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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A IMPORTÂNCIA DA ARTETERAPIA COMO RECURSO EFICAZ CONTRA A TIMIDEZ Por: Michelle da Silva Ramalho Ribeiro Orientador Profa. Ms. Fátima Alves Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA ARTETERAPIA COMO RECURSO EFICAZ

CONTRA A TIMIDEZ

Por: Michelle da Silva Ramalho Ribeiro

Orientador

Profa. Ms. Fátima Alves

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA ARTETERAPIA COMO RECURSO EFICAZ

CONTRA A TIMIDEZ

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Arteterapia em Educação e

Saúde.

Por: .Michelle da Silva Ramalho Ribeiro

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AGRADECIMENTOS

Aos amigos e colegas, pelo incentivo e

pelo apoio constantes.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho monográfico ao meu

filho e a todos que direta ou indiretamente

contribuíram para o meu crescimento.

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RESUMO

O presente trabalho procura mostrar a importância do Teatro como

recurso Arteterapêutico na Educação. O contato com a linguagem teatral na

escola ajuda crianças e adolescentes a perderem, continuamente, a timidez, a

desenvolver e priorizar a noção de grupo. A timidez é uma contenção da

expressão. Sem a expressão, inviabilizamos nossa capacidade de comunicar.

O Teatro é um instrumento eficaz na utilização da arte como terapia e como

meio de exercitar a expressão, a auto-estima. O tema escolhido se justifica,

portanto, por ser o Teatro uma atividade que tem como instrumento de

trabalho o ser humano e a expressão de suas emoções.

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METODOLOGIA

A metodologia empregada neste trabalho é a pesquisa bibliográfica. A

leitura de livros, revistas, relatórios, e outros documentos, inclusive de fontes

digitais que auxiliaram na execução desta monografia que trata a respeito da

importância do Teatro no contexto arteterapêutico, atuando como ponte para

promover a qualidade de vida dos alunos.

Os principais autores utilizados na realização deste trabalho foram Viola

Spolin, Irene Arcuri, Selma Ciornai,Giovanna Axia, Maria Almeida, Cecília

Cristina, Jiddu, Lucia Moysés, Francis Wilker, Ana Maria, Ricardo Ottoni.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Arteterapia 11

CAPÍTULO II - Aspectos Teóricos da Timidez 21

CAPÍTULO III – Medo na Timidez 33

CAPÍTULO IV – Teatro na Educação 38 CONCLUSÃO 52

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 54

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ÍNDICE

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INTRODUÇÃO

O Teatro como recurso Arteterapêutico na Educação auxilia o aluno a

buscar um diálogo interno com suas emoções, transformando e atribuindo

novos significados a sua vida.

Dentro da Arteterapia, o Teatro é a forma mas completa, pois une a

música e a dança.

Segundo o PCN Artes o Teatro no ensino fundamental proporciona

experiências que contribuem para o crescimento integrado dos alunos sobre

vários aspectos. No plano individual, o desenvolvimento de suas capacidades

expressivas e artísticas, a desinibição, rapidez de pensamento, o falar em

público, a impostação da voz e do corpo. No plano do coletivo, o teatro

oferece, por ser uma atividade grupal, o exercício das relações de cooperação,

diálogo, respeito mútuo, reflexão sobre como agir com os colegas, flexibilidade

de aceitação das diferenças e aquisição de sua autonomia como resultado do

poder agir e pensar sem ser pressionada.

O Teatro também ensina como expressar sentimentos, fazer e receber

críticas construtivas e elogios. Através da construção da personagem, jogos

dramáticos, técnicas de improvisação, dinâmicas de desinibição, e expressão

corporal a pessoa perde o pavor em ser o centro das atenções . Desta forma a

insegurança de falar em público diminui com o tempo.

Há uma série de impedimentos na vida de quem sofre de timidez. A

pessoa se priva de fazer uma série de atividades que acabam por limitar sua

vida em vários aspectos como social, profissional, econômico, e familiar.

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Utilizar o Teatro como ferramenta contra a timidez, faz com que a

pessoa conviva com as outras, treine habilidades sociais, comportamentais,

além da capacidade em comunicar-se.

As apresentações de seminários são temidas por muitos alunos.

Alguns são bastante tímidos, seja por insegurança ou por falta de preparo,

outros ficam nervosos diante da platéia, mesmo que seja apenas seus colegas

de turma. Esse é um dos motivos que leva as escolas a incluir o Teatro na

grade curricular.

As aulas de Teatro ajudam os alunos a perderem o medo de falar em

público. O Teatro é um caminho que se abre para os tímidos enfrentarem seus

medos e, invariavelmente, acabam por vencer a timidez. Assim sentem-se

livres para expor suas emoções perante o público.

O primeiro capítulo apresentará a definição de Arteterapia, seu

processo terapêutico e os benefícios que a Arteterapia pode proporcionar á

educação, sobretudo do equilíbrio emocional dos alunos. A escola figura como

um espaço facilitador dessa busca do auto-conhecimento é nela que devemos

iniciarmos a construção do indivíduo, enquanto cidadão.

No segundo capítulo, serão apontados as principais causas da timidez, como a timidez se manifesta e os sintomas. As causas da timidez ainda é

objeto de polêmica. Alguns defendem que os motivos são genéticos, outros

garantem que são aprendidos. A questão é que todas estas causas podem

provocar nos alunos condutas de inadaptação ou condutas problemáticas para

elas, para seu entorno, a sua evolução e sua personalidade.

O terceiro capítulo, buscaremos discorrer sobre os sintomas de

quando se está com medo e salientaremos a importância da auto-estima. A

confrontação com a situação social temida provoca sistematicamente a

ansiedade , a angústia, que pode assumir várias formas de transtornos,

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levando o aluno evitar falar em público por medo de ser criticado, desaprovado

ou rejeitado. Assim, o aluno considera-se socialmente incompetente, ou inferior

aos outros.

No capítulo quarto do presente estudo, apresentaremos uma breve

história do Teatro, a importância do Teatro e seus benefícios e os jogos

teatrais eficazes no processo arteterapêutico, enfatizando que existem outras

modalidades de Teatro que podem ter conotação terapêutica, como o teatro de

sombras, de marionetes, de fantoches e etc, e que o jogo não é a única forma

teatral a partir da qual o aluno possa se auto-conhecer e transformar sua

realidade.

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CAPÍTULO I

ARTETERAPIA

“ A condição humana deveria ser o objeto essencial de

todo ensino.”

( Edgar Morim, 2000, p.15 ).

Desde as épocas das cavernas, os seres humanos desenhavam

imagens, buscando representar, organizar e significar o mundo em que

viviam. No princípio surge a paixão inata do homem em construir um meio

de expressão de sua vida interior. A arte na vida do homem pré-histórico

manifesta-se como uma angústia cósmica com a necessidade de brincar

com os elementos plásticos que tinham ao seu alcance, ou, como

atualmente, do desejo de expressar em sinais, símbolos e representações o

território do inconsciente.

A arte surge com a necessidade de expressão do homem. Na pré-

história, com o pensamento do homem focado em sua relação com as

forças invisíveis da natureza e na busca do seu próprio sustento, a

representação artística era um meio para atrair, através de forças

misteriosas, a presença real no inanimado. Não é estranho então que o

homem recorra a símbolos nos seus primeiros passos artísticos. O uso

terapêutico das artes remonta às civilizações mais antigas.

“A arte pode ser uma força capaz de levar o homem

além do “vazio”. É uma linguagem capaz de estabelecer uma

conexão com a alma e é a única capaz de compreende-lá. A

arte devolve a liberdade à alma aprisionada pelo vazio, pelo

medo ou ainda pelos sentimentos que não têm nome. E ela

leva à concretização dos anseios da necessidade interior do

ser humano”.

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( Irene Arcuri, 2004, p. 30 )

1.1 – Definição de Arteterapia

Segundo Selma Arteterapia é o termo que designa a utilização de

recursos artísticos em contexto terapêuticos. Esta é uma definição ampla,

pois pressupõe que o processo do fazer artístico tem o potencial de cura

quando o cliente é acompanhado pelo arterapeuta, que com ele constrói

uma relação que facilita a ampliação da consciência e do auto-

conhecimento, possibilitando mudanças. É um campo de interface com

especificidade própria, pois não se trata de simples “fusão” de

conhecimentos de arte e de psicologia. Isso significa que não basta ser

psicólogo e “gostar de arte” ou ser artista arte-educador e “gostar de

trabalhar com pessoas com dificuldades especiais”. A formação em

arteterapia além das matérias de arte e psicologia necessárias, compreende

também um corpo teórico e metodológico próprios, que abrange

conhecimentos da história da arteterapia, conhecimento dos processos

psicológicos gerados tanto no decorrer da atividade artística como na

observação de trabalhos de arte, conhecimento das relações entre

processos criativos, terapêuticos dos diferentes materiais e técnicas,

conhecimento dos fundamentos teóricos e metodológicos da abordagem,

vivência pessoal e prática supervisionada.

( Selma Ciornai, 2004, p. 7,8 )

A Arteterapia é um caminho através do qual cada indivíduo pode

encontrar possibilidades de expressão para, através de técnicas e materiais

artísticos, processar, elaborar e redimensionar suas dificuldades na vida.

