a apenas 2 trabalhadores contribuindo para cada

aposentado pelo INSS.

No final de 1999, a previdência social introduz uma série de

mudanças visando o equilíbrio de suas contas. Infelizmente, as medidas

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14causam a redução do valor médio dos benefícios e o aumento no tempo de

trabalho necessário para a concessão da aposentadoria.

Na contra-mão das dificuldades do sistema estatal, a partir de 1994,

com a estabilidade econômica do país, os planos previdenciários de

acumulação financeira e os planos de capitalização ganham impulso

extraordinário. Durante toda a década de 90 a previdência privada

experimenta rápido desenvolvimento, com o volume de participantes e a

poupança coletiva crescendo vertiginosamente. Além da perspectiva de

segurança para seu futuro, os participantes identificam no regime de

incentivo tributário concedido à previdência complementar uma importante

vantagem adicional.

I.2 REGIMES FINANCEIROS

O mercado previdenciário brasileiro possui 3 regimes financeiros

distintos:

Repartição Simples

Neste regime, o montante das contribuições arrecadadas de todos os

participantes destina-se a pagar, de uma única vez, os sinistros avisados

neste mesmo período. Não há formação de reservas neste regime.

Repartição de Capitais de Cobertura

Neste regime, o montante das contribuições arrecadadas de todos os

participantes destina-se a formar as reservas necessárias para pagamento

dos benefícios concedidos, de forma periódica

Capitalização

Neste regime, cada participante possui uma reserva individualizada

onde, as contribuições pagas serão capitalizadas, à juros compostos, a fim

de gerar um montante futuro suficiente para pagamento do benefício

contratado. Durante o período de pagamento das contribuições, estas são

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15acumuladas na Provisão Matemática de Benefícios a Conceder. Após a

ocorrência do evento gerador do benefício, a reserva passa a chamar-se

Provisão Matemática de Benefícios Concedidos.

I.3 MODALIDADES DE PLANOS

Esses acontecimentos históricos conduziram a previdência brasileira

a um modelo nacional, baseado em um trinômio que passou a simbolizar a

responsabilidade previdenciária repartida entre o Estado e seus cidadãos:

• A previdência social, caracterizada pela compulsoriedade e pelo regime

de caixa ou repartição simples;

• A previdência complementar fechada, formada pelos fundos de pensão,

de caráter voluntário, onde os empregadores aparecem como

patrocinadores dos planos; e

• A previdência complementar aberta, caracterizada por sua natureza

voluntária, e cujos resultados estão vinculados ao desempenho da

seguradora.

No Brasil, Seguradoras autorizadas a operar no Ramo de Vida e

Entidades Abertas de Previdência Complementar ( EAPC’s ), devem obter

licença prévia da SUSEP para operar no mercado segurador, sendo

denominadas simplesmente EAPC’s.

Benefício Definido ( BD )

Os primeiros planos de aposentadoria comercializados no país foram

constituídos nesta modalidade, tendo como objetivo garantir uma renda

mensal pré-definida, mediante pagamento de contribuição calculada

atuarialmente no ingresso do participante ao plano.

Os benefícios e as contribuições são atualizados anualmente, de

acordo com a legislação vigente, por um índice de atualização monetária

constante no regulamento do plano.

As EAPC’s constituem nas seguintes provisões:

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16• Provisão Matemáticas de Benefícios a Conceder: destina-se a

garantir o pagamento da renda contratada ao final do período,

sendo constituída durante o período de diferimento.

• Provisão Matemática de Benefícios Concedidos: constituída a

partir da aposentadoria, destina-se a garantir o pagamento ao

beneficiário da renda contratada.

Ambas deverão ser atualizadas, obrigatoriamente, mensalmente pelo

indexador mais juros estipulados, alem do componente atuarial que

considera a probabilidade de sobrevivência do participante ao período. Para

que o benefício mantenha o valor real inicialmente contratado, o participante

terá que fazer uma contribuição adicional para cobrir a diferença entre a

atualização mensal da Provisão Matemática de Benefícios a Conceder e a

atualização anual das contribuições.

Existe um importante benefício fiscal, comum nos planos de

previdência, que é o diferimento do imposto de renda, isto é, há uma

dedução nas contribuições, de 12%, para pessoas físicas, do total dos

rendimentos computados na determinação da base de cálculo do imposto

devido na declaração anual de rendimentos e de 20% para pessoa jurídica,

do total dos salários anuais dos empregados e da remuneração dos

dirigentes da empresa, vinculados ao plano previdenciário. Este imposto é

cobrado nos resgates e/ou no pagamento dos benefícios utilizando a

alíquota do imposto de renda em vigor.

Alguns planos vigentes no mercado oferecem um percentual de

reversão dos resultados financeiros. Este percentual se dá através da

constituição de uma Provisão de Excedentes Financeiros, debitando ou

creditando mensalmente um percentual do resultado, positivo ou negativo,

da valorização conseguida pela aplicação dos bens garantidores das

Provisões Matemáticas, excedentes à taxa de garantia mínima.

Porém a falta de transparência por parte de algumas entidades nas

informações financeiras e a falta de controle governamental no cálculos

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17desta reversão de resultados financeiros, causaram uma grande

desconfiança no mercado.

Outro ponto importante é que os carregamentos sobre as

contribuições são extremamente altos nos produtos com esta modalidade de

benefício, desencorajando o investidor. Além disto, se o participante desejar

que seu benefício aumente acima da inflação tem que realizar um novo

contrato com o valor do benefício sendo igual ao aumento desejado.

As Seguradoras e entidades de Previdência Aberta que administram

estes planos apresentam uma série de problemas como :

• Devem assumir integralmente o risco financeiro na aplicação

dos ativos, pois oferecem garantia financeira mínima.

• A utilização de tábuas biométricas desatualizadas , isto é, com

baixa expectativa de vida, fazendo com que o mercado assuma

um grande risco atuarial, antes e depois do período de

diferimento, por ser um produto calculado atuarialmente no

período de diferimento.

Estes fatores desencorajaram tanto as entidades que comercializam

este produto quanto os possíveis investidores e não são mais

comercializado pela maioria das Seguradoras e Entidades de Previdência

Complementar Aberta (EAPP).

Contribuição Definida ( CD )

É um plano de acumulação de capital, onde o benefício de

aposentadoria será diretamente proporcional ao que foi acumulado e

capitalizado ao longo do tempo, este benefício só será calculado no instante

da concessão do benefício.

Este produto no período de acumulação de capital é totalmente

financeiro, similar a uma conta de aplicação financeira, se tornando atuarial

somente no período de recebimento de benefício, evitando o risco atuarial

no diferimento. Assim, só existe a formação da Provisão Matemática de

Benefícios Concedidos na ocorrência do evento, a aposentadoria na idade

definida pelo participante.

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18

Fundo Gerador de Benefício (FGB)

Este produto possui uma garantia de rentabilidade mínima, que é

inflação, medida por um indexador estipulado no plano e aprovado pela

Superintendência de Seguros Privados, mais juros, também estipulado no

regulamento do plano. Esta rentabilidade é apurada mensalmente.

Tal como os planos de benefício definido existe um percentual de reversão

financeira, que varia de acordo com a entidade. O método de cálculo é o

mesmo que no plano de benefício definido. Um dos grandes problemas

deste produto é a falta de transparência na aplicação dos ativos, dificultando

o acompanhamento das rentabilidades mensais por parte dos participantes

pois não existe uma regra clara e definida na apuração das Provisões de

Excedentes Financeiros. Também não existe uma gerência dos investidores

na aplicação de seus recursos, sendo este totalmente gerido pela EAPC.

Uma importante característica deste produto é que as contribuições são

calculadas e reavaliadas periodicamente, visando uma meta de benefício na

idade de aposentadoria e normalmente são definidas como um percentual

do salário ou um valor fixo.

No aspecto fiscal possui os mesmos benefícios que os produtos

estruturados na modalidade de Benefício Definido.

Apesar de ser um produto com menor risco para entidades, ainda

existe um grande risco financeiro, que é a garantia mínima de inflação mais

juros. Há também o Risco Atuarial na fase de pagamento de benefícios

devido a utilização de Tábuas Biométricas desatualizadas. Apesar disto,

algumas entidades ainda comercializam este produto, porém o mercado

nacional desenvolveu alguns produtos com maior transparência nas

aplicações de seus ativos e com menor risco financeiro.

Plano Gerador de Benefício Livre ( PGBL )

Baseado num produto de enorme sucesso no mercado norte-

americano, o 401(k), o PGBL é um plano de contribuição variável, sob o

regime financeiro de capitalização individual, onde o valor do benefício é

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19calculado ao término do período de contribuição, com base no valor do saldo

da Provisão Matemática de Benefícios a Conceder (Saldo de Conta)

acumulado pelo participante.

Somente as EAPP’s podem operar com PGBL’s. Este produto não

possui garantida mínima de rentabilidade e nem excedente financeiro no

período de acumulação, tal qual um fundo de investimento, pois tem como

critério de remuneração da Provisão Matemática de Benefícios a Conceder a

rentabilidade da carteira de investimento dos Fundos de Investimentos

Exclusivos – FIE`s.

Uma característica importante do PGBL é a transparência, pois o

investidor poderá acompanhar a rentabilidade de seu FIE, que tem o valor

de sua cota obrigatoriamente publicado em veículo de grande circulação.

Além disto os FIE’s são regulamentados pelo Banco Central e pelo Conselho

Monetário Nacional.

