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21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental ABES – Trabalhos Técnicos 1 VI-047 - ESTUDO DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA NA ÁREA OPERACIONAL DO DMAE - AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS NA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA MOINHOS DE VENTO Hélio Maltz Engenheiro Civil pela UFRGS, Diretor da Divisão de Esgoto do DMAE - Município de Porto Alegre de 1995 a 2000, Diretor da Divisão de Arrecadação do DMAE desde 2001, Especialista em Gestão Ambiental, ênfase em Produção Mais Limpa e Ecobusiness pelo PPGA - UFRGS, Administrador de Empresas pela UFRGS, Aperfeiçoamento no Japão no Curso Operação e Manutenção de Instalações de Esgoto em 1997. Endereço: Rua José do Patrocínio 1100/305 - Cidade Baixa - Porto Alegre - RS - CEP: 90050- 004 - Brasil - Tel: (51) 224-8497 - e-mail: [email protected] RESUMO Os recursos hídricos vêm sendo objeto de preocupação e estudos em todo o planeta, pois as reservas mundiais de água disponível para a potabilidade estão reduzindo-se gradativamente. Sendo assim, entre as organizações com interesse para estudo estão as empresas prestadoras de serviços de saneamento, as quais necessitam avaliar os seus processos, e em particular os referentes ao ciclo do tratamento de água para a redução das perdas e minimização da geração de resíduos, bem como a sua correta destinação aplicando um melhor manejo e diminuindo a poluição ambiental. O Departamento Municipal de Água e Esgotos de Porto Alegre não deve comportar-se diferentemente, precisando estar em constante avaliação de suas atividades como qualquer organização da área de saneamento. Com o auxílio dos princípios de Produção Mais Limpa (PML) foi possível desenvolver mecanismos voltados para a redução do desperdício tanto de matérias primas como de energia, minimização da geração de resíduos com conseqüente redução de custos, associado à proteção ambiental. O tema deste trabalho foi analisar uma parcela das atividades do DMAE, o processo de tratamento de água da ETA Moinhos de Vento. A partir deste tema formula-se como problemas o questionamento de quais são as perdas no processo de tratamento de água e quais são as soluções técnicas para minimização O autor visitou e acompanhou o processo produtivo realizando documentação fotográfica. Através de entrevista em profundidade e não estruturada foram coletados parâmetros da operação do sistema. Foi possível então analisar e descrever e o processo produtivo e através das entradas e saídas nos processos foram identificados os resíduos gerados e a sua destinação. Após a sistematização dos dados coletados e escolhido o processo de lavagem de decantadores como foco do trabalho, novas visitas foram realizadas onde foram evidenciadas as perdas e os danos ambientais relacionados com a identificação de sua origem, sendo estudadas alterações de tecnologia e método empregados na execução de processos para prevenção e minimização de geração de resíduos e emissões. Este estudo contribuiu com a direção do DMAE para identificação de problemas operacionais, e sugestão de adequações e inovações tecnológicas que possam ser implementadas para a melhoria do desempenho e da qualificação do serviço prestado para a população, bem como a proteção ambiental. PALAVRAS-CHAVE: Produção Mais Limpa, Tratamento de Água, Tecnologia, Processo, Resíduos, Perdas. INTRODUÇÃO As organizações tanto na área produtiva como na área da prestação de serviços precisam buscar a excelência nos seus processos para estabelecerem altos índices de competitividade e de preservação. Por outro lado, o crescimento da necessidade pela preservação ambiental também tem sido um fator que deve impulsionar as empresas e instituições no seu planejamento.

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ABES – Trabalhos Técnicos 1

VI-047 - ESTUDO DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA NA ÁREA OPERACIONALDO DMAE - AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS NA ESTAÇÃO DE

TRATAMENTO DE ÁGUA MOINHOS DE VENTO

Hélio MaltzEngenheiro Civil pela UFRGS, Diretor da Divisão de Esgoto do DMAE - Município dePorto Alegre de 1995 a 2000, Diretor da Divisão de Arrecadação do DMAE desde 2001,Especialista em Gestão Ambiental, ênfase em Produção Mais Limpa e Ecobusiness peloPPGA - UFRGS, Administrador de Empresas pela UFRGS, Aperfeiçoamento noJapão no Curso Operação e Manutenção de Instalações de Esgoto em 1997.

Endereço: Rua José do Patrocínio 1100/305 - Cidade Baixa - Porto Alegre - RS - CEP: 90050-004 - Brasil - Tel: (51) 224-8497 - e-mail: [email protected]

RESUMO

Os recursos hídricos vêm sendo objeto de preocupação e estudos em todo o planeta, pois as reservasmundiais de água disponível para a potabilidade estão reduzindo-se gradativamente. Sendo assim, entre asorganizações com interesse para estudo estão as empresas prestadoras de serviços de saneamento, as quaisnecessitam avaliar os seus processos, e em particular os referentes ao ciclo do tratamento de água para aredução das perdas e minimização da geração de resíduos, bem como a sua correta destinação aplicando ummelhor manejo e diminuindo a poluição ambiental.O Departamento Municipal de Água e Esgotos de Porto Alegre não deve comportar-se diferentemente,precisando estar em constante avaliação de suas atividades como qualquer organização da área desaneamento.Com o auxílio dos princípios de Produção Mais Limpa (PML) foi possível desenvolver mecanismos voltadospara a redução do desperdício tanto de matérias primas como de energia, minimização da geração deresíduos com conseqüente redução de custos, associado à proteção ambiental.O tema deste trabalho foi analisar uma parcela das atividades do DMAE, o processo de tratamento de águada ETA Moinhos de Vento. A partir deste tema formula-se como problemas o questionamento de quais sãoas perdas no processo de tratamento de água e quais são as soluções técnicas para minimizaçãoO autor visitou e acompanhou o processo produtivo realizando documentação fotográfica. Através deentrevista em profundidade e não estruturada foram coletados parâmetros da operação do sistema. Foipossível então analisar e descrever e o processo produtivo e através das entradas e saídas nos processos foramidentificados os resíduos gerados e a sua destinação.Após a sistematização dos dados coletados e escolhido o processo de lavagem de decantadores como foco dotrabalho, novas visitas foram realizadas onde foram evidenciadas as perdas e os danos ambientaisrelacionados com a identificação de sua origem, sendo estudadas alterações de tecnologia e métodoempregados na execução de processos para prevenção e minimização de geração de resíduos e emissões.Este estudo contribuiu com a direção do DMAE para identificação de problemas operacionais, e sugestão deadequações e inovações tecnológicas que possam ser implementadas para a melhoria do desempenho e daqualificação do serviço prestado para a população, bem como a proteção ambiental.

PALAVRAS-CHAVE: Produção Mais Limpa, Tratamento de Água, Tecnologia, Processo, Resíduos, Perdas.