De acordo com Shirley citando Ciornai ( 1994, pag. 7 ) a Arteterapia é

o termo que designa a utilização de recursos artísticos em contextos

terapêuticos; Esta é uma definição ampla, pois pressupõe que o processo do

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fazer artístico tem o potencial de aura quando o cliente é acompanhado pelo

arteterapeuta experiente, que com ele constrói uma relação que facilita a

ampliação da consciência e do auto-conhecimento, possibilitando mudanças. É

um campo de interface com especificidade própria, pois não se trata de

simples “função” de conhecimentos de arte e de psicologia. Isso significa que

não basta ser psicólogo e “gostar de arte” ou ser artista arte-educador e “gostar

de trabalhar com pessoas com dificuldades especiais”.

Segundo a AATA - American Association of Art Therapy - Associação

Americana de Arteterapia:

A arteterapia baseia-se na crença de que o processo criativo envolvido na

atividade artística é terapêutico e enriquecedor da qualidade de vida das

pessoas. Arteterapia é o uso terapêutico da atividade artística no contexto de

uma relação profissional por pessoas que experienciam doenças, traumas ou

dificuldades na vida, assim como por pessoas que buscam desenvolvimento

pessoal.

( 2004, p. 8 )

Por meio do criar em arte e do refletir sobre os processos e trabalhos

artísticos resultantes, pessoas podem ampliar o conhecimento de si e dos

outros, aumentar sua auto-estima, lidar melhor com sintomas, estresses e

experiências traumáticas, desenvolver recursos físicos, cognitivos e

emocionais e desfrutar do prazer vitalizador do fazer artístico.

“ A arte é um produto de uma neurose que se encontra

sublimado; isto é, a arte adquire uma característica

defensiva bem sucedida de um conflito, que por sua

própria caracterização de foco de tensão, possibilita

uma adequação social ao ego”.

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Freud

Citado por URRUTIGARAY, ( 2003, p. 21 )

A arte seria, por sua própria identidade um agente de criatividade, que

é um agente propiciador subordinado à vontade egóica. Desse modo,

podemos perceber que a arte é explicada como sendo a manifestação de um

simples sintoma, e não um ato genuíno de criatividade.

A arte se vincula aos postulados de sua Psicologia Analítica, por

considerar suas configurações portadoras de conteúdos simbólicos, que são

originários do inconsciente como um receptáculo e matriz dos mesmos,

capazes de serem submetidos à investigações psicológicas.

( URRUTIGARAY, 2003, p. 22 )

Segundo Arcuri, o trabalho Arteterapêutico no Brasil, iniciou seu

desenvolvimento em hospitais psiquiátricos e em instituições na área de saúde.

Em 1923 Osório César começa a desenvolver estudos sobre a arte

dos alienados.Dizia que a arte por si só já era curativa e que o potencial criador

independia do grau de saúde mental dos pacientes.Dois anos depois cria a

“escola livre de artes plásticas” do hospital do Juqueri em São Paulo,

publicando “a arte primitiva dos alienados”. Em 1929 publica o seu mais

importante trabalho: “ a expressão artística nos alienados” ele realiza mais de

50 exposições para divulgar expressão artística de doentes mentais, sempre

procurando afirmar a dignidade humana desses pacientes, alem de valorizar a

técnica de arteterapia.A análise que fazia dos trabalhos artísticos dos doentes

mentais era dentro da abordagem freudiana. Usada como principal ferramenta

em seu trabalho como os psicóticos do juqueri, a espontaneidade, acreditando

que o fazer arte já curava por si só, por acessar o mundo interior.

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1.2 – O Processo Arteterapêutico

No processo arteterapêutico com o sujeito individualmente, ou com

grupos, desenvolvendo práticas, dinâmicas, vivências que valorizam a Arte em

todas as suas manifestações: pintura, escultura, música, desenho, teatro,

poesia, para uma avaliação mais confiável é necessário uma observação mais

contínua e considerar não apenas o fazer artístico do momento, mas o

percurso ao longo do processo, uma que, uma atividade, um desenho, uma

mandala, uma peça de argila traz uma atividade psíquica expressa no instante

em que foi realizada, é vezes apenas uma ponta do iceberg, a continuidade

traz informações, montando peça a peça do quebra cabeça da psique humana.

O processo arteterapêutico evidencia seus frutos à medida que o

indivíduo vai se conhecendo, se aceitando e aprendendo a lidar com seus

conteúdos interno permitindo um olhar para o outro, modificando e

aperfeiçoando seus relacionamentos,na construção de um ambiente saudável,

seja em sua equipe profissional, em sua família ou com o outro em geral.

1.3 – Os Benefícios da Arteterapia na Educação

Na visão de Fernanda ( acesso em 29 março 2012 ), entre os

benefícios que a arteterapia pode proporcionar àquele que se submete ao

processo arteterapêutico estão o autoconhecimento, já que o processo envolve

necessariamente a auto-expressão; a superação de obstáculos, a estimulação

da desinibição, que conduzem a uma sensação de integração com o mundo,

instigando à resolução de conflitos pessoais. O desenvolvimento da

criatividade, o que pode levar o indivíduo a ampliar esta capacidade para

encontrar saídas criativas para seus conflitos; e a aquisição da auto-estima,

através do aprimoramento proporcionado pela prática artística.

Consequentemente, ocorre um aperfeiçoamento na forma de comunicação do

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sujeito, consigo mesmo e com os grupos com que interage: família, escola,

lazer.

1.4 – Expressão Corporal

A linguagem corporal, a mais primitiva forma de comunicação entre os

animais. Ele sinaliza intenções, mostra emoções,assume atitudes, faz mil

gestos e mil caras. A linguagem corporal dá pistas sobre o humor da pessoa,

suas intenções ao dar uma informação e até alguma mentira. E mesmo quem

não conhece os significados de cada postura percebe certas inconsistências

no discurso pela maneira como a pessoa se coloca para o público.

A linguagem corporal corresponde a todos os movimentos gestuais e

de postura que fazem com que a comunicação seja mais efetiva e apurada. A

gesticulação foi a primeira forma de comunicação. Com o aparecimento da

palavra falada os gestos foram tornando-se secundários, contudo eles

constituem o complemento da expressão, devendo ser coerentes com o

conteúdo da mensagem.

A expressão corporal é fortemente ligada ao psicológico, traços

comportamentais são secundários e auxiliares. Geralmente é utilizada para

auxiliar na comunicação verbal, porém, deve-se tomar cuidado, pois muitas

vezes a boca diz uma coisa, mas o corpo fala outra completamente diferente.

A linguagem do corpo é o reflexo do estado emocional da pessoa.

Cada gesto ou movimento pode ser uma valiosa fonte de informação, sobre a

emoção que a pessoa sente num determinado momento.

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A linguagem corporal vem desde os nossos parentes antropológico.E

até hoje nos explicam os significados real dos gestos que usamos no nosso

dia-a-dia, que nos permite através da linguagem corporal, a interpretar e

entender melhor as situações, nos ajuda identificar sinais de abertura e agir de

forma adequada aos nossos objetivos.

O corpo e a mitologia:

Segundo a mitologia grega, quem criou o homem foi Prometeu (deus

grego, sobrinho de Zeus, pai de todos os deuses). Querendo povoar a terra

com criaturas dotadas de espírito, Prometeu criou o homem do barro. Seu

corpo foi modelado à imagem e semelhança dos deuses do Olimpo.

Essa explicação predominou durante mil anos na história das mais

diversas civilizações. O corpo fazia parte da natureza e os homens eram

dependentes dos desígnios divinos. Os primeiros registros de uma outra

concepção de homem, dissociando corpo de espírito foram identificados na

Idade Média, mas foi na Modernidade que se iniciou um processo de

afastamento entre o ser humano e a natureza, destacando-se neste período

um interesse pelo corpo.

Esse distanciamento entre corpo e natureza foi ampliado ainda mais

no século XX. Hoje,cada vez mais, os corpos têm sido solicitados e enfatizados

na sociedade e na cultura.

A partir do início século XX no Brasil, foram incluídos conhecimentos

como a música, o teatro, as brincadeiras, as danças e os jogos, entre outros

temas da cultura. No entanto, esses conhecimentos culturais não foram

introduzidos nas escolas para nutrir a expressão humana e cultural, mas como

um instrumento de adequação a hábitos e comportamentos considerados

necessários à educação das crianças. Ou seja, pretendia-se educar as

crianças nas boas maneiras e para isso foram incluídas cadeiras para higiene

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e escrita (imposição da letra vertical), trabalhos manuais (para educar as

mãos). Ao longo da história, várias práticas foram introduzidos nas escolas

tendo como objetivo o controle e a disciplina das crianças, produzindo uma

relação em que o corpo e sua expressividade foram totalmente

desconsiderados como fonte de prazer, cultura e aprendizagem.

Os corpos, em todo tempo e lugar, são submetidos a formas e

processos que vão condicionando nossas relações, nossas experiências e

nossas maneiras de estar no mundo e nos apropriarmos dele.

1.5 – O Corpo na Arteterapia

Segundo Arcuri o trabalho corporal tem presença marcante e

fundamental em nossa prática arteterapêutica. Afinal, nosso corpo

sente,recebe,vivencia,transforma em ação e em movimento cada toque

( Irene Arcuri, 2004, p.13 )

“O simbolismo do corpo pode ser mediado pela

arteterapia, e, desta forma, os conteúdos desconhecidos

(inconscientes ) têm a possibilidade de vir à consciência.

Aprender a ler as mensagens que nosso corpo nos traz

é como aprender a interpretar os sonhos. As mensagens

do corpo são como as mensagens oníricas,

inconscientes, presentes mas desconhecidas, e assim

como nos sonhos, vão-se desvendando, descobrindo e

sendo percebidas.Olhar o corpo deve ser como olhar os

sonhos; os dois são canais importantes no

desenvolvimento da conexão interior. Desenvolver esta

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percepção possibilita a compreensão da realidade

psíquica”.