A administração dos recursos fica a cargo de instituições financeiras

habilitadas pelo Banco Central ou pela própria EAPP, com sua taxa de

administração sendo negociada livremente entre as partes.

Há uma flexibilidade para os participantes na escolha do perfil de

investimentos de seus ativos. Existem três tipos básicos de planos, conforme

a composição da carteira de investimentos do respectivo FIE: planos

Soberanos, de Renda Fixa ou Compostos.

Com a divulgação diária do valor da cota de seu plano, o investidor

poderá acompanhar sua rentabilidade e compará-la com a rentabilidade de

outros planos, podendo transferir total ou parcialmente ( portabilidade ), sua

reserva para um plano da mesma EAPP ou de outra, sem pagar nenhuma

tarifa ou imposto por esta transferência. A portabilidade e o resgate possuem

carência mínima de 60 dias e intervalo entre as solicitações de resgates e/ou

transferências também de 60 dias.

O valor das contribuições e periodicidade podem ser estipulados, ou

não ficando facultado ao participante, efetuar contribuições adicionais de

qualquer valor e a qualquer tempo. A interrupção do pagamento das

contribuições não constitui motivo para o cancelamento do contrato e nem

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20desligamento do plano. O carregamento máximo cobrado sobre as

contribuições é de 10%, porém atualmente o mercado trabalha com taxas de

até 5%.

O benefício fiscal é a grande vantagem do PGBL em relação a

qualquer outro fundo financeiro, pois além do diferimento do imposto de

renda, já explicado anteriormente, os rendimentos decorridos das aplicações

financeiras nos FIE’s não são tributados, o que gera um diferencial

vantajoso.

Os Riscos Financeiros e Atuariais deste produto para a EAPP ocorrem

apenas após a Concessão da Renda.

O PGBL é hoje um produto de maior venda no mercado de

previdência no Brasil.

Outros planos oferecidos no mercado de previdência são: FAPI, PAGP,

PRGP, (Plano de Remuneração Garantida e Performance e Plano de

Atualização Garantida e Performance respectivamente). Planos semelhantes

a estes foram regulamentados pela SUSEP para o ramo vida: VGBL, VRGP,

VAGP. A diferença principal está na forma de tributação.

I.4 ASPECTOS DEMOGRÁFICOS

Nos planos do tipo CD como o PGBL, o período de contribuição é

puramente financeiro, ou seja, a rentabilidade do fundo dependerá da

performance dos FIE`s, cujo perfil é definido pelo participante do plano no

momento da contratação, de forma a adequar o risco, agressivo ou

conservador, às suas expectativas. Neste momento, o participante também

contrata as bases com as quais o seu benefício será pago, a saber: Tábua

Atuarial e Taxa de Juros .

Na fase de concessão de benefícios, esses parâmetros são

fundamentais para determinação do compromisso da seguradora, ou seja,

seu passivo.

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21 A tábua de mortalidade ou de sobrevivência é uma tabela que

apresenta o número de pessoas vivas e de pessoas mortas, em ordem

crescente de idade, desde a origem até a extinção completa do grupo. As

tábuas mais utilizadas para PGBL aprovados na SUSEP são:

Na tábua AT49M a idade máxima prevista para sobrevivência é de 109 anos

e seu nome advém do termo inglês Annuity table 1949 male. Esta

expectativa de vida foi baseada nos estudos estatísticos americanos no ano

de 1949. Existem também tábuas biométricas para o sexo feminino, contudo,

a diferença na probabilidade anual de morte para as tábuas do sexo

masculino é pequena.

Apesar do crescimento populacional estar diminuindo a cada década

(ver tabela I), a quantidade de pessoas que sobrevivem a cada idade está

aumentado (ver tabela II), ou seja, as pessoas morrem cada vez menos em

idades mais elevadas. As projeções para os anos futuros confirmam esta

tendência.

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22Tabela I

Taxa de Crescimento Populacional - Média Anual por Década

(1960/2020)

3,0

2,5

1,9

1,41,2

1,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

1960 / 1970 1970 / 1980 1980 / 1990 1990 / 2000 2000 / 2010 2010 / 2020

(%)

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23Tabela II Pirâmides Populacionais no Brasil

1980

-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10

0-45-9

10-1415-1920-2425-2930-3435-3940-4445-4950-5455-5960-6465-6970-7475-79

80+

Homens Mulheres

2000

-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10

0-45-9

10-1415-1920-2425-2930-3435-3940-4445-4950-5455-5960-6465-6970-7475-79

80+

Homens Mulheres

2020

-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10

0-45-9

10-1415-1920-2425-2930-3435-3940-4445-4950-5455-5960-6465-6970-7475-79

80+

Homens Mulheres

2050

-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10

0-45-9

10-1415-1920-2425-2930-3435-3940-4445-4950-5455-5960-6465-6970-7475-79

80+

Homens Mulheres

1980, 2000, 2020 e 2050 (em milhares de pessoas)

Atualmente, as tábuas biométricas mais utilizadas são AT2000M e

AT83M. A idade máxima dessas tábuas é 115 anos. Estão mais adequadas

a realidade pois os avanços da medicina permitem uma sobrevida maior da

população, conforme pode se observar na tabela III.

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24

Tabela III

Hom em M ulher H om em M ulher Hom em M ulher0 39 43 55 60 65 73

10 45 48 53 57 58 6520 38 40 45 48 49 5630 31 33 37 40 40 4640 24 26 29 32 31 3750 18 20 22 24 23 2855 16 17 19 21 20 2460 13 14 16 17 16 2065 11 11 13 14 13 1670 8 9 11 11 10 12

Fonte: Previdência em dados; C EPAL; IBG EElaboração: SPS/M PAS

-1930 a 2000-Expectativa de Sobrevida no Brasil

1930/1940 1970/1980 2000Idade

As taxas de juros determinam o valor presente das anuidades

atuariais, utilizadas para calcular o valor do benefício obtido na data de

aposentadoria. De acordo com a legislação a taxa de juros a ser utilizada

nas tábuas pode varia de 0% a 6% ao ano.

II. AVALIAÇÃO DO PASSIVO ATUARIAL

Risco segurável é todo acontecimento futuro e incerto, que independe

da vontade humana e que não obedece a nenhuma lei conhecida.

O risco segurável no caso do PGBL é a sobrevivência do participante

sobreviver mais do que o estimado após o início de recebimento do

benefício. O risco segurável depende das seguintes características:

• Afetar por igual a todos os componentes do grupo, podendo atingir

alguns, mas não a todos, simultaneamente;

• Existir homogeneidade dos componentes do grupo, que deve ser o mais

numeroso possível;

• Sua realização deve ocasionar uma necessidade econômica;

• O benefício do seguro não deve constituir um lucro, mas, tão somente

um ressarcimento de prejuízos sofridos;

• Possibilitar estatisticamente, basear-se em experiência passada, para

deduzir leis que permitam prever em casos futuros da mesma natureza,

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25iguais situações, desde que, persistam as mesmas condições e

circunstâncias;

Deve existir independência na realização dos acontecimentos que deve

ocasionar necessidade econômica, jurídica e ressarcível.

II.1 RISCO ATUARIAL

Mostra-se a seguir uma estimativa de cálculo de benefício para um

participante de um plano do tipo PGBL:

Parâmetros do participante:

x = Idade na contratação: 35 anos

r = Idade desejada para aposentadoria: 65 anos

Fundo escolhido no PGBL: Renda Variável com limite máximo de

49% de aplicação.

Benefício escolhido: Renda Vitalícia

C = Contribuição Definida: R$ 300,00

Parâmetros do plano de aposentadoria:

ic = Rentabilidade estimada para o período de contribuição: 12% ao ano

iadm = Taxa de administração do fundo: 1,6% a.a.

S = Saldo na Aposentadoria

Bases Técnicas do plano:

Tábua Atuarial: AT2000M

ib = Taxa de juros: 4% aa

anuidade postecipada fracionada mensal

α = Taxa de carregamento (para fazer face às despesas do plano

relativas à colocação, administração e corretagem) sobre o valor das

contribuições do plano quando de seu recebimento: 2,5%

Para a realização da simulação, é necessário ter os seguintes

conhecimentos:

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i -Taxa de juros anual. e 12i - Taxa de juros equivalente mensal.

12i = (1 + i ) (1/12) – 1 ( )( ) 1

i1

i1i

12

1212

adm

cLiq −

+

+=

n - Prazo em meses, sendo n = (r – x)*12

f = fator atuarial = )m(ram ⋅ , onde

m = 12 (meses) e

)m(ra é o valor atual de uma série, fracionado de m pagamentos iguais,

postecipados, realizados à uma pessoa de idade r de forma vitalícia e descontados à taxa de juros i b.

O plano terá, durante o período de diferimento, como critério de

remuneração da Provisão Matemática de Benefícios a Conceder a

rentabilidade da carteira de investimento do respectivo FIE. O valor das

contribuições pagas, deduzido o carregamento, e o valor das portabilidades

de recursos de outros planos previdenciários, quando for o caso, serão

creditados na Provisão Matemática de Benefícios a Conceder, cujo valor

será calculado, diariamente, com base no valor diário das quotas do FIE

onde estão aplicados os referidos recursos. Como não é possível saber de

antemão o resultado das quotas do FIE, adota-se uma estimativa de

rentabilidade mensal para o período de contribuição (ic) . Assim, simula-se o

valor do saldo da Provisão Matemática de Benefícios a Conceder como

segue:

nLiqin )i1(a)1(CS

1212Liq+⋅⋅−⋅= α

12Liqina= Liq12

nLiq12

nLiq12

i)i+(1

)i+(1

1-

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onde: 12Liqina é o valor atual de uma série de pagamentos iguais,

postecipados, realizados ao longo do prazo n e descontados à taxa de juros

i Liq 12 e S é o valor futuro, liquido de carregamento, destes pagamentos.

