Post on 20-Oct-2015
UNIDADE 2
A GLOBALIZAÇÃO E A REGIONALIZAÇÃO ECONÓMICA DO MUNDO
2.1 A Mundialização Económica
2.1.1 A mundialização económica: noção e evolução
Representa a intensificação das relações económicas e a sua realização
à escala do planeta e compreende o conjunto das trocas entre as
diferentes partes do globo.
Descobrimentos;
Colonização.
Atualmente o processo constante de construção da Mundialização
Económica tem sido:
A progressiva intensificação das relações comerciais;
Novas formas de organização do processo produtivo.
A Mundialização representa a busca de melhor produtividade dos
fatores de produção, melhores condições sociais, culturais e politicas a
nível mundial.
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Realidade abrangente (económica, cultural, social e política)
Realidade com uma forte componente de trocas;
Ultrapassa regimes e ideologias;
Busca constantemente de melhores desempenhos económicos
Maior produtividade;
Maior crescimento do PIB.
Crescimento e mobilidade dos capitais
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Mundialização: Evolução
Podemos identificar a mundialização como um processo em constante
construção, no qual podemos identificar, hoje duas linhas de orientação:
A progressiva intensificação das relações comerciais;
As novas formas de organização do produto
Em síntese podemos referir que a mundialização:
Compreende o conjunto das trocas entre as diferentes partes do globo,
fazendo do espaço mundial o lugar das transações da humanidade;
É uma realidade contemporânea que ultrapassa os regimes e as
ideologias, apesar de refletir o estado das forças, das ideias e dos
sistemas técnicos em funcionamento.
A 1ª Europeização Do Mundo ➤Potência Dominante ➤Europa
O fenómeno da europeização corresponde à influência da Europa no
Mundo. A Primeira Europeização do Mundo corresponde ao período da
colonização europeia dos territórios ocupados, associado aos
Descobrimentos.
O centro impulsionador e coordenador da economia mundial passou de
Portugal e de Espanha no sec. XV e XVI para a Holanda no sec. XVII e
para o Reino Unido nos seculos XVIII e XIX. Ao longo deste domínio
colonial, as culturas locais foram progressivamente destruídas e
substituídas por aspetos da cultura europeia.
A crescente influência da Europa no Mundo é designada por
europeização.
A 1ª Revolução industrial ➤Potência dominante ➤Reino Unido
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Decorre entre 1760 e 1875, provocou a alteração de introdução de
alterações significativas, em bens, processos, modelos organizativos no
posicionamento das empresas dos países.
O processo de inovação tecnológica caracterizou-se pela utilização das
energias provenientes do carvão e do vapor e pela utilização da
máquina a vapor e do teor mecânico.
A aplicação de novas fontes de energia possibilitou a criação de uma
rede de caminhos de ferro, facilitando deslocação das mercadorias e
das pessoas.
A 1.ª RI provocou o crescimento da produção e a melhoria das
condições de vida, ainda que de forma bastante precária. A descoberta
da vacina antivariólica, pelo inglês Jenner, em 1798, contribuiu para o
rápido crescimento da população. Acompanhando o crescimento
populacional, assistiu-se à concentração urbana. Por um lado, as
transformações agrárias libertam trabalhadores e, por outro, a
mecanização da indústria exige a concentração dos trabalhadores.
Desta forma, cresciam os bairros de operários e com eles amontoava-se
a miséria.
O Reino Unido liderou a 1.ª RI; só em 1900 a Austrália e os EUA
apresentam um Produto per capita superior ao do Reino Unido. O
processo de industrialização liderado pelo Reino Unido rapidamente se
propagou aos países europeus e só posteriormente atingiu os EUA, o
Canadá e a Austrália.
A 2ª Revolução Industrial ➤Potência Dominante ➤ Europa
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Ocorreu a partir de 1887, período em que assistimos ao declínio do
capitalismo concorrencial e individualista. A 2ª Revolução Industrial
caracteriza-se pela utilização da energia proveniente da eletricidade e
do petróleo e pela utilização de inventos, como motor de explosão, o
telefone e os corantes sintéticos ou o aço. Esta revolução é o resultado
da ligação da ciência e da técnica com o laboratório e a fábrica.
A busca da rendibilidade industrial (elevados lucros) conduz a novas
formas de organização das empresas e de concentração empresarial: é
a época do capitalismo financeiro.
A competição deixa de ser concorrencial e passa a fazer-se entre
empresas de grande dimensão, os mercados são dominados por
empresas monopolistas ou oligopolistas.
A 2ª Europeização do Mundo
Intensificação do colonialismo europeu;
Intensificação da divisão internacional do trabalho;
Reforço da emigração;
Novos concorrentes internacionais.
2.1.2 A aceleração da mundialização económica a partir de 1945
A mundialização intensificou-se após a 2.ª Guerra Mundial. As novas tecnologias e o reforço da interdependência entre os diferentes países contribuíram para a construção de um mercado global.
A 3ª Industrialização
Desenvolvimento da informática e a conceção do computador
rapidamente se estendem às áreas de conhecimento: medicina,
produção, finanças, transportes.
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Com o desenvolvimento informático assistimos aos avanços nas
telecomunicações e no audiovisual, a informação ganha uma nova
velocidade e torna-se rapidamente ultrapassada.
Informática, telecomunicações, audiovisual dão origem às novas
tecnologias de informação e da comunicação. Com o desenvolvimento
informático assistimos aos avanços das telecomunicações e no
audiovisual, a informação ganha uma nova velocidade e torna-se
rapidamente ultrapassada.
As NTIC nos setores tradicionais da economia provocam:
Canibalização: destruição de vários setores de atividade.
Ex: impacto negativo da internet nos correios
Polinização: consiste na dinamização das empresas ao possibilitarem
novos métodos de organização
Ex: novos sistemas de comunicações interna e externa.
A 3ª Revolução Industrial
Inovação tecnológica;
Desenvolvimento informático;
Avanço nas telecomunicações e no audiovisual: biotecnologia e novas
matérias;
Intensificação das trocas;
Dependência económica crescente.
Neste contexto de intensificação das trocas e crescente
interdependência económica, são raros os produtos que apresentam
uma só nacionalidade. Os diversos bens são o resultado, na maior parte
das vezes, da montagem de componentes fabricadas em diversos
países. Muitos dos bens que utilizamos são produzidos por
multinacionais organizadas em redes por todo o mundo.
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Empresas Multinacionais e Empresas Transnacionais (ETN)
Empresas Multinacionais
De acordo com Nicole Dubois, as multinacionais são
empresas ou grupos de empresas privadas, juridicamente ligadas
umas as outras, exercendo as suas atividades e gerindo os seus
bens em Estados diferentes, mas segundo uma estratégia global
Para G. Bertin, a empresa multinacional é a empresa ou
grupos de empresas cujas atividades se estendem a vários países
e são concebidas, organizadas e dirigida à escala mundial ou pelo
menos plurinacional.
Aspetos:
As multinacionais, com a sua implantação em vários países e uma
política global de empresa que lhe permite ter uma atuação a nível
mundial independente dos territórios onde está instalado.
Multinacionalizar
Constitui na transferência e na deslocalização de recursos, trabalho e
capital de uma economia para outra economia.
A multinacional procura localizar cada função no local onde a
vantagem comparativa é maior, daí a dispersão geográfica das
empresas e a fragmentação dos processos produtivos.
Internacionalização
Significa participar no comércio mundial, na atividade de outras a partir de um espaço nacional.
Empresas Multinacionais
Procura vantagens como: a redução de custos, melhorando a sua qualidade que são indispensáveis para se manterem competitivas.
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Contribuem para a internacionalização e para a mundialização da economia
As multinacionais procuram obter outras vantagens comparativas decorrentes:
Da diferença salarial, possibilitando a revolução dos custos salariais noutros pontos do globo;
Da estrutura cada vez mais oligopolista do comércio mundial. As empresas têm de ter dimensão para poder competir;
Da utilização de acesso direto às matérias-primas ou bens primários, possibilitando a redução dos custos de aquisição das matérias e de transporte das mesmas.
Do contorno dos entraves ao comércio internacional, evitando obstáculos protecionistas, para isso localizando as filiais no interior dos espaços de integração económica.
Todas estas vantagens representam para a empresa formas de reduzir custos, melhorar a qualidade do bem ou lançar novos bens e são indispensáveis para se manterem competitivas nos mercados mundiais.
Principal característica da empresa transnacional é a sua dispersão geográfica paralelamente à sua capacidade de organizar atividades complexas numa escala multinacional.
Empresa Transnacional: organiza-se, tendo por base a concorrência mundial e a liberdade de mover os recursos. Em defesa dos seus interesses (mercados abastecedores e mercados consumidores), as transnacionais deslocam de uns países para os outros as filiais, mesmo contra os interesses dos Estados onde, até então, estavam instaladas.O poder destas empresas é significativo em termos económicos, financeiros e tecnológicos. Dispõem de elevada capacidade de obtenção de economias de escala e do desenvolver inovações. A sua implementação em múltiplos Estados permite-lhes sobrepor-se aos Estados nacionais na otimização dos recursos e na redução dos riscos.
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Internacionalização da Economia Mundialização Económica
Participar na atividade produtiva de outros países a partir do espaço mundial
Transferir e deslocalizar os fatores de produção de uma economia para outra
Intensificar as trocas de mercadorias, serviços, capitais, ideias e pessoas
Criar estruturas produtivas noutros países com recurso ao IDE (Investimento Direto Estrangeiro)
Intensificar as trocas a partir de fatores nacionais
Expandir o mercado interno a partir de fatores nacionais localizados em espaço multiterritoriais
Empresas transacionais (ETN)
São entidades jurídicas económicas e técnicas complexas; São firmas ou sociedades com um volume de negócios mínimo de
500 milhares de milhões de dólares, realizam mais de 25% da produção e das trocas filiais implantadas no mínimo por 6 países.
Aceleração da mundialização no período posterior a 1945
Está relacionada:
Para além dos avanços tecnológicos;Com: ● a reconstrução europeia japonesa no pós-guerra;● tentativa de liberalização das trocas a nível mundial;● integração regional e mundial.
Com o fim da 2.ª Guerra Mundial, e 1945, dá-se início à política de bolcos e duas lideranças emergem. De um lado, a liderança americana e, do outro, a liderança soviética.
Liderança no comércio Internacional
Século XIX ➤ Liderança da Europa até ao início do século XX
Século XX ➤ Liderança dos EUA a partir da Segunda Guerra Mundial
➤ Liderança tripartida: EUA, União Europeia e Japão
A reconstrução europeia e japonesa no pós-guerra – Intensificação da Mundialização Económica
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Fim da 2ª Guerra Mundial; Reconstrução europeia e japonesa; Ajuda dos EUA à Europa Ocidental: Através do Plano Marshall; Este plano foi apenas aplicado apenas aos países da Europa
Ocidental, os países da Europa de Leste recusaram a ajuda americana por influência da URSS;
Ajuda económica e financeira americana estendeu-se ao Japão.
✔ O auxílio concedido pelos EUA aos países da Europa Ocidental e ao Japão contribuiu para acelerar o crescimento da economia americana, tornando-se esta principal participante no comércio mundial de mercadorias e de capitais. Paralelamente, reforçou a sua esfera de influência no mundo, ao garantir importantes apoios e posições estratégicas político-militares.
✔ A partir de 1945, a Europa Ocidental perde a liderança no comércio e no investimento mundial e na capacidade de inovação.
✔ Entre 1945 e 1989, os EUA partilham a sua liderança com a URSS, mas, a partir de 1989, com a queda do muro de Berlim e o desmembramento da URSS, os EUA tornam-se a primeira potência económica e militar do mundo.
Um novo mapa político emerge na Europa:
● os novos Estados, com maior ou menor custo, passam de economias de direção central para economias de mercado;
● alguns deles passam, a partir de 2004, a ser membros da União Europeia, por exemplo, a Estónia, a Lituânia e a Letónia.
As tentativas de liberalização das trocas a nível mundial
No final da 2.ª Guerra Mundial, os países procuram:
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♦ maior liberalização das trocas mundiais;
♦ era preciso necessário evitar o protecionismo e criar condições para a definição de regras orientadoras do comércio mundial.
Assim, em 1947 é criado o
GATT: Acordo Geral Sobre as Tarifas e o ComércioCom o objetivo de criar um código de boa conduta para o comércio internacional;
O GATT sobreviveu até 14 de abril de 1994, altura em que foi constituída a ↓
OMC (Organização Mundial do Comércio) através do acordo de Marraquexe.
Pretende ser mais eficaz do que o GATT; Dispõe de mecanismos punitivos para os países infratores de
acordos
A OMC tem contribuído para o crescimento do comércio mundial através dos múltiplos acordos da liberalização do comércio ↓ redução progressiva de direitos aduaneiros
A nível mundial reforçou-se a interdependência económica, mas também o desenvolvimento de políticas que salvaguardem os interesses comuns entre países com graus de desenvolvimento diferentes.
Países como a Coreia do Sul, Taiwan, Singapura, a China, o Brasil e a Índia têm vindo progressivamente a aumentar a sua participação no comércio de elevado valor acrescentado e incorporação tecnológica.
A mundialização acelerada contribui para o rápido crescimento do comércio de mercadorias e de serviços.
Integração Regional e Mundial
O fenómeno da integração pode também ocorrer a nível regional.
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Integração regional – corresponde ao desenvolvimento solidário entre Estados. Corresponde ao relacionamento de natureza comercial, financeira, monetária, política e cultural entre os diversos Estados com o objetivo de aproximação dos níveis de vida das populações.A regionalização das trocas tem vindo a concretizar-se de várias formas:
● através de múltiplos acordos no âmbito do GATT/OMC (progressivas reduções aduaneiras)
● através de organizações económicas cujo funcionamento assenta em formas diferentes de integração (zonas de comércio livre, uniões aduaneiras, mercado comum, etc.)
Os fenómenos de integração regional têm contribuindo para:
Aumentar as trocas Intrarregionais e entre regiões; Interdependência entre países e entre blocos comerciais.
Vários exemplos de regionalização através da criação de organizações económicas:
EFTA: Associação de Comercio Livre; criada em 1959 através da convenção de Estocolmo, exclui dos acordos os bens agrícolas.
ASEAN: Associação das Nações do Sudeste Asiático; criada em 1967↓
A partir de 2002 constitui a AFTA - Associação do Comércio Livre da Ásia. Exclui a agricultura e comporta uma série de exceções para os bens industriais.
NAFTA - Associação do Livre Comércio da América do Norte; criada em 1992, como espaço de livre comércio das mercadorias, dos serviços e dos capitais, criou uma proteção especial para a propriedade intelectual. Esta zona de comércio livre exclui a circulação de pessoas.
CEE (Comunidade Económica Europeia)/UE (União Europeia), criada em 1957. Atualmente, a organização não se limita a questões de comércio externo e de natureza económica, a sua ação estende-se a áreas como a segurança interna e externa, os direitos sociais dos trabalhadores, etc.
MERCOSUL: Mercado Comum do Sul, criado em 1991 (constituição aduaneira em setores como agroalimentar, indústria automóvel e os serviços urbanos, produção de madeira, construção de grandes projetos de infraestruturas, etc.)
Para além destas zonas de comércio, existem acordos regionais de comércio livre:
● CNUCED: Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento; que decorreu pela primeira vez em Genebra, em 1964, e definiu como objetivos:
✔ a supressão dos obstáculos ao comércio externo
No âmbito da expansão das trocas, a CNUCED instituiu, em 1971, o
SPG: Sistemas de Preferências Regionais.↓
Contribui para intensificar o comércio em países industrializados e os países em desenvolvimento, propondo-se atingir os seguintes objetivos:
✔ aumentar as receitas das exportações dos países em desenvolvimento;
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✔ favorecer a industrialização dos países em desenvolvimento;
✔ exigir aos países em desenvolvimento o cumprimento de certas medidas (incentivo ao respeito dos direitos sociais definidos pela Organização Mundial do Trabalho – OIT).
Como referimos anteriormente, um dos fatores que contribuíram e continuam a contribuir para a mundialização da economia é a integração europeia. A partir de 1957 e de forma progressiva, os países da UE têm eliminado os entraves ao livre comércio, inicialmente de mercadorias e depois alargado aos serviços, capitais e pessoas, constituindo um mercado comum. A UE, desde 2007, com 27 Estados-membros, é o maior participante no comércio mundial de mercadorias e de serviços (turismo, banca, seguros e transportes).
Uma parte significativa do comércio externo da UE é realizada entre países da organização.
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