( Irene Arcuri,2004, p. 27, 28 )

Pela linguagem do corpo, você diz muitas coisas aos outros. E eles

têm muitas coisas a dizer pra você. Também nosso corpo é, antes de tudo,

um centro de informações para nós mesmos.

A grande maioria das pessoas ignora a existência da linguagem do

corpo quando se relacionam. Gestos, olhares, posições do corpo, etc.

comunicam normalmente a verdade que as palavras não conseguem dizer,

eles fazem parte da linguagem do inconsciente e as palavras da linguagem

do consciente.

Então, podemos perceber que o conhecimento da linguagem não

verbal é imprescindível para quem deseja harmonia nas relações com as

pessoas, em seus encontros, em entrevistas e apresentação em público,

etc.

Pesquisas feitas por cientistas não-verbalistas mostram a estimativa

da proporção verbal/ não verbal do comportamento, e concluiu que 55% da

mensagem é transmitida via linguagem corporal, corpo, olhos, mãos, braços,

pernas, dedos (expressão e gestos). Ainda, segundo o mesmo estudo, o

tom de voz, inflexão ( a maneira como fala) é responsável por 38% e as

palavras ( o que a pessoa diz) por 7%.

De acordo com o livro “ O Corpo Fala”, o corpo humano é dividido em

três partes: Águia (cabeça- controle e inteligência), Leão (tórax- emoção) e

Boi (abdômen- desejos instintivos). Então, uma pessoa com a cabeça

(controle) baixa, curvada para frente (tórax e abdômen reprimidos), passa

uma imagem de submissão, são tímidas,retraídas ou que naquele momento

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se sentem dominadas pela situação. Ao contrário, cabeça ereta e coluna

reta mostram que você é uma pessoa segura de si.

( 1986, p. 10 )

Na linguagem corporal, nenhum gesto deve ser lido isoladamente, pois

só terá sentido quando somando aos demais gestos e, juntos, apontarem

uma congruência da comunicação corporal.

Quando aprendemos a prestar atenção em nossa linguagem corporal e

a interpretar corretamente a dos outros, passamos a ter maior controle

sobre as situações, pois podemos identificar sinais de abertura, de tédio, de

atração ou de rivalidade e agir de forma adequada aos nossos objetivos.

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CAPÍTULO II

ASPECTOS TEÓRICOS DA TIMIDEZ

“Escolhemos viver ou não, estar integrados à

natureza, mas deveríamos... porque ela está no

meio de todas as coisas. Somos esta natureza. A

integração com ela tem o objetivo de que

entendamos os seus mecanismos. E através dela, a

natureza ( porque também somos ela ), vamos

compreender o que está acontecendo conosco”.

( Maria Almeida, 2010, p. 10 )

Podemos definir a timidez como o desconforto e a inibição em

situações de interação pessoal que interferem na realização dos objetivos

pessoais e profissionais de quem a sofre. Caracteriza-se pela obsessiva

preocupação com as atitudes, reações e pensamentos dos outros. Manifesta-

se através de conjunto de sinais e sintomas como cognitivos,

afetivos,fisiológico e comportamentais. A timidez aflora geralmente, mas não

exclusivamente, em situações de confronto com a autoridade, interação com

algumas pessoas: contato com estranhos e ao falar diante de grupos - e até

mesmo em ambiente familiar.

Existem dois tipos de timidez:

a) Timidez situacional: a inibição se manifesta em ocasiões específicas, e

portanto o prejuízo é localizado (por exemplo: a pessoa interage bem com a

autoridade e pessoas do sexo oposto, mas sente vergonha de falar em

público);

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b) Timidez crônica: a inibição se manifesta em todas as formas de convívio

social. A pessoa não consegue fazer amigos e falar com estranhos, intimida-se

diante da autoridade, tem medo de falar em público etc.

c) Timidez ´´Proposital``: Um termo designado a Misantropia.Neste caso a

timidez vira um ``Sociopatismo enrustido``.Seria um radicalismo na timidez,

`isolação social é pouco`.Um tímido legítimo tem vergonha de si mesmo, um

misantropo tem vergonha da sociedade e por isso não se socializa. Um

misantropo quer ser anti sociável e por causa disto se conhecer algum jamais

tente fazer amizades, seja direto e jamais fale sobre mediocridades.

( Wikipédia, 2011, p.1 )

Segundo Giovanna, a timidez é

considerada sob o ponto de vista principalmente

biológico é definida como propensão a sentir muito

medo diante das pessoas que não se conhece e em

situações sociais pouco familiares. Devemos levar

em consideração a existência de três elementos do

problema: o indivíduo, o ambiente e os processos de

mediação indivíduo-ambiente, que podem ser

resumidos pelo conceito de adaptação à cultura a

que ele pertence. O ponto de vista biológico nos leva

a prestar atenção ao fato de que os processos

psicofisiológicos e psicológicos submetidos à timidez

pertencem integralmente ao patrimônio universal da

humanidade e, de modo mais geral, do mundo

animal. A timidez, aqui, é considerada como uma

variante absolutamente normal da condição

humana, uma variante que tem um forte valor de

sobrevivência em certas circunstâncias.

( Giovanna Axia, 2003, p. 7, 8 )

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A timidez é um padrão de comportamento em que a pessoa não

exprime (ou exprime pouco) seus pensamentos e sentimentos e não interage

ativamente. Embora não comprometa de forma significativa a realização

pessoal, constitui-se em fator de empobrecimento da qualidade de vida.

Aliás, quando em grau moderado, todos os seres humanos são, em

algum momento de suas vidas, afetados pela timidez, que funciona como uma

espécie de regulador social, inibidor dos excessos condenados pela sociedade

como um todo, ou micro-sociedades.

A timidez era vista como uma reação humana normal e útil,

funcionando como um mecanismo de defesa que permite à pessoa avaliar

situações novas através de uma atitude de cautela e busca de resposta

adequada para determinada situação. A timidez, antes considerada uma

característica pessoal tão imutável quanto a cor dos olhos, hoje é vista como

um distúrbio que nos casos mais incômodos precisa e pode ser tratada.

De acordo com Maria, tímido é aquele que está sempre nos cantos,

torcendo para que ninguém o veja, mas estrategicamente posicionado para ver

a todos: se ouve seu nome, o coração dispara, a face fica avermelhada, as

pernas ficam bambas, a voz sai trêmula... Corpo e mente parece trabalhar em

favor da ausência de qualquer comportamento que seja diferente de fugir ou se

esconder, com medo de que alguém possa estar descobrindo os defeitos que

ele conhece bem em si ( mesmo que existam apenas na sua fantasia ). O

tímido no senso comum é visto como um “coitado” que vive perdendo

oportunidades e vive se lamentando tendo dó de si... O tímido é vaidoso, quer

ter sempre sucesso frente ao mundo, que não se permite errar, que não tolera

frustração e vive em busca de aprovação. Pessoa vunerável, que precisa da

admiração de todos, e por mais que o outro o trate bem, ele precisa acreditar

que não estão pensando mal dele. O tímido sempre acha que sabe o que o

outro está pensando e sempre é contra ele. Tentando passar uma imagem de

perfeição, veste um personagem de acordo com o que acha que é mais

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aceitável para o outro. Morre de medo de ousar e não ser aprovado pelo

outro... Vive no delírio de que é a pessoa mais importante do mundo porque

todos sempre o estão observando, julgando e analisando o seu modo de vestir,

seu modo de falar e se portar.

( Maria Almeida, 2010, p. 7, 8 )

Segundo a revista Veja 20% das pessoas nascem tímidas. A medicina

sabe também que da legião de inibidos cerca de 2% vão desenvolver ao longo

da vida a forma aguda de timidez chamada fobia social. O tímido vive

perdendo, de oportunidades a dinheiro. Pesquisas revelam que eles ganham,

em média, 10% menos que a média dos assalariados que não são

prejudicados pela inibição. Sabe-se ainda que os tímidos evoluem mais

vagarosamente na carreira, são menos instruídos e têm até mais tendência a

sofrer de alergias. A hereditariedade tem um papel nesse campo. Pais tímidos

geram filhos tímidos. Mas crianças tímidas nem sempre se transformam em

adultos inibidos.Um estudo feito pela Universidade Harvard, mostrou que 70%

das crianças com alto grau de timidez superam o problema antes de atingir os

7 anos com ou sem tratamento – ainda que conservem um temperamento mais

tranquilo e submisso. Os especialistas recomendam aos pais que estejam mais

atentos aos filhos tímidos na adolescência. Isso porque, segundo as

estatísticas, é entre os 15 e os 18 anos que a timidez crônica controlável pode

mais facilmente transformar-se em fobia social – aquela doença que exige

tratamento com remédio. A adolescência é sempre um período de maior

instabilidade, em que as fragilidades afloram.

( Revista Veja, 1999, p. 1 )

2.1 – Principais Causas da Timidez

As causas da timidez são múltiplas. Entretanto, excetuando-se possíveis fatores genéticos, pode-se dizer que a timidez resulta de um

processo. Esse processo pode ser explicado de diversas formas:

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Pai ou um dos pais porta Timidez - A percepção depreciada de si

mesmo o faz depreciar ou não confiar no filho.

Pais ou um dos pais muito agressivo - Isso faz com que o filho tenha

uma visão dos outros como potencialmente hostis.

