Post on 12-Mar-2016
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jornalDiretora HÁLIA COSTA SANTOS - Editora JOANA MARGARIDA CARVALHO - MENSAL - Nº 5498 - ANO 112 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
abrantesde
AGOSTO2012 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · jornaldeabrantes@lenacomunicacao.ptGRATUITO
João Pombo, responsável pelo Serviço de Proteção Civil de AbrantesO coordenador dá-nos a conhecer o traba-lho desenvolvido para proteger a flores-ta e os aglomerados populacionais. João Pombo diz que a entrega dos bombeiros é total para as inúmeras causas do dia-a-dia. página 3
ENTREVISTA
Militares preparam-se para mais uma missãoO Agrupamento Índia, unidade de Cavalaria
da Brigada Mecanizada de Santa Margarida,
é a próxima força destacada para o Kosovo,
com partida agendada para setembro. Estes
militares, especialistas em controlo de tumul-
tos, estão “sempre num grau de prontidão ele-
vada”. página 6
KFOR
João Pombo, rpelo Serviço dCivil de AbranO coordenador dá-nlho desenvolvido pata e os aglomeradoPombo diz que a ené total para as inúmdia página3
ENTREVIST
Dias de verão Dias de verão bem passados bem passados nas redondezasnas redondezas
ESTA JORNALNESTA EDIÇÃOEN
Suplemento do Curso de Comunicação Social.
Zahara está a comemorar dez anosJosé Martinho Gaspar, diretor da revista, conta
ao JA o que se faz ao nível da História Local. A
nova edição da revista já está na rua e em no-
vembro realizam-se mais umas Jornadas de-
dicas à História da região. página 13
CULTURA
O Médio Tejo garante uma ótima oferta turística. Se ir de férias para longe não está nos seus planos, facilmente encontra na região ideias para passar bons dias (e noites) de verão. Há propostas para todos os gostos: praias fl uviais, esplanadas sobre os rios, património, gastronomia, cultura, aventura e ciência. Veja e experimente as nossas sugestões!
páginas 4 a 5
jornaldeabrantes
AGOSTO20122 ABERTURA
FICHA TÉCNICA
DiretoraHália Costa Santos
(TE-865)halia.santos@lenacomunicacao.pt
EditoraJoana Margarida Carvalho
(CP.9319)joana.carvalho@lenacomunicacao.pt
Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio,
Apartado 652204-909 Abrantes
Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179
E-mail: info@lenacomunicacao.pt
RedaçãoRicardo Alves
(TP.1499)ricardo.alves@antenalivre.pt
Mafalda VitóriaAlves Jana
André LopesPaulo Delgado
PublicidadeMiguel Ângelo
962 108 785 miguel.angelo@lenacomunicacao.pt
SecretariadoIsabel Colaço
Design gráfico António Vieira
ImpressãoImprejornal, S.A.
Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa
Editora e proprietáriaMedia On
Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65
2204-909 Abrantes
GERÊNCIAFrancisco Santos,
Ângela Gil
Departamento FinanceiroÂngela Gil (Direção) Catarina Branquinho, Gabriela Alves
info@lenacomunicacao.pt
Sistemas InformaçãoHugo Monteiro
dsi@enacomunicacao.pt
Tiragem 15.000 exemplaresDistribuição gratuitaDep. Legal 219397/04
Nº Registo no ICS: 124617Nº Contribuinte: 505 500 094
Sócios com mais de 10% de capital
Sojormedia
jornal abrantesde
Num almoço com o Miguel Relvas o que lhe dirias?
Ramiro FarrolasAlvega
Dizia-lhe para ingressar num
curso superior e que abando-
nasse as funções governativas
temporariamente.
Verdadeiramente por dentro
FOTO DO MÊS EDITORIAL
INQUÉRITO
Apetecia ler este jornal bem longe
daqui. Era bom saber o que se passa na
região tendo como som de fundo ritmos
bem diferentes dos nossos. Sabia bem
ver o que por aqui se faz estando num
outro ambiente e num outro cilma. Mas
o mais certo é que grande parte dos
que estão a ler este jornal o façam em
casa, no café que frequentam todo o
ano ou na loja a que vão habitualmente.
O mais provável é que as férias sejam
passadas por aqui, por Abrantes,
Sardoal, Mação, Constância e Barquinha.
Sair, para arejar, mudar de ares, ver
coisas diferentes ou simplesmente
descansar num outro contexto pode
ser o ideal de férias para muitos de nós.
Mas a verdade é que a vida não está
para isso, na maioria dos casos. Assim
sendo, vale mais olhar para o que está
à nossa volta e aproveitar umas férias
caseiras de forma diferente. Mais do
que ‘vá para fora cá dentro’, propomos
o ‘fi que verdadeiramente por dentro’.
Este número do Jornal de Abrantes
faz propostas para passar uns dias e
noites a descobrir o que está aqui,
mesmo à mão de semear. Durante o
ano, afundamo-nos em preocuções.
Agora, merecemos paz de espírito.
E esta é uma região fabulosa para o
fazer. Os que vêm de fora, adoram.
E nós, que por aqui andamos o ano
todo, raramente olhamos para o
lado. É isso que lhe propomos.
HÁLIA COSTA SANTOS
Liliana Wah Abrantes
Primeiro que tudo duvido
que algum dia pudesse vir a
almoçar com o Miguel Relvas,
mas caso isso viesse aconte-
cer dir-lhe-ia que representa
uma vergonha para todos os
estudantes portugueses.
Jerónimo Belo Jorge Abrantes
Sobre licenciaturas e RTP a con-
versa estaria gasta. Futebol tam-
bém não, eu benfi quista e o Miguel
sportinguista não seria adequado.
Se o telemóvel do ministro permi-
tisse cinco minutos de conversa, tal-
vez tentar perceber a reorganização
administrativa do País e iria pergun-
tar-lhe como se põe um cidadão no
lugar de primeiro-ministro, já que foi
ele que pôs Passos Coelho na lideran-
ça do PSD e na liderança do País.
Uma maneira de fazer as coisas à portuguesa, na Praça Barão da Batalha em Abrantes
UMA POVOAÇÃO Abrantes
UM CAFÉ O República em Abrantes,
uma esplanada sob um teto de árvo-
res…
PRATO PREFERIDO Cozido à por-
tuguesa no inverno e petiscos no ve-
rão.
UM RECANTO PARA DESCOBRIR
Muitos… junto à albufeira do Caste-
lo do Bode.
UM DISCO Mingos & Samurais de
Rui Veloso
UM FILME O Baile de Ettore Scola
UMA VIAGEM A que ainda não fi z,
algures ao oriente.
UMA FIGURA DA HISTÓRIA Nelson
Mandela por tudo o que viveu e pelo
que representa na luta pela liberda-
de, pela justiça e contra o racismo.
UM MOMENTO MARCANTE O nas-
cimento do meu primeiro fi lho. Dei-
xei de ser somente fi lha e passei a ser
mãe. Isso fez toda a diferença.
UM PROVÉRBIO Gente ruim é como
dor de dente: quanto mais se presta
atenção mais incomoda. (Provérbio
brasileiro)
UM SONHO Sonho? Sonho… não
costumo lembrar-me dos sonhos.
UMA PROPOSTA PARA UM DIA DIFERENTE NA REGIÃO Come-
ce o dia com um café numa das
esplanadas da cidade de Abrantes,
faça um passeio pelas ruas estreitas
do Centro Histórico e observe os por-
menores…os azulejos das frontarias,
os ferros forjados das varandas…
suba até ao castelo. Faça uma visi-
ta à exposição “Em Pedra: lascar, po-
lir, gravar esculpir…” IV Antevisão do
MIAA que está na Igreja de Stª Maria
do Castelo e suba à Torre de Mena-
gem, veja a paisagem deslumbrante.
À tarde procure um recanto na albu-
feira de Castelo do Bode e sinta-se no
paraíso… termine o dia com um pe-
tisco no Aquapolis.
SUGESTÕES
Isilda Jana
IDADE 54
RESIDÊNCIA Abrantes
PROFISSÃO Professora
jornaldeabrantes
AGOSTO2012 ENTREVISTA 3
JOÃO MANUEL RODRIGUES POMBO
“Os bombeiros dedicam-se de alma e coração à causa”RICARDO ALVES
João Manuel Rodrigues Pombo, 50 anos, já foi Comandante dos Bom-beiros Municipais de Abrantes e dos Bombeiros Voluntários do En-troncamento. É o responsável pelo Serviço Municipal de Proteção Ci-vil de Abrantes. Fala no trabalho que está a ser desenvolvido para melhor proteger a fl oresta e os al-gomerados populacionais.
Quais as maiores difi culdades que encontra no seu trabalho, nomeadamente nesta altura de incêndios?
Agora estão a ser um pouco su-
peradas. Há uns anos atrás as pes-
soas não aceitavam as nossas su-
gestões, pedidos e opiniões. A
grande difi culdade que ainda exis-
te é a falta de limpeza, principal-
mente em torno das habitações.
Ainda não se respeita a legislação
que obriga a que o terrenos em
torno das habitações estejam lim-
pos num raio de 50 metros.
Os municípios têm feito um esforço para fazer a limpeza do mato em coordenação com as entidades. Qual o resultado des-se esforço conjunto?
Este ano, além de fazermos as
notifi cações verbais, avançámos
para uma notifi cação por escrito
das pessoas em locais de maior
risco para as populações: terre-
nos sujos, casas abandonadas, di-
versos condicionalismos. As pes-
soas estão a aderir. Fizemos cerca
de 90 notifi cações. Parece pouco,
mas são trabalhos exaustivos com
levantamentos topográfi cos, foto-
grafi a, identifi cação de proprietá-
rios (alguns que nem sabiam ser
os donos daqueles terrenos). O
trabalho tem sido mais coordena-
do nesse sentido. Houve um maior
número de ignições e, infelizmen-
te, já está a haver um superior nú-
mero de área ardida, de fl oresta,
fruto dos incêndios dos últimos
dias.
Qual é a análise que faz do concelho de Abrantes no que concerne ao aumento do com-bustível ao longo dos anos sem grandes incêndios?
Desde os grandes incêndios de
2003, 2005 há a regeneração natu-
ral. Eu continuo a defender que o
concelho se pode dividir em dois: a
sul e a norte do tejo. A sul há gran-
des propriedades. Os proprietários
estão mais organizados e há uma
maior coordenação, as próprias
empresas de celulose têm as suas
propriedades devidamente limpas
e ordenadas. A norte as proprieda-
des são mais pequenas, houve um
maior abandono e há uma rege-
neração sem ordenamento. É na
zona norte, uma zona de potencial
perigo, que desenvolvemos o nos-
so planeamento, maiores ações de
sensibilização. É aí que está a de-
senvolver-se uma das primeiras
ZIFs – Zona de Intervenção Flores-
tal – e com uma nova gestão. Esta-
mos a começar a ver trabalho efeti-
vo que vai melhorar grandemente
a defesa da fl oresta dos aglome-
rados populacionais. Temos mais
duas ZIFs em andamento, uma de-
las na zona de Mouriscas.
A coordenação intermunicipal é uma realidade?
Sim, falamos muito em termos
de bombeiros e protecção civil. Em
termos de gabinete técnico fl ores-
tal também, principalmente com
os concelhos vizinhos. Reunimos
os técnicos de dois em dois meses
a nível distrital. Trocamos impres-
sões, melhores formas de atuação
e algumas ideias.
A maior parte das incidêncios é por mão criminosa e negligên-cia?
Houve uma ignição que surgiu
de uma cegonha que bateu nos
fi os de alta tensão, mas a maior
parte é por negligência e mão cri-
minosa.
A ação criminosa é um mero distúrbio social e mental do in-divíduo ou há interesses econó-micos?
Isso é do foro da Polícia Judiciária
(PJ), mas acho que ninguém lucra
com os incêndios fl orestais, nem
os proprietários nem a sociedade
e não há interesses de refl oresta-
ção. Alguns incêndios têm vindo a
acontecer este ano exatamente no
mesmo sítio de há dois, três anos.
Há-de haver aqui um distúrbio de
alguém que quer os helicópteros e
a ação dos bombeiros no terreno.
As forças policiais estão no terreno
e a fazer um bom trabalho. A PJ já
apanhou o elemento que andava
na zona de Ourém e desde o iní-
cio do ano já há 27 ou 28 elemen-
tos indiciados de crime de incên-
dio fl orestal.
Há semanas houve um incên-dio em Constância junto à A23 e outro em Rio-de-Moinhos, na parte norte do viaduto. Que con-selhos dá para que não aconte-çam incêndios por negligência?
O incêndio de Rio-de-Moinhos
aconteceu devido a um fi o de alta
tensão que, com o calor, fez um
arco grande e tocou numa árvo-
re. As pessoas devem ter cuidados
com a beata atirada para fora do
carro e com a fogueira nas mar-
gens do rio para uma sardinhada.
As temperaturas podem não ser
muito altas, mas os materiais e as
ervas estão secos e qualquer foco
pode ser um ponto de ignição. Até
as condições de vento podem ser
um fator de desenvolvimento de
um grande incêndio.
Como é que estão os bombei-ros abrantinos após o acidente que vitimou a bombeira Paulina Pereira?
Há um sentimento de tristeza e
perda, mas estamos todos a tentar
superar mais esta adversidade e
dar todo o apoio ao Ricardo (n.d.r.
condutor da viatura acidentada)
porque é um jovem com uma vida
muito grande pela frente. O nosso
princípio é ajudá-lo a ultrapassar
esta fase.
Qual deve ser o futuro dos bombeiros em Portugal?
Defendo o corpo de bombeiros
misto com complementaridade:
um corpo altamente profi ssional,
bem preparado e equipado (como
é o caso de Abrantes), e bombei-
ros voluntários, como apoio e re-
taguarda dos profi ssionais. Alguns
serviços têm de ser mesmo profi s-
sionais, mas profi ssionalizar total-
mente é muito difícil, ainda mais
nesta fase económica. A grande
vantagem é que são muitos anos
a trabalhar com o voluntariado em
Portugal, os bombeiros têm esta
vocação e dedicam-se de alma e
coração à causa.
• “Ninguém lucra com os incêndios fl orestais”
jornaldeabrantes
AGOSTO20124 VERÃO
HÁLIA COSTA SANTOS
Uma manhã, uma tarde, uma noi-te ou um dia inteiro. Rios, grutas, estrelas, morcegos ou fábricas. A pé, de carro ou de autocarro. Sem-pre na companhia de especialistas. A poucos quilómetros de distância pode encontrar diferentes formas de passar uns bons momentos de férias... gratuitas e extremamente enriquecedoras.
São várias as propostas que o
programa Ciência Viva lança nes-
te verão. Para além da diversida-
de, há mais dois outros aspetos
positivos: são orientadas por espe-
cialistas (apaixonados por aquilo
que fazem) e não há qualquer cus-
to associado (a não ser o transpor-
te próprio até ao local). E se pen-
sa que isto é coisa só para miúdos,
rapidamente vai mudar de ideias.
Há propostas para todos as idades
e para todos os gostos/interesses.
Comecemos pelo rio que marca
toda esta região. “Olhar o Tejo” é o
nome da atividade mista composta
por três etapas diferentes: passeio
de dois quilómetros ao longo da
margem esquerda do rio Tejo, entre
o Miradouro da Penha e o Porto das
Barcas, em Tramagal, para observa-
ção da paisagem e dos ecossistemas
ribeirinhos; recolha de amostras de
água para posterior observação em
laboratório; visita ao Centro de Aco-
lhimento do Tejo. Uma oportunida-
de para conhecer o Tejo sob uma
outra perspetiva. São duas horas e
meia a pé, um percurso que pode
ser feito por crianças a partir dos sete
anos. E se gosta de rios, veja tam-
bém as propostas feitas no Alviela.
Se os seus interesses vão mais
para o campo da Geologia e se gos-
ta de desafi os, então aceite o convi-
te para explorar o Parque Ambiental
de Santa Margarida com GPS. Nesta
atividade, através de coordenadas
pré-defi nidas, os participantes se-
guem um trajeto de estações com
questões de resposta múltipla sobre
a Geologia que se encontra no local.
São duas horas a pé para maiores de
oito anos. Para quem prefere olhar o
céu, então o centro de Ciência Viva
de Constância será a melhor opção
para uma tarde bem passada.
“Antenas no ar: como seguir as co-
rujas?” é o desafi o lançado às famí-
lias curiosas. Durante o outono e o
inverno há uma grande concentra-
ção de corujas-das-torres no Estu-
ário do Tejo. Por que razão aconte-
ce isto? De onde vêm estas aves? E
como caçam? A proposta está fei-
ta. Serão quatro horas de carro, mas
convém levar agasalho e calçado
confortável. Quem gosta de bicha-
rocos noturnos tem ainda uma ou-
tra possibilidade de saber mais so-
bre eles: a “Noite dos Morcegos”.
Se já não sabe por onde escolher,
fi que a saber que ainda pode – se
conseguir vagas – visitar a Reno-
va, visitar a barragem de Castelo de
Bode, fazer uma visita guiadao ao
Castelo de Tomar, descobrir a fauna
e a fl ora do Bosque Ripícola da Ribei-
ra da Foz, conhecer as plantas usa-
das pelas nossas avós. Se é mais do
género de fi car parado, pode sem-
pre optar pela palestra “A poluição
luminosa, os seres vivos e a Astrono-
mia”, na zona do Paul do Boquilobo.
Já não há desculpas para fi car em
casa. E se este ano já não conseguir
vagas, para o ano esteja atento e ins-
creva-se mais cedo!
CIÊNCIA VIVA 2012 COM VARIADAS PROPOSTAS DE VERÃO
Descobrir o que está aqui mesmo ao lado
A região do Médio Tejo ofere-
ce uma ótima oferta turística. As
praias fl uviais são um bom exem-
plo disso e cada vez mais são a op-
ção dos turistas que visitam este
território. À volta de cada praia há
vários motivos de interesse que
passam pelo património, a gastro-
nomia, a história e a própria cultura.