INTRODUÇÃO

As organizações tanto na área produtiva como na área da prestação de serviços precisam buscar a excelêncianos seus processos para estabelecerem altos índices de competitividade e de preservação.Por outro lado, o crescimento da necessidade pela preservação ambiental também tem sido um fator que deveimpulsionar as empresas e instituições no seu planejamento.

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Para que estas empresas possam preservar-se tanto do ponto de vista de sua manutenção econômica bemcomo da preservação no mercado mundial, elas precisam voltar-se para a análise de seus processos buscandoa eliminação de perdas e minimização na geração de resíduos. Essa mudança de atitude vem tornando-seuma exigência no mercado mundial, sendo controlada através de selos ambientais, certificações em normasambientais internacionais e da opinião pública a qual tem sido sensibilizada através de campanhas públicaspara a preservação do meio ambiente.A água será neste século um bem muito caro e as campanhas de redução de consumo serão obrigatóriasreduzindo assim a receita das empresas prestadoras de serviços de saneamento, obrigando-nos a fazer o usoda água de modo racional, temendo-se que o manejo incorreto dos mananciais e o aumento da poluiçãoambiental hídrica possam acelerar a diminuição da disponibilidade mundial de água. Desta forma estasempresas deverão se adequar ano após ano a uma queda em suas receitas e por conseguinte necessitarãodiminuir seus custos.À semelhança do que já ocorreu com as empresas industriais que produziam sem preocupar-se com os custos,apenas adicionando o lucro desejado e assim formando o preço, estas empresas deverão adequar-se pois areceita de hoje tende a reduzir-se e elas não poderão simplesmente aumentar seus preços para atingir oequilíbrio financeiro. Estes acontecimentos podem estar longe de ocorrer mas é necessário iniciar agora açõesde forma proativa, de modo a não haver maiores impactos.O DMAE, dentro do histórico de saneamento brasileiro, consta como um exemplo de gerenciamento bemsucedido. No entanto, o desempenho de determinadas atividades deve ser reavaliado, visando obterplanejamento, organização e controle adequados na prestação de serviços, aliados a economia de recursos eproteção ambiental., pois apesar de tratar-se de empresa pública, a qual não visa lucro, deve direcionar seusobjetivos para a minimização de seus custos operacionais para maximizar o seu excedente financeiro visandoa sua reaplicação na melhoria dos sistemas de água e esgoto do município de Porto Alegre.A realização deste trabalho como um processo prático permite que o DMAE possa utilizá-lo paraimplementar novas idéias e modificações necessárias auxiliando na boa prestação do serviço para acomunidade, com redução de desperdícios associado à preservação ambiental.A busca de meios de realocação de recursos financeiros através da redução das perdas, além de maiorbenefício ambiental, trás ao DMAE a possibilidade de realizar maiores investimentos no aumento dosequipamentos urbanos e no atendimento do seus objetivos.Este estudo contribuiu com a direção do departamento para identificação de problemas operacionais, esugestão de adequações e inovações tecnológicas que possam ser implementadas para a melhoria dodesempenho e da qualificação do serviço prestado para a população, bem como a proteção ambiental.O Objetivo principal foi analisar o processo de tratamento de água da Estação de Tratamento de ÁguaMoinhos de Vento do DMAE de Porto Alegre para identificação das perdas no processo, e propor soluçõestécnicas para minimização, para tanto foram desenvolvidas algumas atividades como buscar os parâmetros deProdução mais Limpa aplicado aos sistemas de tratamento de água, descrever o processo produtivo da ETA,verificar as entradas e as saídas nos processos, identificar os resíduos gerados e a sua destinação e por fimestudar alteração de tecnologia empregada e/ou mudança de método empregado na execução de processospropondo meios de prevenção e minimização de efluentes líquidos, geração de resíduos sólidos e emissõesatmosféricas.

PRODUÇÃO MAIS LIMPA (PML)

Os sistemas de produção industrial exigem recursos materiais com os quais os produtos são feitos, além deenergia usada para transportar e processar os materiais e ainda água e ar.Nos sistemas de produção atuais, com freqüência são usadas substâncias nocivas e recursos não renováveisem vastas quantidades e ritmo acelerado.O objetivo da Produção Limpa é atender a necessidade da geração de produtos de forma sustentável, isto é,usando com eficiência materiais e energia renováveis, não-nocivos, conservando ao mesmo tempo abiodiversidade (Fundação Vanzolini et al., 2000).Os sistemas de Produção Limpa tendem a ser fechados e usam materiais, água e energia de forma racional.É mais barato e eficiente prevenir danos ambientais do que tentar controlá-los ou corrigi-los.Prevenir siginifica partir do início do processo de produção para localizar e evitar a fonte do problema, emvez de tentar controlar os danos com tecnologias "fim de tubo".A prevenção promove alterações de processos e produtos para impedir a geração de resíduos incineráveis, no

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lugar de se desenvolver incineradores sofisticados. O mesmo vale para a energia, que uma vez desperdiçadanão há como recuperar.

A tabela 1 apresenta uma comparação entre atitudes de controle da poluição (tecnologias fim de tubo) eprodução mais limpa:

O ENFOQUE DO CONTROLE DE POLUIÇÃO O ENFOQUE DA PRODUÇÃO MAIS LIMPAPoluentes são controlados por filtros e métodos detratamento do lixo

Poluentes são evitados na origem, através de medidasintegradas

O controle de poluição é avaliado depois dodesenvolvimento de processos e produtos e quando osproblemas aparecem

A prevenção da poluição é parte integrante dodesenvolvimento de produtos e processos

Controles de poluição e avanços ambientais sãosempre considerados fatores de custo pelas empresas

Poluição e rejeitos são considerados recursospotenciais e podem ser transformados em produtosúteis e sub-produtos desde que não tóxicos

Desafios para avanços ambientais devem seradministrados por peritos ambientais tais comoespecialistas em rejeitos

Desafios para avanços ambientais deveriam ser deresponsabilidade geral na empresa, inclusive detrabalhadores, designers e engenheiros de produto e deprocesso

Avanços ambientais serão obtidos com técnicas etecnologia

Avanços ambientais incluem abordagens técnicas enão técnicas

Medidas de avanços ambientais deveriam obedecer aospadrões definidos pelas autoridades

Medidas de desenvolvimento ambiental deveriam serum processo de trabalho contínuo visando a padrõeselevados

Qualidade é definida como ‘atender as necessidadesdos usuários’

Qualidade total significa a produção de bens queatendam às necessidades dos usuários e que tenhamimpactos mínimos sobre a saúde e o ambiente