Experiências de humilhações silenciosas ou públicas - Isso corrói o

"eu" ou produz distorções do "eu" que está se desenvolvendo.

Familiares críticos - Algumas famílias têm uma cultura muito crítica.

Essa postura pode ser velada ou aberta, direta (dirigida para dentro dela

mesma) ou indireta ( críticas dirigidas a pessoas de fora ).

Problemas familiares que causem vergonha - É comum as crianças ou

adolescente sentirem-se envergonhados durante um processo de separação

dos pais, por exemplo. Isso pode ser superado em pouco tempo ou pode

permanecer como uma forma de auto-depreciação. Problemas familiares de

outra natureza podem também causar esse dano.

Famílias afetivamente frias - Famílias que não exprimem os

sentimentos ou os exprime muito pouco, principalmente os sentimentos de

carinho e alegria pelas realizações de alguém do grupo. Elas podem contribuir

indiretamente para a timidez, na medida que isso não ajuda a desenvolver uma

percepção pessoal de capacidade de realização, de competência, de ser

capaz de ser amado, de ser estimado, de ser respeitado pelos outros.

( Wikipédia, 2011, p. 1 )

A causa da timidez é essencialmente o medo do desconhecido, o

medo do que pode acontecer no futuro. O tímido tem dúvidas sobre a sua

capacidade de ter sucesso, medo de fracassar e sofrer com isso. Alguns

questionam até sua capacidade de manter o sucesso obtido e, para evitar o

risco de fracasso e sofrimento, preferem nem tentar vencer. A timidez pode

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levar o indivíduo à apatia, a viver uma vida reclusa e ausente do meio

ambiente.

2.2 – Como a Timidez se Manifesta

A timidez manifesta-se no corpo, no comportamento, nos

pensamentos e sentimentos do indivíduo.

Corpo: boca seca, taquicardia, rubor, suor excessivo, tremor, dor de

cabeça, mãos frias, são algumas das reações corporais.

Comportamento: evitar falar, dificuldade de olhar, falar baixo, agitação

de dedos, pernas e pés, gagueira, silêncios, roer unhas e gesticular menos.

Pensamentos: os tímidos pensam que os outros são mais importantes

do que ele, subestimam sua competência, ficam excessivamente conscientes

dos próprios atos, superestimam as consequências de suas ações,

principalmente as que consideram inadequadas e se autopunem com

frequência.

Sentimentos: medo, vergonha, apreensão, rejeição, auto-estima baixa.

Consequências:

• Dificuldade para iniciar e manter conversas com estranhos, dificultando

a realização de vínculos de amizade ou amorosos.

• Dificuldade de expressar sentimentos.

• Dificuldade para escolher uma carreira.

• Dificuldade para fazer marketing pessoal e ascender na

profissionalmente.

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• Dificuldade para apresentar trabalhos e participar de discussões em sala

de aula ou no ambiente de trabalho.

• Dificuldade para falar em público

Segundo Giovanna, o tímido experimenta uma

forte sensação de medo quando se trata de interagir

com outras pessoas, sobretudo com pessoas que

não se conhece. O principal problema da pessoa

tímida é que essa forte sensação de medo não pode

ser simplesmente ignorada, posta de lado ou

brilhantemente administrada. Esse medo está

enraizado na consciência de si, justamente quando

a pessoa gostaria de prestar o mínimo de atenção

possível a si mesma e a seus movimentos interiores.

Queria não enrubescer, queria não ter as mãos

úmidas, queria que a sua voz não se tornasse um

balbucio, mas, acima de tudo, queria não perceber

tudo isso. No entanto, a pessoa tímida está, por

assim dizer, cravada a um eu que sofre uma reação

emotiva desagradável. A atenção da pessoa tímida

não pode estar desvinculada da percepção do

próprio estado interior. É a penosa consciência de si,

de um eu imerso em problemas, que está bem no

centro da timidez.

( Giovanna Axia, 2003, p. 18, 19 )

2.3 – Sintomas da Timidez

A timidez pode ocorrer em um ou mais dos seguintes níveis: cognitivo, afetivo, fisiológico e comportamental.

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Os sintomas cognitivos mais comuns são pensamentos negativos

sobre si mesmo e a situação, medo de avaliação negativa e de parecer "bobo"

diante dos outros, perfeccionismo e crenças de inadequação social, entre

outros.

Os sintomas afetivos incluem a vergonha, tristeza, solidão, depressão,

ansiedade e baixa auto-estima.

Os sintomas fisiológicos mais observados são o aumento do batimento

cardíaco, secura na boca, tremedeira, rubor, transpiração excessiva e

gagueira. Em alguns casos, principalmente na fobia social, ocorrem sensações

de desmaio, medo de perder o controle ou sofrer um ataque cardíaco.

Os sintomas comportamentais comumente encontrados são a inibição

e passividade, evitação do contato visual, baixo volume de voz, reduzida

expressão corporal e a apresentação de comportamentos nervosos.

( Clínica do Amor, 2008, p. 1 )

Giovanna, considera as classificações clínicas da

timidez preocupantes. Por exemplo, o ponto de vista

mais difundido sobre a timidez entre os psiquiatras e

os psicólogos clínicos é que se trata de uma

condição psicológica bastante complexa, com

efeitos que variam de uma banal sensação de

desconforto, um medo irracional dos outros ou de

certas situações sociais, a sofrimentos psíquicos

realmente muito graves, como o desencadeamento

de ataques de pânico acompanhados pelo pavor de

morrer. Às vezes, a timidez é definida como

ansiedade social, ou seja, como medo dos outros e

das situações sociais. Essa ansiedade social

poderia tomar um rumo benigno e manifesta-se

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como simples timidez; ou enveredar por uma via

maligna e patológica e manifestar-se por meio da

rejeição ativa a toda situação nova ( nesse caso,

fala-se de personalidade evitante ). Ou seja, de

acordo com esse ponto de vista, a timidez seria uma

característica psíquica situada no sutil limite que

divide um traço ainda aceitável do caráter da

verdadeira e própria patologia. Nessa perspectiva, a

timidez é considerada como condição humana

universal devido a certos aspectos intrínsecos, como

a frequência com que ocorre, sua presença em

várias situações e sua compatibilidade com uma

vida normal. Ao mesmo tempo, é considerada como

uma forte deficiência, sinal de algo que realmente

não funciona na psique individual, uma condição

patológica que provoca desconforto e sofrimento.

( Giovanna Axia, 2003, p. 12, 13 )

2.4 – Dificuldades nas Apresentações de Seminários na Escola

Segundo Ruzia Barbosa, desde os

primórdios da evolução humana até os dias atuais, a

comunicação ocupa um importante papel na relação

entre as sociedades. Muitas pessoas, usando o

poder da comunicação, conseguiram não só mudar

os seus destinos, como também mudar o destino de

algumas nações. Falar bem é uma ferramenta

fundamental para resolver problemas e realizar

negócios. Um dos ideais da comunicação do ser

humano é ter a capacidade de se expressar em

público. O poder de saber se comunicar bem faz a

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diferença: elege, prende, promove, destaca, informa

etc. É essencial usar a linguagem oral com precisão.

Em um grupo, o indivíduo que melhor usa as

habilidades da comunicação se torna um líder. Isso

faz a diferença entre o vencedor e o vencido.

( Ruzia Barbosa, 2011, p. 23 )

De acordo com Vânia Duarte, dentre os gêneros textuais que tem

como foco principal a oralidade, está o Seminário. É um procedimento

metodológico, que supõe o uso de técnicas (uma dinâmica de grupo) para o

estudo e pesquisa em grupo sobre um assunto predeterminado. Ele pertence à

categoria vinculada à exposição com base na transmissão de conhecimentos.

Não somente na escola é que ele acontece, mas também no meio

acadêmico e no profissional, podendo ser apresentado individualmente ou em

grupo.

Assim como a escrita requer procedimentos específicos para realizá-la,

os textos expositivos também não fogem à regra. Por isso é de fundamental

importância que saibamos a maneira correta de nos portarmos diante de um

seminário, como também nos inteirarmos de todos os seus elementos

constitutivos. Atentemo-nos para a técnica de planejamento:

Antes de tudo, é preciso que o(S) apresentador (ES) domine o assunto

que será abordado apoiando-se numa pesquisa bastante informativa, como

jornais, livros, Internet, revistas especializadas, vídeos, slides, filmes e outros.

Trata-se de uma visão global do assunto e ao mesmo tempo aprofunda-se o

tema em estudo

Produção de um esquema contendo informações sucintas que

nortearão o discurso do apresentador.

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Realização de ensaios prévios no objetivo de evitar certas falhas que

poderão comprometer a qualidade do trabalho apresentado.

Procurar enriquecer o conteúdo com recursos audiovisuais, tais como:

cartazes, apostilas, retroprojetor, datashow, microfone, entre outros.

Só lembrando que para o planejamento devem ser levadas em

consideração as características do público-alvo, como faixa etária, tipos de

interesse, expectativas e conhecimentos prévios em relação ao tema em

questão.

No momento da apresentação é imprescindível o uso da linguagem

formal.

A postura do apresentador é fator relevante, o mesmo deve evitar

gestos excessivos, expressões faciais que não condizem com a situação,

manter o tom da voz num ritmo bem articulado de modo a não se tornar

monótono. E, sobretudo, permanecer de frente para a plateia.