As praias fl uviais estão espalha-
das em diferentes concelhos. Po-
demos começar pelo Alamal, um
verdadeiro recanto por descobrir.
Este espaço conta com um passadi-
ço de quase dois quilómetros que,
lado a lado com o rio, vai desde a
praia à ponte de Belver – Gavião. É
um passadiço bastante agradável,
pois permite ao visitante usufruir
da fauna e da fl ora que acabam
por tornar os passeios uma experi-
ência bem agradável, sempre com
a imagem de fundo do Castelo de
Belver. Esta praia tem uma série de
valências, incluindo balneários e
snack-bar. Aqui a aventura despor-
tiva não falta, com circuitos pedes-
tres, rappel, paintball, desportos
náuticos e pesca desportiva.
Aldeia do MatoUma praia localizada a 15 minutos
da cidade de Abrantes onde não
falta animação, desporto e descon-
tração. O bar gerido pela conces-
são Segredos da Aldeia está aberto
ao público todos os dias, de manhã
à noite. Para além dos bons mergu-
lhos que pode dar nas águas mor-
nas da Barragem de Castelo Bode,
as atividades náuticas também são
uma constante, desde a canoagem
à jangada. Este é um espaço mui-
to apreciado pelas famílias, pois re-
úne um conjunto de atrações para
vários gostos.
CarvoeiroA praia do Carvoeiro é o espaço
de eleição para se passar um dia
com amigos ou com a família. Reú-
ne um conjunto de infra-estruturas
bem cuidadas: as piscinas que têm
água de grande qualidade com a
Bandeira Azul, uma zona para to-
mar refeições, um bar, banheiros,
entre outras valências que tornam
aquele um espaço perfeito para
passar as tardes de verão. O ar puro
que se sente e os pinheiros que
se avistam em toda a parte fazem
com que aquela praia, inserida
no coração do concelho de Ma-
ção, seja procurada em força, no-
meadamente aos fi ns-de-semana.
Não precisamos de percorrer
muitos quilómetros para ir a ba-
nhos com qualidade e segurança.
Boas férias!
Joana Margarida Carvalho
O verão é nas nossas praias!
A praia fl uvial do Penedo Furado,
em Vila de Rei, é uma opção para
usufruir de férias calmas e agradá-
veis mesmo à porta de casa. Finalista
no concurso 7 Maravilhas – Praias
de Portugal, a praia fl uvial do Pene-
do Furado está entre as três melho-
res praias nacionais na categoria de
“Praias de Rios”.
O Penedo Furado é uma peque-
na praia a cerca de 15 minutos de
Abrantes. É um local de fácil acesso,
envolto em rochedos, vegetação e
com pequenas quedas de água, que
podem ser descobertas seguindo o
caminho talhado na rocha.
A Ribeira de Codes, que pertence
à bacia hidrográfi ca do Tejo, banha
a praia cujas águas de boa qualida-
de, analisadas antes de cada época
balnear.
A formosura deste espaço pode ser
descoberta através de pequenas ca-
minhadas e atividades desportivas
como escalada, rappel, slide, orien-
tação e canoagem. Os miradouros
são também uma forma de apreciar
a sua beleza, existem dois com aces-
so da estrada e vários naturais, entre
os trilhos da vegetação.
A praia Fluvial do Penedo Furado é
uma opção principalmente para fa-
mílias, devido à segurança que pro-
picia aos mais novos, pois as águas
são calmas e pouco profundas. O
espaço está equipado com estacio-
namento, bar, balneários, parque de
merendas e parque infantil.
Local mágico e misterioso, rodea-
do de montes encimados por cape-
las, espaço associado a cultos ances-
trais. Lindo para visitar e, ao pôr do
sol, antes de partir, há que conhecer
a “Bicha Pintada”, na zona mais baixa
do penedo, perto da praia fl uvial. A
“Bicha Pintada” está associada à len-
da local sobre uma moura de gran-
de beleza e uma pastora, lenda que
lembra “não há Tesouros sem Cora-
gem e não se vencem Encantamen-
tos sem Amor”.
Mafalda Vitória
A votação pública para o con-curso das 7 Maravilhas – Praias de Portugal, decorre até dia 7 de Setembro de 2012, e pode ser feita no site ofi cial (www.7maravilhas.pt), através do Facebook ou por chamada telefónica (760 207 701).
Penedo Furado, praia maravilhosa
• Aproveitar para conhecer o Tejo de uma outra forma
jornaldeabrantes
AGOSTO2012 VERÃO 5
Verão, noite, público, música, dan-ça e festa. São estes os ingredientes essenciais que podemos encontrar numa noite de Graciano Ricardo.
O músico tem percorrido toda a
região do Médio Tejo e já começa a
ser um nome de referência associa-
do às noites prolongadas e às mui-
tas pessoas que o seguem para o
todo o lado.
Graciano Ricardo é natural de
Pombal, mas é sobretudo nesta re-
gião que tem conseguido juntar
multidões à sua volta. Foi há cerca
de três anos que se dedicou inteira-
mente à música: “Sempre conciliei a
minha vida profi ssional com a com-
ponente musical, mas chegou uma
altura que tive mesmo a necessi-
dade de optar. O cansaço era uma
constante e a adesão que alcancei
pelas comissões de festas foi de tal
forma que me deu alguma segu-
rança para seguir em frente com a
música e dedicar-me inteiramente
a ela.”
A euforia na região começou em
Vila de Rei. Graciano Ricardo conta
um episódio: “Um amigo meu viu-
me atuar num casamento, gostou
do que viu e depressa começou a
recomendar o meu trabalho. O pri-
meiro espetáculo na região foi em
Vila de Rei e aí foi o boom total, com
uma grande quantidade de pesso-
as. Posso dizer que desde então sou
muito acarinhado pelas pessoas
destes concelhos e fi z bons amigos
ao longo deste percurso.”
Graciano Ricardo estudou durante
três anos no conservatório e sempre
se dedicou ao piano. No entanto, re-
conhece que não são somente os
dotes musicais que atraem as pes-
soas, é sobretudo a humildade que
o músico mantém com o seu públi-
co, a proximidade que garante com
as pessoas e, mais tarde, a amizade
e carinho que acaba por surgir. “É
muito estimulante perceber que te-
nho vários grupos que me seguem
para todo o lado, que não perdem
uma única festa e que criam uma
excelente relação comigo.”
O JA falou com algumas das pes-
soas que seguem o músico. Uns di-
zem que o fazem porque as festas
duram até altas horas da madruga-
da, outros dizem que é pela pura di-
versão e pelas noites animadas que
o músico garante.
Graciano Ricardo apresenta um
reportório bastante atrativo para
quem quer passar uma noite
descontraída, desde a música tradi-
cional portuguesa, a chamada mú-
sica pimba, à música brasileira, que
começa a fi car bastante em voga
nos bailes das aldeias.
Durante este mês de agosto, Gra-
ciano Ricardo não vai parar. Terá
apenas dois dias de folga porque
não tem coragem de dizer ‘não’
às comissões de festa. “Muitas ve-
zes o cansaço físico é brutal, mas
quando a noite começa e eu vejo
aquela quantidade de pessoas que
está ali para se divertir é, de facto,
compensador, fantástico e as for-
ças acabam por regressar, para mais
uma noite onde animação nunca
falta.”
Graciano Ricardo tem como obje-
tivo futuro lançar um projeto com
músicas da sua autoria, é algo que
está a planear para o próximo inver-
no.
Joana Margarida Carvalho
FESTAS DE VERÃO
Noites animadas são com Graciano Ricardo
As noites das quartas-feiras de agos-
to serão mais animadas no Sardoal.
Esta animação de verão será um bom
motivo para sair de casa, pela fresca.
Se não for do concelho, vá um pou-
co mais cedo, visite o património re-
ligioso, dê um passeio pela Barragem
da Lapa e vá conhecer os Moinhos de
Entrevinhas. À noite, vá então ao cen-
tro da vila, à Praça Nova, e passe uns
momentos descontraídos. A anima-
ção começou com Graciano Ricardo,
que volta no dia 29. O grupo GETAS
marcará presença nos dias 8 e 15. A
quarta-feira seguinte, dia 2e de agos-
to, contará com a atuação da Filarmó-
nica. Vários bons motivos para umas
noites de verão bem passadas.
Picnicar pode ser uma
boa solução para umas
férias por perto de casa,
divertidas e saborosas.
A TAGUS teve a ideia de
juntar o útil ao agradável:
preparou três cabazes,
com produtos da região.
Dependendo dos gostos
e das bolsas, cada cabaz
tem o seu encanto. E a
promessa de quem teve
a ideia está feita: “Garan-
timos enchidos fatiados
e vinho fresco no pró-
prio dia”. Para além disso,
no antigo mercado pode
ainda disfrutar de sabo-
res diferentes: às terças-
feiras há chás frescos e
doces; às quintas-feiras
há néctares e saladas;
aos sábados há sangria e
petiscos. O que espera?
O II Trilho dos
Templários é uma pro-
posta para “atletas aven-
tureiros e iniciadores
desta prática desporti-
va”. Trata-se de uma pro-
va que pretende promo-
ver novos desafi os em
contacto estreito com
a natureza. No dia 1 de
setembro, os participan-
tes farão um percurso
com15 quilómetros, de
trilhos sinalizados, de pé
posto, ou pequenos es-
tradões com obstáculos
naturais. O programa in-
clui a possibilidade de
almoço. Esta iniciativa
da Associação Cultural e
Desportiva de Santa Cita
destina-se a maiores de
18 anos e as inscrições
são até 25 de agosto. Es-
tar em boa forma física é
condição essencial.
Pesticar o que é da terra
Um percurso para aventureiros
Animação na Praça Nova, Sardoal
jornaldeabrantes
AGOSTO20126 REPORTAGEM
ANA RITA MARTINS *
Portugal mantém desde janeiro de 2005, em rotações semestrais, um Batalhão proveniente de uma das três Brigadas, com a missão de “Reserva Tática do Comandante da KFOR” – Tactical Reserve Manoeu-ver Battation)”. Na Brigada Mecani-zada, em Santa Margarida, 157 ho-mens e mulheres fazem um treino intensivo para render a força que neste momento está no Kosovo.
O Agrupamento Índia, unidade
mobilizada pelo Quartel de Cavala-
ria da Brigada Mecanizada, em San-
ta Margarida, é a próxima força des-
tacada para o Kosovo. A missão terá
início em setembro de 2012 termi-
nando em março de 2013. Para esta
missão, o Agrupamento Índia, sob
o comando do Tenente-Coronel de
Cavalaria José Talambas, conta com
um efetivo de cerca de 300 milita-
res: “Englobamos uma força multi-
nacional portuguesa e húngara. O
comandante é português e o 2º Co-
mandante é húngaro. Militares por-
tugueses somos 157.”
Desta força fazem parte três com-
panhias: uma de Apoio Sanitário e
as outras duas como Esquadrões
de Manobra. Um é húngaro e ou-
tro português, sob o comando do
Capitão de Cavalaria Antero Tei-
xeira. Neste Esquadrão de Reserva
Tática estão inseridos militares do
RG2 Açores, do Grupo de Carros de
Combate, do Esquadrão de Reco-
nhecimento e Grupo de Artilharia
de Campanha. Para muitos destes
militares é a primeira vez que saem
em missão para o exterior.
A ofi cial de Artilharia, Tenente
Filipa Ferreira, é comandante do 1º
Pelotão de Manobra. Para ela, esta
é uma oportunidade única. Con-
fi ança, sentido de camaradagem e
união é o que espera dos seus mili-
tares. “É um trabalho fora da minha
área de formação, é um desafi o ali-
ciante. Espero um conjunto de mili-
tares com coesão e com garra, e sei
que vão dar o seu melhor para aju-
dar Portugal.”
Um dia de treino do Agrupamen-
to Índia começa bem cedo. É logo
pela manhã que têm o treino diá-
rio de combate corpo a corpo. Aqui
o militar aprende todas as técnicas
de defesa pessoal com e sem arma-
mento. Neste treino todos se mos-
tram atentos e empenhados em
aprender mais pormenores. É “es-
sencial saber e aprender alguns tru-
ques”, é um “ treino em que não po-
demos facilitar”.
Um dos ponto-chave deste agru-
pamento é o treino de Crow and
Riot Control (CRC), ou seja, Contro-
lo de Tumultos. Trata-se de um dos
exercícios que merece maior desta-
que e maior treino devido à situa-
ção que o Kosovo está a atravessar
neste momento, com confl itos en-
tre sérvios e albaneses.
No exercício fi nal de CRC, a com-
panhia de reserva tática foi chama-
da a intervir. Na sala de operações
o Capitão Teixeira reúne-se com os
comandantes de pelotão. Tendo já
conhecimento prévio da situação,
coordena e distribui tarefas a cada
responsável, dando ordem para
avançar. Este exercício é baseado
em situações que podem ocorrer
no teatro das operações. Os miltares
são treinados para lidar com causa-
dores de tumultos e para se de-
fenderem de agressões com paus,
cocktails molotof e granadas de fu-
mos, reagindo, se necessário, com
o uso da força. O exercício termina
com a montagem de um perímetro
de segurançam exatamente como
deverá acontecer na realidade.
O Controlo de Tumultos permite
separar duas forças, reorganizar a
população e restabelecer a ordem
na sociedade. Para o Capitão Tei-
xeira, Comandante do Esquadrão
da Reserva Tática, este exercício de
Controlo de Tumultos serviu para
“mostrar que somos uma força equi-
pada, organizada, segura e confi an-
te, e estamos ali para manter a paz”.
Os militares mostraram empenho e
dedicação, “foram efi cazes e a mis-
são atribuída foi cumprida de forma
positiva”.
* aluna de Comunicação Social da ESTA
AGRUPAMENTO ÍNDIA/FND/KFOR RUMO AO KOSOVO
Militares portugueses especializados em controlo de tumultos
Em que consistem estas missões no exterior?
Cada missão tem a sua es-
pecifi cidade. No Kosovo é a
reserva tática da KFOR. Isto
signifi ca que somos a for-
ça comandante que a KFOR
tem para resolver qualquer
situação que outras forças
não conseguem. Podemos
reforçar uma força multina-
cional que não tenha efeti-
vos sufi cientes para execu-
tar determinada situação.
Em outros casos, como em
acontecimentos recentes,
em que há distúrbios e em
que eles fazem bloqueios
nas estradas, nós somos em-
penhados, porque temos
uma capacidade de CRC, an-
timotim na força, que nos
permite fazer limpeza de
obstáculos ou tentar contro-
lar esses motins. Caso as au-
toridades locais não tenham
capacidade é a reserva táti-
ca que avança.
Como preparam os mili-tares para missões no ex-terior?
Nós adotámos um plano
de treino que assenta em
três vertentes: física, técni-
ca e tática. Numa fase inicial
faz-se o nivelamento em ter-
mos técnicos militares, to-
dos devem ter os mesmos
procedimentos. Após essa
fase, avança-se para as ope-
rações a nível secção/pelo-
tão em termos técnico/táti-
co, partindo para as tarefas
essenciais do cumprimento
da missão, analisando quais
as tarefas que vamos de-
sempenhar no teatro. Por
exemplo, o controlo de tu-
multos, em que estão a ter
formação específi ca, é uma
tarefa que eles não apren-
dem nem têm instrução se
não for neste caso. Também
fazemos formação no âmbi-
to das operações de Apoio
à Paz. A preparação em ter-
mos de tiro também é um
treino muito elevado, a ní-
vel físico é gradual, para que
no fi nal lhes permita ter um
desembaraço físico eleva-
do. Toda esta formação tem
exercícios de validação inte-
rior e exterior, feita no exer-
cício fi nal do aprontamento,
que é o que nos dá a certifi -
cação da força pronta para o
teatro. O aprontamento sani-
tário é de igual importância,
todos os militares são sub-
metidos a exames médicos.
São feitas avaliações pré-vias ao terreno?
Nós vamos render uma
força e para essa rendição a
NATO faz o treino de líderes
principais. Esses líderes vão
ao terreno durante uma se-
mana, e nesse treino é trans-
mitida toda a informação
relativamente ao teatro de
operações, nas várias áreas.
Durante esses dias, somos
brifados e informados sobre
a situação atual no teatro, o
que se está a passar agora e
perspetivas de futuro. Nós,
força portuguesa, fazemos
um reconhecimento espe-
cífi co ao terreno, onde va-
mos identifi car várias forças
locais mais problemáticas.
Este reconhecimento prévio
serve para que, quando en-
trarmos no teatro, as coisas
estejam mais facilitadas, vis-
to já termos conhecimento
nos itinerários da cidade.
No teatro de operações vão sair diariamente para o terreno?
Tecnicamente sairíamos
todos os dias, para fazermos
patrulhamentos, reconheci-
mentos, check-points, para
verifi car a circulação das pes-
soas e bens, apoios a outras
forças e operações no âmbi-
to de controlo de tumultos.
A nossa força está sempre
num grau de prontidão ele-
vada, encontra-se sempre
alguém de serviço e pronto
a sair. Isto obriga a um esta-
do de prontidão permanen-
te da força.
TENENTE CORONEL DE CAVALARIA JOSÉ TALAMBAS COMANDANTE DA FORÇA NACIONAL DESTACADA PARA O KOSOVO, KFOR
“A nossa força está sempre num grau de prontidão elevada”
• Tenente Coronel de Cavalaria José Talambas
• Treino do Agrupamento Índia simulando situações que pode encontrar no Kosovo
jornaldeabrantes
AGOSTO2012
Para além de conhecer as caracte-rísticas do azeite, no momento da escolha o que é que deve ser con-siderado? A resposta é simples: o consumidor deve atender ao gosto pessoal, à qualidade e à fi nalidade.