Tabela 1: Comparação entre tecnologias de controle de poluição

É necessário reconhecer a dificuldade da implementação do sistema de produção absolutamente isento deriscos e resíduos como a Profdução Limpa pretende. Desta forma surge a proposta Mais Limpa.. A distinçãoentre Produção Limpa e Mais Limpa pode parecer apenas sutil, entretanto as diferenças traduzem a medidaexata do quanto se espera conseguir, na reorientação do modelo de produção de bens e serviços, minimizandoprejuízos financeiros e impactos ambientais.Tecnológica e gerencialmente, o sistema produtivo baseado em Produção Mais Limpa (proposta da UNEP1) eProdução Limpa (defendida por organizações ambientalistas e vários centros de P&D) superam a sérieISO14000 em gestão ambiental.Produção Limpa e Mais Limpa defendem a prevenção de resíduos na fonte, a exploração sustentável defontes de matérias primas, a economia de água e energia e o uso de outros indicadores ambientais, sendoatuante tanto no fator econômico como no ambiental.Produção Limpa e Mais Limpa utilizam critérios e padrões internacionais voltados à sustentabilidade,enquanto que as diretrizes para a série ISO14000 poderão ser determinadas por quadros de certificaçãolocais. A certificação para a ISO14000 atenderá aos interesses dos acionistas, mas não, necessariamente, dosdemais agentes econômicos que defendem o desenvolvimento sustentável. A ISO14000 tende a não reduzir,custos ambientais não contabilizados, como seguros, ações civis, perdas materiais, saúde ocupacional oumesmo perda de mercado. Estas são vantagens explícitas da Produção Mais Limpa. As Normas Ambientaissão sistemas de gerenciamento interno na empresa, sem compromissos ou perspectivas efetivas dereorientação do sistema de produção de bens e serviços, que são atributos inerentes da Produção Limpa eMais Limpa. 1 UNEP: United Nations Environment Program. Esta metodologia está sendo difundida no Brasil pelo Centro Nacional deTecnologias Limpas - CNTL. Este Centro localiza-se no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI-RS, em PortoAlegre

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Tanto a ISO 14000, como Produção Limpa (PL) e Produção Mais Limpa (PML) auxiliam a melhoria daconduta ambiental das organizações produtoras de bens e serviços, mas tem objetivos diferentes.A certificação da ISO não garante a PL ou PML, mas a aplicação destas tecnologias proporcionam à empresauma maior competitividade com relação à gestão ambiental.Pequenas e médias empresas que, por razões econômicas ou estratégicas, não se interessam pela certificação,poderão adotar sistema de gestão ambiental sem as exigências da ISO14000, porém, orientado para aresponsabilidade ambiental mais efetiva e segundo as recomendações de ecodesign e Produção Limpa ouMais Limpa..A Produção Mais Limpa é tanto um processo quanto um objetivo. O primeiro passo para esse objetivo émudar o processo de produção. Isso inclui melhorias na manutenção (evitando vazamentos ederramamentos), redução no uso de substâncias tóxicas, e introdução de sistemas de reciclagem parareutilização de águas servidas ou energia térmica, que de outra forma seria dissipada. Essas medidas iniciaispodem ser implementadas sem custo ou com baixo investimento e com economia considerável.Outra componente importante na aplicação da Produção Mais Limpa é o investimento nos recursos humanospara conscientização e efetiva mudança de atitude na crítica contínua para avaliação dos processosexecutados na empresa.

MÉTODO ECOPROFIT

ECOPROFIT - ECOlogical PROject for Integrated Environmental Technologies ou em português ProjetoEcológico para Tecnologias Ambientais Integradas é um programa elaborado no intuito de ofereceralternativas às empresas para seu fortalecimento econômico através da proteção ambiental. O método investiga os processos de produção ou de prestação de serviços e demais processos das empresas,com relação à utilização de materiais e energia. Com o ECOPROFIT pretende-se induzir a inovação nasempresas como objetivo de promover um desenvolvimento econômico sustentado para uma determinadaregião. O método apropria-se de todo o conhecimento possível sobre os produtos, as tecnologias e os materiaisenvolvidos com o objetivo de minimizar as emissões e a geração de resíduos, bem como encontrar meios dereutilizar ou reciclar os resíduos inevitáveis. O prefixo ECO também pode ser avaliado por três significados distintos: • Benefício ECOlógico• Benefício ECOnômico• OIKOS - Palavra grega que tem por significado a manutenção da casa, que neste caso é a empresa emestudo para soluções econômicas

O ECOPROFIT nada mais é do que um auxílio externo para que a empresa encontre através dos seuspróprios conhecimentos, soluções para problemas nas suas atividades.O programa fornece 5 tipos de avaliação para a empresa:

Avaliação da análise da empresa Para uso deRelatório Regular, controle ecológico GerênciaConceito de gestão de resíduos Autoridades, empresasAnálises de pontos fracos ecológicos e econômicos Pessoal/gerênciaAuditoria - ECO Parceiros comerciais/clientesRelatório Ambiental Público em geral

Tabela 2: Avaliações em função das análises do programa ECOPROFIT

A produção mais limpa é elemento essencial para a aplicação do método ECOPROFIT e consiste em mudarprocessos e comportamento das empresas, deixando de simplesmente tratar os resíduos no final dos processos(fim de tubo) para uma nova concepção da minimização e não geração destes resíduos, gerando umexcedente financeiro através da redução de custos e desperdícios com ganhos ambientais, desta formapossibilitando um desenvolvimento econômico mais sustentado.

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A principais perguntas da produção limpa são :

• De onde vêm nossos resíduos e emissões ?• Por que afinal se transformaram em resíduos ?

É importante então, identificar quais são os principais fatores que propiciam a geração de resíduos além datecnologia empregada. São eles:

• Pessoal• Matérias-primas• Produtos• Capital• Know-how - processo• Fornecedores - parceiros comerciais

Devido a estes fatores a produção mais limpa pode ser conduzida em diversos níveis e estratégias diferentesnas empresas, como por exemplo:

• Nível 1 - Resolver os problemas na fonte, seja através de modificações no produto ou no processo,substituição de matérias primas ou outros insumos e alterações tecnológicas. É neste nível que pode serdesenvolvido o produto com "Design Ecológico"• Nível 2 - Para resíduos que não há como evitar podem sofrer reciclagem interna• Nível 3 - Reciclagem externa caso não exista possibilidade da aplicação dos níveis 1 e 2.

Como regra, entende-se que quanto mais próximo da geração for tomada uma atitude, mais eficiência seráobtida no programa.É também necessário para o sucesso de um programa de Produção mais Limpa que sejam observadas boasregras de housekeeping e de operação, otimizando processos de forma até mesmo simples como a regulagemde um equipamento dosador ou pistola de pintura. O tráfego de informações também deve ser consideradopara que todo o corpo produtivo tenha consciência da aplicação do programa e ajude na sua condução.Por último é muito importante que a coleta dos dados seja bem planejada e tenha fidelidade à realidade daempresa para que a aplicação do método possa proporcionar ganhos reais para a empresa.