( Vânia Duarte, 2012, p.1 )

Para a maioria das pessoas, falar em público é a mais intimidante das

situações. Numa famosa pesquisa americana alguns entrevistados disseram

temer mais o desafio de fazer um discurso, dar uma palestra ou defender o

ponto de vista numa reunião de trabalho do que a própria morte. O exagero

ajuda a ilustrar o pânico que muita gente tem de ser o centro das atenções.

Só uma minoria de pessoas, cerca de 7% segundo os especialistas,

nasce pronta para o palco. É gente com o magnetismo de Silvio Santos, "Para

a maioria dos mortais a saída é uma só: treino, treino e treino".

( Revista Veja, 1999, p.1 )

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A maioria dos alunos tem dificuldades em se expressar quando está

na frente da sala em um trabalho que exige exposição oral. Alguns não se

concentram e ficam o tempo todo fazendo brincadeiras, outros ficam nervosos

e esquecem o texto, e há aqueles que nem sequer levantam da cadeira. Para

o tímido, quanto menos contato com o exterior, melhor. Ele tende a

superavaliar o perigo e fica ansioso cada vez que se depara com uma situação

onde duvida da sua capacidade de obter resultados positivos. A timidez pode

levar as pessoas a ficarem inseguras: tem medo de tomar decisões erradas e

sente vergonha de quase tudo, basicamente por dar excessiva importância ao

que os outros pensam delas.

É necessário um posicionamento dos educadores diante deste fato,

pois a exposição oral será uma tarefa cobrada não só durante o ensino

fundamental ou médio, mas também no percurso da vida acadêmica. Se os

docentes não trabalham este tipo de atividade desde os primeiros anos, os

alunos certamente passarão por dificuldades a respeito de qualquer atividade

que envolva oralidade.

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CAPÍTULO III

MEDO NA TIMIDEZ

“O homem não é a espécie mais forte sobre a Terra,

nem a mais ágil. Talvez não seja nem a mais esperta, se levarmos em conta

as decisões autodestrutivas que tomamos de vez em quando. Mas de uma

coisa podemos nos orgulhar: somos os mais medrosos”.

( Revista Super Interessante 157, outubro 2000 )

Se não fosse o medo, é provável que jamais tivéssemos chegado

até aqui. A civilização é fruto do medo que temos da desordem, as cidades

nasceram do pavor da natureza, a ciência é filha do terror que o desconhecido

causa, as religiões, as armas, a diplomacia, a inteligência. Devemos tudo isso

ao medo. Mais do que um sentimento o medo é uma emoção. Não apenas

humana, mas uma emoção presente em todos os seres vivos. Pesquisas

realizadas comprovam que quanto maior a capacidade cerebral de um ser

maior a possibilidade de se prever o futuro e, com isso, temê-lo. O homem,

com seu poder antecipatório, é capaz de temer a morte mesmo quando não

há ninguém tentando matá-lo. Outros animais acionam o medo só quando o

predador aparece. Assim, sobra ao ser humano o legado de ser o mais

medroso entre as espécies.

( Cecília Cristina, 2005, p. 13 )

O medo é muito mais do que útil, é

decisivamente necessário para a sobrevivência de

qualquer ser. O medo é um fator de autoproteção,

de autopreservação. Sem o componente medo

funcionando em nossas vidas, certamente faríamos

coisas que nos colocariam em sérios apuros e

dificilmente teríamos qualquer chance de sobreviver.

( Cecília Cristina, 2005, p. 13 )

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Todos os nossos medos têm a mesma origem. Aliás, a sensação de

medo é própria dos animais. É o medo que garante a sobrevivência das

espécies; é ele que faz aumentar a produção de adrenalina e nos prepara para

o combate ou para a fuga diante do perigo. Se o homem não sentisse medo

não sobreviveria.

Segundo Jiddu, existe o medo físico, mas

esse é uma reação que herdamos dos animais. É

com os medos psicológicos que estamos

preocupados, pois se compreendermos os medos

psicológicos, de raízes profundas, poderemos lidar

com os medos animais, ao passo que, se nos

ocuparmos primeiro com os medos animais, isso

jamais nos ajudará a compreender os medos

psicológicos.

( Jiddu, 1982, p. 15, 16 )

De acordo com Jiddu, a maioria de nós anseia pela satisfação de ter

uma posição na sociedade porque temos medo de não ser ninguém.Todos

querem uma posição na sociedade, na família, e essa posição precisa ser

reconhecida pelos outros, caso contrário não existe posição alguma... O medo

é um dos maiores problemas da vida. A mente tomada pelo medo vive em

confusão, em conflito.Vivendo numa sociedade corrompida e recebendo uma

educação competitiva que engendra o medo, estamos sobrecarregados com

medos de diversos tipos, e o medo é uma coisa horrível e que deforma,

distorce e obscurece os nossos dias.

( Jiddu, 1982, p. 15, 16 )

O que que isso tem a ver com a timidez? Na realidade, a timidez é um

estado de ansiedade deflagrado a partir dos nossos medos. A timidez está

enraizada no medo, num medo irracional de falar e ser humilhado ou ignorado.

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3.1 – Sintomas de quando se está com medo

Segundo Simon, os medos, por exemplo, são projeções mentais

formuladas a partir de uma experiência dolorosa no passado (tenha sido essa

experiência real ou imaginária). O desejo de não sentir novamente a mesma

sensação, cria uma espécie de barreira intelecto-emocional que nos impede de

agir ou reagir racionalmente quando o fato se reapresenta na nossa vida. Isso

“desarranja” o nosso sistema nervoso e desencadeia todo um conjunto de

reações bem características, como suor frio, aumento do batimento cardíaco,

tremores etc., embora, quase sempre, nada aconteça além desse desconforto.

( Simon Wajntraub, 2012, p. 1 )

O medo não está só na cabeça. O organismo inteiro se modifica ante

uma ameaça. É tão difícil lidar com o medo, porque o medo é químico. Surge

dos circuitos cerebrais, nas trocas neuroquímicas entre as células neurônios e

a zona de perigo, as amígdalas cerebrais. As amígdalas cerebrais são

responsáveis pelo processamento das emoções primitivas do medo e do

ódio, amor, raiva.

( Marta Relvas, 2011, p. 48 )

3.2 – Auto- Estima e Autoconceito

Autoconceito é a percepção que a pessoa tem de si mesma, ao passo que a autoestima é a percepção que ela tem do seu próprio valor.

Segundo Lucia, o autoconceito procede

de processos cognitivos. Ele é fruto da percepção

que a pessoa tem de si mesma. Como todo

processo de percepção, está sujeito a uma série de

fatores externos e internos à própria pessoa.

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Informações que vamos colhendo aqui e ali, a

nosso respeito, fruto de opiniões alheias, formam,

possivelmente, os primeiros rudimentos do nosso

autoconceito. A essas informações vão se somando

aquelas originárias das avaliações que nós próprios

fazemos dos nossos desempenhos, das nossas

ações, das nossas habilidades e características

pessoais. Vão formando, na nossa estrutura

cognitiva, uma área de conhecimento acerca de nós

próprios. Aquilo que achamos que somos, tanto do

ponto de vista físico quanto do social e do

psicológico, vai assim ganhando corpo. O

sentimento de valor que acompanha essa percepção

que temos de nós próprios se constitui na nossa

autoestima. Ou seja, ela é a resposta no plano

afetivo de um processo originado no plano cognitivo.

É a avaliação daquilo que sabemos a nosso

respeito: gosto de ser assim ou não? Em termos

práticos, a autoestima se revela como a disposição

que temos para nos ver como pessoas merecedoras

de respeito e capazes de enfrentar os desafios

básicos da vida.

( Lucia Moysés, 2007, p. 18, 19 )

A pergunta crucial que acompanha o tímido é a seguinte: “O que vão

pensar de mim?”

Esta preocupação com “o que os outros vão pensar”, é muito parecida

com a sensação do medo comum, aquele medo que as pessoas têm de

barata, quarto escuro, alma penada etc. É a preocupação com o perigo, com o

mal que pode acontecer.

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É preciso haver um certo nível de autoestima para que o aluno alcance

sucesso escolar. E mais: que a autoestima e o desempenho andam de mãos

dadas, alimentando se mutuamente...Para o aluno que duvida de sua

capacidade de enfrentar as exigências escolares com sucesso e ostentar

níveis baixos de autoestima, a escola irá se apresentar como um espaço de

sofrimento.

( Lucia Moysés, 2007, p. 39 )

Se deixamos de valorizar tanto o que os outros pensam a nosso

respeito, a timidez perde naturalmente o sentido. Por isso, o mais importante

para o tímido não é vencer a timidez mas sim valorizar menos a opinião dos

outros e valorizar mais as suas próprias diferenças. Esta "solução" é bem mais

fácil, mais prática e mais eficaz, já que restaura o autoconceito e reduz a

ansiedade a níveis controláveis.

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CAPÍTULO IV

TEATRO NA EDUCAÇÃO

Segundo Francis Wilker o teatro é uma linguagem, uma área do

conhecimento humano com conteúdos específicos. Estudar teatro na escola é

uma oportunidade de conhecer essa linguagem e ser capaz de ler o mundo por

outra ótica. É uma arte que envolve nossos sentidos, emoções, conhecimentos

e toda a nossa história de vida, a subjetividade de cada pessoa, seja estando

em cena, seja como espectador. Essa comunicação se dá por outra via que

não é a mesma de outras áreas do saber, como a ciência, que tem outros

códigos e discursos. Então, ter acesso a essa linguagem é um direito de

nossos educandos, porque nela descobrirão outros “instrumentos” para

olharem, sentirem, analisarem e transformarem o mundo ao redor, de forma

mais sensível, crítica e criativa. No aspecto do fazer, criar envolve tecer

relações complexas entre diferentes elementos, então, ao fazer teatro,

estudantes estão elaborando “composições”, juntando coisas diferentes: uma

forma de andar ou se deslocar pelo espaço, o texto que é dito, a roupa e

objetos de cena, que carregam também significados, o sentimento que

desejam expressar em cada ato físico ou verbal, etc. Percebam que são

muitas as questões numa cena e o estudante está aprendendo a associar

todas essas informações e elementos na busca de criar um sentido para sua

cena, elaborar um discurso. Nesse sentido, criar envolve habilidades

complexas de estabelecer relações com conteúdos aparentemente distintos.

