III SEMINÁRIO INTERNACIONAL MUNDOS
IBÉRICOS:
História, Poder e Cultura
(UEG/UFG/PUC-GO)
06 a 08 de junho de 2018
Goiânia
CADERNO DE
RESUMOS
Goiânia
2018
ISSN 2359-0068
III SEMINÁRIO INTERNACIONAL
MUNDOS IBÉRICOS
HISTÓRIA, PODER E CULTURA
(UEG/UFG/PUC-GO)
Em homenagem ao Dr. José Antônio de Camargo Rodrigues de Souza
06, 07 e 08 de junho de 2018
CADERNO DE RESUMOS
Armênia Maria de Souza
Johnny Taliateli do Couto
Renata Cristina de Sousa Nascimento (Org.)
Goiânia
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
COUTO, Johnny Taliateli do; NASCIMENTO, Renata Cristina de Sousa; SOUZA, Armênia
Maria de. Caderno de Resumos do III Seminário Internacional Mundos Ibéricos: História,
poder e cultura (UEG/UFG/PUC-GO). Goiânia – UFG/PUC-Goiás, 2018.
ISSN - 2359-0068
III Seminário Internacional Mundos Ibéricos: História, poder e cultura
(UEG/UFG/PUC-GO)
Organização Geral:
Drª Armênia Maria de Souza (UFG)
Drª Renata Cristina de Sousa Nascimento (PUC/UFG/UEG)
Comissão de Apoio:
Ms Waldinice Maria do Nascimento
Drª Maria Dailza da Conceição Fagundes (UEG)
Drª Rita de Cássia de Oliveira Reis (CEPAE/UFG)
Drª Maria Cristina Nunes Neto (PUC-Go)
Ms Cleusa Teixeira (UFG)
Ms Johnny Taliateli do Couto (UFG)
Drª Thaís Marinho (PUC-Go)
Ms Ivan Vieira Neto (PUC-Go)
Ms Hugo Rincon Azevedo (UFG)
Ms Hugo David Gonçalves (UFG)
Drª Ivoni Richter Reimer (PUC-Go)
Dr André Costa Aciole da Silva (IFG)
Dr. Fernando Lobo Lemes (UEG)
Ms Simone Cristina Schmaltz (PUC-Go)
Ms Mayra Rubia Garcia (UFG/UEG)
Ms Thiago Damasceno Pinto Milhomem (UFG)
Profa Sônia Baylão de Carvalho (PUC-Go)
Nezivânia Xavier Freitas (UFG)
Comissão Científica
Drª Diane Valdez (UFG)
Drª Fátima Regina Fernandes (UFPR)
Dr Renan Frighetto (UFPR)
Drª Leila Rodrigues da Silva (UFRJ)
Drª Aline Dias da Silveira (UFSC)
Dr Stéphane Boisselier (Université de Poitiers)
Dr Eduardo J. Reinato (PUC-Go)
Drª Roseli Martins Tristão Maciel (UEG)
Drª Maria Filomena Pinto da Costa Coelho (UNB)
Drª Carolina Gual da Silva (LEME/UNICAMP)
Dr Fabiano Fernandes (UNIFESP)
Dr Alberto Baena Zapatero (UFG)
Drª Ivoni Richter Reimer (PUC-Go)
Dr José Carlos Gimenez (UEM)
Drª Paula Pinto Costa (Universidade do Porto)
Drª Sibeli Aparecida Viana (PUC-Go)
Dr Gilberto Cézar de Noronha (UFU)
Drª Ana Lorym Soares (UFG)
Drª Adriana Mocelim (PUC-PR)
Dr Ademir Luiz da Silva (UEG)
SUMÁRIO
CONFERÊNCIAS ................................................................................................................. 15
A MIRAGEM DAS MINAS NA CARTOGRAFIA IBÉRICA
Andrea Doré ............................................................................................................................ 16
SAN MILLÁN, SANTIAGO E ISIDORO: TRES MODELOS DE SANTIDAD
GUERRERA EN LA ESPAÑA MEDIEVAL
Ariel Guiance ........................................................................................................................... 16
PAPA JOÃO XXII: A DISPUTA COM OS ESPIRITUAIS E A QUESTÃO DA VISÃO
BEATÍFICA (SÉC. XIV)
Armênia Maria de Souza .......................................................................................................... 16
AULAS RÉGIAS NA AMÉRICA PORTUGUESA: OS MESTRES RÉGIOS DA
CAPITANIA DE GOIÁS
Diane Valdez ............................................................................................................................ 17
SOBRE DENÚNCIAS E DELITOS DE AUTORIDADES COLONIAIS: DIFERENTES
ABORDAGENS SOBRE A CORRUPÇÃO NO ANTIGO REGIME
Fernando Lobo Lemes ............................................................................................................. 17
VIRGENS ABRIDEIRAS: ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE A MATERIALIDADE,
OS CICLOS NARRATIVOS E A VISIBILIDADE
Flávia Galli Tatsch .................................................................................................................. 18
SEDE DE SANGUE, FOME DE TEMPO: A VIOLÊNCIA COMO NARRATIVA
PRIMORDIAL DA ECLESIOLOGIA MEDIEVAL (ROMA, SÉCULO XI)
Leandro Duarte Rust ................................................................................................................ 18
O GÊNERO BIOGRÁFICO NA BAIXA IDADE MÉDIA: CULTURA E PODER
Marcella Lopes Guimarães ...................................................................................................... 19
BENS ARQUITETÔNICOS, SOCIABILIDADE E PATRIMÔNIO: A CIDADE DO RIO
DE JANEIRO ENTRE A “COLÔNIA” E O “IMPÉRIO”
Maria Fernanda Bicalho ......................................................................................................... 19
NOVAS LEIS TRADICIONAIS: O CASO DAS LEIS GERAIS DE AFONSO II
(PORTUGAL, SÉC. XIII)
Maria Filomena Coelho ........................................................................................................... 20
PREGAÇÃO, FESTA E PODER: BISPOS EM AÇÃO NA PRIMEIRA IDADE MÉDIA
(440-580)
Paulo Duarte Silva ................................................................................................................... 20
DOS CORPOS SANTOS À REDISTRIBUIÇÃO DOS OSSOS: A SACRALIDADE AOS
PEDAÇOS
Renata Cristina de Sousa Nascimento ...................................................................................... 21
ENTRE PODER E CULTURA: A IDEOLOGIA POLÍTICO-RELIGIOSA NUM
RELATO DA OCUPAÇÃO PORTUGUESA DE CEUTA EM 1415 (CRÓNICA DO
CONDE D. PEDRO DE MENESES, POR G. E. ZURARA)
Stéphane Boissellier ................................................................................................................. 21
6
COMUNICAÇÕES ............................................................................................................... 22
A “CLERICALIZAÇÃO” DA MORTE NA IDADE MÉDIA PORTUGUESA
ENQUANTO FORTE ELEMENTO NA LUTA SIMBÓLICA PELA PERPETUAÇÃO
DE PODER
Airles Almeida dos Santos ........................................................................................................ 23
O QUE ERA GOVERNAR NO IMPÉRIO PORTUGUÊS DA ÉPOCA MODERNA?
TECENDO COMENTÁRIOS SOBRE OS GOVERNADORES E CAPITÃES-
GENERAIS NA CAPITANIA DE GOIÁS NO SÉCULO XVIII
Alan Ricardo Duarte Pereira ................................................................................................... 23
KRISTNITAKAN, DISPUTAS SAGRADAS E ACOMODAÇÕES TERRENAS NA
ISLÂNDIA APÓS O ANO 1000
André Araújo de Oliveira ......................................................................................................... 24
RELIGIÃO E POLÍTICA: FUNDAÇÕES TERESIANAS E O CONTEXTO POLÍTICO
ESPANHOL DO SÉCULO XVI
André Luís de Castro Albuquerque .......................................................................................... 24
AS INTERVENÇÕES AUTORAIS NA VIDA DE SÃO SEBASTIÃO DA LEGENDA
AUREA
André Rocha de Oliveira .......................................................................................................... 25
A EDUCAÇÃO FEMININA NA CORTE PORTUGUESA DO SÉCULO XV: A
TRADUÇÃO E INTRODUÇÃO DO ESPELHO DE CHRISTINE DE PIZAN EM
PORTUGAL
Andressa Pereira da Silveira ................................................................................................... 25
PATRIMÔNIO IMATERIAL: FOLIA DE REIS, TRADIÇÃO, IDENTIDADE E
MEMÓRIA
Angelo Marcos de Souza .......................................................................................................... 26
O JOGO POLÍTICO DITADO PELA ETIQUETA: A CORTE DE LUÍS XIV
Augusto de Matos Ribeiro ........................................................................................................ 26
O PODER NO REINADO DE D. ALFONSO X: UMA ANÁLISE DAS RELAÇÕES
RÉGIO-NOBILIÁRQUICAS NO CONTEXTO DA RECONQUISTA CRISTÃ (S. XIII)
Bárbara Meireles da Rocha ..................................................................................................... 26
OS MÁRTIRES DE MARROCOS: RELÍQUIAS E MILAGRES
Bruna Emanuelly Albuquerque Silva ....................................................................................... 27
A FIGURA DO CAVALEIRO NO TRACTATUS DE PURGATORIO SANCTI PATRICII:
UMA ANÁLISE DO IMAGINÁRIO SOBRE A SALVAÇÃO NOS SÉCULOS XII E XIII
Bruna Marcos Rodrigues de Oliveira ...................................................................................... 27
NEGOCIAÇÕES DIOCESANAS E CONFLITOS SENHORIAIS: A POLÍTICA
EPISCOPAL NA PENÍNSULA IBÉRICA DO SÉCULO XII
Bruno Gonçalves Alvaro .......................................................................................................... 28
O MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE BELÉM NOS DISCURSOS DOS AUTORES
PORTUGUESES DO SÉCULO XVI
Camila Cristina Souza Lima .................................................................................................... 28
DEMARCAÇÃO DE FRONTEIRAS E INTERPRETAÇÕES DO PASSADO NA
AMAZÔNIA IBÉRICA DO SÉCULO XVIII
7
Carlos Augusto Bastos ............................................................................................................. 29
A IDADE MÉDIA SOB A PERSPECTIVA DA HISTÓRIA DOS CONCEITOS: O
ESTUDO DO CONCEITO DE INFANTE
Carlos Eduardo Zlatic ............................................................................................................. 29
TALES OF THE ALHAMBRA: ECOS DA ESPANHA ISLÂMICA NO TEXTO DE
WASHINGTON IRVING
Carmen Lícia Palazzo .............................................................................................................. 30
O COMMENTARIUM IN APOCALIPSIN (1047): UMA TÁBUA DE EXALTAÇÃO A
FERNANDO I E D. SANCHA E SEU SIGNIFICADO
Carolina Akie Ochiai Seixas Lima ........................................................................................... 30
A DEMONSTRAÇÃO APOLOGÉTICA A FAVOR DAS CONHECENÇAS (1783) DO PE.
JOÃO ANTUNES NORONHA: O PODER EPISCOPAL E OS PROBLEMAS DE
JURISDIÇÃO
Caroline Cristina Souza Silva .................................................................................................. 31
A CONSTRUÇÃO DA SANTIDADE DE SÃO FRANCISCO XAVIER
Caroline Juliane Rodrigues ..................................................................................................... 31
ENTRE O EXÍLIO E A ESPERANÇA: A CLEMENTIA CAESARIS NAS EPISTULAE
EX PONTO DE OVÍDIO
Cesar Luiz Jerce da Costa Junior ............................................................................................ 32
UM ENTREOLHAR ACERCA DOS CRISTÃOS-NOVOS NA INQUISIÇÃO DE
PORTUGAL (SÉC. XVI)
Cleusa Teixeira de Sousa ......................................................................................................... 32
NOS CAMINHOS DE COMPOSTELA: A PEREGRINAÇÃO DE SANTIAGO DE
COMPOSTELA A PARTIR DO LIBER SANCTI JACOBI
Cristiane Sousa Santos ............................................................................................................. 33
MIGUEL SERVET (1511 – 1553) E AS REFORMAS RELIGIOSAS DO SÉCULO XVI
Daniel Seba .............................................................................................................................. 33
HISTORIOGRAFIA VENEZUELANA: PODER, INTRIGAS E INDEPENDÊNCIA DE
1810-1830
Deninson Alessandro Fernandes Aguirre ................................................................................ 33
D. JOÃO II: REI JUSTO E MISERICORDIOSO
Denise da Silva Menezes do Nascimento ................................................................................. 34
UMA REFLEXÃO TEÓRICA DAS EMOÇÕES E SUAS POSSIBILIDADES DE
EMPREGO PARA A ANÁLISE DO CONTEXTO MEDIEVAL
Douglas de Freitas Almeida Martins ....................................................................................... 34
MARTINHO LUTERO E A AUTORIDADE SECULAR
Eduardo dos Santos Carvalho Lima ......................................................................................... 35
RAFAEL HITLODEU, O ÚLTIMO VIAJANTE DA IDADE MÉDIA
Eduardo Leite Lisboa ............................................................................................................... 35
A CASA MEDIEVAL E MODERNA
Elana da Silva Romualdo ......................................................................................................... 36
ESTIGMATIZAÇÃO E MAGIA: UMA ANÁLISE DAS PERSONAGENS FEMININAS
PRESENTES NA OBRA METAMORFOSES DE APULEIO DE MADURA
8
Ellen Juliane Bueno dos Santos ................................................................................................ 36
O JOGADOR CONHECE O JOGO PELA REGRA: O SENTIDO RELIGIOSO DA
GUERRA E DOS GUERREIROS IMPERIAIS SEGUNDO MARTINHO LUTERO
Elthon Leal ............................................................................................................................... 37
O HUMANISMO ATRAVÉS DA ARTE: UMA LEITURA DE FRANCIS SCHAEFFER
Fábio de Sousa Neto ................................................................................................................ 37
OS DIFERENTES TIPOS DE ESCRAVIDÃO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE: DA
ESCRAVIDÃO POR GUERRAS ATÉ A ESCRAVIDÃO PELA CLASSIFICAÇÃO E
HIERARQUIZAÇÃO RACIAL
Fabrício Pereira Feliciano ...................................................................................................... 37
A SANTIDADE DO CORPO DE FRANCISCO E O MILAGRE DOS ESTIGMAS DE
CRISTO
Fernanda Amélia Leal Borges Duarte ..................................................................................... 38
REFLEXÕES SOBRE AS IDENTIDADES CRISTÃS A PARTIR DOS DISCURSOS
CONTRA OS ARIANOS DE ATANÁSIO DE ALEXANDRIA (Séc. IV d. C)
Fernando Divino Teodoro Moura ............................................................................................ 38
O FRA ANGÉLICO BRASILEIRO (VEIGA VALLE) - A (RE) VALORIZAÇÃO DA
OBRA DO SANTEIRO GOIANO PARA O FORTALECIMENTO DA TRADIÇÃO
VILABOENSE
Fernando Martins dos Santos .................................................................................................. 39
A ORDEM DE CRISTO, AS GRANDES NAVEGAÇÕES E SUAS VICISSITUDES
Filipe Inácio Fontes e Gabriel Costa Pereira .......................................................................... 39
SÃO VICENTE: RELÍQUIAS E MILAGRES EM LISBOA (SÉCULO XII)
Francielly Pereira Menezes ..................................................................................................... 40
EM HONRA DO FALECIDO REI: A ESCRITA DA MEMÓRIA COMO
LEGITIMAÇÃO DA REGÊNCIA DE D. CATARINA DE ÁUSTRIA
Giovanna Aparecida Schittini dos Santos ................................................................................ 40
REPRESENTAÇÕES TEOLÓGICO-POLÍTICAS NOS SERMÕES FÚNEBRES
PORTUGUESES (SÉCULO XVII)
Guilherme Amorim de Carvalho .............................................................................................. 40
ESPAÇO E PODER: DELIMITAÇÕES ESPACIAIS E AFIRMAÇÃO
NOBILIÁRQUICA NA LEX VISIGOTHORUM
Guilherme Marinho Nunes ....................................................................................................... 41
O RECONHECIMENTO DA SANTIDADE DE SANTA SENHORINHA DE BASTO E
A PROPOSTA DE UM MODELO DE SANTIDADE FEMININA (SÉC. XII)
Heverton Rodrigues de Oliveira .............................................................................................. 41
A CELEBRAÇÃO DA MEMÓRIA DA MORTE: O CULTO AOS REIS DE AVIS NO
SÉCULO XV
Hugo Rincon Azevedo .............................................................................................................. 42
A MINORIA JUDAICA A PARTIR DA ANÁLISE DAS SIETE PARTIDAS E DAS
CANTIGAS DE SANTA MARIA DE AFONSO X, O SÁBIO
Ingrid Alves Pereira ................................................................................................................. 42
ENTRE CRÉCY E POITIERS: REFORMA E DERROTA DA CAVALARIA
FRANCESA NA GUERRA DOS CEM ANOS
9
Ives Leocelso Silva Costa ......................................................................................................... 43
HONRAI A COROA DO REI, TEMEI A ESPADA DO BISPO: HEGEMONIA
SENHORIAL E O PODER MILITAR DO ARCEBISPADO DE YORK (1327-1340)
Janaina Bruning Azevedo ........................................................................................................ 43
CRÔNICA E POEMA E SUA FUNÇÃO POLÍTICA DURANTE OS REINADOS DE
FILIPE O BELO (1285-1314) E FILIPE V DE FRANÇA (1317-1322) ATRAVÉS DO
MANUSCRITO BN FR. 146
Jaqueline Silva de Macedo ....................................................................................................... 44
“DE QUALQUER OUTRO DO POVO ESCREVERA SEU FEITO, SE O ACHAVA EM
MERECIMENTO”: O LOUVOR DA PEONAGEM NAS CRÔNICAS DE GOMES
EANES DE ZURARA
Jerry Santos Guimarães ........................................................................................................... 44
A QUESTÃO DA JURISDIÇÃO PONTIFÍCIA NO CONFLITO ENTRE O PAPADO E
O IMPERADOR FREDERICO II (1194-1250)
Johnny Taliateli do Couto ........................................................................................................ 45
CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A REPRESENTAÇÃO DE AFONSO I DE
PORTUGAL NO INDICULUM FUNDATIONIS MONASTERII BEATI VICENTII
ULIXBONAE
Jonathas Ribeiro dos Santos Campos de Oliveira .................................................................... 45
DOM DINIS E AS RELAÇÕES POLÍTICAS E FAMILIARES ENTRE PORTUGAL E
CASTELA, SÉCULOS XIII E XIV
José Carlos Gimenez ................................................................................................................ 46
MULHERES TECENDO O SANGUE DO INQUISIDOR: A RELAÇÃO ENTRE
BEGUINAS E DOMINICANOS NO SÉCULO XIII
Joyce Damaris Augusta Machado ............................................................................................ 46
ENTRE O DEMÔNIO E A DIVINA PROVIDÊNCIA: O SOBRENATURAL NAS
RELAÇÕES SOCIAIS NAS CRÔNICAS JESUÍTICAS (VICE-REINO DO PERU,
SÉCULOS XVII E XVIII)
Juan Pablo Isoton de Santana .................................................................................................. 46
REFLEXÕES ACERCA DA POLÍTICA E SOCIEDADE NA MONARQUIA SUEVA
DO SÉCULO V
Juliana Bardella Fiorot ........................................................................................................... 47
A AUTORIDADE EPISCOPAL E A SANTIDADE FEMININA EM OBRAS
HAGIOGRÁFICAS DEDICADAS A MULHERES NO PERÍODO MEROVÍNGIO
Juliana Prata da Costa ............................................................................................................ 47
A ORDEM IMAGINADA. SOCIEDADE, MONSTROS E IMAGINAÇÃO EM LIMA
(SÉCULO XVII)
Kawany Stephany da Silva ....................................................................................................... 48
AS RELAÇÕES DE PODER PRESENTES NA REPRESENTAÇÃO DO CORPO
FEMININO NO DISCURSO MÉDICO DO SÉCULO XIII
Laila Lua Pissinati ................................................................................................................... 48
NAS ARMAS DE CANOSSA, NA VONTADE DA CONDESSA, ÉS CHAMADA
"REFORMA": REFLEXÕES SOBRE O PODER ARISTOCRÁTICO FEMININO NO
SÉCULO XI
Laís Gomes Martins ................................................................................................................. 49
10
REPRESENTAÇÕES DA CAVALARIA MEDIEVAL NA OBRA TIRANT LO BLANC
(SÉCULO XV)
Láisson Menezes Luiz ............................................................................................................... 49
A GUERRA CONTRA O ISLAMISMO NO FILME “CRUZADAS”
Leandro dos Santos Silva ......................................................................................................... 50
O NOVO MUNDO: UM ENSAIO SOBRE A COMMONWEALTH IDEALIZADA POR
TOMMASO CAMPANELLA
Leandro Silva Onofre Júnior .................................................................................................... 50
ASPECTOS DA ALIMENTAÇÃO MEDIEVAL NO MOSTEIRO CISTERCIENSE DE
SANTA MARIA DE CÓS (PORTUGAL, SÉCULOS XIII-XVI)
Letícia Cardoso Carrijo ........................................................................................................... 50
CONCEPÇÃO E ESTERILIDADE NA MEDICINA MEDIEVAL (SÉC. XIII-XIV)
Lidiane Alves de Souza ............................................................................................................. 51
BANDEIRANTE BARTOLOMEU BOCOENO DA SILVA: UMA INCURSÃO
QUADRINÍSTICA
Lígia Maria de Carvalho .......................................................................................................... 51
AS RELAÇÕES DE NEGOCIAÇÃO NO REINADO DE ALFONSO VIII: UMA
ANÁLISE DO POEMA DE MIO CID
Lívia Maria Albuquerque Couto .............................................................................................. 52
PAISAGENS DE MEMÓRIA: INTRODUÇÃO À PERSPECTIVA NATURAL E
MEMORIALÍSTICA NA CATEDRAL DE BARCELONA (SÉCULOS XIV E XV)
Lorena da Silva Vargas ............................................................................................................ 52
FRAGILIDADES DA ALMA, TÁTICAS DA RAZÃO: UM OLHAR SOBRE A
CORRESPONDÊNCIA DA ABADESSA HELOÍSA
Luciana Alves Maciel ............................................................................................................... 53
A VÖLKERWANDERUNG E O SURGIMENTO DOS REINOS ROMANO-
GERMÂNICOS (S. IV-VI): CONSIDERAÇÕES HISTORIOGRÁFICAS
Luciana Araújo de Souza ......................................................................................................... 53
O REI É A CABEÇA DO REINO: FRAGMENTAÇÃO, UNIDADE POLÍTICA E PODER
RÉGIO EM CASTELA MEDIEVAL
Ludmila Noeme Santos Portela ................................................................................................ 54
A IMPORTÂNCIA DO FÓRUM ROMANO E AS MUDANÇAS TOPOGRÁFICAS
EMPREENDIDAS POR OTAVIANO EM 29 A.C
Macsuelber de Cássio Barros da Cunha .................................................................................. 54
UMA POLÍTICA DE CONVENIENTIAE: INOCÊNCIO III E AS DEPOSIÇÕES
EPISCOPAIS NO MIDI
Magda Rita Ribeiro de Almeida Duarte ................................................................................... 54
JACQUES-LOUIS DAVID: PINTURA E POLÍTICA NO FINAL DO SÉCULO XVIII
Marcos Antônio de Menezes .................................................................................................... 55
O ENSINO MÉDICO NA UNIVERSIDADE DE MONTPELLIER (SÉCULOS XIII -
XIV)
Maria Dailza da Conceição Fagundes ..................................................................................... 55
A LITERATURA EM ROMA: ENTRE A ARTE POÉTICA E A FUNCIONALIDADE
POLÍTICA NAS ELEGIAS DE CATULO E DE OVÍDIO (I A.C./ I D.C.)