METODOLOGIA

Para analisar o processo de tratamento de água da Estação de Tratamento de Água (ETA) Moinhos de Ventodo DMAE buscando a identificação das perdas no processo, e propondo soluções técnicas para minimização,foi estabelecido o método de trabalho descrito a seguir.Devido ao pequeno prazo e falta de disponibilidade dos dados, a metodologia para a execução da pesquisabaseia-se no roteiro do método ECOPROFIT, com alterações.Através de consulta a publicações da empresa, entrevistas e observações no local, foi descrito o processoprodutivo da ETA Moinhos de Vento e demonstrado através de representação gráfica para apresentação noestudo de caso.Inicialmente foi realizada uma visita de reconhecimento para a identificação do processo produtivo everificação das demais atividades relacionadas, desde o armazenamento das matérias primas até as lavagensperiódicas das instalações.Após, através de visitas ao local do estudo para observação e entrevistas não estruturadas com osresponsáveis pela operação da ETA Moinhos de Vento, foram coletados os dados referentes à operaçãoverificando as entradas e as saídas nos processos, a caracterização dos materiais envolvidos e os resíduosgerados, bem como a sua destinação, e a definição do estudo de caso.Foram identificados e estudados os processos de operação normal do tratamento de água, e os processosauxiliares de lavagem de filtros e de decantadoresA partir das análises iniciais, foi escolhido o processo de lavagem dos decantadores, para a coleta de dados eaplicação aos objetivos do estudo pois apresentava perdas visíveis durante a sua execução.Foi escolhido um dos oito decantadores para o foco do estudo, o indicado como "DECANTADOR 1" e

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assinalado na planta geral da ETA, figura 1.

Figura 1: Planta geral da ETA Moinhos de Vento

As lavagens são realizadas mensalmente, assim foi possível realizar observações em dois momentos distintos

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para a descrição do processo, coleta de tempos de execução e registro fotográfico através de máquinafotográfica digital.As visitas iniciais desenvolveram-se a partir do mês de março de 2000 e as lavagens foram observadas nomeses de Abril e Junho do mesmo ano.Como a Divisão de Tratamento não possuía os dados referentes aos vazamentos e demais perdas, durante asegunda lavagem em que houve a observação, foram realizadas tentativas de determinação das perdasencontradas no processo porém o método utilizado não alcançou êxito pleno, pois tratava-se da primeiraexperiência para aquele tipo de medição no DMAE, não havendo outra oportunidade posterior face à dataprevista para a conclusão do estudo.

ANÁLISE DOS PROCESSOS DA ETA MOINHO DE VENTO

O DMAE é uma empresa de grande porte onde existem atividades diversas, desde oficinas mecânicas,oficinas de eletricidade e escritórios até as atividades fim do departamento que são os processos referentes àágua e esgoto sanitário.Os objetivos do trabalho estão relacionados à uma das atividades fim do departamento que é o processo detratamento de água, tendo sido escolhida a Estação de Tratamento de Água Moinhos de Vento para o estudo.A ETA Moinhos de Vento caracteriza-se por ser uma das mais antigas estações de tratamento em operação, aqual já sofreu diversas alterações nas suas instalações desde o início de sua operação, mudando em grandeparte o processo de tratamento concebido no projeto original.Em 1988 um consórcio de empresas concluiu o desenvolvimento de um projeto para o aumento dacapacidade de tratamento da ETA da capacidade atual de 1600 l/s (no limite de operação) para 6000 l/s nofinal da execução do projeto.Através das obras previstas seriam implantados novos sistemas de floculação e decantação, comequipamentos denominados "SUPERPULSATOR", onde a extração do lodo é periódica através de umsistema sifão automático, não necessitando a parada da operação para lavagens e retirada do lodo.O projeto seria desenvolvido em 3 etapas, a primeira seria imediata, a Segunda em 1995 e a terceira em2005. Porém até o presente momento nenhuma das etapas foi implementada e segundo os responsáveis pelaoperação a diretriz é manter a capacidade atual de tratamento uma vez que o crescimento previsto dapopulação da área abastecida será muito pequeno, sendo possível atender este crescimento da demanda apartir de investimentos nas ETAS São João e Menino Deus.Em março de 2000, acompanhado dos responsáveis pela operação da ETA foi realizada uma visita inicialpara conhecer os processos já identificando perdas.Inicialmente, foram identificadas perdas visíveis no armazenamento de produtos, as quais não são recicladasou reusadas. As quantidades de produtos perdidos não eram tabulados.Nas figuras 2 e 3 podemos ver os produtos fluossilicato de sódio e carvão ativado, os quais são utilizados naforma de pó, na área de armazenamento da estação e as suas perdas.

Figura 2: Fluossilicato de sódio armazenado

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Figura 3: Carvão Ativado armazenado

Percorrendo a estação ainda na primeira visita, foram percebidas outras pequenas perdas que aparentementeem volume não são significativas diante do volume de água que chega à estação, porém conceitualmente doponto de vista da PML são consideradas perdas. Como exemplo podemos citar a amostragem de água bruta,que é um ponto de coleta para análises onde há descarga de água bruta de forma contínua, que ao invés deretornar ao processo, é esgotada através da rede pluvial. Cabe ressaltar que esta água foi bombeada desde olago Guaíba até a ETA e tem custos agregados como energia elétrica e mão de obra da operação. Não foirealizada a quantificação do volume, porém se equiparamos a uma torneira com abertura de 2 mm podemosestimar uma perda de 4.500 litros por dia, em torno de 1650 m³ por ano. Significa uma perda pois foramgastos recursos para a condução deste volume até a estação e após devolvido ao mesmo lugar através da redepluvial.

Figura 4: Amostragem da água bruta

As adições de produtos químicos no processo de tratamento de água variam em função das características daágua bruta, principal componente do processo. Estas características são verificadas através de análisesquímicas e físicas através do laboratório e de instrumentos de medição automatizados. Desta forma não existeuma dosagem fixa a ser aplicada. Por este motivo não foi realizada a quantificação das matérias primas parao processo por metro cúbico tratado pois não assemelha-se a uma linha de produção industrial, apenasapresentamos as principais matérias primas utilizadas quantificadas no quadro abaixo:

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No Material Quantidade Anual Unidade Objetivo1 Sulfato de Alumínio 1.618.180 Kg Coagulação2 Cloro 163.074 Kg Desinfeção3 Fluossilicato de Sódio 52.225 Kg Aplicação de Flúor

Tratamento de água 47.184.431 m³Tabela 3: Principais produtos químicos consumidos em 1999 na ETA Moinhos de Vento

A partir da visita e entrevistas realizadas, foi elaborado o diagrama descritivo do fluxo do processo comênfase qualitativa pois não estão identificadas as quantidades de entradas e saídas. As quantidades deresíduos gerados, principalmente o lodo dos decantadores, não são quantificados pelos responsáveis pelaoperação uma vez que este lodo é descartado através de um expurgo quando é feita a limpeza dosdecantadores, sem a execução de qualquer medição.Conforme declaração durante as entrevistas, os expurgos dos decantadores não tem fechamento perfeito e osoito decantadores tem perdas constantes, este valores também não são quantificados pela operação.O processo de lavagem de filtros é um processo auxiliar do tratamento de água e segundo informaçõescoletadas durante a entrevistas, gera um grande volume de perdas de água pois necessitam ser feitos a cada12h de operação e o reservatório para realizar o reciclo da água efluente da retrolavagem não encontra-se emuso. Outro problema é o tempo de execução, pois os filtros não possuem equipamentos para a indicação dofinal da retrolavagem, desta forma o término da lavagem fica a critério da sensibilidade do operador atravésde percepção visual.