Será que na vida somos convidados a isso? Será que uns desenvolvem mais

essa capacidade e outros menos? Talvez alguns tenham oportunidade de, pelo

fazer, identificar e potencializar essas habilidades e outros não? No teatro não

aprendemos apenas fazendo, mas também assistindo as encenações. Quando

conhecemos os elementos dessa linguagem nossas leituras de uma obra

teatral podem atingir camadas mais profundas que apenas a dimensão do

gostei ou não gostei. Diante de uma cena somos afetados por sensações,

emoções e uma série de informações que estão ali presentes no que é feito,

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dito e no como é feito e dito. Como lemos essa obra? Que relações somos

capazes de criar? Que memórias pessoais são “acordadas” quando vejo essa

cena? O contato com a obra de arte nos possibilita, a partir da experiência

pessoal, construir diversas significações acerca do mundo e de nós mesmos,

ou seja, altera pontos de vista e ajuda a construir nossos próprios discursos

sobre a realidade. O exercício de “ler” um trabalho cênico mobiliza a nossa

capacidade crítica, de reflexão, de síntese, e, principalmente, de estabelecer

relações. É importante criar na escola atividades que criem espaços de

reflexão crítica sobre as peças, que possam explorá-las a partir do tema e,

também, a partir da forma como se construiu poeticamente essa abordagem.

Será a partir da análise do fenômeno teatral em suas várias dimensões que os

estudantes poderão aprimorar a sua compreensão do discurso cênico. E é

esse exercício que mobiliza habilidades importantes para o aperfeiçoamento

pessoal, social, cognitivo e produtivo.

( Francis Wilker, 2012, p. 1 )

4.1 – A História do Teatro

Segundo Ana Maria o teatro existe desde sempre. Desde que o homem passou a sentir necessidade de sair de si, de se despersonalizar, de

se disfarçar, de sair do seu dia a dia para viver novas experiências. E

experiências assim já ocorriam nos primórdios da história da humanidade, nos

rituais. O homem então se transformava em deus, animal, adquiria e dominava

forças cósmicas. E essas transformações se davam principalmente nas

cerimônias rituais... Rituais são cerimônias coletivas onde se realizam

determinadas ações que provocam na mente dos seus participantes uma

emoção que lhes confere uma espécie de iluminação, uma conscientização

que os transporta para algo além, capacitando os a enfrentar melhor as

dificuldades do dia a dia. E, em se transformando, transforma se também todo

ambiente.

( Ana Maria, 1996, p. 26 )

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De acordo com PCN Artes, o teatro, como arte, foi formalizado pelos

gregos, passando dos rituais primitivos das concepções religiosas que eram

simbolizadas, para o espaço cênico organizado, como demonstração de

cultura e conhecimento. É, por excelência, a arte do homem exigindo a sua

presença de forma completa: seu corpo, sua fala, seu gesto, manifestando a

necessidade de expressão e comunicação.

( PCN Artes, 1997, p. 57 )

4.2 – A Importância do Teatro e seus Benefícios

A prática do Teatro no meio escolar promove o desenvolvimento dos alunos, destacando-se: formação do grupo, socialização, contato entre os

sujeitos, superação da timidez, superação dos limites, troca de experiências,

busca dos próprios objetivos, responsabilidade, comprometimento, respeito,

ouvir o outro, entender melhor as pessoas, saber dividir, pensar no outro,

solidariedade, interação, enfrentar os problemas, ouvir as críticas construtivas,

compartilhar, saber trabalhar em grupo, resolver os problemas do grupo,

participação, resgate da autoestima e da autoconfiança. De maneira saudável

e criativa, leva a encontro com o mundo da imaginação onde se descobrem

emoções e maneira de se lidar com elas. A arte do Teatro consiste em um

controle total sobre seu próprio corpo, sobre suas emoções. É uma profunda

descoberta; você entra em si mesmo, descobrindo e explorando os limites de

seu corpo, o controle sobre certas emoções, o equilíbrio, a perda do medo de

falar em público, uma melhor capacidade de expressão e comunicação, além é

claro da perda do medo do que pensam de você.

Segundo o PCN Artes, o ato de dramatizar está potencialmente contido em cada um, como uma necessidade de compreender e representar

uma realidade. Ao observar uma criança em suas primeiras manifestações

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dramatizadas, o jogo simbólico, percebe-se a procura na organização de seu

conhecimento do mundo de forma integradora. A dramatização acompanha o

desenvolvimento da criança como uma manifestação espontânea, assumindo

feições e funções diversas, sem perder jamais o caráter de interação e de

promoção de equilíbrio entre ela e o meio ambiente. Essa atividade evolui do

jogo espontâneo para o jogo de regras, do individual para o coletivo.

Dramatizar não é somente uma realização de necessidade individual na

interação simbólica com a realidade, proporcionando condições para um

crescimento pessoal, mas uma atividade coletiva em que a expressão

individual é acolhida. Ao participar de atividades teatrais, o indivíduo tem a

oportunidade de se desenvolver dentro de um determinado grupo social de

maneira responsável, legitimando os seus direitos dentro desse contexto,

estabelecendo relações entre o individual e o coletivo, aprendendo a ouvir, a

acolher e a ordenar opiniões, respeitando as diferentes manifestações, com a

finalidade de organizar a expressão de um grupo.

( PCN Artes, 1997, p.57 )

4.3 – Os Jogos Teatrais Eficazes no Processo Arteterapêutico

Em 1946 Spolin fundou a Young Actors Company (Companhia dos Jovens Atores) em Holywood. Crianças a partir de seis anos de idade foram

treinadas pelo, ainda em desenvolvimento, sistema de Jogos Teatrais para

suas produções artísticas, o que se tornou um sucesso comprovado. O

trabalho de Viola Spolin torna-se conhecido no Brasil em 1978, primeiramente

como ferramenta pedagógica e depois como método de interpretação, a partir

de seu primeiro livro Improvisação para o Teatro.

Para Spolin, em Improvisação para o Teatro, todos são capazes de Improvisar. O que é considerado “talento” para ela é uma maior capacidade de

experienciar (maior envolvimento do indivíduo com o ambiente em três níveis:

intelectual, físico e intuitivo). O intuitivo, o mais importante para a

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aprendizagem, muitas vezes é negligenciado, sendo vista como algo místico

ou dotação. Entretanto, em muitas situações de crise ou choque, adentramos

no desconhecido e o gênio interior se libera, e nesse momento estamos

abertos ao aprendizado. O intuitivo só aparece no imediato e através da

espontaneidade desse momento, nos libertamos de referências, memórias,

teorias e técnicas que são descobertas de outros.

( Viola Spolin, 1998, p.3,4)

SETE ASPECTOS DA ESPONTANEIDADE

Jogos

O jogo é uma forma natural de grupo na qual, através do ato de jogar,

técnicas e habilidades são desenvolvidas pela necessidade do próprio jogo, e

nesse momento de diversão e estímulo, a espontaneidade permite uma

abertura para o aprendizado.

No jogo, o jogador é livre para atingir a meta à sua maneira, dentro das

regras estabelecidas, e suas atitudes são aceitas e estimuladas pelos colegas

do jogo.

Todo jogo é social e propõe a solução de um problema, dentro das

regras estabelecidas pelo grupo. Ao responderem a vários estímulos acidentais

simultâneos, os jogadores ficam ágeis, alertas e dispostos. A capacidade

individual de envolvimento com o jogo e lidar com estímulos múltiplos, medem

o crescimento dessa habilidade do jogador. Todo esse esforço provoca a

espontaneidade.

A energia utilizada para resolver o problema, junto à pressão das

regras cria uma explosão (espontaneidade) onde tudo é destruído, rearranjado,

desbloqueado. Todas as partes do indivíduo trabalhando em prol do jogo e

essa energia permitindo ao indivíduo total aperfeiçoar as habilidades de

comunicação, somado à aceitação das limitações das regras do jogo,

permitem o aparecimento da cena. Sem uma autoridade se impondo, o

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respeito às regras do jogo, sem necessidade de agradar ou conceder, permite

que a energia seja direcionada ao problema e ao aprendizado.

( Viola Spolin, 1998, p.4, 5, 6)

APROVAÇÃO/ DESAPROVAÇÃO

Devemos nos sentir livres. Devemos viver o mundo que nos cerca e

torná-lo real através dos sentidos, deve ser questionado, investigado, aceito e

rejeitado. Poucos conseguem viver essa experiência, devido à necessidade de

aprovação de uma autoridade. Vivemos em torno do julgamento. Essa

necessidade de aprovação no distancia da autoconsciência e auto-expressão.

Funcionamos assim com parte do nosso corpo, perdendo a capacidade de

estar envolvidos organicamente com um problema.