Resultados Obtidos:

Com os parâmetros adotados, temos:

S = 631.652,54

f = (12 . 12,825393) = 153,904715

Logo, o valor da renda mensal vitalícia será :

Benefício: B = S / f = R$ 4.104,18.

Logo, a Reserva Matemática de Benefícios Concedidos deste participante no

momento da aposentadoria será igual a S.

Pelo fato dos planos garantirem ao participante na aposentadoria as

bases técnicas contratadas, as mudanças futuras que possam influenciar a

sobrevivência da população são um fator de risco para a seguradora. Daí

advém o Risco Atuarial.

Assim, as taxas de juros e a tábua biométrica escolhida são fatores

decisivos na determinação do Passivo atuarial de uma seguradora.

Considerando o Saldo obtido acima, observa-se na tabela abaixo a variação

do valor do benefício obtido:

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AT-2000M AT-83M AT-49M0% 19,503981 18,589022 14,9719602% 15,597678 14,983157 12,4723824% 12,825393 12,398597 10,6003086% 10,798336 10,492492 9,166726

AT-2000M AT-83M AT-49M0% 2.698,82R$ 2.831,66R$ 3.515,75R$ 2% 3.374,71R$ 3.513,13R$ 4.220,34R$ 4% 4.104,18R$ 4.245,46R$ 4.965,68R$ 6% 4.874,61R$ 5.016,70R$ 5.742,26R$

Obs: r = 65 anos e m = 12 e S = 631.652,54.

Tábua AtuarialTaxa de Juros

Tábua Atuarialar

(m) para cálculo do fator atuarial

Benefícios Obtidos

Taxa de Juros

As Provisões Matemáticas de Benefícios Concedidos seriam iguais

para qualquer tábua no momento zero. Contudo, com o passar dos anos, os

planos que oferecessem os maiores benefícios teriam reservas decrescendo

mais rapidamente, até chegar num ponto onde não haveria mais reserva e a

seguradora ainda tem a obrigação do pagamento do benefício até a morte

do participante. Isto é refletido por 2 causas: 1- a tabua atuarial escolhida

subestimou a sobrevivência do participante e 2 – a taxa de juros utilizada

para calcular o valor presente do fator atuarial foi muito agressiva.

Estabelecimento de improvements na tábua biométrica, de modo a

estimar o impacto da sobrevida nos anos futuros são uma alternativa para

este problema.

Cientes deste problema, 83,02% das seguradoras aprovaram planos

do tipo PGBL com tábuas mais conservadoras (AT-83M e AT2000M).

Contudo, as taxas de juros são um fator fundamental na determinação do

passivo, pesando até mais do que a tábua atuarial. Nos EUA, essa taxa de

desconto é determinada com base nos papeis de renda fixa de longo prazo

de alta qualidade emitidos pelo setor privado (AA Corporate Bonds). No

Brasil, ainda não existe mercado comparável.

Nenhuma seguradora deseja ter a chance de insolvência mediante

um mercado cuja oportunidade de negócios está em 5,4 milhões de pessoas

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29com renda maior que teto do INSS, ou seja, potenciais clientes da

previdência complementar.

Para garantir o pagamento das rendas dos participantes de um plano,

são feitas avaliações atuariais anuais sob a responsabilidade do atuário da

empresa, que determinará os valores das reservas técnicas além da

determinação de bases técnicas compatíveis com a natureza dos riscos, isto

é, taxas de juros compatíveis com a duração das operações e regimes

financeiros adequados a cada modalidade de benefícios .

Aplicação dos bens garantidores das reservas técnicas de acordo

com regras destinadas a promover o equilíbrio da carteira, com base no tripé

: segurança, rentabilidade e liquidez.

A justificativa apresentada para a insistência na submissão de alguns

produtos com taxas mais elevadas está na propriedade de Títulos Públicos

de longo prazo, remunerados por IGPM mais taxa de juros.

III. ALM APLICADO NO MERCADO

III.1 VISÃO CORPORATIVA

A análise Atuarial de uma Seguradora de Vida/ Previdência limitava-

se a verificação da Margem de Solvência da seguradora através de

percentuais empíricos, geralmente aplicados às reservas e Adequação de

reservas através de fórmulas analíticas semi-determinísticas em função da

mortalidade e juros.

As limitações encontram-se:

• Na dificuldade analítica para formular a variabilidade das reservas

• Na não consideração dos demais riscos envolvidos na operação,

especialmente aqueles relacionados aos ativos

A análise atuarial visa a avaliação de solvência da seguradora,

compreendendo:

• Avaliação das reservas, incluindo sua margem de oscilação;

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30• Avaliação dos ativos, incluindo sua rentabilidade e margem de

oscilação, com realizações casadas com os compromissos futuros –

Asset-Liability Matching

Uma modelagem probabilística a partir da análise dos planos e seus

ativos permite uma aferição dos fluxos de caixa futuro das operações da

seguradora. É necessário fazer-se considerações probabilísticas dos

principais parâmetros da operação, a saber: Mortalidade, cancelamentos

(lapse rate), taxa de juros, inflação, rentabilidade dos investimentos e valor

dos ativos.

O ALM – Asset Liability Managment visa a formulação de políticas

alternativas de investimentos que sintonizem adequadamente ativos e

compromissos futuros, implicando na redução do capital necessário às

operações.

Visa também a maximização do valor presente do fluxo de caixa de um

negócio como um todo. Não é apenas um aplicativo para modelagem mas

um conjunto de técnicas circunscritas à gestão integrada de riscos. As

principais ferramentas de ALM são:

• Modelagem dos fluxos de caixa gerados por ativos e passivos

• Aplicativos de simulação estocástica

• Transações com títulos de longo prazo e derivativos

• Diversificação dos instrumentos de captação de recursos

O foco está em reestruturar o ativo e o passivo mediante duas restrições:

Maximizar o retorno dos investimentos dentro da tolerância ao risco e

Minimizar o risco de perdas por descasamentos na estrutura de

“maturidades” de ativos e passivos.

Os desafios de ALM para os ramos de Vida e Previdência no Brasil são:

• Obtenção dos dados demográficos dos participantes para modelagem

do passivo;

• Graus de liberdade limitados para investir no longo prazo para o

hedge de anuidades vitalícias com garantias de benefícios mínimos

• Disposição em renunciar a tentadores retornos de curto prazo;

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31• Volatilidade de fluxos de caixa de seguros de vida e planos de

previdência;

• Dificuldade operacional de efetivo casamento de fluxos (derivativos

facilitam, mas encarecem);

• Riscos de investimentos e de reinvestimento: levantamento da curva

de juros ajustada ao risco e formação de expectativas de

deslocamento da curva de juros.

III.2 ESTRUTURA

A gestão integrada de riscos envolve um conjunto definido de

atividades, objetivando proteger a rentabilidade dos ativos e minimizar a

probabilidade de insolvência do fundo.

Veja a seguir um quadro esquemático da gestão Integrada de

riscos:

Gestão Integradade Riscos

Gestão Integradade Riscos

Metodologias deAnálise de

Risco

Metodologias deAnálise de

Risco

Sistemas deInformaçãoSistemas deInformação

EstruturaOrganizacional

EstruturaOrganizacional

Políticas deGestão de Riscos

Políticas deGestão de Riscos

6Define as diretrizes-básicas de atuação

6Alinhada com a Política de Investimentos

6Definição de processos e regulamentos

6Equipe técnica e gerencialmente capacitada

6Integração com os sistemas existentes

6Flexibilidade e facilidade de uso

6Utilização de metodologias robustas e testadas de análise e quantificação de risco

6Modelos adaptados à realidade da empresa, p.ex., módulos atuarial, ALM e macro-econômico

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32As técnicas de ALM para gerenciamento da taxa de juros são:

Casamento do fluxo de caixa (Cash-flow matching)

Esta técnica determina que em cada período do tempo, o fluxo de

caixa dos ativos irá casar exatamente com o fluxo de caixa negativo

resultante das obrigações.

A vantagem desta técnica é óbvia. Se atingida corretamente, o

gerente teria eliminado todo o risco da taxa de juros do negócio.

Infelizmente, a técnica tem muitos drawbacks para os negócios.

Primeiro, é impossível predizer acuradamente o s fluxos de caixa de

ativos e passivos por causa das várias opções embutidas em ambos os

lados tais como resgates, mortalidade e pagamentos antecipados de

benefícios os quais seriam todos diferentes do assumido nas projeções.

Segundo, mesmo que os fluxos pudessem ser preditos com acurácia

seria muito caro adquirir uma carteira de ativos que refletisse, mês a mês ou

diariamente, as obrigações assumidas e o cruzamento construído

geralmente só é valido para o nível de taxas de juros corrente, ou seja, a

carteira se descasaria a medida que as taxas de juros mudassem.

Casamento da Duration

A meta desta técnica é casar a duração dos ativos ao das obrigações.

Existem muitas maneiras de calcular a duration. Se os ativos ou obrigações

tem opções, o que é comum, o cálculo simplificado de MacCAuley será

inapropriado.

Se a duration dos ativos for igual a duration dos passivos,então, para

uma pequena alteração paralela na curva de juros, os valores analisados

permanecerão os mesmos. O valor agregado intrínseco do negócio já

deveria estar protegido contra variações paralelas na taxa de juros.