Figura 4: Retrolavagem dos filtros

A seguir está demonstrado o fluxo de operação do tratamento de água na ETA Moinhos de Vento com aidentificação das entradas (matéria-prima) e saídas (resíduos).

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Figura 6: Fluxograma da operação normal da ETA

O tratamento da água visando sua potabilização é realizado através de duas etapas principais: a clarificação ea desinfeção. Outro etapa complementar, a fluoretação também é empregada.O processo será descrito a partir da representação gráfica. A numeração das etapas está relacionada com ofluxograma apresentado na figura 6.

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1. ADUÇÃO/CAPTAÇÃO

A captação da água em seu estado natural ocorre por sucção na Estação de Bombeamento de água Bruta(EBAB).No momento da adução, a água passa por um gradeamento que impede a passagem de sólidos de maiorvolume e, através do bombeamento, é conduzida à Estação de Tratamento de Água (ETA) Moinhos deVento.O DMAE tem como principal ponto de captação o lago Guaíba.

2. COAGULAÇÃO

Na ETA, a água recebe um agente coagulante, o Sulfato de Alumínio, que ao reagir com alcalinidade naturalexistente na água ou com substâncias alcalinas a ela acrescentadas, passa por uma reação química e setransforma em Hidróxido de Alumínio. Este é insolúvel, tem forte carga positiva e tende a se agrupar empartículas maiores, formando um precipitado gelatinoso, floculento. A quantidade de agente coagulante édeterminada através de ensaios de floculação, nos laboratórios da ETA.

3. FLOCULAÇÃO

O floco já formado atrai as partículas de carga contrária que estão em suspensão (argila, matéria orgânica,microorganismos). A este fenômeno denominamos adsorção.

4. DECANTAÇÃO

A água floculada é escoada para os decantadores onde fica detida por aproximadamente 2 a 4 horas.Neste ponto, os flóculos já adsorveram bastante impurezas e, portanto, estão mais densos. Por gravidade, elesprecipitam, depositando-se no fundo dos tanques e formando uma massa com aspecto de lodo.

Essa forma de operação implica na necessidade de lavagem periódica dos decantadores para aremoção do lodo acumulado, trata-se de um processo em paralelo com a interrupção da operação nodecantador em lavagem.

5. FILTRAÇÃO

Após a decantação e, estando a água com turbidez reduzida ao mínimo, esta é encaminhada aos FiltrosRápidos de Areia. O processo consiste na passagem da água através de uma camada de areia fina (leito defiltração) que repousa sobre sucessivas camadas de areia com diferentes granulometrias e cascalho detamanho crescente em direção ao fundo do filtro (leito de sustentação). No leito de filtração ficam retidas aspartículas de menor densidade.A filtração encerra a clarificação - processo que deixa a água incolor, insípida e inodora.

6. DESINFEÇÃO/FLUORETAÇÃO

A Desinfeção compõe o tratamento, visando eliminar microorganismos patogênicos eventualmente presentesna água. O agente desinfetante mais utilizado é o cloro, na formas gasosa.Na ETA Moinhos de Vento o cloro é aplicado no início do processo de tratamento, em função da qualidadeda água do manancial, a chamada pré-cloração, logo após a decantação, sendo utilizado com a finalidadepreventiva na contaminação dos filtros, chamado de inter-cloração, e é aplicado ainda imediatamente após afiltração, sendo o processo denominado de pós-cloração.A pós cloração garante a qualidade da água e mantém o teor de cloro residual que combate possíveisalterações na qualidade da água na rede de distribuição.A fluoretação é uma etapa adicional que integra o processo convencional do tratamento da água.Consiste na aplicação de compostos de flúor na água já tratada, visando prevenir a cárie dentária,principalmente entre crianças e adolescentes.

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7. RESERVAÇÃO

Concluído o tratamento, a água é armazenada em reservatórios, quando, então, através de canalizações (redede distribuição), segue até as casas.O trabalho do DMAE não é finalizado com a distribuição. Visando acompanhar o padrão de potabilidade daágua, diariamente é realizado um controle em vários pontos da cidade, através da coleta de amostras para aVigilância Sanitária.

DEFINIÇÃO DO PROCESSO PARA ANÁLISE :LAVAGEM DO DECANTADOR N.º1

O processo escolhido para o aprofundamento do estudo de Produção Mais Limpa foi a lavagem dodecantador pequeno n.º 1.Observando a planta geral da ETA Moinhos de Vento na figura 1, o decantador n.º1 está assinalado eencontra-se localizado junto ao floculador.Abaixo o decantador está representado através de um corte esquemático, conforme figura 7:

Figura 7: Corte esquemático do decantador n.º1

O decantador em estudo tem a capacidade para conter um volume de 2400 m³ de água, com dimensõesaproximadas de 80m de comprimento por 13m de largura na parte superior e com altura variável média de2,4 m, podendo ser visualizado na figura 8.

Figura 8: Decantador n.º 1 vazio

Ao acompanhar a execução de um processo de lavagem do decantador em estudo, foi verificado que umagrande quantidade de água é perdida por vazamentos de outro decantador e do floculador. Ao questionar osentrevistados por que aqueles vazamentos ainda permaneciam, recebi a resposta de que os vazamentos são

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necessários pois ajudam a realizar a retirada do lodo e permitem o reenchimento do decantador após otérmino da limpeza.O volume despejado pelos vazamentos, de forma contínua durante todo o processo de lavagem, é de água emfase de tratamento a qual foi agregado sulfato de alumínio e cloro já tendo sido decantada.Durante o processo de esvaziamento, quando são despejados no expurgo 2400 m³ que estão em fase detratamento possibilitando a limpeza, os vazamentos estão continuamente despejando um grande volume deágua, retardando o esvaziamento por completo.Abaixo na figura 9, está apresentada uma foto dos vazamentos do decantador adjacente ao em estudo.

Figura 9: Vazamentos nas comportas durante a lavagem do decantador

A seguir está apresentado o fluxograma de lavagem do decantador em estudo, conforme figura 10,demosntrando as entradas (matérias-primas) e saídas (resíduos) em cada etapa do processo. Logo após omesmo fluxo de operações está representado através de fotos, com a correspondente numeração das etapas.

