UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos...

54
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATU SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O TRABALHO DO SUPERVISOR X O DESAFIO DE AVALIAR Por Luciana Brandão Afonso Orientadora Ana Cristina Guimarães Rio de Janeiro 2010

Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos...

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O TRABALHO DO SUPERVISOR X O DESAFIO DE AVALIAR

Por Luciana Brandão Afonso

Orientadora Ana Cristina Guimarães

Rio de Janeiro

2010

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

1

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O TRABALHO DO SUPERVISOR X O DESAFIO DE AVALIAR

Monografia apresentada na Universidade Cândido

Mendes como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Administração e Supervisão

Escolar. Por Luciana Brandão Afonso

Rio de Janeiro

2010

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

2

AGRADECIMENTO

Agradeço a todo o corpo docente da Universidade

Candido Mendes pela dedicação durante esta jornada. A

Deus por ter me concedido à oportunidade de realizar

mais uma etapa importante em minha vida. Aos meus

pais por tudo o que me ensinaram e ensinam nesta vida.

Aos meus amigos Maurício Bastos, Regina Fátima da

Silva e Vivian Fadel pelo carinho, força e apoio que me

foram de grande importância.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

3

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha filha Nathália pela

compreensão da presença ausente.

Esta conquista é nossa!

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

4

RESUMO

O objetivo do presente estudo foi compreender e perceber a importância da

avaliação no processo ensino/aprendizagem para a construção do

conhecimento com professores do Ensino Fundamental I em escola da rede

particular de ensino do município do Rio de Janeiro, para tanto foi utilizado

pesquisas bibliográficas tendo como embasamento dos principais teóricos

Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros,

onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando uma concepção de

que o processo avaliativo poder ser flexível. Será apontado as diferentes

formas e estratégias de avaliação, a fim de que compreender o significado

desta no processo de construção do conhecimento. Será norteado ainda neste

estudo o papel do supervisor enquanto orientador dos professores para

repensar a questão da avaliação. O problema que norteou este estudo foi como

estabelecer estratégias e instrumentos para que ocorra o processo de

aprendizagem, contudo pode-se concluir que é importante compreender os

desdobramentos, os usos e significados atuais do processo avaliativo,

buscando perspectivas que não visem apenas à verificação do rendimento

escolar no âmbito escola, mas em um nível maior com vistas à superação do

fracasso escolar.

Palavras chaves: professor, avaliação, ensino/aprendizagem, Supervisor

escolar.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

5

METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho foi a de pesquisas bibliográficas

com o objetivo de se formar um embasamento teórico em relação à Avaliação e

Supervisão Escolar. Os principais autores utilizados na realização deste

trabalho foram Jussara Hoffmann, Mary Rangel, Celso dos Santos

Vasconcellos e Carlos Cipriano Luckesi.

Devido à necessidade de um aprofundamento maior sobre o assunto,

espera-se que o presente estudo possa contribuir de alguma forma para uma

análise crítica da prática da avaliação e do papel do Supervisor Escolar neste

processo.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I 10

Trajetória Histórica da Avaliação

CAPÍTULO II 22

Formas e estratégias de avaliação

CAPÍTULO III 34

O papel do supervisor

CONCLUSÃO 45

Bibliografia 49

Índice 52

Folha de avaliação 54

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

7

INTRODUÇÃO

A avaliação representa um dos temas de maior destaque na literatura

especializada em Educação. Professores, alunos, administradores e demais

integrantes da comunidade escolar, em todos os níveis, reconhecem a

importância da investigação científica sobre avaliação, entendida como um dos

componentes do processo de ensino e aprendizagem.

Atualmente, a avaliação escolar é um dos maiores desafios de prática

pedagógica para os profissionais da Educação, pois muitos ainda não

perceberam as mudanças significativas que ocorreram no sistema educacional.

Avalia-se exaustivamente tudo e todos por motivações diferentes, mas as

medidas educacionais continuam informando que os alunos não têm aprendido

aquilo que as escolas pensam estar ensinando.

As medidas educacionais que se desenvolvem em sala de aula e que

resultam na verificação e qualificação dos resultados da aprendizagem, nos

diferentes momentos do trabalho pedagógico, constituem o reflexo da postura

do professor e da escola frente ao indivíduo e à sociedade. Por isso, o

rendimento do aluno tem merecido a maior atenção dos pesquisadores

preocupados em ampliar o âmbito da avaliação escolar.

O que é mesmo avaliar a aprendizagem? O ato avaliar, devido a estar

serviço da obtenção do melhor resultado possível, antes de tudo, implica na

disposição de acolher. Isso significa a possibilidade de tomar uma situação da

forma como se apresenta, seja ela satisfatória ou insatisfatória, agradável ou

desagradável, bonita ou feia. Avaliar um educando implica, antes de qualquer

coisa, acolhê-lo no seu modo de ser, como ele está, para, a partir daí, decidir o

que fazer. A disposição para acolher é o ponto de partida para qualquer prática

de avaliação. Acolher o educando – eis o ponto básico para proceder

atividades de avaliação, assim proceder toda prática educativa. Sem

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

8

acolhimento, temos a recusa. E essa recusa significa a impossibilidade de

estabelecer um vínculo de trabalho educativo com quem está sendo recusado.

Assentados no acolhimento de nosso educando, podemos praticar todos os

atos educativos, inclusive a avaliação.

Sendo assim, avaliar a aprendizagem escolar implica em estar

disponível para acolher os educandos no estágio em que estejam, para a partir

daí, poder auxiliá-los em sua trajetória de aprendizagem. Para tanto a

avaliação necessita ser analisada sob os novos paradigmas, surgindo assim à

necessidade de conhecermos e analisarmos as melhores formas de avaliação,

buscando instrumentos úteis para direcionar a nossa prática pedagógica de

maneira eficaz diante da realidade de cada aluno, para que a avaliação não

represente apenas uma reprovação ou aprovação do educando, e sim, uma

orientação permanente do desenvolvimento, tendo em vista tornar o educando

um ser social melhor integrado e adaptado às necessidades cotidianas.

O objetivo geral desse estudo será auxiliar professores da rede privada

do município do Rio de Janeiro a compreender e perceber a importância da

avaliação no processo ensino/aprendizagem para a construção do

conhecimento.

Diante de um dos maiores desafios da prática pedagógica, a avaliação,

o problema que norteou a pesquisa será como estabelecer estratégias e

instrumentos para que ocorra o processo de aprendizagem.

A pesquisa será bibliográfica e terá como embasamento os principais

teóricos Jussara Hoffmann, Carlos Cipriano Luckesi, Philippe Perrenoud, Mary

Rangel e Celso dos Santos Vasconcellos.

Para tanto, a monografia se divide em três capítulos.

O primeiro capítulo teve como objetivo apresentar a trajetória da

avaliação, mostrando uma concepção de que o processo avaliativo pode ser

flexível. Tendo como principais teóricos Jussara Hoffmann, Carlos Cipriano

Luckesi e Wallon

O segmento seguinte, o segundo capítulo, será apresentado diferentes

formas e estratégias de avaliação, a fim de compreender o significado desta no

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

9

processo de construção do conhecimento e terá como embasamento os

teóricos Jussara Hoffmann, Carlos Cipriano Luckesi e Maria Regina de Sordi.

Por fim, o último capítulo será apresentado o papel do supervisor escolar

enquanto orientador dos professores para repensar a questão da avaliação.

Desta forma, têm-se como teóricos Mary Rangel, Clarilza Prado de Ferreira e

Demerval Saviani.

O trabalho possui um segmento, a conclusão que apresentará a solução

do problema que norteou esta pesquisa.

Sendo assim, espera-se que se tenha uma boa leitura.

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

10

CAPÍTULO I

Trajetória Histórica da Avaliação

Dentro da história da avaliação educacional contata-se que alunos e

professores frequentemente tem sido alvo dos interesses dos avaliadores, sob

diversas perspectivas. Sendo assim, a avaliação foi e continua sendo o mais

frequente objeto de estudo dentro do contexto escolar.

A avaliação, como ela pode ser desprendida da prática histórica do ser

humano, é um modo de julgar tendo em vista uma ação mais adequada frente

aos objetivos que se tem a alcançar. É uma postura de julgar valorativamente,

desde as ações mais complexas, são conduzidas a partir de uma análise e de

um juízo qualitativo sobre a realidade. É uma prática tipicamente humana na

medida em que ao observar a realidade qualitativamente, tendo em vista

modificá-la ou conservá-la, permite, aproximadamente, conduzir uma situação

próxima do ideal esperado.

Hoje em dia, no sistema escolar em termos de avaliação é tão crítica

que ainda muitos professores fazem supervalorização de nota, como

recompensa ou punição.

É preciso sempre estar pensando e repensando na busca de uma

avaliação que tenha como finalidade uma abordagem sócio internacionalista e

a escola cumpra a sua função de favorecer os meios para que os alunos

possam aprender mais e melhor.

1.1 - Processo Histórico da Avaliação

A história da avaliação se mistura com a nossa própria colonização. A

avaliação como sinônimo de provas e exames é uma herança trazida pelos

jesuítas.