Num serão que reuniu cerca de 70
pessoas, o Rotary Club de Abrantes,
com o apoio da Tagus, e com a par-
ticipação de cinco produtores de
azeite da região (Casa Anadia, Ou-
rogal, SAOV, Val Escudeiro e Zé Bair-
rão), organizou um jantar temáti-
co sobre este produto. A iniciativa
contou com uma apresentação fei-
ta por Rita Marques, engenheira da
Sociedade Agrícola Ouro Vegetal
(SAOV), que deu várias informações
úteis sobre a produção e o consu-
mo de azeite. Desde logo, impor-
ta divulgar que “não se pode fazer
azeite bom com azeitonas más” e,
por outro lado, que “ao contrário do
vinho, o azeite perde propriedades
ao longo do tempo”.
O principal obetivo deste jantar
temático foi o de ajudar os partici-
pantes a distinguir as qualidades
dos defeitos do azeite. Rita Marques
lembrou que a tulha (própria do
azeite guardado demasiado tem-
po), o ranço (excesso de gordura) e
o mofo (feito com azeitona do chão
e mal lavada) são defeitos. Duran-
te muitos anos foram consumidos
azeites com estas caracterísitcas,
“devido às más condições que os la-
gares apresentavam”. Mas “cada vez
mais se tenta controlar isso”.
Por outro lado, “existem atribu-
tos positivos, como os picantes, os
amargos e os frutados verdes, que
as pessoas não estão habituadas
a consumir, mas que de facto de-
monstram qualidade”. Rita Marques
acrescenta que os prémios que os
azeites da região têm vindo a alcan-
çar ajudam a explicar que estas ca-
racterísticas “não são defeitos, mas
antes qualidades que dão perso-
nalidade aos azeites”. O reconheci-
mento internacional também sur-
ge porque “é o que faz bem à saúde,
como os antioxidantes”.
“Só através de uma gestão cuida-
da da azeitona no lagar e de um
manuseamento correto da azeitona
é que se consegue manter a quali-
dade ao longo do processo de ex-
tração de azeite” - explica Rita Mar-
ques. Depois disso, a qualidade é
avaliada através de análises quími-
cas e sensoriais, com um painel de
provadores. “A cor é o que menos
interessa na qualidade do azeite.
Por isso, o azeite é provado em pe-
quenos copos de vidro azul escu-
ro, para que o provador não seja in-
fl uenciado quanto à cor.”
Este jantar temático foi a primeira
iniciativa de Augusto Maia Alves en-
quanto novo presidente dos Rotá-
rios de Abrantes. Ao longo da noite
foram contadas algumas histórias
sobre a tradição que o azeite tem
em Abrantes. Fernando Simão, o
“embaixador do azeite de Abrantes”
que promoveu este produto da re-
gião através da famosa marca Azei-
te Andorinha, esteve presente para
contar histórias de outros tempos.
“Toda a gente se vinha abastecer
a Alferrarede” porque foi nesta fre-
guesia que surgiu “o primeiro azeite
engarrafo de Portugal”.
Hália Costa Santos
ABRANTES 7
ROTÁRIOS DE ABRANTES, TAGUS E PRODUTORES DE AZEITE PROMOVEM JANTAR TEMÁTICO
Como escolher um azeite?
• Aprender a reconhecer os atributos positivos do azeite
Tipos de azeiteAzeite virgem extra – não
apresenta defeitos na prova e
deve ser consumido cru, para
temperar alimentos.
Azeite virgem – pode ter al-
guns defeitos, é mais ácido, e é
indicado para refogados e sopa
proque, quando cozinhado,
perde os aromas voláteis.
Azeite refi nado – passou por
uma processo químico e é mis-
turado com azeite virgem, sen-
do aconselhado para frituras.
jornaldeabrantes
AGOSTO20128 ECONOMIA
JOANA MARGARIDA CARVALHO
Foi em 17 de julho de 1962 que o fabrico do pão teve início na União Panifi cadora Abrantina, mais co-nhecida por Upantina. Esta empre-sa celebra 50 anos de existência de-dicados ao trabalho tradicional e artesanal do pão e da pastelaria.
Nomes como Gaspar Pires, Batis-
tas, Companhia Moagem Abrantes,
Lucílio Heitor, José Caseiro, Panifi ca-
dora de Alferrarede, Manuel Dioní-
sio, Armando Morgado, Ricardo e
Mouzinho foram os sócios, respon-
sáveis pela Upantina. Na altura, esta
empresa garantiu a empregabilida-
de a cerca de 100 colaboradores,
que dedicavam o seu dia-a-dia ao
fabrico, depósito e distribuição do
pão.
Naquela época, o fabrico do pão já
era bastante profi ssional, tal como
explicou ao JA Adriano Pires, sócio-
gerente da empresa: “A UPANTINA,
quando começou, tinha tudo o que
era mais importante para o fabri-
co do bom pão: pessoal altamente
especializado, com muitos anos de
experiência nas padarias, com um
reforço de duas amassadeiras me-
cânicas, uma câmara de refrigera-
ção, uma estufa e os novos fornos
a lenha. A qualidade estava asse-
gurada.” Hoje, passados 50 anos, a
maneira como a Upantina fabrica
o pão é praticamente igual, assegu-
rando um serviço de referência.
No que diz respeito aos equipa-
mentos, a Upantina reúne um con-
junto de fornos que são especiais:
quatro fornos a lenha do tipo por-
tuguês, espanhol e italiano, do me-
lhor que havia no mercado na dé-
cada de 70. Ainda hoje estes fornos
funcionam e garantem um produ-
to de qualidade. Adriano Pires ex-
plica: “Estou convencido que es-
pecialmente os mais jovens ainda
não se aperceberam da grande di-
ferença entre o pão cozido num for-
no a lenha devidamente certifi ca-
do e num forno elétrico ou a gás. E
quando falo num forno a lenha par-
to do princípio que reúne todas as
condições, fazendo com que a dis-
tribuição do calor seja uniforme, a
temperatura que pode alcançar e
as suas variantes, a humidade inter-
na natural, a qualidade do barro e a
têmpera da alvenaria envolvente.”
Na Upantina, todos os fornos têm
aquelas condições e há um que é
único, pois “tem um sistema de tú-
neis de aquecimento e de abóba-
das, rotativo, com uma cerâmica
temperada por 50 anos de funcio-
namento”. A lenha é algo essencial
neste processo, uma vez que con-
tribui para a qualidade do produto
fi nal. “A madeira (cerejeira, cepas de
medronheiro e eucalipto) solta va-
pores aromáticos que se infi ltram
lentamente e naturalmente nos pai-
néis, dando um sabor mais aguçado
ao pão. A combinação de todos es-
tes ingredientes naturais torna o
pão cozido por completo, com uma
crosta crocante e a textura do miolo
fi rme”, garante Adriano Pires.
A Upantina é uma das empresas
mais antigas da cidade de Abrantes,
centra-se na área da panifi cação e
na pastelaria e tem uma forte pre-
sença no mercado da região. O ob-
jetivo da empresa não passa pela
industrialização, mas sim pela parte
mais tradicional de fazer produtos
frescos, em poucas quantidades,
onde a qualidade não pode faltar.
“Respeitar os costumes e tradições
populares transmitidos de gera-
ção em geração, melhorando tudo
aquilo que possa ser melhorado,
seja no aspeto da higiene e na se-
gurança alimentar, como também
na qualidade das matérias-primas
utilizadas diariamente no fabrico de
pão e bolos é o nosso objetivo” - ex-
plica o sócio-gerente.
Presentemente, a empresa reúne
cerca de 45 colaboradores, um de-
les é o bisneto de um sócio-funda-
dor. São trabalhadores que passam
de geração em geração e que na
sua maioria pertencem ao concelho
de Abrantes.
Quanto à crise, Adriano Pires diz
que também no setor da padaria e
pastelaria os problemas começam
a chegar, mas a situação na Upan-
tina ainda é viável. “No caso con-
creto das padarias, desde janeiro já
encerraram centenas por esse país
fora. Todos os custos de produção
têm vindo a aumentar de uma for-
ma assustadora, os preços do trigo
não param, ainda agora no espaço
de duas semanas subiram três ve-
zes, com refl exos imediatos nas fa-
rinhas. Para quem recorre ao fabrico
artesanal, como nós, com produtos
e matérias-primas mais caras, tudo
ainda é mais complicado de gerir”,
remata o empresário.
Após 50 anos, o balanço não po-
dia ser mais positivo. Quanto a obje-
tivos futuros, Adriano Pires diz que
“é para continuar a desenvolver o
trabalho de qualidade que temos
feito para servir da melhor forma a
nossa região”.
Há 50 anos a alimentar a região
• O pão cozido a lenha faz toda a diferença
UPANTINA
Tendo tomado conhecimen-
to do novo regime de descon-
tos e/ou taxas de portagem
reduzidas na A23 e A13, os
autarcas do Médio Tejo deli-
beraram solicitar ao Governo
“a melhor intervenção nesta
matéria no sentido de serem
minimizados os graves cons-
trangimentos que se têm vin-
do a fazer sentir nesta região”.
Os responsáveis pelos mu-
nicípios consideram que “as
taxas hoje aplicadas são clara-
mente excessivas, o que oca-
sionou uma redução drástica
de circulação na A23 e A13,
em detrimento do excesso
de circulação nas vias urba-
nas, não preparadas para este
tipo de fl uxo”. Por isso, pedem
que o tarifário das portagens
seja reanalisado.
Uma redução das taxas “po-
tenciará o aumento das recei-
tas na A23 e A13, minimizará
o número signifi cativo de aci-
dentes e de mortes que têm
acontecido nas estradas mu-
nicipais desde a aplicação das
portagens, bem como mini-
mizará os encargos de repa-
ração da sinalética e do mobi-
liário urbano que os municí-
pios têm tido, face ao trânsito
inapropriado que agora cir-
cula nos principais aglomera-
dos do Médio Tejo”.
Autarcas defendem diminuição das taxas na A23 e na A13
Série televisiva ‘Morangos com Açúcar’divulga o concelho ao grande público A praia fluvial de Aldeia do Mato é o principal cenário da temporada de verão da famosa série televisiva ‘Morangos com Açúcar’. A escolha deste local para a gravação de alguns episódios trouxe alguma agitação ao concelho e permite a divulgação de Abrantes a nível nacional, potenciando zonas de lazer e não só.
AGOSTO DE 2012EDIÇÃO Nº 28WWW.ESTA.IPT.PT
F PÁGINA 05
“Portugal é bom, aqui temos comida”
JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES
Em Leiria, uma família de romenos vive debaixo de um viaduto, sem o mínimo de condições. Sobrevivem com as ajudas que algumas pes-soas dão. Outras passam indife-rentes à miséria. Quando o tempo piora, as dificuldades agravam-se.
F PÁGINA 06
Portagens na A23 continuam a gerar polémica
Voluntários que valorizam um sorriso
F PÁGINA 03 F PÁGINA 04
A DISCRIMINAÇÃO POSITIVA NA A23 terminou no dia 1 de julho. Os autarcas da região continuam a criticar as portagens. A Câmara de Vila Nova da Barquinha considera que estão a ser violados princípios de igualdade e, por isso, impugnou a taxas cobradas nesta via.
A LIGA DOS AMIGOS DO HOSPITAL DE ABRANTES tem sido um benefício essencial para médicos e doentes. O voluntariado revelou--se uma mais-valia para os serviços dando prova do seu dinamismo e capacidade de trabalho.
Ajudar os mais velhos a passar o tempo
F PÁGINA 06
PARA LIDAR COM O PROBLEMA DO ISOLAMENTO DOS IDOSOS, existe a “Re-cordar é Viver”, uma valência do Centro Social Interparoquial de Abrantes. “O objetivo é a promoção do convívio entre todos aqueles que passam os dias sozinhos em casa, evitando que a solidão se apodere do seu coração.”
02 ESTA JORNALAGOSTO 2012Abertura
MAIS UM ANO LETIVO QUE TERMINA, mais um conjunto de jovens licenciados que parte das instituições de ensino em busca de um futuro. Este é, cer-tamente, um dos mais difíceis mo-mentos para o fazer. O excesso de desempregados com formação su-perior, conjugado com a crise, tor-na este ano – e os próximos – numa época de desafios ainda maiores. Há quem sugira a emigração; há quem apele à criatividade. Há quem re-corra sistematicamente ao chavão ‘fazer da crise uma oportunidade’.Cada jovem saberá encontrar o seu caminho, desde que esteja cons-ciente de que quase tudo mudou, em termos profissionais. O novo cenário do mercado de trabalho obriga, sobretudo, a mais exigên-cia e mais determinação. Temos to-dos, agora, que fazer cada vez mais e melhor. Mesmo que não se vejam luzes ao fundo do túnel, elas terão que existir. Esta nova edição do ESTAJornal é a prova de que continuamos a traba-lhar, com alunos que, na sua gene-ralidade, já perceberam que o ca-minho se faz com esforço. As notas, no final do curso, são obviamente importantes, mas o que fica são as experiências de aprendizagem, aquelas em que tentaram e conse-guiram, mas também aquelas em que tentaram e falharam. Ninguém nasce ensinado e só a prática faz evoluir. E, neste processo, a hones-tidade é uma mais-valia. Vale mais um trabalho simples, mas genuíno, do que uma grande obra, feita com recurso a estratégias duvidosas. O que aqui se apresenta é, mais uma vez, um trabalho que resulta do esforço e da dedicação dos alunos de Comunicação Social da ESTA/IPT que, ao longo de um semestre, nunca baixaram os braços. Outros poderiam ser publicados, mas a li-mitação de espaço não o permite. Por isso, vale também a pena es-preitar o estajornal online. Para o ano, cá estaremos outra vez.
EDITOR ALUm trabalho que resulta do esforço
O CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL (CS) da ESTA tem caraterísticas que o tornam relevante no plano nacio-nal e regional, com uma procura crescente por parte de jovens da região. Ao longo dos seus 12 anos de existência preencheu sempre todas as vagas disponíveis, o que revela uma procura significativa por parte dos jovens candidatos ao ensino superior. Em termos de formação, a aposta tem sido num ensino que combina a teoria com a prática, traduzida em projetos profissionalizantes, assumindo, desta forma, a sua faceta de ensi-no politécnico.Os alunos de curso de CS da ESTA especializam-se no perfil de Jor-nalismo ou no perfil de Comuni-cação Empresarial. Em qualquer
Curso de Comunicação Social da ESTA
dos casos, ao longo de três anos vão adquirindo competências que os vão aproximando da sua futu-ra vida profissional. Enquanto os estudantes do perfil de Jornalismo produzem conteúdos audiovisuais e o ESTAJornal (em duas versões distintas: papel e online), os que optam pela Comunicação Empre-sarial desenvolvem trabalhos em contexto real, fazendo prestação de serviços (por exemplo, a em-presas como a Bosch, a Empev e a Ondalux) e organizando eventos (como a Gala Comic Awards).Acompanhados por uma equipa de docentes com experiência pro-fissional nas áreas de especializa-ção do curso, os alunos de CS da ESTA são frequentemente envol-vidos em projetos desenvolvidos
com entidades e organismos da região. Destacam-se parcerias que ao longo dos últimos anos têm vindo a ser desenvolvidas com instituições como o Rotary Club Abrantes. Outra parceria que tem vindo a porporcionar momentos de aprendizagem únicos aos alu-nos de CS é a que se tem desen-volvido com Brigada Mecanizada de Santa Margarida. Entre várias outras experiências, esta parceria permitiu que alunos de CS, com o apoio da Câmara Municipal de Abrantes, fossem ao Kosovo para produzir trabalhos jornalísticos sobre a missão de paz que os mi-litares portugueses ali desenvol-vem.A componente prática e pro-fissionalizante do curso de CS é
Ficha TÉCNICADIRETORA: Hália Costa SantosEDITORA EXECUTIVA:Raquel BotelhoREVISÃO DE TEXTO:Sandra BarataREDATORES:Ana Gomes, Ana Rita Martins, David Leal, Fabiana Bioucas, Flávia Frazão, Francisco Rocha, Laeticia Leite, Miguel Freire, Patrícia RogadoPROJETO GRÁFICO: José Gregório LuísPAGINAÇÃO: Elisabete FebraTiragem: 15000 exemplares
Uma aposta no saber fazer com experiências únicas
visível não só nos projetos de-senvolvidos, mas também ao nível das Unidades Curriculares: as disciplinas práticas, prático--laboratoriais e teórico-práticas representam, no seu conjunto, mais do dobro das horas teóri-cas. Esta aposta no saber fazer é é ainda enriquecida uma estratégia no sentido de proporcionar aos estudantes de CS um conjunto de outras experiências, como confe-rências, palestras e visitas de es-tudo. Só no ano letivo que agora termina, os alunos foram à RTP e à TSF, em Lisboa, e ao Público, P3, Jornal de Notícias, Agência Lusa e Rádio Renascença, no Porto.Depois de um percurso profis-sionalizante, mas também com preocupações de criar uma base sólida de conhecimentos teóricos e estruturantes, os estudantes de CS da ESTA têm a possibilidade de fazer um dos semestres em mo-bilidade Erasmus e, durante um período, assistir a aulas em uni-versidades brasileiras.O curso termina com um estágio curricular integrado, que é uma das mais-valias desta formação. Os estudantes são colocados em estágio em todas as regiões do país, dependendo do seu interes-se e das competências que me-lhor desenvolveram. Nos últimos anos, no campo do Jornalismo, os alunos têm estagiado em grandes empresas de comunicação (como RTP-Antena 1, SIC, Público, Diá-rio de Notícias, Jornal de Notícias, Visão online, Record, TSF e Rádio Comercial) ou em meios de comu-nicação social regionais (como o Jornal de Abrantes, Antena Livre, Abarca, Torrejano, Rádio 94 FM de Leiria, Notícias de Guimarães entre muitos outros). Na área da Comunicação Empresarial (ou Institucional), os estudantes têm desenvolvido o seu estágio cur-ricular em agências de comuni-cação (como a Multicom, Agenda Setting, GCI, Parceiros de Comu-nicação e Shandwick), diversas empresas, autarquias (Abrantes, Sardoal e outras) e instituições (como a Tagus e a Fundação Mu-seu Ferroviário do Entrocamen-to).