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Figura 10: Fluxograma das etapas de lavagem do decantador n.º 1

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ETAPAS DA LAVAGEM DO DECANTADOR PEQUENO N.º 1

Figura 11: Etapa 1 - Fechamento das comportas do canal de entrada

Figura 12: Etapa 2 - Fechamento das comportas de saída

Figura 13: Etapa 3 - Abertura do expurgo

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Figura 14: Etapa 4 - Esvaziamento do decantador

Figura 15: Etapa 5 - Jateamento do lodo

Figura 16 : Etapa 5 - Jateamento do lodo

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Figura 17: Etapa 6 - Conduzir o lodo com o rodo para o canal do expurgo

Figura 18: Etapa 7 - Após a limpeza, fechar o expurgo

Figura 19: Etapa 8- Reabrir as comportas com o decantador cheio

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DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DA LAVAGEM DO DECANTADOR N.º1

1. Fechar as comportas do canal de entrada (figura 11)Para impedir a entrada de água vinda do floculador são fechadas as comportas acionadas através de volantescom duração de aproximadamente 3 minutos2.Fechar as comportas de saída (figura 12)Com o objetivo de fechar a comunicação entre o decantador em limpeza e o adjacente, são colocadas 14barreiras ou "stop-logs" construídos em fibra de vidro nas 7 comportas, com duração aproximada de 10minutos para a execução.3.Abertura do expurgo (figura 13)Após isolar o decantador, é aberto o expurgo do fundo para a liberação do volume de água contido nodecantador para possibilitar a limpeza, o tempo para a abertura é de 5 minutos aproximadamente.4.Esvaziar o decantador (figura 14)Durante 3 horas o decantador é esvaziado. Durante este período os operários providenciam as mangueiras e abomba para a próxima etapa.5.Jatear o lodo (figuras 15 e 16)Com as mangueiras que foram preparadas durante o esvaziamento, os operários posicionados do lado de fora,realizam o jateamento do lodo que está no fundo do decantador para impulsioná-lo na direção ao expurgo.6.Conduzir o lodo com o rodo (figura 17)Depois que grande parte do lodo já foi encaminhado ao expurgo, os operários usando os equipamentos deproteção individual, descem dentro do decantador e com rodos empurram o restante do lodo para o canal desaída.Esta fase desenvolve-se com tempo médio de duas horas.7.Fechar o expurgo (figura 18)O registro do expurgo é fechado e inicia o reenchimento do decantador através dos vazamentos nascomportas no limite com o decantador adjacente.No momento em que o decantador está parcialmente preenchido são abertas as comportas do canal. Oreenchimento dura em torno de 6 horas.8.Reabrir as comportas. (figura 19)Com o decantador completamente cheio, são retirados os "stop logs" nas comportas para que o decantadorentre em operação normal, encerrando o processo de lavagem do decantador com duração total de 12 horas.

CARACTERIZAÇÃO DO LODO

No processo de floculação quando são inseridos no processo de tratamento os agentes coagulantes, ocorre aclarificação da água, ou seja a redução da sua turbidez. Os flocos são formados de argila, matéria orgânica,microorganismos que estão em suspensão na água afluente à estação. O acumulo destes flocos no fundo dosdecantadores é chamado de lodo.Durante o processo analisado da lavagem dos decantadores, foi constatado que o lodo é integralmenteenviado ao Lago Guaíba através de uma linha de expurgo, a qual é basicamente uma rede pluvial que atendetambém a descarga da lavagem de filtros e outras necessidades em caso de problemas na operação.O Lago Guaíba é o mesmo manancial de onde é realizada a captação da água bruta para tratamento atravésda estação de bombeamento de água bruta (EBAB).No estudo realizado pela comissão de lodos instituída no DMAE em 1993, através análises de laboratório,foi realizada a caracterização dos lodos de ETAS cuja parte da tabela é apresentada a seguir.

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Característica Lodo Bruto mg/lSólidos Totais 3.253,30DBO 5,20DQO 497,50Nitrogênio total 13Turbidez -Fenol 0,004Fosfato Total 14,30PH 6Alumínio 48,60Bário 0,11Cádmio 0,003Chumbo 0,053Cobre 0,147Ferro Total 44,60Manganês Total 1,223Mercúrio 0,0001Níquel 0,022Zinco 0,134Coliformes Totais 325Coliformes Fecais 153Tabela 9: Caracterização do lodo dos decantadores da ETA Moinhos de Vento-Elaborada pelo autorbaseada em tabela emitida em 20/01/1993 pela Comissão de lodos

Em comparação da tabela 9 com os padrões de emissão de efluentes que encontram-se logo a seguir natabela 10, nas características apresentadas comparadas à Portaria 05/89 do estado do Rio Grande do Sul(Lançamento de efluentes líquidos em corpos d'água) e Decreto 9331 do Município de Porto Alegre(Lançamento de efluentes líquidos quando o coletor público não for provido de ETE), constatamos que oefluente que é descartado através do expurgo não estava adequado a legislação, podendo trazer desta formadanos ambientais. Este fato evidencia-se nos itens:

• Alumínio• Ferro Total• Fosfato total• Nitrogênio total

Portaria DecretoCaracterísticas UNIDADES 05/89 9331/88

Estadual Municipal

Alumínio mg Al/l 10 30

Arsênio mg As/l 0,1 0,1

Bário mg Ba/l 5,0 2

Boro mg B/l 5,0 1

Cádmio mg Cd/l 0,1 0,1

Cianeto mg CN/l 0,2 0,2

Chumbo mg Pb/l 0,5 0,5

Cobalto mg Co/l 0,5 -

Cobre mg Cu/l 0,5 1

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Cor mg Pt/l - 75

Cromo hexavalente mg Cr/l 0,1 0,5

Cromo trivalente mg Cr/l - 1

Cromo total mg Cr/l 0,5 0,5

DBO mg O2/l relação à vazão 30 - 45

DQO mg O2/l relação à vazão -

DQO / DBO - - <3

Dureza mg CaCO3/l <200 200

Estanho mg Sn/l 4,0 2

Fenóis mg /l 0,1 0,2

Ferro Solúvel mg Fe/l - -

Ferro Total mg Fe/l 10 5 - 10

Fluoreto mg F/l 10 10

Fosfato Orto mg PO4/l - -

Fosfato Total mg PO4/l 1 ,0 (P) 1

Lítio mg Li/l 10 VIRT.AUSENTE

Manganês Solúvel mg Mn/l - -

Manganês Total mg Mn/l 2,0 1

Mercúrio mg Hg/l 0,01 0,01

Molibdênio mg Mo/l 0,5 -

Níquel mg Ni/l 1,0 1

Nitrato mg N/l - 10

Nitrito mg N/l - 1

Nitrog.Albuminóide mg N/l - 1

Nitrog.Amoniacal mg N/l - 0,6

Nitrog. Total mg N/l 10 10

Total mg/l - 20

Óleos e graxas Minerais mg/l <10 -

Vegetal/Animal mg/l <30 -

pH 6,0 a 8,5 5 a 9

Prata mg Ag/l 0,1 0,1

Selênio mg Se/l 0,05 0,02

Sólidos Sedimentáveis ml/l 1,0 1

Sólidos Suspensos mg/l relação à vazão 15 - 30

Sólidos Totais Dissolvidos mg/l - -

Sulfato mg SO4/l - 400

Sulfeto mg S/l 0,2 1,0

Sulfito mg SO3/l - ausente

Surfactantes mg/l 2,0 2

Temperatura 0 C <40 40

Turbidez UNT - 100

Vanádio mg V/l 1,0 -

Zinco mg Zn/l 1,0 1

Tabela 10: Padrões de emissão de efluentes

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PROCESSO DE MEDIÇÃO DAS PERDAS

Uma equipe da Divisão de Esgoto do DMAE auxiliou na tentativa de medir as perdas. Por tratar-se deprimeira medição do gênero, imaginou-se que através do uso de um tubo de PVC poderia ser feita uma calhae através da transferência do volume para um recipiente de volume conhecido, seria possível a determinaçãoda vazão das perdas tanto na comporta como no canal do floculador. A medição da vazão da bomba foi feitaatravés do mesmo recipiente com a duas mangueiras em operação.Os valores obtidos para o cálculo estão abaixo das vazões reais, as quais precisariam ser avaliadas por outrotipo de processo de medição.