Na função de professor, existe uma missão complexa que é a

capacidade de se igualar aos alunos e juntos buscar o insight pessoal. A

necessidade do teatro é o mestre e o professor deve aceitar que as regras são

do jogo.

( Viola Spolin, 1998, p. 6, 7, 8 )

EXPRESSÃO DE GRUPO

Em um grupo saudável o jogador deve trabalhar individualmente para

completar um projeto, sem indivíduos dominantes, pois impede o crescimento

e a diversão dos demais. O professor deve ter o olhar atento para a dificuldade

do indivíduo com exibir-se (e nesse sentido o auto-julgamento e a

persecutoriedade com o julgamento terceiro). O teatro improvisacional requer

relacionamento intenso do grupo, em que diferenças e similaridades são

aceitas, e assim o jogo se torna bomba propulsora de ação.

Deve haver uma diferença na qualidade da competição estabelecida.

Com uma competição acirrada, a ansiedade e a necessidade de sobressaltar-

se sobre os outros, o clima se torna destrutivo, com perda da auto-identidade e

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separação da equipe, pela luta pelo maior status. Uns se tornam mais

agressivos e outros apáticos.

A competição natural, por outro lado é a mola propulsora para o

engajamento na realização de problemas e maior envolvimento com o

ambiente. A cada problema solucionado, outros se seguem consecutivamente,

aumentando a percepção com as novas circunstâncias a serem enfrentadas

pelo grupo.

( Viola Spolin,1998, p. 8, 9, 10, 11 )

PLATÉIA

A platéia é o membro mais reverenciado do teatro. São os convidados,

os avaliadores e o último elemento da roda. Dá sentido ao espetáculo.

Quando o jogador compreende o papel da platéia (um grupo com o

qual ele compartilha uma experiência), desaparece o exibicionismo e o jogador

se sente livre e relaxado. Assim, a quarta parede desaparece e o espectador,

parte do jogo, se sente bem recebido.

( Viola Spolin, 1998, p.11, 12 )

TÉCNICAS TEATRAIS

As técnicas de teatro são técnicas de comunicação. A comunicação é

muito mais importante que o método, que muda dependendo da necessidade

de tempo e espaço. Quando as técnicas estão separadas da experiência, uma

barreira se cria. Quando o jogador sabe que há várias maneiras de fazer e

dizer algo, as técnicas aparecerão. Através da consciência e da experiência

que experimentação e técnica se unem, libertando o jogador para a fluência no

palco.

( Viola Spolin, 1998, p. 12, 13 )

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A TRANSPOSIÇÃO DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM PARA A

VIDA DIÁRIA

As propostas de trabalho devem ser colocadas nas sessões de

trabalho. A experiência é a única tarefa de casa. Deve se preparar todo o

aparelho sensorial, livrar-se de preconceitos, interpretações e suposições para

um contato puro com o meio e os objetos e pessoas dentro dele. O mundo

fornece material para o teatro e o crescimento desenvolve-se com nosso

reconhecimento e percepção do mundo e de nós mesmos dentro dele.

( Viola Spolin,1998, p.13, 14, 15 )

FISCALIZAÇÃO

Fiscalização é a maneira como o material é apresentado ao jogador

em nível físico e não verbal. A primeira preocupação é encorajar a liberdade de

expressão física, porque o relacionamento físico e sensorial abre portas para o

insight. A realidade é física e é comunicada através do sensorial. O físico é o

conhecido e através dele encontramos o caminho para o desconhecido

(intuitivo).

No teatro de improvisação onde quase não há objeto de cena, figurino

ou cenário, o ator aprende que a realidade do palco deve ter espaço, textura,

profundidade e substância (realidade física). O jogador cria a realidade teatral

ao torná-la física.

Os jogos teatrais de Spolin são simples, estruturas operacionais que

transformam convenções e técnicas teatrais em forma de jogo. Cada jogo tem

foco específico ou problema técnico e exercita uma coibição ao auto-agir

consciente.

Sua aplicação não se limita somente ao teatro, como em programas

educativos e treinamento de grupos.

( Viola Spolin, 1998, p. 13, 14, 15 )

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Os jogos teatrais são procedimentos lúdicos com regras explícitas. No jogo teatral, o grupo de alunos que joga pode se dividir em equipes que se

alternam nas funções de jogadores e de observadores, isto é, os alunos jogam

deliberadamente para outros que observam. No jogo teatral, o processo de

representação dramática ou simbólica no qual se engajam os jogadores

desenvolve se na ação improvisada e os papéis de cada jogador não são

estabelecidos a priori, mas emergem das interações que ocorrem durante o

jogo.

( Ricardo Ottoni, 2008, p. 27, 28 )

Segundo Ricardo Ottoni, a finalidade do

jogo teatral na educação escolar é o crescimento

pessoal e o desenvolvimento cultural dos jogadores

por meio do domínio, da comunicação e do uso

interativo da linguagem teatral, numa perspectiva

improvisacional ou lúdica. O princípio do jogo teatral

é o mesmo da improvisação teatral, ou seja, a

comunicação que emerge da espontaneidade das

interações entre sujeitos engajados na solução

cênica de um problema de atuação.

( Ricardo Ottoni, 2008, p. 26 )

De acordo com Ricardo Ottoni, o sistema de jogos teatrais foi

difundido a partir dos anos 60. A pedagogia do jogo teatral tem algumas

noções fundamentais, necessárias à operacionalização do seu “sistema”: 1) O

foco ou ponto de concentração do jogador durante a busca de solução para os

desafios postos pelo professor ou coordenador; 2) a instrução do professor ou

coordenador dos trabalhos durante a resolução do problema pelos jogadores;

3) a plateia ou os observadores do jogo teatral, constituída por parte dos

jogadores que integram o grupo de trabalho com a linguagem teatral; 4) a

avaliação coletiva dos resultados obtidos, compartilhada por todos os membros

do grupo ( jogadores atuantes e jogadores observadores ).

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( Ricardo Ottoni, 2008, p. 41 )

O trabalho pedagógico com a metodologia de ensino do teatro permite

que os alunos experimentem o fazer teatral ( quando jogam ), desenvolvam a

apreciação e compreensão estéticas da linguagem cênica ( quando assistem a

outros jogarem ) e contextualizem historicamente seus enunciados estéticos (

durante a avaliação coletiva quando também se auto avaliam).

( Ricardo Ottoni, 2008, p. 42 )

O desenvolvimento cênico funciona como potencializador na formação

do aluno é uma grande oportunidade de vivenciar algo que, muitas vezes, ele

não se permitiria experimentar em seu cotidiano, por causa de seus bloqueios.

É como se ele, num primeiro momento, estivesse apenas emprestando seu

corpo para um personagem. Mas, na realidade, ele está entrando em contato

com conteúdos seus, que jamais havia pensado. E entrar em contato é

construir ou reconstruir uma experiência nova, poder mudar uma atitude, trazer

uma nova forma de ver o mundo e agir. A utilização dos jogos teatrais, visa

desinibir e revelar o potencial de expressividade sufocado pela ansiedade,

timidez, autocrítica e medo da exposição. Os jogos ampliam os limites

pessoais e melhoram de forma eficaz a comunicação com os outros. Em

grupo, as pessoas trabalham suas fragilidades, como a timidez. A partir de

uma grande exposição, elas vão se desacorrentando de seus medos.

4.4 – Modalidades de Teatro com Conotação Terapêutica

Outra atividade que deve ser desenvolvida com os alunos durante o ano letivo, além dos jogos teatrais, da encenação, é o Teatro de Bonecos.

Surgido como derivação do teatro tradicional e desenvolvido paralelamente a

este, o Teatro de Bonecos dá vida aos objetos inanimados.

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De acordo com Helton o teatro de bonecos teve sua origem na mais

remota antiguidade. Acreditasse que os primitivos encantavam-se com suas

sombras movendo-se nas paredes, nessa época as mães teriam desenvolvido

o Teatro de dedos, projetando, com as mãos sombras diversas nas paredes

para distrair os filhos. Com o passar do tempo, os homens começaram a

modelar bonecos de barro, sem movimentos a princípio. Mais tarde

conseguiram articular a cabeça e os membros dos bonecos, para, a seguir

fazer representações com eles. Na Índia, China e Jawa, também eram

realizados teatro de bonecos. Os Egípcios ensinavam espetáculos sagrados

nos quais a divindade falava e era representada por uma figura articulada. Na

Grécia antiga os bonecos articulados tinham, além da importância cultural,

conotações religiosas. O Império romano assimilou da cultura grega o teatro de

bonecos, que rapidamente se espalhou pela Europa. Na idade média, os

bonecos eram utilizados nas doutrinações religiosas e apresentadas em feiras

populares.

Na América os fantoches foram trazidos pelos colonizadores.

Entretanto, os nativos já confeccionavam bonecos articulados, que imitavam

movimentos de homens e animais. Depois da primeira guerra, as marionetes

foram difundidas pelo mundo introduzidas nas escolas, principalmente na

Checoslováquia e nos Estados Unidos. No Brasil, os bonecos começaram a

ser utilizados em representações no século XVI. No tempo dos vice-reis eram

muito apreciados. Foi no nordeste que o teatro de bonecos apareceu com

destaque, principalmente em Pernambuco, onde até hoje é tradição. É o teatro

Mamulengo, rico em situações cômicas e satíricas.

( Arteviva, 2012, p.1 )

Teatro de bonecos: boneco é o termo usado para designar um objeto que, representa a figura humana, ou animal, é dramaticamente animado diante

de um público.

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De acordo com Ana Maria nos últimos anos, convencionou se usar a

palavra boneco como um termo genérico que abrangesse suas várias técnicas.