11
Mariana Carrijo Medeiros ....................................................................................................... 56
O MITO LUSITANO DO LICANTROPO E SUA HERANÇA NO BRASIL
CONTEMPORÂNEO
Maximiliano Ruste Paulino Corrêa ......................................................................................... 56
TRADIÇÃO, SACRALIZAÇÃO E FÉ NO CORAÇÃO DO BRASIL: INÍCIO DA
ROMARIA EM LOUVOR AO DIVINO PAI ETERNO (1840)
Murillo Medeiros de Godoi ...................................................................................................... 57
A ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL DE ARNALDO DE VILANOVA (1240-1311): LLIÇO
DE NARBONA (1305-1308)
Nabio Vanutt da Silva .............................................................................................................. 57
UMA ABORDAGEM PRELIMINAR SOBRE CORPORISQUE EIUS ET SANGUINIS
SACRAMENTUM: A PARTIR DAS ATAS CONCILIARES VISIGÓTICAS (619 - 653)
Nathália Serenado da Silva ...................................................................................................... 58
A DESOBEDIÊNCIA ORIGINAL: A CONCUPISCÊNCIA DA CARNE NO
IMAGINÁRIO CENTRO-MEDIEVAL SEGUNDO A SUMMA THEOLOGIAE DE
TOMÁS DE AQUINO
Pablo Gatt Albuquerque de Oliveira ........................................................................................ 58
A PINTURA CORPORAL E A ARTE PLUMÁRIA: APROXIMAÇÕES ENTRE OS
INỸ-KARAJÁ E A DESCRIÇÃO DE FERNÃO DE CARDIM NA OBRA TRATADOS
DA TERRA E GENTE DO BRASIL
Poliene Soares dos Santos Bicalho .......................................................................................... 59
A GUERRA E A ESTRUTURA MILITAR NO REINADO DE ALFONSO X À LUZ DO
CARÁTER CORPORATIVO DA SOCIEDADE CASTELHANO-LEONESA (1252-
1284)
Rafael Costa Prata ................................................................................................................... 59
A HISTÓRIA DA AMÉRICA IBÉRICA COLONIAL EXISTENTE NA BNCC DO
ENSINO FUNDAMENTAL DO BRASIL
Raimundo Agnelo Soares Pessoa ............................................................................................. 60
FUNÇÕES E PERFIL EPISCOPAL NOS CONCÍLIOS TOLEDANOS NO SÉCULO
VII: UMA ABORDAGEM INICIAL
Renan Costa da Silva ............................................................................................................... 60
PROMETEU E PANDORA: A CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DE UM MITO E SUA
RESSIGNIFICAÇÃO NO OCIDENTE CRISTÃO
Renata Silva de Oliveira Galvão e Maxsuel Barbosa .............................................................. 61
OS MANUSCRITOS CULINÁRIOS MEDIEVAIS NA COROA DE ARAGÃO: O
LIBRO DE SENT SOVÍ E O LIBRO DEL COCH
Renato Toledo Silva Amatuzzi .................................................................................................. 61
A CONSTRUÇÃO DA CRISE REPUBLICANA NA ROMA ANTIGA: UMA ANÁLISE
DOS DISCURSOS NO FINAL DO SÉCULO I A.C., E A NECESSIDADE DE
RECONSTITUIÇÃO DA ORDEM A PARTIR DA OBRA MANILIANA
ASTRONÔMICAS
Rodrigo Santos Monteiro Oliveira ........................................................................................... 62
“EN ESTA ESTORIA DE ESPAÑA”: NARRATIVIDADE HISTÓRICA E
ESPACIALIDADE NA CRÓNICA DE 1344
Rodrigo Prates de Andrade ...................................................................................................... 62
12
ESTADO MODERNO E SAÚDE PÚBLICA
Roseli Martins Tristão Maciel e Veralúcia Pinheiro ................................................................ 63
ENTRE O IMAGINÁRIO E REPRESENTAÇÕES: REFLEXÕES DO VIAJANTE
KARL VON DEN STEINEN AO LONGO DA BACIA DO PRATA (1883-1884)
Sérgio Henrique Pereira de Souza Ramos ............................................................................... 63
SUJEITOS E PRÁTICAS COMERCIAIS NO SERTÃO DO ESTADO DO GRÃO-PARÁ
(C. 1750-C. 1790)
Siméia de Nazaré Lopes ........................................................................................................... 63
A INQUISIÇÃO NA AMÉRICA PORTUGUESA SETECENTISTA: RELIGIÃO,
POLÍTICA E PODER NAS VISITAÇÕES DO SANTO OFÍCIO NAS CAPITANIAS DE
MINAS
Simone Cristina Schmaltz de Rezende e Silva .......................................................................... 64
A FILOSOFIA DE AVERRÓIS NA PENÍNSULA IBÉRICA DO SÉC. XIII E SEUS
IMPACTOS SOBRE A ESCOLÁSTICA
Soraia Abdel Aziz ..................................................................................................................... 64
NARRATIVAS E RELÍQUIAS SOBRE O VENERÁVEL PADRE PELÁGIO SAUTER
Suely Moreira Borges Calafiori ............................................................................................... 65
A MOBILIDADE SOCIAL DE BERENGUELA DE CASTELA (1180-1246) NA
HISTORIA DE LOS HECHOS DE ESPAÑA
Thais do Rosário ...................................................................................................................... 65
COMO “MONTES EN MOVIMIENTO”: CONDIÇÕES DE NAVEGAÇÃO NO
MEDITERRÂNEO SEGUNDO UM PEREGRINO MUÇULMANO (1183-1185)
Thiago Damasceno Pinto Milhomem ....................................................................................... 66
INSTRUÇÃO E IGNORÂNCIA: UMA ANÁLISE DOS RELATOS DE AUGUSTE DE
SAINT-HILAIRE (1816-1822)
Vinicius Correia Amaral .......................................................................................................... 66
PROBLEMAS NO PARAÍSO: CRIACIONISMO E SEXUALIDADES EM DE
CIVITATE DEI (SÉCULO V)
Wendell dos Reis Veloso .......................................................................................................... 67
LISBOA E O MAR: UMA RELAÇÃO NA LONGA DURAÇÃO. AS MOBILIDADES
EM TORNO DE LISBOA E SUA SÉ NO PERÍODO MEDIEVAL
Willian Funke ........................................................................................................................... 67
PAINÉIS ................................................................................................................................. 68
O MERCADO EDITORIAL BRASILEIRO E O CENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO
RUSSA
Alessandra Maria Carvalho de Morais .................................................................................... 69
OS ESCRITOS DE JAN HUS: MEMÓRIA E HISTÓRIA
Aline Teles Barbosa ................................................................................................................. 69
TUTANCÂMON E HAWORD CARTER
Ana Luiza Marques Vieira ....................................................................................................... 69
13
HAGIOGRAFIA DOS CINCO MÁRTIRES DE MARROCOS
Bruna Emanuelly Albuquerque Silva ....................................................................................... 70
LITERATURA E HISTORICIDADE: UM ESTUDO DA DIMENSÃO TEMPORAL EM
NARRATIVAS DISTÓPICAS JUVENIS
Carlos Henrique da Silva ......................................................................................................... 70
AS VÁRIAS ÁFRICAS
Cássio de Oliveira Carvalho .................................................................................................... 71
ISABEL DE CASTELA E SUA ÉPOCA
Célia Maria dos Santos Barbosa .............................................................................................. 71
A ESTÉTICA DA CATÁSTROFE: O ACIDENTE DOS ROMEIROS EM 1998
Edson da Silva Fonseca ........................................................................................................... 71
O BREVILÓQUIO SOBRE O PRINCIPADO TIRÂNICO DE GUILHERME DE
OCKHAM
Eduardo dos Santos Carvalho Lima ......................................................................................... 72
ROMARIA DE MULADEIROS DOS DEVOTOS DO DIVINO PAI ETERNO
(MUNICÍPIO DE JANDÁIA)
Euripedes Pereira Guimarães Filho ........................................................................................ 72
REPRESENTAÇÕES DA MODA E DA MULHER NA SEGUNDA METADE DO
SÉCULO XIX VISTAS POR BAUDELAIRE
Felipe Marques Costa .............................................................................................................. 73
PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO NA PUC GOIÁS: ENFRENTAMENTO COMO
FORMA DE BUSCA DE UMA CULTURA DE PAZ
Felipe Silva de Freitas ............................................................................................................. 73
RANKE X DILTHEY: O HISTORICISMO ALEMÃO EM DEBATE
Fernando Fernandes de Alencar .............................................................................................. 74
HISTÓRIA E LITERATURA: CONSUMO DE LITERATURA DISTÓPICA E
FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA ENTRE ESTUDANTES
SECUNDARISTAS DE JATAÍ – GOIÁS
Igor da Silva Roviro ................................................................................................................. 74
O IMAGINÁRIO MEDIEVAL NOS RELATOS DE VIAGEM: MARCO POLO E JEAN
DE MANDEVILLE
Isabela Rodrigues Fernandes .................................................................................................. 75
O LEGADO DE NÍSIA FLORESTA PARA AS CONQUISTAS FEMINISTAS
Jéssica Marques da Costa ........................................................................................................ 75
A ARTE SACRA DE FREI CONFALONI (1917-1977)
Joana Batista do Carmo ........................................................................................................... 76
HISTÓRIA E TEATRO EM AUGUSTO BOAL: O TEATRO DO OPRIMIDO
João Vitor dos Reis .................................................................................................................. 76
CARTAS DE ALFORRIA EM JATAÍ 1872-1888
Lucas Rodrigues do Carmo ...................................................................................................... 77
HISTÓRIA DAS DOENÇAS ERRADICADAS NO BRASIL: POLIOMIELITE
Maisa Alessandra Costa .......................................................................................................... 77
FRANCISCO DE ASSIS: A RESIGNAÇÃO DE UM SANTO
14
Maria Eduarda Oliveira .......................................................................................................... 77
SÃO BOAVENTURA E A VIDA DO "POBRE DE ASSIS”
Maria Eduarda Ribeiro Nobre ................................................................................................. 78
A ESTIRPE DE ÓÐINN NA ESCANDINÁVIA MEDIEVAL: ASPECTOS CULTURAIS
E RELIGIOSOS NA SOCIEDADE VIKING
Max Henrik Marquezan Silva .................................................................................................. 78
A ESTÉTICA DA CATÁSTROFE: O SISMO DE LISBOA 1755
Mayara Monteiro Guimarães .................................................................................................. 79
JOÃO CALVINO E A CRÍTICA À VENERAÇÃO DE RELÍQUIAS
Millena Gabrielle Costa ........................................................................................................... 79
LEI PARA COMERCIALIZAÇÃO DE CARNE NA CIDADE DE GOYAZ NA
SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX
Naelma Mendes do Nascimento ............................................................................................... 79
UM ENCONTRO NA RUA: BAUDELAIRE E BENJAMIN
Nivaldo Sgobero Júnior ........................................................................................................... 80
ESMERALDO DE SITU ORBIS E A EXPANSÃO PORTUGUESA (SÉCULO XVI)
Rafael Oliveira Faria ............................................................................................................... 80
A CONTRIBUIÇÃO DE AMÁLIA HERMANO TEIXEIRA PARA A PRESERVAÇÃO
DA NATUREZA
Rita Castorina Gonçalves Gundim Lemes ................................................................................ 81
A DINASTIA DE AVIS EM SUA DIMENSÃO SIMBÓLICA: RELÍQUIAS E CULTO
AO INFANTE SANTO
Taís Nathanny Pereira da Silva ................................................................................................ 81
15
CONFERÊNCIAS
16
A MIRAGEM DAS MINAS NA CARTOGRAFIA IBÉRICA
Dra. Andrea Doré (UFPR)
Nesta comunicação pretendo destacar o papel que o Brasil desempenhava no campo de
oportunidades abertas pelo continente americano durante os séculos XVI e XVII, ou seja, antes
das descobertas das principais jazidas de ouro e pedras na região de Minas Gerais. Três aspectos
serão privilegiados. Em primeiro lugar, a forma como as minas aparecem nos mapas, sobretudo
na cartografia portuguesa, que assinala, por meio do batismo de serras e regiões, a expectativa
de encontrar ouro. Um segundo aspecto diz respeito ao recurso às teorias das origens dos metais
para explicar a presença ou ausência de metais preciosos. Os metais deveriam ser procurados
onde normalmente se encontram, onde a natureza os fabrica, fenômenos e lugares descritos pela
filosofia natural e não raro corrigidos pela experiência. E, finalmente, diante das frustradas
expedições em busca de ouro, quais eram as alternativas apontadas para as terras do Brasil.
SAN MILLÁN, SANTIAGO E ISIDORO: TRES MODELOS DE SANTIDAD
GUERRERA EN LA ESPAÑA MEDIEVAL
Dr. Ariel Guiance (CONICET, Argentina)
Desde hace varios años, el tema de la aparición del ideal del santo combatiente, eficaz auxilio
en las batallas planteadas por los cristianos frente a sus enemigos infieles, ha sido objeto de un
debate historiográfico profundo. En el caso particular de la Península ibérica, tal debate planteó
originalmente que la idea del santo guerrero es producto de la acción de los monjes cluniacenses
que arribaron a la región a partir del siglo XI, quienes propagaron el ideal de la lucha global
contra el musulmán (esto es, el ideal de Cruzada). A partir de los tres casos más reconocidos
(la intervención de Santiago en la conquista de Coimbra, la intervención de san Millán en la
batalla de Simancas y la de san Isidoro en la toma de Baeza), este trabajo busca relativizar tal
idea, señalando que el modelo del santo guerrero parece ser más bien la trasposición de un
esquema local -la figura del monarca combatiente- al contexto hagiográfico. Asimismo, se
destaca que esa figura se fue desdibujando a lo largo de los últimos siglos medievales,
apelándose a la construcción de santos que engañaban al sarraceno pero no se enfrentaban
abiertamente a él.
PAPA JOÃO XXII: A DISPUTA COM OS ESPIRITUAIS E A QUESTÃO DA VISÃO
BEATÍFICA (SÉC. XIV)
Dra. Armênia Maria de Souza (UFG)
Jacques de Cahors ou João XXII (1316-1334) foi um dos papas mais controversos de seu tempo.
À parte o contexto conturbado de seu papado devido aos problemas em torno à tese da
hierocracia pontifícia e os conflitos com o Imperador Luís da Baviera, pretende-se discutir nesta
comunicação dois pontos de seu governo: primeiro, a contenda com a Ordem Franciscana, em
especial com os Espirituais, acerca da vivência da pobreza Evangélica; e segundo sua
compreensão sobre a Visão beatífica. Aliás, esta última acarretou ao pontífice romano vários
17
dissabores por causa das acusações da parte de membros da cúria avinhonense, de doutores da
Universidade de Paris e dos franciscanos dissidentes que estavam a serviço do Imperador, uma
vez que as ideias que ele defendeu em torno da dita visão ocorrer após o juízo final, já tinham
sido condenadas como heréticas anteriormente.
Palavras-chave: João XXII; Espirituais franciscanos; Visão beatífica; poder
AULAS RÉGIAS NA AMÉRICA PORTUGUESA: OS MESTRES RÉGIOS DA
CAPITANIA DE GOIÁS
Dra. Diane Valdez (UFG)
Nos estudos de história da educação do Brasil de colonização portuguesa, no período pós-
expulsão da Companhia de Jesus e criação das Aulas Régias pelo governo lusitano pombalino,
persistem representações de um confronto ainda a ser superado. Nos entraves empreendidos,
novos e velhos métodos; aulas laicas e religiosas; ensino público e privado; aspirações
modernas e conservadoras e outras formas de se examinar o período, parecem encerrar em uma
disputa entre jesuitismo e antijesuitismo. Neste confronto, a historiografia da educação
cristalizou um suposto vazio após a expulsão dos padres Jesuítas, não preenchido pela
proposição educacional pombalina. Tomando como referência o tempo e o espaço em que as
Aulas Régias foram criadas, no interior de um ideário do movimento iluminista, pretendo
apresentar um recorte dessa proposta na Capitania de Goiás, na segunda metade do século
XVIII, por meio dos mestres régios que receberam provisão da Rainha para exercerem o “uso
livre do seu magistério”. Em uma região, ainda marcada pela mineração, pretende-se discutir
acerca das funções dos mestres nos propósitos das Aulas Régias lusitanas.
SOBRE DENÚNCIAS E DELITOS DE AUTORIDADES COLONIAIS: DIFERENTES
ABORDAGENS SOBRE A CORRUPÇÃO NO ANTIGO REGIME
Dr. Fernando Lobo Lemes (UEG)
Embora discursos políticos contemporâneos apontem para uma existência natural da corrupção
nos países do Cone Sul, particularmente na África e América Latina, desde o final do século
XX o fenômeno da corrupção tem ultrapassado as fronteiras nacionais, assumindo proporções
eminentemente globais. Em que pese a existência de pesquisas recentes no campo da sociologia,
da ciência política e, em menor escala, entre historiadores, a corrupção no Brasil ainda é
associada a uma hipotética herança ibérica ou ao caráter do “povo brasileiro”, naturalmente
inclinado ao desregramento e à dissolução moral. Visando elucidar melhor o fenômeno,
propomos buscar no fio da história elementos que permitam desvendar o emaranhado complexo
do qual se reveste a corrupção no Brasil. Contudo, será a categoria corrupção passível de ser
apreendida historicamente sem que se incorra no risco do anacronismo, projetando sobre o
passado conceitos e valores comuns ao século XXI e estranhos às sociedades de Antigo
Regime? A corrupção é filha do mundo globalizado contemporâneo ou comporia as complexas
relações de força e poder nas regiões de conquista da América, a exemplo do Brasil no período
colonial? Objeto pouco investigado no campo da história, a corrupção parece condicionar a
própria modernidade brasileira, provocando interrogações e instigando pesquisas inovadoras.
Neste contexto, o objetivo é investigar como o problema tem sido interpretado no mundo de
18
Antigo Regime ibérico. Interessa-nos identificar as abordagens que têm ocupado os
historiadores nos estudos sobre os delitos, as fraudes e os abusos que irrigavam as denúncias
feitas pelos contemporâneos em nome do “bom governo”. A partir da leitura de trabalhos
recentes que tomam a corrupção como objeto e problema historiográfico, propõe-se apresentar
um balanço sobre as diferentes abordagens sobre a corrupção nas sociedades de Antigo Regime.
VIRGENS ABRIDEIRAS: ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE A
MATERIALIDADE, OS CICLOS NARRATIVOS E A VISIBILIDADE
Dra. Flávia Galli Tatsch (Unifesp)
Virgem Abrideira é um tipo de escultura que possui um mecanismo frontal de abertura,
formando um tríptico de painéis independentes. Quando está fechada, apresenta a Virgem
entronizada, acompanhada ou não do Menino; quando aberta, exibe outras imagens religiosas
incorporadas na cavidade de seu corpo. Elaboradas a partir do século XIII em diversas regiões
europeias, são tributárias da devoção mariana da Baixa Idade Média. Nesta comunicação,
abordaremos duas dessas esculturas entalhadas em marfim e originárias da Península Ibérica: a
de Allariz e a de Évora. Interessa perceber a importância da materialidade (o marfim como
símbolo da virgindade e da castidade de Maria), a disposição dos ciclos narrativos (geralmente
organizados para serem vistos de baixo para cima) e o encontro do espectador com a
visibilidade parcial ou integral das imagens.
SEDE DE SANGUE, FOME DE TEMPO: A VIOLÊNCIA COMO NARRATIVA
PRIMORDIAL DA ECLESIOLOGIA MEDIEVAL (ROMA, SÉCULO XI)
Dr. Leandro Duarte Rust (UFMT)
De maneira geral é esta a história que se conta. No raiar do século XI, a Igreja passou a ocupar
um novo lugar nos discursos e nas práticas de paz existentes no Ocidente. Década a década, por
meio de assembleias, peregrinações, crônicas e opúsculos, a elite clerical tornou-se a porta voz
de normas que visavam o controle das pulsões sanguinárias, a domesticação da impulsividade,
a restrição da violência. Num mundo que chafurdava em brutalidade, o clero modificou suas
atitudes comuns e o que era habitual tornou-se tabu. Em uma época em que a lâmina se servia
do corpo tanto quanto a poeira aderia à roupa, prelados e abades se distinguiram como modelos
revolucionários de contenção da violência. A história, porém, não está inteira. Nesta mesma
época, bispos, cardeais e papas encontraram no derramamento de sangue um fundamento da
correta ordem dos assuntos eclesiásticos. A violência de cristãos contra cristãos, muitas vezes
sem controle, quase indomável, foi narrada como um elevado valor jurídico e hierárquico. Na
década de 1060, muito antes das cruzadas, a cidade de Roma se tornou o teatro sangrento de
episódios que permitem um exame rico e crítico da violência como narrativa primordial da
eclesiologia católica.
19
O GÊNERO BIOGRÁFICO NA BAIXA IDADE MÉDIA: CULTURA E PODER
Dra. Marcella Lopes Guimarães (UFPR)
O texto que ora apresento relaciona-se a dois projetos de pesquisa que desenvolvo na
Universidade Federal do Paraná (UFPR): A circulação da informação entre os reinos ibéricos
e a França nos séculos XIV e XV e Quando a narrativa encontra a poesia: a escrita biográfica
no cancioneiro occitano, e a uma série de cursos que tenho proposto ao Programa de Pós-
Graduação em História (PPGHIS-UFPR) sobre o gênero biográfico, desde 2009. Tenho
trabalhado com o universo cultural e político da Península Ibérica e da França no medievo e
hoje me volto especificamente às escolhas realizadas pelos letrados desse perímetro para a
concepção das narrativas biográficas. Fundamento a questão historiográfica na convicção de
que a narrativa é uma operação racional de construção de sentido para o vivido. Em um primeiro
momento, faço um breve balanço sobre a escrita biográfica e depois desenvolvo respostas à
questão sobre quais elementos constituem a essência da narrativa da vida na Baixa Idade Média
e, em particular, nas Generaciones, semblanzas e obras de los excelentes reyes de España do
castelhano Fernán Pérez de Guzmán (1376-1460).
BENS ARQUITETÔNICOS, SOCIABILIDADE E PATRIMÔNIO: A CIDADE DO
RIO DE JANEIRO ENTRE A “COLÔNIA” E O “IMPÉRIO”
Dra. Maria Fernanda Bicalho (UFF)
O propósito desta comunicação é inquirir sobre o processo de mudança sofrido pela cidade do
Rio de Janeiro, assim como discorrer sobre as produções discursivas relacionadas à construção
de uma dimensão de capitalidade, desde o século XVII até os primeiros anos do século XIX,
período em que a cidade se tornou sede da Corte e capital do Império português. Nos caminhos
abertos pelo clássico estudo de Sérgio Buarque de Holanda, “O Semeador e o Ladrilhador”,
publicado em Raízes do Brasil (1936), pretende-se relativizar os projetos urbanos e urbanísticos
das Monarquias Ibéricas nos tempos modernos. Uma das intenções do projeto em curso (que
vem sido desenvolvido na UFF, com financiamento da FAPERJ) é produzir instrumentos
pedagógicos para a formação de pesquisadores, lideranças comunitárias, professores, alunos
universitários e do ensino fundamental e médio, além de subsídios para ações de intervenção e
preservação do patrimônio arquitetônico e cultural do Rio de Janeiro. Respaldar a ação de
preservação do patrimônio carioca centra-se na opção por reunir e sistematizar dados coletados
por meio de levantamento de fontes documentais manuscritas e iconográficas sobre a
experiência social, cultural e urbanística da cidade. Tais informações vêm sendo processadas
em base cartográfica por meio da construção de um mapa interativo, cuja principal intenção é
produzir informações relacionadas aos bens arquitetônicos, culturais e de sociabilidade da
cidade “colonial” e “Imperial”.
20
NOVAS LEIS TRADICIONAIS: O CASO DAS LEIS GERAIS DE AFONSO II
(PORTUGAL, SÉC. XIII)
Dra. Maria Filomena Coelho (UnB)
As Leis Gerais de 1211 são consideradas o primeiro monumento legislativo da História de
Portugal. Nessa condição, têm sido objeto de análise de muitos estudiosos, mas apesar do
grande número de trabalhos acadêmicos, observa-se forte tendência a interpretá-las por meio
de padrões históricos e jurídicos que as reduzem a uma manifestação precoce da centralização
do poder monárquico em Portugal. Nesse sentido, costuma-se destacar o fato de apresentarem
marcados conteúdos e fórmulas inovadoras ao terem sido promulgadas com o intuito de
abranger o conjunto do reino, legislando sobre grande variedade de aspectos que afetavam a
vida em sociedade, após um período de grande desordem política. Afonso II, que acabara de
ascender ao trono, em 1211, tentaria, por meio da voz régia, na forma de leis, submeter os
súditos e corrigir os abusos que se tinham multiplicado nos últimos anos do reinado de seu pai,
Sancho I. Portanto, as Leis Gerais constituiriam um sinal claro da força política do novo
monarca que, apesar de sua juventude e do pouco tempo de governo, impunha sua vontade
corretiva ao reino. Neste trabalho pretende-se apontar outras possibilidades interpretativas que
sublinham os vínculos que as famosas Leis Gerais de 1211 mantêm com a tradição política de
sua época, manifestados nos conteúdos e na maneira como foram formuladas.
Palavras-chave: Leis Gerais de 1211; Afonso II de Portugal; História do Direito Medieval
PREGAÇÃO, FESTA E PODER: BISPOS EM AÇÃO NA PRIMEIRA IDADE MÉDIA
(440-580)
Dr. Paulo Duarte Silva (UFRJ)
Os estudos sobre os sermões medievais foram ampliados nas últimas décadas, sob efeito
de importantes inovações metodológicas e conceituais, novas publicações, edições críticas e
traduções, e ainda pela crescente participação de pesquisadores em simpósios e mesmo a
formação de grupos de pesquisa.
Contudo, tal renovação historiográfica se associa com frequência ao estudo do período
da Idade Média Central (s. XI-XIII), quando a pregação se vincula tanto a grupos ascendentes
como mendicantes e/ou universitários quanto aos anseios do próprio papado em afirmação.
Deste modo, como muito menos entusiasmo são estudados os sermões da Primeira Idade
Média (s. IV-VI). Sabe-se que, no período, o incremento da atividade predical se associou,
localmente, ao crescente poder dos bispos em suas respectivas cidades e dioceses. No âmbito
geral, a pregação se associou ao empenho de institucionalização eclesiástica, cujos
desdobramentos incluíam a organização do corpus escriturístico e patrístico, as controvérsias
doutrinárias e a tentativa de uniformização da disciplina e da liturgia, da qual se destaca a
preocupação com a consolidação do calendário cristão.
Vinculada ao nosso livro recentemente publicado, nessa palestra investigamos os
sermões de Leão de Roma (440-461), Cesário de Arles (502-543) e Martinho de Braga (550-
580): em particular, interessam-nos as homílias que aludem direta ou diretamente às festas da
Páscoa e do Natal.
A nosso ver, associado à pregação, o sermão é revelador das tensões inerentes ao citado
processo de organização eclesiástica, sob a liderança dos bispos. Com isso, consideramos como
os sermões – especialmente os festivos – reforçaram o poder episcopal de Leão, Cesário e
21
Martinho, ao definir sua liderança política e pastoral e ao realçar sua atuação no combate aos
inimigos das comunidades cristãs em Roma, Arles e Braga.
DOS CORPOS SANTOS À REDISTRIBUIÇÃO DOS OSSOS: A SACRALIDADE AOS
PEDAÇOS
Dra. Renata Cristina de Sousa Nascimento (UFG/UEG/PUC-Go)
As sensibilidades, as emoções e as manifestações no mundo medieval eram permeadas pelo
universo simbólico do sagrado. Neste mundo povoado de significados a santidade é entendida
como elemento fundamental, na consolidação da identidade cristã. Este prestígio sagrado era
conferido a indivíduos considerados singulares. É também um fenômeno de massas, que
confere aos fiéis exemplos notáveis. Nos Santos de Deus se dá a união de toda comunidade dos
fiéis. Participar dos sofrimentos de Cristo, esta será a tônica do cristianismo, tanto em seus
primórdios, quanto em toda Idade Média. A origem complexa do culto às relíquias se estabelece
na prática da veneração aos restos mortais dos mártires da fé, de homens e mulheres elevados
à santidade. Inicialmente é a própria comunidade e a estrutura administrativa da Igreja que
legitimam esta prática. Nossa intenção é discutir a importância dos restos sagrados estudando
dois exemplos célebres: Os vestígios dos Mártires de Córdoba; e as relíquias da Arca Santa.
ENTRE PODER E CULTURA: A IDEOLOGIA POLÍTICO-RELIGIOSA NUM
RELATO DA OCUPAÇÃO PORTUGUESA DE CEUTA EM 1415 (CRÓNICA DO
CONDE D. PEDRO DE MENESES, POR G. E. ZURARA)
Dr. Stéphane Boissellier (Université de Poitiers)
Em 1458-1464, o cronista oficial da Corte portuguesa, Gomes Eanes de Zurara, escreve uma
longa narrativa da ocupação da cidade de Ceuta para enaltecer a obra do Conde D. Pedro de
Meneses, primeiro capitão deste lugar conquistado pelos exércitos portugueses em 1415. Esta
obra oferece uma entrada original nas relações entre o mundo cristão (de que Portugal se
considerava então claramente como o arauto) e o mundo muçulmano no século XV, não porque
o cronista, na forma de uma narrativa muito detalhada, produz uma espécie de bricolagem
ideológico, associando ideal cavalheiresco medieval, fé, religião ortodoxa (repetindo a posição
papal), e cultura clássica, mas também porque as relações efetivas no Magrebe assumem uma
forma “colonial”, nova na expansão portuguesa, de encraves litorâneos fortalecidos que
estabelecem uma fronteira com indígenas maioritariamente hostis, porque solidários, por razões
religiosas, com o poder Merínida; a “imagem do outro” sai disso complexa e matizada, entre
intransigência religiosa e relações ordinárias, entre tradições culturais e atitudes políticas.
22
COMUNICAÇÕES
23
A “CLERICALIZAÇÃO” DA MORTE NA IDADE MÉDIA PORTUGUESA
ENQUANTO FORTE ELEMENTO NA LUTA SIMBÓLICA PELA PERPETUAÇÃO
DE PODER
Airles Almeida dos Santos (UFS)
Durante toda a Idade Média, a Igreja se esforçou para elaborar uma série de documentos que
consistiam em especificar atos litúrgicos e sacramentais que deveriam ser aplicados pelo clero
à população e destinava-se a auxiliar doentes, a cuidar dos preparativos para um bem-morrer e
à execução de rituais post-mortem. Esses documentos – legislações conciliares e sinodais, bulas
e cartas papais, atas episcopais, cartas fundadoras de paróquias e definidoras do estatuto do
vigário e o próprio Direito Canônico – contribuíram para a “clericalização” da morte a partir
do século XIII, em que os membros da Igreja passam a ocupar lugar central no que diz respeito
aos ritos para intermédio dos defuntos. Nesta comunicação objetiva-se demonstrar o papel da
Igreja enquanto intercessora e manuseadora oficial da simbologia mortuária, criando assim um
modelo de boa morte que deveria ser seguido pela sociedade cristã, desde os preparativos para
o dia do trespasse até as cerimônias fúnebres. Nesse ponto, entre corpos e sepulturas, entre o
visível e o invisível, o intuito é demonstrar como a manipulação da morte aparece enquanto um
forte elemento na luta simbólica pela perpetuação do poder não só da Instituição Eclesiástica,
como também é adotada por outras Instituições Medievais em Portugal.
Palavras-chave: Poder; Morte; Idade Média; Portugal.
O QUE ERA GOVERNAR NO IMPÉRIO PORTUGUÊS DA ÉPOCA MODERNA?
TECENDO COMENTÁRIOS SOBRE OS GOVERNADORES E CAPITÃES-
GENERAIS NA CAPITANIA DE GOIÁS NO SÉCULO XVIII
Ms. Alan Ricardo Duarte Pereira (UFG)
O que era governar no Império português da Época Moderna? Tal questionamento se tem
colocado atualmente na historiografia da Época Moderna para (re) pensar, em primeiro lugar,
as monarquias europeias (britânica, espanhola, portuguesa) e ressignificar a noção de
“absolutismo” e, em segundo, as redes de poder formadas nas possessões ultramarinas. Assim,
deixou-se de lado a visão dicotômica e centralizadora dos impérios ultramarinos e buscou-se,
por sua vez, compreender as hierarquias sociais, dinâmicas de “negociação e conflito” nos
espaços ultramarinos, conexões culturais entre portugueses, indígenas, africanos, chineses e
japoneses (FRAGOSO, GOUVÊA, 2010). Em face disso, deslocamos tal pergunta do âmbito
geral e a trazemos para o contexto da Capitania de Goiás no século XVIII. Afinal, o que era
governar em Goiás na Época Moderna? Para entender isso se investiga nesse trabalho a atuação
dos governadores e capitães-generais que foram enviados diretamente de Portugal para a
Capitania de Goiás durante o século XVIII. A pesquisa se baseia exaustivamente nos
documentos do Arquivo Histórico Ultramarinos referente à Goiás e da Torre do Tombo.
Palavras-chave: Império português; Capitania de Goiás; Governança; Época Moderna.
24
KRISTNITAKAN, DISPUTAS SAGRADAS E ACOMODAÇÕES TERRENAS NA
ISLÂNDIA APÓS O ANO 1000
Ms. André Araújo de Oliveira (UFMT)
A Islândia foi colonizada por noruegueses fugindo da opressão da recém-instaurada monarquia
na sua terra natal. Esse é o discurso apresentado na Landnámabók narrando a chegada dos
colonos noruegueses no séc. IX, A veracidade desse discurso não será objeto dessa
comunicação, que se deterá em analisar os eventos ocorridos após esses assentamentos, que se
encerraram em 930. Os noruegueses que chegaram nessa nova terra levaram consigo sua cultura
e por consequência sua fé. Essa religião era politeísta e adoravam Deuses como Thor, Odin e
Balder. Com a imposição da fé cristã realizada pela realeza norueguesa recém convertida, a
assembleia geral do ano 999 marcou a cristianização oficial dos habitantes da ilha, onde os
líderes locais presentes aceitaram o batismo, e jogaram as estátuas de seus deuses na queda
d’água, que hoje recebe o nome de Goðafoss. Esse foi o marco inicial do processo de conversão
dos islandeses, onde por meio de hibridizações com a cultura local, a Igreja foi se sedimentando
na sociedade e se entrelaçando com as dinâmicas de poder locais. Nessa comunicação
buscaremos expor o processo pelo qual a cultura islandesa se modificou com o decorrer do
tempo e as identidades se modificou de tal forma que levou a consolidação de uma identidade
cristã islandesa. Para isso utilizaremos de documentos escritos como as sagas islandesas,
Landnámabók, Islendingabók e estudos arqueológicos mais recentes.
Palavras-chave: Islândia; Cristianização; Igreja.
RELIGIÃO E POLÍTICA: FUNDAÇÕES TERESIANAS E O CONTEXTO
POLÍTICO ESPANHOL DO SÉCULO XVI
Ms. André Luís de Castro Albuquerque (Universidad Autónoma de Madrid)
Espanha século XVI, as transformações empreendidas pelo Rei “Católico” Felipe II se faz sentir
na introdução da reforma religiosa pensada como forma de controle social, com o avanço do
protestantismo o reino espanhol teria que se manter unificado e o cristianismo apostólico
romano seria de fato uma forma de manter o controle social desejada pelo Rei e sua corte. Neste
ambiente histórico Santa Teresa de Jesus vivenciou de forma concreta o simbolismo religioso
e as apropriações de poder manifestas em instituições jurídicas como o Santo Oficio, sua visão
se alinhava com o pensamento romano de reforma religiosa definido no Concílio de Trento.
Teresa de Jesus funda então diversos mosteiros femininos e masculinos com a intenção de não
apenas combater “as muitas heresias”, mais se alinhar com o pensamento social espanhol que
defendia uma vivência cristã mais radicalizada e amparada pela coroa.
Palavras-chave: Espanha; Teresa de Jesus; Felipe II.
25
AS INTERVENÇÕES AUTORAIS NA VIDA DE SÃO SEBASTIÃO DA LEGENDA
AUREA
André Rocha de Oliveira (UFRJ)
A Legenda aurea é um compêndio de relatos sobre vidas de santos e festas litúrgicas organizado
pelo frade dominicano Jacopo de Varazze na segunda metade do século XIII. Ela pertence à
modalidade de legendário conhecida como legenda noua, que se caracteriza pela presença de
intervenções do compilador nos textos originais reunidos. Essas ações atribuem ao responsável
certo caráter autoral, pois indicam que sua participação vai além da mera compilação de
manuscritos. Elas constituem procedimentos que chegam até mesmo à reelaboração textual do
escrito a ser inserido no legendário, desde que não rompa com a tradição textual medieval, que
preconiza o respeito às autoridades do passado.
Na presente comunicação, destacaremos as intervenções realizadas pelo frade dominicano na
Vida de São Sebastião. Para isso, confrontaremos o texto presente na versão brasileira da
Legenda aurea, cotejado com a edição bilíngue dirigida por Maggioni, com a versão mais antiga
da legenda, registrada sob o número 7543 na classificação da Bibliotheca Hagiographica
Latina.
Palavras-chave: Vida de São Sebastião; Legenda aurea; intervenção autoral.
A EDUCAÇÃO FEMININA NA CORTE PORTUGUESA DO SÉCULO XV: A
TRADUÇÃO E INTRODUÇÃO DO ESPELHO DE CHRISTINE DE PIZAN EM
PORTUGAL
Andressa Pereira da Silveira (UFG)
O trabalho procura investigar a prática educacional e as condutas éticas esperadas das mulheres
na corte de Afonso V, dando destaque a tradução do espelho de Christine de Pizan: Trois vertus.
O livro conhece sua primeira versão em português entre os anos de 1447 e 1455 a mando da
rainha Isabel. A obra de Pizan é um conjunto de ensinamentos morais, intelectuais e até
financeiros que perpassa as mulheres da nobreza, dos mercadores e as mulheres do povo. O
trabalho pretende então apontar algumas postulações da autora sobre as nobres, assim como
mostrar as possíveis formas de contato da Rainha com o manuscrito. A partir disso pretende-se
sintetizar alguns dos pontos essenciais da educação das mulheres de corte em Portugal.
Propomos que a efetiva tradução e publicação do livro por Isabel solidifica a importância desse
dentro do ambiente de cortes. Nesse aspecto será postulado brevemente as hipóteses que levam
a rainha a publicar de tal obra.
Palavras-chave: Educação feminina; Portugal; Christine de Pizan; Isabel de Coimbra.
26
PATRIMÔNIO IMATERIAL: FOLIA DE REIS, TRADIÇÃO, IDENTIDADE E
MEMÓRIA
Angelo Marcos de Souza (PUC-GO)
Este trabalho pretende propor algumas observações acerca de conceito significativo
para a compreensão do termo patrimônio imaterial, e das políticas e ações públicas atinentes a
sua salvaguarda. As descrições aqui apontadas têm como fundamento alguns textos teóricos,
leis e documentos referenciais do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional). Num segundo momento o folguedo da folia de Reis é apresentado no âmbito
brasileiro, como um modelo de Patrimônio Imaterial, exaltando a importância da preservação
de sua tradição, identidade e memória, na manutenção do legado cristão da jornada dos Reis
Magos. Os argumentos expostos esforçam em elucidar alguns conceitos sobre patrimônio
imaterial de modo que haja uma melhor compreensão desse campo, bem como entender como
são efetivadas as ações de patrimonialização implantadas pelo poder público, atinentes a
proteção patrimonial.
Palavras-chave: Patrimônio Imaterial; Salvaguarda; IPHAN; Folia de Reis; Tradição.
O JOGO POLÍTICO DITADO PELA ETIQUETA: A CORTE DE LUÍS XIV
Augusto de Matos Ribeiro (UFG)
Nossa proposta é perceber a etiqueta como forma de centralização do poder na França durante
o reinado de Luís XIV, 1638-1715. O rei se valeu da etiqueta e do fetiche que o prestígio
causava na aristocracia para reinar absoluto. Luís XIV foi um dos mais poderosos monarcas
franceses e consolidou o absolutismo como sistema de governo. Autores como Peter Burke e
Norbert Elias, discutem a teatralização da sociedade cortesã através dos rígidos códigos de
etiqueta e apontam que nos salões do ancien régime aconteciam disputas por prestígio, poder e
consequentemente privilégios. Elias (2001) destaca que em uma sociedade cortesã o princípio
de competição é o que impulsiona as relações entre a nobreza. Ao transferir a corte para
Versalhes o Rei levou os nobres a morarem no palácio e criou uma rígida estrutura de
relacionamento entre os pares regulado pela etiqueta. Mesmo entendia como um fardo a etiqueta
não poderia ser abandonada, pois, isso significaria despojar todos os privilégios que a sociedade
hierárquica gozava. Para Burke (1994), os rituais traçavam o modo como às relações se davam
dentro da corte de Luís XIV, obedecendo assim uma tendência à teatralização, tendo Versalhes
como palco e o “Rei Sol” como astro principal.
Palavras-chave: História; Política; Etiqueta; Luís XIV; Ritual.
O PODER NO REINADO DE D. ALFONSO X: UMA ANÁLISE DAS RELAÇÕES
RÉGIO-NOBILIÁRQUICAS NO CONTEXTO DA RECONQUISTA CRISTÃ (S. XIII)
Bárbara Meireles da Rocha (UFG)
Esta comunicação terá como principal objetivo a apresentação de alguns resultados obtidos
durante a investigação sobre as relações de poder entre as monarquias católicas castelhanas no
27
século XIII, especificamente o reinado de D. Alfonso X (1252-1284) e a nobreza castelhano-
leonesa no contexto da Reconquista Cristã. De modo mais específico, os eixos temáticos que
direcionaram a nossa apresentação, estão vinculados ao esclarecimento do plano de atuação da
nobreza no reino Castelhano durante o extenso processo de Reconquista e suas relações
conflituosas com D. Alfonso X (1252-1284) à luz da Cronica Geral de Alfonso X, uma fonte
produzida no reinado de D. Alfonso XI (1325-1350), seu bisneto. Também trabalharemos com
os conceitos de ‘poder’ e ‘autoridade’, trazendo à lume a história do pensamento político Baixo
Medieval. Para isso, traçaremos como plano de fundo o contexto cultural peninsular onde as
Universidades e cortes dos demais reinos, processualmente passaram ser o núcleo produtor de
teorias baseadas no direito romano, que tornar-se-iam alicerces para a institucionalização e
ideologização da figura régia, um cenário marcado pela afirmação do poder secular diante das
demais esferas de poderes, o que ocasionou em vários momentos desavenças entre o rei sábio
e os segmentos nobiliárquicos que participavam ativamente do processo de reocupação dos
territórios reconquistados pelos cristãos.
Palavras-chave: poder; reinado; nobreza; Reconquista.
OS MÁRTIRES DE MARROCOS: RELÍQUIAS E MILAGRES
Bruna Emanuelly Albuquerque Silva (UFG)
Esta comunicação tem por finalidade discorrer acerca das representações sobre os Santos
Mártires de Marrocos, através do relato hagiográfico sobre seus milagres, e consequentemente
à veneração de suas relíquias, durante os séculos XIII e XIV. Estes foram enviados por São
Francisco de Assis para pregarem a respeito de Jesus Cristo na África do Norte. Assim Frei
Vidal (que adoeceu pouco depois de chegar ao Reino de Aragão, e ali permaneceu), Frei
Berardo, Frei Otto, Frei Pedro, Frei Adjuto, Frei Acursio, saíram de Assis e viajaram até
Sevilha, de lá até o Marrocos. Nesta região foram levados como prisioneiros pelo Miramolim
(rei dos mouros), para serem julgados e condenados à morte, por sua pregação. Em 16 de janeiro
de 1220, depois de diversos açoites, foram decapitados. Seus restos mortais foram levados pelo
Infante D. Pedro (de Marrocos a Portugal). Em Coimbra no Mosteiro de Santa Cruz, até hoje
ainda estão guardadas suas relíquias. A elas são atribuídos diversos milagres.
Palavras-chave: Mártires de Marrocos; Relíquias; Milagres.
A FIGURA DO CAVALEIRO NO TRACTATUS DE PURGATORIO SANCTI
PATRICII: UMA ANÁLISE DO IMAGINÁRIO SOBRE A SALVAÇÃO NOS
SÉCULOS XII E XIII
Bruna Marcos Rodrigues de Oliveira (UFG)
O Tractatus de Purgatorio Sancti Patricii é uma narrativa escrita por volta de 1180 pelo monge
cisterciense H. de Saltrey. No documento é apresentada a jornada do cavaleiro Owein, um
homem muito arrependido de seus pecados que se propõe a adentrar o Purgatório de São
Patrício no Lough Derg (Irlanda) com o intuito de reparar suas faltas. Durante o período em
que o Tractatus foi escrito a Cristandade vivia uma intensa mudança nos esquemas mentais e
intelectuais. A expansão urbana, o comércio a áreas longínquas, as intensas relações entre o
28
campo e a cidade e a convocação das Cruzadas, fizeram despertar no imaginário social desses
mesmos homens uma expansão não só da geografia terrena, mas também do além espiritual.
Dentro dessa nova dinâmica a Igreja desempenha o papel de reguladora das ações e relações da
cristandade, condenando todos os atos que eram considerados uma ofensa a Deus. Dessa forma,
a preocupação da Igreja com a remissão dos pecados pelos fiéis se torna uma questão que
também norteará a criação do Purgatório. O monge, ao utilizar a narrativa do cavaleiro pecador
como exemplo a ser seguido, demonstra tais preocupações e destaca a importância de
delimitarmos a relação que a Igreja tinha com a cavalaria no século XII.
Palavras-chave: Purgatório; São Patrício; salvação; cavaleiro.
NEGOCIAÇÕES DIOCESANAS E CONFLITOS SENHORIAIS: A POLÍTICA
EPISCOPAL NA PENÍNSULA IBÉRICA DO SÉCULO XII
Dr. Bruno Gonçalves Alvaro (UFS)
A atuação dos bispos-senhores nas fronteiras e territórios ibéricos no século XII tem nos
possibilitado o aprofundamento daquilo que denominamos como poder senhorial-episcopal,
um tipo de poder específico que, defendemos, resume uma série de tensionamentos entre
inúmeras dioceses durante, praticamente, toda a Idade Média Central.
As muitas disputas de terras e o estabelecimento dos seus limites foi um assunto em constante
pauta nos concílios e nos acordos com as monarquias. Eram inevitáveis os enfrentamentos entre
os bispos possuidores de senhorios. Duas frentes eram possíveis e válidas no balé das estolas:
os embates armados, que tendiam a ser dispendiosos, e o combate no campo da ordem jurídica,
cujas resoluções, mesmo abrasivas, demandavam menores perdas de vidas.
Nesta comunicação, analisaremos como a política episcopal agiu frente aos conflitos senhoriais.
Ao se valer de negociações em cujo pano de fundo estampava-se a piedosa imagem dos bispos,
quando, na verdade, a pintura completa era composta pelos seus traços de senhores, tornava
evidente o postulado de que um bom bispo seria inexistente se também não fosse um bom
senhor.
Palavras-chave: Poder senhorial-episcopal; Negociações; Política; Século XII.
O MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE BELÉM NOS DISCURSOS DOS AUTORES
PORTUGUESES DO SÉCULO XVI
Ms. Camila Cristina Souza Lima (USP)
O Mosteiro de Santa Maria de Belém, identificado pela primeira vez como exemplo maior do
‘estilo manuelino’ por Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878), foi bastante associado à
expansão ultramarina, pois foi mandado edificar no mesmo ano em que Vasco da Gama voltou
de sua primeira viagem à Índia, construído na desembocadura do Tejo, de onde partiam a maior
parte das naus para África e Ásia, no mesmo local em que o infante Dom Henrique tinha
edificado uma ermida para assistir aos mareantes. A associação desse edifício às navegações é
apresentada pelos autores portugueses ao longo do século XVI. Nessa comunicação
apresentaremos o discurso expresso sobre o mosteiro de Santa Maria e a imagem régia
apresentada nesse monumento nas palavras de Garcia de Resende (1470-1536), João de Barros
29
(c.1496-1570), Damião de Góis (1502-1574) e Francisco de Holanda (1517-1585). Para
comparar a maneira como se construiu o elogio da monarquia lusitanas na imagem de Santa
Maria de Belém, apresentaremos também as palavras do padre José de Siguenza (1544-1606),
monge jerônimo espanhol, que trata dessa casa em sua História da Ordem de São Jerônimo.
Palavras-chave: Arquitetura; Propaganda Régia; Dom Manuel I; Portugal; Ordem de São
Jerônimo.
DEMARCAÇÃO DE FRONTEIRAS E INTERPRETAÇÕES DO PASSADO NA
AMAZÔNIA IBÉRICA DO SÉCULO XVIII
Dr. Carlos Augusto Bastos
A demarcação de limites territoriais na América ibérica, no século XVIII, recorreu à formação
de comissões demarcadoras luso-espanholas, que deveriam atuar conjuntamente nas zonas
limítrofes do continente para reconhecimento do espaço e delimitação da fronteira. A interação
dessas comissões ibéricas evidenciou as divergências quanto aos limites, em parte alimentadas
pelas interpretações diferentes sobre os direitos historicamente herdados por Portugal e Espanha
nas terras americanas. Nessa comunicação, tais questões serão abordadas tomando como objeto
de análise a atuação das comissões demarcadoras luso-espanholas na Amazônia na década de
1780. De modo mais preciso, será analisado como, na troca de ofícios entre os militares que
participavam das demarcações, a história da conquista ibérica no vale amazônico, e a dos
conflitos entre as Coroas portuguesa e espanhola nos séculos XVII-XVIII, eram interpretadas
pelos demarcadores à luz das políticas demarcatórias de territórios coloniais naquele contexto.
O debate sobre os direitos históricos de Portugal e Espanha sobre as terras no extremo norte
constitui parte dos conflitos sobre a definição das fronteiras na Amazônia, e um importante
elemento nos argumentos manejados pelos demarcadores luso-espanhóis na construção dos
projetos de soberania territorial na fronteira norte.
Palavras-chave: Amazônia; demarcação de fronteiras; história; soberania territorial.
A IDADE MÉDIA SOB A PERSPECTIVA DA HISTÓRIA DOS CONCEITOS: O
ESTUDO DO CONCEITO DE INFANTE
Dr. Carlos Eduardo Zlatic (UFPR)
Para o desalento dos historiadores, advertiu Marc Bloch em sua obra Apologia da História ou
O Ofício do Historiador, os homens não mudam seu vocabulário de maneira sincrônica ao
câmbio dos costumes. Aceitar essa afirmação implica em manter constante atenção aos termos
empregados pelas fontes e os significados a eles atribuídos pelos sujeitos históricos de um
determinado contexto, preocupação estruturante da metodologia da História dos Conceitos,
conforme exposto por Reinhart Koselleck. Partindo dessa premissa, pretende-se abordar a
importância da compreensão dos conceitos para as pesquisas concernentes ao período medieval
a partir do estudo do conceito de infante no reino de Portugal ao longo da Dinastia de Borgonha
(1140-1385). Procedendo com a análise dos documentos contidos nas chancelarias régias, é
possível constatar alterações no emprego daquela palavra que acompanham a afirmação do
30
poder dos monarcas, a dinâmica política no interior da linhagem régia e suas relações com a
sociedade medieval portuguesa.
Palavras-chave: História dos Conceitos, Dinastia de Borgonha, Infante.
TALES OF THE ALHAMBRA: ECOS DA ESPANHA ISLÂMICA NO TEXTO DE
WASHINGTON IRVING
Dra. Carmen Lícia Palazzo (UNICEUB)
Na primeira metade do século XIX a fortaleza da Alhambra abrigava uma curiosa variedade de
moradores: soldados inativos por invalidez, ciganos, pessoas pobres, mas também artistas e
escritores estrangeiros atraídos pela aura de exotismo do local, que fascinava toda uma geração
de Românticos. O historiador, diplomata e escritor Washington Irving (1783-1859) juntou-se
aos habitantes da Alhambra instalando-se em seu interior temporariamente, em 1829. Escreveu,
então, a partir de sua experiência local, um livro que fez grande sucesso, Tales of the Alhambra.
A análise do texto de Irving, por um lado revela os ecos da Espanha islâmica presentes no
imaginário orientalista do século XIX mas, por outro, conduz também ao mundo real da
Alhambra oitocentista e aos personagens com os quais o autor conviveu. Numa espécie de
diálogo entre épocas distintas, há uma recuperação de histórias e estórias fantásticas do passado
islâmico através de relatos que vinham sendo transmitidos pelos moradores da região. Neste
sentido, o registro se constitui em uma fonte relevante para a pesquisa histórica já que
Washington Irving resgatou fatos e lendas sobre os muçulmanos que se tornaram parte
importante da memória local do antigo reino de Granada.
Palavras-chave: Al Andalus; Alhambra; Orientalismo; Espanha islâmica.
O COMMENTARIUM IN APOCALIPSIN (1047): UMA TÁBUA DE EXALTAÇÃO A
FERNANDO I E D. SANCHA E SEU SIGNIFICADO
Ms. Carolina Akie Ochiai Seixas Lima (UFMT)
Apresentaremos, nesta comunicação, a análise da imagética contida no Commentarium in
Apocalipsin (1047). Adentraremos na mais importante e mais complexa de todas as 116
iluminuras deste códice, a tábua-labirinto presente no fólio 7r. Sua importância magistral para
todo o conjunto se dá porque temos a iluminura que comprova a encomenda do códice por
Fernando I e D. Sancha. Mas, para o nosso trabalho, esta tábua se mostra muito mais importante
do que as outras iluminuras pelo fato de ser tão engenhosamente construída, pelos seus detalhes
– nada fáceis de serem decifrados – e pelos modos como foi distribuído o texto em seu interior.
Ressaltamos o fato de que outros pesquisadores já se debruçaram sobre esta tábua, como Sandra
Sáenz-López Pérez que afirma que ambos monarcas foram promotores de tal documento, e,
Fabiana Pedroni Favoreto que apresenta o mesmo argumento a respeito dos comitentes da obra
e uma análise sobre a ornamentalidade das bordas da tábua-labirinto. Mas nenhum destes
trabalhos adentrou na complexa e engenhosa distribuição das sentenças de exaltação aos reis,
no interior da tábua, o que demonstraremos aqui, como parte da nossa pesquisa de
doutoramento.
Palavras-chave: imagética; tábua-labirinto; ornamentalidade.
31
A DEMONSTRAÇÃO APOLOGÉTICA A FAVOR DAS CONHECENÇAS (1783) DO PE.
JOÃO ANTUNES NORONHA: O PODER EPISCOPAL E OS PROBLEMAS DE
JURISDIÇÃO
Caroline Cristina Souza Silva (USP)
O Padre João Antunes Noronha, vigário colado na freguesia de Santa Anna de Villa Boa
d’Goyas, redigiu, em 1783, um códice direcionado à rainha de Portugal D. Maria I com o
seguinte título: Demonstração Apologética a favor das Conhecenças dos Parochos de Minas.
Formado por dez subdivisões, o autor procurou defender a aplicação da taxação das
conhecenças na já mencionada freguesia e, para isso, transpareceu alguns debates de cunho
jurisdicional e político. Além dos problemas de jurisdição civil e eclesiástica, muito presentes
no cotidiano burocrático colonial, a defesa das conhecenças apresentada nesse códice também
nos insere nos elementos referentes às questões de cunho político, o qual vê-se em discussão os
lugares do poder episcopal, do monarca e dos seus funcionários reais. Discussão essa que fez
parte, inclusive, de um projeto político-religioso do Portugal setecentista. Nesse sentido, o
objetivo desse trabalho se resume em analisar os elementos argumentativos abordados nesse
documento de modo a compreender o jogo de poderes presente nas instâncias civil e eclesiástica
coloniais, tomando como palco a capitania de Goiás e o Bispado de Mariana.
Palavras-chave: conhecenças; capitania de Goiás; poder episcopal; jurisdição.
A CONSTRUÇÃO DA SANTIDADE DE SÃO FRANCISCO XAVIER
Caroline Juliane Rodrigues (PUC-GO)
Para o catolicismo a santidade de alguém é reconhecida oficialmente pela Igreja com a
realização da cerimônia de canonização, celebração esta que após cumprir os rituais ordenados
pela mesma, pode o Papa registrar o nome do falecido no catálogo dos santos. Entre os católicos
a definição de santidade se distingue pelo individuo praticar as virtudes vivendo de maneira
exemplar na terra, para que após sua morte a Igreja, através de um bispo que escolherá um
postulador, cuja função é pesquisar a fundo a vida da pessoa, a declara como santa diante de
seus fiéis. Normalmente os santos são conhecidos pelo martírio, virtudes heroicas e milagres.
Com base nas explicações citadas acima, realizaremos um estudo sobre a vida de um dos
maiores santos da Igreja Católica do início do século XVI, Francisco de Jasso Azpilicueta
Atondo y Aznáres, mais conhecido como São Francisco Xavier. A intenção da presente
pesquisa é justamente apresentar, como sugere o próprio título, a construção da santidade deste
personagem singular.
Palavras-chave: Santidade; Igreja; Virtudes; São Francisco Xavier
32
ENTRE O EXÍLIO E A ESPERANÇA: A CLEMENTIA CAESARIS NAS EPISTULAE
EX PONTO DE OVÍDIO
Ms. Cesar Luiz Jerce da Costa Junior (UFPR)
O presente trabalho versará sobre a clementia Caesaris no contexto das Epistulae ex Ponto, de
Ovídio Nasão. O poeta, relegado por ordem de Augusto em 8 d.C., estabeleceu-se na cidade de
Tomis, no litoral do Mar Negro, e lá permaneceu até sua morte, por volta de 17-18 d.C.. No
conjunto epistolar de Ovídio, a presença da clementia Augusta ganha um contorno
particularmente sensível: demonstra o papel fundamental de uma importante virtude imperial
na vida política romana nos estágios iniciais do Principado, o regime político instituído por
Augusto após as guerras civis que puseram fim à República. As súplicas do poeta exilado falam,
assim, de novos tempos na longa trajetória política romana, na qual o arbítrio de um único
indivíduo poderia determinar o fatum dos cidadãos da Urbe. Na primeira parte do trabalho,
serão abordados alguns aspectos essenciais da formação do Principado, as reformas políticas
centralizadoras e as atribuições de Otaviano Augusto como princeps romanus. Por fim, na
segunda parte, falaremos de Ovídio e de suas epístolas, cheias de reclamações acerca da
insalubridade de Tomis e de súplicas dirigidas ao imperador. No epistolário ovidiano, a cultura
literária romana se atrela às configurações do poder imperial e a clementia ganha contornos não
só poéticos, mas igualmente retóricos e políticos.
Palavras-chave: Ovídio; Augusto; Epistulae ex Ponto; Clementia Caesaris; Exílio.
UM ENTREOLHAR ACERCA DOS CRISTÃOS-NOVOS NA INQUISIÇÃO DE
PORTUGAL (SÉC. XVI)
Ms. Cleusa Teixeira de Sousa (UFG)
O ponto central deste artigo, versa sobre a compreensão das dinâmicas relacionais de poder que
estão envoltas na problemática de ser converso nas inquirições do Santo Ofício no decorrer do
século XVI. Para tanto, vale destacar que a Inquisição se pautou na ideologia de combate aos
heréticos. Nesse caso, as acusações e as inquirições do réu independia do seu estatuto de cristão-
novo ou cristão velho, o ponto alto deste cenário configurou-se em identificar e punir o
descumprimento da fé cristã. Os apóstatas deveriam ser perseguidos e penalizados pela
abjuração ou renegação do cristianismo. Visto que, os reinos ibéricos eram cristãos, assim
concebia-se o pensamento de que o poder dos monarcas advinha de Deus, portanto cabia aos
reis banir do seu reino qualquer prática herege, mas deviam também obediência ao sumo
pontífice que era tido como o maior representante de Deus na terra e, tinha pleno domínio das
questões espirituais no mundo terreno. A pesquisa que ora apresento, terá como foco evidenciar
e discutir questões pertinentes aos cristãos-novos lusitanos, convertidos ao tempo de D. Manuel
I e acusados de apostasia e judaísmo no tempo da Inquisição.
Palavras-chave: Cristãos-novos; D. Manuel I; Inquisição Portuguesa; D. João III.
33
NOS CAMINHOS DE COMPOSTELA: A PEREGRINAÇÃO DE SANTIAGO DE
COMPOSTELA A PARTIR DO LIBER SANCTI JACOBI
Cristiane Sousa Santos (PUC-GO)
As peregrinações rumo à Santiago de Compostela constituem-se a terceira maior em
importância na tradição cristã ocidental. Compostela, segundo a lenda, abriga o sepulcro que
mantém as relíquias do apóstolo Tiago Maior, um dos mais diletos discípulos de Jesus Cristo.
No apogeu do culto as relíquias no século XII, a Sé Compostelana sob o prelado de D. Diego
Gelmírez, elaborou uma série de documentos que visavam a legitimação da presença das
relíquias jacobeias na Península Ibérica. O mito compostelano, se insere em diferentes
abordagens. Nesse sentido, intentamos descrever neste texto a relação entre as relíquias, as
peregrinações e o desenvolvimento social e religioso de Santiago de Compostela. Para tanto,
na primeira parte nos ocupamos em introduzir a tradição compostelana. Em seguida, tratamos
a respeito da relação entre o culto às relíquias e a cristandade medieval, as peregrinações e por
fim, apresentamos nossas considerações iniciais em torno da importância das relíquias
compostelanas para a promoção e a legitimação do culto jacobeu.
Palavras-chave: Relíquias; Santiago de Compostela; peregrinações.
MIGUEL SERVET (1511 – 1553) E AS REFORMAS RELIGIOSAS DO SÉCULO XVI
Daniel Seba (UFMT)
O objetivo desta comunicação é relacionar este momento marcado pelo desenvolvimento do
renascimento e das reformas religiosas com a figura de Miguel Servet, aragonês que participou
ativamente das polêmicas religiosas de seu tempo. Servet fora um teólogo, além de humanista.
Atuou também no campo da medicina, onde exerceu importante papel, descrevendo a
circulação sanguínea, publicada em sua principal obra: Restituição do Cristianismo (1553).
Analisaremos, nesta comunicação, como o autor da Restituição aproveitou-se do momento em
que vivia para agir. Sua vida fora marcada por perseguições e suas resultantes fugas.
Aproveitou-se do advento da imprensa para expressar sua opinião, majoritariamente
considerada heterodoxa. Intentou adentrar a fenda religiosa aberta por Martinho Lutero (1483
– 1546), no entanto, sua trajetória se chocaria com a de outro reformador, Calvino (1509 –
1564), culminando em sua morte na cidade de Genebra, em 1553.
Palavras-chave: Miguel Servet; Restituição do Cristianismo; Reforma Protestante; Calvino.
HISTORIOGRAFIA VENEZUELANA: PODER, INTRIGAS E INDEPENDÊNCIA DE
1810-1830
Deninson Alessandro Fernandes Aguirre (PUC-GO)
Essa comunicação tem como objetivo analisar os processos políticos e históricos na formação
das Repúblicas durante os anos de 1810 a 1830 na Venezuela. Com os movimentos
revolucionários ocorrendo ao redor do mundo; mais especificamente, a Independência dos
Estados Unidos, e a revolução francesa, iniciou-se processos independentistas que não tiveram
34
sucesso, porém, que continuaram inflamados durante o decorrer dos anos. O anseio com a
ruptura da monarquia espanhola dá início à revolução na Capitanía General de Venezuela em
1810, onde o movimento independentista, à diferença de muitos movimentos revolucionários,
não era formado por movimentos populares, mas sim, por criollos; elites que possuíam poder
econômico, e status social, porém não possuíam o poder político. E destes conflitos surge
líderes e símbolos que moldaram a história política, e social da Venezuela. A Historiografia
estuda estes movimentos revolucionários dividindo-a em quatro partes, ou quatro republicas,
onde termina com a união e separação da Venezuela da Gran Colómbia em 1830.
Palavras-chave: Independência, República, Política, Venezuela.
D. JOÃO II: REI JUSTO E MISERICORDIOSO
Dra. Denise da Silva Menezes do Nascimento (UFJF)
Garcia de Resende buscou eternizar as ações e os valores de D. João II que deveriam servir de
paradigma para uma parcela importante da sociedade portuguesa de quatrocentos. O cronista
objetivava deixar para a posteridade os fatos e atitudes que deveriam servir de modelo para os
monarcas vindouros. Se hoje desviamos nosso olhar da mera narração de grandes feitos, uma
nova perspectiva se lança ao nos debruçarmos sobre as linhas dos cronistas medievais. Nesse
sentido, a partir da análise da rede de intrigas narrada por Resende podemos nos voltar para as
estratégias de poder que permitiram a D. João II consolidar a imagem de rei justo e
misericordioso, já que tendo em vista o bem de toda sociedade, cabia ao monarca punir aqueles
que atentavam contra a ordem estabelecida por Deus, como também lhe cabia perdoá-los,
selando, assim, a aliança entre o rei e seus súditos.
Palavras-chave: Justiça Régia; Crônicas Medievais; Príncipe Perfeito.
UMA REFLEXÃO TEÓRICA DAS EMOÇÕES E SUAS POSSIBILIDADES DE
EMPREGO PARA A ANÁLISE DO CONTEXTO MEDIEVAL
Ms. Douglas de Freitas Almeida Martins (UFMT)
Dentre os temas mais complexos que foram (re) valorizados pela Nova História, as emoções
apenas muito recentemente vêm mobilizando historiadores interessados em tratá-las como
objeto da ciência histórica. Antes relegada ao domínio exclusivo do indivíduo e da psicologia,
as emoções são hoje, cada vez mais, vistas enquanto produto de intricados processos de
construção sociocultural. Novas teorias da linguagem associadas ao desenvolvimento de novas
metodologias de análise textual permitem vislumbrar as dinâmicas históricas existentes por
detrás de muitas manifestações das emoções. Esta comunicação, portanto, tem por objetivo,
mapear a forma com que os historiadores fundamentam e definem as emoções como conceito
histórico e apontar possibilidades de seu emprego como categoria de análise para o contexto
medieval. Trata-se, dessa forma, de uma análise dos pressupostos metodológicos do emprego
das emoções como suporte de análise para compreensão das realidades social medievais.
Palavras-chave: Emoções; Medieval; Metodologia.
35
MARTINHO LUTERO E A AUTORIDADE SECULAR
Eduardo dos Santos Carvalho Lima (UEG)
Na sua obra Da autoridade secular: até que ponto lhe devemos obediência, Lutero, em dezembro
1522 atende as dúvidas do pastor Wolfgang Stein e do duque João Frederico da Saxônia. Nessa
obra Lutero escreve a respeito de três temas, a autoridade, o poder e os governantes.
As dúvidas englobam a seguinte pergunta: como se pode renunciar ao uso da violência e, ao
mesmo tempo, exercer uma função política? Outros acontecimentos também levaram Lutero a
refletir sobre outra pergunta: até onde vai o poder da autoridade? Até onde o cidadão lhe deve
obediência? Tal pergunta seria a base onde ele construiria a posição que o cristão deve ter.
Há então duas partes na obra, na primeira, Lutero posiciona o povo cristão em dois reinos, o
reino de Cristo e o reino do mundo. Segundo ele, os cristãos não necessitam do poder temporal,
são guiados pelo Espírito Santo. Porém no reino do mundo o povo não é cristão, tendo que
conviver por meio da espada, da autoridade secular. Deus então governa todos de duas formas:
a espiritual e a temporal. Na forma espiritual, Deus transforma o povo para que sejam justas, e
no temporal, Deus mantém a maldade do coração humano sob seu controle, preservando a paz.
Na segunda parte de sua obra Lutero descreve os limites que a autoridade deve ter para que não
interfiram no reino de Cristo. Manifestando de cada reino, sua responsabilidade.
Palavras-chave: Lutero; autoridade secular; obediência a autoridade.
RAFAEL HITLODEU, O ÚLTIMO VIAJANTE DA IDADE MÉDIA
Eduardo Leite Lisboa (UEPG)
Foi através de um erudito português ligado aos empreendimentos de Américo Vespúcio que,
em 1516, Thomas More legou-nos seu Livreto deveras precioso e não menos útil do que
agradável sobre o melhor dos regimes de Estado e a ilha da Utopia até hoje desconhecida.
Esta que é uma das mais notáveis obras da Renascença e um clássico do pensamento ocidental,
foi fonte de diversos trabalhos historiográficos devido sua clara contestação ao nascente
capitalismo na Inglaterra. Todavia, sendo a literatura uma das mais privilegiadas formas de
acesso ao imaginário de determinado contexto e assumindo que preferencialmente o mesmo
deva ser estudado dentro da longa duração, proponho uma reflexão dos elementos medievais
contidos n’A Utopia. Para tal, faz-se necessário observar a tradição literária existente acerca das
narrativas de viagens, gênero multifacetado, mas denunciador de como a Europa consolidou-
se: herança greco-romana, matriz germânica e cristianismo. Especialmente a partir do século
XII, estes escritos apresentam a cosmovisão da Cristandade para com o Oriente e gestam
ânimos que perpassam a mentalidade expansionista ibérica, a qual Rafael Hitlodeu, nosso
narrador, representa.
Palavras-chave: literatura de viagem; utopia; imaginário medieval.
36
A CASA MEDIEVAL E MODERNA
Ms. Elana da Silva Romualdo (UFG)
A relação entre morador e moradia modificou-se ao longo dos tempos. Na arquitetura medieval
as casas desenvolvem-se, em sua maioria, em dois pavimentos com setores bem definidos,
voltadas para o interior, dispostas lado a lado e áreas construídas bastante elevadas. Resultam
das características urbanísticas do período, dos processos construtivos e das limitações de
infraestrutura como água e esgoto. Por outro lado, a busca pelo novo e pela adaptação aos
materiais e tecnologias construtivas produzidos a partir da revolução industrial, elas usufruem
de novas tipologias e de novas possibilidades de composição espacial. Estabelecendo-se como
uma moradia mais flexível, com áreas multifuncionais, com modificações consideráveis na
relação usuário e ambiente e mudança nas particularidades entre o público e o privado. Assim,
esse artigo, busca entender a diferença entre a moradia medieval e moderna, quais as
semelhanças e principais diferenças entre elas e até que ponto foi modificada a relação da
mulher como coordenadora.
Palavras-chave: História Medieval, História Moderna, Moradia Medieval e Moradia Moderna.
ESTIGMATIZAÇÃO E MAGIA: UMA ANÁLISE DAS PERSONAGENS FEMININAS
PRESENTES NA OBRA METAMORFOSES DE APULEIO DE MADURA
Ellen Juliane Bueno dos Santos (UFG)
Uma das fontes literárias mais ricas em informações em que se pode ver certa caracterização
dos praticantes de magia no mundo Antigo é a obra de Apuleio de Madura, Metamorfoses (ou
O Asno de ouro), do II século d.C. De caráter autobiográfico, a narrativa conta as desventuras
de Lucio causadas por sua curiositas para com a magia, levando a sua metamorfose em asno
após se envolver com as artes mágicas, e apenas conseguindo retomar a forma humana depois
da intervenção divina da deusa egípcia Ísis. Condenando as práticas mágicas, Apuleio
caracteriza as feiticeiras da narrativa: Meroe e Pantia, as tessálias, Panfília, de forma negativa
e perigosa, conhecedoras de magia negra e praticantes de necromancia. De modo oposto, o
autor descreve a deusa Ísis como divina, compadecida, piedosa, suprema, benevolente, etc. O
objetivo desse trabalho é analisar paralelamente as imagens opostas entre as feiticeiras e a deusa
Ísis presentes na obra O Asno de Ouro. Com isso, observaremos como essas imagens reforçaram
os estereótipos estigmatizantes presentes na figura feminina, fixando determinados rótulos de
uma identidade social virtual que permanece até hoje no imaginário social ocidental sobre
bruxaria.
Palavras-chave: Apuleio; magia; Ísis; estigmatização.
37
O JOGADOR CONHECE O JOGO PELA REGRA: O SENTIDO RELIGIOSO DA
GUERRA E DOS GUERREIROS IMPERIAIS SEGUNDO MARTINHO LUTERO
Elthon Leal (UFMT)
Em 2017, sob o embalo do Cinquentenário da Reforma Protestante, surgiu uma profusão textos
que construíram representações variadas sobre Martinho Lutero. Inspirados por uma matéria da
BBC Brasil e esse movimento de renovação, propomos, nesta comunicação, uma reflexão sobre
um conhecido escrito de Martinho Lutero, professor de teologia, da Universidade de
Wittemberg, buscando compreender seus encaminhamentos sobre as questões em torno do
tema da Guerra e do papel dos guerreiros imperiais. Com base em contribuições da Teoria das
Representações Sociais, suscitaremos a compreensão sobre a articulação entre produção de
informações jornalísticas e o olhar histórico. Para isso, basearemos nossa análise documental
na contribuição da Sociologia da Religião, fornecidas por Peter Ludwig Berger, para abordar o
problema da legitimação social como processo religioso. Por fim, recorreremos
à historiografia para o apontamento de caminhos para uma análise crítica dos processos que são
associados à construção de figuras de autoridade em personalidades na História.
Palavras-chave: História; Sociologia da Religião; Representações Sociais; Martinho Lutero.
O HUMANISMO ATRAVÉS DA ARTE: UMA LEITURA DE FRANCIS SCHAEFFER
Fábio de Sousa Neto (PUC-GO/FASSEB)
Partindo da premissa defendida por Marin (2009) em que a obra de arte pode ser lida como
texto, e que tal afirmação se inscreve em uma longa tradição, percebemos as possibilidades de
desvelar certas reminiscências do passado sugeridas por Francis Schaeffer, em suas leituras da
arte renascentista como ruptura com o passado ou o pensamento bizantino. O autor relaciona
as origens do pensamento humanista ao século XIII, mais precisamente a Tomás de Aquino,
cuja reflexão filosófica acabaria por influenciar seu tempo de modo que, a primeira grande
ruptura com o pensamento bizantino ocorreria na autonomização do intelecto em relação à fé,
processo que culminaria na dicotomização entre racionalismo e fideísmo, a partir dessa
conjuntura a natureza acabou engolindo a graça.
Palavras-chave: Francis Schaeffer; Arte; Humanismo.
OS DIFERENTES TIPOS DE ESCRAVIDÃO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE:
DA ESCRAVIDÃO POR GUERRAS ATÉ A ESCRAVIDÃO PELA CLASSIFICAÇÃO
E HIERARQUIZAÇÃO RACIAL
Fabrício Pereira Feliciano (PUC-GO)
Através de reflexões advindas do meu embasamento teórico das discussões sobre temas pós-
coloniais em sala de aula, surgiu em mim uma disposição de um aprofundamento maior nos
assuntos pertinentes a esta área do conhecimento. Neste momento surgiu uma pergunta: como
relacionar os diferentes conceitos de escravidão propostos por diversos historiadores? E como
38
esses conceitos se relacionam com a escravidão que existiu na America após a chegada dos
europeus.
Palavras-chave: Escravidão; raça; colonialismo.
A SANTIDADE DO CORPO DE FRANCISCO E O MILAGRE DOS ESTIGMAS DE
CRISTO
Ms. Fernanda Amélia Leal Borges Duarte (PUC-GO)
Esta comunicação tem como objetivo apresentar uma breve análise sobre o discurso de
representação da santidade construído sobre São Francisco de Assis, a respeito do milagre dos
estigmas narrados em textos hagiográficos no século XIII. As hagiografias que se propõem
analisar o discurso são: Primeira Vida de Tomás de Celano (1229) e Legenda Maior de São
Boaventura (1266), todas escritas por frades franciscanos após a morte do santo de Assis. Para
tanto, compreende-se os escritos hagiográficos como narrativas da memória, pois os autores
tinham o objetivo de demonstrar o universo sagrado dos santos abordando algumas
características, como a virtude e o martírio. Contudo, os milagres dos estigmas de São Francisco
foram descritos como uma representação de santidade no medievo estando presentes nas
hagiografias e iconografias.
Palavras-chave: Hagiografia; santidade; Francisco de Assis.
REFLEXÕES SOBRE AS IDENTIDADES CRISTÃS A PARTIR DOS DISCURSOS
CONTRA OS ARIANOS DE ATANÁSIO DE ALEXANDRIA (Séc. IV d. C)
Ms. Fernando Divino Teodoro Moura (UFG)
O objetivo deste artigo é analisar o processo de legitimação e os confrontos entre os divergentes
grupos cristãos para o estabelecimento de uma só ortodoxia cristã no meio clerical egípcio,
especificamente em Alexandria durante a Antiguidade Tardia. Para tanto, este trabalho se
debruça frontalmente com os celeumas identitários de grupos cristãos na primeira metade do
século IV. Para proceder nossa investigação tentaremos evidenciar, a partir do conceito de
regime de memória bíblico, como os Discursos contra os arianos de Atanásio de Alexandria
concatenou elementos da tradição judaico-cristã em uma estrutura narrativa provinda do legado
grego-romano para orquestrar uma memória legitimadora de uma unidade político-religiosa
entre as comunidades cristãs no seio das igrejas cristãs do Oriente romano.
Palavras-chave: Atanásio de Alexandria; identidade; memória; poder.
39
O FRA ANGÉLICO BRASILEIRO (VEIGA VALLE) - A (RE) VALORIZAÇÃO DA
OBRA DO SANTEIRO GOIANO PARA O FORTALECIMENTO DA TRADIÇÃO
VILABOENSE
Ms. Fernando Martins dos Santos (UEG)
A proposta de transferir a capital goiana da antiga Vila Boa para um local que possibilitasse
mais crescimento e salubridade já era antiga. Apesar disto, a empreitada só ocorreu na primeira
metade do século XX. Para os vilaboenses, a transferência gerou muito ressentimento, pois
perderam o que mais lhes orgulhava: ser o centro político do Estado.
Quando se consolidou a transferência, os vilaboenses se sentiram abandonados e com a
sensação de que a cidade poderia desaparecer. Após várias tentativas frustradas de impedir o
projeto mudancista de Pedro Ludovico Teixeira, a sociedade e a população se voltaram para
seu passado buscando por suas tradições, tentando difundir a ideia de que ali era o berço da
cultura goiana.
Com isso, a representação do artista Veiga Valle foi afetada por este contexto de busca pelas
tradições vilaboenses. A partir dos estudos do artista plástico José Rescala, as obras de Veiga
Valle se tornaram imprescindíveis para reforçar os primeiros tombamentos na cidade pelo
SPHAN. E ainda as exposições e publicações nos anos 50 ajudaram a consolidar sua imagem
como o nome mais importante da arte goiana no século XIX.
Palavras-chave: Veiga Valle; Vila Boa; arte sacra; tradição; transferência da capital.
A ORDEM DE CRISTO, AS GRANDES NAVEGAÇÕES E SUAS VICISSITUDES
Filipe Inácio Fontes (UEG)
Gabriel Costa Pereira (UEG)
Mister se faz elencar o cenário político-religioso europeu no final do medievo, e suas
reverberações a partir do ponto de vista de Filipe, o Belo e suas primazias no combate à Ordem
dos Templários, em território francês, mas que sobreponha como uma força transnacional à
fronteira. Esse modus operandi garantir-se-á, em virtude da fraca articulação política do
Vaticano, sendo submisso ao próprio rei. A difícil transição da Ordem para Portugal com o
apoio de D. Dinis reivindicando os bens dessa e salvaguardando-os, em Portugal. A inserção
dos infantes na Ordem de Cristo para garantir a estabilidade do reino e financiar
empreendimentos na península Ibérica e futuramente além-mar, o território de Portugal tornar-
se-á pequeno para tamanha magnitude, mediante a expulsão dos mouros, ou seja, só lhes restava
o mar. Segundo Camões em sua epopéia “Os Lusíadas”, o que os gregos fizeram fica pequeno
se comparado a Portugal. Os portugueses inauguram a modernidade e sua indústria naval,
exímios artistas náuticos. Por sua vez, o produto das Navegações é uma continuidade da Idade
Média, não uma frívola ruptura. Subsidiados pela Coroa via Ordem, mas também pela
efervescência burguesa. Sobretudo com a ascensão de D. Henriques, como Grão-Mestre da
Ordem de Cristo, responsável pela Conquista de Ceuta.
Palavras-chave: modernidade; navegação; ruptura; continuidade; mouros.
40
SÃO VICENTE: RELÍQUIAS E MILAGRES EM LISBOA (SÉCULO XII)
Francielly Pereira Menezes (UFG)
A adoração a relíquias faz parte do imaginário cristão desde seus primórdios. O século XII foi
um período forte para a busca de relíquias e corpos santos, com o intuito de promover
peregrinações, aumentando a veneração e a presença das igrejas. Após a reconquista de Lisboa
aos mouros por Afonso Henriques em 1147, inicia-se a tentativa de trazer as relíquias de São
Vicente do Algarve, pois, poderia oferecer maior povoamento, proteção e sacralização, e
principalmente a cristianização deste espaço. A iniciativa de transladação das relíquias para
Lisboa pode nos levar a discutir sobre o responsável dessa busca, sobre sua chegada ao local e
a possível disputa para o depósito destes restos mortais do mártir em diferentes locais que
atendam ao povo ou a vontade do rei. A pesquisa teve o intuito de discutir a utilização das
relíquias como veículo para a cristianização da cidade de Lisboa. Escolhemos as relíquias de
São Vicente por sua importância no povoamento de um território recém- conquistado. A partir
disto, pretendemos analisar a presença dessas relíquias em Lisboa, bem como sua importância
para a sacralização do local.
Palavras-chave: relíquias; cristianização; território; São Vicente.
EM HONRA DO FALECIDO REI: A ESCRITA DA MEMÓRIA COMO
LEGITIMAÇÃO DA REGÊNCIA DE D. CATARINA DE ÁUSTRIA
Ms. Giovanna Aparecida Schittini dos Santos (UFG)
Os questionamentos que orientam as reflexões seguintes giram em torno das representações
sobre gênero, poder e memória que legitimaram a regência de D. Catarina (1507-1578) em
Portugal, após a morte do monarca e seu consorte, o rei D. João III (1502-1557). A análise
privilegia o período inicial da regência e a documentação produzida nesse contexto,
especialmente o testamento do Piedoso e a correspondência enviada à rainha entre os anos de
1560 e 1561 por membros da alta nobreza, do clero e dos representantes das vilas e cidades do
reino a respeito de sua consulta sobre abandonar a regência. Tendo como pano de fundo esse
cenário, buscou-se identificar as imagens evocadas a respeito dessa rainha e da sua atuação
política junto ao falecido rei, com o objetivo de compreender de que modo a escrita da memória
foi mobilizada para legitimar o governo de D. Catarina.
Palavras-chave: Gênero; Poder; Memória.
REPRESENTAÇÕES TEOLÓGICO-POLÍTICAS NOS SERMÕES FÚNEBRES
PORTUGUESES (SÉCULO XVII)
Dr. Guilherme Amorim de Carvalho (UFOP)
Esta comunicação tem por objetivo dar a conhecer parte do resultado final de uma tese de
doutorado, que analisa um conjunto de sermões fúnebres escritos ao longo do século XVII na
monarquia lusitana. O interesse principal deste estudo é perceber a influência que esse conjunto
41
de discursos exercia na experiência política das elites portuguesas, por meio de suas
representações da ordenação social e relações entre esferas superiores de poder, concorrendo
para o ajuste do comportamento social e práxis política de homens ilustres. Tais representações
eram fundamentadas, em larga medida, pelo pensamento aristotélico-tomista, difundido em
Portugal pelas universidades de Coimbra e Évora. Portanto, na presente análise, não pensamos
a monarquia como um objeto autônomo de política, mas sempre associada a uma teologia
política, a partir da qual os autores dos sermões compunham o seu referencial retórico de
representação da ordem social.
Palavras-chave: Discurso político; Representação do poder; Justiça; Reis e governantes.
ESPAÇO E PODER: DELIMITAÇÕES ESPACIAIS E AFIRMAÇÃO
NOBILIÁRQUICA NA LEX VISIGOTHORUM
Ms. Guilherme Marinho Nunes (UFRJ)
O objetivo de nossa comunicação está focado sobre o discurso legislativo acerca da
configuração espacial de propriedades como forma de afirmação nobiliárquica, particularmente
no reino visigodo. Para tal utilizaremos como principal documentação a Lex Visigothorum,
instituída e recompilada após o estabelecimento da monarquia em Toledo. Tendo em vista nossa
proposta de trabalho, valorizaremos duas noções fundamentais: espaço e direito.
O espaço geográfico pode ser percebido como um constructo, permeado pelas diversas relações
que estruturam a sociedade e sendo, portanto, um campo de constante conflito. Isso fica ainda
mais claro ao trabalharmos com um período histórico pré-capitalista, no qual a posse de terras
se torna fundamental para a subsistência. O direito, por sua vez, se apresenta como construção
de aparatos normativos, impostos como discursos oficiais e, por isso mesmo, legitimados.
Constitui-se como um mecanismo fundamental para a afirmação de um status quo social
hierárquico. Neste sentido, pretendemos analisar alguns aspectos da organização de leis que
tratam de disputas por terras é enviesada pelo caráter nobiliárquico das instituições jurídicas,
fundamentando um aspecto de violência simbólica e reafirmando o poder da nobreza visigoda.
Palavras-chave: Reino Visigodo; Lex Visigothorum; Propriedades.
O RECONHECIMENTO DA SANTIDADE DE SANTA SENHORINHA DE BASTO E
A PROPOSTA DE UM MODELO DE SANTIDADE FEMININA (SÉC. XII)
Ms. Heverton Rodrigues de Oliveira (Arquidiocese de Brasília)
O culto aos santos constituiu um importante elemento da religiosidade do homem medieval,
bem como a peregrinação e a busca por milagres. Observamos o desenvolvimento do culto à
Santa Senhorinha de Basto, o reconhecimento oficial de sua santidade e o fluxo de peregrinos
que afluíam junto ao seu túmulo em busca de alívio para as mais diversas enfermidades que os
assolavam. Senhorinha de Basto (925-982) fora uma religiosa do mosteiro de São João de
Vieira, do qual se tornara abadessa, no século X, no noroeste da Península Ibérica, no território
da Arquidiocese de Braga. Para analisarmos seu culto e o reconhecimento oficial da santidade
de Santa Senhorinha, utilizamos como fonte o relato hagiográfico Vita Beatae Senorinae
Virginis, redigido no século XII, por um monge beneditino do Mosteiro de São Miguel de
Refojos de Basto, localizado no norte peninsular. Nosso objetivo nesta comunicação será
42
investigar a partir da hagiografia de Santa Senhorinha alguns dos aspectos característicos da
religiosidade medieval, como o culto aos santos, bem como a instrumentalização deste culto
pela Igreja.
Palavras-chave: Hagiografia; santidade; monacato; Santa Senhorinha de Basto.
A CELEBRAÇÃO DA MEMÓRIA DA MORTE: O CULTO AOS REIS DE AVIS NO
SÉCULO XV
Ms. Hugo Rincon Azevedo (UFG)
O processo de "cristianização da morte", no que se refere às mudanças de concepções na relação
do homem com o morrer ao longo da Idade Média, passou pelo que definiu Philippe Ariés
(2000) como "domesticação da morte", que tinha como característica um modelo de
comportamento que visava à superação do medo e o aprendizado da convivência com a morte,
na tentativa da consolidação do domínio desta por meio de uma solene ritualização. Esse
processo de cristianização, conforme Jean-Claude Schimitt (1999), resultou em transformações
no conceito de memória ou "memória dos mortos", que passou do ato de “se esquecer” ou
“desapegar” do ente querido falecido para preservação do "se lembrar", com o objetivo de
preservar a sua memória. De acordo com José Mattoso (2001), esse modelo de comportamento
foi lentamente formado no Ocidente cristão e especialmente na relação com o "luto cósmico",
ou seja, a forma coletiva de se lidar com a morte do chefe de um grupo e de seus líderes
políticos. No caso da Península Ibérica, desde a Alta Idade Média, especialmente nas
monarquias da Baixa Idade Média, estreitou-se uma forte relação entre os súditos e o culto ao
passamento régio. É nessa perspectiva que propomos analisar as narrativas dos cronistas Gomes
Zurara e Rui de Pina sobre os monarcas portugueses da Casa de Avis sepultados no Mosteiro
da Batalha no século XV, problematizando a relação entre a idealização da morte desses reis,
presente nas narrativas, assim como o cerimonial e a arquitetura fúnebre produzida em memória
de suas mortes.
Palavras-chave: Morte; Memória; Casa de Avis; Mosteiro da Batalha.
A MINORIA JUDAICA A PARTIR DA ANÁLISE DAS SIETE PARTIDAS E DAS
CANTIGAS DE SANTA MARIA DE AFONSO X, O SÁBIO
Ingrid Alves Pereira (UFES)
Durante a Idade Média, o contexto o qual estava inserida a Península Ibérica se difere
profundamente do restante da Europa. O processo de “reconquista” atribuiu características
peculiares a sociedade desta região. A relação entre as três religiões (cristãos, judeus e
muçulmanos), a princípio era de tolerância mútua, no entanto, há uma crescente hostilização da
minoria judaica representada nas jurisdições como também na literatura cristã, a partir do século
XIII. Sendo assim, pretendemos analisar a gradativa estigmatização dos judeus pelo viés
jurídico e literário a partir das obras de Afonso X.
Palavras-chave: Afonso X, o Sábio; Representação; Siete Partidas; Cantigas de Santa Maria.
43
ENTRE CRÉCY E POITIERS: REFORMA E DERROTA DA CAVALARIA
FRANCESA NA GUERRA DOS CEM ANOS
Ives Leocelso Silva Costa (UFS)
Após derrotas sofridas pela França na fase inicial da Guerra dos Cem Anos, especialmente em
Crécy (1346), iniciou-se um movimento militar reformador liderado pelo rei João II. Este
movimento, que levou à criação da Ordem da Estrela, atribuía as derrotas à perda do espírito
cavaleiresco dos franceses e buscava restaurar os ideais da “verdadeira” Cavalaria como meio
de recuperar a supremacia no campo de batalha, onde arqueiros e soldados de infantaria se
faziam cada vez mais proeminentes. O projeto se revelou um fracasso e em Poitiers (1356) os
franceses não somente foram vencidos mais uma vez, como o próprio João II foi capturado e
levado para a Inglaterra como refém. Este trabalho, valendo-se de revisão bibliográfica e
discussão de fontes, pretende analisar as razões político-ideológicas que sustentaram a tentativa
reformadora francesa, bem como os motivos militares de sua derrocada, revelando, desta forma,
o papel da guerra como sustentáculo do poder da aristocracia medieval.
Palavras-chave: Guerra dos Cem Anos; Cavalaria; História Militar.
HONRAI A COROA DO REI, TEMEI A ESPADA DO BISPO: HEGEMONIA
SENHORIAL E O PODER MILITAR DO ARCEBISPADO DE YORK (1327-1340)
Janaina Bruning Azevedo (UFMT)
O tema para esta comunicação tem como enfoque as relações de poder na Inglaterra medieval
do século XIV nos anos que antecedem a Guerra dos Cem Anos e nos primeiros anos da mesma
sob o reinado de Eduardo III. O objeto desta comunicação é William Melton, arcebispo de
York., um eclesiástico guerreiro que esteve em duas batalhas na primeira fase da Guerra de
Independência da Escócia. O problema a ser investigado se constitui quanto a rede de dominium
e poder militar deste arcebispo e como consequentemente isso se transforma em uma relação
de poder com Eduardo III após sua ascensão como rei em 1327 até a Guerra dos Cem Anos.
Por conseguinte, o proposto é uma análise comportamental política e militar de um aristocrata
eclesiástico, mas que compreende a um todo de uma sociedade medieval mediante à violência,
revoltas e batalhas. Para responder a este problema, a comunicação será guiada pelas análises
documentais de cunho judiciário tal como o Calendar of Close Rolls, Calendar of Fine Rolls e
Calendar of Patent Rolls. Ademais, incluindo as leituras de Enigma do Dom de Maurice
Godelier e The Theory and Practice of Revolt in Medieval England de Claire Valente, para
elucidar mais profundamente essas relações de poder em uma sociedade medieval, mas a
princípio, em uma aristocracia eclesiástica diante inúmeras ações judiciárias.
Palavras-chave: Relações de poder; Inglaterra medieval; Guerra dos Cem Anos; Dominium;
Poder militar; Aristocracia eclesiástica.
44
CRÔNICA E POEMA E SUA FUNÇÃO POLÍTICA DURANTE OS REINADOS DE
FILIPE O BELO (1285-1314) E FILIPE V DE FRANÇA (1317-1322) ATRAVÉS DO
MANUSCRITO BN FR. 146
Jaqueline Silva de Macedo (UNIFESP)
Durante o reinado de Filipe IV de França (1285-1314) foi elaborado na chancelaria real um
poema cujos elementos interpretativos da história e da sociedade contemporânea se fazia
presente em forma de crítica satírica. O Roman de Fauvel escrito entre 1310 e 1314 foi
expandido durante o reinado de Luís X, o Teimoso (1314-1316) e de Filipe V de França (1317-
1322) por outros notários régios até 1318; é o manuscrito BN fr. 146. A partir de então o poema
recebeu uma crônica métrica que agrupou eventos ocorridos no reino entre 1300 e 1316,
enfatizando a passagem do trono de Filipe IV a Luís X (1313-1316). Enquanto o poema reúne
em seus versos por meio de alegorias e símbolos uma crítica severa a todos os estats da
sociedade; a crônica por sua vez, privilegia em sua narrativa rimada os eventos ocorridos
anteriormente no reinado de Filipe IV visando o aconselhamento do novo monarca Filipe V,
discorrendo de maneira deliberativa sempre que possível ao mencionar determinados sujeitos
históricos. Para além de narrativas fictícias ou historiográficas, ambos os textos funcionaram
como escritos políticos e pedagógicos para cada reinado. Esta comunicação propõe apresentar
de maneira breve o diálogo entre os dois textos no que concerne sua retórica sem ignorar as
especificidades de cada um em relação à proposta de diversão ou história. Tal abordagem nos
ajuda a analisar o próprio conceito de verdade na literatura medieval.
Palavras-chave: França medieval; Política; Crônica; Poema; Roman de Fauvel.
“DE QUALQUER OUTRO DO POVO ESCREVERA SEU FEITO, SE O ACHAVA
EM MERECIMENTO”: O LOUVOR DA PEONAGEM NAS CRÔNICAS DE GOMES
EANES DE ZURARA
Ms. Jerry Santos Guimarães (UESB)
Estabeleceu-se no século XX uma crítica que opõe Fernão Lopes, alcunhado de “cronista do
povo”, a Gomes Eanes de Zurara, dito “cronista da nobreza”, ou “cronista da cavalaria”.
Autores como Rodrigues Lapa e António José Saraiva têm acusado ao cronista de D. Afonso V
de mal se lembrar e de se lembrar apenas mal do “povo miúdo”: das poucas vezes em que
Zurara foca sua atenção em tal chusma seria apenas para denunciar alguma postura vil, como o
medo, a desordem, a fuga ou o roubo do que mal se pode carregar. Ressaltamos, no entanto,
que, para além de tais caracterizações, a “gente miúda” é referida também elogiosamente nas
crônicas zurarianas. Para a presente comunicação selecionamos e analisamos trechos de
crônicas de Gomes Eanes de Zurara em que o autor louva a membros da peonagem – como
besteiros, espingardeiros, adaís, almocádens, atalaias e escutas – a serviço das hostes
portuguesas no norte africano. Sustentamos que o segundo cronista-mor da Casa Real de Avis,
ao enaltecer homens oriundos do “povo miúdo” em crônicas cujo público primeiro era a
nobreza, visava a constranger os nobres a buscar e demonstrar honra: se homens que eram tidos
como inferiores poderiam agir virtuosamente, não menos se deveria esperar daqueles que a isto
eram obrigados por sangue ou por título.
Palavras-chave: Crônicas; Gomes Eanes de Zurara; Gente Miúda.
45
A QUESTÃO DA JURISDIÇÃO PONTIFÍCIA NO CONFLITO ENTRE O PAPADO E
O IMPERADOR FREDERICO II (1194-1250)
Ms. Johnny Taliateli do Couto (UFG)
Explicar o embate de Frederico II com o papado e o resultado ápice dessa querela que culmina
no processo de destituição do imperador, demanda o trabalho com um recorte cronológico
amplo. É preciso dar ênfase à situação do Sacro Império após o falecimento de seu pai, Henrique
VI (1165-1197), e lidar com as jogadas de sua mãe, Constança (1154-1198), para verificar a
forma como garantiu que o filho fosse coroado rei da Sicília. A Rainha Mãe deixava o filho sob
a proteção direta da Santa Sé e assegurava sua sobrevivência política. Após um jogo complicado
entre diversos poderes, Frederico foi mais tarde transformado também em imperador do Sacro
Império Romano-Germânico com a benção papal. Assim, chegou o tempo em que Frederico
possuía duas coroas, logo, o que por um momento pode ter sido visto como algo benéfico ou o
menor dos males, foi logo motivo de apreensão por parte do papado e, depois, de conflito quanto
ao trono siciliano. De eminente campeão da Igreja, o rei/imperador foi transformado mais tarde
em inimigo de Deus. Por quais motivos? Como discutir a jurisdição pontifícia e os limites do
poder decisório do papado no período, principalmente, no que diz respeito à pretensão de
destituir o imperador? No Concílio de Lyon (1245), Frederico II foi formalmente destituído.
Sendo assim, como a atuação de Inocêncio IV (1243-1254) em relação a uma iurisdictio quase
ilimitada foi vista por quem foi afetado por sua medida extraordinária? Estas são algumas das
perguntas dessa aventura que, como todas as empreitadas acadêmicas, não tem a intenção de
encerrar-se em si mesma.
Palavras-chave: Frederico II; papado; Sacro Império Romano-Germânico; Sicília.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A REPRESENTAÇÃO DE AFONSO I DE
PORTUGAL NO INDICULUM FUNDATIONIS MONASTERII BEATI VICENTII
ULIXBONAE
Ms. Jonathas Ribeiro dos Santos Campos de Oliveira (UFRJ)
Nossa proposta tem por objetivo analisar como o autor de uma obra, o Indiculum fundationis
Monasterii Beati Vicentii Ulixbonae, construiu a imagem de Afonso I de Portugal. Produzida
na segunda metade do século XII, de autoria anônima, a produção narra a tomada Portucalense
da cidade de Lisboa e a fundação, nela, dos mosteiros de São Vicente de Fora e de Santa Maria
dos Mártires. Levando em conta que, segundo a historiografia, Afonso I teria participado
“ativamente” do avanço sobre a cidade, tendo combatido os muçulmanos que nela estavam
presentes, ao escrever sobre o evento, o autor da obra dá contornos significativos e peculiares
à narrativa, fundamentalmente, no que diz respeito à participação do Infante no feito. Nesse
sentido, buscaremos identificar os elementos discursivos utilizados pelo autor, bem como
compreender, em algum nível, o sentido que intenta transmitir a partir dos interesses do próprio
contexto.
Palavras-chave: Lisboa; Indiculum; Afonso.
46
DOM DINIS E AS RELAÇÕES POLÍTICAS E FAMILIARES ENTRE PORTUGAL E
CASTELA, SÉCULOS XIII E XIV
Dr. José Carlos Gimenez (UEM)
O trabalho a ser apresentado tem por temática uma reflexão sobre a relevância dos casamentos
acordados entre realeza portuguesa e castelhana como uma expressão que buscava consolidar
os acordos políticos. Nesse sentido, a interferência do poder político nos matrimônios também
determinava as relações afetivas, a busca pela paz e, sobretudo, a perpetuação da linhagem
dinástica, o que fazia dele não somente um ato doméstico, mas sim um acontecimento que
demandava a participação de toda a sociedade política daquele momento. O período delimitado
para este estudo situa-se no reinado de dom Dinis (1261-1325, rei desde 1279), mais
especificamente, dos acordos matrimonias da filha Constança com o futuro Fernando IV (1285-
1312, rei desde 1295), do filho Afonso IV (1291-1357, rei desde 1325) com Beatriz de Castela
e por fim, do enlace matrimonial não concretizado entre os netos Pedro I (1320-1367, rei desde
1357) com a infanta Branca, filha do rei de Castela.
Palavras-chave: Dom Dinis; Idade Média Ibérica; Poder; Alianças matrimoniais.
MULHERES TECENDO O SANGUE DO INQUISIDOR: A RELAÇÃO ENTRE
BEGUINAS E DOMINICANOS NO SÉCULO XIII
Joyce Damaris Augusta Machado (UFMT)
O trabalho a ser apresentado tem como objetivo expor um dos capítulos da monografia
defendida ano passado (2017). A pesquisa realizada contempla a análise de algumas
simbologias encontradas na vita de Pedro Mártir, um dos santos relatados na famosa obra
hagiográfica Legenda Áurea, compilada pelo dominicano e arcebispo de Gênova Jacopo de
Varazze. Entre os vários milagres ditos serem realizados pelo dominicano Pedro, deparamo-
nos com um especificamente envolvendo um grupo de mulheres que fiavam na praça da cidade
de Ultrech, localizada na província de Teutônia. Através dos fios em que manuseavam,
subitamente foram cobertos de sangue. De acordo com a análise feita, a trama deste milagre
envolve a simbologia do sangue e do fiar, “tecendo-o” juntamente com o contexto do
movimento beguino presente nos Países Baixos durante o século XIII e a formação e
estabelecimento da Ordem dos Frades Pregadores no mesmo local.
Palavras-chave: Pedro Mártir; Ordem dos Frades Pregadores; Beguinas; simbologias.
ENTRE O DEMÔNIO E A DIVINA PROVIDÊNCIA: O SOBRENATURAL NAS
RELAÇÕES SOCIAIS NAS CRÔNICAS JESUÍTICAS (VICE-REINO DO PERU,
SÉCULOS XVII E XVIII)
Juan Pablo Isoton de Santana (UFMT)
No presente trabalho buscamos apresentar as reflexões surgidas ao longo da pesquisa vinculada
ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), em que analisamos duas
crônicas produzidas por missionários jesuítas das missões religiosas de Moxos e Chiquitos, no
47
Vice-Reino do Peru dos séculos XVII e XVIII. Partindo da hipótese de que os elementos
sobrenaturais (demônio e a Divina Providência) têm papel relevante na estruturação das
relações sociais nas duas reduções jesuíticas estudadas, buscamos compreender de que modo o
Padre espanhol Juan Patrício Fernandez (Chiquitos, início do século XVIII) e o Padre Diego de
Eguiluz (Moxos, fim do século XVII) concebem a influência de elementos sobrenaturais no
processo de cristianização dos nativos das colônias espanholas na América e na sua respectiva
ordenação social. As ideias que surgem como resposta perpassam pelos campos da ordem
social, da justiça e do medo, invocados pelos padres através das imagens de Deus e do diabo.
Palavras-chave: jesuítas; crônicas; sobrenatural.
REFLEXÕES ACERCA DA POLÍTICA E SOCIEDADE NA MONARQUIA SUEVA
DO SÉCULO V
Ms. Juliana Bardella Fiorot (UNESP/ASSIS)
Neste trabalho procuraremos traçar um breve percurso dos principais aspectos que organizaram
o reino suevo na Galiza durante o século V no que concerne, principalmente, as características
políticas e sociais que foram de fundamental importância para o processo de legitimação da
Monarquia.
Nossa análise estará assentada sobre a Crônica de Hidácio, bispo de Chaves, que se dedicou a
relatar os principais acontecimentos que se desenrolaram na Hispânia durante os anos de 379 a
469. Através das informações contidas nesta obra e da bibliografia específica sobre este
período, procuraremos demonstrar que as características que integravam a Monarquia
conduziriam o modo como os suevos se posicionaram neste século, garantindo a aceitação e
legitimação do reino pelas populações locais. A hereditariedade associada ao militarismo foram
de fundamental importância para a execução de inúmeros acordos entre o Império e os diversos
grupos sociais que compunham o território galego. Entretanto, como demonstraremos, tal
processo foi lento e marcado pelo descumprimento e renegociação de vários pactos firmados
visando a fixação de fronteiras e a fundação de uma sede régia que garantiria a Monarquia
estabilidade, prestígio e poder.
Palavras-chave: Suevos; Monarquia; Política; Sociedade; Galiza.
A AUTORIDADE EPISCOPAL E A SANTIDADE FEMININA EM OBRAS
HAGIOGRÁFICAS DEDICADAS A MULHERES NO PERÍODO MEROVÍNGIO
Ms. Juliana Prata da Costa (UFRJ)
Esta comunicação busca apresentar as ideias sistematizadas em nosso projeto de tese de
doutorado, proposta que articula a trajetória de duas hagiografadas e o poder episcopal na Gália.
O objetivo deste trabalho é, portanto, apresentar algumas considerações sobre a relação
estabelecida entre o episcopado e a santidade feminina, sobretudo em relação à produção
documental no início do medievo. Tendo como norte duas vitae dedicadas a santas no reino dos
francos, Radegunda e Monegunda, respectivamente atribuídas a Venâncio Fortunato e Gregório
de Tours, interessa-nos analisar os aspectos centrais no que tange à escrita de hagiografias
dedicadas a mulheres por bispos na Primeira Idade Média, no período merovíngio,
48
particularmente ao longo do século VI. Desta forma, buscamos discutir acerca da questão
central de nossa investigação, assim como sobre o aporte teórico-metodológico e os eixos de
análise que têm embasado esta discussão.
Palavras-chave: hagiografia; santidade feminina; episcopado; Gália.
A ORDEM IMAGINADA. SOCIEDADE, MONSTROS E IMAGINAÇÃO EM LIMA
(SÉCULO XVII)
Kawany Stephany da Silva (UFMT)
A Espanha, desde o limiar do século XVI até fins do XVII, viveu o século de ouro. Traço da
Europa Moderna, o Renascimento viabilizou a construção de novas formas de pensar e viver,
no Velho e no Novo Mundo. Neste contexto, destacou-se a produção científica sobre a anatomia
humana com uma forte vertente inclinada à teratologia. Durante todo o século XVII
produziram-se diversos tratados sobre os monstros, tanto na Espanha quanto na América,
tornando-os casos noticiosos, de espetáculo popular. Em algumas circunstâncias, o imaginário
sobre os monstros e a política se aproximaram. Nesse sentido, pretendemos examinar um caso
específico desse tipo de aproximação entre monstros, imaginários e ordem social. Para tanto,
analisaremos o tratado “Desvíos de la naturaleza: o Tratado de el origen de los monstros”,
escrito pelo médico espanhol Joseph de Rivilla Bonet y Pueyo e publicado em 1695 em Lima.
Buscaremos na obra elementos que possam evidenciar a relação entre o imaginário sobre os
monstros e certas expectativas de ordenação da sociedade hispano-americana em Lima.
Palavras-chave: Imaginário social; Monstros; Ordem; Teratologia.
AS RELAÇÕES DE PODER PRESENTES NA REPRESENTAÇÃO DO CORPO
FEMININO NO DISCURSO MÉDICO DO SÉCULO XIII
Laila Lua Pissinati (UFES)
Esta comunicação tem por objetivo ressaltar a representação do corpo feminino no discurso
médico do século XIII, especificamente na obra intitulada Sobre o segredo das mulheres, cuja
autoria foi atribuída à Alberto Magno. Compilado por volta do século XIII, essa obra é um
tratado médico que versa especificamente sobre questões ligadas à reprodução no corpo
feminino, nos apresentando as especulações e ideias que fizeram parte do pensamento
acadêmico clerical acerca do corpo das mulheres. Assim, trabalhando os conceitos de
representação de Roger Chartier, gênero de Joan Scott e performatividade de gênero de Judith
Butler, além dos pressupostos teóricos presentes na teoria da dominação masculina de Pierre
Bourdieu, esta comunicação pretende analisar como o corpo feminino é representado na obra
em questão e as relações de poder em torno de tal representação.
Palavras-chave: Corpo feminino; Medicina; Gênero; Representação.
49
NAS ARMAS DE CANOSSA, NA VONTADE DA CONDESSA, ÉS CHAMADA
"REFORMA": REFLEXÕES SOBRE O PODER ARISTOCRÁTICO FEMININO NO
SÉCULO XI
Laís Gomes Martins (UFMT)
O tema proposto para essa comunicação trata de analisar como se configuravam as relações de
poder que compreendiam uma condessa no interior da chamada “Reforma Gregoriana”. Nesse
sentido, a personagem estudada nessa pesquisa chama-se Matilda de Canossa, uma condessa
que, para a historiografia, possui uma imagem de autoridade, visto que se envolveu em conflitos
políticos para a defesa de suas terras. O fato dessa condessa estar no contexto do
desenvolvimento da Reforma Gregoriana, permitiu que muitos historiadores admitissem que
sua forma de fazer política se derivava da sua proximidade com o papado. No entanto, a
hipótese dessa pesquisa é entender que Matilda construía sua própria política no interior de todo
seu território e, com isso, não deve ser vista apenas como uma “aliada do papado”, isto é, como
alguém que realiza o projeto político de outro, que alinha a interesses que emanavam de Roma
e aos quais ela aderia. Trata-se de algo distinto. Matilda realiza uma política propriamente local,
itálica, e era o papado que vinculava-se à sua política, não o oposto. Portanto, pergunto: A ação
de Matilda, nesse contexto, pode ser vista como uma autoridade? E se for tomado como uma
autoridade, podemos afirmar que existia algum tipo de poder feminino na Idade Média?
Palavras-chave: Poder; Feminino; Papado; Reforma.
REPRESENTAÇÕES DA CAVALARIA MEDIEVAL NA OBRA TIRANT LO BLANC
(SÉCULO XV)
Ms. Láisson Menezes Luiz (UFG)
Buscamos neste trabalho abordar sobre as representações da cavalaria e do cavaleiro medieval
na obra Tirant lo Blanc, escrita por volta por volta de 1460 por Joanot Martorell (1413-1468).
Esta obra, uma novela de cavalaria, narra as aventuras do cavaleiro Tirant, desde o momento
em que ele era apenas um jovem aprendiz da arte da cavalaria até ele se tornar um cavaleiro de
grande fama. Mas o que caracteriza e chama atenção nesta obra e o diferencia das outras novelas
de cavalaria, é o realismo em que o autor procurou retratar a sociedade e a vida cavaleiresca do
século XV. Por isso, Tirante lo Blanc é o que Albert S. Llopart (2003, p. 194), chamou de
“novela histórica”, gênero que se destacou no século XV, e que seria distinto dos “livros de
cavalaria”, que situam suas narrativas em tempos fantásticos e terras maravilhosas, enquanto a
“novela de cavalaria” se caracteriza por seu realismo e sua vinculação com fatos reais. Portanto,
neste sentido a obra de Joanot Martorell é um importante documento para a compreensão do
espaço em que o autor estava inserido, na qual podemos observar as visões de mundo bem como
as ações e transformações que afetaram e permearam o espaço das relações sociais, políticas,
culturais e imaginárias na Península Ibéria nos finais da Idade Média.
Palavras-chave: Idade Média; Literatura; Cavalaria.
50
A GUERRA CONTRA O ISLAMISMO NO FILME “CRUZADAS”
Leandro dos Santos Silva (UFG)
O gênero de filmes históricos sem dúvidas agrada um grande público por despertar a
curiosidade do passado, o filme “Cruzadas” dirigido por Ridley Scott, que possui como
narrativa a reconquista da cidade de Jerusalém em 1185, não é diferente.
Mas quando se trata da análise de filmes históricos deve-se atentar a época de sua produção.
Não é segredo dizer que o filme “Cruzadas” nós falamos mais sobre a contemporaneidade do
que a Idade Média. Por esse motivo o foco deve trabalhar é apresentar um pouco do embate
entre cristianismo versus islamismo, além, da visão que o ocidente tem sobre o Islã. Buscando
assim, uma aproximação da discussão apresentada no filme com os conflitos atuais, como por
exemplo a Guerra Civil na Síria. Claro, atendando para o fato que uma produção
cinematográfica, mesmo as que buscam retratar um evento histórico, não tem a obrigação de
representar a “verdade” sobre um determinado evento histórico.
Palavras-chave: Cristianismo; Islamismo; Conflitos; Filme; Guerra na Síria.
O NOVO MUNDO: UM ENSAIO SOBRE A COMMONWEALTH IDEALIZADA POR
TOMMASO CAMPANELLA
Leandro Silva Onofre Júnior (UFG)
No lastro da Utopia de Thomas More, A Cidade do Sol de Campanella, descrita através de um
diálogo entre um capitão da marinha genovês e um Grão-Mestre da Ordem dos Hospitalários,
é, segundo Lewis Munford, uma espécie de puzzle de imagens recolhidas de fragmentos de
utopias anteriores, como A República de Platão; Utopia de More ou Christianópolis de Johann
Valentin Andreae. Esta commonwealth ideal, apresentada pelo timoneiro genovês, com
veículos movidos pela força do vento, baseada no trabalho comum e na recusa à propriedade
privada, revela-se, como quase todas as utopias, ser uma crítica à civilização em que estava
inserida seu autor, uma Europa atemorizada pelo trabalho exaustivo, escassez de comida e
formas tirânicas de governo. Nesta perspectiva, este trabalho apresenta-se com o objetivo de
ressaltar, e problematizar, os elementos característicos da modernidade presentes na obra. Para
tanto, serão utilizadas as contribuições de Reinhart Koselleck sobre o conceito de modernidade,
bem como as obras História das Utopias do já mencionado Lewis Munford e a Historia de la
literatura utópica de Raymond Trousson, com a intenção de descrever o ambiente vivido pela
Europa no início da modernidade e como as utopias resultam deste mesmo cenário.
Palavras-chave: Utopia; Campanella; História Moderna; Literatura.
ASPECTOS DA ALIMENTAÇÃO MEDIEVAL NO MOSTEIRO CISTERCIENSE DE
SANTA MARIA DE CÓS (PORTUGAL, SÉCULOS XIII-XVI)
Letícia Cardoso Carrijo (UFG)
Este trabalho constitui-se em uma análise da alimentação do mosteiro feminino cisterciense de
Santa Maria de Cós, entre os séculos XIII e XVI, em Portugal, procurando ressaltar os aspectos
51
que influenciavam essa prática, tão necessária, no medievo. A partir do estudo das fontes, que
constituem- se em doações e concessões de terras, além da relação de despesas do Mosteiro,
delineamos a composição da mesa de Cós, de forma que assinalamos o que as monjas comiam
e a maneira como comiam. Sendo assim ressaltamos os fatores que interferiam nessa
alimentação especifica, como a disponibilidade de alimentos na região, e a simbologia que os
alimentos carregavam no medievo. A discussão de práticas como o jejum, o consumo de carne,
e a utilização da comida como prevenção e cura de enfermidades também estão presentes.
Palavras-chave: alimentação; mosteiro cisterciense; Idade Média; Portugal.
CONCEPÇÃO E ESTERILIDADE NA MEDICINA MEDIEVAL (SÉC. XIII-XIV)
Ms. Lidiane Alves de Souza (UFG)
Até o século XII, não havia um estudo sistemático acerca dos diversos aspectos que envolviam
o processo reprodutivo. No século XIII, a incorporação da medicina aos quadros institucionais
dos Studia generalia europeus associada ao estudo dos libri naturales aristotélicos ampliaram
os conhecimentos acerca do funcionamento do corpo humano e de seus processos. Temas como
a natureza do esperma, os respectivos papeis desempenhados pelo homem e pela mulher na
concepção, e o processo de formação e desenvolvimento do embrião tornaram-se objetos de
investigação e debate entre os estudiosos do período.
Disto posto, o presente trabalho objetiva investigar como o pensamento médico medieval
compreendia a geração da vida; quais problemas e enfermidades dificultavam e impediam a
concepção; quais medidas e procedimentos terapêuticos foram recomendados e utilizados pelos
físicos do período. Para tanto, analisaremos alguns tratados produzidos período, a saber: o De
Secretis mulierum atribuído à Alberto Magno (1206-1280), o Lilio da Medicina de Bernardo
Gordonio (? - 1318), o Compilacio de concepcione e o Interrogationes in cura sterilitatis de
Arnaldo de Vilanova (1242-1311), e três tratados anônimos intitulados Tractatus de sterilitate,
Tractatus de conceptu e Tractatus de sterilitate mulierum.
Palavras-Chave: concepção; esterilidade; medicina medieval; mulheres.
BANDEIRANTE BARTOLOMEU BOCOENO DA SILVA: UMA INCURSÃO
QUADRINÍSTICA
Ms. Lígia Maria de Carvalho (UEG/UFG)
Esta proposta de comunicação é parte da tese, cuja poética, visa criar uma História em
Quadrinhos que ofereça uma versão humorística e fabulosa sobre a viagem à terra dos Goyazes,
realizada pelo Bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o ícone da historiografia goiana, ao
qual é atribuído o início do processo povoador e civilizador de Goiás, caso em que, tal aventura,
será protagonizada pelo Bandeirante Bartolomeu Bocoeno da Silva, o Anhanguará. Tal
iniciativa se justifica pela necessidade de se repensar, ainda que de maneira satírica, as
construções/reconstruções a respeito da heroicização do Bandeirante, a partir da noção de
tradição inventada, de Eric Hobsbawm, uma vez que, a mitificação dos conquistadores foi
estabelecida e disseminada, sem muita crítica, pelos paulistas, nos anos de 1930, para valorizar
a força financeira e cultural do Estado de São Paulo frente a Getúlio Vargas. Para tanto, a HQ
52
busca inspiração na Coleção Pateta Faz História, cuja divertia personagem Disneyana,
conhecida como Pateta (Goofy), interpreta alguns dos ilustres conquistadores, consagrados pelo
mundo ocidental.
Palavras-chave: Bandeirante; História em Quadrinhos; Tradição inventada.
AS RELAÇÕES DE NEGOCIAÇÃO NO REINADO DE ALFONSO VIII: UMA
ANÁLISE DO POEMA DE MIO CID
Lívia Maria Albuquerque Couto (UFS)
A presente comunicação tem como intuito apresentar as primeiras impressões acerca da
natureza das relações de negociação entre Alfonso VIII (1158-1214) e a aristocracia castelhana.
Para tal, utilizaremos como documento de análise o Poema de Mio Cid redigido no século XIII.
Por meio do estudo dos versos que compõem a obra, consideramos que os aspectos envolvendo
o monarca Alfonso VI e o protagonista Rodrigo Díaz de Vivar, o El Cid, podem contribuir para
um melhor entendimento dos tensionamentos travados no contexto social de produção da obra.
Portanto, nosso objetivo é analisar as relações de negociação no Poema de Mio de Cid e, ao
mesmo tempo, explicar a noção de poder monárquico na Castela Senhorial, entre meados do
século XII e princípio do XIII.
Palavras-chave: Medievo Ibérico; Relações de Negociação; Poema de Mio Cid.
PAISAGENS DE MEMÓRIA: INTRODUÇÃO À PERSPECTIVA NATURAL E
MEMORIALÍSTICA NA CATEDRAL DE BARCELONA (SÉCULOS XIV E XV)
Lorena da Silva Vargas (UFG)
Os templos góticos, desde o século XII, foram tomados como espaços não apenas de difusão
de ideologias religiosas, mas também políticas, lugar onde o simbólico sempre esteve presente.
No século XIII, as catedrais consolidavam-se nos espaços existenciais, sendo objetos de
paisagens urbanas, simbólicas e pictóricas. Da mesma forma a memória assume, nesse
contexto, aspectos múltiplos na vida social: memória coletiva, emotiva e técnica, vinculadas ao
âmbito da memória individual. Percebe-se, assim, pluralidade na constituição de paisagens de
memória vinculadas às catedrais. O presente estudo, tomando por objeto a Catedral de
Barcelona, seu espaço interno e externo, arquitetônico e urbanístico, bem como seus 108 vitrais,
inicia-se visando reconhecer nesses meios que compõem o templo, a presença, construção e
difusão de memórias, em seus variados aspectos. Ressaltando a constante vigência do meio
natural, físico e pictórico na Catedral de Barcelona, reconhece-se sua manipulação, física e
simbólica, pelo homem, construindo o imaginário, as relações de poder e as noções artísticas
nos séculos XIV e XV.
Palavras-chave: memória; imaginário; natureza; Catedral de Barcelona.
53
FRAGILIDADES DA ALMA, TÁTICAS DA RAZÃO: UM OLHAR SOBRE A
CORRESPONDÊNCIA DA ABADESSA HELOÍSA
Luciana Alves Maciel (UFMT)
O tema deste trabalho é a inserção social de Heloísa, que busco compreender a partir das cartas
que foram trocadas com Abelardo quando ambos estavam no mosteiro entre os anos de 1132 e
1140. Sobrinha de Fulbert – um cônego – ela é uma jovem de estrema beleza e já instruída com
o conhecimento de letras e retórica, ainda assim seu tio encontra em Abelardo – seu análogo –
a oportunidade de inseri-la nas artes da filosofia. E a partir da leitura das cartas, notamos que
Heloísa assume um comportamento mais singular. Um deles é esse: a falta de previsibilidade.
Isso acontece justamente quando ela se torna abadessa, ou seja, quando seu comportamento é
previsto e regulado pela vida de monja. Por isso, perguntamos: como essa característica surgiu?
Como explica-la? Tais dúvidas formam nossa problemática que tentamos responder com a
ajuda de Norbert Elias e sua definição sobre rede de interdependência. Através dela o indivíduo
deveria ser capaz de prever as consequências que surgirão de seu comportamento, e nas cartas
notamos que quando Heloísa muda sua rede de interdependência para uma mais estreita ela
passa a ser mais perspicaz e se impor como indivíduo, ignorando assim o que Elias define como
espírito de previsão e que já deveria ser intrínseco nela desde o início de sua formação.
Palavras-Chave: interdependência; comportamento; previsibilidade.
A VÖLKERWANDERUNG E O SURGIMENTO DOS REINOS ROMANO-
GERMÂNICOS (S. IV-VI): CONSIDERAÇÕES HISTORIOGRÁFICAS
Luciana Araújo de Souza (UFRJ)
Dentre os temas de interesse histórico relativos à passagem da Antiguidade aos tempos
medievais, as migrações germânicas ocupam local de destaque, tanto no âmbito historiográfico
quanto no imaginário político contemporâneo. Embora sejam frequentemente considerados
como responsáveis pela regressão da civilização Ocidental, tais migrações foram – e são –
tomadas como momento de surgimento de diversas nações europeias.
Associada à nossa pesquisa de mestrado recém-iniciada, nessa comunicação propomos a
discussão acerca dos movimentos migratórios empreendidos pelos grupos germânicos desde o
século IV e como estes são tratados por diferentes vertentes historiográficas. Para tanto,
apontamos o caráter identitário como essencial para a compreensão de tais eixos explicativos,
perpassando as noções de Antiguidade Tardia e Primeira Idade Média como centralizadoras de
debates mais amplos, que refletem os paradoxos encontrados em discutir a mudança dos eixos
de poder entre romanos e "bárbaros". Em tal sentido, compreendemos que a investigação de
tais grupos pela historiografia com frequência compreendeu um uso político na formulação de
nacionalismos. De tal forma, sob amparo das contribuições da antropologia, da arqueologia, da
linguística, dos estudos em etnogênese, desde a década de 1960 os historiadores têm atribuído
às migrações germânicas um caráter contínuo, maleável e político.
Com base nessas recentes reflexões, pretendemos apresentar um panorama geral das questões
para, em seguida, abordarmos suas implicações no estudo das migrações ocorridas na Britannia,
objeto de nossa pesquisa de mestrado.
Palavras-chave: Migrações Germânicas; Historiografia; Etnogênese.
54
O REI É A CABEÇA DO REINO: FRAGMENTAÇÃO, UNIDADE POLÍTICA E
PODER RÉGIO EM CASTELA MEDIEVAL
Ms. Ludmila Noeme Santos Portela (UFES)
A Idade Média ibérica, em especial no que diz respeito ao Reino de Castela, foi marcada pela
fragmentação territorial, resultado da pluralidade étnico-religiosa e social. A existência de um
poder central significava mais um esforço de controle do território por parte das coroas cristãs
que uma unidade política real e/ou homogênea. Para manter a legitimidade de seu domínio, os
monarcas castelhanos tinham que equilibrar-se entre a atribuição de privilégios a determinados
setores nobiliários, o enfrentamento de grupos estrangeiros – de origem árabe-muçulmana – e
a pacificação da violência contra as minorias – como os judeus. Criou-se, pois, na região, um
modelo de pensamento político e organização social especifico, que possibilitou a difusão do
mito unificador da Reconquista, um projeto de ‘união’ da cristandade ibérica sob um objetivo
comum, sendo o rei a ‘cabeça’ responsável por liderar e tornar viável a expansão e unificação
política do reino.
Palavras-chave: Idade Média; Castela; Poder régio; Reconquista.
A IMPORTÂNCIA DO FÓRUM ROMANO E AS MUDANÇAS TOPOGRÁFICAS
EMPREENDIDAS POR OTAVIANO EM 29 A.C
Ms. Macsuelber de Cássio Barros da Cunha (UFG)
O Fórum Romano era o coração de Roma, centro de poder onde se desenrolavam importantes
atividades comerciais, políticas, religiosas, judiciais, de entretenimento, de sociabilidade,
dentre outras. Constituía-se num amplo espaço aberto circundado por locais para comércio,
templos e outros edifícios públicos. Otaviano, após vencer Marco Antônio e Cleópatra, voltou
a Roma em 29 a.C., quando realizou seu triplo triunfo e dias depois consagrou importantes
edifícios públicos no Fórum Romano. Neste trabalho, abordamos esta temática, analisando a
mudança topográfica empreendida por Otaviano neste local, o que gerou uma nova
configuração no Fórum Romano que enaltecia sua imagem e sua relação com César divinizado,
tornando suas imagens ostensivamente presentes em diversos pontos do Fórum por meio das
histórias às quais cada edifício se ligava, tornando memorável o nome e os feitos de seus
idealizadores.
Palavras-chave: Fórum Romano; Mudança Topográfica; Otaviano.
UMA POLÍTICA DE CONVENIENTIAE: INOCÊNCIO III E AS DEPOSIÇÕES
EPISCOPAIS NO MIDI
Ms. Magda Rita Ribeiro de Almeida Duarte (UNB)
Durante o papado inocenciano (1198 – 1216) muitos bispos foram afastados da administração
de suas respectivas dioceses no Languedoc. Esses desligamentos resultaram de processos
motivados por razões diversas, mas terminaram, muitas vezes, relacionados a um suposto
programa pontifício de depuração do alto clero occitano. Assim, com o objetivo de demonstrar
55
o modo como Inocêncio III exercia o seu poder, analisamos dois casos: a resignação do bispo
Nicolau, de Viviers, e a deposição de Raimundo de Rabastens, bispo de Toulouse. No primeiro
caso, a análise busca evidenciar a necessidade de o papado agir de modo flexível para se livrar
de possíveis embaraços em situações de confronto com o poder daquele prelado. Sobre a
segunda questão, pondera-se acerca das disputas de poder regional e das estratégias locais
refletidas na sentença papal. Como procedimento metodológico, aplicou-se a redução da escala
de observação, ou seja, analisou-se cada caso, separadamente, considerando suas
particularidades. Os resultados das análises direcionam para uma percepção do governo de
Inocêncio III e do exercício do poder papal a partir de uma lógica de convenientiae.
Palavras-chave: Inocêncio III; convenientia; Languedoc; deposições episcopais.
JACQUES-LOUIS DAVID: PINTURA E POLÍTICA NO FINAL DO SÉCULO XVIII
Dr. Marcos Antônio de Menezes (UFG)
A intenção neste estudo é valermo-nos das imagens como fonte historica e a partir da leitura de
um conjunto delas, produzidas na França no período que vai de 1784 a 1793, ler algumas
representações da Revolução Francesa de 1789. Pretendemos ler nas imagens certa
intencionalidade em retratar o presente e propor uma ação que se dá no viés do político. Para
tal, selecionamos quatro (4) pinturas de Jacques-Louis David (1748-1825), que, sob nossa ótica,
são representativas dos acontecimentos do período mais revolucionário que a França, e talvez
o mundo, já viveu. Todos temos claro que uma imagem (uma tela) pertence à outra categoria
de objeto, diferente de um texto escrito e, portanto, exige um redobrado esforço metodológico
para sua leitura, e é bom que se diga que nenhum objeto de investigação é portador de verdade
total e é por tal motivo que os historiadores sempre estão a reclamar uma coleção de documentos
ao seu redor quando se dispõem a pesquisar.
Palavras-chave: História; Representações; Política; França; Pintura.
O ENSINO MÉDICO NA UNIVERSIDADE DE MONTPELLIER (SÉCULOS XIII -
XIV)
Dra. Maria Dailza da Conceição Fagundes (UEG)
A proposta deste trabalho é o estudo de dois intelectuais que além do ofício médico, atuaram
no ensino enquanto mestres na Universidade de Montpellier: Arnaldo de Vilanova (1240 –
1311) e Bernardo de Gordônio (1258 – 1318). O discurso, a prática e suas obras foram
influenciados pelo currículo e pela estrutura de ensino presentes nesta instituição. Assim,
propomos a análise de alguns de seus escritos da escolástica médica: o Tractatus de Intentione
Medicorum (1290) e a Medicationis parabole (1300) do físico Arnaldo de Vilanova e o
Tractatus de crisi et de diebus creticis (1295) de Bernardo de Gordônio. Nessas obras,
pertencentes a diferentes gêneros da literatura médica medieval, Arnaldo e Gordônio, tendo
como embasamento o galenismo árabe medieval e a experiência da prática médica, apresentam
temas que eram discutidos com os seus alunos, em Montpellier. Assim, ao analisa-las propõe-
se investigar a concepção dos dois mestres acerca das seguintes temáticas: a valorização do
56
estudo das auctoritates antigas e árabes, o objetivo da medicina, os conceitos de saúde e doença
e os elementos que o médico deveria conhecer para emitir um prognóstico.
Palavras-chave: Ensino; Medicina; Arnaldo de Vilanova; Bernardo de Gordônio.
A LITERATURA EM ROMA: ENTRE A ARTE POÉTICA E A FUNCIONALIDADE
POLÍTICA NAS ELEGIAS DE CATULO E DE OVÍDIO (I A.C./ I D.C.)
Ms. Mariana Carrijo Medeiros (UFG)
Ao falarmos em literatura no Mundo Antigo, devemos enfatizar que a mesma era definida por
uma heterogeneidade em que se englobava diferentes estilos de escrita, como a dos
historiadores e a dos poetas. Tal literatura era regida pela arte do bem escrever, e ela dizia
respeito, sobretudo, à retórica, à poética, à busca pela verossimilhança, pela beleza e pela
utilidade, independentemente de sua forma ter sido construída em prosa ou em versos. Tendo
em vista tais apontamentos, propomo-nos, na presente comunicação, a realizar considerações
acerca desta arte poética construída por Catulo e por Ovídio - autores romanos que vivenciaram
finais da República e o início do Principado. Entendemos, aqui, tais poesias elegíacas não como
decorrência e consequência única e imediata dos governos e dos períodos em que foram
escritas. Mas, aos governos de Júlio César e de Augusto se vinculando, tais poesias e poetas
puderam se inserir, antes de mais nada, no que se nomeia enquanto tradição e, inserindo-se
neste algo maior, puderam ser usadas pelos e nos governos de forma que os justificassem,
legitimassem e fizessem sentido no imaginário daquela sociedade.
Palavras-chave: Literatura romana; Catulo; Ovídio; Tradição; República; Principado.
O MITO LUSITANO DO LICANTROPO E SUA HERANÇA NO BRASIL
CONTEMPORÂNEO
Maximiliano Ruste Paulino Corrêa (UEG)
O mito versipélico do licantropo arremete a práticas religiosas pastoris ancestrais
realizadas nos primórdios da Arcádia por povos autóctones, que possibilitaram a estruturação
do mito através de Licaon, suposto rei da região que teria sido punido por Zeus e transmutado
em um misto de homem e lobo. Seu culto viaja para Roma através de Evandro, onde encontra
o local propício para sua difusão, visto que os romanos já possuíam ritos anuais direcionados
ao lobo. Ali, o mito ganha o formato que, posteriormente, com a expansão do Império, atinge a
Península Ibérica, fixando-se no imaginário popular daquelas plagas a ponto da região do
Minho – onde é chamado “corredor” – ter ainda hoje o maior índice de supostas aparições de
lobisomens. O lobisomem sobrevive ao passar dos séculos e chega por fim à colônia portuguesa
nas Américas, tornando-se intrínseco à cultura do Brasil, atendo-se majoritariamente, porém, à
versão lusitana do mito. Sua força milenar persiste e é, atualmente, a lenda geral e primitiva
que melhor resiste ao processo de desencantamento da religião e racionalização do místico,
notando-se o grande número dos relatos de suas aparições em toda a costa e em determinadas
regiões do interior brasileiro.
Palavras-chave: licantropia; Portugal; lobisomem; mito; Brasil.
57
TRADIÇÃO, SACRALIZAÇÃO E FÉ NO CORAÇÃO DO BRASIL: INÍCIO DA
ROMARIA EM LOUVOR AO DIVINO PAI ETERNO (1840)
Murillo Medeiros de Godoi (PUC-GO)
Sacralização é o que merece ser respeita do, venerado e a ação de sacralizar é de tornar sagrado.
Segundo a tradição, o povoado de Barro Preto teria surgido por volta de 1840. Naquele ano,
Constantino Rosa e Ana Xavier, ao roçarem um pasto ao lado do córrego Barro Preto, teriam
encontrado um medalhão de barro. O medalhão representava a “Santíssima Trindade coroando
a Virgem Maria”. Com a descoberta, Constantino e Ana reuniam a gente humilde da região
sempre aos sábados para rezarem o terço, e em pouco tempo, a casa já não conseguia acolher
tanta gente para a oração diante do Divino Pai Eterno. A primeira capela, coberta de folhas de
buriti, foi construída pelos habitantes em 1843. Os devotos vinham de todo lugar, trazendo
presentes e ofertas. Logo se ergueu uma capela de alvenaria, coberta de telhas, aí surgia o
patrimônio da igreja, com doações de terras pelos fazendeiros do arraial. A festa em louvor ao
Divino Pai Eterno, realizada na Cidade de Trindade é umas das maiores festas religiosas da
região Centro-Oeste brasileiro. Sua peregrinação atinge seu ápice nos períodos dos meses de
junho e julho, quando realiza-se durante nove dias a novena em preparação a sua festa, sempre
ocorre no primeiro domingo do mês de julho, totalizando dez dias de festa.
Palavras-chave: Sacralização. Tradição. Festa. Religiosidade.
A ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL DE ARNALDO DE VILANOVA (1240-1311): LLIÇO
DE NARBONA (1305-1308)
Nabio Vanutt da Silva (PUC-GO)
Este trabalho tem por objetivo analisar a obra Lliço de Narbona (1305-1308) de Arnaldo de
Vilanova (1240-1311), para compreender a proposta do autor sobre a vida espiritual. Esse texto
foi escrito para a comunidade dos beguinos, de modo a orientar-lhes sobre a importância da
prática dos ensinamentos de Cristo. A metodologia de análise foi a crítica interna e externa da
narrativa, tendo como fio condutor o questionamento da filosofia Tomista. No documento foi
possível perceber a explanação sobre a pobreza evangélica, como meio de vivência cristã que
deveria ser seguida por todos, incluindo os clérigos. O autor refutou a filosofia de São Tomás
de Aquino (1225-1274), de base Escolástica, para isso, defendeu a filosofia Patrística, nesse
sentido, contestou os estudos naturais dos dominicanos que compreendiam as Sagradas
Escrituras de modo racional, fruto da influência de Aristóteles (384 a.C-322 a.C). Assim, nessa
pesquisa foi verificado que Arnaldo defendeu uma vida evangélica, que colocasse os preceitos
cristãos em evidência, a comunidade dos beguinos nesse texto era o locus para-se viver a vita
apostólica.
Palavras-chave: Arnaldo de Vilanova; Vida espiritual; Pobreza evangélica.
58
UMA ABORDAGEM PRELIMINAR SOBRE CORPORISQUE EIUS ET SANGUINIS
SACRAMENTUM: A PARTIR DAS ATAS CONCILIARES VISIGÓTICAS (619 - 653)
Nathália Serenado da Silva (UFRJ)
Nesta comunicação tencionamos selecionar as referências documentais acerca do rito
eucarístico nas atas de concílios visigóticos, com foco nos eventos ocorridos entre os anos de
619 e 653. Esta distinção se baseia, por um lado, em uma análise preliminar dos referidos
documentos, por meio da busca de menções à eucaristia e ao corpo e sangue, e, por outro, na
consideração do episcopado de Isidoro de Sevilha como ponto de partida de unificações
litúrgicas mais relevantes à organização eclesiástica local. Portanto, os documentos
selecionados para esta apresentação são as atas do concílio de Sevilha II em 619, Toledo IV de
633, Toledo V de 633, Toledo VII de 538 e Toledo VIII ocorrido em 653.
Embora o bispo sevilhano não tenha participado das reuniões episcopais de Toledo V, VII e
VIII, a ênfase em torno do seu episcopado se justifica em função de interesses futuros desta
pesquisa de mestrado, que atualmente está em estágio preliminar. Nesta comunicação
objetivamos identificar e analisar as referências à afirmação do rito eucarístico, com destaque
aos seus pormenores litúrgicos presentes nas atas conciliares produzidas no reino visigodo.
Palavras-chave: Reino Visigodo; Eucaristia; Concílios.
A DESOBEDIÊNCIA ORIGINAL: A CONCUPISCÊNCIA DA CARNE NO
IMAGINÁRIO CENTRO-MEDIEVAL SEGUNDO A SUMMA THEOLOGIAE DE
TOMÁS DE AQUINO
Pablo Gatt Albuquerque de Oliveira (UFMA)
Uma vez que “no princípio tudo era desobediência” (COCCIA, 2015, p.1), o Pecado Original
de Adão e Eva acarretou para a posterioridade mudanças significativas na natureza humana. O
ato original fora o responsável por consequências não previstas no momento da criação, como
o advento da morte para as gerações futuras, a impossibilidade do deleite eterno no paraíso e a
necessidade da retirada do sustento diário através do trabalho árduo. O ato original fomentou
para a natureza do gênero humano, segundo Agostinho de Hipona, uma mudança para pior.
Nesse sentido, discutiremos o imaginário do homem centro-medieval e o desejo sexual presente
na carne humana de acordo com a Summa Theologiae, uma vez que o Pecado Original de Adão
e Eva se fez presente constantemente no medievo através do discurso religioso. Analisaremos
por seguinte, o discurso cristão que atrelado ao pelo conceito de poder moldou e impôs condutas
de vida para os indivíduos do período.
Palavras-chave: Pecado Original; Summa Theologiae; Tomás de Aquino; Imaginário.
59
A PINTURA CORPORAL E A ARTE PLUMÁRIA: APROXIMAÇÕES ENTRE OS
INỸ-KARAJÁ E A DESCRIÇÃO DE FERNÃO DE CARDIM NA OBRA TRATADOS
DA TERRA E GENTE DO BRASIL
Dra. Poliene Soares dos Santos Bicalho (UEG)
As artes plumárias e a pintura corporal indígenas, embora ainda muito presentes nas culturas
de diferentes povos do Brasil e do mundo, e repercutam, na atualidade, como resultados de
muitas trocas e ressignificações, são tradicionais e originárias, tal como a terra brasilis, que
originalmente habitam. Suas artes são expressivas da cultura de cada grupo e são desenhadas
no corpo e nos adereços e utensílios de uso cotidiano ou ritual, desde muito antes da chegada
dos portugueses por estas paragens. Com a interferência destes no mundo daqueles, muitas
mudanças ocorrem, mais intensamente em prejuízo das culturas e povos indígenas, contudo,
houve também aproximações e muitas trocas. Neste sentido, olhar atual para as artes indígenas,
com foco especial nas artes Inỹ-Karajá, paralelamente à leitura da obra de Fernão de Cardim,
Tratados da Terra e Gente do Brasil, sinalizaram aproximações importantes entre as mesmas,
e é sobre este viés que este artigo se desenrolará.
Palavras-chave: Artes Indígenas; Artes Inỹ-Karajá; Tratados da Terra e Gente do Brasil;
Cerrado.
A GUERRA E A ESTRUTURA MILITAR NO REINADO DE ALFONSO X À LUZ
DO CARÁTER CORPORATIVO DA SOCIEDADE CASTELHANO-LEONESA (1252-
1284)
Ms. Rafael Costa Prata (UFMT)
A preocupação com os assuntos de natureza militar se fez uma tônica mais do que constante no
pensamento do monarca castelhano-leonês Alfonso X (1252-1284), posto que este se
encontrava ciente de que para manter os señoríos del regno, haveria de dedicar uma especial
atenção as questões relativas a Guerra e, por conseguinte, a Estrutura Militar, por serem estes
os mecanismos que sustentariam esta consolidação senhorial. Mais do que apenas a manutenção
senhorial, este quadro também permitiria ao monarca castelhano-leonês desenvolver as
ofensivas bélicas que ocasionariam a ampliação dos senhorios pertencentes ao regno
castelhano-leonês, por meio da conquista e subsequente anexação dos enclaves andaluzes que
ainda se encontravam sob a jurisdição de núcleos políticos muçulmanos. Tendo estas questões
em consideração, nesta comunicação, procuraremos problematizar o modo como o monarca
Alfonso X (1252-1284) tratou a questão da Guerra e da Estrutura Militar, à luz do caráter
corporativo que perpassava integralmente o conjunto das diversificadas relações travadas entre
os indivíduos nos senhorios do regno, precisamente em sua tríade jurídica composta pelo
Espéculo, Fuero Real e Siete Partidas.
Palavras-chave: Alfonso X; Guerra; Estrutura Militar.
60
A HISTÓRIA DA AMÉRICA IBÉRICA COLONIAL EXISTENTE NA BNCC DO
ENSINO FUNDAMENTAL DO BRASIL
Dr. Raimundo Agnelo Soares Pessoa (UFG)
Analisamos nesta pesquisa o conteúdo de história da América ibérica colonial contida na Base
Nacional Comum Curricular do Ensino Fundamental do Brasil (BNCC-EF). Pretendemos, no
presente estudo, investigar quais conteúdos de história, e, por conseguinte, que ideia de América
colonial hispânica e portuguesa será estudada a partir da BNCC-EF. O resultado da investigação
da noção de história da América ibérica colonial existente na BNCC-EF aponta três grandes
singularidades. A primeira, trata-se do reconhecimento da existência de uma América pré-
colombiana. Essa abordagem do mundo americano pré-colombiano é essencialmente
tradicional. A segunda particularidade, de caráter negativo, versa sobre o processo de conquista
e colonização da América, como um todo. Uma leitura introdutória da presença do europeu na
América, na Era Moderna, vai evidenciar que, pelo menos, cinco povos (espanhóis,
portugueses, britânicos, franceses e holandeses) foram os principais corresponsáveis por
inventar o que hoje chamamos de América, infelizmente a BNCC-EF não permite e não
incentiva a percepção matizada dessa história. Por fim, a terceira especificidade, consequência
direta dessa história simplista, aparece a América Ibérica. Essa narrativa homogeneizadora, no
geral, impossibilita que se tenha uma noção razoável dos aspectos convergentes e divergentes
do processo de conquista e colonização da América ibérica colonial.
Palavras-chave: História, América ibérica colonial, BNCC-EF.
FUNÇÕES E PERFIL EPISCOPAL NOS CONCÍLIOS TOLEDANOS NO SÉCULO
VII: UMA ABORDAGEM INICIAL
Renan Costa da Silva (UFRJ)
A presente comunicação está integrada à pesquisa de mestrado recém iniciada no âmbito do
Programa de Estudos Medievais (PEM) da UFRJ, sob a orientação da Profª. Drª. Leila
Rodrigues da Silva. Esta pesquisa valoriza, dentre outros elementos, o estudo sobre as
determinações e atributos do episcopado nas atas dos Concílios de Toledo no século VII,
especialmente as celebradas entre os anos de 633 a 653, abrangendo assim dos Concílios IV de
Toledo ao VIII.
Nesta comunicação, tomamos como marco o IV Concílio de Toledo, ao que se associa a
consolidação do cristianismo niceno na região e a intensa atuação episcopal. Como apontado
pela historiografia, durante o final do século VI e no decorrer do século VII, observou-se um
processo de aproximação entre a monarquia recém convertida ao credo niceno e a instituição
eclesiástica, ambas interessadas na unificação político-religiosa do regnum. Desse modo,
problematizaremos aqui aspectos da atuação episcopal nesta conjuntura, com destaque para as
atas do IV Concílio de Toledo e para a historiografia.
Palavras-chave: Episcopado; reino visigodo; bispos; concílios.
61
PROMETEU E PANDORA: A CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DE UM MITO E SUA
RESSIGNIFICAÇÃO NO OCIDENTE CRISTÃO
Ms. Renata Silva de Oliveira Galvão (Escola Interativa Coopema)
Maxsuel Barbosa (Escola Interativa Coopema)
Pensar o homem no tempo, nos direciona a refletir sobre as simbologias e crenças que dão
sentido à vivência humana. Por isso, o âmago analítico desse estudo procura compreender os
sentidos assumidos pelo mito de Prometeu e Pandora, sua circulação e semelhanças com as
icônicas representações de Lúcifer e Eva no mundo ocidental cristão. Para estabelecer esse
estudo comparativo temos como fontes documentais as obras Prometeu Acorrentado, de
Ésquilo; Teogonia de Hesíodo e a Bíblia Cristã. Como método de análise, considerará a Análise
do Discurso, refletindo-se as paráfrases e as polissemias (ORLANDI, 2009), bem como as
relações de poder materializadas no discurso (FOUCAULT, 2008). Como apoio teórico serão
utilizados Le Goff (1985) na relação História e memória, Roger Chartier (2002) no aspecto das
apropriações e ressignificações dos textos, bem como, Peter Burke (2000) no que definiu de
fenômeno histórico-social do lembrar, afinal a memória social é sempre seletiva, de modo que
se torna fundamental pensar os mecanismos que estabelecem as seleções.
Palavras-chave: História; Mito; Análise do Discurso.
OS MANUSCRITOS CULINÁRIOS MEDIEVAIS NA COROA DE ARAGÃO: O
LIBRO DE SENT SOVÍ E O LIBRO DEL COCH
Ms. Renato Toledo Silva Amatuzzi (UFPR)
Na Coroa de Aragão, entre os séculos XIII e XV, circularam dois importantes manuscritos
culinários: os livros de Sent Soví, de autoria desconhecida, e o livro Del Coch, do cozinheiro
napolitano Roberto de Nola. Esses manuscritos marcaram a sistematização, a organização e a
classificação dos pratos, receitas e alimentos típicos da região na tentativa de criar um
receituário aragonês e inventar uma cultura alimentar local. Nesse excerto de pesquisa,
mostrarei as múltiplas relações estabelecidas entre a comida e as esferas políticas, religiosas e
médicas da época através dos manuscritos culinários e de outras fontes necessárias para melhor
compreensão da temática, por exemplo, as crônicas régias, os regimentos de saúde, os registros
contábeis e também as análises arqueológicas dos restos mortais dos monarcas aragoneses. Por
muito tempo supôs-se que investigar os hábitos alimentares do passado era apenas uma simples
curiosidade intelectual. Recentes pesquisas históricas revelam que a alimentação no cotidiano
medieval era muito mais do que um ato biológico, mas também um ato cultural dotado de
símbolos e significados complexos capazes de revelar as estruturas de pensamento e
mentalidade da época.
Palavras-chave: Manuscritos culinários medievais; alimentação medieval; medicina medieval.
62
A CONSTRUÇÃO DA CRISE REPUBLICANA NA ROMA ANTIGA: UMA ANÁLISE
DOS DISCURSOS NO FINAL DO SÉCULO I A.C., E A NECESSIDADE DE
RECONSTITUIÇÃO DA ORDEM A PARTIR DA OBRA MANILIANA
ASTRONÔMICAS
Ms. Rodrigo Santos Monteiro Oliveira (UFG)
Pensar a formação do Principado romano ao final do século I a.C. é confrontar diferentes relatos
que constroem, já àquela época, a noção de crise da República. São inúmeros os escritores que
se dedicaram a perpetuar posicionamentos/ideias acerca das mudanças que aconteciam neste
período, construindo também um cenário que legitimaria a mudança política a partir do governo
de Otávio Augusto – pelo menos de forma mais nítida. Cícero, Salústio, Tito Lívio são alguns
que podemos citar para exemplificar autores e obras que descrevem a falência moral dos que
participavam ativamente na constituição administrativa de Roma, sendo tal falência resultado
de muitas possibilidades. Um grande território, diferentes perspectivas e culturas, e inúmeros
interesses dos senadores e generais, poderiam, então, serem controlados pela força de um líder
providencial, capaz de conter o avanço da Guerra Civil. Manílio, poeta do período augustano,
produziu uma explicação astrológica sobre a organização do Universo, que também legitimava
uma maneira de organização política. Portanto, temos como objetivo apresentar a construção
dessa crise a partir da comparação de algumas fontes históricas e trabalhos historiográficos,
reconhecendo a obra maniliana, Astronômicas, como uma possível resposta para organizar este
espaço tão caótico (ou ao menos assim divulgado).
Palavras-chave: República romana; Principado; Crise; Literatura.
“EN ESTA ESTORIA DE ESPAÑA”: NARRATIVIDADE HISTÓRICA E
ESPACIALIDADE NA CRÓNICA DE 1344
Ms. Rodrigo Prates de Andrade (UFSC)
“Desd’el segundo reinado d’este rey don Ordoño non fallamos nenguna cosa granada que de
contar sea en esta Estoria de España”. Furtados de um prólogo, com estas palavras da primeira
redação da Crónica de 1344, obra cuja autoria é imputada pelos historiadores ao conde Dom
Pedro Afonso de Barcelos (1287-1354), talvez possamos inferir os objetivos de sua narrativa.
Nesta passagem o cronista estabelecera um paralelo no qual grandes feitos deveriam ser
contados e, por conseguinte, aqueles que não alçaram esta grandeza deveriam ser esquecidos.
Entre lembranças e esquecimentos, a memória que o cronista procurava reter através de suas
palavras estava circunscrita a um espaço: a España. Procuramos neste artigo analisar esta inter-
relação entre a narratividade histórica e a espacialidade na Crónica de 1344, o processo que
conjugara o ato de narrar o passado ao modo de percepção e construção de um espaço hispânico.
Entendemos que esta España configurada pelo bastardo de Dom Dinis, suportada em uma
historiografia ibérica dos séculos XII e XIII, mas também em uma tradição que se remetera aos
escritos de Isidoro de Sevilha, estabelecera-se como um elo material entre o passado, o presente
e o futuro.
Palavras-chave: Espanha; Pedro Afonso de Barcelos; historiografia medieval; espacialidade.
63
ESTADO MODERNO E SAÚDE PÚBLICA
Dra. Roseli Martins Tristão Maciel (UEG)
Dra. Veralúcia Pinheiro (UEG)
A proposta visa à compreensão de como o Estado Moderno, por meio de seus governantes, foi
capaz de criar e impor todo um contexto de diferenciação entre as pessoas sãs e doentes a ponto
de torná-la “naturalizada” através da concepção eugênica, isto é, uma teoria que defende a ideia
de separação entre pessoas sãs e doentes, bem como a esterilização de quem apresentasse
qualquer tipo de anomalia física ou mental. Para tanto, investiu o médico com autoridade
institucionalizada de forma que, perante ele, o doente não seria mais um sujeito com livre
arbítrio e vontade própria e sim, um paciente. Para refletir sobre o poder que teve, e tem, o
Estado Moderno sobre o conjunto de toda a sociedade e que lhe possibilitou transformar a saúde
em coisa pública, recorre-se a autores que consideram a existência dessa instituição como
necessária à preservação das sociedades divididas em classes, uma vez que lhe cabe o
monopólio da força para garantir a existência das regras instituídas e o funcionamento das
mesmas, são eles: (CLASTRES, 2003); (WEBER, 1994; 2011); (TRAGTENBERG, 1992).
Palavras-chave: Estado Moderno; Saúde Pública; Eugenia.
ENTRE O IMAGINÁRIO E REPRESENTAÇÕES: REFLEXÕES DO VIAJANTE
KARL VON DEN STEINEN AO LONGO DA BACIA DO PRATA (1883-1884)
Sérgio Henrique Pereira de Souza Ramos (UFMT)
O artigo propõe-se a analisar e discutir o escrito do viajante, Karl von den Steinen que em 1883,
partindo de Montevidéu no Uruguay, a sua primeira expedição etnológica ao território do alto
Xingu, no Brasil Central, através de sua trajetória pela Bacia do Prata. Com base em sua
experiência de viagem que foram transcritas em seus diários de viagem e editado em 1894 na
Alemanha, intitulado O Brasil Central, traduzido por Catarina Baratz Cannabrava e publicado
no Brasil no ano de 1942, pretendo discutir a trajetória da expedição realizada por este cientista
alemão, analisando o imaginário e as representações deste, sobre os lugares de passagem na
bacia do Prata, no período de 1883 a 1884, a viagem realizada por Steinen tinha como objetivo,
explorar o rio Xingu, mas durante os percursos, Steinen fez importantes registros acerca dos
lugares por onde passou, relatando os modos de vida, culturas, paisagens e os moradores de
cidades, vilas e núcleos de povoamento ao longo desse percurso fluvial.
Palavras-chave: Imaginário; Representações; Rota do Prata; Viajante; Karl Von den Steinen.
SUJEITOS E PRÁTICAS COMERCIAIS NO SERTÃO DO ESTADO DO GRÃO-
PARÁ (C. 1750-C. 1790)
Dra. Siméia de Nazaré Lopes (UFPA)
Com base na documentação primária coletada no Arquivo Público do Estado do Pará (Coletoria
de Impostos, Assinatura dos Comboios e as Escrituras de Procurações), tem-se como objetivo
para esse trabalho discutir como se estruturou esse circuito mercantil em que Belém se
64
apresentava como o eixo de ligação entre as vilas do interior do Estado do Grão-Pará. Assim
como investigar a configuração de uma comunidade mercantil e a sua articulação com outros
sujeitos, os quais não restringiam suas práticas comerciais estritamente à praça de Belém, mas
estabeleciam redes de negociação com outras áreas comerciais presentes nesse eixo de
comercialização. Em seguida, apresentar suas práticas comerciais, bem como as formas de
controle impostas para quantificar seus sujeitos, as embarcações e as mercadorias envolvidas
nessas atividades. Por fim, atentar para algumas das estratégias utilizadas pelos negociantes
para diminuir as incertezas presentes nas atividades comerciais realizadas nos sertões,
principalmente o uso das procurações que possibilitavam não somente regular os sujeitos e as
suas ações, como também desenhavam o circuito mercantil que está se estruturando nesse
contexto de meados de 1750 a meados de 1790.
Palavras-chave: Circuito mercantil; embarcações; documentação notarial.
A INQUISIÇÃO NA AMÉRICA PORTUGUESA SETECENTISTA: RELIGIÃO,
POLÍTICA E PODER NAS VISITAÇÕES DO SANTO OFÍCIO NAS CAPITANIAS
DE MINAS
Ms. Simone Cristina Schmaltz de Rezende e Silva (PUC-GO)
A presente comunicação versa sobre projeto de pesquisa cadastrado na PUC GO, a
respeito das ações da Inquisição na América Portuguesa setecentista nas regiões de minas
através das visitações de representantes do Santo Ofício, que vinham da corte para, como
representantes da Igreja Católica, observar a dinâmica social vigente e, caso houvesse,
identificar e relatar fatos advindos de comportamentos tanto de laicos como de religiosos que
viessem ao encontro dos dogmas e princípios cristãos até então estabelecidos. Buscar-se-á
realizar pesquisa bibliográfica, revisão historiográfica, concomitante à identificação e leitura de
documentação manuscrita do século XVIII, referente às visitações e processos de indivíduos
que tornaram-se réus do Tribunal da Inquisição Português, enquanto moradores da Capitania
de Goiás.
Palavras-chave: América Portuguesa; Inquisição; Processos inquisitoriais.
A FILOSOFIA DE AVERRÓIS NA PENÍNSULA IBÉRICA DO SÉC. XIII E SEUS
IMPACTOS SOBRE A ESCOLÁSTICA
Soraia Abdel Aziz (UFMT)
Averróis (1126-1198), filósofo muçulmano, viveu durante o período da dinastia almôada (1130-
1223) na Península Ibérica e tornou-se o maior expoente da filosofia islâmica no Ocidente.
Ficou conhecido como o Comentador de Aristóteles, por traduzir e interpretar textos do filósofo
grego. Sob o domínio da escola teológica malikita, suas leituras não tinham a influência do
neoplatonismo oriundo do Oriente, presente nas interpretações dos filósofos Al Farabi (870-
950) e Avicena (980-1037), por exemplo. Em suas obras e comentários deu ênfase ao
pensamento racional e por esse motivo foi acusado pelos doutores das leis religiosas islâmicas,
de tentar levar o pensamento aristotélico para os textos corânicos. Acabou banido e suas obras
destruídas. Porém, seus escritos ganhariam notoriedade nas Universidades da Europa no fim do
século XIII e o termo averroísmo passaria a ser usado pelos defensores do pensamento racional.
65
Portanto, o objetivo desta comunicação de pesquisa, visa investigar o impacto da filosofia de
Averróis, comentador de Aristóteles, na Escolástica no fim do século XIII.
Palavras-chave: Filosofia; razão; fé; Escolástica; averroísmo.
NARRATIVAS E RELÍQUIAS SOBRE O VENERÁVEL PADRE PELÁGIO SAUTER
Suely Moreira Borges Calafiori (PUC-GO)
Esta comunicação busca ampliar as pesquisas sobre a trajetória de Pe. Pelágio Sauter,
considerado o apóstolo de Goiás, tendo como referência objetos, milagres e seus restos mortais.
As narrativas são colocadas como uma fonte rica para compreensão da vida do Venerável Pe.
Pelágio; Sua permanência no Brasil pode ser dividida em 3 etapas; 1910 a 1917 no Estado de
Goiás; 1917 a 1920 no Estado de São Paulo, e de 1920 a 1961 novamente em Goiás.
Pe. Pelágio Sauter, foi missionário redentorista, e durante grande parte de sua vida esteve em
Goiás. Muitos que, conheceram e conviveram com o Padre, ainda vivem e dão testemunho de
sua vida e missão, rememorado como fiel às obrigações comunitárias, e solícito para atender
aos necessitados, tanto em socorro material quanto espiritual. Sobre sua morte sabe-se que
depois de uma semana de sofrimento, faleceu às 13 horas do dia 23 de novembro de 1961, tinha
na ocasião 83 anos. O governo do Estado decretou luto oficial por três dias, e ponto facultativo
no dia do enterro. Neste compareceram cerca de cinquenta mil pessoas, para reverenciar e
prestar a última homenagem ao sacerdote. O processo de sua beatificação já está em curso na
Congregação para Causa dos Santos em Roma, e aguarda o beneplácito da Sagrada
Congregação dos Santos. Pe. Pelágio está entronizado no coração do povo, está vivo em suas
memórias e muitos são os milagres a ele atribuídos. Ainda hoje, Pe. Clóvis Bovo guarda
reunidas, várias relíquias, do sacerdote.
Palavras-chave: Pe. Pelágio; Relíquias; Milagres.
A MOBILIDADE SOCIAL DE BERENGUELA DE CASTELA (1180-1246) NA
HISTORIA DE LOS HECHOS DE ESPAÑA
Thais do Rosário (UFPR)
A mobilidade social horizontal ocorre quando há um deslocamento de posição dentro de um
mesmo estrato social, embora o conceito seja bastante utilizado por sociólogos para trabalhar
as sociedades pós-industriais podemos identificar casos na Plena Idade Média (séculos XII e
XIII). A mobilidade das mulheres pertencentes à Alta Nobreza fica mais evidente nas fontes,
pois, uma vez que eram instrumentos de negociações políticas através de enlaces matrimoniais,
passavam de infantas ou filhas de algum nobre importante à condessas ou rainhas consortes.
Neste trabalho apresentamos a mobilidade de Berenguela de Castela (1180-1246), filha de
Alfonso VIII (1155-1214, rei de Castela desde 1158) e Leonor Plantageneta (1162-1214).
Berenguela esteve envolvida em negociações políticas desde sua infância e ocupou diversos
lugares dentro dessa sociedade política castelhana. O canal de sua mobilidade foi sua própria
condição de mulher da Alta Nobreza, sobretudo de filha de rei, pois esta estipula, desde seu
nascimento, que seu lugar dependerá das necessidades deste. Seguimos seus movimentos
66
através da análise da Historia de los hechos de España, de Rodrigo Jiménez de Rada (1170-
1247, bispo de Toledo desde 1209).
Palavras-chave: Mobilidade social; Plena Idade Média; Berenguela de Castela.
COMO “MONTES EN MOVIMIENTO”: CONDIÇÕES DE NAVEGAÇÃO NO
MEDITERRÂNEO SEGUNDO UM PEREGRINO MUÇULMANO (1183-1185)
Ms. Thiago Damasceno Pinto Milhomem (UFG)
Em sua peregrinação à cidade santa de Meca, o muçulmano Ibn Ŷubayr (1145-1217) transitou
por vários ambientes naturais e sociais. No seu relato de viagens (riḥla), ele registrou diversos
campos das realidades por onde transitou e viveu, dentre os quais, seus périplos pelas águas do
mar Mediterrâneo, cujas rotas eram obrigatórias para um peregrino como ele, que saiu da cidade
de Granada rumo a Meca. Neste artigo, analisaremos o testemunho de Ibn Ŷubayr para elucidar
as condições de navegação no Mediterrâneo em fins do século XII, período em que os
genoveses desenvolviam suas atividades marítimas e mercantis e transportavam em suas
embarcações peregrinos cristãos e muçulmanos.
Palavras-chave: Ibn Ŷubayr; peregrinação (ḥaŷŷ); relato de viagem (riḥla); Cruzadas;
Mediterrâneo
INSTRUÇÃO E IGNORÂNCIA: UMA ANÁLISE DOS RELATOS DE AUGUSTE DE
SAINT-HILAIRE (1816-1822)
Vinicius Correia Amaral (UFG)
Auguste de Saint-Hilaire foi um naturalista francês que percorreu boa parte do extenso território
brasileiro nos deixando preciosos relatos das regiões por onde passou, de 1816 a 1822 Saint-
Hilaire percorreu os sertões da província de Goiás, produzindo ao final de sua incursão a obra
``Viagem à Província de Goiás´´, está obra tão importante para a historiografia goiana, nos traz
um rico relato sobre diversos aspectos da sociedade goiana da época. Em seus relatos, Saint-
Hilaire irá nós expor as suas impressões, se atentando a aspectos como a flora e a fauna, a
geografia, a arquitetura e a economia da região. Outro aspecto importante nos relatos de
Auguste, que nos é o mais importante para o recorte que se propõe este trabalho, é o aspecto do
nível de conhecimento e instrução, e por consequente, ignorância, da população de Goiás.
Partindo de sua ótica europeia, Auguste irá nos apresentar um panorama de quase completo
atraso intelectual, moral e de costume que permeava todos os cantos do sertão goiano. Analisar
como Saint-Hilaire expõe o nível de instrução da população, instrução aqui compreendida no
seu sentido amplo, para além da instrução escolar, se faz como o objetivo central deste trabalho.
Palavras-chave: Instrução; História de Goiás; Relato de Viajante.
67
PROBLEMAS NO PARAÍSO: CRIACIONISMO E SEXUALIDADES EM DE
CIVITATE DEI (SÉCULO V)
Ms. Wendell dos Reis Veloso (UFRRJ)
Dentre os autores denominados de Pais da Igreja, talvez Aurélio Agostinho (354-430), bispo da
cidade africana de Hipona. E grandes estudiosos das sexualidades humanas nas comunidades
cristãs tardo-antigas e medievais o distinguem dos demais autores da patrística pós-nicena a
partir de suas proposições sobre as sexualidades, descritas como positivas e até mesmo
revolucionárias. Esta caracterização das sexualidades nos escritos agostinianos estabeleceu o
que tenho denominado de noção historiográfica de revolução sexual agostiniana. Seguindo no
propósito de rever esta historiografia, fundamental para os estudos das sexualidades no contexto
de expansão do cristianismo, inclusive em sua via institucional, o objetivo desta comunicação
é, a partir de reflexões dos Estudos de Gênero, analisar o discurso agostiniano sobre as
sexualidades presentes no Livro XIV de A Cidade de Deus. Neste, o hiponense aborda o mito
da criação de Adão e Eva desenvolvendo o que poderíamos chamar de teoria da desordem. Meu
intuito é empreender apontamentos sobre o impacto desta teoria no pensamento agostiniano
sobre as sexualidades a fim de caracterizar que sexualidade é esta que fora considerada positiva
e revolucionária, verificando quem dela (não) participa.
Palavras-chave: Agostinho de Hipona; Sexualidades; A Cidade de Deus.
LISBOA E O MAR: UMA RELAÇÃO NA LONGA DURAÇÃO. AS MOBILIDADES
EM TORNO DE LISBOA E SUA SÉ NO PERÍODO MEDIEVAL
Willian Funke (UFPR)
Lisboa é uma cidade intimamente ligada à navegação. Essa característica marca sua história de
diversas formas e em diferentes momentos. Desde a fundação mítica da cidade, até a
importância contemporânea do porto em sua economia, passando pela conquista cristã de 1147
e pelas chamadas grande navegações dos séculos XV e XVI, as qualidades naturais para
aportamento na região de Lisboa são enaltecidas. No presente trabalho pretende-se centrar a
análise nas mobilidades que atingiram a cidade em questão no período medieval, mais
propriamente no período entre a referida conquista e o final do reinado de D Afonso IV (1357).
Considerou-se pertinente, porém, para o fim almejado, utilizar elementos de outros períodos,
de modo a perceber a inserção do momento analisado em um processo de longa duração.
Objetiva-se a partir desta leitura compreender melhor qual a posição, ou importância relativa
de Lisboa dentro do reino de Portugal no período em questão.
Palavras-chave: Mobilidades; Lisboa; Longa Duração.
68
PAINÉIS
69
O MERCADO EDITORIAL BRASILEIRO E O CENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO
RUSSA
Alessandra Maria Carvalho de Morais (UEG)
A Revolução de 1917 foi o resultado de diversos fatores, associados a uma forte insatisfação
social de uma classe negligenciada. Assim, é interessante fazer o questionamento sobre quais
as influências da queda dos Romanov e ascensão do movimento liderado por Lenin e Trotsky,
no cenário mundial. Em 2017 o mercado editorial lançou (e traduziu), uma série de biografias
sobre a família Romanov, e relativas a personagens singulares que participaram do movimento
revolucionário. A partir dessa perspectiva, nossa proposta é a análise do mercado editorial atual,
e o interesse pelo centenário da Revolução por parte dos leitores brasileiros, partindo da última
dinastia russa, até o governo de Stalin. Para tanto elegemos duas biografias: Os Romanóv (1613-
1918), de Simon Sebag Montefiore e a versão em português da biografia de Stálin, escrita por
León Trotsky, lançada no Brasil em 2017.
Palavras-chave: Influencias da Revolução Russa; Centenário; Mercado Editorial Brasileiro.
OS ESCRITOS DE JAN HUS: MEMÓRIA E HISTÓRIA
Aline Teles Barbosa (UFG)
Jan Hus, ficou conhecido por ser um precursor do movimento conhecido como Reforma
Protestante. Era um crítico de algumas doutrinas presentes na Igreja e, por isso, foi condenado
por heresia, o que resultou em sua morte na fogueira, em 1415. O objetivo deste painel é fazer
uma breve análise das Cartas de Jan Hus. As traduções de algumas cartas estão presentes na
obra “Jan Hus: As cartas de um educador e seu legado imortal”, publicadas por Thiago Borges
de Aguiar. A grande influência de Jan Hus, gerou seguidores, os quais ficaram conhecidos como
“Hussitas”. O objetivo da condenação de Jan Hus, foi acabar com o movimento. Apesar disso,
os conflitos na Boêmia se intensificaram, originando o que ficou conhecido como Revolução
Hussita, entre os anos de 1419-1437. A primeira edição da correspondência de J. Hus foi
realizada no século XVI, pelo reformador Martinho Lutero, intitulada Epistola Quadam
Piissima et Eruditissima Iohannis Hus. Outras edições foram publicadas seguidamente.
Palavras-chave: Narrativa; Cartas; Jan Hus.
TUTANCÂMON E HAWORD CARTER
Ana Luiza Marques Vieira (UEG)
Este trabalho atribui-se a pesquisa às obras de Haword Carter, a respeito da tumba de
Tutancâmon, tem como objetivo esmiuçar as escritas do arqueólogo que encontrou esta tumba
já no século XX, e que veio a se tornar a tumba do Vale dos Reis mais comentada na
modernidade.
O faraó citado governou de 1336/5 à 1327/5 A.C, e apesar de não ter sido uma grande figura
para o Egito antigo, essa informação se baseia pelo tamanho de sua tumba e pelo curto período
de seu governo, o mesmo detém algumas peculiaridades que serão expostas neste trabalho (
painel), as quais justificam a fama por trás de seu nome nas datas atuais.
70
Palavras-chave: Obra Howard Carter; Tumba de Tutancâmon; Arqueologia.
HAGIOGRAFIA DOS CINCO MÁRTIRES DE MARROCOS
Bruna Emanuelly Albuquerque Silva (UFG)
O painel que será apresentado no III seminário Internacional Mundos Ibéricos, terá como
objetivo explicitar um pouco da vida e martírios dos Santos mártires de Marrocos, partindo do
relato hagiográfico do Conego Dr° José Bento, intitulada: Os Santos Mártires de Marrocos.
Nesta obra o autor traz tanto o inicio do ministério dos Santos que haviam sidos enviados ao
Norte africano para apregoar o evangelho, como também toda trajetória percorrida pelos
mesmos até chegarem ao Marrocos, lugar que haviam sido enviados. Todos os acoitem e
embatem vivenciados por eles são narrados com riqueza de detalhes. Outro aspecto também
relacionado na obra pelo autor é os milagres aos santos atribuídos que se iniciam com a chegada
das relíquias ao Mosteiro de Santa Cruz, onde até hoje permanece. E por fim todas as imagens
produzidas acerca dos Santos Mártires
Palavras-chave: Hagiografia; Mártires; Relíquias.
LITERATURA E HISTORICIDADE: UM ESTUDO DA DIMENSÃO TEMPORAL
EM NARRATIVAS DISTÓPICAS JUVENIS
Carlos Henrique da Silva (UFG)
Nesta pesquisa objetiva-se estudar a configuração da dimensão temporal em romances
distópicos juvenis, que circulam em quantidade expressiva desde os primeiros anos do século
XXI, servindo, muitas vezes, de enredos para produções cinematográficas de sucesso
internacional. Essas sociedades imaginadas, muitas vezes como advertência ao público leitor,
são normalmente caracterizadas por tramas permeadas por estados repressores, presença
controversa da ciência e da tecnologia, controle excessivo sobre o indivíduo e certa rebeldia por
parte dos protagonistas. Nelas, a experiência dos personagens em relação à passagem do tempo
está, em geral, expressa, o que nos permite identificar os “prognósticos” do tempo feitos por
seus autores a partir da realidade do presente, conectando de forma complexa o que Koselleck
chama de “espaço de experiência” e “horizonte de expectativa” (KOSELLECK, 2006 e 2014).
Nesse quadro, interessa-nos problematizar como, nas narrativas distópicas juvenis, são
mobilizados recursos literários e discursivos no sentido de configurar certa relação com a
dimensão temporal.
Palavras-chave: Literatura; Historicidade; Romance; Biografia; Utopia; Distopia.
71
AS VÁRIAS ÁFRICAS
Cássio de Oliveira Carvalho (UFG)
O objetivo deste trabalho é refletir sobre a insignificância dada a História da África e a cultura
afro-brasileira nas escolas, nos livros didáticos, e na sociedade. Assim como contribuir com o
debate em torno das questões que envolvem a população afrodescendentes no Brasil, em
particular partindo da análise da Constituição de 1988, LDB e da lei 10.639/03, que traz novas
perspectivas de melhorias e direitos aos temas africanos no campo educacional nos livros
didáticos. Formulamos um questionário para aplicar aos alunos do segundo ano do nível médio
na Escola CPMG Waldemar Mundim onde pontuaremos o nível de conhecimento dos discentes
sobre História Africana, buscaremos a partir de perguntas simples verificar nos alunos seu ponto
de vista e que informações já possuem sobre o continente. Acredita-se que a discussão dessa
temática se faz necessária, principalmente para analisarmos por que a História Africana é vista
pela sociedade como uma história marginalizada e estereotipada, além, da ausência de
conteúdos nos livros didáticos, deficiência na formação de Professores nas Universidades, e
dos saberes das culturas Africana.
Palavras-chave: Diversidade Cultural; História da África; Étnico-raciais.
ISABEL DE CASTELA E SUA ÉPOCA
Célia Maria dos Santos Barbosa (PUC-GO)
O casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão no ano de 1469 marcaria o nascimento
de uma unificação espanhola, essa união mudaria para sempre a Península Ibérica. Em 1474,
os Monarcas Isabel de Castela e Fernando de Aragão assumiram juntamente o trono de Castela,
após a morte do meio irmão de Isabel, o rei Henrique IV, ainda que o estabelecido antes do
casamento, Fernando não pudesse intervir nos assuntos internos de Castela. Após a coroação
de Isabel, Castela passou por uma guerra de sucessão, a “filha” de Henrique IV, a princesa
Joana La Beltraneja reivindicava o trono de Castela com o apoio de alguns nobre castelhanos e
do seu tio o rei de Portugal Afonso V. Com a derrota das tropas portuguesas na batalha do Toros
pelo exército de Isabel de Castela e Fernando de Aragão chegou ao fim à guerra de sucessão, e
em 1479 foram assinados os termos de paz entre Castela e Portugal, no tratado o rei de Portugal
renunciava as suas pretensões ao trono de Castela e a princesa Joana La Beltraneja abriria mão
de seus direitos de sucessão ao trono. Com o fim da disputa pelo trono Isabel de Castela começa
a difícil tarefa de unificar o território de Castela, através reconciliações com a nobreza que se
opôs a sua ascensão ao trono.
Palavras-chave: Casamento; poder.
A ESTÉTICA DA CATÁSTROFE: O ACIDENTE DOS ROMEIROS EM 1998
Edson da Silva Fonseca (UEG)
Análise dos monumentos-catástrofes relacionados aos acidentes automobilísticos em Goiás,
com ênfase no monumento aos romeiros, em Anápolis-GO. O Monumento foi erguido no ano
72
2000 em homenagem às vítimas de um Acidente de ônibus na Rodovia Anhanguera, em 08 de
Setembro de 1998, que vitimou 58 romeiros anapolinos que voltavam de uma excursão religiosa
em Aparecida do norte, este acidente é considerado um dos mais graves acidentes
automobilísticos do Brasil.
De abordagem teórico-investigativa, o termo sublime Será utilizado para a explanação da
estética da catástrofe, que terá como objetivos principais: Conhecer os aspectos culturais e
estéticos envolvidos na criação de monumento; Analisar os diversos formatos estéticos dos
monumentos-catástrofes relacionados aos acidentes automobilísticos, se eles representam
figuras humanas, figuras concretas ou figuras abstratas e comparar o monumento em
homenagem aos romeiros, em Anápolis, com outros monumentos-catástrofes relacionados a
acidentes automobilísticos em Goiás.
A presente proposta se justifica tendo base o que Oliveira (2008) nos afirma “Se a representação
das catástrofes pela arte é possível e legítima, é preciso, então, analisar a especificidade desta
representação”.
Palavras-chave: Estética da catástrofe; Sublime; Monumento-catástrofe.
O BREVILÓQUIO SOBRE O PRINCIPADO TIRÂNICO DE GUILHERME DE
OCKHAM
Eduardo dos Santos Carvalho Lima (UFG)
No fim do período medieval a autoridade do poder papal se encontrou enfraquecida,
consequentemente sendo atacada sobre seu poder espiritual e temporal. Em tais circunstâncias,
em 1380, Guilherme de Ockham foi perseguido pelo papa em Avignon, sede do papado, sendo
forçado a fugir. Após a sua fuga, o frade franciscano começa a escrever sobre o poder temporal
e as leis, defendendo que tal poder pertencia ao imperador e não ao papa.
Para esse propósito Guilherme de Ockham escreve o seu brevilóquio sobre o principado
tirânico, tendo como base argumentativa as Sagradas Escrituras. Em sua tese toda a autoridade
do papa está sobre a autoridade espiritual, como Cristo imbuiu ao apóstolo Pedro, mas
excluindo o governo sobre os homens e suas propriedades terrenas, já que tal poder não se opõe
a lei de Deus. Tal poder temporal também foi confiado a cristãos e não cristãos desde os tempos
antigos, pois assim está escrito que Deus governa a todos e coloca e tira toda a autoridade.
Portanto, todo o direito de governar é apenas do povo, sendo representado pelo imperador.
Palavras-chave: Guilherme de Ockham; poder temporal; autoridade do poder papal.
ROMARIA DE MULADEIROS DOS DEVOTOS DO DIVINO PAI ETERNO
(MUNICÍPIO DE JANDÁIA)
Euripedes Pereira Guimarães Filho (PUC-GO)
A presente comunicação busca descrever aspectos históricos relevantes dos tropeiros devotos
do Divino Pai Eterno, que a mais de quatro décadas, reúnem-se para percorrer um trajeto de Fé,
os muladeiros, montados em mulas e burros que mantem viva a cultura e as antigas tradições
dos tropeiros.
73
O grupo é composto de muladeiros do município de Jandaia Goiás e região vizinha, para dar
início à romaria, é realizada uma missa campal na sede da fazenda Capivari; após receberem as
bênçãos do padre iniciam-se mais uma jornada de fé.
Busca-se compreender a importância das tradições religiosas e fazer uma análise histórica, do
significado e significância dessas tradições para os romeiros na construção das identidades e
memórias culturais.
Palavras-chave: Identidades; Tradições; Territorialidades.
REPRESENTAÇÕES DA MODA E DA MULHER NA SEGUNDA METADE DO
SÉCULO XIX VISTAS POR BAUDELAIRE
Felipe Marques Costa (UFG)
Baudelaire cunhou o termo “modernidade” para falar da experiência efêmera nas nascentes
metrópoles urbanas do século XIX. O termo aparece no ensaio o Pintor da vida moderna que
publica em 1863 no jornal parisiense Le Figaro. Neste mesmo ensaio Baudelaire elege, para
falar do belo e do efêmero, a moda que no século XIX tem seu auge. Período marcado por
violentas transformações históricas, sociais, culturais e econômicas, o século XIX marca a
mudança na relação do homem com o tempo. Mudanças verificáveis facilmente no cenário
urbano onde as revoluções tecnológicas, como a invenção da fotografia e do cinema, misturam
com o surgimento do fenômeno de massa da Moda. Baudelaire associa a moda a um esforço
particular para alcançar a beleza e é nas ruas, espaço social da aparência, que ela pode ser vista
e vivida em sua plenitude. Como fenômeno liga por excelência à modernidade a moda pode ser
mais bem estudada a partir de sua fixação como fenômeno de massas no século XIX. O século
em que os centros urbanos se expandem e a modernidade realmente transforma a vida das
pessoas que neles vivem. Se paris é a capital do século XIX, capital da cultura e da moda sua
mulher, a parisiense, seria o que melhor representaria a modernidade e a beleza.
Palavras-chave: Moda; Mulher; Baudelaire; Modernidade.
PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO NA PUC GOIÁS: ENFRENTAMENTO
COMO FORMA DE BUSCA DE UMA CULTURA DE PAZ
Felipe Silva de Freitas (UFG/PUC-GO)
A década de 2000, foi marcada pela grande expansão das Universidades públicas e particulares,
com esta expansão as universidades tornam-se espaço de interação entre estudantes de diversos
capitais culturais. Esta interação consequentemente, em grande parte resulta em atos de
preconceito e discriminação. A atual pesquisa busca identificar se no ambiente da PUC Goiás
é recorrente a ocorrência de atos de preconceito e discriminação como forma de possibilitar
uma solução para a busca de uma cultura de paz e de um ambiente mais agradável para
convivência entre os indivíduos com diferentes capitais culturais. A pesquisa se divide
metodologicamente em quatro etapas: a primeira consiste em leitura da bibliografia referente
ao tema do preconceito e discriminação, a segunda consiste em um levantamento quantitativo
através da aplicação de um questionário com uma amostra do curso de História da PUC Goiás,
a terceira consiste na realização de grupos focais para a identificação de como xs estudantes
percebem os atos de preconceito e discriminação, e a quarta etapa consiste na criação de
74
mecanismos de combate ao preconceito e discriminação na produção de um material gráfico.
Os resultados obtidos até então nos apontam a recorrência frequente de atos de preconceito e
discriminação nas dependências da PUC Goiás, sendo assim a necessidade da pesquisa é
efetivada.
Palavras-chave: Preconceito; Discriminação; Universidade; Enfrentamento.
RANKE X DILTHEY: O HISTORICISMO ALEMÃO EM DEBATE
Fernando Fernandes de Alencar (UFG)
Esta análise é uma abordagem de perspectiva bibliográfica no campo da Teoria da História.
Nosso objetivo é o diálogo entre dois intelectuais alemães vinculados ao historicismo do século
XIX. A partir do cruzamento de historiadores brasileiros como José Carlos Reis e José D'
Assunção Barros, buscaremos contrapor o modelo de historicismo defendido por Leopold Von
Ranke e Wilhelm Dilthey. Apesar de inseridos no panorama do historicismo de modo geral,
possuem perspectivas amplamente diferenciadas no campo epistemológico. A crítica rankeana
foi produzida pela historiografia no decorrer do século XX, contudo, os estudos de Dilthey só
agora estão sendo traduzidos no Brasil. Isso gerou leituras incongruentes com as reais propostas
destes autores, inclusive aproximando equivocadamente o historicismo rankeano do
positivismo francês. O debate tenso travado entre estes dois autores gerou caminhos muito
diferenciados sobre o fazer História, de um lado, em uma perspectiva mais pragmática,
vinculada às questões de método estava Ranke e, de outro, mais voltado para os aspectos da
subjetividade do historiador, baseando-se em suas experiências vividas, estava Dilthey. Estas
diferentes argumentações são importantes para ilustrar a riqueza do historicismo do século XIX
e a sua contribuição para a conformação do campo da História.
Palavras-chave: Teoria da História; Historicismo; Leopold Von Ranke; Wilhelm Dilthey.
HISTÓRIA E LITERATURA: CONSUMO DE LITERATURA DISTÓPICA E
FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA ENTRE ESTUDANTES
SECUNDARISTAS DE JATAÍ – GOIÁS
Igor da Silva Roviro (UFG)
A proposta desta pesquisa é identificar o consumo de literatura de características distópicas
entre estudantes secundaristas de Jataí, Goiás, problematizando a atuação desses romances na
formação da consciência história dos estudantes. A literatura caracterizada como distópica
emerge na primeira metade do século XX, em larga medida, como expressão de um sentimento
de apreensão em relação à passagem do tempo, isto é, certo medo do futuro. Desde as chamadas
distopias clássicas, como Admirável mundo novo (1932), de Aldous Huxley e 1984 (1949), de
George Orwell, até as ditas distopias juvenis, como Jogos vorazes (2008-2010), de Susanne
Collins e Divergente (2011-2014), de Veronica Roth. Ao mesmo tempo em que essas narrativas
expressam elementos para a compreensão do tempo em que foram e são produzidas, elas nos
permitem identificar de que modo se recepcionam, entre os leitores, os “prognósticos” de tempo
(KOSELLECK, 2006 e 2014), que são expressos nelas, permitindo-nos apreender a dimensão
propositiva que a literatura pode oferecer à realidade histórica. Isso nos possibilita identificar
75
entre os consumidores de narrativas distópicas aquilo que o historiador Jörn Rüsen chama de
consciência histórica.
Palavras-chave: Literatura distópica; Prognósticos de tempo; Consciência Histórica;
Estudantes secundaristas.
O IMAGINÁRIO MEDIEVAL NOS RELATOS DE VIAGEM: MARCO POLO E
JEAN DE MANDEVILLE
Isabela Rodrigues Fernandes (UEG)
O mito do Reino de Preste João surgiu provavelmente durante o século XII, e influenciou a
imaginação dos viajantes por gerações. Os livros de viagens medievais são um reflexo de
narrativas produzidas com o objetivo de relatar lugares percorridos, reais ou imaginados. Por
este motivo são multifacetados. Os relatos eram compostos por mercadores, aventureiros,
missionários e peregrinos como é o caso de Jean de Mandeville e Marco Polo. As viagens de
Mandeville é considerada uma composição imaginária, que tinha por objetivo descrever uma
síntese do oriente conhecido e sonhado. Marco Polo, por sua vez escreve um Livro das
Maravilhas, uma narrativa em grande parte sobre o Império Mongol. Nestes relatos o
maravilhoso é representado por lugares utópicos, mitos de caráter bíblicos, englobando o
paraíso terrestre, onde Polo afirma ter encontrado o Reino de Preste João. O imaginário
medieval é riquíssimo e produziu um saber sobre as terras do oriente, sendo revivido na
expansão marítima.
Palavras-chave: Imaginário; Viagens.
O LEGADO DE NÍSIA FLORESTA PARA AS CONQUISTAS FEMINISTAS
Jéssica Marques da Costa (UFG)
Em 2017, o feminismo foi um dos termos mais pesquisados da internet. O debate acerca das
questões gênero em busca da equidade é atual e necessário, visto que o machismo ainda submete
mulheres a violências diárias. No Brasil do século XIX, a situação feminina na sociedade era
ainda mais permeada de situações de submissão. Uma mulher contemporânea desse contexto
imperial quebrou paradigmas ao sair dos padrões impostos de mulher do lar. Dona da frase
“nada nos foi dado, tudo foi conquistado”, Nísia Floresta foi à primeira mulher
comprovadamente feminista do Brasil. Este trabalho consiste no legado dessa mulher ao
feminismo, a partir da pesquisa de sua história, principalmente no viés da educação. A análise
consiste nos livros escritos por Nísia como, Conselhos a Minha Filha, Opúsculo Humanitário,
e da tradução da obra de Mary Wollstonecraft, Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens,
além de estudos a respeito da escritora, feitos por pesquisadoras como, Constância Duarte e
Laura Sanchez.
Palavras-chave: Feminismo; Equidade; Machismo; Educação.
76
A ARTE SACRA DE FREI CONFALONI (1917-1977)
Joana Batista do Carmo (UEG)
Esta pesquisa pretende discutir a arte de Frei Nazareno Confaloni, destacando sua arte sacra.
Pintor, desenhista e muralista italiano Confaloni estudou com Felipe Baccio, Maria Bacci e
Primo Conti, quando então entrou para a Ordem Dominicana em Florença, Itália. Em 1950,
Cândido Penzo o convidou para pintar 15 afrescos da Igreja do Rosário em Vila Boa (atual
Cidade de Goiás), onde permaneceu pároco. Começou aí a introduzir outras técnicas em suas
obras, como o afresco. Em 1952, Frei Confaloni mudou-se para Goiânia, onde além de exercer
a atividade religiosa, dedicou-se também à pintura com a mesma temática, dando destaque à
figura humana. Trabalhou intensamente na projeção e construção da Igreja São Judas Tadeu,
de 1959 e 1965. Foi o professor responsável pela fundação da Faculdade de Arquitetura da
Universidade Católica de Goiás (na época UCG). Suas obras na grande maioria possuem traços
fortes, que mostram diferentes tipos humanos, com a valorização de cores e traços marcados,
destacando sempre o sentimento vivido na idealização de cada obra. O estimado artista teve
uma grande relevância na história das artes do Estado de Goiás.
Palavras-chave: Frei Confaloni; arte sacra.
HISTÓRIA E TEATRO EM AUGUSTO BOAL: O TEATRO DO OPRIMIDO
João Vitor dos Reis (UFG)
Os historiadores, no Brasil, que trabalham com a metodologia que envolve as pesquisas da
História Cultural e Artes Dramáticas tem, nos últimos anos, se voltado para os textos dramáticos
e produções cênicas que trazem representações dos acontecimentos sócio-políticos e
econômicos da década de 1960. Período do Regime Militar onde ocorreram várias
manifestações artísticas como forma de oposição ao Governo Militar. Entre os dramaturgos e
encenadores que se destacaram neste período destaca-se Augusto Boal que juntamente com
Gianfrancesco Guarnieri produziu espetáculos teatrais como Arena Conta Zumbi e Arena Conta
Tiradentes. A partir das experiências vividas com o teatro deste período, em 1975, Augusto
Boal lança uma síntese conhecida como Teatro do Oprimido (TO) onde se pretende dar voz e
ação ao que nominou de espect.-ator. Com uma temática política, o Teatro do Oprimido não
busca apenas conscientizar, busca também levar o espectador a propor soluções para seu
cotidiano através das cenas teatrais. Queremos dar contribuição à historiografia do tema em
geral que envolvem a relação História e Teatro. Assim poderíamos enfatizar a origem do
sistema Teatro do Oprimido e a ação de seu criador, pois “eu creio que o teatro não é
revolucionário em si mesmo, mas certamente pode ser um excelente “ensaio” da revolução”
(BOAL: 1991, p. 138-139).
Palavras-chave: Historia; Teatro; Boal; Arte; Teatro do Oprimido.
77
CARTAS DE ALFORRIA EM JATAÍ 1872-1888
Lucas Rodrigues do Carmo (UFG)
A pesquisa tem por objetivo analisar as cartas de alforria encontradas nos livros de notas do
Cartório de Notas 1º Ofício de Jataí. A documentação abrange o período de 1872-1888. Por
meio da análise das fontes, pretende-se elucidar questões concernentes a relação entre senhores
e escravos tais como: estratégias utilizadas por ambos na negociação da liberdade e formas de
alforrias concedidas, bem como, traçar o perfil do liberto em Jataí: idade, sexo e procedência.
Intenta-se, com isso, perceber a dinâmica da escravidão nesta região da província de Goiás,
dialogando com a historiografia produzida sobre o tema nesta e em outras regiões do país.
Palavras-chave: Escravidão; Alforria; Jataí.
HISTÓRIA DAS DOENÇAS ERRADICADAS NO BRASIL: POLIOMIELITE
Maisa Alessandra Costa (Faculdade Anhanguera de Anápolis)
A poliomielite é uma doença infecto-contagiosa aguda que pode levar à paralisia infantil, esta
doença é causada pelo poliovirus que é transmitido de maneira direta e se hospeda no intestino.
Existe atualmente dois tipos de vacinas, uma com o vírus vivo atenuado que é aplicada via oral,
e a outra com o vírus inativo administrada preferencialmente intra muscular. Ambas vacinas
contêm poliovirus que nos esquemas recomendados são altamente imunogênicas e eficazes na
prevenção da poliomielite. A partir de perspectivas engendradas, destaca-se que em 1961 foram
realizadas as primeiras campanhas de vacinação oral contra a doença, e em 1980 marcou-se o
início dos Dias Nacionais contra a paralisia infantil no Brasil, e apenas em 1994 que o país
recebeu o certificado de erradicação da doença. Enquanto já existiam estudos avançados nos
Estados Unidos que o levou a erradicação da doença em 1980. Dessa forma, busca-se nesse
trabalho compreender em qual contexto histórico o Brasil estava inserido em relação ao mundo,
no que diz respeito ao estudo da Poliomielite, e como isso afeta a população até hoje de maneira
social e biológica, dificultando a erradicação de outras doenças. Esse estudo se dará através do
método bibliográfico.
Palavras-chave: Poliomielite; Sociedade; Saúde Pública; Imunização; Erradicação.
FRANCISCO DE ASSIS: A RESIGNAÇÃO DE UM SANTO
Maria Eduarda Oliveira (UEG)
O século XII é marcado por um desenvolvimento demográfico e econômico, que reconfigurou
a sociedade medieval. O cenário inicial desse desenvolvimento é o centro de poder representado
pelas cidades, caracterizadas por um fluxo crescente de comércio, redesenhado por nuances de
liberdade conquistada por um grupo comercial em contraste ao poder tradicional. As
desigualdades recriadas por esta nova sociedade determinaram a premência de readaptação da
Igreja. Com a reforma gregoriana, surgem novas ordens religiosas, dentre elas os Umiliati que
esperavam alcançar uma comunidade espiritual, por meio de obras ativas. Francisco de Assis
responde a essa espera de seus “contemporâneos”? Este personagem, de suma importância para
78
a Igreja, que o canonizou dois anos após sua morte, corresponde ao Francisco de ações
insubmissas dos Umiliati? A Igreja avalizou seus atos, suas ideias, ou reconfigurou sua
trajetória, pela importância de sua atuação na época medieval? Este trabalho de pesquisa, tem
por objetivo mostrar a face deste personagem, que se tornou um dos principais santos da Igreja
Católica.
Palavras-chave: São Francisco de Assis; Idade Média; Ordens Mendicantes.
SÃO BOAVENTURA E A VIDA DO "POBRE DE ASSIS”
Maria Eduarda Ribeiro Nobre (UEG)
Filho de um grande comerciante da cidade de Assis, o "Pobre Assis" teve uma vida dedicada à
caridade, a simplicidade e a castidade. Francisco de Assis é um dos personagens mais
conhecidos da Idade Média. Uma de suas hagiografias, mais importantes foi composta por São
Boaventura, cujo nome de batismo era Giovanni de Fridanza. Em sua juventude São
Boaventura, viveu em Paris sendo acolhido na Ordem Franciscana, em 1243. Aos 35 anos se
tornou superior da Ordem, onde realizou muitas obras. São Boaventura foi escolhido para
escrever a Legenda Maior, que foi por longo tempo considerada a biografia oficial sobre
Francisco. A hagiografia foi escrita em um conturbado momento da Ordem dos Frades
Menores.
Palavras-chave: hagiografia; São Francisco; São Boaventura; Idade Média.
A ESTIRPE DE ÓÐINN NA ESCANDINÁVIA MEDIEVAL: ASPECTOS
CULTURAIS E RELIGIOSOS NA SOCIEDADE VIKING
Max Henrik Marquezan Silva (UEG)
A religiosidade viking tem um papel fundamental para o entendimento da sociedade nórdica.
A economia, a política, o eixo social, enfim, tudo que envolve esses povos é diretamente
influenciado pela mitologia pagã. Ao mesmo tempo que o paganismo nórdico dita as ações e
os costumes do povo, essa religião é construída a partir do princípio da necessidade, seja na
caça, na agricultura, na pesca ou nas pilhagens, os deuses sempre são invocados em auxílio, por
meio de rituais e sacrifícios. Da mesma forma que a mitologia grega, a mitologia nórdica abarca
inúmeros deuses, cada qual com sua função obrigatória no panteão. Existem deuses da
agricultura, da fertilidade, mas principalmente, na Era Viking, percebemos a frequência de
deuses guerreiros. Nesse ponto entra a questão: A influência de deuses soldados, a mítica da
“Fúria Odínica”, possibilitou a formação de uma sociedade guerreira, ou uma sociedade que
tem em seu eixo central a guerra criou esses deuses combatentes, conforme a sua necessidade?
Este questionamento é de suma importância para decifrar os enigmas da Era Viking pré-cristã
e compreender a relevância do panteão, para a sobrevivência deste povo.
Palavras-chave: Escandinávia; Cultura; Religião.
79
A ESTÉTICA DA CATÁSTROFE: O SISMO DE LISBOA 1755
Mayara Monteiro Guimarães (UEG)
Analise da catástrofe de Lisboa será feita a partir do Convento do Carmo inaugurado em 1423,
praticamente destruído pelo o sismo em Lisboa no ano de 1755, em que apenas seus alicerces
mantiveram- se intactos após o sismo. De abordagem teórica e investigativa, os termos “sublime
e grotesco” serão utilizados para a explanação da estética da catástrofe, abordando mentalidade
e a postura tomada pela sociedade portuguesa que passava por transformações políticas e
intelectuais.
O Sublime é um termo que foi utilizado por Burke para explicar o sentimento e a arte, de
abordagem e esclarecimento específicos no campo filosófico e artístico, este termo é o resultado
das mais fortes emoções que um ser humano será capaz de sentir como: a morte e o prazer. Já
o grotesco, nas artes, pode ser considerado um rebaixamento que tem por finalidade a
irreverência, o desrespeito, o nojo e até o riso.
Portanto, apoia- se na afirmação de que a estética das catástrofes é uma representação da dor e
do sofrimento, com diversas finalidades, como, a formação de identidades, através da busca
pela memória do passado. Essas representações levarão a um apontando da “consciência de
historicidade”, ou seja, um reforço da memória do passado.
Palavras-chave: Estética da catástrofe; Sublime; Grotesco.
JOÃO CALVINO E A CRÍTICA À VENERAÇÃO DE RELÍQUIAS
Millena Gabrielle Costa (UEG)
As relíquias são objetos de veneração no âmbito de uma religião, sendo elementos construtores
de espiritualidade podem ser objetos pessoais ou partes do corpo de um santo, ou personagem
considerado sagrado. Para o protestantismo essas práticas são desaprovadas. Sendo assim, na
segunda metade do século XVI, João Calvino, teólogo cristão, com bastante influência na
Reforma Protestante, procurou demonstrar a hipocrisia que caracterizava esta veneração. Em
seu Tratado das Relíquias, ele enfatiza o exame destes objetos, ressaltando sua natureza falsa
e idólatra, além de criticar a presença simultânea das mesmas relíquias em igrejas e cidades
diferentes. Ademais, a própria natureza e a possibilidade de existência destas representações
apresentam, para ele, caráter duvidoso. Nosso objetivo é discutir quais seriam as principais
críticas do reformador sobre a natureza dos vestígios sagrados.
Palavras-chave: Relíquias; protestantismo; João Calvino; veneração.
LEI PARA COMERCIALIZAÇÃO DE CARNE NA CIDADE DE GOYAZ NA
SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX
Naelma Mendes do Nascimento (UFG)
O objetivo de trabalho é analisar a imposição e fiscalização de um conjunto de leis responsável
por regulamentar e disciplinar a postura das pessoas no cotidiano da Cidade de Goiás, na
segunda metade do século XIX, em especial uma resolução com data de execução no ano de
80
1856, que atribuía exigências determinando as condições e manejo para a comercialização de
carnes nas ruas públicas da cidade. Criado no início do XIX, o código de postura possuía um
caráter jurídico e o objetivo de organizar vários segmentos da sociedade. Autoridades
administrativas da Província de Goiás (médicos, engenheiros, sanitaristas e políticos)
preocupados com a higiene da cidade providenciaram decretos, leis e projetos para que
resolvessem, ao menos em parte, a questão do espaço público. Direcionaram mais atenção para
hábitos e costumes, que refletiam na saúde dos populares, contribuindo para a mudança no
cenário social e para que epidemias de doenças não se dispersassem entre o povo.
Palavras-chave: Código de Postura; Higiene; Comercialização; Saúde.
UM ENCONTRO NA RUA: BAUDELAIRE E BENJAMIN
Nivaldo Sgobero Júnior (UFG)
Neste trabalho, através do estudo das biografias, procuraremos aproximar e distanciar Charles
Baudelaire (1821-1867) e Walter Benjamin (1892-1940). Ambos vivenciaram a efervescência
da metropolização das cidades europeias. O encontro entre o poeta e o intelectual irá ocorrer
através das visões entrelaçadas sobre as ruas, avenidas, galerias, que estão inseridas no contexto
das reformas urbanas que as cidades – capitais europeias – passam a sofrer a partir da segunda
metade do século XIX. Baudelaire viveu na Paris oitocentista quando a cidade passava por
diversas transformações estruturais e sociais, sendo configurado um novo modelo de
mobilidade urbana. Benjamin viveu na Berlim pós-primeira guerra, cidade que durante a década
de 1920 experimentou uma grande agitação cultural e foi caracterizada como a metrópole
europeia do período. Benjamin estudou e traduziu diversas obras de Baudelaire, presenciando
em seus poemas a maneira singular como este via e vivia a modernidade. Nessa perspectiva, a
biografia dos dois intelectuais relaciona-se em vários pontos. Vale ressaltar que através de
diferentes aspectos tanto Baudelaire quanto Benjamin, recusavam a ideia de progresso, e tinham
o desejo ardente de que o mundo percorresse outra direção.
Palavras-chave: História; Baudelaire; Benjamin; Modernidade.
ESMERALDO DE SITU ORBIS E A EXPANSÃO PORTUGUESA (SÉCULO XVI)
Rafael Oliveira Faria (UEG)
Este livro é um registro importante da expansão marítima portuguesa, no qual aborda
objetivamente sobre a náutica e geografia marítima, englobando águas navegadas por Portugal
no começo do século XVI, em especial os mares da costa africana. O autor do livro foi Duarte
Pacheco Pereira (1460-1533), capitão e navegador português. Sua marca foi registrada pelo
tratado de geografia Esmeraldo de Situ Orbis, sua grande obra, e nosso objeto de estudo. Este
é um roteiro de viagem, escrito entre 1505 e 1508. Neste roteiro aborda especificamente sobre
dados numéricos das viagens: distâncias, profundidades e latitudes, no qual orienta os
marinheiros sobre a parte técnica da navegação. Contudo, Duarte Pacheco Pereira, era um
técnico de navegação além de marinheiro, função indispensável nas viagens ultramarinas.
81
Essa obra foi um grande feito para a história de Portugal e para a história moderna como um
todo, pois nela está caracterizado uns dos maiores passos para a consolidação da expansão
europeia.
Palavras-chave: geografia; livro; Portugal.
A CONTRIBUIÇÃO DE AMÁLIA HERMANO TEIXEIRA PARA A PRESERVAÇÃO
DA NATUREZA
Rita Castorina Gonçalves Gundim Lemes (UEG)
Tendo seu nome grafado na história de vários movimentos importantes no Estado de Goiás,
Amália Hermano Teixeira, professora, advogada, escritora, entusiasta do cultivo de orquídeas,
autodidata de campos como a botânica, nascida em 1916 na cidade de natividade, à época
pertencente ainda ao território de Goiás (na atualidade compõe o quadro dos municípios de
Tocantins), a vida e trajetória desta mulher muito pode contribuir para se conhecer aspectos da
historicidade regional. Pesquisas de caráter biográfico tem evidenciado que Amália Hermano,
insta como umas das pioneiras no que tange questão ecológica no espaço, no tempo e na
sociedade da qual fez parte, sendo que faleceu em 1991. O trabalho realizado, busca apresentar
algumas informações sobre a relação da personalidade biografada e a defesa da causa ambiental.
No tocante à sua prática jornalística é possível encontrar textos que deixa a mostra seu
envolvimento em prol do bioma cerrado, destacando a beleza e relevância da flora regional.
Enquanto educadora, implantou e coordenou os clubes agrícolas em seu estado. Deste modo,
espera-se que ao se empreender conhecer a vida de Amália, seja possível visualizar suas
contribuições para a contextura da história da dimensão ecológica de Goiás.
Palavras-chave: Defesa da natureza; Amália Hermano Teixeira; Bioma Cerrado.
A DINASTIA DE AVIS EM SUA DIMENSÃO SIMBÓLICA: RELÍQUIAS E CULTO
AO INFANTE SANTO
Taís Nathanny Pereira da Silva (PUC-GO)
Para dar sequência ao projeto de expansão e proteger Ceuta era necessário que ocorresse a
ocupação de mais praças no norte da África. Após trinta e sete dias de luta, a surpreendente
derrota portuguesa aos mouros impediu o êxito da empreitada. Sem opções, as exigências
mouras foram acatadas e uma delas era que “Como garantia da entrega de Ceuta, assim como
todos os seus cativos, ficaria refém o Infante Dom Fernando acompanhado por um pequeno
grupo.” (Moreira, 2009) A crise de sucessão ao trono após a morte do rei Dom Duarte em
Tomar, em 1439, impediu o progresso nas negociações referentes à libertação dos cativos.
Fazendo com que assim, como consequência, Dom Fernando assumisse seu cativeiro com
resignação cristã, morrendo em Fez em 1443.
Palavras-chave: Infante; Ceuta; Dom Fernando.
82