Figura 20: Tentativa de desviar o fluxo com tubo de PVC

Figura 21: Medição das perdas do floculador com uso de tubo de PVC e recipiente de volume conhecido

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CÁLCULO DAS PERDAS

Para melhor avaliação do processo, foi realizada uma avaliação qualitativa das perdas identificadas:

1.Volume de água inicial despejadoO volume de água que está contido no decantador é conhecido e é de 2400 m³. Este volume é constituído deágua bombeada desde o manancial que foi floculada, clorada e parcialmente decantada.

2.Vazamentos nas comportasOs vazamentos das comportas são originadas no decantador adjacente e são constituídas de água jádecantada.

3.Vazamentos no canal de entradaEstes vazamentos são constituídos de água floculada e clorada.

4.Volume de água utilizado através das mangueirasA água utilizada para o jateamento é de outro decantador em operação e já está parcialmente decantada.As perdas estão relacionadas a etapas diferentes do processo de tratamento e em cada etapa existe um valoragregado para a água em processamento.

A Divisão de Tratamento não possuía os valores calculados dos custos da água, assim foi realizado apenasuma indicação dos componentes que formam os custos em cada etapa para avaliação, pois a definição doscustos demanda um estudo específico.

1.Água bombeada• Energia elétrica• Mão de obra no bombeamento• Manutenção dos equipamentos• Manutenção das linhas de recalque

2.Água Coagulada• Todo o custo do Bombeamento• Adição de Sulfato de Alumínio• Adição de Cloro• Mão-de-obra• Manutenção• Energia elétrica (Indutores do cloro, bombas de amostragem, equipamentos do laboratório, equipamentosde dosagem da Casa Química)

3.Água Decantada• Todo o custo da água coagulada• Custos de Lavagem dos decantadores• Mão de obra para operação

Através do trabalho realizado pela equipe da Divisão de Esgoto coordenada pelo autor para medir as perdasno canal de entrada, nas comportas e o volume utilizado através das mangueiras, foi alcançado um resultadoparcial que pode ser usado como uma estimativa. Para valores com uma maior precisão seria necessário umanova medição com outro tipo de processo A tabela 11 apresenta os valores dos volumes aproximados que foram encontradas nas medições.

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Vazão medida

aproximada eml/s

Tempo de vazamento ouoperação, em horas.

Volume total em m³

Volume do decantador - - 2400 Canal de entrada 2,5 5 * 45 Comportas 20 5* 360 Mangueiras 7,5 2 54 Total 30 - 2.859 * Somados os tempos desde a abertura do expurgo até o fechamento, quando os vazamentos passam tera função de reencher o decantador.

Tabela 11: Demonstrativo da perdas no processo de lavagem O volume total de 2859 m³ a cada lavagem não é preciso devido ao processo de medição, a quantidade realdeve ser superior. Como os valores de cada etapa do processo de tratamento não tem os seus valores indicados, utilizamos omenor valor do metro cúbico cobrado dos usuários do DMAE para verificar a perda de receita mínimabaseado nas perdas.

De acordo com o decreto para determinação dos preços dos serviços prestados pelo DMAE, o menor valor dometro cúbico é de R$ 0,7678 para o mês de Julho de 2000.O volume perdido em cada lavagem é de 2.859 m³, considerando-se que a cada m³ de água fornecido écobrado 80% referente a tarifa de esgoto conforme previsto na lei 170/88, o volume correto seria :

2.859 m³ x 1,80= 5146,20 m³

sendo então a perda de receita aproximada por lavagem de :

5146,20 m³ x R$ 0,7678= R$ 3.951,25

Considerando que são executadas no mínimo 12 lavagens por ano no decantador n.º1, a perda anual dereceita é de aproximadamente R$ 47.415,02, de acordo com os cálculos baseados em preços mínimos e comas perdas subestimadas devido ao processo de lavagem.

Ocorrem ainda pequenas perdas que não estão sendo contabilizadas mas que conceitualmente do ponto devista da PML devem ser eliminadas. Uma delas ocorre na bomba que abastece as mangueiras durante alavagem do decantador. A figura 22 mostra o detalhe dos vazamentos.

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Figura 22: Vazamentos na bomba

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A partir do diagnóstico realizado evidenciando as perdas no processo e o possível dano ambiental gerado,foram estudadas alterações de tecnologia empregada e/ou mudança de método empregado na execução deprocessos e destinação de resíduos. As sugestões de estudos apresentadas visam propor meios de prevenção eminimização de efluentes líquidos, geração de resíduos sólidos.Os dados referentes às perdas de vazamentos nas comportas, com a água bombeada através das mangueiras ecom origem no floculador apresentadas no estudo de caso são aproximações para referência, assim o relatórioapresenta um direcionamento para a solução dos problemas encontrados, mas não foi possível realizar ocálculo de viabilidade econômica devido à falta de dados referentes ao custo da água em cada etapa dotratamento. A Estação de Tratamento Moinhos de Vento necessita um aprofundamento nas investigações de perdasexistentes e suas causas, bem como adequar os seus processos às questões ambientais do município de PortoAlegre Ao longo de todo o processo de tratamento de água ficou evidente que existe um conjunto de perdas, epossíveis danos ambientais que não são considerados. Existem formas para minimiza-los através da aplicaçãode um programa de Produção Mais Limpa, iniciando pelos cuidados no armazenamento das matérias-primas,vazamentos em mangueiras até as grandes perdas nos processos. A busca da produção Mais Limpa no DMAE é mais do que um esforço na mudança dos processos através deestudos e pesquisas, é a mudança de atitude por parte dos quase 2.500 funcionários do departamento atravésde uma aplicação conjunta de um programa de PML associado a uma nova forma de desenvolvimento derecursos humanos. Não há como implantar mudanças nos processos se as pessoas não estiverem envolvidas econscientizadas. O fato de a operação aceitar as perdas como um auxílio no processo de lavagem dos decantadores deve serinvestigado, pois ao desconhecer o volume e a sua representatividade podem estar gerando uma perdacontínua de recursos. As perdas não visíveis, mas conhecidas, como por exemplo o constante vazamento nos expurgos de todosdecantadores, devem ser corrigidas pois são evasão de recursos e geração de danos ambientais, uma vez que a

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água que escoa constantemente sofreu a adição de sulfato de alumínio além das perdas de energia e outrasmatérias-primas. A descarga do lodo de forma bruta através de um expurgo para o mesmo manancial de onde é buscada aágua para o tratamento deve ser analisada profundamente, pois além de não ser ambientalmente correto,implica em captar água para tratamento em piores condições. Podemos formular algumas soluções em termos de alteração de processo e tecnologias empregadas.