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

11

Fazendo uma análise da história da educação, especificamente a questão

da avaliação, através dos tempos, percebe-se que desde o princípio da história

da educação no Brasil e em muitos outros momentos desta história a questão

de avaliar sempre esteve ligada a uma prova escrita ou oral, centrando-se o

poder absoluto no professor, que avaliava e dava nota sobre o que o aluno

sabia de determinado conteúdo.

E dentro desta perspectiva histórica, por muitos anos fez-se uso de

métodos de avaliação como um instrumento a serviço de quem a aplicava,

buscando-se em uma série de perguntas com respostas prontas a ser

estudadas, decoradas e transmitidas em dias de prova. Julgava-se, dentro

desta visão, que existia um controle do professor sobre a aprendizagem e

sobre todo um grupo de alunos, aplicando-se a idéia de homogeneidade do

saber das crianças.

Ao longo da história da educação moderna e de prática educativa, a

avaliação da aprendizagem escolar, por meio de exames e provas, foi se

tornando algo místico, onde se faz porque tem que ser feito, na maioria não se

explica ou se entende o porquê.

Atualmente, a avaliação da aprendizagem escolar, além de ser praticada

com uma tal independência do processo de ensino / aprendizagem, vem

ganhando aspectos de independência da relação professor-aluno. As provas e

exames são realizados conforme o interesse do professor ou do sistema de

ensino. Nem sempre se leva em consideração o que foi ensinado.

1.2 - Lei de Diretrizes e Bases e a Avaliação

A filosofia de uma escola, seus objetivos, a eficácia dos métodos e

técnicas usados são expressos sempre que se avalia. Cada escola tem suas

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

12

próprias características, com seus objetivos educacionais próprios, e

especialmente em sua interpretação e sistema de avaliação.

Ao declarar que um aluno está ou não aprovado, está dizendo se o

mesmo alcançou ou não os objetivos esperados como meta educacional. No

entanto, ao ser avaliado em outra escola o mesmo aluno poderia ter o

julgamento discordado.

É de fundamental importância o cuidado que as escolas devem ter em

relação ao sistema de avaliação adotado. No entanto, certos princípios que

devem ser observados. Tais princípios decorrem da própria lei.

A lei 4024/61 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), no que

diz respeito à avaliação, encontra-se no artigo39.

Artigo 39 – A apuração do rendimento escolar ficará a cargo dos

estabelecimentos de ensino, aos quais caberá expedir certificados de

conclusão de séries e ciclos e diplomas de conclusão de cursos.

§1º - Na avaliação do aproveitamento do aluno preponderarão os

resultados alcançados, durante o ano letivo, nas atividades escolares,

assegurados ao professor, nos exames e provas, liberdade de formulação de

questões e autoridade de julgamento.

§2º - Os exames serão prestados perante comissão examinadora,

formada de professores do próprio estabelecimento, e, se este for particular,

sob fiscalização da autoridade competente.

As limitações arcaicas, como a que se verifica no §2º, bem como a

minimização de detalhes, felizmente, forma abolidas.

Não mais dependemos da aplicação de um sistema de avaliação rígido,

uniforme para todo território nacional. Cabe à escola, em grande parte, a

responsabilidade pelos objetivos e critérios estabelecidos.

A lei 5692/71 deu um espírito de abertura para a lei anterior, por ter

levado 16 anos em elaboração, já nasceu relativamente caduca.

Em seu art.14, a lei 5692/71, estabelece que a verificação do rendimento

escolar fique, na competência dos estabelecimentos de ensino, devendo, para

tal, a escola atender ao prescrito em seu regimento. Também a lei prevê que a

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

13

verificação do rendimento escolar compreenderá a avaliação do

aproveitamento e a apuração da assiduidade.

De acordo com o parágrafo 1º do art. 14, a avaliação do aproveitamento

escolar poderá ser expressa em notas ou menções, salientando que deverão

os aspectos qualitativos preponderar sobre os quantitativos e os resultados

obtidos durante o ano letivo, sobre os da prova final, quando o regimento

escolar, previsão para esta última.

Na pode-se discordar que a Lei 5692/71 dá ênfase à avaliação como

sendo um processo sistemático, contínuo e integral, destinado a estabelecer

até que ponto os objetivos, previamente estabelecidos, foram ou não foram

alcançados.

Sendo a aprendizagem uma aquisição de conhecimentos, a avaliação

atingirá todos os aspectos em que podemos constatar e ao mesmo tempo

controlar essa aquisição. A avaliação deverá estar sempre relacionada com os

objetivos propostos no processo educacional, estabelecendo níveis: campo,

área, série, escola e lei, sendo muitas vezes o prelúdio da aquisição de novos

conhecimentos e não posição final, dentro do trabalho educativo.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (9394/96) que só foi

aprovada em 1997, o processo avaliativo é contemplado no Art. 24 inciso V,

que diz a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:

a) Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevaleça

sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de

eventuais provas finais;

b) Possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;

c) Possibilidade de avanços nos cursos e nas áreas mediante verificação do

aprendizado;

d) Aproveitamento de estudos com êxito;

e) Obrigatoriedade de estudo de recuperação, de preferência paralelos ao período

letivo, para os casos de baixo rendimento escolar a serem disciplinados pelas

instituições de ensino em seu regimento.

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

14

O docente deve procurar valorizar o processo mais adequado, não

fazendo na prova final somente a nota daquela avaliação, mesmo que seja

regimental.

Observa-se que a Lei faz uso da expressão “verificação do rendimento

escolar”, onde determina que sejam observados os critérios de avaliação

contínua e cumulativa da atuação do educando com prioridade dos aspectos

qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre

as eventuais provas finais. Deve-se conscientizar que aspectos não são notas,

mas sim, registros de acompanhamento do caminhar acadêmico do educando.

O educando sendo bem orientado, saberá dizer quais são seus pontos fortes, o

que contribuiu na sua aprendizagem, o que ainda precisa construir e precisa

melhorar.

Cabe a escola comprovar a eficiência dos alunos nas atividades, ou

seja, avaliar o êxito por eles alcançado durante o processo de ensino

aprendizagem.

Mas, ao tentar comprovar esse êxito e como avaliar se torna complexo.

Avaliar não é a mesma coisa que medir, qualquer medida dispõe de

instrumentos precisos. Desta forma, quanto mais preciso forem os

instrumentos, mais exatas serão as medidas. Porém, não há instrumentos

precisos para a avaliação.

Para que não se ocorra em erros, se faz necessário que avaliação seja

contínua, onde capte o desenvolvimento do educando em todos os seus

aspectos.

1.3 - O que é avaliar?

A ação de avaliar é realizada por todos os indivíduos nos mais diversos

momentos de seu cotidiano. No processo de ensino e aprendizagem, a

avaliação é muito enfatizada e exerce uma influência significativa em todo o

contexto escolar, nas famílias e no próprio aluno.

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

15

Existem diversos sentidos para o termo avaliar. O termo avaliar é usado,

em todas as circunstâncias, com inúmeros significados: atribuir, valor, julgar,

valorar etc.

Avaliar não é rotular alguma coisa e muito menos alguém. Avaliar é

atribuir um valor.

Para avaliar podemos usar instrumentos que testem e/ou meçam, mas é

muito mais do que atribuir um número quantitativo e/ou qualitativo; é acima de

tudo, confirmar a validade de um empreendimento. É constatar se a estratégia

escolhida, na busca de algo, funcionou,era a mais adequada à situação e

compensou isto é satisfez nossas expectativas.

Tudo na vida é avaliado, consciente ou inconscientemente; o perigo está

em que parâmetros sejam estabelecidos por terceiros, e não pelo próprio

interessado.

Avaliar implica numa interação plena com a coisa desejada para assumi-

la ou rejeitá-la.

Em se tratando de escola, o professor deverá utilizar instrumentos para

que a interação entre aluno e objeto da aprendizagem se constitua vínculo

ativo e reforçador de vivências experienciais. O produto, embora condicionado

ao ritmo individual, deve ser prêmio, uma gratificação para o agente da

aprendizagem e também para o professor, sendo inclusive o motor de partida.

É importante que se enfatize a avaliação de forma individualizada, pois

cada avaliando é um ser. Ad diferenças individuais se fazem presentes e se faz

necessário averiguar em que extensão cada indivíduo atingiu o objetivo

estabelecido no início do planejamento, tendo-se por parâmetro o próprio

indivíduo, e não suas dimensões em relação ao grupo.

A interação do educando com o grupo é fator primordial para que ocorra

a aprendizagem. Não é fator preponderante, porém, para que se estabeleça

um prognóstico avaliativo, sendo mesmo condenável estabelecer comparações

do aluno com o grupo e não consigo próprio.

A avaliação dos resultados imediatos da aprendizagem deve ser

expressa, segundo uma reflexão crítica, por palavras que expressem amor, fé,

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

16

incentivo, coragem, e não rótulos, agressões, muros, prisões que impeçam o

indivíduo de continuar aprendendo, criando, realizando, realizando-se.