Uma das desvantagens desta técnica é que as opções embutidas

nos ativos ou nos passivos são várias, contudo, pode-se utilizar um ajuste na

duration das opções para amenizar o problema.

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33 Outra desvantagem é que este método só funciona para pequenas

variações na taxa de juros. Para grandes variações a análise deve incluir um

cálculo para convexidade. Isto daria uma indicação de quanto a duration

variaria para uma dada alteração na taxa de juros.

Como o mundo real não funciona assim, isto é, a curva de juros

sofrerá variações entre taxas longas e curtas diariamente, este método não

protege o valor do negócio de mudanças não paralelas na curva de juros.

Outras técnicas

A ciência do ALM continua progredindo. Muitos trabalhos estão

tentando diminuir as desvantagens citadas para cada método. As técnicas

de direções multivariadas para a duration enfatiza que a duration tradicional

só é valida para alterações paralelas na curva da taxa de juros.

Utilização em Planos de Aposentadoria

O mais utilizado para os planos de aposentadoria é a imunização das

obrigações com os pagamentos das aposentadorias através do casamento

da duration ou do casamento do fluxo de caixa, com as mesmas restrições a

respeito das mudanças não paralelas na taxa de juros e na mortalidade.

Testes de cenários de forma determinística ou estocástica são usados para

assistir na determinação da composição da carteira de investimentos a longo

prazo. Para planos de aposentadoria, a preocupação está em modelar o

retorno das Equities num contexto muito mais amplo. Isto introduz

complicações significantes já que os resultados e retornos potenciais estão

baseados nos parâmetros imputados.

IV. ANÁLISE MACRO-ECONÔMICA

Os riscos e incertezas de um projeto ou de uma empresa são as

condições econômicas do país (recessão, prosperidade, taxas de juros), as

condições de mercado (grau de competição, preços), as condições

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34mundiais, impostos, riscos de produção (quebras, atrasos) e outros. Os

tipos de risco de um projeto são: o risco isolado, o risco da empresa e o risco

de mercado. O risco Isolado é medido pela variabilidade dos fluxos de caixa

do projeto. O risco da empresa mede o efeito do projeto sobre a

variabilidade dos fluxos de caixa da empresa. O risco de mercado mede o

efeito do projeto sobre a carteira de mercado.

IV.1 TAXA DE INVESTIMENTOS

Na definição da política de investimento da empresa deve-se definir

qual o enfoque da alocação: forte em riscos ou que busca exclusivamente

um hedge. Após, declara-se o objetivo, que, no caso das EAPC’s é efetuar o

pagamento de benefícios.

Existem duas fontes de capital da empresa à longo prazo para

remuneração pelo risco:

Capital próprio (Equities) – a remuneração esperada pelos sócios

proprietários da empresa. Este custo varia de acordo com o segmento.

Capital de terceiros (Debt)– juros pagos pelos empréstimos. O custo

do capital de terceiros não varia muito de empresa para empresa. Contudo,

como os juros do empréstimo reduzem o IR à pagar, no cálculo do custo de

capital os impostos devem ser descontados.

A proporção destes capitais representa o custo de capital da empresa,

sendo calculado pela média ponderada das taxas. No mercado segurador

americano, esta taxas são as seguintes:

O Valor global ajustado ao risco representa o valor presente dos ganhos

projetados descontados à taxa de risco do negócio.

Ítem%

Estrutura da empresa

Custo de Capital do mercado segurador:

Custo do Capital Próprio 10,30% 93,65%Custo do Capital de terceitos 6,05% 6,35%

Impostos 25,03%

9,93%

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35

IV.2 TAXA DE JUROS

A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia. Em outras

palavras, pode-se dizer que é o custo que os bancos comerciais têm para

pegar dinheiro com o Banco Central, fazendo com que a taxa sirva de

parâmetro para determinar o custo do capital para todos os setores da

economia.

A taxa Selic é a taxa de juros média dos financiamentos diários com

lastro em títulos federais, apurados por um sistema de liquidação diária dos

títulos público, chamado de Sistema Especial de Liquidação e Custódia

(Selic). Quando um banco comercial capta recursos com o Banco Central,

ele faz o pagamento com os títulos públicos, na mesma quantidade do

dinheiro recebido (lastro em títulos federais), sendo que o Banco Central

ainda cobra uma taxa que é a própria Selic.

Ao fazer um empréstimo, os bancos comerciais cobram a taxa Selic

adicionada a um spread, de onde advém seu lucro.

A taxa Selic é fixada em reuniões do Copom (Comitê de Política

Monetária), com base em equações algébricas que levam em conta alguns

objetivos macroeconômicos: meta inflacionária, câmbio, hiato de produção

(diferença do PIB em potencial e PIB real em uma economia) etc. Por

exemplo, quando a inflação dá sinais de que vai aumentar, podendo

ultrapassar a meta anual fixada, o Copom aumenta os juros, desaquecendo

assim a economia (custo mais alto do capital), o que reduz a demanda por

produtos e serviços.

Taxas de juro a vista e a termo

As taxas de juro a termo são as taxas implícitas nas taxas a vista

para determinados períodos de tempo futuro. Assim, a medida que se

aproxima a data de vencimento de um contrato futuro, o preço futuro

converge para o preço a vista do contrato, pois com a diminuição do prazo

as oscilações possíveis no preço a vista se reduzem.

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36Para a análise de contratos futuros utiliza-se a taxa de juros com

capitalização contínua. Seja r a taxa de juros anual nominal, capitalizada m

vezes por anos. Se uma unidade de capital for aplicada por n anos (onde n

pode ser uma fração), o montante final será dado por:

nm

mr

11M⋅

+⋅=

Assim, dado n = 1 ano e r = 23% aa, tem-se:

- com capitalização anual, m = 1 M =(1+0,23/1)1 = 1,2300

- com capitalização mensal, m = 12 M =(1+0,23/12)12 = 1,2559

- com capitalização diária, m = 360 M =(1+0,23/360)360 = 1,2585

fazendo m tender para o infinito, tem-se:

nrnm

me

mr

1limM =

+=

∞→

Logo, o montante após um ano será: M = e0,23 = 1,2586

Seja:

r – taxa de juro a vista aplicada por T anos

r* – taxa de juro a vista aplicada por T* anos

T* > T

r’ - taxa de juro a termo para o período de tempo entre T e T*

Então, r’ = (r*.T* - r.T) / (T* - T)

Ano (n )Taxa a vista vigente para

um investimento por nanos (% aa)

Taxa a termo para oenésimo ano (% aa)

1 10,00% -2 10,50% 11,00%3 10,80% 11,40%

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37A taxa de juro a termo para o ano 2 é de 11%aa. Esta é a taxa de juro

implícita nas taxas a vista para o período de tempo compreendido entre os

finais dos primeiro e seguindo anos. Ela pode ser calculada pela taxa de

juro corrente para um ano, de 10,0% aa, e pela taxa de juro para dois anos,

de 10,50%. Assim, a taxa de juro do ano 2 de % quando combinada aos

10,00% para o ano 1, totaliza 10,05% para os dois anos. Para um

investimento de R$ 100 , ao final do segundo anos tem-se: 100.e0,1050 . 2 =

123,37 , que é equivalente a 100.e0,10 e0,11 = 123,37.

Portanto, quando as taxas de juros são capitalizadas continuamente e

as taxas de períodos de tempo sucessivos são combinadas, a taxa

equivalente global corresponde a média aritmética das demais ( (10% +

11%) / 2 = 10,5% ).

IV.3 RISCO LEGAL

As atividades das seguradoras são reguladas e controladas pelo

Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP e a execução de suas

funções é fiscalizada pela SUSEP. Elas também estão sujeitas a normas

emanadas do Conselho Monetário Nacional - CMN.

A política de investimento da empresa deve atender aos requisitos da

legislação. Para aplicação dos recursos de um PGBL, são utilizados os

FIE’s, fundo de investimento especialmente constituído, conforme diretrizes

do CMN na regulamentação que disciplina a aplicação dos recursos das

reservas, provisões e fundos das sociedades seguradoras, de capitalização

e entidades abertas de previdência complementar.

Os FIE’s mais usuais são, quase sempre, fundos de renda fixa, e

podem ser lançados com carteiras bastante diversificados, permitindo até a

personalização desses fundos, de modo a atrair segmentos diferentes de

investidores. As normas de aplicação e resgate são os seguintes:

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38

A Seguradora/EAPC aplicará a totalidade dos recursos da Provisão

Matemática de Benefícios a Conceder na aquisição de quotas do FIE. Os

planos podem ser do tipo:

Soberano: carteira de investimentos constituída unicamente por

títulos de emissão do Tesouro Nacional e/ou do Banco Central do Brasil e

créditos securitizados do Tesouro Nacional.

Renda Fixa: carteira de investimentos constituída unicamente por

títulos de emissão do Tesouro Nacional e/ou do Banco Central do Brasil, por

créditos securitizados do Tesouro Nacional e por investimentos de renda

fixa, nas modalidades e dentro dos critérios, diversificação e diversidade

admitida pela regulamentação vigente.

Composto: carteira de investimentos constituída unicamente por

títulos de emissão do Tesouro Nacional e/ou do Banco Central do Brasil, por

créditos securitizados do Tesouro Nacional e por investimentos de renda fixa

e renda variável, nas modalidades, critérios de diversificação, diversidade e

demais aspectos contidos na regulamentação vigente, sendo que os

investimentos de renda variável representarão no mínimo 0% (zero

porcento) e no máximo 49 % (quarenta e nove porcento) do patrimônio

líquido do FIE. Uma EAPP pode instituir inúmeros planos do tipo composto,

pois para cada limite máximo de aplicação em renda variável será criado um

plano com seu respectivo FIE.