Uma vez que a diretriz da Divisão de Tratamento é da manutenção da capacidade atual de tratamento, asalterações de tecnologia no processo não buscam a mudança para um sistema de tratamento nãoconvencional, ou seja o processo atual deverá ser mantido, mas apenas modernizado e automatizado.Assim o projeto da construção de decantadores de maior capacidade com tecnologia "SUPERPULSATOR"está abandonada, sendo mantidos os decantadores atuais.Não é produtivo parar o processo de tratamento e esvaziar o decantador para a limpeza, uma vez quenecessita o descarte do volume de 2400 m³ de água a cada processo de lavagem, causando descontinuidadena operação do sistema. Nesse sentido, uma das propostas para a limpeza dos decantadores de formacontínua seria a instalação de um sistema de arraste contínuo do lodo para um canal onde ocorre a sucção etransporte para a desidratação para uma destinação com cuidado ambiental. Através deste processo nãohaveria a necessidade de limpezas mensais para a retirada do lodo, além de estar evitando o lançamento deresíduos perigosos para o meio ambiente.

Na figura 23 está representado um decantador que é muito utilizado nas instalações de saneamentoJaponesas.

Figura 23: Decantador com sistema de remoção contínua de lodo

Conforme estudo realizado pela Comissão de Lodos do DMAE em 1992, após a remoção, o lodo deverá serdesidratado através do uso de equipamentos dos tipos centrífuga, filtros rotativos ou filtros prensa. Notrabalho, as centrífugas mostraram-se com a melhor relação custo benefício, porém passados alguns anosseria necessário realizar um novo estudo em função das mudanças tecnológicas dos últimos anos. A desidratação, além da diminuição do volume e peso do lodo, permite o retorno de grande parte da águapara o processo reduzindo as perdas. A remoção do lodo, ao invés do descarte pelo expurgo, previne a poluição ambiental mas por outro lado,gera a necessidade da definição da destinação final, onde além dos lodos das ETAS, o município vainecessitar uma definição para os lodos gerados em Estações de Tratamento de Esgotos (ETES) queencontram-se em início de operação. A primeira idéia de disposição é o aterro sanitário, onde não trata-se de apenas dispor o lodo a céu aberto,mas um conjunto de cuidados e regras que devem ser observados prevenindo a contaminação do meioambiente. O aterro sanitário de lodos desidratados é uma das alternativas mais fáceis e de baixo custo, porémpodem tornar-se onerosos devido à escassez de terras para disposição, cuja disponibilidade é fator de decisãopara a sua utilização.

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Outra alternativa é a produção de composto fertilizante devido às características dos lodos. A compostagemnecessita um local específico para a sua execução e tecnologia apropriada, sendo que a presença de metais,como o alumínio , pode ser um problema para esse processo. A incineração é uma opção em que a redução do volume propicia uma disposição em aterros com cinzas semcontaminação, ou até mesmo a produção de tijolos e ladrilhos quando a incineração ocorre com a mistura deargila. Os tijolos e outro produtos cerâmicos podem ser usados em construções públicas. A construção deuma planta para a incineração de lodo requer um grande volume financeiro, o que pode ser contornadoatravés de um acordo de uso conjunto por outras cidades. Existem pesquisas para a recuperação do agente coagulante dos lodos antes da sua disposição final, porémainda não há um consenso no meio científico quanto a sua aplicação, sendo uma opção para estudo. Para a redução do volume do lodo com a melhora na qualidade da água decantada e filtrada é recomendado ouso de polímeros como auxiliares de floculação, aumentando ainda o período médio entre lavagensconsecutivas dos filtros, reduzindo portanto, a perda de água de forma geral na ETA.

A análise do processo do tratamento de água da ETA Moinhos de Vento demonstrou que existem perdas dematérias-primas e água em grandes e pequenas quantidades, as quais podem ser prevenidas em alguns casosapenas com mudanças de atitude, em outros através de mudanças simples em processos até a alteração dasinstalações através de grandes obras.Foi importante demonstrar através de valores em moeda, o que representam as perdas identificadas, pois asempresas tendem a considerar que as perdas são insignificantes e tem o seu valor diluído nos custos, uma vezque não conhecem os montantes, verificando ainda a sua correlação com danos ambientais.O trabalho conseguiu ainda levantar a indicação de outras perdas, que mais do que serem quantificadasnecessitam ser eliminadas, como o constante vazamento dos 8 decantadores para o expurgo.Fica indicado nas recomendações, que pode-se atingir a mesma eficácia dos processos, de outras formas,evitando-se a poluição ambiental e o desperdício de matérias-primas.

O DMAE já está em estudos para compor um grupo para a gestão tecnológica, seja no desenvolvimento detecnologias nascentes ou de pesquisa e testes de tecnologias estabilizadas, buscando trabalhar a identificaçãoe eliminação de perdas em todo o Departamento através da aplicação das teorias de Produção Mais LimpaÉ importante que este estudo já tenha sensibilizado a Direção Geral do DMAE, de que trabalhos como estesão importantes para que se conheça os processos e suas perdas, que em muitos casos já são consideradascomo parte auxiliar e naturalmente integradas nos processos, até mesmo absorvidas nos custos.

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11. http://www.unilivre.org.br/centro/Forum/prodlim.htm12. GONÇALVES, Ricardo Franci, PIOTTO, Zeila Chittolina, DE RESENDE, Marcos Batista ,Influência

dos mecanismos de coagulação da água bruta na reciclagem de coagulantes em lodos de estações detratamento de água, 19º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro,Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 1999

13. DA COSTA, Elizabeth R. Halfeld, Melhoria da qualidade da água tratada e aumento da capacidade deETAS através da escolha adequada de coagulantes e auxiliares, em águas com alcalinidade alta (estudode caso), 19º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro, AssociaçãoBrasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 1999

14. SARTORI, Luci, REALI, Marco Antonio Penalva, Diminuição da dosagem de coagulante primárioatravés da aplicação de polímeros sintéticos na flotação de águas para abastecimento , 20º CongressoBrasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro, Associação Brasileira de EngenhariaSanitária e Ambiental, 1999

15. Consórcio MAGNA Engenharia, STE Engenharia, Ecoplan Engenharia, Ampliação do sistema deabastecimento de água- Projeto Executivo -ETA Moinhos de Vento, Volume 1 - Memorial Descritivo,Porto Alegre, DMAE, 1988