A verificação dos resultados se processará através do maior número

possível de instrumentos e tudo o mais que ocorre ao professor que possa

permitir um domínio do conhecimento pretendido. Mas esses resultados

deverão ser expressos em único e assim deve ser tratado.

A avaliação educacional, ao lidar com a complexidade do ser humano, deve orientar-se, portanto, por valores morais e paradigmas científicos. Os processos avaliativos não podem estar fundamentados, apenas, em princípios, critérios e regras da investigação científica e considerações metodológicas. Torna-se necessário, essencialmente, recorrer a princípios de interação e relação social, numa análise ético-política das práticas e metodologias da avaliação.

(HOFFMANN, 2002, p.40)

A avaliação, neste sentido, não pode ser segmentada e isolada do todo.

Não basta saber o que o aluno aprendeu de um determinado conteúdo. O que

interessa, principalmente, é saber como ele está utilizando o aprendido para se

inserir na sua realidade de vida.

O professor, atendendo individualmente o aluno na hora de realizar a

avaliação, pode estar contribuindo para conscientizá-lo da necessidade de ele

buscar por si próprio alternativas para vencer suas dificuldades e não ficar só

esperando pelo professor para encontrar soluções para seus problemas em

relação à aprendizagem.

1.4- Como avaliar?

É indispensável verificar a extensão das capacidades aprendidas,

confirmarem a aprendizagem do estudante. Embora contassem com uma

tecnologia avançada, ainda não podemos ter confiança absoluta nos processos

de avaliação.

O professor precisa se convencer de que é apenas um guia e que o

aluno é o agente de sua própria aprendizagem. Nenhum professor sabe tudo,

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

17

ele deve ser grato às perguntas que o levam a descobrir as respostas

juntamente com seus alunos.

O professor deve elogiar o aluno quando este obtiver sucesso na

aprendizagem e demonstrar interesse pelo aluno que não logrou êxito,

incentivando-o e dando-lhe liberdade para que outras alternativas, obtenha o

resultado certo. Ao agir assim estará demonstrando interesse pelo aluno, e isto

o gratificará. Todos precisam de alguém que demonstre interesse por eles e

oportunidade para manifestar o sentimento de realização.

Avaliar significa atribuir algum valor, e não implica em desvalorização.

É preciso acreditar no potencial do aluno e dar-lhe liberdade para

aprender.

É preciso ter bem presente que problemas como dificuldade de

aprendizagem, assimilação de conteúdos, timidez, medo do professor, dos

pais, insônia causada pelos instrumentos de avaliação podem ser resolvidos se

a linguagem da comunicação, tanto do sucesso como do insucesso escolar, for

adequadamente usada. Portanto, é preciso que o educador conheça e utilize

uma tecnologia de comunicação capaz de resultados condizentes com o seu

comprometimento como profissional da educação.

1.5 - Por que avaliar?

No decorrer dos tempos, a avaliação perdeu seu verdadeiro

significado e passou a ter apenas a função de controle. Muitas vezes até tomou

o lugar da própria aprendizagem. Percebe-se que alguns professores

“ensinam” somente o que vai será avaliado e, consequentemente, alunos

“estudam” apenas o que vai ser “ cobrado”; como se a aprendizagem servisse

unicamente para ser avaliada.

A avaliação deve ser um instrumento auxiliar da aprendizagem, que

possibilite ao professor identificar o que deve ser feito para ajudar o aluno a

melhorar a aprendizagem.

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

18

Através da análise do desempenho dos alunos, o professor faz um

diagnóstico de cada um em relação aos conhecimentos já sistematizados e

àqueles que necessitam ser retomados. Assim, a avaliação cumpre com a

função diagnóstica onde possibilitou ao professor e ao aluno a identificação do

que deve ser feito para redirecionar a caminhada.

É indispensável que o professor esteja preparado adequadamente para

realizar a avaliação da forma mais pedagógica possível. Só assim ele não corre

o risco de não conseguir ajudar o aluno.

Os professores, de modo geral, não têm toda a clareza em relação a

todas as funções da avaliação escolar. Na grande maioria, avaliam porque têm

de entregar uma nota ou para verificar se os objetivos foram atingidos,

cumprindo, assim, somente a função de controle.

1.6 - A quem avaliar?

Até bem pouco tempo o professor não era questionado em relação aos

resultados do processo de ensino e aprendizagem. Geralmente, se os alunos

obtinham sucesso, ao professor eram atribuídos os méritos. Se os alunos se

saíam mal, a culpa recaía sobre eles, suas famílias ou sobre o contexto social.

Segundo Luckesi (2002), mais importante do que uma oportunidade se

aprendizagem significativa, a avaliação tem sido uma oportunidade de prova de

resistência do aluno aos ataques do professor.

A avaliação é tida como função do professor e, muitas vezes, é usada

como uma “arma de controle” sobre o aluno. Através desse poder, o professor

mantém a disciplina, obtém a atenção dos alunos, faz com que os alunos

realizem as tarefas e tragam os materiais solicitados. Enfim, eles são coagidos

a estudar e estudam, não porque é importante aprender, mas porque o

professor vai atribuir uma nota. E essa nota vai representar seu sucesso ou

fracasso.

A relação que se estabelece entre o professor e o aluno é de natureza

unilateral. O aluno deve fornecer evidências para o professor fazer seu

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

19

julgamento e atribuir um resultado, do qual ele é o “dono”. Ouvem-se até

professores dizerem que “quem sabe o meu aluno merece sou eu”. Assim, os

resultados da avaliação são propriedades do avaliador.

Para Wallon, a afetividade, além de ser uma das dimensões da pessoa,

é uma das fases mais antigas do desenvolvimento, pois o homem logo que

deixou de ser puramente orgânico passou a ser afetivo e, da afetividade,

lentamente passou para a vida racional.

A postura do professor, na sua relação com o aluno é fundamental. O

aluno necessita ter certeza de que não vai ser prejudicado se manifestar uma

incompreensão ou dificuldade em relação aos aspectos que estão sendo

trabalhados, especialmente nas atividades avaliativas. O aluno tem que

perceber em si mesmo e não só no professor, um dos elementos co-

responsáveis pelos resultados obtidos na avaliação do processo de ensino e

aprendizagem.

Segundo Luckesi (1997), a avaliação é um ato de amor. É muito

importante que o professor conheça o contexto de seu aluno e crie seu

ambiente que o incentive a expressar sem medo suas dificuldades. E que esse

contexto seja considerado no momento da avaliação, não só para evitar

injustiças, mas também para encontrar soluções que ajudem a minimizar as

dificuldades daqueles que têm menos condições.

A aprendizagem deve ser realizada através de uma relação dinâmica

entre professor e aluno, não sendo competência exclusiva do professor, mas

de ambos, analisando e discutindo todos os elementos do contexto de cada um

e do projeto educativo como um todo.

1.7 - O que avaliar?

Esta é uma questão que angustia muitos educadores quando são

coagidos a cumprir a função administrativa de entregar o resultado do

desempenho dos seus alunos. Na maioria das vezes, eles não se sentem

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

20

seguros em atribuir um resultado ao aluno se não tiverem provas escritas e

quando não fazem uso deste tipo de instrumento não sabem como avaliá-lo.

O uso de provas para avaliar o processo de ensino e aprendizagem é

importante desde que sejam usadas com o objetivo de identificar as

possibilidades e dificuldades dos alunos. A construção da prova deve ser

fundamentada nos princípios técnicos de construção de testes. Os itens devem

estar adequados aos objetivos esperados pelo professor. Como isso não

ocorre, muitos educadores condenam o uso de provas na avaliação do

processo de ensino e aprendizagem.

A questão não é eliminar o instrumento de avaliação, mas sim elaborá-lo

com uma função bem determinada e conforme as normas técnicas para que

sejam válidos e atinjam o objetivo de auxiliar o professor a identificar as

dificuldades e/ou possibilidades dos alunos.

Outro fator importante é o retorno dado ao aluno sobre o resultado

obtido. O trabalho de testagem não termina com a correção e a devolução dos

resultados. O aspecto mais importante, tanto para o aluno como para o

professor, são as discussões sobre os resultados obtidos. A partir dessa

análise dos resultados, devem ser encontradas alternativas de solução para as

dificuldades evidenciadas pelos alunos.

O que vai ser considerado na avaliação deveria depender do projeto da

escola. No entanto, depende, fundamentalmente, da concepção que o

professor tem de educação. Sendo assim, o professor precisa ter clareza em

relação à função da avaliação. Esta não serve mais para, simplesmente,

quantificar a aprendizagem do educando e, com isso, moldá-la segundo padrão

social já existente, mas sim para, através de uma interação entre avaliador e

avaliando, repensar a situação e,, em consciência crítica dentro de um

compromisso com a práxis dialética de um projeto de transformação.

1.8 - Quando avaliar?

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

21

A questão “quando avaliar” está ligada à concepção que o professor te

de educação e, consequentemente, à função que ele atribui à avaliação. Se ele

avalia para dar uma nota, não é necessário “perder tempo” durante o processo,

avaliando as atividades realizadas.

É importante que a avaliação ocorra durante todo o processo, nas

relações dinâmicas de sala de aula que orientam as tomadas de decisão

frequentes, relacionadas ao tratamento do conteúdo e à melhor forma de

compreensão e produção do conhecimento pelo aluno. Isso ocorre se houver

um clima favorável e se os alunos forem encorajados a manifestar suas

dúvidas, inquietações e incompreensões quanto ao que está sendo aprendido.

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

22

CAPÍTULO II

FORMAS E ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO

Como a avaliação é um dos elementos do processo de ensino e

aprendizagem, suas formas serão tão diversificadas quanto forem os objetivos

do processo. Para que a avaliação cumpra a função de auxiliar o aluno a se

autoconhecer através de uma reflexão conjunta com o professor, a aprender a

se autoanalisar e a buscar novos caminhos para o prosseguimento do

processo de construção do conhecimento, são necessários recursos técnicos

adequados aos objetivos que se pretende alcançar.

Uma nova perspectiva de avaliação exige do educador uma concepção de criança, de jovem e adulto, como sujeitos do seu próprio desenvolvimento, inseridos no contexto da sua realidade social e política. (HOFFMANN, 2004, p.18)

Existem diversas modalidades de avaliação que podem ser utilizadas

nas escolas, dependendo do que se pretende verificar. Atualmente, as formas

de avaliação mais comuns utilizadas nas escolas são a prova escrita, os

trabalhos em grupo e a autoavaliação.

Mas será que o aluno reconhece para que serve a avaliação?

No entanto, o aluno precisa e é cobrado de coisas que desconhece, que

não sabe para que servem e se servirão de prova de sua habilidade ou

competência. Segundo Hoffmann (1992) a função seletiva da avaliação é

responsabilidade de todos.

É fundamental que o professor veja o aluno como um ser social e

político sujeito do sue próprio desenvolvimento. É necessário observar o aluno

como alguém capaz de estabelecer uma relação cognitiva com o meio

circundante, mantendo uma ação interativa capaz de uma transformação

libertadora.

A avaliação deve ser uma forma de ajuda e não um instrumento de mero

controle e punição. O aluno deve ser avaliado em relação àquela competência

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

23

e não, em comparação a outros alunos. Deixamos às empresas a tarefa de

selecionar e classificar... A escola deve tratar todos os alunos como seres

capazes de adquirir competências, tendo consciência de que algumas pessoas

deverão receber uma atenção educacional mais intensa, mais focada, e que

isso lhes é direito assegurado.

Considerando que o desenvolvimento das competências envolve

conhecimentos, práticas e atitudes, evidentemente, temos que pensar em uma

diversidade de instrumentos de avaliação, a fim de contemplar as múltiplas

inteligências existentes no seu corpo discente. Mas o que é mesmo avaliar a

aprendizagem?

A ação de avaliar é realizada por todos os indivíduos nos mais diversos

momentos de seu cotidiano. No processo de ensino e aprendizagem, a

avaliação é muito enfatizada e exerce uma influência significativa em todo o

contexto escolar, nas famílias e no próprio educando.

Existem diversos sentidos para o termo avaliar. O termo avaliar é usado,

em todas as circunstâncias, com inúmeros significados: atribuir valor, julgar,

valorar etc.

Avaliar não é rotular alguma coisa e muito menos alguém. Avaliar é

atribuir um valor.

Para avaliar podemos usar instrumentos que testem e/ou meçam, mas é

muito mais do que atribuir um número quantitativo e/ou qualitativo; é acima de

tudo confirmar a validade de um empreendimento. É constatar se a estratégia

escolhida, na busca de algo, funcionou, era a mais adequada à situação e

compensou, isto é, satisfez nossas expectativas.

Tudo na vida é avaliado, consciente ou inconscientemente; o perigo está

em que parâmetros sejam estabelecidos por terceiros, e não pelo próprio

interessado.

Avaliar implica numa interação plena com a coisa desejada para assumi-

la ou rejeitá-la.

Em se tratando de escola, o professor deverá utilizar instrumentos para

que a interação entre aluno e objeto da aprendizagem se constitua vínculo

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

24

ativo e reforçador de vivências experienciais. O produto, embora condicionado

ao ritmo individual, deve ser prêmio, uma gratificação para o agente da

aprendizagem e também para o professor, sendo inclusive motor de partida.

É importante que se enfatize a avaliação de forma individualizada, pois

cada avaliando é um ser. As diferenças individuais se fazem presentes e se faz

necessário averiguar em que extensão cada indivíduo atingiu o objetivo

estabelecido no início do planejamento, tendo-se por parâmetros o próprio

indivíduo, e não suas dimensões em relação ao grupo.

2.1- O que é avaliação?

Se tentar levantar os diversos conceitos de avaliação da aprendizagem,

certamente, encontraremos tantos quantos são seus formuladores. Mas, é

claro que cada conceito de avaliação subjaz uma determinada concepção de

educação.

Para Sordi (1995), a prática de avaliação é um ato dinâmico onde o

professor e o aluno assume o seu papel, de modo co-participativo, através da

implementação do diálogo e da interação respeitosa, comprometendo-se com a

construção do conhecimento e a formação de um profissional competente.

No Dicionário Básico da Língua Portuguesa, FERREIRA (1995, p.205)

refere que avaliação é um “Ato ou efeito de avaliar (-se). Apreciação, análise.

Valor determinado pelos avaliadores. Avaliar é ”determinar a valia ou valor de.

Apreciar ou estimar o merecimento de. Calcular, estimar, computar. Fazer a

“apreciação; ajuizar: avaliar as causas, de merecimentos.” Por outro lado,

LUCKESI (1995) entende “avaliação como um juízo de qualidade sobre dados

relevantes, tendo em vista uma tomada de decisão”. Estes são os elementos

que compõem a compreensão constitutiva da avaliação.

O juízo de qualidade está fundamentado sobre os dados relevantes da

realidade, que no caso da aprendizagem são as condutas aprendidas e

manifestadas pelos alunos. Se estas propriedades físicas não estiverem no

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

25

processo de avaliação, pode-se cair no arbitrarismo, ou seja, o professor

qualifica ou desqualifica gratuitamente o aluno.

Hoffman (1993) entende avaliação como uma ação provocativa do

professor, desafiando o aluno a refletir sobre as experiências vividas, a

formular e reformular hipóteses, direcionando para um saber enriquecido.

As definições citadas levam a concluir que a avaliação é um processo

pelo qual se procura identificar, aferir, investigar e analisar as modificações do

comportamento e rendimento do aluno, do educador, do sistema, confirmando

se a construção do conhecimento se processou, seja este teórico ou prático.

A avaliação é o termômetro que permite confirmar o estado em que se

encontraram os elementos envolvidos no contexto. Ela tem o papel altamente

significativo na educação, tanto que se arrisca a dizer que a avaliação é a alma

do processo educacional.

As diferentes etapas da avaliação desempenham um papel decisivo e

nenhuma delas exclui avaliador e avaliado do compromisso de ser o seu

próprio agente de decisão e o responsável pelo processo educativo.

A avaliação necessária é muito mais do que aplicar uma prova, fazer

uma observação ou atribuir uma nota, já que a mesma resulta apenas em

expressar os resultados e não avaliar. A avaliação necessária é aquela que

consegue verificar como o aluno é capaz de movimentar-se num determinado

campo de estudos e estimulá-lo, através de uma reflexão conjunta sobre o que

ele realizou a encontrar os caminhos seu próprio desenvolvimento.

O avaliar na escola, exige uma mudança não só das técnicas de

avaliação, mas também na postura de todos os elementos envolvidos dentro do

processo ensino aprendizagem.

Para que ocorram essas mudanças na educação é preciso um melhor

preparo do professor, não só quanto aos aspectos técnicos, mas também

quanto a uma conscientização maior em relação ao comprometimento com a

proposta pedagógica à qual ele está vinculado.

Avaliar, no processo de ensino e aprendizagem, só tem sentido na

medida em que serve para o diagnóstico da execução do processo, em função

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

26

dos resultados que estão sendo buscados na ação educativa. A avaliação só é

possível se for realizada como elemento integrante do processo de construção

do conhecimento, comprometida com o projeto pedagógico e com

características que conduzam a uma avaliação eficaz.

2.2 - Modalidades da avaliação

Segundo Bloom, conforme as funções que desempenha, classifica-se a

avaliação em três modalidades: diagnóstica, formativa e somativa.

2.2.1 - Diagnóstica

Visa determinar a presença ou ausência de conhecimentos e

habilidades, inclusive busca detectar pré-requisitos para novas experiências de

aprendizagem. Na função diagnóstica é possível averiguar as causas de

repetidas dificuldades de aprendizagem.

Segundo Haydt in Santos (2007), não é apenas no início do período

letivo que se realiza a avaliação diagnóstica. No início de cada unidade de

ensino, é recomendável que o professor verifique quais são as informações

que seus alunos já têm sobre o assunto, e que habilidades apresentam para

dominar o conteúdo. Isso facilita o desenvolvimento da unidade e ajuda a

garantira eficácia do processo ensino-aprendizagem.

Diante de uma avaliação diagnóstica segura, providências para

estabelecimento de novos objetivos, retomada de objetivos não atingidos,

elaboração de diferentes estratégias (feedback) poderão e deverão ser

providenciadas para que a maioria, ou quem sabe todos os alunos aprendam

de modo completo as habilidades e os conteúdos que se pretenda ensinar-

lhes.

Alunos e professores, a partir da avaliação diagnóstica de forma

integrada reajustarão seus planos de ação.

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

27

É importante que esta avaliação ocorra no início de cada etapa dos

estudos, pois a variável tempo pode favorecer ou prejudicar as trajetórias

subsequentes, caso não se faça uma reflexão constante, crítica e participativa.

2.2.2 - Formativa

A avaliação formativa, como o próprio nome já diz, tema função de

contribuir de algum modo para a formação do aluno. Indica como os alunos

estão se modificando em direção aos objetivos. Desta forma, a função

formativa da avaliação é sem dúvida, a função natural da avaliação.

A modalidade formativa é realizada com o propósito de informar o

professor e o aluno sobre o resultado da aprendizagem, durante o

desenvolvimento das atividades escolares. Localiza deficiências na

organização do ensino-aprendizagem, de modo a possibilitar reformulações no

mesmo e assegurar o alcance dos objetivos.

2.2.3 - Somativa

A função somativa está ligada à medição e a classificação dos alunos

ao final da unidade, semestre ou ano letivo, segundo níveis de aproveitamento

apresentados, não apenas os objetivos individuais devem ser de base, mas

também o rendimento apresentado pelo grupo.

Segundo Haydt in Santos (2007), medir significa determinar a

quantidade, a extensão ou o grau de alguma coisa, tendo por base um sistema

de unidades convencionais.

Sendo assim, a avaliação somativa ocorre ao final da unidade a

verificação do que foi assimilado efetivamente, atribuindo notas e fornecendo

feedback ao aluno.

2.3 - Funções da avaliação

A avaliação possui três funções de fundamental importância para o

processo educativo como diagnosticar, controlar e classificar.

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

28

2.3.1 - Função diagnóstica

A função diagnóstica tem como objetivos:

• Verificar se o aluno apresenta ou não determinados conhecimentos ou

habilidades necessários para aprender algo novo (pré-requisitos);

• Identificar, discriminar, caracterizar as causas determinantes das dificuldades

de aprendizagem ou essas próprias dificuldades para uma prescrição;

• Comprovar hipóteses sobre as quais se baseia o currículo;

• Obter informações sobre o rendimento do aluno.

2.3.2 - Função formativa

A função formativa tem como objetivos:

• Informar o aluno e o professor sobre os resultados que estão sendo

alcançados durante o desenvolvimento das atividades;

• Melhorar o ensino e a aprendizagem;

• Localizar, apontar, discriminar deficiências, insuficiências, no desenvolvimento

do ensino-aprendizagem para eliminá-las;

• Propiciar feedback de ação.

2.3.3 - Função classificatória

A função classificatória tem como objetivos:

• Classificar o aluno segundo o nível de aproveitamento ou rendimento

alcançado;

• Buscar uma consciência coletiva quanto aos resultados alcançados.

Frente a este contexto o professor deve desenvolver o papel de

problematizador, ou seja, problematizar as situações de modo que o aluno

construa o seu conhecimento sobre o tema abordado, de acordo com o

contexto histórico social e político o qual será inserido, buscando a igualdade

entre educador-educando, onde ambos aprendem, trocam experiências e

aprendizagens no processo educativo.

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

29

Desta forma, pode-se comprovar a interação do aluno no processo de

ensino-aprendizagem em que cada um tem a ensinar para o outro, sendo que a

avaliação é um elo entre a sociedade, as escolas e os estudantes.

Segundo Hoffmann (2000), avaliar nesse novo paradigma é dinamizar

oportunidades de ação-reflexão, num acompanhamento permanente do

professor e este deve propiciar ao aluno em seu processo de aprendizagem,

reflexões acerca do mundo, formando seres críticos libertários e participativos

na construção de verdades formuladas e reformuladas.

2.4 - Avaliando Competências

Cada escola tem autonomia para criar o seu próprio Projeto Político

Pedagógico (PPP), obrigando-se, no entanto, a encontrar formas de avaliação

que permitam a ela a receber alunos de outras escolas e aproveitar

conhecimentos anteriormente adquiridos através de formas de aprendizado

diferentes das que ela adota, deixando para trás o modelo obsoleto de um

“aluno-tabula-rasa”.

Encontrar a forma mais precisa e mais justa para avaliar as

competências exigidas pela lei é um dos maiores desafios a ser enfrentado por

todas as escolas e por todos os professores. O primeiro passo é definir, com

clareza, o que o MEC quer dizer com a palavra competência.

Entende-se por competência profissional a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação valores, conhecimentos e habilidades necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho. (RESOLUÇÃO CNE/CEB nº04/99)

Essa definição traz inclusa a flexibilidade que caracteriza o contexto do

trabalho nos tempos atuais. Portanto, o contexto se refere ao conjunto de

circunstâncias que envolvem as relações sociais nos dias de hoje.

Quando uma escola define sua proposta a realização de um curso,

qualificação ou habilitação deve contextualizar todas as competências gerais

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

30

estabelecidas nessa área de atuação e acrescentar as competências

específicas que caracterizam esse ser social (profissional). E é em função

desse perfil social/ profissional que o dado curso deverá ser planejado,

realizado e avaliado. Isso tudo sem esquecer a polissemia do termo

competência, ele é empregado em diferentes níveis de abrangência. Existem

dois níveis básicos de competência: as profissionais e as educacionais, que

estão interligadas, mas que obedecem a lógicas diferentes. As competências

profissionais (estabelecidas por definição do MEC) dizem respeito diretamente

ao exercício do saber (profissional), enquanto as competências educacionais

enriquecem a formação do ser social/profissional, contribuindo para um

conjunto de saberes (conhecimentos): saber-fazer (prática profissional), saber-

ser (atitudes) e saber-agir ( mobilização de todos os outros saberes na situação

real de trabalho).

Não é suficiente para o educando desenvolver a competência de

utilizar os diversos tipos de equipamentos, instrumentos de trabalho, materiais

e suas possibilidades plásticas, é preciso decodificar para ele o significado de

tudo isso e o grau de exigência de qualidade inerente a essa competência. Na

verdade, a competência, como é definida nas pesquisas e estudos em diversos

países, é uma situação representativa do trabalho real.

2.5- Estratégias de avaliação

Entendido o significado de competência, temos que pensar na maneira

de avaliá-la corretamente, pensar em definir as estratégias de avaliação a

serem empregadas.

A avaliação deve ser uma forma de ajuda e não um instrumento de

mero controle e punição. O educando deve ser avaliado em relação àquela

competência e não, em competência a outros educandos. A tarefa de

selecionar e classificar deixa-se para as empresas. A escola deve tratar todos

os educandos como seres capazes de adquirir competências, tendo

consciência de que algumas pessoas deverão receber uma atenção

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

31

educacional mais intensa, mais focada, e que isso lhes é um direito

assegurado.

Considerando que o desenvolvimento das competências envolve

conhecimentos, práticas e atitudes, evidentemente, é preciso pensar em uma

diversidade de instrumentos de avaliação, a fim de contemplar as múltiplas

inteligências existentes no seu corpo discente. Muitos deles têm potencial para

serem usados, mas alguns são essenciais, e a observação em sala de

trabalho, o acompanhamento constante é um deles. Provas escritas, trabalhos

de pesquisa e projetos são outros instrumentos válidos, dependendo da

natureza do que está sendo avaliado.

Um instrumento interessante para verificar como os educandos estão

construindo as relações entre os conhecimentos é o mapa conceitual, que é um

diagrama que representa as relações entre os conceitos de uma área,

disciplina ou assunto. É utilizado, geralmente, como estratégia de ensino, mas

pode ser importante fonte de coleta de dados para a avaliação dos educandos,

principalmente quando se deseja verificar de que maneira eles estruturam o

conhecimento. Outro instrumento que não é novo, mas é extremamente

interessante para acompanhar o desenvolvimento das competências, é o

portfólio. Este agrupa dados diversos: visitas, técnicas, resumos de textos,

projetos, relatórios, anotações diversas, além de provas formais e

autoavaliações dos alunos. A finalidade desse instrumento é auxiliar o

educando a desenvolver sua capacidade de avaliar seu próprio trabalho,

refletindo sobre ele e melhorando-o, enriquecendo-o, corrigindo-o. Ao

professor, o portfólio oferece a oportunidade de traçar referenciais da turma

como um todo, a partir das análises individuais, com foco na evolução dos

educandos ao longo do processo ensino e aprendizagem. Uma condição

fundamental no desenvolvimento das competências é a autoavaliação. Não

aquele tipo de autoavaliação no qual o aluno diz se gostou ou não do curso, se

participou ativamente... A autoavaliação deve ser vista no sentido do

desenvolvimento do que se denomina metacognição, ou seja, o aluno se torna

consciente de suas formas de pensar. O processo de metacognição só se faz

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

32

presente quando o aluno é capaz de compreender e dirigir suas próprias

formas de pensar e agir.