O Administrador debitará ao fundo uma taxa de administração que

incide sobre o patrimônio do fundo. Esta taxa pode ser fixa e equivale

FIE 60 DIASAPLICAÇÃO Até o segundo dia útil ao da efetiva disponibilidade dos recursos na

sede da EAPP, tendo o valor da quota em vigor o do dia da aplicação.RESGATE Resgate total ou parcial somente após o período de carência, que pode

variar entre 60 dias e 24 meses, sendo também de 60 dias o intervalomínimo entre pedidos de resgate (intervalo máximo de 6 meses). Estesprazos são definidos na proposta do participante.

RECOLHIMENTOCOMPULSÓRIO

Isento.

OBSERVAÇÕES Não há incidência de IR durante o período de contribuição (exceto noresgate, de acordo com a tabela em vigor).

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39diariamente a (x / 360) em relação à taxa anual prevista no regulamento do

fundo.

O cálculo do valor da quota é diário. Ele é o resultado da divisão do

patrimônio líquido pelo número de quotas em circulação. Os participantes

que entram ou saem do fundo num determinado dia movimentam capitais

que fazem variar o patrimônio líquido, mas não o valor da quota. Assim, os

valores recebidos em D serão incorporados ao fundo em no máximo D+2 ,

pelo valor da quota do dia da aplicação (calculado e conhecido depois de

fechado o movimento desse dia). A incorporação pode ser dar no mesmo

dia, desde que os valores estejam disponíveis.

Assim, o fundo mantém intactos os ganhos adicionadas à carteira em

D, remunerando os participantes que estavam aplicados em D e que, como

tal, correram o risco para obter o ganho.

O critério pode prevalecer para resgates; todavia.

Responsabilidades do Administrador

O administrador é responsável pela contabilização das operações dos

fundos, guarda dos valores mobiliários, recolhimento de impostos, e uma

série de outras obrigações impostas pelas autoridades fiscalizadoras.

Todavia, sua principal atribuição é de procurar cumprir da melhor forma

possível os objetivos do fundo, no tocante a rentabilidade do

investimento,grau de exposição a risco e liquidez das aplicações. A política

de investimento tem que estar coerente com a argumentação adotada no

DiaD Compra 100

No Fim do Dia:

Patrimônio Líquido fundo: 123.453.789 Número de quotas: 80.665.572

Cálculo da quota: 123.456.789/80.665.572 = 1,5305

Cálculo da Compra do Cliente: 100.000/1,5305 = 65.338,1248 quotas

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40momento da venda do fundo para o investidor, que deve analisar se o

produto atende as suas necessidades.

Relatórios do Administrador

O administrador dos fundos deve divulgar, diariamente, as seguintes

informações sobre o fundo:

Nome;

Valor da Quota;

Valor do Patrimônio;

Data da última distribuição de resultados;

Valor dessa distribuição (por quota).

Carteiras Administradas

As companhias seguradoras podem Ter suas carteiras de títulos e

valores mobiliários administrados por profissionais, reconhecidos pela CVM,

ou por instituições financeiras autorizadas.

O serviço prestado a estes investidores é, quase sempre, mais

personalizado e sofisticado, já que é preciso atender a regras específicas no

que respeita ao balanceamento da carteira, aos tipos de investimentos

autorizados pela legislação, à formação de reservas técnicas gerais e

específicas (em função de contingenciais vinculadas a pagamento de

benefícios e liquidação de sinistros, conforme o caso).

A composição da carteira e os procedimentos operacionais são

discutidos diretamente com os investidores, em regime de contrato de

administração de recursos, com prazos e taxas de administração definidos.

Os fundos de pensão formados pelas Entidades de Previdência

Privada Complementar, abertos e fechados, são os clientes de maior porte

deste segmento dos investidores institucionais.

Algumas instituições financeiras se especializaram neste tipo de

atendimento e administração, seja administrando carteiras integrais ou

parciais, seja na modalidade de fundos multipatrocinados, em que diferentes

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FREIRE TEIXEIRA.pdf · 1 Autora do livro Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração 9 A crise da Previdência Social e

41entidades previdenciárias se reúnem na formação de uma carteira de

investimentos unificada.

Devido às exigências para solvência das companhias, a aplicação

dos recursos das reservas, das provisões e dos fundos das entidades

abertas de previdência complementar, bem como a aceitação dos ativos

correspondentes como garantidores dos respectivos recursos, estão

reguladas pela Resolução do CMN 2.034 de 2002.

No segmento de Imóveis, os limites máximos de aplicações

permitidas são decrescentes, devido a necessidade de liquidez do negócio,

decrescendo de 18% em 2003 para, no máximo, 8% em 2007.

V. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

No gerenciamento de ativos pode-se adotar uma administração ativa,

onde busca-se o nível de risco aceitável ou passiva, que buscará o portfólio

de menor custo capaz de suportar as despesas futuras. Os métodos de

imunização e carteira dedicada tem como objetivo fazer com que a carteira

de ativos seja capaz de cobrir as obrigações futuras sem, entretanto, obter

um excesso de retorno.

O uso de derivativos pode auxiliar os administradores de recursos de

passivo atuarial na minimização do impacto de flutuações nos preços dos

ativos sobre a capacidade de pagamento dos benefícios de seus planos

previdenciários.

Para simplificar a construção de portfólios imunizados, serão

consideradas apenas as obrigações de curto prazo e o risco de taxa de juro.

Os títulos emitidos pelo governo federal fazem parte da maioria dos fundos

de renda fixa. São papéis emitidos pelo governo nas esferas municipais,

estaduais e federal.

Os Principais títulos do governo Federal são:

• LTN (Letras do Tesouro Nacional): sua rentabilidade é definida (taxa fixa)

no momento de sua compra. Portanto, são pré-fixados, isto é, o

investidor na hora da compra tem a informação dos juros que serão

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42pagos no vencimento. É negociado com desconto e tem resgate pelo

valor nominal. O prazo mínimo é de 35 dias e o máximo é negociável.

• LFT (Letras Financeiras do Tesouro): rentabilidade diária, pós fixada,

vinculada à taxa de juros média dos financiamentos apurados no SELIC.

O pagamento é feito no vencimento (principal e juros). O prazo mínimo é

determinado pela STN.

• NTN (Notas do Tesouro Nacional): rendimento pós-fixado com juros de

6% ao ano mais correção pelo IGP-M para o tipo C e variação cambial no

mercado de taxas livres para o tipo D. O pagamento de juros é feito

semestralmente; o resgate do valor principal ocorre no vencimento. O

prazo mínimo varia de acordo com o tipo: 12 meses para o tipo C e 3

meses para o tipo D. O prazo máximo não é fixado.

• BBC (Bônus do BACEN): emitido pelo Banco Central com prazo mínimo

de 28 dias e máximo não fixado. Rendimento pré-fixado, negociado com

desconto para resgate pelo valor nominal.

V.1 VOLATILIDADE DA TAXA DE JURO

A possibilidade de variações inesperadas nas taxas de juro podem

conduzir a reduções no ativo líquido das empresas. Ao calcular a taxa

interna de retorno de um título (yield to maturity), o investidor assume que os

pagamentos intermediários serão reinvestidos a uma taxa constante. Uma

alteração na curva das taxas de juro significa uma mudança na taxa de

reinvestimento dos cupons. Taxas de juros crescentes vão se traduzir em

taxas de reinvestimento também crescentes.

Teste de Cenários

Esta técnica avalia a tendência dos ativos e passivo sob vários

cenários de gerenciamento dos investimentos. As projeções são feitas até o

tempo de vida das taxas de juros garantidas, baseado na experiência

esperada de acordo com bases reais quando confrontadas com bases

conservadoras.

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43Vários cenários de taxas de juros são projetados, incluindo baixa, alta

e variações não paralelas na curva de juros. Para cada cenário, as decisões

sobre gerenciamento dos investimentos também deve ser simulada. Um

modelo bastante sofisticado prediria a utilização de varias opções sob cada

cenário, em cada ponto do tempo.

Como este modelo possui um volume de suposições requeridas

muito grande, pode também não refletir a realidade. Um ponto negativo é

que assume-se que o universo de possíveis mudanças na taxa de juros está

incluído na nossa gama de futuros cenários. Contudo, se há uma mudança

fora dos cenários estudados, os negócios poderiam ter sido colocados em

sério risco financeiro.Portanto, uma seleção criteriosa dos cenários

determinísticos é crucial e deve ser divulgada com os resultados da análise.

Isto é ainda mais verdadeiro para modelos estocásticos que agregam a

probabilidade de ocorrência dos eventos, os quais poderiam levar a um falso

senso de precisão das análises.

V.2 DURATION

A duration de um título é medida pelo tempo médio que seu detentor

deve esperar para receber pagamentos em dinheiro. Um título sem cupons

que vence em n anos possui duration de n anos. Porém, um título com

cupons que vence em n anos possui duration menor, pois alguns

pagamentos são recebidos pelo detentor antes do enésimo ano.

A duration de um portfólio é idêntica a média ponderada das durations

de cada um dos títulos que compõem uma carteira.

A mudança percentual aproximada no preço de um título ante uma pequena

alteração da taxa de juro é denominada Duration modificada. Assim, a

relação preço-volatilidade de um título é calculada através da seguinte

fórmula de Hicks3, que foi uma evolução do conceito proposto por Frederick

Macaulay em 1938.