Assim, marionete é o boneco movido a fios; fantoche, ou boneco de luva, é o

boneco que o bonequeiro calça ou veste; boneco de sombra refere se a uma

figura de forma chapada, articulável ou não, visível com projeção de luz;

boneco de vara é um boneco cujos movimentos são controlados por varas ou

varetas; marote é também um boneco de luva que o bonequeiro veste e com

sua mão articula a boca do boneco. O ator vestido com o personagem boneco

pode ser um boneco máscara ou uma máscara corporal... A manipulação de

um boneco é sempre ao vivo, ou seja, é feita no ato da apresentação, esteja o

ator visível ou não. A animação em teatro se distingue assim da animação em

cinema. No cinema, mesmo que as figuras sejam originalmente bonecos, ou

figuras em terceira dimensão, a sua animação ocorre por processos técnicos,

por fotos, filmagem ou eletronicamente.

( Ana Maria, 1996, p. 71, 72 )

Teatro de Máscaras: desde a Pré-História os homens usam

máscaras, sejam nos rituais religiosos, esculpidas em madeira, pintadas em

couro e adornos de penas, ou feitas de conchas e madeira, ou desenhada no

próprio rosto. Os alunos gostam muito de vestir máscaras, principalmente de

super-heróis, é importante deixar que eles confeccionem as suas máscaras,

pode-se usar sacos de papel, cartolinas, tecidos, tintas, pratos de papelão,

jornal, material de sucata, etc., a atividade é prazerosa, sendo uma

oportunidade de criar e recriar sua própria dialética, uma vez que promove a

recreação, o jogo, a socialização, melhoria na fala dos alunos, desinibição dos

alunos mais tímidos. Quando o trabalho em aula exigir o uso da palavra, a

máscara que deve ser utilizada é aquela que cobre os olhos e o nariz deixando

a boca livre, permitindo que a voz saia clara, exibindo a sua expressão verbal.

As crianças, representando com o rosto oculto, se permitem viver o enredo dos

próprios personagens e o cotidiano social a que pertence.

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Teatro de Sombras: é uma arte muito antiga, originária da China e se

espalhou pelos países da Europa. Este tipo de teatro ainda é pouco conhecido

no Brasil. É uma atividade muito divertida que estimula a criatividade dos

alunos. Para sua realização é necessário: uma fonte luminosa (de 40 ou 60

watts, transparentes, dentro de latas de óleo para possibilitar a concentração

da luz), uma tela (ou um lençol bem esticado) e silhuetas para serem

projetadas (fantoches de varas, mãos que formam figuras de animais,

proporcionando o desenvolvimento da criatividade.

Teatro de Fantoches: tem sua origem na Antigüidade, quando

modelavam-se bonecos no barro, conseguindo mais tarde a articulação da

cabeça e membros para fazer representações com eles. No Nordeste

apareceu principalmente em Pernambuco, onde a tradição permanece até os

dias de hoje. Somente em meados do século XX é que consolidou fortemente

em nosso país. Para a confecção são utilizados: sucata, tachinhas, fita crepe,

latas, sacos, durex, rolos de papel higiênico, tintas. Também pode utilizar

luvas, pintura em meias e mãos com caneta esferográfica, carvão, tintas

especiais, com acessórios enfeitando as mãos e os dedinhos das crianças.

Como: lã, chapéu, meias, penas. Faz-se necessário que os alunos explorem

todos os movimentos dos dedos, mãos e braços, criando uma atmosfera do

conhecimento do próprio corpo, utilizando também as músicas populares,

folclóricas ou clássicas.

Teatro de Varas: é uma variação do teatro de fantoches, onde estes

são sustentados por uma vara, podendo ser confeccionados com cartolinas,

bolinhas de isopor, de papel, colher-de-pau, palitos de churrasco, garfos

vestidos com roupas de pano, palitos de picolé, copinhos de plástico

sustentados por palitos. O fantoche de cone é um tipo de boneco muito

encontrado em feiras livres e circos populares, podendo representar uma figura

humana ou um animal, basta segurá-los pela vareta e dar-lhes o movimento de

acordo com a situação.

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De acordo com Ana Maria o teatro de animação inclui máscaras,

bonecos, objetos. Cada um em separado pertence a um gênero teatral e,

quando heterogeneamente misturados, adquirem características próprias e

constituem o teatro de formas animadas ...O teatro de formas animadas

estabelece uma comunicação com o transcendental. Precisamos sempre de

uma imagem, de fatos, mitos, para perceber conceitos, muito abstratos, ou

para perceber os arquétipos. É uma comunicação que não se dá através da

consciência racional mas, sim, através da não consciência da matéria,

unicamente através de suas qualidades energéticas.

( Ana Maria, 1996, p. 18, 19, 20 )

Assim como o uso de máscaras, o Teatro de Boneco dá certa

“proteção” aos mais tímidos, por ajuda-los a trabalhar a inibição.

Os bonecos utilizados pelos alunos na escola seguindo a orientação

de um professor têm um papel importantíssimo na educação, pois eles podem

ajudar a desenvolver vários aspectos educacionais principalmente aos que

estão relacionados à comunicação e a expressão sensório-motora. O professor

deve deixar os alunos manipular os bonecos à vontade. Aos poucos, os alunos

irão sentir uma vontade de criar uma fala, um diálogo para aquele boneco,

aliando o movimento dele com a palavra. Toda pessoa, livre de inibições, pode

chegar, com êxito, ao aproveitamento máximo de sua capacidade criadora.

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CONCLUSÃO

Arteterapia é um processo terapêutico que se serve do recurso

expressivo a fim de conectar os mundos internos e externos do indivíduo e

restabelece o equilíbrio emocional, onde é possível descarregar as tensões e

exteriorizar sentimentos mais saudáveis e o ato de construir proporciona o

auto-conhecimento, facilitando assim o despertar do potencial interno.

O Teatro é uma atividade artística que pode ser utilizada de modo

pedagógico e é uma das ferramentas que a Arteterapia pode dispor. Dentro da

Arteterapia, o teatro trabalha com a reflexão de atitudes com situações

relacionadas ao cotidiano dos alunos, uma forma de levar à conscientização de

ação da vida interna da imaginação a vida externa do real, ele imita a vida e,

por isso, o teatro funciona como um espelho da vida. Através de técnicas e

exercícios teatrais práticos e dinâmicos individuais e coletivos, de forma lúdica,

materializar suas experiências, conhecimentos e vivencias e assim, num

ambiente assegurado e acolhedor, percorrer caminhos internos e

experimentar-se em situações que a vida cotidiana não possibilita. Fazer teatro

dentro do aspecto terapêutico é levar algo a mais que mera atuações de

papéis, pois ele permite insights profundos por parte da pessoa e/ ou grupo a

respeito do significado dos papéis, pelo fato de promover a criatividade

espontânea que cada indivíduo possui e compreender a si mesmo e ao outro

na diferente formas de ser ao assumir diferentes papéis.

O Teatro também introduz no educando a desinibição, pois vivemos

em um mundo que não para de falar, ser tímido é quase ser doente. Na escola,

a participação em aula vale nota; no trabalho, a vaga depende da dinâmica de

grupo. Está mais difícil cultivar o temperamento "para dentro". O indivíduo

tímido se protege, se resguarda, cuida e se cuida (às vezes em demasia) de

sua relação com o mundo externo no sentido de evitar sentimentos e emoções

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desconfortáveis, privando-se assim, de vivenciar relações mais íntegras,

plenas e harmônicas com o mundo que o cerca. A timidez acaba levando

pessoas a perderem muitas oportunidades na vida profissional ou mesmo

relacionamentos no dia-a-dia. No palco, vivenciando personagens sem

compromisso com a realidade, o aluno consegue expressar melhor suas

emoções e em contrapartida se libertar dos medos e frustrações. Com o teatro,

o aluno aprende a se expor em situações em que é outro - a personagem - e

isso faz com que aos poucos vá perdendo o pavor de estar no centro das

atenções.

A atividade teatral, na escola, faz com que a autoestima do aluno

cresça, bem como a confiança em si próprio, pois caminha pela via da emoção

e da afetividade.

Contudo, o Teatro trabalhado de forma correta passa a agir no âmbito

individual e social do aluno, fazendo com que o mesmo se torne mais

expressivo, um sujeito que responde melhor a situações emergenciais que são

impostas a ele todos os dias.

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57

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Arteterapia 11

1.1 – Definição de Arteterapia 12

1.2 - O Processo Terapêutico 15

1.3 – Os Benefícios da Arteterapia na Educação 15

1.4 – Expressão Corporal 16

1.5 – O Corpo na Arteterapia 18

CAPÍTULO II

Aspectos Teóricos da Timidez 21

2. 1 – Principais Causas da Timidez 25

2. 2 – Como a Timidez se Manifesta 26

2. 3 – Sintomas da Timidez 28

2. 4 – Dificuldades nas Apresentações de Seminários na Escola 29

CAPÍTULO III

Medo na Timidez 33

3.1 – Sintomas de quando se está com medo 35

3.2 – Auto- estima e Autoconceito 35

CAPÍTULO IV

Teatro na Educação 38

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4.1 – A História do Teatro 39

4.2 – A Importância do Teatro e seus Benefícios 40

4.3 – Os Jogos Teatrais Eficazes no Processo Arteterapêutico 41

4.4 – Modalidades de Teatro com Conotação Terapêutica 47

CONCLUSÃO 52

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 54

ÍNDICE 57