Um processo de autoavaliação só tem significado enquanto reflexão do educando, tomada de consciência individual sobre suas aprendizagens e condutas cotidianas, de forma natural e espontânea como aspecto intrínseco ao seu desenvolvimento, e para ampliar o âmbito de suas possibilidades iniciais, favorecendo a sua superação em termos intelectuais. (HOFFMANN, 2002, p.78)

É importante ressaltar que se espera do aluno a responsabilidade por

sua própria aprendizagem, faz necessário que se considere que isto somente

ocorrerá se ele tiver uma visão clara do que se está tentando obter e de como

está agindo a respeito.

2.6 - Nota ou Conceito?

Uma questão importante surge quando se vai registrar o resultado de

uma avaliação de competências. Muitos professores defendem a precisão das

notas, outros preferem a utilização de conceitos ou fichas de avaliação. Em

essência, a avaliação de uma unidade de competência é a manifestação da

sua presença ou ausência, ou seja, um educando apresenta ou não aquela

determinada competência.

Os conceitos são indicadores qualitativos sobre o desempenho,

começando pela dualidade suficiente/insuficiente e seguindo com padrões

complementares que indiquem a superação do mínimo aproveitamento. Porém,

é subjetivo e de difícil entendimento por parte das famílias.

As notas tendem a sugerir a existência de uma objetividade, que é irreal,

pois a avaliação representa um julgamento e não mera mediação de

quantidade, além de serem utilizados isoladamente. Não importa a forma de

se registra a avaliação, mas sim a compreensão do que ela está informando.

Uma nota ou conceito não informa nada, se não conhecermos o que está

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

33

sendo analisado, com quais critérios, em que contexto. Há um longo caminho

ainda antes de pensarmos como registrar o resultado de uma avaliação...

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

34

CAPÍTULO III

O PAPEL DO SUPERVISOR

A educação é um dos assuntos mais polêmicos da atualidade. Educar é

uma tarefa que requer perseverança, que exige comprometimento,

autenticidade e continuidade.

Desta forma, o Supervisor Escolar representa um profissional importante

para o bom desempenho da educação escolar.

3.1 - Conceituando Supervisão Escolar

Ao estabelecer um conceito de supervisão é necessário conhecer o

sentido etimológico do termo. A palavra Supervisão é formada pelos vocábulos

super (sobre) e visão (ação de ver). Com a significação pode-se dizer que

supervisão significa olhar de cima, dando uma ideia de visão global.

Etimologicamente supervisão significa “visão sobre”, supervisão escolar

significa visão sobre todo o processo educativo, para que a escola possa

alcançar os objetivos da educação e aqueles que são específicos da própria

escola.

O Supervisor Escolar faz parte do corpo de professores e tem a

especificidade do seu trabalho caracterizado pela coordenação, organização

em comum, das atividades didáticas e curriculares e a promoção e o estímulo

de oportunidades coletivas de estudo.

3.2 - Breve Histórico da Supervisão

A ideia de supervisão surgiu com a industrialização, tendo em vista a

melhoria quantitativa e qualitativa da produção, antes de ser assumida pelo

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

35

sistema educacional em busca de um melhor desempenho da sua escola em

sua tarefa educativa.

Para Souza (1974), a supervisão é fruto da necessidade de melhor

adestramento de técnicas para a indústria e comércio estendendo-se aos

campos militar, esportivo, político e educacional, tendo como objetivo alcançar

o bom resultado no trabalho.

Durante os séculos XVIII e XIX, a supervisão se manteve dentro da linha

de inspecionar, reprimir, checar, monitorar, controlar e vigiar.

Somente em 1841, a Supervisão surge com a ideia associada ao

processo de ensino, porém até 1875 esteve voltada primordialmente para a

verificação das atividades docentes.

No final do século XIX, a Supervisão passou a preocupar-se com o

estabelecimento de padrões de comportamento bem definidos e de critérios de

aferição do rendimento escolar, visando à eficiência do ensino.

No início do século XX, pode-se verificar a utilização dos conhecimentos

científicos na melhoria de ensino e na medida dos resultados de aprendizagem

dos alunos. Desta forma, a Supervisão obtém uma nova função: de transmitir,

explicar, mostrar, impor, julgar e repensar o trabalho escolar.

A partir de 1925, percebe-se uma influência maior dos estudos das

relações humanas, das ciências comportamentais. Além disso, observa-se uma

grande tendência de introduzir princípios democráticos nas organizações

educacionais, aplicando-se ao papel do supervisor como líder democrático.

Desta forma, o supervisor passou a ser visto como um cooperador com a

educação, sensibilizando o professor para a pesquisa que culmine com a

superação de dificuldades existentes.

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

36

Em 1930, assume um caráter de liderança, de esforço cooperativo para

o alcance dos objetivos, como valorização dos processos de grupo na tomada

de decisões.

3.2.1- Histórico da Supervisão Escolar no Brasil

A Supervisão Escolar propriamente dita surgiu pela primeira vez no

Brasil com a Reforma Francisco Campos, Decreto Lei 19.890 de 1931,

assumindo um papel bem diferente daquele que vinha sendo realizado, de

fiscalizar e inspecionar o trabalho docente, “... cabia também ao inspetor geral

presidir os exames dos professores e lhes conferir o diploma, autorizar a

abertura das escolas particulares e até rever os livros por outros.” (FERREIRA,

1999).

A Inspeção Escolar neste período era muito rígida. A escola se

preparava toda para receber o inspetor, e este só aparecia para observar e

fiscalizar todo o trabalho, desde o administrativo até o pedagógico.

De acordo com Saviani (2003, p.26), a função de Supervisor Escolar

surge: “(...) quando se quer emprestar à figura do inspetor um papel

predominantemente de orientação pedagógica e de estímulo à competência

técnica, em lugar da fiscalização para detectar falhas e aplicar punições (...).

Na década de 1950, no Brasil, surge a nomenclatura de Supervisor

Escolar.

Neste período a formação dos primeiros supervisores foi resultante de

um acordo assinado entre Brasil e Estado Unidos para a implantação do

Programa Americano- Brasileiro de Assistência ao Ensino Elementar

(PABAEE). O PABAEE tinha como objetivo “treinar” os educadores brasileiros

a fim de que estes garantissem a execução de uma proposta voltada para a

educação tecnicista, dentro dos moldes norte-americanos. Alguns estados

brasileiros como Minas Gerais, Goiás e São Paulo foram os principais

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

37

“executores” do Programa, porém esta tendência influenciou a educação e a

função do Supervisor Escolar em todo país.

Os Supervisores desempenhavam um papel de controlar e inspecionar a

execução de ideias impostas pelo PABAEE, desta forma o programa passou a

ter um número maior de professores e alunos.

Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, primeiramente a

LDB 4024/61, passa a prever setores especializados para coordenar as

atividades pedagógicas nas escolas como forma de buscar a execução das

políticas educacionais desejadas pelos Sistemas de Ensino.

art.52: “ O ensino normal tem por fim a formação de professores, orientadores, supervisores e administradores escolares destinados ao ensino primário e desenvolvimento dos conhecimentos técnicos relacionados à educação da infância”.

Nesse âmbito, com as mudanças ocorrendo e com a política do governo

pós 64 a educação começou explicitamente atender os interesses econômicos

de segurança nacional, ou seja, o Supervisor Escolar tinha o papel de controlar

a qualidade e promover a melhoria de ensino sendo que este deveria ter a

formação específica.

Na década de 70, a Supervisão Escolar engloba todas as atividades de

assistência técnica – pedagógica e de inspeção administrativa, afim de não só

atender a escola, mas todo o ensino. Nos anos 80, surgiram críticas quanto ao

funcionalismo do papel dos especialistas na tentativa de extinção da ação ou

da existência do supervisor.

“Como “especialista”, este supervisor estaria usando técnica sem contexto, num tipo de setorização que divide, desagrega, enfraquece a escola no seu interior e na relação com o seu entorno, com a conjuntura que a cerca, submetendo-se às “regras” de interesse da política sócio-econômica. (...) entende-se que a especialista isola, desarticula, setoriza e sectariza os serviços e atividades escolares, desconectando-as entre si e com a problemática social.” (RANGEL, 2001)

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

38

Já nos anos 90, retoma-se a supervisão com a nova LDB 9394/96 que

propõe que a formação de especialistas será oferecida aos Cursos de

Pedagogia em nível de Pós-Graduação ou Complementação, com o objetivo de

formação em exercício das práticas pedagógicas e como estas deverão ser

desenvolvidas, visto que o supervisor é aquele que contextualiza , auxilia,

pesquisa, coordena as atividades pedagógicas em parceria com os

professores.

Diante de tantas mudanças no âmbito educacional, espera-se que

o Supervisor Escolar do século XXI tenha uma postura de pesquisador,

cooperador, parceiro, companheiro, flexível e acima de tudo comprometido com

a eficiência do seu trabalho pedagógico.

3.3 - Atribuições e Deveres do Supervisor Escolar

Na escola atual, o Supervisor Escolar deve ser um verdadeiro

profissional da educação.

Sua ação deverá partir de uma visão crítica, clara, da proposta

pedagógica da escola, posicionando-se com coragem, coerência e

responsabilidade diante dos obstáculos que se apresentarem para encontrar

soluções cabíveis.

Sendo assim, faz-se necessário conhecer as atribuições de um

Supervisor Escolar, conforme descritas no PLC 132/2005:

I – coordenar o processo de construção coletiva e execução da Proposta

Pedagógica, dos Planos de Estudo e dos Regimentos Escolares;

II – investigar, diagnosticar, planejar, programar e avaliar o currículo em

integração com outros profissionais da Educação e integrantes da

Comunidade;

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

39

III – supervisionar o cumprimento dos dias letivos e horas/aula estabelecidos

legalmente;

IV – velar o cumprimento do plano de trabalho dos docentes nos

estabelecimentos de ensino;

V – assegurar processo de avaliação da aprendizagem escolar e a

recuperação dos alunos com menor rendimento, em colaboração com todos os

segmentos da Comunidade Escolar, objetivando a definição de prioridades e a

melhoria da qualidade de ensino;

VI – promover atividades de estudo e pesquisa na área educacional,

estimulando o espírito de investigação e a criatividade dos profissionais da

educação;

VII – emitir parecer concernente à Supervisão Educacional;

VIII – acompanhar estágios no campo de Supervisão Educacional;

IX – planejar e coordenar atividades de atualização no campo educacional;

X – propiciar condições para a formação permanente dos educadores em

serviço;

XI – promover ações que objetivem a articulação dos educadores com as

famílias e a comunidade, criando processos de integração com a escola;

XII – assessorar os sistemas educacionais e instituições públicas e privadas

nos aspectos concernentes à ação pedagógica.

Desta forma pode-se dizer que o Supervisor Escolar possui funções

técnicas, administrativas, sociais.

3.3.1. Função Técnica

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

40

• Investigar a realidade educacional;

• Planejar, cooperativamente, o trabalho de supervisão a realizar;

• Orientar e coordenar o trabalho docente quanto a:

Ø interpretação e aplicação de programas;

Ø uso de métodos e materiais de ensino;

Ø avaliação do trabalho escolar.

• Capacitar professores quanto:

Ø à construção do conhecimento;

Ø às aplicações das técnicas de estudo;

Ø a organização e desenvolvimento da comunidade.

• Promover a aplicação dos princípios das relações humanas e nas atividades de

trabalho;

• Promover o aperfeiçoamento sistemático dos docentes em serviço, através de

cursos, boletins e outras técnicas adequadas.

3.2.2. Função Administrativa

• Organização da escola, das aulas e dos serviços auxiliares;

• Organização e distribuição do calendário escolar;

• Aquisição, distribuição e uso dos utensílios escolares;

• Organização e manutenção dos arquivos escolares;

• Manutenção de registros estatísticos;

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

41

3.2.3. Função Social

• Estabelecer boas relações humanas com docentes, alunos, comunidade

interna e externa;

• Promover e ajudar na elaboração de melhoria comum.

• Estimular a organização de centros e associações que contribuam para o

desenvolvimento da comunidade;

• Ajudar na formação de uma consciência quanto a direitos e deveres;

• Ajudar na formação de uma consciência quanto ao justo e injusto;

• Ajudar na construção de uma sociedade mais livre e mais justa.

3.4 - Principais Competências do Supervisor Escolar

Segundo Mendes (1985), a ação supervisora deve assumir um caráter

praxiológico, capaz de alterar, positivamente, o processo educativo. Essa ação

deverá ser marcada pelo processo participativo, promovendo o

desenvolvimento da autonomia, da integração e da responsabilidade. Para tal,

dentro desse processo, o diálogo torna-se indispensável. A prática supervisora

nesse modelo é marcada por:

• Ideias norteadoras ao processo de participação;

• Confiança na capacidade das pessoas;

• Fortalecimento da autonomia e da criatividade;

• Envolvimento global com o processo educativo;

• Busca de uma ação solitária;

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

42

• Utilização de uma comunicação circular, preferencialmente à comunicação

horizontal;

• Inserção no contexto sociocultural da comunidade.

Como elemento integrante e integrador de seu grupo de trabalho, o

Supervisor procura manter uma rede de relações interpessoais e o

estabelecimento de objetivos comuns dentro de uma comunicação satisfatória

de significados e conceitos. Com isso, oportuniza a formação e o fortalecimento

do sentimento de nós que, por sua vez, possibilita o consenso expresso pela

solidariedade e interação, capazes de superar os conflitos substancias,

valorizar a contribuição de cada um e atender às necessidades do grupo.

Cabe à Supervisão ser mediadora no processo de avaliação do currículo

– caminho pelo qual é selecionado o conjunto de possibilidades de transações

de aprendizagem, incluindo o ambiente total, a relação professor-aluno, o

conteúdo cultural que deve ser político e problematizador e organizado em

forma de atividades interdisciplinares, centradas na pessoa e nas suas

necessidades emergentes, na busca da libertação.

O Supervisor tem uma contribuição específica importante a dar no

processo ensino-aprendizagem: a de assessorar o professor no campo das

variáveis psicossociais e político-administrativas que interferem na relação

professor/aluno.

Outro aspecto importante da competência do Supervisor no trabalho

pedagógico é promover a integração /articulação de todo o currículo, a fim de

que o processo educativo se desenvolva não de forma compartimentada, mas

integrada e articulada. Horários, condições físicas, apoio logístico, contatos,

negociações, todas essas condições são necessárias, a fim de que professores

e especialistas possam empregar o melhor dos seus esforços para o êxito do

processo ensino-aprendizagem. E para que tudo isso seja possível, é

indispensável à ação de um profissional que, além de possuir competência

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

43

política, humana e técnica, disponha também de um tempo necessário para

tornar essa integração/articulação possível. Esse profissional é o pedagogo

supervisor.

Há três dimensões que caracterizam a Supervisão: a pedagógica, a

administrativa e a política. É pedagógica, quando contribui para melhorar o

processo ensino-aprendizagem por meio de ações de planejamento,

orientação, execução, acompanhamento e avaliação. Enquanto administrativa,

contribui para a viabilização desse processo, por meio de ações de

coordenação e articulação de recursos e meios que visem à integração da

comunidade escolar e à otimização de seus serviços. É política, quando

trabalha com valores e objetivos que fundamentam as ações referidas,

direcionando-as, conforme a filosofia e a política da escola, para mudanças no

processo para qualidade da educação.

É tarefa do supervisor criar um ambiente no qual os professores possam

contribuir, com toda a extensão se seus talentos, para a consecução dos

objetivos da escola, descobrindo os recursos criativos dos mesmos. É ainda

tarefa encorajar os professores a real participação em todo o processo

educativo de forma significativa, criativa e responsável. Para tanto, é

indispensável à participação de um supervisor competente, sob o ponto de

vista político, humano e técnico.

É indispensável que o Supervisor entenda que o espaço por ele ocupado

na escola não lhe garante privilégios pelo fato de não estar regendo classe. Ao

contrário, atribui-lhe um trabalho amplo na escola, envolvendo a ação do

professor, o anseio da comunidade e o desejo dos alunos. Esta ação requer do

Supervisor habilidades e conhecimentos para participar. Ao mesmo tempo, ele

deverá possuir grande sensibilidade para registrar e indicar os materiais

sempre novos que encaminham a uma dinâmica contínua de reflexão sobre a

prática educativa carregada de heranças que os próprios professores e demais

componentes da comunidade educativa trazem.

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

44

O Supervisor Escolar é aquela pessoa que sabe ver além das evidências

do cotidiano, colocando-se em diferentes ângulos para ver várias e muitas

facetas da realidade específica da Educação e a realidade mais ampla do

mundo, procurando estudá-las, confrontá-las e aprofundá-las pelo estudo,

diálogo, num processo de ação-reflexão-ação que alimenta continuamente a

caminhada de toda a comunidade educativa, em vista da construção de

pessoas – sujeito da própria história.

Enfim, compete ao Supervisor Escolar trabalhar junto com os corpos

docentes e discentes, no sentido de tornar dinâmica a proposta pedagógica

assumida e vivenciada por todos os participantes da escola. Todo o Serviço de

Supervisão Escolar deve ter desempenho participativo, articulando de forma

organizada, em torno dos propósitos e da filosofia da escola.

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

45

CONCLUSÃO

Avaliação e aprendizagem são indissociáveis e pressupostos básicos

para o sentido da vida. Através da avaliação, o processo vai ser redirecionado.

No entanto, isso só acontecerá se ela for feita durante todo o processo.

A característica que, de imediato se evidencia na nossa prática educativa é que a avaliação da aprendizagem ganhou um espaço tão amplo nos processos de ensino, que nossa prática educativa escolar passou a ser direcionada por uma pedagogia do exame. (LUCKESI,1984, p.56)

O objetivo do estudo foi compreender e perceber a importância da

avaliação no processo ensino/aprendizagem para a construção do

conhecimento. Estudo no qual será realizado com professores do Ensino

Fundamental I em escola da rede particular de ensino do município do Rio de

Janeiro e conclui-se que é preciso fazer da avaliação um verdadeiro

instrumento de pilotagem das aprendizagens. Fazer com que os professores

estejam cada vez mais preparados para compreender os obstáculos e as

resistências às aprendizagens, para avaliar de forma mais precisa tanto as

aquisições quanto as maneiras de aprender.

O problema que norteou o estudo foi: como estabelecer estratégias e

instrumentos para que ocorra o processo de aprendizagem? E tendo como

hipótese para esta questão que encontrar respostas para as questões de

avaliação não é uma tarefa simples e fácil, mas é importante compreender os

desdobramentos, os usos e significados atuais do processo avaliativo,

buscando perspectivas que não visem apenas à verificação do rendimento

escolar no âmbito escola, mas em um nível maior com vistas à superação do

fracasso escolar.

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

46

Desta forma, observa-se que a hipótese é verdadeira, porque como foi

estudado é importante conhecer e reconhecer a historicidade dos educandos e

dos educadores é comprometer-se em regatá-la, como referência para

elaboração do trabalho pedagógico e, consequentemente, do processo

avaliativo.

Observa-se então que o estudo apresentou o processo histórico da

avaliação, onde se pode concluir que é importante que a avaliação seja uma

reflexão de um resultado para que o professor possa fazer a comparação e

estabelecer relações entre os resultados.

O que avaliar? Conhecimento, participação, esforço, comportamento,

relacionamento, o crescimento do aluno. Tal procedimento pode trazer

problemas para o processo. Se o objetivo da escola é o ensino-aprendizagem,

é a partir dela que se deve pensar na totalidade de outras ações. O caminho

talvez seja avaliar o processo de construção do conhecimento do educando e,

a partir daí, avaliar as outras dimensões do contexto.

Como avaliar? Está ligado ao Projeto Político Pedagógico (PPP), aos

planos de estudo e à metodologia da escola e do próprio professor. Vários são

os instrumentos que devem estar sendo aplicados de forma diversificada e

complementar.

Para que avaliar?Avaliar para tomar decisões?

A atividade escolar desenvolve-se num clima de avaliação, o diretor

avalia o professor e é avaliado por ele. O professor avalia o aluno e é avaliado

por ele. Os pais avaliam a escola e os funcionários, por sua vez, são avaliados

por todos. Há certa reciprocidade e outra certa hierarquia. Neste emaranhado,

a avaliação torna-se o centro. É em nome dela que o aluno vai ou não para a

escola, faz ou não a tarefa, comporta-se dessa ou daquela, maneira. Os pais

também caminham em função de como está à avaliação do filho na escola, os

Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

47

professores a utilizam como forma de controle de disciplina, da execução das

tarefas.

Conclui-se também que a avaliação é uma porta aberta, através da qual

podemos entrar e alterar o nosso fazer pedagógico, tornando-se um

significativo instrumento, se conduzida de forma técnica e científica, em prol do

desenvolvimento do educando.

A pesquisa também apresenta formas e estratégias de avaliação e

conclui-se que a nova perspectiva de avaliação é abrangente e centrada no

que os estudantes produzem, demonstraram e expressam em diferentes

momentos, utilizando-se de instrumentos cuidadosamente elaborados que

possibilita obter resultados que ajudem professor e aluno a demonstrarem o

quer conseguiram ensinar e aprender. Concluí-se também que o papel principal

da avaliação é ajudar o aluno a se autoavaliar, aperceber suas falhas, seus

pontos fortes e através de uma reflexão conjunta, aprender a se autoconhecer,

a buscar novos caminhos para a sua realização. Os momentos avaliativos

devem ser convertidos em momentos de aprendizagem, de estímulos para a

busca de novos conhecimentos, em momentos de satisfação mútua entre

professor e aluno.

O Supervisor Escolar deve também ser um participante ativo desse

processo, ele influencia diretamente no dia a dia de educadores e educandos.

Saber mediar às práticas do professor não é tarefa fácil, exige do supervisor

uma avaliação sistematizada e constante da atuação dos docentes dentre

outras questões. Sendo assim, conclui-se que o Supervisor Escolar compete

fazer a leitura dos percursos de vida institucionais, provocar a discussão e a

negociação de ideias, promover a reflexão e a aprendizagem em equipe,

organizar o pensamento e a ação do coletivo das pessoas como indivíduos.

Um supervisor deve estar disposto a aprender o tempo todo, a pesquisar, a

investir na própria formação utilizando a criatividade, a inteligência, a

sensibilidade e a capacidade de interagir com outras pessoas que estejam ao

Page 49: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

48

seu redor. Pode-se concluir também que a responsabilidade do Supervisor

Escolar vai além da sala de aula, ele deve colaborar na articulação entre escola

e comunidade.

O encerramento desta pesquisa apenas abre ainda mais a discussão

sobre a temática tão importante para professores e Supervisores Escolares.

Desta forma, espera-se ter contribuído com um estudo tão importante no

âmbito escolar entre profissionais de Educação onde desejam que seus alunos

cresçam cada dia e se desenvolvam em todas as suas potencialidades de

maneira correta.

Page 50: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARLOW, M. Avaliação escolar: mitos e realidades. Porto Alegre: Artmed,

2006.

CASTILHOS, Maria Teresinha de Jesus. Avaliação escolar: contribuições do

direito educacional. Rio de Janeiro: Wak, 2000

ESTEBAN, Maria Teresa (org). Avaliação: uma prática em busca de novos

sentidos. – 2.ed. – Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

FERREIRA, Aurélio. Dicionário Básico da Língua Portuguesa. Rio de

Janeiro: Nova Fronteira, 1995, p.304.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática

educativa. 26. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.

HADJI, Charles. Avaliação desmistificada. Porto Alegre: Artmed, 2001.

HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto

Alegre: Mediação, 2002

___________, Jussara. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva

construtivista. Porto Alegre: Mediação, 2003.

___________, Jussara. Pontos e contrapontos: do pensar ao agir em

avaliação. Porto Alegre: Mediação, 1998.

___________, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção

da pré-escola à Universidade. 8. ed. Porto Alegre : Mediação, 1996.

Page 51: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

50

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem. São Paulo: Cortez,

1995.

MACEDO, Lino de. Ensaios Pedagógicos: como construir uma escola para

todos. Porto Alegre: Artmed, 2005.

MEDEIROS, M.F. Nove olhares sobre a supervisão. Campinas, SP: Papirus,

1997.

MORETTO, Vasco Pedro. Prova - um momento privilegiado de estudo - não

um acerto de contas. 5.ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.

PERRENOUD, Philippe. Avaliação dialógica: desafios e perspectivas. 3. ed.

São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2001.

RANGEL, Mary. Supervisão Pedagógica – princípios e práticas. São Paulo:

Papirus, 2001.

__________, Mary. Nove Olhares sobre a Supervisão. São Paulo: Papirus,

2003

SORDI, Maria Regina de. A prática de avaliação do ensino superior: uma

experiência na enfermagem. São Paulo: Cortez/PUCCAMP, 1995.

SOUZA, Clarilza Prado de. Avaliação do rendimento escolar. Campinas, São

Paulo: Papirus, 1991.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação da Aprendizagem: Práticas

de Mudança – por uma práxis transformadora. 5ª ed. São Paulo: Libertad,

2003.

Page 52: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

51

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar? Porto Alegre: Artmed,

1998.

Page 53: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

52

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I 10

TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO 10

1.1 - Processo Histórico da Avaliação 10

1.2 - Lei de Diretrizes e Bases e a Avaliação 11

1.3 - O que é avaliar? 14

1.4 - Como avaliar? 16

1.5 - Por que avaliar? 17

1.6 - A quem avaliar? 18

1.7 - O que avaliar? 19

1.8 - Quando avaliar? 21

CAPÍTULO II 22

FORMAS E ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO 22

2.1 - O que é avaliação 24

2.2 - Modalidades da avaliação 26

2.2 – Diagnóstica 26

2.2.2 – Formativa 27

2.2.3 – Somativa 27

Page 54: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros, onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando

53

2.3 - Funções da avaliação 27

2.3.1 - Função diagnóstica 28

2.3.2 - Função formativa 28

2.3.3 - Função classificatória 28

2.4 - Avaliando Competências 29

2.5 - Estratégias de avaliação 30

2.6 - Nota ou Conceito? 32

CAPÍTULO III 34

PAPEL DO SUPERVISOR 34

3.1 - Conceituando Supervisão Escolar 34

3.2 - Breve Histórico da Supervisão 34

3.2.1 - Histórico da Supervisão Escolar no Brasil 36

3.3 - Atribuições e Deveres do Supervisor Escolar 38

3.3.1 - Função Técnica 40

3.3.2 - Função Administrativa 40

3.3.3 - Função Social 41

3.4 - Principais Competências do Supervisor Escolar 41

CONCLUSÃO 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49

ÍNDICE 52