• A duration aumenta à medida que aumenta o prazo de vencimento

• A duration é tanto maior quanto menor o montante do cupom

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44• A duration é tanto menor quanto maior a taxa interna de retorno

Seja

C = valo do cupom no período

r = taxa interna de retorno

M = valor a ser pago na data de vencimento

Expressando o preço P de um título como:

P = C . (1+r)-1 + C . (1+r)-2 + ...+ (C + M) . (1+r)-n

Pponderado = 1.C . (1+r)-1 + 2. C . (1+r)-2 + ...+ n.(C + M) . (1+r)-n

Duration = D = Pponderado / P

Após derivar à primeira ordem, rearranjar os lados e dividir por P obtém-se:

Duration modificada = - dP / dy . 1 / P

O contrato de swap a taxa de juros representa um acordo em que as

duas partes concordam em trocar o pagamento do montante resultante da

aplicação à taxa de juro estabelecida em contrato sobre o valor principal. O

valor principal sobre o qual incidem os juros denomina-se valor nocinal. Uma

das partes paga à outra sob uma taxa de juro prefixada. Em troca, receberá

um montante de juros sob uma taxa pós-fixada durante o período do

contrato.

Assim, um investidor financia a compra de um título pós-fixado com a

emissão de um título prefixado. Assemelha-se a um contrato de DI a termo

sem ajustes mensais.

A duration de um swap de taxa de juro pode ser compreendida como

a diferença entre as durations do título pré e do título pós. A LTF é o título

pós mais negociado no mercado brasileiro.

Dados dois títulos com duration e taxa de retorno idênticas, será

preferido aquele com maior convexidade, ou seja, a maior derivada de

segunda ordem, mantido o deslocamento paralelo da curva das taxas de

juro.

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45V.3 ASSET MIX

A iniciativa de gestão e controle de riscos deve estar voltada para o

desenvolvimento do ALM através da projeção dos desembolsos futuros

anuais – Fluxo atuarial e da determinação da alocação estratégica ótima –

asset mix.

Tratamento Matemático da Carteira

Os títulos e ativos das carteiras entram e saem da carteira do fundo

mútuo pelos respectivos valores de compra e venda. No títulos submetidos

à cotação esta se faz, normalmente, pelo preço médio do dia, ou pela

cotação de fechamento, na principal Bolsa de negociação.

Nos títulos adquiridos com deságio, e naqueles que tenham

incremento diário de rendimentos(títulos públicos, títulos de renda fixa)

calcula-se o fator multiplicador diário incidente sobre o preço de compra em

relação ao valor de resgate, livre de impostos, taxas, despesas e

emolumentos, e apropria-se esse valor, diariamente, ao preço de compra,

até a maturação do título. Em caso de venda antes da data de resgate, caso

essa se faça por preço diverso daquele estabelecido na planilha de cálculo,

obter-se-á um lucro ou um prejuízo na venda.

Por meio da Taxa de Remuneração pela Gestão Financeira, é

descontado um percentual da parcela do patrimônio líquido do FIE,

correspondente à provisão matemática, mediante a qual a

EAPC/Seguradora se ressarce dos custos pela administração dos ativos,

considerando o risco de garantia mínima assumido com os titilares.

V.4 IMUNIZAÇÃO

Modelo de imunização de carteiras com base na minimização da

dispersão dos vencimentos de determinado portfólio ao redor de sua

duration.

Dadas durations idênticas do conjunto de ativos e de passivos, o valor

presente de ambos será igual, não importando a trajetória assumida pela

curva das taxas de juro.

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46As três condições para se imunizar uma carteira de títulos são:

• Igualar a duration de ativos e passivos

• Igualar o valor presente do conjunto de ativos ao do conjunto de

passivos e

• Manter uma dispersão ao redor da duration igual ou superior à

verificada no passivo.

A carteira de títulos deverá ser continuamente rebalanceada devido ao

movimento imprevisível das taxas de juro ao longo do tempo.

V.5 CARTEIRAS DEDICADAS

Este procedimento não necessita de rebalanceamentos. Contudo,

como os prazos e valores dos cupons não serão idênticos aos desembolsos

previstos, o investidor terá de aportar quantia maior do que no método de

imunização.

VI. MODELAGEM DO ALM PELO MÉTODO DA IMUNIZAÇÃO ATRAVÉS DA DURATION

O ALM deve ser visto como uma estratégia de hedge e jamais de

spread onde o objetivo maior é o hedge natural através de diversificação de

ativos financeiros e de produtos de seguros com um mínimo de hegde

interventivo. O objetivo menor é apurar reservas mínimas de alta liquidez

para atender despesas regulares de sinistros, comissões, retiradas de

poupança e pagamentos mensais de benefícios.

A modelagem do fluxo de passivos de vida e previdência deve considerar

que o passivo está exposto a riscos de Mortalidade e Sobrevivência, que são

eventos de perfeita correlação negativa para uma mesma vida. As principais

saídas estão na forma de Pecúlios, Rendas temporárias e vitalícias,

resgates, reembolsos por coberturas não utilizadas, comissões de

corretagem e impostos e incrementos de reservas (Provisões para prêmios

não ganhos, para sinistros ocorridos mas não avisados e para insuficiência

de contribuições). Para estabilizar os fluxos de desembolsos deve-se

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47diversificar as coberturas oferecidas e expandir a massa de segurados para

que haja menor exposição ao risco.

Modelando o fluxo do ativo financeiro:

As principais entradas estão na forma de:

• Receitas de prêmio de apólices vigentes e apólices futuras

• Receitas de taxas de carregamento e administração

• Receitas de resgate de títulos com maturidade pré-definida

• Valorização/desvalorização de ações

• Ganhos com instrumentos derivativos e

• Diferimento de agenciamento e impostos

• Quebrar o portfólio de títulos com maturidade pré-estabelecida em t

títulos zero cupom com t maturidades distintas

• Ajustar cada data t acrescentando a valorização de ações e os efeitos

de derivativos

• Acrescentar receitas modeladas de apólices vigentes e futuras

• Estimar esperança e variância de cada valor presente do agregado de

receitas em cada data t , de acordo com distribuições estocásticas

assumidas para crédito, ações, juros e lapse.

VI.1 DETERMINAÇÃO DO PASSIVO

Tendo em vista que a economia brasileira ainda continua em

processo de estabilização econômica e de desenvolvimento dos mercados,

a estrutura a termo das taxas de juro domésticas não se mostra consolidada,

restringindo-se a horizonte de curto e médio prazos. A ausência de pontos

mais longos na curva da taxa de juro torna complexa a tarefa de imunização

de portfólios dos planos previdenciários, cujas obrigações apresentam

maturações de longo prazo.

Para flexibilizar a análise atuarial, os seguintes parâmetros podem ser

analisados, possibilitando diversas análises de sensibilidade e do impacto do

fluxo líquido de desembolsos:

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48• Incorporação de geração futura

• Projeção anual de crescimento médio das contribuições dos

participantes

• Expectativa da idade de aposentadoria dos Participantes

• Seleção de diversas tábuas de mortalidade

Após a análise, obtém-se o Valor presente dos compromissos futuros de

modo a analisar a possibilidade de déficit em relação ao ativo da empresa.

Através das entradas considerando os cenários econômicos, o fluxo de

desembolsos e a simulação do comportamento dos ativos, obtém-se a

alocação ótima, mantendo as restrições de liquidez e da regulamentação. Os

resultados são a composição ideal do Asset Mix com:

X % ótimo de Renda Fixa

Y % ótimo de Renda Variável

Z % de imóveis

T % de empréstimos e

K % de projetos

VI.2 CRITÉRIOS PARA DESENVOLVIMENTO DO MODELO

DE IMUNIZAÇÃO

Igualar a duration de ativos e passivos, igualar o valor presente do

conjunto de ativos ao do conjunto de passivos e manter na carteira de ativos

uma dispersão ao redor da duration igual ou superior à verificada no passivo

são as três condições básicas para a obtenção de um portfólio imunizado.

Ao investidor cabe escolher o grupo de títulos que satisfaça a tais

requerimentos.

Assim, deve-se estabelecer um critério de seleção pois existem vários

títulos com características que podem atender as condições necessárias.

Uma das formas de tratar o problema consiste na especificação e

otimização de uma função-objetivo, utilizando-se programação matemática.

Programação matemática e modelos de otimização

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49Um modelo de otimização determina a melhor maneira de alcançar

um objetivo. No que tange ao gerenciamento de carteiras de renda fixa, os

modelos de otimização configuram-se basicamente em modelos de

programação matemática. Estes foram criados na segunda metade do

século XX e constituem-se em ferramentas básicas de diversas indústrias,

incluindo a de intermediação financeira.

A programação matemática pode ser caracterizada como um

processo com quatro fases distintas, listadas a seguir:

• Definir as variáveis de decisão. Estas descreverão os parâmetros a serem

alcançados. No caso da construção de uma carteira imunizada de títulos,

x 1 , x 2 , ..., x j poderiam ser definidos como:

x 1 = percentual do título 1 no portfólio imunizado;

x 2 = percentual do título 2 no portfólio imunizado;

x j = percentual do título j no portfólio imunizado.

• Especificar matematicamente uma função-objetivo. Esta será a função a

ser

maximizada ou minimizada pelo investidor.

• Estabelecer as restrições. Normalmente, as variáveis a serem otimizadas

são limitadas por restrições como, por exemplo, um percentual máximo a ser

investido em determinado título.

• Resolver o sistema para a solução ótima.