PAÍSES ONDE OS ALUNOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PODEM FAZER UM SEMESTRE EM ERASMUSEspanha; Lituânia; Turquia; Bélgi-ca; Roménia
UNIVERSIDADES BRASILEIRAS COM QUEM O CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL TEM PRO-TOCOLOSFUMEC – Fundação Mineira de Edu-cação e Cultura, Belo HorizonteUNISC – Universidade de Santa Cruz do SulCentro Universitário Nilton Lins, Manaus
PRÉMIOS GANHOS PELOS ALUNOS DE COMU-NICAÇÃO SOCIAL DA ESTA
Prémio Nacional de Jornalismo Universitário (PNJU), 1.º lugar na categoria TV em 2009 e 2010
1º Prémio Concurso Regional Poliempreende 2009, projecto “Grupo KID”
Menção Honrosa no Concurso Nacional “Mais vale perder um mi-nuto na vida, do que a vida num minuto” de 2008, com o trabalho “Novo Mapa Mental dos condutores portugueses”
HÁLIA COSTA SANTOS ESTA D ABRANTES
L Atividades Alunos de Comunicação Social da ESTA no Campo Militar de Santa Margarida.
03WWW.ESTAJORNAL.PT Região
A23: “Existe uma restrição de mobilidade às pessoas”DESDE DO DIA 8 DE DEZEMBRO DE 2011 que a circulação na A23, auto--estrada que liga Torres Novas à Guarda, passou a ser taxada com portagens electrónicas. As vozes de contestação fizeram-se ouvir e foram accionados “alguns meios de legislação” por parte dos con-celhos abrangentes, como contou o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Vila Nova da Bar-quinha, Fernando Freire, que considera que com esta medida “a população é automaticamente afectada”.Para além desta medida houve uma outra chamada de “discriminação positiva”, que previa a isenção de pagamento nas primeiras dez via-gens mensais e 15% de desconto nas restantes para as populações locais. Esta medida terminou no passado dia 1 de Julho.
Como é que a autarquia viu a in-trodução das portagens na A23?A introdução de taxas nas auto--estradas foi vista como um pro-cesso complicado. Esta situação veio na sequência das chamadas “vias comunitárias de abertura do espaço único europeu”, que previa a livre circulação de bens, capitais e pessoas, e é na sequência da rede de infra-estruturas que é criado o IP6, que foi convertido mais tarde na A23. Uma das situações que se colocava era que, sendo esta uma estrada europeia, financiada com fundos comunitários, ela seria isenta de pagamento de taxas… Foi entendido pelo governo que tal não seria possível, muito devi-
MIGUEL FREIREESTA D ABRANTES
L Fernando Freire A autarquia vê com alguma preocupação esta discriminação significativa.
O comércio e as portagens
COM A DIMINUIÇÃO DO TRÁFEGO nas au-to-estradas os utentes começam a tirar partido das estradas nacionais para poderem “escapar” às porta-gens e aos seus custos. Mas será que este desvio poderá contribuir para o comércio no interior? Sim e não. “Nem sempre um aumento de trá-fego significa um maior consumo”, defende Nuno Simões, proprietário do café STOP, localizado em Atalaia, freguesia de Vila Nova da Barquinha. “Há sem dúvida uma outra movi-mentação com isto das portagens”, mas que no que diz respeito ao con-
MIGUEL FREIREESTA D ABRANTES
sumo das pessoas “não houve gran-de evolução”.De opinião contrária é Rui Almeida, proprietário do restaurante SOL Tejo em Vila Nova da Barquinha, que con-sidera que se nota “um refrescar” de pessoas: “há clientes novos com esta situação”, refere. Apesar dis-to, o mesmo acha que este mesmo acréscimo de visitas “não é propor-cional ao tráfego cada vez maior que notamos aqui em Vila Nova da Barquinha” e que isso se deve à crise que o país atravessa: “as pessoas evitam as portagens mas também evitam gastar mais dinheiro noutro lado”, finaliza.
do à situação que o país atravessa. Agora a questão da distribuição da riqueza do interior, face ao litoral, não é vista pelo poder autárquico como uma situação pacífica. A A1 de Lisboa a Torres Novas fica a me-tade do preço o km em relação às regiões interiores, como é o caso do nó Torres Novas - Abrantes. A autarquia vê com alguma preo-cupação esta discriminação sig-nificativa, que viola princípios de igualdade, e daí termos acionado alguns meios de legislação nacio-nal, nomeadamente da impugna-ção das taxas na A23, situação que se encontra ainda em tribunal. Como decorreu esse processo?Houve um grupo de advogados, com domicílio profissional na co-marca de Abrantes, que contacta-ram todas as autarquias do Médio Tejo, especialmente aquelas que são influenciadas pela criação de taxas de circulação na A23, para impugnar esta discriminação de taxas. A autarquia de Vila Nova da Barquinha foi uma das primeiras a responder a este contacto. Para além disto também foi apresentada uma queixa ao Procurador da Jus-tiça. É importante referir por fim que, para além da A23, foi feito o mesmo em relação a A13.Como foi afetada a população?A população é automaticamente afetada porque existe uma restri-ção de mobilidade às pessoas. Para além disso, é preciso ver outra si-tuação… Nas zonas marítimas, e perto das mesmas, as vias são de melhor qualidade e no interior a questão já não é bem assim. As populações para se deslocarem de Lisboa a Abrantes, por exemplo, se o quiserem fazer por estradas
nacionais, demoram cerca de três a quatro horas, e a verdade é que tempo é dinheiro e, nos tempos atuais, uma deslocação via auto--estrada fica praticamente a meta-de desta distância tempo. Também é preciso ver que a zona do Ribate-jo é uma zona agrícola e que exis-te grande circulação de tratores e maquinaria agrícola nas estradas, o que dificulta a mobilidade em termos rodoviários. Existem beneficiários com estas introduções de portagens na A23?Na sequência do desvio de trânsito das grandes vias, as pessoas pas-saram a utilizar as estradas mu-nicipais e nacionais, onde algum comércio que estava em decadên-cia, por exemplo a restauração, com este aumento do fluxo criou algumas expetativas e está a ge-rar algum rendimento. Todavia é preciso ver que este fluxo também veio prejudicar a qualidade de vida
a essas populações porque existe assim um aumento da poluição nas vilas e nas aldeias. Também veio prejudicar a segurança rodoviária devido a alguma pressa dos pró-prios utentes da via.No dia 1 de Julho o critério de “discriminação positiva” acabou na A23…A comunidade inter-municipal, na sequência de uma situação aprovada na Assembleia da Repu-blica, entendeu que esta comuni-dade era composta por 10 conce-lhos e posteriormente veio incluir o 11º concelho, que foi Mação. A chamada discriminação positiva, a partir de 1 de Julho vai terminar, mas não para todos. Está previs-ta para quem tenha um PIB per capita regional inferior a 80% da média nacional que o regime de isenções se mantenha. O legisla-dor entendeu, ao criar esta nor-ma, que todas as regiões com o
PIB per capita igual ou superior a 80% seriam regiões ricas e então deixariam de ser privilegiadas com esta isenção. O problema que se levanta aqui é que o INE, face aos dados estatísticos, não consegue elaborar o rendimento per capita da comunidade inter-municipal e isto devido ao facto de Mação vir a fazer parte da comunidade. Isto provoca uma situação complexa que irá levar à criação de uma nor-ma jurídica que vá dizer qual é o rendimento, pois o INE já disse que não tem capacidade de resposta para satisfazer esta necessidade. A autarquia vai estar atenta a esta situação porque estamos aqui a falar de valores significativos para as populações, conheço mesmo pessoas que vivem em Abrantes mas trabalham em Torres Novas que com este critério de isenção viam as suas vidas mais facilita-das.
L Estradas nacionais: Fugir às portagens não tem beneficiado comércio.
04 ESTA JORNALAGOSTO 2012Sociedade
“”
“Fiz figuração, ou seja, apareci por detrás dos atores, a andar, a apanhar banhos de sol, a jogar voleibol, etc.”
Aldeia do Mato com sabor a Morangos com Açúcar
A NOVA TEMPORADA DE VERÃO da série Morangos com Açúcar foi gra-vada em Castelo de Bode. Para a Agência Plural Castings, respon-sável pela escolha de figurantes, “a paisagem é extraordinária e precisávamos de uma praia flu-vial. A praia fluvial da Aldeia do Mato pareceu-nos ideal para as gravações da série”. Para o con-celho de Abrantes trata-se de uma oportunidade de divulgação a nível nacional.Em função desta proximidade, foram realizadas inscrições para a participação como figurantes na série, nas instalações do antigo centro de emprego de Abrantes, espaço cedido pela Câmara Muni-cipal. A Plural procurava pessoas entre os 12 e os 25 anos. “A adesão foi muito boa, cerca de 300 pes-soas, e o espaço foi apropriado.” Uma certa polémica surgiu du-rante as inscrições entre os par-ticipantes, sobre o tratamento e as oportunidades dadas a alguns dos concorrentes que prestaram provas no segundo dia. “Ontem só pediram para tirar o casaco, tirar fotos e preencher a inscrição e hoje estão a pedir para cantar. É injusto” – reclamaram Sara Cruz, Inês Lopes e Adriana Cruz, participantes no processo de se-leção para figurantes. A Plural esclareceu que “o que aconteceu
ANA GOMESESTA D ABRANTES
L Sonho Figurantes podem vir a ser atrizes.
foi que algumas pessoas na hora de fazerem as fotos, e porque es-tavam muito nervosas, pediram para cantar e assim aliviarem a tensão”. Segundo fonte da Câmara Mu-nicipal de Abrantes, foi a Plural quem contactou o município. “A Câmara aceitou fazer parte deste projeto, porque a Plural é uma referência nas artes cénicas. Com esta parceria pretendem uma maior projeção a nível nacional do concelho, o aumento da pro-cura de produtos e serviços do mesmo, aumento do interesse tu-rístico e promover o município, assim como a sua imagem.” Com estes pressupostos, a Câma-ra, para além do espaço cedido para as inscrições, disponibilizou
também, em apoio às gravações “alimentação e transporte para participantes e técnicos, ambu-lância, bombeiros, policiamento no terreno e isenção de taxas ca-marárias”.Entre as pessoas que passaram nas inscrições está Sheila Silvei-ra, aluna da ESTA, que considera que a sua participação foi boa: “Fiz figuração, ou seja, apareci por detrás dos atores, a andar, a apanhar banhos de sol, a jogar voleibol, etc.” Sheila também re-velou que os grupos de figurantes tinham, cada um, uma pessoa que se responsabilizava por eles, os chamados Crowd, que para além de os ajudarem em qualquer situ-ação que fosse necessário. “Eles estavam sempre connosco, para nos guiar, não nos deixar falar com os atores, para não fazermos barulho e para nos acompanhar nas mudas de roupa.” Esta não foi a primeira vez que Sheila participou na série. “No ano passado também entrei nos Morangos com Açúcar, série de verão, em Tavira, e tive de ir para bem longe para poder participar. No entanto, este ano vieram cá a Abrantes e para mim foi uma mais-valia.” Luís Mendes, pai de Sheila, lembra que “este é um sonho de muitas crianças e eu pretendo apoiar a minha filha”. Para Sheila, “este é um trabalho muito divertido” e algo que gosta de fazer, por isso, tem expetativa
Amor pelos animais em tempo de crise
ainda não apontam para as 10 horas na Amado-ra, mas Raquel Duarte já se aproxima, mesmo que lentamente, de Shiva, a labradora retrivier que faz parte da fa-mília há sensivelmente quatro anos. Com um gesto carinhoso, Raquel ajeita o cobertor cor-de-rosa sobre o qual Shiva descansa, a um cantinho da sala de estar, na sua castanha alcofa. In-capaz de andar, Shiva ali permanece, serena e com um olhar entristecedor, enquanto Raquel prepara duas taças, uma com água e outra com ração, para lhe levar. “A minha cadela teve uma hérnia discal, uma lesão muito grave na coluna vertebral que afec-tou a medula óssea. Foi submetida a uma cirurgia, mas ficou traumatizada e desde então não anda”, lamenta Raquel.Andam nisto há cerca de seis meses. Desde então, não só a vida de Shiva como a de Raquel ganharam alguns rituais específicos que condicionam os períodos fora de casa: “Já só vou trabalhar à tarde, mas mesmo assim saio do trabalho para vir ver a Shiva.” A cadela era uma autêntica atleta: “Sempre adorou correr, quando se aproximava de espaços com relva
PATRÍCIA ROGADO ESTA D ABRANTES
ninguém a parava.” Nessa época era difícil parar a Shiva e levá-la para casa. Nos dias de hoje, difícil é fazer com que se mova e com que ganhe motivação para voltar a passear. Raquel Duarte conta como tudo acon-teceu: “Um dia a Shiva vinha a correr e
sentou-se, só que não se voltou a le-vantar. Feito o diagnóstico disseram--me que a intervenção cirúrgica fica-va em 1795 euros. Eu ponderei muito sobre a situação porque nem sequer tinha o valor em causa, mas decidi que teria de proceder com a cirurgia. Ado-
ro tanto a Shiva que faço tudo o que está e o que não está ao meu alcance para a ver bem.” Tomada a decisão, surgiram vários donativos e foi criada uma conta poupança: “Caíram imen-sas ajudas na conta e a cirurgia ficou paga.” Concluída esta fase, iniciou-se
uma temporada de tratamentos e fi-sioterapia, o que implicou “mais um financiamento exorbitante.” O preço da recuperação da Shiva já ultrapas-sou o preço da cirurgia. “O Estado não comparticipa estes assuntos e, mais uma vez, os meus amigos e a minha família estiveram lá para mim. Estive-ram lá para a Shiva”, sublinha.Maria João Nunes é médica veterinária numa clínica em Abrantes. Reconhece que as dificuldades financeiras tam-bém têm afetado o tratamento dos animais. “Nalgumas famílias a crise é um entrave ao acolhimento de ani-mais, porque um animal exige alguns gastos.” A médica veterinária acres-centa que “ninguém é obrigado a ter um animal, mas quem tem, tem tam-bém uma responsabilidade para a vida inteira dele”. Os cuidados começam em casa e vão desde a alimentação à higiene, passando pela atenção e pelo carinho que os donos lhes garantem. No entanto, à medida que os animais crescem multiplicam-se os cuidados. Emagrecem as carteiras. “Às vezes há gastos extra de que não se está à espera, pois o animal pode ter um acidente ou ficar doente”, esclarece Maria João. “Por vezes o estado de desidratação e desequilíbrio do ani-mal é tão grande que já nada há a fazer.”
de o voltar a fazer no futuro.A participação como figurante neste tipo de séries é entendida, por grande parte das famílias, como a grande oportunidade para os jovens com o sonho de serem artistas entrarem no mundo do espetáculo. Outro fator é o facto de ser remunerado. Nuno Dias lembra que “esta é uma oportu-nidade para ganhar uns trocos”. Segundo Sheila, “a Plural paga ao dia e o valor varia consoan-te a atividade que os figurantes desempenham”, afirmação que
foi confirmada pela Plural. De qualquer modo, Laeticia Leite, ex-participante, afirma que “é um trabalho muito cansativo, com muitas horas de trabalho e que, por vezes, pode não valer a pena”.Para esta nova temporada, a Plu-ral adiantou que a temática re-tratada continuará a ser a moda, a anorexia e várias modalidades desportivas. Entre os atores es-tará João Mota, ex-participante do reality-show “Casa dos se-gredos”.
L Shiva A cadela que contou com a ajuda da família e amigos da dona.
05WWW.ESTAJORNAL.PT
“Tive medo do meu dom”
CATARINA FIGUEIREDO, ou Caty, como é conhecida pe-las pessoas, começou a ter contacto com o Mundo espiritual muito cedo “com três, quatro anos”. Na-quela altura não tinha muita noção identificando o que via como “amigos imaginários”. A mãe, preocupada com o seu estado, levou-a a um psiquiatra que não chegou a nenhuma conclusão. Aos seis anos, apercebeu-se da realidade em que vivia e que o que via eram realmente espíritos e não amigos imaginários. O medo que sentia quando via espíritos era tão forte que chegou a dormir na varanda do seu quarto ao frio com receio de os enfrentar. A ajuda da mãe foi preciosa para con-frontar o medo: “quando os espíritos apareciam, ela estava ao meu lado e eu aí conseguia perguntar--lhes quem eram e o que queriam, às vezes eles respondiam, outras não…Os meus pais sempre me apoiaram, ajudaram-me a esconder o meu dom durante muitos anos, mas quando tive que o tra-balhar, eles também me apoiaram”, visto que na fase de rejeição ao dom adoecia. “A primeira vez que me senti embaraçada foi quando eu estava a dormir e, de repente acordo e vejo uma mulher com uma criança ao colo no fundo da minha cama. Perguntei-lhe o que é que ela queria mas ela não me respondeu, então eu comecei a correr e fui-me enfiar na cama dos meus pais.”Com o passar dos anos teve de se habituar a uma nova realidade, mas aos doze anos, perdeu o avô, uma tia e um tio que lhes era muito próximos. “Quando o meu avô e os meus tios morreram passei por uma fase de revolta, não me impor-tava com nada nem mesmo com a minha vida. Um dia ia a passar a passadeira, sem dar atenção nenhuma ao que fazia, ouvi o meu avô a gritar o meu nome e quando parei apercebi-me que o carro ficou a três metros de mim”, fazendo com que ela reagisse. “Quando estava em situações de perigo ouvia a voz dele”. Desta forma, associou o seu avô como seu anjo da guarda e seu guia, mas “quem me ajuda muito a curar pessoas é o anjo Gabriel”, anjo anunciador e que, segundo a Bíblia, comunicou a Nossa Senhora que estava grávida de Jesus Cristo. “O que mais necessito é de sentir paz, gosto de ir à Igreja, necessito de ir à Igreja para sentir paz dentro de mim. Acredito muito no meu anjo da guarda e tenho muita fé na Nossa Senhora de Fátima”.
LAETICIA LEITE ESTA D ABRANTES
A Liga dos Amigos do Hospital de Abrantes
Ajudar quem mais necessita
LUÍS FERNANDES veio para o Hospi-tal de Abrantes como cirurgião, onde esteve durante várias déca-das como presidente de Adminis-tração do Hospital. Atualmente é Presidente da Liga dos Amigos do Hospital. Após a sua aposenta-ção, e com mais 25 amigos, sur-giu a ideia de criarem a “Liga dos Amigos”, que tem atualmente o estatuto de uma IPSS (Institui-ção Particular de Solidariedade Social). Luís Fernandes explica que o objetivo da Liga é “melhorar a qualidade de saúde que aqui é prestada”. O serviço de volunta-riado desempenha aqui um papel fundamental. Atualmente, a Liga conta com 50 voluntários, nos mais diversos serviços, tais como cirurgia, medicina, ortopedia. Além desse tipo de voluntariado a Liga tem também associado a ex-ploração do bar onde trabalham 8 funcionárias renumeradas. Del-mar de 64 anos, reformado vive no Tramagal e há um ano decidiu inscrever-se na Liga. Ajuda no bar e diz que “gosto de falar com pessoas, vim para ocupar o tempo livre que agora tenho”. Madalena Pratas tem 60 anos e é reformada. É voluntária há 44
L Luís Fernandes “Quantos mais associados tivermos, mais estímulo temos para continuar”.
Sociedade
ANA RITA MARTINSESTA D ABRANTES
anos, está na Liga desde a sua criação, mas começou a sua ca-minhada aos 13anos no Santuário de Fátima onde ainda hoje aju-da. Passa a maior parte do tem-po no Hospital de Abrantes mas também contribui com a sua boa vontade de ajudar no IPO de Lis-boa duas vezes por semana. Ma-dalena é uma pessoa vocacionada para ajudar os outros: ”gosto de ajudar os outros, dar-lhes força. É gratificante ver um sorriso de-les depois de uma conversa. Sou feliz com o que faço”. Isabel Simões também faz parte da Liga desde a sua formação. É Técnica de Farmácia mas neste momento está desempregada. Isabel começou como voluntá-ria no serviço de Oncologia mas, neste momento, faz parte do ser-viço de Medicina e Ortopedia. “É bom contribuir com estas peque-nas ajudas, ocupo o meu tempo livre mas, ao mesmo tempo, vejo a felicidade no rosto das pessoas, elas sabem que estamos aqui para uma conversa, para um ombro amigo e isso é o mais gratifican-te”.A Liga não se restringe apenas ao serviço de voluntariado den-tro do Hospital, também pres-ta colaboração a doentes que já estiveram hospitalizados mas que, por razões económicas, não
conseguem comprar a medicação necessária ou mesmo adequada ao tratamento da doença. Luís Fernandes revela que, mediante uma identificação do serviço so-cial, esses doentes “têm acompa-nhamento da Liga para aquisição de medicamentos, de alimentos especiais, total ou parcialmente, consoante as necessidades dessas pessoas”. “Quantos mais associados tiver-mos, mais estímulo temos para continuar”, confessou o presi-dente Luís Fernandes. A forma como as pessoas se podem ins-crever na Liga é simples: “basta fazer a inscrição aqui na Liga, e são submetidos a uma entrevista feita por a coordenadora”. Trata--se de uma entrevista exaustiva, que avalia o perfil, vocação e dis-ponibilidade necessária. Os sele-cionados têm depois uma ação de formação rotativa entre o Centro Hospitalar, Tomar, Torres Novas e Abrantes.Com a situação do nosso país, existem muitos jovens desem-pregados e alguns deles colabo-ram com a Liga, para ocupar o seu tempo e prestarem auxílio a quem mais precisa. “É um gesto meritório e notável de todos os voluntários”, confessa o presi-dente.
A LIGA DOS AMIGOS DO HOSPITAL DE ABRANTES tem sido um benefício essencial para os médicos e doentes do Hospital. O voluntariado revelou-se uma mais-valia para os serviços dando prova do seu dinamismo e capacidade de trabalho.
L Fé O que mais necessito é de sentir paz.
06 ESTA JORNALFEVEREIRO 2012AGOSTO 2012
DEBAIXO DE UM VIADUTO EM LEIRIA, na enorme pista que dá a volta até à Rodoviária, existe ao fundo uma vedação com peças de roupas es-tendidas. Algumas pessoas cozi-nham debaixo do viaduto. São duas mulheres, uma delas está a descas-car batatas, a outra está a mexer com uma colher de pau a panela ao lume numa fogueira improvisada.Nenhuma daquelas mulheres fala Português. Só sabem perguntar “quem tu és” e dizer “comida, te-mos fome”. Uma delas diz que se chama Maria, mas explica que não sabe Português. A irmã, também Maria, é que sabe alguma coisa de Português, porque já esteve mais vezes em Portugal à procura de comida.Maria, irmã mais velha, corre uns cinco metros após o viaduto. O seu acampamento fica logo ali, mas para lá chegar tem de passar por um terreno baldio repleto de ervas altas. Seguimos Maria até ao acam-pamento. Tivemos sorte porque, de tantas e tantas vezes passarem por ali, foi-se formando um carreiro que se direciona exactamente para um canavial. É fácil segui-la, apesar da rapidez com que vai. O acampa-mento está muito bem escondido.No meio de tantas canas, surpre-endentemente, estão todos eles. Uma família de imigrantes, vindos todos da Roménia: pai, tio, duas ir-mãs (uma de 16 a outra de 20 anos) e uma amiga. Todos eles saíram da
DAVID LEALESTA D ABRANTES
Viadutos servem de lar a famílias romenas
L Maria Cozinhar com aquilo que os outros dão.
Roménia para fugir da fome. O seu acampamento – essencialmente formado por cartão, plásticos e ou-tros materiais encontrados no lixo ou oferecidos por alguém que teve pena da miséria deles – representa os lares do país que pelo menos lhes dá migalhas. Cheira mal ao pé do acampamento, deve ser dos restos de comida que ali deixam e também dos coberto-res que ora estão dentro das tendas improvisadas ora estão a apanhar um pouco de ar em cima da erva.No dia seguinte, por volta das nove
da manhã, não se vê ninguém fora das tendas. Deve de ser por estar a chover torrencialmente. Há poças lamacentas junto do acampamen-to. Lá dentro não é melhor: quatro tendas, cada uma delas com espaço apenas para uma pessoa, faz delas o único abrigo possível. Debaixo do viaduto está tudo seco, o espaço é enorme.Por volta do meio-dia as três únicas mulheres voltam a fazer a refeição debaixo do viaduto. Maria diz que anteriormente o acampamento es-tava lá debaixo, pois tinham muito
mais conforto: não chovia e o es-paço era mais limpo. Mas a polí-cia mandou-os sair dali. Por isso, foram para o meio do canavial, lá dentro não são vistos.Num cerco que divide o terreno baldio ao pé do viaduto existe uma vedação que é usada para secar a roupa. A uns 10 metros está uma pista onde várias pessoas cami-nham, correm ou passeiam cães. É visível a roupa estendida. Ninguém lhes dá importância, mesmo quan-do se vê a fogueira debaixo do via-duto. Anabela Carvalho, 62 anos,
vai todos os dias andar na pista com o seu cão. Diz que lhe faz bem, mas quando olha para aquela miséria, prefere ignorar. Um fotógrafo ama-dor está a registar o campo baldio. Na sua objetiva não entra a miséria romena. Diz que aquela miséria é terrível.Já se aproxima da hora do jantar, o ambiente é animado. Maria, a irmã mais velha, com a amiga Denisa, preparam novamente o jantar. To-dos os dias são iguais para elas. As mulheres ocupam o seu tempo nas lidas domésticas e a mendigar de porta em porta; os homens, aqui representados pelo pai e o tio, estão muitas vezes a arrumar carros nos parques da cidade.Tudo o que têm foi oferecido, a alimentação, os talheres e até o próprio prato. Pelo menos “aqui está comida, na Roménia não tem nada”, diz Maria quando prepara o jantar. Com apenas 16 anos co-nhece a miséria de perto e sabe até que ponto pode contar com a terra lusitana, porque já cá esteve ou-tras vezes. Desta vez está cá com a família há seis meses. Na Roménia não existe comida nem trabalho, pelo menos cá vivem “com a ajuda das pessoas”.Embora a mendicidade seja igno-rada por quem os olha ou repara neles, aquela família não se deixa levar pela tristeza. Quando vão pe-dir, Maria deixa claro que não que-rem dinheiro, só pedem que lhes dêem comida. “Senhora não quero dinheiro, dêem-nos comida”. Os dias parecem ser todos iguais, a chuva e o sol marcam o movimen-to do acampamento. Debaixo das estrelas, iluminados pela fogueira vêem o infinito, contam histórias, riem e brincam. O viaduto passou a ser o local onde convivem, comem e se abrigam da chuva junto da fo-gueira. Através da qual aquecem a esperança de encontrar melhores dias. “Portugal é bom, aqui temos comida”.
“Recordar é viver”, em Abrantes, ajuda os mais velhos a passar o tempo“É tão difícil a solidão”
é uma se-nhora com quase oitenta anos. Olhos azuis resplandecentes. Cabelos bran-cos, faces levemente rosadas num rosto de aparente e absoluta tran-quilidade. Move-se devagar mas com firmeza, fala com segurança e lucidez, próprias de quem recusa de-sistir só porque o fator idade lhe vai dificultando os movimentos.
É sobretudo no olhar, na expressão e no tom de voz que reside o encanto maior de D. Felicidade: o timbre da saudade sobre o passado que a fres-cura do presente lhe relembra. Fala de situações vividas e de pessoas que gostaria de rever, deixando transpa-recer, aos poucos, a saudade pelo seu companheiro de muitos anos. O amigo sempre presente, o seu confidente … o seu verdadeiro e único amor. “Como é difícil a solidão”.Tem dois filhos, vários netos e bisnetos
FRANCISCO ROCHA ESTA D ABRANTES
porém, está sozinha. Preza a sua inde-pendência; fazer o seu “comerzinho”, arrumar as suas “coisinhas”, “estar no seu cantinho…” D. Felicidade fala de si própria: “Tenho um frenesim levado da breca”, “sou muito exigente comi-go própria”. Apesar da idade, o dina-mismo é evidente. “Quando me meto a fazer uma coisa nada me impede.” Mas a solidão devora-lhe os dias. Em Abrantes, para lidar com este problema crescente, foi criada uma instituição apelidada “Recordar é Viver”. Trata-se de uma valência do Centro Social Interparoquial de Abrantes, criada pelo Cónego José da Graça, que pretende que as pes-soas idosas, que normalmente pas-sam os dias sozinhas, das paróquias de Abrantes, possam conviver e confraternizar, quebrando a solidão, criando amizades e afetos. “O obje-tivo é a promoção do convívio entre todos aqueles que passam os dias sozinhos em casa, evitando que a solidão se apodere do seu coração”, explica o Cónego José da Graça.
Madalena Silva, uma das cinco mulhe-res que iniciou o “Recordar é Viver”, conta que este centro tem cerca de 40 utentes inscritas, com mais de 65 anos. De segunda a sexta-feira, ocupam as suas tardes com traba-lhos de costura e croché, ginástica, jogos, cantares, entre outras ativida-des. Enfermeira aposentada, explica que uma conversa ou um lanche são pretextos para passar algum tempo de convívio. “O dia passa melhor… Adoram conversar.”Realçando o trabalho dos voluntários como fundamental e dinamizador para este convívio, Madalena Silva evidencia o trabalho de outras cinco voluntárias, todas elas enfermeiras reformadas. Nesta forma de ajudar a combater a solidão dos mais velhos, nem as dificuldades de locomoção são desculpa para ficar em casa por-que o projeto disponibiliza transporte. Esta valência, gratuita e aberta a to-dos, funciona na Casa da Esperança, situada na rua Actor Taborda, em Abrantes. L D. Felicidade Tem família mas sente-se só.
Sociedade
07WWW.ESTAJORNAL.PT
Jovens com vontade de tocar
OS HOLLOW PAGE são uma banda de covers e originais que cresceu em Abrantes. Começaram na “ga-ragem” e agora, com um ano de existência, dão concertos e ani-mam as pessoas que a eles assis-tem.“Hollow” de vazia, “Page” de Pá-gina. Uma história que já está a ser preenchida pelas boas impressões dos fãs têm desta banda que co-meçou por uma pura brincadeira de quatro jovens e que agora são cinco. Em entrevista em conjun-to, via Facebook, a banda falou di-ficuldades e dos projetos futuros.
Como surgiu a ideia de formarem uma banda?Surgiu da maneira mais natural.Como surgiu a banda e porquê o nome “Hollow Page”?Tudo isto começou como uma pe-quena brincadeira, o João Pedro Sousa (guitarrista solo), o Da-niel Branco (guitarrista ritmo), o Diogo Pina Ribeiro (baixista) e o Francisco Gato (baterista) deci-diram começar a tocar de vez em quando, à tarde, a seguir às au-las. Entretanto o Clube Náutico de Abrantes (CNA) perguntou-nos se queríamos ir tocar ao seu jantar de Natal, e foi aí que começámos a tocar mais a sério! Mas só de-cidimos que íamos formar uma banda definitivamente quando o vocalista, Pedro Rafael, entrou na banda há cerca de um ano. A partir daí começamos a dar alguns concertos em Abrantes, e foi num desses concertos que conhecemos o nosso atual manager o Ricardo Barra. A partir desse momento, e devido ao trabalho excelen-te que tem vindo a desenvolver connosco, temos tido imensos concertos e temos vindo a evo-luir de dia para dia. O nome foi o João Pedro Sousa, o nosso gui-tarrista, que deu quando abriu o dicionário de inglês, descobrindo assim as duas palavras “Hollow” e “Page”, e como reparámos que até não era mau, escolhemos esse. Em português significa página va-zia, porque cada pessoa tem uma opinião diferente sobre a banda, e as pessoas é que preenchem essa página.Partir da “ideia” de criar uma banda e ir para a “ação” foi difícil?Ao início foi um bocado difícil, porque nós não conhecíamos muito bem o mundo da música. Nos primeiros concertos estáva-mos muito nervosos porque que-ríamos muito agradar as pessoas. E foi mais nesse sentido que foi difícil, porque agora já estamos mais ou menos habituados apesar de antes de entrarmos em palco
FABIANA BIOUCASESTA D ABRANTES
ainda haver um nervoso miudi-nho.Quais as maiores dificuldades até agora? A maior dificuldade até agora foi, sem dúvida, tentar conciliar a banda com a escola, porque es-tamos todos no 12º ano e é um ano importante, todos queremos ir para a faculdade e isso foi uma das contrapartidas que a banda sempre teve, primeiro os estudos, depois a banda.Como se sentiram no primeiro concerto?Bem, o primeiro concerto foi sem o nosso atual vocalista, mas ainda assim foi uma experiência fasci-nante e foi o ambiente que senti-mos entre todos e com o público que nos levou a avançar em frente com este projeto. A sensação de se estar em cima de um palco é indescritível e quando isso ocorre pela primeira vez ainda é mais. É como se estivéssemos a expe-rimentar algo de que gostamos, como jogar futebol ou ir ao cine-ma, pela primeira vez.Quais as vossas aspirações para o futuro?Como uma banda, as nossas as-pirações mantiveram-se sempre nas mesmas bases. Damos muita importância à música em si, ten-tamos sempre ter uma atitude o mais perfecionista possível em relação a cada música de manei-ra a que em palco nada falhe. No entanto, é também muito im-portante a prestação em palco. A nossa banda sempre apostou na dinamização dos concertos de maneira a que possamos interagir com o público e entre nós o mais possível, o que aumenta bastan-te a qualidade de cada concerto e a moral da própria banda. Por fim, numa banda, como equipa ou até como família, é importante que as relações entre os membros se mantenham em bom estado e nesse aspeto temos a vantagem de nos conhecermos quase todos há muitos anos. Somos também bas-tante honestos uns com os outros e agimos de maneira a dar sempre o melhor à banda, como grupo, em vez de termos a atitude egoísta de apenas nos preocuparmos com a prestação de cada um, o que ao final de um tempo provoca sem-pre problemas entre os membros.Qual o vosso maior sonho?Bem o nosso maior sonho é, sem dúvida, conseguir ter sucesso no nosso país como banda de originais, que estão a ser traba-lhados tendo já nove completos, mas não só em Portugal, também mundialmente. Mas sabemos que, para isso, vamos ter de trabalhar muito mas mesmo muito, mas nunca se sabe o amanhã. Prefe-rimos viver um dia de cada vez e ir com calma.
L Entrega Agimos de maneira a dar sempre o melhor à banda.
Entrevista
Bandasdegaragem.ptEM 2006 apareceu uma versão de um site dedicado às bandas de garagem potuguesas. Em meados de 2011 sur-ge uma nova versão desse site. João Costa, analista e programador, esteve sempre ligado à música e decidiu dar uma oportunidade às bandas, músicos e cantores, de mostrarem e lutarem pelo que gostam: a música. Em entre-vista, João Costa explica a importância deste projeto.Como e porquê surgiu a ideia de criar este site? A ideia de criar o site é já antiga, surgiu porque sempre estive ligado à música. Tendo sido guitarrista em várias ban-
das, sei a dificuldade que há na divul-gação da nossa música, dos nossos projetos musicais (embora sendo atu-almente mais fácil com a expansão da Internet e com sites como o youtube). Pretendia criar um site que pudesse juntar as bandas nacionais, que de for-ma simples permitisse divulgar a sua música, os seus videoclips, fotos, con-certos, e ao mesmo tempo as ajudasse a encontrar locais para atuarem (ba-res, festivais, concursos de bandas), a encontrarem outros músicos, vende-rem e comprarem equipamentos, etc.Quando é que foi criado? Numa primeira versão em 2006, que
esteve online cerca de um ano, e mais tarde, com o projeto mais amadureci-do, em meados de 2011 surge a versão atualmente disponível em www.ban-dasdegaragem.pt, com nova imagem e mais organizado, estando ainda no “forno” novas funcionalidades que es-tarão disponíveis brevemente, bem como formas de parceria com enti-dades que possam ajudar a divulgar o trabalho das bandas.Quantas bandas estão inscritas?Atualmente o site tem ainda um uni-verso de bandas pequeno, estando inscritas pouco mais de meia centena. Utilizadores estão inscritos perto de 100. É necessário ainda muito trabalho de divulgação para que possa chegar a todas as bandas nacionais.
Última08 ESTA JORNALAGOSTO 2012
CIDADE PORTUGUESA do distrito de Santarém, cidade do desporto, da moca e do sal, Rio Maior brinda--nos com paisagens e cenários que parecem retirados de uma história de encantar. Tem como primeiro nome “Rio”, e na verdade o rio está lá, embora seja mais conhe-cido pelo “Rio Maior”, é também chamado de Vala da Asseca e Vala da Azambuja. Nasce nas Bocas, na Freiria, em Rio Maior, tem um percurso de aproximadamente 70 quilómetros e “morre” no Tejo.Na parte antiga da cidade, existe um local totalmente abandonado dotado de uma beleza particular. Falo das Escadinhas, uma pequena cascata por onde passa o rio. Em tempos, foi local de passagem a la-vadeiras e produção de energia. O
Um cheirinho em terras de sal
Descobrir Rio Maior,Prémio de Geoconservação 2012
FLÁVIA FRAZÃOESTA D ABRANTES
L Salinas O sal é vestígio da presença do mar noutras épocas.
LOCALIZADA NA REGIÃO DA “ESTREMADURA RIBATEJANA”, Rio Maior mostra um interior recheado de pontos naturais de referência, como a Serra dos Candeeiros, as Salinas da Fonte da Bica e o Rio. A Vila Romana e as grutas são outros pontos de interesse.
rio desce pelas escadinhas e atra-vessa uma ponte romana de três arcos, mais um pouco de história que por aqui encontramos. Hoje, da fábrica apenas restam as ruínas e pela cascata, ainda passa a água, mas mal se vê.Por esta cidade passaram os Ro-manos. Os seus vestígios têm sido descobertos em Rio Maior ao longo dos anos, nomeadamente na Vila Romana de Rio Maior. Noutros sé-culos, a Vila Romana funcionava muitas vezes como casa de campo de um importante senhor romano, normalmente um magistrado de uma cidade. Foi descoberta uma grande quantidade de mosaicos e de várias peças, de onde se destaca a Ninfa. Existem fortes probabi-lidades de esta figura se tratar da personificação de uma divindade tutelar do rio. Atualmente é uma peça emblemática para os rio-
maiorenses, Rio Maior conta-nos muito, dá-nos também um chei-rinho a sal. Uma grande riqueza e prestígio da cidade, as salinas naturais de sal-gema, as únicas em Portugal. Situadas a três qui-lómetros da sede de concelho, na Fonte da Bica, constituem uma das principais referências da localida-de. Estas salinas estão considera-das como Imóvel de Interesse Pú-blico, no contexto do Património Cultural Português, e são as únicas do género em Portugal ainda em exploração.O documento mais antigo de Rio Maior faz referência às salinas desde 1177. A questão que muitos colocam é: “Como é que há sal sem mar?”. Mar por estes lados só se avista a 30 quilómetros e a água das salinas é sete vezes mais sal-gada que a do Oceano Atlântico. O sal é vestígio da presença do mar noutras épocas. A existência deste resulta de uma extensa mina de cloreto de sódio (sal-gema), atra-vessada por um veio de água doce subterrâneo, que se torna salgada e é conduzida a um poço único que abastece os talhos.A Cooperativa Agrícola dos Produ-tores de Sal de Rio Maior foi cons-tituída em 1979 e agrupa a maioria dos atuais proprietários dos talhos, tem como objetivo comercializar o sal dos marinheiros e promo-ver ações de apoio aos mesmos, na transformação de salmoura (substância de conservação) e o seu
aproveitamento. A constituição da Cooperativa permitiu a colocação do sal no mercado, o que favorece a economia. As salinas permitem também desenvolver o turismo. Em algumas das típicas casas de madeira, que no passado serviram para guardar o sal, existem cafés, restaurantes e diversos tipos de co-mércio que constituem o suporte turístico deste espaço natural. Deixamos para trás as pirâmides de sal e as casas típicas de madeira e seguimos para norte, daí a cer-ca de quatro quilómetros estamos na Serra dos Candeeiros. Daqui, a 610 metros de altitude, pode-se disfrutar de uma bela panorâmi-ca onde a paisagem fala por si. Do cimo da Serra avistam-se as belas planícies ribatejanas, Rio Maior e Santarém e em dias de céu limpo as ilhas Berlengas. Entre trilhos descobrimos as inúmeras grutas que pelo seu estado já não recebem visitas.Voltamos a descer até às Salinas e partimos para as Alcobertas, que ficam a cerca de nove quilómetros. É a segunda maior freguesia do concelho de Rio Maior. Por lá fez--se história, existem nesta aldeia vestígios de presença Neolítica, como é o caso do Dólmen, junto à Igreja de Santa Maria Madalena. É um monumento com cerca de 5 mil anos, de caráter funerário, com-posto por uma câmara e um cor-redor. Em Portugal só existem três, dois no Alentejo e o das Alcobertas.
O Forno Medieval de Alcobertas foi descoberto nos anos cinquen-ta do século passado, quando se procedia à preparação do terreno para a instalação de uma fábrica de cerâmica. Toda esta estrutura é composta por fossa de alimenta-ção, conduta, fornalha e câmara de cozedura.Deixemos as cozeduras, continu-amos a subir e eis a indicação dos Potes Mouros. Estes são circunfe-rências irregulares com cerca de um metro de diâmetro e chegam a atingir quase dois metros de pro-fundidade. Eram usados para con-servar cereais. Atualmente exis-tem 35, mas originalmente eram entre 80 a 100.A pequena aldeia de Chãos perten-ce às Alcobertas e esta é um mundo de tradições. Aqui é possível ad-mirar velhos teares, casas rústi-cas, cisternas e visitar o dinâmico Centro Cultural de Chãos.Para quem é amante do desporto e gosta do ar puro, Rio Maior reserva um segredo a cinco quilómetros e meio de distância, o Golden Ea-gle Residence & Golf Resort, um campo de golf com residências deslumbrantes no seu interior. Por aqui pode dar asas aos seus senti-dos. Leve no olhar as paisagens, no ouvido a fala das gentes, no nariz o ar puro da serra, mãos cheias de recordações e na boca o paladar doce e salgado, o pão-de-ló e o sal, típicos riomaiorenses.
GLOSSÁRIOEiras: estrutura de madeira, em forma de mesa e rasteiras ao chão, onde é colocado o sal para secar.Picota: objecto que serve para tirar água dos poços.Regueira: caminho estreito por onde passa a água do poço até aos talhos.Talhos: local onde é colocada água salgada para formar o sal através da evaporação.
PERFIL DAS SALINASOito séculos de história reflectem--se no brilho e clareza dos montes de sal que podemos ver somente na Primavera e Verão, sal puro e cris-talino na sua essência. As casinhas
de madeira levam-nos a recriar uma pequena aldeia, pura imagi-nação. Por ali pode-se petiscar ou simplesmente passear. Entre ma-rinheiros e pirâmides deparamo--nos com dados técnicos:
N° de talhos: 470Dimensão média/talho: 35 a 50 m2Área total: 27.000 m2 (5.000 m2 de concentradores)Poço: 8,95 m de profundidade e 3,75 m de diâmetro 1 Litro de Água = 220g sal (97% cloreto de sódio)Produção Anual: 2000 toneladas
COMO CHEGAR:
Salinas: 3km de Rio MaiorLatitude: +39º 21’ 52.57”Longitude: -8º 56’ 40.62”Alcobertas: 11km de Rio MaiorLatitude: +39º25’ 10.0698”Longitude: -8º 54’ 17.8626”Golden Eagle: 5,5km de Rio MaiorLatitude: +39º 15’ 45.1902”Longitude: -8º 56’ 13.293”Vila Romana: Rio MaiorLatitude: +39º 19’ 58.58”Longitude: -8º 56’ 21.56”
jornaldeabrantes
AGOSTO2012 REGIONAL 9
Um grupo de 33 crianças, dos cinco aos 12 anos, per-noitou na Biblioteca Muni-cipal António Botto no dia 19 de Julho. Foi uma noite de animação e descobertas, que seguramente as crian-ças vão guardar na sua me-mória para sempre.
Este período do Verão re-
mete imediatamente para
férias. E estar de férias signi-
fi ca descansar, passear, via-
jar… Nesta perspectiva, nun-
ca dispenso um bom livro.
Porque os livros fazem-me
viajar, imaginar, sonhar. E so-
nhar é uma coisa que todos
fazemos, desde pequeninos.
Tal como ler, mesmo que não
saibamos juntar letras e for-
mar palavras. Quando junta-
mos as duas coisas, acontece
magia! E acontecem “Livros
que sonham”.
Quando nos propusemos
fazer uma noite na bibliote-
ca com crianças, sabíamos
que a probabilidade de su-
cesso era grande: a ideia
não era nova e tem sido de-
senvolvida com sucesso por
todo o país. Mas para nós era
uma ideia que andava a fer-
mentar há algum tempo e,
como era a primeira vez, es-
távamos um pouco apreen-
sivos. O que iria acontecer?
Como se comportariam as
crianças, já que muitas nun-
ca tinham dormido fora de
casa? Será que iriam con-
seguir dormir? Estas e ou-
tras interrogações aguarda-
vam uma resposta. O pri-
meiro impacto foi decisivo:
no acolhimento às crianças,
tentámos, desde logo, que
se sentissem à vontade. Al-
gumas já nos conheciam de
outras aventuras e foi mais
fácil. Outras estavam apre-
ensivas e demoraram um
pouco mais. Começadas as
actividades, as crianças mer-
gulharam na nossa “loucura”.
Deixaram-se envolver e via-
jaram connosco nesta aven-
tura. Ouviram-se histórias
e fi zeram jogos. Organiza-
ram o seu espaço e prepara-
ram-se para adormecer. Al-
guns, fruto do cansaço, nem
pestanejaram e adormece-
ram imediatamente. Outros
nem por isso e foi necessá-
rio usarmos os nossos dotes
parentais para os conseguir-
mos fazer viajar pelo mundo
do “João Pestana”.
Confesso que não dormi
em toda a noite. Não só por-
que estava preocupado com
o bem-estar dos meninos.
Principalmente porque quis
saborear cada segundo des-
ta aventura. Fui-me divertin-
do ao longo da noite, vendo
cada reacção, ouvindo cada
palavra, suspiro e som que
saía das bocas das crianças.
Tirei fotografi as das posi-
ções mais estranhas em que
dormiam.
Foi, sem dúvida, uma expe-
riência inesquecível e para
repetir futuramente. Com
ela, as crianças que participa-
ram viajaram pelos livros, so-
nharam aventuras, criaram
mais mecanismos de inde-
pendência e autonomia, di-
vertiram-se, partilharam sen-
timentos e viveram emoções.
Cresceram mais um pouco.
Quero deixar aqui um agra-
decimento ao Luís Pires, da
empresa Grão-Café, por ter
oferecido o lanche nocturno
e as lembranças que os me-
ninos levaram.
Termino agradecendo a to-
dos os meninos por terem
vindo sonhar connosco. E
aos pais por terem confi ado
em nós. Até aos próximos
“Livros que sonham”…
Artur Marques(técnico superior de animação)
O autor escreve de acordo
com a antiga ortografi a
O Mestre de Sardoal e suas
Tábuas vão ser o mote para
as Jornadas que decorrerão
no dia 21 de setembro, no
Centro Cultural Gil Vicente,
no âmbito das Festas do
Concelho de Sardoal 2012.
Do programa das “Jornadas
Mestre de Sardoal” constam
intervenções de prestigiados
nomes nas áreas da História
de Arte, Conservação e Res-
tauro, que ao longo dos últi-
mos anos têm vindo a estu-
dar este artista e a sua obra
e que acompanharam o pro-
cesso de recuperação dos
retábulos existentes no Sar-
doal. No fi nal do dia terá lu-
gar uma visita guiada às Tá-
buas do Mestre na Igreja Ma-
triz da vila. A iniciativa tem
entrada livre, mas sujeita a
inscrição prévia que pode ser
feita através dos contactos:
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“Livros que sonham”
Jornadas sobre Mestre de Sardoal
Novos horários dos transportes urbanos
Os novos horários dos trans-
portes urbanos entraram em
vigor a 1 de agosto e resultam
da reorganização desta rede
de transportes que a Rodovi-
ária do Tejo disponibiliza no
circuito urbano de Abrantes.
Além disso, as alterações
vão permitir que o serviço
seja disponibilizado a mais
zonas, logo com mais ofer-
ta aos utilizadores. A carrei-
ra “Urbana dos Plátanos” dei-
xa de existir, mas a maioria
das suas paragens passam a
integrar uma nova linha ver-
de, a “Urbana de Alferrarede”.
Esta alteração permite uma
cobertura a novas áreas, tal
como a passagem pelas ins-
talações do CRIA – Centro de
Recuperação e Integração de
Abrantes – e o Parque Indus-
trial sul. Também a denomi-
nada “Urbana de Abrançalha”
passará a chamar-se “Urba-
na da Chainça” (Linha Amare-
la), sendo que as paragens de
Abrançalha de Baixo, Abran-
çalha de Cima, Srª da Luz e
Paúl passam a ser abrangidas
pelas carreiras interurbanas
da Rodoviária do Tejo, que
passarão também a servir a
zona de Alferrarede Velha.
A informação sobre horá-
rios, percursos e tarifários
está disponível nas páginas
eletrónicas da Câmara (www.
cm-abrantes.pt) ou da Rodo-
viária (www.rodotejo.pt) e no
terminal rodoviário.
A atleta do Clube Náutico
de Abrantes, Mariana Vitória,
sagrou-se Campeã Nacional
na modalidade 100m Cos-
tas, durante o Campeonato
Nacional de Juvenis e Abso-
lutos de verão que decorreu
de 26 a 29 de Julho, no Com-
plexo Olímpico de Piscinas
do Jamor.
Mariana Vitória foi uma se-
gunda vez ao pódio receber
a medalha de bronze pelo 3º
lugar na modalidade 200m
Mariposa.
A destacar também o de-
sempenho dos atletas Mada-
lena Sousa da Silva, que ob-
teve a 4ª melhor posição Ju-
venil na prova 200m Bruços,
Rute Leonardo, que fi cou em
5º lugar de Juvenil na prova
100m Bruços, e André Men-
des, que obteve a 6ª melhor
posição na prova 50m Cos-
tas
O Campeonato Nacional de
Juvenis e Absolutos de Ve-
rão contou com a presença
de 590 nadadores entre os
quais 20 nadadores france-
ses, 19 italianos, oito suecos
e um americano.
Campeã Nacional de Natação é abrantina
• Mariana Vitória
jornaldeabrantes
AGOSTO201210 REGIONAL
Municípios do Médio Tejo apresentam propostas para a saúde
É necessário criar uma Uni-
dade de Saúde Local que per-
mita a efetiva articulação entre
os Cuidados de Saúde Primá-
rios e o Centro Hospitalar do
Médio Tejo. Esta ideia, defen-
dida pelo Conselho da Comu-
nidade do ACES Zêzere (Agru-
pamento de Centros de Saúde
Médio Tejo II), na reunião de
20 de julho, será comunicada
ao ministro da Saúde e a ou-
tras instâncias. Para além dis-
so, os representantes dos di-
versos municípios abrangidos
defendem que previamen-
te deverá ser promovida uma
ampla discussão entre todos
para que seja possível a sua
adaptação às diferentes reali-
dades territoriais.
O Conselho pronunciou-se
também sobre a proposta de
fusão dos ACES Zêzere e Ser-
ra de Aires, defendendo que,
a efetivar-se, a localização da
sede deverá ser no concelho
de Constância, argumentan-
do com a sua centralidade.
O Conselho da Comunidade
acrescenta que “a resolução
da grave situação vivida ne-
cessita de uma reforma pro-
funda, através da qual seja
possível criar uma estrutura
funcional que permita articu-
lar todos os recursos e equi-
pamentos existentes nos di-
ferentes concelhos do Médio
Tejo, quer ao nível dos cuida-
dos de saúde primários quer
dos cuidados hospitalares”.
Em comunicado, lembra que
“só desta forma poderá ser
criada uma rede integrada
que permita o efetivo acesso
de todos os cidadãos aos cui-
dados de saúde, independen-
temente da sua natureza”.
Esta tomada de posição do
ACES do Zêzere (que englo-
ba Abrantes, Constância, Vila
Nova da Barquinha, Tomar,
Ferreira do Zêzere, Sardoal e
Mação) surge no âmbito da
reestruturação dos Agrupa-
mentos dos Centros de Saúde
de Lisboa e Vale do Tejo. Para
além de solicitar “uma respos-
ta urgente ao projeto apre-
sentado pelos Municípios do
Médio Tejo para a criação de
Unidades Móveis de Saúde”,
o Conselho da Comunida-
de do ACES do Zêzere recor-
da que “a falta de médicos e
de outros profi ssionais tem
determinado o encerramen-
to de Centros de Saúde e de
Extensões de Saúde nos di-
ferentes concelhos, existindo
neste momento um número
signifi cativo de utentes com
graves difi culdades no aces-
so aos cuidados primários de
saúde – seja pela inexistência
de médicos, seja pelas gra-
ves difi culdades de acessibi-
lidade às unidades de saúde
motivadas pela inexistência/
insufi ciência de rede de trans-
portes públicos para as exten-
sões para onde foram transfe-
ridos”.
A Câmara de Vila Nova
da Barquinha, a Associa-
ção Viver entre Amigos e
o Agrupamento 583 do
Corpo Nacional de Escu-
tas angariaram fundos
para a aquisição de um
autocarro para transpor-
te de crianças no municí-
pio de Santa Catarina do
Fogo, Cabo Verde. Os alu-
nos daquela localidade
têm que percorrer vários
quilómetros a pé, por ca-
minhos impróprios, para
chegar à escola. Face ao
relevo da ilha, o autocar-
ro é uma necessidade bá-
sica e premente.
A ação de recolha de
fundos surgiu na sequên-
cia da geminação de Vila
Nova da Barquinha com
aquele concelho cabo-
verdiano, em 2007. Des-
de então têm vindo a ser
desenvolvidos progra-
mas e projetos de coope-
ração em domínios como
o cultural, educação e for-
mação profi ssional com
o objetivo de melhorar
as condições de vida da
população daquele mu-
nicípio.
A verba angariada para
a aquisição da viatura,
com um custo de cerca
de 10.000 euros, foi fru-
to da parceria de três en-
tidades. A Associação Vi-
ver entre Amigos desen-
volveu, juntamente com
as geminações de Dissay
e Madone, várias ativida-
des culturais, desportivas
e sociais que permiti-
ram a recolha coletiva de
5.220€. O Agrupamento
583 do Corpo Nacional de
Escutas organizou várias
atividades, recolhendo a
soma de 1.000€. O muni-
cípio de Vila Nova da Bar-
quinha deliberou atribuir
um subsídio de 3.780€
à Associação Viver entre
Amigos, valor destinado
à ação de geminação, de
comparticipação na aqui-
sição a efetuar do auto-
carro.
Barquinha ajuda crianças cabo-verdianas
• Autarcas defendem articulação de recursos e equipa-mentos
jornaldeabrantes
AGOSTO2012 EDUCAÇÃO 11
Mestrado em Manutenção Técnica de EdifíciosA Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA) e a Escola Supe-rior de Tecnologia de Tomar (ESST), duas das unidades orgânicas do Ins-tituto Politécnico de Tomar (IPT), es-tão a organizar mais uma edição do Curso de Mestrado em Manutenção Técnica de Edifícios (MMTE).
Trata-se de um curso que forma
profi ssionais com um perfi l abran-
gente, preparados para trabalhar
em empresas de consultoria, gabi-
netes de projeto, indústria transfor-
madora e empresas de manuten-
ção e controlo.
Para além de ter ligações com vá-
rias instituições e unidades de in-
vestigação nacionais e internacio-
nais, o MMTE funciona com um
corpo qualifi cado de professores,
tanto ao nível da docência como da
investigação. As suas competências
são evidentes em diversos domí-
nios científi cos relacionados com
a Mecânica, Materiais, Transportes,
Energia, Automação, Tecnologias
da Saúde e outros.
O curso de MMTE apresenta-se
como uma resposta aos níveis de
complexidade exigidos na elabo-
ração de projetos, construção e
manutenção dos edifícios (indus-
triais, serviços e residenciais). Esta
formação conjuga conhecimentos
em vários domínios da Engenha-
ria, com recurso a diversos perfi s
de formação técnica. Desta forma,
corresponde às necessidades de
intervenção especializada nas áre-
as da manutenção de instalações e
equipamentos, auditoria, do aque-
cimento, ventilação e ar condicio-
nado, redes de gás, redes elétricas,
aspiração central, domótica, comu-
nicações, transmissão de dados,
comportamento térmico dos edifí-
cios, segurança, entre outras.
João Barracas trabalha no Cen-
tro de Produção Eléctrica do Pego
como engenheiro de Análise e En-
saios. Foi um dos alunos do MMTE e
reconhe que este curso “constituiu
uma mais-valia em termos pesso-
ais e profi ssionais, porque permitiu
aprofundar os conhecimentos nes-
ta área e criar uma nova saída pro-
fi ssional”. Mesmo não estando dire-
tamente relacionado com a sua ati-
vidade profi ssional, este mestrado
permitiu que João Barracas adqui-
risse “uma nova perspetiva sobre as
boas práticas e os requisitos legais
que têm de ser seguidos quando
se constrói um edifício ou quando
se tem de proceder à requalifi cação
de um edifício”. Este engenheiro su-
blinha que “no que diz respeito ao
recrutamento aparecem frequen-
temente empresas a contratar nes-
ta área para Portugal e para alguns
países lusófonos”.
Para além deste Mestrado, o IPT
tem uma vasta oferta neste nível
de ensino: Arqueologia Pré-Histó-
rica e Arte Rupestre (parceria com
a Universidade de Trás os Montes e
Alto Douro – UTAD); Conservação e
Restauro; Controlo e Electrónica In-
dustrial; Design Editorial; Fotogra-
fi a; Produção de Conteúdos Digi-
tais; Reabilitação Urbana; Técnicas
de Arqueologia; Tecnologia Quí-
mica; História, Arqueologia e Patri-
mónio (em parceria com Universi-
dade Autónoma de Lisboa - UAL)
e Sistemas de Informação Geográ-
fi ca em Planeamento e Gestão de
Território (em parceria com o Insti-
tuto Politécnico de Castelo Branco
– IPCB).
Em fi nais de setembro
inicia-se um Curso de To-
pografi a, em Mação, que
terá a duração de 14 me-
ses. Trata-se de uma inicia-
tiva da Câmara Municipal,
em colaboração com o
CENFIC. As inscrições es-
tão abertas até ao dia 24
de agosto, no Centro de
Formação de Mação, na
Zona Industrial das Lamas.
Pode candidatar-se a este
curso – que atribui o Cer-
tifi cado Profi ssional Nível
4 e a Certifi cação Escolar
de 12.º ano – quem tiver
idade igual ou superior a
23 anos e o 9º ano de es-
colaridade ou frequência
do ensino secundário. Os
frequentadores deste cur-
so receberão bolsa mensal
de formação e subsídio de
refeição, entre outras re-
galias. O Técnico de Topo-
grafi a é o profi ssional que,
apoiado em instrumentos
e métodos de cálculo e
desenho, recolhe e trans-
forma os dados necessá-
rios à elaboração de plan-
tas, cartas, mapas e apoios
topométricos, destinados
à preparação e orientação
de trabalhos de constru-
ção civil e obras públicas,
quer na fase de projeto,
quer na fase de execução
da obra.
Curso de Topografi a em Mação
Com o objetivo de propor-
cionar às crianças ativida-
des pedagogicamente ricas
e complementares às apren-
dizagens em contexto letivo,
a autarquia de Abrantes vai
continuar a garantir a oferta
das Atividades de Enriqueci-
mento Curricular (AEC’s) aos
alunos do 1.º ciclo do con-
celho. Assim, no ano letivo
2012/13, o modelo a optar
será a continuidade da oferta
do ensino do inglês e da ativi-
dade física e desportiva, intro-
duzindo-se as atividades lúdi-
co–expressivas.
Apesar de manter ofertas
de anos anteriores, este ano
a autarquia optou por recor-
rer a um instituto de línguas
para assegurar o ensino in-
glês e a uma associação des-
portiva do concelho para o
desenvolvimento da ativida-
de física e desportiva. Para as
atividades lúdico-expressivas
(música, teatro, dança, cine-
ma e formação cívica) irão ser
desenvolvidas parcerias com
associações do concelho que
desenvolvem este tipo de ati-
vidades.
A opção de oferta destas ati-
vidades não só resulta das reu-
niões de avaliação das AEC´S,
mas também da auscultação
feita aos agrupamentos de
escolas, professores titulares,
associações e representantes
de pais e juntas de freguesia.
O envolvimento de entidades
do concelho no desenvolvi-
mento das AEC´S refl ete a in-
tenção de reforçar as parcerias
e sinergias locais. Desta forma,
a autarquia contribui para que
as entidades prestadoras des-
te tipo de serviços possam au-
mentar a empregabilidade ao
nível do concelho.
Novidades nas AEC’s em Abrantes
ESCRITÓRIO Bem situado,
local sossegado.
Renda económica
Em Abrantes na Avenida 25 de Abril
Telemóvel 918 630 759
• Crianças do concelho vão passar a ter atividades lúdico-expressivas
jornaldeabrantes
AGOSTO201212 CULTURA
Abrantes Até 31 de agosto – Exposição de verão
com o Artesanato de Abrantes – Posto de
Turismo
Até outubro – Exposição IV Antevisão
do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte
– Museu Dom Lopo de Almeida, Castelo
de Abrantes
9 de agosto – Ler os Nossos…com Isa-
bella Santos – Apresentação da obra “7
Véus” – Biblioteca António Botto, às 18h
23 e 30 de agosto – Visitas guiadas à Ex-
posição IV Antevisão do Museu Ibérico de
Arqueologia e Arte – Museu Dom Lopo de
Almeida, Castelo de Abrantes, às 21h30
A partir de 1 de setembro – Exposição
de fotografi a, objetos e vídeo, por Raquel
Melgue – Galeria Municipal de Arte
1 e 2 de setembro – Rota do Artesanato
Urbano, com animação de rua, modela-
gem de balões, entre outras atividades –
Parque de São Loureço
Barquinha Até fi nal do ano – Exposição “Obras e Ar-
tistas – Dois Filmes de Abílio Leitão” – Fil-
mes de Abílio Leitão - Galeria do Parque –
Edifício dos Paços do Concelho
14 e 15 de agosto – Teatro ao ar livre - A
partir de “Peregrinação” de Fernão Men-
des Pinto e “Teppô Ri” de Nampo Bunshi,
pela Companhia de Teatro Fatias de Cá –
Tancos e Arripiado (representação em si-
multâneo nas margens do Tejo), às 21h21
31 de agosto, 1 e 2 de setembro – Bar-
quinha Jazz 2012 – Barquinha Parque
Constância Até 31 de agosto – Mostra bio-bibliográ-
fi ca sobre Dorothy Koomson - Biblioteca
Alexandre O´Neill, entre as 10h e as 18h30
Até 3 de setembro – Exposição “Pintu-
ra com Azeite, Ouro Líquido da Região”,
obras criadas no âmbito do workshop
“Azeites da Nossa Terra” – Antiga Cadeia
Municipal
9 de agosto – Ateliês de verão “Arte&Cor”,
por Anabela Gomes – Biblioteca Alexan-
dre O´Neill
11 de agosto a 2 de setembro – Expo-
sição “Pedaços de Moda”, fotografi a de
Cláudia Miranda – Posto de Turismo
11 e 18 de agosto – Festival Músicas do
Mundo – Anfi teatro dos Rios, às 21h30
18 e 19 de agosto – Ateliê “Pedrinhas no
Rio” – Jardim do Museu dos Rios e das Ar-
tes Marítimas, das 14h às 17h30
DVDteca à sexta - Biblioteca Alexandre
O´Neill, às 15h:
10 de agosto – “A princesa e o Sapo”
17 de agosto – “O Dia da Independência”
24 de agosto – “Como Treinares o teu
Dragão”
31 de agosto – “Harry Potter e os Talismãs
da Morte”
Mação 25 de agosto – Feiras de Artesanato e
workshop “Dicas de Nutrição”, por Joana
Pedro (17h) – Largo dos Bombeiros, das
10h às 19h
Sardoal 8, 15, 22 e 29 de agosto – Animação de
Verão com espetáculos do GETAS, da Fi-
larmónica União Sardoalense e Graciano
Ricardo – Praça Nova, a partir das 21h
Ciência em Constância Até 31 de agosto – Explorando o Parque
Ambiental por GPS – Todas as quartas e
sextas-feiras – Parque Ambiental de Santa
Margarida, às 10h
10, 11 e 12 de agosto – XIX Astrofesta –
Palestras, observações astronómicas, ses-
sões de planetário, cursos e exposições –
Centro de Ciência Viva
12 de agosto – Percurso Pedestre “O Bos-
que Ripícola da Ribeira da Foz” – Ponto de
encontro : Ecoteca do Parque Ambiental,
às 9h
AGENDA DO MÊS
Vila Nova da Barquinha quer
juntar o maior número de
saxofonistas a tocar a mesma
peça musical, uma iniciativa
enquadrada no festival Barqu-
inhaJazz, que se realiza entre
os dias 31 de agosto e 1 de se-
tembro. O programa, além dos
concertos musicais ao ar livre,
que vão decorrer das 10h às
24h, conta ainda, no dia 1 de
setembro, com um desfi le de
moda alusiva aos anos 20, 30
e 40 do século passado, com a
participação de coletividades
do concelho e um Encontro Na-
cional de Automóveis Antigos.
No dia 2 de setembro, o En-
contro de Automóveis Antigos
fará uma visita ao miradouro
do Castelo de Almourol e um
desfi le pelas ruas de Vila Nova
da Barquinha. Durante todo o
evento haverá um Parque Rad-
ical, “Kids Zone”, Feira do Liv-
ro, Mostra de Artesanato local
e outras atividades de ar livre
como Fitness e Yoga. Os inter-
essados a participar no encon-
tro de saxofonistas devem in-
screver-se até ao dia 15 de ag-
osto, enviado um e-mail para
barquinhajazz@gmail.com.
O Barquinha Jazz tem entra-
da gratuita e está a cargo de
Saqu´à Música.
Barquinha Jazz vai para além da música
Festival do Crato aposta na música nacionalA 28ª edição do Festival do Crato
aposta este ano na música nacio-
nal tendo como destaques as ban-
das Sétima Legião, Amor Electro,
Pedro Abrunhosa e Buraka Som
Sistema. De 29 de agosto a 1 de
setembro, a vila do norte alenteja-
no recebe a tradicional Feira de Ar-
tesanato e Gastronomia, inserida
num programa repleto de músi-
ca dos mais variados estilos. A fa-
dista Mafalda Arnauth e os Amor
Electro atuam no dia 29 de agos-
to, primeiro dia do certame, que
abre com os concertos da Filarmó-
nica do Crato, seguido de Ricardo
Linho Project. No dia 30 de agos-
to, sobem ao palco Boss AC, Cais
do Sodré Funk Connection, o pro-
jeto local designado PeSSoas e
o DJ Tiago Santos. Os Sétima Le-
gião, A Naifa, Grupetto e o DJ Zé
Pedro, dos Xutos & Pontapés, vão
estar no evento a 31 de Agosto. A
fechar a edição de 2012, o Festival
do Crato recebe, a 1 de Setembro,
os Dead Combo & Royal Orquestra
das Caveiras, Pedro Abrunhosa &
Comité Caviar, Buraka Som Siste-
ma e No DJs Antena 3. Quem tiver
passe de quatro dias pode acam-
par gratuitamente num recinto
junto ao Parque Aquático. O preço
dos bilhetes varia entre seis euros
(29 de agosto) e 20 euros (pas-
se de quatro dias), estando à ven-
da nas bilheteiras do festival, lojas
Viagens Abreu, FNAC, Worten, C. C.
Dolce Vita, Casino de Lisboa, Cam-
po Pequeno, El Corte Inglês e sítio
da internet Ticketline. A reserva de
bilhetes pode ser feita através do
contacto 1820. O Festival do Cra-
to nasceu em 1984 com o intuito
de promover os valores culturais e
tradições da região tendo vindo a
afi rmar-se como um festival nacio-
nal a cada ano que passa.
Coordenação de ANDRÉ LOPES
A partir de 11 de agosto há “Pedaços de Moda” para ver no Posto de Turis-mo de Constância. A exposição é de Cláudia Miranda, fotógrafa amadora, residente no Concelho de Vila Nova da Barquinha. Dos inúmeros traba-lhos que fez até hoje, surgiu esta pe-quena viagem ao mundo da moda que pode ser vista até 2 de setembro.
Da fotografi a passamos para a pin-tura. São 30 os quadros pintados com tintas desenvolvidas com azeite que vão estar em exposição até 3 de se-tembro na antiga cadeia de Cons-tância. A exposição coletiva, resulta-do do workshop “Pintura com Azeite, Ouro Líquido da Região”, lecionado por Massimo Esposito. O horário de visita é de segunda a sexta-feira en-tre as 9h30 e as 17h30 e nos fi ns-de-semana das 14h30 às 18h. Esta ex-posição congrega 30 obras de au-tores da região que realizaram um workshop, onde o pintor partilhou o aperfeiçoamento que fez a esta téc-nica da Antiguidade e muito utilizada pelos renascentistas. Com o objetivo de valorizar os produtos locais, esta iniciativa com o apoio da abordagem LEADER, do Programa de Desenvol-vimento Rural (ProDeR), integra o trabalho que tem sido desenvolvido pela TAGUS.
Depois do Parque de Esculturas Contem-
porâneas ter sido inaugurado em Vila Nova
da Barquinha, surge agora uma exposi-
ção sobre este “parque de arte” ao ar livre.
“Obras e Artistas – Dois fi lmes de Abílio Lei-
tão” tem a produção e realização de Abílio
Leitão. O autor percorre, na exposição, as
etapas que conduziram à concretização
do Parque de Esculturas, através do de-
poimento dos artistas e responsáveis pelo
projeto. Esta mostra pode ser vista até 30
de dezembro na Galeria no Parque, no Edi-
fício dos Paços do Concelho, se quarta a
sexta-feira, entre as 11h e as 13h e das 15h
às 19h. Ao fi m-de-semana o horário é das
14h às 20h. Do grupo de escultores selecio-
nados para integrar o Parque de Esculturas
consta Alberto Carneiro, Ângela Ferreira,
Carlos Nogueira, Cristina Ataíde, Fernanda
Fragateiro, Joana Vasconcelos, José Pedro
Croft, Pedro Cabrita Reis, Rui Chafes, Xana
e Zulmiro de Carvalho.
Parque de Esculturas da Barquinha em exposição
O Festival Bons Sons, em Cem
Soldos, Tomar, está de regresso
este ano entre os dias 16 e 19
de agosto. O programa musical
é eclético e pela aldeia vão es-
tar grupos como A Naifa, Linda
Martini, Legendary Tigerman,
PAUS, Vitorino, Maria João e
Mário Laginha, António Zam-
bujo, Márcia, Aldina Duarte,
entre muitos outros. O even-
to, que se realiza desde 2006,
vai contar este ano com seis
palcos, que receberão os con-
certos assim como várias ati-
vidades paralelas - espetácu-
los performativos, exposições,
curtas-metragens. De 12 a 19
de agosto Cem Soldos recebe
a exposição “Uma intervenção
na actualidade Portuguesa”, de
cerca de 20 criativos, que apre-
senta objetos que contemplam
as artes, a ilustração, o design
de comunicação, o bordado, o
vídeo, a escrita e o design de
equipamento. À semelhança
das edições anteriores, o fes-
tival contará com a participa-
ção de um país convidado. Em
2008 foi o caso do Brasil e em
2010 de Cabo Verde. Este ano
será a vez de Espanha. Have-
rá uma Feira de Marroquina-
rias e dois espetáculos dedica-
dos à sua história e cultura. Os
bilhetes já estão à venda: o bi-
lhete diário tem o preço de €15
e os passes de quatro dias €35.
Para os portadores de passe de
quatro dias o parque de cam-
pismo é gratuito. Toda a pro-
gramação, detalhes, mapas e
outras informações podem ser
encontradas no site www.bon-
sons.com.
Bons Sons para ouvir em Cem Soldos, Tomar
Exposições de
fotografi a e pintura
em Constância
jornaldeabrantes
AGOSTO2012 CULTURA 13
JOANA MARGARIDA CARVALHO
O Centro de Estudos de História Lo-cal de Abrantes (CEHLA) está a co-memorar dez anos de vida. Para além das Jornadas de História Local e de passeios para conhecer o pa-trimónio, este grupo edita a revista Zahara. José Martinho Gaspar, dire-tor da revista, fala sobre as difi cul-dades fi nanceiras do projeto, que vive do trabalho de voluntários, e deixa uma porta aberta para novos colaboradores.
Como é que nasceu o Centro de Estudos de História Local de Abrantes (CEHLA)?
Desde há muito tempo que
Abrantes já tinha pessoas que tra-
balhavam no âmbito da História Lo-
cal. O Arquivo Municipal já estava
organizado para este objetivo, com
o trabalho desenvolvido por Eduar-
do Campos. Foi por volta do ano de
2002 que o próprio Eduardo Cam-
pos lançou o desafi o para que quem
gostasse de estudar e trabalhar na
área da História formasse um grupo.
Mais tarde, Alves Jana, com a liga-
ção à Associação Palha de Abrantes,
levou o CEHLA para o seio da Asso-
ciação. Desde então este Centro re-
presenta uma valência da Palha.
Para além da revista Zahara, que outras valências tem o CEHLA?
Desde o início que entendemos
que devíamos promover outro tipo
de atividades. Anualmente, temos
as Jornadas de História Local, que
acontecem na última sexta feira do
mês de novembro, onde vários es-
pecialistas e agentes locais falam
sobre um determinado tema. No
ano passado foi a Museologia. Este
ano gostaríamos de dar destaque
ao trabalho que se faz na região (li-
gado à história, ao património, aos
museus ao restauro, etc) e transpor-
tá-lo para as Jornadas.
Quanto à revista, sai semestral-
mente, uma periocidade possível
para nós. Existem outras revistas de
História Local no país mas, que eu
saiba, nenhuma tem uma perioci-
dade fi xa, saem ocasionalmente.
Nesse sentido, a nossa marca a di-
ferença. Uma outra atividade que
vamos realizando no CEHLA são os
Passeios com História, visitas aos
nossos concelhos e a equipamen-
tos patrimoniais com história.
Por que razão a revista abrange os concelhos de Abrantes, Cons-tância, Gavião, Mação, Sardoal e Vila de Rei?
É um facto que criámos um crité-
rio e temo-nos centrado nestes con-
celhos. É algo que tem funcionado,
pois há um público nesta região
que se interessa pelos nossos con-
teúdos históricos. Contudo, já hou-
ve um ou outro número em que de-
mos destaque a outros concelhos
e a realidades diferentes. Há quem
diga que devemos alargar a nos-
sa área de cobertura, não sei… Até
agora temos sempre bastante ma-
terial para publicar e a nossa equipa
está organizada desta forma.
Quais têm sido as principais di-fi culdades sentidas ao longo des-tes dez anos de Zahara?
Temos alguma difi culdade em
equilibrar este projeto fi nanceira-
mente, pois trabalhamos para um
público muito restrito, nem todos
se interessam por conteúdos his-
tóricos. Também é difícil fazermos
uma distribuição efi caz, pois somos
todos voluntários e cada um tem as
suas ocupações profi ssionais. Nor-
malmente saem 300 exemplares
com alguma facilidade, mas os res-
tantes já se torna mais complicado.
A nossa estratégia de distribuição
passa por deixar exemplares pre-
sencialmente ou nos postos de tu-
rismo, museus, galerias, livrarias, pa-
pelarias entre outros locais nos con-
celhos onde incide a cobertura da
Zahara. Outra difi culdade é a falta
de um profi ssional com formação
em grafi smo e paginação que pe-
gue no projeto. Atualmente esse é o
meu trabalho, mas eu não sou espe-
cialista e tenho consciência que fi ca-
ria melhor entregue noutras mãos.
Como é que se organiza o corpo de colaboradores?
São todos voluntários: uns já es-
tão reformados mas que gostam
de trabalhar e aprofundar conhe-
cimentos na área da história; ou-
tros são formados em áreas dis-
tantes da História, mas gostam de
fazer investigação, vão com regula-
ridade à Torre do Tombo e acabam
por colaborar connosco. Também
temos alguns alunos que estão a
fi nalizar licenciaturas ou mestra-
dos nesta área e, por último, reuni-
mos um conjunto de pessoas que
colaboram sempre, como a Tere-
sa Aparício, Alves Jana, Candeias
Silva, Ana Paredes Cardoso, entre
outros profi ssionais, que têm feito
um excelente trabalho. Apesar des-
te número de participantes esta-
mos abertos a novas colaborações.
Como caracteriza a Zahara?A revista é bastante diversifi cada
e tem uma identidade bastante
abrangente. Abordamos vários te-
mas e destacamos desde pessoas,
entidades, coletividades, associa-
ções, histórias, vivências…. Temos
conteúdos que são perfeitamente
publicáveis em jornal pois têm um
caráter de reportagem, temos conte-
údos mais académicos ou de pesqui-
sa. A ideia é olhar para o passado e
contar o que aconteceu em determi-
nada altura ou que ainda acontece.
Este projeto é apoiado pelas autarquias?
Sim, a autarquia de Abrantes apoia
de diferentes formas, compra vários
exemplares para distribuição, como
também ainda nos garante um
apoio através do Fincult. Quanto às
outras autarquias, apoiam de uma
forma mais esporádica, por exem-
plo, quando sai um artigo associa-
do a determinado concelho, essa
Câmara Municipal até nos compra
alguns exemplares, mas ainda pre-
valece aquele fator de que a revista
é do Centro de Estudos de Historia
Local de Abrantes. Esta característi-
ca associada à cidade de Abrantes
por vezes ainda nos condiciona ou-
tro tipo de apoios fora do concelho.
Ao fi m de dez anos, o que é que destaca?
A minha vida profi ssional sem-
pre esteve associada à Educação e
nós, enquanto professores, por ve-
zes sentimos que os alunos consi-
deram a História uma ‘seca’ (risos).
Contudo, à medida que as pesso-
as crescem e os conteúdos históri-
cos dizem respeito a elas e às suas
vivências, é nesse momento que a
História começa a fazer sentido e a
ser interessante. Toda a gente gos-
ta de conhecer o passado e o passa-
do que lhe é próximo. A minha par-
ticipação na Zahara permitiu-me
aprender isto.
Porquê o nome Zahara?Lançaram-se várias hipóteses. En-
tre as várias propostas optámos por
este nome porque é algo identitá-
rio da região, está associado à len-
da da cidade, é um nome que fun-
ciona bem.
JOSÉ MARTINHO GASPAR, DIRETOR DA REVISTA ZAHARA
“Toda a gente gosta de conhecer o passado e o passado que lhe é próximo”
• “A revista é bastante diversifi cada”
jornaldeabrantes
AGOSTO201214 DIVULGAÇÃO
ABRANTES: Ed. S. Domingos - Rua de S. Domingos – 336 – 2º A – Apart. 37Tel. 241 372 831/2/3 – Fax 241 362 645 - 2200-397 ABRANTES
LISBOA: Rua Braamcamp – 52 – 9º Esqº
Tel. 213 860 963 – 213 862 922 - Fax 213 863 923 - 1250-051 LISBOA
E.Mail: consciencia-839c@adv.oa.pt
Eurico Heitor Consciência
João Roboredo Consciência
Teresa Roboredo Consciência
Rui Roboredo Consciência
ADVOGADOS
Crianças e Internet … Perigo????? nos Jovens!
Secção da responsabilidade da Unidade de Saúde Pública do ACES do Zêzere
SAÚDE É ...
Vivemos num mundo de constantes transformações e, em
cada nova geração, a forma das pessoas se relacionarem e
de viverem em sociedade alteraram-se. A geração atual fi ca
marcada pelas transformações causadas pela Internet, que
trouxe novas formas de comunicação entre as pessoas, mais
barata e acessível a todos. No entanto, já diz a sabedoria po-
pular, “não há bela sem senão”… e é imprescindível que a
Internet seja bem utilizada. Pela facilidade de comunicação,
pela proximidade (ainda que virtual), é fundamental que quer
as famílias, quer a escola, tenham especial precaução com
o modo como as crianças/adolescentes a utilizam, pois este
grupo é o alvo mais fácil para pessoas mal intencionadas, no-
meadamente os predadores sexuais. De acordo com o rela-
tório fi nal de um programa piloto da Comissão Europeia em
1999, no âmbito do seu Plano de Ação para a utilização segu-
ra da Internet, os perigos associados à sua utilização por crian-
ças/adolescentes, agrupam-se em três categorias, conhecidas
como os 3 C’s:
Conteúdos, que podem ser prejudiciais e inadequados ao
desenvolvimento harmonioso das crianças/adolescentes
Contactos, por parte de pessoas mal intencionadas (e-mail,
salas de chat, fóruns, grupos de discussão)
Comércio, utilizando práticas comerciais e publicitárias que
enganam as crianças promovendo a venda de produtos e as
compras não autorizadas.
A USP do Zêzere deixa alguns alertas aos pais/educadores:
Converse com as crianças sobre os perigos da Internet
Não permita que frequentem salas de chat sem acompanha-
mento
Utilize as redes sociais para saber como funcionam
Quando os fi lhos são muito novos, não permita que tenham
uma conta pessoal, partilhe o endereço de e-mail.
Alerte as crianças para que não respondam a mensagens
instantâneas ou de correio eletrónico desconhecidos
Alerte-os para não fornecerem dados pessoais ou fotogra-
fi as a desconhecidos
Mantenha o computador num local comum da casa
Tenha no computador um fi rewall ou fi ltros que impeçam o
acesso a informação não desejada
Procure saber quais são os serviços de segurança usados na
escola e nos lugares onde as crianças acedem à Web.
NAVEGUE EM SEGURANÇANélia CostaEnfermeira
Unidade Saúde Pública Zêzere
TERESA APARÍCIO
Encontramos esta ponte entre Montal-vo e Constância e, em tempos, fez par-te da estrada que, antes da construção da A23, constituía a principal ligação entre estas duas localidades. Encon-tra-se desativada há cerca de 60 anos, devido a arranjos na referida estra-da e cujo objetivo principal foi o de ti-rar uma apertada curva ali existente, o que tornava o local, sob vários aspetos, bastante perigoso.
Ainda bastante robusta, é feita de pe-
dras irregulares de xisto e tem um só
arco amplo, rematado por pedras de
granito, bem aparelhadas. Sob ela cor-
re o Ribeiro da Quinta, que desce do pi-
nhal próximo, passa perto da Quinta de
Santa Bárbara e vai desaguar, não mui-
to longe, na margem direita do Tejo.
Este curso de água dividia duas quin-
tas: a da Gorda, a poente, e a da Fata-
cinha, a nascente. Perto, podemos ver
um obelisco de pedra com uma inscri-
ção na base, atestando a importância
da construção desta ponte e a data, já
pouco legível, da sua construção. Nela
podemos ler o seguinte:
NO ANO DE 182…
(O último algarismo está ilegível)
REINANDO O MUITO ALTO
E MUITO PODEROSO REI
E SENHOR D. JOÃO VI
SE CONSTRUIO PARA
UTILIDADE PUBLICA,
ESTA PONTE
A ponte e o obelisco podem ver-se
(mal, devido à vegetação ali existente)
do lado direito da estrada, quando nos
aproximamos da rotunda à entrada de
Constância.
Parece que, no início, não tinha quais-
quer guardas, mas como caíam, com
alguma frequência, pessoas nas águas
do ribeiro, que no Inverno eram turbu-
lentas, foram construídos os muros la-
terais que agora podemos ver e que,
embora baixos, sempre ofereciam al-
guma proteção.
Os simbolismos ligados às pontes são
muitos e antigos, tanto que se perdem
na noite dos tempos. Elas ligam as mar-
gens dos cursos de água e, por associa-
ção, as pessoas começaram a imaginar
que também ligavam o mundo dos vi-
vos com o mundo do Além, onde es-
tavam os espíritos dos antepassados,
mas também seres sobrenaturais e vá-
rias entidades míticas pagãs, que de-
pois o Cristianismo conotou com o mal
e com a noite.
Quando os meios de transporte eram
poucos e vagarosos, sobretudo os ra-
pazes andavam muito a pé, durante a
noite. São estes, hoje já homens idosos,
que mais histórias, relacionadas com
este simbolismo, têm para contar. O
lugar onde se encontra a ponte era um
lugar sombrio, que a noite tornava ar-
repiante e os motivos eram vários. A
curva apertada tirava a visibilidade, tor-
nando o local propício a assaltos, que
tinham como móbil mais comum o
roubo, mas também vinganças e ajus-
tes de contas, que algumas vezes leva-
vam à morte. Mas o medo do sobrena-
tural fazia arrepiar ainda mais.
Contam eles que um certo rapaz na-
morava uma rapariga que morava em
Montalvo e, ao regressar a casa, já a al-
tas horas da noite, ao passar pela cur-
va da ponte ouvia sempre cantar um
galo. Continuava o seu caminho sem
qualquer problema mas, passados
uns tempos, começou a aborrecer-se
com tal facto. Uma noite, resolveu se-
guir na direção do canto e encontrou a
casa onde residia a dona do animal. No
dia seguinte, foi lá, comprou-o, levou-o
consigo e, passado pouco tempo, ma-
tou-o, dizendo:
- Agora já nunca mais me aborreces
com as tuas cantigas!
O que é certo, dizem, é que, passados
poucos dias, o rapaz apareceu morto,
precisamente no sítio onde costuma-
va ouvir o canto do galo. Não se sabe
como nem porquê, mas dizem que foi
morto por “aquilo” que o galo afugen-
tava com o seu canto. Este anunciava
o amanhecer, a luz, e ao matar o seu
protetor o rapaz fi cou entregue às for-
ças das trevas, que acabaram por o ani-
quilar.
Estas histórias e outras histórias vão
caindo no esquecimento e irão desa-
parecendo com os últimos que delas
ainda conservam a memória.
LUGARES COM HISTÓRIA
A ponte de Santo Antoninho, em Constância
Acácio Jesus José Maria Marques Marques Carvalho
65 anos 94 anos
AGRADECIMENTOA família de Acácio de Jesus Marques,falecido a 23/07/2012, que partiu no mesmo dia de seu pai José Maria Marques Carvalho, agradece a todas as pessoas os acompa-nharam ás suas ultimas moradas no dia 25/07/2012 na sua freguesia natal (Freixianda – Ourém)
jornaldeabrantes
AGOSTO2012 PUBLICIDADE 15
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PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE SARDOAL
TORNA PÚBLICO que, no uso da competência que lhe confere a alínea v) do n.º 1 do art.º 68º, conjugado com o art.º 91º ambos da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, com a nova redação dada pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de janeiro, que a Câmara Municipal, em reunião ordinária realizada no dia 11 de julho de 2012, deliberou por submeter a apreciação pública, o Projeto de Regulamento do Circuito de Transporte Coletivo do Município de Sardoal, para cumprimento do n.º 1 do art.º 118º do Decreto-Lei n.º 442/91, de 15 de novembro com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 6/96, de 31 de janeiro.
Assim, durante o período de 30 dias, a contar da data da publicação do presente Edital no “Diário da República”, poderá o referido Projeto de Regulamento, ser consultado no Edifício dos Paços do Concelho, na Seção de Expediente Geral e Arquivo, bem como na página da Internet do Município (www.cm-sardoal.pt), sobre o qual o interessado poderão dirigir, por escrito, as suas sugestões ao Presidente da Câmara Municipal de Sardoal, dentro das horas normais de expediente e durante o prazo acima mencionado.
Para constar se lavrou o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afi xados nos lugares públicos habituais.
Paços do Concelho de Sardoal, 13 de julho de 2012
O Presidente da CâmaraFernando Constantino Moleirinho