Programação Linear

O método de programação matemática em finanças está concentrado

basicamente na programação linear. Diz-se linear porque a função-objetivo a

ser otimizada se encontra na forma linear. Ademais, assume-se que a

contribuição de cada variável de decisão ao valor final da função-objetivo é

proporcional a seu valor e independente do valor das outras variáveis. A

solução de um problema de programação linear configura-se em um

procedimento com dois estágios. Primeiro, as equações e inequações

apresentadas são manipuladas, convertendo-as em um sistema de variáveis

básicas. Posteriormente, utilizando-se um algoritmo, “o sistema de equações

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50é resolvido repetidamente para uma seqüência de soluções básicas viáveis,

cada uma melhor que sua predecessora, até que seja alcançada uma

solução básica viável ótima” (Hillier e Lieberman, 1988: 47).

A primeira parte do procedimento consiste basicamente na

transformação de relações de desigualdade em equações. Isso se faz por

meio da introdução de variáveis de folga (slack variables), s i .

A inequação 3 x 1 + 4 x 2 ≤ 31

seria transformada na equação s i = 31 – 3 x 1 – 4 x 2 .

Um algoritmo caracteriza-se como qualquer processo de solução

iterativa, em que o resultado é obtido após sucessivas repetições. Um dos

algoritmos de maior utilização, o simplex, foi desenvolvido por George

Dantzig em 1947 e consiste em um processo composto por quatro etapas,

descritas a seguir.

• Converter a forma padrão de um problema de programação linear em sua

forma matricial:

• Achar uma solução básica viável (qualquer solução básica para Ax = b).

• Determinar se a solução encontrada é ótima ou não. Se não, uma solução

básica adjacente com melhor valor otimizado deve ser encontrada.

• Retornar ao último passo, utilizando a nova solução básica. O método

simplex é capaz de resolver qualquer problema de programação linear.

Selecionando a função-objetivo

A escolha da função-objetivo apropriada constitui-se em um dos

pontos cruciais em estratégias de imunização. Poder-se-ia, por exemplo,

maximizar a taxa interna de retorno (yield to maturity) da carteira. No

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51entanto, o portfólio estaria imunizado apenas contra um tipo específico de

variação na taxa de juro: um deslocamento paralelo da yield curve. Portanto,

ao escolher tal função-objetivo, um investidor poderia estar, na verdade,

maximizando o risco para variações não-paralelas da curva de juros do

mercado.

Uma solução menos suscetível a críticas explicitaria uma função-

objetivo que minimizasse a influência de qualquer distúrbio randômico sobre

a estrutura a termo da taxa de juro. Se a curva de juros do mercado não

segue necessariamente um padrão fixo de mudança, o ideal seria construir

uma carteira de títulos imunizada contra quaisquer alterações que se

verifiquem.

Este é o ponto fundamental da estratégia de minimização de riscos proposta

por Fong e Vasicek (1984). Movimentos assimétricos das taxas de juro de

curto e longo prazos vão afetar as carteiras de forma distinta. Para eliminar o

risco associado a essas variações, o investidor poderia comprar um título

sem cupom para cada fluxo de saída predeterminado. Na impossibilidade

dessa operação, títulos bullet (títulos com vencimento concentrado em um

ponto da curva de taxa de juro) com maturação próxima à data da saída de

caixa são preferíveis a títulos barbell (títulos com vencimentos concentrados

em duas extremidades de maturação – uma curta e outra longa), uma vez

que os primeiros são menos suscetíveis ao risco da taxa de juro. Embora

ambos os títulos experimentem perda de capital, esta será normalmente

superior no título barbell. Por essa razão, os autores sugerem o controle do

grau de “barbelização” da carteira.

Segundo Fong e Vasicek, o risco da taxa de juro poderia ser dividido

em dois componentes. O primeiro seria função única do tipo de alteração na

yield curve, não sendo, portanto, passível de controle. O segundo termo, ao

qual se denominou M 2 , representaria o grau de “barbelização” – dispersão

ao redor da duration –, sendo este função das características dos títulos que

compõem a carteira:

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52

Fong e Vasicek (1984) propõem que se reduza ao máximo possível a

vulnerabilidade da composição da carteira de títulos aos movimentos das

taxas de juro, minimizando a função-objetivo M 2 .

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53

As restrições de números 1 a 3 expressam as condições para a

imunização de uma carteira de títulos de renda fixa. A restrição 4 impede a

venda a descoberto de um título e a de número 5 obriga que o somatório das

participações dos títulos presentes na carteira seja igual a 100%.

Simulação de portfólios imunizados

Com base no modelo de otimização o presente trabalho pretende

demonstrar as formas de construção de portfólios imunizados para planos de

previdência complementar aberta, utilizando instrumentos presentes no

mercado financeiro brasileiro.

Tendo em vista que a economia brasileira ainda continua em

processo de estabilização econômica e de desenvolvimento dos mercados,

a estrutura a termo das taxas de juro domésticas não se mostra consolidada,

restringindo-se a horizonte de curto e médio prazos. A ausência e/ou

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54fragilidade de pontos mais longos na curva da taxa de juro torna complexa a

tarefa de imunização dos portfólios dos planos de previdência, cujas

obrigações apresentam maturações de longo prazo.

Assim sendo, é proposto a imunização para os fluxos de caixa de

curto prazo dos PGBL’s. Podem ser realizadas duas simulações de portfólio

imunizado:

– simulação 1: contendo apenas títulos prefixados ;

– simulação 2: contendo títulos prefixados conjugados com instrumentos

derivativos baseados em taxas de juro.

Com essa segmentação, pretende-se realizar diferentes testes do

modelo de imunização para a realidade brasileira, assim como comparar os

resultados obtidos para as estratégias com e sem o uso de derivativos.

Determinando as saídas de caixa e a curva da taxa de juro

Assume-se que o administrador detenha pleno conhecimento do fluxo

de saídas de caixa nos próximos cinco meses. Esta parece ser uma

suposição razoável, já que se trata de um curto período de tempo, conforme

demonstra a Tabela abaixo:

Pagamentos a serem efetuados pelo plano de previdência em

31/03/2003 Datas Pagamentos

30/04/2003 P1 30/05/2003 P2 30/06/2003 P3

Deve-se calcular então a duration e a dispersão ao redor da duration

deste fluxo de pagamentos.

No tocante à curva de taxa de juro, as hipóteses assumidas para os

cinco meses subsequentes são apresentadas na Tabela abaixo. A definição

da curva de taxa de juro é totalmente aleatória e não guarda relação com

nenhuma teoria sobre a estrutura a termo da taxa de juro. O objetivo é o de

expor ativos e passivos a um amplo espectro de variações, não se fazendo

uso de modernas teorias de previsão.

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Curva da Taxa de Juro 31/03/2003Mês 31/03/2003 30/04/2003 30/05/2003 30/06/2003 30/07/2003 30/08/2003

mai/03jun/03jul/03

ago/03set/03out/03

Selic/DI

Taxas de juro futuro dadas pela marcação a mercado a termo, que podem ser obtidas no site da ANDIMA

Selecionando a carteira ótima

Estabelecidas a função-objetivo e as restrições, pode-se efetuar a

otimização.

Para tanto, pode assumir que:

• todos os títulos e contratos a termo de DI previamente escolhidos

encontram-se disponíveis para compra e venda em quaisquer

quantidades

• não há risco de liquidez e as compras (vendas) não influenciam o preço

de

mercado dos instrumentos financeiros em questão;

• a data de corte para início do processo de imunização é 31/3/03 e o valor

presente do passivo nessa data está disponível para investimento;

• os custos de transação serão fixados à taxa de 0,01% do valor total das

operações, independentemente da natureza destas;

• não há incidência de impostos sobre as operações realizadas durante o

processo de imunização;

• no cômputo dos dias úteis, desconsideram-se os feriados porventura

existentes.

Utilizando apenas títulos públicos sem pagamento de cupom (Letras do

Tesouro Nacional, LTN) e um contrato a termo de DI da BM&F, seria

necessário obter as seguintes informações:

Características dos títulos em 31/03/2003

Título Emissor Vencimento Preço Yield Duration (em du) Dispersão (em du2)LTN 1 Tesouro Nacional DD/MM/AAAA $ r %LTN 2 Tesouro Nacional DD/MM/AAAA $ r %DI Termo BM&F DD/MM/AAAA $ r' % d -

média ponderada das durations dos títulos.

dispersão ao redor da duration

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Com o objetivo de demonstrar a viabilidade da estratégia de

imunização com derivativos e, ainda, compará-la à prática tradicional (com o

uso exclusivo de títulos públicos), varias combinações de grupos de títulos

podem ser feitas, utilizando diversas LTN’s com vencimentos diferentes para

composição da carteira.

Em virtude de as LTN’s serem títulos zero–coupon, estas devem ser

agrupadas duas a duas, em proporções fixas e iguais a 50%, a fim de gerar

dispersão ao redor da duration, condição necessária à solução do problema

de otimização.

Com essa opção, procura-se testar se as estratégias de imunização

com o uso de derivativos podem apresentar resultados satisfatórios, mesmo

nas situações em que os instrumentos utilizados apresentam duration muito

superiores à do passivo de um PGBL.

Definidos os parâmetros, o problema de programação linear adquire a

seguinte forma:

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Observando-se a restrição 4, percebe-se que não existe a

possibilidade de venda a descoberto de LTN, pois se trata de uma prática

muito pouco utilizada no mercado brasileiro.

Finalmente, deve-se destacar que o contrato de DI a termo não está

presente nas restrições 4 e 5, em função de suas operações não envolverem

desembolsos financeiros no momento de sua contratação, gerando fluxos

apenas nos períodos de ajuste de posições.

Resultados e comentários gerais

Efetuando os cálculos da duration, da dispersão e de valores de

mercado

para os títulos, a resolução do problema de programação linear gera

resultados indicando os percentuais ideais na composição de cada grupo de

títulos da carteira a fim de obter um valor total de mercado da carteira igual

ao valor presente do passivo na data de análise. Comparando uma carteira

composta apenas com títulos federais (LTN’s) com uma carteira com

derivativos, os resultados podem ser iguais, contudo, utilizando-se uma

quantidade menor de grupos de LTN’s na carteira com derivativos.

A imunização de uma carteira necessita de um constante

rebalanceamento. Pode-se fazer um rebalanceamento com periodicidade

mensal, sendo realizado na data de pagamento dos passivos do plano de

previdência. Os títulos com vencimento no intermédio das datas de

rebalanceamento devem ser reinvestidos até a data do pagamento. Desta

feita, a cada data de pagamento Pi , duration, dispersão e valor presente

remanescentes do passivo e dos títulos em carteira devem ser recalculados.

O novo volume de cada título será obtido por meio do

rebalanceamento da carteira. Esse procedimento é repetido até o último

período em estudo. Os portfólios rebalanceados e os saldos remanescentes

dos fluxos de entrada e saída de recursos devem ser descritos numa tabela,

conforme a seguir:

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Fluxo de Caixa Líquido na Data mFluxo de Caixa Tradicional Derivativos

Pagamento de Principal até Data m $ $Juros sobre o Principal $ $Fluxo de Caixa líquido do período anterior $ $Juros sobre o Fluxo de Caixa do período anterior $ $Fluxo de Caixa Líquido do rebalanceamento $ $Pagamento de Passivo ( Pi ) ( Pi )Custo de Transação ( 0,01%) ( 0,01%)Fluxo de Caixa Líquido para o próximo período $ $

Para uma carteira ser representante fiel de um processo de

imunização perfeito, espera-se que fluxo de caixa líquido para o próximo

período seja igual a zero, desconsiderados os custos de transação. O desvio

na estratégia de minimização do risco da taxa de juro pode ser medido pelo

percentual que o fluxo de caixa líquido para o próximo período representa

em relação ao pagamento do passivo.

A análise dos fluxos de caixa líquidos mensais deve gerar as

seguintes ponderações:

• qual estratégia, tradicional ou com derivativos, apresentou o menor

desvio médio em relação ao valor do pagamento?

• qual carteira obteve um retorno final positivo? os investidores não

desejam desvios positivos ou negativos do valor a ser despendido.

Numa EAPC os desvios negativos possivelmente implicarão novo

aporte de capital.

• qual estratégia teve o menor custo de transação total? os custos

referentes ao imposto sobre movimentação financeira devem ser

desconsiderados. Caso contrário, a estratégia tradicional poderia se

mostrar inviável para períodos longos, devido aos custos associados

à CPMF.

• qual o vencimento do contrato de DI a termo diminuiria o desvio

médio do procedimento de imunização com derivativos? Considerar o

uso de um contrato de DI a termo mais curto ou contratos futuros de

DI.

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59• o efeito líquido sobre a carteira de títulos advindo das flutuações da

taxa de juro de curto prazo, foco da política monetária vigente, deve

ser pequeno. Assim, é viável considerar a taxa Selic fixa pelo período

em estudo, para fins de simplificação do procedimento.

Conclusão

No início deste novo século, os desafios previdenciários do Brasil

incluem:- conscientizar camadas cada vez mais amplas da população

quanto à necessidade de se preparar para o período de aposentadoria; -

viabilizar o acesso de todos os brasileiros a planos de contribuição que

garantam sua proteção no futuro;- difundir as opções disponíveis no

mercado para que os segurados possam acumular, durante sua vida

produtiva, valores que lhes garantam uma aposentadoria digna.E esta

evolução permanente será a garantia de um sistema de previdência

complementar que atenda às necessidades de quem precisa complementar

sua renda.

As oportunidades para implementação do ALM no Brasil está no

incentivo para o lançamento de novos produtos: seguros de vida

resgatáveis, anuidades variáveis com benefícios mínimos, anuidades fixas e

contratos de investimento garantido. O estabelecimento da tábua biométrica

se daria na contratação do plano, contudo, a mesma seria periodicamente

atualizada.

Tanto a estratégia tradicional como a estratégia que faz uso de

derivativos podem ser eficazes na redução do risco de mercado de um plano

de previdência. A geração de fluxo de caixa da carteira de investimentos

deve ficar próxima das necessidades de pagamento de benefícios, a

despeito dos movimentos abruptos e assimétricos imputados à estrutura a

termo de taxa de juro.

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60Vale destacar que é mais eficaz a estratégia que fizer uso do menor

número de instrumentos. A implementação de um leque maior de contratos,

inclusive de prazos mais curtos, pode tornar o resultado ainda mais apurado.

Assim, o administrador de recursos de um plano de previdência pode

encontrar maior simplicidade e flexibilidade utilizando uma estratégia de

imunização com o uso de derivativos. Com a conjugação de alguns títulos

prefixados e apenas um contrato de derivativos baseado em taxa de juro, o

gestor é capaz de equilibrar o fluxo de caixa de curto prazo de um plano de

previdência. Essa flexibilidade torna-se muito relevante dentro da realidade

brasileira, em que o mercado secundário de títulos públicos ainda não se

mostra muito desenvolvido e os mercados futuros e a termo de juros futuro

apresentam representativa liquidez (principalmente os contratos de DI futuro)

e um grau de transparência maior.

No que tange aos custos de transação, a estratégia deve ser a menos

onerosa. Caso fosse incluída a incidência da CPMF sobre as

movimentações provenientes dos rebalanceamentos das carteiras, o ônus

pode aumentar muito. Tendo em vista que as operações nos mercados

futuros e nos mercados a termo não envolvem desembolsos financeiros, a

carga tributária sobre estratégias que utilizam derivativos tende a ser

significativamente menor dentro do contexto brasileiro.

Assim, verifica-se que o mercado de derivativos brasileiro pode trazer

grandes benefícios à gestão das carteiras dos planos de previdência,

fornecendo graus de liberdade aos administradores de recursos na busca do

equilíbrio econômico-financeiro dos planos previdenciários.

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61BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Rudge,Luiz Fernando. Mercado de Capitais.Belo Horizonte, CNBV,1998.

Ferreira, José Weber – Coleção Intodução à Ciência Atuarial. 1ª edição.Rio

de Janeiro – IRB , 1985.

Coleção Legislação Brasileira de Seguros Rio de Janeiro – IRB,1993.

Ramos, Severino Garcia – Noções de Previdência Privada Aberta(1988- Rio

de Janeiro) – FUNENSEG

Apostila da Funenseg – Noções Básicas de Previdência Privada.

FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro - Produtos e serviços. São Paulo,

Qualitymark, 1999.

VASCONCELLOS, Marco A. Sandoval. Economia: micro e macro. São

Paulo, Editora Atlas S.A. , 2001.

HULL, John. Introdução aos mercados futuros e de opções. São Paulo,

Cultura Editores Associados, 1996.

Outras fontes de consulta:

Sites da Internet:

www.susep.gov.br

www.fenaseg.gov.br

www.andima.com.br

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62ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ...................................................................................................................3 DEDICATÓRIA ............................................................................................................................5 RESUMO ......................................................................................................................................6 METODOLOGIA..........................................................................................................................7 SUMÁRIO.....................................................................................................................................7

INTRODUÇÃO............................................................................................. 8

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA NO BRASIL...................................................................11 I.1 HISTÓRICO....................................................................................................................12 I.2 REGIMES FINANCEIROS .............................................................................................14 I.3 MODALIDADES DE PLANOS.......................................................................................15 I.4 ASPECTOS DEMOGRÁFICOS......................................................................................20

II. AVALIAÇÃO DO PASSIVO ATUARIAL..............................................................................................24 II.1 RISCO ATUARIAL..........................................................................................................25

III. ALM APLICADO NO MERCADO......................................................................................................29 III.1 VISÃO CORPORATIVA..................................................................................................29 III.2 ESTRUTURA ..................................................................................................................31

IV. ANÁLISE MACRO-ECONÔMICA .....................................................................................................33 IV.1 TAXA DE INVESTIMENTOS..........................................................................................34 IV.2 TAXA DE JUROS............................................................................................................35 IV.3 RISCO LEGAL................................................................................................................37

V. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS ...........................................................................................................41 V.1 VOLATILIDADE DA TAXA DE JURO...........................................................................42 V.2 DURATION.....................................................................................................................43 V.3 ASSET MIX .....................................................................................................................45 V.4 IMUNIZAÇÃO ................................................................................................................45 V.5 CARTEIRAS DEDICADAS .............................................................................................46

VI. MODELAGEM DO ALM PELO MÉTODO DA IMUNIZAÇÃO ATRAVÉS DA DURATION .......................................................................................................................................................46

VI.1 DETERMINAÇÃO DO PASSIVO...................................................................................47 VI.2 CRITÉRIOS PARA DESENVOLVIMENTO DO MODELO DE IMUNIZAÇÃO............48

CONCLUSÃO............................................................................................ 59

FOLHA DE AVALIAÇÃO...........................................................................................................63

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: Gerenciamento de Ativo e Passivo para

Previdência Complementar Aberta

Autor: Rosely Freire Teixeira

Data da entrega: 30/072003

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Conceito Final: